tratamento Água lavador de gases

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1 Bolsista de iniciação tecnológica industrial, graduando em Engenharia Civil da Universidade Federal de Alagoas, Campus A. C. Simões, Tabuleiro dos Martins, Maceió-AL. 57072-970, tel. (82) 214-1286; [email protected] 3 Professora do Departamento de Construção Civil e Transporte / CTEC / UFAL [email protected] 2 Professor do Departamento de Águas e Energia / CTEC / UFAL; [email protected] 4 Bolsista de iniciação tecnológica industrial, graduanda em Engenharia Civil da Universidade Federal de Alagoas – UFAL , [email protected] 5 Bolsista de iniciação tecnológica industrial, graduanda em Engenharia Civil da Universidade Federal de Alagoas – UFAL [email protected] 6 Bolsista de iniciação tecnológica industrial, graduanda em Engenharia Civil da Universidade Federal de Alagoas – UFAL [email protected] CARACTERIZAÇÃO DA ÁGUA DE LAVAGEM DE CINZAS E GASES DE CALDEIRAS NA INDÚSTRIA DE CANA DE AÇUCAR Torquato Jr, H. 1 ; Callado, N. H. 2 ; Pedrosa, V. A. 3 ; Pimentel, I. M. C. 4 ; Menezes, A. C. V. 5 ; Omena, S. P. F 6 Resumo – A indústria sucro-alcooleira possui uma intensa demanda de água e energia, ao mesmo tempo em que é um potencial gerador de energia elétrica a partir da biomassa do bagaço de cana. O resíduo da extração do caldo da cana é o bagaço, o qual é utilizado nas caldeiras para geração de vapor. O vapor é utilizado para acionamento das moendas e geração de energia. Mas a caldeira ao queimar o bagaço produz cinzas e gases que são eliminados para a atmosfera, podendo poluir o ar. Para conter a emissão desses poluentes são utilizados os lavadores de gases e cinzas, o quais demandam razoável quantidade de água e geram igual volume de água residuária. Este artigo visa avaliar a água residuária gerada no processo da lavagem das cinzas e dos gases das caldeiras da S. A. Coruripe, buscando quantificar sua demanda e analisar a qualidade dessas águas. Os resultados indicam que as águas de lavagem de gases apresentam qualidade inferior às de lavagem de cinzas e que ambas não podem ser descartadas sem prévio tratamento. Abstract – The industry in the sugar the alcohol possesses an intense demand of water and energy, at the same time in that is a potential generator of electric energy starting from the biomass of the cane trash. The residue of the extraction of the broth of the cane is the trash, which is used in the boilers for vapor generation. The vapor is used for active of the mills and generation of energy. However the boiler when burning the trash produces ashes and gases that they are eliminated for the atmosphere, could pollute the air. To contain the emission of those pollution they are used, the washers of gases and ashes, which demand reasonable amount of water and they generate the same amount of wastewater. This article seeks to evaluate the wastewater generated in the process of the wash of the ashes and of the gases of the boilers of S. A. Coruripe, looking for to quantify its demand and to analyze the quality of those waters. The results indicate that the waters of wash of gases introduce inferior quality the one of wash of ashes and that neither one can be discarded without previous treatment. Palavras-Chave – Indústria Sucro-Álcooleira, água de lavagem, cinzas e gases, lavadores de gases.

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Tratamento Água Lavador de Gases nas Usinas de Açúcar e Alcool

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Page 1: Tratamento Água Lavador de Gases

1 Bolsista de iniciação tecnológica industrial, graduando em Engenharia Civil da Universidade Federal de Alagoas, Campus A. C. Simões, Tabuleiro dos Martins, Maceió-AL. 57072-970, tel. (82) 214-1286; [email protected]

3 Professora do Departamento de Construção Civil e Transporte / CTEC / UFAL [email protected] Professor do Departamento de Águas e Energia / CTEC / UFAL; [email protected] Bolsista de iniciação tecnológica industrial, graduanda em Engenharia Civil da Universidade Federal de Alagoas – UFAL , [email protected] Bolsista de iniciação tecnológica industrial, graduanda em Engenharia Civil da Universidade Federal de Alagoas – UFAL [email protected] Bolsista de iniciação tecnológica industrial, graduanda em Engenharia Civil da Universidade Federal de Alagoas – UFAL [email protected]

CARACTERIZAÇÃO DA ÁGUA DE LAVAGEM DE CINZAS E GASES DE CALDEIRAS NA INDÚSTRIA DE CANA DE AÇUCAR

Torquato Jr, H.1; Callado, N. H.2; Pedrosa, V. A.3; Pimentel, I. M. C.4 ;

Menezes, A. C. V.5; Omena, S. P. F6

Resumo – A indústria sucro-alcooleira possui uma intensa demanda de água e energia, ao mesmo

tempo em que é um potencial gerador de energia elétrica a partir da biomassa do bagaço de cana. O

resíduo da extração do caldo da cana é o bagaço, o qual é utilizado nas caldeiras para geração de

vapor. O vapor é utilizado para acionamento das moendas e geração de energia. Mas a caldeira ao

queimar o bagaço produz cinzas e gases que são eliminados para a atmosfera, podendo poluir o ar.

Para conter a emissão desses poluentes são utilizados os lavadores de gases e cinzas, o quais

demandam razoável quantidade de água e geram igual volume de água residuária. Este artigo visa

avaliar a água residuária gerada no processo da lavagem das cinzas e dos gases das caldeiras da S.

A. Coruripe, buscando quantificar sua demanda e analisar a qualidade dessas águas. Os resultados

indicam que as águas de lavagem de gases apresentam qualidade inferior às de lavagem de cinzas e

que ambas não podem ser descartadas sem prévio tratamento.

Abstract – The industry in the sugar the alcohol possesses an intense demand of water and energy,

at the same time in that is a potential generator of electric energy starting from the biomass of the

cane trash. The residue of the extraction of the broth of the cane is the trash, which is used in the

boilers for vapor generation. The vapor is used for active of the mills and generation of energy.

However the boiler when burning the trash produces ashes and gases that they are eliminated for the

atmosphere, could pollute the air. To contain the emission of those pollution they are used, the

washers of gases and ashes, which demand reasonable amount of water and they generate the same

amount of wastewater. This article seeks to evaluate the wastewater generated in the process of the

wash of the ashes and of the gases of the boilers of S. A. Coruripe, looking for to quantify its

demand and to analyze the quality of those waters. The results indicate that the waters of wash of

gases introduce inferior quality the one of wash of ashes and that neither one can be discarded

without previous treatment.

Palavras-Chave – Indústria Sucro-Álcooleira, água de lavagem, cinzas e gases, lavadores de gases.

Page 2: Tratamento Água Lavador de Gases

INTRODUÇÃO

As industrias sucro-alcooleiras geralmente são localizados nas áreas rurais devido às suas

características especiais: necessidade de muita água; transporte de matéria prima (a cana), em um

fluxo aproximadamente igual ao da transformação em açúcar, devido ao fato de que a cana, uma

vez colhida e armazenada, inicia a perda do conteúdo de sacarose; e facilidades de recirculação,

armazenamento e disposição final de água de processo [3].

Diante dessas condições, dificilmente um engenho de açúcar conseguirá instalar-se na área

urbana. A industria açucareira é do tipo úmido, necessitando de consideráveis quantidades de água

em seus processos e operações. Como tal, sua localização geralmente se dar nas proximidades de

um manancial de água. Também é desejável que esteja perto da fonte de matéria prima [3].

Atualmente, a crescente escassez dos recursos hídricos, particularmente provocados pelo

advento da irrigação, impôs a necessidade da busca pela minimização do uso da água. Nesta direção

a política nacional de recursos hídricos (Lei 9.433/97)[4], com seus instrumentos de outorga,

enquadramento, planos de recursos hídricos, cobrança e sistema de informações; além dos comitês

de bacias hidrográficas, forçaram todo o setor produtivo a buscar o uso racional da água [5].

A racionalização consiste no prolongamento do tempo de permanência da água na planta

industrial. Esta “sobrevida quali-quantitativa” da água promove a redução dos volumes capitados e

devolvidos ao corpo d’água. Exemplos de ações que contribuem para a racionalização são o reuso e

reutilização de águas servidas, a minimização de desperdícios compatibilizando a quantidade ao

uso, eliminando o mau uso, adequando a quantidade da água a sua aplicação, a melhoria da

manutenção como forma de reduzir as perdas dos sistemas hídricos e a adoção de tecnologias

hidricamente eficientes [2].

A indústria da cana é responsável pela produção de 115 milhões de toneladas de resíduos por

ano, que sem o manejo adequado e reutilização levariam a degradação completa das áreas de

cultivo, representando o principal desafio do setor: aumentar a produção de forma sustentável e com

o reaproveitamento de seus resíduos minimizar os impactos sobre o meio ambiente.

Os principais resíduos gerados no processo produtivo são: a palha, o bagaço da cana, as

cinzas da caldeira (queima de bagaço), embalagens de defensivos agrícolas ou agrotóxicos e

vinhoto. Grande parte destes resíduos é reaproveitada seja como adubo orgânico (Vinhoto, cinza, e

a palha) ou como matéria-prima industrial (Bagaço). Os resíduos de cinzas gerados a partir da

queima do bagaço utilizado como combustível, para produção de vapor nas caldeiras, é estimado

em 6 kg cinza/250kg de bagaço de cana que alimenta a caldeira e o percentual de uso do bagaço em

95% [7]. Parte dessas cinzas pode ser lançada para atmosfera se as caldeira não forem ditadas de

lavadores de gazes e cinzas.

Page 3: Tratamento Água Lavador de Gases

Muita atenção tem sido dada à água utilizada nas caldeiras para geração de vapor, para cada

faixa de pressão de trabalho das caldeiras, existem especificações gerais para o tratamento da água

utilizada, visando se alcançar o melhor rendimento na produção de vapor [9]. No entanto, pouca

atenção tem sido dada às águas residuárias utilizadas nos lavadores de cinzas e gases dessas

caldeiras. Poucas usinas possuem dados que representem a qualidade e a quantidade desse tipo de

água residuária. Dessa forma, é importante que essa avaliação seja feita, a fim de se observar qual a

forma de tratamento visando o reúso dentro do parque industrial ou seu descarte.

Este artigo visa apresentar aspectos do uso industrial da água no processo de lavagem de

gases e cinzas das caldeiras, enfatizando a sua importância com relação à diminuição do impacto

ambiental que seriam causados pelos resíduos gerados neste processo.

OBJETIVO

O objeto deste artigo é o estudo do fluxo da água no processo da lavagem das cinzas e dos

gases das caldeiras da S. A. CORURIPE AÇUCAR E ÁLCOOL, buscando quantificar sua demanda

e analisar a qualidade dessas águas.

METODOLOGIA

Esse trabalho foi desenvolvido dentro da unidade industrial S.A. Usina Coruripe Açúcar e

Álcool-Matriz, e o princípio metodológico utilizado nesta pesquisa, envolveu duas ações

específicas: medições de vazões e caracterização das águas de lavagem de gases e cinzas.

Medições de vazões

As quantificações de vazões foram realizadas utilizando um aparelho medidor de vazão

ultrassônico portátil de correlação por tempo de trânsito digital, Modelo DCT-7088.

O medidor de vazão é não-invasivo, o que significa que mede fluxo a partir da superfície do

tubo [8]. Os transdutores são montados na tubulação e as medições de fluxos são efetuadas sem

interromper o fluxo.

Para realização das medições são necessários o levantamento das características da

tubulação (diâmetro, tipo de material, espessura da parede) e algumas propriedades do fluido. Dessa

forma, depois de identificadas as tubulações possíveis de se aplicar esse método de medição de

vazão, foi feito um inventário das mesmas com as grandezas necessárias.

Para avaliação da qualidade da água realizaram-se campanhas de amostragem nos pontos de

descarte das águas de lavagem cinzas e de gases das caldeiras. Os parâmetros estudados foram:

Page 4: Tratamento Água Lavador de Gases

potencial hidrogeniônico (pH), temperatura, demanda química de oxigênio (DBO), sólidos

sedimentáveis (SS), sólidos totais (ST), sólidos fixos (SF), sólidos voláteis (SV), alcalinidade total

(AT), ácidos voláteis (AV) e nitrogênio amoniacal.

As medições de pH e temperatura foram realizadas no próprio ponto de coleta, por meio de

equipamento de medição portátil que foram levados ao campo. De cada ponto selecionado foram

coletados 1,5L de amostra, preservados em gelo e levadas imediatamente ao laboratório.

As concentrações de ácidos voláteis foram medidas por titulação direta, segundo métodos

descritos por Dilallo & Albertson [6], e o procedimento descrito por Ripley et al [11] foi utilizada

para as análises de alcalinidade como CaCO3. As demais análises foram realizadas segundo

“Standard Methods for the Examination of the Water and Wastewater” [10]. Todas as análises

foram realizadas no Laboratório de Saneamento Ambiental (LSA) da Universidade federal de

Alagoas (UFAL). As amostras foram coletas com periodicidade quinzenal, de setembro de 2003 a

abril de 2004.

RESULTADOS E DISCUSSOES

Demanda de água

Na usina Coruripe existem seis caldeiras das quais cinco possuem lavador de cinzas e apenas

uma possui lavador de cinzas e gases. Uma das caldeiras não tem nem lavador de cinzas nem de

gases. A indústria pretende instalar, gradativamente, lavador de gases nas seis caldeiras. A safra

2003/2004 foi a primeira com lavador de cinzas e gases na caldeira 1.

Desta forma foram feitas medições de vazões, separadamente, das águas enviadas para os

lavadores de cinzas das cinco caldeiras e do lavador de gases da caldeira 1. As águas para todos os

lavadores são provenientes da mistura das águas do rio Coruripe com as águas provenientes do

sistema de resfriamento das colunas barométricas; e os efluentes gerados são lançados diretamente

numa lagoa de sedimentação. As vazões medidas nas tubulações de recalque que alimentam os

lavadores de cinzas e gases estão apresentados na Tabela 1.

Tabela 1. Vazões médias observadas nos pontos de medição.

Ponto de medição de vazão Vazão (m³/h)

1. Tubulação de água para lavagem de gás da caldeira 1. 120

2. Tubulação de água para lavagem de das cinco caldeiras 600

Page 5: Tratamento Água Lavador de Gases

Observando-se os dados da Tabela 1 verifica-se uma demanda atual de 720m3/h de água

para lavagem de cinzas e gases, o que resultou num consumo de 1,25m3/TC (metros cúbicos de

água por tonelada de cana moída); e num volume de resíduo de aproximadamente 720m3/h.

Caracterização das águas

Foram analisadas, separadamente, as águas proveniente do lavador de cinzas e do lavador de

gases da caldeira 1. Entre essas águas foram observadas diferenças significativas principalmente

quanto a temperatura. A temperatura da água do lavador de gases (TGSE) é cerca de 25oC maior que

a do lavador de cinzas (TCNZ). A TCNZ oscilou em torno de 40oC, enquanto que a TGSE ficou em

torno de 65oC. Considerando que o Decreto Estadual Nº 6.200/85[1], que estabelece os padrões de

emissão de efluentes em corpos de água no estado de Alagoas, o limite máximo de 40°C; verifica-se

que para descarte esse resíduo deve ser resfriado. A Figura 1 ilustra a variação de temperatura

dessas águas.

VARIAÇÃO DE TEMPERATURA

0,010,020,030,040,050,060,070,080,0

17/8

/200

3

6/10

/200

3

25/1

1/20

03

14/1

/200

4

4/3/

2004

23/4

/200

4

12/6

/200

4

PERÍODO

TE

MP

ER

AT

UR

A (

°C)

lav. cinzas

lav. gases

Figura 1.Variação de temperatura da água de lavagem de gases e cinzas.

Com relação à presença de matéria orgânica, medida pela demanda química de oxigênio

(DQO), a DQO da água de lavagem de cinzas (DQOCNZ) também se apresentou inferior a do

lavador de gases (DQOGSE). A DQOCNZ esteve entre 110mg/L e 476mg/L, e a DQOGSE entre

285mg/L e 980mg/L. Como as caldeiras são alimentadas com bagaço de cana, ao queimar, a

matéria orgânica volatiliza, e parte dela é carreada pelas águas de lavagens gerando DQO. O

Decreto Nº 6.200/85 estabelece que o limite máximo para descarte do parâmetro DQO é de

150mg/L, ou seja, os valores observados estão acima dos limites estabelecidos. A Figura 2 ilustra a

variação de DQO dessas águas.

Page 6: Tratamento Água Lavador de Gases

VARIAÇÃO DA DQO

0,0

200,0

400,0

600,0

800,0

1000,0

1200,0

17/8

/200

3

6/10

/200

3

25/1

1/20

03

14/1

/200

4

4/3/

2004

23/4

/200

4

12/6

/200

4

PERÍODO

DQ

O lav. cinzas

lav.gases

Figura 2.Variação de DQO das águas de lavagem de cinzas e de gases.

Quanto à concentração de sólidos totais estas não apresentaram diferenças significativas

entre si, cujos valores para as águas de lavagem das cinzas (STCNZ) esteve entre 450mg/L e

2780mg/L, e as da lavagem dos gases variaram de 866mg/L a 2248mg/L, sempre com o predomínio

de sólidos fixos sobre os voláteis. A relação SF/ST variou de 0,55 a 0,85 para a lavagem das cinzas

e de 0,59 a 0,75, mostrando que materiais inertes predominavam sobre os orgânicos. A Figura 3

ilustra a variação da concentração de sólidos totais dessas águas.

VARIAÇÃO DE SOLIDOS TOTAIS

0,0

500,0

1000,0

1500,0

2000,0

2500,0

3000,0

17/8

/200

3

6/10

/200

3

25/1

1/20

03

14/1

/200

4

4/3/

2004

23/4

/200

4

12/6

/200

4

PERÍODO

ST lav. cinzas

lav. gases

Figura 3.Variação de sólidos Totais da água de lavagem de cinzas e de gases.

Os sólidos sedimentáveis, por sua vez, foram maiores para as águas de lavagem de

gases (SSGSE) que para as de cinzas (SSCNZ). Os valores de SSGSE variaram de 11mL/L a 50 mL/L,

enquanto que os SSGSE variaram de 20mL/L a 90mL/L. O Decreto Nº 6.200/85[1], côo limite

Page 7: Tratamento Água Lavador de Gases

máximo de emissão desse parâmetro o valor de 1,0mL/L. A Figura 4 ilustra a variação dos valores

de sólidos sedimentáveis dessas águas.

VARIAÇÃO DE SÓLIDOS SUSPENSOS

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

15/1

1/20

03

5/12

/200

3

25/1

2/20

03

14/1

/200

4

3/2/

2004

23/2

/200

4

14/3

/200

4

3/4/

2004

23/4

/200

4

PERÍODO

SS lav. cinzas

lav.gases

Figura 4.Variação de sólidos suspensos da água de lavagem de cinzas e de gases.

Outra diferença significativa foi com relação ao pH, que para as cinzas esteve no intervalo

de 6,3 a 8,0, e para as águas de lavagem dos gases foi maior, entre 7,5 a 8,2. Os valores observados

estão dentro dos limites estabelecidos pelo Decreto Nº 6.200/85[1]. A Figura 5 ilustra a variação

dos valores de pH dessas águas.

VARIAÇÃO DO pH

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

17/8

/200

3

6/10

/200

3

25/1

1/20

03

14/1

/200

4

4/3/

2004

23/4

/200

4

12/6

/200

4

PERÍODO

pH lav. cinzas

lav.gases

Figura 5. Variação do pH da água de lavagem de cinzas e de gases.

Os valores de alcalinidade apresentaram o mesmo comportamento do pH, variando de

56mgCaCO3/L a 175mgCaCO3/L, e de 178mgCaCO3/L a 283mgCaCO3/L, respectivamente para

Page 8: Tratamento Água Lavador de Gases

alcalinidade total da água do lavador de cinzas (ATCNZ) e do lavador de gases (ATGSE). A Figura 6

ilustra a variação das concentrações de alcalinidade total dessas águas.

VARIAÇÃO DA ALCALINIDADE TOTAL

0,050,0

100,0150,0200,0250,0300,0350,0400,0450,0

5/12

/200

3

25/1

2/20

03

14/1

/200

4

3/2/

2004

23/2

/200

4

14/3

/200

4

3/4/

2004

23/4

/200

4

PERÍODO

AL

CA

LIN

IDA

DE

TO

TA

L

lav. cinzas

lav.gases

Figura 6.Variação da alcalinidade total da água de lavagem de cinzas e de gases.

A concentração de nitrogênio amoniacal também foi detectada com predominância

apenas nas águas de lavagem de gases (NH4+

GSE) com concentração que variou de 4,1mg/L a

11,9mg/L, enquanto que nas águas de lavagem de cinzas só foi detectado amônio na amostra

coletada no final de janeiro (período chuvoso), com concentração de 2,6mg/L. A Figura 7 ilustra a

variação das concentrações de nitrogênio amoniacal dessas águas.

VARIAÇÃO DE NH4

0,02,0

4,06,0

8,010,0

12,014,0

5/12

/200

3

25/1

2/20

03

14/1

/200

4

3/2/

2004

23/2

/200

4

14/3

/200

4

3/4/

2004

23/4

/200

4

PERÍODO

NH

4 lav. cinzas

lav.gases

Figura 7. Variação de NH4 da água de lavagem de cinzas e de gases.

Os ácidos voláteis apresentaram comportamento semelhante, com concentração média

33mg/L para as águas para lavagem de cinzas e de 48mg/L para as águas de lavagem dos gases.

Page 9: Tratamento Água Lavador de Gases

VARIAÇÃO DE AV

0,010,020,030,040,050,060,070,080,0

5/12

/200

3

25/1

2/20

03

14/1

/200

4

3/2/

2004

23/2

/200

4

14/3

/200

4

3/4/

2004

23/4

/200

4

PERÍODO

AV lav. cinzas

lav. gases

Figura 8. Variação de ácidos voláteis da água de lavagem de cinzas e de gases.

Algumas industrias sucro-alcooleiras fazem a reutilização das águas de lavagem de cinzas e

gases, num circuito semi-fechado, que após passar essas águas por um sistema de tanques de

sedimentação, operados em paralelo, onde tem sempre um tanque em processo de limpeza e os

demais em uso, retornam para a lavagem de gases e cinzas das caldeiras.

No caso da Usina Coruripe-Matriz, essas águas são descartadas numa lagoa de sedimentação,

cujo efluente mistura-se com as demais águas residuárias da industria numa lagoa intermediária que

alimenta uma série de lagoas de estabilização, num circuito completamente aberto. O efluente

dessas lagoas de estabilização é bombeado para a irrigação.

CONCLUSÕES

As análises dos dados permitiram concluir que o circuito de água de lavagem de gases e

cinzas é completamente aberto, e utiliza taxa de aplicação de 1,25m3/TC.

Os resultados indicam que as águas de lavagem de gases apresentam concentrações de carga

orgânica (DQO) maiores que as de lavagem de cinzas, são mais alcalinas e conseqüentemente têm

pH mais elevado, com presença de nitrogênio amoniacal e elevadas temperaturas. Além disso,

apresentam concentrações mais elevadas de sólidos totais e de sólidos sedimentáveis.

Vale ressaltar que se uma usina é racional e econômica no uso de água, será racional e

econômica no uso de vapor e de energia elétrica, retirando a real necessidade de água do rio,

ocorrerá uma menor solicitação do manancial de superfície, aumentando assim, a recarga do

manancial subterrâneo. Após o drama nacional de energia, além da água é muito bem vindo

economizar energia.

Page 10: Tratamento Água Lavador de Gases

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao CNPq pela concessão de bolsas de estudo, à FINEP pelo auxílio

financeiro para o desenvolvimento da pesquisa, a S. A. CORURIPE AÇUCAR E ÁLCOOL pelo

apoio financeiro e logístico durante a realização deste projeto, e a UFAL pela possibilidade de

realização deste trabalho.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] ALAGOAS. Decreto n. 06, de 23 de janeiro de 2001. Regulamenta a Outorga de Uso dos

Recursos Hídricos, Institui o Sistema Estadual de Gerenciamento Integrado de Recursos

Hídricos e dá outras providências.

[2] ALMEIDA, R. A. de e SANTOS A. H. M. - O uso industrial da água e a gestão de recursos

hídricos. - XV Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos, ABRH, 2003.

[3] BRAILE, P. M. & CAVALCANTI, J. E. W. A; “Manual de Tratamento de Águas Residuárias

Industriais” CETESB. São Paulo / SP, Junho 1979.

[4] BRASIL. Lei n. 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Política Nacional de Recursos Hídricos.[5] BUARQUE, D.C. “Critérios Para A Outorga De Uso Da Água Para A Indústria Sucro-

Alcooleira”, Maceió 2003. Universidade Federal de Alagoas.

[6] DILALLO, R.; ALBERTSON, O. E. (1961). Volatile acids by direct titration. Journal Water

Pollution Control Federation, v. 33, n. 4, p. 356 - 365.

[7] FIESP/CIESP. Ampliação da Oferta de Energia através da Biomassa. Relatório,

disponível em www.fiesp.org.br. Setembro/2001.

[8] IEF AUTOMAÇÃO. “Manual de Instruções para Medidor de Vazão Ultrassônico Por Tempo de

Trânsito”. Modelo DCT7088. Marca Polysonics. Número MI004-a. Revisão A. São Paulo, 06

de Novembro 1996.

[9] MACÊDO, J. A. BARROS; “Águas e Águas” – Juiz de Fora-MG: ORTOFARMA,2000.

[10] STANDARD METHODS FOR THE EXAMINATION OF WATER AND WASTEWATER

(1995). 19th ed. Amer. Public Health Association/ American Water Works Association, Water

Enviroment Federation, Washington, D.C., USA, 1134 p.

[11] RIPLEY, L. E.; BOYLE, W. C.; CONVERSE, J. C. (1986). Improved alkalinimetric

monitoring for anaerobic digestion of high-strength wastes. Journal Water Pollution Control

Federation, v. 58, p. 406-411.