tratamento endodÔntico em cÁries de radiaÇÃo como ...‡Ão - 143.pdf · filhos helena e...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE SAÚDE DA COMUNIDADE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA
ROBERTO DE SOUZA NEVES
TRATAMENTO ENDODÔNTICO EM CÁRIES DE RADIAÇÃO
COMO ALTERNATIVA AS EXODONTIAS: DESENVOLVENDO
TECNOLOGIA APROPRIADA EM INSTITUIÇÃO PÚBLICA DE
ASSISTÊNCIA Á SAÚDE.
NITERÓI 2012
2
ROBERTO DE SOUZA NEVES
TRATAMENTO ENDODÔNTICO EM CÁRIES DE RADIAÇÃO
COMO ALTERNATIVA AS EXODONTIAS: DESENVOLVENDO
TECNOLOGIA APROPRIADA EM INSTITUIÇÃO PÚBLICA DE
ASSISTÊNCIA Á SAÚDE.
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva do Instituto de Saúde da Comunidade da
Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Saúde Coletiva. Orientador: Prof. Dr. Marcos Paulo Corvino
NITERÓI 2012
3
N511
Neves, Roberto de Souza
Tratamento endodôntico em cáries de radiação como
alternativa às exodontias: desenvolvendo tecnologia
apro apropriada em instituição pública de assistência à
sss saúde / Roberto de Souza Neves. – Niterói: s.n.],
2012.
82 f., 30 cm.
Dissertação(Mestrado em Saúde Coletiva)– Universidade Federal
Fluminense, 2012.
1. Endodontia. 2. Osteorradionecrose. 3. Tecnologia Apropriada.
4. Cárie Dentária. I. Título.
CDD 617.6342
4
ROBERTO DE SOUZA NEVES
TRATAMENTO ENDODÔNTICO EM CÁRIES DE RADIAÇÃO
COMO ALTERNATIVA AS EXODONTIAS: DESENVOLVENDO
TECNOLOGIA APROPRIADA EM INSTITUIÇÃO PÚBLICA DE
ASSISTÊNCIA Á SAÚDE.
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva do Instituto de Saúde da Co munidade da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Saúde Coletiva.
Aprovado em
COMISSÃO EXAMINADORA
_______________________________________
Prof. Dr. Marcos Paulo Corvino UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINNESE Orientador
_______________________________________
Profa. Dra. Sandra Rivera Fidel UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO DE JANEIRO Co-Orientadora _______________________________________
Prof. Dr. Jayme Leão Guittman UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINNESE (Membro – interno- Títular)
5
. DEDICATÓRIA
Dedico esta monografia a todos que me
incentivaram durante todo a minha vida; em
especial a minha esposa Sonia, aos meus
filhos Helena e Daniel, pela ajuda deste
trabalho.
6
RESUMO
O crescimento do arsenal terapêutico com esperados menores efeitos iatrogênicos, fruto
de inovações tecnológicas, tem auxiliado o enfrentamento das doenças e impõe uma
contínua avaliação técnico-científica, na busca por melhores condições de saúde e vida.
Consideradas essas relações, o presente trabalho objetivou estudar o desenvolvimento
de uma técnica específica de tratamento em dentes cariados por irradiação, de pacientes
de um centro nacional de referência oncológica, submetidos anteriormente à
radioterapia na região de cabeça e pescoço, para prevenção da osteorradionecrose e
consequente melhora da saúde bucal. Fez-se o acompanhamento durante três anos dos
27 pacientes, totalizando 30 elementos dentários com cáries de radiação, que tivessem
recebido uma dose igual ou superior a 40 Gray. Os participantes consentiram com o
tratamento proposto, que se constituiu, sobretudo em seu aspecto odontológico, das
seguintes etapas: isolamento, odontometria, instrumentação, soluções irrigadoras e
medicação intracanal. À medida que cada tratamento endodôntico era concluído
realizavam-se consultas trimestrais, com exames clínicos e radiográficos, até completar
um ano. Concluímos que os objetivos pretendidos com a técnica endodôntica,
considerada atraumática, para dentes com cárie de radiação, apresentaram resultados
satisfatórios. Entre outros benefícios esperados e obtidos, relataram o alívio da dor,
quando os pacientes passaram a desenvolver condições para a reabilitação protética
funcional e estética e, consequentemente, tiveram o restabelecimento da mastigação e
resgate ao convívio social, com melhor qualidade de vida.
Palavras chaves: Cárie de radiação, Osteoradionecrose, Tratamento endodôntico,
Apropriação tecnológica.
7
ABSTRACT
The grow of the therapeutic effects with smaller espected iatrogenic resulting from
thecnological innovations has helped confront the disease and requires a continuous
assessment of scientific knowledge the search for better health and life.Given this
relationships, this study investigated the development of a especific technique of
treatment irradiation decayed teeth from patients of a national reference center cancer,
previously submited to radiotherapy in the head and neck, and consequent prevention of
osteoradionecrosis improvement of oral health. This study investigated the relationship
between the intended goals and results of a specific technique of endodontic treatment
in teeth with decay radiation for the prevention of osteoradionecrosis in patients
undergoing radiotherapy in head and neck, and consequent improvement of oral health .
For this, we selected 27 patients and 30 teeth with caries that had received a radiation
dose greater than 40 Gray. These patients underwent the proposed treatment, with
emphasis on the following steps: Isolation, tooth length, instrumentation, irrigants and
dressing. As each endodontic treatment was completed, these patients started to be
monitored with quarterly consultations, which were conducted in clinical and
radiographic examinations, up to one year. We conclude that the goals of the technique
for atraumatic teeth endodôndica considered with radiation caries, showed satisfactory
results. Well, besides the relief of pain, the patients started to develop conditions for the
functional and aesthetic prosthetic rehabilitation, and thus had the restoration of
mastication and rescue of social life, with better quality of life.
Key- words: Radiation caries, Osteoradionecrosis, Endodontic Treatment,
Appropriated technology
LISTA DE SIGLAS
CTD – Comprimento De Trabalho Do Dente
CRD – Comprimento Real Do Dente
GY - Gray
8
Sumário
Resumo 6
Abstract
1 Introdução 10
2 Fundamentação teórica 13
2.1 Tratamento endodôntico 13
2.2 Complicações orais da radioterapia 34
3 Objetivos 44
4 Metodologia 45
5 Resultados 52
6 Discussão 55
7 Conclusão 63
8 Referência Bibliográfica 64
Anexos 76
9
1-INTRODUÇÃO
O câncer de boca é o tipo de neoplasia maligna que é um grave problema de saúde
pública, sendo mais prevalente em países considerados em desenvolvimento,
principalmente no Sudeste Asiático e Brasil. Estudos comparativos da Agência
Internacional de Pesquisa do Câncer-IARC/OMS, entre o Brasil e a Índia, afirmam que esta
detém a maior taxa de incidência de câncer bucal do mundo, seguida pelo Brasil
(BRENER, 2001).
O câncer de boca apresenta uma tendência crescente em suas taxas de mortalidade e
de incidência no Brasil. Dentre todos os cânceres que incidem na região de cabeça e
pescoço, 40% ocorrem na cavidade oral (KOWALSKI & NISHIMOTO, 2000). Dados do
Instituto Nacional do Câncer-INCA demonstram que no país o câncer de boca ocupa o
quinto lugar de incidência entre todos os tipos de câncer nos homens e o sétimo entre as
mulheres, com uma estimativa de 14.120 casos novos por 100.000 habitantes para o ano de
2010 (BRASIL, 2010).
A radioterapia tem demonstrado elevada eficiência, tanto no método primário, como
no complementar à cirurgia de câncer na região de cabeça e pescoço, afetando tanto os
tumores malignos como os tecidos normais.
As principais complicações orais da radioterapia são, xerostomia, cárie de radiação,
trismo, osteorradionecrose, mucosite, exacerbação de infecções oportunistas, periodontite
(SALAZAR, 2008).
10
Os efeitos da radiação na dentição são predominantemente considerados comoindiretos,
pois é causada pela diminuição do fluxo salivar, tornando-se uma saliva viscosa, ácida e
com uma quantidade anormal de material orgânico, que serve como substrato para o ataque
bacteriano (VISSINK, 2003).
Silverman (2004) considera a osteorradionecrose uma das complicações mais graves
da irradiação da cabeça e pescoço para o tratamento de câncer. Quando a
osteorradionecrose é progressiva, pode provocar dor intolerável ou fratura e haver a
necessidade de ressecção óssea.
Quando este tecido ósseo irradiado é traumatizado por meio de procedimentos como
extração dentária, biopsia, infecção dentária periapical ou periodontal, ou seja, qualquer
tipo de trauma induzido que entre em contato com o meio bucal séptico, pode desenvolver
osteorradionecrose (CURI & DIB, 1997; TOLJANIC & SAUNDERS JUNIOR, 1984;
TOPAZIAM & GOLDBERG, 1997).
Nos estudos de Asamani et al (1993), a evolução da cárie de radiação é considerada
um fator de risco relativo para desenvolver osteorradionecrose, principalmente, quando a
cárie progride em direção à polpa ocasionando, pulpites, odontalgias, necrose pulpar ,
destruição total da coroa dentária, infecções dos tecidos periapicais, chegando à indicação
de exodontias.
As cáries podem surgir de 3 a 12 semanas após a radioterapia, considerando que, a
saliva não mais desempenhará sua função tampão (reguladora do pH da cavidade bucal) e
que os componentes orgânicos e inorgânicos dos dentes podem ser alterados pela radiação,
tornando-os mais susceptíveis à descalcificação e consequentemente ao processo carioso.
A cárie de radiação é uma sequela frequente após tratamento radioterápico de
11
tumores localizados na região de cabeça e pescoço, e qualquer tratamento traumático que
venha a ser realizado pode levar ao desenvolvimento de uma osteoradionecrose.
Esse estudo tem como objetivo apresentar uma técnica de tratamento alternativa,
que além de aliviar as odontalgias, tem como desafio dar condições para a reabilitação
protética funcional e estética, devolvendo mastigação e resgatando esses pacientes ao
convívio social, minimizando o risco de desenvolver osteoradionecrose.
A técnica que será apresentada representa uma revisão de conduta já adotada no
Instituto Nacional do Câncer - RJ desde de 1980, implementada na Seção de Estômato
Odontologia e Prótese como Tratamento Endodôntico em pacientes submetidos à
radioterapia na região de cabeça e pescoço, realizada apenas em dentes com vitalidade
pulpar e em única sessão.
O progresso das técnicas de instrumentação dos canais radiculares com uma
odontometria segura, soluções irrigadoras antimicrobianas eficazes e medicação intracanal
mais eficientes, vem proporcionando maior segurança e sucesso, ampliando o tratamento
endodôntico para todas as alterações patológicas do periápice, principalmente dos pacientes
irradiados.
12
2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 - TRATAMENTO ENDODONTICO
Endodontia é definida como uma especialidade da odontologia que diz respeito ao
diagnóstico e tratamento das enfermidades e injúrias dos tecidos pulpares e periapicais dos
dentes (AMERIC ASS. OF ENDODONTICS, 1968).
■ Isolamento absoluto
Em Endodontia, seja qual for a técnica utilizada, esta é baseada nos fundamentos e
princípios que regem a cirurgia geral, obedecendo os princípios da assepsia e dos respeitos
aos tecidos (GROSSMAN, 1958).
Assepsia, é um conjunto de procedimentos que impedem a contaminação por germes
em local onde não os continha. Antissepsia é a destruição dos germes, obtidos através da
esterilização e desinfecção do ambiente de trabalho, material e instrumental e do campo
operatório (BIER, 2003).
De acordo com Torneck (1967), a assepsia deve ser mantida, na medida do possível,
durante todo o ato operatório, fazendo com que o profissional use todos os recursos
disponíveis, para proteção dos efeitos e danos que podem ser causados pelos
microrganismos que o circundam.
13
O isolamento absoluto, pelo dique de borracha, tem como objetivo, uma técnica
asséptica para o tratamento dos canais radiculares, assim como todos os instrumentos
devem ser esterilizados, guardados e mantidos estéreis para o momento do uso (SOMMER;
OSTRANDER; CROWLEY, 1966).
Em 1864, foi introduzido por Barnaum o isolamento absoluto, para ser empregado em
endodontia e restaurações reparadoras, sendo reconhecido o seu uso por vários autores,
como Prime (1937), que relata inúmeras vantagens em usar o dique de borracha, assim
como Kuttler (1961), que não encontrou motivos para não usar, enfatizando os benefícios
de ser a única maneira de manter um campo seco e fácil de ser desinfectado, diminuindo a
possibilidade de contaminação do campo operatório.
O preparo inicial do dente e a antissepsia do campo a ser operado, são duas manobras
de grande importância na execução do tratamento dos canais radiculares. O preparo inicial
do dente principalmente na sua parte coronária, irá facilitar as fases subseqüentes, quando
estivermos diante de coroa dental destruídas por cárie ou por acidente, coroas metálicas,
ponte fixa e aparelho ortodôntico fixo (DE DEUS, 1992).
A profilaxia oral deve ser realizada com remoção de cálculos supra e subgengival,
polimento coronário e complementando esta manobra com antissepsia da área a ser
trabalhada com um antissépico adequado. Dentes com lesões cariosas em que já destruiu
uma ou mais superfícies da coroa, deve realizar a remoção do tecido cariado, procurando
não expor a câmara pulpar, o acesso franco à câmara pulpar deve ser feito com isolamento
absoluto através do dique de borracha (LEONARDO, 2009).
14
■ Abertura coronária
A abertura coronária é a fase inicial de remoção de tecido dentário, em direção a
câmara pulpar com remoção do teto e realizando um desgaste compensatório facilitando o
acesso direto e em linha reta, amplo e sem obstáculos a região apical do canal radicular
(LEONARDO, 2009).
A grande maioria dos fracassos do tratamento endodôntico, conforme Cohen e Burns
(2011) é devido à obturação final incompleta dos canais, por preparo incorreto da cavidade
de acesso a abertura coronária.
O tamanho e forma da abertura coronária, segundo Leonardo (2009), está condicionado
à anatomia da câmara pulpar do dente a ser aberto. Ele afirma que nos jovens, o tamanho se
apresentará bastante amplo, enquanto que nos dentes adultos as dimensões são menores
devido ao processo de calcificação.
A forma também está relacionada com a anatomia da câmara pulpar sendo
determinada especificamente para cada dente:
nos molares superiores ela se apresentará triangular com o vértice voltado para
palatina,
nos molares inferiores triangular com o vértice para a distal,
nos pré-molares de forma ovóide com achatamento no sentido mésio-distal,
nos incisivos de forma triangular com a base do triângulo voltada para a borda
incisal (LEONARDO, 2009).
15
■ Preparo biomecânico
Consiste em obter um acesso direto e franco a união cemento-dentina-canal (limite
C.D.C.), criando condições para o preparo do canal dentinário, onde será realizada uma
completa desinfecção, para receber uma fácil e perfeita obturação (LEONARDO, 2009).
O preparo biomecânico é realizado através da instrumentação dos canais
radiculares, complementada pela irrigação,aspiração e inundação, com soluções irrigadoras,
tendo portanto a função de limpeza mecânica e ação antibacteriana, nos casos de
necropulpectomia ou biopulpectomia (BERGER, 2002).
Assim sendo, os recursos convencionais para execução do preparo biomecânico
segundo Leonardo (2009), são os meios químicos, físicos e mecânicos. Os meios químicos
são representados pelo uso de substâncias ou soluções irrigadoras, os meios físicos pelo ato
de irrigar e simultaneamente aspirar, assim como inundar o canal radicular com a solução
irrigadora, já os meios mecânicos são representados pela ação dos instrumentos, com os
quais efetuamos os diferentes métodos de instrumentação dos canais radiculares.
Os meios químicos e físicos auxiliam os meios mecânicos, onde conforme Berger
(2002), se conclui que a instrumentação, complementada pela irrigação, aspiração e
inundação dos canais radiculares com substâncias ou soluções irrigadoras, constitui
clinicamente, um processo único, simultâneo e contínuo.
16
Segundo Cohen e Burns (2011), as lesões de origem endodônticas podem se instalar
em qualquer parte ao longo da superfície radicular, incluindo bifurcações, trifurcações e
bases das bolsas infra-ósseas.
Para Schilder (1974), todo portal de saída é importante, porque todos são
potencialmente significativos, há quase 30 anos introduziu o conceito de limpeza e
modelagem como a base da terapia endodôntica bem sucedida.
O fundamento do tratamento endodôntico é baseado no respeito aos princípios
biológicos, o tecido conjuntivo da polpa é similar aos outros tecidos conjuntivos do corpo,
como a polpa é cercada de dentina, ela não pode beneficiar-se da resposta inflamatória
natural do organismo. O sistema de microcirculação da polpa não possui uma circulação
colateral significativa. O tecido pulpar é relativamente grande para um suprimento
sanguíneo relativamente pequeno; o tecido pulpar no sistema de canais radiculares é
confinado a uma cavidade com paredes de dentina que não podem expandir-se para
acomodar os fluidos inflamatórios (COHEN E BURNS, 2011).
Em resposta a cáries, procedimentos restauradores, ou trauma, a polpa vascularizada
pode degenerar para uma condição necrótica avascular. O material necrótico dessa
degeneração então extravasado pelos portais de saída do sistema de canais radiculares e que
penetra nos tecidos periodontais produz lesões de origem endodôntica. Portanto, quando o
sistema de canais radiculares é limpo, modelado e obturado em três dimensões, o reparo
ocorrerá (DE DEUS, 1992).
De acordo com Cohen e Burns (2011), o significado moderno de limpeza e
modelagem, onde limpeza é a remoção de todo o conteúdo do sistema de canais radiculares
17
antes e durante a modelagem: material infectado, substratos orgânicos, microflora, produtos
bacterianos, cáries, tecidos remanescentes, cálculos pulpares, colágeno, material químico
inflamatório e raspas de dentina resultantes do preparo do canal.
A limpeza pode ser assegurada com a remoção mecânica do conteúdo do canal e da
dissolução química, desintoxicação e remoção das sustâncias inflamatórias e
potencialmente inflamatórias. A limpeza bem sucedida requer o uso de instrumentos para
remover fisicamente as matérias, um sistema de irrigação para remover os resíduos do canal
e substâncias químicas para dissolver o conteúdo das regiões inacessíveis (BERGER,
2002).
A modelagem é o estabelecimento de uma forma especifica da cavidade, que atende
os objetivos mecânicos, o preparo radicular permite o acesso livre dos instrumentos de
obturação ao interior do sistema de canais, gerando uma pressão necessária para introduzir
o máximo de material obturador e a película de cimento para todas as foraminas
(LEONARDO, 2009).
Em um canal precariamente modelado podem ser deixados espaços intactos no
canal avascular, abastecendo um sítio para formação, acumulo e persistência de irritantes
nocivos (COHEN E BURNS,2011).
Para Ingle e Bakland (1994), a disseminação lenta dessas substâncias ativas dos
portais de saída não selados é relatada como uma causa mais comum das falhas a longo
prazo dos tratamentos endodônticos.
18
A afirmação de Kuttler (1961), célebre entre os endodotistas desde a década de 60,
onde ele afirmou que o mais importante na terapêutica dos canais radiculares é o que se
retira do seu interior e não o que nele se coloca.
Estas afirmações e comprovações, para Colige e Kesel, (1957), não foram realizadas
com a intenção de diminuir a importância da aplicação de medicamentos entre sessões
(curativo de demora), mas sim, para se dar a ênfase devida á fase do tratamento
considerado.
Já Leonardo (2009), considera todas as fases do tratamento endodôntico com o
mesmo grau de importância, por considerá-los independentes, onde o relaxamento de uma
dessas fases poderá implicar no resultado final após tratamento.
■ Odontometria
A odontometria é fundamental para a instrumentação dos canais radiculares, a qual
determina o comprimento real de trabalho (PAIVA, 1984).
Ingle e Bakland (1994) descreveram a sua técnica para determinar o comprimento
real do dente, que consta dos seguintes procedimentos:
Realiza-se a medição do dente,através da radiografia para diagnóstico tomada
dentro de uma angulagem o menos distorcida possível. Diminuem-se dois a três milímetros,
como segurança aos tecidos apicais e periapicais, tranferindo-se essa medida para um
instrumento, lima tipo Kerr.Coloca-se o instrumento dentro do canal, de maneira que o
19
cursor fique tangenciando a borda incisal ou a cúspide do dente. Em seguida realiza-se
nova radiografia onde se mede a diferença entre o fim do instrumento e o ápice radicular,
acrescentando-se ou diminuindo esse valor ao comprimento do instrumento, obetendo-se
assim o comprimento real do dente (INGLE, 1994).
Para Leonardo (2009), a odontometria , depende do grau de infecção da polpa, nas
biopulpectomias seria o comprimento real do dente menos 1 a 2 mm, enquanto nas
necropulpectomias menos 0,5 mm.
■ Instrumentação dos canais radiculares
Varias técnicas de instrumentação têm sido utilizadas ao longo dos anos, técnicas
empregando apenas instrumentos manuais estandardizados (alargadores, limas tipo k e ou
Hedstroen), técnicas mista utilizando instrumentos manuais associado a rotatórios (brocas
Gates-Glidden) e técnica usando sistemas rotatórios, através de limas acionadas à motor,
quer com rotação contínua quer alternada (BERGER, 2002).
Técnicas manuais de preparo dos canais radiculares, no sentido ápice/coroa onde
Gonçalves (1956) preconizou a utilização de instrumentos menos calibrosos para o terço
apical, devido a grande incidência de canais curvos.
Técnica manual escalonada de Clem (step preparation), no sentido ápice/coroa,
divulgada após trabalhos realizados em adolescentes, também preconizando a não
utilização de instrumentos calibrosos no terço apical, para não ter risco de produzir uma
perfuração lateral (CLEM, 1969).
20
Técnica manual de Weine (flare preparation e step preparation) no sentido
ápice/coroa. É a técnica onde foi introduzido o recuo progressivo dos instrumentos. A flare
preparation é destinada a canais retos e a step preparation aos canais curvos e atrésicos
(WEINE, 1972).
A técnica manual telescópica de Martin (telescopic prepartion), no sentido
ápice/coroa, o preparo realizado por esta técnica assemelha-se a um telescópio aberto.
Martin (1974) descreveu a técnica relatando que o nível apical será preparado com forma
circular, e que irá desenvolvendo uma forma cônica em direção ao terço cervical.
A técnica mista de Hebert Schilder, descrita em (1974), uma publicação que se
tornou clássica na Endodontia,”Cleaning end Shaping the Root canal” Limpando e
Modelando o canal Radicular, tornando-se um dos precursores de uma nova concepção na
arte do preparo de canais radiculares, nesse trabalho, o autor recomendava o emprego da
brocas Gates-Glidden para uma maior dilatação dos terços coronário e médio do canal
radicular, favorecendo em muito, o acesso e a instrumentação do seu terço apical.Essa nova
técnica, transformou a forma final do preparo dos canais radiculares. A conformação
convencional, antiga, oferecia uma pequena conicidade ao canal, enquanto que, a
moderna,atual, oferece uma acentuada conicidade ao preparo final do canal radicular, com
os terços, médio e cervical bastante ampliado (SCHILDER, 1974).
O preparo inicial do canal radicular, com o emprego das brocas Gates-Glidden,
permitiu a implementação de uma nova e revolucionária técnica de instrumentação, através
de um avanço progressivo ao canal, no sentido coroa-ápice, publicada por Marshal e Pappin
(1980) “A Crown-Down Pressureless Preparation Root Canal Enlargement Technique”
21
Técnica de Alargamento do Canal Radicular Através de uma Preparação no Sentido
Coroa/ápice Sem Pressão, em muito contribuiu para a diminuição dos agudecimentos de
processos crônicos periapicais, por preconizar a inativação do conteúdo séptico tóxico do
canal radicular, no sentido coroa–ápice, evitando a extrusão desse conteúdo para a região
periapical.
Umas das técnicas mais utilizadas para preparo do canal radicular é a Técnica
escalonada coroa-ápice, onde são realizados os procedimentos costumeiros de cavidade de
acesso endodôntico, limpeza da cavidade, localização da entrada dos canais, exploração e
alargamento inicial dos dois terços cervicais do canal, com o objetivo de remoção das
irregularidades aí existentes e remoção do tecido pulpar (BERGER, 2002). Este preparo
inicia-se com limas Hedströen, que promovem um trajeto para uso das brocas Gates-
Glindden.
A técnica propriamente dita inicia-se com o preparo do canal até o terço médio com
limas Hedströen em calibres 15, 20 e 25, se essas limas não forem introduzidas com grande
facilidade, pode ser feito um preparo inicial com auxilio de limas K, as quais têm maior
facilidade de penetração em canais que apresentam irregularidade e depósitos de dentina
(GERING; MICHELINCH; SCHULTZ, 1982).
Entre as limas Hedströen, deve ser usada uma lima K mais fina para manter a
porção apical do preparo sem obstrução, bem como para remover degraus formados pelas
mais calibrosas. A irrigação também deve ser freqüente (LEONARDO, 2009).
Após a utilização das 3 limas Hedströen o canal está em condições de receber a
broca Gates-Glindden 2, e em seguida a broca Gates-Glindden 3 com um pequeno recuo
22
em relação a 2. Se o canal for mais amplo a broca Gates-Glindden 4 poderá ser utilizada,
fazendo também um recuo em relação a broca Gates-Glindden 3. o recuo proporcionará um
preparo cônico no canal (BERGER, 2002).
Estando o terço cervical preparado, será feito o preparo apical com auxílio do
preparo escalonado. Segundo Holland et al., (1980) deve-se utilizar a lima K de calibre 20
no comprimento de trabalho para permitir a entrada dos próximos instrumentos. Então
seguindo suas orientações, para o preparo apical, devem-se utilizar instrumentos mais
calibrosos, em calibres dependentes da anatomia apical, com o objetivo de completar a
limpeza da porção mais apical do canal, tornar mais evidente o degrau apical e ampliar o
diâmetro da porção apical.
O quanto o canal radicular deve ser ampliado em lateralidade, é objeto de
controvérsias durante muito tempo, Grossman (1974) introduziu a regra baseada no número
da lima inicial, em que o canal deveria ser ampliado em até três vezes o seu diâmetro
original, terminando, a instrumentação com uma lima três vezes maior que a inicial,
independente da vitalidade ou não do tecido pulpar.
Para Araújo (1980), os dentes portadores de polpa viva, a ampliação do canal
radicular deveria ser no mínimo dois calibres acima daquele que determinou o diâmetro
original. Walton (1984) sugere que o alargamento deve ser o suficiente para permitir um
debridamento adequado para manter um controle na obturação.
23
■ Soluções irrigadoras
Irrigação é o ato de limpar um campo operatório, ou seja o canal radicular, pela
movimentação e renovação constante de líquidos em sua superfície (BERBERT;
BRAMANTE; BERNARDINELI ,1980).
A irrigação e a aspiração constituem fases importantes no preparo do canal radicular
e devem ser empregada antes, durante e após a instrumentação. Este processo é
fundamental para a remoção de matéria orgânica, inorgânica, microorganismos e outros
detritos do interior do canal radicular (BERGER, 2002).
Mas Erossman (1943), em seu trabalho alerta, que embora o preparo do canal
radicular seja de grande importância para o sucesso do tratamento, muitas vezes é
negligenciado pelos profissionais, não havendo a remoção de todo o material necrótico e
detritos teciduais de seu interior, confiando-se mais na ação dos medicamentos que na
limpeza completa.
Devido às investigações de Dakin (1916), os compostos halogenados à base de cloro
passaram a ser largamente utilizados na medicina, na cirurgia e na odontologia, onde o
cloro, um dos mais potentes germicidas, exerce uma ação antibacteriana quando sob a
forma de ácido hipocloroso não dissociado. Essa ação se faz por oxidação da matéria
orgânica, onde o cloro substitui o hidrogênio do grupo das proteínas, que contém grande
número de aminoácidos, formando um novo composto, classificado de cloraminas,
apresentando elevada propriedade bactericida.
24
Grossman e Meiman (1941), avaliaram vários agentes químicos utilizados durante o
preparo biomecânico, e verificaram que, a solução de hipoclorito de sódio a 4 e 6% foi o
dissolvente mais eficaz do tecido pulpar. Em 1943 Grossman, sugeriu o emprego
alternadamente, do hipoclorito de sódio com a água oxigenada a 10 volumes.
Para Marshall e colaboradores (1960), mostraram que os antissépticos aquosos
penetravam mais facilmente nos túbulos dentinários do que as substâncias não aquosas,
sendo que o hipoclorito de sódio a 5%, em conseqüência dessa penetração, aumentava a
permeabilidade dentinária.
Estudos realizados por Baker e colaboradores (1975), através da microscopia
eletrônica de varredura mostram que a remoção dos restos orgânicos e microrganismo do
canal radicular, parecem ser mais em função da maior quantidade da solução irrigadora
empregada, ou seja, volume, do que do tipo da solução usada, independente de sua natureza
química.
A ação da diluição do hipoclorito de sódio, in vitro, sobre os tecidos necróticos.
Esses autores concluíram que, a solução de hipoclorito de sódio a 5,25%, foi
significantemente mais efetiva como solvente tecidual do que as soluções diluídas de
hipoclorito de sódio a 0,5, 1 e 2,5% (LEONARDO, 2009).
Briseno et al. (1992) avaliaram dois diferentes métodos de irrigação, manual e
mecânico, utilizando soluções de hipoclorito de sódio a 1% e 2% em canais radiculares de
dentes humanos, recém extraídos. Concluíram que, o hipoclorito de sódio a 1% foi mais
eficaz que a 2%.
25
Ferraz et al., (2001), realizaram um estudo que teve como objetivo, avaliar a ação
antibacteriana do gluconato de clorexidina gel a 2% e da solução de hipoclorito de sódio a
5,25% em canais radiculares contaminados in vitro, com Enterococus Faecalis. Os
resultados desse estudo evidenciaram que a clorexidina ofereceu uma atividade
antibacteriana comparável à solução de hipoclorito de sódio.
■ Medicação intracanal
Entre muitos produtos utilizados como medicação intracanal, encontra-se o tricresol
formalina, preconizado por Buckley (1906) que de acordo com a literatura, tem uma ação à
distância através de vapores ou por contato. É um produto composto por formadeido,
tricresol, que é um potente bactericida com capacidade de tornar inativo o processo de
putrefação.
Um importante trabalho, com grande significado para Endodontia, foi desenvolvido
por Schovelton (1964), que com os recursos de cultura microbiológica da época, concluiu
que além de o canal radicular apresentar-se contaminado, a contaminação ocorria de
maneira diferenciada em relação às áreas do canal, sendo a região do terço cervical a mais
contaminada, diminuindo à medida que se avançava apicalmente. Tanto que este estudo
originou com Clem (1969) e Weine (1972), o desenvolvimento das técnicas escalonadas
para o preparo dos canais radiculares.
A partir de 1976 com a introdução de meios de transporte e cultura de
microrganismos anaeróbicos, descobriu-se que a região apical não era isenta de germes.
26
Que ali predominavam microrganismos facultativos e principalmente anaeróbicos, levando
a novos conceitos. Dessa forma a Endodontia voltou a ficar dependente de medicamentos
para completar a sanificação do canal. Os microrganismos permaneciam na profundidade
dos túbulos dentinários, sendo identificados em torno de 3 a 7 dias após o canal permanecer
vazio (WALTON; TORABINEJAD, 1996).
Vários autores afirmam que, independente das técnicas utilizada para
instrumentação dos canais radiculares, principalmente em polpas altamente contaminadas,
só se consegue a limpeza do conduto com soluções irrigadoras germicidas, sendo
fundamental uma medicação eficiente no canal entre sessões (GEORGEPOULOU;
MICHELICH; SCHULTZ, 1993).
Para Holland e colaboradores (1978), a aplicação de uma medicação intracanal, com
elevado potencial antibacteriano, contribui para obtenção de melhores resultados na
terapêutica dos canais infectados.
Bernabé e colaboradores (1972), tratando dentes de cães empregando curativo com
tricresol formalina e analisando os tecidos periapicais após 2,4,8 e 16 dias, verificaram que
quando utlizados por período superior a 2 dias, este foi bastante irritante a estes tecidos,
vindo a intensificar um processo inflamatório preexistente com conseqüente formação de
abscesso periapical.
O formaldeido, principal componente do tricresol formalina, apresenta-se como uma
substância com um alto potencial irritativo aos tecidos periapicais e capacidade mutagênica
e carcinogênica (YAMASAKI ET AL.,1994; LEWIS, 1998).
27
Um estudo mais amplo de Esberard e colaboradores (1994), onde foi avaliado,
microscopicamente a ação do tricresol formalina, colocado por 180 dias, na câmara pulpar
de dentes de cães com lesões periapicais obtidas experimentalmente. Concluíram que o
tricresol formalina pode permanecer por períodos prolongados na câmara pulpar com lesão
periapical crônica e que sua ação foi efetiva, inclusive com reparos cementário, ósseo e dos
ligamentos.
Madison e Anderson (1992), acreditam que com as novas técnicas de
instrumentação e o avanço tecnológico da Endodontia, o uso de medicamentos potentes e
agressivos devem ser minimizado.
O paramonoclorofenol, é outro medicamento intracanal, que foi introduzido na
Endodontia em 1891, por Walkhoff (Berger, 2002). Sua ação tem como base as
propiedades antissépticas do fenol e do íon cloro, liberado de forma lenta. Para reduzir o
efeito citotóxico e potencializar o efeito antimicrobiano, em 1929 Walkhoff (BERGER,
2002) associou esse composto à cânfora, diminuindo o seu potencial irritante, originando o
paramonoclorofenol canforado.
Segundo Souza (2003) a praticidade da aplicação do paramonoclorofenolcanforado,
tem levado os clínicos a conservarem o hábito de sua utilização, mas o principal aspecto a
ser considerado, é o seu tempo de ação. Este medicamento após 72 horas perde sua
efetividade, não sendo este tempo, suficiente para atuar sobre a flora microbiana
remanescente ao preparo. É uma medicação altamente efetiva sobre aeróbicos, mas de
pouca ação sobre os microrganismos anaeróbicos.
28
De todos os medicamentos intracanal, o que apresenta maior eficácia é o hidróxido
de cálcio, é o medicamento mais utilizado e o que apresenta as melhores características
para ser usado entre sessões, controlando a infecção, reduzindo a incidência de seqüelas
pós-operatórias e incentivando o processo reparador (ESTRELA; ESTRELA; PÉCORA,
2003).
Estrela e Pesce (1996), analisando quimicamente a liberação de íons hidroxila do
hidróxido de cálcio, verificaram que o percentual de íons hidroxila liberados corresponde a
45,89%, e de íons cálcio este percentual é de 54,11%, quando ao fazermos uma pasta
ligando o pó a um veículo. Proporcionando ao hidróxido de cálcio, duas grandes
propriedades, antibacteriana e mineralizadora.
A propriedade antibacteriana é alcançada com a inativação de enzimas bacterianas,
devido à liberação de íons hidroxilas que elevam o pH a valores próximos de 12.6, com
baixa concentração de íons hidrogênios. O alto pH afeta direta e indiretamente o transporte
químico através da membrana citoplasmática, atuando sobre o crescimento e sobre a
atividade bacteriana (ESTRELA, 1994).
A propriedade mineralizadora, é dada pelos íons cálcio que ativam a adenosina
trifosfatase, promovendo reação de densidade e cicatrização, participando nas
mineralizações osteodentinárias (barreira de dentina), osteocementária (selamento biológico
apical) e óssea (reparação de tecido ósseo) (PASHLEY et al., 1986, ESTRELA et al. 1995).
Os veículos apresentam diferentes características, químicas, sendo classificados em:
hidrossolúveis (aquosa, soro fisiológico, solução anestésica e água destilada), viscosos,
(polietileno glicol, metil celulose), e oleosos (óleo de oliva e paramonoclorofenol
29
canforado). O paramonoclorofenol canforado está classificado entre os veículos oleosos, o
que confere uma característica de lenta liberação de íons hidroxila e íons cálcio, associados
à pasta de hidróxido de cálcio (ESTRELA et al., 1994).
A velocidade de liberação iônica influencia diretamente a seleção do veículo a ser
empregado na pasta de hidróxido de cálcio. Quanto maior a concentração dos íons
hidroxila, maior será a inativação das enzimas bacterianas. A indicação de Estrela, para
dentes com necrose pulpar, com ou sem rarefação óssea periapical, é uma pasta de
hidróxido de cálcio associada a um veiculo aquoso (soro fisiológico), por apresentar maior
velocidade na liberação iônica em comparação com veiculo viscoso (polietileno glicol ) ou
oleosos (paramonoclorofenol canforado) (ESTRELA, 1994).
O tempo de permanências da pasta de hidróxido de cálcio ainda é um dos aspectos
muito discutido (BYSTRON et al., 1987; SJÖGREM et al., 1991). O tempo de aplicação
para que seu efeito seja alcançado, é de uma semana.
Trabalhando em dentes de macaco,Tronstad et al., (1981), verificaram que o pH da
dentina varia entre 6,4 a 7,0, em toda a sua extensão. Após a aplicação do hidróxido de
cálcio por 4 semanas, os autores constataram que o pH da dentina aumentou de 8,0 a 11,0,
até a metade da espessura dentinária próxima ao canal e de 7,4 a 8,0 na porção dentinária
periférica.
Em 1995, Estrela et al. observaram que poucas foram às modificações do pH na luz
do canal e na superfície externa do cemento. Nas pastas cujos veículos empregados foram o
soro fisiológico ou o anestésico, o pH a 2mm do vértice apical e na superfície do cemento,
aos 30 dias, estava em torno de 7 a 8, permanecendo inalterado até aos 60 dias. No grupo
30
em que o polietilenoglicol 400 foi o veículo, observou-se um pH de 7 a 8 no cemento apical
somente aos 45 dias. Internamente, na luz do canal, todas as pastas utilizadas apresentaram-
se com pH por volta 12,0 durante todo o período de observação.
■ Obturação dos canais radiculares
Obturação dos canais radiculares é a etapa em que e feita o preenchimento da
cavidade endodôntica com o objetivo de selar tridimensionalmente toda a sua extensão.
Assim sendo, a obturação é uma das etapas mais importantes do tratamento endodôntico,
pois se fundamenta na eliminação do espaço vazio do interior do dente, eliminando as vias
de infiltração da cavidade oral e/ou tecidos apicais e selar dentro do sistema quaisquer
irritantes que por ventura não puderam ser removidos durante o procedimento de limpeza e
modelagem (MENIN, 2000).
Rickert (1980), sugere o uso de cimento em associação com cones de guta-percha,
na obturação de canais radiculares. Desde então é esta a maneira mais aceita e empregada
na Endodontia.
Os cones de guta-percha utilizados para obturação são termolábeis, ou seja, sofrem
alteração com o calor, dessa maneira, não podem ser esterilizados pelo método físico (calor
seco e/ou calor úmido), sendo então necessária a descontaminação pelo método químico.
Entre as substâncias, mais utilizadas para a descontaminação dos cones de guta-
percha temos o glutaraldeído a 2%, sendo que o tempo necessário para sua efetividade
ainda seja um assunto não esclarecido, pois dependendo do autor o tempo pode variar de 1
31
minuto a 10 horas (CLARINDO; D’ANTONIO, 1980; DA MOTTA et al., 2001). Já a
clorexidina a 2% no estudo de Siqueira Junior et al., (1998) mostra resultados com ação
bactericida após 5 minutos de imersão dos cones.
Cardoso et al., (1999) compararam a efetividade de diferentes concentrações de
hipoclorito de sódio na descontaminação dos cones artificialmente contaminados. As
amostras foram imersas por diferentes períodos de tempo e a ação bactericida foi notada em
todas as concentrações em apenas 1 minuto, mas a atividade esporocida pode ser observada
em 1 minuto somente nas concentrações de 1%, 2% e 4%. Como as concentrações de 0,5%
e 1% são muito utilizadas na endodontia, os autores recomendam o uso do líquido de
Dakim por 5 minutos ou solução de Milton por 1 minuto.
Para Morales e Olmedo (1971), analisando as condições de assepsia dos cones de
guta-percha de consultórios particulares e da faculdade de Odontologia da UFRGS,
removidos de embalagens novas e lacradas e de caixas em uso. Nenhum cone testado
apresentou contaminação. Os autores consideraram desnecessária a utilização de
descontaminação química dos cones e atribuíram a ação antimicrobiana ao óxido de zinco
nele contido.
Quanto ao material em estado plástico, entre os cimentos endodôntico, que são
usados com os cones de guta-percha, para obturação definitiva, temos o cimento a base de
óxido de zinco e eugenol, cimento de Grossmann. Inicialmente, em 1936, continha em sua
formulação à prata precipitada e óxido de magnésio esse material recebeu uma alteração
pelo próprio autor em 1958, onde houve a substituição da prata pelo subcarbonato de
bismuto e do óxido de magnésio pelo sulfato de bário.(GROSSMAN, 1974) .
32
Várias pesquisas têm demonstrado que esse cimento, Endofill, possui boas
propriedades físico-químicas como, adesividade; radiopacidade; plasticidade; resistência à
solubilidade e ação antimicrobiana.(SIQUEIRA JUNIOR E GONÇALVES, 1996).
Cimento endodôntico à base de hidróxido de cálcio, como o Sealer 26, vem sendo
muito usado pelos especialistas. Estrela et al., (1995) avaliaram a capacidade do selamento
apical produzida pelos cimentos, Sealapex, Apexil e Sealer 26, todos contendo hidróxido de
cálcio na sua fórmula. Segundo os autores os melhores resultados conseguido foi pelo
cimento Sealer 26.
Várias técnicas de obturação dos canais radiculares, têm sido propostas e
preconizadas. Dentre elas a técnica de condensação lateral é a mais empregada por clínicos
e especialistas, Gutmann (1997) afirma que esta técnica foi sugerida inicialmente por
Callaham em 1914.
O termo condensação lateral refere-se à colocação sucessiva de cones auxiliares
lateralmente a um cone principal bem adaptado e cimentado ao canal (SIQUEIRA JUNIOR
et al., 1999).
Para que esta técnica possa ser bem realizada, é necessário que o canal radicular
apresente-se, após o preparo químico mecânico, com uma forma cônica continua.
Facilitando assim, forças verticais direcionadas no sentido apical durante a condensação
vertical assumem componentes laterais moderados, e forças direcionadas lateralmente
durante a condensação lateral assumem um componente vertical, contribuindo, para melhor
compactação do material e conseqüentemente melhor selamento apical (MELO; SYDNEY;
FIAKOFSKI, 1989).
33
O tratamento endodôntico não termina na fase de obturação do canal radicular, para
se obter o sucesso almejado são necessários, acompanhamentos clínicos e radiográfios
periódicos para monitorar o tratamento. Nos casos de pulpectomia estas avaliações devem
ser realizadas de 6 em 6 meses durante um ano e meio. Nos casos de penetração
desinfetante as avaliações deverão ser realizadas a cada quatro meses por período de 3 anos
(MENIN, 2000).
2.2 - Complicações orais da radioterapia
No universo terapêutico antineoplásico, a cirurgia de cabeça e pescoço, a
quimioterapia e a radioterapia são modalidades que causam a maior incidência de
complicações na cavidade bucal. A cavidade oral, com a quantidade de microoganismos
que tem, pode servir como fonte de infecção durante o tratamento antineoplásico,
agravando o quadro clínico do paciente (SONIS et al.,2001).
A radioterapia tem um importante desempenho, na terapêutica dos tumores
malignos, mais avançados e invasivos de cabeça e pescoço, que podem ser tratados
exclusivamente com radioterapia, como adjuvante após a cirurgia, em conjunto com a
quimioterapia ou como paliativo (DOBBS; BARRETT;ASH, 1999).
Sarmento et al., (2005) através de uma revisão de literatura para discutir a
prevenção e o tratamento da osterradionecrose, relacionaram as principais complicações
orais da radioterapia em, xerostomia, cárie de radiação, trismo, osteorradionecrose,
34
mucosite, exacerbação de infecção oportunista, periodontite, interrupção no
desenvolvimento dentário.
■ No músculo
A radiação nos músculos mastigatórios, pode ocasionar o trismo que são espasmos
musculares tônicos, com ou sem fibrose dos músculos mastigadores e da cápsula da
articulação temporomandibular, excessivamente irradiadas nos seus campos acarretando
dificuldade de abertura bucal. O trismo vai influenciar diretamente na mastigação, na
higienização bucal e no tratamento dentário, sendo que exercícios de fisioterapia podem
ajudar a diminuir tais problemas (NEVILLE et al.,2009).
Para Vissink et al.(2003), o trismo pode desenvolver através da invasão do tumor
nos músculos mastigatórios e articulação tempero mandibular ou se esses músculos e a
articulação estiverem nos campos de radiação ou podem ocorrer as duas situações. Relata
também que a severidade do trismo, esta relacionada ao campo de radiação uni ou bilateral,
a fonte e a dose de radiação, desenvolvendo- se aproximadamente de 3 a 6 semanas do
início do tratamento de radioterapia, podendo se tornar um problema para toda a vida.
■ Nas glândulas salivares
A saliva é um importante componente de defesa da cavidade oral, a quantidade e a
qualidade das mudanças salivares predispõem o paciente irradiado a uma variedade de
35
problemas que desenvolvem direta ou indiretamente resultados na diminuição de produção
salivar. A função oral como fala, mastigação e deglutição são dificultadas por lubrificação e
umidificação insuficiente das superfícies das mucosas. Além da mastigação e a deglutição
que são prejudicadas pela umidificação insuficiente do bolo alimentar pela saliva
(HAMLET et al., 1997).
A saliva é a principal defesa da boca, pois combate os microorganismos através de
vários mecanismos. Em oncologia, resulta principalmente do efeito inflamatório e
degenerativo que a radiação ionizante proporciona ao parênquima da glândula salivar, e se
manifesta por reduções quantitativas, totais ou parciais do fluxo salivar, e qualitativa,
sendo observada uma modificação no conteúdo protéico, como deficiência de
imonoglobulina A e sua capacidade tampão, que aumentam proporcionalmente à extensão
cirúrgica, dose da quimioterapia e radioterapia. A perda de quantidade e qualidade de
saliva expõe o tecido bucal e os dentes, com alteração na quantidade e diversidade da flora
bacteriana, com maior suscetibilidade de erosão do tecido mole e subseqüente instalação
de infecção e surgimento de cárie de radiação (DREIZEN et al. 1976).
Para Hupp (2009) as células das glândulas salivares apresentam um metabolismo
baixo, esperando com isso que ela fosse radiorresistente, mas devido às alterações da
microcirculação pela radiação, as glândulas salivares apresentam danos ao tecido
glandular, resultando em atrofia, fibrose e degeneração. A manifestação clinica resultam
em boca seca, diminuição do fluxo salivar maior protetor dos tecidos orais afetando os
dentes com cárie ao redor de toda a circunferência da porção cervical.
36
Estudos descritos por Coppes et al. (2001) do curso mais provável dos efeitos
radioterápicos em glândula salivar da parótida de rato, observaram quatro fases na perda
induzida de radiação da função glandular salivar. A primeira fase de 0 – 10 dias, foi
caracterizada por uma rápida diminuição no fluxo salivar sem mudanças na secreção de
amilase ou no número de células acinares. A segunda fase de 10 – 60 dias, consiste de
uma diminuição da secreção de amilase salivar que foi paralela á perda de células
acinares. A taxa de fluxo salivar, secreção de amilase os números de células acinares não
modificaram na terceira fase de 60 – 120 dias. A quarta fase de 120 -140- dias foi
carcterizada por uma tardia deteriorização da função glandular, mas também por um
aumento do numero de células acinares com pobre morfologia tecidual. Mudanças
comparáveis foram observadas em tecido das glândulas submandibulares de ratos
(ZEILSTRA et al., 2000; COPPES; VISSINK; KONING, 2002).
Dependendo da localização do campo de radiação, uma rápida diminuição do fluxo
salivar é observada durante a primeira semana de tratamento de radioterapia, depois da qual
há uma diminuição gradual de menos de 10% do fluxo inicial (BURLAGE et al., 2000).
Consta na literatura que as glândulas salivares com altas taxas de fluxo antes do
início da radioterapia mostram menos redução na taxa de fluxo salivar, mas essa
observação pode não ser confirmada em estudos de dose e evolume (MIRA; FULLERTON;
WESCOTT,1982).
Clinicamente, o que é mais importante é a observação que o volume irradiado do
tecido glandular salivar é diretamente correlacionado com a gravidade das complicações
orais (ROESINK et al.,2001).
37
O aumento da viscosidade e a redução do fluxo salivar causam intolerância aos
aparelhos protéticos. A saliva é um lubrificante eficaz no ambiente da mucosa da
dentadura. Com menos saliva presente, a retenção da prótese total é pequena e mais fricção
é produzida durante a função, o que pode facilmente traumatizar e tornar vulnerável a
mucosa oral irradiada. Muitos pacientes sofrem de desconforto oral noturno. Eles são
frequentemente acordados à noite pelo excesso de secura da boca ou tem que se levantar
com freqüência por causa do aumento excessivo do volume de urina eliminado (poliúra)
causados pela grande ingestão de líquidos durante o dia todo.A mucosa oral pode ter uma
aparência seca, atrófica, pálida ou hiperêmica. A mucosa da língua pode ter características
similares ou parecer fissurada. Os lábios podem ser secos, rachados ou fissurados. A
mudança na microflora oral por bactéria cariogênicas, a redução do fluxo salivar e a
alteração da composição da saliva podem resultar rapidamente em cáries de radiação
progressiva em conjunto com uma grande incidência de infecções periodônticas. As cáries
são aumentadas pela alteração dos hábitos alimentares. Devido aos efeitos da radioterapia
como, mucosite, atrofia da membrana da mucosa oral, hiposalivação e perda do paladar, a
dieta desses pacientes muda para uma alimentação mais leve, mais viscosa e rica em
carboidratos, com um intervalo menor entre as refeições, facilitando o aparecimento de
cárie. A média de ingestão diária de energia é de aproximadamente de 300 calorias a menos
em pacientes irradiados com sintomas de boca seca (BACKSTROM et al., 1995).
Vissink et al.,(2003), relatam o contraste das glândulas salivares com outros tecidos
dos resultados rápidos e tardios da radiação. Isso provavelmente faz com que o dano da
radiação aos tecidos da glândula salivar, seja o mais freqüente e inconveniente efeito
secundário da radiação da cabeça e pescoço. Como os estudos de radiação ionizada do
38
tecido da glândula salivar é ainda desconhecido, a estratégia de tratamento é ainda baseada
principalmente na prevenção dos danos através do cuidado no planejamento dos portais de
radiação.
■ No dente
Durante e depois de um tratamento completo de radioterapia, muitos pacientes
experimentam um aumento na sensibilidade dos dentes às mudanças de temperatura e à
comidas doces e condimentadas, que está possivelmente relacionado à perda da camada
protetora da saliva (TOLIJANIC; SAUNDERS,1984).
A maior complicação para a dentição, contudo, são as cáries relacionadas à
radiação. A cárie por radiação é uma forma altamente destrutiva de cárie dentária que tem
um rápido começo e progressão (JANSMA et al., 1993). As cáries podem se tornar
evidentes três meses após o início da radioterapia. Em casos graves, uma dentição pode ser
completamente perdida em um ano (DREIZEN et al., 1977).
A cárie de radiação é uma complicação freqüente após o tratamento radioterápico de
tumores localizados na região de cabeça e pescoço, é causada pela diminuição do fluxo
salivar, observando-se uma saliva viscosa, ácida e com uma quantidade anormal de material
orgânico, que serve como substrato para o ataque bacteriano (DREIZEN et al.,1976).
Clinicamente, três tipos de lesões de cárie podem ser observados, as características
histológicas do início são similares às observadas nas lesões de cáries normais, mas tipos
erosivos de lesões podem também ser observados (JANSMA et al.,1993).
39
O primeiro tipo, é uma lesão frequentemente observada que começa na face
vestibular do colo cervical dos incisivos e caninos. Inicialmente a lesão cariosa se estende
superficialmente ao redor de toda a face cervical do dente e depois progride internamente,
resultando em uma completa amputação da coroa do dente. Na região de molares, a
amputação da coroa dentária ocorre com menor freqüência, porém, as cáries tendem a se
espalhar em todas as superfícies, levando ao aumento da fragilidade e quebra do dente. O
segundo tipo de lesão é um defeito superficial generalizado que primeiro afeta a face
vestibular e depois as faces lingual ou palatina das coroas dos dentes, sendo as faces
proximais menos afetadas. Essa lesão sempre começa como um defeito difuso vindo a
progredir para uma erosão generalizada e irregular das faces dos dentes. O terceiro tipo é
menos observado. Ele consiste de uma forte descoloração que varia do marrom a preto de
toda coroa dentária, acompanhada de um desgaste das faces palatina ou lingual e vestibular
(KARMIOL; WALSH,1975).
O que sempre foi um motivo de debate, se a cárie de radiação é causada por um
efeito direto ou indireto de irradiação nos dentes, ou por ambos. Muitos pesquisadores
relatam que o desenvolvimento de cáries por radiação não dependia da presença dos dentes
na área de irradiação, mas o fator determinante era se as glândulas salivares principais
estavam dentro do campo de radiação (BROW et al., 1976; DREIZEN et al., 1976; GROTZ
et al., 1997), mostrou que a irradiação também resultou em mudanças na dentina em dentes
vitais.
Se o efeito direto de irradiação nos dentes ou se as mudanças de dentina já
mencionadas nos dentes vitais, também contribuem para o desenvolvimento de cárie de
40
radiação, não foi completamente elucidado ainda, e os relatos são contraditórios. Alguns
pesquisadores relatam que dentes irradiados descalcificam mais rapidamente do que os
dentes não irradiados (CASTANERA; JONES; KEMELDORF, 1963), enquanto outros não
notaram diferença em taxas de descalcificação in vitro (SHANNON;
TRODAHL;STARCKE,1978) ou até mesmo o relato da diminuição do esmalte e da
solubilidade da dentina depois da radiação terapêutica (KIELBASSA; SCHULTE;
HELLWIG,1999; KIELBASSA et al., 2002). Além disso, há muitas indicações de que as
propriedades mecânicas do esmalte, em menor extensão, deterioram a dentina depois da
exposição à radiação (AL-NAWAS et al., 2000).
Os efeitos da radiação na dentição são predominantemente considerados como
indiretos, principalmente os causados pela redução da taxa do fluxo salivar e suas
conseqüências. Portanto a prevenção tem que ser dirigida ao tratamento das reclamações
relacionadas à xerostomia, à higiene oral meticulosa, mudança da dieta, controle da flora
cariogênica e a prevenção de cáries com aplicação freqüente de flúor (VISSINK et al.,
2003).
■ Nos ossos
A osteorradionecrose, é uma das seqüelas mais graves e difíceis da radioterapia para
pacientes com câncer na região de cabeça e pescoço. Basicamente o que ocorre é a
endartrite que resulta na eliminação da delicada microcirculação intra-óssea. A taxa de
metabolismo é diminuída tornando impossível a autoreparação, não ocorrendo o processo
de remodelação mesmo após longo tempo (HUPP, 2009).
41
O risco de desenvolver osteorradionecrose espontânea é quase impossível de prever,
mas é relacionado à dose de radiação utilizada e ao volume ósseo, normalmente mais de de
60 Gy. A mandíbula apresenta maior risco do que a maxila, aumentando esse risco caso
sejam realizados exodontia no local do tratamento após a irradiação (SILVERMAN;
EVERLSOLE; TRUELOVE, 2004).
Marx (1983) elucidou vários aspectos da fisiopatologia da osterradionecrose de
mandíbula e da sua abordagem. Ele demonstrou que uma infecção não é a etiologia
primária desta patologia, através da obtenção de culturas do osso afetado mostrando a
ausência de bactérias, caracterizando a osteorradionecrose como resultado de uma necrose
asséptica avascular.
Para Neville et al.(2009) a radiação do osso resulta em danos permanentes aos
osteócitos e sistema microvascular. O osso alterado torna-se hipóxido, hipovascular e
hipocelular, a osteorradionecrose é o resultado, é um osso não cicatrizado, morto, e a
infecção não está necessariamente presente. A necrose óssea está diretamente ligada à
dosagem da radiação, embora o volume de osso irradiado e a proximidade da dose máxima
exerçam ambos o seu efeito. O risco de necrose óssea aumenta na presença de dentes,
trauma ósseo, doença periodontal, e quimioterapia combinada.
As mudanças visíveis na matriz óssea depois da irradiação se desenvolvem
relativamente devagar. A alteração inicia no osso, resultam das injúrias no sistema de
remodelação dos osteócitos, osteoblastos e osteoclastos. Osteoblastos tendem a ser mais
radiosensitivos do que os osteoclastos, portanto um relativo aumento na atividade lítica
pode ocorrer. Se a atividade remodeladora do osso alterado é resultado do efeito da
42
irradiação direta nas células do sistema remodelador ou o resultado indireto da injúria
vascular induzida por radiação, ou uma combinação de ambos, é ainda questão de debate
(VISSINK et al., 2003).
A injúria da radiação na vascularização do osso e seus tecidos ao redor, primeiro
levam a hiperemia, seguido por endarterite, fibrose, obliteração e oclusão progressiva dos
vasos menores. Dentro do osso, isso resulta em uma redução do numero de células e fribose
progressiva. Com o tempo, a medula exibe uma acelularidade e hipovacularidade ou
avascularidade, com fibrose significativa e degeneração gordurosa. Algumas lacunas
podem se tornar privadas de osteoclastos, o endósteo atrofia, com significante perda de
osteoblastos e osteoclastos (MARX; JOHNSON, 1987; CONSTANTINO; FRIEDMAN;
STEINBERG, 1995).
Com o estudo de Marx e Johson, (1987), foi observado que a hipovascularização e a
fibrose são comuns nas injúrias do tecido causados pelo tratamento de radioterapia, este
fato os levaram a concluir que o osso irradiado tem a probabilidade de responder mal à
traumas e infecções.
O conceito osteorradionecrose espontânea ou por indução de trauma são totalmente
diferentes. A osteorradionecrose espontânea é relatada para idade avançada do paciente,
altas doses de radiação, acima de 65 Gy, campo de irradiação, uso de fonte de implante de
radiação muito perto do osso e a combinação de irradiação externa e intersticial
(CONSTANTINO; FRIEDMAN; STEINBERG, 1995; TONG et al., 1999; THORN et al.,
2000).
43
A osteorradionecrose induzida por trauma representa uma mistura de morte celular e
injúria celular. Com o passar dos anos, após a irradiação, desencadeiam-se alterações no
metabolismo de reparação e da atividade celular, reduzindo a capacidade de cicatrização,
que pode permanecer latente e assintomática por tempo indeterminado. Quando este tecido
ósseo irradiado é traumatizado através de procedimentos, como extração dentária, biopsias,
infecção dentária periapical ou periodontal, traumas induzidos por aparelhos protéticos e
entra em contato o meio bucal séptico, pode desenvolver osteorradionecrose (CURI; DIBI,
1997; TONG et al.,1999; THORN et al.,2000,).
44
3 – OBJETIVO
■ OBJETIVO PRINCIPAL
Analisar a relação entre os resultados obtidos e os objetivos pretendidos de uma
técnica específica de tratamento endodôntico como prevenção da osteorradionecrose em
pacientes submetidos à radioterapia na região de cabeça e pescoço, objetivando uma melhor
qualidade na saúde bucal.
■ OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Desenvolver uma técnica especifica endodôntica para dentes com cárie de radiação
com mais segurança constituindo uma diretriz clínica.
Realizar a diretriz clínica em dentes com cárie de radiação para o alivio da dor e
reabilitação protética funcional e estética, devolvendo a mastigação e o resgate ao convívio
social.
45
4 - METODOLOGIA
CRITÉRIOS DE INCLUSÃO- Pacientes submetido a radioterapia na região de cabeça e
pescoço que tenha recebido 40Gy ou mais, apresentando cárie de radiação com
comprometimento pulpar,com sintomatologia dolorosa ou lesão periapical.
CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO- Pacientes que tenham recebido menos que 40Gy durante o
tratamento de radioterapia na região de cabeça e pescoço, mesmo que apresente cárie de
radiação com ou sem comprometimento pulpar.
Empregamos uma técnica endodôntica, específica e atraumática, em 30 elementos
dentários com cárie de radiação, em pacientes submetidos ao tratamento de radioterapia na
região de cabeça e pescoço dando ênfase as seguintes etapas: Isolamento, Odontometria,
Instrumentação, Soluções Irrigadoras, Medicação Intracanal,
CRONOGRAMA
Primeira Etapa
No primeiro momento, serão selecionados pacientes apresentando cárie de radiação
com comprometimento pulpar, que tenham recebidos 40GY ou mais e tratados
endodônticamente até perfazer o número de 30 elementos dentários, podendo haver
pacientes com mais de um dente tratado
46
Segunda Etapa
No segundo momento serão realizados a proservação, com acompanhamento de
exames clínicos e radiográficos de todos os pacientes, com intervalos de três em três meses
até completar um ano.
•Exames clínicos onde serão observados, sintomatologia dolorosa e abaulamento
ósseo nas regiões dos dentes tratados.
•Exames radiográficos onde será observada presença ou não de lesões periapicais e no
caso de persistirem tais lesões serão comparadas com os exames radiográficos antes do
tratamento.
•Ao completar um ano será aplicado um questionário a ser respondido pelo paciente
(ANEXO)
■ MATERIAL E MÉTODO
1. Seleção dos casos
Com consentimento dos participantes e aprovação prévia do projeto em Comitê de
ética em pesquisa com o nº 080/07-CEP - Inca, foram selecionados pacientes submetidos a
radioterapia na região da cabeça e pescoço que tiveram 40 Gy ou mais de radiação
ionizante absorvida, apresentando cárie de radiação com comprometimento pulpar, com
sintomatologia dolorosa ou lesão periapical, totalizando 30 elementos dentários, podendo
haver pacientes com mais de um dente tratado.
Aqueles que receberam menos de 40 Gy foram excluídos deste estudo, mesmo
apresentando cárie de radiação com ou sem comprometimento pulpar.
47
2. Tratamento Endodôntico – Descrição Técnica
A técnica endodôntica utilizada foi dividida em etapas (por terços) e realizada em
duas ou mais sessões. Antes da realização do tratamento foi feita radiografia periapical
inicial do dente a ser tratado.
A primeira etapa foi a realização do isolamento do dente. A maioria dos pacientes
tiveram destruição total da coroa pela cárie, alguns apresentaram consistência borrachóide
e tiveram a parte coronária removida para facilitar acesso aos canais, o que indicou que
fosse realizado isolamento relativo. Somente um elemento apresentou coroa íntegra
permitindo a colocação de isolamento absoluto com dique de borracha.
Na segunda etapa foi realizada Odontometria, baseada na medida da raiz na
radiografia inicial. Foi determinado como comprimento de trabalho do dente (CTD) uma
medida de segurança de 2mm aquém do vértice apical. Como a instrumentação foi dividida
em terços, cada um deles teve um comprimento de trabalho pré-determinado, baseado na
divisão do comprimento de trabalho (CRD – comprimento real do dente menos 2mm) por
três.
A terceira etapa, preparo dos canais radiculares, foi baseada na “Técnica de preparo
mecânico com pressão cérvico-apical” utilizada na Faculdade de Odontologia de Campos –
Rio de Janeiro [15]. A instrumentação do canal foi realizada por terços, seguindo o sentido
coroa-ápice. A solução irrigadora utilizada foi o Hipoclorito de sódio 1% por ser uma
solução de baixa toxicidade, não oferecendo riscos de irritação aos tecidos periapicais, que
para os casos desse estudo é um aspecto de extrema importância.
48
Para o preparo do 1/3 cervical foi realizada exploração (CTD do 1/3 cervical +
2mm) com lima Kerr de pequeno calibre (lima 10 ou 15) com limitador de penetração (stop
de borracha), denominada lima de memória. Após, foi realizada instrumentação com limas
manuais respeitando a anatomia até atingir um preparo com duas limas acima da primeira
que travou no comprimento pré-determinado para o terço cervical (CTD do 1/3 cervical).
Foi então utilizada broca de Gates-Glidden nº 02, em motor de baixa rotação, também com
limitador de penetração.
Em seguida o preparo do 1/3 médio foi semelhante à etapa anterior, diferindo
apenas no comprimento do preparo que avançou mais profundamente no canal (CTD do
1/3 cervical + o valor de um terço da divisão do comprimento de trabalho)
Antes de iniciar o preparo do 1/3 apical foi realizada tomada radiográfica com a
lima de memória no comprimento de trabalho do dente (CTD), para confirmar
odontometria. Nessa região o preparo foi realizado somente com instrumentos manuais, até
duas limas acima da primeira que travou no CTD.
Como o tratamento foi realizado em algumas sessões, foi utilizado como medicação
intra-canal entre consultas, o hidróxido de cálcio associado a soro fisiológico ou água
destilada, nos casos de polpa viva (por 7 a 10 dias) e polpa necrosada (por 10 a 14 dias), e
nos casos de polpa necrosada com lesões extensas, exsudato e /ou fístula o hidróxido de
cálcio foi associado à solução anestésica (com trocas de 7 em 7 dias enquanto persistiu o
exsudato e/ou fístula). O Hidróxido de Cálcio foi preparado adicionando um pouco de
óxido de zinco para dar maior radiopacidade à medicação, facilitando a sua visualização
nas radiografias de controle.
49
Nos casos de polpa necrosada com ou sem lesões extensas e exsudato foi feita
cobertura antibiótica prévia do paciente. Foi prescrita Amoxicilina 500mg de 8 em 8 horas
durante 7 dias, iniciando um dia antes da data do atendimento.
Na sessão em que foi realizada a obturação dos canais, os dois últimos instrumentos
utilizados no preparo do 1/3 apical foram recapitulados.
Os dentes com polpa necrosada com lesões extensas, exsudato e/ou fístula somente
receberam obturação dos canais quando foi visualizado, através de radiografias de controle
e sinais clínicos, a melhora do quadro clínico e radiográfico da lesão.
A obturação dos canais foi realizada com cone de guta-percha e cimento
endodôntico Sealer 26 (Dentsply®, Suíça), após a realização de radiografia periapical para
conferência da posição e adaptação do cone principal no comprimento de trabalho, e
secagem dos canais com ponta de papel absorvente, ambos selecionados de acordo com o
último instrumento utilizado no 1/3 apical.
Após a finalização do tratamento endodôntico os dentes foram reabilitados
proteticamente ou “sepultados” sobre prótese.
3. Proservação dos casos
Os casos selecionados para esse estudo foram acompanhados, com intervalos de três
em três meses até completar um ano, através de exames clínicos e radiográficos. O exame
clínico consistiu em observar sintomatologia dolorosa e abaulamento ósseo nas regiões dos
50
dentes tratados. E no exame radiográfico foi observada presença ou não de lesões
periapicais. No caso de persistência de lesões estas foram comparadas com exames
radiográficos prévios ao tratamento para verificar regressão.
Ao completar um ano foi aplicado um questionário respondido pelo paciente, com o
objetivo de obter informações a respeito do resultado do tratamento realizado na melhora
da sua qualidade de vida.
51
5 - RESULTADOS
Os pacientes que participaram desse estudo foram atendidos no período entre 2007 e
2011. Dos 27 pacientes analisados, 18 (66,6%) são homens e 9 (33,4%) mulheres, e a idade
média foi de 43 anos. Com relação aos fatores de risco que levaram esses pacientes a
desenvolver o câncer na região de cabeça e pescoço foram listados tabagismo em 15
(55,5%) pacientes, etilismo em 12 (44,4%) e tabagismo e etilismo juntos em 11 (40,7%)
pacientes (Tabela 1).
Tabela 1 - Tabela descritiva
n %
Sexo
Masculino 18 66,60%
Feminino 9 33,40%
Idade
10-19 anos 5 18,52%
20-29 anos 2 7,41%
30-39 anos 1 3,70%
40-49 anos 9 33,33%
50-59 anos 6 22,22%
60-69 anos 2 7,41%
70 ou mais anos 2 7,41%
Fatores de Risco
Tabagismo 15 55,50%
Etilismo 12 44,40%
Tabagismo e Etilismo 11 40,70%
Estadiamento
Estágio I 1 3%
Estágio II 5 18,50%
Estágio III 9 33,40%
Estágio IV 11 40,70%
Número de Canais
Unirradicular 12 40%
Birradicular 5 16,70%
multirradicular 13 43,30%
Vitalidade Pulpar
Sim 15 50%
Não 15 50%
52
O estadiamento, que significa classificar uma neoplasia maligna pelo seu grau de
disseminação, se estendendo ou não para outros órgãos, se apresentou nos pacientes
estudados com grau I em 1 (3%) caso, grau II em 5 (18,5%), grau III em 9 (33,4%) e grau
IV em 11 (40,7%) casos. Um paciente incluído no estudo não possui grau de estadiamento,
pois seu diagnóstico foi de Linfoma Não Hodkgin, e este não possuem estadiamento. A
média da dose de radiação recebida pelos pacientes foi de 65,78 Gy (> 40 Gy).
O tratamento endodôntico foi realizado em 12 (40%) dentes uniradiculares, 5
(16,7%) biradiculares e 13 (43,3%) dentes multiradiculares, fazendo um total de 30 dentes
tratados endodônticamente com a técnica atraumática descrita nesse estudo. Em 50% dos
casos a polpa apresentou vitalidade pulpar e nos 50% restante apresentou-se com necrose, e
dentre esses dentes com necrose, 10 (66,6%) apresentaram lesão periapical.
Sendo o objetivo também do tratamento ser atraumático, este foi realizado em duas
visitas ou mais do paciente ao consultório, apresentando uma média de 2 trocas de
curativos por dente tratado e uma média de 30 dias de permanência de cada curativo.
Quanto aos resultados obtidos após a proservação feita trimestralmente durante um
ano, registrou-se um óbito nesse período, de um paciente entre a 3ª e a 4ª consulta.
Ao final de um ano de avaliação, dos 10 casos com polpa necrosada e lesão
periapical, 07 apresentaram regressão total da lesão e em 03 a lesão permaneceu do mesmo
tamanho inicial e os pacientes não apresentaram sinal clínico de dor ou fístula. Os casos em
que a polpa se apresentou viva ou com necrose sem lesão periapical, os pacientes não
apresentaram sinais clínicos ou alteração radiográfica. Todos os pacientes que puderam ser
avaliados relataram melhora da sua qualidade de vida e convívio social, após ter recebido o
tratamento endodôntico com técnica atraumática proposta nesse estudo, quando associada à
reabilitação protética.
Ao término da segunda etapa, ao completar um ano de proservação, foi realizado
um questionário, que foi respondido por 20 (74,07%) pacientes incluídos na pesquisa. A
finalidade do questionário era de obter informações a respeito do resultado do tratamento
realizado na melhoria da qualidade de vida (Tabela 2).
53
Tabela 2 - Tabela de Análise Qualitativa do Estudo
n %
Alterações na boca após radioterapia 19 95%
Diminuição da saliva 13 65%
Dentes quebrando com facilidade 16 80%
Dor de dente 17 85%
Dificuldade de alimentação 16 80%
Perda do paladar 7 35%
Perda parcial da audição 6 30%
Perda parcial da visão 1 5%
Procurou tratamento de emergência antes de ir ao INCA
sim, em local público 1 5%
sim, em local particular 4 20%
sim, em local particular e público 1 5%
Não 14 70%
Procurou tratamento ambulatorial antes de ir ao INCA
sim, em local público 3 15%
sim, em local particular 6 30%
sim, em local particular e público 0 0%
Não 11 55
Tratamento endodôntico realizado no INCA aliviou a
dor
Sim 16 80%
não aliviou 0 0%
não tinha dor 4 20%
Reabilitação foi possivel após termino do tratamento
Sim 19 95%
Não 0 0%
A reabilitação protetica devolveu/melhorou:
Mastigação 18 90%
Estética 15 75%
Resgatou o convívio social 10 50%
54
6 - DISCUSSÃO
O tratamento dos carcinomas vem tendo progressos importantes, com elevação dos
índices de expectativa de vida dos pacientes (LOPES, 1998). A escolha do método de
tratamento para as neoplasias malignas depende, de um modo geral, da sua localização, do
seu grau microscópico de diferenciação, do seu estadiamento clínico e das condições físicas
do paciente. Segundo Lopes et al, 1998, em se tratando de câncer de cabeça e pescoço, a
cirurgia para remoção do tumor é o tratamento de escolha, associada ou não à radioterapia,
dependendo do tumor. Para Cardoso et al., 2005, a cirurgia e a radioterapia continuam
sendo os principais e mais eficazes métodos de tratamento dos tumores de cabeça e
pescoço.
A radioterapia em câncer de cabeça e pescoço tem sua aplicabilidade e eficácia em
função de parâmetros como: tipo histológico da neoplasia (tecido de resposta lenta ou
rápida), do local e do volume da área a ser irradiada, dose, ritmo de aplicação, tipo de
radiação e condições gerais do paciente (CARDOSO et al, 2005).
O tratamento radioterápico visa exterminar as células neoplásicas ou reduzir parte
da lesão; no entanto, efeitos secundários nocivos podem ser provocados às células normais
da região irradiada, produzindo modificações deletérias na qualidade de vida e no estado
geral de saúde dos pacientes, durante e após o tratamento.
Inicialmente, a dose radioterápica era expressa por unidade RAD, que equivalia a
um centigray (1 cGy), atualmente emprega-se a unidade Gray (Gy), que corresponde a um
jaule por quilograma (SILVERMAN, 1999). Doses superiores a 45 Gy são responsáveis
pelo aparecimento de efeitos colaterais (SALAZAR et al,2008). A radiação quando em
doses entre 40 a 65 Gy promove uma reação inflamatória degenerativa, especialmente, das
células serosas acinares das glândulas salivares, levando a diminuição do fluxo salivar que,
somado à ansiedade e depressão do paciente, desencadeia a xerostomia. Com relação à dose
de radiação e a ocorrência de osteoradionecrose, Clayman (1997), baseado em seus estudos,
sugere que doses menores ou iguais a 50 Gy raramente a causam; no entanto, doses entre
55
60 e 70 Gy aumentam significativamente as chances de desenvolver tal lesão. Esses
achados foram corroborados por outros autores (MARX, 1983). Nesse estudo todos os
pacientes receberam doses de radiação igual ou superior a 40 Gy, com uma média de 65,78
Gy.
A radioterapia, quando aplicada em campos que envolvam diretamente as arcadas
dentárias, promove alterações na estrutura dental e na cavidade bucal, tornando os dentes
susceptíveis a cáries, as quais se comportam de maneira muito mais agressiva e com
progressão rápida, passando a ser denominadas cáries de radiação (BROWN et al,1978;
JANSMA et al, 1989).
A terapia por irradiação, incluindo as glândulas salivares maiores resulta em
hipossalivação ou xerostomia e, como consequência, um aumento no número de cáries
(GIERTSEN & SCHEIE, 1993).
Dos vinte e sete pacientes que participaram desse estudo 50% receberam radiação
em três regiões, nos lados direito, esquerdo e anterior da face, envolvendo as glândulas
parótida e submandibular, e 46,15% foram submetidos à radiação nos dois lados da face,
envolvendo glândula parótida. Esses dados vêm reforçar o que estudos anteriores têm
mostrado com relação aos fatores predisponentes ao desenvolvimento de cárie de radiação.
Deve-se evitar a exodontia após o curso da irradiação (BERNSTEIN et al, 1993). As
exodontias devem ser evitadas ao máximo, principalmente na mandíbula, pelo risco de
desenvolvimento de osteorradionecrose (CAIELLI &MARTHA, 1995; LOPES, 1998). As
complicações decorrentes do tratamento radioterápico dependem, além da quantidade total
da dose, de outros fatores como: tipo e radiossensibilidade do tecido saudável envolvido
pela radiação, fracionamento da dose, suscetibilidade individual, idade, condições
sistêmicas, hábitos nocivos a saúde (alcoolismo, tabagismo), e principalmente de situações
que podem comprometer a integridade da mucosa bucal (prótese mal adaptada, higiene
bucal inadequada e de doença dentária pré-existente (PETERSON, 1992).
A radiação ionizante pode atingir os dentes de forma direta, pela ação sobre a
estrutura dentária e/ou de forma indireta, pelas alterações relacionadas ao fluxo salivar
(CAIELLI &MARTHA, 1995). Agindo diretamente sobre os dentes pode alterar seus
56
componentes orgânicos e inorgânicos de alguma forma, tornando-os mais suscetíveis à
descalcificação (SILVERMAN, 2004).
Esses fatos, somados à diminuição da auto-limpeza dos dentes pela falta de saliva,
alterações da dieta alimentar (que por causa das alterações da mucosa bucal passa a ser
pastosa e muitas vezes rica em carboidratos), além da falta de cuidados de higiene dental,
são fatores responsáveis pelo desenvolvimento das cáries de radiação (CURI & DIB, 1997).
A prevenção e o tratamento deste quadro consistem em minimizar a exposição da
glândula durante a radioterapia, utilizar substitutos salivares (salivas artificiais) , estimular
o paciente a ingerir muito líquido (FOX, 1998) e implementar e incentivar o paciente a ter
hábitos de higiene bucal mais rigorosos desde antes do início do tratamento radioterápico,
além de programação de visitas regulares ao dentista para controle e profilaxia
(RODRIGUES & FRANZI, 2007). A conscientização do paciente em relação à higiene
bucal é uma consideração importante (CAIELLI &MARTHA, 1995).
Todos os pacientes que procuram atendimento para tratamento do câncer de cabeça
de pescoço no INCA são submetidos a uma avaliação e tratamento odontológico prévio à
cirurgia e à radioterapia, consistindo em uma abordagem tanto terapêutica como preventiva,
onde o paciente é informado dos riscos, benefícios e possíveis complicações do tratamento
a qual será submetido.
Em curto espaço de tempo, quando medidas preventivas e terapêuticas não são
tomadas, inicia-se um processo de desmineralização dentária, produzindo a “amputação” da
coroa dental. Devido à perda do esmalte que vai se destacando da dentina e, também, pela
falta de reatividade dos odontoblastos e progressiva desmineralização da dentina, esse dente
fica com consistência borrachóide (LOPES, 1998). Essa característica como o tecido
dentário pode se apresentar, com consistência borrachóide o que impediu a realização de
isolamento absoluto do campo operatório para a realização do tratamento endodôntico. Foi
feito, portanto, isolamento relativo. Esse procedimento foi realizado com facilidade, pois a
radioterapia frequentemente leva à hipossalivação (FELDER, 1988).
Histologicamente, a cárie de radiação se assemelha à cárie infecciosa. A única
diferença detectada é sua natureza mais progressiva e disseminada (TONG, 1999). As
lesões usualmente se iniciam dentro do primeiro ano após o tratamento radioterápico.
57
Dreizen et al. (1977) relatam que após a radioterapia, as taxas de desenvolvimento de cáries
dentárias aumentam até 50 vezes. Dentes que se localizam fora da região irradiada têm o
mesmo risco de desenvolverem cáries de progressão rápida, devido a outras alterações
relacionadas à cavidade oral - redução do fluxo salivar, por exemplo (SALAZAR et al,
2008. A média de tempo entre o término do tratamento radioterápico e o início do
tratamento endodôntico nos pacientes envolvidos nesse estudo foi de 2 anos e 2 meses.
Como em 50% dos casos os pacientes procuraram atendimento quando os dentes já
apresentaram necrose com ou sem lesão periapical, o início dessas lesões provavelmente se
deu dentro dos dois primeiros anos pós-tratamento radioterápico.
A cárie de radiação é um processo penoso para o paciente, uma vez que, se não for
tratada nas fases iniciais, progride rapidamente em direção pulpar, acarretando dor. Há
também comprometimento estético, ingestão de alimentos modificada ou diminuída, risco
de fraturas dentárias e de desenvolvimento de osteorradionecrose (CAIELLI &MARTHA,
1995).
De acordo com Thom et al.24 (2000), 74% dos casos de osteoradionecrose ocorrem
nos primeiros três anos após a radioterapia, havendo maior freqüência em pacientes que
receberam doses superiores a 60 Gy.
A osteorradionecrose é uma das complicações mais severas da radioterapia
(MARTINS DE CASTRO et al,2004), com incidência mais pronunciada em idosos (10 a
37%) (COTRAN et al, 2000).
Sendo assim, a patogênese da osteorradionecrose depende do grau de
comprometimento da vascularização, bem como do decréscimo de osteócitos e osteoblastos
viáveis no osso afetado, podendo se estabelecer após uma pequena ruptura da mucosa
bucal, por trauma dental ou por procedimentos traumáticos, como: a exodontia, responsável
por mais da metade dos casos, e a doença periodontal ou endodôntica, que favorece o
acesso dos microrganismos da cavidade bucal a áreas profundas, promovendo uma necrose
óssea (COTRAN et al, 2000). É válido lembrar ainda, que o risco da osteorradionecrose
persiste por toda vida do paciente (CURI & DIB, 1997).
Nos pacientes que desenvolveram cárie de irradiação, deve ser realizado tratamento
odontológico restaurador convencional. Caso a cárie tenha destruído toda a coroa dentária e
58
comprometido a polpa, deve ser realizado tratamento endodôntico com obliteração do
conduto, sob uso de antibioticoterapia, deixando a raiz “sepultada” no alvéolo, tomando-se
o cuidado de não introduzir microrganismos pela instrumentação (VISSINK et al, 2003).
O tratamento endodôntico o qual os pacientes que participaram deste estudo foram
submetidos seguiu protocolo atraumático, visando evitar tanto a extrusão de
microrganismos para o periápice, como possível trauma aos tecidos de suporte, ligamento
periodontal e osso alveolar.
Os procedimentos realizados para isso foram: seguir uma técnica de instrumentação
no sentido coroa-ápice, odontometria com comprimento de trabalho em 2mm aquém do
ápice radiográfico, solução irrigadora em baixa concentração(Hipoclorito de Sódio 1%) e
uso de medicação intra-canal e cimento obturador à base de Hidróxido de Cálcio (Sealer
26) para reduzir carga bacteriana e facilitar regressão de lesões pré-existentes.
Neste estudo, nos casos de necrose pulpar, com ou sem lesão periapical, foi feita
cobertura antibiótica prévia ao procedimento, e quase todos os casos, as raízes, após
tratamento endodôntico concluído, os elementos dentários foram “sepultados”
possibilitando a confecção de prótese. Somente um dente foi reabilitado proteticamente
com coroa total fixa unitária.
Em estudo realizado por Ferraz et al, 2000, em que pacientes irradiados foram
submetidos a tratamento endodôntico pós-radioterapia, foi utilizado como solução
irrigadora e cimento obturador, respectivamente, Hipoclorito de Sódio 0,5% e Sealer 26.
Quando as técnicas acima descritas não forem possíveis, a alternativa indicada é a
exodontia convencional precedida de oxigenação hiperbárica e a manutenção da
oxigenação por um período após o término do procedimento. Essa também é a conduta que
pode ser considerada para a prevenção de osteorradionecrose, quando da necessidade de
pequenas cirurgias e grandes reconstruções faciais (HASSON & NAHLIE, 1999).
As reações inflamatórias apresentadas pela polpa dental podem ser provocadas por
causas físicas, por substâncias químicas aplicadas diretamente sobre a dentina, por eletro-
estimulação e utilização de irradiação. Na fase inflamatória reversível, uma vez removido o
estímulo ou devidamente tratadas suas consequências, a normalidade do tecido pulpar pode
ser restabelecida. No entanto, se houver contaminação microbiana associada ao trauma
59
físico ou químico, as alterações patológicas tendem a ser agravadas, culminando, na
maioria das vezes, em intervenções endodônticas.
No tratamento do câncer de cabeça e pescoço, a radioterapia representa uma
importante arma terapêutica, porém, é responsável por alterações significativas na cavidade
oral e, mais especificamente, na polpa dental, predispondo à ocorrência de infecções
(RODRIGUES & FRANZI, 2007).
Em condições alteradas pela radioterapia, é possível que os danos sofridos pelo
tecido ósseo como obliteração de pequenos vasos, diminuição do fluxo sanguíneo local e
comprometimento de sua capacidade de regeneração e cicatrização interfiram na
fisiopatologia do tecido pulpar. Também outros aspectos devem ser considerados, a fim de
se determinarem as causas das alterações das respostas pulpares em pacientes irradiados,
como a xerostomia e danos ao ligamento periodontal.
Finalmente, a contaminação do tecido pulpar pela via periodontal poderia ser
facilitada, pelo aumento na fragilidade das fibras constituintes desse ligamento que passa a
apresentar capacidade reduzida de reparo e de regeneração, propiciando a penetração
microbiana nos canalículos dentinários e, posteriormente, no tecido pulpar (RODRIGUES
& FRANZI, 2007).
Os pacientes submetidos à radioterapia de cabeça e pescoço apresentaram maior
número de respostas negativas ao teste de vitalidade pulpar com o gás refrigerante
tetrafluoroetano em relação ao grupo controle, pacientes não submetidos á radiação
ionizante (RODRIGUES & FRANZI, 2007).
A necessidade, cada vez mais crescente, de atendimento a pacientes com neoplasias
da região de cabeça e pescoço, nos estimulou à instituição de um protocolo, visando o
tratamento atraumático de dentes com cárie de radiação e comprometimento pulpar. O
objetivo é minimizar os riscos de desenvolvimento de osteoradionecrose e proporcionar aos
pacientes tratados, não somente maior expectativa de vida, mas principalmente, maior
qualidade de vida e convívio social, através de acompanhamento, com consultas trimestrais,
e de reabilitação protética adequada.
A técnica descrita nesse estudo tem como objetivo principal ser atraumática e
proporcionar aos pacientes que procuram o HCI/INCA - centro de referência nacional no
60
tratamento do câncer - alívio da dor e/ou infecção pós-radioterapia na região de cabeça e
pescoço e prevenção da osteoradionecrose. Para isso, a sequência técnica aqui descrita
seguiu protocolo clínico compatível com instrumentos e materiais oferecidos por esse
complexo institucional, categorizado com nível de excelência tecnológica, em seus
programas.
Associado ao serviço de radioterapia conveniado ao Sistema Único de Saúde-SUS,
torna-se fundamental a universalização e equidade (MARSIGLIA et al,2005) do
atendimento odontológico em pacientes oncológicos, antes, durante e depois do seu
tratamento, evitando o deslocamento do paciente em transporte do município interiorano
até a capital do Estado do Rio de Janeiro. Este paciente, geralmente já vulnerável, sai de
madrugada, espera pelo atendimento, retorna à noite, permanece o dia todo fora do
domicílio com alimentação inadequada, interferindo no seu estado, tanto físico como
psicológico, comprometendo seu tratamento.
A Portaria nº 741 de 19 de dezembro de 2005, determina a formação de equipes
multiprofissionais das áreas de Psicologia, Nutrição, Fonoaudiologia, Serviço Social e
Odontologia, para apoio ao câncer mais avançado, frente à demanda local nas Unidades de
Alta Complexidade em Oncologia. Para o cumprimento desta determinação, não basta
indicar o profissional, mas prepará-lo com treinamento teórico e prático, por intermédio de
cursos de capacitação, que o INCa promove, enquanto integrante da rede de serviços do
SUS.
A odontologia desempenha hoje um papel importante nas diferentes fases
terapêuticas contra o câncer. Ela atua, tanto na fase que antecede a cirurgia, em que uma
avaliação prévia poderá reduzir de forma efetiva complicações oriundas de processos
infecciosos ou inflamatórios crônicos de origem bucal, como na prevenção e tratamento das
sequelas bucais que ocorrem durante e após o tratamento por radioterapia (LIMA et al,
2001).
O tratamento dentário do paciente oncológico, antes, durante e após a sua
terapêutica requer conhecimentos teóricos e práticos de todas as suas sub/especialidades
(cirurgia, dentística, periodontia, endodontia, prótese convencional e reconstrutora buco-
61
maxilo-facial, entre outras) além da equipe multiprofissional, na construção de protocolos
baseados em evidências científicas e empíricas, suficientemente demonstradas.
62
7 – CONCLUSÃO
Diante desses resultados podemos inferir que a alternativa proposta de não
realização das exodontias atuou como prevenção da osteoradionecrose induzida pela ação
da irradiação no tratamento de neoplasias na região de cabeça e pescoço. Além do alívio da
dor, os pacientes passaram a desenvolver condições para reabilitação protética funcional e
estética e, consequentemente, tiveram o restabelecimento da mastigação e resgate ao
convívio social, com melhor qualidade de vida.
Devido aos resultados encontrados com a técnica de tratamento endodôntico
atraumático, a mesma pode se constituir em protocolo clínico para o atendimento a
pacientes submetidos á radioterapia na região de cabeça e pescoço, com vistas à pretendida
descentralização regionalizada desses agravos, no atendimento público à saúde no Brasil.
63
8– REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AL-NAWAS, B. et al. Using ultrasound transmission velocity to analyse the
mechanical proprieties of theeth after in vitro insitu, and invivo irradiation. Clinic Oral
Invest. v.4, p. 168-172, 2000.
AMERICAN ASSOCIATION OF ENDODONTICS. Glossary of terms used in
endodontics. Oral Surg., v.25, p. 492-512, 1968.
ANDRADE, C. R. et al. Tratamento endodôntico em radioterapia na região de cabeça e
pescoço. Revista da APCD, São Paulo,v. 57, n.1, p.43-46, 2003.
ARAÚJO, M.C.P.; Manual de endodontia, Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1980,
210-251 p.
ASANAMI, S. et al. The activatory effect of low incident energy He.Ne. laser
irradiation on hydroxiapatite implants on rabbit mandíbulas bone. Laser Ther. v. 5, p.
29-32, 1993.
BÄCKSTRÖM, I. et al. Dietary intake in head and neck irradiated patients with
permanent dry mouth symptons. Oral Oncol. Eur. J. Cancer. v. 31b, p.253-257, 1995.
BECKER, G.L.; COHEN, S.; BORER, R. The sequelae of accidentally injecting
sodium hypocholorite beyond the root apex. Oral Surg. v. 38, p. 633, 1974.
BERBERT, A.; BRAMANTE, C.M.; BERNARDINELI, N. Endodontia prática. São
Paulo, Savier, 1980, 47-69p.
BERGER, C. R. Ciência endodôntica. São Paulo: Pancas, 2002. 571 p.
BERNSTEIN EF et al. Biology of chronic radiation effect on tissues and wound
healing. Clin Plast Surg 1993 july;3(20): 435-453.
BERNABE, P.F.E.; HOLLAND, R.; SOUZA, V. Respostas dos tecidos periapicais ao
tricresol formalina. Estudo histológico em cães. Rev. Fac. Odont. Araçatuba.
Araçatuba. v.1, p. 45-51, 1972.
BIER, O. Bacteriologia e Imunologia. 10. ed. São Paulo: Melhoramentos, 2003.400p.
64
BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer.Estimativa 2010:
incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2010.
BRENER S et al. Carcinoma de Células Escamosas Bucal: uma revisão de literatura
entre o perfil do paciente, estadiamento clínico e tratamento proposto. Rev Brasileira
de Cancerologia 2001; 1(53): 63-69.
BRISENO, B.M. et al. Efficacy of different irrigation methods and concentrations of
root canal irrigation solutions on bacteria in the root canal. Endod Dent Traumatol. v.
8, n. 1, p. 6-11, 1992.
BROWN, L.R. et al. The effect of radiotion-induced xerostomia on saliva and semem
lysozyme and immunoglobulion levels. Oral Surg. Oral Med. Oral Parthol. , v.1, p.
83-92, 1976.
BROWN LR et al. Interrelations of oral microorganisms, immunoglobulins and dental
caries following radiotherapy. J Dent Res 1978 sep/oct; 9/10(57): 882- 893
BUCKLEY, J.P.A. A rational treatment of putrescent pulps. Dent. Review. v. 18, p.
1193-1197, 1906.
BURLAGE, F.R. et al. Parotid and submandibular/ sublingual flow during high dose
radiotherapy. Radiother. Oncol. v.61, p. 271-274, 2000.
BYSTRÖM, A. et al. Healing of periapical lesions of pulpless teeth after endodontic
treatment with controlled assepsis. Endod. Dent. Traumatol., Suécia, v.3,p.58-63,1987
.
CAIELLI C, MARTHA PM, Dib LL. Seqüelas orais da radioterapia: atuação da
odontologia na prevenção e tratamento. Rev Bras Cancerol 1995 out/dez; 4(41): 231-
241.
CARDOSO, L.C. et al. Rof gutta-percha cones with sodium hypochorite. J. Endod. v.
25, n.7, p. 498-501, 1999.
65
CARDOSO MFA, NOVIKOFFI S, TRESSO A, SEGRETO RA, CERVANTES .
Prevenção e controle das sequelas bucais em pacientes irradiados por tumores de
cabeça e pescoço. Radiol Bras. 2005; 38(2) :107-115.
CASTANERA, T.J.; JONES, D.C.; KEMELDORF, D.J. Gross dental lesions in the rat
induced by x-ray and neutrons. Radial Res. V. 20, p. 577-580, 1963.
CLARINDO, L.A.; D’ANTONIO, G.M. Esterilização rápida de cones de guta-percha
por meios químicos. Rev. Gaúcha Odont. v.28, n.4, p.78-80, 1980.
CLAYMAN L. Management of dental extractions in irradiated jaws: a protocol
without hyperbaric oxygen therapy. J Oral Maxillofac Surg 1997; 55: 275-281.
CLEM, W. H. Endodontics: the adolescent patient. Dent. Clin. N. Amer. v. 13, p. 483-
493, 1969 .
COHEN, S.; BURNS, R.C. Caminhos da polpa. 11. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2011. 928 p.
CONSTANTINO, P.D.; FRIEDMAN, C.D.; STEINBERG, M.J. Irradiated bone and
management. Otolaryngol Clin. North Am. v. 28, p. 1021-1038, 1995.
COOLLDGE, E.D.; KESEL, R.G. Manual de endodontia. Buenos Aires: Editorial
Bibliografia Argentina, 1957. 252p.
COOPES, R.P. et al. Early radiation-induced losso of rat salivary gland function is not
due to apoptotic or necrotic cell death but to impaired intracellular sigmalling. ERRS
Newsletter. v. 9, p. 2-3, 2001.
COPPES, R.P.; VISSINK, A.; KONING, A.W.T Comparison of radiosentivity of rat
parotid and submandibular glands after different radiation schedules. Radiother.
Oncol. v. 63, p. 321-328, 2002.
COTRAN RS, KUMAR V, COLLINS TR. Patologia estrutural e funcional. 6 ed. Rio
de Janeiro: Guanabara-Koogan; 2000. p. 233-295.
66
CURI, M.M.; DIB, L.L. Osteoradionecrosis of the jaws: a retrospective study on the
back ground factors and treatment in 104 cases. J. Oral. Maxilofac. Surg. v. 55, p. 540-
544, 1997.
DA MOTTA, P.G. et al. Efficacy of chemical sterilization and storage conditions of
guta-percha cones. Int. Endod. J. v. 34, n. 6, p.435-439, 2001.
DE DEUS, Q. D. Endodontia. 5. ed. São Paulo: Medsi, 1992. 695 p.
DIAS, A.T. et al. Manual de endodontia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1980,
413p.
DOBBS, J.; BARRETI; ASH et al. pratical radiotherapy planing. London, ed. Arnold,
1999.
DREIZEN, S.A. et al. Radiation induced xerostomia in cancer patients. Cancer. v.38,
p. 273-278, 1976.
DREIZEN, S.A. et al.Prevention of xerostomia: related dental caries in irradiated
cancer patient. J. Den. v. 56, p. 99-104, 1977.
EROSSMAN, I.I. Irrigation of root canals. J. Amer Dent. Assoc. v.30, p. 1915-1917,
1943.
ESBERAD, R.M.; QUEIROZ, S.N.; SANTOS, A.A. Avaliação histológica em dentes
de cães portadores de lesões periapicais crônicas (obtidas experimentalmente) frente ao
tricresol formalina. Rev. Bras. Odont. v.51, n. 2, p. 13-16, 1994.
EPSTEIN, J. B. et al. Osteonecrosis: a study of the relation ship of dental extractions in
patients receiving radiotherapy. Head Neck Surg, v.10, n.1, p. 48-54, 1987.
ESTRELA, C. et al. Estudo do efeito biológico do ph na atitude enzimática de
bactérias anaeróbias. Rev. Fac. Odont. Bauru, Bauru, v.2, n. 4, p. 29-36, 1994.
ESTRELA, C. et al. Efeito antibacteriana de pastas de hidróxido de calcio sobre
bactérias anaróbicas facultativas. Rev. Fac. Odont. Bauru, Bauru, v.3, n.1/3, p.109-114,
1995a.
ESTRELA, C. et al. Análise do selamento apical produzido pelos cimentos sealapex,
apexit e sealer 26. Odonto Ciência. Porto Alegre, v.10, n.15, p.81-87, 1995b.
67
ESTRELA, C. Análise química de pastas de hidróxido do de cálcio frente a liberação
de íons cálcio, íons hidroxila e carbonato de cálcio, na presença de tecido conjuntivo de
cão. 1994. 142p. Tese (doutorado) – Faculdade de Odont. Da Universidade de São
Paulo, 1994.
ESTRELA, C. et al. Dentinal diffusion of hydroxil íons of hydroxide pastes. Braz.
Dent. J.: Ribeirão Preto, v.6, n.1, p.5-9, 1995c.
ESTRELA, C.; ESTRELA, C.R.A.; PÉCORA, J.D. A study of the time necessary for
calcium hydroxide to eliminate microrganismos in infected canals. Appl Oral Sci.
Bauru: v. 11, n.2, p.133-137, 2003.
ESTRELA, C.; PESCE, H.F. Chemical analysis of liberation of calcium and hydroxyl
ions of calcium hydroxide pastes in the presence of connective tissue of the dog. Part I.
Braz. Dent. Ribeirão Preto: v.7, n.1, p. 41-46, 1996.
ESTRELA , C. Eficácia microbiana de pastas de hidróxido de calcio. 1997. 142 p. Tese
livre docência – Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, São Paulo, 1997.
FELDER RS et al. Oral manifestations of drug therapy. Spec Care Dent May/Jun 1988;
3(4): 119-124.
FERRAZ, H.G. et al. Dissolution profile of carbamazepine and extend realease tablets
marketed in Brazil. Pharmaceutical Congress of the Americas, Orlando, 2001
FERRAZ FC, SIMÕES W, RAPOPORT A, BOZZO RO. O uso de localizador apical
endodôntico em pacientes irradiados. Rev Gaucha Odontol 2004 jul/ago/set; 52(3):
157-160.
FOX, P. Acquired Salivary Drys Funtion: Drogs and Radiation. Annals of New york
Academy of Science 1998; 842: 132–137.
FREIRE, M.V.; BICALHO, R.S.;FREIRE, M.L.B.Técnica de preparo mecânico com
progressão constante cérvico apical. Rev Facul. Odont. Campos, v.1, n.1, p. 7-11,
2003.
68
GEORGEPOULOU, M.; KONTAKIOTIS, E.; NAKOU, M. In vitro evaluation of the
effectiveness of calcium hidroxide and paramonoclorofenol and anaerobic bacteria
from the root canal. Endond. Dent. Traumatol. v. 9, n. 6, p. 249-253, 1993.
GERING, A.C.; MICHELICH, R.J.; SCHULTZ, H.H. Instrumentation of root canais
in molar using the stepdown technique. J. Odont. v. 8, n. 12, p. 550-554, 1982.
GIERTSEN E, SCHEIE AA. In vivo effects of fluoride, chlorhexidine and zinc ions on
acid formation by dental plaque and salivary mutans Streptococcus counts in patients
with irradiation-induced xerostomia. Eur J Cancer B Oral Oncol 1993;29B:307–12.
GONÇALVES, A.S. Obturação dos canais. Rev. Bras. Odont. v. 14, n. 83, p. 311-337,
1956 .
GROSSMAN, L.I. Endodontic pratice. 8.ed. Philadelphia: Lea & Febeger, 1974, 389p.
GROSSMAN, L.I. Irrigation of root canals. J. Amer. Dent. v.30, n.23, p. 1915-1917,
1943.
GROSSMAN, L.I. Improved root canal cement. J. Amer. Ass. v.56, n.3, p.381-385,
1958.
GROSSMAN, L.I.; MEIMAN, B.W. Solution of pulp tissues by chemical agents. J.
Amer. Dent. Assoc. v.28, n.2, p. 223-225, 1941.
GRÖTZ, K.A et al. Neue erkenntnisse zur aetrologil der soge nannten straflen-karies.
Strahlenther Oukol. v. 173, p. 668-676, 1997.
GUTMANN, J.L. Problem solving in endodontics, 3 ed. St Louis, Mosby, 1997.
HAMLET, S. et al. Mastication and swallowing in patients with posradiation
xerostomia. Int. J. Radial Oncol. Biol. Phys. V. 37, p. 789, 1997.
HASSON O, NAHLIEL O. Oxigênio hiperbárico e sua aplicação no tratamento da
osteorradionecrose e da osteomielite. Rev Assoc Paul Cir Dent 1999;53: 379–82.
69
HOLLAND, R. et al. Emprego de medicamentos no interior dos canais radiculares:
ação tópica e à distancia de algumas drogas. Ars Curand. Odont., v. 6, n. 6, p. 4-15,
1978.
HOLLAND, R. et al. Tissues reaction following apical plugging of root canal with
infected dentin chips. Oral Surg. v.49, n.4, p. 366-369, 1980.
HUPP, J.R. Cirurgia oral e maxilo facial comteporânea. 5.ed. Rio de Janeiro:
Guanabara koogan, 2009. 720 p.
JANSMA J et al. In vivo study on the prevention of postradiation caries. Caries Res
1989; 23: 172-178.
JANSMA, J. et al. Natural and induced radiation caries. A SEM study. Am. J. Dent.
v.6, p. 130-136, 1993.
KARMIOL. M.; WALSH, R. F. Dental caries after radiotherapy of the oral regions.
Am. J. Dent. Assoc. v. 91, p. 836-845, 1975.
KIELBASSA, A.M.; et al. Effect of demineralization and remineralization on
microhardness of irradiated dentin. J. Clin. Dent. v. 13, p. 104-110, 2002.
KIELBASSA, A.M.; SCHULTE-MÖNTING, J.; HELLWIG, E. Correlation between
microhardness transversal microradiography and in situ-inducted demineralization in
irradiated human dental enamel. Arch. Oral. Biol. v.44, p. 243-251, 1999.
KIELBSON, A. M. et al. Endodontic therapy in a postirradiated child: review of the
literature and report of a case. Quintessence Int, v.26, n.6, p. 405-411, 1995.
KÖSTLER WJ, HEJNA M, WENZEL C, ZIELINSKLI CC. Oral mucositis
complicating chemotherapy and/or radiotherapy: options for prevention and treatment.
CA Cancer J Clin 2001; 51: 290–315.
KOWALSKI LP, NISHIMOTO IN. Epidemiologia do câncerde boca. In: Parise Jr. O
câncer de boca: aspectos básicose terapêuticos. São Paulo: Sarvier; 2000. p. 3-11.
KUTTLER, Y. Endodontia prática. México: Alpha, 1961. 195p.
70
LEONARDO, M. R.Endodontia tratamento de canais radiculares. São Paulo:Artes
Médicas, 2009. 616 p.
LEWIS, B. Formaldehyde in dentristry: a review for the millenium. J. Clin. Pediatr.
Dent. v. 22, n. 2, p. 167-177, 1998.
LIMA AAS, FIGUEIREDO MAZ, LOUREIRO MS, DUARTE R. Radioterapia de
neoplasias malignas na região de cabeça e pescoço – o que o cirurgião-dentista precisa
saber. Revista Odontociência 2001;16: 156–63.
LONGMAN, L. P. et al. Endodontias in the adult patient: the role of antibiotics. J.
Dent., v. 28, n.8, p. 539-548, 2000.
LOPES, M. A. et al. Reconhecendo os efeitos colaterais da radioterapia. Revista da
APCD, São Paulo, v.52, n.3, p. 241-244, 1998.
MADISON, S.; ANDERSON, R.W. Medications and temporaries in endodontic
treatment. Dent. Clin. N. Amer. v. 36, n. 2, p. 343-356, 1992.
MARSHALL, F.J.; MASSLER, M.; DUTE, H.L. Effects of endodontic treatment on
permeability of root dentine. Oral Surg. v.13, n. 2, p. 208-233, 1960.
MARSHALL, F. J.; PAPPIN, J. A crow-dow pressureless preparation root canal
enlargement technique. Oregon Health Sciences University. Portland Oregon, EUA,
1980.
MARSIGLIA RMG. et al. Políticas sociais: desigualdade, universalidade e focalização
na saúde no Brasil. Saúde e Sociedade 2005 maio-ago; 2(14): 69-76.
MARTIN, H. A. Telescopic technique for endodontics. J. Dist. Columbia Dent. Soc.
v.49, p. 12-14, 1974.
MARTINS DE CASTRO RF, DEZOTTI MSG, AZEVEDO LR, AQUILANTE AG,
XAVIER CRG. Atenção odontológica aos pacientes oncológicos antes, durante e
71
depois do tratamento antineoplásico. Rev. Odontol. UNICID jan./abr. 2002; 1(14): 63-
74.
MARX, R.E. Osteoradionecrosis: a new concept of its pathophysiology. J. Oral
Maxilofac. Surg. v.41, p. 283-288, 1983.
MARX. R.E.; JOHNSON, R.P. Studies in the radiobiology of osteoradionecrosis and
their clinical significance. Oral Surg Oral Med Oral Pathol., v. 64, p. 379-390, 1987.
MELO, L.L.; SYDNEY, G.B.; FIAKOFSKI, R.C.L. Preparo do canal radicular. In:
BERGER, C.R.E., Rio de Janeiro: EPUC, 1989. P. 147-161.
MENIN, M.L.F. Avaliação radiográfica da reparação óssea de lesões periapicais pós-
tratamento endodôntico, utilizando os métodos convencional e digital. 2000. 209p.
Tese (doutorado) Faculdade de Odont. Da Universidade de São Paulo, 2000.
MIGNOGNA, M. D.; FEDELES, S. Oral cancer screening: 5 minutes to save a life.v.
365, p. 1905-06, 2005 .
MIRA, J.G.; FULLERTON, G.D.; WESCOTT, W.B. Correlation between initial
salivary flow rate and radiation dose in production of xerostomia. Acta Radiol. Oncol.
v. 21, p. 151-154, 1982.
MORAES, L.C.T.; OLMEDO, A. Análise das condições de assepsia dos cones de
guta-percha. Rev. Gaúcha Odont. Porto Alegre, v.12, n.2, p.16-118, 1971.
NEVILLE, B. W. et al. Patologia oral e maxilofacial. Rio de Janeiro:Guanabara
Koogan, 3ed. 2009. 992 p.
PETERSON DE. Oral toxicity of chemotherapeutic agents. Seminars in Oncology
1992; 5(19): 478-491
PRIME, J.M. Inconsistencies in operative dentistry. J. Am. Dent. Ass. v.24,n.1, p. 82-
91, 1937.
REGISTRO HOSPITALAR DE CÂNCER DO HOSPITAL DE CÂNCER, do Instituto
Nacional de Câncer. Pesquisa realizada 30 de setembro de 2011.
72
RICKERT, U.G. A historical review of endodontics. J. Endod. v.6, n.2, p. 577-589,
1980.
RODRIGUES HM, FRANZI SA. Estudo da resposta pulpar em pacientes portadores
de neoplasias malignas de cabeça e pescoço submetidos à radioterapia. Rev. Bras. Cir.
Cabeça Pescoço 2007 janeiro / fevereiro / março; 1(36): 23 – 26.
ROSINK, J.M. et al. Quantitative dose-volume response analysis of changes in parotid
gland function after radiotherapy in the head and neck region. Int. J. radial Oncol. Biol.
Phys. v.51, p. 938-946, 2001.
ROTHWELL BR. Prevention and treatment of the orofacial complications of
radiotherapy. J Am Dent Assoc. 1987; 3(114): 316-322.
SALAZAR M, VICTORINO FR, PARANHOS LR, RICCI ID, GAETI WP, Caçador
NP. Efeitos e tratamento da radioterapia de cabeça e pescoço de interesse ao cirurgião
dentista: Revisão da literatura. Revista Odonto 2008 jan-jun; 31: 62-68.
SARMENTO, V. et al. Conduta do cirurgião dentista na prevenção e tratamento da
osteorradionecrose: revisão de literature. Rev. Bras. de Cancerologia. v. 51, n. 4, p.
319-324, 2005.
SCHILDER, H. Cleaning and shaping the root canal. Dent. Clin. N. Amer. v. 18,
p.269-296,1974.
SCHOVELTON, D.S. The presence and distribution of microorganisms within non-
vital teeth. Br Dent J., London, v.117,p.101-107, 1964.
SCULLY, C.; EPSTEIN, J.B. Oral health care for the cancer patient-reviews. Eur. J.
Cancer B. Oral Oncol. v. 32b, n. 5, p. 281-292, 1996.
SETO, B. G. et al Analysis of endodontic therapy in patients irradiated for head and
neck cancer. Oral Surg., Oral Med., Oral Pathol. v. 60, n. 5, p. 540-545, 1985.
73
SHANONON, I.L.; TRODAHL, J.N.; STARCKE, E.N. Radiosensitivity of the humam
parotid gland. Proc. Soc. Exp. Biol. Med. v.157, p.50-53, 1978.
SILVERMAN JR, S. Oral cancer: complications of therapy. Oral Surg Oral Med Oral
Pathol Oral Radiol Endod 1999 aug; 2(88): 122-126.
SILVERMAN, S.; EVERSOLE, L. R.; TRUELOVE, E. L. Fundamentos de medicina
oral, 2.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. 384 p.
SIQUEIRA JUNIOR, J.F. et al. Effictiveness of forer chemical solutions in
elementating bacillus subtilis spores on guta-percha ponts. Endod. Dent. Traumatol.
v.14, p. 124-126, 1998.
SIQUEIRA JUNIOR, J.F.; GONÇALVES, R.B. Antibacterial activities of root canal
sealers against selected anaerobic bacteria. J. Endod. v.22, n.4, p. 89-90, 1996.
SJÖGREN, V. et al. The antimicrobial effect of calcium hydroxide as a short-term-
intra-canal dressing. Int. Endod. J. v. 24, n. 3, p. 119-125, 1991.
SOMMER,R.F.; OSTRANDER, F.D.; CROWLEY, M.C. Clinical endodontics. 3.ed.
Philadelfia: Sauders, 1966. 571 p.
SONIS, S.T. et al. Oral mucositis and the clinical and economia outcomes of
hematopoietic stem-cell transplantation. J. Clin. Oncol., v. 19, n. 8, p. 2201-2205,
2001.
SOUZA, R. Endodontia Clínica. São Paulo: Editora Santos, 2003. 319 p.
SUNDQVIST, E.; JOAHANSSON, E.; SJÖGREN, U. Prevalence of black pigmented
bacteroides species in root. J. Endod. v.15, n.1, p. 13-19, 1989.
THORN, J.J. et al. Osteoradionecrosis of the jaws: clinical characteristics and relation
to the field of irradiation. J. Oral. Maxilofac. Surg. v. 58, p. 1088-1093, 2000.
TOLJANIC, J.A., SAUNDERS, V.W. Radiation therapy and management of the
irradiation patient. J. prosthet Dent. v. 52, p. 852-858, 1984.
TONG , A.C. et al. Incidence of complicated healing and osteoradionecrosis following
tooth extraction in patients reciving radiotherapy for treatment of nasopharyngeat
carcinoma. Aust. Dent. J. v. 44, p. 187-194, 1999.
74
TOPAZIAM RG, GOLDBERG MH. Infecções maxilofaciais e orais. 3 ed. São Paulo,
SP: Santos Livraria Editora, 1997:279–85.
TORNECK, C.D. An asseptic approach to endodontic pratice. Dent. Clin. N. Amer. p.
562-78, 1967.
TRONDTAD, L. et al. Changes in dental tissues after root canal filking with calcium
hydroxide. J. Endod. Chicago. v. 7, n.1, p. 176-221, 1981.
TRONSTAD, L. et al. Controlled release of medicaments in endodontic therapy.
Endod. Dent. Traumatol. v.1, n. 4, p. 130-134, 1985.
TRONSTAD, L. et al. Periapical bacterial plaque in teeth refractory to endodontic
treatment. Endod. Dent. Traumatol. v.6, p. 73-77, 1990.
VISSINK, A. et al. Oral sequele of head and neck radiotherapy. Crit. Rev. Oral boil
Med. v. 14, n. 3, p. 199-212, 2003.
WALTON, R.E. Intracanal medicaments. Dent. Clin. N. Amer. v. 28, p. 783-796,
1984.
WALTON, R.E.; TORABINEJAD, M. Principles and practice of endodontics. 2.ed.
Saunders, 1996.
WEINE, F.S. Endodontic therapy.St louis: Mosby, 1972. 183p.
YAMASAKI, M. et al. Irritating effect of formocresol after pulpectomia in vivo. Int.
Endod. v.27, n. 1, p. 245-251, 1994.
ZEILSTRA, L.J. et al. Radiation induced cell loss in rat submandibular gland and its
relation to gland function. Int. J. Radiat. Biol., v. 76, p. 419-429, 2000.
75
ANEXO I
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Estudo da eficácia do tratamento endodôntico em cáries de radiação como alternativa
as exodontias pós radioterapia.
Nome do Voluntário: _____________________________________________
Você em breve será submetido a um estudo de tratamento de canal, nos dentes que vem
apresentando uma destruição rápida, aumentando o número de cáries e lhe causando dores
logo após você ter sido submetido a radioterapia na região de cabeça e pescoço.Você
também já deve ter sido orientado antes de iniciar a radioterapia de não poder extrair e
depois seus dentes durante e depois do seu tratamento, pois o osso onde eles estão fica
frágilizado sem poder de cicatrização. Por isso está sendo convidado a participar, de um
estudo clínico onde será submetido ao tratamento de canal, para resolução do seu problema.
OBJETIVO DO ESTUDO
O presente estudo tem como objetivo principal criar uma alternativa em evitar as
extrações dentárias, como prevenção ao osso que sustenta os dentes que podem sofrer
infecção dificultando a cicatrização.
PROCEDIMENTOS DO ESTUDO
Caso venha a concordar em participar deste estudo, você será submetido a um
tratamento de canal, com técnica especifica proposta para paciente que fez radioterapia,
onde serão realizadas sessões com acompanhamento radiográfico até a obturação do canal.
Depois você será acompanhado de 3 em 3 meses com exames clínicos e radiográficos
76
durante um ano, sendo que o último exame tanto clínico como radiográfico se dará com 18
meses.
MÉTODOS ALTERNATIVOS
Não existem métodos alternativos
RISCOS
O seu tratamento será exatamente o mesmo, caso você participe ou não deste estudo. Você
será orientado ao término da primeira consulta a fazer uso de medicação analgésica e
antibiótica, caso venha resultar em dor local decorrente da manipulação do canal.
BENEFÍCIOS
Este estudo além de aliviar as dores provocadas pela evolução da cárie, irá proporcionar
uma alternativa da não realização da extração dentária, levando a uma melhor qualidade de
vida da saúde bucal.
ACOMPANHAMENTO, ASSISTÊNCIA E RESPONSÁVEIS
As suas consultas assim como o seu acompanhamento após o término do tratamento de
canal, serão realizado na seção de Estômato Odontologia e Prótese pelo pesquisador
principal Dr. Roberto Neves e pela pesquisadora assistente Dra. Rute Lea Brito da Costa.
CARÁTER CONFIDENCIAL DOS REGISTROS
Além da equipe de saúde que cuidará de você, seus registros médicos poderão ser
consultados pelo Comitê de Ética do Hospital do Câncer I / INCA e equipe de
pesquisadores envolvidos. Seu nome não será revelado ainda que informações de seu
77
registro médico sejam utilizadas para propósitos educativos ou de publicação, que
ocorrerão independentemente dos resultados obtidos.
TRATAMENTO MÉDICO EM CASO DE DANOS
Todo e qualquer dano decorrente do desenvolvimento deste projeto de pesquisa, e que
necessite de atendimento médico, ficará a cargo da instituição. Seu tratamento e
acompanhamento médico independem de sua participação neste estudo.
CUSTOS
Não haverá qualquer custo ou forma de pagamento para o paciente pela sua
participação no estudo.
BASES DA PARTICIPAÇÃO
É importante que você saiba que a sua participação neste estudo é completamente
voluntária e que você pode recusar-se a participar ou interromper sua participação a
qualquer momento sem penalidades ou perda de benefícios aos quais você tem direito. Em
caso de você decidir interromper sua participação no estudo, a equipe assistente deve ser
comunicada e a coleta de amostras para os exames relativos ao estudo será imediatamente
interrompida.
GARANTIA DE ESCLARECIMENTOS
Nós estimulamos a você ou seus familiares a fazer perguntas a qualquer momento
do estudo. Neste caso, por favor, ligue pare Dr. Roberto de Souza Neves no telefone 3970-
7989. Se você tiver perguntas com relação a seus direitos como participante do estudo
clínico, também pode contar com uma terceira pessoa imparcial, a Coordenadora do Comitê
de Ética do Instituto Nacional do Câncer Dra. Adriana Scheliga - Rua André Cavalcanti 37,
telefone 21 – 3233-1410.
78
DECLARAÇÃO DE CONSENTIMENTO E ASSINATURA
Li as informações acima e entendi o propósito deste estudo assim como os
benefícios e riscos potenciais da participação no mesmo. Tive a oportunidade de fazer
perguntas e todas foram respondidas. Eu, por intermédio deste, dou livremente meu
consentimento para participar neste estudo.
Entendo que poderei ser submetido a exames clínicos e radiográficos adicionais aos
necessários a meu tratamento e não receberei compensação monetária por minha
participação neste estudo.
Eu recebi uma cópia assinada deste formulário de consentimento.
__________________________________ ____ / _____ / _____
(Assinatura do Paciente) dia mês ano
_______________________________________________________
(Nome do Paciente – letra de forma )
__________________________________ ____ / ____ / _____
(Assinatura de Testemunha, se necessário) dia mês ano
79
Eu, abaixo assinado, expliquei completamente os detalhes relevantes deste estudo
ao paciente indicado acima e/ou pessoa autorizada para consentir pelo paciente.
__________________________________________ ____ / ____ / ____
(Assinatura da pessoa que obteve o consentimento) dia mês ano
Rio de Janeiro, de setembro de 20
___________________________________
Roberto de Souza Neves
80
ANEXO II
PESQUISA DO TRATAMENTO ENDODÔNTICO APÓS RXT
Nome:_____________________________________________Matrícula:____________
Data de Nascimento:____/____/____ Idade:_________________ Sexo:_______________
Endereço:_________________________________________________________________
___________________________________________________________________
Telefone(s):_____________________________________________________________
Diagnóstico:____________________________________________________________
Início da RXT:____/____/____
Fim da RXT:____/____/____
Dosagem da RXT:__________________________________________________________
Campo(s) irradiado(s):_______________________________________________________
Dente tratado endodônticamente:_________
Canal(is) Iniciado(s):____/____/____
Canal(is) Fechado(s):____/____/____
1ª Proservação:____/____/____
2ª Proservação:____/____/____
3ª Proservação:____/____/____
4ª Proservação:____/____/____
Dente tratado endodônticamente:_________
Canal(is) Iniciado(s):____/____/____
Canal(is) Fechado(s):____/____/____
1ª Proservação:____/____/____
2ª Proservação:____/____/____
3ª Proservação:____/____/____
4ª Proservação:____/____/____
Dente tratado endodônticamente:_________
Canal(is) Iniciado(s):____/____/____
Canal(is) Fechado(s):____/____/____
1ª Proservação:____/____/____
2ª Proservação:____/____/____
3ª Proservação:____/____/____
4ª Proservação:____/____/____
81
ANEXO III
Questionário Qualitativo
1-AO TÉRMINO DO TRATAMENTO DE RADIOTERAPIA NA REGIÃO DE CABEÇA
E PESCOÇO QUE ALTERAÇÕES VOCÊ NOTOU NA SUA BOCA?
1-1 ( ) Boca seca com a diminuição da quantidade saliva
1-2 ( ) Dentes quebrando com facilidade
1-3 ( ) Dor de dente
1-4 ( ) Dificuldade na alimentação
1-5 ( ) Perda do paladar
1-6 ( ) Outros, mencionar._________________________
2-VOCÊ PROCUROU TRATAMENTO DE EMERGÊNCIA PARA DOR DE DENTE,
AO TÉRMINO DARADIOTERAPIA, ANTES DE PROCURAR O INCA?
2-1( ) Sim 2-1-1( ) Particular
2-1-2 ( ) Público Municipal/Estadual
2-2 ( ) Não procurou. Por que? ___________________________________
_______________________________________________________________
2-3 – Caso sim, o tratamento para cessar sua dor de dente foi realizado?
2-3-1 ( ) Sim: 2-3-1-1 ( ) Extração
2-3-1-2 ( ) Tratamento de canal
2-3-2 ( ) Não, Por que? ________________________________________
_______________________________________________________________
3-VOCÊ PROCUROU TRATAMENTO ODONTOLÓGICO AMBULATORIAL AO
TÉRMINO DA RADIOTERAPIA, ANTES DE PROCURAR O INCA?
3-1 ( ) Sim 3-1-1 ( ) Particular
3-1-2 ( ) Público Municipal/Estadual
3-2 ( ) Não procurou. Por que? _____________________________________
_______________________________________________________________
3-3 Caso sim, efetuou todo o tratamento proposto?
3-3-1 ( ) Sim mencione qual tipo de tratamento _______________________
_____________________________________________________________
3-2-2 ( ) Não. Por que? ___________________________________________
_____________________________________________________________
4- O TRATAMENTO ENDODÔNTICO REALIZADO NO INCA, ALIVIOU A SUA
DOR DE DENTE?
4-1 ( ) SIM
82
4-2 ( ) NÃO
5- A SUA REABILITAÇÃO PRÓTETICA SÓ FOI POSSÍVEL AO TÉRMINO DO
TRATAMENTO DE CANAL. ESTA REABILITAÇÃO LHE PROPORCIONOU
ALGUMA MELHORA?
5-1 ( ) SIM
5-2 ( ) NÃO. Por que? ________________________________
___________________________________________________
5-3 Caso sim: 5-3-1 ( ) devolveu/melhorou a mastigação
5-3-2 ( ) devolveu/melhorou a estética
5-3-3 ( ) resgatou o convívio social
5-3-4 ( ) outros _________________________
____________________________________________________