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Page 1: Trigo apenas do controle químico das doenças do trigo. Controle químico Embora os testes com fungicidas na cultura do trigo tivessem início na década de 70, a recomendação ofici-al

O trigo é uma das culturas demaior expansão em nível

mundial. Originário da Ásia, foi in-troduzido na Índia, na China e na Eu-ropa desde 5.000 anos a.C. A revolu-ção industrial no século XVII, o sur-gimento do trator no século XVIII e aRevolução Verde da década de 60,provocou uma explosão na produti-vidade e na expansão da área culti-vada de uma maneira geral. O ho-mem, no cultivo da terra, provocouum grave desequilíbrio ecológico,onde extensas áreas de cultivo, comuma mesma espécie ve-getal (o trigo por exem-plo) selecionou espéciesde patógenos especiali-zados em atacar a cultu-ra, com o objetivo únicode perpetuação da espé-cie. Atualmente, cultiva-res adaptadas são culti-vadas desde o Equador até 60º de la-titude (Mota, 1982). O auge da triti-cultura em nosso país foi alcançadono ano de 1987, quando foram seme-ados mais de 3,8 milhões de hecta-res, com a produção atingindo 6,2milhões de toneladas. No ano de1999, cerca de 1,4 milhão de hecta-res foram semeados com a cultura,com uma produtividade média de1.593 kg/ha (Indicadores...2000). Umdos grandes obstáculos à alta produ-

tividade de trigo é a ocorrência de ele-vado número de doenças de origemfúngica.

Favorecidas por condições cli-máticas (altas temperaturas e preci-pitações pluviais freqüentes), doen-ças como o oídio, induzido por Blu-meria graminis f. sp. tritici, as ferru-gens da folha e do colmo, induzidasrespectivamente por Puccinia recon-dita f.sp. tritici (Rob.ex. Desm) e Puc-cinia graminis f.sp.tritici (Heriks. &Henn.), a mancha da gluma, induzi-da por Phaeosphaeria nodorum (ana-

morfo: Stagonosporanodorum (Berk.)Cast & Germ.,), amancha marrom, in-duzida por Cochlio-bolus sativus (Ito &Kurib), Drechs. ex.Dastur. (anamorfo:Bipolaris sorokinia-

na (Sacc. in. Sorok) Shoem, a gibere-la, induzida por Gibberella zeae(Schw.) Petch (anamorfo: Fusariumgraminearum (DC. ex. Mérat), a bru-zone (Magnoporthe grisea), o carvãodo trigo (Ustilago tritici), o mal-do-pédo trigo, induzido por Gaeuman-nomyces graminis f. sp. tritici, as bac-terioses (Xanthomonas campestris pv.undulosa e Pseudomonas syringae pv.syringae), as viroses (Virus do nanis-mo amarelo da cevada (VNAC) e ví-

O auge da triticulturabrasileira

aconteceu em 1987,com 3,8 milhões de

hectares

AlternativasAlternativasAlternativasAlternativasAlternativaspara conseguirpara conseguirpara conseguirpara conseguirpara conseguirprodutividadeprodutividadeprodutividadeprodutividadeprodutividade

Conheça as principais formas para garantir umasafra tranqüila e lucrativa; quanto antes o produtoradotá-las maior a economia e a eficiência dosmétodos

TTTTTrigorigorigorigorigodoenças

Mancha bronzeada

Oídio

Mancha da gluma

Giberela

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Page 2: Trigo apenas do controle químico das doenças do trigo. Controle químico Embora os testes com fungicidas na cultura do trigo tivessem início na década de 70, a recomendação ofici-al

Os fungicidas sãouma importanteferramenta para

estabilizar aprodutividade

rus do mosaico do trigo (VMT), e,mais recentemente, com o incremen-to na área de cultivo com o sistemade plantio direto, onde os restos cul-turais permanecem na superfície dosolo, o parasita necrotrófico denomi-nado de Drechslera tri-tici-repentis (Died.)Drechs.), conhecidocomo a mancha bronze-ada da folha do trigo,vem preocupando ostriticultores, exigindo arealização de diversasaplicações de fungici-das (Picinini, 1990).

As perdas causadas pelas doençasna cultura do trigo são relativamenteelevadas. Trabalhos recentes (Picini-ni et.al., 1996), demonstraram emdoze anos de experimentação umaperda média de 44, 61%, o equiva-lente a 1.152 kg (19,2 sacas de 60 kg)de trigo por hectare. Os principaismétodos de controle das doenças dotrigo são: genéticos, culturais, bioló-gicos e químicos. Abordaremos aquiaspectos apenas do controle químicodas doenças do trigo.

ControlequímicoEmbora os testes com fungicidas

na cultura do trigo tivessem início nadécada de 70, a recomendação ofici-

al de produtos para a cultura ocorreuno ano de 1976 (Reunião da Comis-são Sulbrasileira de Pesquisa de Tri-go, 1976). As pulverizações, inicial-mente preventivas, eram repetidas aintervalos de 10 a 14 dias. O produto

mais utilizado naépoca era o carbama-to mancozebe. Com oadvento dos fungici-das sistêmicos (triadi-mefon), as aplicaçõespassaram a ser reali-zadas a estádios prédefinidos (emborra-

chamento e floração). Essa recomen-dação foi drasticamente modificadapor Fernandes & Picinini (1986), coma publicação “Doenças do trigo: comodeterminar a melhor época de con-trole”. Esse trabalho foi o pioneiro emlançar, no Brasil, as bases para o mo-nitoramento das doenças do trigo.

Atualmente, os fungicidas seconstituem em uma importante fer-ramenta para estabilizar a produti-vidade de trigo em regiões com altoimpacto de doenças fúngicas comoocorre na região sul do Brasil (Pici-nini et al., 1993) Resultados obtidosnesses ensaios pela Embrapa Trigotêm sido publicados (Picinini & Fer-nandes, 1988 e 1982).

Antes de iniciar-se o controle dasdoenças do trigo com fungicidas, al-

gumas perguntas básicas devem serrespondidas: a) Qual ou quais os pa-tógenos problemas? b) Como esse pa-tógeno invade a planta? c) Como sedesenvolve dentro da planta? d)Como sobrevive de um ano para ou-tro? Em restos de cultura? Em hospe-deiros vivos? Nas sementes? No solo?.Devemos lembrar sempre que os pa-tógenos são nutricionalmente depen-dentes do hospedeiro; os patógenospreferencialmente não se afastam dohospedeiro (esse processo garante aeles a sobrevivência); que na lutacontra os fungos não se deve usar me-didas isoladas e, finalmente, lembrarsempre o ensinamento de Brown,1951, citado por Matthews (1982):“na proteção de plantas, a arma quí-mica deve ser utilizada como um es-tilete e não como uma foice”.

Controle dosfungos biotróficosO Oídio (Blumeria graminis f. sp.

tritici) - O Oídio é uma doença bas-tante destrutiva. As perdas, depen-dem da suscetibilidade da cultivar edas condições para o desenvolvimen-to do patógeno e podem chegar a até62%, Linhares (1988), Fernandes etal., (1988) e Reis et al., (1997). O con-trole do oídio do trigo pode ser reali-zado de duas maneiras: pelo uso defungicidas triazóis em tratamento de

Fotos CNPT

Maurício ePicinini ensinam aprevinir e acontrolar asprincipaisdoenças queatacam o trigo

Page 3: Trigo apenas do controle químico das doenças do trigo. Controle químico Embora os testes com fungicidas na cultura do trigo tivessem início na década de 70, a recomendação ofici-al

sementes (Tabela 1) ou pelo controleda doença na parte aérea (Tabela 2).

O controle na parte aérea deve serrealizado quando a incidência, du-rante a fase de afilhamento, atingiríndices de 20 % a 25 %, ou pelo usodo critério do LDE (limiar de danoeconômico), cuja função de dano é R= 100 – 0,42 I. O controle do oídio

nas cultivares suscetíveis via trata-mento de sementes, apresenta umcusto de aproximadamente US$ 10,0por hectare. Comparado com a apli-cação por via foliar, que apresentaum custo de US$ 30,00 o hectare,(fungicida + custo da aplicação),mesmo com a possibilidade de redu-ção de dose do fungicida por via foli-

ar, o controle da doença pelo trata-mento das sementes tem se mostra-do mais econômico.

A ferrugemda folhaA ferrugem da folha (Pucinia re-

condita f.sp. tritici) é uma enfermida-de presente na maioria dos anos emque se cultiva trigo no Brasil. Ensai-os realizados por Picinini & Fernan-des, (1994 e 1995) determinaram per-das de até 80 % em rendimento degrãos e de até 10 pontos percentuaisno peso dos grãos colhidos. O Con-trole da ferrugem da folha deverá seriniciado, obedecendo-se a um dos se-guintes critérios: a) no aparecimentodas primeiras pústulas do fungo (tra-ços de severidade), b) quando a inci-dência foliar encontrar-se entre 30 %e 40 %, independente do estádio dedesenvolvimento do trigo c) Pelo cri-tério do LDE (limiar de dano econô-mico), cujas equações de dano paraas cultivares suscetíveis e com RPA(resistência de planta adulta) são R= 100 – 0,608 I e R = 100 – 0,333 I,respectivamente.

O controle da ferrugem do colmodeverá ser realizado segundo o crité-rio acima descrito.

A reaplicação dos fungicidas de-verá ser realizada sempre que neces-sária, para manter a doença em ní-veis baixos de infecção. Os produtosusados para o controle da doença es-tão inseridos na Tabela 2 e informa-ções complementares sobre a eficá-cia de diversos fungicidas testadospela pesquisa no controle do oídio edas ferrugens da folha e do colmo, po-dem ser obtidas nos trabalhos de Pi-cinini et al., (1985), Picinini & Fer-nandes, (1988, 1992, !994 a,b, 1995 e1996), no estado do Rio Grande doSul, de Sonego & Moraes (1983),Andrade et al., (1994) e Goulart &Paiva (1994a,b)no Estado do MatoGrosso do Sul e de Oliveira et al.,(1981), no estado do Paraná.

Edson Clodoveu Picinini eJosé Maurício Cunha Fernandes,Embrapa Trigo

Tabela 1

Tabela 2