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Programa Nacional de Educação Fiscal Tributo e Justiça Social Curso de Formação de Tutores ESAF MG – 25.02.2014 Eugênio Celso Gonçalves

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Page 1: Tributo e Justiça Social Curso de Formação de Tutores ESAF MG – 25.02.2014 Eugênio Celso Gonçalves

Programa Nacional de Educação Fiscal

Tributo e Justiça SocialCurso de Formação de Tutores

ESAF MG – 25.02.2014 Eugênio Celso Gonçalves

Page 2: Tributo e Justiça Social Curso de Formação de Tutores ESAF MG – 25.02.2014 Eugênio Celso Gonçalves

• Cada nível de governo tem competência, isto é, tem ao mesmo tempo poder e responsabilidade para promover determinadas políticas públicas.

• Para realizar essas políticas eles necessitam arrecadar recursos.

• Os tributos são a principal fonte de recursos para realizar os objetivos fundamentais do Estado.

Tributos e Políticas Públicas

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• As outras formas de financiar as políticas públicas são muito ruins para a sociedade, especialmente para os mais pobres: –Emitir moeda – porque gera inflação.

–Emitir títulos – Isto é, se endividar, porque os juros no Brasil são muito altos e fica caríssimo pagar essa dívida. Além disso, o endividamento excessivo compromete o crescimento futuro, porque reduz a capacidade de investimento do governo.

Outras fontes de financiamento público

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Portanto, arrecadar tributos de quem tem condições econômicas para pagá-los e aplicar esses recursos em políticas decididas democraticamente pela população é a forma mais justa do governo responder pela dívida secular que a sociedade tem com os pobres desse país.

Tributos e Resgate da Dívida Social

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• A arrecadação tributária permite que o Estado brasileiro cumpra três funções essenciais:• Garantir os recursos necessários ao Estado

para realização de seus fins;• Ser instrumento de distribuição de renda e

indutor do desenvolvimento social do País;• Contribuir para minimizar as diferenças

sociais e regionais.

Tributos e Resgate da Dívida Social

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Destacamos duas características que interferem diretamente no exercício da cidadania fiscal:1. Pequena participação dos municípios na

arrecadação tributária global, assim partilhada entre os três níveis de governo (após a distribuição do FPE e FPM):• União –58,4% • Estados – 25,2%• Municípios – 16,4%

2. Em nível nacional os tributos indiretos representam, pelo menos, dois terços da carga tributária total.

Características do Sistema Tributário Brasileiro

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◦O indivíduo não percebe o seu papel como contribuinte.

◦Vê a ação estatal como assistencialismo e não contrapartida do exercício da cidadania.

◦Sem consciência de que todos nós financiamos o Estado, não assume uma atitude fiscalizadora contra a corrupção, sonegação fiscal e o desperdício de recursos públicos.

Consequências desse modelo tributário

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O Sistema Tributário é como um edifício projetado em forma de pirâmide, cujo ápice é a Constituição.

Em uma andar abaixo estão as Leis Complementares com destaque para o Código Tributário Nacional.

Descendo um andar mais encontramos as leis ordinárias de competência de cada ente político (União, Estados, DF e Municípios). São elas que criam os tributos.

Finalmente, temos os atos executórios, assim chamados porque tornam exequíveis, isto é, regulamentam as leis. São exemplos os decretos e portarias.

O Sistema Tributário Nacional

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No entanto, em nosso Sistema Tributário, há leis em conflito com princípios constitucionais.

Como sabemos que somente com a aplicação efetiva desses princípios é que poderemos tornar o Sistema mais justo.

Assim, é necessário reafirmar, em lei, alguns princípios do Sistema que não estão sendo integralmente observados, de modo a torná-lo socialmente mais justo e economicamente mais eficiente.

O Sistema Tributário Nacional

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Para isso, é fundamental o desenvolvimento de uma consciência fiscal, pois uma reforma tributária cidadã só será possível no Brasil, se a sociedade compreender o papel decisivo da população no como força de pressão em favor do aperfeiçoamento do Sistema.

Desafio: dar efetividade aos princípios constitucionais

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Dentre os princípios que alicerçam nosso Sistema Tributário destacamos: ◦ O da legalidade, pelo qual não há tributo sem

lei anterior que o estabeleça (CF, art. 150,I).◦ O da anterioridade, que proíbe a instituição

ou aumento de tributo no mesmo exercício em que publicada a lei que o instituiu ou majorou (CF, art. 150,II).

◦ O da noventena, visa proibir a cobrança de tributo antes de completados 90 dias de sua instituição.

◦ Estes dois últimos são corolário do princípio geral da segurança jurídica.

Os princípios constitucionais tributários

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◦ O da capacidade contributiva, pelo qual os tributos devem ser proporcionais à capacidade econômico-financeira dos contribuintes (CF, art.145 § 1o).

◦ A capacidade contributiva é um corolário do princípio da isonomia (ou igualdade), um dos pilares da Constituição.

◦ Segundo Aristóteles: “A verdadeira igualdade consiste em tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, à medida que se desigualam”.

Os princípios constitucionais tributários

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Uniformidade da tributação e desequilíbrios regionais – É vedado a União instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional, ressalvada a adoção de política de incentivos fiscais para promover o equilíbrio regional (CF,art. 145 § 1o c/c art. 3o, III). Nesse sentido também a proposta de reforma constitucional de tributação do ICMS no destino.

Os princípios constitucionais tributários

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Proibição do confisco – Busca proteger o contribuinte contra a possibilite do ente tributante tributar, de forma exorbitante, sua renda ou patrimônio,dando ao ato de tributar efeito confiscatório (CF, art. 150, IV).

Transparência Tributária – A lei determinará medidas para que os consumidores sejam informados acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços (CF, art. 150, § 5o). Dispositivo regulamentado pela Lei nº 12.741, de 08/12/2012, em vigor desde 10/06/2013. No entanto, o descumprimento da Lei sujeitará os infratores a sanções somente a partir de 10/06/2014.

Os princípios constitucionais tributários

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Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada (CTN, Lei 5.172/66, art. 3o)

Tributo - Conceito

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Prestação pecuniária compulsória”: pagamento obrigatório ao Estado.

“Em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir”: o pagamento deverá ser feito em dinheiro, mas a lei poderá admitir que a liquidação do tributo se faça por bens de valor equivalente à moeda ou nela conversível.

Tributo – Elementos do Conceito

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“Que não constitua sanção de ato ilícito”: ao contrário da multa, o tributo não é penalidade.

“instituído em lei”: sem lei que o institua não existe tributo (princípio da legalidade).

“cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”: a cobrança deve obedecer estritamente a lei, não comportando discricionariedade por parte do administrador

Tributo – Elementos do Conceito

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Obrigação principal e obrigação acessória: ◦Fato gerador;◦Base de cálculo;◦Alíquota;◦Sujeito ativo;◦Sujeito passivo;◦Lançamento;◦Crédito tributário.

Elementos da Obrigação Tributária

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Vinculados – São aqueles cuja cobrança se fundamenta na existência de uma atividade estatal voltada diretamente para o particular que pagou o tributo, ou seja exige uma contraprestação estatal.

Não vinculados – São os que não exigem uma contraprestação estatal direta em relação ao contribuinte.

Classificação dos Tributos

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Os tributos podem ser de competência comum (taxas e contribuições de melhoria) ou privativa (impostos).

As taxas e as contribuições de melhoria são tributos vinculados a uma prestação de serviço concreta relativa à pessoa do próprio contribuinte.

Já os impostos são tributos que não estão vinculados a uma prestação de serviço específica. Como são privativos, a Constituição nomina quais são os impostos que compete a cada ente federado criar

Competência comum x privativa

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Compete exclusivamente à União instituir impostos sobre:◦Importação e exportação;◦Produtos Industrializados (IPI);◦Renda (IR);◦Propriedade Territorial Rural (ITR);◦Operações Financeiras (IOF) e ◦Grandes Fortunas (ainda não criado).

Impostos de competência da União

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Ao lado dos impostos, a União pode instituir as seguintes contribuições destinadas ao financiamento da seguridade social (composta por saúde, previdência e assistência social) e incidentes sobre:◦A folha de pagamentos;◦O faturamento e os lucros das empresas

(COFINS e Contribuição sobre o Lucro) e◦A movimentação financeira (já existiu a

CPMF, extinta em 31.12.2008).

Contribuições sociais de competência da união

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Compete privativamente aos Estados instituir impostos sobre:◦A propriedade de veículos automotores

(IPVA);◦A circulação de mercadorias (ICMS);◦A transmissão da propriedade de imóveis

por morte do titular ou doação (ITCMD).

Impostos de competência dos Estados

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Compete privativamente aos municípios instituir impostos sobre:◦A propriedade de imóveis urbanos (IPTU);

◦A prestação de serviço (ISS);◦A transmissão de imóveis entre vivos (ITBI)

Impostos de competência dos municípios

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Economicamente os impostos se dividem em:◦Diretos - São aqueles em que a pessoa

que paga (contribuinte de fato) é a mesma que faz o recolhimento aos cofres públicos (contribuinte de direito). Exs: IRPJ, IRPF, IPVA, IPTU.

◦ Indiretos – São aqueles em que a pessoa que paga não é a mesma que faz o recolhimento aos cofres públicos. Exs: ICMS, IPI, ISS.

Classificação econômica dos impostos

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Progressivos: São aqueles em que o percentual (alíquota) aumenta, proporcionalmente à elevação da capacidade econômica ou financeira do contribuinte. Exs: Impostos de Renda, Imposto sobre a Propriedade Territorial Urbana.

Classificação econômica dos impostos

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Regressivos: São aqueles que não consideram o poder aquisitivo nem a capacidade econômica do contribuinte. Com isso, quem gasta praticamente tudo o que ganha no consumo de produtos, como é o caso de muitos assalariados, proporcionalmente contribui mais do que aqueles que têm possibilidade de poupar ou de investir (capitalistas).

Exemplo: ICMS

Classificação econômica dos impostos

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Como vimos, os tributos progressivos, como o imposto de renda, são, em princípio, socialmente mais justos. Mas isso nem sempre é verdade.

O que torna o imposto de renda no Brasil muitas vezes injusto são as isenções, exclusões e incentivos conferidos ao grande capital.

Outra injustiça é que os rendimentos de aplicações financeiras, da venda de ações e de imóveis são tributados à uma alíquota fixa, não estando sujeitos à tabela progressiva como os rendimentos do trabalho. (veja apresentação específica).

Justiça tributária

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Por outro lado, os impostos indiretos, a princípio socialmente injustos, podem se tornar mais justos se bem aplicado o princípio constitucional da seletividade, isto é, a adoção de alíquotas menores ou até da isenção em função da essencialidade dos produtos.

Por esse princípio alimentos que compõem a cesta básica e remédios, por exemplo, poderiam perfeitamente estar isentos do ICMS e do IPI.

Justiça tributária

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Já as contribuições sociais são tributos indiretos que não observam o princípio da seletividade.

Assim, pelo lado da receita pública são tributos com forte dose de injustiça fiscal. Mas, pelo lado do gasto público possibilitam a realização de uma das mais importantes funções estatais: a seguridade social, ou seja, as políticas de saúde, previdência e assistência social.

Justiça tributária

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Elisão – Condutas lícitas que objetivam impedir o nascimento da obrigação tributária.

Evasão – Condutas ilícitas tipificadas na Lei 8.137/90, que a doutrina divide em três espécies: sonegação, fraude e conluio.

Sonegação – Visa impedir ou retardar o conhecimento pela autoridade tributária do fato gerador. Ex: nota calçada

Fraude: Visa excluir ou modificar as características principais do fato gerador para reduzir ou evitar o pagamento de tributo. Ex: abuso de forma jurídica. Tratar como leasing (arrendamento) o que seria uma compra e venda para evitar o pagamento do ITBI ou do IR.

Conluio – Ajuste ilícito entre as partes para evitar o pagamento do tributo. Ex: médico oferece desconto na consulta mediante pagamento em dinheiro e sem recibo.

Ilícitos Tributários

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Outros crimes contra a ordem tributária:◦ Apropriação indébita - Deixar de recolher, no prazo

legal, valor de tributo ou de contribuição social, descontado ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria recolher aos cofres públicos (Lei 8.137/90, art. 2º, II)

◦ Contrabando – Comércio internacional de mercadorias proibidas por lei. Ex: drogas e armas

◦ Descaminho – Ingresso de mercadorias no país sem o pagamento do tributo devido na importação.

◦ Contrafação ( ou pirataria) – É crime contra a propriedade intelectual, ou seja, a reprodução de uma marca, patente ou obra sem a autorização do detentor de sua propriedade.

Ilícitos Tributários

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IRRF por Estado, DF ou

Município

IPI

IPVA

UNIÃO

100% do IRretido na fonte

10 %

ICMS

IR

MunicípioEstado e DF

100% do IRretido na fonte

25 %

25 %

50 %

21,5 % - FPERegião N,NE e

CO 3%22,5 % - FPM

+ 1% no 1º dec. de dezembro

Arts.157, I e

158, I, CF

Art.159, II e

§ 3º, CF

Art.158, IV, CF

Art.158, III, CF

Art.159,I,letras: a,

b, c, d

Repartição Constitucional das Receitas Tributárias

ITR50 % ou 100%

mediante convênio Art.158,

II, CF

CIDE

29%

As demais contribuições sociais não

são partilhadas

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MUITO OBRIGADO!

Eugênio Celso Gonç[email protected]

Fone: 31 3254-7305