três conceitos fundamentais na busca pela perpetuação do patrimônio familiar
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Três conceitos fundamentais na busca pela perpetuação do patrimônio familiar
No mundo das empresas familiares e das famílias empresárias muito se
fala na palavra perpetuidade. Sem dúvida, este é um dos maiores
objetivos de grandes famílias quando pensam no seu futuro. Uma
pesquisa da Campden Research realizada em 2015 com 224 Family
Offices no mundo evidenciou que a principal preocupação destes Family
offices era “Gerenciar o patrimônio através de diferentes gerações”.
Outra pesquisa, feita pela PWC em 2014, apontou que a maior
preocupação dos proprietários de empresas era “Assegurar o futuro das
empresas no longo prazo”.
Este assunto não é recente. Um provérbio chinês antigo foi adaptado em
diferentes idiomas e à diferentes culturas, pois no mundo todo se tem a
mesma problemática. No Brasil, o conhecemos como “Pai rico, filho
nobre, neto pobre”. Quanto a isto, é senso comum que o sucesso das
famílias empresárias no longo prazo está diretamente ligado ao sucesso
de suas empresas. No entanto, a realidade demonstra a grande
dificuldade das empresas familiares em sobreviverem como tal ao longo
das gerações. Entender que a longevidade do patrimônio de uma família
pode não estar totalmente ligado à longevidade do negócio da família
é uma mudança de visão complexa, mas fundamental, nesta busca.
Neste contexto este artigo apresenta três conceitos fundamentais que as
famílias devem adotar caso busquem perpetuar seu legado e patrimônio
de maneira sustentável no longo prazo:
1. A Família Investidora
A Família Investidora possui uma visão global do seu capital financeiro
que inclui as empresas da família, participações societárias, imóveis,
fazendas e todos seus bens e investimentos financeiros como parte do
patrimônio. A grande diferença para a mentalidade de uma “família
empresária” é que a empresa da família passa a ser vista como uma
“investida”, e a família passa a refletir constantemente sobre como
manter os interesses da família e da empresa constantemente alinhados
ou, nos casos em que não houver alinhamento, se faz sentido manter o
ativo sob o risco de deteriorá-lo ao longo do tempo.
A diferença pode parecer sutil, mas muitas vezes é fundamental na
perpetuidade dos negócios e do patrimônio no longo prazo. Isto na
realidade é muito bom para a empresa, por um lado, pois os negócios
precisam se reinventar, se atualizar e inovar para sobreviver no mercado
competitivo. Isso significa que uma empresa, para manter-se rentável,
precisa de controladores sempre interessados neste negócio, dispostos a
investir e com seus interesses alinhados aos desta empresa.
Por outro lado, a destruição de valor do patrimônio de uma família ao
longo do tempo causado pelo desalinhamento de interesses entre família
e empresa pode ser evitado muito antes de se tornar um grande
problema, como constantemente ocorre.
2. Governança Patrimonial
A Governança Patrimonial é um conjunto de práticas que visam o total
alinhamento de interesses entre as decisões tomadas na gestão do
patrimônio e os objetivos da família detentora deste patrimônio. Assim
como no contexto corporativo e familiar, esta estrutura é composta por
órgãos de governança, estatutos e regimentos.
A Família Investidora entende que a Governança Patrimonial é a
ferramenta fundamental para o seu sucesso de longo prazo,
proporcionando à família que acumulou patrimônio ter órgãos de
governança e diferentes instrumentos que de maneira abrangente
regulam e viabilizam a Gestão deste Patrimônio para que trabalhe para
os objetivos de longo prazo da família.
No contexto da Família Investidora, a Governança Familiar e a
Governança Patrimonial formam os pilares para o sucesso de longo prazo
desta família.
Na interseção entre os dois triângulos está o órgão de governança
responsável por garantir alinhamento entre a família e seu patrimônio.
Este papel pode ser desempenhado pelo Conselho de Família ou de
Sócios, dependendo da maturidade e complexidade do modelo de
governança da família. Já a Governança Corporativa, está inserida no
contexto da Governança Patrimonial uma vez que a empresa é
entendida como um dos ativos que compõe o capital financeiro da
família.
3. Single Family Office
O Single Family Office é uma estrutura customizada e transgeracional que
é regida pelas Governanças Familiar e Patrimonial com o objetivo de
defender os interesses de uma única família em relação ao seu
patrimônio ao longo do tempo. Tendo uma estrutura própria, por mais
simples que seja, para executar as estratégias e controlar o patrimônio
familiar, a família assumirá papel protagonista na gestão do seu
patrimônio.
Ao se tornar protagonista, por meio do Single Family Office, a Família
Investidora usa esta estrutura para garantir que seus objetivos de longo
prazo sejam buscados de forma sustentável e com total alinhamento de
interesses nas tomadas de decisão em relação ao seu patrimônio.
Portanto, uma família que busque perpetuar seu legado e patrimônio de
maneira responsável, implanta a Governança Familiar e Patrimonial de
maneira alinhada. E a estruturação do Single Family Office possibilita que
se tenha uma entidade transgeracional que trabalhe exclusivamente
para executar as estratégias da família na busca de seus objetivos.
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(*) Modelo adaptado a partir de: Gersick, K. A., Davis, J. A., Hampton, M. M., & Lansberg, I. (1997). Generation to Generation: Life Cycles of the Family Business. Boston, MA Sobre os Autores: Os autores deste artigo são Sócios e Fundadores da INEO, empresa que se dedica a tornar famílias protagonistas na gestão do seu patrimônio através do Single Family Office. A INEO busca difundir sua expertise publicando conteúdo e organizando eventos para capacitar membros familiares nos assuntos relacionados. Saiba mais em www.ineo.fo Antonio Fernando Azevedo Grégoire Balasko Orélio Marcelo Geyer Ehlers