transtornos_diabetico

Upload: caio-rossi

Post on 06-Oct-2015

7 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • O Projeto Diretrizes, iniciativa conjunta da Associao Mdica Brasileira e Conselho Federalde Medicina, tem por objetivo conciliar informaes da rea mdica a fim de padronizar

    condutas que auxiliem o raciocnio e a tomada de deciso do mdico. As informaes contidasneste projeto devem ser submetidas avaliao e crtica do mdico, responsvel pela conduta

    a ser seguida, frente realidade e ao estado clnico de cada paciente

    Tratamento da Fase Agudado Acidente Vascular Cerebral

    Academia Brasileira de Neurologia

    Elaborao Final: 24 de Julho de 2001

    Autoria: Gagliardi RJ, Raffin CN, Fbio SRC

    Colaboradores: Bacellar A, Longo AL, Massaro AR, Moro CHC,Andr C, Nvak EM, Dias-Tosta E, Yamamoto FI,Damiani IT, Maciel Jr JA, Fernandes JG, Vega MG,Fukujima MM, Lanna MA, Oliveira RMC, Melo-Souza SE, Novis SAP, Tognola WA

    1

    Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira e Conselho Federal de Medicina

    O Projeto Diretrizes, iniciativa conjunta da Associao Mdica Brasileira e Conselho Federalde Medicina, tem por objetivo conciliar informaes da rea mdica a fim de padronizar

    condutas que auxiliem o raciocnio e a tomada de deciso do mdico. As informaes contidasneste projeto devem ser submetidas avaliao e crtica do mdico, responsvel pela conduta

    a ser seguida, frente realidade e ao estado clnico de cada paciente.

    Transtornos na Extremidade Inferior doPaciente Diabtico

    Sociedade Brasileira de Angiologiae Cirurgia Vascular

    Elaborao Final: 21 de Setembro de 2001

    Autoria: Santos MERC, De Luccia N, Fidelis C, Silva ES,Marino HLT, Duque AC, Guillaumond AT, van BellenB, Brito CJM, Caldeira EL, Burihan E, Miranda Jr F,Fonseca FP, Vieira GN, Abreu Jr GF, Anacleto JC,Amorim JE, Maia JO, Portillo MA, Correia ME,Panico MDB, Garrido MBM, Sarmento NN,Kauffman P, Silveira PRM, Rodrigues RM, SavinoNeto S, Marques SR, Bonamigo TP, Silva W.

  • Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira e Conselho Federal de Medicina

    2 Transtornos na Extremidade Inferior do Paciente Diabtico

    DESCRIO DO MTODO DE COLETA DAS EVIDNCIAS:Foram identificadas 17 publicaes na busca de referncias bibliogrficas realizada nasbases de dados: a) MEDLlNE (1966-2000), b) EMBASE (1973-2000), c) LILACS (1985-2000),d) Base da Dados Cochrane de Revises Sistemticas (Cochrane Library 2000, fascculo 4).Foi utilizada uma interseco da estratgia para p diabtico (apndice A) e da estratgiapara revises sistemticas/meta-anlises (apndice B). Foi realizada seleo dos artigos pelaleitura do ttulo e do resumo, quando necessrio foi utilizado o texto completo. Associada busca eletrnica, outros artigos foram sugeridos por especialistas. A avaliao da qualidadedos estudos foi realizada utilizando os roteiros publicados no JAMA1-9.

    GRAU DE RECOMENDAO E FORA DE EVIDNCIA:A: Estudos experimentais e observacionais de melhor consistncia.B: Estudos experimentais e observacionais de menor consistncia.C: Relatos ou sries de casos.D: Publicaes baseadas em consensos ou opinies de especialistas.

    OBJETIVO:Estas normas de orientao clnica foram elaboradas com o intuito de orientao geral aosagentes de sade que deparam-se com pacientes diabticos. As normas de orientao clnicano compem orientao definitiva e devem sempre ser analisadas de modo crtico eaplicao individualizada. A identificao e classificao do paciente de risco, o tratamentoprecoce, agressivo e educao, individual, familiar e comunitria10(B) compreendem asbases slidas para a preveno da amputao de membros nesta populao.

    PROCEDIMENTOS: Histria clnica e exame fsico; Exames complementares (doppler, radiografia, ultra-sonografia e arteriografia, cultura); Procedimentos que incluem orientaes educativas, curativos, uso de medicamentos

    tpicos e sistmicos, uso de sapatos, palmilhas e cirurgias convencional e endovascular.

    EVOLUO E DESFECHO:Os desfechos clnicos dos transtornos na extremidade inferior do paciente diabtico so:mortalidade (geral e especfica), necrose, ulcerao, infeco, calosidades e qualidade devida.

  • 3Transtornos na Extremidade Inferior do Paciente Diabtico

    Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira e Conselho Federal de Medicina

    PRINCIPAIS RECOMENDAES

    NEUROPATIA

    Aspectos gerais

    Muitos fatores de risco para ulcerao/amputao podem serdescobertos na histria clnica e na inspeo cuidadosa do p11(D).A anlise clnica o mtodo diagnstico mais efetivo, simples e debaixo custo para diagnstico da neuropatia12(D).

    Na anamnese importante analisar o grau de aderncia dopaciente e familiares prximos ao tratamento, bem como o estadonutricional, imunidade e co-morbidades13(D).

    Histria ativa

    Mesmo sem queixas: paciente assintomtico (em relao aosps)12(D).

    Queixas relativas a outros sistemas no afastam a necessidadede avaliao dos membros inferiores, pois geralmente o pacienteno valoriza dados importantes: calos, fissuras, micoses,etc.12(D).

    Histria familiar, tipo de tratamento e tempo de diagnsticodo diabetes so importantes14(D).

    Mecanismo da leso: trauma direto, repetitivo, fissurainfectada, etc.14(D).

    Histria de lcera e/ou amputao prvia colocam o pacienteem grupo de risco elevado para a extremidade afetada e para omembro contra-lateral15(D).

    Sintomas15(D) P seco, amortecido, pontadas, agulhadas, formigamento e

    queimao so queixas comuns; Dor discreta at insuportvel que piora noite; Calos e modificao da aparncia do p.

  • Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira e Conselho Federal de Medicina

    4 Transtornos na Extremidade Inferior do Paciente Diabtico

    Inspeo Independente da queixa16(B); P hiperemiado, seco, quente e com fis-

    suras15(D); Ausncia de sudorese15(D); Calosidades15(D); Morfologia: dedos em garra ou martelo,

    hlux valgo, p cavo e outras defor-midades15(D);

    Proeminncias sseas16(B); lcera plantar16(B); Arcos plantares: alterao aguda acompa-

    nhada de hiperemia e inchao ou crnicaacompanhada de ulcerao (P de Char-cot)17(B);

    Mobilidade articular limitada18(B); Inspecionar tambm os sapatos12(D).

    Teste diagnstico

    Teste do monofilamento (Semmes-Weinstein): incapacidade de sentir o filamentode 10,0g em quatro ou mais pontos, entre10 pontos testados (nove pontos na planta e umno dorso) demonstra neuropatia sensitiva19(B).

    A presso feita no filamento deve ser sufi-ciente para que ele faa um arco quandoapoiado na rea de interesse. Sensibilidade tr-mica e vibratria (diapaso) acusam acome-timento de diferentes tipos de fibras nervosase necessitam de outros dispositivos para suamensurao20(C).

    Radiografia

    Rarefao ssea, falanges em taa inverti-da ou lpis, destruio ssea. A neuro-osteoartropatia de Charcot caracteriza-se porfraturas, destruio ssea, reabsoro, esclerosee formao de seqestros e osso novo. Na fase

    aguda, o p fica hiperemiado e inchado, areabsoro ssea, ostelise, subluxao, erosoda cartilagem, instabilidade predominam e nafase crnica a esclerose, exuberante formaossea e deformao com estabilidade,predomina19(B).

    Profilaxia da neuropatia11(D) Controle rigoroso da glicemia; Proibio do tabagismo e etilismo; Controle da hipertenso arterial, dislipidemia

    e vasculopatia.

    Profilaxia das complicaes daneuropatia nas extremidades inferiores

    Identificao do paciente de risco para ul-cerao (perda da sensibilidade, deformidade ehistria de lcera prvia) e de risco para ampu-tao (p de Charcot, infeco e insuficinciavascular): estratificao do paciente nas catego-rias de risco e elaborao de estratgias para aten-dimento racional19(B).

    Abordagem multidisciplinar Educao do paciente, famlia e agentes de

    sade: cuidados gerais com os ps, unhas,micoses, calados, etc.10(B);

    Palmilhas e sapatos adequados10(B); Paciente que no adere o tratamento tem

    probabilidade 50 vezes maior de ulcerar op e 20 vezes maior de ser amputado queaqueles que seguem corretamente asorientaes19(B).

    Tratamento da dor neuroptica

    Tpico: capsaicina (0.075) creme. Inicial-mente produz queimao intensa que tende amelhorar no curso do tratamento21(A).

  • 5Transtornos na Extremidade Inferior do Paciente Diabtico

    Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira e Conselho Federal de Medicina

    Sistmico: Antidepressivo tricclicos22(D) Amitriptilina; Carbamazepina; Imipramina.

    Antiarrtimico classe 1B22(D) Cloridrato de mexiletina.

    Obs: os medicamentos de controle daneuropatia tm efeitos colaterais importantespara o SNC, fgado, funo renal, cardio-vascular e globo ocular. Devem ser iniciadosde maneira gradativa e de preferncia no as-sociados, avaliando-se a resposta em perodoslongos de tratamento22(D). Apesar dosinibidores da aldose-redutase serem sistemati-camente citados na literatura, o seu uso co-mercial no foi liberado devido aos efeitoscolaterais23(A).

    Tratamento das conseqncias daneuropatia para os ps Dficit de sensibilidade: cuidados com os ps

    e sapatos apropriados15(D); P seco: cremes hidratantes (evitar o uso

    entre os dedos)15(D); Calosidades pequenas: sapatos e palmilhas

    apropriadas e remoo gradativa comlixas15(D);

    Calosidades maiores, dolorosas e com he-matomas: remoo cirrgica (para diminuira presso plantar) e prescrio de sapatosadequados15(D);

    lceras: curativos freqentes, repouso, sa-patos e palmilhas adequadas, gesso de con-tato total, antibiticos se infectadas24(D);

    Material necrtico e/ou osteomielite asso-ciados: desbridamento cirrgico24(D);

    Alterao morfolgica: Charcot agudo: repouso absoluto e imo-

    bilizao da extremidade22(D);

    Charcot crnico e outras alteraesmorfolgicas: sapatos e rteses/prteses22(D).

    Na falha do tratamento conservador, a re-construo do p atravs de artrodese com ousem enxerto sseo24(D), pode ser feita em pa-cientes selecionados como alternativa ampu-tao do p25(D). Re-ulcerao aps tratamentocirrgico pode ocorrer em at 30% dosoperados24(D). Os procedimentos cirrgicosmais comuns envolvem exostectomia, artrodesee/ou artroplastia interfalangiana e metatarso-falangiana19(B).

    Nota: lceras so um marco na evoluodos pacientes diabticos10(B). A probabili-dade de amputao na presena da lcera semultiplica e o tempo mdio necessrio parao fechamento de 30% das lceras chega a20 semanas, com tratamento bem feito eestrita cooperao do paciente e famlia. Apossibilidade de infeco grave aguda eosteomielite a partir da lcera est semprepresente, portanto, a sua profilaxia um dosprincipais pontos de atuao dos agentes desade26(A).

    Caso a amputao da extremidade ocorra,o esforo em providenciar adequadaprotetizao do membro e evitar amputaocontra-lateral e os eventos cardiovascularesdeve fazer parte da abordagem destespacientes10(B).

    ANGIOPATIA

    A avaliao vascular perifrica necessriaem todos os diabticos para estadiamento e clas-sificao do risco.

  • Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira e Conselho Federal de Medicina

    6 Transtornos na Extremidade Inferior do Paciente Diabtico

    Categorias de risco e seguimento ambulatorial 12(D)Retorno

    ambulatorialCategoria de riscoSensibilidadepreservada Deformidade/calo Histria de lcera

    0 Sim No No Anual1 No No No Cada 6 meses2 No Sim No Cada 3 meses3 No No/Sim Sim Cada 1-2 meses

    Histria27(D) Claudicao intermitente; P pendente; Atrofia dos membros, alteraes nos p-

    los e unhas; lceras dolorosas ou no de difcil cica-

    trizao; Presena de hipertenso arterial, dislipidemia; Hbitos: tabagismo, alcoolismo, dieta ina-

    dequada.

    Exame clnico14(D) Aparncia e simetria dos membros inferiores; Palidez elevao do membro e hiperemia

    reativa na posio pendente; Ausncia dos pulsos e/ou presena de sopros; lceras; Necrose de pododctilos; Revascularizao de extremidade e/ou am-

    putao prvia.

    Devido a freqente associao comneuropatia e infeco, as queixas e os achadosfsicos podem no ser tpicos14(D).

    A dor isqumica e infecciosa pode ser mas-carada pela neuropatia14(D).

    As lceras podem ter componentesneuroptico e infeccioso, associado ao compo-nente vascular14(D).

    Mtodos diagnsticos

    Doppler: Dficit arterial: presso arterial abso-

    luta no tornozelo menor que a pressobraquial28(D);

    Relao (ndice) entre a presso tornozelo/brao menor que 0,8/0,9; ndice < 0,4/0,5 = difcil cicatrizao de leses28(D);

    Menos de 30% dos diabticos apresen-tam altos ndices ou presses absolutasdevido calcificao da camada mdiada parede arterial, tornando o examepouco confivel (ndice > 1,15)28(D).H recomendaes que seja usado ovalor absoluto ao invs de se determi-nar o ndice pressrico29(D).

    Mapeamento doppler (Duplex-scaning)29(D): Estudo preliminar de estenoses e obs-

    trues; Pode selecionar pacientes para procedi-

    mentos teraputicos (angioplastia); Estudo venoso para analisar a qualidade

    da veia utilizada nas revascularizaes daextremidade e para seguimento de pa-cientes revascularizados;

    Como o resultado examinador depen-dente, sua utilizao exclusiva, semangiografia, para anlise arterial pr-ope-ratria discutvel.

  • 7Transtornos na Extremidade Inferior do Paciente Diabtico

    Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira e Conselho Federal de Medicina

    Arteriografia: Exame pr-operatrio: utilizado para

    planejamento da conduta: evidenciaterritrio a ser revascularizado, atra-vs de angioplastia, enxerto (com veiaou prtese) ou endarterectomia. Oexame deve estender-se at avisualizao das artrias do p e seusramos30(D);

    Padro clssico ocluso femoro-poplteae das artrias tibiais e fibular, poupandoartrias do p e seus ramos31(C).

    Tratamento

    Tratamento clnico13(D) Indicado para: claudicao intermitente

    moderada e leve e pacientes com grave con-dio clnica geral.

    Formas de tratamento: Controle dos fatores de risco: Hiperten-

    so arterial sistmica; dislipidemias; Alterao de hbitos: eliminao do ta-

    bagismo, controle da dieta e programade condicionamento fsico;

    Antiagregantes plaquetrios; Drogas hemorroelgicas.

    Tratamento intervencionista Indicado para: claudicao intermitente

    limitante, dor isqumica de repouso, lesotrfica que no cicatriza e associao deisquemia com aneurisma (da aorta, ilacas,femorais ou artria popltea)30(D).

    Formas de tratamento: Enxerto (derivao) com veia

    autgena32(B); Revascularizao com prtese ou substi-

    tuto homlogo, so opes na ausnciade veias autgenas31(C);

    Endarterectomia30(D); Angioplastia30(D); Prtese endovascular (stent)33(D).

    Terapia hiperbrica

    Ainda no existem estudos prospectivos con-trolados comprovando o seu benefcio29(D).

    Nota: O conceito de microangiopatia queafeta os vasos da extremidade inferior refe-re-se ao espessamento da membrana basal docapilar e a falta de controle sobre o fecha-mento/abertura de shunts artrio-venosos pe-rifricos.

    Estes fatores no contra-indicam arevascularizao da extremidade afetada eno tornam piores os resultados destasrevascularizaes em diabticos34(B). Amacroangiopatia precoce e acelerada nodiabtico27(D). comum o achado de pa-cientes diabticos com isquemia, forte pul-so poplteo, ocluso de artrias de perna eartrias do p poupados do processo oclu-sivo31(C). A revascularizao da extremida-de e sua manuteno, mesmo em situaescomplexas, fator determinante na quali-dade de v ida do pac iente revascu la-rizado35(B).

    INFECO

    Ps secos, edemaciados, insensveis, comfissuras, esto sujeitos a infeces. Como apercepo destes quadros est afetada(neuropatia) e pode existir m perfusotecidual (vasculopatia), graves infeces da ex-tremidade ocorrem ameaando o membro e/ou a vida do paciente.

  • Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira e Conselho Federal de Medicina

    8 Transtornos na Extremidade Inferior do Paciente Diabtico

    Anamnese

    Sintomas36(D): Paciente com infeco grave pode ser

    pouco sintomtico devido neuropatia; Febre e sintomas relativos infeco

    aguda e/ou crnica (osteomielite) geral-mente so sub-dimensionados pelo pa-ciente.

    Aspectos relevantes: Diabetes descontrolado sem causa

    aparente36(D); Alterao no aspecto do p (aumento,

    vermelhido, rubor)36(D); Mudana no aspecto de leso prvia (au-

    mento, secreo e odor ftido)36(D); Histria prvia de desbridamento,

    osteomielite e tempo de durao da le-so podem sugerir comprometimentoinfeccioso crnico37(D).

    Sinais36(D): Gerais - febre, desidratao (em infec-

    es graves); Locais - rubor, calor, abaulamento; Leso com odor ftido, material

    necrtico e secreo purulenta.

    Em decorrncia das caractersticasanatmicas dos compartimentos dos ps e daperna e das caractersticas clnicas dos diabti-cos (neuropatia, dficit de imunidade)14(D), in-feces profundas e graves a partir de leses su-perficiais podem se formar com apresentaotardia dos sinais clssicos.

    lceras profundas e maiores de 2,0 cm2tm maior chance de acarretar osteo-mielite37(D).

    Realizar avaliao interdigital (micoses) eungueal (infeco ungueal ou peri-ungueal).

    Nota: O diagnstico precoce, tratamentorpido e agressivo evitam perda do membro ereduz tempo e custo da internao38(B).

    Instrumentao da leso

    Inspeo da lcera com haste metlica rombaestril (probing) extremamente til e prti-ca manobra de diagnstico de infeco profun-da e de osteomielite. Se o osso adjacente lce-ra puder ser tocado pela haste sem tecido frou-xo de proteo a chance de osteomielite de89% e afasta a necessidade de outros examespara diagnstico39(B).

    Exames hematolgicos

    Sugerem infeco: leucocitose, VHS au-mentada e nveis de glicemia elevados em pa-ciente previamente bem controlado. VHS aci-ma de 70 mm/h em paciente com leso bemtratada, sem macrovasculopatia, mas que nofecha, sugere osteomielite37(D).

    Radiografia

    Presena de gs, corpo estranho eenvolvimento sseo11(D). Sinais compatveiscom osteomielite: rarefao e destruio s-sea. Diagnstico diferencial com Charcotagudo ou crnico (neuro-osteoartropatia).Na presena de lcera com exposio ssea,a probabilidade maior osteomielite. im-prescindvel o seguimento, pois na fase agu-da a osteomielite no detectada no exameradiolgico37(D).

  • 9Transtornos na Extremidade Inferior do Paciente Diabtico

    Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira e Conselho Federal de Medicina

    Ressonncia magntica

    Exame sensvel para deteco de coleesprofundas no p e pode sugerir acometimentosseo, tem custo e disponibilidade limitada39(B).

    Cintilografia ssea

    Tem papel secundrio e limitado devido aocusto do exame e disponibilidade restrita. utililizado nos casos de dvida quanto osteomielite39(B).

    Nota: testes de diagnstico para deteco deosteomielite so dispendiosos e no demonstra-ram vantagem na evoluo dos pacientes quandocomparados queles tratados empiricamente39(B).Portanto, na dvida tratar o paciente.

    Culturas

    Tem valor quando o tecido profundo oucuretagem da base da leso encaminhado paraexame16(B) sem a contaminao superficial.Correlao positiva entre o germe encontrado einfeco ssea no unnime14(D). Principalagente isolado Estafilococos aureus. Germesgram (Bacilos G -) e associao entre germesaerbios e germes anaerbios comum (florapolimicrobiana)40(A).

    Histologia

    o mtodo definitivo para diagnstico deosteomielite39(B).

    Evoluo

    Depende de uma srie de fatores que envol-vem o paciente diabtico: grau de neuropatia e

    insuficincia vascular perifrica, doenas asso-ciadas (ins. renal), stio e severidade da infec-o, patgeno infectante, presena deosteomielite, tipo de antibioticoterapia e agili-dade na procura e no atendimento mdico (cl-nico-cirrgico)40(A).

    Tratamento emprico: tipo de infeco

    Leve: estas infeces geralmente somonomicrobianas e respondem bem ao tra-tamento, particularmente quando ainda nose usou nenhum antimicrobiano previamen-te: Cefalosporina de 1a gerao36(D); Amoxacilina / clavulonato37(D); So opes para uso via oral: a clin-

    damicina e fluorquinolona37(D).

    Moderada: infeco que ameaa omembro40(A): Fluorquinolona EV na fase inicial e VO

    com a melhora40(A); Amoxacilina / clavulonato EV e poste-

    riormente VO41(A); Cefotaxima + clindamicina40(A); Ceftazidima + clindamicina40(A); Fluorquinolona + clindamicina40(A).

    Grave: infeco que ameaa a vida, geral-mente polimicrobiana, com aumento donmero de bactrias anaerbicas42(D): Amoxacilina / clavulonato +

    vancomicina + fluorquinolona; Vancomicina + metronidazol +

    ceftazidime; Imipenem / cilastatina.

    Osteomielite: Remoo de osso infectado invivel40(A);

  • Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira e Conselho Federal de Medicina

    10 Transtornos na Extremidade Inferior do Paciente Diabtico

    Sem remoo do tecido sseo, tratamen-to por 6 a 12 semanas39(B) alta proba-bilidade de recorrncia40(A);

    Com a remoo do tecido sseo, trs se-manas de tratamento baseado em culturade tecido e/ou osso. Se o osso no foi re-movido completamente, 10 a 12 semanasde antibioticoterapia aconselhvel39(B).

    Notas:

    fundamental o conhecimento de diversos

    esquemas antibiticos devido natureza va-rivel do agente etiolgico e condio clnicado paciente. Ex. infeco por pseudomonasresistente em paciente com insuficincia re-nal. Aps o conhecimento do resultado dacultura, o esquema antimicrobiano deve seradequado baseado na eficincia micro-biolgica e custo-efetividade16(B);

    Iniciar empiricamente antibioticoterapiaat a identificao do(s) germe(s) de acor-do com a freqncia bacteriana conhecidano hospital16(B).

  • 11Transtornos na Extremidade Inferior do Paciente Diabtico

    Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira e Conselho Federal de Medicina

    REFERNCIAS

    1. Oxman AD, Sackett DL, Guyatt GH.Users guides to the medical literature: I.how to get started. Evidence-BasedMedicine Working Group. JAMA 1993;270:2093-5.

    2. Guyatt GH, Sackett DL, Cook DJ. Usersguide to the medical literature: II. How touse an article about therapy or prevention.A. Are the results of the study valid?Evidence-Based Medicine Working Group.JAMA 1993; 270:2598-601.

    3. Guyatt GH, Sackett DL, Cook DJ. Usersguide to the medical literature: II. How touse an article about therapy or prevention.B. What were the results and will they helpin me caring for my patients. Evidence-Based Medicine Working Group. JAMA1994; 271:59-63.

    4. Drummond MF, Richardson WS, OBrienBJ, Levine M, Heyland D. Users guides tothe medical literature. XIII. How to use anarticle on economic analysis of clinicalpractice. A. Are the results of the studyvalid? Evidence-Based Medicine WorkingGroup. JAMA 1997; 277:1552-7.

    5. Jaeschke R, Guyatt G, Sackett DL. Usersguide to the medical literature. III. How touse an article about a diagnostic test. A.Are the results of the study valid? Evidence-Based Medicine Working Group. JAMA1994; 271:389-91.

    6. Jaeschke R, Guyatt G, Sackett DL. Usersguide to the medical literature. III. How touse an article about a diagnostic test. B.

    What were the results and will they helpme caring for my patients? Evidence-BasedMedicine Working Group. JAMA 1994;271:703-7.

    7. Laupacis A, Wells G, Richardson WS,Tugwell P. Users guide to the medicalliterature. V. How to use an article aboutprognosis. Evidence-Based Medicine WorkingGroup. JAMA 1994; 272:234-7.

    8. OBrien BJ, Heyland D, Richardson WS,Levine M, Drummond MF. Users guidesto the medical literature. XIII. How to usean article on economic analysis of clinicalpractice. B. What are the results and willthey help me in caring for my patients?Evidence Based Medicine Working Group.JAMA 1997; 277:1802-6.

    9. Oxman AD, Cook DJ, Guyatt GH. Usersguide to the medical literature: VI. How touse an overview. Evidence-Based MedicineWorking Group. JAMA 1994; 272:1367-71.

    10. Van Gils CC, Wheeler LA, Mellstrom M,Brinton EA, Mason S, Wheeler CG.Amputation prevention by vascular surgeryand podiatry collaboration in high-riskdiabetic and nondiabetic patients. Theoperation desert foot experience. DiabetesCare 1999; 22:678-83.

    11. Sociedade Brasileira de Diabetes. Consen-so Sobre Diabetes- Diagnstico e Classifi-cao dos Diabetes Mellitus Tipo II-2001.

    12. de Heus-van Putten MA, Schaper NC,Bakker K. The clinical examination of thediabetic foot in daily practise. Diabetic Med1996; 13:S55-7.

  • Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira e Conselho Federal de Medicina

    12 Transtornos na Extremidade Inferior do Paciente Diabtico

    13. Scottish Intercollegiate GuidelinesNetwork. Implementation of the StVincent Declaration-The Care of DiabeticPatients in Scotland. Management ofDiabetic Foot Disease-1997.

    14. Lavery LA, Armstrong DG, Harkless LB.Classification of diabetic foot wounds. JFoot Ankle Surg 1996; 35:528-31.

    15. Boulton AJ. The pathogenesis of diabeticfoot problems: an overview. Diabet Med1996; 13:S12-6.

    16. Edelson GW, Armstrong DG, Lavery LA,Caicco G. The acutely infected diabetic footis not adequately evaluated in a inpatientsetting. Arch Intern Med 1996; 156:2373-5.

    17. Campbell RR, Hawkins SJ, Maddison PJ,Reckless JP. Limited joint mobility in dia-betes mellitus. Ann Rheum Dis 1985;44:93-7.

    18. Fernando DJ, Masson EA, Veves A,Boulton AJ. Relationship of limited jointmotility to abnormal foot pressures anddiabetic foot ulceration. Diabetes Care1991; 14:8-11.

    19. Armstrong DG, Harkless LB. Outcomesof preventative care in a diabetic footspecialty clinic. J Foot Ankle Surg 1998;37:460-6.

    20. Guy RJ, Clark CA, Malcolm PN, WatkinsPJ. Evaluation of thermal and vibrationsensation in diabetic neuropathy.Diabetologia 1985; 28:131-7.

    21. Tandan R, Lewis GA, Krusinski PB,Badger GB, Fries TJ. Topical capsaicin inpainful diabetic neuropathy. Controlledstudy with long-term follow-up. DiabetesCare 1992; 15:8-14.

    22. Ziegler D. Diagnosis and management ofdiabetic peripheral neuropathy. DiabeticMed 1996; 13:S34-8.

    23. Nicolucci A, Carinci F, Graepel JG,Hohman TC, Ferris F, Lachin JM. Theefficacy of tolrestat in the treatment ofdiabetic peripheral neuropathy. A meta-analysis of individual patient data. Diabe-tes Care 1996; 19:1091-6.

    24. Frykberg RG. Diabetic foot ulcers: currentconcepts. J Foot Ankle Surg 1998;37:528-31.

    25. Deresh GM, Cohen M. Reconstruction ofthe diabetic charcot foot incorporating bonegrafts. J Foot Ankle Surg 1996; 35:474-88.

    26. Margolis DJ, Kantor J, Berlin JA.Healing of diabetic neuropathic footulcers receiving standard treatment. Ameta-analysis. Diabetes Care 1999;22:692-5.

    27. Schaper NC. Early atherogenesis in dia-betes mellitus. Diabetic Med 1996;13:S23-5.

    28. Takolander R, Rauwerda JA. The use ofnon-invasive vascular assessment in diabeticpatients with foot lesions. Diabetic Med1996; 13:S39-S42.

  • 13Transtornos na Extremidade Inferior do Paciente Diabtico

    Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira e Conselho Federal de Medicina

    29. Dormandy JA , Rutherford RB.Management of peripheral arterialdisease (PAD). TASC Working Group.TransAtlantic Inter-Society Concensus(TASC). J Vasc Surg 2000; 31:S1-S296.

    30. LoGerfo FW, Coffman JD. Currentconcepts. Vascular and microvasculardisease of foot in diabetes. N Eng J Med1984; 31:1615-9.

    31. Pomposelli FB Jr, Jepsen SJ, Gibbons GW,Campbell DR, Freeman DV, Gaughan BM,et al. A flexible approach to infrapopitealvein grafts in patients with diabetes mellitus.Arch Surg 1991; 126:724-9.

    32. Pomposelli FB Jr, Marcaccio EJ, GibbonsGW, Campbell DR, Freeman DV, BurgessAM, et al. Dorsalis pedis arterial bypass:durable limb salvage for foot isquemia inpatients with diabetes mellitus. J Vasc Surg1995 21; 3:375-84.

    33. LoGerfo FW, Gibbons GW. Vasculardisease of the lower extremities in diabetesmellitus. Endocrinol Metab Clin North Am1996; 25:439-45.

    34. Bhler-Singer S, Hiller D, Albrecht HP,Seidel C, Hornstein OP. Disturbances ofcutaneous microcirculation in patients withdiabetic legs: additional parameters for anew therapeutic concept? Acta DermVenereol 1994; 74:250-6.

    35. Gibbons GW, Burgess AM, Guadagnoli E,Pomposelli FB Jr, Freeman DV, CampbellDR, et al. Return to well-being and function

    after infrainguinal revascularization. J VascSurg 1995; 21:35-45.

    36. Caballero E, Frykberg RG. Diabetic footinfections. J Foot Ankle Surg 1998;37:248-55.

    37. Lipsky BA. Osteomyelitis of the Foot inDiabetic Patients. Clin Infect Dis 1997;25:1318-26.

    38. Tan JS, Friedman NM, Hazelton-Miller C,Flanagan JP, File TM Jr. Can aggressivetreatment of diabetic foot infections reducethe need for above-ankle amputation? ClinInfect Dis 1996; 23:286-91.

    39. Grayson ML, Gibbons GW, Balogh K,Levin E, Karchmer AW. Probing to bonein infected pedal ulcers: a clinical sign ofunderlying osteomyelitis in diabeticpatients. JAMA 1995; 273:721-3.

    40. Grayson ML, Gibbons GW, HabershawGM, Freeman DV, Pomposelli FB, et al.Use of ampicillin/sulbctam versusimipenem/cilastatin in the treatment oflimb-threatening foot infection in diabeticpatients. Clin Infect Dis 1994; 18:683-93.

    41. Lipsky BA, Baker PD, Landon GC, FernauR. Antibiotic therapy for diabetic footinfections: Comparison of two parenteral-to-oral regimens. Clin infect Dis 1997;24:643-8.

    42. Gerding DN. Foot infections in diabeticpatients: the role of anaerobes. Clin InfectDis 1995; 20:S283-8.