tribuna april 1 2009

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QUINZENÁRIO INDEPENDENTE AO SERVIÇO DAS COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA 1 a Quinzena de Abril de 2009 Ano XXIX - No. 1060 Modesto, California $1.50 / $40.00 Anual GOLFE Tiger Woods no Torneio de Golfe do PAC HOMENAGEM Para comemorar os 30 anos do Tribuna Portu- guesa, a cidade de San José está a pensar dar o nome de Portuguese Tri- bune à actual Rua 33 no Little Portugal. Esta homenagem ao único jornal português da California é do agrado da nossa comunidade e espelha bem o respeito que o poder político do Silicon Valley tem em relação a uma comunidade que tem trabalhado muito para o engrandecimen- to do nosso Estado. Estamos todos de parabéns. Bye-bye 33! Tribuna vai ter nome de Rua em San José [email protected] • www.portuguesetribune.com • www.tribunaportuguesa.com Fajã de Santo Cristo, São Jorge - nesta extrordinária foto de Dejalme Vargas (residente no Faial), pode-se ver que nos Açores ainda existem pequenos paraísos para gozar em tempo de Páscoa. Com o patrocínio dos construtores Joe Cota e Luis Cabeceiras, Tiger Woods irá participar no Torneio Anual de Golfe do Portuguese Athletic Club no dia 16 de Maio em Monterey Desde que esta notícia foi divulgada nos meios golfistas dos Estados Uni- dos, os hoteis de Monterey e áreas vizinhas estão a ser muito procurados, o que vem ajudar aquela área turística em tempo de crise. Pensa-se que o número de participantes poderá triplicar neste torneio, devido à presença deste super dotado campeão de golfe. Feliz Páscoa! Amigos da Praia homenageados pela Câmara da sua Cidade Amigos da Praia - Luciano Pinheiro, Celestino Aguiar, Jose Mendes, Luis Cabeceiras, Roberto Monteiro (Presidente da Câmara da Praia da Vitoria), Norberto Azevedo, Nelo Bettencourt e Diane Mendes. Falta o Richard Mendes, Presidente dos Amigos, que na sua função de actor do Bailinho de Carnaval, estava a ser maquilhado. foto jose avila

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Page 1: Tribuna April 1 2009

QUINZENÁRIO INDEPENDENTE AO SERVIÇO DAS COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA

1a Quinzena de Abril de 2009Ano XXIX - No. 1060 Modesto, California$1.50 / $40.00 Anual

GOLFE

Tiger Woods no Torneio de Golfe do PAC

HOMENAGEM

Para comemorar os 30 anos do Tribuna Portu-guesa, a cidade de San José está a pensar dar o nome de Portuguese Tri-bune à actual Rua 33 no Little Portugal.

Esta homenagem ao único jornal português da California é do agrado da nossa comunidade e espelha bem o respeito que o poder político do Silicon Valley tem em relação a uma comunidade que tem trabalhado muito para o engrandecimen-to do nosso Estado. Estamos todos de parabéns. Bye-bye 33!

Tribuna vai ter nome de Rua em San José

[email protected] • www.portuguesetribune.com • www.tribunaportuguesa.com

Fajã de Santo Cristo, São Jorge - nesta extrordinária foto de Dejalme Vargas (residente no Faial), pode-se ver que nos Açores ainda existem pequenos paraísos para gozar em tempo de Páscoa.

Com o patrocínio dos construtores Joe Cota e Luis Cabeceiras, Tiger Woods irá participar no Torneio Anual de Golfe do Portuguese Athletic Club no dia 16 de Maio em MontereyDesde que esta notícia foi

divulgada nos meios golfistas dos Estados Uni-dos, os hoteis de Monterey e áreas vizinhas estão a ser muito procurados, o que vem ajudar aquela área turística em tempo de crise.Pensa-se que o número de participantes poderá triplicar neste torneio, devido à presença deste super dotado campeão de golfe.

Feliz Páscoa!

Amigos da Praia homenageados pela Câmara da sua Cidade

Amigos da Praia - Luciano Pinheiro, Celestino Aguiar, Jose Mendes, Luis Cabeceiras, Roberto Monteiro (Presidente da Câmara da Praia da Vitoria), Norberto Azevedo, Nelo Bettencourt e Diane Mendes. Falta o Richard Mendes, Presidente dos Amigos, que na sua função de actor do Bailinho de Carnaval, estava a ser maquilhado. foto jose avila

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2 1 de Abril de 2009SEGUNDA PÁGINA

Year XXIX, Number 1060, Abril 1, 2009

Devo ter azar...Sempre que vejo a RTP Açores na RTP Internacional tenho o azar de ver a Presidente da Camara de Angra a falar e a anunciar o programa das Sanjoaninas. Fico sempre muito confuso. Afinal para que é que serve o Presidente das Festas?Não sabia que as pessoas de Angra elegiam um Pre-sidente para ser o porta voz das Sanjoaninas, tendo sempre a seu lado o verdadeiro Presidente das Festas. Se gostam tanto de aparecer na televisão porque é que não concorrem a locutores da mesma?Vou deixar de ver as noticias dos Açores, porque esta doença já se instalou em todos os Presidentes das Ca-maras, de Ponta Delgada ao Corvo. Deve ser para a familia os ver em alta definição.

Através de um artigo neste jornal tomámos conheci-mento que o actual Consul Geral de Portugal em San Francisco, António Alves de Carvalho, está de partida dentro em breve para Hamburgo, na Alemanha, onde irá cumprir mais uma missão. Durante quase cinco anos que este Consulado não con-seguiu fazer muitas das coisas a que se propunha, por-que infelizmente Portugal é um País que trata muito mal os seus Consules e os seus Consulados.Já estamos fartos de batalhar contra a vergonha que é o nosso Consulado em San Francisco. Mais um Con-sul que parte e nada poude fazer porque dinheiro não vem e sem dinheiro os sonhos emigram. Já tantos ou-tros fizeram igual. Haveria remédios para resolver isto. Um deles é drástico, mas talvez seria o melhor. NUNCA mais receberíamos nenhum governante de Portugal en-quanto o nosso Consulado não oferecesse condições físicas dignas, quer para os trabalhadores, quer para os utentos. NINGUÉM, mas ninguém, deveria receber quem quer que fosse, nem mesmo aqueles que recebe-ram benesses desses Governos que não reconhecem as nossas necessidades. Será que temos alguém capaz de fazer isso? De diplomacia, palmadinhas nas costas e jantares, já estamos fartos. Passem bem! jose avila

EDITORIAL

Carta ao editor

elas saíssem. Quinze dias depois solicitei mais fo-tos, para não usar as mes-mas para a nova edição a cores. As fotos que recebi não tinham muita quali-dade mas ainda consegui publicar duas a cores.Infelizmente este ano por razões familiares não nos foi possível ver qualquer dos bailinhos do meu amigo João Martins, que têm sido sempre de cra-veira superior no nosso panorama carnavalesco. O João até teve a gentileza de me dizer que este ano os bailinhos eram muito bons e eu prometi-lhe que iria se me fosse possível, o que veio a não acontecer. Quando assim acontece, ficamos dependentes de outros para a publicação das fotografias e às vezes acontecem os problemas de datas e má qualidade.

Faz uma referência à pági-na 18. No Tribuna todas as páginas são importantes, desde a 1 até à 32.Vou-lhe ser sincero. O que mais me chocou na sua car-ta foi ter-se esquecido da-quilo que o Tribuna fez ao seu Grupo predilecto em 2008, 2007, 2006 e 2005. Há um ano publicámos uma foto de 10 polegadas por 8, repito, 10 polegadas por 8, na página central da esquerda e na outra pagina central publicamos 2 fotos de 5 polegadas por 3.5 (ver foto). Em 2007 dedicamos uma página inteira ao vosso grupo. Em 2006 dedica-mos 3 fotografias nas pá-ginas centrais a cores.Em 2005 dedicamos me-tade de uma página ao Grupo do meu amigo João Martins.Nao me lembro de ter re-

cebido algum cumprimen-to seu durante estes anos todos com referência ao destaque que o Tribuna deu aos vossos bailinhos. Como vê este jornal tem sido sempre amigo de tudo o que se faz em Artesia.O que nós não podemos é ter dois pesos e duas me-didas. O meu amigo é livre de não renovar a sua assina-tura e eu sou livre de de-fender aquilo que temos feito a bem do seu Car-naval da Artesia, e que o meu amigo se esqueceu de reconhecer.Palavras leva-os o vento, mas felizmente essas pala-vras quando escritas ficam sempre para o futuro. Esta é a riqueza de um jornal.Um abraço e um obrigado por ter-nos acompanhado durante estes anos todos.

jose avila

Sou assinante deste jornal quase desde o princípio, mas decidi não renovar mais a minha assinatura. A razão é simples. Artesia teve três bai-linhos de Carnaval do João Martins e que eu fiz parte. Ele mandou 3 fotografias do Grupo e o Sr. director e pro-prietário do Jornal Tribuna em ponto muito pequeno e que mal se via colocou-as na pagina 18, enquanto que ou-tras fotografias estavam no meio do jornal e na página da frente. Creio que foi uma dis-criminação, não sei qual a ra-zão, mas não estou intressado em continuar com o jornal. Com todo o respeito me des-peço

Eliseu Martins JacintoArtesia

Nota do editor:

É também com muito respeito que lhe vou responder. Senti-mos sempre muita pena quan-do perdemos um assinante e muito mais um que nos acom-panha desde há 26 anos.Infelizmente o meu amigo não tem toda a razão e eu vou-lhe explicar-lhe porquê.Para já tivemos muitas di-ficuldades em conseguir as vossas fotos e quando elas chegaram, o jornal estava fei-to e ainda conseguimos que

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3COLABORAÇÃO

Tribuna da Saudade

Ferreira Moreno

José Rodrigues Ribeiro (1919-2001), no seu “Di-cionário Toponímico, Eco-lógico, Religioso & Social

da Ilha Terceira”, publicado em 1998, anotou: “Os Ilhéus das Ca-bras são formados por duas ilho-tas, uma bastante maior que a ou-tra, a cerca de três quilómetros da costa da ilha, de longe os maio-res e mais importantes de toda a ilha. São ambos desabitados e propriedade particular, onde se criam ovelhas e foram sempre desabitados. Nas suas costas al-tas de pedra existem algumas grutas e também algumas lendas de cunho popular. Pertencem ad-ministrativamente à freguesia da Feteira, concelho de Angra do Heroísmo”.Dei voltas e mais voltas a fim de detectar a origem que determinou o nome afixo aos ilhéus, mas to-das as tentativas foram confran-gedoramente goradas.

Inicialmente teriam sido nomea-dos Ilhéus do Porto Judeu, “não porque pertencem a alguém des-sa freguesia, que eles são do Ca-pitão da Ilha, mas porque ficam seus vizinhos”. (Diogo das Cha-gas, Espelho Cristalino, pg. 229, Ed. 1989).Gaspar Frutuoso (Saudades da Terra, Livro VI, pg. 10, Ed. 1998), apontou serem esses ilhéus “mui-to abundantes de pescados e ma-risco, incluindo cracas, nos quais houve também muitos coelhos, e agora há matos e muito barcéu, e criam neles pombas e muitos pássaros do mar, de que se acham muitos ovos”.Embora fornecendo pormenores descritivos, que me abstenho de citar p’ra poupar espaço, Frutu-oso não aludiu ao nome que, ao tempo, era atribuído aos ilhéus, mas tão somente indicando que estavam localizados “defronte do Porto Judeu, um quarto de légua

da vila de São Sebastião e uma lé-gua distante da cidade d’Angra”.Vitorino Nemésio (Corsário das Ilhas, pg. 70, Ed. 1983), foi mais específico em declarar que “os ilhéus das Cabras não tinham cabra alguma, mas uma cisterna salobra e meia dúzia de carnei-ros. Eu, que tinha a mania da ge-ografia fantástica, chamava-lhes a Terra do Perrexil, a plantazinha rasteira, de folha carnuda como a da beldroega,que se curtia num frasco e nos servia de pickles. Mas a grande lição dos ilhéus não era nem o perrexil, nem o carnei-ro: era a prova provada do nosso emparedamento num vasto ca-lhau atlântico: por assim dizer, a estátua da nossa solidão arranca-da das nossas entranhas e ali pos-ta, junto ao Porto Judeu, como o símbolo dum destino e o padrão duma vida interior”.Francisco Ferreira Drumond (Apontamentos Topográficos, Políticos, Civis & Eclesiásticos para a História das nove Ilhas dos Açores servindo de suplemento aos Anais da Ilha Terceira, pgs.

125-126, Ed. 1990), apresentou as seguintes observações:“Há também nos mares da Tercei-ra alguns ilhéus dos quais são os mais notáveis os dois chamados das Cabras, uma milha alonga-dos da costa da Feteira, os quais ainda que contíguos se acham profundamente divididos com um canal por onde pode passar qualquer navio. O maior poderá ter uma milha de circunferência; tem uma grande planície, e pela parte do sul é formado de uma al-tíssima rocha vertical, mas aces-sível pela parte do norte. Ainda coberto de ervas muito prestadias com que sustenta grande rebanho de gado lanígero, que nele se cria de extraordinária corpolência.O segundo ilhéu muito mais pe-queno e baixo tem uma planície de 8 a 10 alqueires de terra, por vezes tem sido cultivado, mas a subida para ele não é fácil. Tem em seu vão uma formidável caverna, para a qual se entra por uma boca à maneira de portão. É uma câmara vulcânica com mais de 60 pés de altura acima da água, e nele podem recolher-se (sobre profundo e escuro mar)

vinte ou mais barcos de pesca.É tradição de antigos que ali se refugiaram 12 barcos de pesca procurados por um corsário ar-gelino. Por divertimento, e inte-resse de colher alguns mariscos e peixe, vão lá alguns barcos no verão.Nestes ilhéus se colhem os mais excelentes mariscos (lapas, ca-ranguejos e cracas), e por isso são frequentados em estação própria. Pertenciam ao concelho da Vila de São Sebastião, quando no ano de 1574 o donatário da parte de Angra (Manuel Corte Real) lhe disputava a posse, e ou porque vencesse o pleito, ou porque el-rei doasse o ilhéu a um seu descen-dente, como é tradição, o certo é que anda anexo ao morgado dos Cantos, e que nele tem grande quantidade de ovelhas”.Regressarei com mais voltas na próxima crónica. Até lá, esta chistosa quadra que o Tenrinho atirou ao Charrua:

Tu p’ra cabreiro não prestasQue tens o queixo compridoAs cabras fazem-te festasJulgam que és seu marido.

À Volta dos Ilhéus das Cabras (1)

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4 1 de Abril de 2009COLABORAÇÃO

Da Música e dos Sons

Nelson Ponta-Garç[email protected]

The words will tell you a great deal about this group. It is no worst or better than any other, but it is definitely a different group, especially because of its repertoire and philosophy. There are plenty of great band and solo artists in our community. However, there was a need for a group that plays contemporary Acoustic, Pop, Portuguese Rock in a show setting. What I mean is, you don’t dance! You listen, enjoy or Rock out, why not!“La Fora” is comprised of a group of friends all playing in different projects with a passion for a different Portuguese Contemporary and Alternative Rock Music. Roberto Lino on vocals and guitars (O Ro-berto solo project), Antonio Severino on vocals and percussion (Tri-buto) Leslie Pavão on vocals (Raça), Nelson Ponta-Garça (Recording Studio Owner), Sergio Leal (Zodiac) on Drums, Mark Freitas (Joey Medeiros Band) on Bass, and Nuno Braga (Raça) on guitars.“La Fora” is committed to bringing a new style of Portuguese Music and the Live Show/Concert concept to the Portuguese Community. Although this group is working on original music, at this point our shows will include cover classics from Rui Veloso, Luis Represas, Fausto, Jorge Palma in a relaxing lounge atmosphere all the way to Portuguese Alternative Rock from Xutos, Delfins, GNR for great fun.I have to be honest and share with my readers that I stopped playing with Live Bands (Portuguese or not) 2 years ago! I had decided to focus in the business of Recording. Only a project like this would get me on the road again:

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Era uma vez um mun-do sem tecnologia; um mundo em que a soma de 2 + 2 era 4 mesmo

sem utilizar uma calculadora; um mundo onde uma pessoa se sabia deslocar de um local para o ou-tro utilizando apenas um mapa...emfim, um mundo onde abunda-va o senso comum. Hoje, vivemos num mundo tec-nologicamente avançado. Temos calculadoras para facilitar a ma-nipulação de operações matemá-ticas, temos o GPS para facilitar o deslocamento de um local para o outro, entre tantas outras coi-sas. Estamos realmente muito avançados. Mas será que não estamos a avançar demais e de-masiado depressa, ao ponto de esquecermos os princípios bási-cos em que se fundamentam as coisas mais complicadas? Será que a nova geração está a ser educada de forma incorrecta? Será que se estão constriuir “ca-sas sem alicesso”?Com o passar dos anos escola-res, o ensinamento da matemáti-ca transforma-se mais na utiliza-ção de letras e símbolos de forma abstracta do que propriamente na manipulação de números com aplicações na vida real. As sim-ples contas de somar, subtrair, multiplicar e dividir parecem fi-car relegadas para segundo plano pois para fazer essas o ser huma-no já tem um auxílio de luxo: a calculadora. Com tanto avanço tecnológico, o ser humano parece tornar-se cada vez mais depen-dente de máquinas que aos pou-cos vão substituindo a máquina mais valiosa que todos temos: o cérebro. Antigamente, os jovens apren-diam as operações básicas de ma-temática contando pelos dedos ou outros objectos que permitissem adicionar, subtrair, multiplicar e dividir. Provavelmente ainda se utilizam estratégias semelhantes nos dias de hoje, mas torna-se

difícil para uma criança apren-der tais operações quando esta já tem acesso a uma calculadora ainda antes de começar a escola. O problema não é a existência da calculadora, pois esta é uma das mais importantes invenções de sempre, mas sim a dependência que os jovens têm dela. Há pou-cos dias eu estava no laboratório com uma colega minha a fazer o meu trabalho quando esta me perguntou se eu tinha uma cal-culadora. Eu disse-lhe que não tinha trazido comigo e segundos depois passei os olhos pelo ca-derno dela e reparei que a conta que ela queria fazer era a sim-

ples divisão de 2100 gramas por 3 tubos diferentes. Eu sei que ela sabia fazer aquela conta de olhos fechados, mas foi o hábito cria-do pela constante utilização da calculadora que fez com que ela fosse procurar uma calculadora imediatamente em vez de parar para pensar durante alguns mo-mentos. Creio que aquela acção não faz dela uma pessoa menos inteligente, mas sim uma pessoa menos dependente de si própria.Outro exemplo mais recente de dependência semelhante à cal-culadora é o GPS (Global Posi-tioning System). Trata-se de um sistema inventado em 1993 para servir o departamento de defesa dos Estados Unidos. Hoje, vários automóveis já incluem o GPS na sua longa lista de acessórios e se não incluem, este pode ser adquirido separadamente. A sua

utilização por parte do cidadão comum é cada vez mais frequen-te pois trata-se de up aparelho de navegação muito útil. Um casal que queira seguir de San Frans-cisco para Las Vegas de automó-vel, apenas tem de introduzir o endereço de partida e o endereço do destino para segundos depois ouvir uma voz indicando, passo a passo, o caminho correcto a se-guir para chegar ao seu destino. Já lá vão os tempos em que se analisava um mapa para encon-trar o caminho mais adequado para se chegar a um determinado local. O GPS é mais uma autên-tica maravilha tecnológica que nos vem facilitar a vida mas que também nos vem tornar um pouco mais burros. Se calhar até estou a faltar ao respeito aos burros pois pelo andar da carru-agem, num futuro próximo, não faltará muito para estes animais terem um sentido de orientação melhor que o nosso. A verdade é que a tecnologia que temos ao nosso dispor nos dias de hoje visa facilitar as nos-sas vidas. Mas imaginemos que

estas tecnologias, por uma razão ou outra, deixam de funcionar. O que será do rapaz que hoje se tor-na engenheiro e consegue fazer as mais complicadas operações matemáticas mas que necessita de recorrer a calculadora para fa-zer aquilo que outros outrora fa-ziam mentalmente num ápice? O que será do casal que vai no seu autmóvel de viagem quando o GPS deixar de funcionar? O que será do piloto de aviões quando o auto-pilot avariar? O que será?...Será que os jovens de hoje esta-rão preparados para substituir as máquinas caso estas deixem de funcionar? Será que futuros profissionais estarão preparados para improvisar e fazer mais do que simplesmente carregar em botões? Só o tempo dirá.

Lufada de Ar Fresco

Paul [email protected]

S O P A SO College of the Sequoais, em colaboração com o curso de língua portuguesa do mesmo centro de estudos superiores, o Club Cabrilho do Condado de Tulare, a Tulare-Angra Sister City Foundation e a organização estudantil SOPAS apresentarão, na sexta-feira, 20 de Março, uma noite de cultura portuguesa. Esta é a primeira vez, que no contexto das celebrações das culturas estrangeiras, o COS celebra a cultura portuguesa. O evento terá lugar no mini-teatro Ponderosa, no COS pelas 6 horas da tarde, com uma breve palestra, música e modas

tradicionais dos Açores pelo grupo de alunos de Português IV da escola Tulare Union. Seguir-se-á, num dos ginásios, uma apresentação de comidas tradicionais portuguesas, entre outras, alcatra, arroz doce, linguiça, torresmos, doces, massa sovada, etc. Esta celebração tem entrada grátis. Todos estão convidados. Pede-se, às pessoas que tenham ami-gos e vizinhos que não sejam portugueses e que não tenham grande conhecimento sobre a nossa cultura que os encorajam a participar neste evento. Uma noite de cultura e de gastronomia portuguesa celebrada no College of the Sequoias, na sexta-feira, 20 de Março com entrada livre.

Esquecendo o Básico

Page 5: Tribuna April 1 2009

5COLABORAÇÃO

Muito Bons Somos Nós

Joel [email protected]

Já não gosto de futebol“Ter uma discussão sobre futebol tornou-se impossível. Os comentadores explicam-nos o jogo tão explicadinho e as imagens são tão obviamente esclarecedoras, que deixou de haver lugar à dúvida. Ora, quando não há dúvida também não há convicção.”

A POSSO, (Portuguese Organization for Social Services and Opportunities) celebra 33 anos prestando serviços à nossa comu-nidade, no Sábado 25 de Abril de 2009, no Salão da IES em San José. A POSSO convida todas as pessoas a fazerem par-te desta celebração. “Juntos fazemos co-munidade”.Esta é também uma ocasião importante de angariação de fundos para manter os serviços que a POSSO continua a prestar à comunidade. O apoio da nossa comunidade é sempre imensamente valio-so, e agora mais do que nunca – com os cortes do governo americano, e com as despesas da remodelação da nossa cozi-nha, exigida pelo Condado de Santa Clara que fiscaliza e apóia em parte, o programa de almoços. Venha, pois, tomar parte neste agradável evento especial com a POSSO, e assim fará também parte da sua missão de servir.

A celebração começará com hora social pelas 6 horas da tarde, seguindo-se o de-licioso jantar às 7 horas. A ementa cons-tará de salada, “Filet Mignon”, Camarões e acompanhamentos, sobremesa e vinhos. A sua preparação é, uma vez mais, gene-rosamente oferecida pelos profissionais de culinária: Luis Dinis, Agostinho Betten-court, Albertino Bettencourt e Oriolando Betencor. A sobremesa será uma vez mais proporcionada pelo casal, John e Connie Goulart. Depois do jantar, haverá um ma-ravilhoso espetáculo musical, uma vez mais dirigido e organizado pelo amigo da POSSO, Mestre Hélio Beirão, com a cola-boração de Nelson Ponta-Garça e o Grupo “Lá Fora”, e também o Senhor António

Severino do Grupo “Tributo” vindo dos Açores, os quais abrilhantarão o espetácu-lo com algumas canções alusivas à Revo-lução do 25 de Abril de 1974. O donativo é de $50.00 por pessoa. Como as despesas da celebração serão na sua maioria ofereci-das, pelos amigos da POSSO, o seu donati-vo será aplicado directamente na manuten-ção dos nossos serviços ou para acabar de pagar a remodelação da cozinha.

É necessário fazer reserva com antecedência, telefonando para a POSSO, (408) 293-0877, ou vi-sitando a POSSO, 1115 E. Santa Clara Street, San José.

Deste futebol. O meu futebol é o futebol dos golos de bandeira e dos penáltis rouba-

dos, dos copos pela noite dentro e das zangas à segunda-feira de manhã. No meu futebol, vive-se a mais delirante euforia e a mais miserável angústia. Vivem-se o ódio e o amor em doses iguais – e, quando alguém nos pergun-ta se é loucura o que isso é, nós erguemos bem alto o copo, cita-mos Goethe (não citamos nada) e bebemos a Bruno Paixão. O meu futebol existe porque tudo o mais existe também – e porque em tudo o mais temos de ser sensatos e ponderados, contidos e parci-moniosos, cínicos e conformes. No meu futebol cabem a grita-ria, o sentimento de vingança e a matreirice. Por outro lado, não cabem Paulo Bento, Carlos Quei-roz ou esta nova moda de usar imagens televisivas para corrigir os erros dos árbitros. No meu fu-tebol cabe Deus, sim – mas tam-bém o Deus que cabe no meu fu-tebol ergue bem alto o copo, cita Goethe (Ele, sim, cita Goethe) e bebe a Bruno Paixão. E, nesse instante delicado e sublime, não há nada mais importante do que aquilo. O homem de bom senso jamais cometerá uma loucura de pouca importância.Escreveu-me Rui Santos, aqui há uns tempos (penso que posso contá-lo – ele escreveu a toda a gente, como se vê pela lista de subscritores que reuniu), a convi-

dar-me para assinar uma petition online em defesa da utilização de câmaras dentro das balizas (julgo que era isto), de forma a garantir a “verdade desportiva” e a defender a “indústria do futebol”. Mandei um abraço, mas pedi escusa. Na verdade, é minha firme convic-ção de que metade disto começou a morrer no instante em que pela primeira vez se utilizaram as pa-lavras “verdade desportiva” – e que o que restava morreu no dia em que incorporámos essa coisa da “indústria do futebol”. O pú-blico debandou das bancadas – e, se ainda não debandou da televi-são, foi por falta de alternativas. Afinal de contas, a própria TV está agora conluiada com essa absurda desumanização do jogo a que, à falta de melhor, demos o nome de “indústria”, oferecendo aos órgãos jurisdicionais (é assim que se diz, não é?), a possibilida-de castigar um jogador que afinal cavou um penálti e de ilibar um defesa central que afinal não jo-gou a bola com a mão coisa ne-nhuma – e de, naturalmente, cha-mar a isso “repor a justiça”.

Resultado: ter uma dis-cussão sobre futebol tornou-se impossível. Os comentadores ex-

plicam-nos o jogo tão explicadi-nho e as imagens são tão obvia-mente esclarecedoras, que deixou de haver lugar à dúvida. Ora, quando não há dúvida, já se sabe, também não há convicção. No-tem esta particularidade no falar

português: se nós vimos o João a dar um pontapé no tio, dizemos “O João deu um pontapé no tio” – mas, se apenas desconfiamos que o João deu um pontapé no tio, o que dizemos é “Tenho a certeza que o João deu um pontapé no tio”. Pois era precisamente isso que nos alimentava: ter a certeza absoluta porque, na verdade, não tínhamos certeza nenhuma. Foi a televisão, zelosa e profissional, que começou a acabar com isso – e foram os ditos órgãos jurisdicio-nais (espero que seja assim que se diga, porque eu adoro) que aca-baram com o resto. Bem gostava eu de dizer agora: “É verdade, sim senhor. O Cardozo atirou-se para o chão.” Pois não posso. Já não podia, aliás. Mas ainda podia dizer: “O Cardozo marcou três golos ontem? Ah, mas, se ele sido castigado por cavar aquele penál-ti na semana passada, não tinha marcado três golos esta semana!” E agora também já não posso di-zer isso.Hoje em dia, há demasiada justi-ça no futebol para o meu gosto. Eu preferia quando se tratava de um jogo de homens, uns falíveis e os outros manhosos. Em vez dis-so, o que temos é este futebol de Paulos Bentos, Carlos Queirozes e autómatos do género. Um fute-bol de programação, movimentos basculantes e cargas físicas com fins técnico-tácticos – e, se nos pomos a discutir um jogo uns com os outros, damos inevitavelmente por nós a falar na necessidade de

procurar o “segundo objectivo”, para o qual “dependemos só de nós”, até porque o mais impor-tante é o “encaixe financeiro”. No meu futebol, ninguém dependia só de si: dependia de si, do ad-versário, da sorte, da manha – e sobretudo dessa coisa indecifrá-vel e nunca devidamente baptiza-da que era o beijo do poeta. E eu não sei, sinceramente, onde é que o Rui Santos ainda quer meter mais máquinas. Tanto quanto me

diz respeito, isto já é um conto de Clifford Simak – e o pior é que as máquinas não só já se revolta-ram, como ainda por cima já to-maram o poder. Primeira medida tomada: o fim da alegria.

in revista NS

XXXIII Aniversário da POSSO

Page 6: Tribuna April 1 2009

6 1 de Abril de 2009COMUNIDADE

Nascimento

James Carlos Vaz

No dia 12 de Fevereiro de 2009, nasceu James Carlos Vaz, filho de Melissa e Joe Vaz.James tinha 8 libras e 20 onças e media 20 polegadas.Os avós do lado paterno são João e Maria Vaz e do lado materno, António e Julie Pe-reira.Dizem pessoas amigas, que quando o Ja-mes abriu os olhos pela primeira vez, per-guntou: “Ó pai, quando é a próxima toura-da à corda?”

Tribuna Portuguesa felicita o casal Vaz.

Coisas & LoisasA RTPi está com melhor imagem, com ex-cepção do futebol. Espera-se que a SIC-SPT siga o exemplo, porque além do futebol a SIC tem a pior imagem de todas as televisões. Es-peramos que as duas televisões possam transmitir em alta definição o futebol quanto mais depressa melhor.

Saudamos o Hélio Costa, Mestre Escritor de Danças do Carnaval pelo lançamento do seu livro de poemas “Lava de Senti-mentos”. Parabéns.

POSSO - nada melhor do que comemorar o 25 de Abril do que ir à Festa de Aniversário da POSSO em San José. Além de ajudar esta super organização de solidariedade, terá o prazer de ouvir o Roberto Lino, Antonio Zeferino, acompanhados pelo Nelson Ponta-Garça e outros.A não perder por nada deste mundo.

Parada das Rosas - algumas organizações bancárias pensam financiar o Tribuna Portuguesa para desfilar com o mesmo-sucesso que tivemos há um ano atrás. Mais notícias em Junho.O arquitecto Siza Vieira ofereceu-se para desenhar o carro alegórico, o que é uma honra para o nosso jornal e para a nossa Comunidade.

Tony Goulart - um grupo de amigos deste líder comuni-tario está a fazer um estudo de mercado para que Tony possa concor-rer para Vereador da Câmara de San Jose. Uma grande oportunidade para podermos ter uma voz na politica do Silicon Valley.

Tempos d’ Outrora - o Capitólio em Sacramento está preparando um festival de danças folclóricas representativas das etnias da California. Tempos d’ Outrora poderá ter a oportunidade de mostrar o que vale em 20 minutos de exibição. O Festival será no Outono.

Tribuna com nome de Rua - um honra para este jornal e para todos aqueles que o suportam, colaboradores, assinant-es, patrocinadores. Escrevam à Camara da San José a agradecer a honra. Será em Setembro a cerimónia, numa área muito portuguesa. Não mais haverá o Canto da 33. No futuro dir-se-á o Canto do Portu-guese Tribune. Ola-ri-ló-lé.

Convite - a todos os que vivem para as bandas de Artesia, Cerritos, Chino. Façam uma visita ao Restaurante Euro Cafe em Claremont e irão ficar impressionados com a ementa portuguesa.Fica situado em 546 E. Baseline, Claremont, CA 91711(Vons Center at Baseline and Mills) Telefone (909) 621-4666

OraçãodosAflitosAflita se viu a Virgem aos pés da Cruz. Aflita me vejo eu. Valei-me Mãe de Je-sus.Confio em Deus com todas as minhas forças. Por isso peço que ilumine os meus caminhos, concedendo-me a graça que tanto desejo. (Faça a pedido e mande publicar ao ter-ceiro dia e aguarde o que acontecera no quarto dia).

Oração à nossa querida Mãe

Nossa Senhora Aparecida, Nossa Querida Mãe, Nossa Senhora Agradecida. Vós que amais e nos guardais todos as

dias. Vós que sois a mais bela das mães, a quem eu amo de todo o coração, eu vos peço mais uma vez que me ajudeis a al-cançar esta graça, por mais dura que ela seja (fazer o pedido). Sei que vós me aju-dareis, que me acompanhareis até à hora da minha morte. Amen! Rezar 1 Pai-Nosso e 3 Ave Marias. Fazer esta oração, 3 dias seguidos e alcançará a graça, por mais difIcil que seja. Mande publicar no jornal. Em caso extremo po-de-se fazer em 3 horas. Agradeço à nossa querida mãe, Nossa Senhora Aparecida, por esta graça.

IM

CONVERSA COM JESUS Converse com Jesus todos os dias, durante nove dias orar: Meu Jesus em Vós depositei toda a minha confiança. Vós sabeis de tudo, Pai e Senhor do Universo, sois o Rei. Vós que fizestes o paralítico andar, o morto voltar a viver, o leproso sarar, Vós que vedes minhas angústias, minhas lágrimas, bem sabes, Divino Amigo, como preciso alcançar do Vós esta grande graça: (pede-se a graça com fé). A minha conversa conVosco, Mestre, dá-me ânimo e alegria de viver. Só de Vós espero com fé e confiança (pede-se a graça com fé). Fazei, Divino Jesus, que antes de ter-minar esta conversa que terei conVosco durante nove dias, eu alcance esta graça que peço com fé. Com gratidão publicarei esta oração para que outros que precisem de Vós aprendam a ter fé e confiança na tua misericórdia. Ilumine meus passos, assim como o Sol ilumina todos os dias o amanhecer e testemunha a nossa conversa. Jesus, tenho confiança em Vós, cada vez mais aumenta a minha fé, por graças alcançadas. A.V.

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7COLABORAÇÃO

Rasgos d’Alma

Luciano [email protected]

Parabéns Amigos da Praia

Catarina Freitas900 H Street, Suite GModesto, CA 95354Phone: 209.338.5500Cell: 209.985.6476Fax: [email protected]

São e escorreito, de pé descalço mas peito feito, criei-me então rapaz resoluto na irriquieta barafunda dos buliçosos anos sessenta já a

apanhar o revolucionário ritmo do ruidoso rock and roll.Lá em casa a música que minha mãe can-tava à moda antiga soava-me a pouco. Nem sequer rádio havia. E os melros, na vizinhança, tambem não paravam.Era meu dever enxotá-los todos.Pagavam-me bem para isso.A vizinha do lado de cima tinha uma fi-gueira que era mesmo um asseio – car-regadinha de figos vicosos, fazia bruta inveja aos esfomeados melros pretos. O vizinho do lado de baixo era dono dum vaidoso pomar da melhor fruta do local que a bicharada voadora cobiçava a todo o instante.Seria da minha inteira responsabilidade espantar-lhes a fome a tempo e horas. Em riba dum paredão, donde me pudessem avistar e ouvir, armei um harmónico con-junto novo à base de latas velhas. E com a ponta afinada dum pedaço de pau em cada mão, diàriamente empenhado na minha espantalhona tarefa, tratei de ensaiar bem alto e em bom som a minha improvisada charanga por aqueles quintais adentro à minha rica vontade.Escusado será dizer que a espantosa sin-fonia depressa se tornou num imenso su-cesso. Os melros é que não gostaram mesmo nada. Fugiam todos descontentes.Meu avô, que vivia connosco lá em casa, tambem não gostou. Certo dia, convencido de que já me tinha feito um bom baterista, quando decidi tra-

zer toda aquela barulhenta extravagância do quintal para o meio da casa, ele descas-cou-me uma grande descompostura: “Ó rapaz da desfortuna, pára-me já com essa desafinada cantilena. Isso é só barulho e nada mais. Música, música é esta. Escuta bem: O Sol preguntou à Lua…o Sol pre-guntou à Lua quandoa…quandohavera-manhecer…” Cantava-me a cantiga intei-ra nas calmas e depois dizia-me com toda a calma: “Podes dar as voltas que deres e fazer o barulho que quiseres mas quando te chegares cá para a minha idade vais te lembrar bem do que agora te digo – não há música mais bonita do que esta nem cantador com melhor guelra que o José da Lata.”Era mesmo preciso ter muita lata. Mas meu avô tinha-a toda. E graça no que dizia tambem não lhe faltava.

Quando há coisa de duas semanas, no saboroso convivio realizado muito a gos-to nas acolhedoras instalações da Banda Velha em São José, as simpáticas vocalis-tas do agradável conjunto musical “Entre Parentes” conseguiram pôr o numeroso público presente a cantar precisamente “O Sol perguntou à Lua” – eu delirei, porque cantei com a alma. E o coração, melancó-lico, foi logo direitinho às velhas palavras de meu avô.De facto, bem lá no fundo da alma de qualquer terceirense nado e criado nou-tras mimosas eras mas sempre orgulhoso das suas lilazes raizes, “O Sol a pregun-tar melòdicamente à Lua quand’équ’há-d’amanhecer” é música que nos deleita sempre a belprazer, seja qual fôr o José ou Maria que tenha a distinta Lata de a entoar

como deve ser.

Foi uma noite excecional, aquela já anualmente reservada para juntar em jantar tipico de gostosa con-fraternização os amigos da Praia

mas que acaba sempre por reunir gente boa doutras ilhas e demais lugares que tambem gosta de se associar ao festivo evento em franco espirito de sã camaradagem.Tem mesmo muita lata este pândego pes-soal da Terceira. Mimam os seus convi-dados, enchem-lhes a barriga a preceito, babam-nos todos com elogios e – antes que eles se possam levantar para dizerem obrigado – enfiam-lhes diante do nariz um bem ensaiado e mui divertido Bailhinho de Carnaval a meio da Quaresma para, à sua boa maneira e tradição, lhes cantarem as verdades nuas e cruas pela (puta da) cara fora. Todos riem. Todos aplaudem. Todos deliram. E, no fim, todos se abraçam e congratulam porque é assim mesmo o ani-mado espirito critico da minha simpática gente, sem papas na lingua nem mãos a medir quando se trata de dizer e cantar o

que sente seja lá onde fôr.Adoro o povo do lugar donde vim. Não so-mos perfeitos mas possuimos qualidades inimitáveis.Se algum dia tivesse que nascer de novo, ilhéu permaneceria sem a minima hesita-ção, jamais trocando o meu saudoso berço natal por outro vaidoso cantinho qualquer. É e será sempre este o meu inconfundivel bilhete de identidade.

“Por isso é que eu sou das ilhas de bruma…onde as gaivotas vão beijar a terra…”

Foi pena meu avô não ter conhecido então este mavioso trecho musical enriquecido com o terno poema a tocar-nos emocional-mente os cordelinhos todos da alma antes de nos fazer escaldar o coração.Uma vez mais, a pedido do “Entre Pa-rentes”, todos cantaram a gosto antes de aplaudirem de pé este melódico hino à nossa graciosa açorianidade.Saimos de lá encantados.

Parabéns amigos da Praia.

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8 1 de Abril de 2009

Comunidades do Sul

Fernando Dutra

Visita da UPEC a Artesia

No dia 8 do corren-te mês de Março, o concelho # 167, de Artesia, recebeu a

visita anual da Presidente Esta-dual, Natalia Batista que se fez acompanhar pela Presidente da Juventude Mary Batista.Entre as três e quatro horas da tarde, foi a hora social, em que todos tiveram o prazer de con-versar com as duas ilustres vi-sitantes, duas simpáticas irmãs, com seus familiares, todos re-sidentes na vizinha cidade do Chino e com o secretário geral da mesma instituição, Timothy Borges, que se deslocou do Nor-te do Estado, para tomar parte no evento.Pelas quatro horas, assistiu-se

às interpretações dos Hinos Na-cionais, Americano por Julian Sousa e Português por Sãozinha Lourenço, acompanhada por Ju-lian Sousa.Alberto Sousa, como mestre de cerimónias, fez as apresentações da praxe, seguindo-se o delicio-so jantar de bacalhau grelhado com batatas, salada e molho cru, tudo acompanhdo, ou seja, bem regado com vinho tinto e cerveja.A seguir ao jantar, usaram da palavra o próprio mestre de ce-rimónias, Ercilio Cardoso, Pre-sidente do Artesia D.E.S., Tony Lima Vice-Mayor da Cidade, Timothy Borges e as duas pre-sidentes.Moisés Lourenço, encarregado

da secção de seguros, apresen-tou vários novos membros.Seguiu-se o sorteio de diversos prémios que foram distribuidos pelos felizes contemplados.Será digno de registo a oferta do bacalhau para o jantar, por Tony Neves Jr., por alma do seu pai o conhecido ex-presidente Esta-dual, Antonio P. Neves, que com sua mãe, Maria Leonor Neves, tomaram parte no evento.Estão de parabéns a presidente do concelho local, Maria Rodri-gues e toda a sua comissão pela magnifica recepção apresentada aos ilustres visitantes bem como a todos os membros deste con-celho.

COLABORAÇÃO

Fundação Portuguesa de Educa-ção para o Centro da Califórnia

É com grande prazer que lhes estou a escrever este pequeno artigo. O objectivo deste artigo é

informá-los dos projectos da Fun-dação para este ano.

No ano que passou a FPECC atribui-o $25,500.00 sob a forma de 59 bolsas de estudo. Desde o seu inicio em 1992 a FPECC já atribui-o um total de $163,397.00 sob a forma de bolsas de estudo. Além disto, e como muitos de vocês sabem, a FPECC também distingue vários indivíduos e empresas da nossa comunida-de. No ano que passou a FPECC decidiu adicionar as distinções de Negócio do Ano e o Negócio Agrícola do Ano. Esforçamos-nos para distinguir os indivíduos e as empresas da nossa comunidade que podem ser um bom exemplo e modelo para a nossa juventude e para a comunidade em geral. Para o ano de 2009 a FPECC já tem vários eventos planeados. O dia 20 de Março a FPECC vai ter a sua Assembleia Geral. No dia 18 de Abril, haverá um concerto de musica Portuguesa no salão do Linvingston Pentecost Society com o grupo “Os Lá Fora”. No dia 11 de Junho terá lugar o Tor-

neio Anual de Golfe em Stevin-son. Finalmente, no dia 20 de No-vembro haverá o jantar anual onde mais bolsas serão atribuidas e in-dividuos e empresas distinguidos.Quando assumi a Presidência desta Fundação tinha como ob-jectivo principal dar continuidade ao excelente trabalho que todos os seus membros e passadas di-recções tenhem desenvolvido, e também desenvolver um trabalho que ajude esta grande causa a ter uma excelente projecção e im-pacto na nossa comunidade. Para que estes objectivos se realizem conto com o apoio dos membros directivos desta fundação, das diferentes organizações da nossa comunidade e da comunidade em geral. Desde já agradeço todo o apoio concedido a esta fundação e conto com todos para o conti-nuo sucesso desta grande causa.Desde já agradeço qualquer sugestão ou comentário que achem apropriado. Para isso deixo o email da fundação as-sim como a direcção postal.

Um abraço Sergio B Pereira é médico vete-rinário e Presidente da PEFCC

Email: [email protected] – Direcção: P.O. Box 2839, Turlock, California 95381

Do Vale à Montanha

Sergio [email protected]

Fundação Portuguesa de Educação do Centro da CalifórniaOrganiza: Concerto de Música Portuguesa pelo grupo,

“OS LÁ FORA”Sábado, 18 de Abril ás 8:00 da noiteLivingston Pentecost Hall1237 Main St., Livingston, CA 95334-1214

Para Compra de Bilhetes Contactar: Sergio Pereira Telefone: 209 564 6863Email: [email protected]

A Tulare-Angra do Heroísmo Sis-ter City Foundation em colabo-ração com a Portuguese Studies Program da Universidade da Ca-lifórnia em Berkeley e a Filarmó-nica Portuguesa de Tulare, convi-dam-vos para a apresentação do primeiro livro bilingue sobre a his-tória dos Açores. Esta apresenta-ção acontecerá na quinta-feira, 26 de Março na sede de Filarmónica Portuguesa de Tulare, junto do sa-lão TDES pelas 7 horas de tarde. O livro Açores—Nove Ilhas, Uma História—Azores-Nine Islands, One History foi escrito pela Dra. Susana Goulart Costa com tradu-ção da Dra. Rosa Simas, ambas professoras na universidade dos Açores e foi uma organização e coordenação da Dra. Deolinda

Adão, directora do Portuguese Studies Program em Berkeley. É um livro bilingue, daí uma ópti-ma oportunidade para as pessoas conhecerem a história dos Açores em português e em ingl6es, daí que o livro serve todas as famílias, quer os que lêem em português quer os já apenas sabem ler em inglês.Venham todos à sede da Filar-mónica Portuguesa de Tulare, na quinta-feira, 26 de Março, para o lançamento deste livro com a história dos Açores em português e inglês. Depois do lançamento haverá oportuni-dade de comprar o livro, assim como um beberete. A entrada é livre e todos estão convidados.

Apresentação do Livro sobre a História dos Açores

Vice-Mayor de Artesia Tony Lima usando da palavra

Timothy Borges, Secretário Geral da U.P.E.C. ladeado por Alberto Sousa e pelas duas Presidentes.Embaixo: Ercílio Cardoso, Presidente do Artesia D.E.S. saudando os visitantes da U.P.E.C.

Page 9: Tribuna April 1 2009

9COLABORAÇÃO

Quando me encontro com o José Ávila, ele tenta sempre me elucidar sobre os toi-

ros. Diz-me uma quantidade de nomes que para mim é chinês ou grego, línguas nas quais eu só sei dizer “bom dia, boa tar-de, como é que estás?” e pouco mais. Por isso, os capotes e as mule-tas, não faço ideia o que sejam. No entanto, a nossa conversa prossegue e já várias vezes ele me tem dito que a nossa língua é muito complicada. E uma per-gunta que me tem feito é: - de onde vem a palavra “autoclis-mo”. Para os que não sabem, o “au-toclismo” era aquele “estrambelho” que havia nas casas de banho antigas, para em-purar para a estrumeira os detritos que o nosso corpo expele. Era um depósito onde uns quantos litros de água eram retidos e possuia uma alavanca na qual estava de-pendurada uma corrente com uma maça-neta no fim da mesma. Depois de se ter “dado de corpo”, como se diz na freguesia onde eu nasci, puxava-se a corrente e a água lá caía, arrastando os detritos huma-nos. Nas várias vezes em que vi o Zé e ele fazia-

me sempre a mesma pergunta - de onde vem a palavra “autoclismo” - eu sempre lhe prometia que pesquisaria, mas, fran-camente, esquecia-me. Eu lhe dizia que de certeza teria a ver com “auto e clismo”. Que o auto, deveria ser para automático, porém não fazia ideia o que seria o “clis-mo”. Eis o que o dicionário nos diz:“Autoclismo: substantivo masculino, re-servatório de ferro ou de outra substân-cia, colocado nas latrinas para as lavar. (Do grego, autós « o próprio » + klusmós, inundação»)”. Ao ler isto, pensei numa conversa que ouvi

na RTPi. em que, se não estou em erro, era uma entrevista a um cantor que é muito viajado e ele dizia que se tirássemos da língua Portuguesa as palavras de origem grega e árabe, não se poderia falar Portu-guês. Oh diabo! Será que o homem tem ra-zão? Será que tem? E comecei a matutar. Azeite, azeitona, tremoço e uma quanti-dade de palavras que começam com “Al”, vêm todas do Árabe. Farmácia, se não es-tou em erro, vem do Grego “ Pharmakeia”. “ Fa n t a s m a ” , vem também do Grego e do Latim e “Fan-t a s m a g o r i a ” vem do Francês, “Fantasmago-rie”. Eu conti-nuava a pensar nestas coisas todas quando minha mulher chama e diz: - “a canja está pronta”.- Espera aí só um minuto, por favor – res-pondi e abro o dicionário de novo e procuro a palavra canja. Vem do “ma-

laiala”, da Malásia, “kanji” « arroz com água».Chiça penico! Digo eu. O raio do homem tem certa razão.Lá na minha casa, na Candelária, eu não tinha autoclismo algum. Quando me dava a dor, ia para a retrete, que dava para a cova do estrume, fazia lá as minhas neces-sidades e nunca precisei nem de Árabes nem de Gregos...

Ajude os nossos patro-cinadores compran-

do os seus produtos

F E L I Z P A S C O A

Sabor Tropical

Elen de [email protected]

Sabores e dissabores

Ao Sabor do Vento

José [email protected]

Nem de Árabes, nem de Gregos

Uma grata surpresa deparar-me com os gentis comentários te-cidos a meu respeito pela ta-lentosa poetisa e escritora, Sra.

Maria das Dores Beirão, aqui no Tribuna, os quais agradeço sensibilizada. A sua simpática referência sobre os sabo-res e dissabores do meu Brasil, por mim relatados, de vez em quando, nos artigos que escrevo para esta coluna, incentivou-me a abordar um tema que eu deixava adormecido, para não mexer em casa de marimbondos. Acho que todos sabem o que são os marimbondos e o que significa mexer em suas casas e se não sabem, per-guntem ao Jose Raposo, porque ele ainda deve ter marcas no corpo das picadas de alguns, quando esteve em terras tupini-quins. Apaixonantes são os sabores da nossa terra! Deliciosos! A comida, os doces, as frutas, os temperos, todos têm o cheiro próprio dos trópicos e o paladar das coisas naturais, que saem da horta para a mesa.Apaixonantes são também os dissabores! Uma paixão ao contrário, que nos fere e entristece, por ver os filhos da pátria dei-xá-la “deitada em seu berço esplendido”, que já nem é tão esplendido assim, pelas florestas queimadas, pelos nossos manan-ciais assoreados, pelos assaltantes dos co-fres públicos, sem que os herdeiros deste solo defendam a sua “mãe gentil”.O brasileiro é um povo generoso, educa-do, simpático, que sabe repartir com quem precisa o pouco que tem, que recebe os emigrantes com carinho e acha que sem-pre cabe mais um, que não tem precon-ceito de raça ou de religião, que é dono de uma alegria inata que ninguém sabe explicar de onde provém, entretanto, um

povo que não aprendeu a assumir suas ri-quezas, não aprendeu a reivindicar os seus direitos, a defender o que lhe pertence, a brigar pelas promessas não cumpridas dos nossos governantes, um povo que não foi ensinado a exigir dos seus políticos cor-ruptos, a ética necessária para a defesa do nosso patrimônio moral e material, um povo que não sabe erguer a cabeça e exigir o respeito que se espera de alguns que se dizem parceiros.Um povo que aprendeu o que não deve-

ria: abaixar, sempre, a cabeça! Um povo que se conforma com a corrupção e não encontra forças para combatê-la; que não sabe dizer “não” nem na hora em que é obrigado a votar e, assim, elege “aqueles” mesmos assaltantes da pátria para novos mandatos, ao trocar seu voto por um prato de comida, por uma dentadura ou por um par de chinelos, quando deveria exigir que o dinheiro desviado dos cofres públicos fosse investido para melhorar a educação, a saúde e para abrir novas frentes de tra-balho. Será que abaixar a cabeça é resquício do

colonialismo que nossa pátria viveu na sua infância? Mas isso já foi há tantos sécu-los!A bem da verdade, nunca tivemos tantas noticias de corrupção como temos agora e sabemos que um dos fatores que a estimu-lam é a certeza da impunidade. Segundo Lúcio Gusmão Lobo, economista, “A cor-rupção em suas variadas formas é inerente ao ser humano. Se não fosse uma verdade inconteste, a história não registraria tan-tos casos, quer no passado mais remoto,

quer no presente. A tentação que ela exer-ce é não raras vezes irresistível. Não é, portanto, privilégio dos brasileiros. Ela é universal. Tanto está presente no Ocidente quanto no Oriente. Entre povos ricos e po-pulações pobres”Entre alguns comentários desagradáveis a respeito do Brasil, está o que diz que aqui o ano só começa depois que termina o car-naval, na quarta-feira de cinzas. Exageros à parte, há quem trabalhe tanto, todo ano, que não distingue ou não lhe interessa mesmo saber, se o ano é velho ou novo. Entretanto, também há quem passa todo o

tempo fantasiando, com medo de colocar os pés no chão empoeirado da vida, no seu dia a dia. Convenhamos que tirar a fantasia do car-naval é fácil. Difícil é despir-se da fanta-sia dos devaneios, desvestir-se dos ricos adereços das ilusões, para cobrir-se com as esfarrapadas vestimentas da nua reali-dade. Difícil é reunir vontade e coragem, para acordar dos sonhos de viver dias melho-res, para cair nos braços dos assaltantes da Pátria. Difícil é ver a vida abastada e luxuosa de muitos – embora vivam sobre o esgoto fétido da bandidagem – e se con-formar com o aconchego do muito pouco ou do quase nada. Difícil é acordar e dar de cara com a mesa vazia dos famintos, dos desempregados, dos desabonados pela sorte, enquanto há desperdício do dinheiro do contribuinte nos lautos banquetes dos facínoras.Difícil despertar! Mas um dia teremos que fazê-lo! Teremos que nos desnudar das vestes da omissão e nos revestirmos com a armadura da coragem, da determinação e, como o Mestre, expulsarmos os “vendi-lhões do templo”. Aí, sim, teremos uma nação totalmen-te livre, uma “mãe gentil, pátria amada, Brasil”! E a sentiremos como Vinicius de Moraes:

“Ponho no vento o ouvido e escuto a brisaQue brinca em teus cabelos e te alisaPátria minha, e perfuma o teu chão...Que vontade de adormecer-meEntre teus doces montes, pátria minhaAtento à fome em tuas entranhasE ao batuque em teu coração.”

Page 10: Tribuna April 1 2009

10 1 de Abril de 2009COLABORAÇÃO

Reflexos do Dia–a–Dia

Diniz [email protected]

. ..a comunidade não tem tido

sorte com Secretários de Estado...

A cultura do dinheiro, que temos vivido com algum excesso aqui nos Estados Unidos,

particularmente durante os últi-mos anos, está cada vez mais a abalar a sociedade estadunidense. Há anos que o mundo americano tem voltado as costas às ideias e abraça o consumismo. É espan-toso o ter em relação ao ser. Com a actual crise económica, vê-se, um pouco por toda a parte, que a América, e o mundo, necessitam, urgentemente, uma reavaliação. O chefe de gabinete do Presiden-te Barack Obama, o antigo con-gressista Rham Emanuel diz que não se deve “desperdiçar uma crise.” Daí que, com os dilemas económicos que todos os secto-res da sociedade americana estão a sentir, o momento é propício para uma reflexão interna sobre o que é, verdadeiramente, o mundo americano.Seria um erro seguir os paços do antigo Presidente George W. Bush, que pouco depois do 11 de Setembro, ao ser questionado sobre o que poderiam ou deve-riam fazer os cidadãos america-nos perante a situação de crise que se vivia, respondeu: devem ir às compras. E assim o fizemos, sem pensar duas vezes. Com-prámos tanto, gastámos tanto, desperdiçamos tanto que agora não aguentamos com o peso das compras.

Infelizmente estamos a viver uma época de niilismo cultu-ral. Quando se fala em reduções nos serviços públicos, fala-se, de imediato, em reduções no ensino. Nem que já não tivéssemos demo-lido uma grande parte do nosso ensino público, particularmente as universidades tornando-as em fábricas de diplomas ao serviço das grandes multinacionais. As humanidades, a disciplina que nos obriga a reflectir sobre os grandes temas que afectam os seres humanos, que desafia a va-lidade das estruturas e dos siste-mas que erguemos, que nos ensi-na a ter espírito crítico, incluindo a autocrítica, e a criticar todas os padrões culturais, essa impor-tantíssima disciplina está na re-taguarda dos sistemas do ensino universitário, para não falar nos outros segmentos do ensino. A comunicação social americana, que tem por obrigação promover esse debate cultural e intelectual, questionando tudo o que nos é dito e redito, confunde, na maio-ria das vezes, pão e circo por no-tícias e, sistematicamente, recusa dar voz a quem desafia, não uma mera atribuição de um bónus a este ou aquele director duma multinacional, mas sim quem questiona a estrutura perniciosa do mundo das multinacionais, de uma elite sem conexão com o ci-dadão comum. Infelizmente, ajoelhamo-nos

perante o “culto do eu”, elabo-radamente construído pelos ar-quitectos desta nossa sociedade do consumo, que desencoraja a compaixão, o sacrifício em prol de quem tem menos, a verdadeira justiça social e a honestidade. O método utilizado para atingirmos o que queremos, dizem-nos na comunicação social e nas facul-dades das ciências económicas, é irrelevante. O sucesso, definido pelo dinheiro e pelo poder que se possui, é a única justificação que precisamos. A capacidade de manipulação é reverenciada. Daí que o nosso colapso moral, como sociedade que vai além do que é material, é tão perigoso como a presente crise económica. É que nos Estados Unidos ape-nas 8% dos licenciados fazem-no nas humanidades. Entre 1970 e 2001, as licenciaturas em Inglês (literatura) decresceram de 7,6% para 4%---uma redução de quase 50%. As licenciaturas em línguas estrangeiras diminuíram mais de 50%, ou seja foram de 2,4% para apenas 1%, matemáticas de 3% para 1%, ciências sócias e histó-ria de 18,4% para 10%. Entretan-to licenciaturas em ciências eco-nómicas, ou melhor “business”, que é outra loiça, aumentaram de 13,6% para 21,7%. Essa dis-ciplina de “business” ultrapassou a área que durante várias décadas se manteve como a mais popular, ou seja, a educação.

Se é de facto um grande erro “desperdiçar-se uma crise”, esta-mos perante um momento crucial e definitivo para a história ameri-cana, uma oportunidade para se reflectir e reequacionar as prio-ridades do país. A América tem que voltar a ser o país das grandes ideias e não simples e unicamente o país das grandes companhias. É que foram as ideias que per-mitiram as grandes companhias e não as grandes companhias a permitirem as grandes ideias.

O Secretário de Estado das Co-munidades Portuguesas, António Braga confirmou a sua vinda ao congresso da Luso-American Education Foundation, para pou-cos dias mais tarde cancelar a via-gem. Claro que o cancelamento não deve estar relacionado com os e-mails que foram trocados sobre mais uma visita desneces-sária da entidade portuguesa que tem o dossier das comunidades, mas que nunca as compreendeu, ou terá a ver com esses e-mails? Ainda bem que se registou cons-ternação. Ainda bem que hou-ve quem questionasse. É que o congresso da Luso-American Education Foundation, e todos os outros acontecimentos culturais que ainda promovemos nas nos-sas comunidades do continente norte-americano, nada ganham com a presença das entidades de Portugal, particularmente, de en-

tidades como este Secretário de Estado que consegue ser pior do que alguns verdadeiros bobos (do PSD e do PS) que por lá passaram. Como já o disse, os emigrantes e luso-descendentes, não têm tido muita sorte com os Secretários de Estado das Comunidades. É tempo de Lisboa (e escrevo Lis-boa, porque os Açores, como se sabe têm outro relacionamento com as suas comunidades) ter um outro tipo de relacionamento com as comunidades de luso-descen-dentes, e nas comunidades, par-ticularmente aqui na Califórnia, é tempo de se entender que as relações Portugal/Comunidades não podem estar circunscritas a presenças efémeras de entidades portuguesas com discursos fá-ceis e demagógicos, que nem só duma fotografia com os dignitá-rios visitantes vivem as nossas associações, que para cada jantar e banquete que se promove deve ser exigido um programa de tra-balho que inclua as comunidades e o mundo político americano. Na minha perspectiva, o congres-so da Luso-American Education Foundation, mesmo quando pro-movido em zonas onde há pouco interesse pelo mesmo, é nobre demais para este Secretário de Estado.

A V o z d a V a l e n t i aMemorandum

João-Luís de [email protected]

“The limits of my language mean the limits of my world”

Ludwig Wittgenstein

Não enjeito a propensão instinti-va para faltar ao horário da cara-vana do catecismo que glorifica o sofrimento na ânsia de diabo-lizar o prazer. Falta-me o fôlego para exaltar o martírio voluntário como instrumento redentor. Pre-firo dizer que a alegria que nos é trazida pela carruagem do prazer não merece o falso alarmismo pecaminoso decretado pelo puri-tanismo serôdio. Vou já a entrar no corredor que me facilita o acesso ao tema des-ta breve conversa. Refiro-me ao livro do doutor Caetano Valadão Serpa, intitulado “Uma Pessoa Só é Pouca Gente”. Gostaria de merecer a companhia do leitor para continuar a romaria ao ritmo da palavra da coragem; já estou em marcha na ânsia fraternal de integrar a via-sacra da narrativa e coexistir com a agonia huma-nista sofrida pelo “passageiro em trânsito” tão querido ao próprio autor. Para quem aprecia o cortejo ar-rojado das ideias, o tema central escolhido pelo escritor Caetano Valadão Serpa não supreende tanto pela refinada qualidade li-terária. Na área da pedagogia so-

mento é preferível à virgindade, que seja excomungado!” Já em pleno século XX, o sisudo diplo-mata Pio XII subscrevia opinião semelhante (vidé: Sacra Virgini-tas). Nada devo acrescentar sobre o actual Papa, cardeal Ratzinger, injustamente considerado sim-patizante do nazismo, mas que terá ficado “ad vitam aeternam” amedrontado pelos excessos co-metidos pela geração europeia de 1968... Curiosamente, na tradição ju-daica, o casamento ainda é con-siderado privilégio familiar: o solteirão sem filhos é rotulado de membro “inútil”. A propósito, muitos ainda recordam a famosa passagem do Velho Testamento, quando o Criador permitiu que Abraão (até então a viver infeliz, sem filhos) tivesse muitos descen-dentes. Quando Raquel, esposa de Jacob, teve o seu primeiro fi-lho, consta que terá exclamado: “Oh!... Deus acaba de me salvar da minha vergonha.” Desde há muito que a questão do celibato dos padres deixou de constituir dogma secreto do receituário da sobrevivência ins-titucional. Entrementes, torna-se cada vez mais cómica a mania de disfarçar o vício de exercer o “po-der absoluto” através da escravi-dão psicológica: a religiosidade dos povos é filha adoptiva dos in-ventores do medo. Por outro lado, segundo os dizeres de Isaías, “a fortaleza dos santos é feita de so-lidão e esperança”.

Longe de nós esteja o apetite de vasculhar as sinuosidades encar-quilhadas resultantes da repres-são sexual imposta à geração pré-vaticano II dos estudantes de teologia. Duvido da sincerida-de dos que se deliciam no relato indirecto e guloso da violência inerente à via-sacra seminarista (“fundir” a impetuosidade juve-nil no cadinho seráfico da santi-dade pré-fabricada . No caso do escritor Caetano Valadão Serpa, o narrador é o sujeito da narrati-va. Ele é representante legítimo da penúltima geração “moldada” nas oficinas seminaristas do pe-ríodo pré-Vaticano II. Em mol-des de ficção literária de perfil biográfico, diria que o escritor de que vimos tratando, cuida das vítimas, sem desperdiçar ener-gias no relato dos feitos da algo-zaria eclesiástica. Para o autor de “Uma Pessoa Só é pouca Gente”, o importante é “fazer o ponto de distinção entre ensinamentos da Igreja e revelacão divina, entre religião e crença (...) enfim, en-tre acreditar na Igreja e ter fé em Deus.”Um outro aspecto por ele referi-do, e que talvez conviria revisitar, liga-se à sua experiência pessoal como “activista” no Congres-so Nacional dos Portugueses na América, organizado pela COPA (Cambridge Organization of Por-tuguese Americans) e realizado na Harvard University, antes da alvorada da Abril de 1974. Se-gundo o autor, o Congresso foi

frequentado por gente de valor oriunda de várias áreas da Nova Inglaterra e até da California: tudo feito à revelia de apoios do governo português (o que nos fa-cilita a percepção da capacidade operacional dos obreiros da Au-tonomia Comunitária daquela época)... Para o leigo de teologia e direito canónico (o signatário situa-se nessa fila) a leitura de “Uma Pes-soa Só é Pouca Gente” vem facili-tar o acesso às realidades impres-cindíveis para clarear situações até então sepultadas no limbo do silêncio. A meu ver, não seria elegante interrogar o autor pelas causas prováveis pela demora na “aparição” deste seu livro...Afinal a conversa demorou mais do que previsto. Por várias ve-zes me surpreendo a imaginar o latejar agónico da disciplina im-posta pelo silêncio voluntário; a valentia cristã simbolizada na comparência em “praça pública”, e pregar em prol da humildade da mudança (sem pactuar com aqueles que interpretavam “viver o voto de castidade como apenas uma promessa de não contrair matrimónio”)... Melhor dizen-do: os fiscais-de-linha da Teolo-gia continuam a avisar os 46.000 padres católicos dos E.U.A que a Mulher continua a ser “o mais belo defeito da natureza”... fin-gindo ignorar que “Uma Pessoa Só é pouca Gente”.

cial, servida aliás por uma vasta preparação académica como teó-logo, historiador, pedagogo (sem menosprezar a sua corajosa mili-tância como valoroso romeiro da “mudança” dentro e fora dos mu-ros institucionais do Catolicismo) a sua reputação científica goza de merecida solidez. A coerência in-telectual e a pertinência cultural dos seus trabalhos (alguns foram publicados antes da sua inserção como emigrante pré-25 de Abril, na diáspora lusófona) confirmam aquilo que acabámos de dizer. Todavia, o que mais nos impres-siona é a valentia psicológica do humanista cristão que viveu (e depois escreveu) “Uma Pessoa Só é Pouca Gente” – um livro porventura considerado subver-sivo pelo patronato religioso, to-davia escrito com o “objectivo de salientar as limitações e con-tradições do celibato eclesiástico imposto como condição absoluta para a ordenação sacerdotal.”A história nos ensina que nos primeiros três séculos da histó-ria cristã, o problema do celibato sacerdotal não provocava o temor defensivo aos que aceitavam a excelsa benignidade da “abenço-ada diferença”. Todavia, como sói dizer-se, “não há bem que sempre dure...” Não precisamos recuar ao Concílio de Trento para repudiar o esbofetear da rigidez dogmática “...se alguém afirmar que o casa-

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11COLABORAÇÃO

Aos meus amigos do cancroglóbulos vermelhos do sangue, sinto-me mais bem disposto e de olhos postos no futuro.Imaginem, acabo de descobrir que já me cresce o cabelo do bi-gode e que engordei quase três quilos! Certamente, boas notícias e um óptimo pronúncio para o que ain-da me resta enfrentar!É que, desconheço se ficarei com-pletamenete curado, ou se, en-tão, ficarei sujeito a tratamentos esporádicos mas permanentes, tal como acontece com um con-terrâneo meu, que encontrei na clínica, o qual vem sendo tratado desde há sete anos e continuará a sê-lo para o resto da sua vida!Por falar em conterrâneo, tem-me surpreendido o vasto número de portugueses que sofrem das mais variadas formas de cancro, quase em silêncio e envergonhados do mal que os acomete!Tal como me confortaram com os seus abraços e mensagens de solidariedade, também eu vos deixo aqui estas palavras de fé e coragem. De que vós nunca es-tarei sós, mas sob as intenções de quem pede por quem sofre e pela intercepção de Deus ou da divindade da religião que a pes-soa segue.

Embora já sendo um pouco tar-de para nós, presentemente com a doença, convém lembrar quão importante é uma dieta sadia para se evitar esta doença, tendo em consideração que o consumo de substâncias ácidas, poderá con-tribuir para o desenvolvimento de alguma das células malígnas que o nosso corpo contém.Sim, é verdade: segundo um re-latório da Universidade John Hopkins, de Chicago, Estados Unidos, todos nós temos células cancerosas no nosso sistema. In-felizmente, elas só aparecem nas análises depois de multiplicaren-se em alguns biliões.O ambiente em que se vive, a per-sonalidade da pessoa, o que se come e bebe, etc., poderão con-tribuir grandemente para o esta-do de coisas por que se passa.É, pois, importante, ter-se um sistema imunológico forte para resistir às células malignas, des-truindo-as e fazendo com que elas se não multipliquem ou se formem em tumores.Vamos lá a comer batata doce, feijão branco e vermelho, ma-çãs (gala, red delicious e granny Smith), repolho vermelho, amo-ras, espinafres, etc., mas nada de açucar, café, vinho, chocolates,

Sabores da VidaQuinzenalmente convidaremos uma pessoa a dar-nos a receita do seu prato favorito, com uma condição - que saibam cozinhá-lo.

A nossa convidada nesta quinzena é Leninha Fernandes, nasci-da na Terceira, casada com Jorge Fernandes e residente em Elk Grove.

Empadão de Peixe Para a massa:

300 gramas de farinha1 1/2 barra de manteiga1 pitada de sal2 ovos (separa-se metade de uma gema)2 colheres de sopa de açucar1 colher de sopa de fermento (baking powder)Bate-se a massa num processa-dor de comida, até ficar macia.

Peixe (use filetes de codfish ou halibut, peixes consistentes, que nao se desfaçam)Cobre-se o peixe com vinho branco, azeitonas verdes picadas, salsa, sal, e rega-se com azeite.Vai ao lume a cozer

Unta-se um pirex e forra-se o fundo com metade da massaPõe-se o peixe partido aos bocados com o molho que o cozeu. Cobre-se a parte de cima com o resto da massa. Pincela-se com a gema de ovo que se separou.Vai ao forno a 350 graus, até cozer e ficar alourado.Bom apetite!

chá, entre outros.Todavia, em quem é que vamos acreditar?Usemos o bom senso, e quando em dúvida, procuremos o conse-lho das pessoas que nas respecti-

vas clinicas nos andam a ajudar a prolongar a vida. Boa sorte!

Pela década de sessenta, era o então meu noivo imediato do Destaca-mento de Fuzileiros 8,

quando durante uma certa ope-ração na zona Norte da Guiné, conseguiu enquadrar na mira da sua arma um combatente das for-ças oponentes, ou seja do PAIGC. Quando ia premir o gatilho, ve-rificou que o oponente, também ele, o tinha na mira da sua arma. Nesse momento ouviu a voz es-pantada e aflita do seu pisteiro informando que o homem que es-tavam prestes a abater era o Nino Vieira. Por uma fracção de segun-do o fuzileiro português hesitou. O oponente deixara de ser mais um rosto sem identidade, um ini-migo a quem lhe tinham dito que devia abater, para se tornar num homem com nome próprio e além disso, um chefe que era ainda por cima, uma lenda viva. Quando se concentrou para fazer melhor pontaria, o guerrilheiro mergu-lhou, desaparecendo na mata. Seguiu-se uma luta desenfrea-da, com baixas a lamentar dos dois lados e mal as forças inimi-gas foram postas em debandada, efectuaram os fuzileiros buscas, para tentar saber se tinham ou não, abatido o comandante Nino. Não encontrando o corpo, fica-ram na dúvida se os guerrilheiros tinham levado o seu chefe morto, ou ferido, para as matas profun-das….Mas uns meses mais tarde houve de novo evidência de outro ataque perpetrado pelo Nino.

O Nino era um combatente duro, homem de grande coragem que obteve das forças portuguesas respeito. Nas messes e reuniões sociais de Bissau sempre se con-tavam as suas últimas proezas e todos brincavam: -“ Vais comprar camarão ao Peci-xe? Não te cuides não, se o Nino sabe disso tás feito!” -“Vais caçar à mata dos America-nos? Vai lá vai, aparece-te o Nino que te dá o sumiço!” -“ Vais à praia de Unhocômo? Faz isso faz, aparece a lancha do Nino e não mais te pomos os olhos em cima! Passaram muitos anos, a História deu muitas reviravoltas, até que certo dia soube que o Nino fora visitar o Marechal Spínola. Por essa altura já o Marechal era uma sombra de si mesmo. Havia sido desertado por muitos, desdenha-do por alguns e encontrava-se fi-sicamente debilitado, já quase no fim da vida e sem qualquer poder. Mas o Nino foi prestar-lhe home-nagem, dizer-lhe que sempre o respeitara como combatente e também como pessoa, daquelas que a História guardará por ter sido fiel à sua Pátria e aos inte-resses dela. Esta atitude do Nino fez-me con-siderá-lo de outra forma e vê-lo como um homem com dignidade de alma, daqueles que não se dei-xam levar por modas ou oportu-nismos e que sabem ser coerentes com os seus princípios.Há poucos meses vi numa insti-

tuição que frequento, vestindo a bata azul de uma firma de limpe-zas, uma mulher negra azeviche, usando um lenço tribal e de ar que me confrangeu a alma.Perguntei-lhe de onde era e ela respondeu que era da Guiné.Perguntei-lhe: - De qual chão? E ela estremeceu, como que varrida por um choque e olhando-me já com atenção, respondeu ser Bi-jagó.Eu muito rápido afirmei-lhe que me estava a mentir, pois não há Bijagós com tamanha altura. Ela muito admirada, olhou-me então aí já com certo interesse dizen-do:- A Dona pelos vistos conhece mesmo a Guiné?Ficámos à conversa e foi-me con-fidenciando ser Biafada. Casara posteriormente com um Bijagó de Caravela, mas havia sido le-vada pelos guerrilheiros, para a mata, aos onze anos. Eu mui-to aflita inquiri se lhe tinham feito mal enquanto garota e ela riu-se sossegando-me. Por ser das miúdas mais despachadas a manusear armas, montando-as e desmontando-as com presteza, dando assim provas de inteligên-cia viva, fora escolhida com ou-tros sete garotos e enviada para Rússia, onde fizera o curso de en-fermagem. Voltou ao mato onde passou quinze anos sempre com-batendo contra os portugueses. O Amílcar treinara-a para nunca se entregar. Morrer sim, ser apanha-da… Isso, nunca!

-Se os portugueses tivessem sa-bido o medo que nós tínhamos do navio Pedro Nunes!Claro que tal história me entu-siasmou e passei todas as sema-nas a falar um pouco mais com ela. Aliás mal me vê, vem logo limpar junto à mesa onde eu es-tou a tentar trabalhar. Há umas semanas ofereci-lhe o meu livro “Venturas e Aventuras em Áfri-ca”. Na semana seguinte encon-trei-a eufórica, tinha adorado o livro e fazia-lhe referências que me davam a certeza de ter mesmo lido o texto e não apenas visto as fotos. Preparei-me para lhe fazer uma dedicatória. Perguntei-lhe o nome e como me disse algo muito arrevesado eu escrevi: - À minha amiga Turra, com toda o carinho da Tuga, Cristina. Pela primeira vez vi-a rir com gosto. Os seus olhos sempre tris-tes, com um brilho de prata der-retida que os escondem e que não deixam ver-lhe a alma, pela pri-meira vez desanuviaram-se. Há poucos dias via-a com os ombros muito descaídos e ar de grande pesar. Fui ter com ela. Mal me viu, com voz desalentada foi-me dizendo:-A Dona viu? Viu como está a nossa terra? Viu aquela miséria no hospital? – Viu o que se passa com as nossas crianças? Viu as estradas todas esburacadas? -Não foi para isto que eu combati. Não foi para isto que eu dei os me-lhores anos da minha vida. Nada aconteceu como nós ambicioná-

vamos. É uma desgraça. Não foi para isto que eu me sacrifiquei e combati. Não foi para isto que o Amílcar morreu. Que fizeram com a Guiné? Que é feito do meu povo? Onde está a esperança?Esta semana apareceu-me des-truída. -Dona…E este Dona era um la-mento, uma súplica, um grito angustiado de alma. Como é pos-sível? Como podem ter morto o Nino! O meu Nino, o meu amigo de sempre, o meu defensor. Foi ele que ao encontrar-me com uma perna partida me mandou para Portugal. Foi ele quem sempre me protegeu, me amparou. Um homem bom, um homem justo. Um valente, um Homem Grande. Sempre que nos tempos de luta ele saqueava uma tabanca portugue-sa, guardava os melhores panos para mim. Tive seis filhos Dona, perdi-os quase todos. Não sei deles, dos únicos de quem sabia o paradeiro, desde que mataram o Nino desapareceram, andam a monte. Que vai ser do PAIGC ? Estão a destruir a história do par-tido, nós não temos arquivos, ma-tam e fazem desaparecer todos os que sabem! Para que lutámos nós? Estão a destruir tudo, dão cabo de tudo. É como se a nossa vida não tivesse existido.

-PARA QUE LUTÁMOS NÓS? -PARA QUE ME SACRIFIQUEI EU TANTO!

Vamos lá a ter fé e coragem!

Venho hoje à vossa es-timada presença com uma mensagem de solidariedade e espe-

rança, agora que se prefizeram seis meses depois do início dos tratamentos a que tenho estado sujeito desde Setembro de 2008.Há uma semana tive submeti-me a outra fase de tratamentos, em casa e menos forte, à base de quimioterapia em comprimidos. Ao todo, foram 25, ou seja, 5 por dia.Tem sido bastante difícil en-contrar esses comprimidos nas farmácias, dado o seu elevado custo. Mesmo assim, fez-se uma encomenda para a companhia, que chegou incompleta, ficando a agurdar outros cinco compri-midos. A um preço de quarenta dólares por cada cápsula, é de ar-repiar os cabelos! Só que os meus não estão assim tão grandes. Valeu que o seguro do governo (RAMQ) cobri-o na sua quase totalidade.Como vou passando nestes últi-mos tempos? - quererão saber.À parte de um pouco de fastio e de anemia (insuficiência de

Histórias

Cristina Malhão [email protected]

O desalento de uma guerrilheira

Crónica de Montreal

Antonio [email protected]

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12 1 de Abril de 2009COMUNIDADE

O Conselho nº 1 da UPEC, em San Le-andro, levou recentemente a efeito uma “Noite Portuguesa”, para iniciar as cele-brações da Semana do Emigrante Por-tuguês.O evento teve lugar no salão nobre da séde da União Portuguesa do Estado da California, localizada na cidade de San Leandro, e constou de um jantar, no qual era incluído um prato da cozinha tradicional portuguesa, o que fez atrair ao acontecimento um bom número de pessoas da comunidade portuguesa lo-cal, e não só. Após o jantar teve inicio um baile que foi animado pelo vocalista Carlos Arruda, de Livingston. Os chairpersons foram o casal Rosa e João Neto, e ainda Laverne e Maria Cabral, Ramiro e Cecilia Rosa, Ber-nie e Margarida Ferreira, e Carol e Jim Cromwell.

Noite Portuguesa na U.P.E.C.

Ana Vitoria Serbin, a vedeta da noite O casal Maria e Laverne Cabral marcam sempre presença nos eventos da UPEC e conta-giam os presentes com os seus dotes de bom humor.

F E L I Z P A S C O A

Fotos e Texto de Armando Martins

Carlos Arruda, Rosa e João Neto, Maria e Laverne Cabral, Ramiro e Cecilia Rosa, Bernie e Margarida Ferreira e Carol e Jim Cromwell

Dez milhões para dinamizar sector do turismo nos AçoresO Governo Regional concedeu 10 milhões de euros a associações sem fins lucrativo para comparticipação de projectos de interesse público no sector do turismo em 2009.A verba destina-se à promoção e animação turísticas, criação de uma oferta estruturada e qualificada, suporte de estudos, monitorização e acompanhamento da actividade turística na Região Autónoma.“Como mais uma vez se comprova, o Governo Regional está convic-tamente empenhado na criação de parcerias com a iniciativa privada com vista à promoção do destino Açores e à sustentabilidade econó-mica do sector”, afirmou esta quinta-feira o Secretário Regional da Presidência, no âmbito de uma conferência destinada a divulgar os resultados do último Conselho de Governo, na ilha de São Jorge.“Pronto para o melhor tempo da sua vida” é o conceito chave que está na base da nova campanha da Associação de Turismo dos Açores, desenvolvida pela Brand Builders. in acorianooriental

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13COLABORAÇÃO

Esta foto vinha na Revista Flama, num artigo de A. Lima de Carvalho, enviado de Nova Yorque, ainda na altura em que John Kennedy era Senador, mas já candidato a Presidente da America. John Kennedy foi condecorado pela União Portu-guesa Continental com a Medalha-Prémio Pedro Francisco. Ao lado direito dele pode-se ver o Embaixador de Portugal em Washington, Luís Esteves Fernandes e Anibal Branco. Ao lado esquerdo, o Presidente Geral da U.P.C., Luis Gomes. O Senador John Kennedy foi co-responsável pela entrada de 1500 famílias faialenses nos Estados Unidos.

Encontrámos esta foto na Internert. Foi tirada a bordo do Navio SATURNIA em Maio de 1953. Pensamos que todos estes emigrantes sejam da Ilha de São Miguel e iam em direcção ao Canadá. Aqui deixamos esta foto para os nossos assinantes do Canadá descobrirem quem são eles.

Agua Viva

Filomena [email protected]

Recordar é viver....

Vamos então contar mentiras! Pelo menos no primeiro dia do mês. Também lhes chamam petas. Chamem-lhes os nomes que quiserem: Peta, mentira, ilusão, erro, falsidade ou em-

buste. Mentir será sempre a afirmação contrária à verda-de. Não importa o tamanho e muito menos a cor, já que muitas vezes tenho ouvido falar em “mentiras brancas”, ou seja, são tão pequenas e ingénuas, que serão cataloga-das de insignificantes ou até inofensíveis. Serão mesmo? Quanto pesarão, contudo, na vida de uma pessoa, mesmo as mentiras mais brancas que possam ser ditas? Uma men-tira, por mais branca ou pequena que seja, será sempre uma patranha, um laço enganoso e falso para fazer cair ou ridicularizar os que eventualmente caiam nele. Sobretudo, se essas mentiras forem ditas sobre a vida de uma pessoa. Quanto se avolumarão com o tempo, de boca em boca, até correr mundo, prejudicando a sua vítima, até fazer uma nódoa que nunca cairá, “nem com água a ferver”, como dizia a minha santa mãe.Para quem tem engenho e arte, é como qualquer outro ofí-cio que se preze de fazer, qualquer mentiroso. E eu conhe-ço pessoas que são a mentira personificada. Se eu dissesse aqui nomes de gente mentirosa que conheço, cairia o Car-mo e a Trindade, bradariam vozes aos Céus! Mas, palavra de honra, seria muitíssimo divertido…Deixai-os mentir, Senhor…Se até a Bíblia fala dos mentirosos, dos que nunca se arre-penderam e foram vítimas do próprio engano… Mas tam-bém dos que erraram e souberam pedir perdão, chorando amargamente, como Pedro fez a Cristo depois de O ter negado três vezes, antes que o galo cantasse.Infelizmente, o que há são muitos a cantar de galo, que nunca serão gente suficientemente grande para admitirem as mentiras que foram capazes de urdir contra o seu seme-lhante, nem mesmo em Tempo Quaresmal.São tão pouco pessoas, que dirão como o árbitro Lucílio Batista: “Errei, mas não tenho que pedir desculpa”.Eu não sou de futebóis, mas sou pela verdade e pela jus-tiça, e um indíviduo que diz isto, consciente do mal que fez e não o repara, vale muito menos que a ponta de um corno.

Resta-me pensar que a verdade sempre ressurge das cinzas da mentira, como Cristo ressuscitou depois dos maus tratos e enganos dos fariseus, da vaidade e da hipocrisia.

O tempo que faz está propício. A Primavera chegou fria, com vento e chuva e um sol que nem sempre aquece to-dos. Como naquele tempo, não importa se agora envia-mos mensagens por computador em vez de papiro, pois o passado sempre se repete e se paga do que de mau e bom se faz.Os métodos de punição de hoje são diferentes. Até temos a sensação que Deus é diferente, que Deus tem de se adap-tar aos tempos de hoje, e chamamos nomes aos que nos transmitem a Doutrina. Fazemos tudo o que queremos, exigimos demais da Natureza, provocamos o seu derru-be e atrevemo-nos depois a pedir de volta as riquezas que esbanjámos sem consideração. Não creio que exista um Deus para cada consciência. Tem é de haver mais forma-ção de consciências num só Deus humanizado que nos amou e morreu por nós, para que pudéssemos ser livres, não libertinos, e apreciar e viver os Seus dons em Comu-nidade, irónicamente neste mês que é também de reflexão, arrependimento e perdão.

Que assim seja para todos: Uma Páscoa Feliz!

Abril é o mês das mentiras...

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Carnaval na California 2009 está à venda na Internet. Os dois DVD’stem 8 danças, num total de 5 horas e 47 minutos, sómente por $25.00 in-cluindo transporte.

Os DVD’s tem as seguintes danças - 1- Projeto do Ano, Grupo Carnavalesco de Tulare; 2- As Bodas D’ouro da Constancia, Grupo Carnavalesco de Tulare; 3- As For-

cadas, Nsa. Sra. da Assunção, Turlock; 4- Tia Camila em Las Vegas, Grupo de Carnaval de San Jose; 5- Ma-tança em Casa do Tio João, Casa dos Açores, Hilmar; 6- Desejos Atribulados, Grupo Carnavalesco do Chino; 7- Mulher de Pelo na Venta, Grupo de Carnaval Amigos de Hanford; 8- Os Seis Magnificos, Grupo Alma Açoriana, Califor-nia.Para mais informações visitem o website www.ferreiravideo.com/carnaval.html

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14 1 de Abril de 2009COMUNIDADE

NATURE SUNSHINE HERBS!Maré Cheia conclusão da página 26

Alguns, porventura com razão, assinalarão as omis-sões e as ambiguidades, que sempre ocorrem quando procedemos a um intento de explicação geral. A maioria, estamos disso convencidos, reconhecerá o acerto e a utilidade do resultado, con-sonante com as exigências hodiernas, que do conheci-mento requerem a extracção de proveito. E a autora, de-pois do adequado cumpri-mento de etapas decisivas do seu percurso académico, conquistará em definitivo a aura de historiadora.É curioso, talvez até sinto-mático, que estes Açores: nove ilhas, uma história surjam por iniciativa da Universidade da Califór-nia, Berkeley, fruto de um protocolo celebrado com a Universidade dos Açores em Janeiro de 2005, do qual

me honro de ser um dos subscritores, na condição de Reitor da instituição univer-sitária açoriana. Com efei-to, no decurso dos séculos, uma emigração de gerações transferiu a maior comuni-dade de referência açoria-na para partes da América. Por isso, hoje, na sociedade da globalização, eminente-mente descaracterizadora, é natural que os açorianos da diáspora sejam os primeiros na busca de elementos de identificação, que obrigam à descoberta das raízes. De facto, apenas eles possui-riam a força necessária para demover os embaraços que, por demasiado tempo, im-pediram a composição de uma História dos Açores.Não é excessivo enaltecer o arrojo, mas acima de tudo a acumulação de saber e a capacidade de reflexão, da

Doutora Susana Goulart Costa que, com este novo livro, abre novos horizontes à historiografia açoriana. Porém, que não se olvide o trabalho de tradução da Doutora Rosa Neves Simas, que melhor universaliza o conhecimento das ilhas, nem a pertinácia da Douto-ra Deolinda Adão, de cuja iniciativa dependeu a con-cretização deste projecto.

Ponta Delgada, 18 de Maio de 2008

Avelino de Freitasde MenesesReitor da Universidade dos Açores

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Page 15: Tribuna April 1 2009

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16 1 de Abril de 2009COMUNIDADE

“Entre Parentes” - a surpresa da noite

A Praia da Vitoria já percebeu há anos que a sua vinda as Americas e Canadá não é para vender as Festas, mas sim para estrei-tar amizades entre o povo do seu Concelho. “São os 45 mil euros mais bem gastos da Câmara da Praia, dis-se o Presidente Roberto Monteiro.Foi uma bela noite de amizade e só é pena que as Sanjoaninas não tenham ainda aprendido a mudar o estilo da sua vinda e cultivar esta aproximação das gentes do seu Concelho, como a Praia o faz tão bem. São feitios, como bem nos dizia o nosso amigo Conselheiro. Para o ano, os Amigos da Praia ainda terão mais surpresas.

Berto Messias, Presidente das Festas da Praia da Vitoria. Emb: Luis Cabeceiras, novo Presidente dos Amigos da Praia

Roberto Monteiro, Presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitoria

Carlos Costa, responsável pela Feira Gastronómica, um sucesso de aplaudir

O Salão da Banda Portuguesa de San José tornou-se pequeno para albergar todos aqueles que queriam estar com a Comi-tiva da Praia da Vitoria. Primeiro falou Carlos Costa, responsável pela Feira

Gastronómica, já famosa em Portugal. Seguiu-se Berto Messias, Presidente das Festas, que falou das mesmas e da alegria que sempre tem pela visita que muitos de nós fazemos à Praia. O Presidente da

Câmara, Roberto Monteiro, disse quão orgulhoso estava por tudo o que a sua equipa tem feito durante os ultimos três anos. A Praia tem o maior orçamento dos Açores e em três anos investiu mais do

que nos últimos 50 anos.A noite ganhou mais encanto com a actu-ção do Conjunto “Entre Parentes”, que en-cantaram a audiência. Vale a pena pensar em contratá-los para as nossas festas.

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17COMUNIDADE

Museu da U.P.E.C. - uma visita obrigatóriaÉ um espólio importante de uma frater-nal com 127 anos de existência. Quantos é que já o visitaram e percorreram com cuidado e atenção todas as fotografias, as actas, a memorabilia de uma organi-zação de que todos temos orgulho? Este Museu representa a vontade de um povo que emigrou e se tornou adulto nesta ter-ra estranha da America dos anos de 1880.Quem diria que passados estes anos todos estaríamos a partilhar com to-dos vós esta riqueza fraternalista-de uma Sociedade como a U.P.E.C.O futuro aprende-se com o passa-do, quando este tem as nossas raí-zes e as nossas tradições, como ful-cro importante de todas as vivências.Visitem o Museu e levem convosco-os vosso filhos e netos, para que eles vejam o que custou aos nossos ante-passados construirem estas socieda-des e esta maneira de estar no mundo.Fica situado no 1120 E 14th Street, San Leandro, com o telefone 510-483-7676.

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18 1 de Abril de 2009COMUNIDADE

15 Aniversário G.F. Tempos d’Outrora

Nestas festas de aniversário vale mais uma fotografia do que o tagarelar de um articu-lista a contar as peripécias da noite festiva e dos seus manjares. Tudo o que aqui vemos nas fotografias representa bem o trabalho, o esforço de manter as nossas tradições e também a ajuda preciosa de tanta gente, que nunca conseguem ver, nem o principio nem o fim da festa. São essas mãos de artistas que conseguem manter a festa a rodar. Esq - homenagem àqueles que participam no grupo desde o seu primeiro dia.

Em cima -Christina Flores recebendo uma Bolsa de EstudoEmbaixo - a rectaguarda de qualquer festa. Aqueles que só conhecem a cozinha do IES

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19COMUNIDADE

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20 1 de Abril de 2009COMUNIDADE

In human terms at least, the war in Vie-tnam was a war nobody won - a struggle

between victims.

Stanley Karnow, Vietnam: A History

Em muito delapalissianos (1) ter-mos, uma guerra que não se ga-nha é uma guerra perdida. E nos dias de hoje todas as guerras pa-

recem ser perdidas. O preço em recursos humanos e materiais que uma contenda actual exige representa a priori um sal-do negativo, seja qual for o resultado do conflito. Poderia arguir-se que as guerras em que os Estados Unidos e Portugal se empenharam no Vietname e no Ultramar não constituíram uma derrota sob um pon-to de vista estritamente militar. No entanto nenhuma delas conseguiu o seu objectivo. E é sob esse prisma que as poderíamos considerar perdidas, numa acepção lata do termo.As campanhas que, durante um período quase coincidente (2), ocuparam os Esta-dos Unidos na península da Indochina e Portugal nos seus territórios africanos não só apresentaram impressionantes seme-lhanças no plano estratégico como cria-ram em certos sectores dos dois países um clima emocional idêntico, clima esse que muito contribuiu para uma solução mais política do que militar dos respectivos conflitos.Nos Estados Unidos não se promoveu, é certo, um ideal que justificasse e animasse a acção armada. Falou-se obviamente em termos gerais da defesa da liberdade e da democracia (como quer que seja que se en-tendam estes conceitos) e da necessidade de se obstar a uma agressão comunista. Em Portugal, pelo contrário, gritou-se a plenos pulmões o imperativo de se manter uma unidade nacional compatível com o plurirracialismo. Estas duas atitudes, ain-da que variáveis na estridência da sua dis-seminação, encontraram eco nos segmen-tos mais conservadores dos dois países mas foram repudiados com energia e até violência em certos meios mais militantes ou intelectualizados, sobretudo entre os universitários.Embora de forma mais acentuada nos Es-tados Unidos do que em Portugal, estas guerras patenteiam o desmoronar do ide-alismo nacional. Em conflitos anteriores o posicionamento havia sido perfeito, num claro esquema maniqueísta, sem substan-ciais dúvidas quanto à legitimidade da causa. Os meados do século XX trazem contudo um crescente descrédito do pa-triotismo e do conceito de heroísmo. Daí que os que voltavam das guerras fossem muitas vezes recebidos com hostilidade nos Estados Unidos e com pouco mais do que indiferença em Portugal.No plano militar estas guerras ofereceram também um aspecto de convergência. Em ambos casos forças expedicionárias equi-padas com armas modernas, apoiadas por meios aéreos e dotadas de forte mobilida-de enfrentaram-se em zonas tropicais, cuja natureza lhes era desconhecida, a um ini-migo bastante inferior em número (3), ar-mado quase sempre apenas com o material que conseguia transportar às costas e sem apoio de artilharia ou de aviação. (4) Este inimigo gozava no entanto das vantagens de um forte apoio da população civil, da sua familiaridade com os recursos natu-rais da região em que actuava, de uma de-terminação baseada, entre outros factores, numa eficientíssima mentalização ideoló-gica e do valor táctico da iniciativa num processo de luta de guerrilhas para o qual o seu inimigo se encontrava inadequada-mente preparado.Por uma década ou mais, consoante as áreas de operações, as hostilidades man-tiveram-se num relativo impasse. Os ex-pedicionários dominavam, ainda que com

certa precariedade, as principais vias de comunicação e os maiores centros popu-lacionais (5) e firmavam-se em algumas zonas fortificadas do interior de onde lan-çavam operações de patrulhamento mas onde sofriam frequentes flagelações.O mato pertencia apenas a quem de mo-mento o ocupava. A impossibilidade de distinguir o inimigo entre a população civil representava uma constante fonte de enervamento e de ansiedade. Lançou-se mão de uma política de terra queimada (ataques com de napalm, incêndio de al-deias e colheitas, transferência de popula-ções para aldeamentos e, no caso do Viet-name, intensa desfoliação das florestas por processos químicosTentou-se a acção psicológica, o apelo à deserção do inimigo e, quando consegui-da, o seu alistamento em unidades espe-ciais anti-guerrilha, Kit Carson Scouts ou flechas, e incentivou-se o desenvolvimento económico mas tudo sem apreciáveis re-sultados. A guerra estabilizava-se além-mar mas ia-se perdendo na pátria.Das zonas de operações chegavam, em números crescentes, ataúdes, corpos es-tropiados e espíritos traumatizados. As só-brias listas de mortos (6) iam cavando um fosso na confiança dos que antes tinham apoiado a guerra ou pelo menos revelado certa complacência em relação a ela. O descontentamento aumentava.Nos Estados Unidos as manifestações pacifistas sucediam-se, a vituperação da guerra entrava num rápido crescendo. Em Portugal, país então de muito restrita pos-sibilidade de expressão pública, a oposição era mais surda e necessariamente clandes-tina mas não excluía fortes protestos estu-dantis e esporádicos actos de violência. O efeito foi não obstante idêntico. As guerras em que os dois países se tinham envolvido perderam-se em realidade na retaguarda, por desgaste psicológico, quase por abdi-cação.

No caso dos Estados Unidos a motivação imediata da der-rocada foi uma impetuosa ofensiva, desencadeada aliás

quando já a quase totalidade das tropas norte-americanas havia sido evacuada, entregando a defesa ao apático, corrupto e ineficientíssimo exército do Vietname do Sul.Em Portugal, onde mais rígidas estruturas políticas imperavam, teve de vir a revi-ravolta de uma madrugada de Abril que trouxe ao poder guerreiros cansados e de-sanimados.Nos dois países a guerra deixou um intenso amargo de boca. Em ambos se avolumou a consciência de que nada se tinha ganho, de que fora desperdiçada a vida de tantos jovens(7) e causada a inutilização física ou espiritual de tantos mais. De igual modo foram desastrosos os custos materiais. (8)As atrocidades individuais ou colectivas foram discretamente ignoradas ou mini-mizadas pela comunicação social, com a gritante excepção de Mai Lai (9) e a muito mais ténue de Wiryamu. (10) Este último caso, por certo, foi sempre violentamente negado pelas autoridades portuguesas. É curioso notar, que até hoje, tanto nos Es-tados Unidos como em Portugal, se sente uma marcada relutância a mencionar, e ainda mais a discutir, actos de inútil vio-lência praticados pelas suas forças arma-das.Mais de um quarto de século passou mas as memórias desses tempos persistem ví-vidas em milhares de mentes.

NOTAS(1) Com toda a probabilidade o termo “delapalissiano” não figura em qualquer dicionário português. Foi aqui arbitraria-mente introduzido, com o sentido de “ple-onástico”, em memória do heróico cavalei-

ro francês Monsier de la Palisse, caído em combate frente às muralhas de Pavia.Numa balada composta em sua honra la-mentava-se o carácter súbito da sua mor-te:

Monsieur de la PalisseIl est mort devant Pavie.

Un quart d’heure avant sa mortIl faisait encore envie.

Como sem embargo pode ocorrer em tex-tos transmitidos por via oral, a letra da ba-lada foi corrompida e em vez de “faisait encore envie” passou a cantar-se “était en-core en vie”.Deste modo o bravo guerreiro tornou-se internacionalmente famoso por se haver noticiado, não que fazia inveja pelo seu valor, mas que ainda estava vivo quinze minutos antes de morrer.

(2)Após o envio de “conselheiros milita-res”, as primeiras tropas americanas che-garam ao Vietname a 6 de Março de 1966. No seguimento da chamada “vietnami-zação” da campanha (a redução de efec-tivos norte-americanos) determinada pelo Presidente Nixon no verão de 1969 ante o incremento das manifestações de protesto nos Estados Unidos e de uma fulgurante ofensiva norte-vietnamita, os últimos mi-litares americanos deixaram apressada-mente Saigão a 30 de Abril de 1975.Como se sabe, as guerras do Ultramar duraram de 1961 a 1974. A primeira vo-lumosa chegada de tropas metropolitanas a África, mais especificamente a Angola, teve lugar a 1 de Maio de 1961. As últimas unidades deixaram Angola a 23 de No-vembro de 1975.

(3) Em 1968 os Estados Unidos dispunham de cerca de 525 000 homens na Península da Indochina. Nos primeiros tempos da guerra estimava-se em 10 000 o número de guerrilheiros do Viet Cong, mais tarde por vezes apoiados por pequenos contin-gentes do Exército Norte-Vietnamita.No ponto mais alto da contenda Portugal empenhava no Ultramar à volta de 140 000 homens. Em números redondos o PAIGC contava com 10 000 combatentes, o MPLA com 7 000, a FNLA com 5 000, a UNITA talvez com menos de 5 000 e a FRELIMO com 9 000, num total portanto de aproxi-madamente 35 000 guerrilheiros.

(4)Recorde-se todavia que, sobretudo em África, o armamento ligeiro utilizado pelos guerrilheiros podia ser de superior qualidade ao dos exércitos regulares.

(5) Contudo, ao contrário do que sucedia na Guiné, Angola e Moçambique, no Vie-tname não existiam zonas que se pudes-sem considerar de facto seguras, pois até a capital estava sujeita a ocasionais ataques

por parte dos guerrilheiros.

(6)Em alguns casos não foram incluídos nas listas de baixas em combate os mili-tares norte-americanos feridos que aca-bavam por morrer no hospital e os comu-nicados das forças armadas portuguesas espaçavam por períodos de alguns dias a publicação dos nomes dos caídos numa de-terminada operação.

7) A intervenção dos Estados Unidos no Vietname implicou o envio de cerca de 2 590 000 militares e custou a vida de 58 169, 11 465 deles adolescentes. Quase 46 000 destas mortes ocorreram em combate. Registaram-se também mais de 4 000 por acidentes, cerca de 1 000 por suicídio e ou-tras tantas por homicídio e à volta de uma centena por abuso de drogas. Cerca de 304 000 foram feridos, tendo uns 5 000 sofrido amputações de membros. . Calcula-se que as forças norte-vietnamitas sofreram 444 000 mortos e as sul-vietnamitas 220 557. Uns 587 000 civis vietnamitas também perderam a vida. Em total a guerra cus-tou ao país aproximadamente um milhão e meio de mortos. Em números globais estima-se que esta contenda causou 2 122 000 mortos e 3 651 000 feridos.As estatísticas que têm vindo a lume sobre baixas portuguesas em África apontam patentes contradições. Todavia, segundo fontes oficiais, as guerras do Ultramar acusaram um balanço de 8 290 mortos, 46,6% deles em combate, e 26 223 feridos. Outras fontes apontam para 9 196 mortos, 8 417 do Exércoto. 498 da Força Aérea e 281 da Armada. As duas últimas cifras incluem respectivamente pára-quedistas e fuzileiros navais..Comparado com o americano, o esforço de guerra português foi proporcionalmente muito mais oneroso em termos de perdas humanas. Os mais de 8 000 mortos por-tugueses teriam representado em números redondos o equivalente a 275 000 mortos americanos, a aplicar uma correlação en-tre baixas e o total da população.

(8) O custo da guerra para os Estados Uni-dos foi de um bilião e meio de dólares (não se olvide que “bilião” significa um milhão de milhões e “billion” mil milhões)e para Portugal mais de 260 milhões de contos. Em 1972 as despesas militares represen-tavam já 56,4% do orçamento do Estado Português,

(9)No dia 16 de Março de 1968 um pelotão norte-americano sob o comando do alferes William L. Calley recebeu ordens de ata-car a aldeia de Mai Lai, onde se supunha estar aboletado um batalhão inimigo. Os atacantes não encontraram qualquer resis-tência mas apesar disso levaram para junto de uma vala mais de 100 homens, mulheres e crianças da aldeia que foram de imediato executados, ao que parece de acordo com ordens recebidas por rádio do comandante da companhia. Esse massacre gerou uma enorme indignação internacional.

(10) A 16 de Dezembro de 1972 na aldeia de Wiryamu e nas aldeias vizinhas de Cha-wola e Jawau (Moçambique) elementos da DGS e do 6º. Grupo de Comandos, como represália por um avião português haver sido atingido a tiro nessa zona, abateram com requintes de grande crueldade cerca de 400 africanos, incluindo mulheres e crianças. Esse massacre conduziu a vigo-rosas denúncias em vários países.

Minha Língua Minha Pátria

Eduardo Mayone [email protected]

Duas Guerras Perdidas: Vietnam e Ultramar Português

Page 21: Tribuna April 1 2009

21PATROCINADORES

FRATERNAL ACTIVITIES OF THE SOCIETY

Luso American Fraternal FederationSociedade Portuguesa Rainha Santa Isabel

APRIL 2009 LAFF

Date Time Council City LocationSunday, 11th 6:30 pm

Cocktails7:00 Dinner

17B GustineP r e s i d e nt s Visit

Gustine GPS Hall 3rd St, Gustine, CA

S a t u r d a y , 25th

6:30 pm Cocktails7:00 Dinner

23B-45C TracyP r e s i d e nt s Visit

I.P.F.E.S. Hall430 W 9th StreetTracy

MAY

Friday, 1st 7:00 pm Cocktails7:30 Dinner

Luso 5 IdahoP r e s i d e nt s Visit

Magic Valley Portuguese Hall625 E Ave FWendell, Idaho

APRIL SPRSISaturday, 4th Noon 26 Newcastle

P r e s i d e nt s Visit

For more info contact Emily Santone916-652-1237

Sunday, 5th P r e s i d e nt s VisitMore info to follow

Gilroy, Salinas, St. cruz and Hollister will have joint visit

T h u r s d a y , 9nd

11:30 amSecretary The-resa Laranjo209-826-2729

66 Los BanosP r e s i d e nt s Visit

Country Waffle845 W Pacheco Blvd, Los Banos

Monday, 13th Luncheonat 12 noon

114122130140

ModestoP r e s i d e nt s Visit

Secretary Cou-ncil # 140209-862-3738Agnes Terra, #114209-522-0101

St. Stanislaus Church Hall7 and J StModestoRSVP by April 1stLucille Daniels, #122209-462-3774Mary Machado, # 130209-634-2078

LUSO AMERICAN LIFE

20-30’s Associate President Liz Alves, State President Liz Rodrigues, State Youth President Gary Resendes

Contact LAFF 925-828-4884

SPRSI Presidents:

Constance Brazil, Tisha Cardoza, Brianne Mattos

Festa de Nossa Senhora de Fatima de Oakdale

13-19 de Abril de 2009Presidente: Joe e Maria RodriguesVice-Presidentes: Duarte & Mary BentoSecretario: Mario RodriguesTesoureiro: Joe Parreira

Segunda-feira, 13 de Abril aQuarta-feira, 157:00 pm - Terço7:30 pm - Missa em Português

Quinta e Sexta-feiras 16, 17 de Abril6:00 pm - Confissões em Português7:00 pm - Terço7:30 pm - Missa em Português

Sabado, 18 de Abril7:00 pm - Missa em Português, seguida da Procissão de Velas

Domingo, 19 de Abril10:30 am - Missa em Português, seguida de Procissão. Depois será servido almoço a todos os presentes.Durante a tarde haverá leilão. Agradecemos as vossas ofertas para o leilão e também a vossa presença.O servico religioso estará a cargo de Fr. Luis Dutra, Pároco de Castelo Branco, Faial, Açores e Monsenhor Aloys Conrad Gruber

St. Mary’s ChurchC/O Pontiac & Oak Avenues, Oakdale, CA

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22 1 de Abril de 2009DESPORTO

A primeira ronda de jogos deste ano rela-tiva à fase de qualificação para o Campeo-nato do Mundo de 2010 regressa no sábado e na quarta-feira, com vários encontros entre selecções que disputam a liderança dos respectivos grupos. Os nove vencedo-res dos agrupamentos e os vencedores dos “play-offs” disputados a duas mãos entre os oito segundos classificados que possuí-rem melhor registo contra as cinco equipas de topo do respectivo grupo irão disputar a fase final do torneio na África do Sul, entre os dias 11 de Junho e 11 de Julho de 2010.

Grupo 1

Dois pontos separam cinco das seis equi-pas, com a Suécia em penúltimo lugar apesar de ainda estar invicta. A Dinamar-ca soma sete pontos em três jogos e leva vantagem no topo do grupo sobre a Hun-gria pela diferença de golos, sendo que os húngaros disputaram quatro encontros. A Albânia está um ponto atrás, tendo perdido a hipótese de conquistar a liderança quan-to empatou a zero em Malta num dos três jogos da fase de qualificação europeia dis-putados em Fevereiro, o seu quinto no to-tal. Portugal e Suécia estão um ponto mais atrás, com quatro e três jogos disputados, respectivamente. No sábado, Portugal de-fronta a Suécia, enquanto a Dinamarca vi-sita Malta e a Hungria vai até à Albânia, que por sua vez visita a Dinamarca a 1 de Abril, no mesmo dia em que a Hungria joga ante Malta.

Grupo 2

O início perfeito da Grécia terminou com uma derrota em casa por 2-1 contra a Su-íça em Outubro, mas o campeão europeu de 2004 tem um ponto de vantagem sobre Israel, que irá defrontar no sábado em Te-lavive e na quarta-feira em Heraklion. A Suíça está um ponto atrás e joga diante da República Moldava, última classificada, primeiro fora de casa e depois na qualida-de de anfitriã. A Letónia e o Luxemburgo, que também jogam duas vezes, estão três pontos mais atrás, mas com vantagem se-melhante sobre os moldavos.

Grupo 3

A Eslováquia lidera um grupo equilibrado, com a Irlanda do Norte, a República Checa, a Polónia e a Eslovénia todas a dois pontos. A Irlanda do Norte tem mais um jogo dis-putado, uma vitória por 3-0 em San Mari-no, em Fevereiro. No sábado, a Eslovénia defronta a República Checa e a Irlanda do

Campeonato do Mundo 2010

Europa centra-se no Mundial

Norte a Polónia. Quatro dias mais tarde, a Eslováquia tem uma curta deslocação a Praga, enquanto os norte-irlandeses rece-bem a Eslovénia e a Polónia joga contra San Marino.

Grupo 4

A Alemanha manteve-se invicta em Outu-bro, tendo derrotado a Rússia e o País de Gales, pelo que soma dez pontos em quatro jogos. A Rússia segue a quatro pontos, os mesmos dos galeses, mas tem um jogo a menos, enquanto a Finlândia tem quatro pontos em três jogos. A Rússia, comanda-da por Guus Hiddink, que entretanto tam-bém assumiu o comando do Chelsea FC, recebe o Azerbaijão no sábado, dia em que a Alemanha joga ante o Liechtenstein e o País de Gales defronta a Finlândia. Na jor-nada seguinte, a Alemanha desloca-se ao País de Gales e a Rússia joga contra o Lie-chtenstein.

Grupo 5

A Espanha não abrandou o ritmo e, desde que conquistou o UEFA EURO 2008™, a selecção comandada por Vicente Del Bos-que somou vitórias sobre a Bósnia-Herze-govina, Arménia, Estónia e Bélgica. A ain-da invicta Turquia, semifinalista do último Europeu, está no segundo lugar a quatro pontos do líder e defronta a Espanha no sábado, em Madrid, recebendo depois os espanhóis quatro dias mais tarde em Istam-bul. A Bélgica está um ponto atrás da Tur-quia, seguindo-se a Bósnia-Herzegovina, duas selecções que também se encontram duas vezes, em Genk e em Zenica. A Ar-ménia e a Estónia também se defrontam nesta dupla jornada, ambas à procura da primeira vitória.

Grupo 6

A Inglaterra possui o mesmo total da Espa-nha de 12 pontos con-quistados em quatro jogos e é o melhor ata-que da fase de quali-ficação com 14 golos, incluindo um triunfo por 4-1 na Croácia e, mais recentemente, uma vitória por 3-1 na Bielorrússia. A Croá-cia e a Ucrânia estão cinco pontos mais atrás, mas têm quatro de vantagem sobre a Bielorrússia e o Ca-zaquistão. A Ucrânia, ainda invicta, tem menos um jogo e vai tentar surpreender no

dia 1 de Abril quando visitar os ingleses; no mesmo dia, a Croácia desloca-se a An-dorra e o Cazaquistão defronta a Bielor-rússia. Não se disputam jogos no sábado neste grupo.

Grupo 7

A Sérvia e a Lituânia têm cinco pontos de vantagem sobre três selecções que partici-param no UEFA EURO 2008™, França, Áustria e Roménia, num grupo que tem produzido resultados surpreendentes. Em Setembro, a Lituânia derrotou a Roménia e a Áustria, que tinha vencido a França, que, por sua vez, já tinha derrotado a Sér-via. Em Outubro, as Ilhas Faroé empata-ram com a Áustria e a Roménia empatou a dois golos com a França, depois de ter estado em vantagem por 2-0, enquanto a Sérvia esteve inspirada e ganhou fren-te aos lituanos, treinados pelo português José Couceiro, por 3-0 e a Áustria por 3-1. A emoção deverá continuar no sábado, quando a Lituânia jogar diante da França, que tem um jogo a menos, tal como a Ro-ménia, cuja selecção defronta a Sérvia. A próxima partida da Áustria é quatro dias mais tarde contra a Roménia, no mesmo dia em que a França volta a defrontar a Li-tuânia.

Grupo 8

Em Fevereiro, a República da Irlanda der-rotou a Geórgia por 2-1 e equilibrou ainda mais as coisas, pois somou dez pontos e igualou na liderança a Itália, que tem ago-ra vantagem de apenas um golo. A Bul-gária está no terceiro lugar a sete pontos após três empates e tem um ponto de van-tagem sobre o Montenegro e a Geórgia, e dois sobre o Chipre. No sábado, a Irlanda defronta a Bulgária e a Itália viaja até ao Montenegro, antes do jogo entre os dois líderes a 1 de Abril, em Bari. Nesse dia, a Bulgária mede forças diante do Chipre e o Montenegro visita a Geórgia.

Grupo 9

A Holanda venceu os três jogos disputados no único grupo de cinco equipas e tem uma vantagem de cinco pontos na liderança. A Escócia e a Islândia, que têm mais um jogo disputado, são os adversários mais próxi-mos, tendo a ARJ da Macedónia somado três pontos e a Noruega apenas dois, fru-to de com dois empates e uma derrota em casa ante os holandeses, a 15 de Outubro. Os homens de Bert van Marwijk defron-tam a Escócia no sábado e os macedónios na quarta-feira seguinte, dia em que a Is-lândia visita Glasgow para defrontar os escoceses. A Noruega regressa à acção a 6 de Junho na Macedónia.

Fonte:Uefa

UEFA distingue individualidades

O jantar do XXXIII Congresso Or-dinário da UEFA, realizado na terça-feira, deu a oportunidade ao orga-nismo que rege o futebol europeu de distinguir diversas individualidades.Serviços relevantesOs responsáveis distinguidos nes-ta ocasião foram os seguintes: Jim Boyce (Irlanda do Norte), David Collins (País de Gales), Jacques Li-énard (França), Michal Listkiewi-cz (Polónia), Vlatko Markovic (Croácia),Volker Roth (Alemanha) e Rudolf Zavrl (Eslovénia).Prémios da Ordem de Mérito:RubiLeszek Rylski (Polónia)Victor Ponedelnik (Rússia)EsmeraldaEduard Malofeev (Bielorrússia)Ante Pavlović (Croácia)Sir Bobby Robson (Inglaterra)Eddie Barry (Irlanda do Norte)† Nodar Akhalkatsi (Geórgia) – A tí-tulo póstumo, entregue ao seu filho, Nodar Akhalkatsi, actualmente pre-sidente da Federação de Futebol da Geórgia.

Page 23: Tribuna April 1 2009

23PATROCINADORES

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24 1 de Abril de 2009TAUROMAQUIA

Grandes Corridas de Toiros em Las VegasUma empresa mexicana (Don Bull Pro-ductions) está empenhada em dar corridas de toiros em Las Vegas e com cartazes de alto gabarito. Numa delas teremos como cavaleiros Rui Fernandes (Portugal), An-tonio Domecq (Espanha) e Antonio Her-nandez Garate (Mexico). Na corrida a pé teremos Eulalio Lopez “El Zotoluco” (Mexico), Alejandro Amaya (Mexico) e Julio Benitez “El Cordobés” (Espanha). Forcados de Turlock, California e Maza-tlan, México. As corridas terão lugar nos dias 14 e 15 de Setembro de 2009.

Também nos dias 28 e 29 de Setembro, bem como a 12 e 13 de Dezembro, Las Vegas terá mais uma vez oportunidade de ver grandes matadores espanhois.Esta é uma grande oportunidade para que a população americana possa ver a arte e a beleza da Festa Brava. O importante é que tudo seja feito com profissionalismo e com respeito pe-las normas da festa brava e por aque-les que vão pagar os seus bilhetes. Enhorabuena!

Tiro o meu chapéu à orga-nização da Festa de Stevinson por ter mudado o cartel de 2 para 3 cavaleiros. Boa decisão. Todos ficamos a ganhar. Oxalá outros mudem também.

Tiro o meu chapéu a uma empresa mexicana que está a investir em Corridas de Toiros em Las Vegas, usando toiros e cavalos da California. Assim se promove a festa brava em terras do Tio Sam.

Quem pensava que ia haver “sangue” na entre-vista que tivemos com o Alvaro Aguiar, enganou-se re-dondamente. Houve sim uma conversa entre dois ami-gos que se respeitam, sobre toiros, touradas e o futuro da festa. As vezes no calor do “microfone” dizem-se coisas que valem o que valem. Quer eu, quer o Alvaro, somos realmente priviligeados, porque temos um jornal e um programa de toiros a nossa disposição, onde po-demos expressar as nossas convicções e o nosso amor à festa. Nem toda a gente tem essas possibilidades.E mais conversas entre nós os dois haverá no fu-turo. Será sempre um prazer falar de toiros e da festa.

Como podem ver nas estatísti-cas publicadas aqui ao lado, a nossa festa tem nu-meros impressionantes para o tamanho da mesma.Eu sei que há ganaderos que tem vacas a mais e talvez toiros a mais, pelo amor que tem à festa e pela dificul-dade que tem em matá-los, se os não correm. Com-preendemos essa ligação ao toiro, mas temos que pen-sar na racionalidade empresarial dessas ganadarias. Impressionante também o número de cavalos exis-tentes na California e prontos a cumprirem a sua mis-são. Isto demonstra o investimento que tem sido feito em prol da festa e da qualidade da mesma.Devemos estar todos de parabéns.

Mário Miguel continua a treinar dura-mente para começar uma temporada que lhe pode trazer triunfos como no passado. Esta paragem de dois anos só lhe veio trazer saudades do toureio e ganas de mostrar que o que se sabe de coração nunca se esquece.Vamos vê-lo em Maio na Corrida de Elk Grove, tendo como companheiro da noite o cavaleiro Sario Cabral.Boa sorte para ambos.

Quarto Tércio

José Á[email protected]

Temporada 2009

Quem são os nossos taurinosGANADARIAS Toiros para

2009Vacas de

ventreSementais Corridas 2009 Toiros Corri-

dos em 2008Candido Costa 30 + 65 3 2 + 1/2 30Joe Pacheco 16 45 1 2 1/2 6Mario Teixeira 2 8 1 0 0Manuel Correia 0 11 1 0 0Antonio Cabral 12 45 4 0 6Antonio Nunes 0 25 1 0 0Manuel da Costa Jr 40 70 8 3 1/2 + 4 30Joe Rocha 18 45 3 1/2 0Açoriana 38 110 4 5 + 1/2 24Joe Souza 18 77 4 0 5Manuel Sousa Filhos 24 130 10 2 + 2 1/2 6Joe Parreira 3 50 3 0 0Frank Borba Filhos 30 + 80 2 4 + 6Manuel do Carmo 30 110 2 1 + 1/2 0

COUDELARIAS Cavalos 2009 A desbastar Éguas Poldras Poldros

Agualva 10 6 25 6 4Antonio Cabral 10 5 6 3 1M & M 9 4 4 2 6

Sário Cabral - 2009 uma temporada importante

Sário Cabral vai ser o primeiro cavaleiro a partir praça na temporada de 2009, na Corrida de Santo Antão. Também ire-mos ver um dos maiores e mais clássicos matadores mexicano nessa mesma corri-da - Fernando Ochoa, que infelizmente nunca triunfou na California devido à

falta de matéria prima. Veremos outro matador mexicano, JL Angelino, que tem feito boa figura nas nossas praças. A forcadagem terá a sua estreia e esse primeiro dia é importante para esses jovens,ao enfrentarem um animal tão nobre e bravo como é o toiro.

Page 25: Tribuna April 1 2009

25PATROCINADORES

VISITAS OFICIAIS PARA O MÊS DE ABRIL

April 3, 2009 – 6:30 PMOfficial Visit, Co #65, Mountain View. Tel: 408-243-4079 April 4, 2009 – 12:00 PMOfficial Visit, Co #37, Monterey. Tel: 831-758-9709 April 5, 2009 – 1:30 PMOfficial Visit, Co #32, San Jose. Tel: 408-263-0935

April 17, 2009 – 6:30 PMOfficial Visit, Co. #15, San Francisco. Tel: 415-731-3002 Aril 18, 2009 – 7:00 PMOfficial Visit, Co #1, San Leandro. Tel: 510-814-0697 April 19, 2009 – 12:30 PMOfficial Visit, Co #24, Stockton. Tel: 209-477-6441 April 25 Saturday Official Visit, Co #37 Monterrey Tel: 831-758-9709

Abril

Page 26: Tribuna April 1 2009

26 1 de Abril de 2009ARTES & LETRAS

Diniz [email protected]

Apenas Duas Palavras

Açores - Nove Ilhas, Uma História

Nota da Coordenadora

Como é muitas vezes o caso, este projecto nasceu da necessidade de preencher uma lacuna sentida por professores de Língua e Cul-

tura Portuguesas em geral, e Cultura Aço-riana em particular. Assim, durante vários anos nutri o desejo de levar a publicar uma tradução em Inglês da História dos Açores, em parte devido a importância histórica e estratégica deste arquipélago, mas também porque os Açores são o território de origem da esmagadora maioria dos Portugueses residentes no Continente da América do Norte. No entanto, o projecto continuava a ser adiado, principalmente devido à minha incapacidade de encontrar uma edição da História dos Açores que correspondesse a todas os meus objectivos. O texto tinha que ser claro, conciso, representativo de todas as ilhas do arquipélago, e principalmente com rigor científico. Após diversos anos de busca, resignei-me a noção que tal texto ainda não tinha sido compilado, e como tal concentrei os meus esforços em encontrar a pessoa com capacidade e disponibilidade para aceitar tamanho desafio.Com esta busca em mente, durante uma das minhas visitas aos Açores, falei sobre o projecto a minha colega Rosa Simas, que dirige um Mestrado em tradução na Uni-versidade dos Açores. Eu estava convicta que ela era a pessoa certa para se encar-regar da tradução dum texto de esta índo-le, portanto decidi recruta-la para a busca do texto Português adequado. Como cos-tume, A Professora Doutora Rosa Simas demonstrou entusiasmo sobre o projecto,

e comprometeu-se em fazer o possível para a sua eventual concretização. Juntas apresentamos o plano do projecto ao Pro-fessor Doutor Avellino de Freitas de Me-neses, Professor de História especializado na História dos Açores e Magnífico Reitor da Universidade dos Açores, que imedia-tamente abraçou o projecto e identificou “a pessoa perfeita” para assinar o texto. No dia seguinte encontrei-me com a Professora Doutora Susana Costa para lhe apresentar o projecto. A possibilidade de desenvolver um texto que posteriormente seria tradu-zido pela Dra. Rosa Simas e finalmente publicado pelo Programa de Estudos Por-tugueses da Universidade da Califórnia, Berkeley foi no mínimo alarmante. E em primeira instância, a Dra. Costa expres-sou uma certa relutância em lançar-se num projecto de tamanha dimensão, mas o fas-cínio pela investigação e a sua impecável responsabilidade profissional triunfaram e ela acabou por aceitar o desafio e imedia-tamente iniciou o trabalho.O texto resultante é fruto de vários anos da total e completa dedicação da Dra. Susa-na Costa, que escreveu uma narrativa que embora ancorada em pesquisa científica é de leitura aprazível. O texto resultante evi-dencia a trajectória e o progresso de cada uma das ilhas do arquipélago e atravessa camadas sociais e divisões políticas. Esta é verdadeiramente a História do Arquipé-lago dos Açores e do povo Açoriano cujo trabalho, sofrimento e vitórias contribuí-ram para o desenvolvimento destes nove pequenos torrões de terra localizados no meio do Atlântico Norte, entre o Conti-nente Norte Americano e a Europa. Esta

é uma história de coragem, perseverança e absoluta dedicação à sua terra natal que merece ser contada. E Essa é precisamente o objectivo desta publicação. Há um número imenso de pessoas a quem devo agradecer, pois sem eles esta publica-ção não teria sido possível. Como tal, agra-deço profundamente a todos os que de uma forma ou outra contribuíram para tal. Em particular, agradeço a todos os indivíduos e organizações que apoiaram esta publi-cação; especificamente, quero agradecer a Fundação Luso Americana para o De-senvolvimento (FLAD) e ao Governo Re-gional dos Açores pelo seu generoso apoio financeiro, assim como pela autorização para utilização de fotos e imagens em de-pósito nos seus arquivos históricos. Agra-deço ao Sr. Rui Melo, o autor da lindíssima capa deste livro. Criou a capa perfeita pois demonstra a beleza e o poder do elemento que rodeia cada uma das ilhas dos Açores. Agradeço a sua capacidade artística, a sua sensibilidade e a sua capacidade de inter-pretar o texto que é magnificamente abra-çado pelo fruto do seu talento. Como não podia de ser, fico eternamente grata à Pro-fessora Dra. Rosa Simas pela magnífica tradução de um texto detalhado e extrema-mente complexo, a sua meticulosa atenção ao detalhe e a sua incansável dedicação es-tão claramente evidenciadas em cada pági-na da versão Inglesa. Este foi um projecto de dimensões megalíticas com prazos pra-ticamente impossíveis, que só alguém com as suas capacidades linguísticas e profis-sionalismo poderia concretizar. Assim, para além do seu profissionalismo, capa-cidade e talento, agradeço profundamente

É com muito gosto que publicamos dois textos incluídos no novo livro, Açores: Nove Ilhas, Uma história—Azores: Nine Islands, One History. Esta obra é, seguramente, um contributo impor-tante para os Açores e para as nossas comunidades. O livro, publicado pela Universidade da Califórnia, Berkeley, com organização e coordenação da di-nâmica Deolinda Adão, vem preencher uma grande lacuna nas publicações sobre os Açores. É que há muito que se pedia uma história dos Açores, nas nossas duas línguas. Ainda bem que a Deolinda, que tem sempre mil projec-tos entre mãos, impulsionou esta pu-blicação. Agradecemos a ela, à autora, Susana Goulart à tradutora Rosa Neves Simas e a todos quantos patrocinaram este livro. A parte dos autores, coordenadores e editores está feita. Agora chegou a nos-sa vez. Daí que solicitamos a todas as comunidades, do norte ao sul da Cali-fórnia, na Costa Leste e no Canadá, que há semelhança do que aconteceu recen-temente na pequena e pacata cidade de Tulare, organizem lançamentos. Não há desculpa, nenhuma mesmo, para que não se organizem sessões de lançamen-to deste livro através de todo o estado, de todo o país, de todo o continente norte-americano. Este livro, escrito nas nossas duas lín-guas, é demasiado importante para ficar no rol do esquecimento. A Deolinda Adão, o Portuguese Studies Program, trouxe o livro à luz do dia, agora é nos-sa responsabilidade de o passarmos às nossas comunidades. Mãos à obra! Abraçosdiniz

PREFÁCIO

Nos Açores, há uma tradição de investigação histórica, que quase enraíza nos alvores da humanização. Na verdade, a mais de quatro séculos de dis-tância, as Saudades da Terra de Gaspar Frutuoso constituem, ainda hoje, a obra-prima da historiografia açoriana. Para tanto, influem a correlação com as realidades metropolita-na e europeia, a abertura à di-mensão atlântica e a individu-alização local de uma vivência diferente, porque organizada num ambiente assaz diverso da matriz continental. Aliás, da crónica frutuosiana, brotaram outros cultores da nossa Histó-ria. No decurso da Modernida-de, é justa a rememoração do Espelho Cristalino em Jardim de Várias Flores, de Frei Dio-go das Chagas, da Fénix An-grence, do Padre Manuel Luís Maldonado, das Crónicas da Província de S. João Evange-lista das Ilhas dos Açores, de Frei Agostinho de Montalver-ne, e da História Insulana das Ilhas a Portugal Sugeytas no Oceano Occidental, do Padre António Cordeiro. A listagem peca, entretanto, por escas-sa. Com efeito, olvida nomes e obras que também merece-riam o devido realce. A título de exemplo, quem se atreve a não destacar Francisco Afonso de Chaves e Melo e A Marga-rita Animada? Com a entrada na Contemporaneidade, não afrouxa, antes recrudesce, a verve historiográfica de suces-sivas gerações de açorianos

ilustrados. No século XIX, da afirmação do Liberalismo à in-fluência do Positivismo, assis-timos à multiplicação das lucu-brações, e consequentemente dos estudos, que possuem por objectivo uma mais perfeita re-constituição do passado. Entre todos, os Anais da Ilha Tercei-ra e o Arquivo dos Açores, de Francisco Ferreira Drummond e de Ernesto do Canto, respecti-vamente, são expoentes incon-tornáveis. No século XX, das manifestações políticas de um nacionalismo mais exacerbado às tendências económicas de um materialismo menos lírico, todas as correntes ideológicas possuíram no arquipélago uma correspondente tradução his-toriográfica. Todavia, é a par-tir de 1976, com a criação da Universidade dos Açores e sob a direcção de Artur Teodoro de Matos, que verdadeiramen-te se opera uma revolução na historiografia açoriana, carac-terizada pelo acréscimo dos in-vestigadores e da bibliografia.Algumas crónicas de outrora equivalem a intentos de re-dacção de uma História dos Açores. No entanto, a diver-sidade do arquipélago sempre embaraçou o entendimento do conjunto. O resultado con-sistiu então na dificuldade da realização da síntese histórica, requerida pelo propósito de in-teligibilidade do saber. Não ad-mira, pois, que por meados de oitocentos o investigador mica-elense José Torres justificasse a inexistência de uma História dos Açores com a incipiência da investigação, muito longe

da cobertura indispensável de todos os tempos e de todos os lugares. Depois dele, apesar do progresso da pesquisa sobre o passado, todos os estudiosos impuseram novas exigências à realização de uma súmula de história das ilhas, adiando quase indefinidamente a con-cretização da tarefa. Claro que é possível a identificação de algumas tentativas de suma-riação, na generalidade inten-tadas por autores mais afoitos, mas menos prudentes, pouco versados nas lides da recolha, do tratamento e da interpreta-ção das fontes. O desfecho foi naturalmente inevitável, isto é, o arrojo da intenção soçobrou perante a modéstia do efeito.Hoje, um tanto à semelhança do passado, ainda pensamos que a compreensão da história dos Açores exige a continuida-de de uma investigação atura-da, que faça luz sobre espaços e períodos menos contempla-dos pelos estudos históricos. Porém, agora, bem ao invés da crença no cientificismo absolu-to e intangível de outrora, to-dos admitem a relatividade do conhecimento, que obriga a um trabalho infinito e apaixonante de construção, desconstrução e reconstrução do saber. A in-teriorização pela comunidade científica do carácter eminen-temente provisório da síntese reverteu na generalização dos projectos de explicação do evoluir histórico de um todo pela interpretação dos contri-butos das suas partes. Assim, na historiografia nacional, sucederam-se as edições das

Histórias de Portugal e da Ex-pansão Portuguesa. Do mesmo modo, o surgimento de uma série de biografias dos nossos Reis e das nossas Rainhas con-firma a continuidade da mesma tendência. Como é óbvio, os Açores não ficam imunes aos movimentos historiográficos que espreitam do exterior. Ali-ás, proximamente, na sequên-cia da inovação historiográfica propiciada pela Universidade dos Açores, surgirá com chan-cela do Instituto Açoriano de Cultura uma História dos Aço-res. No caso, trata-se de uma obra colectiva, que permitirá o aprofundamento de muitos te-mas, fruto do grau de especia-lização dos seus colaboradores, que evidenciará eventualmente uma menor uniformidade das partes, consequência inevitável da diversa formação dos seus colaboradores. Antes disso, a Doutora Susana Goulart Costa, Professora do Departamento de História, Filosofia e Ciên-cias Sociais da Universidade dos Açores, apresenta estes Açores: nove ilhas, uma his-tória, um sumário de mais de meio milénio de suceder histó-rico ilhense, onde as vantagens de uma visão uniforme dos eventos suprirão, com certeza, a impossibilidade do idêntico domínio de todas as matérias.Após muitos incentivos, certos anúncios e menos tentativas, o surgimento desta obra pro-vocará bulício na comunidade científica.

(conclui na pagina 14)

todo o seu empenho e absoluta dedicação. No que concerne a Professora Dra. Susa-na Costa é impossível encontrar palavras que expressem o meu agradecimento. A Dra. Costa não só embarcou num projecto que requeria uma investigação gigantesca, fê-lo por sugestão de uma pessoa que lhe era absolutamente estranha. Agradeço-lhe pela sua confiança, a sua impressionante capacidade académica, e por um fascinan-te e cativante texto. Agradeço o privilégio de ter tido oportunidade de partilhar este projecto com profissionais do calibre da Dra. Rosa Simas e Dra. Susana Costa, que muito dignificam a academia Portuguesa e demonstram o seu zelo científico. O tra-balho que desenvolveram é simplesmente magnífico e em muito e em todos os senti-dos excede todas as minhas expectativas. Finalmente, agradeço ao povo Açoriano cujas lágrimas, sangue e suor preenchem as páginas deste texto, a história desse povo é verdadeiramente a História dos Açores. Não posso esquecer de agradecer a todos os presentes e futuros habitantes dos Açores que continuarão a construir História e a contribuir para o progresso de desenvolvimento destes mágicos pedaci-nhos de terra que arrojadamente surgem das profundezas do imenso Atlântico.

Deolinda Maria Adão

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portugueseS e r V I N G T H e P O r T U G U e S e – A M e r I C A N C O M M U N I T I e S S I N C e 1 9 7 9 • e N G L I S H S e C T I O N

Dead at 33 or the rest of the story

Ideiafix

Miguel Valle Á[email protected]

Rev. Tony Mancuso resigns

Rev. Tony Mancuso, the Pastor at Five Wounds Portuguese National Church, has announced his resignation due to health reasons effective June 30, 2009.

In his address to the parishoners in the March 22nd church bulletin, he states “First let me say that I am grateful to all of you and to Bishop McGrath for the opportunity to serve you over these past two years as one of your parish priests. I have found great faith and love among you. Over the past few mon-ths I have been challenged with some health concerns regar-ding my heart and blood pressure that have been exacerbated by a recent automobile accident.”After 25 years of priesthood and a multitude of responsibili-ties within the Diocese and the Five Wounds Parish, Fr. Tony, as he likes to be called, has requested a one-year sabbatical from San José Bishop Patrick McGrath.In his two years at Five Wounds Portuguese National Church, Fr. Tony has been able to bring harmony to the almost-cen-tennial church. This has been critical especially during these transition years following Fr. Leonel Noia’s departure in 2002 when this church was headed by two administrators and two pastors in the subsequent six-year period.No announcement of a replacement has been made by the Diocese.

As the Lenten season culminates with the death of Je-sus Christ on Holy Friday at the age of 33, this year’s Annual Conference on Portuguese-American Educa-tion (in its 33rd edition) will be its last.What once was a model to follow attracting hundreds of high schools and college students, scholars and te-achers from throughout the US and Canada and even Portuguese-speaking nations, has suffered a slow ago-nizing death on the way to its “calvary.”After much online digging, one can finally find this year’s event on the California State University-Stanis-laus calendar (www.csustan.edu) with an anticipated attendance of only 50 people. So much work for so little return.So, it is not surprising that the Education Conference is no longer part of the newly redesigned Luso-Ameri-can website (www.luso-american.org).As this antiquated model did not work, a new model for a teachers’ meeting is developing. The US and Ca-

nadian Association of Portuguese Language Teachers (Associação de Professores de Português dos Estados Unidos e Canadá) is having its 17th meeting aboard a cruise ship on a cruise between Boston, Massachuset-ts, and Hamilton, Bermuda with on-board workshops as well as at the Portuguese Language School at the Vasco da Gama Club in Hamilton, Bermuda. Besides teachers, parents and community leaders are also in-vited to attend.The conference is free to APPEUC members and only $25 for non-members plus the price of the cruise ($1,045.95 per person).

For more information on this innovative teachers’ me-eting, contact the association at [email protected] the best and most innovative ideas always prevail and the old ones be “bem enterradas” (well buried).

Custo: $150,000.00 dolares.Aceitam-se ofertas

The Internet’s new darling seems to be Facebook, one of the many online social networks.Facebook founder and CEO Mark Zuckerberg was sued in 2004 by ConnectU for stealing its social network concept. Facebook agreed to acquire ConnectU for about $65 million dollars as part of the settlement.In an interview with Rolling Stone magazine, Facebook founder stated that “People are more voyeuristic than what I would have thought”.But Facebook’s court troubles may not be over.A longtime Portuguese student at the Universidade do Porto is considering bringing forth legal action. José Relvas Jr. claims that Facebook uses one of his inven-tions. Facebook uses a technology that accesses a user email contact list to send out invitations for the users’ “friends” to access Facebook.The soon-to-be Dr. Relvas (licenciado em computação) claims that this functionality infringes on his own me-thod where he would pay local beatas (not to be confu-sed with “beata” as in a smoked cigarette) to notify the

Mexerico social network that new friends were in the neighborhood.Facebook’s email notification is also a potential infrin-gement on Mr. Relvas’ claim that it is nothing other than those beatas calling across the alleyway or picking up their telemóvel to notify others who they barely know that so-and-so-is-on-a-hot-date-tonight, so-and-so-is-recovering-from-a-colonoscopy, so-and-so’s-wife-is-putting-the-horns-on-him, among many other “mexe-ricos.”According to Portuguese Prime Minister José Socrates, Portugal needs to be “selling technology and creating jobs” such as those being created in the hundreds of thousands of beatas by the Mexerico Social Network. At €0.60 per new user identified, it will create much ne-eded supplemental income to many deserving people.Mr. Relvas is still finalizing his social network website — www.mexerico.pt — and soon will expand to Brazil with www.fofoca.com.br.

Facebook and the “mexerico”Where would you rather attend a Portuguese language conference?

OR

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28 1 de Abril de 2009ENGLISH SECTION

Dighton Rock: many people do not want to face this rock

In a little nook along the Assonet Bay lies a museum dedicated to preser-ving an immigrant boulder whose flat side reveals centuries of inscriptions.

Dighton Rock sits on a coffer dam imme-diately above where it sat for millennia in the waters of the bay. Once called ‘Wri-ting Rock’ its inscriptions have been worn down by thousands of tides, but yet mi-raculously, much of the engraved surface is still legible. Many theories have been made throughout the past 100 years or so by people from all walks of life. It has con-jured an aura of mystery worldwide but has never made it into an academic setting.How do I put this mildly? I never heard about Dighton Rock in the 18 years I spent in the Massachusetts school system. In the five years it took me to acquire a Bachelor’s of Science in Anthropology, with a concentration in Archaeology, not once were the words “Dighton Rock” uttered during a lecture from an archa-eology or history professor, or even a geology professor. Why did I only le-arn about this treasure at the age of 34?And now I’d like to know why I am ha-ving a hard time finding an institution of higher learning which will allow me to, or help me to pursue a Master’s degree focu-sing on the engravings on Dighton Rock.Plymouth Rock, Rosetta Stone and the Stele of Hammurabi: sure no problem— but not Dighton Rock. There is a high level of disregard for this Massachuset-ts treasure. These other engraved stones are all universally academically accepted as being historically significant. I think many academic people would rather avoid something that might change what

they have been taught and what they con-tinue to teach, than face it for what it is.The inscriptions on this beautiful boul-der say Miguel Corte Real 1511. There are also four Portuguese Crosses of the Order of Christ, and a Portuguese Coat of Arms engraved on the rock. No mis-take about it. The rock is also loaded with other inscriptions of graffiti and unkno-wn images. So what does this mean? It means that the Portuguese may have ar-rived on the East Coast long before anyo-ne else is documented to have arrived.Every scientific course I ever took in col-lege highlighted the importance of using the scientific method when trying to va-lidate a theory. Let’s apply that here.What information would it take to at le-ast accept that this theory could be true? First, one has to incorporate knowledge on nautical charts, historical documents, archaeology and common sense. Portu-guese nautical history has determined, uncontested, that upon arrival in a newly discovered land during the 15th century, a local boulder would be engraved with at least the leader’s name and date. More often than not, the cross of the order of Christ would also be engraved along with the distinct Portuguese coat of arms. An example of this is on the mouth of the Congo River in Africa. The Ielala ins-criptions serve as a reminder of the age of discovery. If you look at the Ielala Ins-criptions and then look at Dighton Rock, you could easily mistake one for the other.That’s the common sense part. Here’s the historical part. We know that the Corte Real brothers reached Newfoundland. His-torical documents verify that. We know that they both disappeared shortly there-

after. Miguel was last seen by his crew, which returned to Portugal, heading southward down the North Eastern coast. Who’s to say that Mi-guel Corte Real did not travel just 800 miles south and reach Assonet Bay where his crew did what they were trained to do; engrave their presence onto a large boulder. It also means that Corte Real survived for several years after his disappearan-ce. There are too many historical facts and even simple coincidences that do not allow an intelligent per-son to just brush this under the rug.Could it be that because there is such an anti-immigration senti-ment in this country that people are unwilling to accept this theory? Is it because it’s just easier to ignore be-cause it might mean changing history books? Or maybe it’s too difficult for some people to credit ‘immigrants’ with being the first ones to accomplish this major feat?One thing is for sure; many people do not want to face Dighton Rock.

Diane Rosa is an Archeology stu-dent, in New Bedford, Massachusetts.

Mariza - like no other...

No matter how often I experience it, it is still a revelation to watch Mariza captivate an

audience, as she did on Wednes-day, March 18th, in Disney Con-cert Hall in Los Angeles.In this performance she per-formed even less traditional or classic fado, more newer fado than previously, but her choices, as always were excellent; selec-tions from the best of fado’s top lyricists and composers. Some were from earlier writers, such as David Mourão- Ferreira, Artur Ribeiro and Alain Oulman, but a number from Paulo de Carvalho, Jorge Fernando, and Rui Veloso.I confess that I am most deeply moved by traditional fado, i.e. “fad’ fado”, which was not hea-vily represented in this particular program. However it was clearly a program which succeeded in introducing Portuguese musical culture to world music audiences.I fully responded, for example, to her rendition of “Já me Deixou” by Arturo Ribeiro and Max, and I also experienced great pleasure in a number of other selections, such as Fernando’s “Chuva” and de Carvalho’s “Meu Fado Meu”. The morna “Beijo de Sauda-de” was charmingly rendered with the explanation to the au-dience that “this song has a lit-tle perfume from Cape Verde”.Is Mariza the greatest of the “new age” fadistas? We can all agree not to agree on an answer to that question. We can all hap-pily concur that there are a large number of wonderful new per-formers; I hesitate to name any of them at the risk of omitting

some reader’s favorite. Howe-ver, there is one thing that I can state unequivocally: there is no other young fadista that has the ability to reach, to move, to en-chant a non-Portuguese audience as Mariza can, Perhaps some of this was the result of influence by her mentor, the great Carlos do Carmo, but much of it appears to be instinctive. Her selection of material, her style and her deli-very, with her spectacular voice, is unsurpassed, and her warmth, her sense of humor, her abili-ty to explain her selections and involve the audience with her is nothing short of remarkable.

Another unique aspect which I believe, ende-ared the audience to her was her generosi-

ty of spirit. Not only did she pay homage to Disney Hall architect and adoring fan Frank Geary, who is her patron and largely res-ponsible for her relationship with Disney Hall, and engage warmly in Portuguese with her large and adoring Lusophonic audience, but she took considerable time to introduce each of her five ac-companists, praising their ac-complishments while interacting with each and with the audience, demonstrating a warmth and res-pect for her colleagues that com-

municated itself to the audience. This particularly impressed me. Besides the traditional fado musi-cians mentioned below, the group consisted of Marino de Freitas on viola baixo, Vicky Marques, dru-ms and percussion, and Simon James, on piano and trumpet.There was still another surprise awaiting this audience. I have known Mariza for years, even be-fore her first private performance in Los Angeles and have attended all her shows, but was unprepared and deeply moved by her rendition of the popular torch song “Cry Me a River”. I have never heard it sung better by any performer.The formal concert ended with her always- moving rendition of Tiago Machado and Amalía’s “Ó Gente da minha Terra” whi-ch concluded to another one of several standing ovations.

However, the highlight for me and, I suspect, for the entire au-dience, was the encore in which Mariza, along with Angelo Frei-re, her guitarrista and Diogo Cle-mente, her violista, performed, without amplification, a glorious Fado Mouraria, with vocals by all three performers. At the con-clusion one can only say that the audience practically tore the roof off that beautiful building.

Donald [email protected]

Editor’s Note: Mariza is schedu-led to perform in San Diego at the Balboa Theatre on April 28, in Napa at the Margrit Biever Mon-davi Theatre on April 30, in Turlo-ck on May 1 at the Turlock Com-munity Theater and in Oakland at the Paramount Theatre on May 2.

San Jose’s High Portuguese Club host 2nd annual Golf Tournament

The Portuguese Club at San Jose High Academy is having its Second Annual Golf Tournament in San Jose, on April 19th at Los Lagos Golf Course in San Jose, in order to raise funds for scholar-ships and activities which include the visit to UC Berkeley during Portuguese Youth Day at Cal and the sponsorship of students for the LAEF Youth Cultural Summer Camp which takes place this year at the University of San Francisco.Your help would be very appreciated in a variety of ways: signing up and participating in the tournament; forwarding this information to someone you know who likes to play golf; being a sponsor of the tournament or forwarding the information to someone who might sponsor it. Your support not only would be aiding the Portuguese program at San Jose High Academy but it would also provide much needed help to our students as they prepare to go to college.For more info, contact Roger Brasil 408.595.3297.

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29ENGLISH SECTION

Funcho - portuguese for fennel

California Chronicles

Ferreira Moreno

The official discovery and settlement of Madeira Island occurred presu-mably in the years 1419

and 1420. When the Portuguese navigator João Gonçalves Zargo first arrived there, the renowned Azorean historian Gaspar Fru-tuoso (1522-91) described in the second volume of his “Saudades da Terra” how Zargo had sighted a beautiful valley, covered with smooth pebbles, but no trees. Ho-wever, there was plenty of fennel dotting the valley all the way to the ocean. Zargo was so impressed with the view of so much fennel that he immediately called the area funchal, Portuguese for any ter-rain where funcho (fennel) grows extensively. On that same site, a village was soon established and named FUNCHAL which today is the capital of Madeira Island. Jenny Linford (A Pocket Guide to Herbs) stated that fennel, which has been cultivated since ancient times, grows in wasteland and dry sunny spots, particularly sea cliffs. It is an aromatic plant with a distinctive anise-like flavor and scent, long used both medicinally and culinarily. In Greek mythology, Prometheus hid the fire he stole from the gods to bring to humanity in a hollow fennel stalk. The Romans ate fen-nel shoots as a vegetable and used the small gray-brown seeds as a

flavoring for sauces. Medicinally, fennel is noted as an aid to diges-tion, with fennel seeds prescribed for stomach pains, flatulence and loss of appetite. Fennel tea is a traditional remedy for colic in infants. According to Maguelonne Tous-saint-Samat (History of Food), fennel is picked wild on the hill-sides, and the hotter the weather the stronger the aroma. Its stems and seeds are used dried but, as with dill, its leaves are pleasant to eat when they are fresh. The plant has always been known as the best herb to encourage a cow’s milk yield. Its seeds are among the ‘‘four hot seeds’’ used as sti-mulants and digestive aids.

Barbara Walker (Symbols & Sa-cred Objects) pointed out that giant fennel stalks used to be sacred to fire-maker gods. Gre-ek islanders still carry fire from one place to another in the hollow stem of a giant fennel, evidently because it is fire-resistant. The fennel retained its associa-tion with paganism, and hence witchcraft, during Medieval and Renaissance times. In northern Italy, witches calling themselves benandanti (walkers of good) fought great mock battles with “evil sorcerers” called malan-danti (walkers of evil), lest the latter’s magic should injure the crops. Those battles seem to have been ceremonial methods

of averting agricultural disasters. The weapons on both sides were fennel stalks. Apparently, fennel is a symbol of flattery, and its various parts are used to improve the sight, cure poison, reduce excess flesh and to increase the milk supply of nursing mothers and wet-nurses. The fennel was used in the rites of Adonis, and its leaves were used for crowning victors in ga-mes. (Funk Wagnalls Standard Dictionary of Folklore, Mytholo-gy & Legend). In Portuguese cuisine it is qui-te common to use fennel for making soups and broths. It was a Portuguese custom to spread green branches of fen-nel around the house to eliminate odors and fre-shen the air. Also, it was a superstitious belief to look for fennel on the morning of St. John’s Day and bring it to the house. It was believed to carry magic powers and to provide protection against lightning during thunderstorms. Curiously, I did not en-counter any references to fennel as one of rab-bits’ favorite foods. As a youngster, growing up in the Azores Islands, I re-member going to nearby fields to collect fennel to

feed the rabbits we raised in our quintal (backyard). However, whenever we selected a rabbit to be served as dinner, we would stop feeding him with fen-nel for several days, so the meat would not have a pungent taste. I must confess, quite frankly, that I love a meal of rabbit, either ro-asted or stewed, but I will never touch a bowl of fennel soup. To that, abrenuncio! (God forbid).

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30 1 de Abril de 2009

Portuguese Immigrant WeekENGLISH SECTION

The League of Portuguese Frater-nal Benefit Societies of California and I.D.E.S. Council No.14 of Hayward co-hosted the 2009 Portuguese Immigrant Week Banquet on Friday, March 13, 2009 at the I.D.E.S. Hall of Hayward located 1105 “C” Street in Hayward.The League is presently comprised of the following societies: Supreme Coun-cil of I.D.E.S., Luso-American Life In-surance Society, Supreme Council of S.E.S.; Supreme Council of U.P.E.C. and Supreme Council of U.P.P.E.C. No-Host Cocktails was at 5:30 p.m. followed by a delicious Torresmos Dinner prepared by the members of I.D.E.S. Council No. 14 of Hayward.League President Carolina Mazilu and Ro-ger Brum Vice President of I.D.E.S. Cou-ncil No.14 thanked the attendees of about 170 for their participation in the event

Folklore Group “Alma Ribateja-na” of Fremont provided the en-tertainment for the evening.The Master of Ceremonies for the eve-ning was Timothy Borges, Supreme Secretary-Treasurer of UPEC.. Mr. Borges is a League Past President and currently serves as a League Director.Mrs. Joanne Camara, a League Past President and U.P.P.E.C. Past Supre-me President was the guest speaker for the evening. Mrs. Camara honored the Portuguese-Azorean Community in the United States, especially in California.Mr. Robert O. Nolte, Chairman of the 2009 Portuguese Immigrant Week Cele-brations thanked everyone for attending and stated that it is an honor for the Por-tuguese Community to have a Resolution from the State of California, signed by then Governor Ronald Reagan, proclai-

ming the second week of March as “Por-tuguese Immigrant Week”. These celebra-tions are now on their 42nd Anniversary.Dr. Antonio Alves de Carvalho, Con-sul General of Portugal in San Fran-cisco congratulated the Portugue-se Community for preserving the Portuguese culture and heritage and for honoring the Portuguese immigrants.Dr. Antonio Alves de Carvalho an-nounced that he waiting confirmation for his new appointment, he will be transferring to Hamburg in Germany.

Carla Cardoso

Photos from Lance Ross

The League Members Societies displayed their banners and memorabilia Joanna Camara, former League and UPPEC’s President

Roger Brum (Vice-President IDES, Hayward) and Carolina Mazilu (League’s President) Grupo Folclorico Vida Ribatejana, fom Fremont

Consul General Antonio Alves de Carvalho and spouse Teresa Sotto-Maior. The youngest dancer from Vida Ribatejana

Proclamation:

Page 31: Tribuna April 1 2009

31PATROCINADORES

Compre um livro português de dois em dois meses e verá que se sentirá mais feliz

Torneio de Golfe do Portuguese Athletic Club em colaboração com Franklin Oliveira

Dia 16 de Maio de 2009

Del Monte Golf Course em Monterey

Para inscrições, telefonar para o PAC 408-287-3313

Hole-in-One = $12,000.00 dólaresHaverá muitos outros prémios e surpresas

Se gosta de Golfe, não falte!

Page 32: Tribuna April 1 2009

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