treino de raciocínio lógico redação

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1 Um exercício interessante para desenvolver sua capacidade de argumentação é o de estabelecer não só causas e conseqüências daquilo que se afirma, mas também causas das causas e conseqüências das conseqüências, criando, assim, um contexto mais amplo e mais complexo de raciocínio. Esse processo pode servir como técnica de rascunho, de levantamento de idéias possíveis para a arquitetura de sua argumentação. Depois de estabelecidas várias causas e conseqüências, escolhem-se as mais pertinentes, as mais adequadas ao texto a ser desenvolvido. Em se tratando de redações curtas, entre 25 e 30 linhas, lembre-se de que é melhor apresentar um número menor de idéias e de argumentos – adequados, coerentes, inter-relacionados – do que muitos elementos mal desenvolvidos e mal relacionados. Eis um exemplo do exercício de causas das causas e conseqüências das conseqüências: A falta de leitura entre os jovens Causas possíveis: Causas das causas: (a) a forma de a escola propor sua leitura: O caráter não obrigatório; (b) falta de incentivo dos pais; (c) banalização da cultura pela mídia de massa; (d) o caráter predominantemente visual da cultura de massa (substituição da palavra pela imagem). (a) o método de ensino da instituição escolar; (b) a ausência dos pais e a pouca educação; (c) o consumismo da indústria cultural; (d) a “coisificação” de tudo - tudo é visto como mercadoria a ser consumida. Conseqüências possíveis: Conseqüências das conseqüências: (a) a dificuldade de exercer a capacidade da imaginação; (b) limitação do raciocínio abstrato; (c) o desinteresse por coisas que não sejam (a) o empobrecimento espiritual; (b) o empobrecimento intelectual; (c) o empobrecimento do humano em sentido profundo.

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redação

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Um exerccio interessante para desenvolver sua capacidade de argumentao o de estabelecer no s causas e conseqncias daquilo que se afirma, mas tambm causas das causas e conseqncias das conseqncias, criando, assim, um contexto mais amplo e mais complexo de raciocnio. Esse processo pode servir como tcnica de rascunho, de levantamento de idias possveis para a arquitetura de sua argumentao. Depois de estabelecidas vrias causas e conseqncias, escolhem-se as mais pertinentes, as mais adequadas ao texto a ser desenvolvido. Em se tratando de redaes curtas, entre 25 e 30 linhas, lembre-se de que melhor apresentar um nmero menor de idias e de argumentos adequados, coerentes, inter-relacionados do que muitos elementos mal desenvolvidos e mal relacionados. Eis um exemplo do exerccio de causas das causas e conseqncias das conseqncias:

A falta de leitura entre os jovens

Causas possveis:Causas das causas:

(a) a forma de a escola propor sua leitura: Ocarter no obrigatrio;(b) falta de incentivo dos pais;(c) banalizao da cultura pela mdia de massa;(d) o carter predominantemente visual da cultura de massa (substituio da palavra pela imagem).

(a) o mtodo de ensino da instituio escolar;(b) a ausncia dos pais e a pouca educao;(c) o consumismo da indstria cultural;(d) a coisificao de tudo - tudo visto como mercadoria a ser consumida.

Conseqncias possveis:Conseqncias das conseqncias:

(a) a dificuldade de exercer a capacidade daimaginao;(b) limitao do raciocnio abstrato;(c) o desinteresse por coisas que no sejamimediatistas, utilitrias.(a) o empobrecimento espiritual;(b) o empobrecimento intelectual;(c) o empobrecimento do humano em sentidoprofundo.

Dados os temas abaixo, siga o mesmo modelo de raciocnio (no mnimo trs para cadaitem):1. Violncia no Brasil.2. Aquecimento global.3. A corrupo dos polticos.

COESO E COERNCIA NS LINGSTICOS

ESPIES DE CRISTO O mineiro Serafim Lanna tem trs diplomas universitrios e fala quatro idiomas, mas trabalha vendendo queijo em uma feira e mora em uma favela da Grande So Paulo. Um de seus colegas o filsofo e telogo, Remy Felisaz, que sobrevive de bicos de marcenaria. Eles se encontram nessas condies no por falta de oportunidades profissionais. Ao contrrio, atingiram o auge da carreira. Os dois fazem parte das Fraternidades de Foucalt, uma ordem catlica pouco conhecida que surgiu na Arglia em 1933. Existem atualmente 1.800 membros da congregao espalhados pelo mundo trinta deles esto no Brasil. Como os demais integrantes da comunidade, Serafim e Remy so uma espcie de agente secreto de Cristo.Esses religiosos acreditam que a maneira mais eficiente de pregar a palavra de Deus agindo no anonimato, por isso aboliram o uso da batina e costumam infiltrar-se nas favelas e nas empresas.

Veja, 23 de maio de 2001.

A COESO de um texto se faz por intermdio de conectores (conectivos, sndetos, conjunes, articuladores, nexos) que do encadeamento ao texto fazendo-o progredir. Quando os elementos coesivos so utilizados de maneira equivocada, o leitor ficar confuso e desorientado. Cada elemento responsvel pela coeso textual funciona como um pequeno n, que serve para amarrar duas ou mais idias. A COERNCIA textual est relacionada ao contedo, aos significados, ao encadeamento das idias, situaes ou acontecimentos que so veiculados ao texto. Tem a ver, basicamente, com as condies para o estabelecimento de um sentido em um contexto determinado. COESO e COERNCIA Ambas as noes referem-se, portanto, a propriedades de ligaes entre as partes de um texto: a coerncia resulta da relao harmoniosa entre conceitos no interior de um texto e entres estes e a realidade exterior. J a coeso a propriedade de ligao entre os elementos lingsticos.

1. O uso de elementos de ligao inadequados nas sentenas abaixo provoca efeito deincoerncia. Procure reescrev-las de modo a eliminar quaisquer problemasidentificados.

a) O escritor, apesar de ser autor de vrios livros didticos, chega freqentementeatrasado para suas palestras.__________________________________________________________________________________________________________________________________________b) Na verdade, a televiso um passatempo mortificante, pois, alm de proporcionars famlias alguns momentos de distrao, reduz-lhes o tempo que poderiam dedicar conversa, que cada vez se torna mais rara entre pais e filhos.__________________________________________________________________________________________________________________________________________

c) Juan e Peter no se entendem, mas um fala ingls e o outro espanhol._____________________________________________________________________d) O livro muito interessante porque tem 570 pginas._____________________________________________________________________e) Carmem mora no Rio de Janeiro h cinco anos, portanto no conhece ainda oCorcovado._____________________________________________________________________f) O livro indicado pela professora j est esgotado, j que foi publicado h menos detrs semanas._____________________________________________________________________g) Joo, o pintor, foi despedido, mesmo que tenha se negado a pintar a casa, apesarde estar chovendo._____________________________________________________________________2. A ambigidade fator que compromete a compreenso dos textos tornando-osincoerentes. Faa o que for necessrio, ento, para desfaz-la.a) Desde os quatro anos minha me me ensinava a ler a escrever.__________________________________________________________________________________________________________________________________________b) Vendo televiso nos Estados Unidos, as propagandas me chamaram a ateno.__________________________________________________________________________________________________________________________________________c) Andando pela calada, o nibus derrapou e pegou o funcionrio quando entrava nalivraria.__________________________________________________________________________________________________________________________________________d) Chegando ao aeroporto, o avio j decolava vo._____________________________________________________________________e) Depois da consulta, a ginecologista lhe disse que estava esperando um beb.__________________________________________________________________________________________________________________________________________f) Ouvindo sua resposta, o carro parou e Mrcia saiu sem que pudesse lhe responder.__________________________________________________________________________________________________________________________________________g) O celular tocou quando entrava em casa para pegar a chave do carro.__________________________________________________________________________________________________________________________________________h) Para no ser atacado, o co teve que ficar preso._____________________________________________________________________i) Durante o noivado, Joana pediu que Eduardo casasse com ela vrias vezes.__________________________________________________________________________________________________________________________________________j) Alugam-se quartos para moas com banheiro anexo no segundo andar.

ARGUMENTAO

Argumentar defender uma idia, procurando apresentar razes para que as pessoas com quem estamos argumentando aceitem nossa idia como a melhor, a mais equilibrada, ou a mais verdadeira. Em outras palavras, sempre que argumentamos, temos o objetivo de convencer algum a pensar como ns. Um aspecto essencial, no momento da construo da argumentao, a escolha do argumento. Argumento (Do lat. Argumentu) S. m.1. razo, raciocnio que conduz induo ou deduo de algo;2. prova que serve para afirmar ou negar um fato;3. recurso para convencer algum, para alterar-lhe a opinio ou o comportamento;

Existem diferentes tipos de argumento, mas os principais deles so:a) Argumentao por citao Todas as vezes que recorremos autoridade de outrem, geralmente um autorconsagrado, teremos argumentao por citao.Exemplo: Como afirma Ren Girard, em seu livro A violncia e o sagrado, a violncia de todos e est em todos [...]. Talvez o autor tenha razo, quando afirma que a violncia est em todos, principalmente se constatarmos ser verdade a prtica social de utilizarmos a violncia(castigos, punies, torturas, prises) para punir aqueles que a manifestam. [...].b) Argumentao por comprovao Nesse caso, a sustentao do argumento ser dada pelas informaes objetivas(dados, estatsticas, percentuais) que o acompanham. Esse tipo de argumentao muito utilizado quando se deseja demonstrar inequivocamente um ponto de vista, visto que o leitor a entende como a comprovao da opinio emitida pelo autor do texto.Exemplo: [...] O trfico oferece aos jovens de escolaridade precria (nenhum dos entrevistados havia completado o Ensino Fundamental) um plano de carreira bem estruturado, com salrios que variam de R$400,00 a R$12.000,00 mensais. Para uma base de comparao, convm notar que, segundo dados do IBGE de 2001, 59% da populao brasileira com mais de dez anos que declara ter uma atividade remunerada ganha no mximo o piso salarial oferecido pelo crime. Dos traficantes ouvidos pela pesquisa, 25% recebiam mais de R$2.000,00 mensais; j na populao brasileira essa taxa no ultrapassa 6%.[...] Editorial. Folha de So Paulo, 15 jan.2003.

c) Argumentao por raciocnio lgico A criao de nexos causais ou relaes de causa e efeito o recurso utilizado pelo autor para demonstrar que a concluso a que chegou necessria, e no fruto de um entendimento pessoal facilmente interpretvel.

O argumento a defesa de uma idia, portanto ele s surgir do conhecimento que temos sobre a questo proposta para anlise.

Os recursos aqui apontados exigem, todos, fundamentao para poderem ser utilizados. Se voc contar com as informaes pertinentes, com a citao perfeita, ou souber elaborar um raciocnio analtico sustentado, faa-o: o poder de convencimento do seu texto depende disso.

ATIVIDADES PARA ARGUMENTAOQuestes para argumentao e contra-argumentao: 1) Voc chega em casa tarde, suado. Seu "Bem" est muito bravo com voc. Argumente por que voc no buscou os filhos na escola e est chegando quela hora em casa.

2) Voc, depois de muitos anos no funcionalismo pblico, resolve mudar de vida radicalmente.Teve uma grande idia, tornar-se artista circense. Argumente que funo voc pode desempenhar e por que merece ser contratado pelo dono do circo.

3) Voc estagirio em uma empresa. Exerce a mesma funo que outros trs funcionrios.Aps um ano, voc reclama por sua efetivao. Argumente por que voc deve ser contratado.

4) Um homem de 50 anos, qualificado para o trabalho, procura por um emprego; no entanto, o gerente de uma empresa no quer contrat-lo. Argumente por que este homem deve ser contratado.

5) Voc tem 10 anos de empresa e nunca foi promovido. O estagirio efetivado e, aps 1ano, ganha promoo. Argumente por que o procedimento do gerente foi inadequado e porque voc deveria ser promovido primeiro.

6) Voc quer muito casar. Convena o parceiro da sua idia.

7) Voc troca de operadora celular e faz um plano de R$ 70,00; no entanto, por motivos de trabalho, sua conta excedeu 80% o valor ajustado. Em uma de suas viagens de trabalho, percebe que o celular est impossibilitado de completar chamadas. Em contato com a operadora, voc descobre que apenas na cidade natal da compra do celular voc pode desbloque-lo. Argumente por que seu celular deve voltar a funcionar antes mesmo de sua viagem chegar ao fim.

8) Voc vai a uma loja comprar chocolates para seus filhos para a Pscoa. Quando abre a embalagem, percebe que esto mofados. Volta loja para efetivar a troca, mas a loja argumenta que os chocolates esto no prazo da validade e com as embalagens lacradas.Argumente por que voc deve trocar os chocolates na loja.LINGUAGEM DISSERTATIVA Caractersticas bsicas Os dois mundos o da oralidade e o da escrita interpenetram-se sempre,influenciam-se mtua e profundamente, mas apresentam diferenas importantes. Asdissertaes (texto cientfico) devem, necessariamente, ser escritas de acordo com a normaculta e utilizar os recursos da linguagem lgico-expositiva.

1. ADEQUAO A redao deve ser redigida de acordo com a norma culta escrita, evitandorepeties inexpressivas, grias, vocabulrio impreciso. Exemplo de impropriedade a serevitada: Tem um negcio ruim que a gente sente que uma coisa tipo quando voc sente dorno peito. Reescreva as frases seguintes, adequando-as norma escrita:

a) O homem tem um troo que o que o separa dos animais, a liberdade.b) Com tantos problemas que tem, a televiso fica a, como uma vaca no meio dasala.

2. CLAREZAO texto deve ser inteligvel, evitando ambigidades e obscuridades. Exemplo deambigidade a ser evitada: Famlia muda vende tudo. Reescreva as frases seguintes, resolvendo as ambigidades:

a) Moradores reivindicam centro de sade com criatividade.b) Museu rene quadros com mulher de Picasso.c) A sociedade no percebe o mal que a televiso faz a si prpria.d) Proibido entrar na loja de patins.

3. CONCISOA linguagem deve ser precisa; palavras e frases podem ser utilizadas comeconomia, evitando-se as redundncias inexpressivas. preciso cuidar tambm com aprolixidade, o excesso de palavras desnecessrias. Exemplo de redundncia e prolixidade aevitar: Os dois fizeram o trabalho. Seu amigo tinha convidado para fazerem um trabalho. Osdois fariam o trabalho e dividiriam o dinheiro ganho com o trabalho. Reescreva as frases seguintes, dando conciso linguagem:

a) Tenho o sentimento do mundo, quero fazer um mundo s para mim, mas aomesmo tempo vivo num mundo que de todo mundo.b) Novidade indita na rea de informtica agita o mercado.c) Compre uma cala e ganhe grtis um brinde.d) Um crtex grande no determina necessariamente inteligncia. Mas um crtexpequeno tambm no determina a falta de inteligncia.

4. COESO O texto deve ser organizado por nexos lgicos adequados, com a seqncia deidias encadeadas logicamente, evitando frases e perodos desconexos. Exemplo de confusoa ser evitada: Deve existir uma forma de avaliar os candidatos; e isso no possvel apenasfazendo uma prova, onde os candidatos poderiam talvez ter ido melhor no dia seguinte ouanterior por questes psicolgicas, mentais ou o que for. Reescreva as frases seguintes, com linguagem organizada e coesa:

a) Sabemos que o ministrio gasta demais com o tratamento que ns podemosevitar as doenas, as molstias contagiosas exatamente pela ausncia de tratamento.b) s vezes as idias aparecem de repente, mas aquelas boas idias so asplanejadas antes de se concluir algum ato ou podem surgir horas exatas a utiliz-las.

5. EXPRESSIVIDADE Quem redige deve buscar uma elaborao prpria e expressiva da linguagem,evitando os clichs, as frases feitas e os lugares-comuns. Exemplo de chavo ou clich: Ohomem de hoje no vive, ele vegeta na selva de pedra da cidade grande.Reescreva as frases abaixo, utilizando uma linguagem sem clichs:a) As crianas so a esperana, o futuro do Brasil.b) As pessoas viraram mquinas frias e insensveis, viraram peas de engrenagem,robs que no sabem que s o amor constri.c) O dinheiro no traz felicidade, pois dessa vida nada se leva.

TREINO DE REESCRITA Reescreva as frases, resolvendo os problemas que elas apresentam:

1. Essa dor muito dolorosa, mas vamos superar isso, porque a nossa fora no fraca, a nossa fora forte.

2. Ele quer que eu veja o filme, porque insiste que se eu ver o filme vou gostar.

3. Os alunos reclamaram que a Universidade exige a leitura de um livro que entrarno exame inexistente no Brasil.

4. S achei lamentvel a diretoria da empresa jogar a culpa da deciso de retirarcom o patrocnio das jogadoras.5. O homem deve ser a natureza o nico, ou o animal que mais sonha. E a maiordiferena entre ele e os outros animais que ele sempre sonha com mais e nunca com menos.6. Piloto deixa o circuito irritado.7. AIDS mata. Ento, no esquea: seringa descartvel e camisinha na relao sexual.8. Vende-se casa aqui.9. Muita gente vive pregada na frente da televiso. A televiso forma burros, noinforma os desinformados e deforma ainda mais os j deformados.10. Coreano passa trinta anos s no quarto.11. Por favor, aproximem-se um pouco para l: separem-se juntos em um grupo. Eno se juntem muito em grupos pequenos.

12. Podemos abordar um tema que, creio eu, todos pensam e dissertam sobre oprprio. A juventude e a velhice. A meu ver, entre essas duas faixas etrias cria-se uma certaantagonizao de desejos e interesses, que so idias e sentimentos muito duvidosos paracorrigi-los e determina-los ou no.

13. O sonho essencial para as vidas. Sem o sonho impossvel conseguir ascoisas, o mesmo que no comer, no respirar. O sonho to necessrio como qualqueroutra atividade humana.

14. O jogador nunca passou por outra cirurgia do joelho em nenhuma outra parte docorpo.