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1 INTRODUÇÃO O Método Natural de Treinamento segue os princípios clássicos das escolas de Cavalaria da Europa, adaptado as necessidades das competições modernas, respeitando a psicologia de cada cavalo, dando-lhe assim condições “físicas e autoconfiança” para executar os trabalhos exigidos. O adestramento básico tem por objetivo desenvolver os recursos naturais do cavalo sob o ponto de vista físico, moral e psíquico. Visa tornar o cavalo calmo, ágil, musculado, flexível, atento, ativo e confiante, em condições de ter um perfeito entendimento e cooperação com seu cavaleiro. O adestramento deve desenvolver-se segundo uma programação de atividades físicas de dificuldades progressivas, de acordo com as aptidões de cada cavalo e da habilidade técnica do treinador. A equitação de acordo com as exigências das instruções eqüestres nos seus diferentes graus divide-se em: Equitação Elementar Destina-se especialmente aos princípios básicos, unificando as bases da instrução do cavalo, para um perfeito entrosamento do cavaleiro com o cavalo e dos princípios básicos de montaria e condução do cavalo. Equitação Secundaria Destina-se à especialização dos cavalos para o Adestramento Clássico e dos princípios básicos para os Concursos de Salto e Concursos Completos de Equitação. Equitação Superior Destina-se ao aperfeiçoamento dos cavalos para atingir aptidão eqüestre especial nos mais altos graus do Adestramento Clássico; Passage – Piafer bem como, os Ares Altos; Mezair, Levade, Curveta e Capriola. Enio Monte

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Page 1: Treinamento do cavalo de hipismo primeiro ano 2012 · X – Exercícios de Musculação e Flexibilização XI ... O trabalho na guia com rédeas “Chambon” e o trote em liberdade

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INTRODUÇÃO O Método Natural de Treinamento segue os princípios clássicos das escolas de Cavalaria da Europa, adaptado as necessidades das competições modernas, respeitando a psicologia de cada cavalo, dando-lhe assim condições “físicas e autoconfiança” para executar os trabalhos exigidos. O adestramento básico tem por objetivo desenvolver os recursos naturais do cavalo sob o ponto de vista físico, moral e psíquico. Visa tornar o cavalo calmo, ágil, musculado, flexível, atento, ativo e confiante, em condições de ter um perfeito entendimento e cooperação com seu cavaleiro. O adestramento deve desenvolver-se segundo uma programação de atividades físicas de dificuldades progressivas, de acordo com as aptidões de cada cavalo e da habilidade técnica do treinador. A equitação de acordo com as exigências das instruções eqüestres nos seus diferentes graus divide-se em: Equitação Elementar Destina-se especialmente aos princípios básicos, unificando as bases da instrução do cavalo, para um perfeito entrosamento do cavaleiro com o cavalo e dos princípios básicos de montaria e condução do cavalo. Equitação Secundaria Destina-se à especialização dos cavalos para o Adestramento Clássico e dos princípios básicos para os Concursos de Salto e Concursos Completos de Equitação. Equitação Superior Destina-se ao aperfeiçoamento dos cavalos para atingir aptidão eqüestre especial nos mais altos graus do Adestramento Clássico; Passage – Piafer bem como, os Ares Altos; Mezair, Levade, Curveta e Capriola.

Enio Monte

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Índice I - Nomenclatura II - Biomecânica do Cavalo III – Posição do Cavaleiro na Sela IV - Doma Racional V – Treinamento a pé VI – Condução do Cavalo VII - Mecânica das Andaduras VIII – Adestramento Básico do Cavalo de Hipismo IX – Programa de Treinamento X – Exercícios de Musculação e Flexibilização XI – Retidão – Realinhamento da Coluna Vertebral XII – Exercícios de Condução XIII – Trabalho no Plano XIV – Trabalho com Cavaletes XV - Linhas de Saltos – Pistas de Treinamento

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I - NOMENCLATURA

Nomenclatura • AC = Altura da Cernelha - Distância vertical da cernelha ao solo. • AB = Altura do tórax ou profundidade do peito - Distância vertical da cernelha ao externo. • BC = Altura do externo ou vazio subesternal - Distância vertical do externo ao solo. • DE = Comprimento do corpo - Distância horizontal da ponta da espádua (encontro) à vertical da ponta da nádega. • FG = Comprimento do pescoço - Distância do meio da espádua à nuca. • HI = Comprimento da Garupa - Distância do ílio (anca) à ponta da nádega (ísquio). Proporções Ideais O moderno cavalo de hipismo mantendo uma perfeita harmonia de linhas, deve ser selecionado de modo que as varias regiões de seu corpo, apresentem as seguintes proporções: • Comprimento do Corpo deve ser maior que a altura - DE = 1.04 X AC • Profundidade do Peito igual ao Vazio Subesternal - AB = BC • Comprimento do Pescoço igual à Profundidade do Peito - FG = AB • Comprimento do dorso e lombo sejam iguais ao comprimento horizontal da Garupa - a1 = a2 • Cavalo eumétrico, peso médio de 550kg. • Longilíneo, comprimento do corpo maior ou igual à altura. • Retilíneo, perfil da cabeça de preferência reto ou subconvexo. Medidas Médias Altura Cernelha – 1.66m – PT Perímetro Torácico – 190m – PC Perímetro da canela – 21cm – Peso 550kg. Andaduras – Velocidade Médias Passo – 100m/min. – Trote – 200m/min. – Galope Normal – 250m/min. – Galope de Concurso – 300 a 400m/min.

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Nomenclatura do Exterior

Correspondência Homem e Cavalo

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II –Biomecânica do Cavalo Para os trabalhos de equitação tudo se desenvolve em torno de quatro grandes articulações que são ativadas por seis grandes grupos musculares. Todo mecanismo propulsor do cavalo desenvolve sua atividade tendo como base a tensão da coluna vertebral. Os seis grandes grupos musculares pelo seu alongamento e contração ativam as quatro grandes articulações e estas comandam a atividade dos membros dando sustentação e movimentação do cavalo. Grupo Musculares 1 - Inversores do pescoço 2 - Elevadores da base do pescoço 3 – Ílio Espinais extensores do lombo e dorso 4 - Flexores do pescoço 5 – Abdominais - Flexores do dorso e lombo 6 – Psoas - Flexores dos Posteriores. Articulações Maxila - Nuca - Cernelha – Ancas

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1. Inversores do pescoço Correm de cada lado da crineira, tendo uma das extremidades nas primeiras vértebras cervicais – Atlas e Axís e a outra nas primeiras vértebras torácicas. Opõe-se a elevação da base do pescoço e ao engajamento, por isso devem ser trabalhados no sentido de serem alongados com a descida do pescoço com a fronte da cabeça inclinada para frente e nas encurvações laterais. São responsáveis pela maior parte das resistências dos cavalos.

2. Elevadores da base do pescoço Correm de cada lado da base do pescoço, saindo das ultimas vértebras cervicais, fixando-se na ponta da espádua. Pela sua contração fazem subir a coluna vertebral no berço cartilaginoso, onde ela trabalha no meio das espáduas, sendo, portanto de grande importância para restabelecer o equilíbrio do cavalo montado, modificado pelo peso do cavaleiro e mais tarde para a colocação do cavalo na mão provocando a elevação do antemão. Para fortalecê-los são interessantes os trabalhos de alongar e abaixar o pescoço, meias paradas, trabalho em terreno variado e trote sobre cavaletes. 3. Extensores do dorso e lombo – Ílio-espinais

Correm de cada lado da coluna vertebral desde a ponta da espádua até o sacro, permitem pela sua distensão o alongamento total da linha de cima: dorso, lombo e garupa. Por contração provocam a tensão na coluna vertebral o que permite aos músculos das espáduas e das ancas, encontrarem um ponto de apoio sólido.

Ajudam a elevar a base do pescoço e contribuem para a distensão dos posteriores. São fortalecidos pelo trabalho ao trote em cavaletes, alongando e encurtando as andaduras, trabalho no exterior em terreno variado, principalmente em subidas.

Os inversores do pescoço e os ílios-espinais são congêneres, assim como são congêneres os abdominais, psoas e flexores do pescoço no entanto esses dois grupos são antagônicos entre si, isto é, quando os segundos se contraem os primeiros tem que se alongar.

Ou seja para haver um fácil alongamento dos inversores do pescoço e ílio-espinais, deverão os restantes se contrair.

Este exemplo tem particular importância no salto, porque o cavalo, para estar redondo sobre o obstáculo, tem que alongar e distender sua linha de cima do pescoço, dorso, lombo e garupa.

4. Flexores do pescoço Correm de cada lado da “jugular”, saindo das primeiras vértebras cervicais, inserindo-se na cabeça do úmero. Pela sua contração provocam a flexão do pescoço e cabeça, facilitando o alongamento e abaixar o pescoço e a elevação do ante-braço. São fortalecidos com o trote reunido e saltos de obstáculos ao trote.

5. Flexores do dorso e lombo - Abdominais Correm de cada lado do ventre, tendo uma das extremidades na zona da quinta costela e a outra na cabeça do fêmur. Pela sua contração engajam os posteriores sob a massa corporal. São fortalecidos pelo trote em cavaletes, andaduras lentas, recuar e trabalhos de espádua a dentro. 6. Flexores dos Posteriores - Psoas Correm de cada lado do costado, tendo uma das extremidades nas vértebras lombares e a outra na extremidade do ilium próximo ao púbis. Pela sua contração facilitam baixar as ancas o flexionamento do dorso e lombo e o engajamento.

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O alongamento da linha de cima, isto é a extensão que se pretende desses músculos

pode ser obtida por vários exercícios, porém, deve-se ter o cuidado de executá-los sempre mantendo o cavalo engajado, caso contrario teremos um cavalo “esticado” caído sobre os anteriores que é tão indesejável como o cavalo invertido.

Todos os músculos de pescoço, principalmente os inversores e que acabam por influenciar toda a coluna vertebral que são congêneres com os ílio-espinais, são comandados pela articulação da nuca.

O trabalho na guia com rédeas “Chambon” e o trote em liberdade sobre cavaletes são excelentes para fortalecer a linha de cima e também para fortalecer os músculos abdominais, psoas e flexores do pescoço e elevadores da base do pescoço.

Sendo o engajamento e a distensão dos posteriores condições necessárias para todas as modalidades de esportes eqüestres é fundamental desenvolver uma serie de exercícios para dar condições físicas para o cavalo desempenhar com êxito suas funções. Os principais exercícios são:

• Liberdade da linha superior – arqueamento do dorso • Mobilidade das ancas • Flexibilização e igualização das laterais – retidão • Flutuação permanente e constante das andaduras • Fortalecimento do balanceiro cervical • Elevação da base do pescoço • Flexão da nuca • Descontração da maxila.

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III - Posição do Cavaleiro na Sela Equilíbrio do Cavalo Centro de Gravidade do Cavalo

O centro de gravidade do cavalo parado está situado no encontro da horizontal que passa pela ponta da espádua, com a vertical da cernelha que passa na altura da sexta costela. O peso do cavalo é sustentado pelos quatro membros: • Os anteriores recebem aproximadamente 60% do peso. • Os posteriores recebem aproximadamente 40% do peso. Cavalo em Movimento O centro de gravidade do cavalo em movimento desloca-se para frente, para trás e lateralmente. • Para frente – acelera a velocidade • Para trás – diminui a velocidade

O deslocamento do centro de gravidade, provoca a mudança de posição dos membros, de tal modo que, o centro de gravidade deve cair sempre dentro da base de sustentação para o cavalo manter o equilíbrio.

O “balanceiro cervical” constituído pelo conjunto “pescoço – cabeça”, de grande mobilidade, cuja contração, extensão, elevação ou oscilações laterais ativando as articulações da maxila, nuca, cernelha e anca, comanda a atividade dos membros dando sustentação e movimentação ao cavalo.

Para manter o equilíbrio o cavalo coloca automaticamente o pescoço e a cabeça

Equilíbrio Horizontal É o equilíbrio natural do cavalo, estando o peso do cavalo mais distribuído nos anteriores. Equilíbrio Vertical É o equilíbrio no qual pela ação do cavaleiro deslocando o centro de gravidade do cavalo para trás, o peso do cavalo está mais distribuído nos posteriores dando leveza a aos anteriores.

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Cavalo Montado

Centro de Gravidade do Conjunto: Nas selas de esporte os loros passam na vertical do centro de gravidade

Para executar os mais variados exercícios com perfeição, segurança e menor desgaste físico, o cavaleiro deve utilizar todas as suas ajudas de rédeas, inclinação do corpo, posição do assento e fixação de suas pernas com flexionamento do joelho e tornozelos, de modo a seguir os deslocamentos do centro de gravidade do cavalo.

Por natureza todos os potros, desde as primeiras semanas de vida, galopam perfeitamente em equilíbrio no campo. No entanto, após serem montados têm grande dificuldade de início para manter o equilíbrio, devido ao peso adicional do cavaleiro mudar o centro de gravidade do conjunto. Por isso, é muito importante a posição do cavaleiro na sela. “Centro de Gravidade do cavaleiro Deve acompanhar o centro de Gravidade do Cavalo” Posições do Cavaleiro na Sela

De acordo com a modalidade de equitação e o estágio de adestramento do cavalo, o cavaleiro necessita diferentes posições na sela, para adquirir bons resultados na modalidade escolhida, procurando sempre distribuir seu peso na vertical que passa pelo centro de gravidade do cavalo.

O assento é o eixo da equitação, pois de acordo com sua posição, em ações interligadas e independentes, são comandadas todas as ajudas do cavaleiro para atingir o objetivo desejado. Posição de assento total “Clássica”

Corpo Vertical Corpo na vertical Apoio nos estribos joelhos Apoio nos estribos e joelhos e assento, fixação na barriga das pernas e fixação na barriga das pernas coxas, cotovelos juntos ao corpo e e coxas, calcanhar para baixo antebraços na direção das rédeas. ponta do pé para cima.

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É a posição ideal para os esportes hípicos no plano, permitindo ao cavaleiro adaptar-se às reações do cavalo, mantendo perfeito equilíbrio com os movimentos do mesmo. O cavaleiro senta-se comodamente bem à frente da sela, apoiando-se com o períneo e os ísquios, estando os ossos ilíacos na vertical.

A parte superior do corpo deve ficar reta, de modo que uma vertical imaginária passe pelas orelhas, ombros, assento na sela e calcanhar do cavaleiro.

A posição clássica é ideal para o cavalo parado, ao passo, ao trote curto sentado ao galope curto e médio, ideal, portanto, para a equitação elementar e secundária.

No trote elevado, mantendo a mesma posição clássica, o cavaleiro precisa utilizar apenas o jogo da cintura, “rotação do ilíaco” dos joelhos e dos calcanhares como amortecedores; o assento afasta-se e volta à sela suavemente, tal como uma agulha de uma máquina de costura.

Dessa posição clássica, própria para o adestramento e passeios, o cavaleiro pode passar facilmente para a posição de “assento leve”, inclinando o corpo levemente para frente ou para a posição desportiva de “assento livre” própria para salto, bem como à posição de adestramento superior de “assento profundo” com o corpo levemente inclinado para trás.

Posição de “Assento Leve” – Doma

Corpo levemente inclinado Corpo levemente inclinado Apoio nos estribos e joelhos fixação na barriga das pernas e coxas, cotovelos junto ao corpo e antebraços na direção das rédeas. É a posição ideal para a doma e adestramento de cavalos de salto e potros, ou para

montar cavalos sensíveis de lombo, os quais geralmente corcoveiam ao serem montados. Esta posição permite aos cavalos arredondarem o dorso, aliviando o lombo.

Nesta posição o cavaleiro senta-se mais à frente da sela, junto ao cepilho, apoiando-se sobre os ísquios e o períneo, com o osso ilíaco levemente inclinado para frente, colocando mais peso sobre a cernelha, pernas e estribos, aliviando assim o excesso de peso sobre os músculos ainda pouco desenvolvidos do lombo dos cavalos novos. Os estribos são ajustados em média dois furos acima da posição normal. A parte superior do corpo do cavaleiro se inclina levemente para frente, de modo que os ombros fiquem um pouco adiante da vertical imaginária que passa pelo assento e calcanhares.

Posição de “Assento Livre” – Desportiva

Corpo Inclinado

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Posição Desportiva – Suspensão flexível

O assento fica próximo, mas nunca apoiado na sela. Os estribos são ajustados no mínimo dois furos acima da posição normal para dar mais sensação de firmeza.

Os pés são posicionados ligeiramente inclinados para fora, com os calcanhares mais baixos do que a ponta dos pés, que ficam levemente afastadas, formando um ângulo de aproximadamente 30 graus com o corpo do cavalo. Dessa forma o apoio é elástico, funcionando como amortecedor. Esse posicionamento permite que a face interna da barriga da perna tenha uma grande aderência com o ventre do cavalo. Os pés, colocados ligeiramente atrás da cilha, dão impulsão e mantêm um perfeito equilíbrio do cavaleiro. O cavaleiro deve manter o corpo inclinado para frente, de modo que seus ombros não fiquem muito adiante da vertical que passa pelos joelhos, a fim de não perder o equilíbrio.

O cavaleiro deve manter a cabeça alta, olhando para frente e endireitando as costas, com o peito saliente e a cintura para frente, a fim de manter as costas flexíveis levemente côncavas.

As mãos devem estar fora do pescoço do cavalo, preparadas a todo momento para seguir o movimento da cabeça do cavalo, sem prejudicar sua boca.

As rédeas são tomadas mais curtas, de acordo com a inclinação da parte superior do corpo. Os cotovelos devem ser mantidos junto ao corpo e o antebraço deve estar em uma linha reta que une o cotovelo com as rédeas e chega até a boca do cavalo. Os ombros, cotovelos e mãos devem estar flexíveis, para assegurar um contato sensível e uniforme com a boca do cavalo.

Para o cavaleiro manter um equilíbrio perfeito na posição desportiva deve manter as pernas fixas do joelho para baixo, mudando apenas a inclinação do corpo, a fim de fazer coincidir a vertical do seu centro de gravidade com o centro de gravidade do cavalo. È a posição ideal para os cavaleiros de salto, com os joelhos baixos imóveis junto á sela atuando como amortecedores das ações da parte superior do corpo do cavaleiro. As barrigas das pernas imóveis fixadas firmemente ao ventre do cavalo com o calcanhar mais baixo que a ponta do pé. Se o calcanhar estiver mais alto, os músculos dorsais do cavaleiro se contraem, tornando os ombros mais rígidos, endurecendo as mãos e acionando fortemente a boca do cavalo. Nesta posição o cavaleiro fica praticamente de pé sobre os estribos, inclusive quando se recebe após um salto ou descendo fortes declives. Isso somente é possível se o cavaleiro se apóia firmemente nos joelhos e nos estribos, mantendo firme fixação das barrigas das pernas. Posição de “Assento Profundo” – Adestramento Superior

Nesta posição o cavaleiro senta-se mais atrás na sela, girando o osso ilíaco para trás e ao

mesmo tempo impulsiona o assento para frente, sentando no fundo da sela. Esse movimento do assento, somado à ação das pernas de trás para frente, aumenta a impulsão do cavalo para a mão do cavaleiro. Os estribos devem ser ajustados mais compridos que da posição normal e o pé deve ficar paralelo ao corpo do cavalo e não ligeiramente aberto. A parte superior do corpo permanece na vertical, tal como na posição normal, mantendo as costas flexíveis, braços caídos naturalmente, cotovelos junto ao corpo, antebraços flexíveis na direção das rédeas, para acompanhar os movimentos da cabeça e do pescoço do cavalo. É a posição ideal para a equitação superior de Alta Escola.

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IV - Doma Racional Principio da Doma “Confiança – Contenção – Caricia - Flexionamento” A doma é iniciada realmente, no primeiro dia de vida do potro, quando, ele é imobilizado para ser medido, resenhado e receber tratamento no umbigo. Nessa ocasião e por mais sete dias ele recebe o tratamento, é massageado em todo o corpo e acariciado. Posteriormente aos seis meses, antes da desmama, os potros são colocados “em forma” em frente a um comedouro, depois cabresteados, acariciados em todo o corpo, inclusive nos membros anteriores e posteriores e conduzidos ao passo pelo tratador. I.1. Conjunção Domador – Potro • O domador no centro do redondel de frente para o potro fixa seu “olhar nos olhos do potro” incentivando-o a galopar com auxilio da voz, levantando a mão, girando e atirando a guia em direção a garupa, e, fitando-o continuamente nos olhos. • O potro após varias voltas a galope, vira a orelha interna para o domador, depois começa a mastigar, tirar a língua de fora e abaixar o pescoço. • Nessa ocasião o domador abaixa a mão, leva seu olhar para o pescoço, dorso e garupa e com voz suave incentiva-o para o trote, passo e alto. • O potro abaixa o pescoço com o focinho quase no solo e para. • O domador dá as costas para o potro, permitindo que venha cheirá-lo, aí virando-se sem olhar nos seus olhos, o acaricia na fronte, incentivando-o a segui-lo em pequenos círculos. • O potro aceita, portanto o domador como “amigo e superior”. I.2. Cabresto – Maneador - Massagem Com a confiança adquirida, o potro aceita a colocação do cabresto de doma, tipo “hackmore” com argolas laterais e cabo. Após deixar o cavalo cheirar o maneador, com movimentos suaves o domador o amarra na altura das canelas dos membros dianteiros, para facilitar o domínio. Com um saco dobrado o cavalo é massageado suavemente com movimentos circulares, no sentido do pêlo, iniciando-se sempre pela parte da frente até atingir a traseira, membros e ventre, a fim de tirar-lhe as cócegas e conquistá-lo. a) Cabresto tipo “Hackmore” O “hackmore é um arco feito com corda de náilon dura ou de couro. Tem como finalidade “pela compressão do chanfro” facilitar o direcionamento do animal exigido pelo domador por meio de duas argolas laterais, devendo ser ajustado na altura do chanfro do animal. b) Maneador - O maneador é uma corda de nylon macia, medindo aproximadamente, dois metros e meio (2,5) de comprimento que tem por finalidade conter os membros anteriores (patas dianteiras) do animal.

Cabresto tipo “Hackmore” Corda de nylon “Maneador”

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I.3. Flexionamento Tem por objetivo iniciar os trabalhos para realinhar a coluna vertebral dos potros. a) Depois de maneado, faz-se as primeiras flexões laterais ensinando-o a abaixar o pescoço e girando lateralmente de ambos os lados a cabeça e o pescoço, até o focinho encostar-se ao costado. b) Depois amarra-se com uma corda o rabo do cavalo, com laçada resistente e prática, para ser facilmente desamarrada se necessário. A outra ponta passando pela argola lateral do cabresto de doma vai até a mão do domador sendo tensionada, de modo que o cavalo fique encurvado da cabeça até a cauda. c) Retirando o maneador, o domador segurando o cabo do cabresto, movimenta o cavalo no redondel, fazendo pequenos círculos de modo que os anteriores e os posteriores cruzem respectivamente na frente dos anteriores e posteriores, ativando as articulações da maxila, nuca, cernelha e anca, bem como, alongando e flexionando as musculaturas laterais do pescoço, tórax, dorso, lombo, garupa e suas articulações. Obs. Após os primeiros dias, o flexionamento pode ser feito amarrando uma ponta da corda na argola lateral do cabresto e a outra passando pela argola lateral da cilha indo até a mão do domador. Tempo de trabalho: 10 min. Para cada lado, esquerdo e direito, num período médio de dez dias.

Corda amarrada no rabo, passando pela argola do cabresto até a mão do domador.

Corda amarrada no cabresto passando pela argola lateral da cilha, até a mão do domador.

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I.4 - Trabalho na guia:

Este trabalho deve ser feito alternadamente com o flexionamento. O potro deve movimentar-se em círculos em torno do domador, com a guia presa na argola lateral do cabresto de doma. • O domador com comando de voz suave e sons repetitivos incentiva o potro iniciar o passo, mantendo seu olhar no olho do cavalo e na direção do movimento. • Depois com voz mais forte inicia o trote e finalmente o galope. Inversamente para parar, com voz mais suave passa do galope para o trote e finalmente ao passo até parar. • Finalmente o domador posicionado na frente do potro, pressionando o cabresto, sobre o chanfro, ensina o cavalo recuar. Tempo de Trabalho: 10 min. Para cada mão, direita e esquerda, num período de dez dias. I.5 - Condução:

O domador deve conduzir o potro a seu lado, ao passo, condicionando-o sempre com o comando de voz . • Nas paradas o domador deverá posicionar o potro sempre alinhado. • Nas mudanças de direção o domador primeiramente sinaliza a direção a seguir deslocando a cabeça do potro pelo cabresto, e depois escorando a espádua com a mão, desloca o ante-mão de modo que um anterior cruze na frente do outro. O potro se apóia nos posteriores para facilitar a volta. I.6. Manta – Sela - Bridão • Passa-se inicialmente um saco sobre o dorso, depois coloca-se a manta e finalmente a sela com a barrigueira frouxa. • Coloca-se a cabeçada com bridão para acostumar-se com o mesmo na boca, porém toda a condução é feita através das argolas do cabresto de doma. Obs. Antes de passar o saco e colocar a sela, o domador deve deixar o potro cheirar os mesmos. I.7. Charreteamento • O potro é conduzido ao passo, aprende a fazer alto, e depois ao trote, sempre com as rédeas longas ligadas ao cabresto de doma e “não ao bridão”, passando pelas argolas mais baixas do selote. • É importante deixar o pescoço do potro livre, com o focinho dirigido para frente, pois a fronte do potro nunca deve ficar na vertical ou atrás da mesma, isto é, ficar “encapotado”. INCORRETO Nunca conduzir o cavalo com rédeas fixas ou alemãs, pois o cavalo fica com a cabeça na vertical ou encapotado, o lombo afunda e os posteriores não engajam.

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Deve-se charretear dando máxima liberdade á cabeça e pescoço. O cavalo deve alongar e abaixar o pescoço, com a cabeça inclinada para frente, nunca atrás da vertical “encapotada”.

Antes de montar, o domador deve subir num “caixote” colocado ao lado do potro, para que ele se acostume primeiramente com o domador no alto, depois com o peso do mesmo no estribo e finalmente no dorso. É importante que o potro fique “imóvel” seguro por um auxiliar, ou se necessário, manietado nos anteriores.

Acostumando o cavalo com o domador no alto e com o peso no dorso. I.8 Montar • O potro habituado ao peso dos equipamentos e do domador já pode ser montado, com as rédeas fixadas no cabresto de doma, sendo conduzido pelo auxiliar ao passo e depois ao trote, utilizando somente as rédeas diretas, rédeas de abertura, contraria ou de apoio. • Terminado o trabalho o domador deve montar e desmontar várias vezes pelos dois lados, pegar nos anteriores e posteriores, acariciando-o em todo o corpo e sempre falando em tom suave. • Posteriormente deve-se repetir o trabalho colocando-se além do cabresto de doma com rédeas, a cabeçada com bridão, para o potro ir se acostumando com o bridão na boca. • Finalmente repetir os mesmos exercícios com as rédeas fixadas diretamente no bridão. 1.9 - Pré Treinamento Trabalho no exterior Para finalizar a doma o treinador montado em um cavalo guia deve conduzir o potro desmontado preso a uma rédea de comando. A rédea de comando deve ser presa ao cabresto de doma do potro, porém nunca presa diretamente na argola do bridão. Inicialmente o potro deve ser conduzido na pista ou picadeiro e depois no exterior, unicamente ao passo, e se possível acompanhando outros cavalos. Assim o potro aprende a comportar-se com tranquilidade conhecendo novos lugares e tráfegos, ativando seu instinto de manada. Finalmente a condução com rédea de comando deve ser feita também com o potro montado. Trabalho na Pista ou Picadeiro Depois de montado no redondel, com rédeas fixadas no bridão, o potro deve seguir um cavalo guia trabalhando no picadeiro de adestramento. Deve percorrer todo o picadeiro, fazendo os cantos bem fechados, (raio mais ou menos 4 metros) cortar o picadeiro na diagonal para

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mudar de mão, e fazer círculos de 20 metros, primeiramente ao passo, depois ao trote elevado e finalmente ao galope curto. Todo o trabalho deve terminar sempre deixando o potro ao passo com rédeas soltas, conduzindo-o assim até o box. Posteriormente repetir o exercício no exterior primeiramente ao passo, depois ao trote elevado e finalmente ao galope deixando o cavalo usar livremente a báscula do pescoço. Importante • Durante todo o período de doma deve-se deixar o potro solto no piquete. • Com a doma racional, o potro estará confiante em si mesmo, compreendendo e aceitando as ajudas das rédeas, e a voz do domador, e, portanto apto para iniciar o trabalho de adestramento. • Após um período de descanso médio de trinta dias no campo, o potro deverá ser estabulado para iniciar seu adestramento básico no primeiro ano de treinamento. V – Treinamento a Pé Ajuda das rédeas Tem a finalidade de fazer a “boca do potro”, isto é fazer que o potro compreenda como reagir a ação das rédeas e aceitar o bridão. Inicialmente se pratica com o cavaleiro a pé e somente depois do potro aceitar bem tais ajudas faz-se com o cavaleiro montado. O cavalo aprende a encurvar a cabeça e o pescoço em direções alternadas para a direita e para a esquerda, a descontrair o maxilar inferior e a apoiar-se no bridão. ***Flexão lateral do Bridão – Rédea de Abertura Exercício 01 • A pé O cavaleiro na frente do potro segura as rédeas próximas ao bridão, efetuando movimentos laterais para a direita e para a esquerda, para que o bridão deslize suavemente na boca do potro, mantendo o mesmo contato com as duas mãos. • Montado Posteriormente o cavaleiro montado, desloca as rédeas igualmente para a direita e para a esquerda, de modo que o bridão deslize suavemente na boca do potro. É a base para o uso da rédea de abertura, efetuada inicialmente com o deslocamento lateral das mãos e depois, apenas com uma rotação das munhecas.

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Flexão lateral do bridão Flexão lateral do bridão Rédeas de abertura à esquerda – à direita *** Flexionamento lateral da cabeça e pescoço Exercícios 02 • A pé Segurando a rédea direita, flexionar a cabeça e o pescoço do potro, gradativamente, até que o focinho encoste no costado. Repetir o exercício de ambos os lados. • Este exercício é muito importante, pois além de flexibilizar o ante-mão do potro, serve como recurso para evitar que o potro quando montado, queira empinar, corcovear ou negar-se ao trabalho. O cavaleiro puxando uma das rédeas, flexiona o pescoço deixando o focinho do potro encostar em sua bota, dominando-o totalmente sem castigá-lo com o chicote ou esporas.

Flexionamento da cabeça e pescoço *** Descontração do maxiliar

- O treinador acionando as rédeas com ambas as mãos,

exerce pressão no maxilar inferior, a fim de obrigar o cavalo abrir levemente a boca.

- Abrindo a boca, imediatamente o treinador tira a pressão e acaricia o cavalo.

- Ativando as glândulas salivares, o cavalo mastiga o bridão e espuma na boca.

Flexão Direta Longitudinal

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*** Elevação do pescoço – Flexionamento da Nuca

- O treinador acionando ambas as rédeas para cima e para trás, eleva o pescoço e aproxima a cabeça da cernelha. (posição do cavalo colocado na mão).

- A nuca é o ponto mais alto e a cabeça deve ficar levemente inclinada para frente “nunca encapotada”.

- Fronte adiante da vertical.

Cavalo na mão A flexão direta longitudinal tem como objetivo:

§ Aproximar a cabeça do centro de gravidade do cavalo, distribuindo mais peso para os posteriores, melhorando o equilíbrio e facilitando seus movimentos.

§ Fortalecer a união do conjunto cabeça e pescoço com a cernelha e espádua. § Pela descontração da maxila, a nuca sendo o ponto mais alto e as narinas estando na

altura da cernelha, obtém-se a ligeireza dos movimentos para frente. *** Flexão lateral

Flexão preparatória à direita Flexão lateral à esquerda

* O cavalo estando com o pescoço elevado “flexionamento da nuca” o treinador para flexionar a esquerda com sua mão direita aciona a rédea para cima em direção à cernelha, e , com a mão esquerda aciona a rédea para frente e para baixo. * O cavalo desloca a cabeça para esquerda flexionando levemente o pescoço. * As flexões devem ser feitas dos dois lados. *** Primeira ajuda de rédeas “soltas” sem contato com a mão do cavaleiro Exercícios 03 A pé • O cavaleiro na altura da cernelha com o braço direito ao redor do pescoço com a mão direita segura a rédea direita e com a mão esquerda segura a rédea esquerda efetuando movimentos laterais de modo que o bridão deslize suavemente na boca do potro, mantendo com ambas as mãos o mesmo contato com a boca do potro, isso é muito importante assim como nunca puxar as mãos para trás.

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• Após efetuar o movimento lateral algumas vezes, sentiremos uma pequena flexão da mandíbula inferior do potro. Imediatamente o cavaleiro deve soltar as rédeas, esta liberdade repentina fará o potro abaixar a cabeça com o focinho para frente e esticar o pescoço para baixo e para a frente, ao mesmo tempo que arredondará o dorso. Montado • Posteriormente repetir o exercício montado.

Rédeas soltas ao abaixar a cabeça *** Segunda ajuda de rédeas contato suave e elástico com a mão do cavaleiro Exercício 04 A pé • Repetir o exercício anterior, porem o cavaleiro não solta as rédeas quando o potro abaixar o pescoço, mas sim, mantendo um contato suave das rédeas com o bridão, alternando esse contato com rédea direita e com rédea esquerda. O potro com confiança na mão do cavaleiro esticará o pescoço e abaixará a cabeça, como se estivesse com as rédeas soltas, mantendo sempre um suave contato com a mão do cavaleiro. Montado • Posteriormente repetir o exercício montado

Rédeas em contato ao abaixar a cabeça

Isso é muito importante para o cavalo de salto, ao saltar o cavaleiro deve manter continuamente a mesma tensão das rédeas com o bridão, análoga a segunda ajuda de rédeas. Nunca soltar ou puxar as rédeas para trás, pois isso prejudicaria o equilíbrio do cavalo no salto. Ante braço na direção das rédeas, acompanhando o movimento da cabeça e do pescoço, mantendo a mesma tensão das mãos com o bridão, tal como na segunda ajuda de rédeas.

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***Terceira ajuda de rédeas - Cavalo colocado “na mão” Exercício 05 Para por o cavalo colocado na mão, o cavaleiro deve: - Parar o cavalo após efetuar meia parada em “assento clássico” - Efetuar forte tensão no assento de trás para frente em “assento profundo” - Pressionar ambas as pernas com suaves batidas impulsionando o cavalo contra mãos; - Manter as mãos firmes, ainda que elásticas alternadamente, abrindo e fechando os

dedos. Resultado: O cavalo adiantará seus posteriores, mais próximos ao centro de gravidade elevará seu pescoço e mastigará a embocadura. O peso do cavaleiro será distribuído igualmente sobre os quatro membros.

Cavalo colocado – linha pontilhada Cavalo colocado partindo ao passo posteriores avançam para o centro de gravidade do cavalo A<B. Ajudas das pernas “Chicote”

O treinamento a pé tem como finalidade fazer que o potro se familiarize com os efeitos

das rédeas ligadas ao bridão (para fazer a boca), com a ajuda de um chicote de adestramento, que faz às vezes das pernas do cavaleiro. A pé o cavalo aprende a executar os movimentos com auxilio do chicote de adestramento atuando como se fosse uma perna auxiliar. Mais adiante, montado, a mesma ajuda do chicote se utiliza conjuntamente com a ajuda da perna e finalmente o potro executa os movimentos somente com a ajuda da perna. O trabalho a pé fomenta o desenvolvimento físico e psicológico do potro, ganhando assim um entendimento mutuo entre o cavalo e o domador. Encurvação Lateral Exercício 01 O principal objetivo destes exercícios é encurvar o corpo do potro lateralmente sem nenhuma influencia das rédeas, flexibilizando os músculos laterais do potro da cabeça até a cauda.

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• O domador segura as duas rédeas do cabresto com a mão esquerda. • Toca o curvilhão esquerdo com o chicote de adestramento. • O potro levanta o posterior esquerdo colocando-o em frente ao posterior direito embaixo do

corpo. • Desloca seu corpo levemente para frente e para o lado.

Esse exercício deve ser feito inicialmente duas vezes em cada mão para flexibilizar ambos lados do potro.

Depois de ter aprendido bem o exercício e movimentar os posteriores com facilidade, pode-se começar a usar o chicote desde os curvilhões, subindo sua atuação gradualmente ao longo da perna e corpo do cavalo até chegar junto à cilha, onde o cavaleiro aplicará futuramente as ajudas laterais da perna.

O potro desenvolverá a musculatura necessária e movimentará facilmente seus quartos trazeiros lateralmente ao ser montado, colocando os posteriores debaixo do corpo (engajamento). Movimentação em duas Pistas Exercício 02

• O domador segura as duas rédeas com a mão esquerda. • Toca o curvilhão esquerdo com o chicote de adestramento. • O potro coloca o anterior esquerdo na frente do anterior direito e o posterior esquerdo na

frente do posterior direito, movimentando-se lateralmente para frente. • O domador deve acompanhar o movimento do potro.

Esse exercício deve ser realizado nas duas mãos e, inicialmente não se deve dar mais do que seis passos pois cansa muito o potro. Flexibiliza lateralmente o potro melhorando seu equilíbrio, que será de grande importância nas provas de salto.

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Recuar

Exercício 03

Segurando as rédeas frouxas e tocando com o chicote na coroa do casco anterior, o potro aprende a recuar sem a interferência das rédeas. Nunca pedir inicialmente mais de quatro passos para trás.

Recuar correto – cabeça alta e garupa baixa Obs.: A maioria dos potros iniciam o recuar com pescoço baixo, levantando-o posteriormente. Quando o potro já estiver acostumado a recuar, tocar com o chicote na garupa, para que ele coloque os posteriores debaixo do corpo.

“Recuar”incorreto.

Jamais recuar forçando as rédeas para trás, pois o pescoço se inverte, o lombo afunda e os pés se arrastam.

Após o treinamento inicial de doma racional, trabalhos na guia, rédeas “Chambon”, trabalhos em liberdade, saltos em liberdade e trabalhos a pé, o cavalo estará bem musculado, flexibilizado e com confiança em si mesmo, apto portanto para iniciar os exercícios de equitação elementar. VI - CONDUÇÃO DO CAVALO Passo, trote, galope e recuar

Inicialmente o cavalo deve ser conduzido de forma natural, utilizando-se somente as rédeas simples diretas, diretas de abertura e contrária de apoio, em retas ou voltas, de modo aos posteriores passarem pela mesma pista que os anteriores passaram.

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Rédeas diretas Rédea direta de abertura Rédea contraria “apoio”

Colocação do cavalo na mão Para iniciar os exercícios de condução o cavaleiro deverá primeiramente colocar

o cavalo “na mão”, ou seja, unir o cavalo de trás para frente, de tal modo que, tanto parado como em movimento se estabeleça entre a boca do cavalo, a mão e a perna do cavaleiro um contato absolutamente seguro, ainda que elástico e suave. Para colocar o cavalo na mão, o cavaleiro deve:

1. Parar o cavalo após efetuar meia parada em “assento clássico”;

2. Efetuar forte tensão no assento de trás para frente em “assento profundo”;

3. Pressionar ambas as pernas com suaves batidas, impulsionando o cavalo contra as mãos;

4. Manter as mãos firmes, ainda que elásticas, abrindo e fechando os dedos e flexionando os cotovelos atuando como uma mola conectada à boca do cavalo.

Resultado: O cavalo adiantará seus posteriores, aproximando-os do centro de gravidade, elevará seu pescoço e mastigará a embocadura. O peso do cavaleiro será distribuído igualmente sobre os quatro membros. Impulsionando com as duas pernas, segurando as rédeas igualmente com as unhas dos polegares para cima e cedendo com abertura dos dedos, o cavalo iniciará o passo, trote ou galope.

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Cavalo colocado – linha pontilhada posteriores avançam para o centro de

gravidade do cavalo A< B.

Cavalo colocado partindo ao passo

Rédeas Diretas Ações do Cavaleiro Rédeas de comprimento igual fixadas entre o polegar e o indicador com as unhas do polegar viradas para cima e acionadas pelos demais dedos que abrindo e fechando-se agem como “molas” mantendo um contato seguro, elástico e suave com a boca do cavalo. Pernas aplicadas na posição normal junto a cilha agindo por pressão e batidas para gerar e manter a impulsão. Assento na posição clássica de “assento total”. Efeitos sobre o cavalo O cavalo fica direito da cabeça à cauda Engaja os posteriores para frente Levanta o pescoço com o focinho para frente

Resultado: O cavalo parte em frente ao passo, trote ou galope. Para parar, o cavaleiro sentado na posição “clássica” de assento total deve colocar o corpo levemente para trás, mantendo as mãos firmes com os dedos fechados, ou ainda se necessário, levantar as mãos, sem jamais puxar as rédeas para trás. Rédea Direta de Abertura A – Rédea Ativa – Determinante R – Rédea Reguladora Palma da mão para cima Rédea fixada entre o polegar com os dedos fechados e indicador, demais dedos abrindo-se

e fechando-se como “ molas”.

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Rédea Direita de Abertura

Ações do Cavaleiro § A mão direita desloca-se para a direita e para frente, com o

braço estendido e a palma da mão voltada para cima; § A mão esquerda é reguladora, inicialmente cede, depois

regula; § As pernas são aplicadas na posição normal e agem por

pressão e batidas limitando-se a gerar e manter a impulsão; § O assento é levado ligeiramente para a direita.

Efeitos sobre o cavalo

§ A cabeça vira levemente para a direita; § A face vira levemente para a direita; § O pescoço encurva para a direita; § A garupa não sofre nenhum efeito.

Resultado: A rédea direita de abertura, leva o peso do pescoço para a espádua direita sem

fazer oposição às ancas, que seguem a direção tomada pelas primeiras. O cavalo vira à direita, avançando, os posteriores seguem as marcas dos anteriores.

Depois de o cavalo estar bem acostumado com a rédea de abertura, uma

simples flexão da munheca fará o mesmo efeito.

No canto do picadeiro a volta ao passo deve ser feita em um quarto de circulo com raio de 4 metros.

± 4.00m ± 4.00m

A CURVATURA DO CAVALO Curvatura em diferentes adaduras

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Rédea Contrária ou de Apoio

Militar ou de Pólo

Ações do Cavaleiro

§ A mão esquerda age para a direita e para frente da cernelha sobre o pescoço do cavalo, com a palma da mão voltada para cima;

§ A mão direita é reguladora; § As pernas agem igualmente na posição normal por pressão e

batidas, gerando a impulsão; § O assento é levado para a direita.

Efeitos sobre o cavalo

§ A cabeça vira para esquerda e a nuca levemente para a direita;

§ A face vira para esquerda, para trás e para baixo; § O pescoço encurva levemente para a esquerda; § A espádua direita fica levemente sobrecarregada; § A garupa não sofre nenhum efeito.

Resultado: A rédea esquerda contraria faz inclinar a nuca para a direita, e põe o peso do pescoço sobre a espádua direita, sem fazer oposição as ancas. O cavalo vira à direita avançando, os posteriores seguem a marca dos anteriores.

Mudanças de direção

Para mudar de direção por meio da rédea “direta” de abertura, o cavaleiro atua deslocando a mão para diante e para o lado desejado, cerrando os dedos com a palma da mão para cima e mantendo o movimento para diante por meio da ação das pernas.

Para evitar que o cotovelo se afaste do corpo e permitir que o cavaleiro exerça uma ação de tração de diante para trás, é conveniente acentuar a posição da mão com as unhas para cima, durante as ações da rédea de abertura.

As ações devem ser descontínuas para que não se manifestem resistências por parte do cavalo.

Se à indicação da rédea de abertura o cavalo não vira para o lado desejado, não é aumentando a ação da mão que ele irá obedecer, mas sim aumentando a ação impulsiva das pernas.

Se o cavalo encurva demasiadamente o pescoço sem deslocar o ante-mão, a rédea oposta reguladora é que deverá resistir para impedir o excesso de encurvação, se bem que de início ceda o suficiente para originar a mudança de direção.

Para mudança de direção para a esquerda, por exemplo, por meio da rédea “contraria”, o cavaleiro desloca a mão direita para a esquerda, de trás para diante na frente da cernelha por ações descontinuas, depois de ter colocado o focinho do cavalo na direita, atuando com as pernas para manter o movimento para diante o cavalo vira para a esquerda.

Sendo o seu emprego mais difícil do que o da rédea de abertura é conveniente, de inicio, aproveitar os cantos do picadeiro para melhor aprender a maneira de a aplicar.

A rédea da mão esquerda “reguladora” é que deverá resistir para evitar o excesso de encurvação do pescoço do cavalo, ou ceder para acompanhar o movimento do pescoço.

Essa rédea também se chama de apoio, porque atua na direção oposta do movimento do cavalo, apoiando-se sobre o seu pescoço, sem jamais cruza-lo.

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Embora muito usada para aqueles que têm necessidade de montar com uma das mãos livres, como os militares, jogadores de pólo ou vaqueiros, essa rédea provoca certas resistências por parte do cavalo e interfere negativamente na sua impulsão, devendo então o cavaleiro usar a ação das pernas para aplicá-la.

De acordo como a mão atua, resiste e cede assim o cavaleiro é considerado de “mão dura” ou de “boa mão”. Como o cavalo se serve do pescoço como balanceiro, é necessário dar-lhe liberdade suficiente para utilizá-lo, acompanhando os movimentos basculantes do cavalo com as mãos, flexionamento dos cotovelos e abertura dos dedos. Mantendo com a boca do cavalo uma sustentação elástica, flexível e constante, “jamais puxando as rédeas para trás”, pois elas estão em contato com a língua comissura dos lábios e gengivas “barras” do cavalo causando-lhe dor e resistências futuras.

Puxando as rédeas para trás, pelo principio de ação e reação o cavalo puxará em sentido inverso, para frente, às vezes fugindo ao controle do cavaleiro e disparando.

A força do cavaleiro jamais vence a do cavalo. Através do correto uso das ajudas obtêm-se uma boa qualidade de resposta do animal.

Quando se fecham os dedos e se elevam as mãos o cavalo deve diminuir a andadura sem elevar a cabeça. Se essa ação de mão se intensificar o cavalo deverá parar.

Para evitar de encurtar as rédeas, levantar as mãos efetuando uma rotação para frente ou apoiar uma mão sobre o pescoço do cavalo e levantar a outra. Finalmente com um simples fechar dos dedos o cavalo para. Efeitos das Rédeas Reação do cavalo em função da altura da mão do cavaleiro

O cavalo reage na direção oposta da rédea *** Mão abaixo da boca do cavalo Resultado: o cavalo reagirá para cima, invertendo o pescoço e, quanto mais o cavaleiro puxar a rédea para baixo, o cavalo reagirá não abaixando a cabeça.

*** Mão acima da boca do cavalo Resultado: O cavalo eleva o pescoço e recua a cabeça, mantendo a fronte quase vertical. O cavalo cede, a rédea afrouxa e o cavalo recebe esse resultado como uma recompensa à obediência.

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*** Mão do cavaleiro na horizontal da boca do cavalo Resultado: O cavalo reage horizontalmente alongando o pescoço.

Conclusão: “Para uma perfeita condução a mão do cavaleiro deverá estar sempre, levemente mais alta que a horizontal da boca do cavalo”. Na condução o contato da mão do cavaleiro com a boca do cavalo deve ser: franco, permanente, suave e elástico.

*** Se o cavalo está sobrecarregado sobre as espáduas, pesando na mão do cavaleiro, deve-se efetuar uma meia parada: - “Ação firme de baixo para cima na vertical sobre rédeas tensas, com os dedos fechados, seguida rapidamente do relaxamento progressivo dos dedos e cedência das mãos, tão logo o cavalo eleve o pescoço, recue a fronte e readquira seu equilíbrio horizontal.

*** Se o cavalo vibrante demais, puxa pelas mãos, aumenta a velocidade tentando escapar do controle do cavaleiro, este deve executar vibrações enérgicas de meias paradas, levantando as mãos na vertical e cedendo logo em seguida. As ações de mão destinadas a deslocar o pescoço do cavalo de baixo para cima, podem no inicio do ensino, exigir a elevação dos braços até a altura dos ombros, bem como segurar as rédeas mais

perto da cabeça do cavalo, afim de dar às rédeas uma direção mais próxima da vertical e não com tendência à puxar as rédeas para trás, prejudicando a boca do cavalo. Com a vibração efetuada de baixo para cima e vice versa na vertical, o cavalo não poderá manter uma resistência sobre uma “mão móvel” durante muito tempo diminuindo a velocidade, readquirindo seu equilíbrio e parando se necessário. Progressivamente à medida que vão sendo obtidos os resultados desejados, com os braços e cotovelos na posição normal e vibrações dos dedos “abrindo-os e fechando-os”, poderão ser obtidos os mesmos resultados.

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Exercícios Corretivos Resumo: 1 – Cavalo preguiçoso sem impulsão e medroso Trabalhar no exterior em companhia de outros cavalos ou no corredor de salto com cavalo guia. 2 – Cavalos Excitados Trabalhar só, ou na frente de outro cavalo. 3 – Cavalos de garupa rígida (fria), caída ou fraca Geralmente eles têm tendência a pular depois de montados, ocorre também com aqueles que têm feridas no lugar da cilha. Trabalhar na guia com “Chambon” nas duas mãos, com muita impulsão procurando flexibilizar a linha de cima: pescoço, dorso, lombo e garupa. Trabalhar em liberdade com cavaletes. 4 – Cavalos com cabeça alta, quando excitados Trabalhar na guia com “Chambon” bem ajustado procurando abaixar o pescoço e a cabeça com a cabeça inclinada para frente. Trabalhos a pé. Descontração do maxilar. Flexionamento da nuca e laterais. Meias paradas, vibrações levantando e abaixando as mãos na vertical. Exercícios em zig-zag, alongamento e descida do pescoço. 5 – Cavalos que mexem a cabeça ou se apóiam no bridão querendo disparar Trabalhar na guia com “Chambon” tensionando a guia mantendo a impulsão. Trabalhos pé. Meias paradas, repetidas, condução em círculos concêntricos. 6 – Cavalos duros em uma das mãos e de boca seca Trabalhar na guia com “Chambon”, intensamente na mão dura “rígida”, que geralmente é a mais sensível para fletir os músculos, fortalecer as articulações. Cessão à perna espadua adentro, galopes em circulo para descontrair músculos “encolhidos”. 7 – Cavalos com a cabeça muito baixa e que se apóiam no bridão, geralmente são cavalos, muito grandes e desequilibrados. Condução em zig-zague e retas trabalham na guia com rédea “Chambon” e rédeas “Neco”. Trabalhar a pé, principalmente de passos atrás (recuar), flexibilizando o lombo e distribuindo o peso as quatro patas. 8 – Cavalos que dão coices montados Levantar a cabeça rapidamente e impulsionar para marcha em frente. 9 – Éguas no cio que dão coices devido ao uso de esporas Montar sem esporas e corrigir com chicote, para evitar que aprendam a dar coices depois de passado o período do cio. 10 - Empinar È um vício muito desagradável, podendo ser devido a um mau treinamento, a cavalos nervosos superalimentados ou pouco trabalhados. Um cavalo “atrás da mão” pode facilmente adquirir esse vicio porque não responde á ação das pernas o cavaleiro. Os cavalos que adquirem esse vício, não têm nenhum respeito aos cavaleiros, aprendendo a defender-se do trabalho e a resistir às ajudas. Por isso deve ser corrigido de imediato, e quando o cavalo empinar o cavaleiro nunca deve puxar pelas rédeas e jogar o corpo para trás, pois assim poderá desequilibrá-lo, caindo para trás, sobre o cavaleiro. O cavaleiro deve inclinar-se para frente, agarrando com uma mão o pescoço do cavalo, e com a outra mão puxar a rédea lateralmente com violência, procurando

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dobrar o pescoço do cavalo de lado e para baixo. Isto desequilibrará o cavalo instantaneamente porque desloca seu centro de gravidade para um lado, e como conseqüência ele abaixará suas mãos, sua cabeça e o pescoço lateralmente. O cavaleiro deve nesse momento impor sua autoridade imediatamente após o cavalo apoiar suas mãos no chão, mantendo a cabeça e pescoço dobrados lateralmente, encostando o focinho junto à sua bota, realizar rotações violentamente em torno da sua perna, até dominar totalmente o cavalo, em continuação impulsioná-lo com firmeza em linha reta para frente.

11 – Tropeções Ocorrem principalmente com cavalos novos, no inicio do treinamento, por receber o peso adicional do cavaleiro, mudando assim o seu equilíbrio natural. Os tropeções podem ocorrer também por falhas no ferrageamento, com cascos muito compridos, articulações da quartela muito retas, debilidade física, trabalho em excesso ou nervosismo ao ser montado por cavaleiro tenso e impetuoso. Para corrigir esse defeito o principal objetivo do cavaleiro é transferir o excesso de peso das “mãos” para os “pés”, trabalhando o cavalo na guia com “Chambon”, trabalhos a pé, especialmente o “recuar” e saltar em liberdade no corredor de saltos. Esses exercícios de flexibilização são valiosos no desenvolvimento da elasticidade do dorso e lombo, musculando e fortalecendo as articulações dos posteriores. VII - Mecânica das Andaduras

O conhecimento da mecânica das andaduras é indispensável para o treinamento do cavalo de hipismo, pois uma das suas finalidades é o aperfeiçoamento da cadencia e impulsão das andaduras. Exigindo portanto do cavaleiro um conhecimento completo do movimento dos membros anteriores e posteriores do cavalo, bem como, a colocação perfeita da cabeça e do pescoço em cada tipo de andadura e velocidade.

1. PASSO O passo é uma andadura marchada, na qual os membros do cavalo se apóiam, um após

o outro, em quatro tempos bem marcados e sem intervalo de suspensão.

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Impulsão com posterior direito

Apoio com posterior e

anterior direito

Apoio posterior esquerdo anterior

direito

Apoio com posterior

esquerdo e anterior esquerdo

Ajudas para iniciar o passo

Partindo da “posição clássica”, atua-se simultaneamente fazendo pressão com ambas as pernas atrás da cilha e impulsionando o assento sob forma de pressão contra a sela de trás para frente cedendo com as mãos, abrindo os dedos a fim de manter um contato suave e elástico com o bocado.

Ajudas durante o passo

Utilizam-se as pernas e o assento alternativamente: - quando a mão esquerda do cavalo toca o solo, atua-se com a perna direita e ísquio direito e, quando a mão direita do cavalo toca o solo, atua-se com a perna esquerda e ísquio esquerdo.

Temos quatro tipos de passo:

Passo de Trabalho

O cavalo alonga o pescoço com as narinas na altura das ancas; os posteriores ultrapassam um pouco a marca dos anteriores. No passo de trabalho os cavalos fazem 100m/min. ou 6km/h, com o menor dispêndio de energia. É o passo ideal para iniciar qualquer trabalho e para efetuar marchas;

Passo Alongado

O cavalo amplia ao máximo suas passadas, alonga e abaixa um pouco seu pescoço, ficando com as narinas abaixo da linha horizontal das ancas. Os posteriores ultrapassam bem a marca dos anteriores. Não se deve praticar este passo por muito tempo, pois obriga o cavalo a deslocar seu centro de gravidade para frente, inclinando seu corpo para frente e pesando sobre as mãos.

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Passo Reunido

O cavalo engaja os posteriores, levanta e arredonda o pescoço, ficando com as narinas acima da linha das ancas. O passo tem mais cadência, cobrindo menos terreno, pois os posteriores não atingem a marca dos anteriores. É o passo no qual o cavalo fica mais na mão do cavaleiro. Sua velocidade é inferior à do passo de trabalho. Deve ser executado apenas em curtas reprises em cavalos com treinamento adiantado.

Passo Livre

É o passo de repouso realizado com rédeas soltas, pois assim o cavalo alonga e abaixa o pescoço à vontade, facilitando o seu movimento.

É o passo ideal para finalizar os trabalhos, propiciando um relaxamento físico e mental para os cavalos retornarem aos boxes.

2. TROTE O trote é uma andadura a dois tempos, com movimento alternado das diagonais (pé e

mão oposta), separadas por um tempo de suspensão. No trote a espádua e a garupa se elevam (ou abaixam) ao mesmo tempo e o pescoço permanece praticamente fixo. Os posteriores devem seguir a mesma pista dos anteriores, mantendo perfeito paralelismo.

Diagonal esquerda Suspensão Diagonal direita Suspensão

Ajudas para iniciar o trote

Para iniciar o trote a partir do passo, as ajudas são análogas às que se aplicam para iniciar o passo. Com ação mais intensa das pernas atrás da cilha, atuando da frente para trás e de baixo para cima e o assento para de trás para frente próximo à cernelha, cedendo as mãos com abertura dos dedos e flexionamento dos cotovelos, o cavalo se movimenta livre e ativamente para frente, iniciando o trote.

Seguindo com as ajudas o trote será feito com ritmo, equilíbrio e elasticidade.

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Há três tipos de trote:

Trote de Trabalho O cavalo alonga o pescoço, mantendo suave contato com a mão do cavaleiro. O chanfro fica inclinado para frente, adiante da vertical, e as narinas na altura horizontal das ancas. As passadas são de comprimento, altura e tempo de suspensão médios. O cavalo movimenta-se para frente enérgicamente, com passadas uniformes e equilibradas. No trote de trabalho os cavalos atingem aproximadamente 200 m/min ou 12 km/h.

È a andadura que se utiliza para o trabalho diario.

Trote Alongado

Trote Reunido

O cavalo engaja os posteriores, o pescoço se eleva e arredonda a fronte sempre inclinada para frente, com as narinas acima da horizontal das ancas.

As passadas são executadas com grande impulsão e elasticidade, sendo, porém mais curtas e mais altas que no trote de trabalho e executadas com grande leveza na embocadura. A verticalidade do chanfro é o limite máximo da reunião “ramener”, pois ultrapassando esse limite, por pouco que seja isto é o chanfro do cavalo para trás da vertical, o cavalo estará encapotado, o que é muito prejudicial para o dorso e lombo do cavalo.

É uma andadura para um estagio mais adiantado, que se consegue com meias paradas ao trote, atuando com o assento profundo do cavaleiro de trás para frente, e forte ação das pernas atrás da cilha, mantendo as rédeas tensas.

O cavalo alonga o pescoço sendo a nuca o ponto mais alto, o chanfro inclinado para frente e as narinas abaixo da horizontal das ancas. O trote alongado só deve ser feito em curtas distâncias, pois caso contrário o cavalo perde o engajamento inclinando seu corpo para a frente, pesando sobre as mãos do cavaleiro.

É o trote no qual o cavalo alonga ao máximo as passadas e o tempo de suspensão, mantendo, porém o ritmo, equilíbrio e elasticidade.

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Posição do assento no trote

I - Posição Clássica - Assento Total

Para manter o cavaleiro sentado na sela, com a máxima firmeza e comodidade, absorvendo todos os movimentos verticais e horizontais do cavalo, o cavaleiro deverá:

• Manter o corpo na vertical, cabeça levantada, olhar para frente, peito saliente, espáduas para trás, braços caídos naturalmente, cotovelos junto ao corpo, antebraços na mesma direção das rédeas, mantendo um contato elástico com a boca do cavalo.

• Manter a cintura descontraída, flexionada no movimento do dorso do cavalo para cima e distendida no movimento para baixo com rotação do ilíaco “jogo da cintura”, auxiliando assim o assento permanecer sobre a sela, deslizando de trás para frente.

A flexão da cintura mantém a aderência do A extensão da cintura permite manter

assento, amortecendo o movimento a aderência do assento no movimento

ascendente do dorso. descendente do dorso.

• Manter perfeita aderência da barriga das pernas, pressionando o ventre do cavalo da frente

para trás e de baixo para cima, facilitando o assento deslizar sobre a sela. • Flexionar os ângulos articulares do joelho e tornozelos, mantendo os calcanhares para

baixo, junto a cilha ponta dos pés para cima e ligeiramente afastadas do corpo do cavalo e inclinadas para fora, agindo como amortecedores básicos do movimento.

• Manter o osso ilíaco do quadril na vertical que passa pelas orelhas, ombros e calcanhares “linha de equilíbrio”.

Essa posição de assento é utilizada principalmente em concursos de adestramento clássico.

II - Posição de assento profundo O cavaleiro gira o assento para trás, ficando o osso ilíaco inclinado para trás, forçando mais

o fundo da sela. Este movimento do assento (como se estivesse numa balança), em adição à ação das pernas para frente, aumenta a reunião e a impulsão do cavalo para a mão do cavaleiro, sendo própria para os ares de alta escola, passage e piaffer.

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Esta posição, atuando com o assento atrás, na parte mais débil do dorso “lombo” só deve ser adotada em cavalos treinados, bem musculados, e depois de bem aquecidos. Nunca em cavalos novos.

III - Posição de assento leve

Esta é a posição básica e a mais usada para os exercícios de salto, para doma de cavalos novos ou para montar cavalos sensíveis de lombo, os quais geralmente corcoveiam ao serem montados. Nesta posição de assento o cavaleiro senta-se mais à frente da sela, com o corpo levemente inclinado para frente, apoiando-se suavemente mais na frente da sela com o ilíaco, que permanece levemente inclinado para frente. Seu peso fica distribuído basicamente em suas coxas, joelhos, pernas e tornozelos até os calcanhares, estes agindo como amortecedores. Os ísquios do seu assento mantêm somente um leve contato com a sela.

Este tipo de posição é apropriada para a maior parte dos exercícios de salto. Deve ser feita com os estribos dois furos mais curtos do que na posição clássica, de forma a permitir que o cavaleiro passe instantaneamente para a posição de assento total “clássica” ou para a posição de assento livre “desportiva” conforme a necessidade.

Trote Elevado Para reduzir ao mínimo as reações sofridas pelo cavalo na posição clássica, o cavaleiro

utiliza o trote elevado em “suspensão flexível” no qual o assento se apoia suavemente na sela a cada duas passadas.

O início deste trote pode realizar-se de duas maneiras:

§ A partir do trote sentado, passando após algumas passadas ao trote elevado em

uma das diagonais. § A partir do trote de pé sobre os estribos, passando após algumas passadas ao trote elevado em uma das diagonais.

No picadeiro o trote elevado deve ser feito na diagonal externa, ou seja, o cavaleiro

deve voltar à sela quando se apoiam a mão externa e o pé interno. Se o trote é feito à mão esquerda do picadeiro, o cavaleiro deve voltar à sela quando se

apoiam no solo a mão direita e o pé esquerdo do cavalo. Se o trote é feito à mão direita do picadeiro o cavaleiro volta à sela quando se apoiam no

solo a mão esquerda e o pé direito do cavalo. Na pista o cavaleiro deve mudar de diagonal cada vez que muda de direção. Nos passeios deve-se mudar de diagonal pelo menos a cada quilômetro, para aliviar o

cavalo. Para mudar de diagonal o cavaleiro tem duas opções:

• Permanece sentado na sela mais uma passada, iniciando o trote elevado na outra diagonal. • Permanece de pé sobre os estribos mais uma passada, iniciando o trote elevado na outra diagonal.

O cavaleiro, voltando à sela numa diagonal, eleva-se naturalmente, acompanhando a elevação do dorso na distensão da diagonal oposta, mantendo o assento “um pouco acima da sela” e, após um tempo de suspensão, voltando suavemente à sela na outra diagonal. O cavaleiro, elevando o corpo, força os calcanhares para baixo e para trás, permanecendo assim sobre a linha de equilíbrio e os joelhos flexíveis, em contato com a sela, mas sem apertar, funcionam como amortecedores. O apoio da barriga das pernas sobre o ventre do cavalo da frente para trás, levam o assento para frente e permitem ao cavaleiro manter o equilíbrio.

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O trote elevado assim realizado, o cavaleiro deslizando em suspensão flexível sobre a linha de equilíbrio, com os calcanhares e joelhos trabalhando como amortecedores é um trote menos cansativo para o cavalo, aliviando o lombo e os curvilhões do animal.

Trote em suspensão flexível

Posições do assento no trote elevado

I - Posição Clássica

Deve ser feita unicamente em “suspensão flexível” para proteger o lombo, que é a parte mais sensível do cavalo e onde se encontra o rim.

II - Posição Assento Leve

Partindo da posição clássica, a parte superior do corpo do cavaleiro se encontra ligeiramente inclinada para frente da vertical, o assento levemente apoiado na sela, levanta-se um pouco em “suspensão flexível”, voltando suavemente ao fundo da sela, auxiliado pela flexão dos joelhos e calcanhares para melhor distribuir seu peso. O equilíbrio do cavaleiro é mantido pela ação da barriga das pernas, apoio dos joelhos e coxas.

III – Posição Assento livre – Desportiva

É o trote de pé sobre os estribos, apoio em dois pontos nos estribos e joelhos com o corpo inclinado acompanhando o centro de gravidade do cavalo, e as nádegas perto, porém sem apoiar-se na sela.

É a posição para passar sobre cavaletes, em terrenos montanhosos e saltos de obstáculos ao trote.

3. GALOPE O Galope é uma andadura basculante a três tempos, uma sequência seguida de um

tempo de suspensão.

Posterior Esquerdo

Diagonal Esquerda

Anterior direito Suspensão

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O cavalo pode efetuar o galope à direita ou à esquerda:

Galope à direita

Quando o anterior e posterior direito tocam o solo respectivamente na frente do anterior e posterior esquerdo.

Galope à esquerda

Quando o anterior e posterior esquerdo tocam o solo respectivamente na frente do anterior e posterior direito.

Galope à direita

Galope certo

Quando trabalhando na mão direita do picadeiro, o cavalo galopa à direita. Quando trabalhando na mão esquerda do picadeiro, o cavalo galopa a esquerda.

Mão Direita

Mão Esquerda

Mão de trabalho no picadeiro

Galope Falso – Contra Galope

Quando trabalhando na mão direita do picadeiro o cavalo galopa à esquerda. Quando trabalhando na mão esquerda do picadeiro o cavalo galopa à direita. Galope Desunido

Quando o cavalo galopa à direita com os anteriores e à esquerda com os posteriores, ou inversamente.

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Galope Desunido

Ajudas para iniciar o galope

Na equitação elementar o cavaleiro na “posição clássica” deve iniciar o galope a partir do trote, por perda de equilíbrio.

O cavaleiro trotando à mão esquerda do picadeiro, ao aproximar-se do canto deve utilizar as seguintes ajudas:

• Acelerar o trote; • Atuar com a rédea direita de abertura, para que o cavalo coloque a cabeça ligeiramente á direita; • Deslocar seu peso mais para o lado direito da sela, liberando a espádua esquerda do cavalo; • Colocar a perna direita de posição atuando atrás, para deslocar a garupa para o lado interno do picadeiro, desequilibrando o cavalo; • Pressionar fortemente com a perna esquerda na altura da cilha, impulsionando o

cavalo.

O cavalo sentindo-se desequilibrado para o interior da curva e impulsionado na mão para frente, parte para o galope “à mão esquerda”.

Tão logo o cavalo se levanta do solo, o cavaleiro cede os cotovelos para que as mãos acompanhem a elevação e alongamento do pescoço, deixando o cavalo dar seu primeiro salto (galão), e por meio das ajudas de impulsão o induz a continuar a sucessão de saltos.

Para manter a impulsão para a frente o cavaleiro deve ficar com o assento deslizando na sela de trás para frente, acompanhando elasticamente os movimentos do cavalo como se estivesse numa balança e absorvendo os impactos com o flexionamento dos joelhos e dos tornozelos com abaixamento dos calcanhares e a barriga das pernas atuando sobre o ventre do cavalo mantém o equilíbrio do cavaleiro.

Para encurtar o galope o cavaleiro deve diminuir progressivamente a velocidade: - a amplitude e suspensão das passadas (galões), aplicando meias paradas.

Se eventualmente o cavalo não diminuir a velocidade, com essas ajudas, deve-se entrar em circulo, diminuindo o diâmetro do mesmo até o cavalo acalmar e entrar no trote ou parar. O círculo nunca deverá ser inferior a 15 metros de diâmetro.

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Mudança de pé simples

Para mudança de pé ao galope, ao mudar de direção pela diagonal o cavaleiro deve passar do galope ao trote e depois iniciar nova partida de galope à outra mão.

Existem três tipos de galope:

Galope de Trabalho É o galope de velocidade média, usado para iniciar os trabalhos ou para marchas contínuas. O cavalo se movimenta livremente, com o corpo na horizontal, o chanfro inclinado para frente da vertical, as narinas aproximadamente na altura das ancas. A velocidade média do galope de trabalho é de 250 m/min ou 15 km/h.

O cavaleiro nunca deverá galopar em direção aos boxes ao término do trabalho, mas sim, dirigir-se ao passo livre.

Galope Reunido

Para obter o galope reunido o cavaleiro em posição de assento levemente profunda ativa a impulsão com o peso do assento e maior pressão das pernas e ao mesmo tempo, com flexionamento dos cotovelos abrindo e fechando os dedos tensiona as rédeas. O pescoço se eleva, a nuca é o ponto mais alto e o chanfro inclinado para frente com as narinas acima da horizontal das ancas.

As passadas são mais curtas e enérgicas.

O galope reunido só deve ser feito com cavalos de alto grau de adestramento, bem musculados e flexibilizados, pois, caso contrario ficará muito pesado na mão, tenso e nervoso, desunindo o galope.

A velocidade media é de 200m/min ou 12km/h.

Galope Alongado

Para obter o galope alongado o cavaleiro em posição de assento leve ou desportiva ativa a impulsão com forte pressão das pernas. O pescoço alonga-se sem abaixar-se muito, mantendo o chanfro inclinado para frente, com as narinas um pouco abaixo da linha horizontal das ancas. O cavalo atinge ao máximo de amplitude e suspensão nas passadas. O cavaleiro deve manter contato suave com a embocadura e inclinar mais o corpo quanto maior for a velocidade, mantendo perfeito equilíbrio do conjunto.

A velocidade média é de 300m/mim ou 18km/h.

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Posições do assento no galope

De acordo com a finalidade do trabalho, o cavaleiro pode efetuar o galope nos três assentos básicos já descritos anteriormente:

§ Posição de assento total “Clássica”; § Posição de assento leve “Doma”; § Posição de assento livre “Desportiva”.

“Posição de Assento livre”- Desportiva

A “posição desportiva” é uma adaptação da “posição clássica” à velocidade e ao obstáculo.

Esta posição desportiva liberta a cintura do cavaleiro das reações violentas originadas pelos andamentos vivos e pelos saltos de obstáculos.

Galope em suspensão flexível

Parada – Alto

È importante ensinar o potro reduzir a marcha e parar sem puxar as rédeas para trás, prejudicando a boca do mesmo.

Trabalhando por exemplo à mão esquerda no picadeiro, ao fazer a curva no canto do picadeiro, colocar o assento a direita, corpo para trás, rédea direita de abertura. O potro ficando de frente para a divisa, automaticamente reduz a marcha, atuando com a rédea esquerda de abertura o potro endireita o corpo, responde flexionando a mandíbula inferior. Imediatamente ceder às rédeas e agradar, o potro alonga e abaixa o pescoço com a cabeça inclinada para frente. Em seguida aplicar ajudas fortes para ele seguir em frente. Repetir esta transição do passo até a parada “alto” em ambas as mãos, até ele entender rapidamente essas ajudas.

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Parada no meio da pista

Para preparar a parada, separar as duas mãos mantendo contato uniforme com as duas rédeas abertas. Assento total, corpo para trás, pernas passivas. Rédea esquerda de abertura e direita sobre o pescoço quando o anterior esquerdo do potro toca o solo, e rédea direita de abertura e esquerda sobre o pescoço quando o anterior direito toca o solo. O cavalo começa a reduzir a marcha até parar. Agradar e logo a seguir impulsioná-lo para frente. Recuar

É um movimento retrógrado, simétrico e anti-natural por isso deve ser feito com muita

paciência e compreensão, depois que o cavalo tenha uma boa base de adestramento e grande impulsão, pois caso contrário poderá ficar acuado.

O cavalo deve recuar passo a passo, elevando os anteriores e posteriores, como se estivesse andando para frente e nunca arrastando os anteriores.

O ponto mais alto do arco do pescoço é a nuca, o chanfro do cavalo fica levemente mais inclinado para frente que a vertical e os posteriores abaixados e bem engajados sob o corpo do cavalo.

No recuar os posteriores estão sujeitos a um trabalho muito mais intenso do que na marcha para frente.

Ajudas para Recuar

Preparar o cavalo primeiramente ao passo, aplicando fortes ajudas de meia parada.

A seguir fazer algumas transições desde o passo até parar sem recuar, e só depois aplicar as ajudas para recuar:

• Sentar na frente da sela, para aliviar os posteriores; • Impulsionar mais fortemente com as duas pernas; • Receber a impulsão na mão, fechando os dedos e resistindo a impulsão para

frente;

• Não podendo ir para frente o cavalo iniciará o recuar, dando algum passos atrás; • Para continuar os passos atrás, deve manter-se as ajudas alternada das pernas,

cedendo a tensão sobre a embocadura a cada passo atrás, mantendo sempre um contato suave e elástico abrindo e fechando os dedos;

• No inicio nunca dar mais que três a quatro passos;

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• Após efetuar os passos atrás, aproveitando a impulsão acumulada do cavalo, partir ao passo para frente e depois soltando as rédeas, deixar que alongue e abaixe a cabeça e o pescoço;

• Nunca puxar as rédeas para trás; as rédeas só resistem; • O recuar bem executado é uma ótima ginástica para fortalecer o lombo e os

posteriores dos cavalos.

Cavalo reunido, impulsão das pernas resistência das

mãos

Cavalo executando passos atrás

Após recuar seguir livre para frente

Se o cavalo oferecer resistência para recuar pode-se usar os seguintes artifícios:

Posição Clássica

Um auxiliar tocando com um chicote na coroa do casco faz o cavalo levantar a mão e recuar.

Levar o cavalo ao passo contra a parede do picadeiro; ao chegar na parede, aplicar fortemente as ajudas para recuar, e, não podendo ir para frente, o cavalo dará passos atrás.

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Características do cavalo bem domado O cavalo bem domado com a ação simultânea das duas pernas passivas ou de ímpulsão e rédeas simples; - diretas, de abertura ou contraria deve:

• Ao ser montado deve permanecer parado • Andar para á frente • Virar à direita • Virar à esquerda • Parar • Recuar

VIII –Adestramento básico do Cavalo de Hipismo

O adestramento básico do cavalo de hipismo é dado por uma serie de exercícios ginásticos progressivos para desenvolver a musculatura, a flexibilização, as andaduras, o equilíbrio, a obediência e a auto-confiança para o cavalo ter a máxima habilidade para os saltos. Inicialmente a base do adestramento é a mesma para o salto, adestramento e concurso completo. No adestramento clássico a impulsão acumulada é utilizada unicamente para projetar o cavalo para frente.

Cavalo de Adestramento Impulsão para frente

No adestramento de saltos a impulsão acumulada é utilizada para projetar o cavalo para cima e para frente.

Cavalo de Salto Impulsão para frente e para o alto

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A principal diferença é que o cavalo de salto necessita: • Ter uma completa liberdade da cabeça e pescoço (balanceiro cervical) para manter o

equilíbrio sobre grandes obstáculos. • Ter grande flexibilidade da “linha de cima” – pescoço cernelha, dorso, lombo e garupa para

arredondar o salto. • Ter facilidade para mudar de um alto grau de reunião para uma expansão elástica para cima

e para frente. • Ter iniciativa e confiança para enfrentar todos os tipos de obstáculos. • Responder rápida e facilmente as mínimas ajudas do cavaleiro.

*** Diretriz básica de Treinamento

A diretriz básica que rege o treinamento do Cavalo de Hipismo é a sequencia do trabalho que deve ser seguida, no entanto, o treinador só deve passar a um exercício seguinte, quando o cavalo executar perfeitamente o exercício anterior. • Ritmo das andaduras

Manter a cadencia perfeita das andaduras naturais de passo, trote e galope e o aperfeiçoamento dos diversos tipos de cadencia de acordo com o grau de desenvolvimento do treinamento.

• Descontração

Flexibilização do maxilar, da nuca e dos músculos do pescoço dorso, lombo e garupa, permitindo ao cavalo alongar o pescoço para frente e para baixo, com o focinho inclinado para frente até atingir a altura do joelho, e, automaticamente engajando os posteriores sob o corpo.

• Apoio

O cavalo descontraído, projetando a força impulsora dos posteriores através da coluna vertebral até a nuca e daí até a boca do cavalo, retorna pelas rédeas à mão do cavaleiro, estabelecendo assim um “apoio” isto é, um contato suave e elástico da mão do cavaleiro com a boca do cavalo.

• Impulsão

Com o balanço cervical e o apoio na mão do cavaleiro, aumenta-se a flexibilidade das articulações dos posteriores e a impulsão no trote e galope. O cavalo engaja e distende os posteriores com mais facilidade, e, quanto maior a impulsão maior é a leveza no apoio com a mão do cavaleiro.

• Retidão

A impulsão e a sustentação do peso nos posteriores é tanto maior, quanto maior é a retidão da coluna vertebral do cavalo. Os cavalos geralmente são destros, isto é, tem a coluna encurvada a direita (garupa deslocada à direita), os posteriores não seguem a marca deixada pelos anteriores. O posterior direito avança à direita do anterior direito e o posterior esquerdo avança em direção ao centro de gravidade do cavalo, colocando-se entre os anteriores esquerdo e direito. O cavalo coloca mais peso sobre a espádua esquerda, o cavaleiro sente mais apoio na rédea esquerda, tende a distender a musculatura do pescoço do lado esquerdo. No lado direito o cavalo não aceita a rédea, curvando o pescoço (pescoço ôco). A retidão é, portanto de grande importância para o salto e adestramento, por isso, nessa fase do ensino deve-se realinhar a coluna vertebral.

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O cavaleiro sente a retidão do cavalo quando:

• O apoio é igual em ambas as mãos. • O cavalo executa com perfeição voltas à esquerda e à direita com os posteriores

seguindo a marca dos anteriores. • As pontas das orelhas permanecem na mesma altura, portanto sem entortar a nuca. • O cavalo facilita um assento total do cavaleiro, sem deslocá-lo à direita ou à

esquerda. • O cavalo tem todas as articulações flexíveis e a musculatura de ambos os lados

flexíveis e soltas.

Se o cavalo não tiver “retidão”, entorta a nuca ficando com uma orelha mais alta que a outra, tem uma curvatura exagerada no pescoço e uma curvatura longitudinal menor no dorso, lombo e garupa, sendo um dos lados “côncavo” com os músculos rígidos e o outro “convexo” com os músculos distendidos. Nesta fase do treinamento o principal objetivo é obter a retidão da coluna vertebral do cavalo, pois somente um cavalo “direito” pode atuar perfeitamente em qualquer modalidade do esporte. A maioria dos cavalos tem a tendência de se defender contra a perna esquerda do cavaleiro e da rédea direita, isto é, de apoiar-se na rédea esquerda e esquivar-se da rédea direita encurvando o pescoço. A garupa deslocada a direita facilita o posterior direito transpistar lateralmente a direita do anterior direito, fugindo assim ao peso do conjunto. O posterior esquerdo no entanto dirigido ao centro de gravidade do conjunto, recebe mais peso avançando bem menos que o direito. Essa é a razão pela qual a maioria dos cavalos com o posterior direito livre, refugam ao obstáculo virando para a esquerda. • Reunião

Com o aumento da flexibilidade das ancas e retidão é possível impulsionar mais os posteriores, ao mesmo tempo que aplicando meias paradas o cavalo é “comprimido” transferindo mais peso para os posteriores, executando com facilidade a reunião ao passo, trote e galope.

IX – Programa de Treinamento

O programa de treinamento do cavalo de hipismo deve ser subdividido em cinco fases distintas. I - Equitação Elementar “Primeiro ano de Treinamento”

São cinco as fases do treinamento

Primeira Fase

Distender e a linha superior “pescoço – cernelha – dorso – lombo e garupa” – músculos inversores do pescoço e ílio espinais.

Ensinar o cavalo abaixar o pescoço e a cabeça com o focinho para frente e para baixo, trabalhando apoiado e

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impulsionado nas três andaduras – passo, trote e galope.

Trabalho na guia, com rédeas Chambon, trabalho em liberdade com cavaletes e saltos em liberdade. Exercícios de equitação elementar na pista e exterior. Linhas de Salto.

Segunda Fase Exercícios diversos na pista e exterior com unilaterais “cessão à perna”. Pistas de Saltos Mobilização das ancas com ação da perna isolada – sem encurvação da coluna vertebral.

Seguindo na mão esquerda da pista: • Tensionar a rédea direita e ajustar à esquerda. • Recuar a perna direita bem atrás da cilha “perna de

posição” e pressionar provocando o avanço do posterior direito na frente do posterior esquerdo deslocando as ancas para o lado esquerdo.

• Após conseguir um passo, seguir em frente e agradar, repetindo até conseguir dois, três e mais passos até chegar à meia volta sobre as espáduas.

II – Equitação Secundária – “Segundo ano de treinamento” Terceira Fase Exercícios diversos na pista com ação das rédeas ativas e passivas e das pernas de impulsão e passiva. Trabalhos em duas pistas de espádua adentro e apoios. Deslocamento dos posteriores da pista, com encurvação da coluna vertebral.

Seguindo na mão esquerda da pista: • Rédea direita direta passando a intermediaria e esquerda

reguladora. • Perna direita “interna” atrás da cilha “de impulsão” com forte

pressão e batidas, deslocando os posteriores para fora. • Perna esquerda “exterior” de posição mais atrás, controlando o

grau de curvatura do corpo do cavalo em torno da perna direita, o cavalo desloca-se para frente em “espádua afora”.

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Quarta Fase Exercícios de rotações diretas, meias piruetas, piruetas e rotações inversas. Piruetas – Os anteriores realizam um quarto ou meio circulo ao redor dos posteriores, sem chegar a uma parada total.

A finalidade da pirueta é conseguir um maior grau de reunião e flexibilidade, sendo muito importantes para os cavalos de salto, pois com elas o cavalo pode ganhar valiosos segundos nos concursos ao cronometro. Seguindo na mão esquerda: • Efetuar uma meia parada, quando a mão esquerda “interior”

toca o solo, a direita tem condições de cruzar na frente da espádua.

• Rédea esquerda de abertura e direita sobre o pescoço. • Perna esquerda “de impulsão” com forte pressão junto à cilha.

• Perna direita de posição atrás da cilha incentiva o cavalo deslocar o anterior direito em frente ao esquerdo iniciando a pirueta a esquerda.

Quinta Fase

Montando o cavalo colocado, na mão, e reunido, inicialmente ao passo, depois ao trote e galope, executar todos os exercícios em duas pistas, em todas as andaduras e com velocidades variadas, nas posições de assento clássico para o adestramento e também em assento leve e assento livre para o salto. Assim será atingindo o principal objetivo de toda a equitação clássica: “Reunião máxima em todas as andaduras”.

Cavalo Reunido nuca é o ponto mas alto fronte inclinada levemente para frente Cavalo Reunido nas três andaduras

Passo reunido Trote reunido Galope reunido

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“Resumo” - Programa de Trabalho O programa de trabalho é uma diretriz básica a ser seguida, que o treinador deve aplicar de acordo com as condições físicas e psíquicas de cada cavalo. Somente deve passar a um exercício seguinte se o cavalo executar perfeitamente exercício anterior.

Exercícios de musculação e flexibilização Trabalho na guia.

• Ensinar o cavalo trabalhar em liberdade no redondel, nas três andaduras: - passo – trote e galope – atendendo e obedecendo a voz de comando do treinador e a ação do chicote.

• Iniciar com a guia presa a argola do cabresto. • Depois prender a guia na argola do bridão, que tensionada agirá como uma rédea

de abertura, encurvando o cavalo da cabeça à cauda para o lado interno; com o chicote atuando na direção dos posteriores afim de manter um engajamento perfeito com grande impulsão.

Trabalhos a pé O Cavalo aprende a encurvar a cabeça e o pescoço para os lados, descontrair o maxilar e apoiar-se no bridão. Trabalho na guia com rédea “Chambon”

• Iniciar o trabalho ao passo, com alongamento da linha superior “pescoço – cernelha – dorso – lombo e garupa” mantendo o pescoço alongado para frente e para baixo, a cabeça deve ficar com a fronte inclinada para frente e para baixo, e “nunca encapotada”.

• Manter a impulsão de modo que os posteriores ultrapassem a marca dos anteriores.

• Manter o cavalo encurvado da cabeça à cauda, de modo que o posterior interno cruze na frente do posterior externo.

• Acelerar o passo e passar ao trote, com o comando de voz e ação do chicote. • O trabalho ao galope só deve ser iniciado após alguns meses de trabalho, quando

o cavalo já estiver bem musculado e flexibilizado na linha superior e lateralmente.

- O trabalho ao trote dá musculação - O trabalho ao galope dá equilíbrio Retidão • Para o realinhamento da coluna vertebral do cavalo, o trabalho na guia com

rédea “Chambon” é muito importante. Cavalos encurvados à direita “maioria” Tem facilidade de trabalhar na mão esquerda “mão fácil” Iniciar o trabalho na mão esquerda durante 5 minutos. Passar depois para a mão direita “rígida” durante 10 minutos.

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• Manter o cavalo encurvado da cabeça à cauda, assim os músculos distendidos serão flexibilizados e os músculos fletidos “contraídos” serão distendidos, bem como as articulações serão fortalecidas.

Após descanso, repetir o trabalho por mais 15 minutos. • O cavalo perfeitamente flexível lateralmente emprega o curvilhão interior sob o

corpo, na frente do curvilhão externo em ambas as mãos de direção, direita ou esquerda.

• Para os cavalos encurvados à esquerda “minoria” que tem facilidade de trabalhar na mão direita, o trabalho é o inverso.

Se um dos lados do cavalo não estiver perfeitamente musculado e flexibilizado,

pode ser notado porque a orelha do cavalo desse lado, fica ligeiramente mais alta que a orelha do outro lado.

Trabalho em liberdade com cavaletes • Ensinar o cavalo trabalhar em liberdade na pista elíptica seguindo um cavalo

guia, ao passo, trote e galope, atuando e obedecendo a voz de comando do treinador.

• Inicialmente ao trote passar as varas no chão e depois as varas elevadas “cavaletes”.

• Posteriormente efetuar pequenos saltos ao trote em altura e extensão. • Iniciar o trabalho ao galope, depois do cavalo estar bem musculado e

flexibilizado. • Finalmente efetuar saltos ao galope, em obstáculos em “x”, saltos isolados e

linhas de saltos com obstáculos compostos de verticais e oxers. Obs. Todos os exercícios deverão ser feitos alternadamente nas duas mãos, esquerda e direita. Adestramento básico • Conduzir o cavalo montado, seguindo um cavalo guia, inicialmente ao passo e

depois ao trote e galope. • A condução do cavalo deverá ser feita utilizando somente as rédeas de abertura e

contraria ou de “apoio”, com as duas pernas de impulsão, de modo que em linhas retas ou curvas os posteriores do cavalo sigam a pista dos anteriores.

• Efetuar os vários exercícios de equitação elementar alongamentos, encurtamentos e mudanças de direção, ao passo, trote e galope, voltas de 20m e cortar o picadeiro nas diagonais e transversais.

• Partidas ao galope nos cantos do picadeiro por “perda de equilíbrio” impulsionando cavalo em “galões” amplos deixando-o usar livremente a báscula do pescoço, mantendo as rédeas soltas e depois com um contato suave e elástico.

• Finalmente efetuar exercícios com voltas de 10m e 5m, meias voltas diretas e invertidas, serpentinas etc.

• Ensinar o cavalo deslocar os posteriores da pista, “mobilização das ancas” atuando com a rédea externa tensionada e ação isolada da perna externa de posição atrás da cilha e a perna direita de impulsão junto a cilha, o cavalo

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deslocará as ancas para dentro da pista, sem encurvar a coluna vertebral (inicio de cessão à perna).

• Ensinar o cavalo deslocar os anteriores da pista “mobilização das espáduas” pela ação da rédea interna de abertura, perna externa de impulsão e perna interna de posição.

• Nesta fase do treinamento o principal objetivo são os exercícios para realinhar a coluna vertebral muscular e flexibilizar perfeitamente o cavalo.

• Finalmente executar os vários exercícios de adestramento, de cessão à perna e partidas ao galope em linhas retas com a ação da rédea e perna interna.

Obs. Todos os exercícios deverão ser feitos alternadamente nas duas mãos, esquerda e direita e voltar ao box ao passo com rédeas soltas. Exercícios no Plano, cavaletes e linhas de Salto Após o cavalo executar perfeitamente o adestramento básico, passar ao trabalho no plano, com cavaletes, linhas de salto e pistas de salto ao trote e muito galope cadenciado e calmo, parando o trabalho quando o cavalo começa a suar. Trabalho no Exterior • O trabalho deverá ser feito utilizando bridão grosso, rédeas de abertura ou

contrária “de apoio” e as duas pernas de impulsão. • Iniciar o trabalho acompanhando um cavalo guia. • Trabalho ao passo em linhas retas, curvas amplas, no mínimo de 20m, mantendo

um contato suave e elástico com a boca do cavalo “sinal de confiança do cavalo na mão do cavaleiro”.

• Efetuar o trote elevado de trabalho e trote alongado nas retas longas, e pequenos trechos de trote curto sentado passando depois ao passo de repouso.

• Trote em aclives suaves para aumentar as forças impulsoras do cavalo. • Trabalho em rampas. • Posteriormente efetuar o trabalho ao galope de trabalho, galope alongado e

galope curto na posição de assento leve. • Passar obstáculos naturais, troncos, taludes, valetas, água, subir e descer rampas. • Efetuar longos trechos de galope alongado, “canter” até dois mil metros com

velocidade de percurso de 350m/min. e 400m/min. • Acariciar o cavalo, sempre que executar os trabalhos com perfeição. • Após todos os trabalhos no exterior, voltar ao box sempre ao passo, com as

rédeas soltas. Após o cavalo executar perfeitamente todos estes exercícios do “Primeiro Ano” de Treinamento, estará apto para iniciar os concursos de cavalos novos, bem como iniciar a Equitação Secundária e o “Segundo Ano de Treinamento” especializado para as provas intermediarias.

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Programa de Treinamento

• Aquecimento em liberdade Mínimo de 5 minutos

Segunda Feira Trabalho na guia com “Chambon” 30 minutos Trabalho a pé 10 minutos Adestramento – Equitação Elementar 20 minutos Terça Feira Trabalho em liberdade com “Cavaletes” 20 minutos Adestramento – Equitação Elementar 20 minutos Trabalhos no Plano e Cavaletes 20 minutos Quarta Feira Saltos em liberdade 10 minutos Trabalho no Exterior 50 minutos Quinta Feira Trabalho na guia com “Chambon” 30 minutos Trabalho a pé 10 minutos Adestramento – Equitação Elementar 20 minutos Sexta Feira Trabalho em liberdade com “Cavaletes” 20 minutos Adestramento – Equitação Elementar 20 minutos Trabalhos no Plano e Cavaletes 20 minutos Sábado Saltos em liberdade 10 minutos Adestramento no Exterior 50 minutos Obs.

• O tempo de trabalho deverá ser regulado de acordo com as condições físicas e psicológicas de cada cavalo.

• Após o terceiro mês o tempo de trabalho poderá ser aumentado gradativamente até 90 minutos.

• Após o sexto mês, o cavalo estando bem musculado e flexibilizado, os trabalhos em liberdade na guia com rédea Chambon, Cavaletes e Salto em liberdade devem ser gradativamente substituídos pelos trabalhos montados de Adestramento, Exterior, Trabalhos no Plano e Linhas de Saltos.

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X – Exercícios de Musculação e Flexibilização

Treinamento Básico

O treinamento inicial do cavalo de hipismo consiste numa serie de exercícios de ginástica progressiva, para desenvolver no cavalo: obediência, musculação, flexibilização, equilíbrio, ritmo e cadencia nas andaduras, auto-confiança e habilidade para saltar.

Os principais exercícios são:

1- Trabalho na guia 2- Trabalho na guia com rédeas “Chambon” 3- Trabalho com rédeas “Nelson Pessoa” 4- Trabalho em liberdade ao trote e galope nos cavaletes 5- Saltos em liberdade

I - Trabalho na Guia

O objetivo do trabalho na guia é:

• Acostumar o potro aceitar a sela • Descontrair sua musculatura • Ensinar trabalhar em circulo, flexionando lateralmente sua coluna vertebral • Ensinar o trabalho com o pescoço alongado para frente e para baixo “com a cabeça

inclinada para frente” flexibilizando a musculatura superior do pescoço, dorso, lombo e garupa, dando maior fixação do conjunto cabeça e pescoço na cernelha

• Melhorar a cadencia das andaduras do passo, trote e galope

Correto “Guia Tensa” Incorreto “Guia Solta”

Trabalho na guia o treinador deve: • Ficar de frente para o cavalo, olhando no olho do cavalo. • Segurar a guia na altura da boca do cavalo • Manter a guia tensa, encurvando o cavalo da cabeça à cauda. • Manter o chicote alto em direção à garupa do cavalo a fim de impulsionar a andadura se

necessário atuando nos curvilhões • Para aumentar o circulo efetuar movimento vibratório da guia • Para efetuar meias paradas ou paradas, dar comando de voz e tensionar mais forte a guia

e ceder logo após

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• Somente depois do cavalo estar bem equilibrado ao passo e trote iniciar o trabalho ao galope

• Terminar o trabalho sempre ao trote e depois ao passo

II - Trabalho na guia com rédeas “Chambon”

• Liberdade da linha superior • Mobilidade das ancas • Flexibilização lateral

Igualando a potencialidade dos músculos e articulações dos dois lados do cavalo.

Rédeas “Chambon” Equipamentos

a)

Cabeçada para Chambon, bridão com anéis de borracha

Peça de Apoio da rédea Chambon, colocada sob a cabeçada.

Rédeas Chambon “Colocadas” Rédeas Chambon com mosquetões

e) Chicote longo “pingalin” de 2,50m de comprimento com corda de 1.80m.

f) Protetores para os quatro membros.

Obs. Em cada sessão de guia, iniciar sempre com o circulo máximo e gradualmente diminuir o circulo até a fase na qual o cavalo esteja trabalhando.

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g) Ajuste do Chambon

O “Chambon” deve ser ajustado inicialmente de modo que as narinas do cavalo fiquem no máximo na altura das ancas e posteriormente ir apertando até o ponto em que as orelhas fiquem na altura da cernelha.

h) Cloches

i) Redondel com diâmetro mínimo de 12,5m até 20m.

Fixação da guia no bridão

CORRETO INCORRETO INCORRETO

A GUIA DEVE SER FIXADA SOMENTE NA ARGOLA INTERNA DO BRIDÃO, JAMAIS PRENDE-LA NA ARGOLA EXTERNA OU NA CORREIA, UNINDO AS DUAS ARGOLAS DO BRIDÃO, POIS ISSO FECHARIA O BRIDÃO, MACHUCANDO O CÉU DA BOCA DO CAVALO.

Utilização do chicote longo “Pingalim” O chicote deve ser dirigido na direção da garupa, quando o cavalo faz o circulo correto, mantendo-se a impulsão: - Se o cavalo fechar o circulo, dirigir o chicote na direção da espádua, para afasta-lo do

centro; - Para acelerar os andamentos dirigir o chicote no curvilhão - Para desacelerar os andamentos abaixar o chicote; - Para parar e mudar de mão, dar ordem pela voz, colocar o chicote debaixo do braço,

dirigido para trás, chamar o cavalo para o centro, recompensando-o com caricias, sem jamais puxa-lo pela guia.

Função das rédeas “Chambon” O “Chambon” é de vital importância quando usado em trabalho na guia, desenvolvendo os músculos necessários para o salto e adestramento, especialmente na parte superior do pescoço, dorso, lombo, garupa e posteriores, dá maior flexibilidade, relaxamento, correta inclinação do pescoço, mantendo o perfeito equilíbrio do cavalo. Com o “chambon” o cavalo é impedido de levantar a cabeça acima de determinada altura, pois faz pressão sobre a nuca, forçando-o a baixar a cabeça, mesmo sem receber ação no bridão para trás, pela ação das rédeas. O pescoço fica totalmente livre para frente, para os lados e para baixo, permitindo que a cabeça e focinho fiquem “inclinados para frente” e não na vertical ou mesmo atrás da vertical (encapotado), o que é muito prejudicial para a musculação do dorso e lombo.

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Trabalho na Guia com Rédea Chambon

O trabalho na guia com Rédea Chambon é tão importante como o trabalho montado, desde que seja bem executado, pois, deixando o cavalo simplesmente correr preso à guia é tempo perdido.

Tempo do trabalho 30 minutos

Freqüência – 3 vezes por semana

Pista mão esquerda Pista mão direita

Diâmetro do redondel de 12,5 mts a 20 mts

O trabalho para ser perfeito deverá ser executado:

• Deixar o cavalo à vontade, durante 5 minutos para aquecimento e relaxar os músculos.

• Iniciar o trabalho ao passo, mantendo o engajamento do cavalo, de modo que os posteriores ultrapassem a marca dos anteriores, mantendo a guia esticada de modo que o bridão deslize suavemente na boca.

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• Acelerar o passo, apontando o chicote na direção dos curvilhões.

• Com comando de voz e chicote passar para o trote.

• Manter o cavalo encurvado da cabeça à cauda “mantendo sempre a guia tensionada” de modo que o posterior interno cruze na frente do posterior externo.

INCORRETO CORRETO Cavalo encurvado para fora Cavalo encurvado da cabeça

espádua interna na frente posterior externo à cauda, posterior interno cruzando

cruzando na frente do interno na frente do externo

• Quanto mais se movimentarem os curvilhões sob o corpo do cavalo, mais se desenvolverão os músculos da garupa e dos posteriores. Condição necessária para incrementar o equilíbrio e a potencia para o salto e o adestramento.

Posteriormente em fase mais adiantada, deve-se reduzir do mínimo a encurvatura do cavalo.

• Para dar mais elasticidade à “linha superior” – pescoço, cernelha, dorso, lombo e garupa -, deve-se deixar que o cavalo alongue e abaixe o pescoço, mantendo, porém a cabeça inclinada para frente e para baixo (nunca encapotada). Isso é conseguido sujeitando a guia mais fortemente durante alguns segundos, criando uma tensão na boca do cavalo, que então encurvará mais a cabeça e o pescoço para o lado interno do redondel.

Essa tensão fará que o bridão pressione os lábios provocando relaxamento da mandíbula inferior, nesse momento o treinador cede a guia. A reação instantânea do cavalo é abaixar a cabeça e esticar e abaixar o pescoço, alongando toda a linha superior até a garupa. Morderá o bridão acionando as glândulas parótidas, criando assim uma boca úmida e espumosa.

• É importante nesse momento que o cavalo além de abaixar o pescoço e a cabeça, amplie suas passadas, mantendo uma impulsão ativa, com força propulsora dos posteriores (nunca caindo sobre os anteriores), o que pode ser conseguido, levando o chicote na direção dos curvilhões.

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chicote nos curvilhões

Linha superior arredondada com impulsão dos posteriores

• O trabalho ao galope, só deve ser iniciado após alguns meses de trabalho ao passo e ao trote, quando o cavalo já estiver perfeitamente musculado e flexibilizado. O galope deve ser iniciado a partir do trote lento, com o pescoço encurvado para dentro, soltando a guia e com o comando de voz e chicote pedir o galope. A reação do cavalo é encurvar o pescoço para fora, transferindo seu peso para o posterior externo e com ele iniciar o galope. Após duas ou três voltas a galope, passar ao trote, depois a um passo ativo até parar, deixando o cavalo vir ao centro para ser acariciado. De preferência o comando de voz para o “Alto” deve sempre ser dado no mesmo lugar, para condicionar o cavalo.

Gradativamente ir aumentando o trabalho a galope:

Passo 2 voltas - Trote 4 voltas - Galope 5 voltas

• O trabalho ao trote dá musculação e flexibilização • O trabalho ao galope dá equilíbrio

Importante manter a guia tensionada para o cavalo ficar encurvado da cabeça à cauda de acordo com o circulo efetuado.

Ao soltar a guia o cavalo encurva o pescoço para fora e parte com o posterior direito o

galope na mão esquerda no circulo “galope falso”.

Obs. Para facilitar a impulsão pode-se usar a rédea de engajamento que consiste em:

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- Uma corda elástica dentro de um tubo de plástico flexível (para não ferir os curvilhões), presa a uma argola em cada ponta.

- De cada argola, saem duas rédeas de nylon: - * a primeira fixada na parte superior da cilha junto a cernelha, com ajuste de

acordo com o tamanho do cavalo. - * a segunda fixada na parte lateral da cilha, com ajuste para tensionar a corda

elástica que atua nos curvilhões -

Chambon com rédea de engajamento

Trabalho na guia com rédeas fixas de atar ou rédeas alemãs

Fazendo o trabalho com “rédeas fixas” de atar, o cavalo pode levantar a cabeça corretamente, porém, ao abaixar a cabeça fica encapotado e ao tentar colocar o focinho para frente, como deveria, é então forçado a levantar a cabeça, não trabalhando assim a musculatura do dorso e lombo.

Efeito negativo das rédeas fixas e de atar Ao abaixar o pescoço o cavalo “encapota” isto é a fronte fica atrás da vertical trabalhando negativamente a musculatura do pescoço, dorso e lombo do cavalo.

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III - Trabalho com Rédeas Nelson Pessoa Após o trabalho inicial de musculação e flexibilização, as rédeas Nelson Pessoa são eficientes para aprimorar a musculação, impulsão e equilíbrio dos cavalos para os esportes hípicos.

Permitem um trabalho progressivo, tensionando a coluna vertebral, desde a posição baixa do pescoço até a posição “relevee”, isto é, de elevação do pescoço próxima à posição do cavalo quando montado. Finalmente permite com o trabalho no galope, uma busca eficaz do equilíbrio do cavalo, pelo fenômeno de balança, que resulta da ligação entre a cabeça e os curvilhões.

Rédeas Nelson Pessoa

Programa de Trabalho - Iniciar ao trote na posição baixa passando depois à média e alta - Iniciar o galope somente quando o trabalho no trote for bom - A musculação deve ser bem dosada para o fim desejado

Trabalho ao trote – para obter musculação Trabalho ao galope – para obter equilíbrio

Exercícios 1. Posição Baixa Tensão na linha vertebral atua no núcleo da musculatura do alto da espádua, com trabalho ao trote.

2. Posição Média A tensão vertebral e o engajamento adquirido permitem o desenvolvimento da musculatura na direção do alto do pescoço. É uma posição intermediaria com a posição dita alta.

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3. Posição Alta Esta posição corresponde a atitude do cavalo no trabalho montado. Ela permite de terminar o trabalho de musculação do pescoço. Pela elevação do pescoço que ela provoca, é possível de fazer o cavalo trabalhar ao galope e buscar o seu equilíbrio perfeito.

4. Posição Cruzada “Dressage” Posição de adestramento com rédeas cruzadas, especialmente aconselhável para cavaleiros que buscam a colocação alta do pescoço “para Dressage”.

IV - Trabalho com “Cavaletes” na pista retangular ou elíptica Trabalho em liberdade com cavaletes

• Ensinar o cavalo trabalhar em liberdade na pista elíptica seguindo um cavalo guia, ao

passo, trote e galope, atuando e obedecendo a voz de comando do treinador. • Inicialmente ao trote passar as varas no chão e depois as varas elevadas “cavaletes”. • Posteriormente efetuar pequenos saltos ao trote em altura e extensão. • Iniciar o trabalho ao galope, depois do cavalo estar bem musculado e flexibilizado. • Finalmente efetuar saltos ao galope, em obstáculos em “x”, saltos isolados e linhas de

saltos com obstáculos compostos de verticais e oxers. Obs. Todos os exercícios deverão ser feitos alternadamente nas duas mãos, esquerda e direita.

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Obs. Os cavalos devem vir aquecidos trabalhando no redondel, em liberdade, à vontade nas duas mãos durante período mínimo de 5 minutos.

Tempo de trabalho

Para cavalos destros – mão esquerda mais fácil

• 5min. na mão esquerda

• 10min. na mão direita “rígida”

Obs. O inverso para cavalos esquerdos, mão “direita fácil”

Freqüência: 2 vezes por semana

Observações:

a) Para os cavalos que não abaixarem o pescoço e a cabeça colocar a “rédea Chambon” nos cavaletes.

Terminando o trabalho os cavalos devem sair ao passo, relaxados com o pescoço e cabeça baixa

b) Após 30 dias de trabalho com as varas no chão, suspender as varas “cavaletes”.

_________________________________________

Varas no chão

_______________________________________

Varas suspensas “Cavaletes”

50cm _________________________________________

Varas cruzadas “x”

No cruzamento as varas devem ficar afastadas no mínimo de 10cm para facilitar a queda.

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Pista 1- Trabalho ao trote com varas no chão e depois com varas suspensas – Colocar duas varas no chão distantes 3.00m e ir acrescentando gradativamente mais varas até chegar a mais ou menos 8 varas a cada 3.00m quando os cavalos já estiverem bem acostumados, passar a Pista 2. Pista 1 – Trabalho ao trote com vara no chão Tempo de trabalho – 15 min. Obs. A cada 3 voltas dar um descanso para o potro respirar

• 5 min. na mão fácil • 10 min. na mão rígida

Pista 2 – Trabalho ao trote com varas no chão e depois suspensas - Colocar uma vara no meio dos 3.00m e ir acrescentando gradativamente mais varas no meio até chegar a 15 varas à cada 1.50m. Tempo de trabalho – 15 min.

• 5 min. na mão fácil • 10 min. na mão rígida

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Pista 3 – Trabalho ao galope com varas cruzadas, em “X”. Tempo de trabalho: 15 minutos Obs. A cada 3 voltas dar um descanso para o potro respirar. As sessões de saltos deverão ser feitas alternadamente na mão direita e na mão esquerda.

• 5 min. na mão fácil • 10 min. na mão rígida

Pista 4 – Trabalho de saltos ao trote, iniciando com varas cruzadas e vertical, posteriormente com oxer em extensão. Tempo de trabalho: 10 minutos Obs. 1 – A cada três voltas dar um descanso para o potro respirar. As sessões de saltos deverão ser feitas alternadamente na mão direita e na mão esquerda. 2 – Para saltar à mão esquerda os cavalos deverão ser aquecidas na mão direita. O inverso para saltar a mão direita.

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Pista 5 – Trabalho ao galope com varas cruzadas, em “X” e Oxer de 60cm. Tempo de trabalho: 10 minutos Obs. 1- A cada 3 voltas dar um descanso para o potro respirar. As sessões de saltos deverão ser feitas alternadamente na mão direita e na mão esquerda. 2-Para saltar à mão esquerda os cavalos deverão ser aquecidos na mão direita. O inverso para saltar à mão direita.

Trabalhando nos Cavaletes “Trote”

Trabalhando de manhã, os cavalos devem ser montados a tarde, fazendo exterior ou trabalho de picadeiro alternadamente.

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V - Saltos em Liberdade O salto em liberdade em um corredor de saltos é importante para todos os cavalos de salto e indispensável para o Método Natural de Treinamento. Os obstáculos não são fixos, as distancias, as alturas e os tipos de obstáculos podem alterar-se de acordo com as necessidades, para melhorar o comportamento individual de cada cavalo. Assim, pode-se iniciar o treinamento de potros, inclusive antes de serem montados. Saltando em corredores com varas no chão e saltos com obstáculos muito baixos, o potro desenvolve sua musculatura, o equilíbrio e a auto-confiança, aprendendo a comportar-se naturalmente, porque não está sob a influencia do cavaleiro. Isso não é prejudicial para o potro, pois está saltando somente em linha reta, em obstáculos muito baixos e em numero que se ajusta de acordo com o desenvolvimento das condições físicas do potro. Esse treinamento de saltos em liberdade para potros nunca deve ser feito mais do que duas vezes por semana, sendo também importante para corrigir defeitos de cavalos adultos. Corredor de Saltos Pode-se ser feito dentro de um picadeiro delimitando-o com varas e para flancos simples.

Laterais do corredor de saltos

O ideal é ter uma pista com dimensões mínimas de 20m x 40m com os cantos

arredondados.

Equipamento do cavalo

Inicialmente o cavalo não precisa ser equipado, porem ao aumentar os obstáculos é

conveniente que o cavalo entre com proteção dos membros, sela com sobre-cilha e cabeçada sem rédeas.

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Cavalo equipado para saltar em liberdade

Armação da pista

Iniciar com um salto em “x” de 60 cm com sebe na frente, depois colocar um cavalete na frente a 6.50m com uma vara de marcação no chão a 3.00m e assim sucessivamente conforme detalhes abaixo.

Corredor de saltos – Seqüência dos obstáculos.

Obstáculo em “x”

O cavalo deve aproximar-se ao trote numa velocidade de aproximadamente 200m/min.

e ao galope curto de 250m/min. cobrindo 3,00m cada lance. Aumentando a altura dos obstáculos, e as distancia entre eles, a velocidade poderá ser de 300m/min. ideal para concursos de cavalos novos. As distancias ideais entre os obstáculos é aquela nas quais as marcas dos cascos no salto de cair e partir se encontram no centro entre os dois obstáculos. O ponto mais importante, no treinamento de um cavalo de salto, é regular a velocidade corretamente. Se isto for feito os cavalos saltarão com “prazer” e serão obtidos resultados magníficos.

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Os obstáculos da pista devem ser aumentados gradualmente durante as primeiras semanas, para não sobrecarregar o trabalho e estragar sua auto-confiança. A cada três voltas dar um descanso para o potro respirar, acariciando-o com voz suave. Freqüência do salto em liberdade: Duas vezes por semana – nas duas mãos. Exercícios de saltos em liberdade Antes de iniciar o trabalho de saltos, o potro deve ser aquecido no redondel ou no próprio corredor de saltos, trabalhando livremente durante no mínimo 5 min. na mão contraria à qual irá saltar. Se por exemplo o potro vai saltar na mão esquerda, fazer o aquecimento na mão direita, e vice-versa. Altura dos obstáculos de 0.60m a 1.00m. Importante – Os exercícios de salto devem ser feitos alternadamente em pista a mão esquerda e pista a mão direita. Exercício I Pista à mão esquerda Aquecimento na mão direita Numero de voltas: 9 voltas A cada 3 voltas dar um descanso para o potro “respirar” Tempo aproximado: 10 min. Freqüência: 2 vezes por semana

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Exercício II Pista à mão esquerda Aquecimento na mão direita Numero de voltas: 9 voltas A cada 3 voltas dar um descanso para o potro “respirar” Tempo aproximado: 10 min Freqüência: 2 vezes por semana

Importante: Os exercícios de salto devem ser feitos alternadamente saltando em pista à mão esquerda e pista à mão direita. Exercícios Avançados Posteriormente podem ser feitas varias linhas de saltos, para os cavalos aprenderem alongar ou encurtar seus lances de acordo com as distancias entre os obstáculos.

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Linhas de Saltos em Liberdade

Linhas de saltos em liberdade ou montados XI – Retidão – Realinhamento da Coluna Vertebral Assimetria - Desvios da Coluna Vertebral

O cavalo, como o homem, nasce com duas metades desiguais, uma mais forte do

que a outra, sendo geralmente o lado esquerdo mais fraco do que o direito. A coluna vertebral não se apresenta “direita” isto é, reta no sentido lateral, mas

sim, encurvada ligeiramente para a direita ou para a esquerda, nascendo cavalos encurvados à direita ou à esquerda.

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A maioria dos cavalos tem a coluna encurvada à direita isto é tem a garupa deslocada à direita, sendo o lado esquerdo “convexo” com os músculos distendidos mais fraco do que o lado direito “côncavo” com os músculos contraídos

§ Estatísticas do Gen. L`Hotte comprovam que a maioria dos cavalos

apresentam mais lesões do lado esquerdo.

§ Em liberdade a maioria dos cavalos prefere trabalhar na mão esquerda do picadeiro, comprovando que – “O cavalo vira com mais facilidade para o lado mais fraco” que é o lado esquerdo “convexo”, onde os músculos estão distendidos.

Encurvado à direita Encurvado à esquerda Cavalo “direito” os posteriores Garupa à Direita Garupa à Esquerda seguem a pista dos anteriores “paralelismo perfeito”

Por isso os efeitos das forças do cavalo não se manifestam equilibrados

relativamente ao seu eixo. Os músculos do lado convexo estão mais distendidos e menos flexíveis que os músculos do lado côncavo que estão fletidos “contraídos”, bem como as articulações que têm um grau desigual de flexibilidade dos dois lados, não podendo por isso o cavalo dispor igualmente de seu corpo. O adestramento irá exercitar o cavalo de modo a distender-lhe os músculos contraídos, flexibilizar os músculos distendidos, fortalecendo-os igualmente bem como as articulações, de forma que o cavalo tenha uma potência e uma flexibilidade simétricas.

Se o cavalo se apresenta com encurvação à direita, colocando a garupa na direita, a ação impulsiva do cavalo exerce-se essencialmente no sentido da espádua esquerda, originando resistências do lado esquerdo a todas as ações de mão que tendam a encurvar o cavalo à esquerda. Convém frisar que, de inicio, antes do trabalho de sujeição à ação da perna isolada, a resistência pode manifestar-se violentamente do lado direito, quando o cavaleiro pretende deslocar a garupa para a esquerda por meio da rédea direita.

O cavalo dá a face para o lado do posterior que avança mais. Por este fato, quando o cavaleiro verificar que seu cavalo tende a dar a face mais facilmente para um dos lados, já sabe que o cavalo avança mais com o posterior desse lado, tendo portanto a garupa e a encurvação para esse lado. Nas voltas para esse lado descai na espádua de

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fora, fugindo à volta; nas voltas para o lado contrário, descai na espádua de dentro, procurando encurtar a volta. O cavalo vira para o lado mais fraco “convexo” dos músculos distendidos.

Cavalo encurvado a direita

Encurvação à direita

A > B

Garupa deslocada à direita § Ação impulsiva do posterior direito que transpista lateralmente à direita do

anterior direito fugindo assim, ao peso do conjunto. § O posterior esquerdo deslocado ao centro de gravidade, recebe mais peso e

avança menos. § O cavalo dá a face para o lado direito e tem mais facilidade de trabalhar na mão

esquerda. § O cavalo entorta a nuca para esquerda, ficando com a orelha direita mais alta. Cavalo encurvado a esquerda

Encurvação à esquerda

A > B

Garupa deslocada à esquerda § Ação impulsiva do posterior esquerdo que transpista lateralmente à esquerda do

anterior esquerdo, fugindo ao peso do conjunto. § O posterior direito deslocado ao centro de gravidade recebe mais peso e avança

menos. § O cavalo da à face para o lado esquerdo e tem mais facilidade de trabalhar na

mão direita. § O cavalo entorta a nuca para a direita, ficando com a orelha esquerda mais alta.

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Cavalo Direito Tem a coluna vertebral reta “retidão”

• Ação impulsiva igual nos dois posteriores; • Os posteriores seguem a marca dos anteriores em linhas retas

ou curvas; • Executa a voltas ou círculos com a mesma facilidade nas

duas mãos; • As pontas da orelhas permanecem na mesma altura, pois o

cavalo não entorta a nuca. • Mantém o apoio igual nas duas rédeas; • Facilita o assento “total” do cavaleiro sem deslocá-lo para os

lados.

Os exercícios que conduzem à retificação da coluna vertebral do cavalo variam de acordo com a assimetria e são específicos para cada caso particular. Se indicados para corrigir os desvios da coluna vertebral “em uma mão”, estes mesmos exercícios executados na “outra mão” podem agravar ainda mais os desvios.

Por isso é necessário antes de dar a um cavalo determinado trabalho, verificar qual sua assimetria lateral, para em seguida aplicar o exercício adequado.

Para os cavalos novos logo após a doma, mesmo antes de serem montados poderemos identificar os desvios da coluna:

Em Liberdade Cavalo encurvado à direita - prefere trabalhar na mão esquerda Cavalo encurvado à esquerda - prefere trabalhar na mão direita Observando de “frente” o cavalo conduzido à mão em linhas retas Cavalo direito - tem paralelismo perfeito dos membros, isto é os membros posteriores seguem na pista dos anteriores. Cavalo encurvado a direita - o membro posterior esquerdo aparece entre os membros anteriores. Cavalo encurvado a esquerda - o membro posterior direito aparece entre os membros anteriores. Correções:

Através dos exercícios básicos de musculação e flexibilização serão corrigidos

os desvios da coluna vertical, tendo um cavalo “direito” isto é, equilibrado, flexibilizado, musculado igualmente em ambos os lados. Exercícios Básicos

Considerando os cavalos encurvados à direita, que representam a maioria, a assimetria corrige-se com o auxilio dos seguintes exercícios:

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Trabalho de guia com rédeas “Chambon

Somente nas andaduras simétricas de passo e trote.

Duração 30 minutos

Frequência 3 vezes por semana

Iniciar o trabalho na “mão esquerda” (mais fácil), durante 05 minutos, passando

depois para a “mão direita” (mais rígida) durante 10 minutos.

É importante trabalhar com o cavalo engajado e encurvado perfeitamente da cabeça à cauda, de modo que o posterior interno cruze na frente do posterior

externo. Assim os músculos distendidos serão flexibilizados e os músculos fletidos “contraídos” serão distendidos bem como as articulações serão fortalecidas.

Duração Repetir o exercício durante mais 15 minutos

Obs.: Aplicar o inverso para os cavalos com encurvação à esquerda

Trabalho montado

Tendo a maioria dos cavalos a garupa deslocada

para a direita, são encurvadas à direita, com os músculos do lado esquerdo distendidos e os músculos do lado direito contraídos, portanto rígidos e mais sensíveis.

O posterior direito avança mais que o esquerdo,

porém tem mais dificuldade de ser colocado sob o ventre no centro de gravidade do cavalo, desviando-se obliquamente mais à direita, perdendo assim parcialmente a força de impulsão e de executar os trabalhos exigidos com perfeição. A ação impulsiva exerce-se no sentido da espádua esquerda, o cavalo encurva o pescoço e a face para direita.

Inicialmente essa assimetria “para endireitar o cavalo” corrige-se com o trabalho

em andaduras ativas para frente em linhas retas: § Aplicando a perna direita atrás da cilha, obrigando a deslocar o posterior do cavalo

para a esquerda, e, com uma ligeira flexão da rédea direita, deslocar o anterior do cavalo para a direita.

§ A perna esquerda junto à cilha atuando energicamente impulsiona o posterior esquerdo obrigando-o a avançar.

§ A rédea esquerda passiva, regulando a posição da espádua esquerda.

Cavalo encurvado a direita “torcido”

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Nesse trabalho o cavaleiro deve observar:

§ Não atuar muito forte com a rédea direita “interna” pois dando muita flexão no pescoço dificulta a marcha ativa para a frente.

§ Manter a marcha ativa para frente em linhas retas. Rotações

Volta à esquerda sobre a anca Volta à esquerda sobre espádua “rotação inversa”

§ Volta à esquerda sobre a anca “pirueta”, distendendo os músculos do lado

direito e flexibilizando os músculos do lado esquerdo. § Volta à esquerda sobre a espádua “rotação inversa”, invertendo a tendência

do desvio da garupa do lado direito, para o lado esquerdo. § Volta natural para a esquerda, cavalo encurvado a esquerda acompanhando

a curvatura do círculo. § Volta natural para a direita, pela ação determinante da rédea contrária

esquerda. § Cessão à perna esquerda § Galope para esquerda em círculo (cavalo encurvado a esquerda

acompanhando a curvatura do círculo). § Galope para a direita em círculo sob a ação determinante da rédea esquerda

contrária. § Contra galope para a direita (“galope invertido”), sob a ação determinante

da rédea esquerda. § Contra galope à esquerda, “galope invertido”, sob a ação determinante da

rédea esquerda. § Todos exercícios devem ser efetuados ao passo, trote e galope.

Posteriormente com a Equitação Secundária quando o cavalo trabalha em duas

pistas essa assimetria corrige-se também com os seguintes exercícios: • Espádua esquerda adentro • Espádua esquerda afora • Garupa esquerda adentro a galope • Trabalho combinado de espádua esquerda adentro, volta de 6m, 8m e 10m de

diâmetro e garupa adentro

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• Cessão à perna esquerda • Apoio “ladear” para a esquerda • Espádua esquerda adentro em galope a direita • Espádua esquerda afora em galope a direita • Todos os exercícios devem ser feito ao passo, trote e ao galope com exceção

do apoio.

Obs. O inverso para cavalos encurvados a esquerda Ação determinante de uma rédea significa que a posição do anterior é dada por

essa rédea, posição regulada, sempre pela rédea reguladora. Uma vez obtida a posição que caracteriza a ação da rédea, o contato da mão do cavaleiro com a boca do cavalo deve ser igual nas duas barras. É a prova de que a ação impulsiva do cavalo se exerce no sentido do seu próprio eixo.

No trabalho de correção de uma assimetria, o galope desempenha um papel muito importante pelo fato de ser uma andadura assimétrica. Assim, se a encurvação de um cavalo é para a direita, o galope normal, curto ou concentrado para a esquerda auxilia a corrigir a assimetria, especialmente se for empregado sobre o círculo.

Ao contrário, como o galope para direita favorece essa assimetria, o galope para esta mão deve ser largo e executado encurvando o cavalo para esquerda, devendo a rédea esquerda atuar por forma a colocar constantemente as espáduas à frente da garupa.

O trabalho a galope, por ser o mais difícil tanto para o cavalo como para o cavaleiro, é o que exige maior preparação, não sendo conveniente utilizá-lo sem que primeiro se executem corretamente a passo e trote os exercícios indicados.

Na correção da assimetria, a ação das ajudas das pernas é importante. Se o papel da perna de posição se destaca no desbaste no trabalho de sujeição à ação da perna isolada, o papel de impulsão da outra perna é decisivo no decorrer do trabalho corretivo complementar. Obrigando a uma maior adução do posterior do lado onde a sua ação impulsiva se faz sentir, ajuda a combater as resistências que o cavalo apresenta do lado esquerdo e constitui, na marcha direta, o meio mais eficaz de correção da assimetria. Trabalhando dessa forma com as rédeas numa mão, o cavalo é entalado entre as rédeas e as curvaturas laterais do pescoço são dominadas mais facilmente.

No trote elevado, a mão com a qual se trota contribui igualmente para a correção da assimetria. Trotando por exemplo na diagonal esquerda, essa diagonal trabalha mais que a diagonal direita, desviando a garupa para o lado esquerdo.

Esse trabalho é ainda mais eficiente quando se trota em círculos à direita. O que acabamos de expor é de tal maneira evidente que para um cavalo

acentuadamente assimétrico, o trote elevado é tão fácil sobre o lado da assimetria como difícil sobre o outro lado.

O principio mantém-se quando se pretende galopar o cavalo para a mão que ele recusa. Basta trotar com essa diagonal e alongar progressivamente o andamento. Quando o cavalo não o puder conservar, será obrigado a galopar para a mão do lado onde coloca a garupa, isto é, do lado sobre o qual trota o cavaleiro.

A correção da assimetria nunca deve ser perdida de vista no ensino. “Auvergne” O homem de cavalos, com toda a perfeição da arte, passa a vida a

corrigir esta imperfeição.

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XII – Exercícios de Condução

Exercícios na Pista Consiste em conduzir o cavalo montado nas diversa andaduras de passo, trote e galope, com mudanças de velocidade e direção.

As pernas determinam o movimento e as mãos a direção, o trabalho de condução inicialmente deve ser feito utilizando somente bridão grosso. Somente após o cavaleiro ter adquirido o equilíbrio e a flexibilidade suficiente para não interferir na boca do cavalo, poderá passar a usar o freio e bridão.

Para iniciar o passo, a barriga das pernas atuam por pressão, indo até os batimentos dos calcanhares, enquanto as mãos, devem dar às duas rédeas um contato suave e elástico igual.

Para passar do passo ao trote a ação das pernas deve aumentar até que o movimento do trote esteja bem definido; as mãos, em contato elástico, sentirão esse contato aumentar à medida que o trote se desenvolve.

Como a franqueza e a velocidade do movimento dependem diretamente de um contato cada vez mais forte, no caso de o cavalo forçar a mão é necessário atuar e fazer seguir essa ação de mão por uma perda momentânea de contato, recusando-lhe assim o apoio que o cavalo procura.

Para passar do trote ao galope, ao aproximar-se do canto da pista o cavaleiro aplica as ajudas para iniciar o galope “por perda de equilíbrio” até que o cavalo tome a andadura de galope. Meia Parada

É uma ação firme de baixo para cima sobre rédeas tensas e dedos fechados, seguida rapidamente do relaxamento progressivo dos dedos e cedência das mãos.

O cavaleiro cede as pernas, diminuindo a pressão das mesmas sobre o ventre do cavalo, relaxa as coxas, apóia o assento totalmente na sela, expira, e se necessário inclina o corpo levemente para trás.

Mantendo simultaneamente as rédeas tensas com os dedos fechados até conseguir o efeito desejado “o cavalo cede o maxilar abrindo a boca”, relaxando rapidamente os dedos cedendo às mãos e acariciando o cavalo.

O efeito das mãos deve prevalecer sobre o das pernas, no entanto estas devem impedir que a garupa se desloque à direita ou à esquerda, ou que o cavalo recue no caso de parar (alto). Utiliza-se a meia parada:

§ Na preparação para uma parada (alto)

§ Para diminuir a velocidade das andaduras;

§ Quando o cavalo perde o ritmo da andadura;

§ Quando o cavalo joga o peso sobre as espáduas, inclinando-se para frente;

§ Quando se quer reunir a andadura depois de um alongamento ou depois de um salto.

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Os exercícios de condução que implicam mudança de andadura, velocidade e direção, ajudam a ligar o cavaleiro ao cavalo e dão-lhe as primeiras noções do acordo das ajudas.

A ajuda da meia parada é uma ajuda preparatória, aplicada para atrair a atenção do cavalo, antes de dar-lhe nova instrução.

Se o cavalo é preparado com uma meia parada, nunca se surpreenderá quando receba as ajudas de um novo exercício. Isto assegura uma atuação suave.

O cavalo ademais estará preparado para o exercício seguinte pelo fato de que durante a meia parada qualquer excesso de peso foi transferido aos posteriores, enquanto que a impulsão e o equilíbrio foram melhorados. Na posição clássica

Quando pratica a meia parada com assento na posição clássica de “adestramento” o cavaleiro translada seu centro de gravidade para os posteriores, levantando a cabeça, colocando o corpo reto (sem ficar rígido) e dilatando o peito. Deve tensionar as costas e pressionar o assento, inclinando os ossos ilíacos levemente para trás.

Ambas as pernas devem aplicar suficiente pressão para mandar o cavalo desde atrás para as mãos passivas do cavaleiro. Estas ajudas combinadas devem ser aplicadas simultaneamente e em harmonia com o passo do cavalo.

Se as ajudas forem aplicadas corretamente, o cavaleiro sentirá como o cavalo muda o centro de gravidade para os posteriores que, em contrapartida, se empregarão e abaixarão.

O cavalo, sem perder a impulsão e o ritmo, se tornará mais ligeiro nas mãos do cavaleiro e curvará o pescoço, tendo ainda mais liberdade nas espáduas.

Nesta posição o cavalo é mais fácil de girar e também está mais atento a qualquer outra exigência do cavaleiro.

Meia parada em assento na posição clássica Corpo na vertical – ilíaco para trás.

Na posição desportiva

A mesma meia parada é praticada na posição desportiva de “assento livre” quando se treina e monta um cavalo de salto. O cavaleiro aplica a meia parada antes de realizar um giro, quando o cavalo está muito para frente ou para fazer com que o cavalo fique mais atento ao aproximar-se a um obstáculo difícil.

Sem sentar-se na sela, ou segurando as rédeas com mais força, o cavaleiro diminui a inclinação do corpo (levanta o queixo) e se firma mais com os joelhos e as pernas. Deste modo o cavaleiro está transferindo seu centro de gravidade para trás. O cavalo – que é mais sensível e obediente devido à doma para salto – reage imediatamente diminuindo a velocidade.

Os posteriores se engajam sob o corpo do cavalo, que fica mais leve nas mãos e com o lance de galope reunido tem maior potência.

O equilíbrio é a “arma secreta” de um cavalo de salto bem treinado. Um cavaleiro que realiza uma meia parada unicamente com as rédeas está perdendo os aspectos mais finos e agradáveis de saltar os obstáculos.

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Meia parada na posição desportiva - parte superior do corpo para trás, sem sentar na sela

Condução em linha reta

O cavalo deve seguir francamente para a frente mantendo a cadencia, sob a ação das duas pernas de impulsão e cessão simultânea das rédeas diretas.

A melhor prova de ter sido atingido o objetivo, é a nitidez nos alongamentos e encurtamentos, mantendo cadencia perfeita nas três andaduras ao passo, trote e galope, nas meias paradas e no alto.

Caso contrario o treinador deverá usar ajudas mais severas do chicote no costado junto ás botas, para o cavalo associar a ação do chicote com a pressão das pernas “impulsão”

Exercícios para aumentar a velocidade

• Passo, alongar o passo, partir ao trote

• Trote, alongar o trote, partir ao galope

• Galope, alongar o galope

Obs. Só iniciar o galope, após o cavalo estar bem equilibrado no passo e trote.

Exercícios para diminuir a velocidade

• Galope alongado, encurtar o galope, passar ao trote alongado

• Trote alongado, encurtar o trote, passar ao passo alongado

• Passo alongado, encurtar o passo e parar “Alto”

Adquirida a franqueza no movimento para frente em linha reta, com alongamentos e encurtamentos iniciar a condução em zig-zague “serpentina”.

O zig-zague é um movimento para frente com pequenas mudanças de direção alternadas à direita e à esquerda, feitas inicialmente ao longo de um dos lados maiores da pista.

Deve ser feito inicialmente ao passo, depois ao trote e finalmente ao galope, utilizando as rédeas de abertura e contrarias.

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Trabalho em zig-zague

O zig-zague principalmente ao trote com impulsão, obriga ao cavalo procurar o “apoio” com a mão do cavaleiro à direita e esquerda alternadamente efetuando pequenas voltas à direita e a esquerda.

A medida que o trabalho vai se aperfeiçoando convém ir fechando as curvas sinuosas, seguindo com os apoios e trabalhando em linha reta.

Esse trabalho flexibiliza as articulações, fortifica os tendões, a força impulsiva e acalma o cavalo.

Serpentina ao longo da pista

Alongamento e descida do pescoço Descontração Se o cavaleiro mantendo a impulsão, permitir o apoio alternado dos dois lados, abrindo e fechando os dedos alternadamente das mãos direita e esquerda, o cavalo obrigado a procurar o apoio mais longe, alonga e abaixa o pescoço, flexionando a linha “superior” do pescoço, cernelha, dorso, lombo e garupa com o focinho inclinado para frente até atingir a altura dos joelhos.

Apoios alternados a direita e esquerda Condução em linha curva “Rédea de Abertura”

Com a abertura lateral da rédea, o cavalo desloca a cabeça para o lado determinado, mantendo com a mão do cavaleiro um apoio suave e elástico. Se o cavalo não atender a ação da rédea é necessário aumentar energicamente a pressão das pernas. Se o cavalo tiver o pescoço pouco flexível para um dos lados, o cavaleiro deve atuar com a rédea mais curta e obrigá-lo a encurvar o pescoço. Sempre há um lado que o cavalo resiste mais em virar, devido à assimetria de sua coluna vertebral, que posteriormente com treinamento adequado “retidão” será corrigido.

Curva a direita

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Condução em linha curva “Rédea Contrária”

A rédea contraria provoca de inicio resistências constantes, porque o cavaleiro não tem o cuidado de deslocar a cabeça do cavalo para o lado da rédea ativa, antes de atuar com a rédea contraria, ou porque o cavalo opõe sua garupa às espáduas. Neste caso é necessário antes da ação da mão com a rédea contraria executar uma ação bem definida da perna do lado contrario que resultará num aumento de impulsão e predisposição para encurvar e a garupa aceitar a ação da mão. A ação da mão deve ser intermitente e não continua

Condução em Marcha Lateral “Cessão à Perna”

A ação da perna isolada “cessão à perna” faz parte da equitação elementar na mobilização da garupa sem encurvar a coluna vertebral do cavalo. O treinador nos “trabalhos a pé” com pequenos toques de chicote no flanco e costado do cavalo, onde futuramente atuará a perna, fez o cavalo associar o efeito do chicote com a pressão da perna, afim de facilitar o cavalo executar a cessão à perna. Em todos os exercícios é importante manter o cavalo com impulsão para frente, mantendo a cadência e o ritmo nas andaduras de passo, trote e galope.

• Rédea esquerda de abertura • Perna direita de Impulsão • Perna esquerda de posição • Ação da perna isolada. • O cavalo deve manter-se com a coluna reta, exceção à

região do pescoço com a nuca que apresenta uma ligeira flexão “pli”, com a face ligeiramente virada para o lado interno, ou seja, oposto ao sentido do movimento do cavalo.

• Os membros do lado interno cruzam na frente dos membros do lado externo.

• O cavalo olha na direção contrária do sentido da marcha. Marcha lateral à direita

A cessão à perna pode ser executada sobre a diagonal ou meia diagonal do picadeiro. O cavalo desloca-se com o corpo quase paralelamente ao lado maior do picadeiro, porém, com o movimento das mãos sempre precedendo ao movimento dos pés, estes responsáveis para manter a impulsão.

Ajudas Trabalhando no picadeiro à mão esquerda, por exemplo, passando o canto do picadeiro

tomar a linha do meio, fazer uma meia volta e assim que o cavalo estiver com o corpo paralelo à parede do picadeiro, iniciar o movimento de ceder à perna esquerda:

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Preparar o cavalo com uma meia parada e atrasar o ombro esquerdo, colocando assim mais peso do corpo no assento do lado esquerdo;

§ Aplicar a rédea de abertura com a mão esquerda, dando leve encurvação da cabeça e pescoço para a esquerda;

§ Apoiar a rédea direita “reguladora” no pescoço do cavalo para que a espádua direita não se desloque para fora;

§ Manter a perna esquerda atrás da cilha, aplicando forte pressão para deslocar o corpo do cavalo para a direita e com batidas de impulsão do calcanhar para ativar o movimento;

§ Manter a perna direita junto à cilha, aguentando a pressão da perna esquerda e mantendo a impulsão para frente.

§ O cavalo olha na direção oposta ao sentido do movimento.

Resultado: Mantendo tensão igual nas rédeas e forte impulsão das pernas, o cavalo se deslocará lateralmente e para frente.

O movimento das mãos precede o dos pés, que são os responsáveis pela impulsão. Assim, ao atingir a pista do lado maior do picadeiro a mão direita “exterior” será a primeira a tocar na pista, antes que o pé exterior, estando assim mantida a impulsão.

O cavaleiro endireita o cavalo na pista, montando-o energicamente para frente, e logo após deixa-o relaxar, alongando o pescoço e toda a coluna, agradando-o com batidas no pescoço.

A cessão à perna pode também ser executada posteriormente ao longo da parede do picadeiro. Neste caso o corpo do cavalo faz um ângulo com o sentido da marcha, nunca superior a 30 graus ou em círculos com a garupa para fora. Exercícios de Cessão à perna

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Exercícios de Equitação Elementar

Na equitação elementar as mudanças de direção são feitas por meio da rédea de abertura ou da rédea contrária. Todos os exercícios devem ser feitos primeiramente na mão esquerda (mais fácil) ao passo, trote e galope e posteriormente na mão direita.

Entrar na pista pela linha do meio virar à esquerda seguindo os lados da pista. Depois de ter andado 6m no lado maior o cavaleiro dirige-se pela diagonal da pista ao outro lado, chegando também a 6m do canto do lado oposto, seguindo na outra mão “mão direita”.

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Fazer círculos de 20m no lado menor do picadeiro seguir pela pista do lado maior e depois de ter andado 6m no lado maior o cavaleiro dirige-se pela diagonal da pista ao outro lado, chegando também a 6m do canto do lado oposto, seguindo na outra mão. Cortar o picadeiro pela diagonal “nas duas mãos”.

Trabalhando na mão esquerda, cortar o picadeiro transversalmente no meio do

lado maior até atingir o lado oposto, seguindo na mão direita. Cortar o picadeiro pela diagonal e seguir pela mão esquerda. Repetir “nas duas mãos”.

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Fazer serpentinas de três laços e posteriormente de mais laços. Trabalhando na mão esquerda, cortar o picadeiro transversalmente até atingir o

lado oposto seguir na mão direita e cortar o picadeiro transversalmente até atingir o lado oposto, seguir na mão esquerda.

Fazer círculos de 10m nos cantos da pista, meias voltas no meio do lado maior e depois meias voltas invertidas Exercícios no Exterior • O Trabalho deverá ser feito utilizando bridão grosso, rédeas de abertura ou contrária “de

apoio” e as duas pernas de impulsão. • Inicialmente o trabalho deve ser feito acompanhando um cavalo guia. • Iniciar o trabalho no exterior em longas linhas retas ao passo natural, curvas amplas e zig-

zague, procurando manter um contato suave e elástico com a boca do cavalo “cavalo sobre a mão”.

• Posteriormente alongar o passo, para flexibilizar as articulações, fortificar os tendões e desenvolver a musculatura. Iniciar o trabalho ao passo em terrenos ondulados. As subidas obrigam o cavalo a estender o pescoço e procurar o apoio com a mão do cavaleiro e nas descidas a confiar no seu instinto, desenvolvendo assim sua musculatura e seu equilíbrio.

• Efetuar trote elevado e trote alongado em retas longas, tendo o cuidado de mudar de diagonais varias vezes, e em trote curto sentado em pequenos trechos, passando depois ao passo de repouso.

• Efetuar trote em trechos de aclives suaves, pois obriga o cavalo alongar e abaixar o pescoço apoiando-se “sobre a mão” do cavaleiro e os posteriores estando num plano mais baixo que os anteriores, são obrigados a ter uma distensão máxima melhorando a impulsão e a musculatura dorso-lombar.

• Posteriormente efetuar o galope de trabalho, galope alongado e galope curto na posição de assento leve.

• Efetuar longos trechos de galope alongado “cânter” iniciando com 500m e gradativamente aumentando até atingir 2.000m, com velocidade de percurso de 350 m/min e 400 m/min.

• Passar obstáculos naturais, troncos , valetas, barrancos, subir e descer rampas. • Acariciar o cavalo sempre que executar o trabalho com perfeição. • Após o trabalho no exterior, voltar ao box sempre ao passo livre, com as rédeas soltas.

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Trabalho em Rampas O trabalho em terreno variado é a aplicação prática dos exercícios descritos. Deve-se

observar as seguintes regras:

• O centro de gravidade do cavaleiro deve estar na vertical do centro de gravidade do cavalo.

• Para subir uma rampa: mãos baixas junto a base do pescoço deixando o cavalo estender totalmente o pescoço, porém, mantendo um contato uniforme e constante com a boca do cavalo; corpo inclinado para frente, ísquios o mais adiantados possível, assento livre “afastado da sela” para aliviar o postemão e gerar maior impulsão dos posteriores, acionados pelas pernas do cavaleiro.

Correta Incorreta

Centro de gravidade do conjunto • Para descer uma rampa: mãos junto ao pescoço, mantendo apoio constante e uniforme com a boca do cavalo, corpo inclinado levemente para frente, apoiado nos estribos, pernas ajustadas aproximadamente perpendiculares á inclinação do terreno.

Correto Incorreto Centro de gravidade do conjunto

Saltos em Barranco

Corpo inclinado para frente, na recepção elevar a cabeça e o corpo sem sentar-se na sela facilitando que o cavalo possa levantar a cabeça e o pescoço e engajar os posteriores e partir ao galope.

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XIII – Trabalho no Plano Os exercícios no plano ao passo, trote e galope consolidam o principio básico da equitação: “Cavalo Calmo – Para Frente – Direito” São de grande utilidade para o aprendizado de cavalos novos de salto, assim como para melhorar ou corrigir o desempenho de cavalos concursitas. É igualmente de grande valia para o cavaleiro, que deve concentrar-se para manter perfeita posição de “assento leve” ou assento livre “desportiva”, enquanto aprende a “sentir” a amplitude e a impulsão do cavalo. O cavalo aprende a esperar tranquilamente a solicitação do cavaleiro para executar o exercício em atitude relaxada, obediente e de cooperação. A grande vantagem dos exercícios no plano em relação aos de salto é que podem ser executados alternadamente sem impor grande esforço físico ao cavalo. Exercício 1 Duas varas distantes a 1m. colocadas no centro da pista

Partindo do centro do picadeiro, ao passo e depois trote, executar percursos em oito, em círculos de 20m e 10m fazendo alto no centro do picadeiro “X”.

• Círculos devem ser perfeitos • O cavalo deve encurvar-se da cabeça à cauda,

seguindo a curvatura do circulo • O cavalo deve estar “direito” ao passar entre as duas

varas • Ao trote o cavaleiro deve mudar de diagonal ao passar

pelo ponto “X” no centro do picadeiro. Resultado:

• Ajuda o cavaleiro visualizar o percurso de salto • A executar círculos perfeitos • Ao cavalo permanecer calmo e sob controle enquanto

alterna a “retidão” entre as varas com o “encurvamento” nos círculos.

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Exercício 2 Uma vara no centro da pista, com marca no centro, para indicar exatamente o ponto onde o cavalo deve passar.

Passar no meio da vara, ao passo e ao trote executando figuras em oito em círculos de 20m e 10m.

• Executar círculos perfeitos • Passar no meio da vara • Manter o mesmo ritmo ao passo e ao trote mantendo

suave contato com a boca do cavalo.

Correto Incorreto Cavaleiro olhando para frente Cavaleiro olhando para enquanto o cavalo olha a vara baixo a vara no chão Resultado:

• Ajuda o cavaleiro visualizar de longe o meio da vara, olhar para frente na horizontal e ao transpor a vara, olhar para onde vai se dirigir.

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Exercícios 3 Uma vara no centro da pista com quatro pontos de “foco” indicando a direção a seguir.

Passar ao passo e depois ao trote no meio da vara dirigindo-se em linha reta em direção ao “foco”, executar semi-circulo voltando em linha reta passando no meio da vara em direção ao foco oposto efetuando semi-circulo e retornando.

• Manter o mesmo ritmo nas linhas retas sobre a vara e semi-circulo

• Manter o equilíbrio na posição de assento livre “desportiva” sem deslocar o corpo para frente ou para trás.

Resultado:

• Ajuda o cavaleiro manter a posição de assento livre • Alterna o conceito de retidão e encurvatura do

cavalo, ambos necessários e de máxima importância para qualquer concurso de salto

• Ajuda o cavaleiro aproximar-se do obstáculo em linha inclinada.

Correto - Posição “desportiva” em equilíbrio

Exercício 4 Duas varas em linha reta, distantes 15m de modo que a abordagem seja efetuada de ambos os lados.

Passar no centro das varas numa linha reta, no trote elevado, na posição desportiva, em direção ao foco executando um semi-circulo e retornando em sentido contrario.

• Manter no percurso o mesmo ritmo no trote elevado • Passar a primeira vara em trote elevado em suspensão

flexível e a segunda na posição desportiva – de pé sobre os estribos e vice-versa.

• Manter o cavalo na mesma andadura quando o cavaleiro muda de posição de “assento flexível” para posição “desportiva”.

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Exercício 5 Colocar seis varas em distancias de trote de 1.30 a 1.50m em um circulo de 20m e 4 varas

em um circulo de 10m.

Ao trote médio, executar um circulo perfeito de 20m passando

rigorosamente no maio de cada vara. • Passar nas duas mãos, direita e esquerda mantendo a

encurvatura do cavalo da cabeça à cauda • Colocar uma marcação no centro do circulo para facilitar a

execução perfeita do circulo. Resultado: Desenvolve a flexibilização lateral, força, equilíbrio e regularidade nas andaduras, sendo de grande valor para o adestramento e salto.

Exercício 6 Colocar no meio da pista, quatro varas distantes aproximadamente a 10.70m.

Passar no meio da primeira vara, executando um círculo de 10m à

direita, passando novamente no meio da primeira vara e depois pela segunda vara, executando um circulo de 10m à esquerda e assim sucessivamente até passar pela quarta vara, retornando novamente à primeira vara.

• Sentir a encurvatura do cavalo da cabeça á cauda ao executar os círculos.

• Executar círculos perfeitos. Resultado:

• Executar nos percursos de salto ou adestramento, círculos perfeitos.

• Controlar o ponto de “foco” perfeito para onde o cavaleiro vai se dirigir e aprender a controlar a encurvatura perfeita do cavalo.

• Executar curvas perfeitas nos concursos de salto.

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Exercício 7 Sete varas colocadas em dois círculos adjacentes.

• Executar um círculo completo ao trote na mão direita • Sobre a vara comum “central” executar outro circulo na mão

esquerda em “oito”, e assim sucessivamente • Observar em que mão – direita ou esquerda – o cavalo resiste

mais a se encurvar por estar rígido, repetindo mais vezes o exercício nessa mão afim de distender os músculos laterais que estão contraídos e fortalecer os distendidos do lado oposto.

Trote na posição de assento livre “desportiva” cavaleiro olhando para frente na direção a seguir. Esse exercício desenvolve a flexibilização lateral, o equilíbrio e a regularidade nas andaduras sendo de grande valor para o salto e adestramento. XIV – Trabalho com Cavaletes Antes de iniciar o treinamento sobre cavaletes, o potro deverá está bem musculado e obedecendo perfeitamente as ajudas do cavaleiro. Deve executar o passo, trote ou galope, sem aumentar a velocidade ou apoiar-se no bocado, mas sim mantendo um contato suave e elástico com a mão do cavaleiro. O treinamento sobre cavaletes deverá ser executado unicamente na posição de “assento livre” ou dois pontos de pé sobre os estribos, inclusive na aproximação dos cavaletes. Caso contrário, se a aproximação for feita em trote elevado ou sentado na posição “clássica” e o cavaleiro ao passar sobre o primeiro cavalete inclinando o corpo para frente, desequilibrará o cavalo fazendo que ele se apóie nas mãos. Nesse caso o cavalo tentando ficar debaixo do centro de gravidade do cavaleiro, aumentará a velocidade, passando os cavaletes de forma irregular e apressada.

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Ao passar sobre os cavaletes o cavaleiro deve olhar para frente, nunca olhando para baixo em direção aos cavaletes e distribuir seu peso sobre os calcanhares igualmente em ambos os estribos para não interferir no equilíbrio do cavalo. Posição na Sela

* Cotovelos junto ao corpo, antebraços na direção das rédeas. * Rédeas fixadas entre polegar e indicador, os demais dedos abrindo-se e fechando-se agem como molas, mantendo um contato suave e elástico com a boca do cavalo. * O corpo inclinado para frente, assento livre, apoio em dois pontos-estribos e joelho e fixação com a barriga das pernas e coxas. * Calcanhares mais baixos que a ponta dos pés, age como amortecedor girando em torno dos tornozelos.

Distância entre cavaletes. Passo – 1.00m a 1.10m Trote – 1.30m a 1.50m Galope 3.00m a 3.50m

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Exercício 01 Iniciar com duas varas distantes de 1.00m a 1.10m para passo e de 1.30m a 1.50m para

trote, acrescentando depois uma terceira e quarta vara no chão. Posteriormente levantar as varas “cavaletes”. O cavaleiro na posição “desportiva” de pé sobre os estribos, com apoio só nos joelhos e estribos, com assento livre fora da sela, calcanhares mais baixos que as pontas dos pés e barriga das pernas bem ajustadas, passa as varas primeiramente ao passo e depois ao trote retornando em sentido contrario.

Passando os cavaletes na posição “desportiva” deixando o cavalo alongar e abaixar o pescoço. Resultado: O trote elevado na posição desportiva de “assento livre” desenvolve o engajamento, força, equilíbrio e regularidade nas passadas do cavalo e sua atenção nas varas. É de grande valor para o adestramento do cavalo de salto, pois ensina o potro levantar os membros, dobrar as articulações e a utilizar os músculos adequadamente, fortificando-os, enquanto arredonda a dorso e a garupa, facilitando o engajamento.

1.30 - 1.50m

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Exercício 2 Depois do cavalo passar bem a linha de quatro cavaletes colocar mais quatro varas em leque para entrar nos cavaletes à direita e á esquerda.

Cavaleiro com o corpo inclinado para frente em Quatro cavaletes em linha reta. posição de assento livre. Quatro cavaletes em leque. Exercícios ao trote com cavaletes

Obs. Os exercícios devem ser feitos alternadamente nas duas mãos cortando a pista pela diagonal ou linha do meio.

1

3

2

4

40m

20m 3 varas a 1.50m

3 varas a 1.50m

5 varas a 1.50m

5 varas a 1.50m

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Exercício ao trote Exercícios ao trote e galope com cavaletes XV - Linhas de saltos - Pistas de Treinamento O exercício sobre uma linha de saltos é um treinamento excelente para o cavalo e para o cavaleiro. Ensina a iniciativa do cavalo e aumenta sua força propulsora. Após passar os cavaletes ao trote e passar o primeiro obstáculo de varas cruzadas “x” o cavalo partirá ao galope, saltando toda a linha de obstáculos sem dificuldade, pois já teve sua iniciação no salto em liberdade. O cavaleiro em atitude mais ou menos passiva, confirma sua posição inclinada da parte superior de seu corpo, impulsionando o cavalo com suas pernas para manter o mesmo ritmo de galope e evitando sentar-se na sela.

1

2

4 varas a 1.50m

40m

20m

4 varas a 1.50m 1.50m 1.50m

9.00m 3.00m

3.00m

6.00m

1.50m 1.50m

1.50m 1.50m 4 varas a 1.50m

1.50m

Trote

1

Galope

40m

20m

3

Trote

2 6.00m

6.00m 3.00m

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O cavaleiro com as mãos ao lado do pescoço do cavalo deve acompanhar o alongamento do pescoço, mantendo de inicio ao fim da linha, um contato uniforme, suave e elástico com o bocado, nunca apoiando-se sobre o pescoço do cavalo. É desejável que o cavaleiro segure as rédeas com o mesmo comprimento ao longo de todo o percurso, seguindo com o movimento das mãos o alongamento do pescoço, evitando deixar as rédeas deslizarem pelas suas mãos e segurando-as de novo, para não dar trancos na boca do cavalo. Se o cavalo pegar o bocado mais forte, o cavaleiro deverá ceder as rédeas gradativamente e acalmar o cavalo com sua voz. Somente executando os exercícios de uma linha de saltos de maneira correta, teremos um cavalo relaxado, tranquilo, que se necessita ser impulsionado e não desacelerado. Exercício I Três varas no chão com obstáculo em “X” varas cruzadas

- Varas no chão com obstáculos de vara cruzadas “x”. Passar sobre linhas de varas no chão com distâncias de 1.30m a 1.50m. seguidas de um “x” (varas cruzadas) a uma distância de 2.00m. a 2.50m. da última vara no chão.

Exercício II

- Varas no chão com obstáculos em “x” e ”x” mais vertical È uma continuação de exercícios anterior, colocando-se mais uma paralela, distante de 6.00m. a 6.50m do ‘x”.

Distâncias médias entre obstáculos

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Exercício III Exercício IV

- Varas cruzadas com altura - Varas Cruzadas com altura de 0.80m a 1.00m de 0.50m no centro. Oxer com largura de 0.60m a 1.00m. Vertical com altura de 1.00m

Após saltar o ultimo obstáculo mantendo o mesmo ritmo de galope e depois ao trote retornar na mão

esquerda e repetir o exercício, retornando na mão direita. Exercício V - Depois do ultimo obstáculo do exercício IV a 10.20m colocar um oxer e construir uma pequena “vala” a direita com uma distancia de 15m e uma tríplice à esquerda a uma distancia de 14.75m.

Após saltar o ultimo obstáculo da linha o cavalo deve receber-se alternativamente à direita para passar sobre a “vala” repetindo o exercício, receber-se na mão esquerda para passar sobre a tríplice.

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Exercício de Salto e Maneabilidade

Executado ao trote, passo e galope, terminando ao trote, Alto e Recuar

Linha 01 Saltos ao trote, passando ao passo e partindo ao galope. Linha 02 Saltos ao galope, passando ao trote, passo e partindo ao galope. Linha 03 Saltos ao galope, passando ao trote passo e Alto e Recuar “Rein-back”.

8.50m 5.50m

9.10m 6.10m

6.00m 6.00m Trote 03 Galope

Alto Recuar

02 Galope

Trote

Passo

Passo

Trote

Trote 01

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3.50m 3.00m

3.00m

Pista de Salto ao Galope

O cavalo executando perfeitamente todos os exercícios do “Primeiro Ano de Treinamento” estará apto para iniciar as Provas de Cavalos novos de Salto, Adestramento e Concurso Completo de Equitação de acordo com as normas da CBH, bem como os Exercícios de Equitação Secundária.

6.10m

22,00

13.70m 6,70m

03

Alto Recuar

01

02

13.40

04

05

06

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Pista de Adestramento

20m x 60m

Pista CCE 20m x 40m

C

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Confederação Brasileira de Hipismo Provas Oficiais de Cavalos Novos I – Salto

• Cavalos Novos de 04 anos. Percurso Total – 550m Velocidade de percurso – 350/min. Numero de obstáculos – 08 a 10 Tipos de obstáculos – verticais, oxers, um duplo e um fosso móvel Alturas – 1.00m a 1.05m Larguras – 1.20m a 1.30m

• Cavalos Novos de 05 anos. Percurso total – 550m Velocidade de Percurso – 350m/min. Numero de obstáculos – 10 a 12 Tipos de obstáculos – verticais, oxers, um duplo, um triplo e um fosso móvel Alturas – 1.10m a 1.20m Larguras – 1.30m a 1.40m

II – Reprises de Adestramento

Cavalos Novos de 04 anos. • Reprise para Cavalos Novos de 04 anos “FEI”

Picadeiro de 20m x 60m ou 20m x 40m Realizada com Bridão ao Trote Elevado a não ser que especificado de outra maneira Cavalos Novos de 05 anos.

• Reprise preliminar para Cavalos Novos de 05 anos “FEI” Picadeiro de 20m x 60m Executada com Bridão Tempo – 5 minutos

III – Concurso Completo de Equitação O Concurso Completo de Equitação compreende três provas distintas que se realizam em dias separados, durante os quais o concorrente monta o mesmo cavalo com idade mínima de 04 anos.

• Prova de Adestramento • Prova de Fundo – percurso de “Cross-Country” • Prova de Saltos de Obstáculos

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ADESTRAMENTO Reprise para Cavalos Novos 4 anos

Picadeiro de 20mx 60m ou 20m x 40m realizada com bridão ao trote elevado a não ser onde especificado de outra maneira.

Itens avaliados Trote – Ritmo, descontração, flexibilidade, oscilação do dorso, habilidade de flexionar as articulações dos posteriores. Passo – Ritmo, descontração, atividade, transpistamento. Galope – Ritmo, descontração, flexibilidade, equilíbrio natural, tendência para elevar a atitude, habilidade de flexionar as articulações dos posteriores. Submissão – Contato, retidão, obediência, resposta às ajudas do cavaleiro. Impressão geral – Como cavalo jovem de Adestramento, padrões de treinamento baseados na “escala de treinamento”, de acordo com a idade.

Movimentos 1 AXC Entrada ao trote de trabalho sem alto. 2 C Pista à mão direita 3 CMBFA Trote de Trabalho 4 AXCH Serpentina de 2 laços 5 HK Alongar as passadas 6 KA Trote de trabalho 7 Entre A e F Passo médio 8 FXH Passo médio, deixar o cavalo alongar o pescoço 9 H Retomar as rédeas 10 Entre H e C Trote de trabalho 11 CB Trote de trabalho 12 BLE Semi círculo de 20 metros – trote sentado 13 Antes de E Galope de trabalho 14 EHCM Galope de trabalho 15 MF Alongar os lances 16 FA Galope de trabalho 17 Entre A e K Trote de trabalho 18 KXM Mudança de mão, alongando as passadas 19 M Trote de trabalho - sentado 20 Entre M e C Galope de trabalho 21 HM Semi círculo de 20m ao galope de trabalho 22 MCH Galope de trabalho 23 HK Alongar os lances 24 K Galope de trabalho 25 Entre K e A Trote de trabalho 26 AF Trote de trabalho 27 FK Semi círculo de 20m 28 FK Rédeas longas deixar o cavalo alongar o pescoço 29 K Retomar as rédeas 30 A Pela linha do meio 31 X Alto – Imobilidade - Saudação

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ADESTRAMENTO Reprise para Cavalos Novos 5 anos

Picadeiro de 20m x 60m realizada com bridão

Itens avaliados Trote – Ritmo, flexibilidade, elasticidade, impulsão, oscilação do dorso, cobertura de terreno, disposição para reunir-se. Passo – Ritmo, descontração, atividade, transpiramento. Galope – Ritmo, flexibilidade, elasticidade, equilíbrio natural, impulsão, disposição para reunir-se, cobertura de terreno, tendência para elevar a atitude. Submissão – Flexibilidade, contato, retidão, obediência, habilidade para auto sustentar-se. Impressão geral – Potencial como cavalo de Adestramento – Padrões de treinamento baseado na “escala de treinamento”

Movimentos 1 A Entrada ao trote elevado 2 X Alto – Saudação, partir ao trote de trabalho 3 C Pista à mão direita 4 CB Trote de trabalho 5 BX Semi círculo de 10m para à direita 6 XE Semi círculo de 10m para à esquerda 7 VKAF Trote reunido 8 KXM Trote médio 9 H Trote de trabalho

10 CA Serpentina de 3 laços (tocando o lado maior do picadeiro

11 KXM Trote médio 12 MC Trote reunido 13 C Alto - Recuar (comprimento do cavalo) e imediatamente

14 C Partir ao passo médio

15 HB Passo médio

16 BK Passo médio, permitir que o cavalo alongue o pescoço com rédeas longas (com contato)

17 K Retomar as rédeas 18 KA Passo médio 19 A Galope de trabalho à esquerda 20 AFB Galope de trabalho 21 BRSE Galope médio, executando um semi círculo de 20m entre R e S 22 E Galope reunido 23 KDE Semi círculo de 10m, retornando à pista em E 24 EH Contra galope 25 Antes de H Mudança de pé simples 26 ME Mudar de mão 27 EK Contra - galope 28 K Trote de trabalho 29 KAFP Trote de trabalho 30 PV Semi círculo de 20m, permitir que o cavalo alongue o pescoço com

rédeas longas ao trote elevado 31 Entre V e K Retomar as rédeas 32 A Linha do meio 33 X Alto – Imobilidade - Saudação

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Concurso Completo de Equitação

Prova de Adestramento

Reprise de Cavalos Novos A (2010) idade mínima 04 anos Pista 20m x 40m realizada com bridão – trote elevado ou sentado

Deixar a pista ao passo com rédeas livres

Prova de Fundo “Cross – country Prova de Saltos Percurso Total – 1000m a 2000m no campo Percurso 350m a 450m Velocidade de Percurso – 350m a 450m/min. Velocidade de percurso – 350m/min. Número de Obstáculos – 12 a 20 - sebes – Numero de Obstáculos – 9 a 11 obstáculos naturais – banquetas – taludes Tipos de Obstáculos – verticais-Oxers desníveis – buracos secos “fossos” e voleios. e um Duplo Altura – máxima de 0.90m Alturas – 0.90m Larguras – 1.00m Larguras – 1.20m Buraco seco – 1.70m Base de voleios – 1.80m Desníveis máximo – 1.00m

Movimentos 1 A Entrada ao trote de trabalho sem alto 2 C

MXF Pista à direita Linha Quebrada

3 FA Entre A e K

Trote sentado Partir ao galope de trabalho no pé direito

4 E Circulo à direita de 20m 5 EHC

C Galope de trabalho Trote de trabalho

6 M MB

Passo Médio Passo Médio

7 BK KA

Passo livre Passo Médio

8 A FXM

Trote de trabalho Linha quebrada

9 MC Entre C e H

Trote sentado Partir ao galope de trabalho no pé esquerdo

10 E Círculo à esquerda de 20m 11 EKA

A Galope de trabalho Trote de trabalho

12 FXH Mudar de mão no trote de trabalho 13 C

Antes de C

Círculo à direita de 20m, ao trote elevado, permitindo que o cavalo se alongue para frente e para baixo. Encurtar as rédeas

14 B X G

Semi círculo de 10m até X Tomar a linha do meio Alto, imobilidade, saudação

Movimentos 1 ANDADURAS: franqueza e regularidade 2 IMPULSÃO: desejo de mover-se para frente, elasticidade dos lances, descontração

do dorso e engajamento dos posteriores. 3 SUBMISSÃO: Atenção e confiança, harmonia, leveza e facilidade dos movimentos,

aceitação da embocadura, leveza do ante-mão. 4 CAVALEIRO: Posição e Assento: assento do cavaleiro e efeito das ajudas.

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Bibliografia: * Sistema de Doma - Paulo Cunha “SENAR” - Monty Roberts * Treinamento Do Cavalo de Salto - Anthony Paalman * Adestramento do Cavalo - Cel. Felix B. Morgado * Arte de Saltar - Jorge Mathias * Das Dressurpferd - Von Harry Boldt

*Biomecânica do Cavalo de desporto - Luiz Lupi *The de Nemethy Method -Bertalan de Nemethy *Concurso Completo de Equitação -Pericles Cavalcanti *101 Exercícios – Para Cavalos e Cavaleiros - Linda L. Allen -With Dianna R. Dennis *Texto – Enio Monte *Desenhos – Cavani Rosas *Digitação – Bruna M. Gonçalves