transformação global das indústrias até 2025: como mapear tendências e captar oportunidades

6

Click here to load reader

Upload: fundacao-dom-cabral-fdc

Post on 07-Dec-2014

1.546 views

Category:

Education


5 download

DESCRIPTION

O artigo tem como objetivo introduzir as três etapas da metodologia Mapeamento Estratégica de Transformações 2025, com exemplos do projeto-piloto da indústria automotiva.

TRANSCRIPT

Page 1: Transformação Global das Indústrias até 2025: como mapear tendências e captar oportunidades

Com o desenvolvimento de uma metodo-logia própria de Mapeamento Estratégico de transformações 2025, o projeto focaliza três obje-tivos principais (Figura 1):

• Identificar o ecossistema de transformações e as macrotendências até 2025;

• Identificar os multiplicadores e as barreiras de mudanças-chave até 2025;

• Identificar as oportunidades e riscos de tran-sições e transformações no ecossistema até 2025.

O objetivo deste artigo é dar uma introdu-ção às três etapas da metodologia Mapeamento Estratégica de transformações 2025, com exem-plos do projeto-piloto da indústria automotiva.

Etapa 1 – iDEntificar O EcOssistEMa DE transfOrMaçõEs E as MacrOtEnDências glObais até 2025 Qualquer análise quantitativa e qualitativa sistêmica precisa de uma base refe-rencial dos elementos e níveis de análise selecio-nados e definidos. Assim, a primeira etapa busca definir e analisar um ecossistema em três níveis distintos: análise do macroambiente nas dimensões StEER (Socioculturais, tecnológicas, Econômicas, Ecológicas e Regulatórias); análise da cadeia de valor industrial (indústrias de insumos básicos, indústrias

Um dos grandes desafios estratégicos das organizações nos mercados interligados e hiperdi-nâmicos de hoje é captar e entender as principais mudanças do futuro para o negócio, a fim de garantir um retorno de longo prazo aos acionistas. Nessa visão estratégica de longo prazo, podemos questionar, por exemplo: “como o investimento das empresas chinesas nas plantas de soja na Argentina mudaria o posicionamento das empre-sas na cadeia de agronegócio no Brasil?” ou “O carro eletrônico da Europa e da China vai exigir um reposicionamento dos carros com tecnologia biocombustível (gasolina e/ou álcool)? Até 2025 teremos desenvolvido uma nova rede de postos, com o carregamento rápido para carros elétricos?”.

Nesse contexto, o Núcleo de Estratégia e Gestão Empresarial da Fundação Dom Cabral está desenvolvendo um projeto que resultará numa metodologia de mapeamento estratégico para compreender as transformações de longo prazo em determinados setores da economia – o transformação Global das Indústrias 2025 ou tGI. Nos próximos dois anos, o projeto-piloto vai focali-zar a transformação da cadeia global da indústria automotiva, analisando e pesquisando as mudan-ças na cadeia de valor que ocorrem em países desenvolvidos e emergentes chaves.

transformação global das indústrias até 2025

POR JüRgen Paulus e aldemiR dRummond

Como mapear tendências e captar oportunidades

36 DOM

Page 2: Transformação Global das Indústrias até 2025: como mapear tendências e captar oportunidades

de 55/60 milhões de carros) do volume total de 140/150 milhões de carros produzidos mundial-mente. Comparando com o total aproximado de 70 milhões de carros, produzidos mundialmente em 2010, teremos um aumento de 100%. As Américas produzirão entre 22-27 milhões de car-ros e a Europa entre 28-32 milhões de carros.

• Governos com padrões rigorosos de consumo e de emissão C02: a proposta da União Europeia especifica que, a partir de 2012, cada fabricante de veículos deve alcançar um limite médio de emissões de CO2. Isso corresponde a 130 g/km (cerca de 4 litros de gasolina ou 3,6 litros de consumo por 100 km) para todos os automóveis

de autopeças, indústrias de desenvolvimento, manu-fatura, venda, entrega e reciclagem); análise do con-teúdo do produto/ serviço, desde materiais básicos (cobre, alumínio, nióbio, borracha, resinas e etc.) e de autopeças (motor, carroceria, câmbio, sistema elétrico, etc.) até as tecnologias de desenvolvimento, manufatura e reciclagem dos carros.

O piloto tGI-Indústria Automotiva mostra várias dimensões de crescimento e de mudanças sistêmicas. Destacamos, aqui, uma mostra seletiva dos resultados gerados:

• China e índia como mercados futuros da indústria automotiva: em 2025, China e Índia estarão contribuindo com cerca de 40% (perto

Analisar os elementos e as tendências-chave do

sistema macroeconômico-social,

da cadeia de valor industrial, e do sistema

produto/tecnologias

Ecossistema e Megatendências globais/regionais

até 2025

Multiplicadores e barreiras

das mudançasaté 2025

Cenários de transição e

transformaçãoaté 2025

Simular e testar cenários de realidades futuras do ecossistema detectando oportunidades e riscos de transição e transfor-mação do ecossistema

Analisar os multiplicadores-chave, as barreiras-chave e os

atores-chave das mudanças possíveis da

cadeia de valor, do ambiente macrossocial e

produto/tecnologias

Objetivopor etapa

1 2 3

1. Nível Macro

2. Cadeia de Valor

3. Produto / Serviço

+ -

+ -

+ -

FIGuRA 1 | MAPEAMENtO EStRAtÉGICO DE tRANSFORMAÇõES INDUStRIAIS GlOBAIS AtÉ 2025

FONtE: AUtOR DO EStUDO

DOM 37

Page 3: Transformação Global das Indústrias até 2025: como mapear tendências e captar oportunidades

macro dos mercados ou ao longo da cadeia de valor geram grande complexidade e interdependência. Por isso a segunda etapa da nossa metodologia investe na compreensão do comportamento dinâ-mico dos três níveis: quais elementos no ecossiste-ma dos três níveis são direcionadores de mudanças e quais multiplicadores ou barreiras-chave exis-tem, em relação às possíveis mudanças dentro da cadeia de valor, do ambiente macro e do ambiente material/ tecnológico.

• O crescimento da classe média nos mer-cados emergentes como direcionador básico das mudanças sistêmicas/transformações das indús-trias globais: sob a ótica atual, os países denomi-nados BRICs (Brasil, China, Índia, China) ocupam mais de um quarto da área terrestre e concentram mais de 40% da população mundial. Segundo esti-mativas do wolfensohn Center for Development de washington, em 2015, pela primeira vez em 300 anos, o número de asiáticos consumidores da clas-se média vai se igualar ao da Europa e América do Norte. Nesse passo, em 2021 poderá haver mais de dois bilhões de asiáticos em famílias de classe média. Só a China poderá ter mais de 670 milhões de consumidores de classe média (hoje são 150 milhões). O apetite desses consumidores será por itens com tecnologia avançada, desde produtos eletrônicos ou eletrodomésticos, até alimentação e, sobretudo, mobilidade motorizada individual. Aparentemente, essas serão as novas necessidades naturais seguindo a lógica de Maslow.

• A urbanização como um direcionador global para a transformação dos modelos (mentais e reais) de mobilidade: segundo previsões da ONU, até 2030, 60% da população mundial, cerca de 8.2 bilhões de pessoas, estarão vivendo em cidades. teremos 27 megacidades (com população acima de 10 milhões de habitantes). Cidades como londres, Estocolmo, Pequim ou Xangai já estão expandindo o conceito das zonas de baixa emissão, com a introdução de taxas de congestionamento. Em Pequim, por exemplo, as autoridades esperam que as medidas incentivem as pessoas a usarem o transporte público e, ao mesmo tempo, encorajem os moradores a comprar carros de energia alterna-tiva, como os elétricos. Em paralelo, essas megaci-dades estão começando a investir em infraestrutura de equipamentos elétricos, como estações públicas de carregamento para veículos elétricos.

de passageiros registrados na União Europeia, com o risco de enfrentarem pesadas multas. Para o ano de 2020 o limite médio de emissões de CO2 planejado será de 95 g/km. O mesmo ocorre nos Estados Unidos: os padrões CAFE (Corporate Average Fuel Economy) são medidos em milhas por galão (mpg). O limite alvo para 2025 está plane-jado entre 41 e 64 milhas por galão, dependendo do tamanho do carro.

• Após 2020 os motores híbridos e elétricos puros crescerão significativamente nos merca-dos globais: os cálculos do tGI mostram, para o período de 2020 até 2025, um crescimento de 15-18% até 35-40% de contribuição ao mercado global. Pelo menos 30% dos carros terão tecnolo-gia de energia alternativa (híbrido com combustão de gasolina/elétrico e elétrico puro). Estamos pro-jetando ainda, para o mercado mundial automoti-vo, uma liderança de motores a gasolina/diesel de 60% em 2020.

• O volume de Micro, Mini e Pequenos Carros de 500cc até 1600cc cilindradas crescerá mais de 200% nos próximos 15 anos: em 2010 foram pro-duzidos 33 milhões de carros com a cilindragem de até 1600cc. Em 2025 as montadoras produ-zirão entre 70-83 milhões de carros para o seg-mento de Micro, Mini e Pequenos carros, ou seja, mais da metade dos carros produzidos no mundo serão pequenos, com menos de 1600 cilindradas. Evidentemente, a contribuição da Índia e da China nas megacidades direcionará essa mudança.

• Aumento da competição em matérias-primas para carros: segundo o instituto de veículos (IKA) da Alemanha, entre 2000 e 2010 o peso médio de um carro do segmento midsize (tamanho médio) baixou cerca 18%, de 1.400 para 1.150kg. O que chama mais atenção é que a composição das matérias primas utilizadas em autopeças mudou significativamente: entre 2000 e 2010 o consumo de magnésio aumentou 300%, chegando a 23 kg; o de alumínio 36% até 138 kg; o de plásticos 19% até 178 kg. A participação do aço e do ferro reduziu de 10% para 610 kg, devido à aplicação de ligas de aços.

Etapa 2 – iDEntificar Os MultiplicaDOrEs E as barrEiras DE MuDanças-chavE até 2025 Mesmo com essa pequena amostra das análises do proje-to tGI, ficou evidente que as mudanças no nível

38 DOM

Page 4: Transformação Global das Indústrias até 2025: como mapear tendências e captar oportunidades

• Mobilidade verde em xangai: na mesma linha de raciocínio, a megacidade de Xangai quer promover o conceito de car-sharing pra reduzir o congestionamento e a poluição numa cidade que tem mais de 850 mil carros particulares. Esse conceito representa um ponto crucial na transformação da ideia de posse e propriedade do carro: ao invés de comprar um veículo, as pessoas poderão usufruir de um sistema de compartilha-mento de carros. Nascido em Zurique, na Suíça, o sistema on-line permite a reserva e aluguel de veículos 24 horas, seja por minuto, hora ou dia. Registrado no sistema, o usuário não paga taxas de combustível, seguro ou estacionamento, pois essas despesas são cobertas pela empresa de car--sharing. Além disso, recebe uma conta mensal bem menor do que o custo de manutenção de um veículo. Calcula-se que, em média, um carro com-partilhado pode substituir de quatro a seis carros particulares. É bom lembrar que Xangai também já adotou (em 2011) a cobrança de altas taxas, com o objetivo de diminuir o número de veículos nas cidades.

• O tripé da sustentabilidade (pessoas, pla-neta, lucro/profit) avança como um conceito dire-cionador para transformações globais ao longo da cadeia industrial da indústria automotiva: os estu-dos práticos do tGI mostram que as montadoras, fornecedoras de autopeças, matéria-prima e tecno-logias de veículos buscam, em conjunto, soluções tecnológicas inovadoras, como carros de motor elétrico e carrocerias recicláveis e mais seguras.

• Novas cooperações econômico-ecológicas sociais na indústria automotiva em 2025: a bus-ca de economia de escala, sinergias ao longo da cadeia de valor, superioridade tecnológica com materiais e serviços mais competitivos, em todos os ambientes de mercados nacionais, regionais e globais, está também conectada à procura de novos padrões de “mobilidade verde da indústria automotiva”. Empresas montadoras e de autope-ças desenvolvem hoje novas parcerias para promo-ver um sistema de mobilidade verde nas grandes e megacidades – empresas de infraestrutura energé-tica; empresas de carregamento público ou parti-cular de carros elétricos; empresas de car leasing nas cidades; empresas de matéria prima como lítio ou nióbio; empresas de planejamento de trânsito urbano, tecnologia e telemática.

• China como um dos líderes globais de carros elétricos: de acordo com os requisitos do governo chinês, para instalar uma nova fábrica de modelos híbridos, a BMw deverá criar uma nova marca, em cooperação com a empresa chinesa Brilliance. Num projeto ecológico-social inovador, chamado “Vizinhanças sustentáveis”, a BMw analisou em várias megacidades quais as melhores condições para o desenho do novo veículo, atendendo necessi-dades como um transporte integrado, serviços, vida, trabalho, desenho e a fábrica urbana. Já a Daimler está planejando uma parceria com a empresa BYD (Build Your Dream), líder entre as empresas chi-nesas no setor de modelos ecológicos híbridos ou elétricos. A Volkswagen planeja uma joint-venture com a FAw para a introdução de um veiculo elétrico puro, com a marca Kai li, em 2013, na China.

• Governos na busca da liderança tecnológica: o imperativo é pilotar o futuro das grandes e mega-cidades com uma nova frota de automóveis, eco-nomicamente inteligente e inovadora. A Secretaria de Energia dos Estados Unidos recentemente lançou o programa USA Drive, uma iniciativa para promover a cooperações entre montadoras (Ford, Chrysler, General Motors, tesla Motors), empresas de energia (BP America, Chevron Corporation, ExxonMobil Corporation, Shell Oil Products) e empresas da indústria/distribuição de energia (DtE Energy, Southern California Edison, Electric Power Research Institute), para acelerar o desen-volvimento de tecnologias de eficiência energética para automóveis e caminhões leves, em escala nacional, suportado pela infraestrutura energética.

Etapa 3 - iDEntificar as OpOrtuniDaDEs E riscOs DE transiçõEs E transfOrMaçõEs nO EcOssistE-Ma até 2025 Nessa terceira etapa, a aplicação de modelos quantitativos e qualitativos é substancial, para balancear os resultados matemáticos com

AS MuDAnçAS nO níVEL MACRO DOS MERCADOS Ou AO LOnGO DA CADEIA DE VALOR GERAM GRAnDE COMPLExIDADE E InTERDEPEnDênCIA

DOM 39

Page 5: Transformação Global das Indústrias até 2025: como mapear tendências e captar oportunidades

Uma equação analisada mostra as consequên-cias e incertezas energéticas e de infraestrutura do possível crescimento extremo de carros per capita na China e Índia: como prospectamos, a China passará de 15 milhões de carros (12 carros por 1.000 pesso-as) em 2010, para cerca de 40 milhões de carros em 2025 (31 carros por 1.000 pessoas). Uma previsão ainda conservadora, se comparada à densidade de carros por população como a da Alemanha, de 600 carros por 1.000 pessoas, ou dos Estados Unidos, de 800 carros por 1.000 pessoas. O ponto principal dessa equação mostra a energia que será necessária para produzir esses carros (elétricos) e o petróleo/diesel/biodiesel para alimentar uma frota de aproxi-madamente 350 a 400 milhões de carros, em 2025, na China, comparada com a frota de 600 milhões de carros no mundo inteiro.

Num paradigma “Mundo Automotivo 2 - Inovação e crescimento das indústrias e clusters nacionais e regionais 2025” estamos simulando a competitividade relativa das indústrias com

previsões validadas por especialistas das áreas relevantes (ciência/engenharia de materiais e tec-nologias, indústria, politica e cultura). Atualmente, o projeto tGI está aplicando uma matriz de decisão simples, para simular as macrotendências-chave em vários cenários. Estamos simulando três para-digmas principais como referência para cada país relevante dentro do estudo.

No primeiro paradigma - “Mundo Automotivo 1 - oportunidades e riscos numa visão macroeco-nômico-energética 2025” – estamos comparando mecanismos de crescimento e reestruturação entre economias emergentes, para filtrar as correlações críticas de variáveis macroeconômicas com a infraestrutura energética. Por exemplo, simulando os impactos do crescimento mais balanceado da China (foco no mercado interno, tendências de custos mais elevados, risco de inflação) na matriz energética da China e na competitividade da indústria automotiva (demanda por petróleo, ener-gia nuclear, crescimento da demanda por carros).

- PIB- Transporte PIB- Renda- Renda per capita

- Vendas de automotivos (carros e caminhões)- Vendas de automotivos (segmentos)

- Mobilidade urbana (modal)- Tipos de automotivos- Dados demofráficos

- Preço de aço- Preço de petróleo- Preço de magnésio- Preço de eletricidade- Preço de lítio- Preço de açúcar- Preço de alumínio- Preço de carbono- Preço de nióbio

Dados

Função objetiva

Restrições

Países de BRICKs (Brasil, Rússia, Índia, China, Coréia)Países desenvolvidos (Alemanha, EUA, Japão)

Banco de dados

Produção de carros

Macro econômica

Materiais básicos do carro

Demanda de carros

Mobilidade urbana

FIGuRA 2 | ANÁLIsE QUANtItAtIVA MULtIfAtORIAL - ExEMPLO MAtRIz DE DECIsãO BRAsIL

FONtE: PROJEtO tGI (tRANSFORMAÇÃO GlOBAl DE INDUStRIAIS) DA FDC

40 DOM

Page 6: Transformação Global das Indústrias até 2025: como mapear tendências e captar oportunidades

países competitivos. Por exemplo, analisando a competição acirrada entre os clusters industriais da China, Alemanha/Europa e Estados Unidos pela liderança das novas gerações de carros elétricos e/ou carros futuros com baixo impacto de carbono. Quais serão os futuros centros ou clusters globais e regionais de excelência global em compras, manu-fatura, desenvolvimento e reciclagem dos carros e materiais? Uma pergunta interessante sobre a transformação das atividades de valor menos/mais agregado da cadeia será: “Quais atividades ao longo da cadeia de valor serão transferidas para mercados emergentes da segunda/terceira geração, depois dos BRICs, como a África, por exemplo?”.

Num paradigma “Mundo Automotivo 3 – Prioridades industriais e de infraestrutura no con-ceito de tripé de sustentabilidade 2025” estamos simulando a probabilidade de mudanças constantes e disruptivas no ecossistema da indústria automoti-va, extrapolando modelos atuais de inovação e com-parando os países em desenvolvimento e desenvol-vidos. Essas simulações serão mais robustas após os estudos dos mercados da China, Índia, Japão, Coréia, Rússia, Estados Unidos, Alemanha e Brasil.

Uma equação econômica/ecológica nesse cenário focaliza análises comparativas de materiais inovadores, como ligas de aço, alumínio e fibra de carbono. Como exemplo podemos citar a utilização do Nióbio em aços automotivos, onde consegue--se uma redução de 20% do peso da carroceria e até 10% na suspensão, reduzindo o consumo em 0,5 litros/100 km, contribuindo com a redução de emissões e, consequentemente, melhoria do meio ambiente. Cálculos da associação world AutoSteel avaliaram uma redução de cerca 6% do consumo total de petróleo ao longo da vida do carro, equi-valente a uma redução de 2,2 toneladas de CO2.

JüRgen Paulus é professor associado e lidera o projeto tGI (transformação Global das Indústrias) do Núcleo Estratégia e Gestão Empresarial da Fundação Dom Cabral. PhD pela Universidade de St. Gallen (Suíça) e mestre em Filosofia pela Universidade de Mannheim (Alemanha), é sócio-diretor da Amrop-Panelli Motta Cabrera e presidente do Conselho da Business transformation Group ltda.

aldemiR dRummond é professor e coordenador do Núcleo de Estratégia e Gestão Empresarial da Fundação Dom Cabral (que tem o apoio da Cemig). PhD em Administração pela Universidade de Cambridge (Inglaterra) e economista pela Universidade Federal de Minas Gerais.

Os autores agradecem a colaboração de Hugo Ferreira Braga tadeu que atuou como pesquisador nesta etapa do projeto tGI.

COnCLuSãO

Transformação da indústria automotiva 2025 na busca de soluções para as ques-tões ecológico-econômicas-sociais

O projeto tGI (transformação Global das Indústrias), cooperação do Núcleo de Estratégia e Gestão Empresarial da Fundação Dom Cabral e da CBMM (Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração) revela uma dependência cada vez mais evidente entre as economias emergentes e desenvolvidas. De um lado, os governos e principais empresas da indústria automotiva buscam estabelecer uma posi-ção de liderança nacional na cadeia indus-trial de valor, para sustentar as fábricas e empregos com tecnologias globais próprias. De outro, essas empresas buscam alianças globais com os melhores players na cadeia de valor, para viabilizar os altos investimen-tos – por exemplo, motores elétricos com baterias de lítio –, começando com forne-cedores mais inovadores de matéria-prima até empresas mais inovadoras no segmento de infraestrutura energética.

O projeto tGI está sendo realizado para a indústria automobilística, com possibi-lidade de extensão a outros setores. Ele permite à empresa participante uma refle-xão aprofundada sobre as tendências de transformação globais em seu setor e pos-síveis impactos na cadeia de valor. Dessa maneira, vislumbram-se caminhos para a atuação da empresa nos próximos anos, como construtora do seu futuro.

Os professores e pesquisadores do Núcleo de Estratégia e Gestão Empresarial da FDC, juntamente com professores e pesquisadores de escolas parceiras nos países do BRIC e em países desenvolvidos, formam uma rede de conhecimento que viabiliza o desenvolvimento desses proje-tos, construindo modelos e metodologias que auxiliam as estratégias de empresas com atuação global.

DOM 41