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EDITORIAL

Tribuna Portuguesa 15 de Dezembro de 2008 SEGUNDA PÁGINA 2

Correspondendo ao sempre amável convite do “Tribuna Portuguesa”, é com muita amizade e respeito que en-vio a todos os queridos leitores deste jornal e, atra-vés deles, a toda a Comuni-dade portuguesa e luso-americana da Califórnia os mais sinceros Votos de Feliz e Santo Natal de 2008 bem como desejos de um Ano Novo vivido sempre com esperança e com a certeza e confiança nas capacidades de cada Família.

Faço questão de sublinhar que aos votos assim formulados nesta quadra tão especial, se associam todos aqueles que trabalham neste Consulado Geral, de forma dedi-cada e exemplar, em espírito de solidariedade e colectiva convicção de que aqui estão para continuar a bem servir a Comunidade. Com um Abraço muito Especial e Fraterno, António Alves de Carvalho Cônsul Geral de Portugal em San Francisco

Bailout ou bailemos a valsa dos incompetentes

Os tempos não estão para brincadeiras, por isso o Tribuna Portuguesa resolveu reunir o seu Conselho Económico, constituído por sete pessoas, todas elas netas do Editor. Explicou-se profundamente a crise internacional e na-cional, referindo que o Jornal, muito embora sujeito à crise, está crescendo devagar com passos seguros para o futuro. A pergunta que nós fizemos ao Conselho foi a se-guinte: já que todas as grandes empresas, como a Gen-eral Motors, Ford, Crysler, AIG e tantas outras, estão a aproveitar a crise para “abusarem” do Estado (isto é, das nossas taxas), será que o Tribuna também deveria entrar nesse “campeonato”? Giovanni, o mais velho (12 anos) disse - “Se o vovô for tão sério como o Lee Yacoca, pode muito bem pedir 1 ou 2 biliões e pagar de volta em cinco anos, ganhando os juros arrecadados. Daniel, Luna e Juliana (8, 7 e 6 anos) não concordaram e disseram: “O vovô não pre-cisa de pedir dinheiro, não seja como os outros que ainda vão parar à cadeia”. O mais reguilha dos netos, o Matthew (5 anos), disse alto e bom som: Vovô, screw them up. Get the money, build a house in Graciosa or San Jorge, so we can go out there on vacations. Eu disse-lhe: “Matthew, o vovô é uma pessoas séria, não podia fazer isso”. Os mais novos, Jaden e Amelia (4 e 2 e meio), con-cordaram que “o vovô não se meta nesta alhada. Os que pedem agora não são homens de confiança, anda-ram a viver à grande e à francesa à custa de todos nós. Deveriam estar na cadeia”. A acta foi assinada por todos nós, referindo-se que o Tribuna Portuguesa agradecia a oferta desses biliões, reconhecendo que não precisava de tal “esmola”. 2008 foi um ano difícil para muitos portugueses da nossa comunidade. Contratos terminados, despedimen-tos, falta de novas oportunidades de empregos, tudo isto passou por muita boa gente. O ano que aí vem não vai ser mais fácil. As preces de todos nós também de-vem ir para as nossa tropas, que estão a combater guer-ras, cujo objectivo é muito duvidoso e cujo fim é uma ilusão. Bom Natal para todos e o melhor para 2009.

jose avila

Year XXIX, Number 1054 Dec 15th, 2008

Abri o livro e logo reconheci nele o álbum das minhas memórias Goretti Silveira Acabo de receber o livro Imagens Antigas da Vila da Calheta da autoria de Carlos Alberto Noronha. Trata-se de uma colecção de fotografias da vila da Calheta, ilha de São Jorge, Açores, Terra Natal do autor, da minha família paterna, e também o lugar que me acolheu e me viu crescer desde os dois anos de idade até aos catorze, altura que emigrei dos Açores para os Estados Unidos. Mal peguei no livro senti uma estranha emoção. Con-templei e voltei a contemplar a capa. A imagem lá rep-resentada é a Calheta na última década do século XIX — a Calheta dos tempos dos meus avós e bisavós. Abrí-o e logo reconheci nele o álbum das minhas memórias. Lá vi representado tudo o que tantas vezes desejo ex-pressar em palavras e não consigo: as procissões, coroa-ções e distribuição de esmolas; visitas de dignitários, filarmónicas e equipas de futebol e voleibol; bailes, ma-tanças, festas de carnaval e mascarados; barcos e navios

de transporte e carga e até o movimento no dia de São Vapor; o cais coberto de albacora, as traineiras e as fábricas do peixe; as procissões de Santa Catarina, Sen-hor na Coluna, São Cristóvão, e Cruzeiro. As cenas de mais destaque dos primeiros catorze anos da minha vida e, aposto, da maioria dos calhetenses, ali estão represen-tadas. Imagens Antigas da Vila da Calheta pertence na biblio-teca de todos os estudiosos dos Açores pois como escreve o Professor Nemésio Serpa no prefácio: “...tudo isto nos é relatado de forma impressionista e com um bom agarrar do que é a alma açoriana...” e irá sem dúvida deleitar todos aqueles que viveram na Vila da Calheta nas décadas de 30 a 70. Lá encontrarão repre-sentada “A Casa que já não é” do poema de Maria das Dores Beirão, a casa “...Que permanece nos sonhos de cada um...” Lá também reconhecerão pessoas, momen-tos e, quem sabe até, emoções, sons, e cheiros, há já muito esquecidos. Este livro é essencial a todos aqueles que desejam compartilhar memórias do seu passado e, cito o autor, Carlos Alberto Noronha na introdução, “...para que os meus leitores mais novos, vejam o pas-sado e apreciem o presente e desejo que o futuro seja sempre risonho, em contínuo acto de estudos de aprendizagem.”

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15 de Dezembro de 2008 COLABORAÇÃO 3 Tribuna Portuguesa

P ela emotividade em mim despertada, guardo ainda o recorte com o a r t i g o “ N a q u e l e

Tempo”, que o “Diário Insular” publicou aos 28 de Novembro de 1999, da autoria de Barbosa d’Almeida, pseudónimo dum amigo terceirense cuja identi-dade não me cabe o direito de revelar. Naquele tempo, como acertada-mente escreveu Barbosa d’Almeida, o Natal começava dentro de casa, no mais profundo e belo que o coração de cada um tinha. Vivia-se, então, “uma época que os nossos filhos e ne-tos nunca hão-de saborear, infe-lizmente, porque a felicidade agora parece vir directamente da loja, embrulhada e tudo.” Naquele tempo ia-se ao mato buscar leivas p’ra construir os caminhos, e facilitar a jornada dos Reis Magos, montados em pachorrentos camelos, até à

Gruta de Belém, “‘onde o Menino nascia ano após ano, como se de filho nosso se tra-tasse, porque ainda não perce-bíamos que ele era o Pai.” Que fascínio tinha Deus, recorda Barbosa d’Almeida, nesse tempo em que lhe abríamos as alas do nosso coração em sac-rifícios de trabalho, em busca de farelo de serra na oficina do sen-hor Palhinha, em S Pedro, que nunca negava um saco do pro-duto que, depois de colorido em casa, servia p’ra asfaltar a estrada por onde passavam pas-torinhos em romaria dos nossos mais felizes sonhos.” Tenho uma imensa e ternurenta saudade do Anjo da Guarda, prossegue Barbosa d’Almeida, “que sempre encimou a gruta natalícia, mesmo quando, por tanta insistência e falta de jeito, acabava por partir uma asa que nós colocávamos com uma cola muito especial, feita à base de

farinha e que não era muito dura-doura, pelo menos tinha a vanta-gem de ser barata e feita em casa, que isto de ir à loja era complicado aqui há algumas décadas atrás.” Barbosa d’Alrneida confessa nunca ter percebido porquê, mas recorda que a sua Mãe insistia sempre na colocação dum galo por cima da gruta. “Se calhar era porque no tempo do Menino Jesus não havia despertadores, ou então, mais provável porque ela tinha sido acordada na sua meninice pelo cantar dos galos e julgaria que o Menino também tinha direito.” Era inconcebível, naquele tempo, ter-se apenas a Arvore de Natal sem Presépio, visto que a Gruta de Belém, “cercada de montan-has e vales, rios e caminhos”, era sobremaneira o Presépio vivo da nossa imaginação, e bem assim “a recriação da vida de casa, com os lugares dispostos sempre

duma maneira diferentemente igual, a modos como de quem quer espelhar a própria vida numa verdadeira obra de arte.” Naquele tempo, “passávamos horas a fio a construir e muitas mais a olhar embevecidos a obra de arte que haviamos construído e, por vezes, parecia que tudo tinha movimento e o mistério da nossa fé adquiria vida.” Que saudade desses tempos, “quando um sorriso era uma prenda de luxo,” E o sonho maior era continuar sempre cri-ança, sempre inocente, “a acredi-tar sem uma única sombra de dúvida que era assim mesmo que havia acontecido há dois mil anos. Sem questionar nada. A tecnologia de então era a Graça de Deus que cada um transpor-tava dentro do peito, em forma de manjedoura p’ró repouso do Menino.” E se algum se atrever a dizer que, naquele tempo, era tudo um atraso de vida, “hei-de responder sempre que era uma vida saudável numa familia de vir-tudes intactas, onde a Fé era o motivo mais forte do que qualquer máquina reluzente dos nossos dias. Barbosa d’Almeida, num eco de nostalgia, lança o desafio: “Gostaria de andar uns anos lar-gos para trás e levar toda a gente comigo a ver o meu presépio e admirar as ruas que construía, sem um único buraco e sem

quaisquer problemas de trânsito, apesar de se cruzarem anjos com pastores e reis com plebeus, que se cumprimentavam afávelmente como se o mundo fosse outro,” Ainda hoje encho-me de alegria, “quando vejo um Presépio ca-seiro, sobretudo se ao Anjo faltar uma asa e se tiver um galo por cima da Gruta. E uma estrela também, que anuncia a boa nova que deveria ter trazido a felici-dade na paz, p’rós homens da Terra e a Glória que dávamos a Deus nos Céus, hoje já meio esquecido pelo brilho das pren-das que ofuscam os olhos dos homens que compram a paz, em casa, nem que seja por um só dia.” Graças a Deus que vivi nessa época! Não há nada que possa fazer-me esquecer o farelo pas-sado em tintas coloridas, nem o cheiro da terra nas mãos da cri-anca que já fui, e ainda dança no meu coração ao repicar dos sinos na chamada p’rá Missa do Galo. E o meu amigo Barbosa d’Almeida conclui: “Ninguém consegue trazer de volta o pas-sado vivo, mas também, feliz-mente, ninguém nos pode roubar as recordações de infância.” NAQUELE TEMPO, e nesta recordação d’emigrante, vive ainda o meu Natal de criança...

Tribuna da Saudade

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Tribuna Portuguesa 15 de Dezembro de 2008 COLABORAÇÃO 4

Encontro de Jovens 2008 na California

“Açores/Comunidades: uma ponte para o futuro” Realizou-se na California de 5 a 7 de Dezembro um encontro mun-dial de Jovens de descendencia Portuguesa com o apoio da Di-recção Regional das Comunidades e Juventude. Durante 3 dias um grupo informal de trabalho reuniu-se na UPEC e apresentou as suas conclusões na casa do Benfica de San Jose. Este encontro surgiu em consequência do Encontro de Jovens – Açores/Comunidades: uma ponte para o futuro, que decorreu de 2 a 5 de Agosto de 2008, na cidade de Ponta Delgada. Esta iniciativa resultou da necessidade de proporcionar a reflexão e o debate aos jovens oriundos das Comunidades, aproximando-os do movimento associativo juvenil dos Açores, no sentido de despertar o interesse daqueles pela terra de origem dos seus antecessores, bem como es-tabelecer pontes para o futuro e para a consolidação da participação política e cívica nas Comunidades através dos jovens. O resultado deste Encontro foi a Declaração de Ponta Delgada, consubstanciada na criação deste Grupo de Trabalho Informal, cujo intuito era o de preconizar um maior relacionamento entre as Comunidades e os Açores, através da identificação de necessidades in loco, no desenvolvimento de estratégias e na proposta concreta das medidas que melhor sirvam os propósito do Encontro de Jovens. O Grupo de Trabalho Informal foi constituído com a representação dos seguintes mandatários: Açores – Paulo Nascimento Cabral; Continente Português – Nuno Bettencourt; Canada – Lucília Santos; E.U.A. – Nelson Ponta Garça; Brasil – Rogério Medeiros; Rogério Sousa foi eleito o Mandatário Geral e o Delegado Paulo Teves da Direcção Regional das Comunidades acompanhou o grupo de trabalho. Esta reunião contou também com dois observa-dores vindos do Canada : Terry Costa e Martin Medeiros. O Grupo de Trabalho informal tem como objectivos específicos, definidos na Declaração de Ponta Delgada, a marcação do local e data do Encontro de Jovens de 2009; a criação de um documento geral orientador sobre as necessidades sentidas pelos jovens nas suas comunidades (Diáspora/Açores/Continente português); e a criação de um portal online, cuja funcionalidade será a de permitir uma maior aproximação entre as diversas associações das comuni-dades, através da disponibilização de uma ferramenta de trabalho cooperativa e agregadora, facilitando não só a comunicação como a visibilidade entre as diversas associações dispersas pelo mundo por-tuguês da Diáspora. Após consulta, por parte dos mandatários do Trabalho de Grupo Informal, a diversas associações, Casas dos Açores e demais or-ganizações associativas da Diáspora, foram identificadas Necessi-dades Gerais (comuns entre os diversos levantamentos efectuados), assim como Necessidades Específicas (consubstanciadas em activi-dades e propostas concretas de actuação). Necessidades Gerais - Aumento da Comunicação e interacção entre as comunidades e associações na Diáspora e nos Açores, no sentido da promoção da imagem dos Açores como um espaço de modernidade, inovação e crescimento do futuro; - Criação de um sistema de incentivo à Mobilidade dos Jovens entre a Diáspora e os Açores; - Criação de um sistema de incentivos à educação para os jovens da Diáspora.

P ara os leitores da Tri-buna Portuguesa, cuja vida corre bem, desejo

A continuação do presente Para os leitores, apanhados pela presente situação económica e lutam com medos e incertezas, desejo Esperança, no tempo e na mu-dança Para os leitores apoquentados por doenças incuráveis e por sofrimentos físicos ou mentais, desejo Paciência e fé… Milagres con-tinuam a acontecer.

Para os leitores que vivem no medo e desespero Por filhos que ainda não encon-traram A meta certa, desejo Amor...Amor e mais Amor, e a certeza que um dia lá chegarão Para os leitores que se sentem marginalizados Ignorados Atormentados por mil males, desejo Que saibam que foi por eles que o Natal aconteceu. Para os leitores que nutram sen-timentos de Malquerer, inveja e demais Mesquinhices, desejo

A sabedoria, que a colheita é produto da sementeira Para os leitores, e são tantos... Que vivem uma vida de total Doação Que pensam nos outros como irmãos Que semeiam por onde passam Flores em forma de Sorrisos, Compaixão, Caridade, Paciência Tolerância e Perdão, desejo Um coração exuberante.... Com eles todos os dias são Dia de Natal. Para todos, um abraço de amor alegria e paz

Da Música e dos Sons

Coisas da Vida

Celina e Manuel Tavares cele-braram recentemente 50 anos de casados. O casal reside em Hay-ward, California e reuniram-se

com a família num banquete no dia 15 de Novembro de 2008 no The Bay Hotel & Marina em San Diego.

Foi num ambiente alegre de convívio familiar que os aniver-sariantes festejaram o dia do seu enlace matrimonial em 1958. No dia seguinte, Domingo, dia 16, assistiram à Missa de Acção de Graças na Igreja Católica de Santa Agnes, em San Diego. Durante a celebração houve renovação dos compromissos matrimoniais e a Benção dada pelo Reverendo Joseph Mel Col l ier , pastor daquela Paróquia, aos aniversariantes pelas graças recebidas de Deus ao longo destes 50 anos. Depois da Missa, seus irmãos José e Albertina e filhos, ofere-ceram na sua residência um delicioso barbecue aos muitos familiares presentes. Celina e Manuel Tavares são naturais das Ribeiras, Ilha do Pico, Açores, e residem há quase 40 anos em Hayward. São pais de um casal de filhos - Lina, casada com Steve Perry e Hélio, casado com Michele. Têm três netos, Joshua, Tyler e Megan Tavares. Tribuna Portuguesa sauda os amigos Celina e Manuel Ta-vares, por este aniversário.

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Tribuna Portuguesa 15 de Dezembro de 2008 COLABORAÇÃO 5

“ Às vezes”, explicou-me Pedro, “apetece-me fazer como o Frank do Tom Waits, estás a ver?” Eu

estava a ver. Também já tive vinte e tantos anos, também já fui um adolescente tardio – e ainda hoje, de vez em quando, me apetece fazer como o Frank. Nos seus anos selvagens, Frank vendia mobiliário de escritório e pagava um empréstimo que contraíra para comprar as duas assoalhadas em que vivia com a mulher, um pedaço de lixo usado que fazia bloody marys, mantinha a boca calada e tinha um Chihuahua que se chamava Carlos, sofria de um problema de pele e era completamente cego. Viviam tão felizes. Um dia, Frank pára na loja de bebidas, enfia dois cocktails e dirige-se à bomba da Shell. Aí, compra um jerrycan, atesta-o de gasolina, segue para casa, rega tudo, acende um fósforo e estaciona do outro lado da rua a rir. Então, liga a rádio numa estação top 40, apanha a via rápida e aponta a Norte. Nunca conseguira engolir aquele cão, o Frank. Pedro, que nem sequer é casado, também gostava de pôr um dia o mundo todo a arder. Eu, que o sou e não tenho tentações de incendiar a minha vida, também gostava de estacionar um dia a rir das coisas que ardem. Sou dez anos mais velho do que ele. Dez anos é um século inteiro. “Londres é que é a minha cena, estás a ver?”, continuou Pedro. Fumávamos à varanda. A casa é grande e civilizada – ninguém está proibido de fumar lá dentro. Mas Pedro, apesar dos seus vinte e tantos anos, continua a fumar às escondidas dos pais – e, no

fim do jantar, pisca-me sempre o olho para irmos à varanda. Penso que gosta de falar comigo – e, enquanto vai desabafando sobre as vicissitudes da idade adulta, esforçando-se por mostrar inte-resse naquilo que eu tenho a dizer, aproveita para se descair com uma ou outra reivindicação doméstica, na esperança que eu vá entregar o recado aos pais. Nunca os entrego – e portanto ninguém desconfia de que eles sequer existam. Que Pedro tem amarguras, todos ignoram. Se um sol brilha naquela família, é Pedro. Nasceu bonito, teve notas brilhantes e foi acabar a fa-culdade a Barcelona. Hoje em dia atende telefones – mas, com aquelas capacidades e aquele bom aspecto, o pior que pode acontecer-lhe é ser um sucesso, casar com uma boa rapariga e ter filhos lindos. “É uma inspiração, o Pedro”, conta-me a mãe. “Até os professores de Barcelona diziam: ‘O Pedro é a nossa inspiração’.” Sinto sempre von-tade de perguntar-lhe: “Certo, Ana, mas sabes que é junkie, não sabes?” Nunca pergunto. Já fico feliz por o Pedro continuar a crescer. Da última vez, falou-me de Londres. É a cena dele. Esteve lá duas vezes – e à segunda apaixonou-se. “Tudo, pá, tudo. Artistas, músicos, toda a gente na sua… Nada disto que temos aqui”, explicou, naquele seu falar arrastado, naquela sua sensibilidade excessiva e naque-la sua atenção ao pormenor que o transformam, mais do que num junkie, num junkie óbvio. Estávamos bem ali: eu fumando com ar interessado, ele tratando-me por tu como quem reencontra, no meio daqueles

trastes todos, alguém com quem conversar. Até que, como se falasse de um teatro, ou mesmo apenas da mercearia onde ia comprar os chupa-chupas em Londres, me falou no traficante. “Até o drug dealer a que íamos”, disse ele. “Até o drug dealer. Uma cave, tudo cheio de estilo, decoração, estás a ver? Grande qualidade.” E eu ali fiquei, atónito, meio sem saber se devia anuir, armado ao cota de es-pírito jovem que tam-bém conhece Londres e os seus traficantes, ou simplesmente voltar para dentro, chamar a Ana e o João a um canto e explicar-lhes que o filho fala de traficantes como se falasse de merceeiros da esquina e, bem vistas as coisas, em vez de andarem para trás e para a frente a falar da inspiração que o rapaz é para toda a gente, mais valia conversarem com ele a ver se percebem para onde caminha. Calei-me. Nós próprios, eu e a Ana e o João e todos os restantes, já fumámos umas coisas. Mas o facto é que nunca conseguimos falar delas como quem fala de chupa-chupas. Para nós, foi sempre uma trans-gressão: o Luís já trazia os cigarros enrolados – e, quando nos sentávamos

todos a fumá-los, ninguém perguntava sequer de onde vinham, quanto custavam ou onde poderíamos nós ir comprá-los num dia em que o Luís não aparecesse. E a minha dúvida é se estes miúdos que já têm a droga como uma coisa tão

natural, um estilo, uma estética, alguma vez conseguirão fazer como o Frank de Tom Waits, incendiando a casa, estacionando a rir e partindo em direcção a Norte. Ou muito me engano ou não chegarão a rir.

[email protected] In Revista NS

Muito Bons Somos Nós

«“Londres é que é a minha cena, estás a ver?”, continuou Pedro. Fumávamos à varanda. A casa é grande e civilizada – ninguém está proibido de fumar lá dentro. Mas Pedro, apesar dos seus vinte e tantos anos, continua a fumar às escondidas dos pais»

Our Lady of Fátima

Society

Oakdale

Agradece a toda a comunidade a sua presença na Festa, e em espe-cial a todos aque-les que deram donativos para a mesma.

Também deseja a toda a Comunidade Portuguesa umas

Boas Festas e Feliz Ano Novo

Marc e Paula Silva casaram no dia 22 de Novembro de 2008, na Igreja Católica Saint Edwards, em Newark, California. Depois do casamento houve recepção no Newark Pavilion. Os pais da noiva são Duarte e Fatima Teixeira, residentes em Newark e os pais do noivo, John (já falecido) e Adelina Silva, residentes em San José. O jovem casal ficou a residir em Fremont. Paula trabalha no Departamento da Polícia em Palo Alto e o Marc numa Companhia do Silicon Valley. Tribuna Portuguesa sauda o jovem casal, desejando-lhes muitas felicidades.

foto de jose enes

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Tribuna Portuguesa 15 de Dezembro de 2008 PATROCINADORES 6

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F oi o chocolate mais saboroso que até hoje comi. Deixara-mo o simpáti-

co velhote das barbas brancas às tantas da madrugada no meu minúsculo sapatinho religio-samente ajeitado à sua espera lá na defumada chaminé da sau-dosa casa de meus pais nos Bis-coitos da Terceira de Jesus Cristo. Isto há já quase cinquenta anos atrás, numa era em que os pre-sentes eram escassos, simples mas de real significância para a miudagem local que de forma alguma dispensava a benemérita visita do bondoso São Nicolau. O Natal tinha mesmo um sabor especial para a petizada do meu tempo. Alguns até andavam descalços devido aos pais não terem dinheiro bastante para comprarem sapatos aos filhos todos mas, por milagre imperi-oso da fantabulosa tradição, sapatinho ansioso naquela luzen-te noite de Consoada era artigo de calçado que não podia escru-pulosamente faltar ao segredo natalicio do arco da chaminé. Foi coisa que sempre me meteu muita impressão, imaginar como é que o vèlhinho todo limpinho subia e descia sem nunca se su-jar por aquele buraco negro do fumo da cozedura habitual do pão e dos alimentos que mata-

vam diàriamente a fome à fa-milia inteira. Era tambem um consolo consta-tar ali à volta que, apesar das carências próprias da época, não se ouvia falar de ninguem ao relento – à fome ou ao frio – naquela abençoada noite de In-verno. Pequenina e pobre, mal ou bem, a Ilha punha mesa e providenciava abrigo a todos os seus filhos que, ao bater da meia noite, se deslocavam em massa até à igreja para celebrarem com alegria na festiva Missa do Galo a ansiada vinda do Menino Je-sus. Entoavam-se-lhe cânticos, rezavam-se-lhe oracões e, em simbólico gesto duma milenária devoção que aos poucos se vai perdendo, beijava-se-lhe o pé. O Menino difundia magia e in-spirava encanto como adorável criança de berço humilde que, pelo menos aos meninos e meni-nas do meu tempo, fazia-nos poèticamente delirar com presé-pios enfeitados de musgo verde em esperança renovada num mundo concebivelnente melhor. Soavam e soam tão bem nesta doce lingua de Camões os sin-ceros desejos de Boas Festas embrulhados em votos felizes de Próspero Ano Novo que augu-ramos sempre com imenso carinho nesta quadra sem par a todos quantos queremos bem. Porque – honestamente – será mesmo possivel nestes electri-

zantes dias de maviosa harmonia desejar-se mal a alguém? Alguém me dava a entender re-centemente o outro lado da moeda – a manifesta desilusão do mundo real em que vivemos e que de modo algum podemos ignorar. Sobretudo nós, os que emi-grámos, porque nos foi dado experimentar a diferença, mais fàcilmente nos apercebemos das diferenças. Merry Christmas and Happy New Year, neste anglo idioma de Shakespeare, são palavras que tambem soam muitissimo bem juntas em cada Dezembro que passa. Levantam-nos a moral e aproximam-nos um pouco mais uns dos outros, mais que não seja…em mera transmissão de pensamentos. Porque, na reali-dade, em geral, tal como a economia, a moral anda bem cá por baixo neste todo poderoso país onde certos vocábulos de peso ameaçam estragar este ano o espirito natalicio a muita e boa gente. Foreclosure, por exemplo, é um termo cruel que continua a ameaçar e a amedrontar milhares e milhares de familias atiradas para o meio da rua a viverem em precárias condições financeiras, sem eira nem beira…à deses-perada mingua do fictício Deus dará.

Dará Deus em breve oportuni-dades de emprego aos inumeros cidadãos desempregados de cos-ta a costa por essa America fora de cabaz vazio na mão? É muito pouco provável. A crise está aí para durar. Unemployment, ultimamente sempre a aumentar (só em No-vembro perderam-se mais meio milhão de trabalhos), apesar de afectar milhões de familias sem dinheiro para embrulhar ofertas, até nem é das palavras piores. Quando se começa a analisar a corrente situação económica e os dados comparativos nos palpi-tam um possivel paralelo com a histórica recessão dos anos vinte do passado século, ai sim, fi-camos periclitantemente à beira de esbarrar cara a cara com um colapso económico-social de di-mensões verdadeiramente alar-mantes. É a bancarrota emo-cional que todo o mundo teme. Bankrupt enerva, assusta e faz-nos desesperar. Bailout mete confusão e dá muito que pensar. Layoff – pesadelo que ninguem quer despertar. Recession – palavra que se re-ceia pronunciar. Depression...? O melhor é mudarmos de con-versa. Há, de facto, inumeras palavras bem mais doces e muito menos

complicadas com que o clássico idioma de Shakespeare e tam-bem do Uncle Sam nos faz nor-malmente as delicias por esta altura do ano sem ter forço-samente que nos fazer subir a tensão arterial nem levantar o mau colesterol debaixo duma perigosa pilha de nervos. Uma delas até se escreve igualzinha em português e os médicos re-ceitam-na amiude contra o en-diabrado stress dos queixosos dias que nos atormentam – chocolate – quase meio século depois mantem-se inalterável no meu paladar como remédio santo, que guardo religiosamente debaixo da árvore e – porque em nossa casa o Menino mija – brindo ao anoitecer com um càlicezinho de bom Vinho do Porto…à vossa saude! Que tenham todos um bom Natal e um felicissimo Ano Novo!

Tribuna Portuguesa 15 de Dezembro de 2008 COLABORAÇÃO 7

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Tribuna Portuguesa 15 de Dezembro de 2008 COMUNIDADE 8

Queijo de São Jorge - Pagar $17.98 por um quilo de queijo do Topo é de mais ou é de menos? O que eu sei é que a industria do queijo de São Jorge já recebeu tantos milhões de escudos e de euros dos governos açorianos para melhorar a sua produção, que o queijo deveria ser mais barato, mesmo com os transportes caros como estão hoje em dia. Nova Geração - vieram de vários lugares, falaram entre si, discutiram ideias, gozaram um pouco e regressaram às suas terras sabendo que podem contar com a California. Luso American Education Foundation - Manuel Bettencourt é o novo Presidente desta Fundação que tem ajudado centenas de alunos durante mais de quarenta anos. Ele já está tão calejado nestas andanças que nem dá pelo trabalho que vai ter durantes os anos da sua presidência. Orgulhosos estamos - Leiam o artigo sobre a CASE na página 16 deste jornal e fiquem orgulhosos como nós ficámos por saber que há almas boas, muitas delas já a

viverem noutros mundos, que dedicaram os seus parcos proventos a ajudarem seminaristas e estudantes quer aqui, quer nos Açores. Se pudessemos, atiraríamos três bombões para o ar, como reconhecimento destes gestos de amor ao próximo. O que vem por aí - A maioria das nossas organizações já fizeram ou vão fazer as suas festas de Natal, seguindo-se depois do Natal, a temporada das matanças e do carangueijo. Entretanto, sem muito barulho, o Carnaval prepara-se, até com um certo segredo. Na realidade somos uma comunidade de peso. Morcelas - adoramos morcela. Fizemos um pequeno estudo e chegámos à conclusão que morcela boa só feita por mãos femininas. Caso haja algum cozinheiro do sexo masculino que não concorde com esta ideia, só tem de mandar uma prova para nossa casa e daremos a nossa opinião. Pode ser... Já agora uma sugestão - porque não fazer uma amostra de morcelas numa das nossas organizações sociais? Quem dá o primeiro passo? Dia de Portugal - A Angela Costa e todo o grupo que organiza o Dia de Portugal, não deixam para amanhã o que podem fazer hoje. Já há comunicações na Internet a propor encontros em todas as terceiras Terças-feiras de cada mês.

A isto chama-se eficiência e saber projectar um grande Festival a tempo e horas.

Joseph Resendes foi nomeado Vice-Presidente / Secretário da Luso Ameri-can Life Insurance Society e tomará posse no dia 1 de Janeiro de 2009. Joe Resendes tem 55 anos, começou na Sociedade como Regional Field Man-ager em Fevereiro de 1992 e em Fe-vereiro de 2000 foi promovido a Vice-President/Sales and Marketing. Na sua nova posição de Vice-President/Secretary, Joe terá à sua responsabili-dade o Departamento de Vendas. Joe Resendes graduou-se no Saint’s Mary’s College onde se licenciou em Management. Joe e esposa Lidia, vivem em Sunny-vale, California e tem dois filhos. O seu filho mais velho graduou-se este ano na Sacramento State University em Con-tabilidade, e o filho mais novo Gary graduou-se no Wilson High School em Junho de 2008 e está actualmente a estudar na U.C. Santa Cruz. Tribuna Portuguesa envia congratula-ções ao amigo Joe Resendes.

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Sporting de Santa Clara - um jantar de sócios e amigos para lembrar a quadra natalícia, onde se pode ver o Deodato (DJ, animou a noite), Manuel Oliveira e esposa, José Manuel Santos e esposa Maria. Na outra mesa pode-se ver o José Agnelo Oliveira, esposa e amigos.

Portuguese Athletic Clube - aspecto do Salão com o Ranchinho de Natal da Nova Aliança, enchendo os ares com as suas bonitas canções.

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Tribuna Portuguesa 15 de Dezembro de 2008 COLABORAÇÃO 10

M esmo antes de ini-ciar dezembro, sentimos no ar um cheiro doce de

felicidade, um sabor delicioso de alegria, um esfuziante conten-tamento que se espalha pela cidade, à medida que ela se veste com enfeites específicos e ado-rna suas árvores e vitrines com luzes em profusão, o que torna mais fascinante esse clima que dá aos dias que antecedem ao natal, um brilho exuberante e um colorido sem igual. As propagandas, nas TVs, se intensificam. Jornais, revistas, trocas de e-mails, sermões reli-giosos, conversas entre amigos, rádios, revistas que dissecam a vida dos artistas, trazem à luz o mesmo tema: o Natal! Os centros comerciais, com um fluxo enorme de curiosos consu-mistas, hipnotizam olhos e men-tes com o luxo dos seus orna-mentos e suas ofertas tentadoras. Os supermercados expõem, além do básico e nacional, numa embalagem chamat iva e natalina, artigos importados e caríssimos! O vermelho, do azevinho, um arbusto que se cobre com essa cor, ao longo do inverno; o verde, cor da esperança e o dou-rado, cor do ouro, da pros-peridade, tornam-se as cores do momento. As crianças, até as que já não acreditam em papais noeis, escrevem cartinhas para o “bom velhinho” e especificam os

presentes que desejam receber. Os amigos se telefonam, as famílias se reúnem para planejar quais comidas e bebidas serão servidas durante a ceia e na casa de quem será a festa. Tudo acertado! Hora de enfeitar a casa e armar a árvore. Começam os desentendimentos: um acha que os ornamentos que foram usados em outros anos estão em ótimo estado e pela crise é melhor economizar. O outro acha que seria melhor jogar tudo no lixo e comprar novos, já que as lojas oferecem coisas lindas, recém chegadas da China, enfeites deslumbrantes e bem baratos (tão baratos que por aqui muitos já perderam o emprego) e que não vale a pena o aborrecimento de trocar lâmpadas queimadas nem tirar o pó da árvore desbotada. Junto com os preparativos, as compras e o trabalho de adornar o lar, vêm as advertências e reclamações: - “Puxa, vou ter mesmo que sentar-me em frente ao meu cunhado, que me deve e não me paga? Vai ser uma noite insuportável ter que olhar para a sua cara e conter a vontade de chamá-lo de vigarista”. - “Como poderei rir e abraçar a minha mãe e aquela minha irmã, se não me esqueço que durante todo ano elas brigam e xingam o meu neto e o meu filho especial e no natal vêm com a hipocrisia de dar presentes e reunir a família?”

- “Ai meu Deus, ter que engolir a minha futura nora e aqueles seus filhos mal-educados, vai ser um suplício!” - “Se eu pudesse escolher, viajaria com meu marido e filhos só para não ter que suportar a minha sogra e a minha cunhada que come demais e não ajuda lavar as louças”. E ninguém desiste! Mesmo sabendo que a noite pode ser um fracasso e acabar em confusão, prosseguem com a euforia dos preparativos. Entra ano e sai ano e tudo se repete: - “Natal é hipocrisia, é comércio, motivo para comer e beber, são os pobres cada vez mais desiludidos, mendigos dormindo sob as marquises, desempregados desesperados, orfanatos cheios de crianças abandonadas”, vocifera a maioria. -“É o Governo que continua a se fazer de surdo, os maus políticos que aproveitam para roubar mais e mais, as promessas que continuam só promessas”, concordam muitos. As redes de televisão, buscando melhor audiência, fazem campanha para angar iar donativos para um “Natal sem fome” e conclama a população, que se dispõe a ajudar: doa roupas, ensina os filhos a divi-direm os brinquedos com quem não tem e quando compra gêneros alimentícios, doa também um ou dois quilos de algo não perecível, que nunca se sabe se será ou não entregue aos

necessitados. Essa festa de Natal nada tem a ver com a comemoração do nascimento de Jesus Cristo. É só uma festa bonita, alegre, cheia de graça para as crianças que amam a figura simpática do Papai Noel. A bem da verdade, uma noite que pode ser, sim, muito feliz para aqueles que assim se sentem quando rodeados pela família e pelos amigos. É só uma festa como qualquer outra! Tanto que dela participam pessoas de credos e religiões diferentes e se há desentendimentos durante as mesmas, não são pelo natal em si e, sim, porque onde há reunião de família, salvo algumas ex-ceções, sempre há quem se aproveita da ocasião para colocar em dia as “confusões” e se abastecer de aborrecimentos. Entretanto, o Natal foi criado alguns séculos depois do nascimento de Jesus Cristo, para comemorarmos, além do Seu aniversário, os motivos pelos quais o Pai O enviou ao mundo: “Deus enviou o Seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sob o domínio da Lei, a fim de recebermos a adoção de filhos”, segundo o que o Apóstolo Paulo escreveu aos Gálatas e ao que explica quando escreve aos R o m a n o s : “ n a s c e u d a descendência de David segundo a carne, constituído Filho de Deus em poder, segundo o Es-p í r i to Sant i f icador pe la ressurreição de entre os mortos”.

O Natal só é uma festa Religiosa para os verdadeiros Cristãos, ou seja, para aqueles que acreditam que Jesus nasceu Filho de Deus e de uma Virgem, a Maria - segundo profecia de 700 anos antes do Seu nascimento - e que deu Sua vida pela nossa salvação. E quem não acredita nessas narrativas da Bíblia (e têm muitos que se dizem Cris-tãos e não crêem “nessa história”, como a chamam), não pode mesmo entender e colocar em prática o autêntico espírito do Natal. Bom seria se os Cristãos dessem, a partir deste ano, ao Ani-versariante, Jesus Cristo, o lugar de honra que Ele merece e O convidassem à mesa, para participar e comandar a Sua própria festa. Quem sabe, desse modo, repensando o Natal, não estaríamos dando às pessoas que nos rodeiam, motivos para reformularem, também, os seus conceitos e preconceitos? E, assim, quem sabe, um dia, o mundo venha a ser do jeito que sonhamos? Do modo que Jesus nos ensinou! Um Feliz Natal para a Tribuna Portuguesa, seus leitores e colaboradores. [email protected]

Ao Sabor do Vento

Sabor Tropical

D esejo um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo à administração da Tribuna Portu-

guesa, a todos os seus colabora-dores e leitores.

Várias pessoas me têm pedido para que eu escreva sobre o Natal. Eu penso que, pelo menos uma vez, já o fiz, no entanto, confesso que para mim é difícil escrever sobre tal tema. Não é tanto pela minha convicção religiosa pois, como vocês sabem, tenho mais dúvidas do que certezas e quanto a fé nem sei bem o grau. É que também muita gente faz da época do Natal uma imagem com-pletamente distorcida e desfocada e querem, num dia do ano, emendar tudo o que fazem de errado durante os outros dias todos. Claro que eu não me estou referindo áqueles que fazem sempre tudo certo e não pertencem ao grupo dos que erram. Resolvi então falar ou melhor, escrever, sobre três pessoas, entre as quais, duas delas conheço há poucos meses. Trata-se do meu sócio, que é Húngaro e protestante Luterano e os outros dois proprietários dos estabelecimentos anexos, que são Muçulmanos, um do Afeganistão e o outro da Turquia. Nenhum de nós compreende a língua nativa dos outros, mas, é interessante que todos dizemos “Buenos dias”, quando chegamos e, ao fecharmos os estabelecimentos, dizemos “hasta

manãna”. É raro o dia que não aparece de um ou outro lado, uma anedocta e, claro, o “punch line” é sempre dirigido à nacionalidade de um dos ouvintes e não do interlucutor. Por vezes eu e o meu sócio temos que sair os dois da oficina e qualquer um dos vizinhos, na nossa ausência, recebe as mercadorias, fala com algum cliente que chega e como nunca nos afastamos para muito longe, ligam-nos pelo telemóvel a dizer que um cliente nos espera. Se algum dos seus carros necessita reparações, nós fazemos pelo preço do custo. Um dos vizinhos, o do Afeganistão, que vende refrigerantes na sua loja, nunca nos leva dinheiro, se vamos buscar algo para beber. Uma vez que outra traz-nos pão feito à moda do Afganistão e sempre que eu vou à padaria, 9 ilhas em Rohnert Park, compro massa sovada e dou-lhe um ou dois bolos. Há quase um ano que somos vizinhos e nunca tivemos um problema que fosse. Muitas vezes eu ou o meu sócio, levamos lanche para nós todos e, outras vezes, o vizinho do Afeganistão faz a mesma coisa. Para ele é fácil porque o meu sócio e eu , se bem que não devessemos, comemos de tudo. No entanto, por motivos religiosos e que nós respeitamos, o mesmo não acontece quando somos nós que levamos a comida. Nunca cozinhamos coisa alguma que contenha porco, por ser contra a sua religião. Comer carne de tal animal eles não comem, a não ser em casos excepcionais,

como por exemplo, a família não ter outro alimento qualquer, pois que o Alcorão assim o permite. Isso acontece várias vezes e não é preciso ser na época do Natal para que tenhamos um lanche juntos, para nos alegrarmos, oferecer algo e viver confraternizando-nos. Assim deveria ser o Natal, todos os dias, no meu entender. O meu sócio - que já conheço há muitos anos – e os nossos dois vizinhos, são pessoas cultas, com as quais se pode manter um diálogo inteligente. Uma vez que outra, durante as nossas conversas, vem ao baile a situação mundial, as guerras e os desacordos entre os povos de certos países e, ali, num pequeno canto de um “shopping center”, quatro indivíduos, de nacionalidades diferentes, ajudam-se mútuamente, comem à mesma mesa e vivem em paz. Porque não fazem assim os governantes?

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Boas Festas e Feliz ano novo

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Tribuna Portuguesa 15 de Dezembro de 2008 COLABORAÇÃO 12

O Natal, e a despedida do ano velho, são sempre momentos que se usam para a

reflexão. É ritual que a comuni-cação social faça “um balanço” do ano que agora finda, que recordemos os momentos bons e maus que nos marcaram como sociedade. E diga-se, que 2008 teve vários momentos verda-deiramente históricos. Daí que, aproveitando o ritual, fui ao meu baú de recordações, e encontrei um texto escrito em 2001. Já lá vão sete anos que escrevi esta “Carta aos Meus Trinetos Americanos.” Texto esse que está incluído no livro América: O Outro Rosto. É, obviamente um texto datado, gira muito à volta do começo do século vinte e um, duma América antes do horripilante 11 de Setembro, mas há aspectos que para mim são pertinentes e, infelizmente, em alguns casos, pouco ou nada mudaram. Aqui ficam pois alguns excertos dessa carta escrita aos netos do meu neto, a viverem na viragem do século XXI para o século XXII. Escrevo-vos no começo de um novo século, o vinte e um, e pelas minhas contas vocês tam-bém estão na passagem de século, para o vinte e dois. Como será o vosso mundo, a vossa América? Será que vocês ainda saem de casa? Pois no meu mundo com os avanças na tecnologia é mais fácil falar-se com alguém a dois mil quiló-metros de distância do que com o vizinho da porta. Se bem que ao sair-se de casa encontra-se

um mundo de guerras , escândalos, superstições, fobias, ódios, discriminações, igno-râncias atrevidas, invejas e mesquinhezes. Espero que no mundo perfeito em que vivem, tudo isto esteja erradicado—Ah, como gostaria de ouvir a vossa gargalhada. … alguns dos nossos mistérios mais antigos persistem. Mesmo com todos os avanços econó-micos continuamos cada vez mais separados. A divisão das classes, que sempre se negou como inexistente na América, é preponderante. As pessoas com rendimentos similares vivem nas mesmas vizinhanças, socializam com as mesmas pessoas, os seus filhos vão para as mesmas escolas, e os seus hábitos—desde o clube de golfe ao jogo de bridge—são igualíssimos. Apesar de não ser economista, e de detestar números, há coisas que vocês precisam saber. É que por vezes os livros da histó-ria não dizem tudo. Por exem-plo, a classe média, que se diz ser a coluna vertebral da socie-dade americana, não passa, na realidade de um grupo de subclasses com vencimentos anuais que oscilam dos 30 mil dólares aos 300 mil dólares. Tenta-se ainda agrupar toda esta gente que é tão dissimilar como os 30 mil são dos 300 mil. Mas a realidade é que neste minha era cerca de 20% das famílias americanas ganham tanto como as restantes 80%. … as novas tecnologias, infeliz-mente, não têm servido como veículo unificador. Primeiro, nem todos têm ou podem ter um

computador. Segundo, mesmo quem possui a dita máquina se aquartela em grupos. Todos sa-bemos, espero que vocês ainda saibam, que a comunicação é a alma da democracia, daí a es-perança de que a Internet se tornasse no instrumento que equilibrasse e não no instru-mento que cada um usasse em sua casa para falar somente com aqueles que são como eles. Isto para não falar da privacidade que se aniquila com o uso da alta tecnologia. Dá a impressão que viver com os outros significa meramente viver em ligação aos outros, pelos fios. Daí que mui-tos homens e mulheres estejam mais ligados aos seus computa-dores do que ao próximo. Por isso vos conte uma história que fez manchete em muitos jornais durante o meu tempo. Um jovem afro-americano em Harlem, No-va Iorque, visitava constante-mente a biblioteca e adorava contactar com outros pela magia desta tecnologia. Quando a bibliotecária lhe perguntou porque gostava tanto do compu-tador ele respondeu-lhe: “o computador não sabe que sou preto.” É que e como vocês de-vem saber, nunca o mundo havia comunicado tanto como na minha era, mas também nunca o mundo havia matado tanto. Nunca se falou tanto em igual-dade e há mais desigualdade, nunca se enalteceu tanto que todos somos iguais e se viu tan-tos actos de racismo. …a separação entre os seres humanos é assustadora. Entre os homens e as mulheres apa-rece uma separação motivada pelo crescimento social das mulheres, que os homens ainda não souberam reconhecer e aceitar. Entre adultos e crian-

ças o mesmo. Aumenta o núme-ro de crianças que são violadas e negligenciadas. Porque ambos os pais trabalham, gasta-se menos tempo com os filhos. É verdade, as crianças também são vistas como uma competição no orçamento da família. E compra-se (ou tenta-se comprar) o carinho dos filhos, através de brinquedos e dos jogos de video, cada qual mais violento e competitivo. E para que eles entrem no sistema, que pede que façamos tudo sem pensar, metemo-los em dez mil actividades, desde o jogo de beisebol ao clube de karaté. Mas não passamos as nossas histórias orais, o nosso legado familiar, a riqueza do nosso passado. …há ainda uma desconexão dos seres humanos com a natureza. É a corrupção do meio ambi-ente, a erosão das florestas e a poluição dos oceanos e dos rios. Apesar dezenas de organizações, e de alguns políticos de boa von-tade (ainda existem meia dúzia) se preocuparem com o planeta, pouco se faz e talvez, vocês o poderão dizer, aquilo que se fez foi tarde de mais. … estamos um tanto ao quanto desconexos com nós próprios. Trabalhamos mais, para termos mais, e sermos menos. Até há quem pense que nos ocupamos mais com os nossos empregos porque assim temos menos tempo para a introspecção. Andamos sempre à procura de uma aventura, como quem precisa de algo que venha do exterior, porque não queremos gastar, o mínimo, com o interior. Daí que, gastamos mais em maquilhagens do que em livros. …especulo quanto terá pro-gredido a vossa geração e as

três que nos separam. Oxalá que até à vossa época se tenha sabido construir um conceito de Deus sem utilizar a fé como arma e se tenha aprendido a respeitar os que não acreditam. Espero que se entenda que a democracia é muito mais do que os desejos da maioria, é, essen-cialmente, a protecção das mi-norias. Confio que se tenha descoberto que matando homens e mulheres que mataram outros homens e mulheres não é a forma correcta de se mostrar que é errado matar. Espero que até à vossa geração tenha havido capacidade de se enten-der o passado tal como ele foi, sem a necessidade de o mistifi-car. Que se tenha aprendido que as tradições e as instituições não são todas perniciosas, mas que podem ser utilizadas como armas retrógradas. Espero que se tenha passado da crueldade com que se olha para os mais marginais, para um estado onde todos sejam tratados por iguais. Confio, que se tenha aprendido que há uma diferença enorme entre uma grande América e uma América grande. Com estes breves excertos dessa carta aos netos dos meus netos, com estas reflexões de 2001, que na minha perspectiva ainda são pertinentes em 2008, desejo, a cada um dos leitores da Tribuna Portuguesa, os mais sinceros e ardentes votos de BOAS FESTAS.

S e recuarmos na história, podemos constactar que o imperador Constantino foi um entusiasta astuto do imperialismo religioso

que promovia sermões festivos ilustrados com muita algazarra teatral alusiva à natividade do Redentor. A sua perspicácia politico-religiosa tinha por objectivo minimizar (e se possível neutralizar) o desvario gerado pelo hedonismo das festividades pagãs da época, com os jogos de azar e as suas orgias colectivas, coroadas pela prosmicuidade sexual. Séculos mais tarde, aconteceu a famosa revolução franciscana que veio serenar os ânimos e simplificar o Natal cristão, tornando-o património popular. O santo de Assis viveu inspirado por uma Voz celestial que lhe falava da enorme diferença entre pobreza material e miséria espiritual. O cristão sabe que a pobreza

não é passaporte religioso para a “mancha do pecado original”. A pobreza deveria ser gravada e difundida como grito de revolta contra o egoísmo humano... Visitemos a realidade mais recente. Sabemos que os puritanos de Massachusetts não escondiam o seu teológico desdém pelo ortodoxo grego São Nicolau, referência que veio parar à cultura “eurocêntrica” rotulada com o prestígio mercantilista do famoso Saint Claus. Depois, a cultura anglo-saxónica (com mais ou menos fervor calvinista) veio dificultar a comunhão democrática da alegria natalícia. Todavia, mais a Sul, nas plantações da Virgínia, começou a notar-se um fenómeno curioso que os sociólogos designaram por “wassailing”, ou seja, em fins de Dezembro de cada ano, os escravos ficavam com licença para gozar um ou dois dias de folga, dado

que as colheitas já estavam semeadas. Eram-lhes dadas roupas ainda não usadas, comida melhorada e, em certos casos, bebidas alcoólicas. Pronto! Estabelecia-se, assim, um clima colectivo de alegria com danças, cantares e... não só! Diríamos que a maioria dos emigrantes não esquece a pobreza do seu próprio “natal de belém”, nem ignora as vicissitudes da sua própria “fuga para o Egipto”. Aliás, Jesus é nosso irmão emigrante: o Evangelho narra o episódio do dilema da sagrada Familia em busca duma vida melhor, face à inospitalidade étnica fomentada no torrão natal. Ainda muito novinho, Jesus conheceu os trambolhões da emigração, ao colo de sua imaculada Mãe... Ele veio ao mundo para nos lembrar que “amar o próximo” não é um preciosismo legal ou norma de etiqueta social. Tal

como a liberdade e a felicidade não se conquistam por decreto, assim também a santidade não deve ser vista como apólice de seguro exclusiva dos piedosos.

O nosso Natal deveria servir de “altar” para celebrar, com dignidade étnica, a coragem da Reconciliação, na convicção serena de que “a humanidade é mais ignorante do que má...” Sim, reconciliação! A palavra de ordem seria “detestar o pecado, mas ajudar os pecadores”, na ânsia de ajudar os Pobres a derrotar a pobreza... Haja Paz e Amor. Bom Natal!

Reflexos do Dia-a-dia

Memorandum

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Tribuna Portuguesa 15 de Dezembro de 2008 COLABORAÇÃO 13

Presentemente a escolha dos alimentos pelos consumidores têm em conta preços, qualidade e curiosamente o meio ambi-ente.

G osto, conveniência, valor nutr i t ivo e preços (especialmente neste época de alta inflação no

cabaz de compras) continuam a ser parte da escolha dos alimentos do dia a dia. No entanto um crescente numero dos americanos estão adicionando ao seu critério de alimentos saudáveis outros valores que incluem produtos mais sensitivos e produzidos em armonia com o meio ambiente e práticas humanitárias. A familia de produtos de lacticinios tem a longo prazo sido reconhecida pela sua valiosa contribuição na saude e bem estar das populações. Numerosos estudos e investigações cientificas continuan a revelar o posi-tivo impacto destes produtos na saude dos ossos, na função imune e prevenção de doenças, esta cada vez mais aparente de que o termo “saudável” não é por si só o unico termo dominante destas análises. Organizações Governamentais, tais como, “The Humane Society of the United States” continuam a pres-sionar a agricultura animal, proces-sadores, cadeias de restaurantes e (servico rápido) tais como Carl’s Jr. Presentemente o “Safeway” anun-ciou iniciativas para aperfeiçoar (segundo dizem) a qualidade de vida e abatimento de aves e porcos para a

a l i m e n t a ç ã o humana. “The Humane Society”, em força, foram os directos pro-motores e pa-t roc inadores da iniciativa no boletim de voto da Cali-fornia alve-jando a pro-dução de aves e ovos, carne de vitelo e porcos. Produtores de leite da California acreditam que o proximo alvo será a industria de lac-ticinios, muito embora esta esteja na vanguarda da industria nacional quanto à protecção e bem estar dos seus animais. Factores do meio ambiente são área de inquietação para a industria da agropecuaria. Um relatório de cien-cia e technologia ambiental dos pro-fessores de “Carnegie Mellon Uni-versity” indica que a maioria das emissoes de “greenhouse gas” no sistema de alimentos dos Estados Unidos acontecem durante a pro-dução, em comparação com o trans-porte dos mesmos. Um sistema de comidas industrializado baseado em proteína-animal e energia intensivo especialmente com a continuação da crescente falta de água que obriga a produção a extrair água para irriga-ção das culturas das bacias subterra-neas sujeito a altos custos da energia. Além desse facto, pode ser num fu-turo não muito distante que as vacas leiteiras tenham que pagar uma taxa-

licença pela sua parte na poluição “GHG”, segundo iniciativa do Su-premo Tribunal e regulado por “Enviramental Protection Agency” EPA.. Os consumidores largamente consid-eram os produtos do leite alimentos preferidos e saudáveis, e a sua grande importancia na alimentação e desenvolvimento das crianças e ado-lescentes. Adicionalmente o leite está classificado nos primeiros quatro alimentos ricos em proteína, zinco e vitamina A. Nenhum outro produto alimentar contém tal combinação de nutrientes numa só embalagem. As organizações de educacção nutritiva subsidiarias da industria de lacticin-ios há cerca de 90 anos “Dairy Coun-cil of California” e os seus contrapar-tidos em outros Estados, bem assim como a industria em geral estão com-premetidas, e têm obrigação, de manter o leite e seus produtos numa relevante e saudável plataforma vi-sivel ao consumidor.

Temas de Agropecuária

Canto da Décima Ilha Sou desta Ilha, soma de tantas; Pedra, vulcão de saudade. Ilha de lava a queimar de amor, Corpo de gente, (rubro de) liberdade. Sou desta Ilha, que é arco-íris Rasgando o céu da águia escura Que é cor de tantas e me faz feliz. E imagina o mar em névoas de lonjura. Sou desta Ilha, feita de mil vozes, Toadas de calor, Sol de Lá sem Dó, No Sol Maior da sua ternura, Gritando silêncios numa voz só. Sou desta Ilha, Décima de rimas, De poetas loucos, língua inventada. Navega serena em mares de espuma, Minha Ilha Mátria reencontrada Viola, Minha Rival Sonhada pelo Leal, Por suas mãos construída, És a única rival Que encontrei na minha vida. Pelas mãos do meu amado És porém acariciada. O que sou eu a teu lado? Pobre de mim, não sou nada! Quando, nas mãos dele, choras, Cantas, gemes tresloucada, O que sou eu a teu lado? Pobre de mim, não sou nada! Mas eu não te quero mal: És fascinante e mimosa Viola, minha rival, Ó minha rival ditosa

Maria das Dores Beirão Napa

Lucia Noia

Presidente / CEO e Directora Clínica das Residenciais de Saúde Noia e

Centro Comunitário Noia

Deseja ao Tribuna Portuguesa e a toda a Comunidade Portuguesa

BOAS FESTAS E

FELIZ ANO NOVO

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Perspectivas

V ivia ela numa terra bafejada por um sol meigo no húmido verão e fustigada por

gélidas chuvas torrenciais no inverno, seguidas de primaveras floridas e sobrevoadas de pás-saros chilreantes que, às vezes, lhe pareciam vaticinar promessas de novo vigor e de vida mais suave na sua caminhada por este mundo... Ao aproximar-se o seu nonagésimo aniversário natalí-cio, D. Amália já sentia o peso dos seus anos... Havia já muitos e longos anos, o marido partira para o Além, deixando-a só na buliçosa vila atravessada por um largo ribeiro que, em outras regiões com tendências mais hiperbólicas, seria chamado rio. A anciã vivia e sentia-se so-zinha. O casal havia tido uma filha e dois filhos, mas talvez impelidos por ideais não muito diferentes daqueles que outrora impulsionaram os “navegadores” lusitanos por ignotos mares, eles haviam preferido rumar a destinos diversos e tecer os seus sonhos em terras longínquas, onde viviam bem e em relativa proximidade. Na sua provecta idade e na solitude do seu vazio lar, D. Amália vivia agora de saudades do passado, enquanto, na sóbria parede do estreito corredor, o velho relógio parecia embalá-la com o seu constante e soporífico tiquetaquear.

*****

Porém, outros sons prendiam a sua atenção. Era já a véspera do Natal! Perto e distantes ecoa-vam, maviosos, os sons de tradi-cionais e novas canções nata-lícias. Embevecida na amálgama de coisas e episódios que lhe perpassavam pela mente, a anciã, sentada no pequeno quarto de serão, de súbito notou estarem os vidros das janelas cobertos de gotas do chuvisco que, mansamente, caía do semi-nublado céu. Até pareciam ser de prata, à luz de ténues raios do sol que, num meigo sorriso,

espreitava lá no alto... Sem D. Amália saber como, o seu pensamento voou para os presépios que seus filhos, todos os anos, erguiam numa pequena mesa no canto de um dos mais amplos quartos de cama. “Ai, que saudades, meu Deus!”, balbuciou ela enquanto duas teimosas lágrimas lhe brotavam dos olhos... Nos recantos da sua ainda vívida memória, a anciã viu-se, uma vez mais, atarefada na sua recheada cozinha a ultimar os preparativos para o Dia do Natal, que sempre incluía um farto jantar para toda a família e alguns amigos. Ao cheiro das guloseimas que ela preparava, ou já havia cozinhado, para o jantar da Festa, os filhos, sobretudo os mais jovens, de vez em quando, entravam na cozinha a pedir-lhe “só um bocadinho”, mas ela, com um sorriso, dizia sempre “espera mais umas horas, e agora ajuda teus irmãos a construir o nosso presépio”. Não havia falta de “arquitecto” ou “obreiros” para a construção do tosco, mas sempre encantador presépio. Os três miúdos porfia-vam em buscar tudo quanto era necessário. Do quintal, vinham a terra, o musgo, as pedras, os pequenos ramos de arbustos, as plantas, a água, e outros mate-riais; do sótão e do fundo dos armários, vinham caixotes, velhos espelhos, pitorescas ca-sinhas de papelão, folhas de alumínio, as ovelhinhas, as vaquinhas, o jumento, as pal-hinhas, e as venerandas pe-quenas imagens da Virgem Maria, de São José, e do Menino Jesus. Com expontânea alegria, e capitaneados pelo irmão mais velho, todos se lançavam à obra. Pouco a pouco, o presépio emer-gia.. Sobre pequenos caixotes habilmente disfarçados com terra, pedrinhas e “árvores”, apareciam as colinas rendilhadas de fileiras de casas típicas da região, com dois ou três caminhos em direcção ao “estábulo” onde, ladeado pela Virgem Maria e por São José já

repousava o Menino Jesus, sorridente por se encontrar ro-deado de paz e harmonia. A meiga vaquinha e o paciente jumento bafejavam o divino Bebé com o calor dos seus hálitos, enquanto, em redor do fronteiriço lago, as ovelhinhas expressavam a sua alegria em sons polifónicos. Anjos pratea-dos (de folhas de alumínio) sobrevoavam a cena, parecendo bailar aos sons das canções emitidas pela Rádio... Separada do presépio, erguia-se, sem retoques cosméticos, uma pequena “árvore do Natal”, onde se pendurariam ofertas típicas da quadra natalícia.

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A simplicidade do presépio em nada diminuía a intrínseca beleza do realidade da ocasião e dos esforços das crianças! Nem podia, de forma alguma, des-moronar as suas grandiosas fan-tasias ou abalar as suas fortes imaginações que, todos os anos, conseguiam dar novas nuanças e dimensões ao “seu” presépio. Naqueles já idos tempos, pen-sava D. Amália, “respirava-se um bem-estar algo inexplicável e uma paz e harmonia conta-giantes que pareciam penetrar e inundar as almas e os corações. O jantar da Festa era sempre mais uma ocasião não só para reforçar laços de amor, de amizade e de franca cama-radagem, como também para “dar graças a Deus, por mais um ano de vida e pelos graças recebidas. Naqueles tempos, o cunho do Natal era marca-damente religioso”. “Ai, que saudades, meu Deus!” mur-murava a anciã com um profundo suspiro. Na sua avançada idade, as forças físicas de D. Amália já eram escassas. Com crescente difi-culdade, ela caprichava sempre em manter a sua casa limpa e em boa ordem, e em preparar as suas módicas refeições, ocasional-mente melhoradas com suple-mentos trazidas por alguns dos restantes familiares e outras

pessoas amigas que a visitavam de vez em quando. D. Amália gostaria tanto de ir ver, uma vez mais, o popular presépio da próxima igreja paroquial, mas já não podia caminhar até lá. Só poderia agora imaginar a costumada grande afluência de fiéis à Missa do Dia do Natal e conjecturar a incontida alegria das crianças ao mirarem, embevecidas, as figuras do Presépio. Diziam-lhe que este estava lindamente emoldurado com dezenas de multicoloridas luzinhas que piscavam sem cessar, parecendo quererem dar as boas-vindas a todo o mundo...

*****

Ao antever o prazer das crianças da sua freguesia, o pensamento de D. Amália voou para os seus próprios filhos, primeiro para quando ainda eram miúdos, e logo após para o que ela ima-ginava serem eles agora, depois de tantos anos, todos crescidos e também rodeados de filhos... Os seus três filhos, sempre dedicados, visitavam-na de vez em quando, mas nesta fase da sua avançada idade, D. Amália sentia-se mais necessitada dos seus carinhos, dos seus abraços e do seu amor...Ah, como ela adorava ouvir as suas vozes sempre que eles telefonavam para uns apreciados minutos de conversa... Seria um sonhos abraçá-los todos uma vez mais, suspirava ela, julgando-o irrealizável, devido às distâncias e aos custos. Realista, ela preferia sonhar com o passado, já que o futuro era agora, para ela, curto e incerto, “Meu Deus!, pedia ela, para mim nada quero; só Vos peço que ampareis e protejais os meus filhos e suas famílias neste caótico e desorientado mundo., Mas eu gostaria tanto de os abraçar agora”... E, com este desejo, D. Amália caiu ador-mecida na sua favorita cadeira de braços, ao som de ternas canções de Natal... O seu sono em breve evolveu em

sonho extraordinário. Ela viu-se rodeada dos seus três filhos e suas famílias, que vindos do longínquo continente fronteiriço à Europa, a abraçavam com grande emoção... As ondas de indizível alegria que a inva-diram naquele momento foram tamanhas que ela, de repente, acordou, perplexa mas in-crédula... Precisamente nesse momento, alguém bateu à porta da casa... “Quem será?”, perguntava-se ela, espantada. “Quem será?” Apoiada à sua velha bengala, D. Amália dirigiu-se para a porta, semiabrindo-a com cautelosa curiosidade. Estupefacta ao ver quem estava perante ela, D. Amália deixou cair a sua bengala amiga, e correu, de braços abertos ao encontro dos seus 3 dilectos filhos, que, sorridentes, se enlaçaram num apertado, longo e amoroso abraço à sua bondosa mãe.... As emoções eram tão profundas que as pala-vras afogavam-se nas abun-dantes lágrimas de alegria que vertiam de todos os olhos e dos corações assim reunidos uma vez mais... A cena repetiu-se quando D. Amália comovidamente abraçou e beijou, um por um, os restantes membros das famílias do seus filhos, Os netos e as netas que ela agora via pela primeira vez trouxeram-lhe novo brilho aos olhos e amplos sorrisos aos seus lábios que não se cansavam de oscular os novos rebentos da Família... O lauto e festivo jantar que os filhos de D. Amália haviam planeado para o Dia da Festa incluiu toda a Família e os mais íntimos amigos dos casais. Observando sorridente tudo e todos, D. Amália, parecendo rejuvenescida, murmurava co-movida: “Isto é um milagre, um milagre de Amor e Saudade.. .Melhor prenda de Natal eu não poderia ter recebido!”.

Conto de Natal

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Tribuna Portuguesa 15 de Dezembro de 2008 PATROCINADORES 15

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Tribuna Portuguesa 15 de Dezembro de 2008 COLABORAÇÃO 16

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Deseja a todos os seus clientes e comunidade em geral

Um Bom Natal e um Ano Novo com muitas felicidades

Consultas: Segunda, Terça, Sexta 8am - 5pm

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M inha Mãe, é já Natal! Ainda foi outro dia, que fazíamos planos para decorar a nossa casa com toalhas de mesa e cortinas novas, compradas na

Loja das Chitas, que agora em Angra já não existe, e colocaríamos aqueles naperons bordados na sua máquina nova, último modelo da Singer, com desenhos ajustados pela Dona Primitiva Sarmento, muito sua amiga com muito orgulho seu. E que dizer daqueles tapetes feitos a ponto de veludo e almofadões de seda que mais ninguém tinha, e que eu também a ajudei a bordar. Tanto que guardei… E para quê, se quando voltei já não havia nada. Mas, quem nos usurpou a casa, não levou a toalha do lava-mãos antigo, talvez porque estava bordada com as suas iniciais de solteira rematada com renda inglesa, feita por si. Nem o cachené… Nem o velhinho xaile da avó Gesuína que não conheci, porque morreu muito jóvem. Foi tudo o que restou, mais as memórias boas que conservo da nossa casa, que por esta altura do ano estava sempre quente pelo braseiro que fizera o pão alvo do nosso contentamento por saber tão bem à saída do forno com azeite Galo no prato, a manteiga Milhafre e o chá ter-nurento da conversa de serão, enquanto esperávamos que o pai voltasse dos longos ensaios de trompete ora na Banda Filarmónica Recreio dos Artistas ora na Art Carneiro Band, porque a música era a sua grande paixão desde menino, quando começou a sua primeira Filarmónica na Terra-Chã, com bombos e gaitas feitas de cana de bambú. E agora também já ouvi que veio até na edição de 80 anos do Jazz na ilha Terceira… Que bem! Tanto ele como Luís Soares, teriam ficado contentes se tivessem vivido para ver. Também a re-vista taurina “Festa na Ilha”, este ano trouxe às suas páginas, velhas memórias da antiga praça de toiros, em cuja tribuna do Inteligente, está o pai com a sua in-separável trompete para dar avisos aos artistas nas suas lides taurinas. Quantos Natais, Mãe… já passaram depois de tudo isto! Levaram todas as coisas, menos as nossas memórias. E sempre, em cada dia, todos os anos, tudo aflora como uma realidade que dói por não existir de verdade, talvez porque foi num Natal já distante que a negra morte bateu à porta, e esse foi o nosso último Natal ao serão, com as nossas conversas, os seus conselhos pre-ciosos, os seus sábios provérbios, sempre ajustados a cada tempo e lugar. Desde então os Invernos são mais frios, a árvore de natal de cedro vermelho não tem o mesmo cheiro das da nossa mata, o musgo do presépio não tem o verde das geadas e da chuva miudinha que adoçava ainda mais as flores do coquilho que embelezam as largas e lustrosas folhas de roca, nem o perfume das ervas pisa-das, como os fetos, os morangueiros bravos, a salsa parrilha e todas as outras que a terra dá… A nossa terra. Feliz Natal! Festas Felizes! Feliz Ano Novo!

[email protected]

Catholic Association for Seminarian Studies (Associação Católica para Estudos nos Seminários), uma fundação sem fins lucrativos, foi organizada há mais de vinte anos por um grupo de padres portugueses, Padre Carlos Macedo, Monsenhor Valdemiro Fagundes, Padre Albano Oliveira e Monsehor Manuel Alvernaz, todos residentes na Califórnia, com o fim de suavizar os encargos financeiros dos seminaristas a frequentarem os últimos quatro anos do Seminário de Angra. Monsenhor Alfredo Mariano de Sousa, pároco da Igreja do Espírito Santo, em Fremont, a primeira igreja fun-dado por portugueses no Estado da California, legou o seu espólio a esta organização, permitindo-lhe aumentar o numero e o valor das bolsas de estudo a serem atribuídas. Neste ano lectivo de 2008-2009 foram atribuídas bolsas de estudo a 12 seminaristas do Seminário de Angra, no valor de três mil dolares cada, e ainda catorze mil dolares em ajuda directa aquele Seminário. Tendo este grupo de benfeitores determinado que havia necessidade de ajudar na formação de padres para as várias paróquias que por todo o Estado da Califórnia servem paroquianos portugueses, então resolveram alar-gar o seu apoio financeiro a todos os seminaristas luso-americanos da California. Este ano passado quatro dos seus bolseiros foram ordenados padres e para o corrente ano lectivo de 2008/2009, dois seminaristas luso-americanos foram galardoados com bolsas de estudo no valor de três mil dolares cada. O Monsenhor Manuel Alvernaz, ilustre filho da fregue-sia da Ribeirinha, Ilha do Pico, então pároco da Igreja do Sagrado Coração de Jesus em Turlock, California, resolveu que o seu parte do seu espólio fosse usado para aumentar as ajudas aos seminaristas dos Açores e da

Califórnia, mas também para auxiliar os filhos da sua terra natal a frequentarem cursos universitários. Neste ano lectivo de 2008-2009, seis filhos da Ribeirinha fre-quentam cursos superiores, dois dos quais na Faculdade de Medicina, e foram galardoados com bolsas de estudo Monsenhor Manuel V. Alvernaz, no valor de dois mil e quinhentos dolares cada. Durante quase três décadas de existência, a fundação CASE já distribuiu centenas de milhares de dolares em bolsas de estudo entre os seminaristas do Seminário de Angra, alunos universitários da Ribeirinha e seminaris-tas luso-americanos na Califórnia. O Rev. Padre Carlos B. Macedo, o único sobrevivente deste grupo de beneméritos, é ainda a pedra angular desta fundação. Natural de Ponta Delgada, Ilha de São Miguel, e antigo aluno do Seminário de Angra, foi pas-tor da Igreja Nacional Portuguesa das Cinco Chagas, San Jose, California, por mais 20 anos.

3601 WARNER DRIVE • SAN JOSE CALIFORNIA 95127-4430

Padre Carlos Macedo

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Tribuna Portuguesa 15 de Dezembro de 2008 PATROCINADORES 17

Genuino ancorado em Port Elizabeth Rota Prevista Açores - Cabo Verde - Brasil - Uruguai - Argentina - Cabo Horn (Chile) - Chile - Ilha de Páscoa - Polinésia Francesa - Samoa - Fiji - Austrália - Timor - Indonésia - Maurícias - Madagascar - África do Sul - Ilha Sta Helena - Açores.

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Tribuna Portuguesa 15 de Dezembro de 2008 ENTREVISTA 18

Qual foi a ideia de fundarem o vosso grupo coral? A ideia surgiu sem ser planeada. Foi em Fort Bragg em 1993. Eu e alguns dos nossos membros estávamos lá na festa do Espirito Santo e notámos que a Missa era em Inglês e não tinha cânti-cos, apenas um senhor de idade avançada a tocar orgão. Quando a Missa acabou, o organista ten-tou tocar o Hino do Espirito Santo, mas ninguém cantava. Eu e outros amigos começámos a cantar o Hino e logo a seguir os organizadores da festa convida-ram-nos para cantar a missa no ano seguinte e assim começou. Por 4 anos era apenas isto que faziamos. Juntava-mo-nos algu-mas vezes em particular apenas para nos divertirmos. Um belo dia os pais de um dos nossos membros celebravam bodas de ouro em Mountain View e pediram-me para irmos cantar a missa nessa celebração. Nesse mesmo dia fomos convidados para cantar na festa de Mountain View nas duas organizações e foi assim que fomos descobertos nesta área. Embora com alguns conflitos, o saudoso Padre Noia convidou-nos a ir cantar uma missa á Igreja Nacional Portu-guesa das Cinco Chagas e desde então tomamos o compromisso de lá cantar todos os terceiros Domingos de cada mês. A escolha das pessoas foi fácil? Como é que foram feitas? A escolha foi o mais fácil. Éramos um grupo de 7 amigos que começámos este Grupo, de-pois recebemos varias criticas porque não usavamos orgão e os nossos instrumentos não eram próprios para cantar na Igreja, mas como eu estava bem infor-mado e sabia que nada de errado estávamos a fazer, acabei por convidar algumas das pessoas que nos criticavam para fazer parte do nosso Grupo e assim foi aumentado até o numero de pes-soas que eu tinha em mente. Quantos elementos tem o vosso grupo? O nosso Grupo é composto por 30 elementos, claro que como em qualquer outro grupo de vez enquanto sai um por razões pes-soais e assim que um sai con-vidamos alguém para substituir quem saíu, e qualquer membro pode convidar alguém que con-hece, mas tentamos não aumen-tar o numero de trinta. Qual é o campo de actividades

do vosso grupo? Nos primeiros dez anos só cantámos Missas mas ao cele-brarmos os nossos dez anos de existência resolvemos fazer uma festa com jantar e para essa cele-bração preparámos um reportório de musicas de concerto liturgicas e o nosso Hino, que tem letra feita pelo grupo. Sabemos que já actuaram fora da California? Aonde foi e como decorreram essas actua-ções? A nossa primeira deslocação fora da California foi em 2003 à festa de São Vicente de Paula, Pa-droeiro dos Amigos da Terceira, em Pawtucket em Road Island, convite feito pelo nosso amigo Victor Santos. Em 2005 fomos à grande festa do Espirito Santo a Fall River, a maior festa de Por-tugueses nos Estados Unidos. Além dos nossos membros tive-mos o prazer de ter muita gente que nos acompanhou num total de 96 pessoas. Em 2007 tivemos um convite da comissão de festas da Nossa Senhora da Luz em Toronto, Canadá. Na minha maneira de ver todas elas foram um grande sucesso pelos aplau-sos e pela maneira como nos receberam. Como é que são escolhidas as vossas musicas? Além de mu-sica sacra, que outro tipo de

musica cantam? As musicas são todas escolhidas por mim, sou possuidor de um grande arquivo de musicas e tenho o cuidado cada vez que vamos cantar escolher os cânti-cos apropriados para a ocasião ou a condizer com as leituras e evangelho do dia. Além de musica sacra, cantamos o nosso Hino. E cantamos em homenagens, cuja letra é feita por um membro do nosso grupo e em particular quando nos jun-tamos, cantamos um pouco de tudo, mas até hoje nunca aceita-mos convites para musica Popu-lar ou Folclóricas. Não é esse o nosso objectivo. Qual foi a experiência de lan-çarem o vosso CD? Tem tido boas vendas? O lançamento do nosso CD foi feito no Canadá e excedeu todas as nossa espectativas. A seguir a Toronto, as melhores vendas tem sido na área de Tulare, Hanford e Hilmar. Estamos muito satisfei-tos com o resultado e desde já agradecemos a todos que tem comprado o nosso CD. Quais são os vossos projectos para 2009? Para 2009 já temos 25 compro-missos em São José e várias ci-dades nos arredores. No ano de 2008, que está prestes a findar,

fizemos 31 actuações, a ultima será na missa da meia noite na Igreja Nacional das Cinco Cha-gas. Como é que que as nossas or-ganizações podem entrar em contacto convosco?

O nosso contacto pode ser feito a t r a v é s d o n o s s o s i t e www.gcsaudadesdaterra.com ou através do telefone 408-923-0264 .

José Silva, fundador e ensaiador do Grupo

Esq/dir: Blandina Dobrowski, Maria Costa, Alice Silva, Elza Bettencourt, Jovina Silva, Katlyn Leal, Liduina Espinola, Maria Faria, Odete Mateus, Virgilia Oliveira, Helena Oliveira e Fátima Moules-Sousa. 2ª fila; João Bettencourt, Manuel Espinola, Durvalino Silva, João Costa, Henrique Cordeiro, Manuel Escobar, José Faria, Aurelio Oliveira, João Cardadeiro, Decio Oliveira, Jorge Leal e Joe Silva.

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Tribuna Portuguesa 15 de Dezembro de 2008 PATROCINADORES 19

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Tribuna Portuguesa 15 de Dezembro de 2008 PATROCINADORES 20

Ganadaria e Coudelaria António Cabral - Madera

Saudam toda a aficion e Comunidade em geral e desejam Um Feliz Natal e Um Ano Novo Cheio de Felicidades

Sário e Manuel Cabral

Feliz Natal e Um Ano Novo com muita Saúde e

Felicidades

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Tribuna Portuguesa 15 de Dezembro de 2008 PATROCINADORES 21

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Tribuna Portuguesa PATROCINADORES 15 de Dezembro de 2008 23

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Tribuna Portuguesa 15 de Dezembro de 2008 ANIVERSÁRIO 24

António Menezes, Vice-Presidente do Sporting, de tantas vezes vir cá, já se sente mais californiano do que lisboeta Alvaro Aguiar, mestre de cerimónias. Um leão ferrenho.

Durante e cerimónia de entrega de recordações e homenagens. António Menezes, António Martins (Presidente do Núcleo), Pedro Gomes (ex-jogador do Sporting - 3 vezes Campeão, 3 Taças de Portugal e 1 Taça das Taças) e Alvaro Aguiar

João Toste (Vice-Presidente do Núcleo) homenageia Pedro Gomes. Este antigo jogador do Sporting falou da sua experiência, quer como jogador, quer como treinador

Lindsey Ferreira, Alyssa Ferreira (Rainhas de 2006-2008), Elisa Martins, Makayla Toste (Rainha 2009) e António Martins, Presidente do Núcleo Sportinguista

O Sporting é um clube com muitos amigos, até os mais ferrenhos benfiquistas se sentem bem nas suas festas. Também havia muitos adeptos do Porto. E um do Lusitânia.

Pelo oitavo ano realizou-se, desta vez na acolhedora Sala de Festas do Turlock Pen-tecost, a Noite de Natal do Núcleo Sportin-guista do Vale de San Joaquin. Vindos de Portugal, estiveram presentes o Vice-Presidente do Sporting, António Menezes e o ex-jogador Pedro Gomes, dono de um historial como atleta de grande valor. Como é habitual neste festa, houve troca de recordações entre os nossos visitantes e o núcleo e também a apresentação pública da nova Rainha do Núcelo, Makayla Toste. Depois de um bem servido jantar, e as homenagens, seguiu-se o espectáculo mu-sical da responsabilidade de Eduardo Santana e Nucha, com os seus bailarinos. De referir a presença de muitos benfiquis-tas e portistas, num gesto de verdadeira amizade clubista. António Menezes no seu discurso, falou do Sporting actual e das esperanças em serem Campeões de Portugal este ano. Também referiu o bom trabalho feito na Taça dos Campeões e disse do prazer que sempre tem em visitar a California.

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Tribuna Portuguesa ANIVERSÁRIO 15 de Dezembro de 2008 25

Se quer ser um bom Sportinguista, assine o melhor jornal Português da California TRIBUNA PORTUGUESA

Eduardo Santana, pela segunda vez nesta Festa, e Nucha, animaram a noite festiva O Sporting Clube de Portugal pelas mãos do seu Vice-Presidente António Menezes, ofereceu ao Núcleo Sportinguista do

Vale de San Joaquin, uma Bola de Cristal. António Martins, embevecido, procurava ver se o seu Sporting seria campeão este ano. Parece que havia muitas nuvens no palco e não se via muito bem...

Antes do corte do bolo comemorativo do VI Aniversário do Núcleo. Alyssa Ferreira, Makayla Toste, Sandra e João Toste, António e Elisa Martins, Mary e Frank Silva, António Menezes e Pedro Gomes.

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Tribuna Portuguesa 15 de Dezembro de 2008 PATROCINADORES 26

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Tribuna Portuguesa COMUNIDADE 15 de Dezembro de 2008 27

Salvas de diferentes desenhos

Crucifixos de variados tamanhos e feitios

Loiça regional da mais bonita

Coroas do Divino Espírito Santo em todos os tamanhos

Ouro português do melhor quilate

Imagens dos nossos santos populares e de Nossa Senhora de Fátima

Coroas para Rainhas das nossas festas em todos os estilos e preços

Quem visita pela primeira vez a Casa Furtado, mesmo em frente à Igreja Nacional das Cinco Chagas, em San José, fica assombrado pela variedade de produtos ali expostos. Esta loja que já tem mais de 40 anos de existência é bem demonstrativa do esforço, do trabalho e do saber que António Furtado e esposa puseram neste seu negócio. Podem contactar a Casa Furtado através da sua webpage: www.furtadoimports.com Desde artigos religiosos - coroas do Divino Espírito Santo, crucifixos, estátuas dos santos populares, objectos para o baptismo e primeira comunhão, biblias, rosários, na joalharia podem-se apreciar os anéis, pulseiras, colares, e brincos. Têm uma vasta colecção de produtos para ofertas, desde relógios, porcelanas, cristais, canetas, tal-heres, além de música de todo o mundo. Também vendem as bandas usadas nos bodos de leite, e gravam anéis, salvas de prata, troféus, etc.. É verdadeiramente uma loja a visitar.

Música portuguesa e estrangeira para todos os gostos

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Tribuna Portuguesa 15 de Dezembro de 2008 COMUNIDADE 28

Manuel Bettencourt e Deolinda Adão receberam um Certificado de Reconhecimento da Presidente cessante da Luso-American Education Foundation, Cecelia Sousa, por tudo o que têm feito em prol da Fundação.

Vista parcial da Sala do Centro Comunitário de San Pablo, onde se realizou o almoço

Sara Rodrigues, esposa de Arnold, Adelaide e João Manuel Dias, Arnold Rodrigues, Joe Resendes e filho Gary,

Laary Soares , o novo CEO da Luso American Life Insurance Society. Reconhece-se Manuel Minhoto, CEO cessante, e Frank e Cecelia Souza.

Maria Odom, Manuel e Filomena Bettencourt, Tony e Patricia Costa, sua filha Angela Simões e Francisco Alves

“Velha Guarda” da Fundação. Reconhece-se Francisco Cabrita, Américo Pereira, Rod-rigo Alvernaz, Manuel Bem Barroca, Donalda Melo (de costas).

Jovens partilham a sus experiência na Semana de Campo em UC Santa Barbara. Gary Resendes, Steve Resendes, Sara Rodrigues e Antoniete Machado

Como já é habitual realizou-se este ano no Centro Comunitário de San Pablo, o almoço de Natal da Luso American Education Foundation, depois do encontro anual dos membros da mesma Funda-ção, onde foram apresentados os resultados do ano que agora acaba. Foram nomeados novos comités, discutido as finanças da Fundação, os resultados da Conferên-cia Anual este ano realizada em Berkeley, bem como o Youth Summer Camp, realizado em UC Santa Barbara. A Presidente cessante, Cecelia M. Souza apresen-tou o seu relatório anual e recordou o sucesso da Rose Bowl Parade, onde a nossa comunidade esteve representada pela primeira vez. Manuel Bettencourt falou sobre o banquete do Dia de Portugal. Os novos directores apresentaram as suas candi-daturas e foram votados cinco novos directores. Quem participa neste encontro todos os anos nota a falta de participação de jovens, porque será im-possível qualquer fundação sobreviver sem a in-jecção de sangue novo. Esta ideia já foi dita tanta vez, por tanta gente, que já nem faz mossa em ninguém. O importante é reconhecermos que daqui a poucos anos não haverá mais Cecelias, Manueis e Deolindas, para guiarem este barco que se pode afundar um dia. Algo tem de ser feito. Esperemos que na próxima conferência a realizar em Turlock na California State Univer-sity, Stanislaus, se discuta este assunto em vez de se perder tempo com rodriguinhos académicos que não interessam a ninguém. Importante seria também promover esta Conferência junto dos jovens estudantes do Vale Central e não só, e dos já cursados e que estejam interessados a ajudar no futuro da Fundação.

Page 29: Tribuna - December 15th

Sextas-feiras às 11:30 pm Sábados às 11:30 am e 6:30 pm Próximos programas: 20 de Dez e 3 Jan

Poderá ver o Contacto em: www.tribunaportuguesa.com

Tribuna Portuguesa PATROCINADORES 15 de Dezembro de 2008 29

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268 Touradas à Corda na Terceira em 2008

O número de touradas na ilha Terceira, este ano, voltou a ser maior do que em 2007. Entre Maio e Outubro, a ilha foi palco de 268 touradas à corda, um número que tem vindo a crescer nos últi-mos 12 anos. Esse aumento, significa novo recorde no número de touradas, na ilha Terceira. Desde de 1996, esta tradição tem vindo a crescer na ilha Terceira, ano em que se realizaram 183 touradas à corda. Volvidos 12 anos, o número já ultrapassou as duas centenas e meia, um crescimento constante que demonstra a pujança desta tradição, mas, em simultâneo, está a provocar a discussão entre aficiona-dos e ganadeiros, que começam a concluir que, o facto de haver muitas touradas, não é sinónomo de quali-dade. Por concelhos, o de Angra do Heroísmo foi o que regis-tou mais touradas à corda, 148, registando o da Praia da Vitória, 120. Mas, as touradas à corda não se ficaram pela Terceira e já são tradição nas ilhas Graciosa e São Jorge e, no corrente ano, ocorreram também no Pico, São Miguel e Santa Maria.

Rui Messias / Carlos Tavares

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Corridas e Touradas à Corda Resumo da Temporada de 2007 da Ter-ceira, Graciosa, São Jorge e California. 395 fotografias de toiros 195 fotografias antigas na velhinha Praça de São João Contactar: Tribuna Portuguesa 209-576-1951

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… para todos aqueles que durante a temporada taurina encheram as nossas praças, quer de noite quer de dia, se entusiasmaram pela festa, aplaudiram artistas de valor e aplaudiram os nossos toiros, os nossos cavalos, os nossos forcados e os nossos artistas locais. São todos eles que fazem da nossa festa a mais bonita das Festas. A eles se de-vem todo o empenhamento dos nosso ganaderos, das nossas coudelarias, dos nossos forcados e das nossas organizações que de ano para ano querem sempre fazer mel-hor.

Quarto Tércio

H oje vou ti-rar a minha boina a to-dos os Gru-

pos de Forcados da California pelo seu tra-balho árduo durante a temporada e que agora pela festa de Natal se vão reunir e solidificar cada vez mais as amizades já existentes.

Sempre que o Labita se desloca à Terceira gosta de dar um ou dois passes a um toiro, nas nossas tão conhecidas Touradas à Corda. Aqui está a prova deste acto em 2008, numa fotografia da Foto Gabriel. Labita dentro da sua simplicidade de métodos, foi um dos mais importantes elementos da nossa festa brava, quando no seu principio, a maioria das pessoas enchiam as praças, não para verem artistas de fora, mas sim para apreciarem as

“palhaçadas” cómicas do Labita. Na segunda Noite Tauromáquica realizada em Thornton, há vários anos, este nosso amigo foi reconhecido por aquilo que ofereceu à festa. Esperemos que as Touradas à Corda na California, continuem em força, tendo sempre em atenção a segurança das pessoas e o respeito aos toiros, que são o actor principal das nossa tauromaquia.

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Tribuna Portuguesa 15 de Dezembro de 2008 PATROCINADORES 31

O Casal Ildeberto e Ondina Medina Proprietários da Firma

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Deseja a todos os amigos e portugueses em geral residentes na California e na Costa Leste

Um Feliz Natal e

Próspero Ano Novo

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Tribuna Portuguesa 15 de Dezembro de 2008 COLABORAÇÃO 32

N os anos da Segunda Guerra Mundial o volfrâmio represen-tou um importante

papel na economia portuguesa. O maior extractor da Europa, Portugal contava com a Ale-manha e a Grã-Bretanha como os seus dois melhores clientes. Dada a sua dureza, idêntica à do diamante, e o mais alto poder de fusão de todos os metais, o volfrâmio, também conhecido como tungsténio (o termo provém de uma expressão sueca que significa “pedra dura”), tem sido utilizado em produtos tão variados como filamentos de lâmpadas eléctricas, brocas, lâminas de “bulldozers” e mate-rial cirúrgico. Foi contudo na indústria de guerra que o seu emprego se revelou mais notório. Em liga com o ferro empregou-se largamente na fabricação de projécteis anti-tanque, chapas de blindagem e maquinaria. A extracção e tratamento do minério conhecido como volf-ramite intensificou-se a partir de meados de 1941, quando a Ale-manha nazista, após a invasão da Rússia, em Junho desse ano, exigia enormes quantidades do metal para uso na sua indústria de armamento. Em Portugal a exploração do volfrâmio processou-se por estes anos a dois níveis, o das grandes empresas e a dos pequenos pes-quisadores, trabalhando indi-vidualmente ou em parceria. Quanto ao primeiro, há a desta-car a gigantesca dimensão das minas da Panasqueira. Provedoras de uma parte sub-

stancial da exploração do volfrâmio, localizadas perto do Fundão, na Beira Baixa, estas minas datam dos fins do século XIX. Para além dos filões de volframite, dos mais ricos do mundo, encontram-se aí outros minérios, como os de estanho e cobre. Com mais de 12 000 quilómetros de túneis abertos pela mão do homem, tornaram-se as maiores minas subterrâneas do mundo. Por outro lado a pesquisa e ex-tracção da volframite, com fre-quência à margem da lei, por pequenos agricultores do Norte e Centro do país levou ao aban-dono dos seus cultivos, situação potencialmente desastrosa, dada a escassez de alimentos então sentida por todo o território na-cional. Sem embargo, quinze ou vinte gramas de minério, que podia mesmo ser encontrado nos muros de pedra que dividiam as courelas, rendiam mais do que um dia de trabalho de enxada na mão. De igual modo se achavam restos de minério em poços e trincheiras de explorações aban-donadas, assim como no leito de ribeiros secos durante parte do ano, onde a erosão havia deposi-tado sedimentos. Nestes chega-vam a ganhar o seu dia raparigas munidas de pequenos sachos e um alguidar de zinco. A lavagem, durante o qual o minério, mais pesado, se separava do cascalho. era feita à mão, geralmente por mulheres recolhendo dos detritos a volf-ramite, negra e brilhante. Ex-plorações artesanais de maior vulto podiam revelar-se perigo-

sas pois a inexperiência levava à abertura de galerias mal mina-das, susceptíveis de desmorona-mentos. Foi tal a proliferação destes pe-quenos empreendimentos, quase impossíveis de controlar por repetidas rusgas da GNR, que já em Julho de 1942 o Governo começou a indeferir todos os requerimentos de instalação de postos para tratamento do mi-nério. O súbito ascenso na escala económica de numerosos cam-poneses pobres, causado pela valorização do minério, chegou a atrair gente de fora, inclu-sivamente vinda de empregos burocráticos. Muitos dos novos ricos afluíam à capital e desper-tavam atenções quando for-mavam grupos em frente dos cafés do lado ocidental do Ros-sio. Os lisboetas achavam-nos risíveis ao observar os seus valiosos anéis e correntes de relógio, ou então as quatro ou cinco canetas de tinta perma-nente assomando do bolso do colete, sabendo que muitos deles eram analfabetos. Por esses anos a exportação de volfrâmio tornou-se um melin-droso ponto de negociação com a Grã-Bretanha. Escasso noutros países mas abundante em Portu-gal, este minério havia-se tor-nado imprescindível na indústria de armamento dos países belig-erantes. O Governo de Sua Ma-jestade, alegando as cláusulas da velha aliança anglo-inglesa, in-sistia energicamente na cessação de fornecimentos aos seus inimi-gos. O Primeiro-Ministro Britânico, Winston Churchill chegou mesmo, em 24 de Março de 1944, a escrever nesse sentido uma carta pessoal ao Presidente

do Conselho apontando a improbab i l i -dade de uma retaliação por parte da Ale-manha, posto que este país se e n c o n t r a v a numa desvan-tajosa situação militar e que portanto deix-ara de consti-t u i r u m a ameaça para a soberania portu-guesa. A confrontação implicou uma delicada decisão para o Governo de Salazar, que de facto receava uma possível acção violenta por parte do Governo de Hitler caso as exportações fossem suspen-sas. Além disso, com o desen-volvimento da indústria bélica por parte tanto dos Aliados como do Eixo, os preços do minério subiam em flecha e representa-vam uma valiosa entrada de divi-sas no país. Salazar encontrava-se assim entre dois fogos e, com a sua habitual prudência, tentava en-contrar uma solução equitativa para o problema. Moral e legal-mente via-se comprometido com a Grã-Bretanha mas sentia-se mais afim ao governo nazista. Havia também de considerar que parte das minas em território português eram de propriedade alemã. O Presidente do Conselho re-sistiu enquanto possível por vários meios, um deles algo sub-til. A 3 de Março de 1944 foram clandestinamente enviadas a Espanha 44 toneladas de volfrâmio, seguidas de mais 41

nove dias depois. A Espanha, país não beligerante, era também poderosa exportadora do minério e dadas as relativamente amisto-sas relações entre os governos de Franco e de Hitler, não seria difícil imaginar qual teria sido o destino final destas remessas. A insistência britânica persistiu pela primavera desse ano. Antes inabalavelmente acreditando na vitória alemã no conflito eu-ropeu, Salazar começava a dar indícios de uma opinião con-trária. Talvez concordando com a argumentação de Churchill, deve ter concluído que era mínimo o perigo de uma inter-venção germânica. Reuniu-se o Conselho de Minis-tros e acabou por se encontrar uma airosa saída, a de proibir, a 1 de Junho de 1944, a exporta-ção de volfrâmio para todos os países participantes no conflito. E foi assim que um simples de-creto publicado no Diário do Governo pôs fim a um período que tanto havia marcado a vida portuguesa.

Minha Língua Minha Pátria

Page 33: Tribuna - December 15th

Amin Ashrafzaden, MD Cornea & Refrac-tive Surgery Catarat Surgery Board Certified Ophthalmologist

Tribuna Portuguesa PATROCINADORES 15 de Dezembro de 2008 33

Deseja a toda a Comunidade Portu-guesa e em especial aos aficionados

taurinos BOAS FESTAS e

Um Bom Ano de 2009 Cheio de Felicidade e de Boas Corridas de Toiros

Deseja a toda a Comunidade Portu-guesa e em especial aos

aficionados taurinos

BOAS FESTAS

Um Bom Ano de 2009 Cheio de Prosperidades

e de boa Festa Brava

Page 34: Tribuna - December 15th

Direcção de Diniz Borges

“Quando penso no mar, o mar regressa A certa forma que só teve em mim - Quando ele acaba, o coração começa.”

Vitorino Nemésio, “Correspondência ao

mar”citado.p.258 Na passarela mágica e de imensa beleza paradisíaca do Vale das Furnas durante o encerramento do II Congresso Internacional da Imprensa Não Diária os participantes foram agradavelmente surpreendidos com a oferta de um livro. Tratava-se da mais recente obra da escritora açoriana Adelaide Freitas: ”Nas Duas Margens:da Literatura Norte-americana e Açoriana”,minutos antes apresentada. Sobre a trajetória de vida e a obra literária da autora discorreu com grande propriedade e conhecimento a Dra.Tereza Martins Marques. A obra, uma compilação de textos e outros escritos sobre a literatura das duas margens atlânticas foi apresentada numa fala simples carregada de emoção, por seu marido e companheiro de vivências absolutas da lágrima ao sorriso, Vamberto Freitas. Uma obra que tem muito de si na sua cuidadosa concepção. Trata-se, sobretudo, de um livro de excelência gráfica e diagramação impecável editado pela empresa Linhas e Círculos - Unipessoal Ltda. com o patrocínio da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD) e produzido pela Nova Gráfica Ltda. num trabalho de ótima qualidade. A expressiva capa traz a assinatura de Álamo Oliveira que tangido pela sensibilidade, numa arte de pura criação poética, revela o quanto de cumplicidade existe entre o conceito gráfico da capa e o conteúdo do livro: textos, traços, caracteres, vozes e olhares. Talvez, o mais indicado é dizer da intimidade que se percebe entre as imagens sobrepostas e as letras, palavras, escritas que falam do ser humano, da vida, da paixão, do sofrer, do chorar, do sorrir, de encontros, de partidas, do mar e de cenários telúricos

em textos de literaturas: açoriana e norte-americana. Que bela forma de se conhecer ou entrar no livro e com gosto navegar por suas páginas como embarcadiço de uma baleeira da imaginação. ”Nas Duas Margens: da Literatura Norte-americana e Açoriana”, um livro que acabou de sair e que justifica mais que um simples registro, merece que se fale de seu valor literário e de sua valiosa autora, sua habilidade, talento, generosidade intelectual, e contribuição inconteste à literatura portuguesa e da diáspora. Adelaide Freitas, uma escritora de maturidade reverenciada, espírito aberto, coerente com seus princípios, verticalidade no pensar e no agir, deu-nos muito da sua pena vibrante e vigorosa: poesia, prosa poética, contos, narrativas ficcionais, ensaios, um importante estudo sobre a obra de Hermann Melville,”Moby Dick A Ilha e o Mar – Metáforas do Carácter do Povo Americano” (Doutoramento,1987) e um romance “Sorriso Por dentro da Noite” que fala da emigração, do olhar de quem ficou para trás, a esperança do amanhã, a saudade infinita,o vazio da partida e dos sonhos...”olha lá para o mar,põe os teus olhos a boiar e deixa-os navegar.” “Nas Duas Margens: da Literatura Norte-americana e Açoriana”, um conjunto de dezoito textos numa temática onde se percebe a sua força na defesa de uma literatura açoriana e de uma literatura produzida na outra margem, na América do Norte. Mais uma referência inescapável de sua expressiva obra. Ensaios e outros escritos que contextualizam e teorizam a cultura e a literatura nas duas margens desse imenso “rio Atlântico”, abrangendo o período de 1989 – 2003, com total domínio do conhecimento do que discute e defende, numa narrativa viva, intensa, cheia de significados e, sobretudo, fortemente testemunhal. Um estilo que cativa o leitor, comove, convence, transborda no afeto, na gentileza de sua voz, na capacidade de olhar o ser humano por dentro, na alma – o melhor de si. Adelaide poeta está presente mesmo nos textos acadêmicos onde deixa fluir a sua sensibilidade na análise acurada da ensaísta e crítica, às vezes até a exaustão, onde o apuro literário, o frescor, o ritmo e a linguagem escorreita, apaixonada se revelam em plenitude. Um curioso percurso com olhares, imagens ora fortes, contestatórias, ora ternas, carregadas de metáforas que intrigam, provocam. Admirável resultado! Desde o texto inaugural “Moby Dick e a Recuperação da Memória:Portugal na sua Atlanticidade” (p.15-30) até a última escrita,um texto de corajoso alerta, em “Uma baleia vê os homens:O reacordar da humanidade” (p.245-263) embrenha-se em trilhas d`alma, numa imersão visceral no microcosmo ilhéu na força que vem da terra, do mar, do grande cetáceo, na saga dos que partiram, em

rotas de afeto, por caminhos da memória numa constante vigília esgueirando o olhar nas duas margens: uma à espera, o sonho concretizável para além do mar, o fascínio, a promessa; a outra a realização do “Sonho Americano”. Eis a imagística açoriana. Aí está o desenho, o bordado do relacionamento entre as duas margens, os dois universos tão distantes, tão distintos: o Novo Mundo , “Califórnias perdidas de abundância” e a sociedade fechada das ilhas. A reflexão e o discurso coerente abraçam os dois mundos distantes na geografia espacial e aproximados pela grande corrente humana da emigração tecida com fios da esperança e fortalecida por relações histórico-culturais entre Açores e América. No que tange à literatura açoriana, a autora oferece “A Historiografia na Literatura Açoriana”, mostrando o processo dinâmico da mudança histórica e cultural, os questionamentos, o novo repensar, a construção de uma nova cartografia no âmbito da literatura a partir de uma visão gerada do espaço insular para o espaço continental numa inversão do olhar institucional até então vigente e subsistente, contribuindo para esta nova arquitetura da escrita açoriana nos seus múltiplos registros discursivos. Escolhe para objeto de sua análise as obras dos açorianos Martins Garcia, de João de Melo, de Álamo Oliveira, de Daniel de Sá e da americana de ascendência luso-açoriana Katherine Vaz. Ao justificar a sua escolha afirma que são obras assentadas “numa poética de ruptura e convergência, de recuperação da memória, numa mútua relação de diálogo com o passado e o presente, em cujo

metaponto se encontra e se reafirma a identidade individual e colectiva das gentes açoriana.”(p.50). Uma escrita cidadã a potencializar lições e socializar conhecimentos. Finalmente, quero destacar o texto “Para uma sensibilização ao universo feminino” em que a autora narra a história da emergência e do florescimento de um discurso e ficção feminino, traçando a dialética da luta da mulher por seu direito de independência, de voz , de liberdade, de afirmação no mundo português ( a ousadia das Novas Cartas Portuguesas,1972) e a condição da mulher açoriana e suas conquistas no tempo e no espaço, o romper amarras e assumir desafios. Aqui colocados com discernimento, lucidez e sabedoria. Ao estabelecer “uma poética de leitura num contexto internacional sujeito a várias interpretações polissêmicas e, portanto, questionáveis(...)”,dentro do espaço temporal considerado, a autora atingiu plenamente seu propósito – “um espaço aberto que,bem ou mal,espera e reclama o diálogo,rasgando caminhos e libertando-os do escuro para o salto da luz,para o azul do espanto.(p.11) Nas Duas Margens: da Literatura Norte-americana e Açoriana – um livro singular que cruzou os dois sentidos do Atlântico, traçando pontes de afetos, falando com respeito de sua gente açoriana em constante mobilidade, embarcados ou passageiros da mesma baleeira da imaginação. Adelaide Freitas atravessa o seu tempo em ritmo próprio. Segue seu caminho, refaz seus passos conforme as exigências de sua vida, de antes e de agora, no tecer suave de seu universo.

Apenas Duas Palavras Adelaide Batista de Freitas não é um nome desconhecido dos nossos leitores. É uma voz importante nas letras dos Açores. Tem publicado poesia, ficção narrativa, ensaios e estudos literários. É uma escritora consciente dos mundos que compõem o mundo açoriano, o das ilhas, a meio do Atlântico Norte, e o das suas co munidade s d i spe r sa s pe lo continente norte-americano. Daí que esta Maré-Cheia traz um texto da nossa amiga, e distinta colaboradora, Lélia Pereira Nunes, sobre o novo livro de estudos literários da Adelaide. É um texto que evoca o trabalho da Adelaide neste livro e na escrita. À Adelaide, os meus parabéns por mais esta publicação, por mais este contributo. À Lélia, o meu agrade-cimento por mais esta excelente colaboração. Resta ainda, em edição de fim de ano, agradecer a todos quantos têm colaborado com esta humilde página de artes e letras do Tribuna Portuguesa. É que sem a colabo-ração, a amizade e a generosidade de tantos homens e mulheres ligados às letras, nos Açores e nas comunidades, jamais seria possível esta Maré-Cheia. Desejo agradecer a todos quantos a lêem, a todos quantos têm tido a generosidade de enviarem os seus comentários. Para todos, os meus votos ardentes e sinceros de um bom Natal e um magnífico Ano Novo. Cá estaremos com a primeira edição de 2009, no dia 15 de Janeiro. Abraços de amizade e gratidão, diniz

Lélia Pereira da Silva Nunes

Adelaide Freitas

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Tribuna Portuguesa NOVOS TALENTOS 15 de Dezembro de 2008 35

Fale-nos um pouco de si.

Nasci em Moçambique e passei uns anos no Zimbabué num tempo mais sossegado. Porém, foram os anos a partir de 1978 em Leiria, Portugal, que completaram a minha agradável infância. Em 1984, quando tinha 11 anos, vim com os pais e irmão para a área de San José, por onde ainda vivemos. Dediquei-me ao estudos técnicos e consegui um título de engenharia em 1995. A tempo completo sou gestor técnico de projectos em San José, mas há poucos anos vim a fazer o que sempre quis desde criança: ensinar línguas. Talvez esta paixão tivesse vindo do pai português, que sempre falou muitas línguas, ou da mãe chinesa, que foi professora em Moçambique. Seja de onde for, a paixão pelo ensino e promoção do português e espanhol é o que mais aprecio na minha carreira.

Porque é que escolheu ser Professor?

Sempre quis ser professor desde que andava na escola primária em Leiria. Também gostava de línguas, pois eu já falava português, inglês e um pouco de chinês e francês. Creio que estes interesses provêem da influência positiva dos pais, do meu pai que me ensinou língua e história, e da minha mãe que me ensinou a ser bom aluno e atento instrutor. Foi desta paixão que decidi entrar noutra carreira enquanto ainda mantinha o trabalho como engenheiro informático. Completei o meu curso de Mestrado em Espanhol em quatro anos, e para 2007 já estava a ensinar espanhol e a dar explicações de português. Acho que a melhor realização que se obtem do ensino é poder partilhar a sabedoria e visão do mundo multi-cultural. Como cresci em Portugal e como o espanhol é muito usado, dedico-me às línguas principais da Ibéria e da Ibero-América -- português e espanhol. Em que é que se especializou? Porquê?

O meu curso de Mestrado foi em espanhol na SJSU porque na altura -- em 2003 -- a situação económica não me permitia estudar português longe de San José, onde eu trabalhava e ainda trabalho a tempo completo. Embora a minha especialização fosse em espanhol, frequentei todas as aulas avançadas de português na SJSU. Em 2006 também tive o privilégio de tirar um Curso de Férias avançado em língua, cultura, história e l i t e ra tu ra na respe i tada Universidade de Coimbra.

Diga-nos o que é que faz e aonde

Depois de dez anos como engenheiro no campo de Internet, trabalho agora como gestor de projectos a tempo completo em San José. Na empresa, coordeno vários projectos técnicos e recursos que se dedicam ao serviço de apoio ao cliente. Sempre vou apren-dendo mais na área 'high-tech', mas a minha verdadeira paixão encontra-se no que faço 'part-time'. Este semestre, ensino Espanhol I 'part-time' na SCU, um instituto privado de grande renome em Santa Clara. Também, devido à minha experiência técnica, ensino Espanhol 4A e 4B 'online', dois cursos que administro a través da Internet da SJSU. Além de ensinar, gosto também de contribuir para a comunidade lusófona, onde participo em conferências de ensino de línguas, ajudo no ensino de português em privado e na Universidade de San José. Além disto, duas vezes por mês, junto-me num café com um grupo de 'luso-entusiastas', onde praticamos o português e discutimos a integridade da nossa cultura.

Onde estudou?

O meu primeiro curso foi em E n g e n h a r i a E l e c t r ó n i c a (Electrical Engineering) na SJSU, em San José, onde completei o bacharel de ciências (Bachelor of Science) em 1995. Também possuo um título de

Mestrado em Gerência de Engenhar ia (Eng ineer ing M a n a g e m e n t ) d a S C U , concedido em 2001. Quanto às humanidades, estudei na SJSU entre 2003 e 2007, e obtive o Mestrado de Artes (Master of Arts) em Espanhol em Maio de 2007. Este diploma foi, ao fim e ao cabo, aquele que mais valeu a pena pela contribução imediata que faço à diversa comunidade californiana.

Que conselhos daria aos jovens que querem seguir uma c a r r e i ra d e p ro f e s s o r universitário?

Os jovens têm de ter uma mente aberta e aceitar que a sociedade é diversa, cultural e socialmente. Tento mostrar-lhes a importância do ensino de línguas e cultura porque é o que nos faz mais aptos e creativos, não só no trabalho mas também na sociedade. Também lhes acon-selho que sejam persistentes nos estudos, posto que a apren-dizagem requer muita dedicação. Outro ponto importante é saber que a recompensa de poder ensinar e inspirar as gerações futuras é mais valiosa que quaisquer incentivos monetários.

Qual a vossa relação com a comunidade portuguesa?

Da minha infância em Portugal aprendi o valor e a importância da nossa cultura. Embora nos anos 90 ocupava-me mais com a carreira e os estudos técnicos, para o ano 2000 comecei a establecer amizades com os portugueses da área da baía de San Francisco, assim como da área de Sacramento e do Vale Central. Participo em conferên-cias e eventos organizados para a promoção da cultura ou língua. No festival do Dia De Portugal em San José em Junho, ajudo a promover o ensino da língua e sou voluntário no que puder. Hoje em dia mantenho-me em contacto com portugueses de vários institutos e organizações que apoiam a cultura lusa.

Qual foi a última vez que visitou Portugal Continental ou os Açores e o que mais

apreciou?

Desde 2002, tenho voltado a Portugal Continental quase todos os verões. Em Junho de 2008, estive por Leiria e ao norte do país com o meu pai para "matar as saudades"--para apreciar os sítios por onde passei e estar na boa companhia de família e amigos. Quando visito Portugal, aprecio também a boa comida e a bonita paisagem litoral. Além de Leiria, os lugares de que mais gosto são Coimbra, Marinha Grande, Figueira da Foz e o Porto. Também gostaria um dia de visitar novos lugares, como a costa do Alentejo, assim como os Açores e a Madeira.

Já visitou a sua terra natal, Moçambique, desde que de lá saiu? O que é que acha do novo Moçambique?

Acho que Moçambique tem sofrido muito, tendo ido da direita salazarista à esquerda soviética, deixando-lhe os escombros da guerra civil e a fome após a independência em 1975. Só nos anos 90 com a democracia é que Moçambique se pôde estabelecer como um país livre e independente. Penso que este país, embora pobre, merece ter a tranquilidade e paz de que agora desfruta. Com a nova amizade que Portugal faz com Moçambique e outros países africanos lusófonos, vejo um melhor futuro para o povo multi-cultural moçambicano. Nunca voltei a Moçambique desde que saímos em 1975 porque tinha estado ocupado

com o trabalho, e porque dei preferência em visitar o país que tanto me formou--Portugal. Todavia, com esta nova esperança na África lusófona pretendo voltar à Beira dentro de poucos anos. O mais difícil será recordar os sítios por onde andei quando apenas tinha 2 anos. Quando for, será com os meus primos de Leiria, que ainda têm relações familiares com a Beira.

Como é que vê o futuro da nosso língua? O que é que se deveria fazer para "sustentá-la" no futuro?

A nossa língua vai evoluindo aos poucos e ver-se-á mais influência pelo contacto com as várias comunidades lusófonas e com outras línguas importantes. Por este motivo, vejo que o português será sempre uma língua muito falada e respeitada a nível global. Além disso, agora surgem vários autores lusófonos de África que farão destacar ainda mais a nossa língua no mundo. Todavia, no caso do português na Califórnia vejo que há muito por fazer. Poucos luso-descen-dentes mantêm a sua língua em casa, e os que querem aprender não têm fácil acesso a lições de português. Acho que se deve promover a nossa língua na Califórnia através da influência política, de melhor acesso a aulas de português e de pro-moções de eventos lingüísticos e culturais. Assim como as orga-nizações culturais promovem a música, os bailes e os costumes portugueses, também se deve dar ênfase ao ensino da língua em casa, na escola e na comunidade. Como outros professores e entusiastas do português, quero fazer parte deste esforço didáctico. A final, através da língua, poder-se-á abrir ainda mais portas à bela cultura que é a portuguesa.

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DESPORTO 15 de Abril de 2001 Tribune DESPORTO 1 de Março de 2001 ACTUALIDADE 15 de Fevereiro de 2001

Esta fotografia é uma homenagem a todos os benfiquistas da California, que já há mais de três anos não viam a sua grande equipa em primeiro lugar no Campeonato da Liga. Em pé: Quim, Angel de Maria, Nuno Gomes, Sidney, Luisão, Cardozo, Katsouranis. Ajoelhados: Reys, Maxi Pereira, Jorge Ribeiro, Ruben Amorim.

BENFICA 2008-2009

foto cortesia da LUSA

Page 37: Tribuna - December 15th

Tribuna Portuguesa COMUNIDADE 15 de Dezembro de 2008 37

Ouça a Voz da Comunidade na KNRY 1240 AM em Monterey

Domingos das 3 às 5 horas

Voz da Comunidade é transmitido a partir do novo estúdio no Salão da I.S.T.W. em Watsonville. Produzido e apresentado por um grupo de volun-tários para serviço da comunidade Portuguesa da Baía de Monterey e cidades circunvizinhas. Tam-bém nos podem sintonizar através da Internet, ligando para www.knry.com. Para qualquer anún-cio de interesse comunitário, por favor entrem em contacto connosco, escrevendo para PO Box 337 Watsonville, CA 95077 ou ligando para 831 722 7375 ou Fax 831 728 2732 ou ainda por email [email protected] - todo este serviço será completamente grátis.

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Page 38: Tribuna - December 15th

Tribuna Portuguesa 15 de Dezembro de 2008 COLABORAÇÃO 38

N aquele tempo era Inverno. O mês de Dezembro corria frio, muito frio. Nâo chovia, mas a geada acu-

mulava-se nas valetas, razão do arrefeci-mento do orvalho. A meio da tarde daquele dia 24 eu pedi ao meu avô que me levasse à praia, para que eu pudesse ver o mar, porque naquele dia eu tinha saudades do mar. Ele fazia-me normalmente todas as von-tades, mas naquele dia ele disse-me que não me podia levar à praia, porque era Inverno, estava frio e sobretudo porque estávamos na véspera do dia do nasci-mento de Jesus. No Verão, todos os fins-de-semana, o meu avô levava-me a ver o mar, na Praia de Mira. Viajávamos numa charrete puxada por um cavalo castanho, enorme, meigo como um cachorro, possante como um touro. A charrete era pintada de um verde-escuro, as ferragens eram douradas e os raios pintados de preto, um meio de transporte fino para a época. Mas naquela tarde, tudo porque Jesus estava prestes a nascer e por ser Inverno, ele não me quis levar à praia, naquela charrete, puxada por aquele maravilhoso cavalo. Ao cair da noite, na minha meia dúzia de anos, eu já cambaleava, enquanto o meu avô me contava histórias, porque sendo ele um bom católico me queria acordado à meia-noite, para ir com ele á missa do

galo. Pela manhã, já era dia de Natal, e eu, mal acordei, comi um naco de pão, bebi café com leite e corri para casa dos meus pais, que moravam por ali, porque tinha sau-dades da minha mãe. Aos meus irmãos, que na véspera tinham colocado o sapatinho no borralho, por debaixo da chaminé, alguém lhe terá posto no sapato um pacote de bolachas de baunilha. Ao acordarem, eles entraram em delírio, porque o Menino Jesus se lembrara deles, mas de mim, apesar do meu comporta-mento, nem Ele nem ninguém se lem-brara.

No ano seguinte, porque as bolachas de baunilha não me largassem o pensar, eu pedi ao meu avô que me deixasse passar a Noite de Natal na casa de meus pais, junto da minha mãe e dos meus irmãos. Ele resmungou, mas acedeu e a partir daquele ano, todos os anos, alguém me punha no sapatinho um pacote de bola-chas baunilha, que com o correr do tempo passou a vir acompanhado com uma moedinha de vinte e cinco tostões e da autorização para passar a hora da missa do galo, no meio do largo, a aquecer-me à fogueira do Natal. E foi já crescido e bem longe da minha mãe, da minha casa e da minha aldeia,

que eu vim a saber que quem me punha o pacote de bolachas e mais tarde os vinte e cinco tostões no sapatinho, era um homem que vestia de vermelho, com grandes e farfalhudas barbas, a quem chamavam Pai Natal. Nesse instante eu deixei que duas lágri-mas me rolassem pelo rosto, porque senti saudades do meu caminhar para a praia na charrete do meu avô, daquele cavalo cas-tanho, enorme, do Pai Natal da minha aldeia, aquele que me dava o pacote de bolachas e os vinte e cinco tostões e da minha mãe, que sempre fora a melhor mãe do mundo. E triste fui eu continuando todos os Na-tais, por, Santo Deus, nunca ter tido um brinquedo, a não ser aquele cavalo alado, feito de madeira, que a minha mãe me comprou um certo dia numa das festas da Padroeira. E mesmo agora, pelo Natal, apesar daquele montão de alegria que eu cos-tumo ver nos olhos dos meus netos, talvez a principal razão do meu viver, eu fico triste, sobretudo porque o meu Pai Natal, que eu nunca conheci, aquele que me dava as bolachas e os vinte e cinco tostões, ainda nâo me trouxe aquilo que eu sempre mais desejei…

[email protected]

Lagoas da Silva

Page 39: Tribuna - December 15th

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Tribuna Portuguesa PATROCINADORES 15 de Dezembro de 2008 39

Page 40: Tribuna - December 15th

É no mínimo irónico que alguém como eu, que nem um ovo sabe estrelar, venha para

aqui escrever sobre culinária. Fá-lo-ei não como cozinheiro que gostava de ser, mas sim na minha modesta qualidade de estudioso de coisas no âmbito da antropologia cul-tural. Associamos a culinária a cheiros, temperos, paladares e sabores, esquecendo, por vezes isto: é que a culinária é uma forma de cultura, faz parte da nossa tradição e do nosso património cultural. Pessoalmente acho que é re-lativamente fácil traduzir um bom poema de Becket, mas é extraordinariamente dificil fazer uma boa caçoila, uma boa molha de carne, uma boa caldeirada, ou uma boa alcatra. A culinária, enquanto herança cultural, chega até nós na segunda metade do século XV, com o intenso tráfego maritimo que traz a estas ilhas as armadas vindas do Continente português e as naus regressadas das Indias que nos trazem, entre outras riquezas, as especiarias tão do agrado dos orientais: a pi-menta, a canela, os cominhos, o gengibre, a noz-moscada, o pau de cravo, o acafrão, o colorau etc. O que é curioso é que algu-mas dessas especiarias (o acafrão, por exernplo) chegam primeiro aos Açores antes de atingirem Lisboa, a c a p i t a l d o r e i n o . Segundo dá conta Gaspar Fructuoso, nas Saudades da Terra, a base de alimentação dos nossos primeiros po-voadores partia do trigo (o milho só foi introduzido mais tarde), da batata, do leite, da c a r n e e d o p e i x e . É certo que a matriz da nossa cozinha é bem portuguesa, mas a forte influêcia local determinou algumas particu-laridades. Sobretudo a nivel dos pratos de peixe. Em tempo de “fast food” e num mundo globalizado, massifi-

cado e padronizado, julgo que é no peixe que, nosAçores, podemos marcar uma difer-ença qualitativa. Na carne soubemos ser, simultaneamente, reprodu-tivos, produtivos e criativos. Por exemplo, a alcatra da ilha Terceira é um sucedâneo da chanfana beirã, só que no Norte de Portugal é feita com cabrito e, nos Açores, com carne de vaca. Temos uma culinária tipica-mente e especificamente açoriana. Mas temos mais do que isso: temos uma maneira de cozinhar, uma maneira de temperar. Temos esse segredo que não vem nos livros e que são os sabores e os saberes da mão que tem-pera. Vivendo em ilhas soubemos também assimilar o con-tributo estrangeiro e disso tirar proveito. Por exemplo, o bolo inglês que se faz nas ilhas do Faial e do Pico resulta da presença dos estrangeiros dos cabos telegráficos submari-nos por estas paragens. Fo-ram eles quei ntroduziram, entre nós, coisas que por aqui não tínhamos: as frutas cristalizadas, as passas, as nozes, os figos passados, etc. Mais tarde chegam-nos outros produtos vindos das Amémicas (produtos que aqui não tinhamos, como por ex-emplo, farinhas lácteas) e que fomos incluindo na nossa culinária. Os nossos hábitos gas-tronómicos resultam, pois, daquilo que herdámos e do que fomos assimilando. O fechamento destas ilhas nem sempre nos foi fa-vorável. Mas há um factor que foi determinante em ter-mos de doçaria e bebidas. Refiro-me a clausura conven-tual. Foram os frades francis-canos, carmelitas e, mais tarde, os jesuítas que nos deixaram os segredos de como produzir os bons vin-hos e as boas aguardentes. E ficamos a dever às freiras a

nossa melhor doçaria conven-tual. Essas freiras, oriundas muitas delas da nobreza, tro-cavam entre si as receitas trazidas das casas paternas e requintavam-nas. Para além da doçaria e confeitaria, rezam as crónicas que faziam também deliciosos licores. Não fora a clausura conven-tual e hoje não teríamos, por exemplo, o alfenim (que ainda se vai fazendo nalgu-mas ilhas) nem teríamos o apetitoso “Pudim de Feijão dos Frades do Convento da Horta”, que a minha amiga Isaura Rodrigues faz de forma primorosa. Longe vão os tempos em que o chicharro salgado era o conduto principal dos pobres. Esses eram os tempos em que se comia para viver. Hoje vive-se para comer. Até porque com a abertura de grandes superfícies nestas ilhas, os nossos hábitos ali-mentares têm vindo a mudar. E nem sempre para melhor. Estamos a comer mais em quantidade, mas não em qualidade, avisam-nos os medicos. Estamos a abusar do sal e das gorduras e a descu-rar as fibras, alertam-nos os nutricionistas. Por causa da má alimentação, do stress, do álcool e dos vícios dos tem-pos modemos, os nossos fil-hos podem viver menos tempo do que nós, ameaçam a l g u n s c i e n t i s t a s . E como só isto não bastasse, paira sobre nós aquele ditado anglo-saxonico que diz que “tudo o que é bom na vida ou é imoral, ou é ilegal ou en-gorda”… Convirá não esquecer que, sendo um acto cultural, cozinhar é uma forrna supe-rior de arte. Saber comer tam-bém o é. Bom apetite, haja saúde e um abraço de mar para todos!

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Tempo de Agradecer

Há poucos dias, celebrou-se o Thanksgiving, um dos maiores feriados nacionais dos Estados Unidos. “Thanksgiving Day” tra-duzido para Português corres-ponde ao “Dia de Acção de Graças”. Trata-se de uma tradição Americana, mas que é posta em prática por quase todos grupos étnicos presentes nos Estados Unidos, e nós Portugueses não fugimos à regra. É um feriado que gere um movimento fora do comum: o país pára, os super-mercados enchem-se de pessoas (e comida), e as auto-estradas ficam congestionados com pessoas que vão visitar as suas famílias. É uma altura em que vários familiares espalhados pelo país se juntam, fazendo com que as páginas do livro, outrora rasgadas, se tornem a colar momentaneamente. Cada família tem a sua forma de celebrar este dia. A generalidade das famílias juntam-se à volta de uma mesa repleta de pratos tra-dicionais próprios da respectiva cultura, assim como o tão famoso peru. O facto de haver comida servida, não faz com que se trate apenas de uma simples refeição, mas sim de um momento carre-gado de grande simbolismo. É uma altura em que se agradece por tudo de bom que tem acontecido nas nossas vidas. Mas será que mostrar gratidão num só dia do ano chega? Quando nos sentamos na mesa para a ceia do Thanksgiving, é hábito agradecer a Deus pela refeição assim como pela saúde dos presentes, mas será que não nos estamos a esquecer de al-guém? Eu creio que na lista de agradecimentos deviam constar uma infinita quantidade de pes-soas: desde o cozinheiro ou cozin-heira que preparou a refeição, ao agricultor que cultivou as hortaliças, ou as pessoas que contribuíram com algumas das suas economias para que a refei-ção se tornasse possível, entre tantos outros.

A verdade é que as pessoas hoje em dia cada vez agradecem menos e reclamam mais e o exemplo mais notório é o dos jovens. Os jovens, e particularmente os jo-vens portugueses da minha geração, têm muito para agra-decer, especialmente às gerações anteriores. O problema é que por vezes nos esquecemos de agra-decer àqueles que há vários anos tiveram a coragem de emigrar para um país desconhecido à procura de uma vida melhor para suas famílias; àqueles que pas-saram a vida a fazer sacrifícios para que as suas famílias de hoje não conhecessem o verdadeiro significado da palavra “sacrifício”. Agradecer é o mínimo que po-demos fazer. Creio que alguns jovens precisavam de ouvir e prestar atenção às histórias que os seus pais, tios, e sobretudo avós lhes têm para contar sobre a vida de antigamente, pois muitos não fazem ideia. O Thanksgiving, as-sim como o Natal, são alturas do ano ideais para contar essas his-tórias e recordar passadas memó-rias. Durante os meus 21 anos de vida, esta era geralmente a altura do ano em que os meus familiares, e especialmente os meus avós, aproveitavam para me contar histórias do seu passado, desde os tempos de Salazar até à emigração para os Estados Unidos. As historias geralmente tinham uma moral, mas quando era mais novo nem sempre me apercebia disso. Hoje essas histórias ajudam-me a ter uma ideia das dificuldades vividas no passado e creio que muitos jovens precisavam de ouvir o mesmo para saberem dar o valor àquilo que têm. Gostaria de desejar a todos um feliz Natal e um próspero Ano Novo e que aproveitem esta altura do ano para conviverem com as vossas famílias e não se esqueçam de agradecer, mesmo que seja por pouco, pois esse “pouco” não caiu do céu.

Tribuna Portuguesa 15 de Dezembro de 2008 COLABORAÇÃO 40

Page 41: Tribuna - December 15th

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Page 42: Tribuna - December 15th

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Page 43: Tribuna - December 15th

ENGLISH SECTION 15 de Maio de 2001

December 15th, 2008

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Ideiafix

A worldwide youth meeting took place in Ponta Delgada in the Azores between August 2 and 5, 2008. The result from this Azorean and Azorean descendent youth meeting was the Declaration of Ponta Delgada to bring together the Azores with the Azorean communities throughout the world. An informal team was created to identify common needs in loco. The common needs were identified as 1) increase communication and interaction between the communi-ties and associations in the Azorean communities and in the Azores to promote the region as a modern, innovative space with a future; 2) the creation of an incentive program for the interchange of youth be-tween the communities and the Azores; 3) the creation of an incen-tive program for education in the Azorean communities; and 4) the support for the Azorean communi-ties. The work team met in California hosted by Nelson Ponta-Garça and was composed of the following representatives: Paulo Cabral from the Associação Norte Crescente of São Miguel, Paulo Teves from the Direcção Regional das Comunidades, Nuno Bettencourt from Casa dos Açores do Norte in Porto, Lucília Santos from Carrefour Lusophone in Montreal, Canada, Terry Costa from Jovens de Vancouver of British Columbia, Canada, Rogério Sousa from the Asso-ciação Burra de Milho of Terceira, and Martin Medeiros, a member of the Portuguese Com-munities Council, from Toronto, Canada. At the close of the three-day meeting in Northern California, the “New Generation” group presented their conclusions at Casa do Benfica in San José on December 7, 2008. Aggressive, yet reach-able goals were pro-

posed: 1) “Projecto Mostra Açores” will promote the Azores with an internet portal containing vid-eos, PowerPoint presentations, articles, etc.; 2) “Bolsa de Famílias de Acolhimento” will coordi-nate short-term (1-3 week) interchange with a host family where the youth will volunteer at a local

community organization; and 3) “Bolsa de Horas” will work similar to a time bank where local pro-fessionals will post their availability for commu-nity volunteer hours on a database to be accessed by local community organizations. The Portuguese Tribune will always support such creative initiatives. Congratulations to our colum-nist Nelson Ponta-Garça for his leadership with this team of young professionals.

From left to right: Paulo Cabral, Nelson Ponta-Garça, Paulo Teves, Nuno Betten-court, Lucília Santos, and Terry Costa; not shown: Rogério Sousa, Martin Medeiros

A few weeks ago, someone was proposing that people should not display their Christmas ornaments and lights out of respect for those suffering from the downturn in the economy. I beg to disagree. Now, more than ever, we need to be thankful for what we have — how much or how little —, for our families, for our friends, for our health, and for everything that the little baby boy who was born on December 25 over two millennia ago gave us. And for that, I’m thankful. It is now better than ever to spend time with our families, with our friends, and make new friends with whom we can share this joy-ous celebration. Let’s take a short stroll around our blocks and say hello and wish Merry Christmas to our neighbors, admire the Christmas displays, smell the smoke from the fireplaces and the cookies coming out of the ovens, hold hands with our loved ones,

and be more thankful than ever for what we have. And if someone in our families and neighborhood celebrates Hanukah, Kwanza, or any other holiday this time of the year, let’s wish them well as we are all brothers and sisters. As the Portuguese Christmas song goes, “É Natal! É Natal! Deus à terra vem!” (It’s Christmas! It’s Christmas! God comes to earth!), may you and yours have a Holy Christmas and may the New Year bring happiness, health, and peace.

Feliz Natal! Próspero Ano Novo!

Christmas in the Park in downtown San José, CA [MVA photos]

At UPEC

UPEC Museum

Page 44: Tribuna - December 15th

Portuguese Tribune Dec 15th, 2008 ENGLISH SECTION 44

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In 1983, dairy farmer Manuel Costa Sr. had no plans to become a breeder of fighting cattle. He simply wanted to have some “toiros bravos” for parties and family celebrations, so he bought a bull from Manuel Correia, one of the leading bull breeders at that time, to breed with his Holstein milk cows. The bull, from the Mexican ganaderia “La Punta,” was known as “Number 22.” It had earned a reputation for bravery when it was fought in a corrida and later used for several “toiros à corda” events. “Number 22” obvi-ously had some good genes, producing offspring from this cross that were brave. Most of calves not only looked like fighting cattle, they actually charged and added fun and excitement to the Costa get-togethers. But then the bull-breeding bug bit Manuel Costa and his son, Manuel Jr. They began selecting the best heifers, hoping to build a herd worthy of a corrida de toiros. By the early 1990s, bulls from Manuel Costa e Filhos had been fought in Gustine, Artesia, and other praças, but the Costas learned that there was a big differ-ence between animals that would charge enough for family parties and animals worthy of a corrida de toiros. While the occasional animal showed good style, the ma-jority were poor chargers – those Holstein genes domi-nating the fighting bulls’ DNA. So father and son decided to start over with better stock. In the mid-1990s, the Costas bought California bred cows

from Manuel Correia. They also purchased a Mexican seed bull, from the famous ranch of La Punta. A few of the very best of the Costa crossbred cows were selected to join the new herd. And now, the ganadaria Manuel Costa e Filhos was off on a new start. This time the results were different. The first bulls from this new herd went to Madera, where their bravery impressed toureiros and aficionados alike. But it was

only after further successes that the ranch overcame the poor reputation from earlier years. Success in fighting bulls never comes easy, so the father and son kept me-ticulous records of the breeding and the results of heif-ers and bulls. They also took good care of the animals. Some of the cows bought from Manuel Correia are still producing beautiful and brave calves. One of these original cows, named “Maria do Natal” is still sleek and healthy, with only the long, curled horns that come with age suggesting she is 19 years old. Today, the Manuel Costa bulls are recognized as some of the best bred in California. The herd of cows shows the stringent criteria Manuel applies to his selection. And the bulls waiting to be sent to corridas are impres-sive animals that would make any ganadero proud. In addition to being fought in California, Manuel Costa bulls are sold to bullfights held in others parts of the United States. In fact, some bulls have even been ex-ported to Mexico – a fact that shows this ganadaria founded by Manuel Costa Sr., and carried on by his son has achieved the objective of producing world-class fighting bulls.

Jim Verner [email protected]

Pela Primeira Vez Nesta Praça

Susana Goulart Costa, an assistant professor of history at the University of the Azores, has just published a bilin-gual history of the Azores — Azores: Nine Islands, One History.

Susana Costa is a native of Angra do Heroismo, Ter-ceira Island and a graduate of the Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa with a Master’s equivalent from the Universidade dos Açores. Translated by Rosa Neves Simas and coordinated by Deolinda Maria Adão, the Executive Director of the Portuguese Studies Program at University of California, Berkeley, Azores: Nine Is-

lands, One History was published in November 2008 by the University of California’s Institute of Governmental Studies Press and is sponsored by UC Berkeley's Portu-guese Studies Program, the Azorean government and the Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD). To order your copy ($20 plus $5 shipping and handling), contact: Deolinda Adão, Executive Director Portuguese Studies Program Institute of European Studies 207 Moses Hall Berkeley, California 94720-2316

The Portuguese Government is considering the inclusion of elementary students of Portuguese abroad in their lap-tops-for-kids program called Magalhães (see http://www.portatilmagalhaes.com). The Coordinator of Portuguese Programs in California, Ana Cristina Sousa, is collecting the names of all elemen-tary-level students enrolled in Portuguese schools and programs. Anyone interested is asked to submit their names, teacher’s name, class, grade level, and contact informa-tion (email and phone number) as soon as possible to: Ana Cristina Sousa Coordenadora do Ensino Português Califórnia - EUA Coordinator of Portuguese Programs California State University, Stanislaus One University Circle, Dept. of Teacher Education Turlock, CA 95382, USA Email [email protected] Cell +1 209 202-0980

Page 45: Tribuna - December 15th

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Page 46: Tribuna - December 15th

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N ostalgically, with each passing Christ-mas, I regress to my native Azores Is-

lands, where I first saw and ad-mired the beautiful display of my family’s Presépio, the tradi-tional Nativity Scene. It was then that I also learned the ten-der story of the Infant Jesus, resting in a manger, flanked by Mary and Joseph. Undoubtedly, the Presépio is one of the world’s most fascinat-ing narratives. First, we must go to Bethlehem, to the night when Jesus was born, thus fulfilling the ancient prophecies of a Sav-ior’s birth. On the night of that first Christ-mas, a star signaled Jesus arrival to shepberds on nearby hills. It was a star which also guided the Magi to reach the location of the Holy Family. Bethlehem was the site of the original Presépio, the first ever in the entire world. From that unique Presépio radiated the light, warmth and grace which later encircled all the other prespios. The second phase of the presé-pio narrative was described by the Evangelists. Although they were not eyewitnesses of the

first Christmas, they were asso-ciated with Jesus as a mature fellowman. Filled with divine inspiration, the Evangelists wrote the Gospels. Their ac-counts of Jesus nativity were depicted in early paintings throughout th Catacombs. The third phase of the presépio had its realization when St. Fran-

cis of Assisi (1181-1226) reen-acted the marvelous scene of the evangelical story. Mass was celebrated next to a grotto, adja-cent to a replica of the presépio. Other phases of the presépio narrative were later perpetuated on the frescoes of medieval painters and artists, as well as in artifacts, with strong imprints

originated from the “franciscan interpretation.” In the 18th century, there were numerous little Nativity Scenes made by nuns and sculptors, certainly influenced by the origi-nal idea of St. Francis. It was their way of lending more mean-ing to their artwork and adding contemporary color and tradition.

Those artistic representations contributed to the perpetuity of the Nativity Scene, introducing figures and fashions, attitudes and costumes, scenery and flower arrangements, all preva-lent in the 18th century. The Presépio’s original simplic-ity and meditative mood may have changed in modern times. However, of the authentic Presé-pio of Bethlehem, centered on the Infant Jesus in a manger of hay, with Mary kneeling at his side, Joseph contemplating the divine scene, the animals laying nearby, the shepherds raptured in adoration, the angels hovering on the site, and a star shining above the presépio, cannot be ignored. As I ready myself to celebrate Christmas once again, I look nostalgically for a serene return to the primitive format of the original Nativity Scene, the Presépio I learned to love and appreciate during my childhood in the Azores Islands.

Portuguese Tribune Dec 15tht, 2008 ENGLISH SECTION 46

For the whaling lovers, this is our Christmas Card for all of you….

Page 47: Tribuna - December 15th

Tribuna Portuguesa COMMUNITY 15 de Dezembro de 2008 47

About Santa Clara Sporting The Santa Clara Sporting Soccer Club is a high-level competitive club in Santa Clara, California, and affiliated with the Santa Clara Youth Soccer League. Santa Clara Sporting is one of the oldest and most successful competi-tive youth soccer organizations in the United States. With over 450 players on 28 teams from under-10 to under-18, Santa Clara Sporting continues to have a major impact on the local, district, regional and national soccer scenes. Our club was founded in 1971, by a group of Portuguese soccer supporters who wanted to establish a team to compete in the Peninsula Soccer League. Our Class 1 and Class 3 teams compete year-round in the CYSA and NorCal Premier Soccer League. Santa Clara Sporting Club is Ranked #3 in Northern California, and Ranked #10 Nation-wide by GotSoccer.com. Our annual Sporting Tournament is Ranked #1 in Northern Califor-nia by GotSoccer.com Recent Accomplishments * Sporting Tournament Ranked #1 in North-ern California by GotSoccer.com * Santa Clara Sporting Club Ranked #3 in Northern California and #10 Nationwide by GotSoccer.com * 5 - 2007 CYSA District 2 Abronzino League Champions * 2 - 2007 Cal-North State Cup Champions * 2 - 2007 Cal-North State Cup Finalists * 36 CYSA ODP Athletes: 6 Cal-North State ODP & 30 Cal-North District ODP

* 1 - Far-West Region IV SemiFinalist * 1 - 2006-07 CYSA District 2 Cup Cham-pion * 7 - 2006-07 CYSA District League Cham-pions * 4 - 2005 US Club Soccer Regional Cham-pions * 1 - 2006 NorCal Cup Champion

Source - Santa Clara Sporting webpage www.santaclarasporting.com

Meeting and trophy room. The total social area of Sporting has 12.5K square feet (Bingo room has 9K square feet)

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Page 48: Tribuna - December 15th

Sporting ‘96 Green (U11) -2008 State Cup Champions

Sporting ‘91 (US16) Green - 2007-2008 Cal-North State Cup Champions

Sporting’95 Boys Win 2008 Santa Clara Sporting Invitational Tournament

Sporting ‘93 Girls Win US Club Regional Championship in Modesto

Sporting ‘92 Boys Win US Club Soccer National Cup

Sporting ‘92 (U15) - 2008 Cal-North State Cup Champions

President - Sebastião Gonçalves (right in the picture); Vice-President José Agnelo Oliveira (left); Secretary - Shirley Gonçalves; Treasurer - Fátima Fagundes; Bingo’s Section - Abel Azevedo, Marco Tulio Almeida; Accounting - Linda Avila; Sports Section- Luís Azevedo, Teresa Azevedo, Carlos Brasil; Public Relations - Jorge Oliveira; Website Com-munications - Kevin Azevedo, James Pedreiro, Maria Miguel Gift from the City of Angra do Heroismo to celebrate the 450th

Aniversary of its incorporation in 1534.

Portuguese Tribune Dec 15tht, 2008 SANTA CLARA SPORTING 46