transformação de ondas

15
Hidráulica Marítima IV Transformação de ondas 4. Transformação de ondas (Propagação de ondas em águas de profundidade variável) ¾ Definem-se ortogonais ou raios de onda as linhas perpendiculares às cristas (e à frente de onda). Estas linhas indicam assim a direcção de propagação local da onda. 2 1 Refracção de uma onda sinusoidal simples (adaptado de Abecasis et al., 1957) Processos Fluviais e Costeiros, 2002 X1 Francisco Sancho

Upload: michaelffc

Post on 25-Nov-2015

41 views

Category:

Documents


2 download

TRANSCRIPT

  • Hidrulica Martima IV Transformao de ondas

    4. Transformao de ondas

    (Propagao de ondas em guas de profundidade varivel)

    Definem-se ortogonais ou raios de onda as linhas perpendiculares s cristas (e frente de onda). Estas

    linhas indicam assim a direco de propagao local da

    onda.

    2

    1

    Refraco de uma onda sinusoidal simples (adaptado de Abecasis et al., 1957)

    Processos Fluviais e Costeiros, 2002 X1 Francisco Sancho

  • Hidrulica Martima IV Transformao de ondas

    4.1. Empolamento (Shoaling)

    Assumindo que no existe dissipao de energia nem reflexo da onda e que esta se propaga com direco

    constante, ento o fluxo de energia entre duas

    ortogonais constante.

    Resulta que o fluxo de energia entre 1 e 2 (ver Figura anterior) constante:

    2221

    21

    21

    81

    81

    gg cHgcHg

    FF

    ==

    2

    1

    1

    2

    g

    g

    cc

    HH =

    Se tomarmos o ponto 1 em guas profundas (sub-ndice 0), ento:

    sg

    g Kcnc

    cc

    HH ===

    2

    0

    2

    0

    0

    2 5.0

    khkhkhkh

    khnKs coshsenh

    coshtanh21

    +==

    com Ks= coeficiente de empolamento. Processos Fluviais e Costeiros, 2002 X2 Francisco Sancho

  • Hidrulica Martima IV Transformao de ondas

    O coeficiente de empolamento traduz unicamente a diminuio da profundidade.

    Variao de algumas caractersticas da onda com a profundidade relativa

    (adaptado de Abecasis et al., 1957)

    Variao do coeficiente de empolamento da onda com a

    profundidade relativa (adaptado de Komar, 1998)

    Processos Fluviais e Costeiros, 2002 X3 Francisco Sancho

  • Hidrulica Martima IV Transformao de ondas

    4.2. Refraco

    O fenmeno da refraco manifesta-se em conse-quncia da reduo da celeridade da onda, quando a

    mesma se propaga de guas profundas para zonas de

    menor profundidade, com incidncia oblqua.

    Refraco de ondas na costa Oeste Portuguesa (Lagoa de bidos)

    Processos Fluviais e Costeiros, 2002 X4 Francisco Sancho

  • Hidrulica Martima IV Transformao de ondas

    Para uma crista de onda em diferentes profundidades, os troos da crista em que a profundidade menor

    deslocam-se mais lentamente que os troos em que a

    profundidade maior, e assim, a crista tende a

    encurvar-se adaptando-se morfologia do fundo.

    Na teoria da refraco admite-se que a variao do fundo relativamente lenta.

    Caso particular de batimetria paralela

    Refraco de uma onda sinusoidal simples

    (adaptado de Dean e Dalrymple, 1984)

    Admitindo que no existe reflexo da onda, nem dissipao de energia:

    Processos Fluviais e Costeiros, 2002 X5 Francisco Sancho

  • Hidrulica Martima IV Transformao de ondas

    221100 ggg cEbcEbcEb ==

    2

    1

    2

    1

    1

    2bb

    cc

    HH

    g

    g=

    ou ainda:

    2

    0

    2

    002 b

    bcc

    HHg

    g=

    rs KKHH 02 =

    em que Ks o coeficiente de empolamento e Kr o

    coeficiente de refraco:

    2

    0bbKr =

    Por outro lado, a refraco obedece lei de Snell, que relaciona a direco de propagao da onda com a

    celeridade de fase (velocidade da onda):

    constantesensen0

    0 ==cc

    Sendo 000 cosl=b e 202 coslb = , resulta:

    Processos Fluviais e Costeiros, 2002 X6 Francisco Sancho

  • Hidrulica Martima IV Transformao de ondas

    4/1

    22

    02

    2

    0

    2

    0

    sen1sen1

    coscos

    ===

    bbKr ,

    o que sempre inferior unidade, ou seja, o

    espaamento entre duas ortogonais aumenta sempre

    medida que a onda se refracta.

    Mtodos de clculo:

    Mtodo das cristas: marcao de sucessivas posies

    das cristas para determinado intervalo de tempo

    constante (ex.:, T/2);

    Mtodo das ortogonais: marcao, atravs de crceas,

    de troos sucessivos de raios de onda. Em cada avano

    faz-se uma aplicao directa da Lei de Snell, avaliando a

    rotao que o raio de onda sofre ao atravessar a faixa

    limitada por batimtricas contguas.

    Mtodos numricos: existem modelos numricos

    baseados no mtodo das ortogonais (equao do raio de

    onda) e modelos baseados em diferenas finitas.

    Processos Fluviais e Costeiros, 2002 X7 Francisco Sancho

  • Hidrulica Martima IV Transformao de ondas

    A aplicao da teoria da refraco pode dar origem formao de custicas: curvas que separam reas

    perturbadas de outras no perturbadas, devidas ao

    cruzamento de sucessivos raios de onda.

    Cruzamento de ortogonais

    (adaptado de Abecasis et al., 1957)

    Processos Fluviais e Costeiros, 2002 X8 Francisco Sancho

  • Hidrulica Martima IV Transformao de ondas

    A refraco responsvel pela disperso de energia em baas ou vales submarinos, e pela concentrao de

    energia em cabos submarinos, baixios, promontrios.

    Concentrao de energia sobre um cabo submarino

    (adaptado de Abecasis et al., 1957)

    Disperso de energia sobre um vale submarino

    (adaptado de Abecasis et al., 1957) Processos Fluviais e Costeiros, 2002 X9 Francisco Sancho

  • Hidrulica Martima IV Transformao de ondas

    4.3. Difraco

    A difraco da onda corresponde a um fluxo de energia resultante de uma distribuio espacial no uniforme da

    altura de onda.

    O principal efeito da difraco consiste num transporte de energia ao longo das cristas, no sentido das zonas

    em que a altura de onda menor.

    O fenmeno da difraco pode ser ilustrado do seguinte modo: considere-se um conjunto de ondas propagando-

    se na direco de um quebra-mar, com profundidade

    constante. Podem-se identificar trs zonas distintas:

    Fenmeno da difraco de ondas

    (adaptado de V. Gomes, 1995)

    I ) Zona no perturbada pela existncia do quebra-mar: as

    ondas propagam-se normalmente;

    Processos Fluviais e Costeiros, 2002 X10 Francisco Sancho

  • Hidrulica Martima IV Transformao de ondas

    II ) Zona de abrigo do quebra-mar, em que as cristas das

    ondas assumem uma configurao aproximadamente

    circular. As ondas da zona I transmitem energia para a

    zona de abrigo II atravs do fenmeno de difraco, isto

    , atravs da transmisso lateral (segundo as cristas)

    de energia;

    III ) Esta zona caracterizada pela sobreposio da onda

    incidente com a (parcial ou totalmente) reflectida pelo

    quebra-mar.

    Uma outra situao comum a difraco de ondas atravs da abertura entre dois quebra-mares ou

    barreiras naturais.

    Difraco de ondas entrada da baa de So Martinho

    Processos Fluviais e Costeiros, 2002 X11 Francisco Sancho

  • Hidrulica Martima IV Transformao de ondas

    O fenmeno da difraco ocorre tambm, como natural, em zonas onde a profundidade no se mantm

    constante.

    A fenmeno de difraco sobre fundo horizontal regido pela equao de Helmoltz, que se obtm introduzindo a

    funo potencial,

    ( ) ( ) ( )thzFyxtzyx cos),(,,,, =

    ( ) ( ) ( ) ( )tkh

    zhkyxtzyx coscosh

    cosh,,,, +=

    na equao de Laplace (que resulta da equao da

    continuidade),

    022

    2

    22 =

    +=

    yx ,

    resultando:

    0222

    2

    2=+

    + k

    yx ,

    A soluo desta equao depende das condies fronteira, especficas de cada problema.

    Processos Fluviais e Costeiros, 2002 X12 Francisco Sancho

  • Hidrulica Martima IV Transformao de ondas

    Na prtica, encontram-se j representados graficamente as solues desta equao para diferentes geometrias.

    Nestes grficos encontram-se representados os coeficientes de difraco, Kd:

    i

    dd H

    HK = ,

    em que Hd = altura de onda difractada e Hi = altura de

    onda incidente.

    Difraco de ondas em torno de um quebra-mar. Soluo exacta ()

    e aproximada (---) para incidncia normal. (Adaptado de Dean e Dalrymple, 1984)

    Processos Fluviais e Costeiros, 2002 X13 Francisco Sancho

  • Hidrulica Martima IV Transformao de ondas

    Difraco de ondas em torno de um quebra-mar para incidncia

    oblqua (30). (Adaptado de Dean e Dalrymple, 1984)

    Quando existe uma abertura entre 2 quebra-mares as solues dependem dessa mesma abertura:

    Difraco pela abertura entre dois quebra-mares (Adaptado de Dean e Dalrymple, 1984)

    Processos Fluviais e Costeiros, 2002 X14 Francisco Sancho

  • Hidrulica Martima IV Transformao de ondas

    4.2, 4.3. - Refraco e difraco

    Na realidade a refraco e difraco ocorrem naturalmente em combinao dando origem aos

    modelos de refraco-difraco Equao de Berkhoff

    Refraco e difraco de ondas entrada do Porto de Viana do Castelo

    Processos Fluviais e Costeiros, 2002 X15 Francisco Sancho