tratamento da Água para descarte ou reinjeÇÃo - almir cândido

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UNIVERSIDADE POTIGUAR CST PETRÓLEO E GÁS TURMA: 2MA DISCIPLINA: QUÍMICA ORGÂNICA PROFESSOR(A): ARIADNE ALUNO Francisco Almir de Assis Cândido TRATAMENTO DA ÁGUA PARA DESCARTE OU REINJEÇÃO MOSSORÓ/RN JUNHO/2011

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Page 1: TRATAMENTO DA ÁGUA PARA DESCARTE OU REINJEÇÃO - Almir Cândido

UNIVERSIDADE POTIGUAR

CST – PETRÓLEO E GÁS

TURMA: 2MA

DISCIPLINA: QUÍMICA ORGÂNICA

PROFESSOR(A): ARIADNE

ALUNO

Francisco Almir de Assis Cândido

TRATAMENTO DA ÁGUA PARA DESCARTE OU REINJEÇÃO

MOSSORÓ/RN

JUNHO/2011

Page 2: TRATAMENTO DA ÁGUA PARA DESCARTE OU REINJEÇÃO - Almir Cândido

INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo principal dar ênfase no processo de

tratamento de água produzida dos reservatórios de petróleo para descarte ou reinjeção

em poços produtores do hidrocarboneto. Estima-se que chega a produzir cerca de 50%

até 100% de BSW em um poço de petróleo, e toda essa água produzida tem que ser

direcionada para um processo de tratamento, onde se deseja obter um determinado valor

em ppm para que ela possa ser descartada no meio ambiente ou reinjetada nos poços

produtores de petróleo. Portanto, todo esse tratamento é de suma importância para a

indústria petrolífera, pois órgãos ambientais fiscalizam como é feito esse tratamento e se

a empresa está seguindo todas as normas para o descarte ou para a reinjeção.

Page 3: TRATAMENTO DA ÁGUA PARA DESCARTE OU REINJEÇÃO - Almir Cândido

TRATAMENTO DA ÁGUA PARA DESCARTE OU REINJEÇÃO

Ao perfurar um poço de petróleo, pode encontrar-se óleo, gás e/ou água. Quando

encontrada água é necessário fazer um processo de tratamento para descarte ou para

reinjeção desta água novamente no poço de petróleo, ajudando assim por diferença de

densidade ao óleo subir até a superfície.

A quantidade de água produzida associada com o óleo varia muito, podendo

alcançar valores na ordem de 50% em volume ao até mesmo próximo de 100% ao fim

da vida econômica dos poços. O tratamento da água tem por finalidade recuperar parte

do óleo nela presente em emulsão e condicioná-la para reinjeção ou descarte.

Normalmente, a água proveniente dos separadores e tratadores de óleo segue

para um vaso desgaseificador, depois para separar água-óleo e, finalmente, para um

tubo de despejo, isso em plataformas marítimas.

(Sistema de tratamento de água produzida)

Vaso Desgaseificador

O vaso desgaseificador tem a função de remover algum gás ainda presente no

líquido, submetendo-o a uma expansão no interior do vaso (flash), encaminhando o gás

separado para o sistema de queima.

Page 4: TRATAMENTO DA ÁGUA PARA DESCARTE OU REINJEÇÃO - Almir Cândido

Separador água-óleo

Os equipamentos de separação água-óleo mais utilizados atualmente são os

Hidrociclones e os Flotadores.

Os hidrociclones utilizam a energia centrífuga para a separação dos fluidos e

operam, em muitos casos, em conjunto com os flotadores para o tratamento da água a

ser descartada ou reinjetada no reservatório.

Os flotadores recuperam os resíduos de óleo presente na água oleosa por meio de

separação gravitacional, mas com a introdução de gás no efluente a ser tratado (gás

dissolvido ou gás induzido).

Hidrociclones

Os hidrociclones são equipamentos destinados à separação líquido-líquido,

desenvolvidos especificamente para a separação óleo-água e são instalados após os

separadores de produção trifásicos ou, em alguns casos, após os tratadores

eletrostáticos.

O equipamento hidrociclone pode ser constituído de um vaso de pressão

contendo um determinado número de liner no interior do vaso, ou de um conjunto de

Headers nos quais são interligados os liners. Em ambos os casos, os liners operam em

paralelo, com a vazão de água produzida sendo distribuída igualmente por cada liner.

(Modelo de hidrociclone com vaso de pressão)

(Modelo de hidrociclone sem vaso de pressão)

Page 5: TRATAMENTO DA ÁGUA PARA DESCARTE OU REINJEÇÃO - Almir Cândido

(Esquema de fluxo de fluidos no hidrociclone)

(Esquema de funcionamento de um hidrociclone)

No esquema acima, a água oleosa é introduzida sob pressão tangencialmente no

trecho de maior diâmetro do hidrociclone e direciona internamente em fluxo espiral em

direção ao trecho de menor diâmetro. O fluxo é acelerado pelo continuo decréscimo de

diâmetro, criando uma força centrifuga que força os componentes mais pesados (água e

sólidos) contra as paredes. Devido ao formato cônico do hidrociclone e ao diferencial de

pressão existente entre as paredes e o centro, ocorre, na parte central do equipamento

um fluxo axial reverso. Esta fase liquida central contendo óleo em maior proporção é

chamada de rejeito.

As hidrociclones apresentam as seguintes vantagens:

Pequeno tamanho e baixo peso se comparado a um separador de placas água-

óleo, dimensionado para a mesma capacidade;

Page 6: TRATAMENTO DA ÁGUA PARA DESCARTE OU REINJEÇÃO - Almir Cândido

Tempo de residência de poucos segundos;

Ideal para FPSOs e SSs por não sofrerem influência provocada pelo balanço

desses sistemas;

Pode ser instalado na posição horizontal ou vertical;

Não apresenta partes móveis;

Necessita de pouca manutenção;

Necessita de pouco acompanhamento operacional;

Tolera flutuação na vazão.

Os hidrociclones apresentam também algumas desvantagens, dentre as quais

podemos destacar:

Só remove uma parte do óleo emulsionado, não atingindo os valores exigidos

pela legislação (< 20 mg/L) somente com a sua utilização;

Facilita a deposição de sais incrustantes nas paredes dos liners, devendo-se

aumentar a injeção de produtos antiincrustantes em sistemas com potencial de

geração de sais incrustantes.

Flotadores

Quanto à posição de instalação, os flotadores podem ser verticais ou horizontais.

Os flotadores verticais surgiram como uma evolução dos flotadores horizontais, e cada

vez mais as indústrias de petróleo os utilizam, principalmente em sistemas de produção

offshore, como Plataformas Semi-Submersíveis e FPSOs, devido ao problema de

balanço causado por estes tipos de sistemas, o que leva a uma maior dificuldade do

controle de nível de vasos horizontais. Outra vantagem dos flotadores verticais é o

menor tempo de residência necessário à separação óleo-água.

O processo de separação de emulsões por flotação esta baseado na ocorrência de

contato entre as bolhas de gás e as gotas de óleo. Como as fases gás e óleo são menos

densas do que a água, ambas tenderão a ascender naturalmente. Contudo, como a

densidade do gás é muito menor do que a densidade do óleo, é de se esperar que as

bolhas ascendam com uma velocidade maior do que as gotas de óleo. Essa diferença

possibilita a ocorrência do contato (choque) bolha-gota.

(Flotação)

Page 7: TRATAMENTO DA ÁGUA PARA DESCARTE OU REINJEÇÃO - Almir Cândido

Na figura acima, é descrito um processo de flotação, onde se observa as bolhas

de gás ascendendo no meio aquoso, elevando consigo as gotas de óleo.

Os principais processos de flotação empregados na remoção de petróleo das

águas oleosas são os seguintes:

Flotação por Gás Induzido (FGI):

No processo de flotação por gás induzido, o gás é introduzido no efluente a ser

tratado, através de um tubo, contendo em sua extremidade um acessório para a

dispersão do gás em bolhas pequenas, normalmente inferiores a 104µm. Em alguns

casos, podendo obter-se bolhas com diâmetros entre 10²µm e 10³µm, mediante o uso de

rotores como meio de dispersão do gás. Na flotação por gás induzido, as bolhas de gás

podem ser geradas por diferentes mecanismos: Mecânico, hidráulico e com utilização de

Sparges.

No sistema mecânico é utilizado um rotor que promove a indução do gás na

água, gerando pequenas bolhas do mesmo. No sistema hidráulico utiliza-se uma bomba

centrifuga para direcionar parte da água para ejetores, onde as bolhas de gás são criadas.

Já no sistema que utiliza Sparges, as bolhas de gás são geradas por meio da passagem

do fluxo de gás pelos poros dos tubos constituintes do sistema Sparging.

(Esquema de um flotador vertical a gás induzido)

Flotação por Gás Dissolvido (FGD)

Na flotação por gás dissolvido, todo ou pelo menos uma parte do efluente a ser

tratado é previamente saturado com gás sob pressão. Nesse processo, são geradas bolhas

de tamanho extremamente reduzido (<10²µm), quando da despressurização desse

efluente na câmara de flotação.

Page 8: TRATAMENTO DA ÁGUA PARA DESCARTE OU REINJEÇÃO - Almir Cândido

Nos sistemas de flotação por gás dissolvido, a quantidade de gás disponível

depende, essencialmente, da pressão de operação do sistema. Há dois tipos de modelo:

Com pressurização total da carga e com pressurização parcial da carga.

Pressurização Total da Carga:

Este modelo de operação representa a condição de máxima oportunidade para a

interação bolha-gota. Nesse modelo, um grande número de bolhas de pequeno diâmetro

esta presente no meio, aumentando assim a probabilidade de colisão bolha-gota.

Pressurização Parcial da Carga:

O modelo apresenta uma menor probabilidade de colisão bolha-gota, devido ao

menor numero de bolhas presentes no sistema.

Vale salientar que em função do maior volume de gás envolvido, o modelo de

pressurização total da carga envolve custos de construção e operação mais elevados. É

fundamental destacar que a escolha do tipo de modelo dependerá também do grau de

eficiência desejado e das facilidades locais existentes.

(Esquema de um flotador vertical a gás dissolvido)

Page 9: TRATAMENTO DA ÁGUA PARA DESCARTE OU REINJEÇÃO - Almir Cândido

(Comparativo entre os processos de flotação FGD e FGI)

Tubo de Despejo

O tubo de despejo é utilizado em sistemas marítimos com a finalidade de

promover tempo extra de residência para separar algum óleo ainda presente na água

enviada para descarte, proveniente dos hidrociclones e da flotação. Consiste em um

equipamento em forma de um tubo com fundo aberto, utilizado em plataformas

marítimas, com parte de seu corpo submerso na água do mar. Além da água produzida,

ele recebe efluentes dos drenos abertos da plataforma.

(Tubo de despejo)

Por diferença de densidade, a água oleosa se posiciona na parte superior do tubo

e é recuperada de volta ao sistema, pela bomba da câmara de óleo. O restante da água é

descartado para o mar pela parte inferior do tubo. O tubo de despejo contém bandejas de

retenção, chamadas chicanas, para promover maior tempo de residência até que a água

seja descartada para o mar pelo fundo do tubo. O teor máximo de óleo presente na água

descartada no mar exigido pela legislação ambiental é 20 partes de óleo por milhão de

água em volumes. Este teor é conhecido como TOG (teor de óleo e graxa).

O descarte da água só pode ser feito dentro de determinadas especificações,

regulamentadas por órgão de controle do meio ambiente que limita a quantidade de

poluentes (teor de óleo, graxa, H2S, etc.) nos efluentes aquosos. A água separada do

petróleo é um efluente cujo descarte tem que ser feito com os devidos cuidados para não

agredir o meio ambiente, em função do seu volume, em média, para cada m³/dia de

Page 10: TRATAMENTO DA ÁGUA PARA DESCARTE OU REINJEÇÃO - Almir Cândido

petróleo produzido são gerados três a quatro m³/dia de água; da sua composição, a qual

apresenta presença de sais, óleo e outros constituintes nocivos ao meio ambiente,

ausência de oxigênio e temperatura elevada.

O descarte deve ser feito o mais próximo possível do campo produtor, para

evitar problemas no transporte e armazenamento, além de desperdícios de energia.

Água para Reinjeção

A reinjeção da água produzida no reservatório de petróleo envolve uma série de

desafios por conter sais, microrganismos, gases dissolvidos e materiais em suspensão.

Além da remoção do óleo presente na água produzida, necessita de outros tratamentos

para sua reinjeção, como remoção de:

Sólidos em suspensão, para evitar tamponamento dos poros da rocha-

reservatório;

Gases dissolvidos geradores de corrosão, geralmente gás carbônico e gás

sulfídrico, para evitar corrosão nas tubulações dos poços de injeção;

Bactérias geradoras de corrosão, principalmente as redutoras de sulfato, para

evitar a corrosão e o desenvolvimento de colônias de bactérias nas tubulações

dos poços de injeção e no reservatório;

Oxigênio oriundo de contaminação pelo oxigênio atmosférico em vasos que

operam à pressão atmosférica e selos de bomba, para evitar processos corrosivos

e incrustantes pela precipitação de ferro, gerando óxidos de ferro quando em

presença de oxigênio dissolvido;

Sais incrustantes, para evitar obstruções nas tubulações dos poços, oriundas

principalmente de incrustações de carbonato de cálcio, sulfato de cálcio, sulfato

de bário e sulfato de estrôncio.

Para tentar acabar com esses problemas citados acima, usam-se de processos

físicos e químicos, dentre os quais podemos destacar:

Filtração:

A filtração tem a finalidade de reter os sólidos em suspensão. Os tipos de filtros

mais utilizados são filtro leito misto de antracito (carvão mineral) e granada (mineral),

além de filtro cesta (normalmente 500 micras);

Sequestradores de Oxigênio:

A principio, a água produzida não contém oxigênio dissolvido, apenas adquire

nas tubulações e equipamentos de superfície. Portanto, diferente dos sistemas de

tratamento de água do mar para injeção, os de água produzida não contém os

equipamentos de desaeração, somente a injeção de sequestradores de oxigênio. Os

produtos mais utilizados são bissulfito de sódio e de amônio;

Page 11: TRATAMENTO DA ÁGUA PARA DESCARTE OU REINJEÇÃO - Almir Cândido

Biocidas:

Os biocidas são utilizados na forma de tratamento de choque. São normalmente

à base de sais quaternários de amônio e glutaraldeído. Um produto bastante utilizado é o

THPS a 75%;

Biodispersante:

Os biodispersantes são utilizados na forma de injeção continua para evitar a

formação de biofilme de bactérias e sua aderência nas paredes de vasos e tubulações.

Um produto bastante utilizado é o quaternário de amônio a 50%;

Inibidores de Corrosão:

À base de aminas, esses inibidores são injetados para evitar corrosão nas

tubulações dos poços de injeção, devido aos gases dissolvidos geradores de corrosão,

como por exemplo, o gás carbônico e o gás sulfídrico;

Inibidores de Incrustações:

À base de polímeros, esses inibidores são injetados para evitar obstruções por

incrustações nas tubulações dos poços, oriundas da precipitação de sais incrustantes,

como carbonato de cálcio, sulfato de cálcio, sulfato de bário e sulfato de estrôncio.

Com relação ao teor de óleo contido na água, normalmente se aceita um TOG de

40 ppm para reinjeção no reservatório. A disponibilidade, o custo e outras

características apresentadas pela água fazem com que ela seja o principal fluido

utilizado na recuperação adicional de óleo. A injeção de água produzida em campos

terrestres, desde que não cause problemas ao reservatório, é a melhor opção em termos

ambientais, pois resolve a questão do destino final da água produzida junto com o óleo.

Proporciona, ainda, uma economia de água doce de boa qualidade de aquíferos,

comumente utilizada para essa finalidade, que fica, assim, disponível para fins mais

nobres, como o consumo humano.

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CONCLUSÃO

Ao concluir a pesquisa ficou-se enfatizado a grande importancia do tratamento

da água oriunda de reservatórios de petróleo, tanto para descarte quanto para reinjeção

em poços. A água passa por muitos processos antes de ser descartada ou reinjetada,

processos esses de performace fundamental para poder eliminar as substancias

indesejaveis que estão presentes nessa água, com separações através de hidrociclones e

flotadores, com tratamentos para remoção de sólidos suspensos e bactérias causadoras

de corrosão, é que essa água chega ao ideal para poder ser descartada e/ou reinjetada

nos poços produtores de petróleo, e assim contribuir para a produção desses

hidrocarbonetos.

Page 13: TRATAMENTO DA ÁGUA PARA DESCARTE OU REINJEÇÃO - Almir Cândido

REFERÊNCIAS

THOMAS, Jose Eduardo. Fundamentos de engenharia de petróleo. Rio de Janeiro:

Editora Interciência, 2001.

http://www.aedb.br/seget/artigos05/378_GESTAO%20DE%20EFLUENTES%20P%20

Cavaco.pdf Acesso em: 03/06/11.

http://www.eq.ufrj.br/graduacao/aulas/eqw010_denizedias/aula2texto2011.pdf Acesso

em: 03/06/11.