tribunal superior do trabalho
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Tribunal Superior do Trabalho
ACÓRDÃO
I - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. INDENIZAÇÃO POR
DANOS MORAIS. ASSÉDIO MORAL. ABUSO DO PODER DIRETIVO. COBRANÇA
EXCESSIVA DO CUMPRIMENTO DE METAS. AMEAÇA DE DEMISSÃO E USO DE
PALAVRAS DE BAIXO CALÃO. VALOR ARBITRADO. Demonstrada possível violação do
art. 944 do Código Civil, impõe-se o provimento do agravo de instrumento para determinar o
processamento do recurso de revista. Agravo de instrumento provido.
II - RECURSO DE REVISTA. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. ASSÉDIO MORAL.
ABUSO DO PODER DIRETIVO. COBRANÇA EXCESSIVA DO CUMPRIMENTO DE
METAS. AMEAÇA DE DEMISSÃO E USO DE PALAVRAS DE BAIXO CALÃO. VALOR
ARBITRADO. Na esteira do art. 944 do Código Civil, o valor arbitrado a título de danos morais
deve ser compatível com a extensão do dano causado ao empregado. No caso concreto, tendo em
conta os elementos fáticos consignados pelo Tribunal Regional, notadamente as condições
econômicas do reclamado, o caráter punitivo e a reincidência do banco-reclamado na prática
ilícita e, para que situações como esta não se repitam, é razoável o valor de R$ 100.000,00 a
título de indenização por danos morais. Recurso de revista conhecido e provido.
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista n.° TST-RR-506-
65.2010.5.04.0332, em que é Recorrente M.B.F. e Recorrido BANCO SANTANDER (BRASIL)
S.A.
A Vice-Presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 4.ª Região denegou seguimento ao
recurso de revista interposto pela reclamante, com fundamento no art. 896,"a" e "c", da CLT e na
Súmula 296 do TST.
Inconformada, a reclamante interpõe agravo de instrumento, sustentando que seu recurso de
revista tinha condições de prosperar. Renova os argumentos relativos ao tema "Dano
Moral. Quantum Indenizatório."
Foram apresentadas contrarrazões e contraminuta.
Desnecessária a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho, consoante o art. 83, § 2.º,
II, do RITST.
É o relatório.
VOTO
I - AGRAVO DE INSTRUMENTO
1 – CONHECIMENTO
Preenchidos os requisitos legais de admissibilidade, CONHEÇO do agravo de instrumento.
2 – MÉRITO
2.1 - INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. ASSÉDIO MORAL. ABUSO DO PODER
DIRETIVO. COBRANÇA EXCESSIVA DO CUMPRIMENTO DE METAS. AMEAÇA DE
DEMISSÃO E USO DE PALAVRAS DE BAIXO CALÃO. VALOR ARBITRADO
O recurso de revista interposto pela reclamante teve seu seguimento denegado pelo juízo
primeiro de admissibilidade mediante os seguintes fundamentos:
"PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
Tempestivo o recurso.
Regular a representação processual.
O preparo é inexigível.
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
Responsabilidade Civil do Empregador/Empregado / Indenização por Dano Moral / Assédio
Moral.
Alegação(ões):
- violação do(s) art(s). 5º, V e X, da CF.
- violação do(s) art(s). 186, 187, 927, 932, III, 933 e 944 do CCB.
- divergência jurisprudencial.
A 8ª Turma, embora tenha confirmado a sentença relativamente à caracterização do assédio
moral, por maioria, deu provimento parcial ao recurso ordinário do reclamado para reduzir a
condenação por dano moral para R$ 20.000,00 (...). Consta no acórdão: ASSÉDIO MORAL.
INDENIZAÇÃO. (...) a reclamante logra provar que o reclamado praticou ato ilícito, por meio
de seus prepostos Paulo Marques (gerente geral da agência Novo Hamburgo) e Claudia Vargas
(supervisora da mesma agência). Embora a exigência de produtividade por parte da empresa não
represente, por si só, assédio moral que enseje reparação, Andrea Rockstroh Sprenger
(reclamante em outro processo contra o banco) afirma que tanto ela quanto outras duas colegas,
entre as quais a autora, ouviram de Claudia Vargas que deveriam atingir as metas nem que fosse
necessário 'rodar bolsinha na esquina' (fl. 341). Quanto à expressão 'macaca velha', efetivamente
a testemunha Adriana refere que era utilizada no banco para os empregados que tinham mais
experiência, ou seja, aqueles que teriam maiores condições de cumprir as metas (fl. 344).
Entretanto, é corrente a declaração das testemunhas de que havia excesso na cobrança de
resultados. Tanto pelo uso de e-mail, com mensagens periódicas informando a evolução das
metas de cada empregado, como pelas ameaças verbais de Paulo Marques - inclusive de
demissão -, por ocasião das reuniões coletivas ou individuais (fl. 338). Assim, está provado que a
reclamante sofreu humilhação e constrangimento por parte dos seus superiores hierárquicos,
sendo cabida a indenização por danos morais. (...) RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMADO
E RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMANTE. MATÉRIA COMUM. EXAME
CONJUNTO. VALOR ARBITRADO À INDENIZAÇÃO. Inconforma-se o reclamado com o
valor arbitrado à indenização por danos morais - R$ 300.000,00. Diz que é absurdo e
incompatível com a suposta lesão moral sofrida, pois não houve lesão grave [...] (fl. 369). Requer
seja reduzido o valor para o equivalente a três salários mínimos, no máximo. A reclamante, a seu
turno, sustenta que o valor fixado está aquém do necessário para desestimular a reincidência, não
contemplando de forma satisfatória a natureza pedagógica da indenização. Atenta para o poder
econômico do reclamado. Requer a majoração do valor para R$ 800.000,00. Examina-se. No
entender desta Relatora, considerando-se tanto o dano causado quanto o tempo em que a
reclamante laborou no reclamado (aproximadamente 20 anos), e o porte do empregador, o valor
arbitrado mostra-se adequado a cumprir a finalidade indenizatória e punitiva, não caracterizando
o enriquecimento sem causa da reclamante. Todos os fatos abordados nos recursos foram
considerados na fixação do valor da indenização. Todavia, a Turma, por maioria, entende que o
valor de R$ 300.000,00 arbitrado na origem é excessivo. Isso porque, embora se admita que a
indenização possui caráter pedagógico e punitivo, as expressões infelizes usadas por um ou outro
supervisor ou gerente em caráter geral, dependendo do contexto, não caracterizam assédio moral
mais pernicioso que é dirigido a um empregado específico. Por essa razão, dá-se provimento ao
recurso do reclamado para reduzir a condenação por dano moral para R$ 20.000,00. (grifei).
Os embargos declaratórios, a seu turno, foram rejeitados: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
DA RECLAMANTE. OMISSÃO. Requer a autora seja sanada a omissão do acórdão quanto ao
fato de não ter feito referência a dispositivos de lei invocados no seu recurso. De plano, vale
referir que, ante o contido no art. 897-A da CLT, ou mesmo no art. 535, I e II, do CPC, restritas
são as hipóteses de cabimento dos embargos de declaração, sendo função dos Tribunais, na
apreciação dessa espécie recursal, dirimir verdadeiras obscuridades, contradições, omissões, ou
eventual equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos do recurso, e não, responder a
questionamentos sobre teses jurídicas. Ou seja, os fundamentos para o cabimento dos embargos
de declaração estão restritos aos vícios indicados nos dispositivos legais já acima referidos. As
matérias trazidas para julgamento desta Turma foram explicitamente analisadas no acórdão, com
os respectivos fundamentos que ampararam a decisão. (...) Evidencia-se, pois, que os presentes
embargos de declaração não visam a corrigir imperfeições no referido acórdão, e sim reabrir o
debate em torno de questão já decidida por este Órgão Julgador, finalidade à qual não se presta o
remédio processual ora em exame. Mera decisão contrária ao interesse defendido pela parte não
enseja o ataque pela via integrativa. Reitere-se: se o propósito da parte embargante é atacar ou
rever a decisão embargada, deve fazer uso de instrumento processual que comporte conteúdo
revisional, hipótese em que não se enquadram os embargos de declaração. Com efeito, não é
necessário que o Julgador se manifeste expressamente sobre cada um dos argumentos
expendidos pela parte, em seu recurso, muito menos sobre os dispositivos legais ali invocados.
Por fim, não se verifica afronta aos dispositivos legais invocados, os quais se consideram
prequestionados, nos termos da OJ nº 118 da SDI-I do TST (...) Nega-se provimento aos
embargos de declaração da reclamante. (grifei). (Relatora: Maria Madalena Telesca, acórdão fls.
390 e ss. e 402 e ss.).
Não constato violação aos dispositivos de lei e da Constituição Federal invocados, circunstância
que obsta a admissão do recurso pelo critério previsto na alínea 'c' do art. 896 da CLT.
Reprodução de aresto que provém de órgão julgador não mencionado na alínea 'a' do art. 896 da
CLT não serve para confronto de teses.
À luz da Súmula 296 do TST, aresto que não revela identidade fática com a situação descrita nos
autos ou que não dissente do posicionamento adotado não serve para impulsionar recurso de
revista.
CONCLUSÃO
Nego seguimento."
No agravo de instrumento, a reclamante não se conforma com a redução do valor arbitrado para
a indenização por danos morais. Argumenta que se trata de ofensa gravíssima, com comprovados
danos de ordem psicológica e culpa do empregador. Entende que o Tribunal Regional deveria ter
considerado o potencial lesivo da demanda e a grande capacidade econômica do
agressor. Destaca que a redução corresponde a mais de 90% do montante arbitrado em primeiro
grau. Aduz não ter o acórdão recorrido atentado para os princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade nem para os critérios objetivos fixados no parágrafo único do art. 944 do
Código Civil, uma vez que há excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano.
Renova a divergência jurisprudencial e a arguição de violação dos arts. 5.°, V e X, da
Constituição Federal e 944 do Código Civil.
O Tribunal Regional deu provimento ao recurso ordinário interposto pelo Banco Santander S.A.,
reduzindo o valor da indenização por dano moral, que havia originalmente sido arbitrado em R$
300.000,00, para o valor de R$ 20.000,00 o valor arbitrado à indenização por danos morais. No
que interessa, adotou os seguintes fundamentos:
"No que tange à indenização pleiteada pela reclamante, os incisos V e X do art. 5º da
Constituição Federal asseguram a todo e qualquer cidadão o direito à reparação dos danos morais
porventura sofridos, assim entendidos aqueles respeitantes à esfera de personalidade do sujeito,
mais especificamente, os decorrentes de ofensa à sua honra, imagem e/ou intimidade. Trata-se de
decorrência natural do princípio geral do respeito à dignidade da pessoa humana, erigido a
fundamento do Estado Democrático de Direito Brasileiro (art. 1º, III, da Constituição Federal).
Ainda, de acordo com o art. 186 do Código Civil Brasileiro, Aquele que, por ação ou omissão
voluntária, negligência, ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, causa ato ilícito.
Por dano moral, entende-se todo sofrimento humano que atinge os direitos da personalidade, da
honra e imagem, ou seja, aquele sofrimento decorrente de lesão de direito estranho ao
patrimônio. Quando relacionado ao contrato de trabalho - na esfera do trabalhador -, é aquele que
atinge a sua capacidade laborativa que deriva da reputação conquistada no mercado,
profissionalismo, dedicação, produção, assiduidade, capacidade, considerando-se ato lesivo à sua
moral todo aquele que afete o indivíduo para a vida profissional, decorrente de eventuais abusos
cometidos pelo empregador, quer por sua ação ou omissão.
No aspecto, a reclamante logra provar que o reclamado praticou ato ilícito, por meio de seus
prepostos Paulo Marques (gerente geral da agência Novo Hamburgo) e Claudia Vargas
(supervisora da mesma agência). Embora a exigência de produtividade por parte da empresa não
represente, por si só, assédio moral que enseje reparação, Andrea Rockstroh Sprenger
(reclamante em outro processo contra o banco) afirma que tanto ela quanto outras duas colegas,
entre as quais a autora, ouviram de Claudia Vargas que deveriam atingir as metas nem que fosse
necessário "rodar bolsinha na esquina" (fl. 341).
Quanto à expressão 'macaca velha', efetivamente a testemunha Adriana refere que era utilizada
no banco para os empregados que tinham mais experiência, ou seja, aqueles que teriam maiores
condições de cumprir as metas (fl. 344). Entretanto, é corrente a declaração das testemunhas de
que havia excesso na cobrança de resultados. Tanto pelo uso de e-mail, com mensagens
periódicas informando a evolução das metas de cada empregado, como pelas ameaças verbais de
Paulo Marques - inclusive de demissão -, por ocasião das reuniões coletivas ou individuais (fl.
338).
Assim, está provado que a reclamante sofreu humilhação e constrangimento por parte dos seus
superiores hierárquicos, sendo cabida a indenização por danos morais."
No que concerne ao quantum indenizatório assentou os seguintes fundamentos:
"Inconforma-se o reclamado com o valor arbitrado à indenização por danos morais - R$
300.000,00. Diz que é absurdo e incompatível com a suposta lesão moral sofrida, pois não houve
lesão grave [...] (fl. 369). Requer seja reduzido o valor para o equivalente a três salários mínimos,
no máximo.
A reclamante, a seu turno, sustenta que o valor fixado está aquém do necessário para
desestimular a reincidência, não contemplando de forma satisfatória a natureza pedagógica da
indenização. Atenta para o poder econômico do reclamado. Requer a majoração do valor para R$
800.000,00.
Examina-se.
No entender desta Relatora, considerando-se tanto o dano causado quanto o tempo em que a
reclamante laborou no reclamado (aproximadamente 20 anos), e o porte do empregador, o valor
arbitrado mostra-se adequado a cumprir a finalidade indenizatória e punitiva, não caracterizando
o enriquecimento sem causa da reclamante. Todos os fatos abordados nos recursos foram
considerados na fixação do valor da indenização.
Todavia, a Turma, por maioria, entende que o valor de R$ 300.000,00 arbitrado na origem é
excessivo. Isso porque, embora se admita que a indenização possui caráter pedagógico e
punitivo, as expressões infelizes usadas por um ou outro supervisor ou gerente em caráter geral,
dependendo do contexto, não caracterizam assédio moral mais pernicioso que é dirigido a um
empregado específico.
Por essa razão, dá-se provimento ao recurso do reclamado para reduzir a condenação por dano
moral para R$ 20.000,00."
Observa-se do excerto transcrito que ficou evidenciado o ato ilícito praticado pelo reclamado,
por meio de seu preposto que se utilizava de palavras de baixo calão - mesmo que rodando
bolsinha- no trato com os empregados a fim de cumprissem as metas estipuladas pela empresa.
Também ficou evidenciado o assédio moral praticado pela empresa consistente no excesso na
cobrança de resultados, pelo uso de e-mail, com mensagens periódicas informando a evolução
das metas de cada empregado e, inclusive, com ameaças verbais do preposto demissão, por
ocasião das reuniões coletivas ou individuais.
O ordenamento jurídico brasileiro consagra o princípio da dignidade da pessoa humana,
insculpido no art. 1.º, III, da Constituição da República. Estabelece, ainda, a Constituição
Federal, em seu art. 5.º, X, da Constituição Federal que "São invioláveis a intimidade, a vida
privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização por dano material
ou moral decorrente de sua violação".
É sabido ser dever do empregador, que tem o controle e a direção da prestação de serviços, zelar
pelo bom convívio no ambiente de trabalho, mormente tendo em conta a condição do empregado
subordinado, o que, por si só, já lhe deixa em condição de vulnerabilidade.
No caso concreto, o tratamento descortês, por parte do superior hierárquico, ao lidar com seus
subordinados, já extrapola o poder diretivo do empregador, vez que enseja relevante sofrimento
íntimo. Isso tendo em vista que as relações de trabalho devem ser pautadas pelo respeito mútuo,
pois, ainda, que detenha poder de mando, ao empregador não é dado agir com falta de
urbanidade, respeito e cortesia.
A jurisprudência desta Corte vem se direcionando no sentido de rever o valor fixado nas
instâncias ordinárias a título de indenização apenas para reprimir valores estratosféricos ou
excessivamente módicos.
Nos termos do art. 944 do Código Civil, a indenização mede-se pela extensão do dano. O
parágrafo único do referido dispositivo, por sua vez, estabelece que, se houver excessiva
desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a
indenização. Por outro lado, a indenização por dano moral deve ser fixada com base nos
dispositivos constitucionais indicados e no art. 946 do novo Código Civil, que determina que
será por arbitramento.
No caso, conquanto o valor arbitrado pelo Juízo de Primeiro Grau, R$ 300.000,00 (trezentos mil
reais) seja exorbitante diante dos valores arbitrados neste tribunal para caso similares, a redução
para R$ 20.000,00 (vinte mil) é desproporcional.
Isso tendo em conta os elementos fáticos declinados no acórdão do Tribunal Regional,
notadamente a gravidade do dano, a culpa do ofensor, a capacidade econômica das partes e o
caráter pedagógico da condenação bem como a reincidência do banco-reclamado, vez que há
nesta Corte inúmeros precedentes envolvendo casos similares, em que foi caracterizado o assédio
moral decorrente do abuso do poder diretivo, alguns deles envolvendo prática de situações
vexatórias e humilhantes, além de pressão para o cumprimento de metas.
Vale destacar alguns precedentes envolvendo o mesmo banco, o que demonstra a reincidência na
conduta ilícita: RR-215400-03.2009.5.15.0070, Rel. Min. Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, 4ª
Turma, DEJT 26/10/2012; RR-138500-49.2006.5.15.0016, Rel. Min. Fernando Eizo Ono, 4ª
Turma, DEJT 24/2/2012; AIRR-236800-77.2006.5.02.0058, Rel. Min. Fernando Eizo Ono, 4ª
Turma, DEJT 19/12/2011; AIRR-1645-38.2009.5.10.0003, Rel. Min. Fernando Eizo Ono, 4ª
Turma, DEJT 19/12/2011; RR-14900-53.2009.5.04.0028, Rel. Min. Alberto Luiz Bresciani de
Fontan Pereira, 3ª Turma, DJ de 25/02/2011; RR-133900-57.2007.5.04.0403, Rel. Min.
Fernando Eizo Ono, 4ª Turma, DJ de 03/12/2010; AIRR-260840-45.2006.5.02.0084, Rel. Min.
Aloysio Corrêa da Veiga, 6ª Turma, DJ de 01/10/2010; AIRR-47940-20.2006.5.02.0373, Rel.
Min. Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, 3ª Turma, DJ de 28/05/2010.
Desse modo, com base nos preceitos mencionados e tendo em conta os fatos indicados no quadro
delimitado pela Corte de origem, impõe-se a reforma do acórdão recorrido, para majorar o valor
arbitrado a título de indenização por danos morais para R$ 100.000,00 (cem mil reais).
Tal valor se justifica por ser proporcional ao agravo e ao porte econômico da empresa bem como
a reincidência na prática ilícita, reforçando a função pedagógica, punitiva e indenizatória das
ações de reparação de dano moral e, ainda, o tempo de serviço da reclamante, que laborou vinte
anos na empresa, conforme consignado no acórdão do Regional.
Assim, a Corte de origem, ao reduzir o valor arbitrado para a indenização por danos morais em
primeiro grau, incorreu em aparente violação do art. 944 do Código Civil.
Dessa forma, DOU PROVIMENTO ao agravo de instrumento para determinar o processamento
do recurso de revista.
Conforme previsão dos arts. 897, § 7.º, da CLT, 3.º, § 2.º, da Resolução Administrativa 928/2003
do TST e 229, § 1.º, do RITST, proceder-se-á de imediato à análise do recurso de revista na
primeira sessão ordinária subsequente.
II - RECURSO DE REVISTA
1 – CONHECIMENTO
Satisfeitos os pressupostos extrínsecos de admissibilidade, passa-se ao exame dos pressupostos
intrínsecos do recurso de revista.
1.1 - INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. ASSÉDIO MORAL. ABUSO DO PODER
DIRETIVO. COBRANÇA EXCESSIVA DO CUMPRIMENTO DE METAS. USO DE
PALAVRAS DE BAIXO CALÃO. VALOR ARBITRADO.
Consoante os fundamentos lançados quando do exame do agravo de instrumento, CONHEÇO do
recurso de revista por violação do art. 944 do Código Civil.
2 - MÉRITO
2.1 - INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. ASSÉDIO MORAL. ABUSO DO PODER
DIRETIVO. COBRANÇA EXCESSIVA DO CUMPRIMENTO DE METAS. USO DE
PALAVRAS DE BAIXO CALÃO. VALOR ARBITRADO
Como consequência do conhecimento do recurso de revista por violação do art. 944 do Código
Civil, DOU-LHE PROVIMENTO para fixar o valor da indenização por danos morais em R$
100.000,00 (cem mil reais).
ISTO POSTO
ACORDAM os Ministros da Sétima Turma do Tribunal Superior do Trabalho, I) por
unanimidade, dar provimento ao agravo de instrumento para determinar o processamento do
recurso de revista respectivo, a fim de que seja submetido a julgamento na primeira sessão
ordinária subsequente; II) por maioria, conhecer do recurso de revista, por violação do art. 944
do Código Civil, e, no mérito, dar-lhe provimento para fixar o valor da indenização por danos
morais em R$ 100.000,00 (cem mil reais). Vencido o Exmo. Ministro Ives Gandra Martins Filho.
Brasília, 21 de novembro de 2012.
Firmado por assinatura digital (Lei nº 11.419/2006)
DELAÍDE MIRANDA ARANTES
Ministra Relatora