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Boletim Informativo do Instituto de Gestão das Águas e Clima Janeiro a Outubro 2009 03 Bahia tem nova Lei de Recursos Hídricos 10 Experiências de revitalização de rios em debate 18 Rios baianos são enquadrados em classes de qualidade 20 Governador lança Programa Estadual de Combate à Desertificação 22 Comitês de Bacias estão em processo de renovação de membros 25 Paulo Nobre faz diagnóstico sobre as mudanças climáticas na Bahia 04 M Filho

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Boletim Informativo do Instituto de Gestão das Águas e Clima

Janeiro a Outubro 2009

03 Bahia tem nova Lei de Recursos Hídricos10 Experiências de revitalização de rios em debate18 Rios baianos são enquadrados em classes de qualidade20 Governador lança Programa Estadual de Combate à Desertificação22 Comitês de Bacias estão em processo de renovação de membros25 Paulo Nobre faz diagnóstico sobre as mudanças climáticas na Bahia

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M F

ilho

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Trilha das ÁguasBoletim Informativo Instituto de Gestão das Águas e Clima

Edição Janeiro a Outubro de 2009

GovernadorJaques Wagner

Secretária da Casa CivilEva Maria Chiavon

Assessor Geral de Comunicação SocialRobinson Almeida

Secretário do Meio AmbienteJuliano Matos

Diretor Geral do INGÁJulio Cesar de Sá da Rocha

Chefia de GabineteDanielle Thomaz Ferreira Cintra

Procuradoria JurídicaJorge Rocha

Diretoria de Planejamento de Recursos HídricosJosé George Santos

Diretoria de Monitoramento e InformaçãoWanderley Matos

Diretoria de RegulaçãoLuiz Henrique Pinheiro

Diretoria Socioambiental ParticipativaJosé Augusto de Castro Tosato

Diretoria Administrativa e FinanceiraSóstenes Florentino

Coordenação de ComunicaçãoLetícia Belém

Textos Letícia Belém (DRT MG 6.309), Yordan Bosco (DRT BA 2992),Brenda Medeiros (DRT RN 931) Patrícia Moreira (DRT BA 36029),

Tiago Miranda (PR48/2008) e Joanita Nascimento (CONRERP/3ª 2150),

Fotos André Carvalho, Yordan Bosco, Fernando Bahia , Manoel Filho,Baldoíno Neto e Roberto Viana

Edição Letícia Belém

Projeto gráfico e diagramaçãoMárcia Menêses

Estagiários de JornalismoIana Silvany, Franco Adailton e João Paulo Lima

Ascom INGÁ 71- 3116 3286 e 3116 3024 [email protected] ACM, 357, Itaigara Salvador BA CEP 41825-000

Visite nosso site: www.inga.ba.gov.br

EunápolisMarcos Antônio Pinheiro FerreiraTel: (73) 3261-0217/[email protected]

GuanambiJoão Batista dos Santos JuniorTel: (77) 3451-9009/[email protected]

IrecêFélix Silva BarretoTel: (74) 3641-3768/[email protected]

JequiéMaurílio Fernandes NetoTel: (73) [email protected] dos Santos CruzTel: (74) 3611-0198/[email protected]

SeabraFélix Silva BarretoTel: (75) 3331-3531/[email protected]

Santa Maria da VitóriaLairson Coelho AiresTel: (77) 3483-3536/[email protected]

Senhor do BonfimBaldoíno Dias NetoTel: (74) [email protected]

ItabunaRafael de Souza NascimentoTel: (73) [email protected]

BarreirasLeib Carteado Crescêncio dos SantosTel: (77) 3612-8387/[email protected]

Feira de SantanaTel: (75) 3223-8899/7923Silvio de Souza [email protected]

INGÁno interior

Homenagem à marisqueira do Iguape,

D. Maria Jesus Correia

1948 + 2008

Nesta quarta edição do Trilha das Águas, oInstituto de Gestão das Águas e Clima (INGÁ),autarquia vinculada à Secretaria do Meio Ambi-ente (Sema) do Estado da Bahia, apresenta osavanços da gestão de recursos hídricos, diantedas novas atribuições do órgão em junho de 2008.O INGÁ tem buscado o aprimoramento dos ins-trumentos de comando e controle de uso daságuas e constituído mecanismos para a efetivaçãode políticas públicas, principalmente no com-bate à desertificação e mitigação dos efeitos daseca e mudanças climáticas, de recuperação dematas ciliares e, acima de tudo, de preservação econservação dos recursos hídricos.

Por sua vez, decisiva também foi a posição doGovernador Jaques Wagner em propor à Assem-bléia Legislativa a nova Lei de Recursos Hídricos.Com a nova proposta, o Conselho Estadual deRecursos Hídricos (CONERH) sai fortalecido como aumento da participação da sociedade civilem sua composição, com um novo arranjoinstitucional que reforça o controle social dosrecursos hídricos.

A gestão participativa das águas também sefortalece com os dez Comitês de BaciasHidrográficas existentes e a proposta de implan-tação de quatro novos Comitês, que têm desem-penhado um importante trabalho na elabora-ção e execução de políticas de recursos hídricosdo Estado, com aplicação dos instrumentos degestão (planos, outorga, enquadramento, cobran-ça e sistema de informação).

Para fortalecer a gestão democrática eparticipativa da Política Estadual de RecursosHídricos e da Política Nacional de Desenvolvi-mento Sustentável dos Povos e ComunidadesTradicionais, o Governador Jaques Wagner con-vocou, pelo Decreto 11.572, em 05 de junho de2009, o II Encontros pelas Águas. Essa instância

pública garante a elaboração de propostas parademocratização e fortalecimento do sistema degerenciamento das águas, considerando a diver-sidade étnica, cultural, racial e de gênero, sendorealizado com as comunidades de terreiro,quilombolas, pescadores e marisqueiras,gerazeiros, fundos de pasto, mulheres e comuni-dades indígenas.

Por fim, importante registrar que foi aprova-do na Bahia o enquadramento dos corpos d'água pelo CONERH, possibilitando a fixação demetas progressivas para despoluição de riosestaduais,a exemplo do Rio Subaé, e instituído oPrograma Estadual de Revitalização e Conserva-ção de Matas Ciliares e Nascentes (PERMAC).

O INGÀ dedica esta edição do Trilha das Águasà Maria José das Dores de Jesus Correia. Mulher,negra, e uma das grandes personalidades na lutapelo direito ao ambiente e pela conquista doterritório quilombola de São Francisco deParaguaçu do Boqueirão, em Cachoeira (BA),Dona Maria tornou-se também um dos símbolosdos movimentos de quilombolas da Baía doIguape e de Pescadores da Bahia. Sua lutapermanece viva, assim como a sua coragem delutar pelos direitos sociais e coletivos.

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O presidente da Assembleia Legislativa, Mar-

celo Nilo, promulgou no dia 09 a lei estadual 11.612

de 08 de outubro de 2009, fazendo valer a nova Políti-ca Estadual de Recursos Hídricos. Ela representa umaconquista da sociedade e um compromisso do Gover-no Wagner em conferir um caráter socioambiental àgestão das águas no Estado e possibilitar avanços naspolíticas públicas pelas águas.

A nova lei é norteada pelo princípio “A água éum bem de uso do povo”, garantindo mais participaçãopopular na gestão e na execução das políticas públicasdas águas, através de uma maior democratização dodebate, como a ampliação do Conselho Estadual deRecursos Hídricos (Conerh), que terá uma cadeira a maispara os representantes dos usuários de água e contará

Bahia tem nova Lei de Recursos Hídricos

Democratiza a gestão das águas, aumenta a participação popular nas decisões e amplia as atribuições do INGÁ na fiscalização e na execução das políticas de recursos hídricos

Fernando Bahia

com mais dois representantes da sociedade civil.Para reforçar a preservação da água, a reformulação

da lei propõe uma nova perspectiva socioambiental,possibilitando a ampliação da fiscalização das BaciasHidrográficas, o combate à degradação de matas ciliarese nascentes, à poluição hídrica e à desertificação.

Ao órgão gestor das águas no Estado, coube a am-pliação das responsabilidades. Haverá uma maior rigi-dez na fiscalização dos recursos hídricos, com o au-mento dos valores máximos das multas de R$ 50 milpara R$ 1 milhão, e a promoção de ações de educaçãoambiental. Este conjunto de atribuições visa assegurarquantidade e qualidade das águas subterrâneas e su-perficiais no Estado.

“A nova lei apresenta avanços significativos na ampli-ação da gestão participativa e na ampliação na fiscaliza-

ção administrativa. Ela articula o que há de mais avançadoem termos de instrumentais da política das águas e issocontribui para uma maior capacidade institucional”, ex-plica o diretor-geral do INGÁ, Julio Rocha.

O uso prioritário das águas para o abastecimentohumano e a gestão voltada para a promoção dos múl-tiplos usos também fazem parte dos princípiosnorteadores da nova legislação. O Governador JaquesWagner destaca as novas características da lei, que atorna cada vez mais democrática e responsável com omeio ambiente. “Se não dermos uma destinação sus-tentável às nossas riquezas naturais, por si elas não sesustentarão. Nós temos que buscar a sustentabilidadedo ponto de vista socioambiental. Isso para mim éuma questão de vida e não uma questão política”, ex-plica Jaques Wagner.

InovaçãoInclui a perspectiva da sustentabilidade

ambiental entre seus objetivos, ao definir que os re-cursos hídricos sejam utilizados pelas atuais e futurasgerações, de forma racional e com padrõessatisfatórios de qualidade e de proteção àbiodiversidade.

No momento em que os conflitos pelo à águacom quantidade e qualidade se acirram, a Bahiase mostra alinhada aos mais avançados modelosde uso racional dos recursos hídricos. Toda amatriz jurídico-institucional reformulada nanova lei passa a refletir a perspectiva de eco-sustentabilidade, o que implica considerar as for-mas conservação, recondução das águas para oreúso, reciclagem e outras formas de tratamentode efluentes. A preocupação com a redução dosníveis de poluição das águas por meio de açõespreventivas de permanentes é outro ponto dedestaque do novo arranjo legal.

Do ponto de vista político-institucional, a leié inovadora, pois imprime à área ambiental umavisão sistêmica, múltipla e integrada para o

enfrentamento das questões ambientais, ao esta-belecer a diretriz de “integração do gerenciamentodos recursos hídricos com as políticas públicas fe-derais, estaduais ou municipais de meio ambiente,saúde, saneamento, habitação, uso do solo e de-senvolvimento urbano e regional e outras de rele-vante interesse social que tenham inter-relação coma gestão das águas”.

Por outro lado, a nova Política Estadual de incor-pora no ordenamento legal a orientação de estímuloe fomento à mobilização, participação e controle so-cial para a gestão das águas, com atenção especial aospovos e comunidades tradicionais.

A utilização racional dos mananciais, associadaao potencial transformador da educação ambientalpara a construção de novos padrões socioambientais,é enfatizada na diretriz de promoção da educaçãopara o uso águas, com o objetivo de sensibilizar acoletividade sobre a necessidade de conservação eutilização sustentável deste recurso e capacitá-la paraparticipação ativa na sua defesa.

A ênfase nas ações voltadas à formação de uma

nova consciência em relação aos problemasambientais é complementada por um controle cadamais efetivo sobre os impactos ambientais negativosresultantes do mau aproveitamento dos recursoshídricos. São muitos os dispositivos que refletem essapreocupação:

O Conerhrecebe a atribuição de estabelecer con-dições, metas e prazos para que os lançamentos deesgotos e demais efluentes sólidos, líquidos ou gaso-sos sejam reutilizados, reciclados ou tratados antesdo lançamento.

As atividade sujeitas à outorga são ampliadas,passando a atingir atividades, ações ou intervençõesque possam alterar a quantidade, a qualidade ou oregime das águas superficiais ou subterrâneas, ou quealterem canais, álveos, margens, terrenos marginais,correntes de águas, nascentes, açudes, aqüíferos, len-çóis freáticos, lagos e barragens.

A lei também impõe ao outorgado a responsabi-lidade objetiva por qualquer dano ao meio ambientecausado pela execução de obras de captação, lança-mento, contenção ou derivação de águas.

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Confira aqui algumas mudanças danova lei das águas do Estado:Introduz um novo objetivo da gestão, o de “assegurar que osrecursos hídricos sejam utilizados pelas atuais e futuras gerações, deforma racional e com padrões satisfatórios de qualidade e deproteção à biodiversidade”.

DiretrizesMUDOU integração do gerenciamento dos recursos hídricos com a gestãodos recursos ambientais e do uso do solo PARA ”a integração do gerenciamentodos recursos hídricos com as políticas públicas federais, estaduais ou municipaisde meio ambiente, saúde, saneamento, habitação, uso do solo e desenvolvimen-to urbano e regional e outras de relevante interesse social que tenham inter-relação com a gestão das águas”.

NOVO o estímulo e o fomento à mobilização, participação e controle socialpara a gestão da águas, com atenção especial a participação dos povos e comu-nidades tradicionais e dos segmentos sociais vulneráveis;

NOVO a promoção da execução para o uso dos recursos hídricos, com o objetivode sensibilizar a coletividade a respeito da necessidade de conservação e utilizaçãosustentável deste recurso e capacitá-la para participação ativa na sua defesa;

NOVO a utilização racional das águas superficiais e subterrâneas;

NOVO a promoção de tecnologias eco-sustentáveis, voltadas para o uso racio-nal, conservação, recondução dos recursos hídricos para o reúso, reciclagem eoutras formas de tratamento da água e de efluentes;

NOVO a utilização de instrumentos econômicos e tributários de estímulo aouso racional e à conservação dos recursos hídricos;

CINCO NOVOS INSTRUMENTOS de gestão: monitoramento das águas, fisca-lização do uso dos recursos hídricos, FERHBA e Conferência Estadual do MeioAmbiente.

Plano Estadual de Recursos HídricosMUDOU O Plano Estadual de Recursos Hídricos será elaborado em consonân-cia com os princípios e as diretrizes da Política Estadual de Recursos Hídricos,da Política Estadual de Meio Ambiente e de Proteção à Biodiversidade, com oPlano Estratégico do Estado e com o Plano Plurianual do Estado da Bahia PARAo Plano Estadual de Recursos Hídricos será elaborado em consonância com osprincípios e asdiretrizes da Política Estadual de Recursos Hídricos e da PolíticaEstadual de Meio Ambiente, com o Plano Estratégico do Estado, com o PlanoPlurianual do Estado da Bahia e com a Divisão Hidrográfica Estadual

MUDOU O aproveitamento múltiplo de recursos hídricos e o rateio dos custosdas obras de interesse comum, direta ou indiretamente, indicando subsídiosparciais ou totais a serem concedidos PARA O aproveitamento múltiplo derecursos hídricos, através do reúso, reciclagem e outras formas de tratamentoe orateio dos custos das obras de interesse comum, indicando subsídios parciaisou totais a serem concedidos.

NOVA garantia do PERH: rigoroso controle dos grandes impactos ambientaisnegativos resultantes do aproveitamento dos recursos hídricos.

Elementos do Plano EstadualMUDOU de diagnóstico da situação atual dos Recursos Hídricos PARA diag-nóstico da situação atual das águas e da demanda e da gestão da oferta e dademanda dos Recursos Hídricos;

MUDOU análise de alternativas de crescimento demográfico, de evolução deatividades produtivas e de modificações dos padrões de ocupação do soloPARA ánalise de alternativas de crescimento demográfico, e das alternativas deevolução de atividades produtivas e de modificações dos padrões de ocupaçãodo solo e cobertura vegetal

MUDOU metas de racionalização de uso, aumento da quantidade e melhoriada qualidade dos Recursos Hídricos disponíveis PARA metas de racionalizaçãode uso, aumento da quantidade e melhoria da qualidade dos Recursos Hídricosdisponíveis, através do reúso, reciclagem e outras formas de tratamento

MUDOU prioridades para outorga de direitos de uso de Recursos HídricosPARA e critérios gerais de implementação dos instrumentos de gestão dosrecursos hídricos

MUDOU ações que atendam às peculiaridades regionais, em especial, a RegiãoSemiárida PARA ações que atendam às peculiaridades regionais, em especial, aRegião Semiárida e outras consideradas estratégicas nos Programas de Governo

MUDOU Programas visando: capacitação técnica, a comunicação social e aeducação ambiental para o uso sustentável da água PARA Programas visando:ao desenvolvimento tecnológico, capacitação técnica, mobilização e comunica-ção e a educação ambiental para o uso sustentável das águas

NOVOS conteúdos mínimos que o PERH deve apresentar:

• estratégias de implementação das diretrizes do PERH e demais planos relaci-onados; estratégias de implementação dos instrumentos de gestão dos recursoshídricos; programas, projetos e ações a serem desenvolvidos e implementadospara o atendimento das metas previstas e os correspondentes procedimentosde financiamentos, por meio da determinação dos valores cobrados pelo uso daágua; do rateio dos investimentos de interesse comum; da previsão de recursoscomplementares alocados pelos orçamentos públicos e privados na bacia; doaproveitamento racional das águas subterrâneas compreendendo planejamen-to, pesquisa, controle e monitoramento; do desenvolvimento tecnológico,capacitação técnica, mobilização e comunicação social e de educação ambientalpara o uso sustentável das águas; e da proteção ambiental das bacias hidrográficas,contemplando a recuperação de áreas degradadas, preservação, conservação erecuperação de matas ciliares e nascentes e das áreas de recargas; além daimplementação, gerenciamento executivo, monitoramento e avaliação dos Pla-nos de Bacias;

• análise das perspectivas de crescimento demográfico e das alternativas deevolução de atividades produtivas e de modificações dos padrões de uso, ocu-

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pação do solo e cobertura vegetal;balanço entre disponibilidades e demandas,atuais e futuras, dos Recursos Hídricos, em quantidade e qualidade, com identi-ficação de potenciais conflitos; metas de racionalização de uso, aumento daquantidade e melhoria da qualidade dos recursos hídricos disponíveis, atravésdo reúso, reciclagem e outras formas de tratamento; diagnóstico da situaçãoatual das águas e da gestão da oferta e da demanda dos recursos hídricos; adefinição de prioridades para outorga de direitos de uso de recursos hídricos;diretrizes e critérios para a cobrança pelo uso dos recursos hídricos; propostaspara a criação de áreas sujeitas a restrição de uso, com vistas à proteção das águas.

EnquadramentoNOVO objetivo do enquadramento: reduzir os níveis de poluição das águas pormeio de ações preventivas de permanentes.

MUDOU O Conerh estabelecerá o enquadramento dos corpos d’água, combase na legislação ambiental pertinente, mediante proposta dos Comitês deBacias Hidrográficas, ouvido o Conselho Estadual de Meio Ambiente – CEPRAMPARA O Conerh aprovará o aprovará o enquadramento dos corpos d’água emclasses, segundo seus usos preponderantes, com base na legislação ambientalpertinente, mediante proposta dos Comitês de Bacias Hidrográfica.

NOVO O Conerh deverá estabelecer condições, metas e prazos para que oslançamentos de esgotos e demais efluentes sólidos, líquidos ou gasosos sejamreutilizados, reciclados ou tratados antes do lançamento.

OutorgaMUDOU No ato de concessão da outorga de direito de uso de recursos hídricosdeverá constar a finalidade, o prazo, que não excederá a trinta anos, a vazãomáxima outorgada, o seu regime de variação, o tempo de bombeamento e, nocaso de lançamento de efluentes, seus parâmetros de qualidade para outorga dedireitos de uso de recursos hídricos far-se-á por prazo não excedente a 35 anos,renovável conforme diretrizes estabelecidas pelo CONERH.

NOVO As outorgas de direito de uso de recursos hídricos no Estado da Bahiaserão emitidas na modalidade de autorização.

NOVO Para a outorga de direito de uso de recursos hídricos, o órgão gestor eexecutor da Política Estadual de Recursos Hídricos deverá observar as diretrizese os critérios gerais estabelecidas pelo CONERH, bem como as prioridades e oscritérios específicos para outorga aprovadas pelo referido Conselho em situa-ções de escassez.

Estão sujeitos à outorgaMUDOU as atividades ou empreendimentos com potencial de provocar po-luição, contaminação ou degradação das águas superficiais ou subterrâneas,mediante lançamentos nos corpos d’água, de despejos ou resíduos líquidosPARA atividades, ações ou intervenções que possam alterar a quantidade, aqualidade ou o regime das águas superficiais ou subterrâneas, ou que alteremcanais, álveos, margens, terrenos marginais, correntes de águas, nascentes, açu-des, aqüíferos, lençóis freáticos, lagos e barragens.

NOVO as interferências nos leitos dos rios e demais corpos hídricos para aextração mineral ou de outros materiais, conforme legislação específica.

NOVO o lançamento de esgotos e demais efluentes sólidos, líquidos ou gasosos,tratados ou não, em corpos d’água, com finalidade de diluição, transporte oudisposição final.

NOVO a perfuração de poços tubulares.

NOVO Os lançamentos, captações, derivações e acumulações de volumes d´águaconsiderados de pouca expressão pelo CONERH serão dispensados de outorgado direito de uso, sem prejuízo de seu cadastramento para o monitoramentode uso, controle e fiscalização, e para fins de defesa da segurança, da saúdepública e da solução de conflitos.

O lançamento de águas residuais e residuárias será passível de outorga, e o órgãogestor e executor da Política Estadual de Recursos Hídricos estimulará o reúso daágua.

NOVO § 3º O outorgado responderá objetivamente, na forma da legislaçãopertinente, por qualquer dano ao meio ambiente causado pela execução deobras de captação, lançamento, contenção ou derivação de águas.

NOVO § 4º emolumentos administrativos para expedição de outorgas dedireito de uso dos recursos hídricos de domínio estadual serão cobrados deacordo com os critérios estabelecidos em regulamento.

NOVO As outorgas de direito de uso de recursos hídricos extinguir-se-ão por:decurso do prazo de vigência da outorga; cassação, em razão de: não cumpri-mento, pelo outorgado, dos termos da respectiva outorga, inclusive dos prazosestabelecidos para o início e conclusão da derivação; não obtenção ou extinçãoda licença ambiental ou de outras autorizações pertinentes; incorrer em infra-ção administrativa sujeita à aplicação da sanção restritiva de direito; condena-ção, transitada em julgado, por crime contra o meio ambiente; revogação, emrazão da ausência de uso por 3 anos consecutivos da ocorrência das hipótesesprevistas no artigo 19 desta Lei que motivarem a necessidade de extinção daoutorga; caducidade; desistência do outorgado; morte do outorgado, na hipó-tese do usuário ser pessoa física; e ção judicial ou extrajudicial do outorgado, nahipótese do usuário ser pessoa jurídica.

Cobrança pelo UsoNa fixação dos valores a serem cobrados pelo uso de recursos hídricos devem serobservados as características e o porte da utilização, considerando:

NOVO o volume retirado e seu regime de variação, nas derivações, captações eextrações de água;

NOVO o volume lançado e seu regime de variação e as características físico-químicas, biológicas e de toxicidade do efluente, nos lançamentos de esgotos edemais resíduos líquidos ou gasosos;

NOVO a eficiência do uso da água; novo o regime de variação sazonal dosusos;novo os impactos socioeconômicos sobre os usuários; peculiaridades decada bacia hidrográfica.

Sistema Estadual de Informações deRecursos Hídricos

A nova lei de recursos hídricos da Bahia prevê que o Sistema Estadual deInformações de Recursos Hídricos (SEIRH), constituído pelo conjunto integra-do de procedimentos de coleta, tratamento, armazenamento, recuperação edisponibilização de informações relacionados com a gestão de recursos hídricosno Estado, tem por objetivo reunir, dar consistência e divulgar dados e informa-ções sobre a situação quantitativa e qualitativa do uso das águas no Estado daBahia.

Também visa manter permanentemente atualizada a base de informações efornecer subsídios para o planejamento e o gerenciamento das águas. Defineque é obrigatório o fornecimento, pelos outorgados, de dados operacionaisreferentes à outorga de uso de recursos hídricos; e que o acesso aos dados e àsinformações do SEIRH é garantido a toda a sociedade.

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Monitoramento da qualidadeA lei define também os objetivos do monitoramento da quantidade equalidade das águas da Bahia, que é acompanhar as pressões antrópicas(promovidas pelo homem) sobre as águas do Estado; identificar a quan-tidade e qualidade das águas e dos ambientes aquáticos; avaliar aefetividade das medidas adotadas pelo sistema de gestão no controle eproteção das águas, além de gerar informações relativas às áreasprioritárias para a ação pública.

O monitoramento da qualidade das águas do Estado vem acontecen-do pela primeira vez desde o início do Governo Wagner, com o lança-mento do Programa Monitora, que vem avaliando, desde 2007, a qua-lidade das águas dos maiores 106 rios de todas as bacias do Estado,através de campanhas de coleta trimestrais.

O resultado é disponibilizado em www.inga.ba.gov.br

Fiscalização do uso da águaA fiscalização do uso das águas será exercida nas águas superficiais e subterrâneasde domínio do Estado da Bahia se realizará com base nos fundamentos, princí-pios, objetivos e diretrizes estabelecidos por esta Lei e tendo como enfoques aorientação aos usuários, a fim de assegurar o cumprimento da legislação ambientale a repressão às infrações administrativas de recursos hídricos.

Constitui infração a ação ou a omissão que viole as normas de uso dos recursoshídricos, em especial captar, derivar ou utilizar recursos hídricos, para qual-quer finalidade, sem a respectiva outorga de direito de uso, quando exigível;utilizar as águas superficiais ou subterrâneos em desacordo com as condiçõesestabelecidas na outorga do direito de uso; perfurar poços para a extração deágua subterrânea sem a manifestação prévia do INGÁ ou colocá-los em ope-ração sem a outorga; exercer atividades ou realizar serviços e obras sem aoutorga ou em desacordo com a mesma, que possam afetar os canais, álveos,margens, terrenos marginais, correntes de águas, nascentes, açudes, aqüíferos,lençóis freáticos, lagos e barragens, bem como a quantidade, a qualidade e oregime das águas superficiais e subterrâneas; fraudar as medições dos volumesde água utilizados ou declarar valores diferentes dos medidos.

E ainda realizar interferências nos leitos dos rios e demais corpos hídricospara a extração mineral ou de outros materiais sem as autorizações dos órgãoscompetentes; exercer atividade que resulte alteração no regime, na quantida-de ou na qualidade das águas, sem a outorga do órgão competente; infringirnormas estabelecidas nesta Lei e em suas disposições regulamentares abran-gendo instruções e procedimentos fixados pelos órgãos ou entidades compe-tentes; obstar ou dificultar a ação fiscalizadora das autoridades competentesintegrantes do SEGREH, no exercício de suas funções.

Além disso, lançar em corpos hídricos esgotos, despejos e demais resíduossólidos, líquidos ou gasosos, tratados ou não, sem a respectiva outorga dedireito de uso; provocar a contaminação ou poluição por meio do lançamen-to de substâncias sólidas, líquidas ou gasosas tóxicas, carcinogênicas,teratogênicas e mutagênicas nos corpos d’água superficiais e subterrâneos doEstado; impactar direta ou indiretamente corpo d’água decorrente de supres-são ou degradação de vegetação protetora de recursos hídricos; omitir ouprestar informações falsas em processo administrativo que subsidiaram aemissão de outorga de direito de uso de recursos hídricos.

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Fiscalização flagra poluição em rio por sangue vindo de matadouro em Alagoinhas

Fundo Estadual de Recursos Hídricos Vinculado à Secretaria do Meio Ambiente (SEMA), criado pela Lei nº. 8.194, de21 de janeiro de 2002, tem como objetivo dar suporte financeiro à PolíticaEstadual de Recursos Hídricos e às ações previstas no Plano Estadual de RecursosHídricos e nos Planos de Bacias Hidrográficas. Tem natureza patrimonial e teráplano plurianual de aplicação de seus recursos e contabilidade próprios.

Será administrado por um Conselho de Administração integrado pelo Secretá-rio do Meio Ambiente, que o presidirá, pelos dirigentes das entidades daAdministração Pública Indireta vinculadas à SEMA e por dois representantesdo Conerh, sendo um do setor usuário e um da sociedade civil, conformedisposto em regulamento.

Os planos plurianuais de aplicação dos recursos do Fundo deverão ser elabora-dos pelo INGÁ, em articulação com a SEMA, com base nos critérios definidospelo Conerh para aprovação do Conselho de Administração do Fundo.

A nova lei define que o s planos de aplicação dos recursos arrecadados com acobrança pelo uso dos recursos hídricos, após aprovação do Conselho, integra-rão os planos plurianuais de aplicação, e que a gestão e o controle orçamentário,financeiro e patrimonial do Fundo serão exercidas pela SEMA, conforme crité-rios aprovados pelo Conselho de Administração do Fundo.

As receitas do fundo serão os recursos decorrentes da cobrança pelo uso dosrecursos hídricos de domínio do Estado; o valor correspondente a 20% dosrecursos destinados à gestão e preservação do meio ambiente e dos recursoshídricos, referente às compensações financeiras previstas no 1º do artigo 20 daConstituição Federal, além dos recursos que lhe forem transferidos em decor-rência de dotações orçamentárias.

São também os rendimentos de qualquer natureza derivado de aplicação de seupatrimônio; os recursos provenientes de acordos, convênios, contratos ou con-sórcios; os recursos provenientes de ajuda ou cooperação internacional e deacordos entre Governos na área de recursos hídricos; as doações, legados, con-tribuições em dinheiro, valores, bens móveis e imóveis, que venha receber depessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, observadas as disposiçõeslegais pertinentes; e outras receitas destinadas por lei.

Os recursos do FERHBA serão empregados em estudos, programas, projetos, pes-quisas e obras no setor de recursos hídricos, a aplicação prioritária dos recursos dacobrança pelo uso da água; no desenvolvimento de tecnologias para o uso racio-nal das águas; na operação, recuperação e manutenção de barragens; e em proje-tos e obras de sistemas de abastecimento de água e esgotamento sanitário.

Poderão ser aplicados também na melhoria da qualidade e elevação da dispo-nibilidade da água; comunicação, mobilização, participação e controle socialpara o uso sustentável das águas; educação ambiental para o uso sustentável daságuas; no fortalecimento institucional; na capacitação e treinamento dos inte-grantes do SEGREH; e no custeio do Sistema.

Às entidades delegatárias a que se refere o artigo 64 desta Lei serão destinadosrecursos orçamentários necessários ao cumprimento dos contratos de gestão. Osistema de funcionamento do Fundo será definido em Regimento Interno apro-vado pelo seu Conselho de Administração, e será auditado pelo órgão de controleinterno da Administração Pública e pelo Tribunal de Contas do Estado.

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Conferência Estadual de RecursosHídricos

A nova lei define que a conferência é um instrumento de gestão ambiental e derecursos hídricos, com ampla participação da sociedade, que contempla todo oterritório do Estado e promove a transversalidade das questões relacionadas aomeio ambiente, na forma disposta na lei que dispõe sobre a Política Estadual deMeio Ambiente.

Águas SubterrâneasSão consideradas as águas que correm natural ou artificialmente no subsolo, e osdepósitos de águas subterrâneas se submetem aos fundamentos, diretrizes ge-rais e instrumentos da Política Estadual de Recursos Hídricos. Devem também,em razão de sua importância estratégica, estar sujeitas a programas permanen-tes de conservação e proteção, visando ao seu uso sustentado.

A nova lei definiu que o INGÁ deverá instituir área de proteção dos aqüíferos;estabelecer distâncias mínimas entre poços tubulares e entre os poços e oscursos d’água; restringir as vazões captadas por poços em áreas de aqüíferossuperexplorados.

Como forma de assegurar a quantidade e a qualidade naturais das águas subter-râneas, o INGÁ deverá também apoiar ou executar projetos de recarga dosaqüíferos, instituir, implementar e manter atualizado o cadastro de poços tubularese outras captações e o cadastro estadual de usuários das águas subterrâneas,como parte do Cadastro Estadual de Usuários dos Recursos Hídricos.

Além disso, deverá promover a sua avaliação quantitativa e qualitativa e o plane-jamento de seu aproveitamento racional, e definir o volume explotável dosdomínios aqüíferos.

Se a exploração das águas acontecer em níveis que representem risco para oaqüífero, a outorga de direito de uso das águas subterrâneas será suspensa.Haverá também a restrição do regime de operação do outorgado, com respeitoà vazão outorgada e ao tempo de bombeamento. As medidas serão válidas atéque sejam restabelecidos os níveis de segurança de exploração.

A lei determina também que os resíduos líquidos, sólidos ou gasosos, proveni-entes de atividades urbanas, agropecuárias, industriais, comerciais, mineráriassomente poderão ser armazenados, transportados ou lançados no solo, deforma a não poluir ou contaminaras águas subterrâneas.

Determina também que as captações de águas subterrâneas serão obrigatoria-mente dotadas de dispositivos adequados de proteção sanitária para evitar acontaminação de aqüíferos; que os poços perfurados que apresentarem surgênciadeverão ser dotados de dispositivos adequados de controle da vazão e que ospoços abandonados e as perfurações realizadas para fins diversos da extração deágua deverão ser tecnicamente tamponados de forma a evitar acidentes, conta-minação ou poluição dos aqüíferos.

Já as águas classificadas como minerais terão a sua utilização regida pela legisla-ção federal, e no que couber, pelas disposições complementares fixadas pelosórgãos ou entidades competentes.

Conselho Estadual de Recursos HídricosAo órgão colegiado superior da Secretaria do Meio Ambiente, com caráterconsultivo, normativo, deliberativo, recursal e de representação, tem por fina-lidade formular, em caráter suplementar, a Política Estadual de RecursosHídricos, compete estabelecer normas para implementação da Política Esta-dual de Recursos Hídricos e para a aplicação de seus instrumentos; os proce-dimentos de elaboração, implementação e revisão do Plano Estadual de Re-cursos Hídricos; o Plano e suas alterações e acompanhar a sua implementação;fomentar a articulação do planejamento de recursos hídricos com os planeja-mentos nacionais, regionais, estaduais e dos setores usuários; e apresentarcontribuições para a elaboração do Zoneamento Territorial Ambiental doEstado e do Plano Estadual de Meio Ambiente.

Deve também analisar propostas de alterações de legislação pertinente aosrecursos hídricos e encaminhá-las aos órgãos competentes; aprovar os valores aserem cobrados pelo uso dos recursos hídricos; estabelecer as medidas para aproteção dos corpos de água, podendo determinar regime especial, temporárioou definitivo, para a sua utilização; estabelecer as diretrizes e critérios gerais paraa outorga do direito de uso dos recursos hídricos estaduais e para a cobrançapelo seu uso, inclusive pelo lançamento de efluentes; aprovar a criação de uni-dades de gestão hidrográficas, constituídas por uma bacia hidrográfica ou porbacias hidrográficas contíguas, e aprovar o enquadramento dos corpos de águado domínio estadual, em classes, segundo seus usos preponderantes.

Além disso, deve estabelecer condições, metas e prazos para que os lançamen-tos de esgotos e demais efluentes sólidos, líquidos ou gasosos sejam reutilizados,reciclados ou tratados antes do seu lançamento; as propostas de instituiçãodos Comitês de Bacias Hidrográficas, bem como definir os critérios gerais paraa constituição e funcionamento; aprovar as propostas de criação de Agênciasde Bacia Hidrográfica, e deliberar sobre questões que lhe tenha sido encami-nhadas pelos Comitês de Bacias Hidrográficas.

E ainda, definir critérios para aplicação dos recursos oriundos da cobrançapelo uso de recursos hídricos e para aplicação dos recursos do Fundo Estadualde Recursos Hídricos, observado o disposto no Plano Estadual de RecursosHídricos - PERH e nos Planos de Bacias Hidrográficas existentes; aprovar osplanos de aplicação dos recursos arrecadados com a cobrança pelo uso dosrecursos hídricos, para aplicação prioritária nas respectivas unidades de ges-tão hidrográfica; aprovar as vazões das acumulações, derivações, captações elançamentos considerados de pouca expressão, para efeito de dispensa deoutorga de direito de uso pelo INGÁ; aprovar as reduções das vazões outorga-das, para efeito de revisão de outorgas de direito de uso de recursos hídricos;e estabelecer critérios e aprovar rateio de custos de obras de aproveitamentomúltiplo de interesse comum ou coletivo; aprovar as prioridades e os critériosespecíficos para outorga de direito de uso de recursos hídricos em situaçõesde escassez; a delegação do exercício de funções de competência de Agênciade Bacia Hidrográfica às organizações civis de recursos hídricos; aprovar aDivisão Hidrográfica Estadual; decidir, em grau de recurso, como última ins-tância administrativa, sobre as penalidades administrativas impostas peloórgão gestor e executor da Política Estadual de Recursos Hídricos.

O Conselho deve também arbitrar, em última instância administrativa, osconflitos relacionados com o uso das águas de domínio estadual; indicar seusrepresentantes junto ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos, Conferên-cias de Meio Ambiente ou outros órgãos, instâncias ou colegiados onde te-nha assento; instituir Câmaras Técnicas para subsidiar suas avaliações e deci-sões; acompanhar o funcionamento do Sistema Estadual de Informações so-bre os Recursos Hídricos; exercer o controle social sobre o uso dos recursos doFundo Estadual de Recursos Hídricos; elaborar e aprovar o seu RegimentoInterno e respectivas alterações.

Ele é composto por dez representantes do Poder Público; seis representantesdos usuários de recursos hídricos; cinco representantes de organizações civisde recursos hídricos, dois representantes do Poder Público Municipal, sendoum usuário de recursos hídricos.

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Secretaria do Meio Ambiente - SemaTem por finalidade assegurar a promoção do desenvolvimento sustentável doEstado da Bahia, formulando e implementando as políticas públicas, voltadaspara harmonizar a preservação, conservação e uso sustentável do meio ambiente,relativamente à Política Estadual de Recursos Hídricos. Compete a ela planejar,coordenar, orientar e integrar as ações relativas ao Sistema Estadual do MeioAmbiente e ao Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SEGREH).

Deve também formular, coordenar, acompanhar e avaliar a Política Estadual deRecursos Hídricos; presidir o Conerh; promover a integração das políticas setoriaiscom a política ambiental, estabelecendo mecanismos de compatibilização comos planos, programas e projetos; a integração da Política Estadual de RecursosHídricos com a Política Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, esta-belecendo mecanismos de compatibilização com os respectivos planos, progra-mas e projetos.

INGÁTem por finalidade gerir e executar a PolíticaEstadual de Recursos Hídricos e de Prevenção,Mitigação e Adaptação dos Efeitos das Mu-danças Climáticas, e tem como competênciaparticipar da formulação da Política Estadualde Recursos Hídricos e implementá-la, de for-ma integrada e participativa; desenvolver e exe-cutar as políticas públicas relativas à gestão daságuas superficiais e subterrâneas de domíniodo Estado da Bahia; elaborar o Plano Estadualde Recursos Hídricos para aprovação doConerh.

Deve exercer a Secretaria Executiva do Conse-lho; monitorar e fiscalizar os usos dos recursoshídricos, elaborando relatório periódico sobrea situação dos recursos hídricos no Estado; fo-mentar e acompanhar a elaboração e execuçãode estudos, projetos e obras de infra-estruturahídrica;elaborar e atualizar os cadastros esta-duais de usuários de recursos hídricos, das or-ganizações civis de recursos hídricos e das obrasde infra-estrutura hídrica; outorgar o direitode uso de recursos hídricos do domínio do Estado, observadas as diretrizes ecritérios estabelecidos pelo Conerh; e efetuar a cobrança pelo uso dos recursoshídricos, observado os valores, diretrizes e critérios estabelecidos pelo Conselho.

Além disso, deve também gerir e operar o Sistema Estadual de Informações deRecursos Hídricos; acompanhar a implementação das metas progressivas e obri-gatórias de enquadramento de corpo d’água em classes segundo seus usospreponderantes; fomentar a organização, a criação e garantir o funcionamentode Comitês de Bacias Hidrográficas; acompanhar a implementação das metasdos planos de Bacias Hidrográficas estaduais; propor ao Conerh a criação deunidades de gestão hidrográficas; promover a elaboração de estudos e projetospara subsidiar a aplicação de recursos financeiros em obras e serviços de regula-rização de cursos de água, de alocação e distribuição de água e de controle dapoluição hídrica, em consonância com o estabelecido no Plano Estadual deRecursos Hídricos e nos Planos de Bacias Hidrográficas; promover a realizaçãode pesquisas aplicadas na área de recursos hídricos e de estudos destinados àelaboração e execução de programas, projetos e ações integradas de preservaçãoe conservação das águas.

O órgão gestor deve também aprovar e fiscalizar as condições e regras de ope-ração de reservatórios, visando garantir o uso múltiplo dos recursos hídricos,conforme estabelecido no Plano Estadual de Recursos Hídricos e nos Planos deBacias Hidrográficas; elaborar os planos plurianuais de aplicação dos recursos do

Compete à Sema também coordenar e promover a realização de estudos epesquisas destinados à elaboração e execução de programas, projetos e açõesintegradas de preservação e conservação ambiental, da biodiversidade, das flo-restas, dos recursos hídricos e das mudanças climáticas; estabelecer normas eprocedimentos para a integração das ações relacionadas com o meio ambiente;gerir o Fundo Estadual de Recursos Hídricos - exercendo o controle orçamentá-rio, financeiro e patrimonial do mesmo; coordenar o Sistema Estadual de Infor-mações de Recursos Hídricos (SEIRH), promovendo sua integração com osdemais sistemas relacionados com a sua área de atuação; promover e estimulara celebração de convênios e acordos entre entidades públicas, privadas e orga-nizações não-governamentais, nacionais, estrangeiras e internacionais, tendoem vista a viabilização técnico-financeira e visando à otimização da gestãoambiental e de recursos hídricos no Estado;

Fundo Estadual, para aprovação do Conselho de Administração do FERHBA,exercendo a Secretaria Executiva do Fundo; planejar, coordenar, executar e acom-panhar programas, planos, projetos e ações relativas à conservação e uso susten-tável da água, restauração de nascentes e matas ciliares, combate à desertificaçãoe convivência com o semi-árido; elaborar a Divisão Hidrográfica Estadual, cons-tituída de Regiões de Planejamento e Gestão das Águas, para aprovação doConerh; implementar ações de mobilização social, educação ambiental e comu-nicação que possibilitem a participação da sociedade em ações voltadas aoaproveitamento sustentável, conservação e uso racional dos recursos hídricos ena promoção da sustentabilidade das Bacias Hidrográficas; estimular a prática eo uso de técnicas e tecnologias adequadas à conservação e ao uso racional daágua e outros recursos ambientais associados; exercer o poder de polícia admi-nistrativa no cumprimento da legislação relativa à utilização dos recursos hídricosestaduais e aplicar as respectivas sanções;

E ainda, pesquisar e monitorar o tempo e o clima, as mudanças climáticas ecombate à desertificação; efetuar a previsão meteorológica e os monitoramentoshidrológicos, hidrogeológicos, climáticos e hidrometeorológicos; promover,amigável ou judicialmente, a desapropriação de bens necessários ao exercício desuas finalidades previamente declarados de utilidade pública; estabelecer nor-mas técnicas e administrativas que assegurem a operacionalidade das suas ativi-dades; exercer as atribuições que lhe forem delegadas com base em lei e demaiscompetências definidas em lei específica.

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Monitoramento da qualidade das águas dos rios do Estado é feito em campanha semestrais

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Agências de Bacias HidrográficasCom a nova lei, o INGÁ partilha a função de Secretaria Executiva dosrespectivos Comitês de Bacias Hidrográficas (CBHs), que passam a serapoiados pelas Agências de Bacia Hidrográfica, quando implantadas.

As Agências são entidades dotadas de personalidade jurídica, autonomiafinanceira e administrativa e vão prestar suporte técnico, administrativo eoperacional aos Comitês existentes. A criação de Agências está condicio-nada à existência dos CBHs em sua área de atuação e a viabilidade orça-mentária, com base nos recursos oriundos da cobrança pelo uso da água.

Uma vez em funcionamento, as Agências de Bacia Hidrográfica deverãoelaborar, atualizar e implementar os Planos de Bacias Hidrográficas; man-ter cadastros de usuários e organizações civis de recursos hídricos e dasobras de infra-estrutura hídrica; realizar balanço que indique a disponi-bilidade hídrica dentro de sua esfera e efetuar arrecadação de cobrançado uso de água.

Tamb ém c omp ete à s Agências d e B acia Hidrográf ica rea lizar oenquadramento de corpos d’água – instrumento de gestão que estabe-lece metas progressivas de melhoria da qualidade de rios, lagoas, afluen-tes, cachoeiras e demais recursos hídricos - de acordo com usos prepon-derantes; articular-se com o Sistema Estadual de Informações de Recur-sos Hídricos, administrar e efetuar a cobrança pelo uso da água, incluin-do a elaboração orçamentária, os rateios dos custos entre demais usuári-os e entidades, os valores a serem cobrados, a análise e pareceres sobreprojetos e obras financiados por este recurso.

De acordo com a nova norma, todas estas atividades devem ser acompa-nhadas e encaminhadas para aprovação pelo respectivo Comitê eConerh. O ato normativo reza, ainda, que na ausência da Agência deBacia, cabe ao INGÁ assumir o exercício destas funções.

Para garantir apoio às atividades das Agências, O INGÁ poderá firmarcontratos de gestão com entidades sem fins lucrativos, durante o prazomáximo de 12 meses, cujos recursos serão provenientes do FERHBA. Oscontratos de gestão devem apresentar um cronograma de atividades queestipule metas a serem alcançadas, prazos de execução, quadro de custos,os objetivos das ações, e os indicadores de avaliação de desempenho.

Ao término de cada contrato, cabe às entidades apresentar ao INGÁ eao respectivo Comitê de Bacia relatórios sobre a execução do contratode gestão, com explanação do que foi alcançado e prestar contas dosgastos e receitas efetivamente realizados.

Com o objetivo de tornar transparente e de conhecimento público assuas ações, é obrigação da entidade gestora publicar no Diário Oficial doEstado demonstrativo de sua saúde financeira, bem como extrato docontrato firmado, com prazos de vigência, condições para suspensão,renovação e rescisão.

É de competência do INGÁ definir conteúdos e exigências complemen-tares aos contratos, observando as necessidades particulares de cadaCBH. O INGÁ também constituirá comissão de avaliação composta porseus técnicos e da Sema, além de dois representantes do Conerh – umdos usuários, outro da sociedade civil – e de outros órgãos da Adminis-tração Pública do Estado. Esta comissão avaliará periodicamente o de-sempenho e fará acompanhamento da prestação de contas das entida-des contratadas. Para tanto, o INGÁ poderá deslocar servidores do seuquadro pessoal para auxiliar nas atividades desempenhadas pela enti-dade contratada.

Estes dados resultarão em relatório destinado à Sema, Conerh e aosComitês de Bacias Hidrográficas. Em caso de ser percebida alguma irre-gularidade ou ilegalidade, o INGÁ acionará os órgãos de controle, sobpena de sanções administrativas e poderá, através de abertura de pro-cesso administrativo, rescindir contratos de gestão se comprovadodescumprimento de suas proposições.

Para o presidente da AgênciaNacional de Águas, José Machado, aBahia está na vanguarda na Política

de Recursos Hídricos do país.

A diretora geral do Instituto Mineirode Gestão das Águas (IGAM), CleideIzabel Pedrosa de Melo, celebrou a

promulgação da nova lei, afirmandoque Minas Gerais comemora juntocom a Bahia este passo importante

para a Gestão de Recursos Hídricos.

Comitês de Bacias Hidrográficas Os Comitês de Bacias Hidrográficas (CBHs) são órgãos colegiados de caráterconsultivo, normativo e deliberativo, vinculados ao Conerh e criados por decretodo Governador. Tem como responsabilidade promover a gestão integrada dosrecursos hídricos, com a participação usuários, poder público e sociedade civil.

São atribuições dos CBHs estabelecer os procedimentos de elaboração,implementação, revisão e acompanhamento do Plano de Bacia Hidrográfica,sugerir providências necessárias ao cumprimento de suas metas e intermediarconflitos relacionados ao uso da água.

Com a nova norma, os Comitês devem propor ao Conerh a criação de Agênciasde Bacias Hidrográficas, que irão exercer a Secretaria Executiva da entidade.Também deverão ser levados ao Conselho os valores para a cobrança pelo uso daágua e o plano de aplicação dos recursos arrecadados.

Como forma de garantir o uso múltiplo das águas, os Comitês devem encami-nhar ao Conerh os critérios para dispensa de autorização do uso dos recursoshídricos, bem como os parâmetros prioritários para outorga em situações deescassez e para redução das vazões outorgadas quando houver necessidade deracionamento.

Também devem encaminhar para apreciação do Conerh propostas deenquadramento dos corpos d’água em classes, segundo seus usos preponderan-tes; o rateio dos custos das obras de aproveitamento dos recursos hídricos deinteresse público e, por fim, deliberar sobre questões encaminhadas pelas Agên-cias de Bacias Hidrográficas.

Para garantir a gestão participativa e descentralizada das águas, a norma aindagarante que os representantes dos Comitês devem ser formados por representan-tes do poder estadual, municipal, usuários de recursos hídricos e sociedade civil.Em busca da legitimidade da participação dos interessados, o INGÁ fomenta aorganização e a criação dos Comitês, sempre precedida por ampla divulgação.

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Os desafios da revitalização dos rios que cor-

tam as grandes cidades, em sua maioria comprometi-

dos com o lançamento de esgotos domésticos e in-dustriais sem tratamento, as perspectivas e propostasde proteção e experiências de sucesso foram discuti-dos em Salvador durante o Seminário “Proteção eRevitalização dos Rios Urbanos”, promovido pelo INGÁno Auditório Paulo Jackson.

Foram apresentadas as experiências positivas dedespoluição dos rios nos Estados de Minas Gerais eCuritiba e do governo federal para cerca de 350 pesso-as, que participaram ativamente das discussões e pa-lestras. A principal conclusão dos debates ao longo dodia foi de que os rios urbanos precisam estar vivos esaudáveis, que é necessário avançar no tratamento deesgotos no Estado da Bahia.

De acordo com os especialistas, os rios não foramfeitos para serem cobertos, canalizados ou transforma-dos em passeio, e sim para serem rios. “A cobertura dosrios não é a solução para as cidades”. Dessa forma, arevitalização deve ser uma prioridade dos poderespúblicos municipal e estadual.

Representando o secretário de DesenvolvimentoUrbano do Estado, Afonso Florence, a diretora de pla-nejamento das ações de saneamento, Maria Valéria,falou sobre a responsabilidade com a vida das pessoas.“Os rios não podem estar simplesmente engavetados”.

Recuperação dos rios é prioridade

Representantes de Minas Gerais, Paraná, MMA, UFBA, Ministérios Públicos Estadual e Federal e sociedade civil estiveram no Seminário de Revitalização de Rios Urbanos

Sociedade civil apóia postura doGoverno

Um dos fundadores do Grupo Ambientalista daBahia (Gambá), Renato Cunha, apresentou uma mo-ção de repúdio à cobertura dos rios da cidade e emdefesa da atuação dos órgãos ambientais.

O antropólogo da UFBA, Ordep Serra, representan-do o Movimento Vozes de Salvador/ A Cidade tambémé Nossa, também apresentou uma “moção de apoio aoINGÁ em defesa do patrimônio ambiental da cidade, aomesmo tempo em que deploram a postura de desprezoe dilapidação deste patrimônio pelos que, à frente dele,colocam sistematicamente seus interesses políticos eempresariais”. O coletivo integra entidades como oCREA-BA, o IAB-BA, a ABI-BA, o Gambá e a CIAM.

André Carvalho

Bióloga da SecretariaMunicipal de Curitiba,Cláudia Boscardin, apresentaexperiência do Rio Barigui

Ordep Serra, do coletivo “A Cidade Também É Nossa”

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Impactos na cobertura de rios A estética dos rios soteropolitanos, antes tão

admirada, foi sendo transformada com o crescimen-to desordenado urbano e o movimento de migra-ção que desencadearam a falta de infra estrutura e olançamento de esgotos nos mananciais . “Trata-sede um problema de origem, pois nós nos estabele-cemos na cidade sem nos preocuparmos com o fu-turo, sem pensarmos nas conseqüências da ocupa-ção. As políticas públicas até as décadas de 70 e 80incentivavam as pessoas a saírem da zona rural paraos centros urbanos, sem nenhum acompanhamen-to de infra estrutura e com ocupação indevida doespaço, o que gerou esse descontrole e falta de cui-dado com os recursos da cidade”, afirma o enge-nheiro ambiental, doutor em Engenharia Ambientalda Ufba, Lafayette Dantas de Luz.

Ele proferiu a palestra: “Bacias Hidrográficas Ur-banas: Premissas para recuperação de rios”, mostran-do um resgate com ênfase nas fases históricas dotrato da drenagem das águas nas cidades, até o está-gio atual dos nossos rios; as premissas que apontampara uma nova relação da cidade com seus rios (re-conhecendo os seus valores e funções ambientais) ealguns esforços que têm sido feitos internacional-mente para repensar cidades, tornando-as maisharmônicas com o meio ambiente.

Sobre o tamponamento dos rios, ele afirmou que“não podemos colocar a sujeira para debaixo do ta-pete”. “Vetores como mosquitos e ratos se proliferamem abundância em ambientes úmidos e fechados, eao contrário do que tem sido dito, a cobertura dosrios vai piorar este quadro, ao invés de resolvê-lo”.

Além disso, a necessidade da construção de áre-as de lazer pode ser feita com a integração dos rios,sem provocar sua morte. “Estamos vivendo a perdadas referências da natureza e seus benefícios para aqualidade de vida no ambiente urbano”, alertou.

“Não há justificativa hidráulica para a coberturados canais da cidade – que irão provocar o alaga-mento de outras áreas, além do acúmulo de lixo e adificuldade e alto custo de manutenção”, afirmou.

Todas as apresentações do seminário es-tão disponíveis para download emwww.inga.ba.gov.br, no link Biblioteca Virtu-al/apresentações.

Experiências de revitalizaçãoAs ações desenvolvidas em Belo Horizonte no Rio das Velhas foram apresentadas pelo engenheiro civil da

Secretaria Municipal de Políticas Urbanas, Ricardo Aroeira, com o tema: “Reabilitação Ambiental das ÁguasUrbanas de Belo Horizonte”.

Também da capital mineira, o público contou com a presença de Myriam Mousinho, assessora da Secretariade Estado do Meio Ambiente, que abordou a “Meta 2010 - Projeto de Revitalização da Bacia do Rio das Velhas– MG”. Ela falou dos avanços e dificuldades das ações em Minas, e da preocupação em que a recuperação do rioacontecesse da forma mais natural possível.

De acordo com Mousinho, a recuperação do Rio das Velhas, a principal sub Bacia do rio São Francisco, vemsendo realizada há dois anos, beneficiando 4,5 milhões da população de Minas, atingindo 51 municípios. “Oprojeto ajuda a implementar redes de tratamento de esgoto e identificar fontes poluentes. O grande presentedessa iniciativa ambiental é a volta do peixe ao rio”, diz. Ela ressaltou a fundamental participação da populaçãoe do Comitê da Bacia do Rio das Velhas no processo, que envolveu mobilização e educação ambiental, revegetaçãoe tratamento de esgotos.

A promotora de Justiça Ambiental, Cristina Seixas, apresentou os Instrumentos da Política de RecursosHídricos; Julio Thadeu Silva, diretor do Departamento de Revitalização de Bacias – Ministério do Meio Ambien-te, falou sobre “Experiências exitosas de despoluição dos rios” e sobre a necessidade do cuidado que devemos tercom os pequenos rios; e Claudia Regina Boscardin, bióloga da Secretaria Municipal do Meio Ambiente deCuritiba, falou sobre a Revitalização da Bacia do Rio Barigui.

“A Revitalização do Barigui se viabilizará através de ações de educação ambiental, fiscalização, além darealização de obras de infra-estrutura, como de contenção de erosão, recuperação e revegetação de margens”. Opós-doutor em Saneamento e titular da Escola Politécnica (UFBA), Luiz Roberto Moraes, apresentou o Projeto dePesquisa Qualidade Ambiental das Águas e da Vida Urbana em Salvador. Ele chamou a atenção para a responsa-bilidade de se ter postura política para as águas da capital, e sobre a luta contra qualquer tentativa deencapsulamento dos rios urbanos.

Cristina Seixas, Promotora de Justiça do Meio Ambiente da capital

André Carvalho

Ministério Público defende papel dos órgãos ambientaisA promotora de justiça do meio ambiente, Cristina Seixas, fez a defesa do meio ambiente e da

missão dos órgãos ambientais. “A bandeira do Ministério Público é a manutenção da ordemjurídica e o respeito à legalidade”, ressaltou, ao relacionar a necessidade de revitalização dos riosurbanos defendida pelo INGÁ, contrapondo os projetos de tamponamento fechado dos cursosd’água da capital, proposto pela Prefeitura Municipal.

“Não podemos permitir o sepultamento dos rios. É o meio ambiente que está perdendo comtudo isso e no futuro, nós vamos lamentar muito o que estamos vivendo hoje. É preciso o respeitoàs instituições e à legislação, a não ser que mudemos a lei”, afirmou Seixas, esclarecendo que o meioambiente é um bem que é de todos, e que não pode ser expropriado.

Ela lembrou o artigo 37 da Constituição Federal, que fala que a administração pública tem o deverde trabalhar na legalidade e na eficiência do interesse público, e o dever constitucional de proteger omeio ambiente.

Da UFBA: no alto, Roberto Moraes; embaixo: Lafayette Luz; e à direita, Julio Thadeu (MMA)

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Os problemas relacionados à escassez hídrica na

Bacia dos Rios Verde e Jacaré e os acidentes geológicos

que provocaram rachaduras no solo de Lapão (a 490 km

de Salvador) foram discutidos com a comunidade daregião, em uma audiência pública realizada pelo Minis-tério Público Estadual (MPE) e pelo INGÁ, no dia 25 demaio, em Irecê. O encontro reuniu os prefeitos do mu-nicípio anfitrião, de Lapão, de América Dourada e deJoão Dourado, além de outras autoridades locais, de re-presentantes do Governo do Estado, de pequenos, mé-dios e grandes agricultores, de membros da sociedadecivil, da imprensa local e de estudantes.

Na audiência pública, que foi conduzida pela pro-motora do MPE, Luciana Khoury, os representantes doINGÁ explicaram à população os motivos e a importân-cia da suspensão do uso das águas (outorgas) retiradas demananciais subterrâneos do Riacho do Juá, que passa pe-los quatro municípios e atinge 0,5% do território da BaciaHidrográfica. O diretor de Regulação da instituição, LuizHenrique Pinheiro, e o geólogo Baldoíno Dias Neto, fala-ram sobre o quadro crítico das condições ambientais dosolo da região e sobre a necessidade de a população co-meçar a fazer um uso racional dos recursos hídricos, paraque não aconteçam acidentes graves nem o comprome-timento da disponibilidade hídrica da região, em umcurto espaço de tempo.

Em janeiro, o INGÁ suspendeu por 30 dias a emis-são e a renovação de outorgas e dispensas dos usos dosrecursos hídricos no domínio do Aqüífero Cárstico deIrecê, até que fossem investigadas as causas de racha-duras no solo em Lapão. Após estudos geológicos, rea-lizados pelos técnicos do órgão, constatou-se que asáreas mais críticas estavam em mananciais subterrâne-os na sub bacia do Riacho do Juá, o que provocou umanova suspensão das outorgas, desta vez na área especí-fica, em 28 de abril de 2009.

Uma nova portaria, publicada no dia 09 de junho noDiário Oficial do Estado, manteve a suspensão dos usosdas águas subterrâneas na sub bacia do riacho do Juá, atéque novos estudos sejam realizados. A medida traz a de-terminação do INGÁ de não autorizar novas captaçõesde água subterrânea, desde a nascente do Juá até a locali-dade de Tanquinho, no município de Lapão. “Às vezes, osimpactos na natureza são tão surpreendentes, como asfendas que se abriram em Lapão, que temos de tomarmedidas preventivas, mesmo que causem algum sacrifícioà população. Mas essas medidas são para evitar danosmaiores lá na frente e garantir a segurança hídrica doEstado”, disse Luiz Henrique Pinheiro.

Pinheiro explicou que o órgão fez um cadastramentode dois mil usuários da região no primeiro semestre eque, através da fiscalização do órgão e das FiscalizaçõesPreventivas Integradas (FPI), coordenadas pelo Ministé-

rio Público, está realizando um diagnóstico de todos osusos e usuários, com o objetivo de organizar, de formaracional e sustentável, o uso das águas. O INGÁ estátambém articulando a formação de um grupo de traba-lho para acompanhar a situação no âmbito do Comitêde Bacia Hidrográfica dos Rios Verde e Jacaré.

De acordo com Pinheiro, se existem demandasincompatíveis com a oferta hídrica, há uma necessida-de de equacioná-las. “Para isso, nossos técnicos estãotrabalhando na região e na nossa sede. O objetivo édiagnosticar os usos e conhecer as necessidades dosusuários”. O diretor de Regulação do INGÁ destacoutambém que existe uma defasagem pluviométrica anualde 240 milímetros de chuva na região, há 35 anos.

Durante o encontro, tanto os gestores públicos daregião quanto os pequenos e grandes produtores de-monstraram preocupação com o problema e consci-ência quanto à necessidade de buscarem alternativasde racionalização do uso da água na irrigação. “Temosque tirar proveito da situação. Sabemos que a decisãode Governo é pautada pela legislação. Temos que con-versar para sabermos quanto temos de água e quantopodemos utilizar, para encontrarmos soluções que ga-rantam nosso desenvolvimento econômico, sem com-prometer a sustentabilidade dos recursos hídricos daregião”, disse o prefeito de Irecê, Zé das Virgens.

MonitoramentoEm uma apresentação técnica, o geólogo do

INGÁ e coordenador da Unidade Regional de Se-nhor do Bomfim, Baldoíno Dias Neto, prestou ex-plicações sobre a situação geológica do subsolo lo-cal para a população da região de Irecê. Através defotografias, mapas e gráficos, ele mostrou os fluxosdas águas subterrâneas, a quantidade de fendas ecavernas e explicou que houve um rebaixamento noAqüífero Cárstico de Irecê, provocado pela escassezde chuva e pela superexploração da água. “Omonitoramento das precipitações na região e a pro-fundidade dos níveis freáticos e dos poços escava-dos, entre 1969 e 2003, revelam que está ocorrendoum contínuo rebaixamento do nível hidrostático(de água) do aqüífero”, expôs Dias Neto.

O INGÁ iniciará um monitoramento contí-nuo de todo o ciclo hidrológico da região. Atra-vés da análise de dados parciais sobre as reservase as quantidades de água subterrânea captada,dos índices pluviométricos da região e da quan-tidade de água da chuva infiltrada no solo, bemcomo da tecnologia empregada para a irrigação,será possível saber a disponibilidade hídrica doaqüífero, para que não seja retirado mais do queele pode oferecer.

Estado prioriza gestão das águas noterritório de Irecê

As rachaduras no solo do município de Lapão são causadas por problemas geológicos,potencializados pela exploração desordenada dos aqüíferos

Baldoíno Dias

Através do INGÁ, o Governo da Bahia cria medidas para promovero uso racional das águas e evitar acidentes geológicos no solo

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Para lembrar à sociedade a importância da água

e do meio ambiente na vida das pessoas, a Organiza-

ção das Nações Unidas (ONU) instituiu o Dia Mundi-

al da Água e o Dia Mundial do Meio Ambiente, cele-brados em 22 de março e 05 de junho, respectivamen-te. Para celebrar as datas, o INGÁ realizou uma série deeventos pelo interior do Estado para debater alternati-vas, compartilhar experiências e alertar a populaçãobaiana quanto às questões ambientais da atualidade,sobretudo ligadas à água.

Feira de Santana O recém-inaugurado escritóriodo órgão em Feira de Santana realizou, no mês das águas,o seminário “Uso dos Recursos Hídricos e Meio Ambi-ente”, provendo informações aos diversos segmentossociais. Em junho, técnicos concederam uma oficinacom o tema “Gestão, Conservação e Preservação dasÁguas”, na “II Mostra e Saúde de Meio Ambiente”, reali-zada no Instituto de Educação Gastão Guimarães.

Eunápolis Como parte da programação da Sema-na das Águas 2009, técnicos da Unidade Regional (UR)de Eunápolis visitaram escolas rurais para atender àpopulação e multiplicar agentes ambientais comuni-tários. Já na “Semana da Preservação Ambiental”, diver-sas palestras discutiram o aquecimento global, o ciclohidrológico da água, o combate ao desperdício, a ges-tão das águas e a questão ambiental urbana e rural.

Seabra Para as duas datas comemorativas, o INGÁpreparou ações de educação ambiental em escolas daregião da Chapada Diamantina. Em março, a Regionalrealizou um abraço simbólico em torno do rio Cochó,visitas às escolas do município de Palmeiras e um de-bate sobre “Gestão de Recursos Hídricos”. No mês dejunho, com o projeto “Água e Valores Humanos”, de-senvolvido em parceria com a Associação dos Mora-dores do Cerrado, a UR estimulou a disseminação deconceitos ambientais para estudantes do Ensino Fun-damental da Escola Municipal Campos de São João,também no município de Palmeiras.

Itabuna “Gestão de Recursos Hídricos” foi tam-bém o tema do seminário pelas águas, que contou coma participação de técnicos e gestores do órgão, emItabuna. A UR da Bacia do Leste também participoudo “I Seminário de Meio Ambiente”, em Camacam, aconvite da Prefeitura Municipal e do Instituto Uiraçu,assim como das atividades do “Dia do Meio Ambientede Pau Brasil”. Técnicos do INGÁ apresentaram duaspalestras, uma sobre “Mata Atlântica, Água e Gestãodos Recursos Hídricos no Sul da Bahia” e outra com otema “Uso Sustentável da Água”.

Santa Maria da Vitória Em parceria com a Asso-ciação Ambientalista Corrente Verde, a UR de SantaMaria da Vitória promoveu na semana da água uma

série de palestras, seguida por peças teatrais, exposiçãode vídeos e maquetes. A UR também realizou plantio demudas em Áreas de Proteção Permanente (APPs). Emjunho, a Regional exibiu trinta vídeos de curta metragem,através do projeto Circuito Tela Verde, um programaresultante de uma parceria inédita do Ministério doMeio Ambiente com o Ministério da Cultura.

Jequié Além de constantes ações em escolas daregião, a UR de Jequié realizou a “Jornada do MeioAmbiente”, de 28 de maio a 12 de junho. O projetoenvolveu alunos, professores, associações, comunida-des rurais e sindicatos de seis municípios. Eles tiveramcontato com informações sobre a atuação do INGÁ, ouso racional da água e problemáticas ambientais emescalas global e local. Para a jornada, a UR apresentoupalestras, exibição de vídeos e atividades dinâmicas.

Barreiras Comprometida com a gestãoparticipativa, a coordenação da Unidade Regional doINGÁ de Barreiras realizou a “VIII Semana do MeioAmbiente”. Técnicos da região também participaramde uma plenária que se propôs a dialogar com a comu-nidade sobre os avanços e desafios para a gestão dosrecursos hídricos na região Oeste. A programação in-cluiu mostra fotográfica, vídeos, passeios e debate empraça pública, possibilitando à população discutir e rei-vindicar algumas demandas ambientais locais.

Irecê Na mesma perspectiva, a Regional de Irecêrealizou, em março, a palestra “Gestão das Águas para aSustentabilidade”. Um dos temas discutidos relacionavao papel da mulher à gestão consciente dos recursoshídricos. Na seqüência, a “Gincana Ambiental” animoujovens da cidade, entre 02 e 04 de junho. O eventoculminou na Praça da Prefeitura, com apresentação de

desfile, paródia e doação de todos os resíduos sólidoscoletados às cooperativas de reciclagem da cidade.

Juazeiro e Bonfim No mês das águas, a UR de Juazeiroparticipou do “I Simpósio sobre Recursos Hídricos”, dePetrolina (PE). Em parceria com a Prefeitura Municipal, aUnidade forneceu subsídios para uma caminhada emprol da preservação dos rios. No mês seguinte, o INGÁparticipou da “Semana de Geografia” da Universidade dePernambuco (UPE), expondo publicações do órgão emestande. Em seguida, técnicos participaram do “Ciclo dePalestras Ambientais”, que discutiu os temas: “Combate àDesertificação” e “Uso Racional dos Recursos Hídricos”.Por fim, apresentaram palestra sobre “As Atribuições doComitê de Bacia e o seu Papel na Preservação e Conserva-ção do Meio Ambiente”.

Guanambi A Regional realizou a “I Semana dasÁguas de Guanambi”, com atividades diversificadas decelebração à água. Inspirada no tema “Gotas de Inicia-tivas Formam um Oceano de Possibilidades no UsoRacional e Preservação da Água”. A programação in-cluiu, entre os dias 01 e 04 de junho, palestras sobre a“Gestão de Recursos Hídricos” para estudantes de En-sino Médio da região e uma visita à comunidade depequenos agricultores Arroizinho, na cidade deCaetité. O ponto alto da semana aconteceu no dia 04,com uma caminhada ecológica em torno do Parqueda Cidade de Guanambi. Ao longo do trajeto, kitsambientais do INGÁ foram distribuídos e faixas commensagens educativas estimularam a reflexão sobre aimportância do meio ambiente. Os cuidados com asaúde também não foram esquecidos – estudantes deenfermagem da Faculdade de Guanambi aferiram apressão arterial dos participantes da caminhada.

INGÁ celebra água e meio ambiente no EstadoJaneísa Botelho

A comunidade de Guanambi participou da “Caminhada pelas Águas” no Parque da Cidade

Unidades Regionais realizaram diversas atividades culturais e educativas em todo o Estado

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O Conerh instituiu, no mês de maio, o Programa

de Restauração e Conservação das Matas Ciliares e Nas-

centes, que tem como objetivo recuperar cerca de 1 mi-lhão de hectares de vegetações que nascem às margensdos rios em todo Estado da Bahia. O programa serágerenciado pelo INGÁ e construído de forma integradacom um grupo de trabalho, formado por representaçõesde outros órgãos públicos estaduais e municipais, organi-zações civis e usuários. A Diretoria SocioambientalParticipativa (DSP) do INGÁ já dispõe de informaçõestecnicamente consolidadas, que mostram a importânciade conservar as reservas de mata ciliar existentes no Esta-do e de recuperar as que já foram devastadas. Estudos doórgão estimam que às margens dos cerca de 369.589quilômetros da malha hidrográfica do Estado existemaproximadamente 2,6 milhões de hectares de mata ciliar,o que corresponde a 4,7% do território baiano. Vale lem-brar que um hectare equivale a um campo de futebol.

As matas ciliares são fundamentais para o equilíbrioecológico, pois oferece proteção para as águas e o solo,reduzem o assoreamento de rios, lagos e represas e im-pedem o aporte de poluentes para o meio aquático. Avegetação também forma corredores que contribuempara a conservação da biodiversidade; fornecem alimentoe abrigo para a fauna; constituem barreiras naturais con-tra a disseminação de pragas e doenças da agricultura; e,durante seu crescimento absorvem e fixam dióxido decarbono, um dos principais gases responsáveis pelas mu-danças climáticas que afetam o planeta.

De acordo com o diretor da DSP, José Augusto Tosato,cerca de 40% das matas ciliares do Estado estão degrada-das. “Sanar este grande déficit ambiental não é um esforçoapenas do INGÁ, mas de todo o poder público, dos usu-ários e da sociedade. Firma-se como um programa deEstado, que deve atravessar todas as gestões e se consoli-

dar como uma nova cultura”, afirma Tosato. O Programade Restauração e Conservação das Matas Ciliares e Nas-centes foi construído com base em três eixos estratégicos:restauração, sustentabilidade e gestão do programa.

InvestimentoApós a aprovação do Conerh, o INGÁ trabalha na

articulação do Grupo de Trabalho do Programa de Con-servação e Restauração das Matas Ciliares e Nascentes,para elaborar o Sistema de Gestão do Programa. A cap-tação e alocação de recursos financeiros; o lançamentode editais de licitação e de pesquisa, a criação de trêsCentros de Referência e 10 viveiros de apoio e o lança-mento da campanha de Comunicação Social estão en-tre as ações do programa para este ano.

Os primeiros resultados de estudos estão previstospara o início de 2010. Para este período, as mudas produ-zidas já estarão prontas e comunidades mobilizadas. Háuma estimativa também da realização das ações de parce-rias para a sustentabilidade da restauração e o plantio decerca de 500 hectares de mata ciliar em todo o Estado.

Coordenadora da Unidade de Mata Ciliar doINGÁ, a engenheira florestal Andréa FurtadoDamasceno explica que o programa é um grande de-safio, porque envolve uma série de fatores, como amobilização da sociedade, a abrangência territorial doEstado e a necessidade de estudos aprofundados rela-cionados ao tema, como botânica, fitossociologia (es-tudo das características, classificação, relações e distri-buição de comunidades vegetais naturais), ecologia dapaisagem, entre outros.

De acordo com um estudo do INGÁ, são necessári-os R$ 10 milhões para a recuperação de toda a área demata ciliar do Estado, tendo em vista que o custo médiopara a restauração por hectare (incluindo mobilização,aquisição de mudas, plantio e manutenção) para o pri-

meiro ano é de R$ 10 mil. Andréa Furtado explica quetodo o trabalho de replantio de uma área dura de doisa três anos, porém a recuperação total, considerando oretorno de espécies animais e toda a recomposição doecossistema, leva aproximadamente 40 anos.

Técnicos do INGÁ já trabalham na elaboração deeditais e convênios para firmar parcerias na execuçãodo projeto. Serão convênios com instituições de pes-quisas para desenvolver estudos sobre mata ciliar; com10 prefeituras, que farão o trabalho de mobilização edisseminação das ações do projeto; e três universida-des, uma em cada bioma do Estado, para serem cen-tros e referências de mudas e sementes, além de 10centros de apoio.

“As áreas prioritárias de implementação do progra-ma serão decididas pelo grupo de trabalho, que seráparitário, ou seja, terá igual representação do poder pú-blico, da sociedade civil e dos usuários”, explica JoséAugusto Tosato. “O grupo de trabalho ficará responsá-vel, inclusive, por dialogar com instituições que com-põem o Sistema Estadual de Recursos Hídricos, paradefinir as áreas prioritárias de atuação”, salienta o diretor.

Sobre matas ciliaresO replantio das áreas de mata ciliar é uma necessi-

dade, devendo ser implementado com espécies nati-vas, observando um nível adequado de diversidadebiológica para assegurar a restauração dos processosecológicos, condição indispensável para o desenvolvi-mento sustentável.

O Programa de Restauração e Conservação das MatasCiliares e Nascentes será executado com base em açõesde sustentabilidade da restauração, que contam com oacompanhamento do manejo e conservação do solo,adequação ambiental de estradas e pontes do entornodos rios, monitoramento das águas e fiscalização.

Yordan Bosco

Conerh aprova implantação de programa que tem como meta recuperar 1 milhão de hectaresEstado vai recuperar matas ciliares na Bahia

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Os estudos hidrológicos indicarão se a água pode ser retirada sem comprometer os múltiplos usos e o seu fornecimento futuro

Grandes usuários terão que instalarmedidores de vazãoA medida garante um controle mais efetivo da água e assegura a coerência entre aquantidade retirada do solo e dos rios e a quantidade outorgada pelo Estado

Para garantir a utilização racional dos recursos

hídricos no Estado, o INGÁ determinou que os gran-

des usuários da água dos segmentos da indústria e

irrigação devem instalar obrigatoriamente sistemas demedição de vazão que controlem o volume real dascaptações de água. O objetivo é garantir um controlemais efetivo da quantidade da água que é retirada dosolo e dos rios e assegurar que ela esteja de acordo comas quantidades outorgadas (autorizadas) pelo Estado.Isto porque compete ao INGÁ assegurar uma utiliza-ção racional dos recursos hídricos, para que não falteágua para as atuais e futuras gerações.

Os critérios técnicos para a medição do volume quedeve ser observado pelos grandes usuários foram publi-cados na Instrução Normativa 001, na edição do DiárioOficial do Estado do dia 23 de abril de 2009. As indús-trias que captam acima de 500 metros cúbicos de águapor dia e as empresas agrícolas e de irrigação com retira-da diária acima de 2.000 metros cúbicos de água terãoum prazo de seis meses para se adequar, instalando,operando e mantendo um sistema de medição de água.Os usuários também terão de transmitir ao INGÁ, pormeio de uma Declaração Anual de Uso de RecursosHídricos, a relação dos volumes de cada mês.

ImportânciaO coordenador de outorga do INGÁ , Gustavo

Penedo, explica que a medida garante um controleefetivo da vazão captada e dificulta que os usuáriosconsumam volumes superiores aos permitidos peloEstado, através da outorga de uso da água. “A outorgaé um ato administrativo, no qual o INGÁ concedeuma determinada vazão para um determinado perío-do. Tudo isso é acordad o dentro d e estudoshidrológicos para permitir que a água seja retiradasem comprometer os múltiplos usos nem seu forneci-mento futuro”, pontua.

“A medição das vazões tornará mais eficiente afiscalização dos usos dos recursos hídricos nas baciashidrográficas e aumentará o compromisso dos usuá-rios no cumprimento do que é outorgado”, diz odiretor de Regulação do INGÁ, Luiz Henrique Pinhei-ro. Está disponível na internet emwww.inga.ba.gov.br o formulário para a DeclaraçãoAnual de Uso dos Recursos Hídricos. O sistema demedição é formado por um conjunto de instalações,equipamentos, acessórios, instrumentos e de dispo-sitivos que registra e permite o monitoramento dosvolumes retirados dos corpos hídricos.

O não cumprimento da determinação do INGÁconstitui infração às normas de utilização dos recursoshídricos, conforme o artigo 57, inciso VII, da Lei Estadu-al nº 10.432/06, e sujeita o usuário às penalidades previs-tas nesta lei, como multa e embargo da atividade. Aequipe de fiscalização do INGÁ supervisionará se os usu-ários farão as medições de maneira correta e condizentecom cada Declaração Anual de Usos de Recursos Hídricosenviada ao órgão. Fraudar as medições dos volumes deágua utilizados ou declarar valores diferentes dos medi-dos também constitui crime contra as águas.

RacionalidadeAs novas outorgas concedidas pelo INGÁ e as que são

renovadas passam a incorporar a exigência ao solicitantede implantar novas tecnologias para o uso racional daágua, visando garantir a maior eficiência, a continuidadedos usos múltiplos e a disponibilidade hídrica para asgerações futuras, conforme previsto na Lei Estadual nº10.432/2006, e na Instrução Normativa nº 01/07. Essamedida foi construída pelo órgão gestor das águas no“Seminário Tecnologias de Irrigação para o Uso Sustentá-vel”, realizado em Barreiras, em junho de 2008.

Andre Carvalho

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AvaliaçãoAs análises das águas são realizadas nos laboratóri-

os creditados e certificados do Centro de TecnologiaIndustrial Pedro Ribeiro (Senai/Cetind), vinculado àFederação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb),que mantém contrato com o INGÁ. Uma dasmetodologias utilizadas na avaliação da qualidade daágua é baseada no Índice de Qualidade de Água (IQA),que possui nove parâmetros para análise. São eles: tem-

Programa Monitora é consolidado comopolítica pública do Estado

André Carvalho

São analisados mais de 200 pontos nos 100 maiores rios de todas as bacias hidrográficas da Bahia

Os resultados de todas as campanhas de2008 e 2009 do Programa Monitora em cadaBacia e Região do Estado e por cadaparâmetro de qualidade pode ser acessadoem www.inga.ba.gov.br

“O programa nos dá uma radiografia dosmais importantes rios do Estado, mostrandoque temos situações satisfatórias e outraspéssimas. A prioridade agora é aimplementação de políticas públicas para amudança desse quadro. Ou tratamos a águacom gerenciamento ou a gente não avança”,explica o diretor-geral do INGÁ, Julio Rocha.Esta é a primeira vez que o Governo da Bahiaanalisa e apresenta para a população umpanorama da situação dos rios em todas asbacias hidrográficas do Estado.

Yordan Bosco

Resultados atendem ao principal objetivo, que é subsidiar o Governo na aplicação daspolíticas públicas de controle de poluição e recuperação dos rios baianos

Dois anos demonitoramento daqualidade das águas

peratura, pH, oxigênio dissolvido (OD), demanda bio-química de oxigênio (DBO), coliformes termotolerantes,nitrogênio total, fósforo total, resíduo total e turbidez.

Este índice avalia a qualidade da água e, depois decalculado, é representado por valores de 0 a 100. Ointervalo de 0 a 100 é dividido em 4 níveis de qualida-de: péssima, ruim, regular, boa e ótima, com os maioresvalores indicando água de melhor qualidade.

O Governo do Estado da Bahia, através do INGÁ,

apresentou no mês de março o balanço do Programa

Monitora do ano de 2008 , assim como as novidades

para as campanhas de 2009, que estão em curso. O

Monitora faz parte do Programa Água para Todos, tem

investimento de R$ 6,7 milhões até 2010 e avalia, conti-

nuamente, a qualidade dos principais rios da Bahia em

campanhas trimestrais. No ano passado, foram coletadasamostras de água de mais de 200 pontos, nos 100 mai-

ores rios de todas as Bacias Hidrográficas do Estado.

Os diagnósticos sobre a qualidade dos rios indi-

cam o estado de saúde das Bacias Hidrográficas . Estes

resultados são fundamentais para o planejamento das

instituições que têm suas atividades ligadas, direta ou

indiretamente, ao meio ambiente. O cronograma do

Monitora, que é execultado pelo INGÁ, está de acordo

com as metas estipuladas para o ano de 2009.

A cada três meses, são feitas coletas e análises daságuas de rios do Estado da Bahia. As duas primeiras

campanhas foram realizadas entre os meses de janeiro

e maio. Na primeira, foram analisados amostras de 213

pontos de 102 rios baianos. Já na segunda campanha,

houve um aumento do número de amostragem. Fo-

ram 217 pontos distribuídos em 103 rios das atuais 26

Regiões de Planejamento e Gestão das Águas (RPGAs).

“A ampliação dos pontos ocorreu seguindo a atu-

alização do mapa hidrográfico do Estado, aprovadopelo Conerh em dezembro último, com base nas Leis

Estadual nº 10.432/06 e Federal 9.433/97”, afirmou o

coordenador de Monitoramento, Eduardo Topázio.

De acordo com o calendário do Monitora, a terceira e

a quarta campanhas ocorrem entre os meses de julho e

outubro, respectivamente. “Em junho, a equipe reali-

zou uma nova expedição para mapear mais pontos de

monitoramento”, afirmou a técnica da Coordenação

de Monitoramento do INGÁ, Regina Francisco.

Para a avaliação da qualidade das águas das amos-tras colhidas nos pontos monitorados, foram conside-

rados diferentes aspectos relacionados ao uso dos re-

cursos hídricos, como os abastecimentos públicos e

industriais, a proteção da vida aquática, a

balneabilidade, a irrigação, a dessedentação de ani-

mais, a recreação e a pesca. Os relatórios com os resul-

tados das análises das duas campanhas realizadas em

2009 mostram que a maioria dos trechos analisados

apresentou condições satisfatórias de qualidade.

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O programa aumentou o fornecimento de água na zona rural de 30,8% para 51,8%, e na urbana, de 94,7% para 98%

Maior programa de acesso à água do paísfaz dois anos

Em agosto de 2009 , o Programa Água para To-

dos completa dois anos, empreendendo ações múlti-

plas que aumentam a oferta de água de qualidade e

ampliam os serviços de saneamento básico para 3,5milhões de baianos. O Programa, resultado de umaação intersetorial de cinco secretarias estaduais e ór-gãos descentralizados, entre eles o INGÁ, eleva a Bahiaà condição de executora do maior programa de sane-amento básico e acesso à água do Brasil.

A posição de liderança da Bahia no enfrentamentodos problemas relacionados ao abastecimento de águatem respaldo nos números do Água para Todos, queevidenciam a superação da meta prevista para os doisprimeiros anos de Governo. Até agora, o programa jáaplicou mais de R$ 400 milhões em obras distribuídasnos diversos territórios do Estado, beneficiando 375 mu-nicípios e atingindo mais de 2 milhões de pessoas.

Foram 200 mil ligações de água realizadas e 138 obrasde ampliação da rede de abastecimento em andamentoem toda a Bahia, com investimento de R$ 520 milhões.Somente na capital, estão sendo aplicados R$ 95 mi-lhões. Cerca de 138 municípios do interior e das ilhas daBaía de Todos os Santos ainda serão beneficiados. O Águapara Todos possibilitou também o monitoramento con-tínuo, até 2010, da qualidade das águas de mais de 100rios de todas as bacias hidrográficas do Estado, através doPrograma Monitora, desenvolvido pelo INGÁ.

BeneficiadosCom abrangência em todo o território baiano, o Água

para Todos elegeu como uma de suas prioridades o aten-dimento às famílias de baixa renda, localizadas nas perife-rias das grandes cidades e nos municípios de pequenoporte, particularmente no semi-árido. Nesse sentido, seg-mentos historicamente excluídos das ações de governo,como populações ribeirinhas, habitantes de assentamen-tos de reforma agrária e reservas extrativistas, comunida-des indígenas, remanescentes de quilombos e moradoresde locais que enfrentam risco de desabastecimento têmsido contemplados com a criação, ampliação e recupera-ção de redes de abastecimento locais, que incluem a cons-trução de sistemas de água, cisternas, poços artesianos ebarragens. Essas medidas representam um aumento dofornecimento de água na zona rural de 30,8% para 51,8%e na zona urbana de 94,7% para 98%.

O caráter inclusivo do Água para Todos nas áreassemi-áridas da Bahia é destacado em reiteradas falasdo Governador da Bahia, Jaques Wagner, “Para os quejá estão acostumados com a vida nas cidades, águanão parece um problema, mas água é fonte de tudo eem lugares distantes o acesso é muitas vezes compli-cado, por isso o Estado tem que se fazer presente paraoferecer este bem supremo a todos”, diz.

A implantação, ampliação e melhoria de sistemas deesgotamento sanitário e o tratamento de efluentes associ-

ados à preservação de mananciais utilizados para abaste-cimento são outras metas do Programa. Para o Presidenteda Embasa, Abelardo Oliveira, as obras de esgotamentosanitário previstas no Água para Todos têm grande im-portância para a preservação dos rios baianos. “Os efluentessão tratados antes de serem lançados no meio ambi-ente, o que diminui o impacto provocado nos manan-ciais, tornando-os uma fonte segura de abastecimentopor longos períodos”, ressalta.

A Embasa integra o Comitê Gestor do Programa,que também conta com representantes da Compa-nhia de Engenharia Ambiental da Bahia (Cerb), res-

Metas até 2010População beneficiada 3,5 milhões de habitantesCisternas 100 milPoços tubulares 1800Sistemas simplificados de abastecimento de água 1500Ampliação da oferta de água (zona rural) de 30% para 51%Ampliação da oferta de água (zona urbana) de 94% para 98%Aumento da cobertura de esgotamento sanitário de 54% para 79%Investimento R$ 2,1 bilhõesRecursos financeiros Banco Mundial (Bird), federal e estadual

ponsável pela coordenação; do INGÁ, do Instituto doMeio Ambiente (IMA), da Companhia de Desenvol-vimento e Ação Regional (CAR) e da Companhia deDesenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder).

Conjugando as linhas temáticas de esgotamentosanitário, saneamento básico e de projetossocioeconômicos integrados ao meio ambiente, o Águapara Todos vai investir, até 2010, um total de R$ 2,1bilhões, entre recursos estaduais, federais e do BancoMundial (Bird). O Programa concretiza o objetivo defazer do acesso à água de qualidade, para todos e parasempre, um direito de todos os cidadãos baianos.

Colegiado institucional: Secretaria do Meio Ambiente; Secretaria do Planejamento; Secretaria de Desenvolvi-mento Urbano; Secretaria de Desenvolvimento e Integração Regional; Secretaria de Desenvolvimento Social eCombate à Pobreza.

Maior programa de acesso à água do Brasil já beneficiou maisde 3,5 milhões de baianos e é responsável por 1/3 de todas asligações de água implantadas no país nos últimos dois anos

Roberto Viana /AGECOM

“As obras chegam a 250 municípios, resultando em benefícios para cerca de 3,5milhões de pessoas. No total, são 298 ações, sendo 214 obras de abastecimento deágua e 84 de esgotamento sanitário. Os investimentos chegam a R$ 2,4 bilhões”.

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O Subaé é um dos primeiros rios baianos reenquadrados em função da grande demanda de uso e aos altos índices de poluição

Conerh aprova enquadramentotransitório para rios baianos

O Conerh aprovou medidas importantes para a

aplicação dos instrumentos de gestão das águas na

Bahia. Com a validação das propostas de enquadramentotransitório, os rios Subaé, Joanes e Ipitanga e Jacuípepassam a ter suas condições de qualidade reavaliadas,através de estudos feitos pelo INGÁ e classificadas deacordo com o interesse de uso da sociedade.

Os estudos que embasaram as propostas deenquadramento transitório dos corpos d’água foram ela-borados pela equipe da Diretoria de Planejamento deRecursos Hídricos (DPR/INGÁ) e acompanhados peloGrupo de Trabalho do Conerh e pelas Câmaras Técni-cas de Planos, Programas e Projetos, dos respectivosComitês de Bacia Hidrográfica (CBH’s).

Para otimizar a implementação do enquadramento,o Conerh definiu que as entidades que utilizam as águasdo Rio Subaé (que terá 55 quilômetros de extensão en-quadrados) devem adotar medidas para melhorar o nívelde impureza dentro de um prazo de três anos. As açõesdevem ser adotadas por todos os usuários das águas dorio, como as prefeituras municipais de Feira de Santana,São Gonçalo, Amélia Rodrigues, Santo Amaro e São Fran-cisco do Conde, Embasa e indústrias que lançam efluentesno rio; e usuários que retiram água do rio para irrigação.

De acordo com o diretor-geral do INGÁ e secretário-executivo do Conerh, Julio Rocha, a escolha do Subaé paraser um dos primeiros rios baianos enquadrados se deu emfunção da grande demanda de uso e por apresentar altosíndices de poluição. ”O enquadramento possibilita aos

gestores públicos canalizar as políticas das Bacias. Quan-do um rio é enquadrado, passa a existir uma série denormas e metas progressivas de qualidade, o que geranecessidade de a sociedade se educar e criar um compro-misso com o uso racional da água”, explica Rocha.

As propostas de enquadramento das Bacias doSubaé, do Joanes e Ipitanga e do Rio Jacuípe foramelaboradas em virtude da ausência de enquadramentona grande maioria dos rios do Estado, e da desatualizaçãode mais de 30 anos do último estudo realizado nospoucos que estavam enquadrados. As solicitações deemissão de outorga (licença para o uso da água) paralançamento de efluentes por parte de usuários tambémmotivaram a produção do estudo.

Plano de AçãoComo mecanismo de acompanhamento do

enquadramento transitório aprovado para o Subaé, osconselheiros do Conerh decidiram criar um plano deação para a melhoria da qualidade do rio (que teráprazo de um ano para ser apresentado) e mais umprazo de 36 meses para o cumprimento de todas asmetas progressivas de melhoria das classes, estipuladasneste plano de ação.

Em relação ao Rio Jacuípe, pertencente à RPGA doParaguaçu, o CBH do Paraguaçu (CBHP) sintetizou suasrecomendações em uma série de medidas. Entre elas,elaboração de um Plano de Ação pelos usuários comoutorga para lançamento de efluentes que detalhe asações empreendidas no sentido de cumprir as metas

previstas, a implementação de modelos de reúso deefluentes, a elaboração de estudo de recuperação e con-servação de matas ciliares dos riachos das Panelas, Prin-cipal, Maia, Jaqueirinha e dos rios Chapadinhas eCapivari, e de um estudo limnológico (das águas inte-riores) na área do reservatório de Pedra do Cavalo,responsável pelo abastecimento de água de grandeparte da Região Metropolitana de Salvador.

Além de acolher as recomendações do Comitê, oINGÁ, como órgão gestor das águas da Bahia, fixouprazos que variam de seis a 18 meses para o cumpri-mento das recomendações feitas pelo CBHP.

Sobre o enquadramentoO enquadramento é um instrumento de gestão

dos recursos hídricos previsto na Lei das Águas (LeiFederal 9.433/97) e na Resolução nº 357 do ConselhoNacional do Meio Ambiente (Conama), que estabele-ce o nível de qualidade da água, definido por classesde uso, a ser alcançado em um rio ao longo do tempopara assegurar que a água tenha níveis de qualidadepara seus diversos usos preponderantes. As classes es-tão organizadas por ordem decrescente de qualidade,e variam do nível 4 até a classe especial.

Além das metas finais a serem alcançadas, podemser fixadas metas intermediárias obrigatórias, visandoa sua efetivação. De acordo com o Conama, elas devemestar baseadas não necessariamente no seu estado atu-al, mas nos níveis de qualidade que deveriam possuirpara atender às necessidades da sociedade.

O instrumento define metas para despoluição dos rios Subaé, Joanes e Ipitanga e Jacuípee estabelece o nível de qualidade da água por classes de uso

André Carvalho

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O reenquadramento contempla um diagnóstico integrado das Bacias Hidrográficas do Estado, programas deconservação e recuperação de mananciais e o aproveitamento econômico racional dos recursos hídricos

Plano Estadual de Recursos Hídricos temrevisão democráticaO novo plano das ações estratégicas para a conservação das águas superficiais esubterrâneas da Bahia é elaborado em conjunto com a sociedade

O INGÁ é responsável pela revisão do Plano

Estadual de Recursos Hídricos (PERH), contemplando

a participação da sociedade na gestão das águas, den-

tro da atual disponibilidade hídrica da Bahia. O PERHé um Plano Diretor das Águas, que visa fundamentar eorientar as ações do Governo e da sociedade em rela-ção ao gerenciamento dos recursos hídricos, e deveacompanhar as transformações sociais. A revisão doplano, elaborado em 2004, leva em consideração asmudanças ambientais, legais, econômicas e sociais ocor-ridas ao longo dos últimos cinco anos e atende à ne-cessidade de promover a participação do poder públi-co, dos usuários e das comunidades, na gestão descen-tralizada das águas, prevista nas Leis Federal (9.433/97)e Estadual (10.432/06).

Com a revisão do plano, o Estado da Bahia vaicontar com um instrumento moderno, de linguagemacessível, capaz de orientar as ações estratégicas para aconservação dos recursos hídricos superficiais e subter-râneos, elaborado em conjunto com a sociedade, legi-timando o processo de gestão participativa das águas.

A revisão contempla um diagnóstico integradodas Bacias Hidrográficas do Estado, os cenários e ten-dências das disponibilidades e demandas hídricas, asmedidas e programas de conservação e recuperaçãode mananciais e o aproveitamento econômico racio-nal dos recursos hídricos. A necessidade de revisão do

PERH foi avaliada pelo mestre em Ecologia, AntônioEduardo Leão Lanna, através da parceria do INGÁ como Instituto Interamericano de Cooperação para a Agri-cultura (ICCA), e está sendo coordenada pelo geógrafodo INGÁ, Ricardo Machado.

Sobre a revisãoComo parte da política da gestão participativa

do Governo do Estado, a revisão do PERH é construídacom a participação da sociedade civil, através de ofi-cinas regionais, incluindo a mobilização dos Comi-tês de Bacias, audiências públicas e palestras com usu-ários e sociedade civil em geral. “Estes diálogos ajuda-rão, inclusive, a sociedade a tomar consciência de queexiste um sistema que ela pode participar e tomardecisões”, explica o técnico do INGÁ e engenheirocivil, Bruno Jardim.

De acordo com Jardim, a equipe do INGÁ, encar-regada da revisão do balanço hidríco do Estado, tam-bém estrutura internamente estudos socioambientaise de conservação das águas. A equipe técnica analisaos produtos das consultorias contratadas, que levan-taram a disponibilidade hídrica do Estado e as uni-dades de balanço hídrico. Essas ações fazem parte dasegunda fase da revisão, que é o diagnóstico. Na pri-meira fase, foi feito um estudo da base territorial doplano e, posteriormente, a montagem de cenários eo ajuste de diretrizes e metas.

No balanço das ações da gestão 2007-2009do Conerh, concluída em junho, muitosavanços podem ser contabilizados em di-versas áreas. Do estímulo à pluralidade dacomposição de seus membros, a partir dacriação de vaga para representantes de po-vos e comunidades, ao fortalecimentoinstitucional, com a instalação de três no-vas Câmaras Técnicas – de Planos, Pro-gramas, Projetos (CTPPP), de Povos e Co-munidades Tradicionais (CTPCT) e deEducação Ambiental e Mobilização Soci-al (CTEM). Foi decisiva também a contri-buição do Conselho para a elaboração danova Lei de Recursos Hídricos do Estado,aprovada pela Assembléia Legislativa doEstado.

No intuito de consolidar a gestãoparticipativa e descentralizada das águaspraticada na Bahia, o Conerh aprovou aspropostas de instituição de quatro no-vos Comitês de Bacias Hidrográficas –CBH’s Grande, Contas, Corrente e Lagodo Sobradinho. Esse objetivo também foialcançado com a criação de um Grupode Trabalho específico para o acompa-nhamento dos Comitês em formação,além da elaboração de um edital-baseque vai orientar os processos futuros deformação e renovação dos CBH’s baianos.

O emprego do enquadramento transi-tório como instrumento de gestão emtrês Bacias do Estado (Subaé, Joanes eIpitanga e Jacuípe) também foi uma im-portante conquista do biênio,fortalecida com a elaboração de meca-nismos orientadores da sua aplicação.Nesse sentido, foi instituído um GT per-manente de acompanhamento para sub-sidiar o Conselho na apreciação das soli-citações de enquadramento recebidas.

André Carvalho

Conerh comemoraconquistas nos doisanos de nova gestão

20

Governador lança Programa de Combateà DesertificaçãoAções vão contribuir para uma melhor convivência das populações do semi-árido com ascondições ambientais, climáticas, sociais e econômicas dos seus territórios

O Governador Jaques Wagner assinou, durante

o Seminário “Nordeste: Água, Desenvolvimento e

Sustentabilidade (04 e 05/06), o decreto que institui o

Programa Estadual de Combate à Desertificação eMitigação dos Efeitos da Seca. O programa terá uminvestimento de R$ 1,5 milhões, irá beneficiar indire-tamente cerca de 3,7 milhões de baianos, e prevê tam-bém a criação do Plano Estadual de Combate àDesertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (PAE –Bahia), que traçará um diagnóstico socioambiental eterritorial do problema, para subsidiar políticas públi-cas de prevenção e convivência com a seca.

Entre os Estados nordestinos, a Bahia é o que possuihoje, em extensão geográfica, a maior Área Sujeita àDesertificação (ASD), com 490 mil quilômetros quadra-dos do Estado, o que equivale a aproximadamente 86,8%do território e 289 municípios localizados no semi-árido (69% do território da Bahia está compreendidona Região Semi-árida, segundo dados da FNE-SUDENE).

O PAE Bahia, previsto para entrar em ação a partirde 2010, está sendo construído com a participação deórgãos governamentais e não-governamentais e insti-tuições ligadas à temática da zona rural. O Plano segueas diretrizes do Programa de Ação Nacional de Com-bate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca:

PAN-Brasil, de 2004; e pretende também reduzir apobreza e as desigualdades sociais; ampliar asustentabilidade da capacidade produtiva; preservar econservar os recursos naturais; contribuir para umamelhor convivência das populações do Semi-árido comas condições ambientais, climáticas, sociais e econômi-ca dos seus territórios.

“O Programa é um instrumento inédito no Estadopara a definição de diretrizes e de ações de combate eprevenção à desertificação no Semi-árido. Dessa forma,assegura também o desenvolvimento sustentável pormeio de ações que elevem a identificação, controle ereversão dos processos de degradação ambiental esocioeconômico no Estado da Bahia, além de contarcom a participação de vários segmentos sociais”, diz odiretor-geral do INGÁ, Julio Rocha.

Cabe ao INGÁ executar o PAE, de forma descentra-lizada e participativa, com apoio de entidades repre-sentativas da sociedade civil e dos órgãos públicos. Oorgão gestor das águas tem a responsabilidade de elabo-rar e publicar as instruções normativas do Programa deCombate à Desertificação. Para atender ao caráter deregionalização do desenvolvimento e implementaçãodo Programa, o INGÁ institucionalizou o Grupo de Tra-balho da Desertificação, denominado Comitê Gestor deCombate à Desertificação no Estado. O GT é paritário e

tem a responsabilidade de acompanhar as ações queserão implementadas, inclusive por instituições da soci-edade civil localizadas no Semi-árido, que possuem ex-periências na convivência com a seca.

Parceria INGÁ e UefsPara contribuir com o desenvolvimento das ações

do Programa Estadual de Combate à Desertificação eMitigação dos Efeitos da Seca (PAE-Bahia) foi firmadoum convênio de cooperação técnica entre o INGÁ e aUniversidade Estadual de Feira de Santana (Uefs). Aparceria tem o objetivo de avaliar as fragilidades epotencialidades ambientais, na perspectiva dasustentabilidade ambiental.

No acordo, o INGÁ tem a responsabilidade derealizar ações de mobilização social e monitoramentodas condições de degradação ambiental, em 52 muni-cípios sujeitos ao processo de desertificação no Estado,situados no entorno das regiões de Guanambi, Juazeiro,Irecê e Jeremoabo.

Já a missão da Uefs é identificar e mapear as condi-ções de degradação ambiental através do levantamen-to do solo, vegetação, fauna e contexto socioeconômicoatravés de indicadores físicos, biológicos esocioeconômicos, sistemas de sensoriamento remotoe de informação geográfica.

Na Bahia, 69% do território está compreendido na Região Semi-árida, onde vivem cerca de 3,7 milhões de pessoas nas Áreas Sujeias à Desertificação (ASD’s)

M Filho

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Especialistas discutem mudanças climáticase desertificação

Representantes do poder público, da socieda-

de civil e meteorologistas estiveram no INGÁ, no dia

16 de junho, para participar do I Seminário de Mu-danças Climáticas e Desertificação na Bahia. Os temasdo encontro giraram em torno das alterações do cli-ma, tempo, temperatura e os problemas causados pelaseca na região do semiárido, e abordaram ainda a pre-ocupação com desmatamentos, queimadas e o diag-nóstico sócio-ambiental das áreas sujeitas àdesertificação no Estado.

O Governo da Bahia, através do INGÁ, vem atuan-do no combate aos efeitos da desertificação, através dediversas ações no semiárido baiano, para compreen-der e frear os reflexos deste processo, que culmina coma degradação das terras, dos solos, dos recursos hídricos,da vegetação e da biodiversidade nas zonas áridas,semiáridas e subúmidas secas. O INGÁ coordena asvisitas para levantar o diagnóstico sócio-ambiental dasáreas susceptíveis à desertificação e conta com a ajudade diversas entidades ambientalistas, instituições deensino e associações da zona rural.

Segundo Nilza Maria de Jesus, responsável pelaunidade de combate à desertificação do INGÁ, a equi-pe de desertificação está desenvolvendo atividades em52 municípios sujeitos ao processo de desertificaçãono Estado, situados no entorno das regiões deGuanambi, Juazeiro, Irecê e Jeremoabo. “Os principaisproblemas encontrados tem sido a prática dasmonoculturas de algodão; a concentração deextrativismo vegetal; o uso indiscriminado deherbicidas e inseticidas; assoreamento de rios e algu-mas nascentes; migrações sazonais e êxodo rural levan-do ao empobrecimento de famílias e desagregação fa-miliar, entre outros”, cita.

Um dos principais idealizadores dos Centros Esta-duais de Meteorologia do país, Paulo Nobre, apresentouno seminário a palestra “Mudanças Climáticas eDesertificação: os desafios para o Estado brasileiro”. Nobre,que coordenou por vários anos o Programa deMonitoramento de Tempo, Clima e Recursos Hídricosdo Ministério da Ciência e Tecnologia, destacou tambémos desafios para o Estado brasileiro, com enfoque para oaquecimento global e as causas e conseqüências dadesertificação sobre a sociedade. Ele explicou também aorigem e o avanço das ondas de calor que vêm se espa-lhando pela Terra. “A queima de vegetação e combustíveisfósseis somada à atividade industrial são os principaisresponsáveis pelo agravamento do efeito estufa”, diz.

Para Nobre, o Governo deve se associar à Academia,de modo que o conhecimento gerado nas universida-des possa amparar a criação das políticas públicas, espe-cificamente no mapeamento do inventário de gáscarbônico e outras emissões. “O Programa é uma neces-sidade para que a Bahia possa pleitear investimentosfuturos nos créditos de carbono, que se transformam,cada vez mais, em um mercado internacional”, avalia.

O pesquisador do Instituto de Física da UFBA, Re-nato Ramos da Silva, explicou conceitos que ajudaram aesclarecer os motivos das mudanças climáticas ocorri-das na Bahia e no Nordeste. Segundo ele, gases comodióxido de carbono (CO2) são considerados grandesvilões, pois contribuem para aumentar o efeito estufa no

Planeta. Ramos lembrou que a diminuição de chuvas noNordeste acarretará o crescimento de áreas dedesertificação na região, além de favorecer o decréscimono escoamento de água e o aumento de erosões. Poroutro lado, a concentração de chuvas em determinadosperíodos será bem mais intensa do que de costume.

O meteorologista do Centro Estadual deMeteorologia do INGÁ, Heráclio Alves, apresentou ohistórico, os serviços e as atividades realizadas peloCentro. Alves destacou a importância e utilidade dosboletins sobre tempo e clima para a sociedade e para oEstado. Lembrou também da relação de parceiros comoEmbrapa, EBDA, Unicamp, na elaboração do boletimsemanal de agrometeorologia. Para ele, tais mecanis-mos ajudam a minimizar os danos e melhorar a utili-zação da água e da energia.

A representante da Comissão Pastoral da Terra(CPT), Andréa Zellhuber, fez uma abordagem maissocial e apontou os conflitos de terra, o uso dosagrocombustíveis e os desmatamentos no Cerradocomo causas relacionadas às mudanças climáticas eprocessos de desertificação. Andréa destacou outrosproblemas relacionados à expansão da plantação deeucaliptos (prejudicial ao solo), os projetos de irriga-ção (responsáveis por cerca de 60% do desperdício deágua no país) e as carvoarias que cometem diversoscrimes ambientais, por funcionar através dodesmatamento e do trabalho escravo.

M Filho

Meteorologistas ajudam no diagnóstico da desertificação

O Centro Estadual de Meteorologia do INGÁfparte do INGÁ e realiza diariamente a previsão detempo e clima para todo o Estado. As informaçõesdo Centro ajudam a esclarecer as condições e fenô-menos climáticos diversos que ocorrem em toda aBahia. Os meteorologistas explicaram à populaçãoos motivos do odor e nebulosidade, percebidos nomês de março, em alguns bairros de Salvador. Segun-do os especialistas a inversão térmica pode ter sido acausa para que os efeitos negativos da poluição fos-sem mais percebidos pelas pessoas, já que as tempe-raturas elevadas e a ausência de chuvas contribuí-ram, na época, para uma menor dispersão depoluentes na atmosfera.

Todos esses dados podem ser acessados no novo sitedo Centro Estadual de Meteorologia, que está comnovo endereço eletrônico. No www.inga.ba.gov.br/cemba, podem ser consultados serviços sobre a previ-são climática de vários municípios da Bahia – com da-dos de , umidade relativa e a velocidade dos ventos-,boletim semanal agrometeorológico, monitoramentode queimadas e levantamento dos índices de precipita-ção no Estado. Além disso, imagens de satélite emtempo real contribuem na identificação do comporta-mento dos sistemas meteorológicos, a exemplo dasfrentes frias e o desenvolvimento de um sistema tropi-cal. A animação dessas imagens auxilia os meteorologistasna elaboração de previsões do tempo.

Cemba a serviço da população

Meteorologistas de todo o Nordeste se reuniramem Salvador, nos dias 18 e 19 de junho, para elaborare divulgar o prognóstico climático da região para osmeses de julho, agosto e setembro. A VII Reunião deAnálise e Previsão Climática para a Região Nordestedo Brasil aconteceu um dia após o I Seminário deMudanças Climáticas e Desertificação na Bahia. Areunião foi conduzida pelos meteorologistas do INGÁe contou com a colaboração do Doutor emMeteorologia e pesquisador do Instituto Nacionalde Pesquisas Espaciais (INPE/CPTEC), Paulo Nobre.

Durante a reunião climática, eles analisaram osmodelos oceânicos e atmosféricos que indicam ocor-rência das chuvas para o trimestre e ressaltaramque, na Bahia, as chuvas mais significativas na esta-ção de inverno ocorrem na faixa litorânea, que com-preende as Regiões Sul e do Recôncavo Norte. Jápara as demais áreas do Estado, a previsão foi depoucas chuvas, entre julho e setembro.

Reunião de Análise ePrevisão Climática para aRegião Nordeste do Brasil

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Yordan Bosco

Pela primeira vez desde que foram criados, no ano

de 2006, os Comitês das Bacias Hidrográficas (CBH’s) do

Recôncavo Norte e Inhambupe, Verde e Jacaré, Paraguaçu,

Leste, Salitre e Itapicuru serão renovados. Para isso, estãosendo eleitos novos membros (representantes da socie-dade civil, usuários e poder público municipal). A renova-ção dos Comitês cumpre diversas fases estabelecidas porResolução do Conselho Estadual de Recursos Hídricos(Conerh) e está sendo conduzida pelas comissões eleito-rais dos Comitês, juntamente com o INGÁ, que exerce aSecretaria Executiva dos Comitês na Bahia. O cumpri-mento das fases da renovação inclui o estabelecimento deregras eleitorais, a publicação dos editais de convocação, amobilização e os encontros regionais.

Até o mês de agosto, o processo de renovação foifeito nos CBH’s do Recôncavo Norte e Inhambupe, CBHVerde e Jacaré e CBH do Paraguaçu e, de agosto a dezem-bro, nos demais Comitês. De acordo com Milene Maia,coordenadora de Gestão Participativa do INGÁ, a reno-vação dos Comitês é um momento estratégico para ga-rantir a consolidação da gestão participativa. “Isso signifi-ca que é também um espaço para que a sociedade civil, osusuários e os poder público municipal se envolvam noprocesso eleitoral e nas decisões das representações queirão compor o Comitê. Juntos, eles assumem a responsa-bilidade da gestão dos recursos hídricos na bacia, emparceria com o Estado”, afirma.

Mobilizadores em CampoUm amplo processo de mobilização está sendo

desenvolvido pelo INGÁ para estimular a participaçãodo maior número possível de representações na reno-vação dos comitês. Técnicos e especialistas do INGÁ,inclusive os que atuam nas Unidades Regionais, foramcapacitados para contribuir no processo.

Bahia renova membros de Comitês de BaciasEstão sendo eleitos novos representantes da sociedade civil, usuários e poder público nosCBH’s Recôncavo Norte e Inhambupe, Verde e Jacaré, Paraguaçu, Leste, Salitre e Itapicuru

Os mobilizadores sociais também foram contrata-dos, capacitados e estão percorrendo as cidades queintegram as Bacias Hidrográficas, visitando represen-tantes da sociedade civil, usuários e prefeituras. “A fun-ção dos mobilizadores é de extrema responsabilidade.Eles mostram aos segmentos a necessidade de umengajamento pela proteção das águas. Prestam infor-mações sobre o papel do Comitê e esclarecem qual é aPolítica de Recursos Hídricos que está sendo aplicada,que visa justamente a garantia da água em quantidadee qualidade para as atuais e futuras gerações”, afirma odiretor da Diretoria Socioambiental Participativa doINGÁ, José Augusto Tosato.

Como participarOs interessados em participar da renovação dos

Comitês devem se inscrever a partir da publicação doseditais, cumprir as exigências estabelecidas e partici-par de todas as demais etapas, como os encontrosregionais e as plenárias eleitorais. As datas desses even-tos dependem de definições das comissões eleitoraisdos Comitês, mas todo o processo ocorre medianteampla divulgação nos meios de comunicação e tam-bém pelo site: www.inga.ba.gov.br/comites.

Quem participa da renovaçãoPodem participar da renovação os representantes

da sociedade civil (ONG’s), associações, sindicatos, fede-rações, instituições de ensino e de pesquisa, comunida-des tradicionais e povos indígenas, com assento garan-tido nos Comitês (que abranjam territórios indígenas),além de representantes do poder público municipal.

E também os representantes dos poderes públicosestadual e federal que têm assento garantido e não pas-sam pelo processo eleitoral, além de representantes dosusuários da água (abastecimento humano, irrigação, ener-gia elétrica, navegação, lazer e turismo e pesca).

O que é um Comitê?O Comitê é a instância que discute todos os problemas

que atingem os rios, as nascentes, lagoas, os poços, as águasque abastecem as casas, enfim, tudo que diz respeito às águasem uma Bacia Hidrográfica. É importante porque pode aju-dar, junto com o Conerh, a buscar soluções para problemas egarantir que a água seja usada de modo responsável no pre-sente, para que não falte no futuro.

O que faz um Comitê?·Participa das decisões sobre o uso da água juntamentecom o Estado;·Acompanha a elaboração, aprova e implementa o Pla-no de Bacia Hidrográfica (que dispõe sobre o que podee o que não pode ser feito nos rios);· Media os conflitos pelo uso da água na Bacia;· Encaminha propostas ao Conselho Estadual de Re-cursos Hídricos (Conerh) como: criação de agênciasde bacias, sugestões de valores a serem cobrados pelosuso recursos hídricos da bacia e estabelecimento demecanismo de cobrança.

Rio Verde e JacaréRio SalitreRio ItapicuruRecôncavo NorteRio Paraguaçu e Baía do IguapeBacias do Leste

O INGÁ mobilizou cerca de duas mil pessoas em 15 municípios para a primeira etapa da renovação dos Comitês

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Quatro Comitês de Bacias estão sendo criados

INGÁ faz um amplo processo de mobilização para estimular a participação de representações na renovação dos Comitês

Yordan Bosco

Diretorias são eleitas nos afluentes do São Francisco

O Governo do Estado da Bahia estimula, cada

vez mais, a participação da sociedade na gestão das

águas, através da criação de novos Comitês de Bacias

Hidrográficas. Neste ano, o INGÁ lança edital de lici-

tação para fomentar a criação dos CBH dos RiosParamirim e Santo Onofre; CBH do Recôncavo Sul;

CBH dos Rios Peruípe, Itanhém e Jucuruçu (este jáem processo de formação); e do CBH dos Rios dosFrades, Buranhém e Santo Antônio, todos na regiãodo Extremo Sul.

O objetivo é contratar mobilizadores para a im-plantação dos Comitês acima citados. A etapa do pro-cesso de instalação dos Comitês será financiada comrecursos oriundos do Banco Internacional para a Re-construção e o Desenvolvimento, relativos ao Progra-ma Nacional de Desenvolvimento dos RecursosHídricos (PROÁGUA Nacional). No ano passado, fo-ram instalados os CBHs do Rio das Contas; CBH doRio Grande; CBH do Rio Corrente e o CBH dos RiosBaianos do Entorno do Lago de Sobradinho.

De acordo com o diretor SocioambientalParticipativo do INGÁ, José Augusto Tosato, a criaçãodos Comitês é uma conquista social e uma resposta doGoverno do Estado às demandas dos povos e comuni-dades tradicionais e outros segmentos, como os movi-mentos ambientalistas e usuários.

Para Tosato, a instalação desses Comitês resultaráem mais diálogo e em ações efetivas entre Governo esociedade, para possibilitar sustentabilidade hídrica naBahia. "Na medida em que o Estado fomenta a criaçãodesses Comitês, está possibilitando que a sociedade ci-

vil, os usuários da água e o poder público fortaleça agestão das águas, construam e implementem políticaspúblicas que, efetivamente, protejam os rios, as nascen-tes, as lagoas, enfim, todos os corpos d´água, possibili-tando que se tenha água em quantidade e qualidadenos dias de hoje e também no futuro", afirma.

Parceria com o MPEAs eleições e posses das diretorias do CBH do

Grande e Corrente fizeram parte de atividades reali-

zadas em parceria entre o INGÁ, a ComissãoInterinstitucional de Educação Ambiental (CIEA), Se-cretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA) e o Mi-nistério Público Estadual (MPE), através da Promoto-ria de Meio Ambiente e Coordenação do Núcleo deDefesa do Rio São Francisco na Bahia. A coordenado-

ra do Núcleo de Defesa do Rio São Francisco na Bahia,promotora Luciana Khoury, disse que o MPE “tembuscado reforçar o Comitê como instância impor-tante para a gestão das águas porque garante a parti-cipação da sociedade. Através dos Comitês, o investi-

mento público destinado à revitalização do São Fran-cisco pode ser avaliado”, ressaltou.

Os Comitês de Bacias Hidrográficas do Rio Gran-de, Rio Corrente e Rios Baianos do Entorno do Lago deSobradinho, todos afluentes do Rio São Francisco einstalados em novembro de 2008, já elegeram eempossaram suas diretorias. A eleição e posse da Dire-toria do CBH do Corrente aconteceram em Santa Mariada Vitória, em março. Foram eleitos: Marcondes Sarai-va, da Federação dos Trabalhadores na Agricultura noEstado da Bahia (FETAG), como presidente, e ValmiraPereira, da Cooperativa Mãos Unidas, como vice-presi-dente. Como primeiro secretário, foi eleito Manoel Oli-veira, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dosRecursos Naturais Renováveis (IBAMA) e como segun-da secretária, Neilde Marques, do Serviço Autônomode Água e Esgoto de Santa Maria da Vitória (SAAE).

A eleição e a posse do CBH do Grande acontece-ram em Barreiras, também no mês de março. Forameleitos para a gestão 2009-2011, Joana Angélica, daUFBA, como presidenta e Siderlon Lopes, da Associa-

ção dos Amigos da Natureza de Barreiras (AMINA),como vice-presidente. José Cisino Lopes, da Associ-ação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (AIBA), foieleito primeiro secretário, e Antônio Rodrigues, daColônia de Pescadores Z-64 de Riachão das Neves,segundo secretário.

A eleição e posse do CBH dos Rios Baianos doEntorno do Lago do Sobradinho ocorreram no dia02 de junho. Para a presidência foi eleito FranciscoIvan de Aquino, representante da Empresa de Sa-neamento de Sobradinho(EMSAE). Carlos de Cas-tro, representante da Prefeitura de Casa Nova, foieleito vice-presidente e as primeira e segunda se-cretarias ficaram, respectivamente, com AristidesCustódia da Silva, representante dos Pequenos Usu-ários de Pesca, e Nielson Batista Campos, da Prefei-tura de Remanso.

A eleição e posse do CBH do Contas ocorreu noinício do segundo semestre.

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Estado tem nova divisão hidrográficaO novo panorama apresenta 26 Regiões de Planejamento e Gestão das Águas (RPGA’s)na Bahia e compartilhamento de bacias com outros Estados

O Estado da Bahia possui nova divisão

hidrográfica em Região de Planejamento e Gestão das

Águas (RPGA). A atualização do mapa hidrográfico

do Estado foi proposta pelo INGÁ e aprovada peloConselho Estadual de Recursos Hídricos em dezem-bro do ano passado, com base nas Leis Estadual nº10.432/06 e Federal 9.433/97. O documento, resulta-do da proposta de revisão da regionalização para agestão de recursos hídricos no Estado da Bahia, elabo-rada pelo INGÁ, traz como novidades o aumento de17 para 26 RPGA’s dos recursos hídricos e o fomento àgestão compartilhada dos rios estaduais, que ligamterritórios baianos a outros Estados.

A descrição das regiões, segundo a Resolução denº 43 do Conerh, “baseia-se nos principais corposd’água encontrados em seus territórios”. Os limites ofi-ciais de cada RPGA são disponibilizados pelo INGÁ,em arquivo digital georreferenciado.

Em relação à integração com a Política Nacional deRecursos Hídricos, conforme a divisão hidrográfica na-cional, a Resolução nº 43 do Conerh, em seu artigo1º,paragráfo 3º, diz que “a gestão dos recursos hídricosestaduais considerará que o território baiano se encon-tra totalmente inserido em duas Regiões HidrográficasNacionais: a do Atlântico Leste e a do Rio São Francisco.

A última divisão hidrográfica baiana foi instaura-da, em 2004, e as divisões anteriores aconteceram em1990, com 12 RPGA’s, e em 1995, com 10 RPGA’s. Anova divisão hidrográfica acompanha a evolução dagestão de águas nos territórios e deve-se adequar àimplementação dos instrumentos de gestão e à for-mação dos Comitês de Bacias.

Para o diretor-geral do INGÁ e secretário executivodo Conerh, Julio Rocha, a atualização do mapahidrográfico é fundamental para a elaboração do PlanoEstadual de Recursos Hídricos, que ficará pronto nesteano. “Para fazer a revisão do Plano Estadual, temos queter uma base territorial e fazer a gestão compartilhadadas Bacias que ficam divididas entre Estados”.

Bacias compartilhadasNo novo panorama hidrográfico baiano, constam

26 RPGA’s, sendo que, para nove delas, localizadas embacias federais, há possibilidades de compartilhamentode gestão com outros Estados, o que deve acontecerem bacias localizadas nas regiões do Rio São Franciscoe do Atlântico Leste, com os Estados de Minas Gerais,Sergipe e Espírito Santo.

“A proposta do Governo do Estado da Bahia decompartilhamento da gestão de Bacias Hidrográficas derios estaduais é um passo muito importante e inédito nopaís”, assegura Julio Rocha. De acordo com o diretor dePlanejamento de Recursos Hídricos do INGÁ, GeorgeSilva, a Agência Nacional da Água (ANA) tem estimula-do ações dessa natureza com os órgãos gestores das águas.

Fonte: Geoprocessamento / INGÁ

“A iniciatica ocorre porque a instituição (que gerenciaos rios federais) não tem estrutura para gerir a grandequantidade de Bacias interestaduais de pequeno por-te, existentes no país” explica.

O Estado da Bahia possui uma rede hidrográficacomplexa e uma extensão territorial de aproximada-mente 570 mil quilômetros quadrados, que correspondea 24 Estados de Sergipe. Só a Bacia do Rio São Franciscocorresponde a mais da metade do território estadual.

“Para a elaboração da proposta, foram observadosaspectos relevantes ao andamento da gestão das águas,a exemplo da socioeconomia e usos da água mais ho-mogêneos; a distância de deslocamento dos membrosdos Comitês; a capacidade de mobilização em umaregião; os aspectos relevantes ao andamento da gestãodas águas no Estado e o número de municípios envol-vidos”, explica George Silva.

Integração de açõesOs convênios contemplam a integração de ações,

planejamento e articulação entre os Planos de Bacias,os Colegiados Territoriais dos 26 Territórios de Iden-tidade do Estado da Bahia e os Comitês de BaciasHidrográficas, otimizando recursos.

Os planos de integração possibilitarão ainda umamaior participação da população nas decisões da ges-tão das águas do Estado, através da convergência deobjetivos entre os três instrumentos de gestãoparticipativa estadual (Planos de Bacias, Territóriosde Identidade e os Comitês de Bacias Hidrográficas)e a aproximação das pautas dessas instâncias, além

da otimização de recursos e ações do Governo Esta-dual nos territórios.

A divisão da Bahia em Territórios de Identidadefoi feita pela Seplan, em 2007, e possibilita o plane-jamento das ações de desenvolvimento do Estado,de acordo com as demandas características da popu-lação de cada região, que são representadas por ór-gãos da sociedade civil organizada. Para a divisão dosterritórios, foram levados em consideração aspectossociais, econômicos e culturais.

“Os Planos de Bacia, os Comitês e os Territóriossão a representação da sociedade na gestão públicados recursos hídricos e dos territórios. Portanto, aconvergência entre essas instâncias significa adinamização e a consolidação da gestão participativado Governo do Estado”, explica o diretor-geral doINGÁ, Julio Rocha.

Os planos terão prazo de dois anos para seremconcluídos e serão construídos por instituições dasociedade civil, que foram selecionados em uma cha-mada pública, realizada no mês de dezembro de 2008.As instituições Pólo Sindical Sul, Catrufs, Cofaspi,Fetag, Irpaa e Fundifran atuarão em seis regiões, queabrangem os 26 Territórios de Identidade do Estado.

De acordo com Jorge Mendonça, o objetivo deintegrar os instrumentos de planejamento (PPA eplanos territoriais) com os instrumentos de gestãoambiental têm como base a lei estadual 10.432/06,que determina a compatibilidade do planejamentoe da gestão dos recursos hídricos com os objetivosestratégicos do Estado.

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De que forma estudos climáticos podem ajudar naconservação e preservação dos recursos hídricos?Através de estudos de modelagem climática, é possível,

por exemplo, quantificar os impactos do uso da terra no

ciclo hidrológico sobre a Bahia. Tal conhecimento pode

então ser utilizado para orientar a elaboração de políti-

cas públicas de estímulo ao reflorestamento e à proteção

de matas ciliares, importantes para a manutenção dos

recursos hídricos de superfície e subsuperficiais.

Como o senhor vê a participação e a preocupação doINGÁ na discussão e na busca de soluções para pro-blemas relacionados ao tempo e ao clima na região?

De fundamental importância. Na medida em que as

crescentes evidências das mudanças climáticas globais

se efetivarem através do aumento de eventos

meteorológicos extremos (secas, ondas de calor, precipi-

tações intensas), a atuação vigorosa do INGÁ municia o

Estado com um serviço de excelência em monitoramento

e previsões de tempo e clima. Isto contribui para atenu-

ar os impactos adversos das mudanças climáticas na

população e na economia. O Centro Estadual de

Meteorologia do INGÁ (CEMBA) constitui uma semente

institucional, que, a exemplo do que ocorre em outros

estados, pode desenvolver projetos de pesquisa em rede,

com instituições federais e estaduais. Estes trabalhos

resultam em conhecimentos importantes sobre o clima

e a hidrologia da Bahia.

A Bahia é um Estado com um diferencial de climaem relação ao restante do Nordeste. Por que issoacontece?

O clima da Bahia é regido por três sistemas climáticos

distintos: 1) o regime de frentes frias que atua sobre as

Regiões Sul e Sudeste do Brasil afeta o sul da Bahia de

novembro a março; 2) o regime de chuvas influenciado

pela ZCIT (Zona de Convergência Intertropical), respon-

sável pela variabilidade interanual das precipitações de

fevereiro a maio sobre o norte do Nordeste, afeta o norte

da Bahia; 3) o regime de brisas que influencia a estação

chuvosa sobre o Leste do Nordeste Brasileiro afeta o

Nordeste e o Leste da Bahia, entre maio a agosto.

“Paralelo ao avanço da técnica

e da ciência, há de se promover

um esforço coletivo de

educação e respeito ao

ambiente. A contribuição do

INGÁ neste sentido pode ser

decisiva, ao gerar informações

ambientais que auxiliem nas

ações de mitigação e adaptação

às mudanças globais em curso e

ao uso sustentável do ambiente”

Pesquisador do INPE faz diagnósticosobre mudanças climáticas na Bahia

Reuniões climáticas regionais ocorrem mensalmente nosCentros de Meteorologia e Recursos Hídricos da RegiãoNordeste. Qual a contribuição delas para o desenvolvi-mento de pesquisas e qual o papel do Instituto Nacional

de Pesquisas Espaciais (INPE) nesses encontros?As reuniões são importantes por dois motivos. Geram pre-

visões climáticas com a participação dos técnicos dos Cen-

tros Regionais, cientistas convidados e usuários. O INPE

participa das reuniões climáticas regionais, tanto gerando

previsões climáticas, através de seus modelos matemáti-

cos, quanto através do deslocamento de pesquisadores

seniors para participar das discussões pertinentes às pre-

visões climáticas sazonais. Assim, além da previsão propri-

amente dita, os fóruns climáticos se transformam em uma

eficiente forma de treinamento e formação dos técnicos

dos Centros Estaduais e usuários especializados.

Quais os projetos relacionados a mudanças climáticas e

como eles podem contribuir no combate à desertificaçãoem várias regiões do Nordeste do Brasil?Projetos de pesquisa envolvendo o monitoramento e a previ-

são do ciclo de carbono continental e oceânico, assim como das

interações entre a biosfera e a atmosfera são alguns exem-

plos. Os resultados podem ser utilizados para o estabeleci-

mento de políticas de incentivo à práticas de uso do solo, que

contribuam para a manutenção e o aumento da umidade

do solo, regularização do regime pluviométrico, diminuição do

aumento de temperatura do ar, entre outros. Esses resulta-

dos ajudam a combater o processo de desertificação.

Fale um pouco sobre a Rede Clima (Rede Brasileira dePesquisas sobre Mudanças Climáticas) e qual a importân-

cia dela para o avanço das pesquisas em torno desse tema?A Rede Clima é uma iniciativa do Ministério da Ciência e

Tecnologia para dotar o país do conhecimento necessário para

a adequação das atividades socioeconômicas e de convívio com

as condições alteradas do clima, devido ao aquecimento global.

A Rede envolve a criação de dez sub-redes temáticas, com 50

instituições do Brasil e do exterior e 400 pesquisadores nos

temas. Ela trata dos temas biodiversidade, hidrologia, cidades,

economia, agricultura, energias renováveis, erosão costeira, po-

lítica externa, modelagem climática e saúde.

Segundo relatório da ONU, as atividades humanas são acausa principal do aquecimento global observado nos

últimos 50 anos. Quais as principais conseqüências disso?Isto significa que soluções de engenharia, tal como a

•”descarbonização” da atmosfera, por si, não bastam para

resolver um problema que surgiu pela combinação de dois

fatores sem precedentes na história: a explosão

demográfica mundial e a concorrente espoliação dos re-

cursos naturais (arbóreos, animais e minerais). As mudan-

ças que se fazem necessárias dizem respeito ao modo de

vida das pessoas, empresas e nações. Assim, paralelo ao

avanço da técnica e da ciência, há de se promover um

esforço coletivo de educação e respeito ao ambiente. A

contribuição do INGÁ neste sentido pode ser decisiva, ao

gerar informações ambientais que auxiliem nas ações de

mitigação e adaptação às mudanças globais em curso e

uso sustentável do ambiente.

Pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Paulo Nobre, é referência nacional

e internacional em assuntos climáticos. Graduado em Meteorologia pela Universidade de São Paulo,

possui doutorado em Meteorologia pela University of Maryland e pós-doutorado pela Columbia

University (1999). Nobre tem experiência na área de Geociências, com ênfase em Meteorologia, atuan-

do principalmente nos seguintes temas: modelagem acoplada oceano-atmosfera, variabilidade da tem-

peratura da superfície do mar, previsão de temperatura da superfície do mar, oceanografia do Atlântico

Tropical e previsão e monitoramento climático. Presente na VII Reunião de Análise e Previsão Climática

para a Região Nordeste do Brasil, realizada em Salvador, pelo INGÁ, o meteorologista falou ao Trilha das

Águas sobre as condições climáticas no Nordeste (especialmente na Bahia), projetos relacionados a

mudanças climáticas e fenômenos como o aquecimento global.

André Carvalho

26

Usos das águas são fiscalizados pelo INGÁDesde outubro de 2008, o órgão vem aplicando penalidades em usuários em desacordo com a lei

Desde o mês de outubro de 2008, a equipe de

fiscalização do INGÁ partiu para campo e vem atuan-

do com o objetivo de fiscalizar o uso dos recursos hídricos

no Estado da Bahia, com poder de polícia administra-tiva (podendo multar ou embargar empreendimen-tos, em caso de uso indevido). Em pouco mais de seismeses, o orgão efetuou campanhas sistemáticas e combase em denúncias. O resultado, até meados de junho,foram 36 autuações em 17 usuários.

Entre as irregularidades, os técnicos do INGÁ en-contraram diversos tipos de agressões ao meio ambi-ente e aos recursos hídricos, a exemplo de captação,utilização e lançamento de efluentes (esgoto) em cor-pos hídricos subterrâneos e superficiais, sem as devi-das outorgas de uso da água (licença) ou em desacor-do com as condicionantes das mesmas. A fiscalizaçãodos usos dos recursos hídricos tem base na Lei dasÁguas (9.433/1997), na Lei Estadual dos Recursos

Hídricos (10.432/2006), nº 10.943/2008 e na Instru-ção Normativa INGÁ nº 07, de 19 de agosto de 2008.

Dos 36 autos de infrações lavrados pelo INGÁ,três foram de embargos ou interdições temporáriasde atividades, 23 foram de multas, que variaram en-tre R$ 6.002 e R$ 7.202, e 10 de advertências. Ascampanhas aconteceram em diversas localidades doEstado. A equipe de fiscalização esteve nas regiões deIrecê, na Bacias Hidrográficas dos Rios Verde e Jacaré;no Rio Grande; Recôncavo Norte e Inhambupe;Paraguaçu; Rio das Contas; Rio Jequitinhonha (noExtremo Sul) e Rios dos Frades, Buranhém e SantoAntônio.

Após a publicação da Instrução Normativa nº 07,publicada em 19 de agosto de 2008, a equipe doINGÁ, que realizava fiscalização apenas com poderde advertência, passou por uma série de treinamen-tos e qualificações, para poder ir a campo cumprir asnovas atribuições.

De acordo com o diretor-geral do INGÁ, Julio Rocha,a fiscalização do uso das águas teve um avanço que bene-ficia não só as comunidades, como também o meio ambi-ente de forma geral. “Anteriormente, a fiscalização eraexercida, mas não avançava além da notificação, pois nãoexistiam procedimentos normativos e administrativosnecessários para a punição do usuário infrator”, explica.

As empresas autuadas têm o prazo de cinco diaspara o pagamento das multas e podem encaminhardefesas ou impugnação, apresentando os documentosque julgarem convenientes, no prazo máximo de vintedias, contados da data da autuação. Os documentosprovenientes das autuações (laudo técnico e auto deinfração) são encaminhados ao Ministério Público Esta-dual para as diversas providências. O MPE apura osdanos causados ao meio ambiente, podendo, em algunscasos, entrar com um inquérito ou uma ação civil públi-ca, levando até mesmo o autor da infração a responderpor crime ambiental.

A fiscalização dos usos dos recursos hídricos tem base nas leis federal e estadual das águas e na Instrução Normativa do INGÁ

Fernando Bahia

27

“Todo investimento na qualidade da água constitui umaação relevante para a promoção da saúde”

As secretarias e autarquias do Governo do Estado têmcaminhado juntas em diversas pautas. Comente sobre

esta relação entre a Secretaria de Saúde e os órgãosambientais, a exemplo do INGÁ.As instâncias colegiadas, como os conselhos, são importan-

tes espaços para estas deliberações e tornam possível o

diálogo. Como representante do poder público, é necessá-

rio um alinhamento conceitual e político para a integração

das intervenções. Isto nem sempre é compreendido da

mesma forma por todos, até pelas distintas formações e

objetivos. Entendemos que também é nosso papel levar

tais questões para estes e outros espaços. Temos este

princípio e assim temos atuado. Este caminho tem nos

permitido construir parcerias importantes, a exemplo da

que temos com o INGÁ.

Qual a relação entre os temas saúde pública e meioambiente, do seu ponto de vista?A saúde como direito social, que deve ser garantido por

políticas públicas integradas, nos coloca sempre numa

posição de contribuir com a construção dessas políticas e

práticas, junto com os órgãos formuladores e executores

da política ambiental e das políticas sociais. A concepção

de saúde inscrita na Constituição de 1988 e assumida

pelo Sistema Único de Saúde (SUS) não nos permite mais

trabalhar de forma isolada ou reduzir a saúde à organi-

zação de serviços. Temos que formular políticas de pro-

moção, proteção e recuperação da saúde que a enten-

dam como um campo multidisciplinar, que demanda

ações cada vez mais integradas para o seu pleno funcio-

namento.

Como as experiências compartilhadas com o Conerhtêm ajudado na sua vida acadêmica e na sua atuação na

superintendência?A participação neste conselho tem sido de muito aprendizado

com os conselheiros dos diversos setores e com a condução do

INGÁ. Também temos tido a oportunidade de contribuir,

levando nossos pontos e questões relevantes sobre as águas

e a saúde humana e o processo saúde-doença.

Quais os principais problemas de saúde que acontecemem decorrência do descuido com o meio ambiente:No perfil epidemiológico do Brasil e da Bahia, em particu-

lar, vários problemas nos sinalizam para este vínculo de

formas diversas. Ou pela ocupação inadequada dos espa-

ços ou por deslocamento de vetores, ocasionado por inter-

venções nos espaços urbanos ou rurais, a exemplo das

doenças de transmissão vetorial, a exemplo de chagas,

leishmanioses, malária, febre amarela, dengue. Mais re-

cente, temos acompanhado discussões sobre as alterações

climáticas e as doenças emergentes, principalmente cau-

sadas por vírus, as doenças persistentes e as reemergentes.

Claro que outros fatores também interferem e alguns

mediam esta relação.

E os danos causados à saúde da população em decorrên-cia da poluição hídrica?

A água, como recurso natural importante para gerar saú-

de, tem também um grande potencial para gerar doen-

ças quando apresenta qualidade ruim. A contaminação e

a poluição hídrica são algumas das formas mais antigas,

documentadas historicamente, de transmissão de doen-

ças. O risco de adoecer e morrer por doenças transmitidas

pela água vai estar relacionado com a organização social,

logo, não será igual para todos.

Quem mais sofre com a poluição hídrica?Aqueles grupos populacionais que não têm acesso à água

com qualidade, fornecida de forma regular, e que, em

geral, também estão submetidos a outros riscos, como a

ausência do esgotamento sanitário e péssima qualidade

da habitação. São riscos que se acumulam.

Alberto Coutinho/AGECOM

“O Monitora tem um desenho quepermite envolver vários órgãos numacadeia de ações que podemos chamarde promotora de saúde ambiental ehumana, desde que suas análises

sejam efetivamente utilizadas paradefinir prioridades e investimentos

neste sentido”

Superintendente de Vigilância e Proteção da Saúde da Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), Lorene LouiseSilva Pinto, tem uma vasta experiência sobre saúde e meio ambiente, tanto na área acadêmica, quanto nagestão da saúde pública. Conselheira do Conselho Estadual de Recursos Hídricos (Conerh), ela é médica, temespecialização em Epidemiologia, mestrado em Saúde Pública e está finalizando doutorado em Medicina eSaúde pela Universidade Federal da Bahia. Nesta entrevista concedida ao TRILHA DAS ÁGUAS, ela fala sobreas relações da saúde humana com o meio ambiente e afirma que esta ligação “ultrapassa os limitesexplicativos das doenças transmissíveis ou infecciosas”. Sobre as experiências no Conerh, Lorene Pinto explicaque tem sido de muito aprendizado e contribuição, visto que tem levado ao Conselho uma discussão maisprofunda sobre as águas e a saúde humana. “Entender o ambiente de forma mais abrangente, incluindo asabordagens para doenças e agravos crônicos e degenerativos, é fundamental para que as intervençõesvoltadas para a promoção da saúde e ao controle destas doenças sejam eficientes e eficazes”.

Qual o maior desafio do poder público para comba-ter doenças causadas pela degradação ambiental?

Ressalto que, antes de combater doenças, precisamos

evitá-las. Isto se torna possível se vencermos o desafio

de formular e executar políticas públicas de forma inte-

grada, afinadas nos seus princípios e objetivos, garan-

tindo as especificidades de cada área/setor e todas vol-

tadas para a melhoria da qualidade de vida das pes-

soas. O objetivo maior é o de promover um desenvolvi-

mento sustentável, reduzindo desigualdades.

Fale sobre a importância de programas e ações doGoverno do Estado para a melhoria do abastecimen-to de água e saneamento, além do monitoramentoda qualidade dos rios, através do Programa Monitora:Todo investimento na melhoria da qualidade da água,

na expansão da oferta com qualidade, na garantia do

saneamento, constitui uma ação relevante para a pro-

moção da saúde. É uma contribuição fundamental para

redução de riscos. O Monitora tem um desenho que

permite envolver vários órgãos numa cadeia de ações

que podemos chamar de promotora de saúde

ambiental e humana, desde que suas análises sejam

efetivamente utilizadas para definir prioridades e in-

vestimentos nesse sentido.

A reformulação da Lei de Recursos Hídricos amplia aparticipação da população na gestão dos RecursosHídricos, assim como o CONERH, que ampliou va-gas para usuários e sociedade civil e aprovou

enquadramentos de corpos d’água. De que forma amaior participação do povo nas decisões políticas aju-da o Estado no combate aos problemas de saúde cau-sados pela poluição do meio ambiente?

A participação e o controle social são fundamentais

para a formulação e execução de políticas públicas. A

necessidade do compromisso compartilhado, de espa-

ços democráticos de interlocução e da possibilidade de

garantia da permanência das ações é um exercício difí-

cil, porém extremamente necessário.

Saúde Ambiental

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Meteorologistas do Nordeste se reúnem noINGÁ para elaborar prognóstico climáticoEspecialistas apontaram tendência de chuvas para a região durante o inverno

Meteorologistas de todo o Nordeste se reuni-

ram em Salvador, nos dias 18 e 19 de junho, para

elaborar e divulgar o prognóstico climático da região

para os meses de julho, agosto e setembro. A VII Reu-nião de Análise e Previsão Climática para a RegiãoNordeste do Brasil aconteceu um dia após o I Semi-nário de Mudanças Climáticas e Desertificação naBahia. A reunião foi conduzida pelos metereologistasdo INGÁ e contou com a colaboração do doutor emmeteorologia e pesquisador do Instituto Nacional dePesquisas Espaciais (INPE/CPTEC), Paulo Nobre.

Durante a reunião climática, eles analisaram os mo-delos oceânicos e atmosféricos que indicam ocorrên-cia das chuvas para o trimestre. Eles ressaltam que, naBahia, as chuvas mais significativas na estação de inver-no ocorrem na faixa litorânea, que compreende as Re-giões Sul e do Recôncavo Norte. Já para as demais áreasdo Estado, a previsão é de poucas chuvas, entre julho esetembro. Destaca-se que este período corresponde àestação seca do Semi-árido do Nordeste e ao final daestação chuvosa do leste dessa região.

Um dos principais idealizadores dos Centros Esta-duais de Meteorologia do país, Paulo Nobre, apresentoua palestra “Mudanças Climáticas e Desertificação: osdesafios para o Estado brasileiro”. Nobre, que coorde-nou por vários anos o Programa de Monitoramento deTempo, Clima e Recursos Hídricos do Ministério daCiência e Tecnologia, abordou também os desafios parao Estado brasileiro, com destaque para o aquecimentoglobal e as causas e conseqüências da desertificação so-bre a sociedade. Ele explicou também a origem e o avan-ço das ondas de calor que vêm se espalhando pela Terra.“A queima de vegetação e combustíveis fósseis, somada àatividade industrial, são os principais responsáveis peloagravamento do efeito estufa”, diz.

Para Nobre, o Governo deve se associar à Academia,de modo que o conhecimento gerado nas universida-des possa amparar a criação das políticas públicas, espe-cificamente no mapeamento do inventário de gáscarbônico e outras emissões. “O Programa é uma neces-sidade, para que a Bahia possa pleitear investimentosfuturos nos créditos de carbono, que se transformam,cada vez mais, em um mercado internacional”, avalia.

O meteorologista do Centro Estadual de Meteorologiado INGÁ, Heráclio Alves, apresentou o histórico, os serviçose as atividades realizadas pelo Centro. Alves destacou aimportância e utilidade dos boletins sobre tempo e climapara a sociedade e para o Estado. Lembrou também darelação de parceiros como Embrapa, EBDA, Unicamp, naelaboração do boletim semanal de agrometeorologia. Paraele, tais mecanismos ajudam a minimizar os danos e me-lhorar a utilização da água e da energia.

NOVO SITE DINAMIZA INFORMAÇÕES DE TEMPO E CLIMA O Centro Estadual de Meteorologia da Bahia, quefaz parte do INGÁ, está com novo endereço eletrônico. Através do endereço www.inga.ba.gov.br/cemba, podem serconsultados serviços sobre a previsão climática, boletim semanal agrometeorológico (com informações para osagricultores), monitoramento de queimadas e levantamento dos índices de precipitação no Estado. Além disso, imagensde satélite em tempo real contribuem na identificação do comportamento dos sistemas meteorológicos, a exemplo dasfrentes frias e o desenvolvimento de um sistema tropical. A animação dessas imagens auxilia os meteorologistas naelaboração de previsões do tempo.

Na página eletrônica, que também pode ser consultada no site do INGÁ, é possível ainda localizar a previsão dotempo de vários municípios da Bahia, com dados sobre as temperaturas mínimas e máximas, umidade relativa e avelocidade dos ventos. No dicionário meteorológico, podem ser encontrados os conceitos como biosfera, efeitos estufa,fenômenos el niño e la niña, frente fria, entre outras informações.

CEMBA ORIENTA POPULAÇÃO No primeirosemestre de 2009, o Centro Estadual de Meteorologiado INGÁ ajudou a esclarecer as condições e fenôme-nos climáticos diversos que ocorreram em Salvador,como a ocorrência de odor e nebulosidade percebidosno mês de março. Os meteorologistas do INGÁ expli-caram à população e à imprensa os motivos da inver-são térmica que podem ter contribuído para que osefeitos negativos da poluição fossem mais percebidospelas pessoas, já que as temperaturas elevadas e a au-sência de chuvas contribuíram, na época, para umamenor dispersão de poluentes na atmosfera.

O Cemba/ INGÁ, através de seus serviços, tambémcolaborou bastante com a divulgação dos dadospluviométricos do mês de maio, quando as chuvas nacapital baiana chegaram a superar 50% da média histó-rica para o período. De acordo com os estudos aponta-dos pelos meteorologistas, esse comportamento climáti-co aconteceu devido à incidência dos ventos úmidos vin-dos do Oceano Atlântico, associados às temperaturas dasuperfície do mar (TSM), próximo à costa leste da Bahia.

O Centro Estadual de Meteorologia do INGÁ éreferência para toda a Bahia

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O encontro, promovido pelo INGÁ e pela Agência Nacional de Águas (ANA), aconteceu na Semana do Meio Ambiente

Política das águas é debatida em SalvadorO Seminário “Nordeste: Água, Desenvolvimento e Sustentabilidade” possibilitou diálogossobre sustentabilidade hídrica entre o poder público e a sociedade

Como parte da celebração da semana do meio

ambiente, o Governo da Bahia, através do INGÁ, reuniu

governantes e comunidades do Nordeste e do Gover-

no Federal em Salvador, com o objetivo de discutir asexperiências, os problemas e as diretrizes das políticaspúblicas para o desenvolvimento, com foco nasustentabilidade hídrica. O seminário “Nordeste: Água,Desenvolvimento e Sustentabilidade” aconteceu no FiestaBahia Hotel, nos dias 04 e 05 de junho, e foi realizadopelo órgão gestor das águas do Estado da Bahia, emparceria com a Agência Nacional de Águas (ANA).

O evento promoveu um diálogo aberto entre o po-der público e representantes da sociedade civil (a exem-plo de membros de Comitês de Bacias, de ONG’s e decomunidades tradicionais), especialistas, pesquisadorese estudantes, acerca dos temas “Políticas Públicas: Água,Desenvolvimento e Sustentabilidade”; “Convivência coma seca: os desafios às Políticas Públicas”; “Usos múltiplosdas águas: desafios da Gestão Participativa” e“Sustentabilidade Ambiental e a Desertificação”.

Estiveram presentes o Governador Jaques Wagner,como anfitrião; o presidente da ANA, José Machado; osecretário do Meio Ambiente da Bahia, Juliano Matos; odiretor-geral do INGÁ, Julio Rocha, e secretários do MeioAmbiente e Recursos Hídricos dos Estados de Alagoas,Sergipe e Rio Grande do Norte; além de representantesda Secretaria de Recursos Hídricos do Ministério doMeio Ambiente; do Ministério do DesenvolvimentoSocial; do Departamento Nacional de Obras contra asSecas (Dnocs); da Empresa Brasileira de PesquisaAgropecuária (Embrapa); da Articulação do Semi-Ári-do (Asa); da Cáritas; da Associação Brasileira de Recur-sos Hídricos (ABRH); do Fórum Nacional dos ÓrgãosGestores de Recursos Hídricos, da Companhia de En-genharia Ambiental da Bahia (Cerb) e Empresa Baianade Águas e Saneamento (Embasa).

Esta foi a primeira vez que um seminário desteporte aconteceu na Bahia, revelando que o Governodo Estado trata a questão da água com prioridade, aomostrar atores de diferentes segmentos da sociedade,constituindo um espaço para a exposição e o debatedas experiências práticas da gestão das águas nas dife-rentes esferas de governo. O evento aproximou o po-der público dos usuários das águas, incorporando asustentabilidade socioambiental ao desenvolvimentodo Nordeste do país.

Água, Desenvolvimento eSustentabilidade

Para o diretor-geral do INGÁ, Julio Rocha, é im-portante repactuar a distribuição do uso da água nosdiversos segmentos da sociedade. A medida será ne-cessária para que este recurso não falte para abasteci-mento humano, como deve ser prioritariamente utili-zado, segundo a Lei Nacional das Águas. “Este temaprecisa ser pensado. Há comunidades carecendo deágua para beber, enquanto na região Oeste do Estado,

99% da capacidade dos rios já estão comprometidospara projetos de irrigação”.

Ele informou que em todo o Estado, 65% dos usosdas águas superficiais e subterrâneas são para irrigação.Na Bacia Hidrográficas do Rio Grande, no Oeste, 94%da água é destinada para a atividade agrícola e 3% paraabastecimento humano, e na Bacia do Rio Corrente, aproporção do uso é um pouco menor, porém não me-nos assustadora: 87% da água são para irrigação, en-quanto que 9% são para abastecimento humano.

Rocha lembrou que a água é um bem natural limita-do e que, por isso, é preciso garantir os usos múltiploscomo a lei estabelece. “Estamos redefinindo o papel doórgão gestor das águas do Estado nestas regiões, porquenos preparamos para fazer a gestão em cenários de es-cassez intensa. Mas isso é responsabilidade da socieda-de como um todo, que pode tanto reduzir o desperdí-cio de água nas diversas atividades, como substituir

tecnologias de irrigação, passando, por exemplo, dossistemas de pivô central para os sistemas de gotejamentode água”, explica. Outra forma de a sociedade participarda gestão dos recursos hídricos e torná-la mais eficientee racional é através das instâncias de participação nagestão do sistema estadual de recursos hídricos, que sãoos Comitês de Bacias Hidrográficas e o Conselho Esta-dual de Recursos Hídricos, que podem reduzir conflitose buscar consensos. “Não dá para pensar na intervençãohídrica sem pensar nos múltiplos usos. Nosso desafio émelhorar a condição dos rios”, diz Julio Rocha.

Como perspectivas, ele citou o planejamento dosusos das águas, as informações da necessidade de águaque o Estado tem e a disponibilidade em quantidadee qualidade de águas superficiais e subterrâneas; a me-diação de conflitos dos usos da água; a gestãoparticipativa das águas e a educação ambiental e forta-lecimento da noção de sociedade sustentável.

André Carvalho

Gestão democrática das águasO Governador Jaques Wagner falou, durante o seminário, sobre a prioridade da gestão em relação à água,

destacando diversas ações de saneamento, abastecimento e monitoramento do Programa Água Para Todos. “Pelaprimeira vez na história da Bahia, o Governo do Estado está fazendo um cadastro das águas superficiais e subterrâ-neas. Isso possibilita conhecer a disponibilidade deste recurso, para melhor utilizá-lo. Pode chegar uma hora em queteremos de escolher entre abastecimento humano ou industrial, por exemplo”, disse.

Para o secretário do Meio Ambiente do Estado, Juliano Matos, o Água Para Todos é um dos programas maisimportantes da gestão pública já vistos na Bahia. Ele destacou que o programa, “que tem levado água para todose para sempre”, tem participação de diversos órgãos estaduais e tem trabalhado na perspectiva de que a águadialoga com o meio ambiente.

O diretor-presidente da ANA, José Machado, fez coro com as autoridades baianas, quando falou sobre apolítica de valorização dos recursos hídricos exercida no Estado. Ele disse que é uma satisfação muito grandeapoiar a realização do seminário, na semana do meio ambiente. “Para mim tem sido uma grata revelação adesenvoltura de Julio Rocha à frente do INGÁ. Ele tem o entendimento de que a água é o tema do século e queesse trabalho realizado hoje vai nos galvanizar no futuro, em relação a esta questão, sobretudo no Nordeste, ondehá sérios problemas de escassez hídrica”, elogia.

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Degradação dos solos em estágio avançado, de-

vastação de mata ciliar, morte das veredas, cabeceiras,

nascentes e perda de produtividade. Estes são algunsdos problemas enfrentados pela população da regiãoOeste da Bahia, que impulsionaram a escolha da re-gião como zona prioritária de revitalização de BaciasHidrográficas em situação de vulnerabilidade.

As ações de recuperação ambiental dessas áreasestão inseridas no Programa Velho Chico do Governoda Bahia e complementam os esforços do Programade Revitalização da Bacia Hidrográfica do Rio São Fran-cisco do Governo Federal.

Dentro das atribuições do INGÁ como implemen-tador das políticas de recursos hídricos na Bahia, serãoorganizadas as ações de mobilização com os Comitêsde Bacias Hidrográficas, bem como as comunidadesresidentes nas microbacias selecionadas.

Entre as atividades preparatórias, estão previstas apublicação do edital de 23 projetos executivos, contem-plando vinte microbacias e beneficiando 94 comunida-des (quilombolas, indígenas, assentamento de reformaagrária, ribeirinhos e gerazeiros), para orientar os locaisque sofrem degradação ambiental que serão recuperados.

O Projeto Oeste - inserido dentro do Programa VelhoChico e parceiro do Programa de Revitalização da BaciaHidrográfica do Rio São Francisco- será desenvolvido emtrês etapas. A primeira, já concluída, selecionou as microbaciasem situação de conflitos pela utilização da água e as áreassusceptíveis à desertificação devido ao manejo inadequadodos recursos naturais, sobretudo a água.

Projeto de revitalização no Oeste baianobeneficiará mais de 90 comunidadesCom recursos do PAC, o programa no São Francisco vai implantar técnicas sustentáveis de produção

Na segunda parte, ocorrerá a publicação do editalde contratação de projetos. Paralelamente, as equipesdo INGÁ irão realizar as atividades com as comunida-des locais, com o objetivo de envolvê-las na execuçãodesses projetos, além de integrar as ações com outrosparceiros do Governo do Estado, como Fundo deCombate e Erradicação da Pobreza (Funcep), EmpresaBaiana de Desenvolvimento Agrícola ( EBDA), Secreta-ria do Meio Ambiente do Estado (Sema) e Compa-nhia de Engenharia Ambiental da Bahia (Cerb). Aconclusão da segunda etapa do Projeto está previstapara o início do segundo semestre.

A execução da intervenções no campo será finan-ciada com recursos do convênio CODEVASF/SEMA/UFBA, denominado Projeto de Recuperação Ambientaldas Bacias Hidrográficas dos Rios Grande, Corrente emargem esquerda do Carinhanha, e terá a CERB e oINGÁ como executores das ações. Este projeto temrecursos do Plano de Aceleração do Crescimento-PAC.

O Projeto Oeste possui relação direta com os Pro-gramas Velho Chico Vivo, Água para Todos e Comba-te à Desertificação do Governo do Estado da Bahia, quetem como meta a recuperação, conservação e preserva-ção ambiental de matas ciliares e prevenção e combateà erosão de solos.

“A implantação de ações integradas devem promo-ver o uso sustentável dos recursos naturais, a melhoria dascondições socioambientais da Bacia Hidrográfica, o au-mento da quantidade e a melhoria da qualidade da águapara usos múltiplos”, ressalta José Augusto Tosato, diretorSocioambiental Participativo do INGÁ.

Redes de monitoramento das águase do clima são ampliadas na Bahia

O INGÁ dá início neste segundo semestre aomonitoramento integrado, permanente e sistemáti-co de mananciais superficiais e subterrâneos, que vaigerar informações importantes para o uso adequa-do das águas nas Bacias Hidrográficas dos Rios Cor-rente, Grande e Carinhanha- importantes afluentesdo Rio São Francisco.

A ação vai subsidiar o órgão, através de informa-ções confiáveis e de qualidade, na gestão dos recur-sos hídricos e na ampliação do monitoramentometeorológico do Estado (que passará de 21 para 41pontos de observação). O projeto está inserido noPrograma de Revitalização da Bacia Hidrográfica dorio São Francisco, que tem recursos assegurados doPAC (Plano de Aceleração do Crescimento), e aindaé fruto de um convênio entre o INGÁ e o Ministérioda Integração Nacional – através da Companhia deDesenvolvimento dos Vales do Rio São Francisco edo Parnaíba (Codevasf), orçado em R$ 3,4 milhões. Aparceria possibilitará a compra de novos equipamen-tos, contratação de especialistas e viabilização delogística, e tem como meta consolidar todos os tra-balhos até o final de 2009.

“O convênio vai propiciar o aumento na eficiênciadas informações hidrometeorológicas integradas noEstado, atendendo à recomendação da Carta de Bar-reiras, de utilização racional do uso dos recursos hídricos,e é o cumprimento de um compromisso firmado peloINGÁ com a população da região Oeste em 2009”,explica o Diretor Geral do INGÁ, Julio Rocha.

Ele destaca que os dados das redes possibilitarão ocontrole adequado dos reservatórios e que o convê-nio possibilitará avanços no gerenciamento dos re-cursos hídricos para fins nas atividades econômicas.“Com o aumento do conhecimento hidrológico e dadisponibilização destas informações para a socieda-de, tanto o governo quanto o setor privado pode-rão planejar com segurança e com antecedência asatividades de todos os setores da economia, aumen-tando a participação social e aprimorando as açõesde desenvolvimento sustentável”, explica o diretor.

A aquisição de equipamentos possibilitará umamaior eficiência no recebimento, tratamento edisponibilização dos dados de monitoramento noBanco de Dados (BDRH) do INGÁ. Serãoimplementados ainda 29 estações hidrológicas auto-máticas (pluviometria e fluviometria) e 20 pluviôme-tros automáticos, dotadas com sistema de telemetria,além de 35 medidores automáticos do nível d’águapara poços tubulares, acompanhados dos respecti-vos cabos de comunicação.

Está previsto ainda a aquisição de barcos, de equi-pamentos de hidrometria e de quatro veículos paraviabilizar os trabalhos de campo. Os dados gerados naRegião Oeste serão úteis também para o entendimen-to da dinâmica climatológica e hidrológica da BaciaHidrográfica do Rio São Francisco.

Convênio com a Codevasf possibilitará compra de novos equipamentos e ações de preservação

Yordan Bosco

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COOPERAÇÃO COM A UNESCO Com o objetivo de desenvolver a gestão participativa dos recursos

hídricos no Estado da Bahia, o INGÁ e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e aCultura (Unesco) criaram o Projeto de Cooperação Técnica Internacional. O convênio pretende garan-tir políticas públicas de eqüidade de raça, etnia e gênero, com a implantação de Comitês e a incorpora-

ção dos princípios da participação social inclusiva. De acordo com a minuta do projeto, a parceria visaapoiar a Política Estadual de Recursos Hídricos na Bahia, por meio da promoção da gestão participativa,no processo de implantação dos Comitês de Bacias Hidrográficas no Estado, mediante os seguintes eixos:capacitação técnica, qualificação da participação e disseminação de boas práticas de gestão.

EDITAIS VISAM FORTALECER INSTRUMENTOS DA GESTÃO DAS ÁGUAS O primeiro semestrede 2009 foi promissor para o fortalecimento institucional da gestão das águas na Bahia. Para ampliar a

eficácia dos mecanismos de gestão, o INGÁ lançou uma série de editais que têm por objeto a criação,revisão e/ou complementação de alguns dos instrumentos da Política Estadual das Águas, como osPlanos de Recursos Hídricos (PRH) e o Enquadramento dos Corpos d’Água. Para o enquadramento, três

editais abertos no mês de maio envolvem a sua aplicação. Um dos estudos vai indicar os rios prioritáriosque serão enquadrados nas Regiões de Planejamento das Águas (RPGA’s) do Recôncavo Norte eInhambupe, Leste, Paraguaçu e Salitre.

CONVÊNIO COM A SECULT A relação da água com a cultura, com foco no estímulo da consciênciaambiental, está sendo fortalecida por meio de ações de cooperação entre o INGÁ e a Secretaria de

Cultura (Secult). As atividades integradas têm o objetivo de promover a transversalidade das políticas derecursos hídricos e culturais no Estado da Bahia e irão permitir a implementação da Política Nacional deDesenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais. No convênio, estão previstas

campanhas de educação ambiental com projetos audiovisuais em rádio e TV, veiculados pelo Institutode Radiodifusão da Bahia (Irdeb), ressaltando o tema: Água e Cultura; e ainda a promoção de ações deeducação ambiental nos Pontos de Cultura espalhados por vários municípios do Estado.

CONVÊNIO COM A SECULT II A realização de atividades do Carnaval Ouro Negro, no primeirosemestre de 2009, foi o primeiro passo de parceria entre o INGÁ e a Secult. Para desfilar no Carnaval, os

afoxés, que possuem uma relação sagrada com a água, receberam do INGÁ um reforço financeiro de R$10 mil cada. Essas entidades, que vêem o simbolismo da água como algo a ser protegido e cuidado,levaram adiante mensagens de educação ambiental relacionadas à conservação das águas dos nossos

rios. O valor total dos recursos até o Carnaval 2010 é de R$ 180 mil reais. “Quando se pensa emcomunidades religiosas de matriz africana, não há como não pensar no significado das águas para ascomunidades de terreiro, tanto no elemento do sagrado, quanto nos valores culturais presentes em

todos os rituais”, afirma Julio Rocha.

CERTIFICADOS ISO 9000: 2000 Ao longo do primeiro semestre de 2009, o INGÁ estimulou, através de

uma série de cursos, ambientações e palestras, a disseminação dos conceitos do Sistema de Gestão daQualidade. Impulsionado pela conquista da recertificação internacional de qualidade ISO 9001:2000, oficia-lizada em cerimônia realizada em fevereiro, o INGÁ prepara para o segundo semestre um calendário deações de qualidade que inclui pesquisas, treinamentos, reuniões de análise e auditorias internas para

consolidar a iniciativa. O cronograma faz parte do conjunto de ações propostas pela Coordenação deGestão Estratégica (COGES), por meio da sua Unidade de Gestão Organizacional, para tornar conhecidosos indicadores do Sistema da Qualidade, bem como valorizar a sua importância estratégica diante dos

servidores e colaboradores do INGÁ.

COMBATE AO RACISMO INSTITUCIONAL Como parte dos princí-pios norteadores das políticas socioambientais do Governo da Bahia,

previstas no Plano Plurianual (PPA) Participativo 2008-2011 do Estado, oINGÁ deu um grande passo no combate ao racismo institucional e napromoção da igualdade racial e de gênero. O órgão assinou um convê-

nio com o Centro de Estudos Afro-Orientais (Ceao) da UFBA, no dia 22de maio, para a realização, durante 12 meses, de Oficinas de Abordagemdo Racismo Institucional para os servidores e colaboradores da casa,

dentro do projeto “Kaialas: Águas de Liberdade”. A parceria visa estimu-lar o respeito à diversidade étnica, racial e cultural para a promoção daJustiça socioambiental no Estado da Bahia, conforme previsto nas Leis

Estaduais 10.432/06 e 11.050/08, e no Conselho de Aplicabilidade da CartaPelas Águas. De acordo com o diretor geral Julio Rocha, a parceriacumpre um papel de formação do INGÁ e dos seus servidores.

AÇÕES DO AVA O Programa Agentes Voluntários das Águas (AVA), queatua nas Bacias Hidrográficas do Extremo-Sul e do Corrente, continua

atuando na recuperação de matas ciliares e em ações diretas de educaçãoambiental em áreas habitadas por comunidades tradicionais. No ano pas-sado, mais de 500 pessoas participaram de oficinas e de levantamentos de

dados socioambientais em várias aldeias Pataxó e em povoados de PortoSeguro, Cabrália e Eunápolis. Cerca de 50 agentes voluntários foram seleci-onados para atuarem em parceria com as comunidades. Para este segun-do semestre, serão distribuídos os kits AVA (compostos por vestuário e

materiais úteis ao desenvolvimento das ações de campo) nessa região.

AÇÕES DO AVA II Na Bacia Hidrográfica do Rio Corrente, o AVA segue

com sua implantação com comunidades tradicionais e será retomadocom o processo de capacitação dos futuros agentes voluntários, cujas eta-pas deverão acontecer a partir do início do segundo semestre. O programa

será implementado também na região da Baía do Iguape, dentro do IguapeSustentável. As pessoas a serem mobilizadas vivem em diversos distritos daBaía do Iguape, no Baixo Paraguaçu. Paralelamente à formação das turmas,

os técnicos do INGÁ têm buscado novas alternativas de continuidade doprograma, que podem ser associadas a outras políticas públicas em vigência.O objetivo do INGÁ é fomentar turmas de agentes voluntários em todas as

Regiões de Planejamento e Gestão das Águas (RPGA’s).

UNIHIDRO Formação, qualificação e capacitação. Baseada neste tripé,

a Universidade Popular das Águas (Unihidro) tem realizado, gratuita-mente, uma série de cursos para a sociedade e servidores em parceriacom instituições de ensino. Comprometida com a formação de mentes

cidadãs e a melhoria da qualidade de vida no meio ambiente e notrabalho, a Unihidro ofertou, no último ano, diversos cursos de forma-ção e de capacitação. Dentre os cursos de formação estão o Mestrado

em Modelagem em Ciências da Terra, a extensão em Gestão EstratégicaPública, o Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente e aEspecialização em Educação Ambiental, que formou sua primeira turma

em maio deste ano.

FISCALIZAÇÃO PREVENTIVA INTEGRADA O INGÁ vem tendo

participação destacada nas campanhas de Fiscalização Preventivas Inte-gradas (FPIs), promovidas pelo Ministério Público Estadual (MPE), em115 municípios da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. Foram 19

ações, desde 2002 (sendo sete delas entre 2007 e 2009), que reuniramdiversos órgãos ambientais estaduais e federais em torno da recupera-ção e prevenção a danos nos recursos naturais da região. A campanhamais recente aconteceu no final de maio, na região de Irecê, e foi de

extrema importância para o INGÁ atualizar as informações do cadastrode usuários de água da localidade. Os dados irão subsidiar o órgão naimplementação de um sistema de monitoramento integrado, que será

feito no Aqüífero Cárstico de Irecê.

Assinatura do convênio com o Ceao (UFBA) aconteceu na sede do órgão

André Carvalho

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INGÁ realiza sete Encontros pelas Águasde agosto a dezembro

Entre os meses de agosto e dezembro, represen-

tantes de comunidades de terreiro, de quilombolas, de

marisqueiras e pescadores, de povos indígenas, de fun-do de pasto, de gerazeiros e das mulheres participam desete encontros em diferentes Regiões de Planejamentoe Gestão das Águas (RPGA´s). As reuniões, que fazemparte do II Encontros pelas Águas, instituído pelo Go-vernador Jaques Wagner no dia 05 de junho, servirãopara dialogar com o Governo da Bahia sobre os proble-mas relacionados às águas do local onde moram e sobreas diretrizes das políticas públicas da gestão das águas.

O diálogo com diferentes atores sociais fortalece agestão participativa das águas e garante a diversidadeétnica, racial, cultural e de gênero para a justiçasocioambiental no Estado da Bahia. Como resultadoda articulação, será elaborada a II Carta Pelas Águas, aofinal de toda jornada pelo interior baiano. O docu-mento será entregue ao Governo do Estado na III Con-ferência Estadual de Meio Ambiente de 2010.

A primeira série de Encontros pelas Águas foi rea-lizada de agosto a dezembro de 2007, e resultou naconstrução da Carta pelas Águas, entregue ao Gover-nador Jaques Wagner, durante a II Conferência Esta-dual de Meio Ambiente, em março de 2008. O docu-mento apontou as demandas dos povos e comunida-des tradicionais e dos segmentos juventude, mulherese crianças quanto à implementação de políticas públi-cas dos recursos hídricos na Bahia.

As cartas foram construídas a partir de quatro ei-xos temáticos:“Nós e a água”; “A água no lugar ondevivemos”; “Nós e a gestão das Águas”; e “Nossos Sonhospelas Águas”. O objetivo dos encontros foi possibilitarque esses públicos falassem abertamente da relação quetêm com a natureza e sobre os problemas relacionadosao acesso às águas nas Bacias Hidrográficas onde vivem.

A convocação do II Encontros pelas Águas 2009,pelo Decreto 11.572, representa um avanço na cons-trução e implementação da gestão participativa daságuas, pois possibilita que esses públicos se reencon-trem e avaliem as conquistas alcançadas, já que elescontribuíram para a formulação de políticas públicasda água no Estado, tendo com marco histórico os En-contros Pelas Águas 2007.

“Os Encontros pelas Águas proporcionam umaaproximação dos diversos segmentos sociais com osórgãos e autarquias do Estado, possibilitando um ca-nal de diálogo permanente, construindo assim, políti-cas públicas que atendam as necessidades e as expecta-tivas da sociedade em relação à água”, explica o assessordo INGÁ para Povos e Comunidades Tradicionais,Diosmar Santana Filho.

Parceria com a UNFPA vaifortalecer ações dos Encontros

O INGÁ desenvolve, em parceria com o Fundode Populações das Nações Unidas (UNFPA), açõescom o objetivo de promover a eqüidade de raça,etnia e gênero. A iniciativa pretende garantir odireito à gestão de recursos hídricos e atransversalidade em relação às demais políticaspúblicas no Estado.

A parceria envolve programas como os Encon-tros pelas Águas, para garantir o processo de inclu-são dos povos e comunidades tradicionais na ges-tão participativa das águas no Estado da Bahia. OINGÁ e o UNFPA serão parceiros na produção deações e publicações relacionadas aos direitos hu-manos, com a perspectiva de inclusão das comu-nidades tradicionais. A união institucional apostano fortalecimento das ações voltadas para o de-senvolvimento das populações e a garantia dosdireitos na gestão das águas.

A representante do UNFPA no Brasil, AlannaArmitage, ressalta a importância da água para asatividades humanas. “A água é o princípio de to-das as coisas, das pessoas e de seus projetos de vida.É de todos e todas e permeia todas as relaçõeshumanas, dando sentido à nossa existência. Aofortalecer a gestão participativa e inclusiva das águas,o INGÁ reitera o compromisso com a promoçãodo direito à igualdade na diversidade e dos direi-tos das gerações futuras”, afirmou Armitage.

Para consolidar esse processo de escuta e diálogo comos diferentes atores pelo fortalecimento da gestãoparticipativa, os encontros terão como eixos temáticos: 1)Águas e Políticas Públicas; 2) Controle Social e as Instânci-as de Participação; 3) Água como Direito Humano eAmbiental; 4) Fundo Estadual de Recursos Hídricos; 5)Revisão do Plano Estadual de Bacia Hidrográfica.

ParticipaçãoPara que os povos e comunidades tradicionais e

segmentos sociais pudessem acompanhar as Cartaspelas Águas, foi instituído pela Portaria n° 708/2007,do INGÁ, o Conselho de Acompanhamento eAplicabilidade das Cartas pelas Águas, órgão colegiadocom a natureza jurídica de comissão. O Conselho dasÁguas tem a finalidade de subsidiar e aconselhar oINGÁ na implementação e execução das propostasdas Cartas pelas Águas, bem como propor às instânci-as governamentais competentes a adoção de medidase ajustes necessários para a implementação desse ins-trumento da gestão participativa.

Uma das conquistas do Conselho das Águas foi a suaregulamentação, por Decreto Simples do GovernadorJaques Wagner, indicando um membro do Conselho paracompor o Comitê Gestor do Programa Água para Todos,como representante dos povos e comunidades tradicio-nais, sendo o único representante da sociedade civil.

Durante o II Encontros pelas Águas, acontecerá tam-bém a renovação dos membros do Conselho das Águas.A participação dos povos e comunidades tradicionais emulheres no processo de eleição será a afirmação da de-mocracia no Sistema Estadual de Gerenciamento dosRecursos Hídricos no Estado da Bahia.

Reuniões fortalecem gestão participativa das águas na Bahia com os povos e comunidadestradicionais

23 e 24 AgostoComunidades de TerreirosLocal: CachoeiraBacia Paraguaçu

11 e 12 SetembroMarisqueiras e PescadoresLocal: Prado

Bacia Itanhém,

Peruípe e Jucuruçu

23 e 24 SetembroGerazeirosLocal: Santa Maria da VitóriaBacia Corrente

30 e 31 OutubroQuilombolasLocal: Carinhanha

Bacia Carinhanha

13 e 14 NovembroMulheresLocal: Rio de ContasBacia das Contas

27 e 28 NovembroIndígenasLocal: Santa Cruz de Cabrália

Bacia Frades, Buranhém

e Santo Antônio

04 e 05 DezembroFundo de PastoLocal: Itiúba

Bacia Itapicuru

André Carvalho

As comunidades tradicionais estarão presentes