tratamento de endometrite em vacas leiteiras …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/andreia...

61
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS COM OXITETRACICLINA E LAURIL DIETILENO GLICOL ÉTER SULFATO DE SÓDIO INTRA-UTERINO DISSERTAÇÃO DE MESTRADO Andréia Molardi Bainy Santa Maria, RS, Brasil 2012

Upload: duonghanh

Post on 26-Dec-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA

TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS COM OXITETRACICLINA E LAURIL DIETILENO GLICOL ÉTER SULFATO DE SÓDIO

INTRA-UTERINO

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Andréia Molardi Bainy

Santa Maria, RS, Brasil

2012

Page 2: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS COM OXITETRACICLINA E LAURIL DIETILENO GLICOL

ÉTER SULFATO DE SÓDIO INTRA-UTERINO

por

Andréia Molardi Bainy

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária, Área de Concentração em

Fisiopatologia da Reprodução, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de

Mestre em Medicina Veterinária

Orientador: Profa. Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio Mondino Silva

Santa Maria, RS, Brasil

2012

Page 3: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

Universidade Federal de Santa Maria

Centro de Ciências Rurais Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária

A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova a Dissertação de Mestrado

TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS COM OXITETRACICLINA E LAURIL DIETILENO GLICOL ÉTER SULFATO

DE SÓDIO INTRA-UTERINO

Elaborada por Andréia Molardi Bainy

Como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Medicina Veterinária

COMISSÃO EXAMINADORA

__________________________________________ Mara Iolanda Batistella Rubin, Dra.

(Presidente/ Orientadora)

__________________________________________ Mari Lourdes Bernardi, Dra (UFRGS)

__________________________________________

José Laerte Nornberg, Dr. (UFSM)

Santa Maria, 23 de Março de 2012

Page 4: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Armando e Margarete e às minhas irmãs pelo amor, dedicação,

apoio e incentivo para o meu crescimento pessoal e profissional.

Ao meu noivo, Rafael Salles Cabreira, pela paciência durante os dois anos da

realização do mestrado, sem dúvida o amor verdadeiro resiste ao tempo e fortalece

com distância.

À minha orientadora Dra. Mara Rubin e meu co-orientador Dr. Carlos Antônio

Mondino Silva por depositarem confiança no meu trabalho, pelos ensinamentos e

longas discussões sobre endometrite e reprodução de equinos e bovinos.

Ao Dr. Severo Sales de Barros pela disponibilidade e interesse em me ensinar, pelo

conhecimento transmitido e importantes sugestões apresentadas.

À diretoria e equipe de veterinários da B & M Assessoria em Gado Leiteiro de

Cascavel/PR pela concessão da realização de parte do experimento junto aos

produtores de leite.

Aos proprietários das unidades leiteiras que gentilmente cederam suas propriedades

e animais para execução da pesquisa, pelas longas e exaustivas horas de trabalho.

Ao Maurício Schneider Oliveira, ao Dr. Carlos Augusto Mallmann e colaboradores do

LAMIC/UFSM pela análise das amostras de leite para detecção de oxitetraciclina por

cromatografia.

À equipe do Embryolab, estagiários e mestrandos Murilo Farias Rodrigues, Ângelo

Bertani Giotto, Carlos Eduardo Porciuncula Leonardi, Gilson Antônio Pessoa e

Denize da Rosa Fraga, pela amizade e auxílio na realização do projeto de pesquisa.

Ao Dr. Luís Felipe Lopes pelo auxílio na análise estatística da pesquisa.

As empresas Bayer Saúde Animal e Vetnil por fornecerem os medicamentos para

realização da pesquisa.

Ao CNPQ pelo apoio através da bolsa de estudos.

Muito obrigada!

Page 5: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

RESUMO

Dissertação de Mestrado Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária

Universidade Federal de Santa Maria

TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS COM OXITETRACICLINA E LAURIL DIETILENO GLICOL ÉTER SULFATO DE SÓDIO

INTRA-UTERINO AUTORA: ANDRÉIA MOLARDI BAINY

ORIENTADORA: PROFª MARA IOLANDA BATISTELLA RUBIN CO-ORIENTADOR: PROF° CARLOS ANTONIO MONDINO SILVA

Santa Maria, 23 Março de 2012.

O uso de antibiótico via intra-uterina (IU) ainda é considerado controverso. Existem poucos estudos que utilizam controles negativos e que avaliam os efeitos dos tratamentos no desempenho reprodutivo. Além disso, não há nenhuma informação científica sobre o uso do agente fluidificador de secreções Lauril dietileno glicol éter sulfato de sódio (LDGESS) em associação com oxitetraciclina (OCT) via intra-uterina (IU). Portanto, o objetivo deste estudo foi avaliar a eficiência do tratamento intra-uterino com 3 g de OCT (Grupo 1, n = 30, Tetrabac LA®, Bayer) ou a associação de OCT com LDGESS (Grupo 2, n = 35, Tergenvet®, Vetnil) em comparação aos grupos controles LDGESS (Grupo 3, n = 32) e solução salina (Grupo 4, n = 31). Aleatoriamente, vacas ≥ 21 dias pós-parto diagnosticadas por ultrassom (US) e exame vaginal com endometrite leve e moderada foram tratadas. Antes do tratamento (D0) foi realizada citologia e biópsia endometrial e, 14 dias após (D14), esses procedimentos foram repetidos. Amostras de leite de vacas tratadas com OCT foram coletadas a cada 12 h até 7 dias após a infusão e analisadas por HPLC (Cromatografia Líquida de Alta Eficiência) e espectrometria de massa. As taxas de cura após tratamento para endometrite diagnosticada por US e exame vaginal para as vacas do grupo 1 e 2 foram de 53% e 66%, respectivamente. Considerando apenas endometrite leve, as taxas de cura foram de 58% e 68% para os grupos 1 e 2, respectivamente (P > 0,05). Não houve diferença entre as taxas de cura para endometrite leve e moderada (P > 0,05). A taxa de cura do grupo 2 para endometrite diagnosticada por US e exame vaginal foi superior aos controles (P > 0,05). Portanto, a associação de oxitetraciclina e o fluidificador de secreções LDGESS foi mais eficaz no tratamento de endometrite diagnosticada por US e exame vaginal; no entanto, o mesmo não foi observado comparando vacas com endometrite na citologia e os graus de biópsia uterina antes e após tratamento. O período de descarte do leite é de 48 horas após o tratamento com 3 g de oxitetraciclina IU.

Palavras-chave: fluidificador de secreções, doenças uterinas, resíduo de antibiótico

Page 6: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Fisiologia Periparto. Fonte: Sheldon et al. 2009a...................................13

FIGURA 2 - Sistema de escore para endometrite clínica. Fonte: Sheldon et al. 2006............................................................................................................................15

FIGURA 3 - Ilustração esquemática dos principais mecanismos no impacto sobre a biologia reprodutiva associada à endometrite em vacas leiteiras de alta produção. Fonte: Sheldon et al. 2009a...................................................................................... 20

FIGURA 4 - Ultrassonografia do útero ......................................................................24

FIGURA 5 - Citologia uterina......................................................................................26

FIGURA 6 - Fotomicrografias de biopsia endometrial de vacas com endometrite...........................................................................................................28-29

CAPÍTULO 1 FIGURA 1 - Mean and standard deviation of residue of oxytetracycline (ppb) in milk per 12 hours interval milking after infusion of 3g of oxytetracycline intrauterine (n = 345). ………………………………..……………………….…………………………..…..70

Page 7: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

LISTA DE TABELAS

TABLE 1 - Cure rates of the four treatment groups for all and for the two grades of

endometritis (n = 128), considering subclinical and clinical endometritis diagnosed by

ultrasound and/or vaginoscopy, respectively, before and 14 days after intrauterine

treatment.…………………………………………………………………………………....63

TABLE 2 - Cure rates between cows with eutocic and dystocic parturition (DP),

retained placenta (RP) and urovagina (URO) by treatment (n = 113) and proportions

of animals in each group by treatment (n = 120)…………………….………………….64

TABLE 3 - Cure rates for cytological endometritis diagnosed with cytobrush

technique (PMNs ≥ 5%) after intrauterine treatment (n = 75)..………………………..65

TABLE 4 - Proportions of PMNs in cytobrush technique between Grade 1 and 2 of

endometritis diagnosed by ultrasound and/or vaginoscopy……………………………66

TABLE 5 - Proportions of the results of biopsies grades before and after the

intrauterine treatment by treatment…...……………..…………………………………...67

TABLE 6 - Proportions of cows positive (PMNs ≥ 5%) and negative by cytobrush

technique and with endometritis by ultrasound, according to biopsy grade………....68

TABLE 7 - Pregnancy rates and first service conception rates for cows classified in

Grade 1, 2 or 3 in endometrial biopsy …………………………………..……………….69

Page 8: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

LISTA DE ABREVIATURAS

D0: dia zero, dia do tratamento

D14: dia catorze, catorze dias após tratamento

D.P.P.: Dias-pós-parto

HPLC: Cromatografia Líquida de Alta Eficiência

IU: intra-uterino

LDGESS: Lauril dietileno glicol éter sulfato de sódio

OCT: oxitetraciclina

US: ultrassom

Page 9: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

SUMÁRIO

1- INTRODUÇÃO................................................................................. 10 2- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA........................................................... 12 2.1.Fisiologia periparto..................................................................... 12 2.2. Definições de doenças uterinas................................................ 13 2.3. Fatores de risco para doenças uterinas.................................. 16 2.4. Prevalência e consequências da endometrite.......................... 17 2.5. Imunologia uterina.................................................................... 18 2.6. Bacteriologia e patogênese das doenças uterinas.................... 21 2.7. Diagnóstico de endometrite....................................................... 22 2.8. Tratamento de endometrite....................................................... 30 2.9. Oxitetraciclina e agentes fluidificadores de secreção intra-

uterinos............................................................................................. 32

2.10. Resíduos de antibióticos no leite............................................ 35 3- CAPÍTULO I: Manuscrito................................................................ 37 3.1. Abstract..................................................................................... 39 3.2. Introduction................................................................................ 40 3.3. Materials and Methods.............................................................. 42 3.3. Results....................................................................................... 47 3.4. Discussion................................................................................. 49 3.5. Conclusion……………………………………………………......... 53 3.6. References……………………………………………………........ 55

4- CONCLUSÕES................................................................................ 71 5- REFERÊNCIAS................................................................................ 72

Page 10: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

1. INTRODUÇÃO

A reprodução é um dos pilares principais da produção de leite (LEBLANC, 2008).

A incidência de metrite varia entre 10 a 20%, de endometrite clínica ou secreção

vaginal purulenta é de aproximadamente 15%, e de endometrite subclínica ou

citológica de 15% (LEBLANC et al., 2011). Doenças uterinas são reconhecidas por

causarem altas perdas econômicas devido à queda na produção de leite, às

menores taxas de concepção, aumento no intervalo parto concepção ou primeiro

serviço, aumento no intervalo entre partos e aumento no descarte de vacas por

falhas reprodutivas (HUSZENICZA et al., 1999; LEBLANC et al., 2002a; SHELDON

et al., 2009a). Em 1986, as perdas econômicas devido à doença uterina foram

estimadas em US$ 106 por vaca em lactação nos EUA (BARTLETT et al., 1986) e o

custo anual de doença uterina somente nos EUA é estimada em $650 milhões

(SHELDON et al. 2009a).

Os antibióticos são amplamente utilizados para o tratamento de infecções

uterinas. A antibioticoterapia intra-uterina (IU) para tratamento de endometrite tem

sido preferida à sistêmica, devido aos antibióticos administrados via intra-uterina

alcançarem maior concentração inibitória no lúmen uterino em comparação a

administração sistêmica (BRETZLAFF et al., 1983). O uso de oxitetraciclina (OCT)

via IU é um tratamento padrão rotineiramente utilizado para tratamento de

endometrite em vacas, com taxa de cura estimada em 73% para vacas com

endometrite clínica (SHELDON & NOAKES, 1998). No entanto, o tratamento de

endometrite ainda é considerado controverso entre os veterinários principalmente no

que se refere se o tratamento em si é realmente necessário (GILBERT, 1992). Há

poucos trabalhos que utilizam controles negativos e que avaliaram os efeitos dos

tratamentos na reprodução subsequente (SHELDON et al. 2009b). Além disso, não

há informações científicas sobre o uso do agente fluidificador de secreções, Lauril

dietileno glicol éter sulfato de sódio (LDGESS) em associação com a oxitetraciclina

via intra-uterina no tratamento de endometrite em vacas. Alternativas que

possibilitem um tratamento uterino eficaz aliado a um intervalo para o descarte do

leite menor são essenciais para a sustentabilidade da atividade leiteira. A nossa

hipótese é que a associação da oxitetraciclina com o fluidificador intra-uterino

Page 11: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

aumente a taxa de recuperação de vacas com endometrite. Portanto, o objetivo

desta pesquisa foi comparar e avaliar as taxas de recuperação das endometrites em

vacas após tratamento com 3 g de OCT (Tetrabac LA®, Bayer) ou a associação de

OCT com LDGESS (Tergenvet®, Vetnil) IU. Nesta pesquisa também verificou-se o

efeito de ambos sobre o endométrio, bem como o período de detecção de resíduos

de antibiótico no leite individual de vacas tratadas com antibiótico via intra-uterina.

Page 12: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

12

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Fisiologia periparto

O lúmen uterino é estéril antes do parto e se invasão bacteriana ocorrer há

reabsorção fetal ou aborto (SEMAMBO et al., 1991; SHELDON et al., 2009a). No

período pós-parto, as bactérias podem invadir a cavidade uterina via ascendente

através do canal do parto (SHELDON & DOBSON, 2004). A contaminação

bacteriana do lúmen uterino é comum e ocorre em 80 a 100% das vacas leiteiras

nas duas primeiras semanas pós-parto (FIGURA 1). Há um consenso na literatura

de que até 40% dos animais apresentam metrite nas duas primeiras semanas após

o parto e que, em 10 a 15% destes animais, a infecção persiste por pelo menos

outras três semanas, causando endometrite (GILBERT et al., 1998; LEBLANC et al.,

2002a; SHELDON & DOBSON, 2004; SHELDON et al., 2009a). Por várias semanas

após o parto, há um ciclo de contaminação bacteriana, limpeza e re-contaminação

(GRIFFIN et al., 1974). Em muitos animais a contaminação bacteriana é resolvida

pela involução uterina, eliminação do lóquio e pela mobilização do sistema imune

(POTTER et al., 2010).

A involução uterina e da cérvix varia de 25 a 47 dias (MORROW et al., 1966;

HARRISON et al., 1986). Já a involução microscópica completa leva mais tempo que

a involução palpável, variando de 42 a 50 dias (MARION & GIER, 1959). A

presença de bactérias patogênicas no útero causa inflamação, lesões histológicas

no endométrio, atraso na involução uterina e diminui a sobrevivência embrionária

(SEMAMBO et al., 1991; BONNETT et al., 1991c; SHELDON et al., 2003).

Aproximadamente 40% dos animais ainda apresentam infecção bacteriana três

semanas após o parto (SHELDON et al., 2007). Contaminação bacteriana nem

sempre implica em doença (SHELDON et al., 2007). Entretanto, a “falha” do

endométrio em eliminar a contaminação bacteriana pode comprometer a função

uterina (SHELDON et al., 2009a). O estabelecimento da infecção implica na

aderência de organismos patogênicos na mucosa, colonização e penetração do

epitélio, e/ou liberação de toxinas bacterianas que levam ao estabelecimento da

Page 13: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

13

doença uterina (JANEWAY et al., 2001). O desenvolvimento da doença uterina na

vaca depende da resposta imune da vaca, das espécies e número (carga, desafio)

de bactérias (AZAWI, 2008).

FIGURA 1 - Fisiologia periparto. Quase todas as vacas apresentam bactéria dentro da cavidade uterina durante as duas primeiras semanas pós-parto e doença uterina é comum. Cada marcador () indica o percentual de animais com bactéria isolada da cavidade uterina; dados de quatro diferentes estudos, com animais coletados em diferentes dias entre o parto e 60 dias após (ELLIOTT et al., 1968; GRIFFIN et al., 1974; SHELDON et al., 2002; WILLIAMS et al., 2005). A área colorida representa a proporção de animais com metrite (em azul) no período de duas semanas pós-parto, endometrite (em amarelo) 3-5 semanas após parto e útero com involução fisiológica (em verde). O restante dos animais apresenta endometrite subclínica (em branco). A linha em negrito (em rosa) indica o percentual de animais com lesões histológicas evidentes da inflamação do endométrio (GILBERT et al., 2005). Adaptado de: SHELDON et al. (2009a).

2.2. Definições de doenças uterinas

Metrite é uma reação inflamatória severa que envolve todas as camadas do

útero: endométrio, submucosa, muscular e serosa (BONDURANT, 1999). Ocorre no

período de 21 dias pós-parto e é mais comum nos 10 primeiros dias após a parição.

A metrite é caracterizada pelo aumento do útero e secreção aquosa vermelho-

amarronzada a viscosa quase branca purulenta, que frequentemente apresenta odor

Por

cent

agem

de

anim

ais

Dias após o parto

Page 14: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

14

fétido (SHELDON et al., 2006). A severidade da doença está associada aos sinais

sistêmicos de infecção como presença de febre (39,5ºC), apatia, diminuição da

produção de leite e toxemia (SHELDON et al., 2009a). Recentemente, sugeriu-se

diferenciar metrite puerperal ou metrite puerperal tóxica de metrite clínica; ambas

ocorrem dentro dos 21 dias pós-parto. O diagnóstico de metrite clínica se baseia na

presença de secreção purulenta vaginal e cornos uterinos aumentados de tamanho.

No entanto, na metrite clínica não há sinais sistêmicos de infecção que caracterizam,

por sua vez, a metrite puerperal ou metrite puerperal tóxica (SHELDON et al., 2006).

A endometrite clínica é caracterizada pela presença de secreção vaginal

purulenta detectada na vagina dos animais afetados 21 dias ou mais após o parto,

mucopurulenta (aproximadamente 50% pus, 50% muco) ou catarral, detectada na

vagina 26 ou mais dias pós-parto (LEBLANC et al., 2002a; SHELDON et al., 2006;

SHELDON et al., 2009a). Um simples sistema de escore da característica ou odor do

muco vaginal (FIGURA 2) é facilmente aplicável para avaliar vacas com endometrite

(SHELDON et al., 2006). O escore se relaciona com a presença dos principais

patógenos associados com a doença uterina e o prognóstico em relação ao

tratamento (SHELDON & NOAKES, 1998; WILLIAMS et al., 2005). Entretanto,

estudos mais recentes demonstram baixa concordância entre a presença de

secreção vaginal purulenta e endometrite definida por citologia uterina (DUBUC et

al., 2010). Isso leva a questionar se a origem de pus da vagina é sempre do útero

(LEBLANC et al., 2011). Há dados que indicam que a cervicite existe como uma

condição distinta, no entanto, algumas vezes ocorre concomitantemente com

endometrite, comprometendo o desempenho reprodutivo (AHMADI et al., 2006).

Endometrite subclínica se caracteriza por inflamação do útero, o que resulta em

significativa redução do desempenho reprodutivo, na ausência de sinais de

endometrite clínica. Doença subclínica é diagnosticada pela medição da proporção

de neutrófilos polimorfonucleares (PMNs) presentes em uma amostra coletada por

lavagem uterina, pela coleta de material com auxilio de uma escova ginecológica,

conhecida como “cytobrush”, ou pela medição da quantidade do fluído uterino por

ultrassonografia transretal (GILBERT, 2004; KASIMANICKAM et al., 2004, 2005a).

Considera-se endometrite subclínica quando uma vaca possui mais que 18% de

PMNs na citologia uterina coletada 21-33 dias pós-parto, ou mais que 10% aos 34-

47 dias pós-parto (KASIMANICKAM et al., 2004, SALASEL et al., 2010) ou mais que

5,5% (SANTOS et al., 2009), ou apresente líquido intra-uterino de ecogenicidade

Page 15: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

15

mista a partir de 21 dias pós-parto na ausência de endometrite clínica (SHELDON et

al., 2006). Os neutrófilos constituem a primeira linha de defesa contra organismos

patogênicos pós-parto, resultando no aumento da população de PMNs dentro do

lúmen uterino (WATSON et al., 1990; BUTT et al., 1993). O risco da vaca não

conceber aos 150 dias pós-parto foi 1,9 vezes maior em vacas com 8% de PMNs na

citologia uterina (entre 28 e 41 dias pós-parto) que em vacas com menos de 8% de

neutrófilos (BARLUND et al., 2008). Entretanto, o percentual de PMNs para definir

endometrite subclínica varia de acordo com o período pós-parto em que os animais

se encontram. A prevalência de endometrite subclínica depende do ponto de corte

do percentual de PMNs utilizado para diagnóstico e do tempo após a parição.

Estima-se que 30 a 35% dos animais apresentam endometrite subclínica quatro a

nove semanas após parto (LEBLANC, 2008).

Dubuc et al. (2010), ao compararem citologia uterina (≥6% PMNs) com exame

clínico (secreção vaginal mucopurulenta ou purulenta), sugeriram que a terminologia

endometrite clínica é inadequada e que endometrite citológica e clínica podem

representar diferentes manifestações da doença no trato reprodutivo. Segundo os

autores, as vacas podem ter três diferentes condições de doença uterina: secreção

vaginal purulenta apenas, endometrite citológica apenas ou endometrite citológica e

secreção vaginal purulenta. Mais estudos, no entanto, devem ser realizados para

esclarecer qual a melhor definição.

FIGURA 2 - Sistema de escore para endometrite clínica. Muco vaginal característico de cio, grau 0 (claro ou translúcido), 1 (muco contendo flocos de branco ou pus esbranquiçado), 2 (exsudato contendo

Page 16: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

16

<50% material quase branco ou branco mucopurulento), ou 3 (exsudato contendo ≥50% de material purulento, usualmente branco ou amarelo ocasionalmente sanguinolento. SHELDON et al. (2006).

2.3. Fatores de risco para doenças uterinas

Em vacas, a endometrite geralmente está associada a problemas no parto,

como retenção de placenta (RP), assistência ao parto devido à distocia,

natimortalidade, nascimento de machos, angulação vulvar inadequada e

primiparidade (MARKUSFELD, 1987; CORREA et al., 1993; KIM & KANG, 2003;

HAN & KIM, 2005; POTTER et al., 2010). Esses fatores atrasam a involução uterina,

o que acarreta aumento no intervalo parto-concepção e no número de serviços por

concepção (SHAMS-ESFANDABADI et al., 2004). Aproximadamente 25-50% das

vacas com RP desenvolvem metrite (LEBLANC, 2008). No estudo realizado por

LeBlanc et al. (2002b), vacas que tiveram gêmeos, retenção de placenta, ou metrite

foram identificadas com maior propensão ao desenvolvimento de endometrite clínica

posteriormente. Os fatores de risco para persistência ou recorrência de endometrite

pós-parto (após 60 dias pós-parto) são complicações no pós-parto precoce,

endometrite moderada ou grave, urovagina e parto no verão (GAUTAM et al., 2010).

Infelizmente esses fatores de risco são de difícil intervenção e fatores que podiam

ser abordados, como limpeza do ambiente ou animais são muito menos importantes

na redução da incidência de doenças uterinas (NOAKES et al., 1991).

A administração de ácido livre cristalino de ceftiofur de longa ação via

subcutânea na base da orelha (6,6 mg/kg, Excede, Pfizer) 24 h após o parto de

vacas com alto risco de desenvolverem doença uterina (vacas que tiveram parto

gemelar, distocia ou retenção de placenta), diminuiu a incidência de metrite,

principalmente em vacas com histórico de distocia, parto gemelar, mas sem retenção

de placenta e reduziu a prevalência de secreção vaginal purulenta aos 35 dias pós-

parto (DUBUC et al., 2011b). A administração de ceftiofur (2,2 mg/kg por 5 dias) em

vacas com retenção de placenta preveniu o desenvolvimento de metrite em

comparação a vacas tratadas com 4 mg de ECP ou não tratadas (n = 97) (RISCO &

HERNANDEZ, 2003). Esses resultados sugerem que ao diminuir a contaminação

Page 17: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

17

bacteriana uterina no pós-parto pode-se prevenir o desenvolvimento de doença

uterina (DUBUC et al., 2011b).

2.4. Prevalência e consequências da endometrite

A prevalência da endometrite clínica nos rebanhos da América do Norte é

variável e depende da técnica utilizada para diagnóstico. LEBLANC et al. (2002b)

obtiveram prevalência média de endometrite de 17% variando de 5 a 26% em

estudo com 1.865 vacas em 27 rebanhos com vacas entre 20 e 33 dias pós-parto

(d.p.p.) diagnosticadas por exame vaginal. Em vacas examinadas com o dispositivo

intravaginal Metricheck 1-8 semanas após o parto, a incidência de endometrite foi de

21%, variando entre os rebanhos de 10 a 31% (MCDOUGALL et al., 2007). A

prevalência de endometrite subclínica diagnosticada por citologia uterina foi de 53%

e variou de 37 – 74% entre rebanhos em estudo com 141 vacas com 40 – 60 d.p.p.

(GILBERT et al., 2005). Já KASIMANICKAM et al. (2004), examinando 215 vacas

aos 20–33 d.p.p. obtiveram 35% de prevalência de endometrite subclínica utilizando

para diagnóstico a citologia uterina com >18% de polimorfonucleares (PMNs) na

amostra. A prevalência da endometrite clínica em rebanhos criados extensivamente

na Argentina foi de 35% em vacas com 18 a 38 d.p.p. (PLONTZKE et al., 2011). Na

Irlanda, Mee et al. (2009) realizaram um estudo com 5.751 vacas identificando

prevalência média de endometrite de 29,4%. Nesse estudo, as vacas foram

examinadas por ultrassom a partir de 14 d.p.p. A prevalência global de endometrite

clínica na segunda visita foi de 18% aos 32-52 d.p.p. Esta diminuição da prevalência

com o aumento do tempo pós-parto está de acordo com outros estudos com

rebanhos em sistema de confinamento (GRIFFIN et al 1974;. LEBLANC et al. 2002b;

WILLIAMS et al. 2005). No Brasil, os estudos publicados com endometrite em

bovinos de leite são escassos. A incidência de endometrite varia de 5,7% a 30%

(TORRES & CORDEIRO, 1989; ANDRADE et al., 2005). A baixa prevalência de

endometrite no estudo de ANDRADE et al. (2005) pode ser devido ao método de

diagnóstico por palpação retal. Estima-se que a prevalência de endometrite em

vacas Bos taurus indicus seja de apenas 3,3%. Isso se deve provavelmente a

facilidade de parto da vaca zebuína (VALE-FILHO et al, 1986). Portanto, a

Page 18: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

18

prevalência de endometrite varia grandemente entre os estudos, local e dias pós-

parto que a vaca se encontra no dia do exame.

A endometrite subclínica gera custos altos à produção devido ao aumento nos

dias em aberto, concepção menor no primeiro serviço, maior número de

inseminações, menor concepção e maior taxa de descarte de vacas por falha na

concepção (GILBERT et al., 2005). A endometrite subclínica está associada com

baixo desempenho reprodutivo. GILBERT et al. (2005) obteve 26% menor taxa de

prenhez em relação às vacas sem endometrite, mediana de dias abertos de 206 dias

para as vacas com endometrite e 118 para as vacas sem a doença e a taxa de

prenhez ao primeiro serviço foi menor em vacas com endometrite (11 vs 36%). Em

outro estudo, vacas com endometrite tiveram menores taxa de prenhez, embora a

endometrite não tenha diminuído a produção de leite em vacas multíparas ou

primíparas (DUBUC et al., 2011a).

A endometrite está associada a lesões teciduais (BONNETT et al., 1993),

atraso na involução uterina (MATEUS et al., 2002; SHELDON et al. 2008), longas

fases lúteas associadas a maior produção de PGE2 pelas células endometriais do

que de PGF2α (HERATH et al., 2009) e alteração dos ciclos ovarianos, como anestro

prolongado, função lútea prolongada e cistos ovarianos (HUSZENICZA et al., 1999;

OPSOMER et al., 2000; MATEUS et al., 2002; BALOGH et al., 2008). Portanto, as

infecções bacterianas, mais especificamente os componentes das bactérias, como o

lipopolissacarídeo (LPS), não só alteram a função uterina, como também a função

ovariana e dos centros de controle no hipotálamo e hipófise (SHELDON et al.,

2009b). As vacas com doença uterina que ovulam têm concentrações baixas de

progesterona plasmática periférica, o que pode reduzir ainda mais a possibilidade de

concepção associada à endometrite (SHELDON et al., 2009b).

2.5. Imunologia uterina

Vários aspectos da função uterina estão suprimidos nas vacas de leite uma a

duas semanas pré-parto até 2-3 semanas pós-parto (KEHRLI et al., 1989;

MALLARD et al., 1998). O mecanismo exato do comprometimento da função imune

na vaca ainda não está claro, embora a queda de energia peri-parto, vitaminas,

Page 19: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

19

minerais, balanço energético negativo, mobilização de gordura e proteína corporal,

alteração dramática nos níveis de estrogênio e progesterona no final da gestação e

grande aumento nos níveis de cortisol no parto parecem contribuir (GOFF & HORST,

1997; INGVARTSEN, 2006, STRATEN et al., 2008, GALVÃO et al., 2009).

O útero em condições fisiológicas é capaz de eficientemente eliminar infecção

bacteriana, sendo difícil produzir experimentalmente infecção uterina crônica,

mesmo por infusão intra-uterina de Arcanobacterium pyogenes (GILBERT &

SCHWARK, 1992). O mais importante componente de defesa uterina é não

específico e ocorre por fagocitose envolvendo neutrófilos (HUSSAIN, 1989;

BONDURANT, 1999). Existem interações de hormônios reprodutivos com a função

imune uterina. Muitos autores concordam que altas concentrações de progesterona

suprimem a produção de muco cervical, a contratilidade miometrial, a secreção das

glândulas uterinas e a atividade fagocitária dos neutrófilos uterinos (FRANK et al.

1983; HUSSAIN, 1989; BONDURANT, 1999), e, portanto, permitem, ambiente para

instalação de infecção uterina (LEBLANC, 2008). A PGF2α não possui função

apenas luteolítica, mas também parece ter ação pró-inflamatória que pode melhorar

a função dos neutrófilos (LEWIS, 2004). A função imune uterina parece melhorar sob

a influência do estrógeno (FRANK et al., 1983; BONDURANT, 1999). Ainda não está

bem esclarecido se o estrogênio provoca aumento na atividade fagocítica

bactericida, ou se as melhorias observadas são simplesmente decorrentes da

diminuição da progesterona (HUSSAIN, 1989).

Os mecanismos associados à infertilidade em animais com endometrite estão

descritos na FIGURA 3. O sistema imune inato parece ser a resposta chave para

entender esses mecanismos (SHELDON et al., 2009b).

Page 20: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

20

FIGURA 3 - Ilustração esquemática dos principais mecanismos no impacto sobre a biologia reprodutiva associada à endometrite em vacas leiteiras de alta produção. (A) infecção uterina com E. coli e A. pyogenes causa danos tecido endometrial. O sistema imunológico inato é alertado por receptores Toll-like (TLRs), detecção de DNA bacteriano e lipopolissacarídeos (LPS) da E. coli, que está ligado a proteína de ligação de LPS (LBP) (BEUTLER, 2004; AKIRA et al., 2006). As células do endométrio secretam citocinas, quimiocinas e peptídeos antimicrobianos (AMPs). Dano endometrial e inflamação reduzem a chance da concepção. (B) As citocinas e quimiocinas direcionam a resposta do sistema imune. As quimiocinas atraem neutrófilos (PMN) e macrófagos (MOS) para eliminar as bactérias. No entanto, a função dos neutrófilos é alterada em vacas de alta produção, principalmente se o animal tem energia metabólica insuficiente. Persistência de neutrófilos no endométrio na ausência de bactérias é a característica principal de endometrite subclínica (KASIMANICKAM et al., 2004; GILBERT et al., 2005). (C) O BoHV-4 pode infectar as células endometriais estromais e epiteliais, causando danos no tecido endometrial (DONOFRIO et al., 2007). (D) As concentrações do hormônio folículo estimulante (FSH) não são afetadas pela doença uterina e ondas foliculares ovarianas surgem nas primeiras semanas após o parto (SHELDON et al., 2002). No entanto, a liberação do hormônio GnRH e luteinizante (LH) pode ser suprimida por LPS, reduzindo a capacidade de ovular o folículo dominante. (E) Vacas com endometrite têm crescimento mais lento dos folículos dominantes no ovário e menores concentrações plasmáticas de estradiol periféricas, assim são menos propensos a ovular (SHELDON et al., 2002). (F) Vacas com endometrite podem ovular, forma-se um corpo lúteo, mas as concentrações de progesterona no plasma periférico são inferiores às fisiológicas em animais férteis (WILLIAMS et al., 2007) e a fase lútea é prolongada. A luteólise é provavelmente interrompida, pois as bactérias mudam a secreção endometrial epitelial de prostaglandinas da série F para E (HERATH et al., 2009). Fonte: SHELDON et al. (2009a,b).

Page 21: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

21

2.6. Bacteriologia e patogênese das doenças uterinas

O útero é contaminado com bactérias no período de puerpério precoce (6 horas

após o parto a 10 dias após) (ELLIOTT et al, 1968; MILLER et al., 1980). Por 3 a 4

semanas pós-parto, o número de bactérias e a variedade de espécies diminuem

substancialmente em vacas saudáveis. O significado da cultura bacteriana do útero

pós-parto depende da espécie isolada e do intervalo desde o parto.

A contaminação bacteriana do útero é não específica e envolve um grande

número de espécies de bactérias (GRIFFIN et al., 1974; SHELDON et al., 2002).

Huszenicza et al. (1999) isolaram nos primeiros 10 dias após o parto principalmente

Streptococcus spp., Staphylococcus spp. e Bacillus spp. do útero de vacas sem

sinais clínicos de metrite puerperal, enquanto diferentes bactérias como

Arcanobacterium pyogenes (A.pyogenes), Escherichia coli (E.coli), Fusobacterium

necrophorum (F.necrophorum), Prevotella melaninogenicus, Bacteroides spp. e

Clostridium, spp. foram detectados no útero de vacas com (endo)metrite

(BONDURANT, 1999; HUSZENICZA et al., 1999; MATEUS et al. 2002). A bactéria

que está consistentemente associada com inflamação uterina crônica é a Gram

positiva e anaeróbica facultativa A. pyogenes (BONDURANT, 1999). O A. pyogenes

atua sinergicamente com F. necrophorum, Bacteroides spp. e com Prevotella spp.

aumentando a ocorrência e a severidade da doença uterina (FREDRIKSSON et al.,

1985; WILLIAMS et al., 2005). A. pyogenes produz um fator de crescimento para F.

necrophorum, que, por sua vez, produz uma leucotoxina (SHELDON & DOBSON,

2004; SHELDON et al., 2009a). A infecção do endométrio por E. coli precede a

infecção por A. pyogenes e possivelmente por herpesvirus 4 e está associada com a

severidade da doença clínica e o impacto na fertilidade (DONOFRIO et al., 2007). E.

coli produz uma endotoxina, lipopolissacarideo (LPS), responsável por muitos dos

efeitos da bactéria. A prevalência destas bactérias diminui gradativamente ao longo

do puerpério. O isolamento do A.pyogenes foi descrito no período entre o 28o ao 35o

dia pós-parto e está associada com uma drástica diminuição na concepção

(HUSZENICZA et al.,1999) e com lesões endometriais severas (BONNETT et al.,

1993). O desenvolvimento das doenças uterinas dependente da contaminação

bacteriana e dos mecanismos de defesa do animal (SHELDON & DOBSON, 2004).

Page 22: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

22

É importante diferenciar a contaminação fisiológica do lúmen uterino pós-parto

com bactérias e a persistência das bactérias patogênicas com o estabelecimento da

doença uterina, que pode ser descrita como infecção uterina (SHELDON, 2004). O

número de bactérias patogênicas no útero da vaca pode ser grande o suficiente para

ultrapassar os mecanismos de defesa uterina e causar infecções uterinas de risco

de vida para a vaca, embora isso seja pouco frequente (SHELDON & DOBSON,

2004). A maioria das infecções uterinas está mais associada a prejuízo no

desempenho reprodutivo do que com alta mortalidade (BORSBERRY & DOBSON,

1989). Além disso, inflamação uterina, mesmo na ausência de infecção bacteriana

ativa, pode interferir na sobrevivência embrionária, causando infertilidade quando a

doença está presente e subfertilidade (BRETZLAFF, 1987; GILBERT, 1995;

SHELDON et al., 2009b), mesmo após a resolução da doença, devido à fibrose

endometrial resultante da inflamação crônica (CORDEIRO et al., 1989; BONNETT et

al., 1993).

2.7. Diagnóstico de endometrite

O momento do exame deve permitir o processo normal de involução, mas

também dar tempo para o tratamento e resposta antes do início do período de

reprodução. Clinicamente, o desafio é identificar as vacas que estão em risco de

comprometimento da fertilidade para administrar o tratamento (LEBLANC, 2008).

A palpação retal do útero entre duas a oito semanas pós-parto para detectar

atraso na involução uterina ou da cérvix não é uma boa técnica para identificar as

vacas com endometrite, pois é uma técnica subjetiva, a involução uterina varia entre

as vacas e há pouca associação com o desempenho reprodutivo subsequente

(MILLER et al. 1980; KRISTULA & BARTHOLOMEW, 1998; LEBLANC et al., 2002a).

A palpação retal identificou corretamente apenas 22% das vacas com infecção

uterina, em comparação com cultura uterina (MILLER et al., 1980) e 44% das vacas

consideradas sem endometrite por palpação retal no estudo de Leblanc et al.

(2002a) foram positivas no exame vaginal.

O exame vaginal se baseia na detecção de secreção anormal purulenta ou

mucopurulenta na vagina e cérvix (BRETZLAFF, 1987; LEBLANC et al., 2002a). Por

Page 23: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

23

exame vaginal foi identificado infecção uterina em 59-82% dos casos, com um forte

correlação com a presença de A. pyogenes, F. necrophorum e Proteus spp.

(MILLER et al, 1980;. DOHMEN et al., 1995; WILLIAMS et al., 2005). Os três

métodos utilizados para exame vaginal, como uso de espéculo (método de

referência), dispositivo vaginal (Metricheck, Simcro, Nova Zelândia) e método da

mão enluvada se mostraram eficientes no diagnóstico de endometrite (PLETICHA et

al., 2009).

A ultrassonografia é outro método utilizado no diagnóstico de endometrite, pois

possibilita verificar a presença de diferentes quantidades de conteúdo no lúmen

uterino, as características desse conteúdo, o aspecto do endométrio, além de

oferecer a vantagem de um diagnóstico imediato (KASIMANICKAM et al., 2004;

BARLUND et al., 2008) (FIGURA 4). Quanto maior a quantidade de fluído presente

no lúmen uterino, maior é o grau de contaminação bacteriana e a gravidade dos

quadros de infecções puerperais (KASIMANICKAM et al., 2004). A concordância

entre a citologia do endométrio e a ultrassonografia é fraca (KASIMANICKAM et al.,

2004). Na tentativa de aumentar a capacidade de diagnóstico por ultrassom,

Kasimanickam et al. (2004) combinaram os resultados de citologia do endométrio e

avaliação ultrassonográfica de líquido no útero e melhoraram a sensibilidade e

especificidade da ultrassonografia consideravelmente.

Os critérios para diagnóstico de endometrite nas vacas foram determinados

com base em seu efeito prejudicial no desempenho reprodutivo subsequente

(LEBLANC et al, 2002;. KASIMANICKAM et al, 2004, MCDOUGALL et al, 2007;.

RUNCIMAN et al., 2008). Duas abordagens principais têm sido utilizadas para o

diagnóstico de endometrite: clínica ou secreção vaginal purulenta e citológica.

Endometrite citológica é definida como um aumento proporção (percentual) de

polimorfonucleares (PMN) em amostras de citologia endometrial obtidas por escova

citológica (KASIMANICKAM et al., 2004) (FIGURA 5), lavagem uterina (GILBERT et

al., 2005) ou por histologia de amostras de biópsia (BONNETT et al., 1993).

Endometrite citológica foi proposta como teste de referência para diagnóstico de

endometrite (KASIMANICKAM et al., 2004; GILBERT et al., 2005; BARLUND et al.,

2008). Entretanto, não se sabe se a coleta de amostras por escova citológica

(cytobrush) em diferentes locais dos cornos uterinos, ao invés do proposto por

KASIMANICKAM et al. (2004) em que a coleta foi feita na porção dorso-caudal do

corpo uterino possa trazer resultados diferentes (DUBUC et al., 2010).

Page 24: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

24

FIGURA 4. Ultrassonografia do útero. A) Corte transversal do corno uterino de vaca com endometrite grau I (CGI) B) Corte transversal, vaca com endometrite grau II (CGII). Há pequena quantidade de líquido de ecogenecidade mista (A) ou grande quantidade de líquido ecogênico (B) no lúmen do endométrio (seta). Imagens Ultrassom Honda 6 MHz. Fonte: arquivo pessoal.

B

A

Page 25: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

25

A citologia uterina é um dos métodos mais confiáveis de diagnosticar bovinos

com endometrite, além da biópsia endometrial. O risco de não prenhez aos 150 dias

foi 1,9 vezes maior em vacas com mais de 8% PMNs por escova “cytobrush” do que

em vacas com menos de 8% PMNs (BARLUND et al., 2008). As vacas com

endometrite apresentaram uma taxa de concepção no primeiro serviço inferior a

17,9% e um aumento de 24 dias na mediana de dias em aberto (P < 0,05). Os

valores de sensibilidade e especificidade, respectivamente, das técnicas

diagnósticas utilizando como critério a citologia por cytobrush foram: exame vaginal

(53,9%, 95,4%); lavagem uterina (92,3%, 93,9%); avaliação ecográfica de líquido

uterino (30,8%, 92,8%) e avaliação ultrassonográfica da espessura endometrial

(3,9%, 89,2%) (BARLUND et al., 2008). Já LeBlanc et al. (2002a) obtiveram uma

taxa de sensibilidade do exame vaginal de 20% e especificidade de 88% ao utilizar o

diagnóstico de prenhez aos 120 e 150 dias pós-parto como referência.

Considerando a presença de bactérias aeróbicas isoladas do útero e a proporção de

PMNs acima de 5 e 18%, 17,3 e 28,5% das vacas, respectivamente, foram

diagnosticadas falso positivas para endometrite por exame vaginal 21-27 dias pós-

parto. (WESTERMANN et al., 2010).

Quando a avaliação clínica não é suficiente para detectar anormalidades,

podem ser feitas análises laboratoriais a partir da coleta de conteúdo uterino ou

biópsias endometriais. A cultura bacteriana, a histopatologia e a citologia são

exemplos de exames complementares realizados para detectar causas de

subfertilidade em rebanhos com problemas de repetição de estro sem causa

aparente, frequentes nos casos de endometrite subclínica (BARLUND et al., 2008).

A biópsia endometrial é considerada o método mais confiável de diagnóstico de

endometrite. Biópsias do endométrio foram inicialmente realizados em éguas na

década de 1960 como uma ferramenta para a investigação de infertilidade (BRANDT

& MANNING, 1969). Embora a técnica tenha revolucionado o manejo reprodutivo

das éguas e é realizada rotineiramente antes da estação de monta (BRITTON,

1982), a biópsia ainda não ganhou maior aplicação para fins de pesquisa

(SCHLAFER, 2007), especialmente em outros animais de importância econômica.

Page 26: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

26

FIGURA 5 – Citologia uterina. A) Escova ginecológica adaptada em aplicador de aço inoxidável. B) Lâminas de citologia uterina de vaca com endometrite com grande percentual de neutrófilos (Coloração Panótipo, 400x e 1000x). Fonte: arquivo pessoal.

B

A

Page 27: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

27

Histologicamente a endometrite é definida como presença de células

inflamatórias no endométrio (BONDURANT, 1999). A biópsia permite definir o

prognóstico para fertilidade da fêmea, ou seja, a capacidade da vaca de levar uma

gestação a termo. Pela biópsia endometrial é possível avaliar a inflamação

(endometrite crônica, mais comum a infiltração por linfócitos, macrófagos in foci ou

difusos), a fibrose e a degeneração cística glandular (KENNEY et al., 1978;

BONNETT et al. 1993) (FIGURA 5). Segundo a intensidade do infiltrado inflamatório,

avaliado pela quantidade de células mononucleares do exsudato, ela pode ser

classificada em discreta, moderada ou acentuada, e segundo a distribuição em focal

e difuso. As fibroses, associadas ou não à presença de células inflamatórias também

podem ser classificadas em discretas, moderadas ou acentuadas segundo a

intensidade da proliferação fibroblástica e produção de colágeno, normalmente ao

redor de glândulas ou de agrupamentos de ramos glandulares, os assim chamados

ninhos glandulares (CORDEIRO et al., 1989). Quanto maior a severidade da

inflamação, fibrose, e alterações glandulares, pior é o prognóstico de fertilidade da

vaca.

Bonnet et al. (1991) obteve um aproveitamento da técnica de 95%, sendo que

70% das lâminas eram de boa qualidade, utilizando uma pinça de biópsia com boca

ou “punch” de 1 cm de diâmetro. A biópsia endometrial e histopatologia constituem o

método ideal de diagnóstico de endometrite, no entanto, o procedimento é invasivo,

caro e é raramente utilizada por ser uma técnica muito demorada (ETHERINGTON

et al., 1988; GILBERT et al., 2005). Além disso, a biópsia tem sido associada com

um efeito prejudicial na fertilidade subsequente (MILLER et al, 1980;. BONNETT et

al, 1993), no entanto recentemente se mostrou uma técnica segura no estudo

conduzido por CHAPWANYA et al. (2010) ao realizar repetidas biópsias ao dia 15,

30 e 60 d.p.p com uma pinça de biópsia Hauptner equina, obtendo uma taxa de

prenhez de 77% após sincronização do estro e inseminação artificial.

Page 28: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

28

FIGURA 6 - Fotomicrografias de biópsia endometrial de vacas com endometrite crônica. A) Folículo linfóide no estrato esponjoso (seta preta), fibrose periglandular (seta branca) (H&E, 400x) B) Infiltrado difuso de células mononucleares no estrato esponjoso e estrato compacto (seta) (H&E, 100x).

A

B

Page 29: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

29

FIGURA 6 - Fotomicrografias de biópsia endometrial de vacas com endometrite crônica. C) Fibrose periglandular e dilatação glandular (setas). A luz de uma glândula dilatada apresenta numerosas células inflamatórias (H&E, 100x). D) Fibrose periglandular (seta) (H&E, 400x). Fonte: arquivo pessoal.

C

D

Page 30: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

30

2.8. Tratamento de endometrite

O princípio geral do tratamento de endometrite é reduzir a carga de bactérias

patogênicas, melhorar as defesas do útero e os mecanismos de reparo e, assim,

deter e reverter as alterações inflamatórias que prejudicam a fertilidade (LEBLANC

et al., 2002b), ou seja, os tratamentos se baseiam na remoção de material necrótico,

administração de antimicrobianos e a indução do estro (LEBLANC et al., 2008). Em

função das considerações éticas, em vários estudos nos quais são avaliados

tratamentos de endometrite, o número de animais utilizado é pequeno e faltam

controles negativos, prejudicando a avaliação do efeito do tratamento na cura da

endometrite (LEBLANC et al., 2002b). LeBlanc et al. (2002b) ainda ressaltam que as

pesquisas têm utilizado comparações entre diagnósticos antes e após tratamento e

que o impacto na reprodução, como taxa de prenhez ou concepção não foram

investigadas, o que torna impossível identificar os reais efeitos dos tratamentos. O

tratamento de endometrite é considerado controverso entre os veterinários,

particularmente no que se refere à terapia e se o tratamento em si realmente é

necessário (GILBERT, 1992). Também ainda não está esclarecido se os casos de

endometrite subclínica devem ser tratados (KASIMANICKAM et al., 2005b). No

entanto, a antibioticoterapia continua sendo amplamente utilizada na profilaxia e no

combate as infecções uterinas, seja por meio de infusões intra-uterina (IU) (NEVES

et al., 1977), seja pela administração parenteral (MARQUES JUNIOR, 1991; NEVES

et al., 1995), ou pela associação dos tratamentos local e sistêmico (RICHARDSON,

1993; NEVES et al., 1995). Todavia, a escolha da substância a ser utilizada na

terapia IU deve ser criteriosamente avaliada, pois algumas substâncias promovem

irritação com consequente descamação do endométrio (SEGUIN et al., 1974), por

exemplo a solução de Lugol e a oxitetraciclina são relatadas como irritantes,

podendo causar necrose de coagulação no endométrio (GILBERT & SCHWARK,

1992). A infusão de antimicrobianos no útero visa atingir altas concentrações no local

da infecção (GUSTAFSSON, 1984; GILBERT & SCHWARK, 1992). Em contraste à

administração sistêmica, a administração IU alcança maior concentração do

antibiótico no endométrio, mas pouca penetração nas camadas mais profundas do

útero, ou de outros tecidos genitais (MASERA et al., 1980; BRETZLAFF et al., 1983).

Page 31: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

31

Substâncias notificadas para uso via infusão IU incluem a tetraciclina (THURMOND

et al., 1993;. SHELDON & NOAKES, 1998), penicilina (THURMOND et al., 1993),

cefapirina (DOHMEN et al, 1995;. MCDOUGALL, 2001; LEBLANC et al., 2002b;

KASIMANICKAM et al., 2005b), 125 mg de ceftiofur (GALVAO et al., 2010),

cloranfenicol (STEFFAN et al., 1984), solução de Lugol diluída (CALLAHAN &

HORSTMAN, 1987), gentamicina, espectinomicina, sulfonamidas, nitrofurasone,

iodo e clorexidina (GUSTAFSSON, 1984; GILBERT & SCHWARK, 1992).

A maioria dos tratamentos não é indicada para uso IU e em muitos casos, não

há informações publicadas sobre os períodos de descarte do leite (KANEENE et al.,

1986; DINSMORE et al., 1996). Em ensaios de campo com infusão IU de

antibióticos em uma variedade de protocolos para tratamento da endometrite não

demostraram qualquer benefício no desempenho reprodutivo maior que o uso de

PGF2α (STEFFAN et al, 1984;. OLSEN, 1996; SHELDON & NOAKES,1998,

KAUFMANN et al., 2010) ou não tratar (STEFFAN et al, 1984; THURMOND et al.,

1993). No entanto, alguns estudos demonstraram benefícios do uso do antibiótico

intra-uterino na fertilidade subsequente. Vacas com endometrite clínica que

receberam cefapirina IU entre 27 e 33 dias pós-parto tiveram um intervalo parto-

concepção menor que os animais não tratados (LEBLANC et al., 2002b) Em outro

estudo, vacas tratadas com cefapirina IU 41 ±14 d.p.p tiveram 2-3 vezes mais

chances de estarem gestantes em relação às vacas não tratadas (MCDOUGALL,

2001). Outra opção ao tratamento intra-uterino é a lavagem uterina com solução

salina estéril (SHELDON, 2004).

O tratamento pode falhar devido à contaminação contínua do útero por

alterações anatômicas do trato genital caudal, degradação do antibiótico no útero

por exsudatos ou produção de uma camada de biofilme pelos microorganismos, que

impede a ação do antibiótico (LEBLANC, 2010). Biofilmes consistem numa

comunidade de diferentes espécies de bactérias, circundadas por uma matriz

extracelular, que coexistem numa relação simbiótica (WALKER, 2008). Na maioria

dos casos, os habitantes dessa comunidade são considerados da flora fisiológica e

servem como um mecanismo protetor que previne a colonização por bactérias

patogênicas. Os biofilmes podem conferir resistência aos antibióticos por uma série

de mecanismos e, portanto, contribuem para a falha do tratamento com antibiótico

(DONLAN & COSTERTON, 2002; SOTO et al., 2006).

Page 32: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

32

Portanto, mais estudos são necessários para avaliar a real utilidade dos

tratamentos com antibióticos. A maioria dos estudos questionando a utilidade IU de

antibióticos é quase tão antiga quanto as drogas em si (ULBERG et al., 1952;.

ROBERTS, 1956). Em estudo recente avaliando a taxa de cura espontânea das

vacas com endometrite, 74,7% das vacas diagnosticadas com endometrite no

exame vaginal e palpação retal se recuperaram espontaneamente da endometrite

entre os 15 aos 60 dias pós-parto, 25,3% permaneceram com endometrite aos 61-

150 d.p.p e 10,6% das vacas negativas aos 15-60 d.p.p foram positivas durante os

61-150 d.p.p. (GAUTAM et al., 2010). Dubuc et al. (2011b) obtiveram 66% de taxa

de cura espontânea para endometrite citológica (por citologia uterina) e de 63% para

secreção purulenta vaginal de 63% entre o exame 1 (35 d.p.p.) e o exame 2, 21 dias

após. Essas taxas de recuperação espontânea são maiores do que a apontada por

Steffan et al. (1984) e Sutton et al. (1996), que citam uma taxa de cura espontânea

de 33% nas vacas com endometrite clínica.

2.9. Oxitetraciclina e agentes fluidificadores de secreção intra-uterinos

As tetraciclinas são conhecidas por terem atividade em condições anaeróbias e

são parcialmente inativadas pelo material purulento, células mortas e pelo pH

encontrado em úteros com infecção (CAIROLI et al., 1993). A oxitetraciclina é um

antibiótico de amplo espectro indicado para o tratamento e controle de infecções

causadas por bactérias de crescimento rápido (SHELDON et al., 2004). Sua

eficiência antibacteriana contra muitas infecções causadas por bactérias Gram-

positivas e Gram-negativas é bem documentada (BRETZLAFF, 1986; KONIGSSON

et al., 2001). Esse antibiótico também pode ser utilizado pela via IU (SEGUIN et al.,

1974; MILLER & BERGT, 1976; SHELDON et al., 2004). A administração IU tem

grande utilidade terapêutica, especialmente no tratamento e profilaxia da

endometrite puerperal na vaca (CHAUDHERY et al., 1987; MALINOWSK et al.,

2004). Essa via de administração da oxitetraciclina produz rapidamente nível

terapêutico no endométrio e nas carúnculas de animais saudáveis e doentes

(RONCADA et al., 2000; KACZMAROWSKI et al., 2004). Esse fato se deve a sua

baixa absorção na corrente sanguínea (RONCADA et al., 2000), assim a ação

terapêutica fica limitada em grande parte ao lúmen uterino e ao endométrio.

Page 33: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

33

Girardi et al. (1990) observaram que a absorção do antibiótico após

administração IU depende do veículo utilizado, enfatizando que a absorção da

oxitetraciclina na mucosa uterina é fortemente influenciada pela molécula

transportadora. Anderson et al. (1995) enfatizam que a administração de

oxitetraciclina por infusão intra-uterina tem menor potencial para causar resíduos no

leite do que a sua administração por via parenteral. MASERA et al., (1980)

documentaram que a concentração da oxitetraciclina no endométrio é mais elevada

e persiste maior período de tempo comparada com a administração por via

parenteral, sendo pouco absorvida pelo útero após infusão IU (BRETZLAFF et al.,

1983). Posteriormente, NOAKES (1991) concluiu que a oxitetraciclina satisfaz a

maioria dos critérios para a seleção de uma substância antimicrobiana para o

tratamento de endometrite.

Os estudos que relatam o uso do tratamento IU com cloridrato de oxitetraciclina

são escassos na literatura. Sheldon & Noakes (1998) obtiveram uma taxa de cura de

73% das vacas com endometrite clínica 14 dias após administração IU de 1500 mg

de oxitetraciclina (volume de 15 mL), não tendo diferença do tratamento com 500 µg

de cloprostenol e 3 mg de benzoato de estradiol (BE)/500 kg peso corporal;

entretanto, o uso de oxitetraciclina foi melhor em casos de endometrite leve (86 vs.

66%) do que o BE. Comparando todos os tratamentos, as endometrites leves foram

tratadas com mais sucesso do que os casos moderados (78 vs. 61%), e com mais

sucesso do que os casos graves (78 vs. 44%). A presença de uma secreção fétida

no momento do tratamento reduziu a taxa de sucesso em 17%. O intervalo parto-

concepção para oxitetraciclina foi 16,2 dias menor que para o BE e 2 dias mais

longo que para PGF2α. Em outro estudo (BROOKS, 2000), a taxa de cura das vacas

com endometrite após administração de 1500 mg de cloridrato de oxitetraciclina IU

foi de 63% (n=73), sendo superior ao antisséptico testado policresuleno 4% (n= 69).

O tratamento de metrite puerperal tóxica com 6 g de oxitetraciclina intra-uterino a

cada 48 h com associação de penicilina procaína (22.000 UI/ kg) por 5 dias foi tão

eficiente quanto o tratamento com 2,2 mg/kg de ceftiofur sódico por 5 dias e a

penicilina procaína somente por 5 dias (n=51) (SMITH et al., 1998). O tratamento

com 5 g de clortetraciclina intra-uterino na forma de velas uterinas duas vezes por

semana por duas semanas foi efetivo no tratamento de metrite clínica; taxas de

concepção à primeira inseminação foram maiores que o grupo controle não tratado,

dias em aberto foi menor e vacas tratadas produziram mais leite que vacas não

Page 34: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

34

tratadas com metrite clínica (GOSHEN & SHPIGEL, 2006). No entanto, para

tratamento de vacas com retenção de placenta esse protocolo não foi eficiente,

possivelmente isso se deva `a ação anti-inflamatória das tetraciclinas. Tetraciclinas

são potentes inibidoras de metaloproteinases de matriz e óxido nítrico sintase

induzível que são conhecidas por mediar e controlar a inflamação e a resposta

imune (KAITU’U et al., 2005; HOYT et al., 2006). No entanto, a separação da

placenta é dependente da adequada ação das células de defesa, enzimas

proteolíticas e atividade microbiana (DAVIES et al., 2004).

Apesar de a oxitetraciclina ser amplamente utilizada para o tratamento de

infecções uterinas, no estudo de SHELDON et al. (2004b) houve resistência de

cepas de A. pyogenes e E.coli isoladas de útero com endometrite e metrite e as

cefalosporinas testadas (Ceftiofur e cefquinoma) foram mais eficazes (menor

concentração inibitória mínima) que a oxitetraciclina em todas as cepas testadas de

A. pyogenenes e E.coli. O mecanismo de resistência a oxitetraciclina se deve à

herança genética dos plasmídeos (FOSTER, 1983).

Solventes e agentes mucolíticos vêm sendo adicionados nos flluídos de

lavagem uterina em éguas na tentativa de eliminar o exsudato, muco ou biofilme

(LEY et al., 1989; LEBLANC, 2010 ). O lauril dietileno glicol éter sulfato de sódio tem

como propriedade principal a capacidade de reduzir a tensão superficial de um meio

em relação ao outro, por esta razão, fluidifica as secreções espessas favorecendo a

eliminação. É muito utilizado na clínica veterinária na limpeza de feridas infectadas,

abscessos e como ceruminolítico (VETNIL, 2010). No entanto, para nosso

conhecimento, não há na literatura informações sobre o uso deste fluidificador de

secreção em associação com oxitetraciclina IU no tratamento de endometrite. Os

tensoativos aniônicos, ou detergentes aniônicos como o lauril dietileno glicol éter

sulfato de sódio são comumente utilizados na odontologia como solução de limpeza

oral, sem apresentar atividade antimicrobiana (SEABRAL et al., 2005). No entanto,

quando sozinho (JENKINS et al., 1991) ou combinado com o antisséptico triclosano

inibe a formação do biofilme bacteriano ou placa dentária (WAALER et al., 1993).

Page 35: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

35

2.10. Resíduos de antibióticos no leite

Para a indústria, o leite contaminado com antibióticos pode resultar na perda de

produtos derivados do leite, devido à inibição do crescimento das culturas, e causar

graves prejuízos econômicos (BRADY & KATZ, 1988). Além disso, os resíduos de

antibióticos constituem um perigo potencial para o consumidor, pois podem causar

reações alérgicas, interferir com a flora intestinal e induzir populações resistentes de

bactérias, tornando, assim, tratamentos com antibióticos ineficazes em humanos

(DEWDNEY et al., 1991; CURRIE et al., 1998).

A redução do uso de antimicrobianos nos animais é objetivo para os Governos

da União Européia. No Brasil, a Instrução Normativa nº 51 exige a pesquisa

periódica de resíduos de antibióticos em leite, que não devem ser superiores aos

Limites Máximos de Resíduos (Resolução RDC no. 253, 2003), que para

oxitetraciclina é de 100µg/kg de leite (ANVISA, 2003).

FARAD (Food Animal Residue Avoidance & Depletion Program/ Projeto dos

EUA para Evitar Resíduos em Alimentos de Origem Animal) recomenda o descarte

do leite por 196 horas após administração de oxitetraciclina na dose de 20 mg/kg via

parenteral (SCOTT et al., 2003). Para uso intra-uterino, recomenda-se o descarte do

leite por 168 horas após administração de doses de até 2 g de oxitetraciclina,

entretanto vários estudos sugerem que após administração de até 2 g de

oxitetraciclina, o descarte do leite por 72 horas é suficiente para diminuir os resíduos

no leite para níveis abaixo do limite mínimo recomendado (ANDERSON et al., 1995;

DINSMORE et al., 1996; RONCADA et al., 2000). Esses períodos de descarte se

aplicam somente às formulações aquosas de oxitetraciclina. Recomenda-se que

seja testado o leite após a administração intra-uterina, pois há variação individual na

eliminação desse antibiótico no leite (SCOTT et al., 2003). Para abate, recomenda-

se 28 dias de carência após última administração de 2 g de oxitetraciclina intra-

uterina (SCOTT et al., 2003).

Estudos demonstram que o período médio em que resíduos de oxitetraciclina

podem ser detectados no leite varia de 24h, 32 h, 24-48h e 60-72h (MILLER &

BERGT, 1976; DONEV et al., 1989; GIRARDI et al., 1988; RONCADA et al., 2000).

Entretanto, períodos maiores de eliminação já foram relatados. O estudo de TAN et

al. (2007), com uma única infusão intra-uterina de oxitetraciclina 5 g resultou em

Page 36: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

36

resíduo no leite detectável entre um e oito dias. As vacas que receberam mais de

uma infusão permaneceram até 11 dias após o último tratamento eliminando

oxitetraciclina no leite acima do limite máximo de resíduos. A oxitetraciclina (3g) na

forma sólida ou de vela uterina é absorvida lentamente no útero de vacas no

puerpério (RONCADA et al., 2000).

Essas variações na eliminação podem ser consideradas influência direta da

cinética plasmática da oxitetraciclina, que é fortemente influenciada pela formulação

utilizada (GIRARDI, 1991, RONCADA et al., 2000) e dias pós-parto em que o

tratamento IU foi conduzido nos animais (RONCADA et al., 2000). A absorção de

oxitetraciclina parece ser influenciada pelo intervalo entre o parto e a administração

do antibiótico (KANEENE et al, 1986;. GIRARDI, 1991). RONCADA et al. (2000)

sugerem que uma absorção limitada no útero pode induzir a permanência

prolongada do antibiótico em altas concentrações in situ, com consequente

otimização dos seus efeitos farmacológicos.

O ensaio de cloreto de tetrazólio, inibidor antimicrobiano, como Delvotest pode

fornecer informações confiáveis sobre os resíduos de oxitetraciclina em amostras de

leite (TAN et al., 2007). Kang et al. (2005) relataram que o tratamento térmico de

amostras de leite em 82°C por cinco minutos reduziu reações falso-positivas

causadas por inibidores naturais presentes nesses testes. No entanto, a

Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (HPLC) é o teste padrão para confirmação

de resíduo de oxitetraciclina pelos laboratórios credenciados pela Agência Nacional

de Segurança Sanitária (ANVISA), após triagem pela técnica de Imunoensaio

(ELISA) pelo kit comercial SNAP-TEST (ANVISA, 2005).

Page 37: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

37

6. References

[1] Borsberry S, Dobson H. Periparturient diseases and their effect on reproductive

performance in five dairy herds. Vet Rec 1989;124:217-9.

[2] Sheldon IM, Lewis GS, LeBlanc S, Gilbert RO. Defining postpartum uterine

disease in cattle. Theriogenology 2006;65:1516–30.

[3] Dubuc J, Duffield TF, Leslie KE, Walton JS, Leblanc, S.J. Definitions and

diagnosis of postpartum endometritis in dairy cows. J Dairy Sci 2010; 93:5225–33.

[4] Gilbert RO Uterine Disease in the Postpartum Period. 15th International

Congress on Animal Reproduction. Brazilian College of Animal Reproduction, Porto

Seguro, Brazil; 2004. p. 66–73.

[5] Kasimanickam R, Duffield TF, Foster RA, Gartley CJ, Leslie KE, Walton JS, et al.

Endometrial cytology and ultrasonography for the detection of subclinical

endometritis in postpartum dairy cows. Theriogenology 2004;62: 9–23.

[6] Kasimanickam R, Duffield TF, Foster RA, Gartley CJ, Leslie KE, Walton JS, et al.

A comparison of the cytobrush and uterine lavage techniques to evaluate

endometrial cytology in clinically normal postpartum dairy cows. Can J Vet Res

2005,46:255-9.

Page 38: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

38

[7] Leblanc SJ Special Issue: Production diseases of the transition cow. Postpartum

uterine diseases and dairy herd reproductive performance: A review. Vet J

2008;176:102–14.

[8] Mee JF, Buckley F, Ryan D, Dillon P. Pre-breeding ovaro-uterine ultrasonography

and its relationship with first service pregnancy rate in seasonal-calving dairy herds.

Reprod Domest Anim 2009;44:331–7.

[9] Plontzke J, Madoz LV, De la Sota RL, Heuwieser W, Drillich M. Prevalence of

Clinical Endometritis and its Impact on Reproductive Performance in Grazing Dairy

Cattle in Argentina. Reprod Domest Anim 2011;46:520–6.

[10] Huszenicza GY, Fodor M, Gacs M, Kulcsar M, Dohmen MJW, Vamos M, et al.

Uterine bacteriology, resumption of cyclic ovarian activity and fertility in postpartum

cows kept in large-scale dairy herds. Reprod Domest Anim 1999;34:237–45.

[11] Leblanc SJ, Duffield TF, Leslie KE, Bateman KG, Keefe GP, Walton JS, et al.

Defining and diagnosing postpartum clinical endometritis, and its impact on

reproductive performance in dairy cows. J Dairy Sci 2002;85:2223–36.

[12] Gilbert RO, Shin ST, Guard, CL, Erb HN, Frajblat M. et al. Prevalence of

endometritis and its effects on reproductive performance of dairy cows.

Theriogenology 2005;64:1879–88.

Page 39: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

39

[13] Sheldon IM, Cronin J, Goetze L, Donofrio G, Shuberth HJ. Defining Postpartum

Uterine Disease and the Mechanisms of Infection and Immunity in the Female

Reproductive Tract in Cattle. Biol Reprod 2009;81:1025–32.

[14] Galvão KN, Greco LF, Vilela JM, Sá Filho MF, Santos JEP. Effect of intrauterine

infusion of ceftiofur on uterine health and fertility in dairy cows. J Dairy Sci 2009;

92(4):1532–42.

[15] Goshen T, Shipigel NY. Evaluation of intrauterine antiobiotic treatment of clinical

and retained fetal membranes in dairy cows. Theriogenology 2006;66:2210-8.

[16] Leblanc SJ, Duffield TF, Leslie KE, Bateman KG, Keefe GP, Walton JS, et al.

The effect of treatment of clinical endometritis on reproductive performance in dairy

cows. J Dairy Sci 2002;85:2237–49.

[17] Thurmond MC, Jameson CM, Picanso JP. Effect of intrauterine antimicrobial

treatment in reducing calving-to-conception interval in cows with endometritis. J Am

Vet Med Assoc 1993;203:1576–8.

[18] Bretzlaff KN, Ott RS, Koritz GD, Bevill RF, Gustafsson BK, Davis LE. Distribution

of oxytetracycline in genital tract tissues of postpartum cows given the drug by

intravenous and intrauterine routes. Am J Vet Res 1983;44:760-9.

Page 40: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

40

[19] Galvão K. Identifying & Treating Uterine Disease. 84th Annual Western

Veterinary Conference, February 19-23. Mandalay Bay Resort & Casino Las Vegas,

Nevada, EUA, 2012, p. 21-29.

[20] Code of Federal Regulations, U.S.A., Commission Regulation No. 508/1999

(2005). Available from:

http://eurlex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=OJ:L:1999:060:0016:0052:EN:

PDF

[21] Sheldon IM, Noakes DE. Comparison of three treatments for bovine

endometritis. Vet Rec 1998;142:575–9.

[22] Gilbert RO. Bovine endometritis: the burden of proof. Cornell Veterinarian

1992;82:11–4.

[23] Runciman DJ, Anderson GA, Malmo J, Davis GM. Use of postpartum

vaginoscopic (visual vaginal) examination of dairy cows for the diagnosis of

endometritis and the association of endometritis with reduced reproductive

performance. Aust Vet J 2009;86:205–13.

[24] Mcdougall S. Effect of intrauterine antibiotic treatment on reproductive

performance of dairy cows following periparturient disease. Vet J Veterinary Journal

2001;49:150–8.

Page 41: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

41

[25] VETNIL [Internet]. Tergenvet Produtos. Brazil, 2010. Available from:

http://www.vetnil.com.br/detalhe_produtos.php?id=225

[26] Fissore RA. The Use of Ultrasonography for the Study of the Bovine

Reproductive Tract II. Non-Pregnant, Pregnant and Pathological Conditions of the

Uterus. Anim Reprod Sci 1986;12:167-77.

[27] Cordeiro JLF, Barros SS, Neves JP. Avaliação Histopatológica do Endométrio

de Vacas Leiteiras com Catarro Genital. Rev Bras Rep Anim 1989;13(1):7-14. Brazil.

Optional translation of article title: [Histopathological Evaluation of the Endometrium

in Dairy Cows with genital discharge].

[28] Kenney RM. Cyclic and pathologic changes of the mare endometrium as

detected by biospy, with note on early embryonic death. J Am Vet Med Assoc

1978;172:241-62.

[29] ANVISA, Resolução RDC no 253, de 16 de setembro de 2003. Cria Programa de

Análise de Resíduos de Medicamentos Veterinários em Alimentos de Origem Animal

- PAMVet. Diário Oficial da União, Brasília, Seção 1, 2003, p. 90-91.

[30] Salasel B, Mokhtari A, Taktaz T. Prevalence, risk factors for and impact of

subclinical endometritis in repeat breeder dairy cows. Theriogenology 2010;

4(7):1271-8.

Page 42: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

42

[31] Murray RD, Allison JD, Gard RP. Bovine endometritis: comparative efficacy of

alfaprostol and intrauterine therapies, and other factors influencing clinical success.

Vet Rec 1990;127:86–90.

[32] Brooks G. Comparison of two intrauterine treatments for bovine endometritis. Vet

Rec 2000;146(1):25.

[33] Barlund CS, Carruthers TD, Waldner CL, Palmer CW. A comparison of

diagnostic techniques for postpartum endometritis in dairy cattle. Theriogenology

2008;69:714–23.

[34] Seguin BE, Morrow DA, Oxender ND. Intrauterine therapy in the cow. J Am Vet

Med Assoc 1974;164(6):609-12.

[35] Steffan J, Agric M, Adriamanga S, Thibier M. Treatment of metritis with

antibiotics or prostaglandin F2. and influence of ovarian cyclicity in dairy cows. Am J

Vet Res 1984;45:1090-4.

[36] Sutton D, Watson CL, Lohuis JACM, Dohmen MJW. Comparative clinical cure of

subacute/chronic endometritis in dairy cows after intra-uterine infusion of Metrijet

Super or Metrijet 1500 or after non-treatment. Cattle Pract 1996; 4:321.

[37] Gautam G, Nakao T, Koike K, Long ST, Yusuf M, Ranasinghe RMSBK, et al.

Spontaneous recovery or persistence of postpartum endometritis and risk factors for

its persistence in Holstein cows. Theriogenology 2010;73:168–179.

Page 43: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

43

[38] Dubuc J, Duffield TF, Leslie KE, Walton JS, Leblanc SJ. Randomized clinical trial

of antibiotic and prostaglandin treatments for uterine health and reproductive

performance in dairy cows. J Dairy Sci 2011;94:1325–38.

[39] Drillich M, Kaufmann T, Raab D, Lenz M, Heuwieser W. Comparison of new

techniques for the diagnosis of chronic endometritis in dairy cattle. In: Poster

abstract, the proceedings of the World Buiatrics Congress; 2004.p. 42.

[40] Miller HV, Kimsey PB, Kendrick JW, Darien B, Doering L, Franti C, et al.

Endometritis of dairy cattle: diagnosis, treatment and fertility. Bovine Pract

1980;5:13–23

[41] Bonnett BN, Martin SW, Meek AH. Associations of clinical findings,

bacteriological and histological results of endometrial biopsy with reproductive

performance of postpartumdairy cows. Prev Vet Med 1993;15:205–20.

[42] Chapwanya A, Meade KG, Narciandi F, Stanley P, Mee JF, Doherty ML, et al.

Endometrial biopsy: a valuable clinical and research tool in bovine reproduction.

Theriogenology 2010;73:988–94.

[43] Etherington WG, Martin SW, Bonnett B, Johnson WH, Miller RB, Savage NC, et

al. Reproductive performance of dairy cows following treatment with cloprostenol 26

and/or 40 days postpartum: A field trial. Theriogenology 1988;29:565–75.

Page 44: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

44

[44] Bonnett BN, Miller RB, Etheringthon WG, Martin SW, Johnson WH. Endometrial

biopsy in Holstein-Friesian dairy cows-I. Technique, histological criteria and results.

Canadian Journal of Veterinary Research 1991;55:155–61.

[45] Scott RRH, Ronette G, Michael AP, Craigmill AL, Webb AI, Baynes RE, et al.

Update on FARAD food animal drug withholding recommendations. Vet Med Today:

FARAD Digest. J Am Vet Med Assoc 2003;223:9.

[46] Anderson KL, Moats WA, Rushing JE, Wesen DP, Papich MG. Potential for

oxytetracycline administration by three routes to cause milk residues in lactating

cows, as detected by radioimmunoassay (Charm II) and high-performance liquid

chromatography test methods. 1995;56(1):70-77.

[47] Dinsmore RP, Steven RD, Cattell MB, Salman MD, Sundlof SF. Oxytetracycline

residues in milk after intrauterine treatment of cows with retained fetal membranes. J

Am Vet Med Assoc 1996;209(10):1753–5.

[48] Roncada P, Ermini L, Schleuning A, Stracciari GL, Strocchia A. Pharmacokinetic

and residual behavior in milk of oxytetracycline in cows following administration of

uterine pessaries.J Vet Pharm Therap 2000;23:281–5.

[49] Girardi C. Trattamenti per via endouterina nella bovina. Praxis 1991;12:12–3.

Page 45: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

45

4. CONCLUSÕES

O tratamento de endometrite leve e moderada com oxitetraciclina ou a

associação de oxitetraciclina com o fluidificante de secreções Dietilenoglicol Lauril

Éter Sulfato de Sódio foi mais eficaz no tratamento de endometrite diagnosticada por

US e exame vaginal; no entanto, o mesmo não foi observado comparando vacas

com endometrite na citologia e os graus de biópsia uterina antes e após tratamento.

Este estudo também demonstrou a importância da citologia e da biópsia uterina para

o diagnóstico de endometrite. Mais estudos devem ser realizados para avaliar as

taxas de cura e as taxas de prenhez após tratamentos com antibióticos intra-

uterinos. O descarte do leite por 48 horas é recomendado após o tratamento intra-

uterino com 3 gramas de oxitetraciclina.

Page 46: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

46

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AHMADI, M.R. et al. Comparative cervical cytology and conception rate in postpartum dairy cows. Veterinarski Arhiv, v. 76, p. 323-332, 2006. ANDERSON, K.L. et al. Potential for oxytetracycline administration by three routes to cause milk residues in lactating cows, as detected by radioimmunoassay (Charm II) and high-performance liquid chromatography test methods. American Journal of Veterinary Research, v.56, n.1, p.70-77, 1995. ANDRADE, J.R.A. Estudo epidemiológico de problemas reprodutivos em rebanhos bovinos na bacia leiteira de Goiânia. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.57, n.6, p.720-725, 2005. ANVISA, Resolução RDC no 253, de 16 de setembro de 2003. Cria Programa de Análise de Resíduos de Medicamentos Veterinários em Alimentos de Origem Animal - PAMVet. Diário Oficial da União, Brasília, Seção 1, p. 90-91, 18 set. 2003. ANVISA, Programa de Análise de Resíduos de Medicamentos Veterinários em Alimentos de Origem Animal - PAMVet - Relatório 2002/2003 - Monitoramento de Resíduos em Leite Exposto ao Consumo, Gerência-Geral de Alimentos – GGALI, Gerência de Ações de Ciência e Tecnologia de Alimentos – GACTA, 2005. Disponível online: <http://www.anvisa.gov.br/alimentos/pamvet/relatorio_02_03.pdf>.Acessado em 10 de janeiro de 2011. AKIRA, S. et al. Pathogen recognition and innate immunity. Cell, v.124, p. 783–801, 2006. AZAWI, O.I. Postpartum uterine infection in cattle. Animal Reproduction Science, v.105, p.187-208, 2008. BALOGH, O.G. et al. The Possible Effect of Metritis on Formation of Irregular Corpus Luteum (CL) Forms in Postpartum Dairy Cows. Biology of Reproduction, v.78, Meeting Abstracts 469, 2008. BARLUND, C.S et al. A comparison of diagnostic techniques for postpartum endometritis in dairy cattle. Theriogenology, v.69, p.714–723, 2008.

Page 47: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

47

BARTLETT, P.C. et al. Metritis complex in Michigan Holstein–Friesian cattle: incidence descriptive epidemiology and estimated economic impact. Preventive Veterinary Medicine, v.4, p.235-248, 1986. BEUTLER B. Inferences, questions and possibilities in Toll-like receptor signalling. Nature, v. 430, p.257–263, 2004. BONNETT, B. N. et al. Endometrial biopsy in Holstein-Friesian dairy cows-I. Technique, histological criteria and results. Canadian Journal of Veterinary Research, v. 55, p. 155–161, 1991a BONNETT, Endometrial biopsy in Holstein-Friesian dairy cows. II. Correlations between histological criteria. Canadian Journal of Veterinary Research, v. 55, n. 2, p.162–167, 1991b. BONNETT, B.N. et al. Endometrial biopsy in Holstein–Friesian dairy cows. III. Bacteriological analysis and correlations with histological findings. Canadian Journal of Veterinary Research, v.55, p.168–173, 1991c. BONNETT, B.N. et al. Associations of clinical findings, bacteriological and histological results of endometrial biopsy with reproductive performance of postpartumdairy cows. Preventive Veterinary Medicine, v.15, p.205–220, 1993. BONDURANT, R. H. Inflammation in the bovine female reproductive tract. Journal of Animal Science, v.77, n.2, p.101–110, 1999. Disponível online: <http://jas.fass.org/content/77/suppl_2/101.citation> Acessado em 15 de janeiro de 2011. BORSBERRY, S.; DOBSON, H. Periparturient diseases and their effect on reproductive performance in five dairy herds. Veterinary Record, v.124, p. 217–219, 1989. BRADY, M.S.; KATZ, S.E. Antibiotic/antimicrobial residues in milk. Journal of Food Protection, v.51, p.8-11, 1988. BRANDT, G.W.; MANNING, J.P. Improved uterine biopsy technics for diagnosing infertility in the mare. Veterinary Medicine & Small Animal Clinician, v. 64, p. 977–83, 1969.

Page 48: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

48

BRETZLAFF, K.N. et al. Distribution of oxytetracycline in genital tract tissues of postpartum cows given the drug by intravenous and intrauterine routes. American Journal of Veterinary Research, v. 44, p.760-769, 1983. BRETZLAFF, K.N. Factors of importance for the disposition of antibiotics in the female genital tract. In: Morrow, D.A. (Ed.), Current Therapy of Theriogenology. W.B. Saunders Co., Philadelphia, PA, p.34–47, 1986. BRETZLAFF, K.N. Rationale for treatment of endometritis in the dairy cow. Veterinary Clinics of North America: Food Animal Practice, v. 3, p.593–607, 1987. BRITTON, B.A. Endometrial change in the annual reproductive cycle of the mare. Journal of Reproduction and Fertility, Supplement, v. 32, p. 175–80, 1982. BROOKS, G. Comparison of two intrauterine treatments for bovine endometritis. Veterinary Record, v.146, n.1, p.25, 2000. doi: 10.1136/vr.146.1.25 BUTT, B.M. et al. Neutrophil migration into bovine uterine lumen following intrauterine inoculation with killed Haemophilus somnus. Journal of Reproduction and Fertility, v.93, p.341–345, 1993. CAIROLI, F. et al. Efficiency of oxytetracycline-benzydamine in the prevention of infection after placental retention in cattle. Veterinary Record, v.133, p.394–395, 1993. CALLAHAN, C.J.; HORSTMAN, L.A. Treatment of early postpartum metritis in a dairy herd: response and subsequent fertility. Bovine Practitioner, v. 22, p.124–128, 1987. CHAUDHERY, S.K. et al. Administration of experimentally induced metritis condition in buffaloes. Theriogenology, v.28, p.961–969, 1987. CHAPWANYA, A. et al. Endometrial biopsy: a valuable clinical and research tool in bovine reproduction. Theriogenology, v.73, p.988–994, 2010. Code of Federal Regulations, U.S.A., Commission Regulation No. 508/1999 (2005). Available from: http://eurlex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=OJ:L:1999:060:0016:0052:EN:PDF

Page 49: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

49

CORDEIRO, J. L. F. et al. Avaliação Histopatológica do Endométrio de Vacas Leiteiras com Catarro Genital. Revista Brasileira de Reprodução Animal, v. 13. N. 1, p. 7-14, 1989. CORREA, M.T. et al. Path analysis for seven postpartum disorders of Holstein cows. Journal of Dairy Science, v.76, p.1305–12, 1993 CURRIE, D. et al. Evaluation of modified EC four-plate method to detect antimicrobial drugs. Food Additives and Contaminants, v.15, p.651-660, 1998. DAVIES, C.J. Major histocompatibility antigen expression on the bovine placenta: its relationship to abnormal pregnancies and retained placenta. Animal Reproduction Science, v.82–83, p.267–80, 2004. DINSMORE, RP. et al. Oxytetracycline residues in milk after intrauterine treatment of cows with retained fetal membranes. Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 209, n.10, p.1753–1755, 1996. DONEV, B. et al. Uterine absorbtion and migration into milk of tylosin, oxytetracycline and nitroxiline after intrauterine administration in cows. Veterinarna Sbirka, v.87, p.38–41, 1989. DOHMEN, M.J.W. et al. The relationship between bacteriological and clinical findings in cows with subacute/chronic endometritis. Theriogenology, v. 43, p.1379–1388, 1995. DONLAN, R.M., COSTERTON, J.W. Biofilms: survival mechanisms of clinically relevant microorganisms. Clinical Microbiology Review, v.15, p. 167–193, 2002. DONOFRIO, G. et al. Bovine herpesvirus 4 is tropic for bovine endometrial cells and modulates endocrine function. Reproduction, v.134, p.183–197, 2007. DUBUC, J. et al. Definitions and diagnosis of postpartum endometritis in dairy cows. Journal of Dairy Science, v.93, p.5225–5233, 2010. doi: 10.3168/jds.2010-3428 DUBUC, J. et al. Effects of postpartum uterine diseases on milk production and culling in dairy cows. Journal of Dairy Science, v. 94, n.3, p.1339–1346, 2011a. doi: 10.3168/jds.2010-3758

Page 50: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

50

DUBUC, J. et al. Randomized clinical trial of antibiotic and prostaglandin treatments for uterine health and reproductive performance in dairy cows. Journal of Dairy Science, v. 94, p. 1325–1338, 2011b. doi: 10.3168/jds.2010-3757. DEWDNEY, J. M. et al. Risk assessment of antibiotic residues of beta-lactams and macrolides in food products with regard to their immunoallergic potential. Food and Chemical Toxicology, v. 29, p.477-483, 1991. DRILLICH M. et al. Comparison of new techniques for the diagnosis of chronic endometritis in dairy cattle. In: Poster abstract, the proceedings of the World Buiatrics Congress; 2004.p. 42. ELLIOTT, L. et al. Uterus of the cow after parturition: bacterial content. American Journal of Veterinary Research, v. 29, p.77–81, 1968. ETHERINGTON, W. G. et al. Reproductive performance of dairy cows following treatment with cloprostenol 26 and/or 40 days postpartum: A field trial. Theriogenology, v.29, p.565–575, 1988. FISSORE RA. The Use of Ultrasonography for the Study of the Bovine Reproductive Tract II. Non-Pregnant, Pregnant and Pathological Conditions of the Uterus. Anim Reprod Sci, 1986;12:167-77. FOSTER,T. J. Plasmid-determined resistance to antimicrobial drugs and toxic metal ions in bacteria. Microbiological Reviews, v.47, p.361-409, 1983. FRANK, T. et al. Phagocytosis in the uterus: a review. Theriogenology, v.20, p.103–110, 1983. FREDRIKSSON, G. et al. Intrauterine bacterial findings and release of PGF2 in the postpartum dairy cow. Zentralblatt für Veterinärmedizin Reihe A, v.32, p.368–380, 1985. doi: 10.1111/j.1439-0442.1985.tb01953.x GALVÃO K. Identifying & Treating Uterine Disease. 84th Annual Western Veterinary Conference, February 19-23. Mandalay Bay Resort & Casino Las Vegas, Nevada, EUA, 2012, p. 21-29. GALVÃO, K.N. et al. Effect of intrauterine infusion of ceftiofur on uterine health and fertility in dairy cows. Journal of Dairy Science, v.92, n.4, p. 1532–1542, 2009. doi: 10.3168/jds.2008-1615

Page 51: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

51

GALVÃO, K.N. et al. Association between uterine disease and indicators of neutrophil and systemic energy status in lactating Holstein cows. Journal of Dairy Science, v. 93,n. 7, p. 2926–2937, 2010. doi: 10.3168/jds.2009-2551. GAUTAM, G. et al. Spontaneous recovery or persistence of postpartum endometritis and risk factors for its persistence in Holstein cows. Theriogenology, v. 73, p. 168–179, 2010. doi:10.1016/j.theriogenology.2009.08.010 GILBERT, R.O. Bovine endometritis: the burden of proof. Cornell Veterinarian, v.82, p.11–14, 1992. GILBERT, R.O.; SCHWARK, W.S. Pharmacologic considerations in the management of peripartum conditions in the cow. Veterinary Clinics of North America: Food Animal Practice, v.8, p.29–56, 1992. GILBERT, R.O. et al. Effects of aseptic inflammation on development of bovine embryos in vivo and in vitro. In: Proceedings of the Annual Meeting of the Society for Theriogenology, p. 312, 1995. GILBERT, R.O. et al. Incidence of endometritis and effects on reproductive performance of dairy cows. Theriogenology, v.49, p.251, 1998. GILBERT, R.O. Uterine Disease in the Postpartum Period. 15th International Congress on Animal Reproduction. Brazilian College of Animal Reproduction, Porto Seguro, Brazil, p.66–73, 2004. GILBERT, R.O. et al. Prevalence of endometritis and its effects on reproductive performance of dairy cows. Theriogenology, v.64, p.1879–1888, 2005. GIRARDI, C. et al. Farmacocinetica e biodisponibilitá sistemica di diverse preparazioni a base di ossitetraciclina somministrate per via endouterina in vacche da latte. Atti della Societa` Italiana di Buiatria, p.383–402, 1988. GIRARDI, C.R.G. et al. Blood kinetic of sulfamonomethoxine and oxytetracycline following intrauterine spray injection in dairy cows. Pharmacological Research, v.22, p.79–86, 1990. GIRARDI, C. Trattamenti per via endouterina nella bovina. Praxis, v.12, p.12–13, 1991.

Page 52: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

52

GOFF, J.P.; HORST, R. L. Physiological changes at parturition and their relationship to metabolic disorders. Journal of Dairy Science, Champaign, v. 80, p.1260-1268, 1997. GOSHEN, T.; SHPIGEL, N.Y. Evaluation of intrauterine antibiotic treatment of clinical metritis and retained fetal membranes in dairy cows. Theriogenology, v.66, p.2210–2218, 2006. doi:10.1016/j.theriogenology.2006.07.017 GRIFFIN, J.F.T. et al. Non-specific uterine infection and bovine fertility. I. Infection patterns and endometritis during the first seven weeks post-partum. Theriogenology, v.1, p.91–106, 1974. GUSTAFSSON, B.K. Therapeutic strategies involving antimicrobial treatment of the uterus in large animals. Journal of American Veterinary Medical Association, v.185, p.1194–1198, 1984. HAN, I.K.; KIM, I.H. Risk factors for retained placenta and the effect of retained placenta on the occurrence of postpartum diseases and subsequent reproductive performance in dairy cows. Journal of Veterinary Science, v.6, p.53–59, 2005. HARRISON, J.H. et al. Effect of prepartum selenium treatment on uterine involution in the dairy cow. Journal of Dairy Science, v.69, p.1421–1425, 1986. doi:10.3168/jds.S0022-0302(86)80550-1 . HERATH, S. et al. Bacterial lipopolysaccharide induces an endocrine switch from prostaglandin F2a to prostaglandin E2 in bovine endometrium. Endocrinology, v.150, p.1912–1920, 2009. HOYT, J.C. et al. Doxycycline modulates nitric oxide production in murine lung epithelial cells. Journal of Immunology, v.176, p.567–72, 2006. HUSSAIN, A.M. Bovine uterine defense mechanisms: a review. Journal of Veterinary Medicine Series B, v.36, p. 641–651, 1989. HUSZENICZA, G.Y. et al. Uterine bacteriology, resumption of cyclic ovarian activity and fertility in postpartum cows kept in large-scale dairy herds. Reproduction in Domestic Animals, v.34, p.237–245, 1999. doi: 10.1111/j.1439-0531.1999.tb01246.x INGVARTSEN, K.L. Feeding- and management-related diseases in the transition cow: Physiological adaptations around calving and strategies to reduce feeding-related diseases. Animal Feed Science and Technology, v. 126, n.3-4, p.175-213, 2006. doi: 10.1016/j.anifeedsci.2005.08.003

Page 53: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

53

JANEWAY Jr C.A. et al. Infectious agents and how they cause disease. In: Immunobiology: the immune system in health and disease. New York: Garland Publishing, p.382–388, 2001. JENKINS, S. et al. Triclosan and sodium lauryl sulphate mouthrinses. (II). Effects of 4-day plaque regrowth. Journal of Clinical Periodontology, v.18, n.2, p.145-148, 1991. KACZMAROWSKI, M.; MALINOWSK, E.; MARKIEWICZ, H. Influence of various treatment methods on bacteriological findings in cows with puerperal endometritis. Polish Journal of Veterinary Sciences, v.7, p.171–174, 2004. KAITU’U, TU.J. Matrix metalloproteinases in endometrial breakdown and repair: functional significance in a mouse model. Biology of Reproduction, v. 73, p.672–80, 2005. KANEENE, J.B. et al. Drug residues in milk after intrauterineinjection of oxytetracycline, lincomycin-spectinomycin, and povidoneiodinein cows with metritis. American Journal of Veterinary Research, v.47, p.1363–1365, 1986. KANG, J.H. et al. False-positive outcome and drug residue in milk samples over withdrawal times. Journal of Dairy Science, v.88, p.908-913, 2005. KAUFMANN, T.B. et al. Systemic antibiotic treatment of clinical endometritis in dairy cows with ceftiofur or two doses of cloprostenol in 14-d interval. Animal Reproduction, v.121, n.1, p.55-62, 2010. doi:10.1016/j.anireprosci.2010.04.190 KASIMANICKAM, R. et al. Endometrial cytology and ultrasonography for the detection of subclinical endometritis in postpartum dairy cows. Theriogenology, v.62, p.9–23, 2004. KASIMANICKAM, R. et al. A comparison of the cytobrush and uterine lavage techniques to evaluate endometrial cytology in clinically normal postpartum dairy cows. Canadian Journal of Veterinary Research, v. 46, p. 255-259, 2005a. KASIMANICKAM, R. et al. The effect of a single administration of cephapirin or cloprostenol on the reproductive performance of dairy cows with subclinical endometritis. Theriogenology, v. 63, p. 818–830, 2005b.

Page 54: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

54

KEHRLI, M.E. Jr. et al. Alterations in bovine neutrophil function during the periparturient period. American Journal of Veterinary Research, v.50, n.2, p.207-214, 1989. KENNEY, R.M. Cyclic and pathologic changes of the mare endometrium as detected by biospy, with note on early embryonic death. Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 172, p. 241-262, 1978. KIM, I.H.; KANG, H.G. Risk factors for postpartum endometritis and the effect of endometritis on reproductive performance in dairy cows in Korea. Journal of Reproduction and Development, v.49, p. 485–91, 2003. KONIGSSON, K. et al. primiparous cows with induced retained placenta and postpartal endometritis. Reproduction in Domestic Animals, v.36, p.247, 2001. KRISTULA, M.A.; BARTHOLOMEW, R. Evaluation of prostaglandin F2a treatment in dairy cows at risk for low fertility after parturition. Journal of the American Veterinary Medical Association, v.212, p.702–704, 1998. LEBLANC, S.J. et al. Defining and diagnosing postpartum clinical endometritis, and its impact on reproductive performance in dairy cows. Journal of Dairy Science, v.85, p.2223–2236, 2002a. LEBLANC, S.J. et al. The effect of treatment of clinical endometritis on reproductive performance in dairy cows. Journal of Dairy Science, v.85, p. 2237–2249, 2002b. LEBLANC, S.J. Special Issue: Production diseases of the transition cow. Postpartum uterine diseases and dairy herd reproductive performance: A review. Veterinary Journal; v.176, n.1, p.102–114, 2008. doi:10.1016/j.tvjl.2007.12.019 LEBLANC, M.M. Advances in the Diagnosis and Treatment of Chronic Infectious and Post-Mating Induced Endometritis in the Mare. Reproduction in Domestic Animals, v.45, n.2, p.21-27, 2010. doi:10.1111/j.1439-0531.2010.01634.x ISSN 0936-6768 LEBLANC, S.J. et al. Reproductive tract defense and disease in postpartum dairy cows. Theriogenology, v. 76, n. 9, p. 1610-1618, 2011. doi:10.1016/j.theriogenology.2011.07.017 LEWIS, G.S. Steroidal regulation of uterine immune defenses. Animal Reproduction Science, 82/83, p.281–294, 2004. doi:10.1016/j.anireprosci.2004.04.026

Page 55: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

55

LEY, W.B. et al. Dimethyl sulfoxide intrauterine therapy in the mare: effects upon endometrial histological features and biopsy classification. Theriogenology, v.32, p.263–276, 1989. MALINOWSK, E. et al. The use of gynobiotic in therapy and prophylaxis of endometritis in cows. In: Proceedings 5th Middle-European Buiatrics, CO, Poland, p. 165–169, 2004. MALLARD, B.A. et al. Alteration in Immune Responsiveness during the Peripartum Period and Its Ramification on Dairy Cow and Calf Health. Journal of Dairy Science, v.81, n.2, p.585-595, 1998. doi: 10.3168/jds.S0022-0302(98)75612-7 MARION, G.B., GIER, H.T. Histological and cytological changes in the bovine uterine epithelium. Journal of Animal Science, v. 18, p.1552–1553, 1959. MARKUSFELD O. Periparturient traits in seven high dairy herds. Incidence rates, association with parity, and interrelationships among traits. Journal of Dairy Science, v.70, p. 158–66, 1987. MARQUES JÚNIOR, A.P. Tratamento de infecções uterinas na vaca: análise crítica. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE REPRODUÇÃO ANIMAL, 9, Belo Horizonte. Anais. Belo Horizonte: Colégio Brasileiro de Reprodução Animal, p.154-163, 1991. MASERA, J. et al. Disposition of oxytetracycline in the bovine genital tract: systemic vs intrauterine administration. Journal of the American Veterinary Medical Association, v.176, p.1099–1102, 1980. MATEUS, L. Influence of Puerperal Uterine Infection on Uterine Involution and Postpartum Ovarian Activity in Dairy Cows. Reproduction in Domestic Animals, v.37, n.1, p.31–35, 2002. doi: 10.1046/j.1439-0531.2002.00317.x MCDOUGALL, S. Effect of intrauterine antibiotic treatment on reproductive performance of dairy cows following periparturient disease. Veterinary Journal, v.49, p.150–158, 2001. MCDOUGALL, S. et al. Association between endometritis diagnosis using a novel intravaginal device and reproductive performance in dairy cattle. Animal Reproduction Science, v.99, n.1, p.9-23, 2007. doi:10.1016/j.anireprosci.2006.03.017

Page 56: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

56

MEE, J.F. et al. Pre-breeding ovaro-uterine ultrasonography and its relationship with first service pregnancy rate in seasonal-calving dairy herds. Reprod Domest Anim 2009;44:331–7. MILLER, G.E.; BERGT, G.P. Oxytetracycline in Bovine Plasma, Milk , and Urine after Intrauterine Administration. Journal of Dairy Science, v.59, n. 2, p.315-317, 1976. MILLER, H.V. et al. Endometritis of dairy cattle: diagnosis, treatment, and fertility. Bovine Practitioner, v.15, p.13–23, 1980. MORROW, D.A. et al. Postpartum ovarian activity and uterine involution in dairy cattle. Journal of the American Veterinary Medical Association, v.149, p.1596–1609, 1966. MURRAY, R.D. et al. Bovine endometritis: comparative efficacy of alfaprostol and intrauterine therapies, and other factors influencing clinical success. Veterinary Record, v. 127:86–90, 1990. NEVES, J.P. et al.. Tratamento de infecções genitais inespecíficas na vaca. Revista Brasileira de Reprodução Animal, Belo Horizonte, v.19, n.1/2, p.23-33, 1995. NEVES, J.P. et al. Efeitos da antibiótico-quimio-terapia na fecundação de vacas com catarro genital. Revista Brasileira de Reprodução Animal, v.1, n.3, p.21-25, 1977. NOAKES, D.E.; WALLACE, L.; SMITH, G.R. Bacterial flora of the uterus of cows after calving on two hygienically contrasting farms. Veterinary Record, v.128, p.440–442, 1991. OLSEN, J.D. Metritis/endometritis: medically sound treatments. In: Proceedings of the 29th Annual Conference of the American Association of Bovine Practitioners, San Diego, CA, 1996. OPSOMER, G. et al. A. Risk factors for postpartum ovarian dysfunction in high producing dairy cows in Belgium: a field study. Theriogenology, v.53, p.841–857, 2000. PLETICHA, S. et al. Evaluation of the Metricheck device and the gloved hand for the diagnosis of clinical endometritis in dairy cows. Journal of Dairy Science, v.92, p.5429–5435, 2009. doi: 10.3168/jds.2009-2117.

Page 57: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

57

PLONTZKE, J. et al. Prevalence of Clinical Endometritis and its Impact on Reproductive Performance in Grazing Dairy Cattle in Argentina. Reproduction of Domestic Animals, v.46, p.520–526, 2011. doi: 10.1111/j.1439-0531.2010.01700.x POTTER, T.J. et al. Risk factors for clinical endometritis in postpartum dairy cattle. Theriogenology, v.74, n.1, p.127-134. doi: 10.1016/j.theriogenology.2010.01.023 RICHARDSON, G.F. Metrites and endometritis. In: HOWARD, J.L. Current Veterinary Therapy. Philadelphia: W.B. Saunders, p.771-772, 1993. RISCO, C.A.; HERNANDEZ, J. Comparison of ceftiofur hydrochloride and estradiol cypionate for metritis prevention and reproductive performance in dairy cows affected with retained fetal membranes. Theriogenology, v.60, p.47-58, 2003. doi:10.1016/S0093 -691X(02)01299-2 ROBERTS, S.J. An evaluation of uterine infusions for the treatment of infertility in cattle. Cornell Veterinarian, v. 46, p. 21–38, 1956. RONCADA, P. et al. Pharmacokinetic and residual behavior in milk of oxytetracycline in cows following administration of uterine pessaries. Journal of Veterinary Pharmacology. Therapeutics, v. 23, p.281–285, 2000. RUNCIMAN, D.J. et al. Use of postpartum vaginoscopic (visual vaginal) examination of dairy cows for the diagnosis of endometritis and the association of endometritis with reduced reproductive performance. Australian Veterinary Journal, v.86, p. 205–213, 2009. SALASEL, B.; MOKHTARI, A.; TAKTAZ, T. Prevalence, risk factors for and impact of subclinical endometritis in repeat breeder dairy cows. Theriogenology, 2010. doi:10.1016/j.theriogenology.2010.05.033 SANTOS, N.R. et al. Postpartum endometrial cytology in beef cows. Theriogenology, v.71, n. 5, p.739-745, 2009. SCOTT, R.R.H. et al. Update on FARAD food animal drug withholding recommendations. Vet Med Today: FARAD Digest. Journal of the American Veterinary Medical Association, v.223, n.9, 2003. Disponível online: <http://www.farad.org/publications/ipubs.asp>. Acessado 15 jan. 2012.

Page 58: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

58

SEABRAL, E.J.G. et al. Atividade antimicrobiana "in vitro" de compostos a base de hidróxido de cálcio e tergentol em diferentes concentrações sobre bactérias orais. Acta Cirúrgica Brasileira, v.20, n.1, p.12-18, 2005. ISSN 1678-2674. Disponível online: <http://dx.doi.org/10.1590/S0102-86502005000700004> SEGUIN, B.E.; MORROW, D.A.; OXENDER, N.D. Intrauterine therapy in the cow. Journal of the American Veterinary Medical Association, Chicago, v.164, n.6, p.609-612, 1974. SEMAMBO, D.K. et al. Early abortion in cattle induced by experimental intrauterine infection with pure cultures of Actinomyces pyogenes. Veterinary Record, v.129, p.12-16, 1991. SCHLAFER, D.H. Equine endometrial biopsy: enhancement of clinical value by more extensive histopathology and application of new diagnostic techniques? Theriogenology, v.68, p.413–22, 2007. SHAMS-ESFANDABADI, N.; SHIRAZI, A.; GHASEMZADEH-NAVA, H. Pregnancy Rate Following Post-insemination Intrauterine Treatment of Endometritis in Dairy Cattle. Journal of Veterinary Medicine, v.51, p.155–156, 2004. SHELDON, I.M.; NOAKES, D.E. Comparison of three treatments for bovine endometritis. Veterinary Record, v.142, p.575–579, 1998. SHELDON, I.M. et al. Influence of uterine bacterial contamination after parturition on ovarian dominant follicle selection and follicle growth and function in cattle. Reproduction, v.123, p.837–845, 2002. SHELDON, I.M. et al. The effect of intrauterine administration of estradiol on postpartum uterine involution in cattle, Theriogenology, v.59, p.1357-1371, 2003. SHELDON, I.M., DOBSON, H. Postpartum uterine health in cattle. Animal Reproduction Science, v.82/83, p.295–306, 2004. SHELDON, M. Minimum inhibitory concentrations of some antimicrobial drugs against bacteria causing uterine infections in cattl. Veterinary Record, v. 155, p.383-387, 2004. SHELDON, I.M. et al. Defining postpartum uterine disease in cattle. Theriogenology, v.65, p.1516–1530, 2006. doi:10.1016/j.theriogenology.2005.08.021

Page 59: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

59

SHELDON, I.M. Endometritis in cattle: Pathogenesis, consequences for fertility, diagnosis and therapeutic recommendations. Reproduction Management Bulletin (Intervet), 2007. Disponível online: <http:www.partners-in-reproduction.com/vets/newsletters/newsletter_2.pdf> SHELDON, I.M. et al. Uterine diseases in cattle after parturition. Veterinary Journal, v.176, p.115–121, 2008. SHELDON, I.M. et al. Defining Postpartum Uterine Disease and the Mechanisms of Infection and Immunity in the Female Reproductive Tract in Cattle. Biology of Reproduction, v.81, p. 1025–1032, 2009a. SHELDON, I.M. et al. Mechanisms of Infertility Associated with Clinical and Subclinical Endometritis in High Producing Dairy Cattle. Reproduction of Domestic Animals, v.44, n.3, p.1–9, 2009b. doi: 10.1111/j.1439-0531.2009.01465.x SMITH, B.I. et al. Comparison of Various Antibiotic Treatments for Cows Diagnosed with Toxic Puerperal Metritis. Journal of Dairy Science, v. 81, p. 1555–1562, 1998. SOTO, S.M. et al. Implication of biofilm formation in the persistence of urinary tract infection caused by uropathogenic Escherichia coli. Clinical Microbiology and Infection, v.12, p.1034–1036, 2006. STEFFAN, J. et al. Treatment of metritis with antibiotics or prostaglandin F2. and influence of ovarian cyclicity in dairy cows. American Journal of Veterinary Research, v.45, p.1090-1094, 1984. STRATEN, M.VAN. et al. Associations among patterns in daily body weight, body condition scoring, and reproductive performance in high-producing dairy cows. Journal of Dairy Science, v.92, p.4375–4385, 2008. doi: 10.3168/jds.2008-1956. SUTTON, D. et al. Comparative clinical cure of subacute/chronic endometritis in dairy cows after intra-uterine infusion of Metrijet Super or Metrijet 1500 or after non-treatment. Cattle Practice, v.4, p.321, 1996. TAN, X. et al. Persistence of oxytetracycline residues in milk after the intrauterine treatment of lactating cows for endometritis, Veterinary Record, v. 161, p. 585-587, 2007.

Page 60: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

60

THURMOND, M.C. et al. Effect of intrauterine antimicrobial treatment in reducing calving-to-conception interval in cows with endometritis. Journal of the American Veterinary Medical Association, v.203, p.1576–1578, 1993. TORRES, C.L.A.; CORDEIRO, J.L.F. Incidência de problemas reprodutivos em bovinos no Estado de Santa Catarina. Revista Brasileira de Reprodução Animal, v.13, supl., p.167-168,1989. ULBERG, L.C. et al. The use of antibiotics in the treatment of low fertility cows. Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 121, p. 436–440, 1952. VALE-FILHO, V.R. et al. Reproduction in Zebu cattle. In: Morrow, D.A. (Ed.), Current Therapy of Theriogenology. W.B. Saunders Co., Philadelphia, PA, p. 437–442, 1986. WALKER, C. Biofilms, what are they, and why should you know about them. In: LeBlanc, MM (ed.), The Havemeyer Foundation The Chronically Infertile Mare. The Havemeyer Foundation, Hilton Head Island, South Carolina, p.30–31, 2008. WAALER, S.M. et al. Effects of oral rinsing with triclosan and sodium lauryl sulfate on dental plaque formation: a pilot study. Scandinavian Journal of Dental Research, v.101, n.4, p.192-195, 1993. WATSON, E.D. et al. Antibody response in the bovine genital tract to intrauterine infusion of Actinomyces pyogenes. Research in Veterinary Science, v.48, p.70–75, 1990. WESTERMANN, S. et al. A clinical approach to determine false positive findings of clinical endometritis by vaginoscopy by the use of uterine bacteriology and cytology in dairy cows. Theriogenology, v.74, p. 1248–1255, 2010. WILLIAMS, E.J. et al. Clinical evaluation of postpartum vaginal mucus reflects uterine bacterial infection and the immune response in cattle. Theriogenology, v.63, p.102–117, 2005. WILLIAMS, E.J. et al. The relationship between uterine pathogen growth density and ovarian function in the postpartum dairy cow. Theriogenology, v. 68, p. 549–559, 2007.

Page 61: TRATAMENTO DE ENDOMETRITE EM VACAS LEITEIRAS …w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2012/Andreia Molardi Bainy.pdf · Mara Iolanda Batistella Rubin Co-orientador: Prof° Carlos Antonio

61

VETNIL, 2010. Disponível online: <http://www.vetnil.com.br/detalhe_produtos.php?id=225>. Acessado em 01 de fev. de 2012.