tribuna march 15, 2009

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QUINZENÁRIO INDEPENDENTE AO SERVIÇO DAS COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA 2 a Quinzena de Março de 2009 Ano XXIX - No. 1059 Modesto, California $1.50 / $40.00 Anual CINEMA Antero de Quental em filme CULTURA No dia 22 de Março na Casa dos Açores de Hilmar terá lu- gar a apresentação do livro de Maria F. Simões intitulado “As Lavadeiras, suas lidas”. A Casa dos Açores aproveita a ocasião para estrear o seu Grupo de Ma- tanças, de Violas e Mar Bravo. Não faltem. Maria F. Simões publica livro [email protected] • www.portuguesetribune.com • www.tribunaportuguesa.com Praia da Vitória - uma cidade de futuro - esta extraordinária fotografia panoramica de José Enes (parcialmente aqui representada) mostra bem a beleza da Cidade da Praia da Vitória. Saudamos a comitiva praiense de visita à California. Que levem todas as nossas saudades quando regressarem. Produzido pela RTP Açores e dirigido por Zeca Medeiros, estreou-se no Teatro Micaelense no dia 9 de Março, o telefilme Antero - o Palácio de Aventura. Um filme que durou mais de cinco meses a realizar e que conta a história de um dos nossos maiores poe- tas e escritores, nas- cido e morto em Ponta Delagada. Este telefilme será exibido dentro de pouco tempo na Costa Leste. Seria importante que o pudessemos ver na California. Benvindos quem por bem vem! Vale de San Joaquin é um autêntico poema Amendoeiras em Flor na estrada de acesso ao Pico dos Padres, Turlock foto de jose avila

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Page 1: Tribuna March 15, 2009

QUINZENÁRIO INDEPENDENTE AO SERVIÇO DAS COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA

2a Quinzena de Março de 2009Ano XXIX - No. 1059 Modesto, California$1.50 / $40.00 Anual

CINEMA

Antero de Quental em filme

CULTURA

No dia 22 de Março na Casa dos Açores de Hilmar terá lu-gar a apresentação do livro de Maria F. Simões intitulado“As Lavadeiras, suas lidas”. A Casa dos Açores aproveita a ocasião para estrear o seu Grupo de Ma-

tanças, de Violas e Mar Bravo. Não faltem.

Maria F. Simões publica livro

[email protected] • www.portuguesetribune.com • www.tribunaportuguesa.com

Praia da Vitória - uma cidade de futuro - esta extraordinária fotografia panoramica de José Enes (parcialmente aqui representada) mostra bem a beleza da Cidade da Praia da Vitória.Saudamos a comitiva praiense de visita à California. Que levem todas as nossas saudades quando regressarem.

Produzido pela RTP Açores e dirigido por Zeca Medeiros, estreou-se no Teatro Micaelense no dia 9 de Março, o telefilme Antero - o Palácio de Aventura.Um filme que durou mais de cinco meses a realizar e que conta a história de um dos nossos maiores poe-tas e escritores, nas-

cido e morto em Ponta Delagada.Este telefilme será exibido dentro de pouco tempo na Costa Leste. Seria importante que o pudessemos ver na California.

Benvindos quem por bem vem!

Vale de San Joaquiné um autêntico poema

Amendoeiras em Flor na estrada de acesso ao Pico dos Padres, Turlock foto de jose avila

Page 2: Tribuna March 15, 2009

2 15 de Março de 2009SEGUNDA PÁGINA

Year XXIX, Number 1059, March 15, 2009

O terceiro núcleo...

Seria bom que todos lessem o interessantíssimo artigo do Diniz Borges na página 10 deste jor-nal. Falar comunidade não é tão simples como parece.

A nossa comunidade vista a trinta mil pés de altitude não é a mesma como a vista da porta da nossa casa.Penso até que a nossa Comunidade são três núcleos comunitários distintos inseridos neste grande Estado - o primeiro, acaba nos fins de cinquenta, o segundo co-meça nos sessenta até a meados de oitenta e o terceiro, o mais importante para o futuro, começou nos oitenta até agora. O terceiro núcleo, o mais novo da nossa comuni-dade é realmente o mais rico em termos culturais, cien-tificos, intelectuais, mas encontra-se esvaído na comu-nidade americana, o que é muito bom e de louvar.O problema está em querermos que esse núcleo seja tão conhecido nas nossas mais antigas comunidades como é conhecido e admirado pela comunidade ameri-cana. Então, o que é que teremos de fazer?Como é que podemos trazer de volta, nem que seja por dois ou três dias por ano, essa juventude (os nossos filhos, os nossos netos) para que possamos partilhar com eles o futuro de todos nós.Quem percorre as páginas das revistas da UPEC, da Luso-American e outras organizações e vê as centemas e centenas de jovens a quem foram dados bolsas de es-tudo, pergunta “Onde estará toda esta gente, hoje com 30, 40 anos?”Que é feito deles?O Tribuna vai tentar encontrar muitos deles e partilhar com todos vós esse achamento. Ajudem-nos também.

Em tempo devido solicitámos ao Presidente da SATA uma entrevista, mas até ao fecho desta edição ainda não recebemos a sua concordancia. Pode ser que na nossa próxima edição a possamos partilhar convosco. jose avila

EDITORIAL

Cada vez é maior a confusãono Ensino de Português nos EU... assim dizem dois Conselheiros das Comunidades, José João Morais e Manuel Carrelo, das áreas consulares de New York, Newark e Washington. Acusam o Governo Português de ter imposto dois Coordenadores e um Consultor de Lisboa, nomeados por critérios de confiança política, de-pois de terem dito que os concursos seriam públicos.Estes dois Conselherios referem-se às nomeações de Ana Cristina Sou-sa, que trabalha em Turlock desde Setembro de 2007 e Fernanda Cos-ta que veio para a Costa Leste, em Dezembro de 2008. O consultor re-ferido chama-se João Graxinha e tra-balha no Departamento de Educação do Estado de Massachusetts.Segundo noticia a imprensa da Costa Leste, os dois Conselheiros afirmam que nunca foram consultados sobre estas nomeações.Na carta em questão, os Conselhei-ros fazem diversas considerações sobre os Coordenadores, seus cursos e vencimentos e afirmam que nos Es-tados Unidos teríamos pessoas alta-mente qualificadas para assumirem aqueles cargos.

Ana Cristina de Sousa, a Coordena-dora colocada na California, já res-pondeu à carta dos Conselheiros e afirma a certa altura na sua carta:”Não tenho conhecimento de qual-quer grande polémica em relação à minha nomeação em Setembro de 2007, data em que assumi a Coorde-nação do Ensino Português na Cali-fórnia e outros Estados Ocidentais (CEP.CA). Muitos dos meus colegas professores e significativo número

dos representantes das comunidades neste estado, já me conheciam do tempo em que fui Leitora de Língua e Cultura Portuguesas na Califor-nia State University, Stanislaus, em Turlock. Sendo natural haver discor-dâncias de estratégias ou opiniões entre pessoas envolvidas na mesma área de actividade, não me sinto nem desajustada a um contexto que já co-nhecia anteriormente e agora passei a conhecer ainda melhor, nem nunca me tinham dito, até ao momento em que os Senhores Conselheiros assim o expressaram, que não possuo as qualificações ou as competências ne-cessárias para este trabalho”.Mais à frente, Ana Cristina refere-se às “QUALIFICAÇÕES DA COOR-DENADORA”Normalmente não costumo publicitar o longo caminho que trabalhosamen-te percorri na minha carreira acadé-mica, mas vou fazer aqui um peque-no apanhado do que me parece mais relevante para a situação vigente:- 1 Diploma de conclusão do Ensino Secundário em Letras (Português, Inglês, Francês e Alemão)- 2 Licenciaturas: Línguas e Litera-turas Modernas, Variantes de Inglês/Alemão e Português/Inglês- 1 Mestrado: Estudos Norte-Ameri-canos, Literatura Norte-Americana- 1 Doutoramento (em fase de con-clusão): Formação de Professores de Português com apoio da tecnologia (cujo enfoque é precisamente a Ca-lifórnia)- 1 Certificado de pós-graduação em Educação e Formação Online- 1 Certificado de pós-graduação em Facilitação e Tutoria online

Depois, a Coordenadora interroga-se sobre se a “A COORDENAÇÃO É NOVA OU NÃO É NOVA?A CEP.CA é uma nova coordenação. Seria incorrecto afirmar o contrário, pois nunca existiu nada semelhante na Califórnia. Pessoalmente sinto-me muito honrada por estar aqui no preciso momento em que é possível levar a cabo este modelo de coorde-nação, como já antes me aconteceu quando vim inaugurar o 1º Leitorado de Português no Vale Central. A uma nova política de língua, cor-respondem neste caso novas estrutu-ras de coordenação. Por isso se fala de novo. Mas como sabemos, o novo tem sempre uma história e por isso as novas Coordenadoras tentam conhe-cer o trabalho das Coordenações an-teriores. Por exemplo, estive a fazer a actualização das listas elaboradas pela Drª Graça Castanho, a anterior Conselheira em Washington, conten-do o número de alunos e de escolas que ensinam Português na Califór-nia. E para o ano que vem terei de rever novamente essa lista, pois o nú-mero de alunos não é um dado fixo, já que o trabalho em educação está sempre em fluxo e não se pode dizer que alguma coisa está feita de uma vez por todas e para todo o sempre”.

E mais disse, numa longa carta, de-fendendo sempre a seriedade e as qualificações da sua escolha.

jose avila

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3COLABORAÇÃO

Tribuna da Saudade

Ferreira Moreno

O saudoso vilafranquen-se padre Ernesto Fer-reira, em “Animais de cor negra”, no seu

livrinho Ao Espelho da Tradição, deixou dito que “no Egipto faraó-nico gozava da maior celebridade o boi Ápis, que era retintamente preto e apenas tinha, do lado di-reito, uma mancha branca com a configuração de lua crescente. Haveria alguma dificuldade em encontrar este animal, mas logo que o encontravam era conduzi-do p’ra Mênfis e endeusado entre ruidosas manifestações de rego-zijo.O boi Ápis recebia homenagens de adoração durante 25 anos, findos os quais os sacerdotes o afogavam solenemente no Nilo, e em seguida o embalsamavam e sepultavam no templo de Serápis, com magnificentes honras fúne-bres. Depois procuravam-lhe su-

cessor”.Seja-me permitido, aqui e ago-ra, advertir que no capítulo 32 do Livro do Êxodo está descrito o episódio ocorrido no deserto, quando os israelitas moldaram em estátua um bezerro de ouro, presumivelmente em lembrança do boi Ápis.Conforme o testemunho do padre Ferreira, “na ilha de S. Miguel o povo acredita que a cor negra de certos animais lhes confere uma eficácia singular e um poder pro-digioso. Assim, se em ocasiões de trovoada alguém ocupar o lu-gar donde acabou de sair uma rês preta, pode ter a certeza de que não será fulminado pelo raio. O fígado e o coração do boi preto tem largo emprego na feitiçaria”.Um outro ilustre vilafranquense, dr. Urbano de Mendonça Dias, no quarto volume de “A Vila”, apontou ser “muito apreciado, e

por isso de muita procura o cora-ção de boi preto, porque por meio dele se praticavam vários bruxe-dos, e se alcançam vários favo-res. Diz-se que por meio dele se pode dar cabo duma pessoa que nos seja importuna, ainda mesmo que viva em Reinos Estrangeiros, sem haver necessidade de sair-mos de nossa casa, e assim dar lugar a que pessoa alguma saiba das nossas intenções”.Seguidamente, Mendonça Dias transcreve as diferentes práticas ou métodos no emprego do co-ração do boi preto, com o devido acompanhamento de determina-das rezas e invocações. Visto que não pretendo repetir essas mira-bolantes lengalengas, aqui fica a referência.Carreiro da Costa, na série “Tra-dições, Costumes & Turismo” (Outubro 1964), anotou que “tan-to o boi como a vaca ocupam po-sição de destaque no quadro das superstições populares açorianas, o que não é de admirar, uma vez

que desde remotas eras, nos Aço-res, os bois marcaram presença saliente em consequência de te-rem pertencido ao número dos primeiros animais aqui espalha-dos a fim de apoiar os trabalhos dos povoadores”.Relativamente ao boi, prossegue Carreiro da Costa, “trata-se dum animal que tem sido considera-do como sagrado, devido sem dúvida, não apenas a certas re-miniscências mitológicas, como também ao facto de prestar servi-ços apreciáveis aos trabalhos da lavoura”.P’ra poupar tempo e espaço, não vou agora enveredar p’la carreira de superstições associadas com o boi, como sejam aquelas lendá-rias e curiosas crónicas alusivas ao aparecimento providencial desse animal, cuja carne concor-ria p’rós tradicionais bodos do Divino Espírito Santo, como está amplamente patente em diversas páginas do livro “Açores, Lendas & Outras Histórias”, de Ângela Furtado Brum.Não quero deixar em branco que, em português, temos “olho-de-boi” aplicado à chamada cla-rabóia (skylight, em inglês), ou seja, aquela abertura envidrada existente no alto de edifícios e destinada a iluminar e ventilar o interior. A expressão “passo de boi” significa andar devagar, en-quanto “andar com o carro adian-te dos bois” indica fazer qualquer coisa ao contrário. E bom será lembrar que em vão se leva um

boi a beber água quando ele não tem sede, nem tão pouco se ven-de um boi por dois carniceiros.Dito isto, vamos agora aos adá-gios: o boi com muito viço dá com o corno no toutiço. O boi pelo corno e o homem pela pala-vra. Quem não tem bois, trabalha com vacas. Quem seu carro unta, os seus bois ajuda. Não vai o car-ro adiante dos bois. Onde vai o carro, vão os bois. O boi depois de morto é vaca. Boi bravo em terra alheia fica manso. Boi far-to não é comedor nem lambedor. Boi que campeia, sinal de mau tempo.Boi solto lambe-se todo; boi amarrado, só um bocado. Boi que engorda na canga, engana o com-panheiro. Boi velho, dêem-lhe de comer, que ele por si procura a abrigada. Mais come o boi duma só vez que a ovelha em todo o dia. Boi velho gosta de erva tenra. Vaca do monte não tem boi certo. Vaca que não come com os bois, ou comeu antes ou depois.Não se aparelha um boi e um burro ao mesmo arado. O boi conhece o dono e o jumento a manjedoura. O inferno não se fez p’rós bois, nem p’ràs vacas. A boi velho chocalho novo. Ainda que o teu boi seja manso, não o mor-das no beiço. De boi manso me guarde Deus que do mau eu me guardarei. De pequeno verás que boi terás. Guarda-te do boi pela frente, do burro por detrás e do demo por todos os lados.

Na companhia de bois (2)

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4 15 de Março de 2009COLABORAÇÃO

Da Música e dos Sons

Nelson Ponta-Garç[email protected]

Depois de alguns pedidos de leitores, aqui vai mais uma lista de música Portuguesa que não é muito usual em terras Americanas. Não procurem em CD na Califórnia, Infelizmente não existe (e muitas destas musicas tem mais de 20 anos). Mas, vale-nos a Internet!... Façam uma pesquisa e encontrarão:

(A medida que se aproxima o 25 de Abril, musica ideal!)

Milho Verde – Zeca Afonso – Zeca Afonso no Coliseu

Venham Mais Cinco – Zeca Afonso - Zeca Afonso no Coli-seu

O que faz Falta - Zeca Afonso -

Zeca Afonso no Coliseu

Vampiros – Zeca Afonso - Zeca Afonso no Coliseu

Temas mais “Mexidos”... Quase que davam para dançar:

Canção do Engate – Delfins - O caminho da Felicidade

Lugar ao Sol - Delfins - O caminho da Felicidade

Um Sonho Teu – Delfins - O caminho da Felicidade

A minha Casinha – Xutos e Pontapés – Sei onde tu estas

Fim do Mes – Xutos e Pontapés – Sei onde tu estas

Chuva Dissolvente - Xutos e Pontapés - Sei onde tu estas

Aqui Ao Luar – Xutos e Pontapes

Dunas – GNR – Tudo o que você queria ouvir

Brilho Dental – Rui Veloso – Ar de Rock

Chico Fininho – Rui Veloso – Ar de Rock

O Barco Vai de Saída - Fausto

Castelos No Ar – Rita Guerra

O Anzol – Radio Macau

Sempre Longe demais – Radio Macau

Se eu fosse um dia o teu Olhar – Pedro Abrunhosa

Vira-Vira – Mamonas Assassinas

Criatura da Noite – Entre Aspas

A Carta – Toranja Perdidamente – Luís Represas

Where are you?

Novos Tempos

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Estes são os primeiros jovens que vamos tentar descobrir o seu paradeiro. Todos eles receberam Bolsas de Estudo da Luso Ame-rican Education Foundation em 2003, há precisamente 6 anos, o que quer dizer, que a maioria de-les já acabaram os seus estudos e

estão a trabalhar nas suas profis-sões.

Quem souber do paradeiro destes nossos jovens, digam-nos através do email [email protected] ou telefonando para 209-576-1951.

Nas nossas próximas edições continuaremos com este painel, tentando compreeender onde es-tão e o que fazem toda esta juven-tude portuguesa.

Zeca Afonso

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5COLABORAÇÃO

Muito Bons Somos Nós

Joel [email protected]

A insensibilidade da sra. Diakité“Tenho sobre Miguel Portas uma série de vantagens. A primeira é que costumo fa-zer um esforço por pensar pela minha própria cabeça. A segunda é que estive quase sempre mais de duas horas nos países islâmicos que visitei”.

É interessante que muitas vezes nem nos apercebemos da qualidade dos livros que se publicam na California. Passamos ao lado e só nos damos conta desse facto quando percorremos a Internet e se ouvem ladainhas a aleluias àcerca dos nossos es-critores e da qualidade da sua escrita. Comprem e leiam as histórias que nos fize-ram aquilo que somos.

Footprints in the soil: a Portugue-se-Californian remembersBy Rose Peters Emery, Portuguese Herita-ge Publications of California,

The Portuguese in San Joseby Meg Rogers with support from the Portuguese Historical Museum, Arcadia, 2007

A quest for the story of Antonio and Maria from the Azores to Washington Townshipby Doris Machado Van Scoy, c1992

Azoreans to California: a history of migration and settlementby Robert L. Santos, Denair, Calif., Alley-Cass Publications, c1995

Barrelful of memories: Stories of my Azorean FamilyBy Pauline Correia Stonehill, Portuguese Heritage Publications, c2005

California and the Portuguese; how the Portuguese helped to build up California. A monographwritten for the Golden Gate international exposition on San Francisco bay, 1939by Celestino Soares; drawings by Jorge Barradas, R and E Research Associates, 1970, Reprint of 1939 ed.

The Holy Ghost festas : a historic perspective of the Portuguese in Californiaby Tony P. Goulart, project coordinator, San Jose Portuguese Chamber of Com-merce, c2003

The Portuguese Californians: im-migrants in agricultureby Alvin Ray Graves, Portuguese Heritage Publications of California, c2004[305.869 B53 Case & circulating copy]The Portuguese in Californiaby Vicky Borba ... [et al.], University of Santa Clara, 1986

Portuguese in Californiaby Walton John Brown, R and E Research Associates, 1972 (Reprint of M.A. Thesis, USC, 1944)

The Portuguese shore whalers of California, 1854-1904by David E. Bertão, Portuguese Heritage Publications of California, c2006

Report: First symposium on Por-tuguese Presence in CaliforniaLuso-American Education Foundation, 1974

Stories of California Azorean im-migrants: an anthology of personal life sketchescompiled by Robert Leroy Santos, Denair, Calif., Alley-Cass Publications, c1998

Stories Grandma never told: Por-tuguese women in Californiaby Sue Fagalde Lick, Heydey Books, c1998

Flight of the Hawk Islanders: an Azorean emigrant storyby Robert Santos

Acorianos na Califórnia: prólogo, entrevistas e notaspor Eduardo Mayone Dias, Secretaria Re-gional da Educação e Cultura, Direcção

Regional dos AssuntosCulturais, c1982

Os portugueses na Califórniapor Urbino de San-Payo, Secretaria de Es-tado da Emigação [i.e. Emigração], Centro de Estudos, Fundo Documental e Icono-gráfico da Emigração e das Comunidades Portuguesas, 1985

A rota da saudade [videorecor-ding] : portugueses na CalifórniaPBN Productions; produtor executivo, Da-vid Martins; director, Sergio do Lago; texto, Eduardo Mayone Dias A history of the Azores Islandsby James H. Guill, Tulare, Calif. : Golden Shield Publications, Golden Shield Inter-national, c1993

NOTA - Se forem ao Google e escreverem Eduardo Mayone Dias, encontrarão cente-nas de referências àcerca da nossa emigra-ção. Vale mesmo a pena.

Tivesse eu uma filha em idade de casar e seria o primeiro a dar-lhe o conselho: “Filha minha,

desconfia sempre um bocadinho das pessoas – mas sobretudo des-confia muito das razões porque elas se associam umas às outras, nomeadamente se se tratar de outra coisa que não de amizade. Desconfia de grupos e de grupe-lhos, filha. Desconfia de movi-mentos e de partidos políticos. Desconfia de sindicatos e de pla-taformas – e, já agora, desconfia também, desconfia muito e des-confia metodicamente, de religi-ões. Portanto, se queres casar-te com um muçulmano, casa-te com um muçulmano. Lá estarei no ca-samento. Mas, em todo o caso, pensa bem.”Naturalmente, tenho sobre Miguel Portas uma série de vantagens. A primeira é que, independen-temente dos calendários eleito-rais, costumo fazer um esforço por pensar pela minha própria cabeça. A segunda é que estive quase sempre mais de duas horas nos países e territórios islâmicos que visitei. E a terceira é que sou protestante. Ou fui protestante – e um protestante, conhecendo a verdadeira dissolução familiar em que pode redundar um sim-ples casamento entre elementos mais ou menos descontraídos de duas congregações cristãs dife-rentes, conhece também a dis-solução em que pode redundar um casamento entre elementos

devotos de duas religiões que há séculos se diabolizam.As razões por que a história de Mourtala Diakité me encanta, pois, não são as mesmas por que encanta Miguel Portas. Pensando bem, Miguel Portas há-de ver ali, naquela história de um muçulma-no que se casa com uma testemu-nha de Jeová apesar dos apelos de quase toda a gente para que man-de às malvas a cerimónia, mais um belo conto sobre a inexorá-vel aproximação de civilizações: mais um contributo para a extin-ção de todos os muros e, já agora, nova prova de que o ser humano é fundamentalmente bom – fun-damentalmente bons todos nós, mesmo quando apregoamos o ódio, a sede de vingança e o de-sejo de sangue.Pois eu vejo ali uma história de futebol – e rio-me. Rio-me e de-licio-me. Delicio-me porque tudo naquela história de um jogador que tem casamento marcado para o dia de um jogo contra o Benfica e, de repente, dá por si cercado de pedidos de treinadores, de adep-tos e até de jornalistas para que vá lá depressa casar, mas deixe a boda e a noite de núpcias para outro dia, de forma a poder “dar o seu contributo à equipa”, me traz de volta um futebol, um mundo e mesmo um tempo de que quase me esquecera já – e de que tenho inegavelmente saudades. Deli-cio-me por isso – e rio-me porque nada do que verdadeiramente in-teressa naquela história tem o que

quer que seja a ver com o facto de o Diakité ser muçulmano e a sua noiva testemunha de Jeová.Dizia Jaime Pacheco, treinador do Belenenses, na véspera si-multaneamente do jogo e do ca-samento: “As mulheres, hoje em dia, é que mandam.” Na sua ca-beça, duas coisas são óbvias. A primeira é que o casamento é cla-ramente coisa de mulheres. A se-gunda é que, apesar de tudo, um homem não pode viver sem uma mulher, tal como não pode viver sem a SporTv, o GPS TomTom e a churrasqueira do quintal – e, por-tanto, quando elas querem mes-mo casar, é sempre difícil um ho-mem contrariar-lhes o capricho.

E de nada serve, como muito bem se viu, ape-lar à sua “sensibilida-de”. Anunciou Pacheco:

“Vou apelar à sensibilidade dela” – e eu acredito que ele o tenha feito. Infelizmente, como se sabe, as mulheres encasquetam estas coisas na cabeça e depois não há nada a fazer. De forma que Diaki-té não teve outro remédio senão casar, ficar para a boda, alinhar naquela treta da noite de núpcias – e, naturalmente, deixar o Be-lenenses órfão no meio campo. E nós, já agora, não temos outra coisa a fazer senão compreendê-lo, se ainda por cima a cínica da noiva se pôs (vejam bem como é manipuladora) a usar argumentos como “este é o dia mais impor-tante das nossas vidas”, entre ou-tras demagogias parecidas.

Para mim, e à excepção do avião que amarou no Hudson, foi a me-lhor história do mês. Uma histó-ria vinda ainda de um tempo em que as mulheres se dedicavam a caprichos inúteis e os homens à brincadeira viril. Uma história vinda ainda de um tempo em que se podia discutir o casamento entre duas pessoas de religiões inimigas com a necessidade de proteger um desafio de futebol como principal argumento – e so-

bretudo uma história vinda ainda de um tempo em que o casamen-to entre duas pessoas de religi-ões inimigas tinha como mais perigoso efeito colateral deixar o Belenenses sem médio defensivo. Infelizmente, porém, o futebol já não é assim tão boçal. Nem o mundo tão inocente.

Hajam bons leitores, porque livros há e dos bons!

Page 6: Tribuna March 15, 2009

6 15 de Março de 2009COMUNIDADE

Falecimento

Ana Oliveira Vieira

Faleceu no dia 8 de Março no Hospital de An-gra do Heroísmo, Ilha Terceira, Ana Oliveira Vieira, contando 95 anos de idade. Era viú-va de Manuel Sequeira Vieira. Lamentando a sua morte deixa seus filhos, Alberto Viei-ra, casado com Catarina Vieira; Bernardete Vieira Lynch, casada com Bill Lynch; Batista Vieira, casado com Dolores Vieira; Lino Viei-ra (falecido) casado com Fátima Vieira; e Vel-ma Vieira Santos, casada com Dalberto San-tos. Deixa 12 netos e 11 bisnetos, e duas irmãs, Isabel Amarante e Bernardete Oliveira. Tambem deixa duas cunhadas, Maria Vieira Pires e Victória Vieira, ainda sobrinhos e sobrinhas. Será celebrada uma missa sufragando a sua alma quando o filho Alberto Vieira regressar dos Açores e que será anunciada brevemente nas estações KSQQ e KLBS.

Coisas & LoisasAlcides na Televisão - quando este jornal estiver a ser imprimido (dia 13 de manhã bem cedo), Alcides Machado estará a cantar e a ser entrevistado no Canal 14 da Univision em San Fran-cisco. Assim é que é. Conquistar reconhecimento internacional tem sido sempre o lema do Alcides.

Educação, again? - já não bastava a crise financeira, económica, roubalheira, mental, para mais uma vez a educação vir ao de cima, com insinuações graves trazidas por dois conselheiros das comunidades da Costa Leste, que deveriam ser provadas, pois está em jogo o profissionalismo dos acusados.

Ramana Vieira - penso que seria interessante se a Ramana Vieira cantasse o Fado em Inglês. Seria bonito e poderia trazer novos horizontes musicais a ela e ao seu conjunto. O Fado não é a língua. O Fado é sentimento, amor e paixão. Também pode e bem ser trans-mitido em Inglês. Aqui fica o palpite. Em Roma sê romano.

Carnaval - alguém deveria contabilizar todas as despesas hav-idas com o Carnaval, para se poder mostrar àqueles que não querem pagar $5.00 ou $7.00 dólares para ver os bailinhos da nossa alegria.Custa-me a acreditar que ainda há muita boa gente que pensa que o mundo é quadrado e que as pessoas se vestem e se movem de terra em terra pela força da gravidade.

Biblioteca J. A. Freitas - tal como se vai à Missa todos os Domingos, deveríamos tirar um certo tempo da nossa vida para visitar a melhor e única Biblioteca Portuguesa no Estado da California. Na página 19 podem admirar quão bela ela é, com mais de 12 mil livros à disposição de toda a gente. Visitem-na, toquem naqueles livros, procurem autores das vossas terras, e mesmo que não os leiam, percorram-os com os olhos. Quantas vezes é que as nossas escolas, os nossos alunos de Português a visitaram? Aceitam-se apostas. E já agora, visitem também o Museu da UPEC. Vale bem a pena. Na nossa próxima edição mostraremos o Museu.

Quem não sabe pergunta - nesta altura do ano quem passeia à volta dos canais de irrigação já centenários existentes nalgumas cidades do Vale de San Joaquin apercebe-se dos milhões ou biliões de cascas de ameijoas no fundo dos ditos canais, que estão secos no inverno. Metia-nos uma certa confusão a existência de tal “marisco” nos canais. Nada mais simples - são ameijoas de água doce, diz-nos o MID. E esta?

Oração dos Aflitos Aflita se viu a Virgem aos pés da Cruz. Aflita me vejo eu. Valei-me Mãe de Je-sus.Confio em Deus com todas as minhas forças. Por isso peço que ilumine os meus caminhos, concedendo-me a graça que tanto desejo. (Faça a pedido e mande publicar ao ter-ceiro dia e aguarde o que acontecera no quarto dia).

Oração à nossa querida Mãe

Nossa Senhora Aparecida, Nossa Querida Mãe, Nossa Senhora Agradecida. Vós que amais e nos guardais todos as

dias. Vós que sois a mais bela das mães, a quem eu amo de todo o coração, eu vos peço mais uma vez que me ajudeis a al-cançar esta graça, por mais dura que ela seja (fazer o pedido). Sei que vós me aju-dareis, que me acompanhareis até à hora da minha morte. Amen! Rezar 1 Pai-Nosso e 3 Ave Marias. Fazer esta oração, 3 dias seguidos e alcançará a graça, por mais difIcil que seja. Mande publicar no jornal. Em caso extremo po-de-se fazer em 3 horas. Agradeço à nossa querida mãe, Nossa Senhora Aparecida, por esta graça.

IM

CONVERSA COM JESUS Converse com Jesus todos os dias, durante nove dias orar: Meu Jesus em Vós depositei toda a minha confiança. Vós sabeis de tudo, Pai e Senhor do Universo, sois o Rei. Vós que fizestes o paralítico andar, o morto voltar a viver, o leproso sarar, Vós que vedes minhas angústias, minhas lágrimas, bem sabes, Divino Amigo, como preciso alcançar do Vós esta grande graça: (pede-se a graça com fé). A minha conversa conVosco, Mestre, dá-me ânimo e alegria de viver. Só de Vós espero com fé e confiança (pede-se a graça com fé). Fazei, Divino Jesus, que antes de ter-minar esta conversa que terei conVosco durante nove dias, eu alcance esta graça que peço com fé. Com gratidão publicarei esta oração para que outros que precisem de Vós aprendam a ter fé e confiança na tua misericórdia. Ilumine meus passos, assim como o Sol ilumina todos os dias o amanhecer e testemunha a nossa conversa. Jesus, tenho confiança em Vós, cada vez mais aumenta a minha fé, por graças alcançadas. A.V.

Page 7: Tribuna March 15, 2009

7COLABORAÇÃO

Rasgos d’Alma

Luciano [email protected]

Sorte na Vida

Catarina Freitas900 H Street, Suite GModesto, CA 95354Phone: 209.338.5500Cell: 209.985.6476Fax: [email protected]

Ter ou não ter – eis hoje o simpá-tico teor da minha comovente questão.

Coitadinho! – Não teve sorte! – Dizem-me os que mal o conhecem.É burro! – Não tem cabeça! – Insinuam os menos bem intencionados.Francamente, não concordo com uns nem com outros.

Aguiar, sentado na sua bicicleta, peda-la forte e feio ao cair da noite a caminho do ginásio onde investe regularmente na simbólica troca de suor por saúde. Com boa saúde e muita sorte acredita poder vir a dar ainda este ano um certeiro pontapé na vida que o desafia à sua frente. É tam-bem jogador de futebol nas horas vagas mas continua ilusivamente à espera dum fortuito remate vitorioso que lhe dê verda-deira razão para celebrar em grande.Lembra-se perfeitamente bem de ter fes-tejado há vários anos atrás a alegria única do nascimento do filho lá na ilha que um dia nos viu nascer e mais tarde convidou tambem a imigrar.Imigrou à balda e para trás ficaram filho e mãe. O drama continua. Não teve uma infância fácil. Mas a culpa não foi sua. Foi de quem, impreparada-mente, decidiu trazê-lo ao mundo.Do mundo verdejante que sempre foi e continua a ser a bonita ilha onde cresceu…guarda as melhores recordações. É certo que – sem ideia clara do futuro, atropelou então o presente faltando muito à escola –

nem sequer chegou a completar a quarta classe. Porém, não foi tanto por não ter cabeça. Foi mais por não ter tido outro re-médio. Por, infelizmente, ser comum demais nos dias d’hoje os pais não se entenderem e os filhos é que pagarem as favas – como foi o seu caso – a sorte não esteve do seu lado. Cedo se desapegou dos livros para se apegar ao trabalho e à responsabilidade de ajudar a trazer algum pão para a mesa que repartia humildemente com a mãe e com o irmãozinho. O pai desertara-os de forma que ainda hoje dói. As cicatrizes não mentem. É triste quando um homem nem vale meio tostão. O que vale é que um ilhéu tem sempre uma boa safa: o seu mar – o amigo fiel que ja-mais o abandonará.

A nadar, Aguiar era tambem um perito. Tinha licença de mergulhador. Durante vários anos, de facto, encontrou no mar o seu melhor amigo. Nunca o deixou mal. Ao musgo, às lapas, aos polvos, ao peixe em abundância mergulhava regularmente para garantir o sustento da mulher e do filhote. Passaram os três momentos ines-queciveis picnicando à borda d’água com a vida a mostrar-lhe sorridentemente o seu lado melhor.O pior, quando menos se espera, são os mergulhos em seco que um homem dá – as cabeçadas à toa nos calhaus roliços e traiçoeiros que lhe reviram num instante a vida de pernas para o ar.Um desentendimento, uma querela, a se-paração, o divórcio – as dores que não se curam com uma simples passagem para a

America de ida sem volta.Sem papeis, sem carro, sem carta, sem canto certo de dormir nem comida asse-gurada ao jantar – “…A America é nas ilhas.” – Desabafa às vezes com ilusões de regressar.Apetecia-lhe mas não pode. A sua cor-rente situação, ilegal em ambos os lados, aconselha-o a pensar duas vezes.Nem a pé nem a cavalo, crama a sua sorte e tenta fazer das tripas coração a ver se a coisa calha. A coisa, porém, como todos sabemos, não está para brincadeiras.Mas ele também não se importa.

Aguiar, sem licença nem carro seu, canta-rola ao volante com gracejos e picardias, sempre a rir e a brincar porque o bossa o deixa raivar desde que não bata com a ca-beça na parede. “Isso é que nunca.” Garante, decisivo: “Tenho um filho crescido e quero ajudá-lo a ser alguém.”Não me digam que este gajo não tem ca-beça.Também não tem cara de burro.Ter ou não sorte na vida, isso já é outra questão.Cada qual faz a sua e ninguém julga ter a que merece.

Costa dos Biscoitos, Terceira

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8 15 de Março de 2009COLABORAÇÃO

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A Rosinha da Foz Velha do Porto

O Regresso à Ilha foi uma romaria de Saudade

... A NOSSA “BABE” DIDRIKSON ZAHARIAS!

A Rosinha da Foz Velha do Por-to faz-me lembrar a “Babe” Di-drikson Zaharias, uma de sete filhos de imigrantes noruegueses que foram fixar-se no Sudeste do Texas e se afirmou como uma mulher-gigante do Século XX, juntando-se em toda a sua mag-nificência a Margaret Mead - cé-lebre autora e antropologista americana -, a Eleanor Roo-sevelt - quiçá uma das mais admiradas Pri-meira Dama dos Estados Unidos e decerto Pri-meira Dama do Universo, reco-nhecida inter-nacionalmente pelo seu traba-lho e esforços hu ma n it á r ios e, finalmente, a Agnes Gon-xha Bojaxhiu - a santíssima Mother Teresa nascida em 1910 em Skopje, en-tão parte da Ju-goslávia.Quatro Mulhe-res-Gigantes do Século XX!Há pontos de si-milaridade en-tre a nossa Rosa Maria (“Rosi-nha”) Correia dos Santos Mota e a Mildred Ella (“Babe”) Didrikson Zaharias. Entre elas - colossais atletas! - há sinais e marcas distintivas comuns, que desde logo as colo-cam num horizonte, num trono e num “céu” inacessíveis a menos do que gigantes! De aí que as diga fenómenos raros e as admire incondicionalmente.De aí que as considere eminen-tes pelo seu talento, valor e cora-gem. De aí que lhes reconheça qualida-des de paridade com o Homem.Curiosamente, são ambas de Ju-nho. A Babe - que viveu apenas até 1956 - nasceu há 97 anos em Port Arthur no Texas e a Rosinha há 50 anos em Foz Velha do Por-to. Zaharias distinguiu-se no prin-cípio - em competições nos seus primeiros anos de escola - como uma atleta tão dotada que excedia todas as outras a correr, saltar, jo-gar e a pensar - parecendo que a Natureza a produzira num rasgo de excepcional perfeição. Na Universidade salientou-se nas equipas femininas de basquetebol e ténis e durante os Jogos Olímpi-cos de 1932 em Los Angeles - o mesmo ano em que Amelia Ea-rhart se tornou na primeira mu-lher a voar solo sobre o Atlântico! - Zaharias conquistou medalhas de ouro, com recordes mundiais, no lançamento do dardo e nos 80 metros barreiras, enquanto um pormenor técnico a privou de ter-

ceiro ouro no salto em altura.A Babe excedeu no Desporto a Mulher! Não conseguiu exceder-se a si própria porque foi ines-gotável! O seu multifacetado e incomparável legado que a qua-lificou como a melhor atleta - homem ou mulher - da primeira metade do Século XX, nutre o aplauso público pela sua exce-lência em desportos tradicional-mente competitivos e absorve de

um trago a plêiade que com ela e contra ela competiu.Zaharias dominou em saltos aquáticos, softbol, golf, basque-tebol e atletismo.Zaharias desafiou noções con-suetudinárias de feminidade com as suas arrojadas piadas à im-prensa. Zaharias dilatou os limites acei-táveis do que uma atleta podia e devia ser. A biografia de Babe Didrikson Zaharias obriga o fascínio, dá ra-zão a trabalho longo e torna deli-cioso escrever.Como, porém, se torna igualmen-te delicioso escrever sobre uma mulher-gigante da Nobre Cidade Invicta, vou deixar por agora a Babe e falar da nossa Rosinha.Irei falar da Rosa Maria como quem fala de uma das mais de-licadas rosinhas-de-Portugal - como as que salpicam com cor suave tufos alindando o lindo da inigualável Sintra e despontam como a aurora entre o verde-alourado do musgo, o fresco dos limoeiros e a giesta a explodir uma sinfonia de amarelo. Rosa Mota foi considerada como uma das melhores maratonistas do Século XX.Em 1982, nos Campeonatos da Europa em Atenas, a Rosa Maria correu a sua primeira Maratona. O ouro - dizia-se - pertencia à Ingrid Kristiansen. Erro crasso pois a corredora por-tuguesa prevaleceria conquistando na Grécia a sua primeira peça

de sentido valiosíssimo e cara ou-rivesaria! É assim em todos os desportos. Só ganha o ouro quem nasceu predestinado! Na sua primeira Maratona Olím-pica em 1984 em Los Angeles, a Rosinha sofreu um percalço. Trouxe bronze em vez de ouro. Um transtorno do ofício, remedi-ável nas mãos dela. Quatro anos depois, na Olimpía-

da de Seoul na Coreia do Sul, a Rosa Maria atacou a dois qu i lómet ros da meta con-quistando o ouro e deixan-do a prata para a Lisa Martin.Ouro, ouro e ouro enrique-ceram tam-bém o bolso da nossa Rosinha nos Europeus de 1986 em Estugarda e de 1990 em Split e no Mundial de 1987 em Roma.Só ganha o ouro quem nasceu predes-tinado! É as-sim em todos os desportos.Em 1987, 1988 e 1990 a Rosa Maria triun-fou na Mara-tona de Bos-ton e em 1985

repetiu em Chicago o triunfo de 1984. Com a sua postura campeã privi-legiou Roterdão em 1983, Tóquio em 1986, Osaka em 1990 e Lon-dres em 1991 indo ali dizer que a Foz Velha do Porto e Portugal existiam e conquistar, categori-camente, o primeiro lugar. Sem-pre o primeiro lugar! Sempre o ouro!É assim em todos os desportos. Só ganha o ouro quem nasceu predestinado! Como as essências coníferas que predominam nas florestas do norte do hemisfério, entre 1982 e 1991 predominou no mundo a essência Rosa Mota!Predominou a sua qualidade de maratonista extraordinária! Predominou a sua genética pro-pensão para vencer! Para vencer sem se jactar!Na excelência e humildade de Rosa Mota, Portugal resplande-ceu!A Rosinha da Foz Velha do Porto faz-me lembrar a “Babe” Didrik-son Zaharias ... Ao escrever estas linhas tive sem-pre a Rosinha no pensamento. E a infinita paciência da minha Mulher. E a saudosa memória da minha Mãe.(Texto apresentado durante o Encontro “Mulher Migrante em Congresso”, realizado em Espi-nho de 6 a 8 de Março de 2009)

A Vida Real

Edmundo Macedo

Promessa implícita de mim a de voltar um dia! Após trinta e sete anos de ausência, foi impos-

sível controlar a emoção da che-gada! ‘Onde estou, será possível’? É a pergunta que faço a mim mesma ao chegar ao aeroporto. De olhos extasiados vejo tudo como se fosse pela primeira vez. Tudo é

novo agora, mas igual aos meus anos de menina, é um passado renovado e absolutamente lindo! O primitivo que renasceu, pelo menos na minha memória. Valeu a pena voltar para recrear os olhos nessa ilha paradisíaca que resistiu às intempéries que o tempo lhe infligiu e mesmo assim continua lá erguida e mais bela do que nunca. È isso, cresceu em beleza, porque o sofrimento que não mata, fortalece. Lá segui para as Velas, com uma paragem no Canavial, aquele re-canto lindo com a pequena baía entre dois montes, onde o mar tem uma tonalidade inegualável. O progresso tirou-lhe um pouco o ar bucólico e tornou-o dife-rente daquele óleo que pintei na juventude, e que felizmente con-segui reaver. Ver aquele mar de onde emer-gem rochas negras como que ilhas em miniatura e com formas tão peculiares, foi um milagre. Revi-as com uma ternura imen-sa ao redescobri-las nas minhas recordações mais distantes. Como me lembro desse mar, onde os meus olhos de menina se fixa-ram tantas vezes imaginando-o com pontes que me ligariam ao mundo, esse mundo que tanto ansiava conhecer, e que eu sabia existir para além do horizonte. E a Tia? lá estava, com as mar-cas do tempo no bonito rosto, os olhos negros e inteligentes, ago-ra com menos brilho. Triste pe-las perdas sofridas mas feliz de nos ver, a mim e à minha prima que chegou na manhã seguinte. Ela, responsável por esta via-gem, quem me motivou e a quem nunca poderei compensar, pela ternura destes dias que passá-mos juntas. Descrevi-lhe o meu passeio às Sete Fontes ao parque onde en-

contrei camélias e umas flores azuis, exóticas, que ela dizia não existirem em S. Jorge; e também o cimo daquele pico ao qual que só agora se tem acesso de carro e donde se avista a Vila das Ve-las, numa prespectiva lindíssima com a baía em meia lua, como eu nunca tinha visto antes. Um sonho! Mas isto é bem mais bonito do

que eu pensava! Pela manhã fui despertada por uma vozinha doce. Era a minha prima.‘Olha vem à janela vê que serenidade. O Pico e o Faial es-tão aqui ao lado’. Tão perto! O ar tão rarefeito dei-xava ver os pormenores e até as casas, o mar espelhava um céu limpo de um azul suave onde tudo parecia parado à espera de ser presenciado e admirado. In-descritível. O andar pela vila foi impressio-nante. Tudo tinha algo de dife-rente e que merecia a nossa aten-ção. Ruas novas com casas lindas e outras que foram lindas, agora em decadência, e as construções felizes e as infelizes, tudo mere-cia um olhar observador. As pessoas, as poucas que pude ver, os grandes amigos do cora-ção, esses sempre iguais. Foi aí que doeu, doeu muito perceber que eles continuavam os mes-mos de sempre e a saudade to-cou fundo, no recordar aqueles tempos e peripécias, já tão longe para mim mas tão presentes para eles.Mas soube bem, recordar tantas coisas vividas contadas por eles. Breve chegou a hora da partida. Lá deixámos a Tia, os amigos e a ilha, para outra ilha, outros convívios familiares, outras descobertas...e a promessa do regresso!

Julieta Maria Ferreira Cabral nasceu nas Velas, São Jorge, Açores, e reside em Pro-vidence RI, Estados Unidos.

Rosa Mota corria como o vento. Corria com a agilidade da gazela.Com a intrepidez do menino Gavroche.A Rosinha saltitava como a alvéloa. Legou às estradas imagens de pura elegância. Por pouco não transformou ligeireza em volátil.Tratava o asfalto com reverente delicadeza.Parecia não querer beliscar o betume negro e lustroso.Corria como lume que ela ateava soprando.Tinha no mínimo três pulmões, não apenas dois. Corria-lhe nas veias sangue Lusitano. A nossa Rosinha pediu asas emprestadas.Tardou a devolvê-las e Portugal benfeitorizou.Corria a Maratona como se fosse em passeio de Lordelo do Ouro a Cedofeita.Nos recônditos do seu peito pulsou sempre um coração tão Nortenho quão Português.Quando corria, a Rosinha sentia a voz dos nossos egrégios avós que haveriam de levá-la à vitória.

A Rosa Maria nunca esqueceu as nobres Comunidades. Emigrante nos fins de semana, cumulou-as, diligentemente, de esperança.Robusteceu-as de orgulho.Fê-las acreditar.Fê-las sonhar.Levou-lhes, volta e meia, alegrias indescritíveis, Incitou-as a trazer na lapela o emblema da Ditosa Pátria.Com o verde e o encarnado, a esfera armilar e as cinco quinas.O emblema mais bonito do mundo.

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9COLABORAÇÃO

Muitos católicos não fa-zem a mínima ideia por que razão a Páscoa não é numa data fixa. Então

dizem: - “Tem a ver com a lua. O en-trudo é que manda. Tem que se contar com a primeira lua do ano, etc., etc. “Houve um grande debate dentro da Igreja para determinar em que dia a Páscoa deveria ser observada. Muitos anos antes do nascimento de Cristo as tribos pagãs da Europa adoravam a bela deusa da Primavera, Eostre. Há quem acredite que esta palavra evoluiu para Easter. Os Judeus já celebravam a Páscoa (Pessach) com um sentido diferente, o da libertação do cativeiro do Egipto. O imperador Constantino I, aprovei-tando o encontro dos líderes ecumêni-cos europeus, em 20 de Maio de 325, pediu ao papa Gregorio XIII para que fixasse uma data oficial para a celebra-ção da Páscoa e que viria a ser o pri-meiro Domingo depois da primeira lua cheia, a partir do primeiro dia de Pri-mavera. Ora a Primavera começa a 21 de Março, data do equinócio de verão, dia em que o Sol cruza o equador. Por isso, o mais cedo que a Páscoa po-derá ser é no dia 22 de Março. Usando a data da primeira lua cheia, conta-se 40 dias para trás, não incluindo os domingos e aí se determina a Quarta-Feira de cinzas. E o dia antes é, então, o dia de Entrudo. Portanto a Páscoa é que determina o Entrudo e não o En-trudo a Páscoa.A razão principal que se viria a discu-

tir no Concílio de Nicea, no ano 325 da era Cristã, foi para provar a con-substancialidade entre Jesus e Deus. Os seguidores de Ario e da sua doutri-na (Arianismo), afirmavam que sendo Jesus o filho de Deus, portanto seria subordinado ao Pai e como só há um Deus e Jesus é seu filho, não poderá ser Deus. O Concílio condenou essa doutrina e considerou-a herética e reafirmou, por voto dos bispos, a divindade de Cristo e que Jesus, o Espírito Santo e Deus são um só.Embora o imperador tivesse pedido para que unificassem a data da celebra-ção da Páscoa e tivesse enviado cartas aos bispos, alguns não apareceram ao Concílio e não houve uma concordân-cia geral. A igreja ortodoxa celebra a Páscoa de acordo com o calendário Juliano e es-colheram o primeiro Domingo depois da festa judaica, Passover.Os católicos usam o calendário lunar e a formula criada no concilio de Nicea. É complicado. Não é? Mas ainda po-derei complicar mais o caso se juntar o coelhinho Pascal. Como é que um coelho pôe ovos? Muito fácil: diz a lenda que o coelho da Páscoa era um belo pássaro que pertencia à deusa Eostre e um dia transformou-se em coelho. Como por dentro continua pássaro, contrói o seu ninho e põe ovos. Em Portugal não sei quando começou essa história do coelho da Páscoa, mas no Brasil é muito recente, pois foi le-

vada pelos emigrantes alemães em 1913.

Em tempos tive uma quantidade de coelhos e agora só tenho as pombas e os canários. Quem sabe se um dia destes, em vez de ovos nos ninhos, me vão aparecer coelhos? De uma forma ou doutra, desejo a todos uma Feliz Páscoa e o leitor acredite no que quiser.

Sabor Tropical

Elen de [email protected]

Um ensinamento para não esquecer

Ao Sabor do Vento

José [email protected]

Acredite no que quiser...

O episódio que envol-veu, recentemente, uma menina pernam-bucana de nove anos,

violada pelo padrasto e que ficou grávida de gêmeos, só ocupou as páginas dos jornais brasileiros e estrangeiros, mais tempo do que o comum, porque médicos e familiares da criança foram ex-comungados pelo Arcebispo de Olinda e Recife, sob a alegação de que aborto é crime. O padrasto, muito embora tenha confessado que abusou, duran-te três anos, da criança e da sua Irmã de 14 anos, com debilida-de mental, foi preso, porém não foi excomungado e o Arcebispo alega que estupro é crime, mas o aborto é um crime mais grave. Bem, para mim crime é crime e todos deveriam receber o mesmo tratamento pela Igreja. Há por aí tantos estupradores que matam as suas vitimas - pela violência do ato - e nunca ouvi dizer que algum deles tenha sido excomun-gado. E o padrasto cometeu dois crimes graves: estupro e pedofi-lia. Não fosse a repercussão da exco-munhão, a criança seria só mais uma menina violentada, aumen-tando a estatística das mulheres que são constrangidas fisicamen-te ou que são assassinadas por homens que se julgam no direito de praticarem tamanha barbárie.

Eles têm certeza que ficarão im-punes ou que terão uma pena leve para o crime cometido.E o “Dia internacional da Mu-lher” foi criado em 1911, numa reunião de mulheres na Dina-marca e confirmado por decreto pela ONU, em 1975, exatamente para marcar um ato de extrema violência cometida contra 129 operárias de uma fabrica têxtil, da cidade de New York, em oito de março de 1857, durante uma greve, quando reivindicavam melhores condições de trabalho, redução da jornada de dezesseis para dez horas, bem como equi-paração dos salários com os dos homens (as mulheres chegavam a receber só um terço do que eles recebiam, para fazer o mesmo trabalho). A manifestação foi re-primida, a fábrica incendiada e as mulheres, ali trancadas, não conseguiram sair. Morreram car-bonizadas, num ato selvagem e desumano.Ao longo da historia há relatos sobre o grande sofrimento das mulheres no que diz respeito à violência e ao preconceito. No fim do século dezenove, na In-glaterra, mulheres sozinhas, sem marido, eram consideradas um problema social. Na verdade, os detentores do poder econômico se alarmaram porque havia, de acordo com o censo da época, mais mulheres solteiras do que

homens e essa era uma preocu-pação política com o mercado de trabalho. Chegou a se cogitar em mandá-las para as colônias para se casarem.Segundo Fernando Antonio Gon-çalves, Professor e Pesquisador da Universidade Federal de Per-nambuco, até o maior Teólogo católico da Idade Media, Tomas

de Aquino (1225-1274) conside-rava a mulher “um homem in-completo”. O “Dia internacional da mulher” deveria servir, também, para nós mulheres, refletirmos sobre os nossos erros. Não adianta fa-zermos passeatas, fórum para discussões dos problemas e ficar-mos esperando que os homens os solucionem, porque até agora bem pouco foi resolvido, embora reconheça boa vontade por parte de muitos. Temos que arregaçar

as mangas e partir para buscar as nossas soluções. Afinal somos maioria no planeta! Todavia, en-quanto houver mulher que não vota em candidatas a cargos eleti-vos por achar que os homens são melhores e enquanto houver mu-lher que não procura os serviços profissionais de outras mulheres médicas, dentistas, advogadas,

arquitetas, engenheiras, dete-tives, etc., por também confiar mais nos homens, nada mudará, porque o preconceito começa (e é muito maior) entre as próprias mulheres. Aqui no Brasil temos uma ex-pressão popular, sem nenhuma graça, mas repetida também pe-las mulheres, quando vê outra apanhando ou que foi machucada pelo companheiro: ”ele até pode não saber por que está batendo, mas ela sabe por que está apa-

nhando”. Isso é de uma falta de amor e de um machismo sem comparações. Outra situação in-feliz é quando ouvimos comentá-rios de algumas mulheres se refe-rindo a outra que foi violentada (e às vezes até morta): -“Ela estava pedindo para ser violentada, por usar aquelas roupas coladas ao corpo, aquelas blusas decotadas e ao sorrir para os homens como sorria!”.Não vou tecer comentários sobre as outras religiões por não saber as suas doutrinas a respeito das mulheres, mas nós, Cristãos, se amássemos o nosso semelhante como Jesus nos ensinou, se se-guíssemos os Seus ensinamen-tos, não haveria diferenças en-tre homens e mulheres, porque para Jesus, homens e mulheres eram iguais, segundo relatos do Evangelho de São Lucas. Nas Suas parábolas, as mulheres são colocadas como modelos e para-digmas a ser seguido. E foi dado às mulheres o privilégio de serem as primeiras testemunhas da Sua ressurreição.Como cristãos, podemos nos ale-grar com o que está escrito “não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus (Gálatas 3.28). Um ensinamento para não se esquecer.

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10 15 de Março de 2009COLABORAÇÃO

Reflexos do Dia–a–Dia

Diniz [email protected]

. . .não aproveitamos para mandar mensagens culturais

A nossa comunidade portuguesa na Califór-nia está em mudança! É, seguramente, a fra-

se mais usada e mais abusada por quem pensa as nossas comunida-des, quem as analisa e quem as reflecte, além do episódico e nés-cio contacto. Apesar da frase ser usada e abusada, são raros, quase até extintos, os espaços públicos onde se reflecte as nossas comu-nidades. Há, acima de tudo, um grande receio de se analisar e re-flectir, objectivamente, as nossas comunidades. Caso para pergun-tar: porque será que temos medo de enfrentar a realidade? Será que andamos a fingir ou a fugir ao inevitável?Comecemos por falar dos espa-ços públicos de reflexão comu-nitária. É sabido que num vasto Estado como a Califórnia, um dos lugares privilegiados para essa reflexão é, indubitavelmen-te, a comunicação social. Porém, são pouquíssimos os espaços onde há lugar para a análise fria e objectiva, para a crítica sem rodeios e receios, para o comen-tário sério e coeso, que vá além do paroquial, do populismo e do elogio gratuito e banal. Aliás, abra-se um pequeno parêntese para confessar a minha própria culpa. É que, particularmente nos últimos dois anos, muitos dos textos reflectivos que tenho

alinhavado sobre a nossa comu-nidade não têm visto a luz do dia. E a razão é muito simples: seriam incompreendidos, seriam mal in-terpretados—bem, isto não quer dizer que o que escrevo sobre o mundo político, social e cultural nos Estados Unidos também não seja mal interpretado. Mas tam-bém nunca escrevi para ganhar um concurso de popularidade ou uma medalha.O que é mais do que óbvio, é que, colectivamente, não gostamos muito de olhar e reflectir além do que está programado para esta tarde. Passamos muito tempo a promover esta ou aquela festa, sem tirarmos um minuto para o diálogo e a reflexão. É que, como comunidade, cada vez mais fala-mos uns para os outros e não uns com os outros. Fazemos festa atrás de festa, as quais, infeliz-mente, raras vezes são julgadas pelas mensagens que passam ou pela cultura que transmitem. São sim aquilatadas pelo número de bilhetes que conseguem ven-der ou pelos salões que enchem. Acho que um dos maiores desper-dícios que temos tido em termos culturais é deixarmos os grandes eventos comunitários, porque os temos em todas as comunidades, à mercê do sabor da ocasião e não os aproveitarmos para transmitir-mos mensagens culturais urgen-tes nestas nossas comunidades

em mudança. Mas é também mais do que óbvio que infelizmente estamos infesta-dos com uma grande inércia, em termos de reflexão comunitária, em termos de ponderar cada um dos nossos eventos comunitários. E dir-se-á, até com alguma razão, porque primeiro; dá trabalho; segundo, pode trazer (quase sem-pre traz) chatices. Porém, é mais do que sabido que sem canseiras, e sem aborrecimentos, o mundo não progride, nem tão pouco as nossas comunidades. Daí que continuamos com os mesmos afazeres, que nos dão prazer e nos trazem alguns momentos de felicidade efémera: mais uma festa, mais uma matança, mais uma tarde de touros, mais uma visita desnecessária de entidades vindas de Portugal e dos Açores, mais uma dança, mais um baili-nho, mais uma noite cultural sem cultura, mais um sermão oco, mais um discurso longo e pilha-do de elogios fáceis, mais um momento de pseudo intelectuais em franca hemorragia apologéti-ca, mais uma jantarada de peixe (em tempo quaresmal, à sexta-feira pode-se mentir, pode-se fa-lar mal, pode-se atropelar o nosso próximo para que cheguemos ao nosso objectivo mais cedo, mas comer carne, nunca) mais uma ceia de sopa, mais um banquete de caranguejo. Pelo menos não

brincamos com a barriga, salvo seja! Enquanto nos divertimos, esque-cemo-nos, ou fazemos que nos esquecemos, das modificações que são indeclináveis numa co-munidade que não se renova há mais de 25 anos. Enquanto per-sistimos em fazer o que fazíamos há três décadas, porque é mais fá-cil e dá-nos menos trabalho, per-demos oportunidades únicas de levar a nossa cultura, as nossas tradições, junto do mundo ame-ricano, do qual, quer queiramos, quer não, também fazemos parte e é o mundo dos nossos filhos e ne-tos. Enquanto recusamos trazer à ribalta, na nossa comunicação social os assuntos pertinentes, alguns até mesmo melindrosos duma comunidade em mudança, porque tais questões ferem sus-ceptibilidades, ou giram contro-vérsia, perdemos oportunidades de elevar o discurso e a cogitação comunitárias. Há 30 anos que ouço: isso não é para as nossas comunidades. Durante 12 anos do simpósio Fi-lamentos da Herança Atlântica ouvi: essa cultura não é nossa. A verdade é que as nossas comu-nidades de origem portuguesa na Califórnia, se entendemos por comunidades todos aqueles que um dia emigraram e os seus des-cendentes, são muito mais expan-sivas do que os pseudo líderes co-

munitários pensam que elas são, ou até gostariam que elas fossem. É que cada vez que se enche um salão com 400 ou 500 pessoas para termos “a festa do século”, há milhares de compatriotas nos-sos que não estando no bailarico, estão contribuindo para a nossa comunidade, muitos anonima-mente, nos mais variados cargos das cidades, dos condados, da região onde trabalham e vivem. A nossa comunidade, e a nossa cultura, nunca estarão circuns-critas a um conjunto de guetos. Bem sei que os guetos são espa-ços (entenda-se o termo não me-ramente como espaço físico, mas no nosso caso sobretudo como social) seguros onde muita gen-te se sente bem, onde outros só aí podem sobressair, brilhar até, mas esses espaços são cada vez menos expressivos em termos de representarem a globalidade da nossa comunidade. É que a nos-sa comunidade está em todos os espaços da sociedade norte-ame-ricana. E nós só ganhamos com isso! É disto precisamos falar e reflectir, sem complexos nem as-sombros. Precisamos, nos nossos fóruns públicos, ter a coragem, a audácia, de ir além do que é fácil, rijo, absoluto e cada vez menos representativo da comunidade em geral, da tal comunidade em mudança.

Era uma vez a “Palavra de Honra”...Memorandum

João-Luís de [email protected]

1 – nem sempre o antigo enve-lhece...

Imagino muitos ilhéus da minha geração com a me-mória fresca das homilias que serviam para intervalar

a lengalenga bilingue da conta-corrente da moralidade paro-quial. Há mais de meio século, para não melindrar a sensibili-dade materna, raramente falha-va presença na missa dominical, junto da rapaziada que se aglo-merava nas redondezas do “Co-ração de Jesus”, cujo altar ficava logo a seguir à entrada da sacris-tia. Durante a homilia dominical, a coberto do vozeirão do nosso pároco, a rapaziada discutia em surdina a “formação” da equipa de futebol que ia treinar no areal, para continuar em “boa forma” para defrontar outras equipas que compareciam no Poço Ve-lho. Nos meses de verão a nossa imaginação juvenil vagueava no dorso imaginário das ondas que vinham meigamente inundar o conhecido “boqueirão”, ali no sopé sul da igreja, onde a nossa piscina natural é protegida pelo bordado vulcânico que ainda hoje separa o areal pequeno da praia das milícias. Naquele tempo, não era costume aprender a nadar. O mar é que nos ensinava a nadar...Com mais ou menos agilidade cultural, éramos quase todos ino-

2 – No dignidade do discur-so parlamentar, “o Verbo é de oiro”...

Imaginemos por um momento o talento ímpar de alguns dos vetus-tos tribunos do parlamentarismo português do século XIX (estou a pensar em Almeida Garrett, José Estevão, sem cuidar de enaltecer figuras ímpares da escola Coim-brã, onde o rigor do apostolado da livralhada nem sempre rimava com o humanismo estudantil da “ínclita” geração integrada por Antero de Quental, Manuel de Arriaga, Teófilo Braga, e outros açoreanos mais recentes...)

Dado que a comunica-ção social portuguesa (e seus devotos satéli-tes at large) raramen-

te presta atenção profissional ao desenrolar dos trabalhos parla-mentares, acontece que a opinião pública só costuma ser alertada para aspectos menos dignos da sua rotina. Foi o que aconteceu há dias com o sensacionalismo em saldo, ilustrado pela “esca-ramuça” verbal de dois deputa-dos da Assembleia da Republica (PS versus PSD). Refiro-me aos recrutas do civismo parlamen-tar, porventura distraídos de que o antigo convento de S. Ben-to, em Lisboa, não é caserna do “fala-barato”, mas sim “artéria” vital da democracia portuguesa. O nosso espanto não se limita a vociferar “credos-em-cruz” face ao mau gosto dos palavrões en-tão usados. A questão centra-se na manifesta incapacidade de al-

guns parlamentares para terçar, com elegância verbal e educação temperamental, os argumentos em defesa da sua “dama”, ou seja a sua “ideia”.Não receio de ser apodado de parlamentar demófilo da “velha escola” lusitana. Mas jamais es-quecerei a pertinente escaramuça verbal que presenciei entre dois parlamentares do meu tempo. Refiro-me ao desaguisado verbal entre os deputados Adelino Ama-ro da Costa (CDS) e Lino Miguel (PCP), ambos parlamentares de reconhecidos recursos. A dado momento ouviu-se o adjectivo “parvo” ribombar no interior da vetusta Câmara. Foi então que o então deputado Lino Miguel, na circunstância o mais idoso de ambos, ripostou num tom con-vincente: “- Saiba V.Exa. que não sou parvo; e não sou parvo há mais tempo que V.Exa.” (risos)Como muitos talvez recordam, antes da Primavera de 1978, a si-tuação revolucionária continuava ainda “quente”, até mesmo nos Açores onde o ministro Almeida Santos fora pesadamente agredi-do por um grupo de energúme-nos. Ora perante tão dramática circunstância (que depressa “sal-tou” ao plenário da Assembleia da República) não faria qualquer sentido ao deputado açoriamo incensar a prudência do silêncio. Era imperativo denunciar o inci-dente, sugerir medidas inequívo-cas para o reforço da segurança pública, e abreviar o subsequente apuramento de responsabilidades dos governantes locais. E assim foi.

Sabemos que os adversários do sistema semi-presidencialista fa-zem gala das estórias macabras que procuram denegrir a insti-tuição parlamentar. Imagino que muitos ainda se lembram do te-nebroso sequestro da Assembleia Constituinte (1975) com o fim de impedir a aurora do constitucio-nalismo democrático. Todavia, é sempre preferivel para um parlamento alcançar fraca visibilidade pequeno-burguesa do que ser objecto, pela negati-va, duma inesperada curiosidade existencial. Explico-me: no dia 1 de Março de 1954, o Presidente da Casa dos Representantes dos E.U.A. era um congressista eleito por Boston, chamado Joe Martin. Naquele fatídico dia, quando es-tava a conferir a presença dos 243 deputados federais, dois rapazes acompanhados por uma belda-de saltaram subitamente para o hemiciclo a gritar “Free Puerto Rico”. Logo a seguir começaram a disparar, indisciplinadamente... Mais tarde, soube-se que os ata-cantes eram membros da mesma facção terrorista que, quatro anos antes, tentara assassinar o presi-dente Harry Truman. ... espero nunca ver o chão da dignidade democrática da mi-nha terra encharcado pelo sangue honrado da democracia portu-guesa. No discurso parlamentar o insulto é um vírus maligno: só o Verbo é de oiro!

centes dançarinos do folclore re-ligioso. Quem ousasse optar por uma posição equidistante entre a hostilidade cordial das mordo-mias religiosas, sentia-se réu dum atrevimento deveras pecaminoso. Ainda hoje a ‘palavra da verdade eterna’ continua a ser pesquiza-da nos laboratórios da fé; e ha-via suspeitas de que a atracção emocional pela ‘espiritualidade tecnológica’ podia conduzir as mentes mais frágeis à corrida su-persónica da fantasmagoria...Era uma vez a “palavra de hon-ra”. Desde há muitos anos, vimos procurando decifrar o idioma do Silêncio. Por vezes surpreendo-me a desabafar com amigos so-bre a suspeita de que há silêncios mais calados do que outros... E até hoje não desisto de afinar o meu “ouvido mental” para não perder as nuances ideológicas da Palavra. Imagino que há gente que prefere o acesso ao discurso geométrico, desnudado de paramentos almo-fados para se proteger das quinas das ideias; gente pronta a abraçar o discurso que estabeleça uma li-nha recta concludente, infalível, das falas & dizeres; o discurso que não apresente esforço extra para o leitor apressado; enfim, o discurso que diga que, no pas-sado, a nossa ilha já foi vírgula esquecida numa oração ao sofri-mento, mas que agora é ponto de interrogação no discurso do pro-gresso...

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11COLABORAÇÃO

Os tempos difíceis...anos atrás o “Center Valley Re-gional Water Quality Control Bo-ard” (Regional Board) adaptou os regulamentos mais severos, nunca antes implementados a ne-nhuma industria. Estes requerem extensivas investigações e testes ao meio ambiente desde os poços de produção de água subterrane-as, às águas usadas como fertili-zantes na agricultura, incluindo a própria água de irrigação, fruto das neves que caem nas serras.Requerendo ainda testes ao solo, nutrientes utilizados, incluindo quantidades para cada cultura, documentação tem que acom-panhar todas estas exigências ao custo de milhares de dólares anuais, Segundo os mais entendi-dos, isto é apenas o princípio de uma longa caminhada em que a industria acabará por ser sempre a mais sacrificada.O período da implantação de to-dos os regulamentos é de cinco anos, para dar aos operadores o tempo necessário para se adap-tarem a cumprir com os regu-lamentos e ao mesmo tempo a possibilidade de manter os seus negócios.

O Senador Dean Florez (D-Shaf-ter) introduziu no passado dia 27 de Fevereiro uma proposta lei

para eliminar o “Gonçalves Milk Pool Act”. Esta lei foi introduzida por um Português Joe Gonçalves e inicialmente aprovada em 1969. A popularidade desta lei decaíu um tanto, à medida que a indus-tria foi crescendo e a quantidade de leite utilizado na classe 1 di-minuíu em percentagem, mas os entendidos dão crédito a esta lei pelo sucesso gigantesco da in-dustria da agropecuária na Cali-fornia nos ultimos quase 40 anos, eliminando injustiças e práticas destrutivas na distribuição dos valores recebidos pelo leite na-queles anos. Foi especialmente efectiva em eliminar práticas co-merciais, em que os comercian-tes e transformadores do leite em produtos do mesmo extraiam conceções aos produtores de leite que ambicionavam que o seu leite fosse incorporado e vendido na classe mais alta.

Uma estimativa dos preços do leite para os meses de Feverei-ro e Março indica

que o preco do overbase será de $9.64 e $9.61 respectivamente por cada 100 libras. A pergunta que se faz é: quando é que o Go-verno Federal tem mecanismos para garantir o preço mínimo ds

Sabores da VidaQuinzenalmente convidaremos uma pessoa a dar-nos a receita do seu prato favorito, com uma condição - que saibam cozinhá-lo.

A nossa convidada nesta quinzena é Maria Ascenção Mendes, natural da Terceira, casada com Antonio Mendes e residente em Denair, California.

Alcatra à Moda da Terceira1 Kg de carne boa do pesco-ço2 cebolas picadas miudas2 dentes de alho1 folha de louro10 a 12 bolinhas de pau de cravo3/4 de toucinho de fumo, cor-tado miudo1 colher de sal2 copos de vinho - um branco tipo Chablis e um Burgundy.1 copo de águaForno a 350 graus. 3 horas e meia a cozer

Experimentem e depois convidem-nos. Nós le-vamos o vinho.

$9.90, quando os custos de pro-dução estão oscilando entre $16 e $18 dólares. Porque razão não estão os produtores de queijo e outros transformadores usando esses mecanismos para proteger o preco minimo em vez de prote-

ger os grandes distribuidores que tem dado provas de sobejo de só pensarem em si próprios.

Temas de Agropecuária

Egídio [email protected]

Uma das coisas que te-nho a certeza acerca deste jornal, é a qua-lidade e diversidade

dos seus colaboradores. O que ainda não me havia ocorrido é o número de mulheres que fazem parte da grande lista, que nos traz incalculáveis benefícios.É sobre este assunto que humil-demente me debruço neste meu pequeno apontamento. Nem to-das escrevem com a mesma as-siduidade, por isso começo por aquelas cuja presença já é cons-tante.

Filomena Rocha, mulher de muitos talentos, entre os quais locutora, poetisa e cantora, traz-nos com a sua “ Água Viva”, opi-niões, análises de acontecimen-tos relacionados com as nossas vivências, tanto daqui como do outro lado do mar, as suas preo-cupações de mulher que pertence dois mundos. Sempre presente o seu interesse pelos nossos costu-mes e tradições.Leio-te atentamente e com gosto.

Margarida Silva, nos “ Traços do Quotodiano”, partilha os seus

gostos, as suas preferências lite-rárias, as suas preocupações polí-ticas e o seu humanismo. Escusado será dizer que os teus textos são parte da minha leitu-ra.

Ellen Morais, com o seu “ Sabor Tropical”, delicia-nos com os sa-bores e dissabores do seu Brazil, assim como do estado das coisas na aldeia global. O seu talento como escritora e poetisa são rele-vantes para qualquer leitor.Foi muito bom conhecer-te em-bora brevemente.

Goretti Silveira, com menos fre-quencia, oferece-nos “ A Outra V oz”, uma voz clara e inteligente, sempre à procura da justiça e igualdade de todas as mulheres, de todas as raças e idades.Tenho respeito pelo teu empenho e pela tua visão.

Lélia Nunes, escritora profícua, escreve com grande afecto acerca dos Açores, e embora raramente, navega na “ Maré Cheia” dos ma-res do nosso amigo Diniz Borges, com artigos de grande interesse.Conhecemo-nos nos Açores e en

contramo-nos novamente emSanta Catarina, sua terra natal e assim nasceu uma amizade ali-mentada pela correspondência virtual e pelas recordações vivi-das em duas ilhas tão distantes, mas tão iguais.

Judite Teixeira, oferece os seu conhecimentos profissionais em assuntos relacionados com a

segurança social, um serviço de grande interese para a comunida-de portuguesa.

Alícia Filomena Cota, embora com raridade, “ Do Meu Jardim”, espalha flores de tanta beleza nas páginas da nossa Tribuna e dei-xa-nos com o grande desejo de a conhecer. A juventude necessita de ti e das tuas flores.

Sinto-me bem quando vejo os vossos rostos, quando leio os vos-sos artigos, quando sinto os vos-sos anseios, quando me atrevo a fazer-vos companhia.Sinto-me bem neste momento, em que escrevo acerca destas Mulheres, embora sabendo ter omitido valores merecidos, mas com a certeza que cada palavra teve origem num espaço muito intimo do meu coração.

Para todas um abraço fraterno

Até à volta

Devemos dar o crédito mere-cido às familias produtoras de leite pelo seu esforço e participação na protecção do meio ambiente

O ano 2009 começou com terríveis conse-quências económicas para a produção de

leite - os preços do queijo des-ceram para preços inferiores ao minimo estabelecido pelo Go-verno Federal e muito aquém dos altos custos de produção, e disso falaremos em mais detalhe antes de terminar este nosso trabalho. A pressão económica sobre os produtores, especialmente os da California e suas familias é tão severa que haverá dificuldades de sobrevivência económica, devido à instabilidade dos preços do leite e altos custos de produção, espe-cialmente investimentos que não resultem em maiores ganhos, tais como ambientais.Os regulamentos ambientais são presentemente um obstáculo e os produtores estão procurando resposta em como condescender a estes regulamentos.Aqui no Vale de San Joaquin as leitarias estão particularmente sob rigorosa vigilancia. Há dois

Coisas da Vida

Maria das Dores Beirã[email protected]

... a qualidade e a diversidade dos seus colaboradores

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12 15 de Março de 2009COMUNIDADE

Celebrando Goa

Mais de duas centenas de goeses reuniram-se no Centro Comu-nitário da India em

Milpitas no Domingo, dia 22 de Fevereiro, para celebrar com mú-sica, poesia, arte e culinária a sua terra natal – GOA.Querendo que nesta celebração anual da comunidade goesa da àrea da Baia a língua e cultura portuguesas sejam sempre dos elementos mais importantes do programa, o organizador e pre-sidente desta associação, George Pinto, uma vez mais convidou a comunidade portuguesa a parti-cipar.Este ano, dois conhecidíssimos elementos da nossa comunida-de, Nelson Ponta-Garça e João de Brito, aceitaram o desafio e

organizaram um programa mui-to interessante e que certamente vem ajudar a construir uma me-lhor ponte de aproximação e en-tendimento entre as comunidades locais de Goa e de Portugal.Nelson Ponta-Garça organizou e ensaiou um conjunto musical com a seguinte composição:Crystal Mendes – VocalistaLuís Sousa – Voz e AcordeonBruno Dutra – ViolãoEric Moules- BandolinDaniel Santos – Trumpete, 12 anos de idadeNelson Ponta-Garça – Teclas

E durante 30 minutos estes mú-sicos, prata da nossa casa, de-liciaram a vasta audiência com música portuguesa, mas na sua maioria interpretações de música

regional dos Açores. Para fina-lizar a actuação deste conjunto, Nelson apresentou o jovem e ta-lentoso Daniel Santos para tocar o Hino Nacional Português. E sem a menor hesitação, toda a au-diência se levantou, e em silêncio e com o maior respeito, escutou a magnífica interpretação do hino nacional por aquele jovem.

Em seguida o conhecido pintor, João de Brito, subiu ao palco para declamar, em inglês, um poema de Adelina Azevedo Axelrod e outro que ele próprio compôs para a ocasião. Foi também a convite de João de Brito que o cineasta, Joshua Mellars, deli-ciou a audiência goesa com uma enorme e agradável surpresa – a

apresentação de um segmento do seu documentário Fado. Este segmento de 15 minutos, sober-bamente filmado em Goa, e ilus-trado com música de fado, faz parte do documentário de longa metragem que será formalmente apresentado no mercado interna-cional em Outubro próximo.E o programa da tarde prosseguiu com música e danças de Goa in-terpretadas por adultos e muitas crianças trajando os mais colori-dos trajos regionais de Goa. Para além de Goa Institute of San Francisco, uma organização com mais 35 anos de idade, no ano de 2000 a comunidade goesa criou Goa Sodharop, uma instituição sem fins lucrativos, que ainda este ano passado angariou mais de 300 mil dólares entre os goe-

ses espalhados pelo mundo, para benefíciar, directamente, indiví-duos e instituições de Goa. Todos os anos Goa Sudharop seleciona um novo alvo para a sua campa-nha de solidariedade. Neste ano que findou os fundos angariados foram dedicados a programas e eventos relacionados com a ju-ventude de Goa. No próximo ano, o alvo será o meio ambiente de uma Goa que está a ser assal-tada por um desenvolvimento de-senfreado e maléfico que ameaça destruir a sua beleza natural.Celebrando Goa é um evento que certamente merece o maior apoio da comunidade portuguesa, aju-dando assim a estreitar os laços de amizade entre todas as fac-ções da comunidade lusófona da California.

Fotos e Texto de J.R.

Nelson Ponta-Garca, Luis Sousa, Eric Moules, Crystal Mendes e Bruno Dutra.

João de Brito declamando um poema seuEmbaixo: O jovem Daniel dos Santos tocando o Hino Nacional Português. Direita: Catedral de Santa Catarina em Goa

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13COLABORAÇÃO

O presidente do Governo dos Açores revelou ter aceite um convite da Casa dos Açores de Winnipeg para visitar a comunidade açoriana residente naquela cidade cana-diana.Carlos César, que recebeu em audiência o presidente da instituição, José Santos, acrescentou que conjugará as comemorações do Dia dos Açores, já marcadas para Toronto, com deslocações a locais de mais significativa presença de emigrantes açorianos, quer no Canadá, quer nos Estados Unidos, pretendendo mesmo visitar, neste último país, o estado de Rhode Island, no cumprimento de um compromisso que assumiu com autoridades ame-ricanas.Realçando a importância da comemoração, fora dos Açores, do dia da Região, o presidente do Governo disse que “em boa verdade, ser açoriano é um estado de espíri-to, uma forma de estar, e é possível viver a açorianidade fora das nossas ilhas como nas nossas próprias ilhas”.Na mesma linha, afirmou esperar que a comemoração do Dia dos Açores possa também ser feita, nesta legis-

latura, em Lisboa, o que não deixará, na sua opinião, de ser interessante e igualmente muito pedagógico, “evi-denciando a qualidade da nossa comunidade açoriana e a sua inserção nos níveis de decisão do país”.Isso seria, de resto, semelhante ao que já aconteceu aquando do Dia dos Açores em Fall River e ao que suce-derá com as comemorações marcadas para Toronto, no Canadá, país onde a nossa comunidade “é muito qualifi-cada, dispersa por muitas actividades profissionais, eco-nómicas, universitárias e outras – e é a essa diversidade que nós prestamos homenagem, quer do ponto de vista territorial, quer das funções que os açorianos desempe-nham por todo este mundo”.Carlos César deixou ainda a reafirmação do apoio do seu Governo a todas as ini-ciativas que tenham em vista a promoção dos Açores no exterior e o consequente incremento do afluxo turístico, nomeadamente dos países onde residem comunidades de emigrantes, como é o caso do Canadá.

Agua Viva

Filomena [email protected]

Carlos César em Winnipeg

Agora, o tema é sempre o mesmo, e a pergunta é sempre igual à de todos os anos: Vais este ano a Portugal? Não vais às Ilhas este ano?Há que matar as Saudades a qualquer preço. E o Açoriano é o mais saudoso da sua terra. Se preciso for, para ajudar a coragem, faz uma promessa ao Divino Espírito Santo, ou outro Santo ou Santa da sua devoção e até vem mes-mo a calhar aquela promessa que um dia os pais fizeram, mas que não tiveram tempo nem oportunidade de “pa-gar“… Porque os problemas inesperados acontecem e se avolumam de ano para ano. Se a doença ou a morte se antecipam, por muita Fé que se tenha, o que está escrito, escrito está para ser cumprido. De nada adianta atribuir culpas seja a quem for. Deste modo, se os filhos sabem que o pai tinha aquela promessa, querem cumpri-la para que a sua alma fique em paz. E sempre é uma oportunidade, talvez única, de ir visitar os lugares de origem, onde nas-ceram, brincaram, foram à primeira escola, e até se deram as primeiras cambalhotas que no momento custaram um amargo puxão de orelhas… Mas que agora ao recordar até parece doce. Esfrega-se as mãos de contente, e um brilho-zinho nos olhos sobressai do propósito e da nostalgia dos velhos tempos.A verdade, é que em chegando esta época, já a inquietante Saudade, aliada ao bichinho “carpinteiro” começam a in-comodar os mais “fraquinhos”, isto é: os que não resistem à Saudade; e dôa a quem doer, pernas para que vos quero. Está tudo a aprender a outra forma de vida. É uma questão de cultura. O Americano também vive para o dia de hoje. O Mexicano a mesma coisa. E nós aprendemos com eles ao fim de muito conviver e labutar. Talvez seja um pou-co frívolo e um tanto irresponsável pensar assim, mas o contrário não será também uma falta de Fé em Deus e no futuro? Então, seja o que Deus quiser.E não fosse esta maldita crise que há tanto se apregoa por causa de uns quantos que esbanjaram mais do que deviam sem se preocuparem com ninguém, e já todos estaríamos de malas aviadas, com planos feitos para as Sanjoaninas de Angra, ou as Festas do Concelho da Praia, como agora se diz. Isto, sem contar com as outras festas, pois eu sei que há quem tenha promessa para a festa da Senhora dos Milagres na Serreta, mas ao preço que estão as passagens, só mesmo por milagre.Bem que a gente quer e fala, mas quem dá trôco ao emi-grante? - Se até já ninguém quer dólares, nem para as pi-pocas, milhos torrados e as saborosas pastilhas elásticas cor-de-rosa, que antes pareciam rolinhos de rebuçado e sabiam a coisas boas… E nos transportavam ao país das estrelas com vestidos de chiffon dançando nas núvens com Fred Astaire, cantando e sapateando debaixo de chuva com Gene Kelly… E sonhando com estranhos na noite na voz única de Frank Sinatra…Como tudo mudou! Até o encanto da vida e das coisas simples a que só o imigrante parece dar valor. Hoje, já nin-guém parece sonhar com nada.Se naquela altura já tivéssemos todas as semanas uma SATA que nos levasse e trouxesse a preço acessível, pou-cos teriam ficado na Ilha, nem que fosse apenas para tocar o chão dessas estrelas do cinema e da canção.Bem que nos enchem de promessas nos discursos dirigi-dos à nossa saudade ingénua, e não faltam embaixadores das festas que aproveitando o que ainda a mãe-Europa dá, nos vêm acicatar o desejo de voltar. É bom vê-los, sem dú-vida alguma, mas precisamos dizer-lhes que eles próprios têm de levar o recado dos nossos anseios e preocupações no sentido positivo de haver condições para o imigrante querer e poder sempre voltar, não só pelo Santo Cristo, os que vivem na Costa Leste da América, metade do pre-ço dos que vivem no Oeste Americano. Afinal de contas, todos somos Ilhéus. E, dr. Carlos César, a frase é sua: “O importante é pensar Português”.Paroles, paroles, paroles… caramels, bonbons et choco-lats! Que não servem para adoçar as nossas vidas. Preci-samos de resoluções!Pensando bem, contas feitas às horas de viagem, gasolina e número de passageiros… Se eu fosse piloto, até gosta-ria de ter um aviãozinho daqueles… Se calhar ainda fa-ria para os caramelos, bom-bons e chocolates para dar às criancinhas.

A ilha Terceira vai dispor, no próximo Verão, de ligações aéreas às cidades de Milão e Frankfurt, anunciou o se-cretário regional da Economia, após uma reunião, hoje em Angra do Heroísmo, com dirigentes da Câmara de Comércio e Indústria local.Vasco Cordeiro acrescentrou que, em Junho, arranca a ligação semanal directa entre Terceira e a cidade alemã de Frankfurt, iniciando-se, no mês seguinte, um voo cir-cular Milão/Ponta Delgada/Lajes.Segundo sublinhou, estas ligações representam “mais um passo no trabalho que tem vindo a ser desenvolvido com o objectivo de captar novos mercados para o sector turístico regional”.Referiu , também, que as duas novas ligações aéreas com Terceira resultam do trabalho “que tem vindo a ser re-alizado pelas duas câmaras municipais da ilha , Angra do Heroísmo e Praia da Vitória, pela Secretaria Regio-nal da Economia, Associação de Turismo dos Açores e pela Câmara do Comércio e Indústria de Angra, com o objectivo encontrar soluções que permitam dar resposta

aos efeitos negativos que a crise económica internacional tem produzido nos mercados turísticos”.Para Vasco Cordeiro, “a estratégia de conjugação entre diversas entidades demonstra que podem ser encontra-das soluções para captar mais turistas para a Região, quer reforçando a nossa presença em mercados onde os Açores têm já bons índices de notoriedade, quer abrin-do novas oportunidades de negócio em mercados onde a Região começa agora a ser apresentada”.“Num ano que não será o mais fácil, tendo em conta a retracção a que temos assistido nos países emissores de turistas para a nossa Região, o Governo dos Açores está a fazer, e fará tudo o que for possível, com todos os par-ceiros do sector, para conseguir vencer os desafios que enfrentamos”, disse.A realização de frequências semanais com as cidades de Frankfurt e de Milão junta-se a outras duas ligações já realizadas em 2008 e que se vão repetir este ano, igual-mente com o apoio do Governo dos Açores - Paris e Amesterdão.

Terceira, Frankfurt, Milão

Não vais as Ilhas este ano?

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14 15 de Março de 2009COMUNIDADE

Comunicados1. O Consulado-Geral de Portugal em San Francisco apresenta os seus melhores cumprimentos e tem a honra de comunicar que a Fundação Calouste Gulbenkian anunciou a abertura de um Concurso, relativo ao ano lectivo 2009/2010, para candidatura a “Fellowhip” na John’s Hopkins University. O prazo para candidatura termina a 15 de Maio próximo Informações sobre este Concurso podem ser solicitadas através do e-mail transatlantic @jhu.edu ou telefonando para 202 663 5880.

San Francisco, 26 de Feverejro de 2009.

2. O Consulado-Geral de Portugal em San Francisco apresenta os seus melhores cumprimentos e, a pedido da Direcção Geral dos Assuntos Consulares e das Co-munidades Portuguesas, tem a honra de comunicar que quem estiver interessado pode candidatar-se à segunda edição do Prémio Empreendedorismo Inovador na Diáspora Portuguesa, cuja data limite é 31 de Março de 2009. Os processos de candidatura deverão ser submetidos a COTEC PORTUGAL, através do endereco electrónico [email protected] ou através do site www.cotec.pt/diaspora.

San Francisco, 26 de Fevereiro de 2009.

Televisão em sinal fechado à borla na netActualmente a internet é um veículo usado para as mais variadas utilizações, sendo os seus conteúdos diversos quanto baste. Ver televisão é um das opções.Agora, por isso, é fácil e mais barato ver televisão e até mesmo assistir a programas que só são transmitidos em canais codifica-dos totalmente à borla na net.Os principais canais nacionais, RTP, SIC e a TVI também oferecem conteúdos televi-sivos na internet, embora não o façam na totalidade da sua oferta, apostando quase só em programas de informação. Por exemplo, o Sintonizate.net é um novo site, com um design bastante atractivo que lhe permite ver vários canais televisivos on-line, no entanto, o site permite ainda verifi-car a programação do dia, ouvir centenas de rádios online em Portugal, vídeos retirados do YouTube e MetaCafe e organizados por categorias e jogar pequenos ‘joguitos’ flash. Na área de “Televisão” do site pode ver os vários canais online. Para além de canais nacionais como Tvi, Sic, Rtp, Sic Radical, entre outros, ainda é possível assistir a ca-nais internacionais como o canal de música MTV, o canal BBC, Cartoon entre muitos outros, que se encontram organizados por tema. Outro projecto português de televisão na internet é a TV Tuga.

Pedro Botelho - parcial in Expresso das Nove

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15PATROCINADORES

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16 15 de Março de 2009COMUNIDADE

Reformados - Que qualidade de vida?Começamos hoje uma série de con-versas com reformados da nossa comunidade que tiveram uma vida profissional muito activa.O propósito desta troca de impres-sões é saber como é que se passa de um momento para outro, de uma

actividade diária de grandes res-ponsabilidades, para uma vida mais calma, menos “stressante” e quais as consequências disso na saúde e no bem estar da própria pessoa.As perguntas foram as seguintes:

1. Qual é a sensação que se tem quando uma longa actividade profissional é inter-rompida por uma passagem à reforma? Que consequências, que frustrações?

2. Hoje, como é que passam os seus dias? Que actividades é que mantem?

3.Qual era a actividade que gostariam de ter, agora que têm todo o tempo do mun-do?4. Que conselhos daria aos jovens, depois da vossa experiência de dezenas de anos de trabalho?

Eduardo Mayone Dias1. No meu caso a transição foi relativamente gradu-al pois continuei a dar aulas por um trimestre após a data oficial da aposentação. Após esse período veio tranquila a passagem à inactividade profissional. A reforma fora aliás maduramente pensada. O meu colega Prof. Claude Hulet, catedrático de Literatura Brasileira. havia-se aposentado um ano antes e não foi substituído. A sua ausência representou um rude golpe para a integridade do programa de Português e eu senti-me frustrado ante o inevitável decréscimo do número de alunos, agora impossibilitados de cumprir os requisitos da licenciatura ou mestrado.Por outro lado, no meu último ano aumentaram os en-fadonhos deveres administrativos. A reforma foi des-te modo aceite com serenidade e mesmo certo alívio.

2. Difíceis problemas familiares levaram-me a uma vida predominantemente doméstica, digamos de uma quase sentença de prisão domiciliária. Isso, todavia, permite-me algo mais de tempo para me dedicar ao que sobretudo gosto de fazer, ler e escrever. Mante-nho ainda alguma actividade académica, dado que me continuam pedindo artigos para publicações de carác-ter universitário dos Estados Unidos, de Portuga e até num caso, do Japão.Em colaboração com um colega publiquei um livro sobre relações culturais luso-castelhanas e a tradução para espanhol de uma novela portuguesa.Tenho dado certo contributo a projectos audio-visuais e, sobretudo, tenho escrito muito, a um tom mais li-geiro, para vários jornais de emigração.

3. Considero-me satisfeito com o que estou fazendo. Sinto contudo saudades das viagens do antigamente. Teria gostado de voltar a Portugal, interrompidas as antigas estadias desde o ano 2000. Gostaria de ver como evoluiu a minha Lisboa e também de explorar recantos do país, que antes lamentavelmente negli-genciara. Os anos passam e infelizmente já quase não me restam amigos em Portugal. Seria contudo recom-pensante reviver o contacto com os poucos que so-brevivem.Também adoraria que o Pai Natal me desse de presen-te dias de 48 horas. Poderia assim gozar de mais tem-po para reler livros que outrora me entusiasmaram, abrir outros que, intactos, estão apenas acumulando poeira numa estante, acabar projectos de trabalho que se vêm arrastando por anos e anos.

4. Que poderia dizer aos jovens? Pouco convivo com eles. Os antigos alunos que ainda têm a generosidade de se lembrar de mim já são avós ou para isso cami-nham. Poderia sem embargo dizer que não temam a fase dos cabelos brancos, da bengala, do Medicare, dos óculos para ler, da vacina anual contra a gripe e dos descontos para isto e aquilo. Pode ser um tempo de agradável reflexão, da simpática constatação diá-ria de haver “acordado vivo”, do relembrar de tem-pos bons de antanho, de aproveitar plenamente o hoje como se o amanhã não existisse.

Rodrigo Alvernaz1. Quando, em 1999, passei à reforma com 63 anos de idade após 42 anos de serviço, não foi por o querer fazer tão cedo na minha vida, mas foi principalmente devido a razões de saúde, ou melhor, falta de saúde. A sensação original foi, sem dúvida, uma de quase com-pleta isolação, senti a falta do contacto diário com a nossa gente, com colegas de serviço, com a nossa que-rida comunidade.Eu sempre disse que, graças a Deus, eu usufri do me-lhor de dois mundos. Isto é, tendo a oportunidade de viver neste grande e acolhedor país e lidando no quoti-diano com gente da minha gente.Eu tive a felicidade de chegar à Califórnia com 17 anos de idade quando a imigração Portuguesa quase não existia. Eu tinha completado o curso liceal em Portu-gal, portanto foi aqui que me formei e entrei para o serviço da Luso-American em 1957, quando esta aca-bava de vir à luz com a fusão de duas velhas socieda-des fraternais fundadas por imigrantes Portugueses, a Beneficente fundada em 1868, e a Continental funda-da em 1917. No entanto continuei como um consultor para a Sociedade.

2. Depois dum prazo duns meses para poder ver se po-dia recuperar a saúde e expericenciar um bom descan-so, resolvi voltar a uma actividade reduzida servindo como voluntário na Fundação Luso-Americana para a Educação, da qual tinha sido um sócio fundador em 1963. Desenvolvi essa actividade por quase cinco anos como Presidente da Fundação.Também tive a oportunidade viajar, indo a Portugal visitar familiares várias vezes e fazendo algumas via-gens de cruzeiros, o que nunca tinha feito durante a minha carreira, quer por falta de tempo, quer por falta de dinheiro.Agora dedico a maior parte do meu tempo gozando o prazer de ver os seis netos crescer, indo aos seus jogos de futebol (soccer) ou Americano. Enfim apreciando muito quanto vale a família, pois quando estava ao ser-viço da Sociedade pouco tempo tive para poder fazer o mesmo para com os meus quatro filhos.Agora também desde que resido numa comunidade adulta e de golfe, jogo esse passa tempo, quando a saú-de me permite, isto é uma actividade a que me dediquei desde que me reformei.

3. Qual é esse tempo todo? Agora não tenho tempo para nada, gosto muito da seguinte anedota: “A minha mulher perguntou-me recentemente, o que estás a fa-zer?” Eu respondi “Nada”; Ela diz-me “Tu fizeste isso ontem!”; ao que eu respondi “Ainda não tinha acabado de o fazer”.

4. O conselho que eu sempre dei aos meus filhos e que, portanto, daria a todos os jovens seria que a vida serve para muito mais do que ganhar dinheiro. Dediquem-se a uma actividade profissional que vos dê prazer, acima de tudo. Eu dediquei-me de alma e coração a uma em-presa sem lucros e portanto soube apreciar bem quanto vale este conselho, porque sempre apreciei o meu ser-viço embora este requeresse a minha actividade quase sete dias por semana, nunca o considerei trabalho uma maneira de vida.Termino uma vez mais agradecendo ao Senhor José Ávila por esta oportunidade de conversarmos um pou-co porque como diz o velho ditado “Recordar É Vi-ver”.

Fernando Soares Silva1. A passagem à reforma acarreta sempre um período de relativa confusão e desorientação no novo modo de vida de quem se retira das suas habituais ocupações profissionais. Mesmo na hipótese de cuidadosa preparação e de pré-via programação das suas novas actividades, o refor-mado confronta temporárias, e por vezes, inquietan-tes, sensações de vacuidade e de inutilidade social, que podem ser agravadas seriamente quando ele se refugia nos ilusórios antros da inactividade, mental ou física. Durante a fase de adaptação à sua nova situação, o re-formado procura estabelecer condições que lhe permi-tam coerência e equilíbrio, e também o desejado bem-estar no resto da sua caminhada existencial. 2. Quando ingressei nas fileiras dos reformados, não interrompi ou cessei os meus trabalhos de pesquisa e as minhas actividades literárias e jornalísticas, bem como as minhas preferidas tarefas de labore exercício físico. Assim continuo e prosseguirei com a minha colabora-ção com jornais e revistas que desejam os meus artigos e os meus estudos e ensaios sobre uma grande varie-dades de tópicos que interessam aos seus respectivos leitores. Nos últimos anos, alarguei a já volumosa lista biblio-gráfica das minhas obras com a publicação de livros em prosa e em poesia, em Português e em Inglês, e, ainda, com a elaboração de várias dezenas de novos artigos que, recentemente, têm focalizado relevantes aspectos da saúde e do bem-estar físico e mental hu-mano. “Mens sana in corpore sano” é não só uma das minhas principais preocupações como também o foco da minha colaboração jornalística contemporânea

3. Além das diversificadas actividades literárias e de pesquisa supra mencionadas, eu gostaria de ocupar-me, de algum modo, em outros relevantes empreen-dimentos ou assuntos, de âmbito ou carácter cultural, que sejam de benefício para as nossas comunidades.

4. A juventude de hoje será a humanidade de amanhã. Ela é a precursora do futuro próximo e distante. A universalidade humana atravessa actualmente uma medonha crise cuja enormidade e complexidade são sem precedentes na história do mundo. Esta desastrosa situação é causada fundamentalmente pela negligên-cia, pelo esquecimento ou pelo menosprezo dos princí-pios e valores perenes que poderiam nortear a conduta e os relacionamentos humanos. A juventude contemporânea irá enfrentar um muito complexo e complicado futuro, para o qual ela neces-sita preparar-se com uma boa e completa educação que lhe permita vencer ou ultrapassar com sucesso as exigências laborais, sociais, económicas e políticas, Também indispensável será uma sólida formação éti-ca e moral que lhe oriente pelo caminho da dignidade humana.E aqui vai mais um conselho para os meus jovens lei-tores: Mesmo em tempos de procelas e de desaponta-mento, nunca deixeis de sonhar! Os grandes empre-endimentos humanos brotaram de sonhos que lhes serviram de alicerce. Nunca pareis de sonhar... para um mundo melhor!

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17COMUNIDADE

Ramiro C. Dutra1. É óbvio que o individuo deve antecipar a aposen-tação e preparar-se para ela. No entanto, é impossível prever tudo e um certo senso de humor é essencial.Há profissões que permitem uma transicção gradual através de um regime “part-time” nos últimos anos de serviço. Foi o que eu fiz e recomendo.

2. Após 41 anos de serviço no ensino e investigação, a ligação com a Universidade manteve-se através da apresentação de “guest lectures”, colaboração em se-minários e assistência a estudantes graduados.Dentro das minhas áreas de especialidade (química, nutrição, toxicologia e tecnologia alimentar) tenho mantido um certo nível de actividade dentro das res-pectivas associações profissionais e servido como re-censor (referee) na publicação de trabalhos submeti-dos a vários periódicos científicos.O fenómeno da emigração, o interesse pela comuni-dade e o pendor literário que sempre tive tem continu-ado a conduzir-me a actividades de cariz literário tais como conferências realizadas pela Direcção Regional das Comunidades, o Simpósio Anual de Tradições Portuguesas na UCLA, a série Filamentos da Herança Atlantica que se realizou em Tulare por vários anos.Eram (são) eventos de excelente nível académico cujos organizadores são dignos dos melhores encómios.Mas, muitas destas coisas declinam com o rolar dos anos. Temos, portanto, que seguir outras oportunida-des. Durante vários anos colaborei com uma Escola Médica do Sul da California numa campanha de Sau-de Pública junto das comunidades portuguesas desta área. Também servi como perito de alimentação no “Board of Directors” de um grande complexo residen-cial para a Terceira Idade. Foram experiências enri-quecedoras.O gosto pelas viagens e visitas a centros de cultura (museus, universidades, etc.) adquirido durante as dé-cadas de serviço ainda ocupa posição prioritária no meu calendário.Não desprezo uma ida à praia no verão ou a Las Vegas no Inverno, e passo horas a fio numa enorme livraria onde há poltronas e café.Todavia, a minha grande atracção é o ginásio. Vou lá como cliente e como observador. Vê-se lá de tudo: jovens e velhos, gordos e magros, um cego com o cão, uma senhora em cadeiras de rodas e, últimamente, uma mãe conduzindo pelo braço um rapagão cego de nascença. A motivação e o optimismo são gerais. As vezes tento uma breve conversa e sinto-me feliz.

3. Não acredito que o reformado tem necessáriamente todo o tempo do mundo. Só é inerte na aposentadoria quem já o era dantes. As actividades que mais gosta-ria de fazer são precisamente as que estou fazendo.

4. Aos jovens da nossa comunidade (e não só), espe-cialmente nos conturbados tempos que este País atra-vessa, deixo a seguinte mensagem: Aproveitem o período da juventude para adquirir uma boa educação (universitária ou não) e procurem de-senvolver três atributos: independência, responsabili-dade e tolerancia.

Independência para poderem traçar e seguir uma profissão ou negócio que lhes traga satisfação e sus-tento e os faça cidadãos prestantes.

Responsabilidade para aceitar as consequências das suas acções.

Tolerancia para reconhecer que dentro do conheci-mento humano há as matérias científicas (que se re-gem pela Razão) e as não-científicas (que se regem pela Emoção e dão a todos igual direito às suas ideias e interpretações).

Envio uma saudação cordial aos nossos jovens con-fiante na clarividência que eles certamente irão ex-primir qundo tiverem os cabelos tão brancos como os meus (os poucos que me restam).

Heraldo G. SilvaPassa breve tudo quanto passa…

Só Deus não passa.Fernando Pessoa

1. Aposentado aos sessenta anos por motivo de do-ença (1998), a sensação que tenho tido é a de escapar ao peso diário de levantar cedo e da constante prepa-ração das aulas. Até parece que é ”Domingo toda a semana”! Além disso, há tempo livre para leituras, televisão, cuidar do quintal, conviver com vizinhos e amigos e participar em mais actividades comuni-tárias.

2. O meu dia a dia é muito normal e consta mais ou menos do que se segue: assistência à Missa diária sempre que posso; trabalhos da casa e do quintal; consultas frequentes a médicos no Sul, Norte, Les-te e Oeste da Baía. Tenho participado nas seguintes organizações comunitárias: Comunidades Eclesiais de Base – reuniões mensais de imigrantes que se jun-tam para oração, leituras bíblicas e discussão de pro-blemas de vida; Comunidade de Leigos Carmelitas – reuniões mensais de oração e aprofundamento de tópicos de espiritualidade (Santa Teresa de Ávila, São João da Cruz e outros); actividades paroquiais: ajuda alimentar a desalojados, cursos de Bíblia, Adoração do Santíssimo Sacramento; colaboração assídua como revisor de trabalhos a publicar pela editora Portugue-se Heritage Publications, e colaboração com artigos e traduções; algumas viagens para Portugal, Açores, Brasil, França e Terra Santa; alguma cooperação cul-tural na Universidade Estadual de São José e nalgu-mas sociedades fraternais.

3. O meu ideal sempre foi o de participar no desenvol-vimento educativo, intelectual e espiritual das pesso-as, e é o que continuo a fazer.

4. Aproveitar ao máximo as oportunidades escolares e a promoção profissional; não se deixar absorver tan-to pelo trabalho ao ponto de não ter tempo para Deus e para o desenvolvimento espiritual, para a família, para o descanso moderado, exercício físico e convi-vência com os amigos. Considero o bom relaciona-mento com a pessoas muito importante para a nossa saúde psicológica e emocional.Dou imensas graças a Deus pelos dons da vida física e espiritual, da família, dos muitos benfeitores, colegas e amigos ao longo dos anos.

Decio Oliveira1. Quando resolvi terminar a minha carreira profissio-nal sabia, de antemão, que não ficaraia de braços cru-zados, vendo televisão, semi adormecido, esperando a morte.Embora tivesse sido convidado para instructor clinico em Endodoncia, na Universidade da California, San Francisco, não aceitei para não ter que lutar com o tráfego do dia a dia na estrada 101.

2. Desta feita, dediquei-me ao que mais gostava, como passatempo, horticultura, poesia, viajar e, como qual-quer avo, dediquei-me aos netos, para além do con-tínuo envolvimento na Comunidade, em especial a Igreja Nacional das Cinco Chagas, I.E.S., Portuguese Athletic Club, Camara do Comércio Portuguesa, Por-tuguese Heritage Publications, POSSO, etc.Continuo a dormir as poucas horas que me acostu-mei há muitos anos, e passo algum tempo de manhã e a noite, no computador, apreciando boa música de fundo.Não é surpreendente que após tantos anos de conví-vio diário com pacientes, não tenha sentido, até certo ponto, um vácuo difícil de preencher, não no que diz respeito ao trabalho, mas sim à falta do contacto hu-mano, que edifiquei durante a minha carreira profis-sional.

3. Quanto à actividade que eu gostaria de ter neste momento, para além das actividades acima mencio-nadas, seria adquirir um emprego (não trabalho) na Sociedade Açoriana de Transportes Aéreos SATA, para viajar gratuitamente para os Açores, sem ter que me preocupar com as tarifas exorbitantes impostas em nós imigrantes.

4. Agora, virado para os jovens, gostaria de dizer-lhes que o saber, ninguém vos rouba, nem por morte, é a maior herança que os vossos pais vos podem deixar.Aproveitem as oportunidades que as Universidades deste grande País vos oferecem para adquirirdes qual-quer que seja a vossa ambição.Pensai no futuro, olhai em redor, e vereis que sem uma boa educação académica, a vida se torna mais difícil e o futuro mais nublado.

Rodrigo Alvernaz, nasceu nos Cedros, Faial, Aço-res.Estudou no Liceu Nacional da Horta, Liceu Passo Ma-nuel (Lisboa) - Curso LicealHeald Colleges, San Jose e San Francisco - AccountingCal State University - Business ManagementVice-Presidente Excutivo e Chefe Executivo (CEO).Agraciado com a Ordem de Mérito, no grau de Comen-dador.

Fernando Soares Silva, nasceu na Ribeira Grande, São Miguel. Iniciou os seus estudos superiores na Uni-versidade Gregoriana, em Roma, Itália, onde se formou em Estudos Teológicos e Filosóficos. Na Universidade de San Francisco - Licenciatura e Mestrado, respectiva-mente em Filosofia e Línguas Clássicas e Românicas, e em Ciências da Educação e Psicologia. Licenciatura em Filosofia, concedida pelo Ministério da Educação e Cul-tura, de Portugal. Doutorou-se em 1968, em Ciências de Educação, Filosofia e Estudos Portugueses, na Universi-dade da Califórnia, em Berkeley. Professor universitário. Agraciado pelo Presidente da República de Portugal, Dr. Mário Soares, com a Ordem do Infante D. Henrique, no grau de Comendador

Eduardo Mayone Dias, nasceu em Lisboa. Licen-ciou-se em Filologia Germanica na Faculdade de Letras de Lisboa. Doutorou-se em 1971 na USC em Literatu-ras Hispanicas. Leccionou 29 ano na UCLA e mais 13 anos repartidos entre Portugal, Inglaterra e Mexico. Foi agraciado pelo Governo Português duas vezes com a Or-

dem do Infante D. Henrique nos graus de Comendador e Grande Oficial.

Ramiro Dutra, nasceu em Ponta Delgada. Estudou nas Universidades da California, Berkeley e Davis. De-pois de se doutorar em Biochemistry, foi um distinto pro-fessor universitário de Nutrição e Tecnologia de Alimen-tação, na Technical University of the State of California. Foi agraciado com o Colar do Mérito Agrícola e Ordem Militar de Santiago de Espada, no grau de Comendador.

Decio Oliveira, nasceu na Ribeira Grande, São Miguel. Frequentou o Magistério Primário em Ponta Delgada. Veio para a America em 1957. Cursou-se em Medicina Dentária na Universidade de Davis e depois douturou-se na Universidade da California em San Fran-cisco. Foi médico dentista durante 35 anos en San José, e reformou-se em Dezembro de 1999. Agraciado com a Ordem de Benemerência, no grau de Comendador.

Heraldo Silva, é natural do Capelo, Faial, Açores. No Seminário de Angra cursou estudos secundários, filosó-ficos e teológicos, mas não se ordenou. Fez o bacharelato na Universidade Católica de São Francisco, e o mestrado e o doutoramento na Universidade da Califórnia em Los Angeles. Ensinou português, espanhol, francês e latim em escolas secundárias (5 anos). Como professor univer-sitário leccionou português e espanhol na Universidade Estadual de São José (24 anos). Agraciado com a Ordem do Infante D. Henrique, no grau de Comendador.

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18 15 de Março de 2009PATROCINADORES

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19COMUNIDADE

J. A. Freitas Library in San LeandroNews about the creation of a li-brary exclusively of works related to Portugal and her sons throu-ghout the world, was first made public in January 1964, just be-fore construction of the U.P.E.C. Office took place in San Leandro, California.The Board of Directors autho-rized space in the Conference Room of the building to house works of Portuguese writers and any literature related to the Por-tuguese in the United States and in any place in the world. This Library, now with over ten thou-sand titles, both in English and Portuguese is serving as a center of research and is destined to help divulge knowledge of the Portu-guese to the American public, re-gardless of their extraction. We are glad to see that the library is serving its purpose. People eager to learn and cultivate their kno-wledge of the Portuguese people visit it daily.After an appeal for donations was made, books began to arrive from several parts of the Cali-fornia, and Massachusetts. Lar-ge contributions were registered from Gulbenkian Foundation; House of Braganca; Dr. Manuel Pedro Ribeiro da Silva, Council of Portugal; Cultural Institutes in Ponta Delgada, Horta, Angra do Heroismo, Funchal, and many individuals.Thanks to these original contribu-tors, the library began to flourish and give fruit; it is now enjoyed by many, especially students who come to read and borrow literary works.The library was originally known as the “U.P.E.C. Library” but de-legates assembled at the U.P.E.C. Convention in 1965 voted unani-mously in favor of a resolution intended to call the library the “J.A. Freitas Library” in tribute to this exemplary officer of the organization.J.A. Freitas was a friend of the Portuguese and throughout his li-fetime, not only praised them but also wished that someday Cali-fornians would have an opportu-nity to learn and respect the deeds of the sons of Portugal. However, Joseph A. Freitas, did not live to realize his dream. On March 23, 1965, a sudden death robbed J. A. Freitas from his countless friends within the organization he served and loved.A fund has been created with a grant from the Estate of Louise Freitas, wife of deceased J. A. Freitas, to purchase additio-nal books for the library. Besides this grant, the fund is also made of personal donations.You may also contribute to the growth of this library by either sending books (Portuguese au-thors or foreign writer whose works are related to Portugal and Portuguese) or by sending your donation to the J.A. Freitas Libra-ry. If you intend to offer books, please submit your list to the li-brary in advance.1120 E 14th St, San Leandro

from JA Freitas Library brochurephotos by jose avila

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20 15 de Março de 2009COMUNIDADE

Carnaval 2009

Excerto das “Heroínas Açorianas” de Hélio Costa

... Oh vocês. Eu fui ouvindo o que aquela gente dizer quisMas quando a mostarda me chegou ao narizEu então disse tudo o que me apeteceu dizer

CHICAHá gente que de tudo é capazE no que diz não medita

CAROLINAIsso é o pagamento por aquilo que a gente lhes fazQuando eles vêm cá de visita

FAUSTINA (Tenta acalmar)Vocês também não hão de ser dessa maneiraSe calhar essa gente disse isso na brincadeiraTirem vocês isso da ideia

CARLOTATu tens o teu pensar e eu tenho o meuE não gostas da Terceira mais do que euMas há certas coisas que chateia

Sempre que vem aqui alguém de PortugalUma filarmónica, um folclore, um baile de carnavalOu amigos da nossa terra amadaO emigrante vibra de emoçãoE faz das tripas coraçãoPara que nunca lhes falte nada

CHICATens razão no que estás a dizerE eu concordo contigo tambémA gente fica sem saberO que é que havemos de fazerPara que eles se sintam cá bem

CAROLINAE quando a gente vai à TerceiraAlguns até viram o rabo à gente

FAUSTINAÓ mulher. Isso não há-de ser bem dessa maneiraVocês estão é nervosas certamente

CARLOTAA gente prejudica a nossa vidaPara andarmos com eles a passearSempre numa alegria desmedidaPara que eles estejam a gostarDamos carro, damos cama, damos comidaDamos de tudo o que há no nosso larSe vamos a um club tomar uma bebidaNunca os deixamos pagarDe tudo um pouco fazemosPara que eles sejam bem servidosE depois a paga que temosÉ que somos estúpidos e atrevidos

CHICAExactamente como estás a dizerFazemos um sacrifício enormeAté chegamos a oferecerA cama onde a gente dormeFazemos tudo com ternura

Sempre no sentido de melhor agradarAté tiramos férias naquela alturaPara os podermos acompanhar

CARLOTA.E se chegarmos à Terceira de repenteO que é que alguns fazem à gente?Fazem metade destes sacrifícios sequer?Com as suas maneiras pacatasLevam a gente um dia à Lagoa das PatasE até amanhã se Deus quiser

CAROLINASe algum grupo da Terceira nos vem visitarA gente mata-se aqui a trabalharCom amizade e gentilezaFazemos de tudo cáPara que levem uns dólares para láQue venha reduzir a despesa

Trabalhamos por todos os ladosPara lhes darmos um apoio financeiroE na hora que são chamadosPara recebem o mealheiroAlguns ainda ficam chateadosPorque esperavam mais dinheiro…

CAROLINAMas se vamos com um grupo à TerceiraA música toca muito diferentePagamos tudo da nossa algibeiraPorque ninguém dá nada à genteO que nos podem oferecerNos dias que estamos láÉ alguma encomenda para trazerPara algum parente que tenham cá

FAUSTINAVocês não hão-de ser dessa maneiraO que vocês estão é precisarÉ de uma tigela de chá de cidreiraPara esse nervosismo acalmar

CARLOTAA gente não precisa de chá de cidreiraNão está aqui ninguém para morrerPrecisamos é que algumas pessoas da TerceiraVejam os emigrantes com olhos de ver

CHICA Os terceirenses que emigraramCom a sua coragem verdadeira Desde que a esta terra chegaramNunca se esqueceram e sempre honraramA sua Ilha TerceiraDesde que aqui chegamosCom espírito de lutadoresDe mãos dadas trabalhamosSem ódios nem rancoresE por todos os cantos semeamosAs tradições dos Açores

FAUSTINANessa. Tens razão quanta queiraAlém das lágrimas que choramosSempre honramos a nossa TerceiraE os amigos que lá deixamos

CAROLINATrouxemos para cá as nossas procissões

E as nossas lindas coroaçõesTudo o que era tradicionalFilarmónicas, Folclore, Matan-çasMarchas de São João e as dan-çasDo nosso querido Carnaval

CARLOTATudo isso veio para cáSem haver razão de queixaSe não damos foguetes como dão láÉ porque a polícia aqui não deixa

CHICAConstruímos igrejas, SalõesIrmandades, associaçõesEntre tantas coisas maisE estações de rádio igualmenteQue transmitem diariamenteAs nossas musicas regionais

FAUSTINAEstações de rádio de primeiraQue transmitem musicas açorianasEnquanto os rádios da TerceiraPassam a vida inteiraSó a passar músicas americanas

CARLOTAPor tudo isto e muito mais certamenteQue agora não estamos lembradosAinda acabam por tratar a gentePor estúpidos mal-educados

CAROLINANunca nos esquecemos de falar portuguêsAssim como de em português escreverAinda falamos espanhol e inglêsE só não falamos chinêsPorque não foi preciso aprender

CHICAAgora pergunto a quem está presenteNesta sala majestosaSerá que uma ilha que tem filhos iguais à genteNão se devia sentir orgulhosa?Se as pessoas para a realidade olhassemInclusive certos fulanosNão ficava nada mal se nos chamassemPor Heróis Açorianos

CARLOTAExactamente! Tal e qual como um mais um serem doisSempre adorei as tuas ideias repentinasOs nossos maridos foram uns HeróisE a gente somos umas Heroínas

FAUSTINAIsso é que é falarCom as tuas palavras me alucinasCarlota. Tenho uma coisa para te perguntarO que é essa coisa de Heroínas?

CARLOTANão sabes mas eu vou-te dizerJá que isso na consciência te róiUma Heroína vem a ser

A fêmea do HeróiComo esclarecido aqui já foiSó uma tola não atinaSe és casada com um HeróiTens que ser uma heroína (Musica de Jorge Ferreira)“ Portuguesa é a mais linda”

CAROLINAPovo amigo que esta festa partilhasMuito obrigado e não nos leves a malPorque somos apenas mais quatro filhasQue amamos as nossas ilhasE o nosso Portugal

REFRÃOÓ EmigranteTu és a luzMais cintilanteDa Terceira de JesusA alma dóiCom teus valoresÉs um HeróiDas nove Ilhas dos Açores

FAUSTINAOs desabafos que ás vezes aqui soltamosNunca são ditos para ofender ninguémSó os dizemos porque com amor olhamosTudo o que um dia deixamosNa Terceira nossa mãe

CHICAO motivo de soltarmos certos prantosNestes palcos uma vez em cada anoNão é para nos tratarem como santosMas para que vejam os encantosDo Emigrante Açoriano

CARLOTASejam estúpidos ou até mal-educadosO que interessa minha gente hospitaleiraÉ que mesmo pela distancia separadosFomos todos embaladosPelos braços da Ilha Terceira

REFRÃO

Ó EmigranteTu és a luzMais cintilanteDa Terceira de JesusA alma dóiCom teus valoresÉs um HeróiDas nove Ilhas dos Açores

A pedido de várias pessoas, transcrevemos a parte final da Dança de Carnaval “As Heroínas Açorianas” de Hélio Costa, pelo Grupo de José Enes e Amigos.

DESPEDIDA

REFRÃONão importa ser de São Jorge de São Miguel ou FaialGraciosa Santa Maria ou das FloresCorvo ou Pico --- nem da Terceira para nós é tudo igualO que importa é que somos dos Açores

E agora vem, a moda que trás o finalMas sempre que há CarnavalExiste uma parte assimÉ com tristeza que damos a despedidaMas sabemos que na vidaTudo o que nasce tem fim

O Carnaval, é genuíno da TerceiraMas quem vem à nossa beira

Das ilhas ou continenteÉ porque adora e para nós o principalÉ que as festas do CarnavalSão feitas para toda a gente

E é por isso, que nestas nossas sextilhasHonramos todas as ilhasCom carinho e lealdadePorque no fundo, somos todos emigrantesQue partilhamos por instantesA dor da nossa saudade

Cada emigrante, aqui nesta sala em florSeja lá de que ilha forPara nós é um irmãoÉ uma bonina ou uma hortênsia azuladaQue guardarei bem guardadaDentro do meu coração

Todos unidos, caminhando lado a ladoSeja qual for o estadoMinhas senhoras senhoresÉ com orgulho que o mundo olha para nósPorque juntos somos a vozDas nove ilhas dos Açores

E agora quero, a todos vós agradecerE mais uma vez dizerCom sentimento profundoQue o emigrante que é filho de PortugalÉ o mais sentimentalDos quatro cantos do mundo

Também eu quero, agradecer a JesusA santa paz e a luzQue brilha neste festivalE agradecer a todos os Açorianos

Que ao longo destes anosHonram o nosso CarnavalE deste grupo, que da Artesia aqui vemQuero-vos deixar tambémToda a nossa gratidãoE a terminar, o nosso muito obrigadoE um abraço bem apertadoAos emigrantes que aqui estão

Não importa ser de São Jorge de São Miguel ou FaialGraciosa Santa Maria ou das FloresCorvo ou Pico --- nem da Tercei-ra para nós é tudo igualO que importa é que somos dos Açores

Page 21: Tribuna March 15, 2009

21PATROCINADORES

FRATERNAL ACTIVITIES OF THE SOCIETY

Luso American Fraternal FederationSociedade Portuguesa Rainha Santa Isabel

March 2009 LAFF

Date Time Council City LocationS a t u r d a y , 21th

5:00pm No-Host Cocktail6:00 Dinner

37B-46C A n t i o c h , Byron, Wal-nut CreekPresidents Visit

Flor do Oakley Hall2nd St, Oakley, CA

Sunday, 22nd 12:00 pm No-Host Cocktails1:00 Lunch

53B Newcastle

PresidentsVisit

Newcastle Por-tuguese Hall690 Taylor Rd,Newcastle, CA

APRILFriday, 17th

7:00pmCocktails7:30 Dinner

Luso 3 FremontUnion City-P r e s i d e nt s Visit

Alvarado Portu-guese HallAlvarado, CA

Sunday, 18th 6:30 pm Cocktails7:00 Dinner

17B GustineP r e s i d e nt s Visit

Gustine GPS Hall 3rd St, Gustine, CA

FMarchch SPRSIS a t u r d a y , 21th

12:00 pmFellowship12:30 Lunch

3, 21,84,105

FremontP r e s i d e nt s VisitMore info: Betty Hebel510-792-1221

Spin A Yarn Restaurant45915 Warms Springs, BvldFremont,CA

Sunday,22 nd 59 P r e s i d e nt s Visit

More informa-tion to follow

S a t u r d a y , 28th

TBA 1119 BakersfieldP r e s i d e nt s Visit

More informa-tion to follow

APRILT h u r s d a y , 2nd

11:30 amSecretary The-resa Laranjo209-826-2729

66 Los BanosP r e s i d e nt s Visit

Country Waffle845 W Pacheco Blvd, Los Banos

Saturday 4th Noon 26 NewcastleP r e s i d e nt s Visit

Info: Emily San-tone 916-652-1237

LUSO AMERICAN LIFE

20-30’s Associate President Liz Alves, State President Liz Rodrigues, State Youth President Gary Resendes

Contact LAFF 925-828-4884

SPRSI Presidents:

Constance Brazil, Tisha Cardoza, Brianne Mattos

Page 22: Tribuna March 15, 2009

22 15 de Março de 2009DESPORTO

UEFA Liga dos Campeões

Dragões seguem para quartos de final

Empate a zero no Dragão en-tre FC Porto e At. Madrid, em jogo da segunda mão dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões escaldante e im-previsível, coloca os azuis e brancos na próxima fase da competição.Depois de ter empatado 2-2 em Madrid, o FC Porto par-tiu em vantagem para o jogo decisivo e, sobretudo graças a uma segunda parte de gran-de concentração, atingiu com mérito os “quartos”, fase que não conseguia desde 2003/04, época do segundo título euro-peu.O treinador Jesualdo Ferrei-ra, que tinha falhado nas duas épocas anteriores o patamar das oito melhores equipas da Europa – caiu então aos “pés” de Chelsea e Schalke 04 – che-ga também, pela primeira vez na sua carreira aos quartos-de-final da prova “milionária”.Com o feito, o FC Porto arre-cada perto de 3,5 milhões de euros e mantém Portugal na

luta pela presença na final de Roma, já que o Sporting foi eliminado pelo Bayern Muni-que, com um estrondoso 12-1, na totalidade dos dois jogos.Apesar de não ter feito nenhum golo, o FC Porto foi superior na segunda parte (uma bola na barra e outra no poste, entre outros lances), acabando, no entanto, por sofrer alguns ca-lafrios na etapa final do jogo. O mesmo tinha acontecido no primeiro tempo.Sem Fucile, ainda lesionado, Jesualdo Ferreira regressou ao “onze” que tinha alcança-do o empate em Madrid, com Helton, na baliza, uma defesa com Sapunaru, Bruno Alves, Rolando e Cissokho, ficando o meio-campo entregue a Fer-nando, Raul Meireles e Lucho GonzalezCristian Rodriguez, Lisandro Lopez e Hulk encarregaram-se, inicialmente, das manobras mais ofensivas do tricampeão português.Do lado do Atlético de Ma-

drid, a ausência de Diego For-lan do “onze”, por opção, foi colmatada com a inclusão de Sinama Pongolle, ficando as-sim, somente, Sérgio Aguero, na frente.Leo Franco, na baliza, uma defesa com Luis Perea, Pablo Ibañez, Ujfalusi e Antonio Lopez, e um meio-campo com Paulo Assunção, Raul Garcia, Maxi Rodriguez e Si-mão, completaram o “onze” espanhol.Habituado a tomar a iniciati-va, o FC Porto surgiu empe-nhado em marcar cedo e os dois centrais, primeiro Rolan-do e depois Bruno Alves, ten-taram abrir activo, num lance de cabeça e num livre directo, respectivamente, ambos sem a direcção desejada.O Atlético Madrid, mais dis-creto nas investidas ofensivas, respondeu aos 16 minutos, num remate forte de Perea, desviado por Helton para canto e, aos 25, num contra-ataque rápido, que terminou

com Simão estatelado na área, parecendo ter sido tocado em falta por Bruno Alves.Fernando tentou então colo-car o FC Porto em vantagem no marcador, aos 33 minutos, num remate de fora da área superiormente defendido por Leo Franco, embora nesta al-tura e até ao intervalo, fosse o Atlético a mandar no jogo.Na segunda parte, os “azuis-e-brancos” começaram des-temidos como no primeiro tempo, com Raul Meireles e Lisandro, aos 53 e 56 minu-tos, respectivamente, a darem os primeiros avisos.Diego Forlan foi então chama-do pelo treinador Abel Resino (saiu Maxi Rodriguez) e, aos 59 minutos, os jogadores por-tistas reclamaram grande pe-nalidade, por alegada mão na bola de um adversário.

Fonte: Lusa /Getty imag

FC Bayern München confirmou o apura-mento para os oitavos-de-final da UEFA Champions League ao derrotar o Spor-ting por 7-1, no Fußball Arena München, na maior vitória sempre nas fases a eli-minar da prova e que igualou o máximo total numa mesma ronda.

Depois de ter averbado o seu maior triun-fo na prova fora de portas, em Lisboa (5-0), a formação de Jürgen Klinsmann voltou a fazer história e assinou o melhor resultado em casa na principal competi-ção europeia de clubes, na segunda mão realizada na Alemanha. A vitória báva-ra começou com dois tentos de Lukas Podolski, antes de Anderson Polga fazer um autogolo. João Moutinho reduziu a desvantagem num espectacular rema-te de longe, mas logo a seguir Bastian Schweinsteiger repôs a diferença. Numa noite infeliz dos “leões” – a sua pior der-

rota na Europa –, Mark van Bommel, Mi-roslav Klose (penalty) e o suplente Tho-mas Müller fixaram o resultado no último quarto-de-hora do desafio. Posto isso, o Bayern segue em frente com o expressivo total de 12-1 e estará presente no sorteio dos quartos-de-final e das meias-finais da prova, agendado para 20 de Março.

O objectivo de Paulo Bento era tentar apa-gar a má imagem do encontro de Lisboa, há duas semanas, mas as coisas começa-ram a ficar complicadas quando o trei-nador dos portugueses viu a sua equipa sofrer o primeiro tento logo aos sete mi-nutos. Podolski recolheu um mau alívio de Polga, combinou com Zé Roberto e ba-teu o guarda-redes Rui Patrício de fora da área. O conjunto de Munique esteve perto de aumentar a vantagem quando Miros-lav Klose falhou à boca da baliza a recar-ga a uma bola defendida para a frente por

Patrício, após remate de Mark van Bommel, mas o segundo golo teutóni-co não tardou muito.

Hans Jörg Butt, que se estreou em jogos da UEFA Champions Lea-gue no lugar do habitual guardião Michael Ren-sing, repôs o esférico em jogo com um pon-tapé longo e ninguém do Sporting conseguiu anular o lance. Quando Polga tentou impedir Podolski de chegar à bola, o defesa brasileiro chocou com Patrício e, apesar de estar de costas para a baliza, o avança-do alemão não desper-diçou a oferta. Simon Vukčević tentou remar

contra a maré e viu Butt negar-lhe o golo em dois fortes remates aos 36 e 37 minu-tos, este na marcação de um livre directo – os primeiros do Sporting ao alvo.

Mas logo a seguir, aos 39, chegou o ter-ceiro da noite, em mais um lance infeliz da defesa leonina. Bastian Schweinstei-ger apontou um canto da direita e Polga, na tentativa de afastar a bola, introduziu-a nas suas próprias redes. O capitão do Sporting, Moutinho, deu o exemplo vol-vidos três minutos ao marcar um espec-tacular golo num pontapé de fora da área ao ângulo superior direito, mas na jogada seguinte Christian Lell aproveitou a fraca oposição de Miguel Veloso no lado es-querdo da defesa, cruzou rasteiro atrasa-do e Schweinsteiger não perdoou.

Ambos os técnicos fizeram duas subs-tituições ao intervalo e o sportinguista Marat Izmailov, um dos novos em campo, esteve perto de marcar pouco depois do reatamento, mas o remate do médio russo saiu ligeiramente ao lado da baliza ger-mânica, antes de Yannick Djaló também ter criado perigo num pontapé de longe. A desaceleração do Bayern e a rectifica-ção de posições por parte dos jogadores do Sporting equilibraram o encontro até à meia-hora da etapa complementar. Iz-mailov e Vukčević viram Butt negar-lhes os intentos e foi Van Bommel a fazer o quinto do Bayern a 16 minutos do fim, antes de uma grande penalidade de Klo-se, a castigar falta de Pedro Silva sobre o dianteiro, e Müller fazerem história.

In uefa.com/ Getty image

UEFA Liga dos Campeões

Bayern 7 Sporting 1 Noite Infeliz

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23PATROCINADORES

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24 15 de Março de 2009TAUROMAQUIA

Forcados do Ramo Grande faltaram ao compromissoFoi só na altura de se pagarem as passagens que os Forcados de Turlock tomaram conhecimento que o novel Grupo de Forcados do Ramo Grande, já não queriam vir à California a não ser que os Forcados de Turlock pagassem mais seis passagens, além das dez que estavam combinadas. Para quê trazer 16 forcados para pegarem em 3 toiros? Eu acho que tentaram esta desculpa porque não queriam vir de qualquer maneira.É pena eles não virem, mas mais pena tenho pela ma-neira pouca airosa como não quiseram vir. Contratos são contratos e não é no dia de se pagaram as passagens que se anuncia que não querem vir. Houve aqui uma falta de

lideranca, que não compreendemos. Quando soubemos desta historia, lembrei-me logo de alguns bailinhos de carnaval da California, em que se fa-lava acerca da maneira como os nossos irmãos das Ilhas nos viam a nós nas Americas. Afinal o Carnaval tinha razão. Há sempre que aprender com a poesia popular.Assim o Grupo de Forcados de Turlock irá pegar os seis toiros no dia do seu 33o. Aniversário.

Fuerza, forcados de mi tierra!

Enfio o meu chapéu até aos ombros pela maneira pouco airosa como os Forcados do Ramo Grande desistiram de vir à California. Parecem brincadeiras de criancas.Tenho esperança que eles um dia virão visitar-nos e que os receberemos sempre com muito carinho.

Tiro o meu chapéu à organização da Corrida da Festa de Stevinson por ter incluido numas das cor-ridas o Ganadero Joe Rocha, que esteve afastado das arenas em 2008. É bom regressar.Outras organizações deveriam também contratar gana-darias que não correm tanto como as outras. Em tempo de crise nada melhor do que distribuir a pouca riqueza por todos.

Devo uma entrevista ao Alvaro Aguiar e outra ao José João, mas tenho levado uma vida um tanto ou quanto ocupada com este jornal e a família (tenho 7 netos e a caminho do oitavo), o que não me permitiu ainda a minha deslocação aos Estudios da KLBS em Los Banos. Terei muito gosto e prazer em falar com o meu amigo Alvaro àcerca de toiros e com o José João àcerca do Tribuna. Falando é que a gente se entende, já dizia o velho ditado. Está para breve.

Coloquei no website do Tribuna www.tribunaportuguesa.com e em fotografias, um slideshow dos melhores momentos da Temporada 2008. Vejam-no, gozem-no e digam aos vossos amigos, muito em especial aos de Portugal, para que eles vejam que aqui na California também temos toiros, cavalos, aficion e praças cheias.

Acreditamos que a KIGS e a Via Oceanica irão mais uma vez transmitir as Corridas das Sanjo-aninas. Seria bom começar cedo e a boas horas para que possam usar as melhores tecnologias existentes no mercado. Até agora foi assim-assim, há tecnologias melhores, para que possamos ver e ouvir com todo o nível possível. Quem puder, ajude com alguns anúncios a KIGS a suportar essas despesas, tal como este jornal já o faz há anos. Ajudar as nossas Rádios é impera-tivo, porque senão acordamos um dia a ouvir musica country ou mexicana e depois choraremos lágrima de crocodilo pela falta que nos faz.Quem vos avisa, vosso amigo é!

Quarto Tércio

José Á[email protected]

Temporada 2009

É tempo de se visitarem ganadariasA primavera é um tempo extraodinario para se começar a visitar ganadarias. É neste altura que as ganadarias co-meçam as suas ferras e mesmo as suas tentas. Começam também a separar os toiros para as próximas corridas e a tratá-los com uma certa atenção, não vão eles magoarem-se até a sua entrada nas arenas das nossas praças. Todo o cuidado é pouco no maneio destes estes animais que

todos apreciamos. Ainda não tivemos tempo de ver nenhuma ganadaria em pormenor, mas outro dia ao passarmos em casa de Anto-nio Nunes, vimos algumas vacas bravas acompanhadas por um bonito semental. Deixamos aqui uma foto do su-cedido, vendo-se as montanhas cheias de neve.

Como um toiro perde beleza,quando toureado à portuguesa! Até rima!

Toiro 64 da ganadaria Açoriana, no dia 7 de Março de 2008, antes da corrida e depois na Praça de Stevinson a 26 de Maio de 2008. Que diferença de atitude, de beleza, de altivez? Aquelas bolas só deveriam ser usadas em toiros feios...

fotos de jose avila

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25PATROCINADORES

VISITAS OFICIAIS PARA O MÊS DE ABRIL

April 3, 2009 – 6:30 PMOfficial Visit, Co #65, Mountain View. Tel: 408-243-4079 April 4, 2009 – 12:00 PMOfficial Visit, Co #37, Monterey. Tel: 831-758-9709 April 5, 2009 – 1:30 PMOfficial Visit, Co #32, San Jose. Tel: 408-263-0935

April 17, 2009 – 6:30 PMOfficial Visit, Co. #15, San Francisco. Tel: 415-731-3002 Aril 18, 2009 – 7:00 PMOfficial Visit, Co #1, San Leandro. Tel: 510-814-0697 April 19, 2009 – 12:30 PMOfficial Visit, Co #24, Stockton. Tel: 209-477-6441 April 26 Sunday – 1:00 PMOfficial Visit, Co #52 – Modesto. Tel: 209-556-7185

Abril

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26 15 de Março de 2009ARTES & LETRAS

Diniz [email protected]

Apenas Duas Palavras

A Poesia de João-Luis de Medeiros

funeral da alegria Ideias! Ideias!gemidos mentais de orgias de luznas fendas do pensamento... Ideias de paz traídas pelo aroma falsode juras malditas, solenemente repetidasno leito nupcial da banalidadefeito de lascas do cadafalso do génio...

Ó astros! certezas são cruéis pancadasno portal do erro chamuscado de verdade...É proibido dar esmola à saudadee reinventar lágrimas soluçadas pela morte de quem nunca foi vidano útero cabisbaixo duma espera...

Claridades semeadas na cava das ideias...a luz não humilha a sombra p’ra brilharno bem-aventurado sermão da valentia.A dor e o prazer são co-pilotos da Vida ambos aí estão com ornamentos trocados a prantear falsidades no funeral da alegria...

Inédito2008

Revelação (*)Nasci! Outra vida a Vida acendeupara desafiar o tempo e o mal,incendiou-se mais um vendaval de promessas, iluminando o céu.

Não houve trevas nem o sol morreutemendo que eu desse luz igual; olhei com inocência o meu rivale vi-o mais velhinho do que eu...

Adormeci. O mundo foi girando...Oh! quanto tempo eu perdi sonhandoser herói, ser santo ou talvez um deus...

Reparo agora – e já não é visão –que andei por aí marginando a Razãosem nada ver para além dos erros meus...

(*) – Primeiro prémio: Jogos Florais do Ensino Técnico Profissional (1961)(Este soneto não foi incluído no recente livro “(Re)verso da Palavra”)

confidências sonoras aos meusPoetas esculpidos no rochedo da Espera

... dei por mim a escutar melodias do longeem ecos desafinados pelo galope do tempo: sons estranhos ao catequismo musical que moraliza o ruído sob o pálio do espantoa vigiar os lapsos da longevidade humana... bravos mortais! tenham paciência! a morte não pode acudir a todos sem prévia autorização do tempo

o passado foi desperto pelo eco da distânciade sentinela no guarda-vento da memóriae o passaporte da morte já perdeu a validade...rolam magoadas pelo cinzel da eternidadelágrimas de mármore no altar do sofrimento

os discípulos devotos de santa dúvida são fiéis defuntos junto ao túmulo da espera conta-gotas da transitoriedade humana

... ó morte! noiva maldita junto ao altar da doraparição infalível nas bodas da despedidaó morte! atestado da certeza final da nossa hora:- porque finges acudir ao gemido da inocência? acaso és irmã-gêmea da vida? Ó deusas ciumentas...

Ó vida! ousadia de pincel na tela do amor: enquanto houver luz, quero ser a tua sombra a espreitar o grito matinal da eternidade...InéditoDezembro, 2008

(*) João-Luis de Medeiros é natural de São Roque, São Miguel, Açores (Dezembro, 1941). Em finais de 1980, emigrou para os E.U.A. Presentemente, vive no sudoeste da California e trabalha como agente consultivo em Recursos Humanos. Ainda em Portugal, após a instauração da Democracia, foi eleito Vereador municipal de Ponta Delgada; serviu como deputado à Primeira Legislatura da A.L.R. (Horta, Faial, 1976); e mais tarde, serviu como representante açoriano na Assembleia da República (Lisboa, 1978).As suas publicações em poesia e prosa estão dispersas em jor-nais e revistas da diáspora lusófona. Desde 1976, é colunista-convidado da imprensa comunitária (coluna Memorandum). É co-autor do livro “Em Louvor do Divino” (1993). Em 2007 pu-blicou o seu primeiro livro de poemas intitulado “(Re)verso da Palavra”. João-Luís de Medeiros é licenciado ‘cum laude’ em Humanidades e Ciências Sociais (University of Mas-sachusetts, Dartmouth); mais tarde, obteve o Mestrado em Ci-ências de Recursos Humanos (Chapman University, Orange, California).

Se a poesia passa por pensamentos que respiram e palavras que incendeiam, como escreveu algures o poeta inglês Thomas Gray, então temos nesta edição da Maré-Cheia, um conjunto de poemas que incandescem o nosso pensamento. São poemas do nosso amigo e colabora-dor João-Luís de Medeiros, com quem quinzenalmente partilho uma página deste Jornal. Há muito anos que o João-Luís de Me-deiros escreve poesia. A prová-lo temos um poema de 1961. Os seus poemas são produto dum homem irrequieto, como devem ser todos os poetas, ou não fosse a poesia a revolta do homem contra si próprio, como escreveu James Branch Cabell. É que neste conjunto de po-emas vê-se, nos dois inéditos de 2008 que o João-Luís teve a amabilidade de nos deixar publicar, que desde 1961 até hoje, o poeta continua igual a si próprio. A nossa gratidão ao poeta João-Luís de Medeiros por partilhar os seus poemas com os leitores desta Maré-Cheia.Nesta edição também publicamos al-gumas pinturas dum artista plástico recentemente falecido, Ralph Borge, cujos avós paternos emigraram das ilhas dos Açores. O pintor nasceu em 1922 e faleceu em Dezembro de 2008. Sobre este pintor de origem açoriana, teremos ainda outra Maré-cheia.Abraçosdiniz

Ralph BorgeRalph Borge, nasceu em Oakland e era professor emerito do California College of the Arts, onde leccionou durante 38 anos. Era um influente professor e extraordina-rio pintor.Faleceu a 30 de dezembro de 2008 com a idade de 86 anos.

Ponta dos Caetanos, São Roque

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portugueseS e r V i n g T h e P O r T u g u e S e – A M e r i C A n C O M M u n i T i e S S i n C e 1 9 7 9 • e n g L i S h S e C T i O n

It’s the economy, estupido!*

Ideiafix

Miguel Valle Á[email protected]

PALCUS Internship Program

It all started with a simple email I received that read: “I have a good day laborer that is about 5 days from being homeless. It’s a shame but between the economy and the weather he hasn’t any money. Lots of folks hurting. Let me know and I will get a hold of him or give you his number if the phone still works.”It suddenly hit me. The email message came from a fellow neighbor who was looking after a fellow human being. I don’t claim to be an economist or an expert on how to turn the recession around, but here’s an example of how everything is connected. In uncertain times, we start cutting back on our expenses. We usually start with the “luxuries” or items we can live without. If we get a haircut every 4 weeks, we start pushing back to every 8 weeks. This translates into our neighborhood hairdres-ser making $20-30 per visit less per month per client. If 50% of her clients follow this approach, her salary was just cut by 25% (averaged across a 2-month period). She then cuts back on home expenses — less groceries, less clothes, no dinners at restaurants, no going to the mo-vies, etc. The local restaurant owner starts feeling the impact of less or no visits by the hairdresser and her family. If 50% of his clientele stop their patronage altogether, another 25% reduce the number of visits to his restaurant by half, and another 20% continue to go out to dinner but closely monitor their expenses (no more expensive bot-tles of wine, shared plates, no dessert) then his income was cut by about 66%. He then is forced to lay off half of his employees.The laid off waiter can no longer rent his apartment and moves out. He defaults on his leased car, auto insurance, credit card bills, and stops all entertainment expenses (no more dinner dates, less haircuts, less groceries). The rental property owner cannot find another renter for the unit previously occupied by the waiter. She tries to sell the apartment building, but prices have dropped so much, she is unable to do so. She starts defaulting on the rental property mortgage, insurance, property ta-xes, and stops all building maintenance. She mortgages her own home to try to save the rental properties, but

since the recession lasts longer than just a few months, she now owes more on her property than the mortga-ge. She pulls her kids from private school and moves them to public school, drastically reduces grocery bills and other home expenses, eliminates all unnecessary expenses such as haircuts, dinners, nonfat lattés, and packs up and abandons her properties.Her rental property is foreclosed by the bank and the remaining renters are forced to leave. One of the impacted renters works at the hair salon. Be-sides being told that he has lost his rental place, he was also notified by his employer, the hair salon owner, that his job has been eliminated because of lack of custo-mers. He’s left with no severance pay, no place to live, and bills to pay.He goes to his local coffee shop to bid goodbye to his friend, the barista. He places the $3.20 on the counter and asks her “How’s it going?” She replies that business has dropped more than 50% and most of her coworkers have been laid off already and she may be next. The barista starts making plans to move back in with her parents. Her father retired a few years before, but his retirement fund all but vanished and his health is failing. Her parents decide to sell their house and move out of state, but there are no buyers. Her mother was working part-time as a book-keeper at the local restau-rant earning enough to make the ends meet, but recen-tly was told that she was no longer needed. The barista’s parents already stopped going to the local hair salon, the neighborhood restaurant, and even the coffee shop is now off-limits. With no job, the barista cannot afford to buy her parents’ house or help with their mortgage. In an act of desperation, the barista goes to the salon to get a nice hairdo and takes herself to the local restau-rant for a quiet dinner. There, she sees someone walk in. Nice looking, well-dressed. His name? Bond, James Bond!Who says that there is no happy ending to this reces-sion?* Actually, the proper translation is “É a economia, seu

ignorante!”

The Portuguese-American Leadership Council of the Uni-ted States (PALCUS) is now accepting applications from university students for the summer of 2009. There may be internship possibilities in the fall as well. Some of the in-ternship positions available for this year will be at Congres-sional offices in Washington, DC, as well as at their res-pective home offices. Positions at the Portuguese consulates throughout the United States are also to be found. PALCUS will also have internship positions available at its office. PALCUS can also help students find specific internship po-sitions in other governmental offices.Because intern respon-sibilities may vary from office to office, we look at each ap-plication individually and match students to the internship that will best suit them. Depending on the needs of interns, housing and transportation may be covered. A $100 a week stipend is available for interns working a full-time schedule.The deadline for applications is April 17, 2009, but students are urged to apply as soon as possible. Interested students are also encouraged to get in touch with the office even be-fore completing the application.

About PALCUS’ Internship ProgramThe PALCUS Internship Program was established in 1994 to provide Portuguese-American students with work expe-rience in their field of interest. Since its inception, over 150, internship opportunities have been provided to university students. Past and present internships have been in Portu-gal; Washington, D.C and throughout the United States.

ApplyingThe application can be found at the PALCUS homepage (www.palcus.org). If you have any questions, please contact us at 202-466-4664 or by email at internships@ palcus.org.Please mail all applications and their required documents (which can be found in the application itself) to: Internship Program, 9255 Center Street, Suite 404, Manassas, VA 20110.

About PALCUSIn order to create singular national voice to advocate for the Portuguese-American and Luso-American communities- at-large, PALCUS was founded in 1991 as a 501(c)3 non-parti-san, non-profit organization headquartered in Washington, D.C. with a mission of addressing domestic and internatio-nal concerns of the Portuguese-American community. PALCUS has conducted an expanding program of resear-ch, educational and public affairs activities on salient issues of interest to the Portuguese-American community and the Luso-American relationship.PALCUS is committed to serving the community through increasingly active government relations efforts, the promo-tion of a greater awareness of ethnic accomplishments and encouraging stronger ties between Portugal and the United States. In this role, we advance the community professio-nally, politically and culturally, while working to ensure that issues directly affecting our community are addressed through our network of government and community leaders.For more information, please contact the PALCUS office at 202-466-4664 or [email protected].

PORTUGUESE BAND OF SAN JOSE

“Noite de Variedades”Concert

Friday, March 27th07:30pm

This concert will feature brass,woodwind, and guitar ensembles

along with a performance by the PBSJ.Admission is free and all are invited….

Custo: $150,000.00 dolares

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28 15 de Março de 2009ENGLISH SECTION

Terceira the third to be discov-

ered, but the first in many others waysPart of the central group, Terceira was discovered as third island of the Azores (hence the name, as ‘Terceira’ means the third in Portuguese) but it is also the third largest and, next to São Miguel, the second most important island of the archipelago. With an elliptical shape, Terceira covers an area of approx. 385 sq. km; it is about 29 km long and up to 18 km wide. The distan-ce to São Miguel in the west is about 150 km and to its neighbor island São Jorge in the east about 55 km. Terceira’s capital is Angra do Heroismo (Angra of Heroism), a name, which it was granted by King Pedro IV in 1834 for the spirit of sacrifice and pa-triotism demonstrated against all exterior threats and its resistance to the then ab-solutistic Portuguese King Miguel during the Civil War between the Liberals and the Absolutists from 1820 to 1831.

Dominating the eastern part of the island, where also the international Airport of Lajes is located, a large volcanic plateau, which is surrounded by the high moun-tains of the Serra do Cume, descends sof-tly towards the coast. The archipelago’s largest crater, the Caldeira de Guilherme Moniz (15 km in diameter) and numerous

small craters, often filled with small lakes, mark the island’s centre. Its highest peak, the Serra de Santa Bárbara, a 1,023 high volcanic cone in a large crater, is domina-ting the scenery of the western part. Pro-tected by a fort here and there, the island’s coasts are in general steep and dotted with numerous cliffs. Due to its fertile soils, Terceira’s about 58,000 inhabitants make their living today mainly out of agriculture – the island has become the archipelago’s main cereal pro-ducer - and cattle raising as well as algae harvesting. Terceira’s colonization started around 1450, with the predominantly Flemish set-tlers dedicating themselves to agriculture, the main crops being cereals and pastel at the time. In the 16th and 17th centuries, Terceira also played an important role as port of call for Spanish galleons charged with the riches from the New World. With all the gold, diamonds, porcelain, spices and silk being stocked in the port town of Angra, the island of Terceira had been a favorite target for raids during centuries, with the corsairs coming predominantly from Spain’s enemies France, Flanders and England. In 1597, even Sir Francis Drake, leading a fleet of about one hundred ships, tried in vain to conquer the Spanish galle-ons anchoring in Angra’s port. For the protection of the island against the persistent pirate attacks and to ensure the Spanish authority, the Castle of São Felipe (called São João Baptista after the Spaniar-ds’ departure) and ten more castles were built. After the pillaging of the West Indies had come to an end, Terceira’s wealth de-clined, but it continued to play an impor-tant role in Portugal’s history as economic, administrative and religious centre of the Azores. Consequently, in 1766, it became the seat of the General Captaincy and later the regency over the Azores was installed in Angra. In 1943, the Americans built an air for-

ce basis at Lajes, near Praia da Vitória, Terceira’s second most important town. It has three runways, the longest being 3,600 m, and serves both civil and military pur-poses. Due to military budget cuts on an international level, the American gover-nment is constantly reducing its military presence, with the objective of transfor-ming the former air base into a simple ser-vice station. Typical for the islanders’ leisure activities are the Touradas à corda, a kind of bull-fight using ropes, which takes place in the streets and where everybody can take the challenge, but Angra has also a pro-per bullring, the Praça de Toiros da Ilha Terceira, located in the eastern part of the town. From May onwards the traditional Espiri-to Santo (Holy Ghost) festivities take place and Terceira is reputed for having the most colourful and diversified celebrations of all the islands of the archipelago. Witnes-ses of the islanders’ religious devotion are the many – about 50 - colorful Impérios (shrines to the Holy Ghost) that can be found all over the island.Boasting a captivating history resulting in an important cultural heritage, solidly anchored traditions, beautiful nature at-tractions and interesting sights to visit as well as the comfort and offers of modern

tourism combined with serene tranquility, the island of Terceira has everything for the discerning traveler to experience an invigorating holiday.

Source: www.azores-islands.info

photos by Miguel Avila

Visiting professor teaches at UMDThe University of Massachusetts Dartmouth Department of Por-tuguese, in partnership with the Center for Portuguese Studies and Culture, announces the hire of Dr. Rui Zink, renowned Por-tuguese fiction writer, poet and professor of literature at the New University Lisbon, for Spring Se-mester 2009. Professor Zink will teach a one-semester graduate course on Contemporary Portu-guese Prose (POR 620/720) in the Department of Portuguese, under the auspices of the Hélio and Amélia Pedroso/Luso-American Foundation Endowed Chair in

Portuguese Studies. The course will examine Portuguese fiction since 1974, particularly novellas and short stories, and discussions will focus on political and socio-economic issues—in an era when Portuguese society changed dramatically—as well as literary form.In 2001, Rui Zink is the author of over 20 books. He wrote the e-novel Os Surfistas with the help and occasional hindrance from hundreds of readers who accep-ted to be co-writers. In 2005, his novel Dadiva Divina received Portugal’s prestigious Pen Club

Award. Creative texts and more information about Prof. Zink are available at http://www.ruizink.com.Established in 2001 by the Cen-ter for Portuguese Studies and Culture, the Hélio and Amélia Pedroso/Luso-American Foun-dation Endowed Chair in Portu-guese Studies allows for the year-ly hire of a distinguished scholar and professor, specializing in the vast and varied Portuguese-spe-aking world comprised of over 200 million people in eight coun-tries on four continents.More information may also be

obtained by contacting the Cen-ter for Portuguese Studies and Culture at 508-999-8255 or www.portstudies.umassd.edu.About the Portuguese Studies Program

Founded in 1996, the Universi-ty of Massachusetts Dartmouth Center for Portuguese Studies and Culture is a multidisciplinary international studies and outrea-ch unit dedicated to the study of the language, literatures and cul-tures of the Portuguese-speaking world.

Contact: Dário Borim, ChairpersonDepartment of [email protected](508) 910-6609

California cows grazing the winter fields (photo by Ilda Avila)

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29ENGLISH SECTION

Goat Stories (2)California Chronicles

Ferreira Moreno

Since no goats are native to California, the various Goat Mountains, Buttes and Rocks were proba-

bly so named because antelope or mountain sheep were mistaken for goats. Yerba Buena Island in San Fran-cisco Bay was called Goat Island for many years, because, at the time of the Gold Rush, it was po-pulated by several hundred goats, descendants of half a dozen that had been placed on the island in 1842-43 by Nathan Spear and John Fuller, merchants in Yerba Buena. (Erwin Gudde, California Place Names, 1998 Edition). In Monterey County there were a Goat Camp and a Goat Ranch. The first, located on Yentana Wil-derness Area, on a small grassy ridge between two streams, had a large two-story barn and a small cabin. On this rugged, steep area, George Harlan (who had settled on this land around 1908) homes-teaded and raised goats. (Donald Thomas Clark, Monterey County Place Names, A Geographical Dictionary, 1991 Edition). Goat Ranch was the name gi-ven by Robert Louis Stevenson (1850-94) to the Jonathan Wri-ght Ranch, where Stevenson was cared for after being found near death nearby. The former town of Diamondville, northeast of Chico in Butte County, laid out in 1857 and named after James Diamond,

a miner, was originally called Goatville. John McKenzie (Dictionary of the Bible) noted that the goat is common in modern Palestine and is frequently mentioned in the Bible. It was considered ritually clean as well as a sacrificial ani-mal. Large flocks of goats were kept by wealthy owners. Jacob gave his brother Esau as a pre-sent two hundred female goats and twenty male goats. (Exodus 32:15). Nabal had a thousand go-ats. (1 Samuel 25:2). In praise of his beloved, Salomon said: “Your hair is like a flock of goats, mo-ving down the slopes.’ (Song_of Solomon 4:1 & 6:5). Biblical references confirm that goat’s milk was esteemed and its meat served as food. Also, goats’ skins were used for water bottles and for the manufacture of fabric used for tent cloth and for gar-ments. According to “Harper’s Bible Dictionary’, the goat is one of the most versatile of domestic livestock animals. It has always been of special importance in the Near East, where it is excellently adapted to the arid climate. Goat bones, attributed to domesticated animals, are the most frequently found faunal remains at the Early Neolithic sites. They testify that humans started herding goats about 9.000 years ago. At first, goats were kept mainly for their

meat, but it is thought that later (circa 4.000 B.C.) they were also used for milk, with the hair and skin being useful by-products. Goats are very hardy animals, that can survive on shrubs and the scanty vegetation of the de-sert, thereby utilizing areas that are useless for agriculture. Even today they form the basis for the nomadic existence of many be-duins, who live in tents woven from black goat hair, drink goat milk, eat butter, yogurt and che-ese, sell goat meat and use goat skins as containers. It seems that the bedouin life style has hardly changed since biblical times. Ac-tually, numerous references are made in the Bible to the same usages of the goat. Among the ancient Greeks and Romans, the lore of the goat was various. Thus, the Greek woo-dland and shepherd god Pan, whom the Romans identified with their gods Faunus and Silvanus, was depicted with a goat’s horns

and feet, and sometimes a goat’s hindquarters. The Satyrs, in Gre-ek mythology, were male follo-wers of the god Dionysos, also known as Bacchus. They were part human and part goat in their physical and emotional characte-ristics. Sometimes they’ were identified in Rome with a species known as fauns. The Romans depicted Faunus, an an-cient pre-Roman Italian deity of oracles, agricul-ture and shepherds, with goat’s feet and horns. Eventually, the Romàns assimilated Faunus with the Greek god Pan. According to Wilfred Funk, (Word Origins, 1992 Edition), the word caprice derives from the ftalian capriccio through the Latin caper (goat). So when a girl is capricious, she is imita-ting the frisky’, playful

antics of the male cousin of the sheep. As for goatee, it means a little goat, from its resemblance to the scraggly fuzz on the chin of the goat. There is also the Isle of Capri, south of Naples, once dedicated to the Goat Lord. In closing, a few proverbs: An old goat is never more revered for his beard. The little goat follows his kind. No matter how well you clean a goat, it will still smell like a goat. The goat prefers one goat to a herd of sheep. A goat is not easy to fence in. The goat eats where it is tied. Every one fears a goat from in front, a horse from the rear and a fool on every side.

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Tom Rodrigues knew he would be an Ar-tist from an early age, in fact, at 14 he was apprenticing in a stained glass studio and by 17, he was teaching adult education classes in stained glass. Tom has always followed his dreams and passions. His love and talent for baseball brought him an offer to play for the NY Mets farm team

when he was a senior at Los Gatos High School. But Tom chose to pursue his art and continue to develop his talent in art. In the early 1980’s, he was the Designer and Production Manager of George Lucas’s Skywalker Ranch Studio that created in-credible custom glass work. But Tom’s an entrepreneur, so he went on to produce “Legends at the Stick” in 1993 and had a conceptual art show at Candlestick Park, where his paintings were placed on the field in the position of the players and ac-tors portrayed the players of the era. Tom’s wine introduction began in 1978 by designing the Far Niente wine label and collecting French Bordeaux and Burgundy wines. He has since designed many wine labels, several which reflect the influen-ce and his love of Art Nouveau. Then, in 2001, he decided to combine his passions for Art and Wine, and he and his sweethe-art Linda moved to Mendocino to embark on a new life at Maple Creek and start Ma-ple Creek Winery. The vineyard and wines are now his canvas, and his paintings adorn the ARTEVINO wine labels. He is inspi-red by the beauty and nature and challenge of being a sustainable farmer and vintner. Tom has shown his art in galleries all over the U.S. and has clients all over the world. He still plays baseball, on the Greenwood Ridge Dragons, a men’s senior league har-dball team, and his proudest creation is his daughter Amy, who attends USC.Tom’s Azorean parents were fruit farmers in the islands and grew fruit in Santa Clara Valley and made house wine.

For more info about Tom Rodrigues, his

art and wines, go to:www.rodriguesstudio.comwww.maplecreekwine.com

Maple Creek Winery20799 Highway 128Yorkville, CA 95494Phone: 707-895-3001Fax: 707-895-3437Email: [email protected]

He wakes up every day before the sun rises over the horizon with his son following close

behind. In their trucking hats and flannel shirts, the two men lead their cows and calves. From one grazed field to another, the men chuckle at the ferocious appetites of their growing calves. As the sun creeps its way above the hill-side, the father dismisses his son so he may eat and dress for his last day at the university. Even though the monster is eating away inside his body, the farmer keeps working. In her kitchen, the farmer’s wife prepares a snack for her hungry family. Out the window, she sees her three children running up the driveway and in the garage. As usual, her son and eldest daughter are picking on the youngest child even though all three are past the days of childish teasing. Althou-gh the farmer and his wife often snarl at their kids to get along, they both know their lives will change very soon. Outside the ki-tchen door the farmer wipes his shoes and comes in for an after-noon snack. As usual, he takes his seat at the head of the table. A pot of calde verde whose smell makes the farmer feel sick is ste-aming on the kitchen table. He looks at his wife with pleading eyes and stands up to leave for a nap. After leaving the room, the farmers’ family begins to glance at each other with worry. The son looks at his mother and says, “I’m not going to school.” His mother hushes him quickly and whis-

pers harshly, “Shhhh!……Do not shame you father! He works everyday for you kids to go to the University! It is all he lives for. The minute all three of you go to the University will be the moment he finally stops fighting this unconquerable battle.” All her children know this but the son still feels conflicted. Should he seize this opportunity to con-tinue studying on o Continent or take care of his family with his fathers’ health deteriorating? He knows the right choice, which is why he has been packing for his new life on o Continent. Not only will his son leave for o Continent but also his eldest daughter be-gins her internship for nursing school on another island. Althou-gh she will not be living as far as the son, she too cannot help but also feel conflicted. In the me-antime, the youngest daughter in her last year of high school is awaiting reply from Instituto Po-litécnico de Leiria, which is also on o Continent. Six months have passed and the only changed person in this fami-ly is the farmer. He is as thin as a 12-year-old boy is and always found praying. One gray mor-ning, farmer and wife held each other for warmth. Even though the farmer’s wife is not cold, she knows to cherish this moment. “Will you pray with me?” whis-pered the farmer. Like a ballet, the couple simultaneously sat up and began reciting the rosa-ry, “Avé Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco…” Holding in her tears with every word, the

farmer’s wife asks herself how much longer she can fight crying in front of her husband. For some reason, she thinks to herself, this feels like the end. Thus, it is even harder now than ever to hold back her tears. And so, for two weeks, the farmer and his wife wake up each morning and fall asleep each night saying the rosary to-gether…until today.It is nearing four p.m. and like any other day, the farmer and his wife are praying their rosary in their bedroom. The last five ye-ars have been difficult… unfair…exhausting. With a slender arm across her waist, the farmer held

his wife tighter. Looking at his wife, the farmer scowled at him-self in his thoughts for not telling his wife how beautiful she is every day. Although her eyes are closed, the farmer cannot stop looking at his wife. He begins to reminisce back to his wedding day and to the births of his three children. The feeling of elated happiness began sweeping his body, the same way he felt when he married and had his children. Somehow, he felt in his heart that his family would not only survi-ve without him, but also flourish. This thought made him smile and before he could open his mouth to

say anything his wife whispered, “Don’t leave me.” With a calm saintly voice he replied, “Don’t worry; I’m not leaving anyone. Not until all the kids are in Uni-versity. I know this hurts you but I will always be with you”…[Farmers wife sobbing]…”Stop crying, it’ll be okay. You need to keep your strength for your son. I fear for him the most be-cause we have spent all our lives working together. He needs you to be strong. Our eldest daughter will watch over the youngest. We know we don’t need to worry about them…”Cut off by stampeding steps down the hall, the farmer refrained from speaking further. Cheer-fully, the youngest daughter runs in the room and hands her mother an envelope. With a couple of te-ars the farmer’s wife pulls the let-ter out and reads, “…tenham sido aceites para Instituto Politécnico de Leiria.” In that moment she dropped the letter onto her lap and sank back into her seat with tears. Looking left she sees the farmers body lying next to her, lifeless. She immediately began screaming, “Não, Meu Deus! Não, Meu Deus!” while beating her hands on his chest.With the cold touch of a child’s hand, the farmer’s spirit scoops his wife’s face and gently whis-pers, “My purpose on Earth is complete but my purpose to our family still lives. I haven’t left you. I’m with you and my chil-dren at every breathe.”

The Farmer’s PurposeDo meu Jardim

Alicia Filomena [email protected]

ENGLISH SECTION

Tom Rodrigues - painter, winemaker, baseball fan

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