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Organização do terceiro setor TRANSPARÊNCIA DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL: Um Estudo sobre a Prestação de Contas em uma Entidade do Terceiro Setor na Cidade de Maceió AUTORAS THAMIRIS LINS DE MELO UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS [email protected] JULYANE LEITE DOS SANTOS UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS [email protected] ERICA XAVIER DE SOUZA Universidade Federal de Alagoas/Faculdade Boa Viagem [email protected] Resumo O Terceiro Setor abrange entidades sem fins lucrativos que desempenham funções cada vez mais relevantes na sociedade. Com o crescimento destas entidades surgiu a necessidade de demonstrar clareza na aplicação dos recursos e nos resultados obtidos. Sendo assim, este trabalho propõe um estudo sobre a transparência da informação contábil nas prestações de contas das entidades do Terceiro Setor, com o objetivo de verificar como estas prestações de contas estão sendo elaboradas. Para o alcance deste objetivo foi realizada uma pesquisa bibliográfica na busca por conceitos que caracterizam o Terceiro Setor e as instituições que o compõe. Como também foi realizado um estudo de caso na Associação de Amigos e Pais de Pessoas Especiais – AAPPE, que buscou identificar na prática a importância do trabalho de uma instituição do Terceiro Setor, assim como a sua forma de prestação de contas, de modo que garanta a transparência de suas informações para dar continuidade a suas atividades. Constatou-se que a entidade pesquisada desenvolve projetos, em sua grande maioria, financiados por órgãos públicos e sua prestação de contas é feita diretamente para cada entidade financiadora, através de planilhas que demonstram como os recursos foram aplicados. Abstract The third sector includes nonprofit organizations that perform functions increasingly important in society. With the growth of these entities was a need to establish clarity in the application of resources and results. Therefore, this paper proposes a study on the transparency of accounting information in the statements of accounts of entities in the Third Sector, in order to see how these statements of accounts are being prepared. To achieve this goal was accomplished a literature search in the search for concepts that characterize the Third Sector and the institutions that compose it. As was also performed a case study in the Association of Friends and Parents of Special People - AAPP, which sought to identify the practical importance of the work of an institution of the Third Sector, as well as its form of accountability in order to ensure the transparency of their information to continue with their

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Organização do terceiro setor

TRANSPARÊNCIA DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL: Um Estudo sobre a Prestação de Contas em uma Entidade do Terceiro Setor na Cidade de Maceió

AUTORAS THAMIRIS LINS DE MELO UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS [email protected] JULYANE LEITE DOS SANTOS UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS [email protected] ERICA XAVIER DE SOUZA Universidade Federal de Alagoas/Faculdade Boa Viagem [email protected]

Resumo

O Terceiro Setor abrange entidades sem fins lucrativos que desempenham funções cada vez mais relevantes na sociedade. Com o crescimento destas entidades surgiu a necessidade de demonstrar clareza na aplicação dos recursos e nos resultados obtidos. Sendo assim, este trabalho propõe um estudo sobre a transparência da informação contábil nas prestações de contas das entidades do Terceiro Setor, com o objetivo de verificar como estas prestações de contas estão sendo elaboradas. Para o alcance deste objetivo foi realizada uma pesquisa bibliográfica na busca por conceitos que caracterizam o Terceiro Setor e as instituições que o compõe. Como também foi realizado um estudo de caso na Associação de Amigos e Pais de Pessoas Especiais – AAPPE, que buscou identificar na prática a importância do trabalho de uma instituição do Terceiro Setor, assim como a sua forma de prestação de contas, de modo que garanta a transparência de suas informações para dar continuidade a suas atividades. Constatou-se que a entidade pesquisada desenvolve projetos, em sua grande maioria, financiados por órgãos públicos e sua prestação de contas é feita diretamente para cada entidade financiadora, através de planilhas que demonstram como os recursos foram aplicados.

Abstract

The third sector includes nonprofit organizations that perform functions increasingly important in society. With the growth of these entities was a need to establish clarity in the application of resources and results. Therefore, this paper proposes a study on the transparency of accounting information in the statements of accounts of entities in the Third Sector, in order to see how these statements of accounts are being prepared. To achieve this goal was accomplished a literature search in the search for concepts that characterize the Third Sector and the institutions that compose it. As was also performed a case study in the Association of Friends and Parents of Special People - AAPP, which sought to identify the practical importance of the work of an institution of the Third Sector, as well as its form of accountability in order to ensure the transparency of their information to continue with their

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activities. It was found that the employer searched develops projects, mostly funded by public agencies and their accountability is made directly to each donor, through spreadsheets showing how resources have been applied.

Palavras – chave: Terceiro Setor, Transparência, Prestação de Contas.

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1 INTRODUÇÃO O presente trabalho propõe um estudo sobre os principais aspectos da contabilidade

aplicada às empresas do Terceiro Setor, procurando evidenciar a importância desta ciência no processo de transparência e responsabilidade das prestações de contas de tais entidades.

Atualmente, no Brasil e no mundo, o Terceiro Setor ocupa um papel de destaque na sociedade, desenvolvendo atividades que buscam suprir a lacuna deixada pelo Estado no cumprimento de suas obrigações com as questões sociais.

O Terceiro Setor é constituído por entidades sem fins lucrativos e não governamentais que utilizam recursos públicos e privados para a realização de atividades voltadas para o bem comum. Essas organizações congregam objetivos sociais, filantrópicos, artísticos ou culturais, com a intenção de minimizar os problemas sociais ou complementar ações públicas sob a responsabilidade do Estado.

As organizações sem fins lucrativos têm atuação cada vez mais marcante e abrangente, tendo como principal problema a falta de confiabilidade por parte da sociedade na captação de recursos para seu funcionamento. Por isso, é indispensável que tais entidades administrem seus recursos de forma transparente e prestem contas de seus serviços de forma que proporcione clareza nas informações, estimulando a entrada de mais recursos para garantir a sua continuidade e crescimento ao longo do tempo.

Dentro deste contexto, a Contabilidade pode ser utilizada como uma importante ferramenta para arrecadação de recursos nas instituições do Terceiro Setor, pois fornece a transparência de suas atividades através das demonstrações financeiras, que evidenciam não apenas de onde vieram esses recursos, mas também, onde foram aplicados e qual o benefício gerado.

Campos (2003, p. 27) afirma que: “O aumento do volume dos recursos arrecadados pelas entidades do terceiro setor sem fins lucrativos é acompanhado por uma maior necessidade de transparência quanto a sua aplicação.” Diante do que foi exposto, é importante saber como as prestações de contas geradas pelas entidades do terceiro setor estão sendo elaboradas para garantir uma transparência da informação contábil.

Olak e Nascimento (2000, p.4) reforçam a contribuição que a contabilidade pode oferecer no processo de transparência dessas instituições:

Fica evidenciada a importância da contabilidade, que é definida como um sistema de informação e mensuração que passou a ser requerida em diversos momentos pelos vários organismos governamentais e não-governamentais, para fornecer-lhes Demonstrações Contábeis e outras informações por ela geradas, para fins de prestação de contas das ações dessas entidades.

O referido tema busca apresentar a Contabilidade como a principal ferramenta de prestação de contas dos recursos financeiros utilizados pelas Entidades do Terceiro Setor, bem como demonstrar que a informação contábil é um instrumento de grande importância para a tomada de decisão e evidenciação da responsabilidade da instituição perante a sociedade. Para isso, será realizado um estudo de caso na Associação de Amigos e Pais de Pessoas Especiais (AAPPE), localizada no município de Maceió, onde serão verificadas as várias formas de evidenciação contábil utilizadas pela mesma.

A importância do Terceiro Setor dar-se-á pelo atendimento das necessidades públicas, pois o Estado tende cada vez menos a atuar como provedor único de serviços públicos, passando a incentivar a ação em conjunto com outros segmentos da sociedade.

É responsabilidade do Estado garantir o cumprimento desses direitos, porém esta tarefa passou a ser dividida com outras organizações, como as entidades do Terceiro Setor, que surgiram para suprir a necessidade de algumas camadas da sociedade que o Estado não conseguiu atingir.

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1.1 Problemas da Pesquisa Este trabalho terá que responder o seguinte problema de pesquisa: Será que as

prestações de contas geradas pelas entidades do Terceiro Setor garantem uma transparência da informação contábil?

1.2 Objetivos

Neste tópico serão apresentados os objetivos que se propõe alcançar com esta pesquisa.

1.2.1 Objetivo Geral

O objetivo geral desta pesquisa será identificar a transparência da informação contábil nas prestações de contas geradas pelas entidades do Terceiro Setor.

1.2.2 Objetivos Específicos A fim de atingir o objetivo geral foram elaborados os seguintes objetivos específicos:

a) Identificar e analisar as demonstrações financeiras contábeis utilizadas pelos

gestores para a tomada de decisão; b) Verificar o grau de transparência das informações nas prestações de contas do

Terceiro Setor; c) Verificar a percepção dos gestores perante a transparência das prestações de

contas. 1.3 Justificativa

A opção por um trabalho desta natureza decorre da contribuição da Contabilidade na prestação de contas das Entidades do Terceiro Setor, visto que, estas necessitam da captação de recursos financeiros, físicos e humanos, como também do aumento de parcerias para garantir a sua sobrevivência. Portanto, o Terceiro Setor tem um processo econômico que precisa ser controlado e divulgado aos financiadores de recursos, fazendo com que este tipo de organização tenha uma imagem positiva na sociedade, sendo a Contabilidade uma ferramenta essencial para o seu desenvolvimento.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo versará sobre os principais conceitos e características que definem o Terceiro Setor, assim como as causas que proporcionaram o seu surgimento, dando ênfase às formas de evidenciação contábil no processo de transparência das organizações que o compõe e as formas de prestações de contas por elas utilizadas.

2.1 Definição e Caracterização de Terceiro Setor

O conceito de Terceiro Setor é muito abrangente e ainda encontra-se em processo de desenvolvimento, tendo em vista as inúmeras denominações que recebe, devido à diversidade de organizações que o compõem e das diferentes formas e áreas de atuação.

Para Coelho (2002, p.9), “as multiplicidades das denominações apenas demonstram uma falta de precisão conceitual, o que, por sua vez, revela a dificuldade de enquadrar toda a diversidade de organizações em parâmetros comuns”. Por isso, é necessário identificar como as organizações da sociedade civil se manifestam e se relacionam no contexto social, de forma que o sentido e significado do Terceiro Setor seja apresentado a partir de um conceito unificado, o que seria essencial para a construção de sua própria identidade.

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As organizações da sociedade civil que representam o Terceiro Setor têm como principal característica a promoção de interesses coletivos a fim de combater grandes problemas do mundo atual. Diversas denominações são adotadas para caracterizar tais organizações, entre elas: Fundações, Entidades Sem Fins Lucrativos, Organizações Filantrópicas, Institutos, Associação e Organizações Não Governamentais (ONGS). Todas essas entidades estão inseridas no Terceiro Setor, pois prestam serviços de caráter público e congregam objetivos sociais, filantrópicos, culturais, recreativos, religiosos e artísticos.

O Terceiro Setor, portanto, abrange ações públicas que saem do domínio estatal e passam a ser realizadas por organizações da sociedade civil que visam a benefícios coletivos sem o objetivo de auferir lucro, diferenciando-se dos demais setores que compõem a sociedade.

O Terceiro Setor é visto como derivado de uma conjugação entre as finalidades do Primeiro Setor e a metodologia do Segundo, ou seja, formado por entidades que realizam interesses públicos (embora não sejam integrantes do governo) e de natureza privada (embora não possuam objetivos mercantis).

Sabe-se que o Estado tende cada vez menos a atuar como provedor único de serviços públicos e gradualmente passou a valorizar a ação em sintonia com os demais segmentos da sociedade. Como não foi possível para o Estado suprir com eficiência suas funções sociais mais básicas, ele acabou cedendo a outras entidades espaço para que executassem alguns de seus serviços. Ele seria então o regulador destes serviços, através da destinação de recursos do orçamento para as empresas, desde que elas passassem pelo processo de adequação exigido e obtivessem autorização do Poder Legislativo. O setor privado também não foi capaz de cumprir com tais obrigações, fazendo surgir o movimento social representado pelo Terceiro Setor.

Sendo assim, as entidades do Terceiro Setor participam das ações em benefício público dividindo as responsabilidades com o Estado e influenciando o comportamento da iniciativa privada, oferecendo-lhes mais oportunidades para ações de bem social. Dentro desse contexto, a importância do Estado é estabelecida por meio de mecanismos como as parcerias, o financiamento compartilhado, a regulamentação e o ordenamento jurídico.

Oliveira (2003, p.9) afirma: A importância do Terceiro Setor e suas organizações era mais reconhecida como um grande parceiro na implantação e gestão das políticas sociais, como, por exemplo, filantropia e atendimento às demandas de carência e necessidades básicas, defesa dos interesses de minorias e patrimônios culturais e ambientais.

Confirma-se que a responsabilidade de garantir os interesses coletivos através de políticas públicas e sociais, anteriormente apenas do Estado, está sendo dividida com o Terceiro Setor. A forma centralizada e burocrática de definir e implementar políticas sociais começa a ceder espaço a uma estratégia baseada na articulação de parcerias intersetoriais, originadas na sociedade civil.

Constituído por essas novas organizações e pela modernização da forma de agir das antigas entidades sociais, o Terceiro Setor poderá impulsionar o desenvolvimento social na medida em que puder oferecer alternativas às formas tradicionais de exercício do poder na condução das políticas públicas e promover a participação efetiva da cidadania na condução dos assuntos de interesse coletivo.

2.2 O Terceiro Setor no Brasil

O Terceiro Setor ocupa papel de destaque na sociedade brasileira e as causas para o seu crescimento no Brasil não são diferentes das que o movem mundialmente. Advém principalmente da pouca representatividade e a capacidade limitada na execução de tarefas

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sociais por parte do Estado, bem como da necessidade de suprir as falhas deixadas por ele no atendimento às necessidades da população.

A tradição das doações de caridade remonta, no Brasil, ao início do período colonial, com a criação de uma grande quantidade de obras filantrópicas de caráter religioso. Foi somente no final do século XIX e início do século XX que as instituições sociais e de amparo à população carente passaram por mudanças na sua forma de organização, deixando de ser fundamentalmente orientadas por princípios de caridade cristã e da filantropia. (ASKOVA & COMPANY, 2001).

Nesse período, o Estado também passa a ter maior atuação na área social, intervindo na gestão administrativa e no financiamento das organizações filantrópicas e assistenciais. A década de 30, no governo de Getúlio Vargas, foi um momento em que o assistencialismo predominou na estratégia política do governo.

“Em 1988, na atualização da Constituição, as políticas sociais ganharam uma conotação diferente. Antes, aquilo que significava a satisfação das necessidades básicas passou a ser direito adquirido dos cidadãos”. (OLIVEIRA, 2003, p.9).

A relevância do Terceiro Setor não se dá apenas no aspecto da filantropia, mas se dá também nos aspectos econômicos, em que milhares de trabalhadores vêem neste segmento, oportunidades de emprego e de renda. O giro monetário que se vê no setor sem fins lucrativos é positivo para a economia nacional, uma vez que representam volume de dinheiro, giro financeiro e investimentos dentro do país. O setor tem crescido de maneira a trazer para si grande fatia de novos profissionais que buscam colocação e experiência no mercado e encontram no Terceiro Setor a oportunidade de exercerem seus conhecimentos.

Com o passar dos tempos, e, principalmente com o agravamento das carências sociais onde o Estado já não conseguia atender a todas às demandas, as organizações sociais passaram a ocupar papel de destaque no desenvolvimento de ações sociais com enorme repercussão em determinadas camadas da população.

Essa atuação é evidenciada através de um estudo recentemente divulgado no Programa de Voluntários das Nações Unidas (UNV), em parceria com o Johns Hopkins Center for Civil Society Studies, em que se demonstra que o setor sem fins lucrativos no Brasil já representa 5% do PIB nacional, tendo crescido 71% entre 1995 e 2002. A pesquisa destaca ainda que, de 1995 a 2002, quadruplicou a relevância do Terceiro Setor na economia, cuja participação tornou-se superior quando comparada à participação de setores consistentes da economia nacional, como extração mineral, que inclui petróleo, minério de ferro, gás natural e carvão. (BUENO, 2007).

O Estado se modernizou racionalizando seus principais processos em busca de um modelo institucional adequado para ganhar agilidade, eficiência e um melhor resultado econômico. E através da descentralização de poder, grande parte das competências das políticas sociais é transferida para os parceiros que compõem o Terceiro Setor. (OLIVEIRA, 2003). 2.3 A Prestação de Contas

Esta seção será dividida em quatro tópicos que tem por finalidade mostrar a importância da prestação de contas nas organizações do Terceiro Setor, através da contabilidade. 2.3.1 Demonstrações do Terceiro Setor para Prestação de Contas

A Contabilidade é uma Ciência Social que tem por objeto de estudo o patrimônio das entidades, sejam elas com ou sem fins lucrativos, com o objetivo principal de fornecer informações sobre a situação econômica e financeira aos seus usuários. No caso das organizações do Terceiro Setor, o patrimônio pertence a sociedade, sendo indispensável a

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prestação de contas dos recursos utilizados através de informações financeiras, econômicas e patrimoniais contidas nas demonstrações contábeis. (ARAÚJO, 2009).

O benefício gerado pelas entidades do Terceiro Setor por meio de seus serviços chama cada vez mais a atenção dos doadores de recursos e da sociedade, que exigem prestações de contas que mostrem claramente como os recursos foram aplicados em benefício público, por isso, é fundamental que essas instituições elaborem demonstrações contábeis para atender a essas exigências. Além de ser instrumento de prestação de contas de instituições sem fins lucrativos, contribuindo no processo de transparência do Terceiro Setor, as informações contábeis também são importantes para auxiliar os gestores na tomada de decisão e correta captação e aplicação de recursos.

Segundo Machado (2007, p.67), “Uma contabilidade precisa e bem apresentada dá visibilidade às atividades de uma entidade, de forma clara, objetiva, sem margens para dúbias interpretações”. Para as entidades do Terceiro Setor isto é de suma importância.

No Brasil, a principal regulamentação contábil é a Lei n° 6.404/76, definida como Lei das Sociedades por Ações, alterada recentemente em alguns dos seus itens pela Lei nº 11.638/07, que visa adequar a Lei das S.A, principalmente na parte em que ela dispõe sobre matéria contábil, à nova realidade da economia brasileira. A estrutura patrimonial definida pela Lei das S.A, com todas as suas alterações, é a base da contabilidade do Terceiro Setor.

Para Araújo (2009, p.53) Embora essa lei refira-se às Sociedades Anônimas, caracterizadas por terem seu capital social dividido em partes iguais e ideais denominadas ações e cujos sócios têm a sua responsabilidade limitada ao valor das ações que subscreveram, ainda assim essa lei pode ser aplicada às demais sociedades ou organizações que se utilizem de recursos escassos no cumprimento de seus objetivos.

Sendo assim, entende-se que as organizações do Terceiro Setor estão autorizadas a

fazer uso de partes da Lei das S.A, no que se refere, principalmente, às demonstrações contábeis e à escrituração de suas operações. Entretanto, algumas adaptações devem ser feitas e dizem respeito à nomenclatura de algumas contas a serem utilizadas.

Como foi visto anteriormente, nas entidades sem finalidade de lucro o resultado positivo não é destinado aos detentores do patrimônio líquido e o lucro ou prejuízo são denominados, respectivamente, de superávit ou déficit.

Os órgãos normativos da profissão contábil e do mercado, nesse caso, mais especificamente o Conselho Federal de Contabilidade (CFC), elaboraram normas que estão em consonância com a Lei das S.A e devem ser consideradas pelos profissionais que atuam na contabilidade, são as Normas Brasileiras de Contabilidade – Técnica. Para acompanhar o desenvolvimento do Terceiro Setor, o CFC, ao editar a NBC T – 10, Dos Aspectos Contábeis Específicos Em Entidades Diversas, dedicou cinco itens para evidenciar os aspectos relacionados ao registro de operações e ao formato das demonstrações contábeis que se lhes aplicam.

O item 10.19.3.1 dessa norma determina que as demonstrações contábeis das entidades do Terceiro Setor devem ser elaboradas de acordo com a NBC T 3 regulamentada pela Resolução CFC N. º 686 de 14 de dezembro de 1990 e a sua divulgação deve atender à NBC T 6 (Resolução CFC N.º 737 de 27 de novembro de 1992).

É certo que além das normas específicas, conforme disposto no item 1.6 da NBC T 10.19, as entidades sem fins lucrativos estão sujeitas aos Princípios Fundamentais de Contabilidade, bem como as Normas Brasileiras de Contabilidade, suas Interpretações Técnicas e Comunicados Técnicos.

Outras regras também existem no que se refere ao aspecto de preparação e apresentação de demonstrações contábeis para o Terceiro Setor, como as regras contidas no Regulamento do Imposto de Renda e na Lei do Terceiro Setor ou Lei das OSCIP – Lei n°

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9.790/00, que apenas cita quais as demonstrações devem ser preparadas e apresentadas por estas organizações.

As demonstrações contábeis para o Terceiro Setor, segundo as NBC T 10 são: o Balanço Patrimonial, a Demonstração do Superávit ou Déficit do Exercício, a Demonstração das Mutações do Patrimônio Social e a Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos.

Os demonstrativos contábeis foram alterados em suas nomenclaturas, exatamente para suprirem as necessidades de adaptação e a visualização da diferença entre uma entidade que busca o lucro e outra que, embora tenha superávit, o reinveste na atividade-fim, conforme objeto do seu estatuto social. (MACHADO, 2007).(Vide quadro 1)

Demonstração Características Principais alterações

Balanço Patrimonial

Informa a situação econômica, financeira e patrimonial da organização em determinado momento. No Ativo estão representadas as aplicações de recursos, no Passivo, as origens de recursos resultantes em obrigações e no Patrimônio Líquido os recursos próprios da entidade.

Substituição da conta Patrimônio Líquido para Patrimônio Social e mudanças na nomenclatura da conta de Lucro ou Prejuízos do Exercício, que aparece como Superávit e Déficit do Exercício.

Demonstração do Superávit ou Déficit do

Exercício

Demonstração destinada a evidenciar a composição do resultado obtido num determinado período da entidade. Para o Terceiro Setor, é o demonstrativo que apresenta quantitativamente o que a organização prestou em assistência social, refletindo o empenho dos gestores na utilização dos recursos.

A norma do CFC que trata das demonstrações contábeis para o Terceiro Setor alterou a nomenclatura da linha final do resultado, chamado de lucro ou prejuízo do exercício, para superávit ou déficit do período.

Demonstração de Lucros e Prejuízos

Acumulados

Evidencia os saldos no início do período, os ajustes dos exercícios anteriores, as reversões e transferências de reservas e o superávit ou o déficit do exercício, com o objetivo de explicar como e por que as diversas contas do patrimônio líquido modificam-se durante o período.

Como as organizações do Terceiro Setor não mantêm lucros ou prejuízos acumulados, essa demonstração torna-se inaplicável, devendo ser substituída pela Demonstração Das Mutações do Patrimônio Líquido Social

Demonstração de Origens e Aplicações de

Recursos

Evidencia as modificações que originaram as variações no capital circulante líquido da entidade. Aplica-se ao Terceiro Setor por representar a forma como foram originados e aplicados seus recursos, e, ainda, por determinar a aplicação de políticas eficazes para o uso de seus recursos.

Tornou-se obrigatória para organizações do Terceiro Setor por meio da NBC T 10.19. Nesta demonstração a palavra Resultado também é alterada para Déficit ou Superávit.

Demonstração do Fluxo de Caixa

É perfeitamente viável e útil para as organizações do Terceiro Setor quando se considera que o conhecimento dos fluxos financeiros em uma organização permite aos gestores um planejamento financeiro, determinando o momento de se buscarem recursos para a manutenção de suas atividades.

Quadro 1: Demonstrações Contábeis para o Terceiro Setor Fonte: ARAÚJO (2009), MACHADO (2007).

Embora as notas explicativas não sejam demonstrações contábeis, podem ser

consideradas como um complemento dessas, e estão previstas nas NBC T 6 e NBC T 10 como componentes do conjunto de demonstrações contábeis para fins de divulgação. Segundo

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Araújo (2009, p.59), as notas explicativas “incluem informações sobre as práticas contábeis não explicitadas nas outras demonstrações, mas que impactam a análise da situação econômica e financeira da organização”.

Apesar das normas serem claras e específicas, pedindo que se explique o mínimo necessário para o entendimento técnico, as entidades do Terceiro Setor podem e devem explicar tudo o que julgar relevante para fornecer o maior número de informações.

As Demonstrações Contábeis exigidas pela Legislação Contábil brasileira têm como principal finalidade evidenciar a situação patrimonial, econômica e financeira de uma entidade. Entretanto, os aspectos sociais e a contribuição das entidades do Terceiro Setor para com a sociedade, não são facilmente visíveis através das Demonstrações Contábeis convencionais. Por isso, existem outros tipos de demonstrações complementares que auxiliam no processo de transparência dessas entidades, como o Balanço Social. Essa é uma demonstração facultativa, onde a empresa apresenta dados que permitem identificar o seu perfil de atuação social durante o ano e as possibilidades de desenvolvimento social.

O Balanço Social faz valer a função social da Contabilidade que é trazer a informação de forma clara aos seus usuários, desempenhando assim, papel de grande relevância nas organizações do Terceiro Setor.

3 METODOLOGIA

Este capítulo apresenta os procedimentos metodológicos adotados neste trabalho, define o método adotado. Aborda ainda os instrumentos utilizados, o universo estudado e a organização do processo de coleta de dados. 3.1 Método

O método dialético permite analisar o objeto de estudo, desenvolvendo uma visão de mundo dos participantes da pesquisa.

Para Oliveira (2002 p. 67) "a dialética se desenvolve como sendo um método de pesquisa que busca a verdade, por meio da formação adequada de perguntas e respostas até atingir o ponto crítico do que é falso e do que é verdadeiro.”

Este será o método usado no presente estudo, visto que sua abordagem é capaz de definir e atingir com clareza os conceitos envolvidos na pesquisa, como também, é capaz de assinalar as causas e conseqüências dos problemas, suas contradições, suas qualidades e realizar através da ação um processo de transformação da realidade. Com isso, o referido trabalho tem por objetivo a busca pela verdade e transparência da informação contábil, através da prestação de contas no Terceiro Setor.

3.2 Procedimentos Metodológicos

Dentre as técnicas de pesquisa, a pesquisa bibliográfica e o estudo de caso foram as técnicas utilizadas neste trabalho. Mostrando a consistência da metodologia de pesquisa adotada e a unidade em estudo, uma entidade do Terceiro Setor. Foi realizado um estudo bibliográfico baseado em vários autores, leis específicas e sites na internet com o objetivo de proporcionar ao leitor conhecimentos teóricos sobre o assunto. Também se buscou abordar um caso real, um estudo de caso, e verificar o que ele pode agregar a análise da realidade.

3.3 Universo do Estudo

Foi considerado, para fins desta pesquisa, o universo de associações que desenvolvem atividades de assistência social, localizadas no município de Maceió. Essas instituições

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pertencentes ao Terceiro Setor realizam trabalhos nas áreas de saúde, educação e cultura com o objetivo de atingir a camadas da população menos favorecidas e portadoras de necessidades especiais.

Após pesquisa bibliográfica no sitio da Rede Nacional de Instituições Prestadoras de Serviços Assistenciais Continuados, tem-se que há 43 associações de assistência social no Município de Maceió. (RENIPAC, 2009).

3.4 Amostra

A pesquisa não abrange a totalidade dos componentes do universo, surgindo a necessidade de estudar apenas uma parte dele. Essa parcela do universo que será realmente submetida à verificação é denominada a amostra.

Segundo Marconi e Lakatos (2007, p.175), “a amostra é uma parcela convenientemente selecionada do universo (população); é um subconjunto do universo.”

A amostra deve ser a mais representativa possível do todo para, a partir dos resultados obtidos, fornecer mais legitimamente possível aos resultados da população total, se esta fosse verificada. Portanto, a amostragem é uma técnica de pesquisa que seleciona um sistema de amostras para representar o universo pesquisado, com margem de erro aceitável.

Os tipos de amostragem classificam-se em dois grandes grupos: a amostragem probabilística e a não-probabilística. As amostragens probabilísticas são as rigorosamente científicas, já nas não-probabilísticas não há fundamentação matemática ou estatística, dependendo unicamente de critério do pesquisador. (GIL, 2002).

Nesta pesquisa foi utilizado o tipo de amostragem não-probabilística, mais precisamente, a amostragem por acessibilidade, na qual o elemento foi selecionado pela facilidade de acesso, admitindo que este possa representar o universo.

Dentre as associações do Terceiro Setor localizadas em Maceió, foi selecionada como amostra para estudo a Associação de Pais e Amigos de Pessoas Especiais – AAPPE. A escolha desta associação como objeto de estudo desta pesquisa deu-se por ser uma entidade séria e responsável, que possui uma missão de grande importância na sociedade, a de defender os interesses das pessoas surdas por meio de ações políticas e institucionais, fomentando e disseminando seus direitos, deveres, anseios e necessidades. A questão da acessibilidade também foi fator fundamental para a escolha da AAPPE como amostra, pois esta entidade possibilitou a execução da pesquisa por meio de encontros com alguns colaboradores, que deram acesso à documentos contábeis e relatórios institucionais importantes para a prestação de contas.

Esta associação está situada na Av. Dr. Antônio Gomes de Barros – Jatiúca e possui como principal objetivo desenvolver projetos para pessoas especiais (surdos) nas áreas de assistência social, saúde e educação. 3.5 Ferramentas para coleta de dados

A coleta de dados é uma das fases mais importantes na pesquisa e exige o uso de algumas ferramentas para a aquisição de informações necessárias à consecução do trabalho.

A coleta de dados para a realização do estudo de caso foi feita através da aplicação de um questionário estruturado e que foi aplicado na instituição do Terceiro Setor estudada nesta pesquisa. A opção por esta ferramenta para a coleta de informações deu-se pelo fato de ser um instrumento que possibilita a obtenção de um grande número de dados, com respostas rápidas e precisas, economizando assim, tempo e pessoal..

O questionário utilizado para o estudo de caso na Associação de Amigos e Pais de Pessoas Especiais – AAPPE, foi dividido em duas partes e estruturado com 21 (vinte e uma)

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questões, sendo 15 (quinze) de respostas abertas e 6 (seis) fechadas. A primeira parte possui questões que buscam informações gerais da entidade, como o tempo de existência e as áreas sociais trabalhadas por ela, com a principal finalidade de identificar o seu papel como instituição do Terceiro Setor. Já a segunda parte do questionário é bastante específica e está voltada para um estudo das prestações de contas geradas por esta associação, buscando analisar de que forma elas estão sendo elaboradas e como este processo pode auxiliar para a transparência da entidade e melhor captação de recursos para a sua continuidade.

A aplicação do questionário foi feita em apenas um dia. Foram entregues na associação, durante encontro presencial com a responsável pelo Setor Financeiro, três cópias do questionário para que a mesma e mais dois representantes da entidade pudessem respondê-lo. Os participantes do estudo são o Diretor Comercial, responsável pela captação de recursos, a Coordenadora Financeira e a Superintendente da associação, Sr. Iraê Cardoso, que não pôde responder ao questionário em virtude de ausência, por motivo de viagem.

Durante a aplicação foram feitos alguns esclarecimentos sobre as questões com o objetivo de evitar possíveis dúvidas. Não houve contato com os respondentes no momento do preenchimento do questionário e o registro da participação foi espontânea. 4 A ANÁLISE DOS DADOS

Com o objetivo de demonstrar o processo de prestações de contas realizadas pelas instituições do Terceiro Setor, foi realizada uma pesquisa na entidade AAPPE, onde se buscou a identificação das prestações de contas realizadas por ela, evidenciando a importância das demonstrações contábeis neste processo de forma que garanta a sua transparência perante a sociedade e os financiadores de recursos. Este capítulo apresenta as principais informações sobre o caso AAPPE, bem como os resultados desta pesquisa. 4.1 Apresentação da Entidade

A Associação dos Amigos e Pais de Pessoas Especiais - AAPPE é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, de Utilidade Pública Federal, fundada em 28 de fevereiro de 1987. Em 1993, a AAPPE redirecionou seu foco de trabalho a partir da experiência pessoal de Iraê Cardoso, uma empreendedora social que, após a morte de seu irmão surdo, abraçou a causa dessa comunidade, percebendo a carência de políticas públicas voltadas às pessoas com deficiência auditiva e/ou surdez no Estado de Alagoas.

A instituição tornou-se um centro de referência em surdez na região Nordeste, graças a um conjunto de ações voltadas à habilitação e reabilitação integral da pessoa com deficiência auditiva e/ou múltiplas deficiências. Tornar-se um centro de referência em surdez internacionalmente, por meio de um conjunto de ações voltadas para a habilitação e reabilitação integral da pessoa com deficiência auditiva e/ ou deficiências múltiplas caracteriza-se como o principal objetivo desta associação do Terceiro Setor.

A AAPPE oferece grande variedade de opções em cursos de LIBRAS, para aqueles que têm interesse em aprender um pouco mais da Língua Brasileira de Sinais, desde as mais tradicionais LIBRAS I e LIBRAS II até cursos de intérprete e intensivos de férias. 4.1.1 Missão da AAPPE

A AAPPE tem a missão de representar, difundir e defender os interesses das pessoas surdas por meio de ações políticas, institucionais e técnicas, fomentando e disseminando seus direitos, deveres, anseios e necessidades.

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Para isto, a partir do conhecimento das principais necessidades e potencialidades da comunidade surda alagoana, a AAPPE atua em duas linhas prioritárias de ação. A primeira é a prestação de serviços e eventos através da educação complementar para surdos em várias faixas etárias, ensino e interpretação de Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS e qualificação básica e específica de surdos, para o desempenho de atividades profissionais compatíveis com as demandas do mercado de trabalho. Também atua em atividades esportivas e culturais garantindo o convívio e a comunicação entre surdos e ouvintes, além de fornecer atendimento clínico nas áreas de pediatria, clínica geral, otorrinolaringologia, neuropediatria, terapia ocupacional, fonoaudiologia, psicologia e estimulação precoce.

Outra linha de ação na qual a AAPPE atua é a proteção e defesa de direitos da comunidade surda, por meio da disseminação dos direitos constitucionais e infraconstitucionais e atuação permanente no aperfeiçoamento do marco legislativo federal, estadual e municipal de garantia de direitos das pessoas surdas. Esta instituição também teve participação no processo normativo de implementação da Lei Estadual n° 6.060/98, que oficializou a Língua Brasileira de Sinais no Estado de Alagoas, além de trabalhar na elaboração de vídeos-documentários e campanhas para a disseminação dos direitos da comunidade surda, de sua língua e identidade. 4.1.2 Programas e Projetos Desenvolvidos

A AAPPE promove através de seus projetos, a formação de cidadãos para que possam atuar em diversas situações do cotidiano, desenvolvendo suas habilidades e competências, visando a inserção desses no mercado de trabalho e inclusão social.

De acordo com o Estatuto da AAPPE, as principais atividades desenvolvidas nesta instituição é a educação especial, a capacitação para o trabalho e as ações integradas de reabilitação, onde são organizadas de forma crescente de prioridade. (Vide Quadro 2)

Educação Assistência social Saúde

Des

criç

ão

Cursos de capacitação para empresas públicas, privadas e comunidade, palestras em faculdade, capacitação de instrutores, organização e realizações de eventos, dentre outras.

Realização de oficinas temáticas mensais, visitas domiciliares, recebimento e distribuição de doações de gêneros alimentícios e outros.

Atendimentos médicos, atendimentos terapêuticos de reabilitação neurossensorial, diagnósticos auditivos, construção de um centro de estimulação neurossensorial na cidade de Maceió, dentre outros.

Obj

etiv

o

Proporcionar educação de qualidade para pessoas surdas e/ou com múltiplas deficiências e desenvolver práticas pedagógicas, psicomotoras e inovadoras que busquem melhorar a qualidade do processo de ensino-aprendizagem, respeitando as diferenças.

Buscar meios de superar exclusões sociais e defender direitos de cidadania e dignidade a seu público alvo através da inclusão social, priorizando os usuários que estão em situação de vulnerabilidade e risco social na execução de políticas públicas.

Prestar assistência médica, social e terapêutica à população do Estado de Alagoas por meio dos serviços de atenção primária, secundária e terciária à saúde realizando diagnósticos médicos, audiológicos e reabilitação terapêutica.

Públ

ico

Alv

o

Portadores de deficiências, família, comunidades locais, profissionais ouvintes e/ou surdos de diversas áreas.

Portadores de deficiências, órgãos públicos afins e Conselhos de Defesa de Direitos, idosos,crianças e vítimas de violência sexual.

Portadores de deficiência, crianças e adolescentes, comunidades locais, família, idosos, mulheres, estudantes e outras ONGs.

Quadro 2: Detalhamento de Atividades Fonte: Pesquisa Documental, 2009.

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Esta entidade proporciona através do Centro Educacional Bilíngue Antônio Gladston, uma educação de qualidade para pessoas surdas e/ou com múltiplas deficiências, atendendo aproximadamente 150 usuários na área pedagógica, com as seguintes turmas: EJA (educação de jovens e adultos), fundamental I e II, educação infantil e reforço escolar. Introduzindo, assim, a língua de sinais e o português baseado numa metodologia bilíngüe e de comunicação total.

Para garantir a acessibilidade do surdo no seio familiar, a AAPPE trabalha juntamente com as famílias através do curso de libras e prestando serviços de assistência social, psicológica e encaminhamento dos alunos aos atendimentos clínicos.

Na área da saúde a AAPPE possui uma equipe transdiciplinar que tem como meta a habilitação e a reabilitação integral da pessoa com deficiência. Essa equipe é formada por: Assistentes Sociais, Audiologistas, Clínicos Gerais, Fisioterapeutas, Fonoaudiólogos, Neurologistas, Neuropediatras, Otorrinolaringologistas, Pediatras, Pedagogos, Psicólogos, Psiquiatras, Psicopedagogos e Terapeutas Ocupacionais.

4.2 Perfil dos respondentes

Os questionários deixados na Associação de Amigos e Pais de Pessoas Especiais – AAPPE foram respondidos por Cristiane Alves Gomes, coordenadora financeira e Victor Hugo Soares da Costa, diretor comercial e responsável pela captação de recursos. Ambos fazem parte do quadro de funcionários aproximadamente há dois anos.

Esta associação atua no Terceiro Setor há 22 anos e conta com a participação de funcionários remunerados e voluntários para o desenvolvimento de suas atividades fins. De acordo com a tabela nº 1 tem-se que 94% dos colaboradores da entidade são remunerados, enquanto que 33% são voluntários permanentes (vide tabela 2).

Tabela 1 – Colaboradores remunerados da AAPPE

Fonte: Pesquisa Documental, 2009

Colaboradores Remunerados Freqüência % Funcionários 105 94% Estagiários Remunerados 6 5% Diretores Remunerados 1 1% TOTAL de Funcionários Remunerados 112 100%

Tabela 2 - Colaboradores não remunerados da AAPPE

Fonte: Pesquisa Documental, 2009

Colaboradores Voluntários Freqüência % Voluntários Permanentes 12 67% Voluntários Eventuais 0 0% Estagiários não remunerados 6 33% TOTAL de Pessoal não remunerados 18 100%

Possui quatro filiais no município de Maceió que desenvolvem trabalhos de assistência social, educação especial, cultura e serviços em saúde, não possuindo projetos em outras áreas sociais. Como reconhecimento de um trabalho responsável com os surdos, a AAPPE recebeu importantes premiações, dentre elas o prêmio concedido pelo Instituto Miguel Calmon – IMIC. Apresenta também uma série de títulos e qualificações como uma entidade pertencente do Terceiro Setor, conforme quadro 3 abaixo.

Título / Qualificação / Certificação Federais Possui ? Ano de

Publicação Título da Unidade Pública Federal (Lei nº 91/ 35) – UPF Sim 1996 Qualificação como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Lei nº 790/99) – OSCIP Não Atestado de Registro de Entidade Beneficente de Assistência Social (Lei nº 8.742 / 93) Sim 2003 Qualificação como Organização Social (Lei º 9.637/98) Não

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Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (Lei nº 8.742 / 93) Sim 2008 Condição de Entidade de Apoio (Lei nº 958 / 94) Não Registro no Cadastro Nacional de Entidades Ambientais (Dec. nº 99.274) – CNEA Não Título de Utilidade Pública Estadual Sim 1992 Título de Utilidade Pública Municipal Sim 1994 Registro no Conselho Estadual de Assistência Social Sim 2008

Registro do Conselho Municipal de Assistência Social Sim 2001 Quadro 3: Documentos e Títulos Fonte: Pesquisa Documental, 2009. 4.3 Percepção dos respondestes quanto ao instrumento de prestação de contas

Segundo os respondentes, a Associação de Amigos e Pais de Pessoas Especiais- AAPPE possui 11 projetos (programas) em andamento, sendo: cinco na área de assistência social, três na área da educação, dois na área da saúde e apenas um para a cultura, verificou-se que os projetos na área de assistência social são os que predominam na Associação. (Vide Quadro 4)

Área dos projetos (programas) Freqüência Ranking

Assistência Social 5 1º Educação 3 2º Saúde 2 3º Cultura 1 4º

Quadro 4: Projetos (programas) em andamento na AAPPE em 2009 Fonte: Pesquisa de Campo, 2009.

Buscou-se saber quais as fontes de recursos que a Associação possuía, verificou-se que os projetos desenvolvidos têm como fontes de recursos o capital de empresas privadas nacionais e o capital público das esferas Federal, Estadual e Municipal, pode-se afirmar que a maior financiador é o governo em suas três esferas representando 90,98% do total de recursos. (Vide gráfico 1)

Gráfico 1: Origem dos Recursos da AAPPE

2,02%4,18% 2,38%0,23%

90,98%

Própria (Recursos da prestação de seviço da entidade)

Própria (Recursos de doações mensalidades / membros / associados) Privada (Doações e parcerias com entidades privadas)

Privada (Recursos de doações Eventuais)

Pública (Recursos de subvenções, convênios e parcerias com órgãos públicos)

Internacional Privada (Recursos internacionais)

Internacional Pública (Recursos de Países estrangeiros, ONU, etc)

Fonte: Pesquisa Documental, 2009.

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Buscou-se também saber quem é o profissional responsável pela elaboração da prestação de contas desta entidade, onde se identificou que é a coordenadora financeira Cristiane Alves, bacharel em Ciências Contábeis.

De acordo com a respondente: a instituição é transparente em relação a aplicação de recursos e não percebe nenhuma dificuldade na realização das prestações de contas.

De acordo com a respondente o processo de prestação de contas é realizado: Por meio de demonstrações (planilhas) elaboradas pelos financiadores de recursos. São enviados modelos de planilhas para serem preenchidas mostrando toda a aplicação dos recursos doados à AAPPE. ([ls, tm ]11/09/2009)

Os resultados econômicos são divulgados através das prestações de contas, que são

realizadas para atender aos interesses dos financiadores de recursos, como Órgãos Federais e entidades parceiras, mostrados no quadro 5 a seguir.

Órgão ou Entidade Parceira Posição do Órgão

na Estrutura Federativa

Natureza do Instrumento de

Parceria

Recursos Financeiros Repassados

FNDE - Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Federal Convênio 33,35 FNDE - Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Federal Convênio 5.204,95

Secretaria Municipal de Educação Municipal Convênio 2.657,40

Secretaria de Assistência Social Estadual Convênio 8.517,60

SUS - Sistema Único de Saúde Federal Convênio 2.778.443,00 Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência - CORDE Federal Convênio 78.910,00 Tribunal Regional do Trabalho - 19º Região Estadual Convênio 72.492,12 FAT - Fundo de Amparo ao Trabalhador Estadual Convênio 30.000,00

Banco do Brasil Federal Contrato

Administrativo 50.883,60 Secretaria da Fazenda do Estado de Alagoas Estadual Convênio 8.379,78 Quadro 5: Relação dos Principais Financiadores de Recursos Fonte: Pesquisa Documental

Buscou-se saber se a sociedade possuía algum interesse quanto à prestação de contas elaborada pela Associação, segundo os respondentes: a sociedade não demonstrava interesse.

Quanto à contabilização dos dados da entidade os mesmos se dão num setor dentro da entidade.

Por fim, constatou-se que os recursos utilizados pela AAPPE para a viabilização de seus projetos com os surdos provêm, em sua grande maioria, de órgãos públicos, sendo a prestação de contas elaborada, especificamente, para cumprir com as exigências solicitadas por esses financiadores e demonstrar a transparência na gestão dos recursos. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa apresentou um estudo sobre o Terceiro Setor com o principal objetivo de identificar a forma de prestação de contas das instituições que o compõe, dando ênfase à importância da informação contábil neste processo. São diversas as dificuldades a serem superadas pelas entidades do Terceiro Setor no Brasil, dentre elas, as relacionadas ao aumento de parcerias, a captação de recursos financeiros, físicos e humanos para a realização de suas

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atividades. Para que sejam superadas tais dificuldades, é imprescindível garantir a transparência da condição econômico-financeira e do desempenho social.

Desse modo, esta pesquisa buscou verificar como as prestações de contas das organizações do Terceiro Setor estão sendo elaboradas de forma que garanta a transparência da informação contábil, evidenciando a real situação sócio-econômica destas entidades e como elas aplicam os recursos disponíveis. Constatou-se, por meio de estudo na Associação de Amigos e Pais de Pessoas Especiais – AAPPE, que a prestação de contas é feita diretamente para cada órgão financiador através de planilhas e documentos contábeis, demonstrando com clareza como e em quais projetos os recursos doados foram aplicados.

Destarte, durante a realização desta pesquisa algumas adversidades foram encontradas, no que se refere ao estudo de caso na AAPPE, havendo dificuldade para agendar entrevistas com os colaboradores, pois os mesmos encontravam-se atarefados com atividades pertinentes à dinâmica da instituição. Com relação a aplicação do questionário, não houve a participação da Superintendente Institucional por motivos de viagem, o que dificultou o processo de análise dos dados e conclusão dos resultados. Apesar dos entraves, houve empenho dos colaboradores em contribuir com o desenvolvimento do trabalho, sendo esta pesquisa fundamental para embasar o conhecimento teórico por meio de um caso real.

Buscou-se identificar qual a legislação específica do Terceiro Setor com a finalidade de saber como estas entidades devem elaborar suas prestações de contas. Pode-se constatar que a Lei n° 6.404/76 (Lei das S. As), com suas alterações, inclusive a alteração definida pela Lei n° 11.638/07, é a base legal da contabilidade do Terceiro Setor. Entretanto, algumas adaptações devem ser feitas e estão relacionadas, principalmente, à nomenclatura de algumas contas a serem utilizadas.

Verificou-se também, que as entidades do Terceiro Setor utilizam demonstrações contábeis para tomada de decisão, dentre elas: o Balanço Social, a Demonstração do Superávit ou Déficit do Exercício, a Demonstração de Fluxo de Caixa e a Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos, além de Relatórios Financeiros de Contas a Pagar e Contas a Receber. Isso mostra que a contabilidade possui ferramentas fundamentais para a tomada de decisão, auxiliando ainda no processo de transparência destas entidades.

Ainda identificou-se que os gestores das instituições do Terceiro Setor estão satisfeitos com a forma de prestação de contas dos recursos que utilizam, pois conseguem atender aos interesses dos financiadores e garantir o desenvolvimento de suas atividades por meio de projetos (programas) sociais.

Contudo, observa-se que o Terceiro Setor ocupa papel de destaque na sociedade, pois desenvolve projetos que atingem à diversas camadas da população e ainda, conseguem suprir as lacunas deixadas pelo Estado no cumprimento de suas funções sociais. Por isso a relevância deste estudo, visto que a correta prestação de contas realizada por este tipo de entidade demonstra uma gestão de recursos transparente, que proporciona maior credibilidade por parte da sociedade e dos órgãos financiadores, garantindo assim, a continuidade de suas atividades.

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