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Pelo Algarve e Andaluzia

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Pelo Algarve e Andaluzia

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Rota de al-Mutamid1ª Edição outubro 2014

Publica EditorFundação Pública Andaluza El legado andalusí

TextosFundação Pública Andaluza El legado andalusí, Associação Defesa do PatrimónioHistórico de Aljezur, Direção Regional de Cultura do Algarve, Câmara Municipalde Silves, Câmara Municipal de Tavira, Ayuntamiento de Huelva - Concejalía deTurismo, Ayuntamiento de Niebla, Ayuntamiento de Almonaster la Real yAyuntamiento de Cortegana.

TraduçãoMar Carreño LeyvaVasco Paulo Monteiro

FotografíaFundação Pública Andaluza El legado andalusí, Associação Defesa do PatrimónioHistórico de Aljezur, Direção Regional de Cultura do Algarve, Câmara Municipalde Silves, Câmara Municipal de Tavira, Concelho de Loulé, Centro Nacional deCultura (Portugal), Ayuntamiento de Huelva - Concejalía de Turismo, Ayuntamientode Niebla, Ayuntamiento de Almonaster la Real, Ayuntamiento de Cortegana,Culturaleza Soc. Coop., Manuel Bernal, Xurxo Lobato.

Projeto Gráfico, Design Gráfico, ImpressãoMiguel León

Depósito legalGR 2116-2014

Reservados todos os directos desta publicação que não pode ser reproduzida notodo ou em parte, nem gravada ou trasmitida por qualquer sistema de reproduçãode datos, nem por nenhum sistema ou meio, seja mecânico, fotoquímico, electrónico,magnético, electroóptico, por fotocópias ou qualquer outro, sem autorização escritaprévia dos editores.

© da edição: Fundação Pública Andaluza El legado andalusí© dos textos: os respetivos autores© da documentação fotográfica: os respetivos autores

Esta publicação enquadra-se no Programa de cooperação transfronteiriço Espanha-Portugal2007-2013 e é cofinanciado com fundos FEDER.

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Introdução

Projeto al-MutamidMapa de RotaPaisagensHistóriaMúsicasGastronomia

456

101718

Itinerário

AljezurSagresSilvesAlbufeiraPaderneLouléTaviraHuelvaNieblaAlmonaster la RealCortegana

222838505666768696

104114

Postos de Informação

Postos de Informação126

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Projeto al-Mutamid

O turismo cultural como instrumento de desenvolvimento integradodos recursos e do património histórico-cultural entre a fronteira daAndaluzia e Algarve.

Este projeto enquadra-se no Programa de cooperaçãotransfronteiriço Espanha-Portugal 2007-2013 e écofinanciado com fundos FEDER. A Fundação PúblicaAndaluza El legado andalusí lidera o projeto e conta comoparceiros com a CECA (Confederação Empresarial deComércio da Andaluzia) em território andaluz, e a DireçãoRegional de Cultura do Algarve, as Câmaras Municipais deSilves e Tavira e a Associação Defesa do PatrimónioHistórico e Arqueológico de Aljezur em território português.

O objetivo deste projeto é manter e promover o turismode qualidade baseado num desenvolvimento sustentável eque aposta forte numa história comum.

Esta Rota transfronteiriça (que se une em Sevilha à deWashington Irving) vem assim materializar, numa primeirafase, a Rota de al-Mutamid, a única das Rotas do LegadoAndaluz que chega a Portugal. Com esta são cinco as Rotastornadas realidade. A saber: a do Califato, a dos Nazaríes,a de Washington Irving e a dos Almorávidas e Almóadas.Todas foram declaradas Itinerário Cultural do Conselho daEuropa e oferecem ao turista caminhos históricos cheiosde cultura, tradição e património.

ESPANHA

PORTUGAL

ANDALUZIA

ALGARVE

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Castelo. CorteganaCastelo e Igreja de Santa Maria do Castelo. TaviraPraia da Arrifana. Aljezur

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Rota materializada

Rota não materializada

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A Rota de al-Mutamid propõe um apaixonante percursoque nasce em terras portuguesas e que através de doisramais abraça o ângulo sudoeste da Península Ibérica.Paisagens muito diferentes, de litoral e de interior, onde orico património monumental alterna com espaços naturaisespetaculares. O visitante pode ver in loco a continuidadehistórica das povoações do Alentejo e do Algarve e a relaçãodestas com a Andaluzia ocidental.

A rota inicia-se em Lisboa, em frente ao Atlântico, eacaba em Sevilha, onde reinou a dinastia de al-Mutamid.O trajeto que aqui apresentamos começa na localidade deAljezur, que foi durante a época muçulmana quase umailha rodeada por mar, atravessa a costa portuguesa emdireção a Este, faz escala em Huelva, e ruma depois a Norteaté Cortegana, em pleno Parque Natural da Serra de Aracenae Picos de Aroche. Ao longo dos mais de trezentos quilómetrosque totalizam estes diferentes trechos deste trajeto, épercorrido um meio físico e paisagístico que, ainda que

PAISAGENS

A Rota de al-Mutamid

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dentro da relativa unidade presente nesta vertente atlânticapeninsular, apresenta variações notáveis.

Na vertente portuguesa, o itinerário distingue-se por umaorografia, na costa, salpicada por grutas e cavidadessubterrâneas, e por muitas e belas praias como a da Falésiaou as que estão junto à Ria Formosa em Tavira. A regiãoestá protegida a norte pelas serras de Monchique e doCaldeirão, dando lugar a que a costa algarvia goze de umclima tipicamente mediterrânico, com baixas precipitaçõesanuais e temperaturas mais suaves no inverno. O sotaventoalgarvio proporciona aos visitantes uma surpresa: o ParqueNatural da Ria Formosa com mais de 18.000 hectares éuma das zonas húmidas mais importantes da Europa.

O trecho espanhol inicia-se em Huelva, ainda sobinfluência atlântica, e ascende até ao interior serrano daprovíncia onubense Niebla, Almonaster la Real e Cortegana.Não pode ser mais evidente o contraste entre a costa deHuelva, na confluência dos rios Tinto e Odiel, na zona daDepressão Bética, e o interior. No nosso percurso paraNorte prosseguimos até à localidade de Niebla, nas margensdo rio Tinto, através da terra plana da província de Huelva.

Se analisarmos com mais detalhe, verificamos que oprimeiro trecho da rota passa pelo território do Algarve,o Garb al-Andalus dos muçulmanos. Atravessa inicialmente

Rota de al-Mutamid

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várias povoações, Aljezur, Sagres, Silves,Albufeira, Paderne, Loulé, e Tavira; uma linhacosteira onde se pode desfrutar de algumas dasmelhores praias do sul de Portugal. Este acabapor ser um percurso salpicado de cabos, rios epraias que já viu passar distintas civilizaçõesdesde o tempo dos Fenícios. Aqui as paisagensde suaves serras e colinas cultivadas alcançam alinha do oceano, desenhando formações deestuários e areais como os do Parque Naturalda Ria Formosa, praias recatadas, falésias deareia de cores garridas e escarpas poderosas,como as que se podem ver no Parque Naturaldo Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina. Éaqui que se localiza o município com o qualiniciamos esta rota, Aljezur. Fica situado anoroeste da região algarvia, possui caraterísticasambientais únicas e uma orla costeira bempreservada, associada a uma paisagem de sonho,onde o destaque vai para a belíssima Serra deMonchique que protege esta localidade do friodo Norte. A Praia da Arrifana e a Praia do MonteClérigo são belas e relaxantes, merecendotambém destaque a Praia de Odeceixe, nafronteira com o vizinho Alentejo.

A nossa próxima paragem leva-nos a Sagres,situada no canto sudoeste da Europa, muitopróxima do Cabo de São Vicente, que osromanos consideravam o fim do mundo. A Serrado Espinhaço de Cão delimita e separa do restodo Algarve um planalto triangular, cujas vertentesmarítimas são cortadas por escarpas, entre aponta da Piedade a sudeste, e o pontal daCarrapateira, a noroeste, e cujo vértice sudoestese bifurca em vários cabos, como o de SãoVicente, a ponta de Sagres e a ponta da Atalaia.Seguindo para Este, encontramos Silves, cujasterras férteis banhadas pelo rio Arade, por ondechegaram durante a Antiguidade Gregos eCartagineses. Albufeira foi uma encantadoralocalidade piscatória, cuja baía vê atualmentepassar inúmeros turistas ao longo do ano. A

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costa está repleta de pequenas e pitorescas enseadas. Loulée Tavira serão duas localidades portuguesas a visitar antesde entrar em terras espanholas. A primeira abarca umterritório onde se pode desfrutar tanto da paisagem costeiracomo serrana, com uma rica flora e fauna local; no concelhode Loulé encontra-se Vilamoura, um impressionantecomplexo turístico. Em Tavira o sistema da ria Formosadá lugar a pequenas ilhas onde podemos encontrar algumasdas melhores praias da região como a da Fuzeta, a Praiada Armona, ou a Praia da Ilha de Tavira, à que se acede debarco a partir da praia de Quatro Águas.

O nosso itinerário atravessará os estuários da ReservaNatural do Sapal de Castro Marim e cruzará o rio Guadianapara entrar em Espanha, na província de Huelva. Aquipercorreremos parte da plácida Costa da Luz, que se estendedesde a desembocadura do rio Guadiana até à entrada dorio Guadalquivir. Trata-se de uma paisagem onde coexistempraias de areia branca, zonas como a de Isla Cristina, dunase paisagens de extensos pinhais. O itinerário cruza a ria doTinto e do Odiel, local onde se fixou inicialmente a povoaçãode Huelva, a primeira paragem espanhola do nosso caminho.É uma cidade milenária onde, por debaixo das suas ruas,jaz a civilização tartéssia, uma das mais antigas doMediterrâneo.

Sem nos afastarmos do Atlântico, cuja influência se senteatravés da suavidade do clima e nas areias dos pinhais, oitinerário leva-nos agora até Niebla. A localidade estáinserida numa zona de horizontes abertos onde predominamos cultivos mediterrânicos.

Em Niebla a rota volta-se para o interior da provínciaonubense e penetra na comarca da Serra de Aracena e Picosde Aroche. O ambiente em redor mostra uma mudançanotória a caminho do interior. Aqui prevalecem paragensde natureza imaculada, as massas florestais, autóctones ede repovoação, onde o pinheiro, o sobreiro e o castanheiroexistem com uma cadência bastante acentuada. A serraestá delimitada pelas duas localidades que fecham o nossoitinerário: Almonaster la Real, com a sua mesquitasobranceira dominando o horizonte, e Cortegana, com umcastelo que foi testemunha das disputas entre Castela ePortugal nos finais do século XIII e início do século XIV.

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HISTÓRIADos primórdios à Antiguidade

A Andaluzia mais ocidental e o sul de Portugal, osterritórios por onde passa esta viagem, foram cenáriohistórico de primeira importância desde tempos distantes.Devido à sua condição geográfica estratégica estes territóriosforam testemunhas dos primeiros passos e movimentaçõesda presença humana, de tal forma que são abundantes osvestígios paleolíticos, como por exemplo utensílios de pedraencontrados em terraços fluviais.

Desde o V milénio a.C. a prática da agricultura e daganadaria favoreceu o desenvolvimento das culturas neolíticase calcolíticas, cuja expressão mais significativa foi omegalitismo, que produziu obras com grandes blocos depedra. Este fenómeno ocorre principalmente no sul dePortugal, onde se localiza um dos principais focos domegalitismo europeu, mas também na Andaluzia, onde alémdisto proliferam as pinturas rupestres em abrigos e grutas.

As Idades dos Metais assinalaram uma nova fase para o

Torre del Oro (Sevilha). Museo del Prado

Menir do Monte da Alfarrobeira.Museu de Arqueologia de Silves

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sudoeste da Península. Os contactos com o Orientemediterrânico, essencialmente com os Fenícios, e aprocura de minerais na região deu lugar à criação deTartessos, a cultura que protagonizou a entradadesta zona na história do I milénio a.C., sob umaaura de lenda. De acordo com o mito clássico,Hércules abriu o Estreito e plantou duas colunas,Calpe, na Europa, e Abila, em África, quedelimitaram os confins do mundo então conhecido.À decadência de Tartessos seguiram-se as culturasdos Celtas e Celtiberos em Portugal e dos Turdetanose Bástulos na Andaluzia, assim como o domínio dosCartagineses até ao século III a.C.

Hispânia Ulterior, Bética e LusitâniaUma das etapas fundamentais na história deste itinerário

corresponde ao longo e proveitoso período romano. Apósexpulsar os Cartagineses da Península na decisiva vitóriade Ilipa em 206 a.C., os Romanos impuseram o seu controlosobre o sudoeste peninsular, que ficou circunscrito à HispâniaUlterior. Enquanto o Estreito e o vale do Guadalquivirforam sendo romanizados com rapidez, na área a norte doocidente, ao passo que, os Lusitanos e os Celtiberos seopunham tenazmente e com resistência, aos levantamentos,por exemplo, de Viriato, que não se acalmaram até ao iníciodo século I a.C. com o restabelecimento da paz, Augustodelimitou aqui duas grandes províncias, a Bética, que abarcavaa área equivalente à Andaluzia, e a Lusitânia, que compreendiao Ocidente, incluindo Portugal.

Uma economia crescente baseada no progresso daagricultura, a ganadaria e a pesca – a Bética foi um dosceleiros de Roma, reconhecida pelas suas produções detrigo, azeite e vinho –, explorações mineiras da Serra Morena

Lisboa. Braun y HogenbergCivitates Orbis Terrarum

Vaso Meleiro (Séc. V-II a.C.)

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Rota de al-Mutamid

Fragmento de estuque (Séc. XIII).Museu Municipal de Arqueologia de Silves

  

ocidental, um comércio náutico e mercantil das populaçõesdo Estreito e do Atlântico, ao longo destes séculos cimentoua organização territorial que, no essencial, perdurou atéaos dias de hoje. Desde então se perfilou a rede de cidades

que compõem uma boa parte deste itinerário, apartir de núcleos anteriores ou de novos: o

território de Betúria entre os cursos dosrios Guadiana e Guadalquivir, Ilipla(Niebla), Onuba Aestuaria (Huelva),

Balsa (próximo da atualTavira), ou o Promontorium

Sacrum (que correspondeao territórioenvolvente doCabo de SãoVicente).

A crise do BaixoImpério e as incursões dos

bárbaros conduziram à diminuição do dinamismoeconómico, urbano e cultural destas regiões, o que

acabou por levar à instauração do reino visigodo no séculoV e à formação de um domínio bizantino transitório noséculo VI sobre o litoral à volta do Estreito.

O Ocidente do al-AndalusNo ano 711 os contingentes muçulmanos que cruzaram

o Estreito a mando de Tariq Ibn Ziyad iniciaram a conquistada Península Ibérica. Após derrotar o godo Rodrigo nabatalha de Guadalete, apoderaram-se, ou pela força dasarmas ou mediante pacto, de todos os seus territórios, salvoum minúsculo reduto a norte. Despois de um breve período,no ano 756, al-Andalus, como foi designado este novo estadoislâmico da Península, constitui-se num emirato independentesob dinastia omíada encabeçada por Abd al-Rahman I.Durante o emirato omíada, cuja capital se situava emCórdoba, a aristocracia árabe assentou em lugares escolhidos,como Silves, Sevilha ou Niebla, e os clãs berberes nas áreasserranas e da Meseta, como por exemplo em algumascomarcas da Extremadura espanhola. Apesar da islamização,a população hispana manteve um percurso ascendente, comfrequentes tensões entre grupos da sociedade andaluza eas lutas com o poder central, conflitos que se acentuaram

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no final do século IX e que não terminaram até à chegadado governo de Abd al-Rahman III, que no ano 929proclamou o califado omíada de Córdoba.

Foi nesta altura que al-Andalus alcançou o seu apogeucomo estado unificado, cuja influência se estendia até aonorte de África, graças à grandeza da agricultura, aostrabalhos manufaturados e ao comércio, e à revitalizaçãodas cidades. Ainda que alguns núcleos do passado tenhamficado entretanto despovoados, a maioria dos povoadosexistentes, desde o Estreito ao vale do Guadalquivir e oOcidente, al-Garb al-Andalus, passaram por um notóriocrescimento, como foi o caso de Silves, que chegou a serconhecida como a Bagdad do Ocidente, Labla (Niebla) ouWelba (Huelva), que sobressaiam como capitais das suascoras ou províncias, e de Al-Ulya (Loulé), que as crónicasdescrevem como uma medina fortificada e próspera,pertencente ao Reino de Niebla, ou al-Buhera (Albufeira),cujo castelo se converteu na época muçulmana numimportante forte contra as incursões cristãs na zona.

Devido à crise interna e a pressão cristã, o califadocordovês acabou por desintegrar-se no século XI, dandoazo a um mosaico de reinos de taifas nas cidades grandes.No braço de ferro que se seguiu, os mais fortes tornaram-se mais fortes até ao surgimento do reino dos descendentesde Mohámed ben Abbad, de Sevilha, e do reino dosAftásidas de Badajoz, que no final do século se repartirampelo sudoeste de al-Andalus. A altivez e esplendor culturaldas suas cortes não atenuaram, no entanto, a sua debilidadepolítica e militar frente ao impulso cristão.

Almorávides e AlmóadasDesairados pelos persistentes

problemas dos monarcas andaluzes, osAlmorávidas resolveram estender o seuimpério sobre al-Andalus, fazendo-o poucoa pouco com todos os seus principados.Em 1091 assaltaram Sevilha, completandoo seu domínio do Ocidente andaluz. Sob asua autoridade as cidades hispano-árabesampliaram a sua superfície e tornaram maisrobustas as suas defesas: sobressaindo agora Sevilhacomo a principal urbe de al-Andalus, além de Nieblae Silves. Porém, no Ocidente andaluz, fermentava, não

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Vaso de Tavira.Museu Municipal de Tavira

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obstante, a revolução contra os almorávidas, conduzida pelomístico Ibn Qasi e inspirada pelo novo movimento dosunitários ou Almóadas, que desde o seu bastião de Tinmel,nas montanhas do Atlas marroquino, acabaram por conquistaros Almorávidas tanto no Magrebe como na Península Ibérica.

Depois de uns parênteses de agitações em que voltarama surgir efémeros reinos de taifas e foram frequentes astrocas de lados da barricada, na segunda metade do séculoXII os Almóadas ratificaram o seu poderio nas duas margensdo Estreito, cujos portos, de importância vital para acomunicação do seu império, conheceram umdesenvolvimento sem precedentes. No caso de Silves, ocrescimento da cidade e a sua importância estratégicafizeram que a dinastia almóada se apoiasse nas suas defesaspassivas, e por isso, não é de admirar que muito do quehoje podemos apreciar pertença, em grande parte, ao últimoperíodo do domínio almóada na cidade. No meio destasconvulsões, Santarém e Lisboa tinham passado para mãoscristãs em 1147. Sevilha, por sua vez, passou a ser a capitalalmóada do al-Andalus. Os grandes califas Abu Yaqub Yusufe o seu filho Yaqub al-Mansur impulsaram a expansão e ofortalecimento das urbes ocidentais de al-Andalus, que desdeentão se converteram em focos urbanos de primeira ordem.Al-Andalus retomou o seu apogeu sob um forte poder quemanteve na fronteira com os cristãos, com constantesexpedições em terras fronteiriças e com vitórias como ade Alarcos, em 1195.

Nos alvores do século XIII aconteceu uma mudança derumo. O desgaste do império almóada findou em 1212com a crucial derrota na batalha de Navas de Tolosa, quedeixou o terreno livre para o avanço envolvente dos cristãosaté meados da centúria. As perdas de Santarém, Lisboa eÉvora, em 1217-18 com a queda de Alcácer do Sal, e pouco

Mapa al-Idrisi (1154)

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depois Beja, Mértola, Paderne, Silves e, finalmente, em1248, Sevilha, cuja tomada acarretou a submissão econsequente conquista de Niebla, Jerez, Arcos e outrasvilas circundantes. O território de al-Andalus ficou reduzidoàs praças do Estreito e ao reino nazari de Granada.

Da Baixa Idade Média à Era dos DescobrimentosTal como as duas faces de uma mesma moeda, a trajetória

de al-Andalus no sudoeste peninsular foi acompanhada pelados reinos cristãos na sua progressão para sul. Um feito deespecial significado foi a proclamação como principadoindependente por parte de D. Afonso Henriques do condadoportucalense, origem do reino português, após a vitória emOurique, no Alentejo, sobre os Almorávidas em 1139,posição que revalidou ao conquistar em 1147 Santarém eLisboa, com a colaboração dos cruzados ingleses, francesese de outras nações. Em 1249 Afonso III com a ajuda de D.Paio Peres Correia, conquistou o castelo de Loulé. Apenasum ano mais tarde viria a conquistar Albufeira graças aoapoio de mais de 200 cavaleiros da Ordem de Avis.

A partir daqui, os reinos de Portugal e de Castela e Leãoimpulsionaram as suas conquistas em direção a Sul deforma paralela. Enquanto os leoneses-castelhanos FernandoIII e Afonso X dominavam desde o vale do Guadalquivir,passando pelo litoral do Estreito até ao Guadiana, ossoberanos lusitanos chegavam ao Algarve. As fronteirasentre ambas as coroas foramfixadas nos tratados de Badajoz(1267) e Alcanizes (1297).

Os castelhanos prosseguiram o conflitocom os nazarís de Granada e os sultões meriníesde Fez, que intervieram no extremo meridional daAndaluzia entre os séculos XIII e XIV. Foi entãoque ocorreu uma disputa ferrenha pelo controloda zona estratégica do Estreito, que depois deser a ponte de união entre Europa e África, passoua ser o limite de dois bandos rivais. Niebla, quese tinha transformado no último baluarte doOcidente andaluz, fora incorporada em 1262na Coroa de Castela pelo rei Afonso Xapós um longo assédio. Depois devárias batalhas e assédios, a toma deAlgeciras por Afonso XI em 1340

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Monumento a CristóvãoColombo. Huelva

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garantiu o triunfo castelhano. Em direçãoao interior, as cidades andaluzasremodelavam-se de acordo com a novaordem, e as cidades portuguesasreorientavam-se para a projeção atlântica.No sudoeste da Península, o final da guerracom os muçulmanos desembocou no iníciode uma fulgurante expansão marítima. Aolongo do século XV, sob o auspício do rei,o Infante D. Henrique, conhecido como o

Navegador, fez com que os portos meridionais lusitanospermitissem a ocupação de praças no Magrebe, comoCeuta, e a exploração, fundação de estabelecimentos eabertura de rotas até ao golfo da Guiné e, mais tarde, atéao Índico e ao Oriente. Um fenómeno similar ocorreu nafaixa costeira da Andaluzia: em 1492, no mesmo ano emque culminou a conquista de Granada, Cristóvão Colomboassinalava o caminho até ao Novo Continente depois deter zarpado de Palos, no litoral de Huelva. Nos séculosvindouros, Portugal e Espanha, cujas coroas se unificaramentre 1580 e 1640, criaram impérios ultramarinos quedominavam a costa atlântica de África e o continenteamericano.

Até à modernidadeCom histórias comuns, paralelas e partilhadas, as terras

andaluzas e portuguesas do Ocidente continuaram a suacaminhada até à Idade Contemporânea assumindo umcerto declínio durante a época dourada do século XVI,acontecimentos como o terramoto de 1755, cujo epicentrose localizou a sudoeste do Cabo de São Vicente, teveconsequências graves em toda a zona, e perturbações comoas invasões napoleónicas da Guerra da Independência ouda Guerra Peninsular no começo do século XIX. Sob ummalogrado caminho político, marcado pelo rigor de ambasditaduras já no século XX, e um contexto económicocondicionado pela tradição e o peso das atividades agrárias,este singular espaço geográfico e humano que se estendeentre o sudoeste da Ibéria, do Estreito ao Guadiana, doAlgarve a Lisboa, soube, no entanto, renovar-se nas últimasdécadas, e sem perder as suas raízes e valores, conseguiuinserir-se nos dias de hoje estando a par da mais genuínamodernidade.

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Rio Tinto

Sevilha. Braun y HogenbergCivitates Orbis Terrarum

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Guitarra portuguesa

Guitarra espanhola

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MÚSICASOs ares e as melodias que sulcam o ambientedeste itinerário fazem lembrar muitas vezes osecos evocados na outra margem do Estreito e aherança andaluza. Assim se reconhece, semdúvida, no flamenco, a manifestação musical maisarraigada e representativa da Andaluzia.Nas localidades espanholas do itinerário, aprovíncia de Huelva é a indiscutível terra dosfandangos. Em Portugal, a música tradicional éacompanhada pela inconfundível guitarraportuguesa, de doze cordas, da guitarra de seisou viola, e de acordeões, tambores e outrosinstrumentos. No Algarve dançam-se oscorridinhos. O fado, com o seu epicentro emLisboa, sobressai devido à sua personalidade fortee notável projeção. Tal como é próprio das músicasde raízes profundas, o fado tem origem longínquae controversa, estando relacionado com astradições musicais islâmicas do Norte de África,com os cânticos da gente do mar e com oscantares afro-brasileiros.

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GASTRONOMIA

“Um autêntico paraíso gastronómico” seria a melhorclassificação para o cenário desta rota, tanto pelavariedade e qualidade dos produtos que o viajantedescobre ao longo da jornada como pela deliciosadiversidade de receitas e recursos culinários.

Por situar-se entre a costa atlântica e o interior,as regiões que este itinerário atravessa proporcionamuma oferta que compagina uma seleção escolhida demarisco até aos frutos da terra. Como elemento comuma ambos os lados da fronteira, as azeitonas e o azeite,de qualidade inigualável tanto na Andaluzia ocidentalcomo em Portugal. O mesmo acontece com as verdurase os legumes, que são a base de pratos de reputadaprojeção como o gaspacho, para além das saladas,cremes e sopas.

O peixe e o marisco mais apreciados podem serdegustados na maior parte do trajeto. Desde o sublimeatum capturado nas armações, a ancestral arte de pescaartesanal, ao goraz, a corvina, dourada, robalo, linguadoou sardinhas, ideais para a sua preparação na brasa,com sal ou com substanciais guisados. São espécies àsque se somam outras como salmonetes, biqueirão, cação,chocos e lulas, que se apresentam fritos e que constituemuma das especialidades mais caraterísticas daslocalidades andaluzas. O marisco, muito abundante, éoutra das estrelas gastronómicas do itinerário tanto naAndaluzia como em Portugal, pela delicadeza das gambas,lagostins, cigalas e lavagantes, e também pelos moluscosde concha, como ameijoas e conquilhas cozidas,grelhadas, salteadas, em arroz ou na cataplana típica doAlgarve. Ainda que proveniente de outras latitudes, obacalhau ocupa um lugar especial de destaque. Nacozinha onubense existe o arroz de bacalhau. Se naAndaluzia se serve frito, em estaladiças tortilhas, e emconsistentes sopas, em Portugal é um dos pratosfundamentais da cozinha tradicional e protagoniza umreceituário inesgotável, contando-se, diz a tradição, 365formas de cozinhar o fiel amigo.

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Neste itinerário especial destaque para as carnes,sobretudo nas zonas de serra que se encontram anoroeste do Algarve, e na serra onubense. A Serra deAracena e Picos de Aroche é afamada por criar o porcoibérico do qual se obtém um presunto de sabor inigualável.Também habituais destas regiões são as carnes de avese a caça. Os pratos elaborados com cogumelosencontram nesta região exemplos da melhor cozinhapopular, como a deliciosa sopa de cogumelos deAlmonaster la Real. Não nos podemos esquecer dosenchidos e as chacinas ou cecinas, as carnes curadasdo porco ibérico.

A gastronomia do sudoeste da Península remata-secom excelentes frutas frescas da época como as laranjase os figos, doces e pastelaria que são um verdadeirodesafio à imaginação e uma demonstração patente deuma síntese de culturas e tradições (Dom Rodrigo, folar,doce fino (massapão), figos recheados, toucinho do céu,doces de amêndoa, bolos, etc.) e produtos naturais comoo mel e os queijos que têm tantas variações eespecialidades como etapas tem um caminho.

Por último, é indispensável aludir a um dos capítulosmais celebrados da gastronomia desta rota, o dos vinhos.Na província de Huelva existe a Denominação de OrigenCondado de Huelva que engloba vinhos muito variadose de grande reputação. As suas vinhas estendem-sesobre os terrenos planos ou ligeiramente ondulados ondese cultiva a variedade de uva branca listán del Condadoentre outras. Uma menção especial é merecida pelovinho laranja, designado dessa maneira porque éaromatizado com cascas de laranja amarga sujeita a umprocesso de maceração.

Dentro do alcance deste itinerário, em Portugal são demenção obrigatória os vinhos de Lagoa da região doAlgarve, elaborados com as variedades negra mole,periquita, monsedro e moreto. Os vinhos da Denominaçãode Origen de Lagoa podem ser brancos ou tintos. EmTavira são produzidos vinhos muito caraterísticos doclima cálido da zona. Também têm grande prestígio osvinhos rosés, ligeiros e frescos, ideais para acompanharum prato de peixe ou de marisco.

Rota de al-Mutamid

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Itine

rário

Aljezur

Sagres

Silves

Albufeira

Paderne

Loulé

Tavira

Huelva

Niebla

Almonaster la Real

Cortegana

Page 25: Transferir guia

CasteloIgreja da Misericórdia eMuseu de Arte SacraMuseu AntonianoCasa Museu PintorJosé CercasMuseu Municipalde Aljezur

Posto de turismoRua 25 de Abril, 1388670-088 AljezurTel. 00351 282 998 229

Introdução histórica

Aljezur

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1

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3

5 O homem habitou estas terras desde a pré-história,havendo vários locais onde essa presença está devidamenteconfirmada por trabalhos arqueológicos.

A fundação de Aljezur é atribuída aos árabes no séculoX, chamando-lhe Al-jazeera. Dominaram todo o Gharb atéaos finais do século XIII. Foi o povo que mais tempopermaneceu neste território, deixando importantes vestígios,sendo o Castelo de Aljezur, o último reduto árabe a serconquistado em 1249 pelos Cristãos.

O herói desta proeza foi D. Paio Peres Correia, Mestre

Aljezur

AljezurPORTUGAL Rota de al-Mutamid

Ribeirade

Aljezur Ribeira deAljezur

Rua do GabaoRua Cerro do ForteRua Santo António

L. 5 deOutubro

Largo daLiberdade

Rua Joao Dias MendesLargo doMercadoA

v. General H

umbert

Ribeira das Alfambras

Caminho das Piteiras

Ribeira das C

ercas

Rua do Castelo

Rua D. Paio Peres Correia

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5

Ribeira de Aljezur

Rua das Parreiras

Travessa da Forte

Rua do Nascer do Sol

Rua da Boavista

Rua das Flores

Rua Dr. César Viriato França

N

Rua 25 de AbrilL. RainhaD. Leonor

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da Ordem de Santiago, reinando D. Afonso III de Portugal,que doou após a conquista todo território de Aljezur àreferida Ordem. Aljezur recebe, a 12 de Novembro de1280, em Estremoz, o seu primeiro Foral de vila dado porD. Dinis. O mesmo Rei, em 1 de Dezembro de 1297, fazuma Carta de Escambo (carta de permutação), com aOrdem de Santiago, na qual o Rei entregava ao Mestredaquela Ordem, D. João Osorez, os Castelos de Aljezure Marachique e as vilas de Ourique e Almodôvar, por trocacom a vila de Almada e seu termo.

O Rei D. Manuel I concede a Aljezur um novo Foral emLisboa a 1 de Junho de 1504. Esta Carta de Lei, quesubstituiu o antigo Foral de 1280, esteve em vigor até1836.

Aljezur possuiu outrora um importante porto, deixandoo rio de ser navegável depois do violento sismo de 1 deNovembro de 1755. 

 

PortugalRota de al-Mutamid Aljezur

Vista panorâmica de Aljezur

Praia de Arrifana

Aljezur

Praia do Monte Clérigo

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Castelo de AljezurA sua fundação é atribuída aos árabes no Séc. X. Possui

cerca amuralhada, duas torres e uma cisterna. Do castelodesfruta-se excelente panorama de toda a área envolvente.

Igreja de Santo AntónioÉ uma construção do Séc. XVII, recentemente restaurada,

alberga hoje um interessante Museu de temática Antoniana.

Igreja da MisericórdiaSituada em pleno Centro Histórico de Aljezur, a igreja

da Misericórdia foi edificada no Séc. XVI, tem um portalrenascentista. Da sua fachada, bastante simples, destaca--se a torre sineira com três sinos do Séc. XVIII. Anexo àIgreja da Misericórdia, está o Museu de Arte Sacra.

Museu Municipal – Espaço de MemóriasAntigo edifício dos Paços do Concelho, Séc.XIX, está

hoje transformado em Museu Municipal. Acolhe os Núcleosde Arqueologia e Etnografia e o Espaço de – O LegadoAndalusino.

Património monumental

Castelo de Aljezur

Igreja da Misericórdia e Museu Municipal

Hoje, Aljezur possui um Centro Histórico onde algumasruas ainda ostentam um traçado medieval e as casas denotaminfluências árabes, de construção em taipa e caiadas debranco. Aqui, vários equipamentos culturais atraem ovisitante: Museus, Igrejas e o Castelo de Aljezur.

“Tesouro” - Museu Municipal

AljezurPortugal Rota de al-Mutamid

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No Castelo de Aljezur termina oCircuito Histórico-Cultural, percursoque constitui o primeiro itinerárioturístico para o Centro Histórico davila. Um passeio pelas suas ruastortuosas e labirínticas, algumas aindacom calçada medieval, transporta-nos até aos longínquos tempos damoirama. É um percurso ondecontrasta a exiguidade das casas feitasem taipa, caiadas de branco,arrumadas ao longo das colinas coma monumentalidade de umapaisagem que se estende desde omar até à Serra de Monchique. É umpasseio a não perder para todosaqueles que queiram conhecerAljezur de uma forma mais próxima,ousando calcorrear vielas cheias dehistória e romantismo.

Algumas ruas dão acesso à ribeira,outrora porto fluvial por pequenasazinhagas, onde existiam cais deamarração de barcos.É imperdível uma visita aos museus

Visitas e passeios

Ribãt de Arrifana

Fortaleza da Arrifana

Praia da Amoreira

Povoado Islâmico de Pescadores - Carrapateira

PortugalRota de al-Mutamid Aljezur

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Aljezur não é rico em artesanato. Perduram na lembrança das gentes da terraos trabalhos em vime e os talheres em madeira. Hoje predomina o artesanato emmadeira e barro ou cerâmica, os trabalhos em renda e a trapologia.

Artesanato

AljezurPortugal Rota de al-Mutamid

existentes no Centro Histórico deAljezur; o Legado Andalusino;o Museu Antoniano, a Casa MuseuPintor José Cercas, com todo o ricoespólio legado pelo pintor aljezurenseà sua terra e o Museu de Arte Sacra,anexo à Igreja da Misericórdia(Séc. XVI).

Também os desportos de naturezasão grande atractivo para os visitantes,com especial referência ao surf, bodyboard e kitesurf, os quais se podempraticar em inúmeras praias ao longoda Costa Oeste do Algarve, todassituadas em pleno Parque Natural doSudoeste Alentejano e CostaVicentina.

Artesanato local

Rua típica de Aljezur

Tear

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Na Sede do concelho têm lugar ao longo doano, várias festas religiosas, sendo de destacaras festas em honra da Padroeira Nossa Senhorada Alva que se realiza em Setembro. Tambémem Julho têm lugar as festividades em honra daRainha Santa Isabel, Padroeira dasmisericórdias.

O Festival da Batata-Doce é a maior festa dagastronomia que se realiza no sul de Portugalno mês de Novembro.

Por todas as Freguesias rurais têm váriasfestividades ao longo do ano.

São os festejos populares, os lugares ideaispara se degustar a gastronomia local e a doçaria.

Festas tradicionais e gastronomia

PortugalRota de al-Mutamid Aljezur

Percêves

Doce fino de amêndoa

Prato de Lagosta Recheada

Carangueijos

Pastéis de batata-doce

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Fortaleza do Cabode São VicenteForte do BelixeFortaleza de SagresForte da BaleeiraRuínas romanas doMartinhal

Sagres situa-se na esquina Sudoeste da Europa, onde aSerra de Espinhaço de Cão delimita a Oriente e separa dorestante Algarve um planalto elevado de forma triangular,cujas vertentes marítimas, cortadas por arribas, são balizadaspela Ponta da Piedade, a sueste, e pelo Pontal da Carrapateira,a noroeste. O seu vértice sudoeste bifurca-se em várioscabos, entre eles o Cabo de São Vicente, a Ponta de Sagrese a Ponta da Atalaia. Os textos da Antiguidade Clássicadescreveram estas paragens como uma finisterra envoltaem neblinas e mergulhada no mistério das incertezasoceânicas. A história do Barlavento Vicentino é, assim, ahistória dos habitantes dessa cunha de terra metida pelomar, assim destacada em todos os velhos mapas e à qualos antigos chamaram Promunturium Sacrum e os muçulmanosChakrach.

Tradicionalmente, os naturais desta região não seconsideravam a si próprios como algarvios, nem como talos tinham as populações vizinhas: eram gente do Cabo,sobre a qual corria a fama de afundadora de navios, vivendodos salvados dos naufrágios provocados pelo acendimentode falsos faróis. O extremo Barlavento manteve-se assim,até aos nossos dias, apartado das paisagens do Litoral Sule do Barrocal, e do modo de vidas das suas comunidades.

Posto de turismoPaços do Concelho8650-407 Vila do BispoTel. 00351 282 630 600

Introdução históricaSagres

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Sagres

SagresPORTUGAL Rota de al-Mutamid

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Sagres

Praia do Belixe

Botelha

MatosBrancos

Tonel

Praia doTonel

Poço

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Ponta de Sagres

Marmeleiro

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Conhecem-se nesta região vestígios de povoamentoPaleolítico, com destaque para o sítio de Vale Boi, comocupações mustierense, solutrense e gravetense sob abrigoe em terraço; sinais da presença das últimas comunidadesde recoletores, como em Castelejo; e diversos vestígiosneolíticos, com uma surpreendente quantidade de menires,isolados ou dispostos em pequenos alinhamentos e recintos.A partir do IV milénio a.C., o Cabo é ocupado porcomunidades com uma organização social mais complexa,estratificada. E são essas comunidades que, a partir dosinícios do I milénio a.C., entram em contacto com osmercadores fenícios. É então, quando os produtos do entãoExtremo Ocidente atraem, de forma regular, os mareantesdo Mediterrâneo, que Sagres entra definitivamente nahistória e na lenda do Mundo Antigo. É no Cabo que osautores clássicos situam um santuário consagrado a Melkart-Hércules-Saturno. Ao caráter místico do promontóriojuntou-se a abundância de recursos das águas marinhas:sob o domínio de Roma, desenvolveram-se aqui diversosaglomerados populacionais cuja principal atividade foi aprodução, envasilhamento e distribuição de preparados depeixe, e que continuaram economicamente ativos até aoséculo VII da era cristã.

Já sob domínio muçulmano, seguindo a tradição dereligiosidade destas paregens, os restos mortais de SãoVicente foram deslocados de Valência para o Cabo, onde

PortugalRota de al-Mutamid Sagres

Ponta de Sagres e Ponta da Atalaia

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ficaram depositados na Igreja do Corvo, num monasteriumaté agora por localizar com precisão mas que é descritopor al-Idrisi no século XII. Por essa altura, o culto vicentinoatrai numerosos peregrinos, cristãos do Norte, muçulmanose, sobretudo, moçárabes, a este local, que se tornara o maisfamoso dos santuários cristãos do al-Andalus.

O facciosismo almorávida propiciou dificuldadescrescentes, ou mesmo a destruição, deste santuário. Em1173, num período de trégua entre os portugueses e osalmóadas (e provavelmente com o consentimento destes),as relíquias de São Vicente foram transladadas por iniciativado primeiro rei português, Dom Afonso Henriques, ficandodesde então depositadas na cidade de Lisboa, em cujobrasão de armas, com a barca vicentina e os corvos, secomemora esse facto. Três séculos mais tarde, percebendoa enorme importância do mar como fonte de rendimentos,o Infante Dom Henrique obtém, em 1443, permissão parafundar uma vila na Ponta de Sagres. Aqui viverá o Navegadoros seus últimos dias. Dessa sua Vila do Infante datam váriascartas e o seu derradeiro testamento. E aí morrerá, em 13de novembro de 1460. Situada 10km para norte de Sagres,Vila do Bispo, é a sede do Concelho. A sua atual designaçãotem origem na transição para o século XVI, maisconcretamente na viagem que o rei D. Manuel empreendeuao Cabo de São Vicente. Nessa ocasião, passando pelolugar de Santa Maria do Cabo, doou a povoação ao bispodo Algarve, D. Fernando Coutinho, passando então estaa designar-se Aldeia do Bispo. A 7 de Junho de 1662, alocalidade passou para a posse de Martim Afonso de Melo,segundo Conde de São Lourenço e, um ano depois, apovoação foi elevada a vila.

SagresPortugal Rota de al-Mutamid

Caravela

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Fortaleza de SagresA enorme erosão do lugar e o curso da história quase

não nos deixaram restos da Vila do Infante: os muros eportas da barbacã e os desmantelados alicerces de umamuralha em dente-de-serra (registada por William Boroughaquando do ataque de Francis Drake, em 1587, numpergaminho hoje conservado na British Library, ondefiguram todas as fortalezas situadas entre o Cabo de SãoVicente e a Baleeira), uma torre cisterna, os alicerces damuralha que protegia a vila do lado sul, a igreja paroquial(renovada nos finais do século XVI) e o conjunto,supostamente autêntico, da chamada correnteza, uma fileirade vivendas de piso térreo com um único vão de acesso eiluminação que se dispõem paralelas à linha da muralha.Tudo o mais não vai além do século XVIII.

Fortaleza do Cabo de São VicenteConquistado definitivamente o Algarve aos mouros, em

meados do século XIII, foi retomado o culto a São Vicente,com implantação de uma ermida de evocação ao santo.Entre 1434 e 1444 foi construído no cabo um conventode frades franciscanos protegido por uma muralha. Em1508 o Bispo do Algarve, Dom Fernando Coutinho, doouas instalações aos frades Jerónimos, passando estas a incluirum farol cuja manutenção ficou a cargo dos monges. Muitodanificado pelo ataque de Drake de 1587, o mosteirofortificado foi reconstruído durante a época filipina, sendoo local reocupado pelos monges nos inícios do séculoXVII. No reinado de Dona Maria II, foi promovida aconstrução do atual farol, que entrou em funcionamentoem 1846 e foi profundamente renovado entre 1897 e 1908.A partir de 1926 o farol foi eletrificado. Na fortaleza, a

Património monumental

Cabo de São Vicente

PortugalRota de al-Mutamid Sagres

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Marinha Portuguesa instalou um pólo museológico ondese apresentam temas ligados ao local e à sua história e àevolução dos sistemas de alumiamento da costa e apoio ànavegação.

Fortaleza de Santo António do BelicheO conjunto edificado é composto por um recinto de

planta poligonal com um único vão de acesso, protegidopor um torreão de dois pisos. A fortaleza já existia noséculo XVI mas ignora-se a data da primitiva construção.Remodelada em 1632, foi desativada em 1849 e convertidaem 1960 em estrutura hoteleira.

Forte da BaleeiraÉ uma pequena fortificação de planta triangular,localizada na parte superior da arriba, dominando aenseada da Baleeira.. A fortaleza já se encontravaedificada em 1573, não se sabendo ao certo a datada sua construção. O desenho de William Borough,coevo do ataque de Francis Drake, mostra umafortificação com torreão e muros em dente de serra.Da reedificação levada a cabo entre 1633 e 1644 sendoGovernador D. Luís de Sousa, resultou uma fortificaçãomoderna, mantendo a planta triangular. Subsistemruínas de parte da muralha e de um baluarte, e o arcode alvenaria da porta de entrada foi restaurado em1960. Não subsistem já quaisquer vestígios da antigaermida de invocação de Nossa Senhora da Guia.

Fortaleza de Santo António do Beliche

Forte de Baleeira

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SagresPortugal Rota de al-Mutamid

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Iglesia Matriz de Vila do Bispo

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Igreja Matriz de Vila do BispoÉ uma típica edificação religiosa barroca, do século XVII,

de planta longitudinal composta por nave única e capela-mor retangular, com torre sineira, adossada do lado Sul, esacristia. Apesar das modificações de épocas posteriores,o conjunto mantém ainda as suas características originais.No interior do templo, triunfa a exuberância barrocasetecentista, estando as paredes integralmente cobertas porazulejos da primeira metade do século (ao redor de 1715)e talha dourada (documentada a partir da década de 20).De nave única relativamente modesta, a exuberância destadecoração total faz com que se reafirme o estatuto dequase-gruta tão ao gosto do Barroco. As composiçõesazulejares são de padrão geométrico e floral, não existindoqualquer cena figurativa. O teto é de caixotões de trêslanços de madeira, profusamente decorados com motivosvegetalistas, e existem três capelas de arco de volta perfeitaque integram retábulo de talha dourada joanina. A capela-mor é antecedida por arco triunfal a pleno centro e écoberta por abóbada de canhão, por sua vez integralmenterevestida por pintura. O retábulo-mor é de quatro arquivoltasde colunas torsas e integra axialmente ampla tribuna detrono piramidal, com abóbada interior revestida comsoluções pictóricas semelhantes as da cobertura da capela-mor. É uma das mais importantes realizações barrocas doBarlavento Vicentino e, certamente, a principal edificaçãoreligiosa da época moderna que se conserva nestas áridase ventosas terras do Barlavento Vicentino. Na sacristia,conserva-se uma coleção visitável de arte sacra.

Ermida de Nossa Senhora de GuadalupeO templo constitui um dos mais antigos exemplares da

arquitetura gótica no Algarve. Na capela-mor, todos oscapitéis, tal como as chaves da abóbada, possuem decoraçãoesculpida com motivos vegetalistas, máscaras humanas eoutros atributos, de decifração complexa. Um arco triunfalsepara a capela-mor da nave, dotada de dois grandes arcossobre os quais assenta a cobertura de madeira. Na fachadaprincipal, encimada por um óculo, abre-se um portal dearco quebrado. Construído em grés da região, e situadonuma zona de fronteira, do Reino e da Cristandade, assoladapelo corso muçulmano, o templo encontra-se ligado aoresgate dos cativos, o que explica a sua insólita decoração.

PortugalRota de al-Mutamid Sagres

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A quinta sobranceira à Ermida foi um dos pousos doInfante Dom Henrique, durante o auto-exílio algarvio quemarcou a fase final da sua vida, após a gorada conquistade Tânger de que resultou cativo o, nunca resgatado, InfanteSanto. Ali terá recebido a visita do veneziano Luís daCa’damosto, o que confere a este lugar uma particularrelevância histórica. Na casa rural, anexa ao templo, foiinstalada uma exposição sobre a vida e obra de «Henrique,o Infante que mudou o Mundo».

Igreja Matriz da RaposeiraTemplo manuelino, edificado, muito possivelmente, na

primeira metade do século XVI. É uma realizaçãorelativamente modesta (nave única de dois tramos e capela-mor retangular, integralmente coberta por teto de madeira),própria de uma região rural e periférica, embora de inegávelimportância na conjuntura tardo-gótica portuguesa. Otemplo manteve até aos nossos dias as suas caraterísticasoriginais, sem significativas campanhas de obras posteriores,sendo ainda muitos os vestígios manuelinos no conjunto,a começar pelo portal principal, escassamente decorado,limitando-se a decoração aos capitéis, ornamentados comsingelos motivos vegetalistas e geométricos, e às bases doscolunelos. As entradas laterais foram tratadas de formaainda mais sumária. A do lado Norte é de lintel reto. A dolado Sul é mais caraterística, com perfil superiorcontracurvado e moldurado. No interior, o arco triunfal éo elemento original mais importante e, ao contrário das

SagresPortugal Rota de al-Mutamid

Ermida de NossaSenhora de Guadalupe

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faces exteriores dos portais, revela um maior cuidadoestilístico. Na primeira metade de Setecentos construíram-se dois retábulos de talha dourada que ladeiam o arcotriunfal. No exterior, a campanha barroca fez-se tambémsentir. O registo superior da fachada principal, em empenatriangular e com janelão axial quadrangular provido degrelha, deverá datar deste período, assim como a torresineira que se adossa do lado Sul, com quatro arcos devolta perfeita, pináculos nos ângulos e coroamento piramidal.A igreja permanece como uma das mais interessantesconstruções manuelinas do extremo Sudoeste do territóriocontinental português e evoca simbolicamente o períodoem que a região mais floresceu, precisamente a transiçãopara o século XVI.

Ruínas romanas da Boca do RioRuínas de uma vasta instalação de produção de preparados

de peixe, que esteve ativa entre os séculos III e VI da eracristã, num local comprovadamente ocupado já desde oséculo I. Nas construções arruinadas e ameaçadas pelaerosão da linha de costa, reconhece-se uma área residencialcom mosaicos e balneário, uma área industrial com cetárease instalações de processamento do pescado; mais afastadopara poente, identificou-se o correspondente cemitério, jáem parte destruído pela erosão da arriba. Sobre os vestígiosda época romana, foram edificados no século XVIII, aotempo do Marquês de Pombal, dois barracões da RealCompanhia de Pescas do Algarve, para apoio da atividadede uma almadrava.

PortugalRota de al-Mutamid Sagres

Ruínas romanasda Boca do Rio

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Visitas e passeios

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SagresPortugal Rota de al-Mutamid

Trilho Cultural do Monte dos AmantesPercurso de descoberta dos menires. Tomando a estrada

antiga de Sagres para Vila do Bispo, e passando sob oviaduto da estrada recente, o percurso tem início numponto de interpretação. A partir desse ponto, o percursofaz-se a pé, através do campo, num trilho sinalizado aolongo do qual é possível observar um sepulcro megalíticoe diversos menires neolíticos.

Trlho Ambiental do CastelejoPercurso circular, que tem início junto ao parque de

merendas, a cerca de 2km de Vila do Bispo, na estrada quevai para o Castelejo. Seguindo para sul, até à casa do guarda,percorre-se uma zona de pinhal, com estrato arbustivo detojo, aroeira, esteva, roselha, sargaço, rosmaninho emedronheiro. A parte intermédia do percurso desce aolongo de um barranco arborizado por pinheiro manso,com algum eucaliptal. Aqui, o caminho ladeia um pequenoribeiro com típica vegetação ripícola, com tabúa etamargueira. A seguir, o percurso adentra-se numa zonade estevas. Passando em locais privilegiados para observaçãoda paisagem, já no regresso ao início do percurso pode,em certos pontos, ver-se o vale e a praia do Castelejo. Faunade aves, alguns répteis e mamíferos como o javali, a raposae o coelho bravo.

Fortaleza de São Luís de AlmádenaLocalizado na parte superior da arriba e nas rechãs do

alcantilado, debruçado sobre o mar, o forte foi edificadoem 1632, sendo governador do Algarve D. Luís de Sousa,tendo como principal objectivo proteger uma armação depesca. De planta poligonal, o recinto encontra-se atualmentemuito deteriorado, embora ainda se possam distinguir oselementos que o constituem. A fachada principal, ondesubsiste a porta de armas, é antecedida de fosso, possuindobaluartes poligonais nos ângulos. No interior da praçasubsistem as estruturas de construções abobadadas comterraços, correspondendo às casernas e ao paiol, uma capelae as plataformas das baterias, dispostas em rechãssobre a falésia.

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Festas deSão VicenteFesta religiosa tradicionalem honra do padroeirolocal. Há uma missa,seguida de procissão pelasprincipais ruas da vila.Anual: 22 de janeiro

Festas de SagresFesta religiosa tradicionalem honra de NossaSenhora da Graça,padroeira de Sagres.Procissão por mar até aoCabo de São Vicente.Anual: 14 e 15 de agosto

A gastronomia baseia-se no que o mar oferece,essencialmente um leque variado de peixe fresco,pescado em embarcações de pesca tradicional ou àlinha, do alto das arribas, confecionado devariadíssimas formas (em Sagres destacam-se amoreia frita e a massa de peixe), o marisco, que secome cozido, e os bivalves, que são abertos na chapa.Na época de caça (outubro a dezembro), é comumconfeccionarem-se pratos de javali, perdizes,codornizes, lebre ou coelho bravo. Na doçaria utiliza-se o figo e a amêndoa com abundância, bem como amassa de pão com açúcar acrescido de outrosingredientes, como por exemplo os torresmos.

Camisolas de lã (tradicionalmente usadas pelosmareantes e pelos marisqueiros)

Festastradicionais

Gastronomia

Artesanato

Infante Dom HenriqueQuinto filho de Dom João I de Avis e de Dona Filipa de Lencastre (Lancaster),

nascido na cidade do Porto, em 4 de março de 1394, e falecido em Sagres, em13 de novembro de 1460. Educado no culto ambiente da corte portuguesa, ondepontificava sua mãe, não descurou as atividades cavaleirescas, tão ao gosto dotardo medievo. Em 1415, com 21 anos de idade, participou na tomada de Ceuta,acontecimento que marcou o arranque da expansão ultramarina portuguesa.Encarregue do governo da cidade, tornou-se, desde então, no principal promotorda implantação portuguesa em Marrocos, da exploração da costa ocidentalafricana e das navegações atlânticas, conjugando a vertente guerreira e deconsolidação dos senhorios com a vertente comercial. Armado cavaleiro, comcasa senhorial estabelecida, e administrador da Ordem de Cristo, cujos benscolocou ao serviço da expansão, foi de entre os seus escudeiros e criados quesaíram alguns dos mais relevantes mareantes da época. Impulsionou os estudossuperiores, doseando o conhecimento com as inovações proporcionadas pelaexperiência adquirida pelos seus homens nas viagens de navegação. Abriucaminho a uma nova era e contribuiu para mudar a conceção do mundo. Nosúltimos anos de vida retirou-se da corte para o Algarve, onde deteve os senhoriosde Sagres, Alvor, Silves e Lagos, verdadeiro centro das viagens de Descobrimento.

Personagens históricas

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PortugalRota de al-Mutamid Sagres

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Castelo de SilvesMuralhas da AlmedinaSé CatedralIgreja da MisericórdiaMuseu Municipal deArqueologiaPelourinhoIgreja de N. Drª dos MártiresPonte VelhaTorreão das Portas da CidadePalacete dos Viscondes deLagoaRua da SéRua Portas de LouléCasas GrandesCâmara Municipal de SilvesPraça Al´MutamidCentro de Interpretação doPatrimónio IslâmicoBiblioteca Municipal deSilvesTeatro Mascarenhas Gregório

Embora se tenham encontrado, dispersos por váriaszonas da cidade, alguns objectos de origem romana, nãotemos até hoje provas da existência de um assentamentocom características de urbanidade no local onde a mesmase implanta. Podemos, no entanto, garantir que em períodode ocupação islâmica este espaço veio a configurar umaurbe de dimensão assinalável, provida de mesquitas, banhos,mercados, engenhosos sistemas de captação de água e deum potente sistema defensivo que a protegeu durante maisde cinco séculos das investidas cristãs e dos ataques dapirataria normanda. Coincidentemente, é na sequênciadestes ataques que o poeta Algazalí parte do porto de Silves,no ano de 844, para tentar negociar a paz. Trata-se dareferência textual mais longínqua até hoje conhecida eremete, desde logo, para a importância da madinat Xilb(cidade de Silves) já nessa época.

Terá sido o seu porto e os estaleiros de construção navalque motivaram um importante crescimento económico e

Centro deInterpretaçãoda Cultura IslâmicaPraça do Município8300 SilvesTel. 00351 282 442 255

Introdução histórica Silves

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Silves

SilvesPORTUGAL Rota de al-Mutamid

LargoJeronimoOsorio

Largo daMisericordia

Largo JoseCorreia Lobo

Praça

Al´Muthamid

Rua D. Alonso III

Rua Miguel BombardaRua Serpa Pinto

Rua Cruz da Palmera

Rua C

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a colocaram em contacto com o mundo civilizado de então,nomeadamente com toda a costa mediterrânica, com quemtroca produtos e ideias. Este progressivo florescimento dáa Silves, no século X, o estatuto de capital da província deOcsonoba – território que corresponde ao actual Algarve.

Alterações geo-políticas levaram no século XI àfragmentação do Califado de Córdova e à constituição deuma série de reinos independentes. Silves autonomiza-see cresce. Nesta época a cidade já ultrapassou as muralhasda Almedina e espraia-se pela zona ribeirinha. O territóriode si dependente corresponde, grosso modo, ao actualbarlavento algarvio. Mais tarde é incorporada no imensoreino de Sevilha e é seu governador al-Mutamid, tão dadoao combate político-administrativo como à poesia e aosprazeres da vida. A ligação da cidade de Silves às artes eao conhecimento é uma tónica que se mantém ao longodos vários séculos de ocupação. Diversos estudosonomásticos permitiram reconhecer origens árabes eiemenitas em muitas das famílias que por aqui passaram epermaneceram, o que explica o elevado nível intelectualdos seus habitantes, tantas vezes expresso nas fontes ematerializado na poesia e nos tratados históricos e científicosque nos legaram.

Durante os séculos XII e XIII o mundo islâmico reunifica-se e o Gharb é sucessivamente governado por Almorávidase Almóadas. Nesta altura Silves vê reforçadas as suas defesasporque também as investidas cristãs se intensificam. Oavanço da reconquista e a fuga de muçulmanos para aszonas mais meridionais terá contribuído para que o númerode habitantes da cidade tivesse aumentado ainda mais efosse ocupado o seu espaço ocidental. No final do séculoXII Silves abrangia cerca de 18 hectares e a sua populaçãorondaria os 6 000 indivíduos.

Em torno ao ano de 1248, quando a cidade era governadapor Al-Mafhut, D. Peres Correia consegue definitivamentetomar Silves para o rei D. Afonso III.

PortugalRota de al-Mutamid Silves

Platibanda de casa tradicional

Castelo

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Núcleo Arqueológicodo Arrabalde Oriental

Os vestígios arqueológicos aqui presentes aguardammusealização e foram colocados a descoberto no âmbitoda construção da Biblioteca Municipal, ocorrida entre 2002e 2004. Nestes 600m2 foram identificadas cerca de 80estruturas arqueológicas, entre as quais se destacamestruturas habitacionais, compartimentos que configuravampequenas oficinas, estruturas de captação e condução deágua e, as mais imponentes, aquelas que correspondem adois tramos de muralha e a uma torre quadrangular. Estasúltimas encerravam a poente o Arrabalde Oriental da cidadee terão sido erguidas no século XI, contudo, foram objectode reforço e remodelação no final da ocupação islâmica.As várias estruturas preservadas correspondem a fasesdistintas mostrando uma forte dinâmica de ocupação dolocal, desde o século X até à primeira metade do séc. XIII.Uma lixeira que se formou no interior de um canal oufosso após a sua desactivação, permitiu recolher umaenorme quantidade de objectos arqueológicos em relativobom estado de conservação, que se mostram na exposiçãotemporária associada às ruínas.

A Muralha da Almedina eas suas portas de acessocidade é uma das quatro que sabemosterem servido de acesso à cidade islâmica.Esta terá substituído outra, localizadacerca de 50m para poente, aberta numatorre ainda registada em fotografia datadade 1883. Do lado nascente situava-se aPorta do Sol, mais tarde designada porPorta de Loulé por dali se aceder àquela

cidade. Da porta não existem vestígios mas restos de umatorre que a defendia são ainda visíveis no local. Talvez serefira a esta torre placa comemorativa, datada de 1227,encontrada nas imediações. Do lado poente ficava a Portade Zawaia ou da Azóia, que perdurou até ao séc. XIX,sendo retratada em gravuras daquela época que nospermitiram conhecer a sua arquitectura e os dispositivosdefensivos que lhe estavam associados.

Património monumental

SilvesPortugal Rota de al-Mutamid

Muralhas

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A medina desenvolve-se nas encostas sul e poente docerro onde assenta e, pelo menos desde o século X, foicercada por uma muralha que a protegia. A muralha e astorres da Almedina são construídas em taipa militar revestidaa arenito vermelho e, apesar da cinta amuralhada se encontrarcom alguns rombos, é ainda possível identificar dezassetetorres: seis no Sector Norte, três no Sector Oeste, seis noSector Sul e duas no Sector Este, sendo dez delas albarrãs,situadas maioritariamente nos sectores Norte, Oeste e Sul,uma semi - circular, situada no sector Este e as restantesde planta rectangular, adossadas.

A medina, que corresponde hoje ao que se convencionouchamar “ Centro Histórico”, mede de comprimento cercade 300m, no sentido norte – sul e de largura rondará os325m, no sentido perpendicular ao primeiro, ocupandouma área aproximada de 6,5 hectares.

No interior da Almedina situar-se-ia a mesquita principal,os mercados, os banhos públicos e as habitações das classesde maiores recursos, embora não só. Tratando-se de umnúcleo urbano cuja génese tem origem no período islâmico,é provável que tivesse tido subjacentes estratégias deplaneamento, que se materializariam num traçado ortogonalcujo eixo vertebrador ainda subsiste. A actual Rua da Sé(frente à porta da cidade até ao Castelo) interceptaria o outroeixo, que ligava a Porta da Azóia à Porta do Sol (actuaisRuas da Porta da Azóia/Rua do Castelo). Próximo destaintercepção localizar-se ia a mesquita principal, cujos restos,muito provavelmente, permanecem sob a actual Sé-Catedral.

Museu de ArqueologiaQuando nos anos 80 do século XX se iniciava a

construção de uma cantina municipal foi descoberto umenorme poço, completamente entulhado, cuja existência

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PortugalRota de al-Mutamid Silves

Poço Cisterna. Museu Municipal deArqueologia

Pórtico da Sé

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era absolutamente desconhecida. Apesar da sua magnitudee evidente antiguidade (encontrava-se entulhado commateriais datados desde o período islâmico até ao séculoXVI, período em que terá sido desactivado), não é conhecidaqualquer referência nas fontes medievas à sua existência.

Esta estrutura é escavada no substrato geológico atingindoos níveis freáticos que se encontram a cerca de 18m deprofundidade. O espaço central é rodeado por uma galeriaem espiral, formada por uma escadaria com cerca de 1,20mde largura e 2,20m de altura média, sendo coberta porabóbadas de tramos segmentados de perfil semicircular. Oacesso à água poderia fazer-se desde a sua abertura superior,de forma circular e um diâmetro de 2,45m, ou através detrês janelas, com abóbadas também de perfil semicircular,que fazem a ligação entre a galeria e o poço. Toda aconstrução é feita com recurso ao grés de Silves, tal comosucede com todos os outros monumentos da cidade.

A descoberta desta importante infra-estrutura e a suaproximidade à muralha da Almedina motivou a administraçãolocal a ali equacionar a construção de um museu dearqueologia, potenciando deste modo os importantesvestígios patrimoniais existentes. O museu tornou-se umarealidade no ano de 1990 e o discurso expositivo objectivacontar a história do território de Silves desde a pré-históriaaté ao século XVIII. O percurso tem início com a pré-história onde se destaca magnífica colecção de menires. Noperíodo de transição para a história é relevante a colecçãode lápides epigrafadas com a designada “escrita do sudoeste”e os vestígios encontrados no “cerro da Rocha Branca”.Este, sobranceiro ao Rio Arade a cerca de 1 km da cidade,

SilvesPortugal Rota de al-Mutamid

Gargola Sé

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terá mantido funções portuárias e relações comerciais como mediterrâneo desde o séc. IV a.C. até ao período islâmico.Passamos fugazmente pelo período romano, onde semostram alguns objectos encontrados dispersos pela cidadee arredores, para entrarmos no período islâmico, aquele quedetêm a maior representatividade e que constitui uma dasmais importantes colecções do país. Espólio notável, pelaquantidade e diversidade, é também o que se mostra nosector medieval cristão, onde chamamos a atenção para oconjunto proveniente de um forno cerâmico escavado nacidade e para a cerâmica proveniente das oficinas valencianas,italianas e da distante china, que testemunham a permanênciada cidade de Silves nas rotas comerciais então existentes.

Cisterna da Rua do CasteloConhecida desde longa data a sua existência, por ser local

de brincadeira de crianças que ali alimentavam a suaimaginação recriando lutas e fantasiando percursossubterrâneos até ao rio, esta cisterna foi entulhada nos anos60 do século XX, sendo poucos aqueles que ainda tinhammemória da sua fisionomia.

É escavada no substrato rochoso, forma um rectânguloirregular, medindo cerca de 8,50m nos lados maiores, cercade 3,50m nos lados menores e detém uma altura máximainterna de 4,50m, tendo capacidade para cerca de 140.000litros de água. A cobertura abobadada é construída emblocos afeiçoados de “grés de Silves”, sendo as paredesrevestidas por blocos de tijolo burro de dimensões umpouco maiores que os actuais do mesmo tipo. Todas asparedes apresentam um revestimento argamassado e pintadoa almagre vermelho, como sucede com este tipo de estruturasde armazenamento de água. Esta solução conferia àqueleelemento uma maior pureza, uma vez que a cor escuraimpediria a penetração de luz e sua expansão no interiorda cisterna, ocasionando uma menor oxidação da água. Opavimento é, de igual modo, revestido a tijolo formandoum ziguezague perfeito, podendo observar-se a necessáriaampulheta para limpeza da cisterna, no extremo este damesma. A cobertura apresenta três entradas, posicionadasde forma irregular, uma mais ou menos a meio e as outrasduas em cada uma das extremidades.

A arquitectura e recursos tecnológicos permitem enquadrara cisterna no período muçulmano, tendo a sua construçãoocorrido, muito provavelmente, entre os séculos XII e XIII.

PortugalRota de al-Mutamid Silves

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A AlcáçovaDe acordo com al-Razí, no século X “o senhorio de

Ocsonoba detinha vilas e castelos, um dos quais é Silves, queé a melhor vila do Algarve”. A actual implantação da alcáçovade Silves deveria no século X diferir um pouco daquela queconhecemos hoje. A fortificação evidencia dez torres masapenas a de forma quadrangular posicionada do ladoesquerdo da entrada mostra características daquele períodomais remoto. As demais torres terão sido obra de alteraçõesposteriores e, pelo menos a segunda de tipo albarrã (ligadaà muralha por um arco), posicionada do lado nascente,poderá ter sido construída já em período cristão.

A cerca poligonal, adaptada à topografia do terreno, temum perímetro de cerca de 12 000m2 sendo composta poruma potente muralha de taipa revestida a arenito vermelhoda região. A esta adossam-se oito das torres referidas e, nosector este, posicionam-se as duas torres albarrãs. A entradaneste recinto é feita através de uma porta dupla de átrio,ladeada por duas das torres que a protegiam. A norte podeobservar-se uma outra porta aberta na muralha, permitindoacesso directo ao exterior, a qual é habitualmente designadapor “Porta da Traição”.

Este sistema defensivo encontra-se ligado à muralha damedina por duas das torres, uma a noroeste e a segundaa sudeste e foi residência de governadores, dos seus

SilvesPortugal Rota de al-Mutamid

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Castelho

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contingentes militares e de funcionários da administração.Os vestígios de habitações palatinas que se podem observare percorrer no seu interior são a prova física desta evidência.

Tal como noutros castelos a presença de uma grandecisterna e silos para armazenamento de cereais é imperativa,de modo a fazer face às restrições inerentes aos períodosde cerco. Aqui, o grande aljibe muçulmano terá sidoedificado em torno aos séculos XII-XIII e abasteceu deágua a cidade até aos anos 90 do século XX. É muitoprovável que esta grande cisterna tivesse sido erguida apenasdepois da tomada da cidade pelos cristãos em 1189. Dadoque a sua capacidade é estimada em 1 300 000 litros cúbicoso que permitia abastecer aproximadamente 1200 pessoasdurante cerca de um ano, se ela existisse durante o cerco,que durou mais de un mes, o poder muçulmano não seteria rendido pela sede.

Edifício da CâmaraO edifício da Câmara Municipal detém no seu interior

alguns elementos decorativos de inspiração muçulmana ede acordo com fontes históricas do século XV, do ladooposto ao edifício municipal situavam-se os antigos banhosmuçulmanos, cujos restos se encontrarão, muitoprovavelmente, sob as habitações que ladeiam a rua pelolado esquerdo.

PortugalRota de al-Mutamid Silves

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Fachada principal da Sé catedral

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A cidade de Silves preserva alguns monumentos relevantesa nível local e nacional, nomeadamente:

A Sé de SilvesEdificada a partir do século XIII, apresenta vários estilos

arquitectónicos (gótico, barroco, rococó), encontrando-seclassificada como Monumento Nacional.

Igreja da MisericórdiaEdificada no século XVI, apresenta elementos

arquitectónicos manuelinos, maneiristas e neo-clássicos,encontrando-se classificada como Monumento de InteressePúblico.

Museu Municipal de ArqueologiaAlberga uma vasta coleção de peças arqueológicas

provenientes do Concelho, abrangendo vasto períodocronológico, desde o Paleolítico até ao século XVIII.

Antiga “Fábrica do Inglês”Fábrica de produção de rolhas de cortiça, fundada em

1894. O Museu da Cortiça, inaugurado em 1999, conservain situ o equipamento original da cadeia operatória.

Visitas e passeios

SilvesPortugal Rota de al-Mutamid

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Cruz de Portugal

Silves

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Rota de al-Mutamid Silves

Ponte MedievalAs fontes históricas e as características que o monumento

exibe indiciam que a sua construção provavelmente remontaa meados do século XIV.

A Cruz de PortugalCruzeiro decorado com elementos manuelinos, esculpido

em calcário por volta dos finais do século XV ou iníciosdo século XVI. Clasificado como Monumento Nacional.

Para além do riquíssimo patrimonio histórico, Silvesherdou um patrimonio natural característico da região. Operfume dos pomares de laranjeiras e a beleza dasamendoeiras em flor nos meses de janeiro e fevereiro sãoverdadeiras tentações para os sentidos. O rio Arade, quebanha a cidade, proporciona ao visitante uma entradaalternativa através de embarcação. Poderá optar por entrarna cidade partindo de Portimão, apreciando os elementosnaturais que o passeio oferece. Uma vez chegado a Silvesa zona ribeirinha é um local ideal para praticar exercícioou fazer um passeio antes de visitar a cidade.

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Rua do Centro Históricoda Cidade de Silves

Arraial do Petisco - Pêra Semana Gastronómica de S. B. de Messines Feira do Folar de S. Marcos da Serra Festival da Caldeirada - Armação de Pêra

Festas Religiosas Procissão do Senhor dos Passos - Silves - Quaresma Enterro do Senhor - Silves - Sexta-feira Santa Procissão dos Ramos Silves - Domingo antes

da Páscoa Páscoa - Silves - Domingo de Páscoa Via Sacra ao Vivo - Pêra Festa em honra de N. Sr.ª das Dores - Pêra - Julho

e Agosto Festa de Nossa Senhora do Carmo - Alcantarilha - último fim de semana de Agosto Nossa Senhora dos Navegantes - Armação de Pêra

- Agosto Nossa Senhora dos Aflitos - Armação de Pêra -

Setembro

Festas Populares Comemorações do 25 Abril no Concelho Encontro de Janeiras - Paços do Município,

véspera do dia de Reis Feira de Todos os Santos - no feriado de todos

os Santos Carnaval Trapalhão (Armação de Pêra) - Carnaval Carnaval de S. B. de Messines - Carnaval Feira das Cruzes Silves - 3 de Maio Feira das Tradições S. B. de Messines - último fim-

de- semana de Agosto

Festas tradicionais

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SilvesPortugal Rota de al-Mutamid

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PortugalRota de al-Mutamid Silves

ArtesanatoProdução de peças cerámicas utilizando técnicastradicionais inspiradas na cultura árabe.

Produção de azulejos pintados e cerámica decorada.

Produção de artigos em feltro.

Licores, medronho e mel.

Produção de miniaturas em cortiça, madeira e ferro.

Cestos de empreita

Na cidade de Silves encontra umaoferta diversificada deestabelecimentos comerciais, desderestaurantes e cafés, artesanato ecomércio tradicional. O visitante podeescolher entre variadíssimas peçascerámicas produzidas localmente nosateliês de oleiros, a degustar os pratosregionais e adquirir produtos locais,como é o caso do tradicionalmedronho, os doces de figo eaméndoa, e até mesmo oinconfundível mel da serra.

Atividade comercial

Estrelas de Figo

Page 53: Transferir guia

Porta da PraçaPorta do SolPorta do MarMuseu Municipalde ArqueologiaRuínas da AlcáçovaIgreja e Hospitalda MisericórdiaRuínas da Igreja de SantaMaria / Pátio da CâmaraMuseu de Arte SacraIgreja Matriz

Pouco resta da Albufeira islâmica, cujo topónimo,al-Buhayra, nos remete para a existência de uma enseadaque o moderno desenvolvimento urbanístico se encarregoude apagar. Os dispositivos defensivos da antiga medina,correspondente ao chamado Cerro do Castelo, encontram-se hoje camuflados em edifícios recentes, edificadossobretudo a partir da década de 1960, quando a cidade se

converteu num destino de férias popular entreestrangeiros e portugueses. Com preexistênciasque remontam ao domínio romano,identificado com Baltum, o recinto amuralhadoda medina, de forma poligonal, acompanhavao contorno e o relevo do terreno, abraçadoa nascente e poente por um esteiro. Aindaestava bem conservado no século XVI e iníciosdo XVII, e uma gravura inglesa, que ilustraa obra de Landmann de 1813, representa bem

Posto de turismoRua 5 de Outubro8200-109 AlbufeiraTel. 00351 289 585 279

Introdução histórica

Albufeira

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Vista aérea de Albufeira

Albufeira

AlbufeiraPORTUGAL Rota de al-Mutamid

O C E A N O A T L Á N T I C O

Rua da Bateria

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Rua M. Gouveia

Porta do Sol

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o aspecto que então ainda tinha o recinto amuralhado daMedina. Tinha três portas, nove torres e uma alcáçova, daparte poente, com duas torres no interior da área urbanae possivelmente correspondendo a um hisn, mais antigo,eventualmente de época emiral/califal. Diversos vestígiosque a arqueologia tem documentado no subsolo da medinaevidenciam o passado islâmico da cidade. A nascente daalcáçova, subsistiu até ao terramoto de 1755 um templotardogótico, matriz de Albufeira (cujos restos arruinadosse conservam no Pátio da Câmara), possivelmente erguidono local da antiga mesquita, a ajuizar pela orientação doedifício e pela evocação de Santa Maria. Conquistadadefinitivamente pelos cristãos, Albufeira foi doada em 1250por Dom Afonso III à Ordem Militar de Avis. O núcleoprimitivo de assentamento urbano, o Cerro do Castelo(Vila Adentro), apresenta caraterísticas ruelas estreitas,com as suas travessas.

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Albufeira

PortugalRota de al-Mutamid Albufeira

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Muralhas e PortasRestos do dispositivo defensivo podem ainda ser

observados nalguns pontos do Cerro do Castelo.

Edifício da MisericórdiaAs instalações da Misericórdia de Albufeira, incluindo

hospital, capela e antiga hospedaria, constituem uma dasmais interessantes parcelas da Vila Adentro. A instituição,fundada em 1499, desde cedo contou com importantesinstalações, o que revela o grau de implantação e de aceitaçãona própria cidade. Ainda hoje é possível perceber que todoum quarteirão intramuros foi praticamente ocupado pelaMisericórdia local. Nesse quarteirão funcionou a Capela, oHospital e uma Hospedaria, assim como o edifício-sede enumerosas outras dependências de apoio às diversasactividades da instituição. A capela é a parte mais importantedo conjunto e, simultaneamente, a mais antiga. Terá sidotemplo de uso exclusivo da alcáçova e do paço dosgovernadores, posteriormente convertida em capela daMisericórdia. A fachada principal é de pano único e passariadespercebida entre o casario não fosse o seu portal

manuelino, ainda que relativamente modesto,

Património monumental

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AlbufeiraPortugal Rota de al-Mutamid

Edifício da Misericórdia

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e a empena triangular da frontaria. O interior é de naveúnica, e apenas a capela-mor evidencia a fase manuelina,sendo coberta por abóbada de cruzaria de ogivas, combocete ornamentado pela cruz da Ordem de Avis. O arcotriunfal é abatido, mas possui ainda duas colunas torsas quedescarregam sobre bases oitavadas, elementos artísticos queprovam a sua feitura durante o ciclo manuelino. No corpodo templo, coberto por tecto de madeira, pode aindaobservar-se um coro-alto barroco que se adossa à fachadaprincipal. Da capela-mor pode aceder-se à Sacristia e àantiga Casa do Despacho, esta última um espaço rectangularque, na origem, deveria ter um segundo acesso sem ser pelointerior da capela. A Hospedaria é um edifício de plantarectangular, disposto ao longo da via pública e tem comoprincipal atrativo o seu portal, de arco apontado, muitosimples e que, se não for contemporâneo do portal principalda capela, deverá ser o reaproveitamento de uma mais antigahabitação. O hospital ocupa a maior parte das antigasinstalações. O edifício que chegou até hoje datagenericamente do final do século XIX. Dele fazem parteduas enfermarias, em dois andares e inclui a Torre doRelógio, estrutura que aproveitou uma das antigas torresdefensivas da Porta da Praça.

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Muralhas

PortugalRota de al-Mutamid Albufeira

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Em Albufeira pode encontrar variadíssimas peças deartesanato que primam pela originalidade e pela diferençae que representam o melhor da herança cultural algarvia.A empreita em palma, as miniaturas de carroças ebarcos em madeira, a doçaria regional, os trabalhos emarenito, ou as rendas e bordados, fazem parte desteimenso património cultural que se traduz num artesanatoímpar.

Artesanato

IgrejasPontuam o centro histórico, a Igreja Matriz, a Igreja de

Santa Ana, a Ermida de São Sebastião. Nesta, é visitáveluma coleção de Arte Sacra, que reúne um acervo provenientede diversas igrejas do concelho.

Museu Municipal de ArqueologiaO museu está instalado no edifício dos antigos Paços do

Concelho, na área intramuros do recinto da antiga Medinamedieval islâmica. Acervo de objetos arqueológicos dediversas épocas encontrados no território do município.Elementos arquitetónicos da antiga Igreja Matriz, destruídapelo terramoto de 1755. Vestígios conservados in situ daárea da antiga alcáçova.

Museu Municipal de Arqueologia

AlbufeiraPortugal Rota de al-Mutamid

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Festas tradicionaisAo longo do ano, são diversosos eventos de cariz popular que

se realizam. Em Albufeira, aFesta em honra de Nossa

Senhora da Orada, no mês deagosto, é um dos momentos

altos no que concerne às festasreligiosas. Trata-se de umamanifestação de profundo

significado que se realiza hámais de 500 anos e que tem

como principal momento, umabela e emotiva procissão de mar

que envolve toda a cidade.Outro acontecimento religiosode relevância para a cidade, é aFesta em honra de São Vicente.

Desde a primeira realizaçãodesta festa, em 1965, Albufeiranunca mais deixou de prestar

culto a São Vicente, noaniversário do seu martírio a 3de setembro. Para além destas

manifestações religiosas, osfestejos de verão englobam as

Comemorações do Dia doMunicípio a 20 de agosto, dataque se celebra a atribuição da

Carta de Foral à vila por D.Manuel I (20 de agosto de

1504). As Festas do Pescador,no primeiro fim de semana desetembro, apresentam-se comouma divertida manifestação decultura popular, com as típicas

tasquinhas com petiscos eiguarias da cozinha tradicional.

As diversas Festas de verão,organizadas pelas coletividadeslocais, são também celebrações

que merecem uma visita.

Destaque para os pratos confecionados compescado fresco. Nos vinhos destacam-sealgumas adegas cuja produção limitada cobrepouco mais que a procura regional.

A doçaria algarvia tem a marca da passagemárabe pelo território português. Os bolinhos deamêndoa denominados de doce fino, de corresgarridas e de vários formatos assemelham-sea doces que se encontram no norte de Áfricae na Tunísia. Poucos resistem aos Dom Rodrigo,morgados, morgadinhos, figos cheios, queijosde figo ou aos figos com amêndoa. As lendáriasamendoeiras e as figueiras são as grandesprotagonistas destas obras, já que é dos seusaromáticos frutos que se fazem os melhoresdoces da região.

O doce de figo é uma das especialidadesalgarvias que varia consoante seja utilizadoo fruto inteiro, esmagado e/ou, simplesmente,seco e torrado no forno. O figo inteiro é oprincipal ingrediente das estrelas e dos figoscheios, recheados com pedaços de amêndoa,açúcar e chocolate. O figo esmagadojuntamente com amêndoa moída, chocolatee açúcar, permite moldar os chamadosqueijos de figo.

GastronomiaPeixe grelhado

PortugalRota de al-Mutamid Albufeira

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Na origem da actual povoação está o Castelo de Paderne,situado 2 km a sul, uma fortaleza erguida no século XIIpara reforço da linha de defesas do Algarve muçulmano.Conquistado pelos Portugueses em 1248, e doado pelo reiD. Dinis em 1305 à Ordem de Avis, aí se manteve apovoação com a sua Igreja Matriz até que, nos inícios doséculo XVI, se transferiu do interior das muralhas para aatual localidade, onde se construiu um novo templo.Progressivamente arruinado e abandonado o Castelo, sóem 1858 a velha igreja ali existente foi definitivamentedesativada.

A povoação foi crescendo para poente da Igreja Matriz,ao longo de uma rua direita -atual Rua Miguel Bombarda- que se constituiu como principal eixo viário do núcleoprimitivo. As transformações operadas no edificado nucleare o crescimento da área urbana, refletem em Paderne, deuma forma mais acentuada que em outras localidadesalgarvias, as vicissitudes históricas do Algarve rural desdeo século XVI aos nossos dias. A primitiva aldeia foi muitoreconstruída após os danos provocados pelo terramoto de

Introdução histórica

Paderne

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Igreja de Nossa Srada EsperançaCasa na Rua MiguelBombarda, nº 36-38-40Casa na Rua 5 deOutubro, nº 33AlamedaErmida de Nossa Srade ao Pé da Cruz

Posto de turismoJunta de FreguesiaRua Miguel Bombarda, nº 618200-495 PaderneTel. 00351 289 367 168 279

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Paderne

PadernePORTUGAL Rota de al-Mutamid

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5 Estr. de Paderne

Rua 5 de OutubroRua 5 de Outubro

Rua Miguel BombardaRua Miguel Bombarda Alameda

R. António Aleixo

Praça daRepública

25 Abril

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1755. Mas foi sobretudo a partir da segunda metade doséculo XIX que a povoação conheceu uma época deprosperidade, decorrente da gradual estabilização político-social e do apogeu da agricultura dos pomares de sequeiro,maioritariamente centrada no barrocal. São edificadospalacetes e moradias burguesas, que imitam de formasimplificada as formas da antiga aristocracia, com algunsexemplos construídos de raiz [Rua 5 de Outubro, 33].

Por meados do século XX, a marcante intervenção dochamado Estado Novo é visível na tentativa de higienizaçãodo edificado, que procurou dar à povoação um falso caráterde aldeia branca, homogeneizando os revestimentos. Masa intervenção do estado totalitário evidencia-se sobretudonas obras públicas efetuadas a nascente da Igreja Matriz:desde logo nos edifícios do Mercado e da Guarda NacionalRepublicana mas sobremaneira na Alameda que conduzà Escola Primária -que ocupa a cota mais alta da aldeia- eem cuja meia-encosta se edificou a incontornávelCasa do Povo.

PortugalRota de al-Mutamid Paderne

Castelo e ponte antiga: vista aérea

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Castelo

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Largo da Igreja e Núcleo HistóricoReduzido a noroeste nas suas dimensões originais por

um incontinente edificado recente, de reduzida qualidadearquitetónica foi significativamente alterado da banda depoente, em meados do século XX, pela construção dosedifícios. Pela mesma altura todo o pavimento envolventedo templo foi rebaixado, sendo amplamente destruído oantigo cemitério da paróquia, que aqui se situava. Toda ametade sul do largo manteve porém, até hoje, o casario queevidencia as etapas históricas do conjunto edificado, entreo século XVI e os nossos dias. Os pisos térreos denunciamuma primitiva etapa pré-pombalina, anterior às reconstruçõese ampliações ocorridas após o terramoto de 1755. Arenovação no edificado, posterior ao terramoto, lançou mãoda pintura das fachadas a sangue-de-boi, obtida a partir deum pigmento de origem local, e de uma linguagem eruditanas cantarias dos vãos. O desafogo económico derivado dacomercialização dos frutos de sequeiro, possibilitou a opçãopor um modelo arquitectónico erudito, com piso térreocomercial onde em regra se abre um vão para o acesso dacarruagem, encimado por um piso destinado a habitaçãoacompanhado pela introdução de cantarias e elementosdecorativos nas fachadas, pelo uso de platibandas e janelasde sacada e pela aplicação de revestimento marmoreadonos rebocos exteriores.

Património monumental

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Casa na Rua Miguel Bombarda 36-38-40

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Igreja Matriz de Nossa Senhora da Esperança.A primitiva Igreja Matriz situava-se dentro das muralhas

do Castelo de Paderne. Nos inícios do século XVI, transferidaa comunidade para um novo local, foi então necessárioconstruir um novo templo, tendo as obras sido iniciadasem 1506. Em 1554, estava o edifício quase concluído, comtrês naves, quatro tramos e cabeceira com capela-mor eduas capelas colaterais. Com traçado atribuído a BartolomeuRodrigues, o templo tem um carácter acentuadamenteregional, que se evidencia na conjugação de fórmulasrenascentistas com elementos manuelinos. No arco triunfaldestacam alguns pormenores decorativos em baixo-relevo.Nos séculos XVII e XVIII, as confrarias aqui sedeadaspatrocinaram a construção de algumas capelas laterais,procedendo-se também à reforma dos interiores, em regracom uso da talha, e à construção da sacristia. O principalperíodo de reformulação decorativa aconteceu na primeirametade do século XVIII, coincidindo com o reinado de D.João V. Entre 1717 e 1734 edificou-se o novo retábulo-more, em 1735, duas outras confrarias contrataram o entalhadorfarense Francisco Martins Xavier para a realização de outraspeças de retabulária. Algumas destas obras foram sacrificadasno século XIX, altura em que se realizaram os atuais retábulosneoclássicos que ornamentam algumas capelas Nos finaisdo século XIX, por iniciativa do comendador AntónioMaria Júdice Biker, acescentou-se um novo tramo ao corpodo templo e dotou-se este de uma nova fachada principal,sobressalientes do plano da torre campanário, tendo estasido elevada em 1905. O antigo cemitério da paróquia foidestruído pelas obras de rebaixamento do piso em tornoda igreja, efectuadas em meados do século XX, tendo sidoentão referenciadas dezenas de sepulturas abertas na rocha.

Casa na Rua Miguel Bombarda, nº 36-38-40Edifício de grande volumetria, com dois pisos, cujos vãos

são moldurados em cantaria de calcário, com formulárioatribuível à segunda metade do século XVIII. A portaprincipal, de duas folhas, com postigo protegido por grelhatrabalhada em ferro fundido, apresenta elementos da primeirametade do século XIX. A imagem e individualidade doedifício é acentuada pelo uso de elementos em ferro,gradeamentos e espelhos de fechadura, fachada enriquecidacom a marcação das pilastras, duplo embasamento e cornijas,

PortugalRota de al-Mutamid Paderne

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Ermida de Nossa Senhora de ao Pé da Cruz

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vãos com cantarias de verga curva acompanhando alocalização em gaveto, caixilharia de madeira e interessanteremate da cobertura, dado pela cornija com cunhal comarranque de duplo beirado.

Casa na Rua 5 de Outubro, nº 33Edificada de raiz exteriormente ao núcleo primitivo da

povoação, e ampliando deliberadamente a malha urbanapara nascente, ao longo da actual Rua 5 de Outubro — quepassara a constituir o principal eixo viário nascente/poente— a casa corresponde a um modelo erudito de mansãoabastada, com piso térreo comercial, onde se abre um vãopara o acesso da carruagem, encimado por um piso destinadoa habitação, adotando uma linguagem cenográfica nomodelado das cantarias e dos elementos decorativos dafachada que dá para a via pública, no uso das platibandase janelas de sacada e na aplicação de um caraterísticorevestimento marmoreado nos rebocos exteriores.

AlamedaEdificada de raiz a nascente do Largo da Igreja Matriz,

cujo pavimento foi rebaixado em meados do século XXpara desafogo do templo, corresponde à orientação destee distribui-se numa malha urbana geometricamente traçada,ampliando significativamente para nordeste a área doprimitivo núcleo urbano. Entre dois dos edifícios entãoconstruídos, o Mercado e o posto da Guarda NacionalRepublicana, desemboca uma longa e inclinada Alamedaordenadamente arborizada, em cujo topo nascente o edifícioda Escola Primária ocupa a cota mais alta da aldeia e a cujameia-encosta se edificou a Casa do Povo.

Ermida de Nossa Senhora de ao Pé da CruzTemplo de uma só nave edificado em 1717, conforme

lápide existente na fachada principal. No interior, retábulobarroco de inícios do século XVIII.

Castelo de PaderneLocalizado sobre uma elevação proeminente, dotada de

condições naturais de defesa, o Castelo de Paderne é umhisn, uma fortaleza, com muralhas de taipa militar fundadadurante o período almóada, na segunda metade do séculoXII, para reforço da linha de defesas do Algarve muçulmano.

PadernePortugal Rota de al-Mutamid

Casa na Rua 5 de Outubro, n.º 33

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Castelo

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Ao contrário do que tinha acontecido nos tempos anteriores,em que a rede militar esteve preferencialmente concentradanas cidades, o progressivo avanço da Reconquista cristãlevou à construção de uma segunda lilnha fortificada, maisa norte, em pleno Barrocal - ou já na Serra -, constituídapor fortalezas de média dimensão em meio rural, cujoobjectivo era impedir a progressão para sul das hostescristãs. A construção em taipa militar, a existência de umatorre albarrã e duas portas em cotovelo, das quais foientaipada a que estava voltada a noroeste, são elementosque identificam este tipo de castelos. A área de vivendasno interior das muralhas, que se encontra parcialmenteescavada, apresenta um traçado rigoroso, de acordo comum plano urbanístico pré-definido. As habitações de pátiocentral, agrupadas em quarteirões separados porarruamentos de traçado retilíneo, estavam providas de umcriterioso sistema de abastecimento de água, com cisternas,e eram servidas por uma rede de esgotos que drenavampara o exterior das muralhas. O Castelo foi conquistadopelos Portugueses em 1248, sendo um dos castelos quefigura na bandeira nacional. O espaço interior da fortalezafoi desde então substancialmente remodelado, tendoadquirido um aspeto acentuadamente mais desordenado

PortugalRota de al-Mutamid Paderne

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Igreja matriz

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Visitas e passeios

e ruralizado, com a sua Igreja Matriz, dedicada a NossaSenhora do Castelo e posteriormente a Nossa Senhora daAssunção, uma pequena edificação de abóbada na capela-mor e de corpo fechado em madeira, apresentando trêsaltares, tendo no altar-mor a imagem da Virgem. Acomunidade de Paderne manteve-se aqui até aos inícios doséculo XVI. Nessa altura, transferiu-se do interior dasmuralhas para meia légua a norte, onde foi então necessárioconstruir um novo templo. Com o Castelo progressivamenteem ruínas, a velha igreja aqui existente foi definitivamentedesativada em 1858.

Ponte antigaPonte medieval que a tradição atribui (erradamente) à

época romana. Apresenta tabuleiro retilíneo assente emtrês arcos de volta perfeita e dois talhamares prismáticos.Foi remodelada em 1771. Situada no vale a sudoeste doCastelo, atravessa a Ribeira de Quarteira, fazendo parte davia que ligava a antiga povoação de Paderne, localizada noCastelo, com o território mais a sul.

Percurso do Castelo de PadernePode ter início na Azenha do Castelo, atravessando o

açude e seguindo pela margem direita da ribeira. Para chegarà margem esquerda da ribeira, segue-se pela ponte antiga.Continua-se pela margem esquerda ao longo do vale ondeexiste uma estreita faixa de várzea, com alfarrobas e oliveiras.A subida ao Castelo é imperdível. Ao longo do percursoe no vale, de encostas íngremes, pode-se observar umagrande variedade de plantas, como a marioila, várias espéciesde cistáceas, a palmeira anã, a aroeira, o medronheiro, ocarrasco, o trovisco, o zambujeiro, o zimbro ou os narcisos.Nas margens da ribeira, dominam a cana, a tamargueira,o loendro e o freixo. De entre a fauna, regista-se a presençade mamíferos como a lontra, a doninha, o morcego-ratopequeno, o ouriço-cacheiro, e podem facilmente observar-se algumas aves típicas do bosque mediterrânico e avesaquáticas, bem como alguns anfíbios e répteis.

Paderne Rota de al-Mutamid

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Percurso do Cerrro de São VicenteO percurso inicia-se na Ermida de Nossa Senhora de ao

Pé da Cruz e de aqui a travessa a Ribeira de Algibre. Àmedida que surge o Cerro de São Vicente, o caminho éladeado por pomares de sequeiro, com figueiras, alfarrobeirase amendoeiras. Na subida, a paisagem é dominada porpequenas propriedades agrícolas. Alguma da vegetaçãoarbustiva é tipicamente mediterrânica, com presença dezimbro, aroeira, carrasco e rosmaninho. Já no cimo docerro, onde predominam os carrascos e as alfarrobeiras, eonde podem ver-se as ruínas do moinho de São Vicente,é imperdível a vista panorâmica sobre a área em redor. Nadescida para o vale, atravessam-se áreas cobertas porvegetação mediterrânica. Já no vale, predominam os pomaresde alfarrobeiras e de citrinos. A parte final do percursodesenvolve-se primeiro na várzea da Ribeira de Alte edepois na várzea da Ribeira de Algibre, que se atravessapara sul a vau ou sobre pequenas pedras. De entre a fauna,regista-se a lontra, o cágado e peixes como o bordalo e aboga de boca arqueada.

Castelo de Paderne

PortugalRota de al-Mutamid Paderne

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Festa de Nossa Senhora da EsperançaFesta religiosa tradicional em honra da padroeira da

Freguesia. Há uma missa, seguida de procissão pelasprincipais ruas da aldeia. Atuação da Banda Filarmónica.Anual: 1º domingo de outubro

Festa do 1º de maioAlém de quiosques com comidas e bebidas, onde é

possível apreciar os tradicionais caracóis, há um vastoprograma de variedades, com a Banda Filarmónica, RanchosFolclóricos e grupos de Cantares. Anual: 1 de maio

Feira de São TiagoFeira mais importante de Paderne. Os mais antigos

chamam-lhe a “Feira da Melancia” pela quantidade demelancias que ali eram vendidas. Hoje a oferta é maisdiversificada, vendendo-se um pouco de tudo: roupas,calçado, brinquedos, utensílios agrícolas. Anual: 25 de julho

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Festas tradicionaisCastelo de Paderne

PadernePortugal Rota de al-Mutamid

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GastronomiaDos agricultores das terras do interior vem o jantar

de milhos acompanhado por carne de porco eenchidos, o jantar de chícharos (tipo de grão), acabidela de galinha e a pá de cordeiro assada, aque não faltam as amêndoas, o mel e o alecrim paraum sabor inesquecível. Nos doces há que optarentre as batatas de amêndoa, o nógado de amêndoa,o morgado, o bolo de amêndoa ou o característicoe muito doce queijo de figo

Feira do FolarMostra de doces artesanais, com particular destaque para

o folar, que lhe dá o nome. A feira tem, ainda, váriastasquinhas, com petiscos. Animação musical.Anual: março/abril.

Feira Tradicional dos Frutos SecosVisa a promoção da tradição cultural e gastronómica da

localidade. No certame, com recriações de épocas passadas,para além dos produtos e artesanato locais, estão tambémpresentes diversas tasquinhas de gastronomia regional edemonstrações de confeção de alguns produtos elaboradosa partir de frutos secos. Animação musical. Anual: outubro

PortugalRota de al-Mutamid Paderne

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Museu / Castelo / Alcáçova/ Alcaidaria e muralhasda medina de al-UlyàPorta e Capela de NossaSenhora da ConceiçãoPorta do SolTorre da VelaPorta de FaroBicas VelhasBanhos islâmicosMesquita / Igreja Matriz deSão ClementeVestígios islâmicos naCerca do antigo Conventodo Espírito SantoAntigo Convento do EspíritoSantoRuínas da Igreja da GraçaIgreja e Hospital daMisericórdiaMercado Municipal  

Posto de turismoAvenida 25 de Abril 98100-506 LouléTel. 00351 289 463 900

Introdução histórica

Loulé

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Rua Engenheiro Duarte Pacheco

Rua Engenheiro Duarte Pacheco

Al-‘Ulyà (Loulé) aparece mencionada nas crónicas árabesjá em vésperas da Conquista Cristã como sendo umapequena Medina fortificada e próspera, pertencendo aoreino de Niebla. Os trabalhos arqueológicos realizados noCentro Histórico da cidade não mostram ocupação préviaao período islâmico. A cidade terá sido fundada já numafase tardia do domínio islâmico, provavelmente durante odomínio almorávida, de modo a proporcionar melhordefensibilidade durante este período politicamenteconturbado, reunindo assim uma população até aícaraterizada por um povoamento disperso. Sob o domínioalmóada a cidade floresceu, sendo desta época a maiorparte dos vestígios arqueológicos encontrados. Ter-se-àmantido uma cidade importante até à conquista cristã,em 1249, pelos Cavaleiros da Ordem de Santiagocomandados por D. Paio Peres Correia. Loulé foi integradana coroa portuguesa por D. Afonso III, que lhe concedeuforal em 1266.

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Castelo e MuralhasO recinto amuralhado de Loulé englobava a Alcáçova,

provavelmente no local onde se instalou a Alcaidaria cristã,e a Medina. No edifício da antiga Alcaidaria localiza-sehoje o pólo de Arqueologia do Museu de Loulé, que albergaespólio proveniente de diversas partes do Concelho, comcronologia entre o Paleolítico e a Idade Moderna. Do queresta actualmente do perímetro amuralhado destaca-se aTorre da Vela (torre albarrã construída em taipa) e a entradasul da cidade islâmica, conhecida como Porta de Faro.

Capela de Nossa Senhora da ConceiçãoPequeno templo seiscentista com um belo revestimento

azulejar que sofreu trabalhos de restauro em 2007. Estasobras puseram a descoberto vestígios da estrutura defensivade época islâmica, estando musealizados os restos de umadas portas de acesso à cidade medieval.

Património monumental

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Castelo

Capela de Nossa Senhora da Conceição

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Banhos islâmicos de LouléDurante o domínio islâmico Loulé, tal como as outras

cidades islâmicas, dispunha de um estabelecimento debanhos (hammam). Estes edifícios são compostos pordiferentes espaços: salas de despir, sala quente, sala tépidae sala fria. Na sala quente o ar circula sob o pavimento,aquecido através de uma fornalha. Dentro dos muros sãoabertas chaminés para exaustão dos fumos para o exterior.Os trabalhos arqueológicos encontram-se ainda a decorrer,pelo que apenas uma parte do edifício se encontraatualmente escavada.

Igreja Matriz de São ClementeConstruída provavelmente no local outrora ocupado pela

mesquita muçulmana de Al’Ulyà, tem a sua torre sineiraadaptada do antigo minarete. Pode ainda ver-se, ao níveldo clerestório, um arco árabe, posto a descoberto durantetrabalhos de restauro.

Castelo e Pólo Museológico de SalirConquistado aos mouros entre 1248 e 1249, o Castelo

de Salir fez parte de um sistema defensivo regional,abrigando no seu interior uma povoação importante paraa época. Os trabalhos arqueológicos efectuados no interiordo recinto amuralhado revelaram uma malha urbana bastantedensa, tendo sido identificadas estruturas pertencentes aseis casas e dois arruamentos em cerca de 256m2. Estascasas terão funcionado durante os séculos XII e XIII, tendosido abandonadas após a conquista cristã.

Igreja Matriz de São Clemente

LouléPortugal Rota de al-Mutamid

Muralhas

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Lenda da Moura CássimaO último governador muçulmano de Loulé tinha três filhas, Zara, Lídia e Cássima.

Com a chegada dos conquistadores cristãos o governador, para proteger as suasfilhas, enfeitiça-as numa fonte nos arredores da cidade de Loulé. Passado algumtempo chegam a Tânger alguns prisioneiros cristãos, entre eles um carpinteiro deLoulé, que o antigo governador, agora exilado em Tânger, reconhece imediatamente.O governador promete-lhe então que o libertará e o fará regressar a Loulé se estelhe prestar um grande serviço: desencantar as suas três filhas. O carpinteiro acedee o governador dá-lhe três pães que ele deverá lançar na fonte na noite de SãoJoão, pronunciando o nome da respectiva princesa. O carpinteiro esconde os trêspães numa arca até chegar o dia em que deles irá necessitar, mas a sua mulher,movida pela curiosidade, encontra os pães e dá uma facada num deles, cortandoassim a perna à filha mais nova do governador. O carpinteiro consegue assimdesencantar Lídia e Zara e até hoje Cássima espera que a desencantem numa noitede São João à meia-noite.

Lenda da Moura de SalirO último governador muçulmano de Salir tinha uma filha a quem dedicava grande

afeição. A rapariga era muito devota e todos os dias passava horas a rezar a Allahpela protecção do seu povo em cima da muralha mais alta do castelo. Era tal a suaconcentração na oração que, quando o seu pai decide evacuar o castelo fugindodas investidas cristãs, ela nem se apercebe. Chegados à Rocha da Pena, lugar ondese fortificaram para melhor se defenderem, o governador descobre então que a suaamada filha não se encontrava entre eles. Desesperado, olha na direcção do castelode Salir e vê-a no topo da muralha mais alta em oração. Sem tempo para mandaralguém buscá-la antes da tomada do castelo pelos cristãos, o governador decideentão lançar-lhe um encantamento para que ela não caia em mãos dos invasores.Como ainda ninguém a desencantou, a bela moura pode ainda ser vista à noite, notopo das muralhas de Salir, lamentando a sua sorte.

Lendas

PortugalRota de al-Mutamid Loulé

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Loulé é uma cidade marcadamente comercial e de serviços,fruto do seu distanciamento do mar. Pelas suas ruas estreitas,bem como nas zonas mais modernas, proliferam pequenaslojas artesanais intercaladas com as mais modernas grifes.A não esquecer uma visita à Rua das Lojas e à Praça daRepública onde se concentra a maior parte da área comercialda cidade.

Mercado Municipal de LouléNo coração da cidade encontra-se o edifício do Mercado

Municipal, tradicionalmente denominado “A Praça”.Inaugurado em 1908, a construção deste edifício foi a obraarquitectónica mais marcante da primeira década do séculoXX, no Concelho de Loulé.

De estilo neo-árabe, tem quatro pavilhões e quatro portõesde acesso, pretendendo com a sua magnitude simbolizara dimensão e prosperidade do Concelho. Este edifício,dada a sua localização e características é o principal ex-líbris da cidade de Loulé, tendo sido galardoado com oPrémio Turismo, em 2008. Este é ainda lugar de eleição demuitos para efectuarem as suas compras, pois aqui se podeencontrar o melhor peixe e as frutas, verduras, legumes ehortaliças mais frescas, para além de artigos de artesanatodiverso.

Mercado SemanalParalelamente ao Mercado Produtor, o Mercado Semanal

é um dos principais atractivos de visita a Loulé, aos sábados

Atividade comercial

LouléPortugal Rota de al-Mutamid

Vista aérea

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O artesanato é um factorde ligação com o passado,com os usos e costumes, eas tradições de um povocom uma cultura bemdefinida.Algumas destas tradiçõesartesanais mantêm-se vivasum pouco por todo oConcelho de Loulé,podendo ser encontradaspeças dos mais diversosmateriais, fabricadas comtécnicas e saberes ancestrais,que vão passando degeração em geração.O Concelho de Loulépossui uma longa tradiçãono fabrico de peças embarro em Almancil eQuatro-Estradas, cobre,arreios e latoaria em Loulé,bonecas de trapo e cestariaem Querença, esparto ebrinquedos em madeira emAlte e os trabalhos empalma em Salir. No que serefere ao artesanato empalma é fabricado umpouco por todo oConcelho.Muitas destas peçasutilizadas nas atividadeseconómicas do dia-a-diahoje já não são fabricadasartesanalmente tendo sidoreformuladas e atualmentesão vendidas para diferentesutilizações, retratando amemória de um povo.

Artesanato

de manhã. Neste mercado ao ar livre é possível adquirirvestuário, calçado, bijutaria, artesanato diverso, atoalhadose artigos para o lar, num ambiente de verdadeira feira. Sejapara comprar uma lembrança, uma peça de vestuário oupara desfrutar do ambiente que ali se vive todos os sábadosinúmeras pessoas ali se deslocam na expectativa de adquirirprodutos a preços mais acessíveis.

Mercadinhos de Primavera e de OutonoOs Mercadinhos de Primavera e de Outono, os quais serealizam na zona histórica da cidade de Loulé, de marçoa junho e de setembro a dezembro respetivamente, tèmcomo objetivo promover de forma temática os produtoslocais e regionais, desenvolver una animação diferenciada o comércio local durante os vários sábados de cada mês.Aqui se podem encontrar desde peças de artesanatotradicional ao artesanto urbano e design. Para os apreciadoresde gastrononia tradicional também aqui há lugar a umatemática onde poderá desfrura de prazeres e experiênciasda nossa gastronomia.A área das antiguidades, velharias, coleccionismo, artes elivros não foi esquecida bem como reutilização e reiclagem,onde o visitante poderá encontrar uma panóplia de produtosdiversos e dos mais variados materiais.

Feira de Velharias de AlmancilUma das feiras tradicionais desta freguesia, onde se podeencontrar todo o tipo de "velharias" com as mais diversasutilidades.

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Mercado de Loulé

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Festas tradicionais e eventosMãe Soberana (Festa Grande)

Em honra da Nossa Senhora da Piedade, padroeira dacidade, a Festa da Mãe Soberana é considerada como amaior manifestação religiosa a sul de Fátima. Quinze diasapós o Domingo de Páscoa, a Festa Grande é o momentoalto do evento. Rica de tradições, a procissão é umaincomparável manifestação de fé. A imagem da Virgem, asolenidade dos homens do andor, o acompanhamentomusical e a multidão dos fiéis que completam o cortejo, éum quadro indescritível, soberbo e ímpar.

CarnavalO mais antigo corso do país (desde 1906) é também o

maior evento do Concelho de Loulé. Cartaz turístico porexcelência, o Carnaval louletano regista a afluência demilhares de foliões durante os três dias de duração.

O desfile dos carros alegóricos, a presença dos gruposde samba, bailarinas brasileiras, cabeçudos e gigantonesdão um colorido especial à Avenida José da Costa Mealha,principal artéria da cidade. Actualmente, o Carnavalcaracteriza-se pela sátira política, social e desportiva.

Feira Popular de LouléInspirado no certame que nos anos de 1946 e 1952

animou a antiga Quinta do Pombal (hoje Parque Municipalde Loulé), com assinalável êxito, esta Feira Popular de Louléé uma iniciativa da Câmara Municipal que pretende reavivarum antigo evento de beneficência e oferecer à cidade e aosseus habitantes uma opção diversificada de entretenimentoe animação nas noites quentes de Verão.Incluí no seu programa as seguintes vertentes: Exposição e venda de produtos - artesanato, livros,produtos agro-alimentares, vinhos, plantas, entre outros. Espaço gastronómico. Animação diária e permanente - espaço de animaçãoinfanto-juvenil, carrossel infantil, projecção de filmes aoar livre, baile popular, insufláveis para crianças,comemorações do aniversário do Rancho Folclórico Infantile Juvenil de Loulé e actuações musicais diversas.

LouléPortugal Rota de al-Mutamid

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Salir do Tempo. SalirSalir do Tempo é uma recriação histórica do século XIII,

que recria na transição do domínio muçulmano para ocristão. Através de dramatizações várias, recriação decenários e momentos de espectáculo, Salir é o palco dasduas culturas que, juntas, criaram boa parte do que estáhoje presente na cultura algarvia. Mas neste regresso aopassado também há lugar para o mundo judaico.

O evento integra artesanato e gastronomia, um mercadomedieval, jogos tradicionais, exibição de animais (tais comocamelos, falcoaria), exposições temáticas e um espaçomístico. Para quem o desejar a organização disponibilizaainda o aluguer de trajes da época.

Festa da Espiga. SalirSalir tem feito do Dia da Espiga um grande acontecimento

regional e um dos principais cartazes turísticos e etnográficosda região algarvia, recebendo milhares de forasteiros queaqui se deslocam para apreciar o artesanato, gastronomia,o folclore, a etnografia, a poesia e tudo o que há de maisgenuíno no interior rural do Algarve. O Dia da Espiga, decerta forma, marca o início da época das colheitas e assumeuma importância especial, uma vez que se aproveita estadata para levar até ao grande público as manifestaçõestradicionais mais características desta freguesia rural. Osintervenientes neste espectáculo ímpar no país, preparamcom certa antecedência os seus carros e durante o desfilevão oferecendo alguns dos produtos que transportam.

Festa das Chouriças. QuerençaA Festa das Chouriças é um dos eventos mais

emblemáticos do interior algarvio e que atrai a Querençagentes de todo o lado, nomeadamente turistas estrangeiros,que gostam de apreciar uma boa chouriça caseira e participarnas habituais cerimónias religiosas.Esta festividade surge na continuidade de uma tradiçãosecular e é a mais emblemática festa de género no interioralgarvio.

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Semana Cultural e 1º de Maio. AlteNaquele que é um dos mais tradicionais e emblemáticos

eventos da serra algarvia, a aldeia de Alte recebe, de 25 deAbril a 1 de Maio, a Semana Cultural de Alte. Folclore,gastronomia, desporto, animação musical e artesanato sãoalgumas das actividades que animam a aldeia neste período.

A Semana Cultural de Alte culmina com o tradicionalFestival de Folclore e cerimónia tradicional de Casamentocom Boda, no dia 1 de Maio, junto à Fonte Grande, econstituiu uma das principais manifestações etnográficasda região, que atrai à aldeia inúmeros visitantes.

Santos Populares de QuarteiraO desfile das Marchas Populares em representação das

ruas da cidade, na Avenida Infante Sagres, nos dias 12, 23e 28 de Junho, faz parte da tradição desta antiga terra depescadores. As Marchas Populares de Quarteira são umareferência ao nível dos eventos que decorrem no Algarve,estatuto alcançado graças à dedicação e ao bairrismo dosmilhares de pessoas envolvidas nesta iniciativa, desde aorganização, marchantes, responsáveis pela coreografia,arranjos musicais e confecção dos trajes.

Festival MEDDivulgar culturas do Mundo, através da música e de

outras artes, é o principal objectivo deste evento que já fazparte da rota dos festivais de Verão. Espectáculos de “WorldMusic”, concertos de música clássica, animação de rua,feiras do disco e artesanato, workshops, exposições,conferências, artes plásticas e a típica gastronomia doMediterrâneo são os principais ingredientes do FestivalMED que leva até ao Centro Histórico da Cidade de Loulémilhares de pessoas.

Noite BrancaPara assinalar o final do Verão e a época alta do turismo

algarvio, a Câmara Municipal de Loulé organiza bienalmenteno último sábado de Agosto a “Noite Branca - Algarve”.Este é um evento que pretende levar momentos deverdadeira animação ao “centro comercial a céu aberto”servindo simultaneamente como incremento ao comerciatradicional. Considerado já como o maior evento de chillout de Portugal, pelas ruas o ritmo é imparável, com centenasde artistas de rua .

LouléPortugal Rota de al-Mutamid

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GastronomiaNo Concelho de Loulé é oferecido ao visitante uma variada gama de

saberes e sabores, relacionados com a diversidade das produções nocampo agrícola, pecuário e piscatório, uma vez que o Concelho abrangeuma extensa área que se estende pela Serra, Barrocal e Litoral, o queinfluencia directamente a alimentação e permite um aproveitamentogastronómico particular.

Destacam-se os enchidos, queijos frescoscom água-mel, pão-de-alfarroba,

cataplanas, carapaus alimados,galinha cerejada, jantar de grão,

xerém, cabidela, javali, DomRodrigos, morgados, figos comamêndoa, entre outros.

Simples e rica, agastronomia do Concelho de Loulé é um valor a

descobrir.

PortugalRota de al-Mutamid Loulé

Cataplana de marisco

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Tavira

Rua dos Pelames

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Praça daRepública

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Núcleo Islâmico do MuseuMunicipal de TaviraIgreja da MisericórdiaPalácio da GaleriaIgreja de Santa Maria doCasteloConvento da Graça (Bairroalmóada)Igreja de SantiagoCasteloSolar dos Corte RealPonte antiga sobre o Gilão

A primeira ocupação humana conhecida de Tavira localiza-se na colina de Santa Maria e teve lugar durante a Idadedo Bronze, tendo sido identificados vestígios de algumascabanas. Os vestígios da Idade do Ferro são mais abundantes,demonstrando evidentes contactos com a colonizaçãofenícia ocidental. A importância do núcleo populacionallevou à construção, em finais do século VII a.C., de umaimponente muralha fenícia, sendo que nos inícios do século Posto de turismo

Praça da República, 58800 TaviraTel. 00351 281 322 511

Introdução histórica

Tavira

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Tavira

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III a.C., a colina genética de Tavira é abandonada, pormotivos até hoje desconhecidos.

No decurso do século XI, novas populações voltam afixar-se em Tavira. O aumento populacional e o crescimentoeconómico levaram a que Tavira fosse dotada de muralhasem meados do século XII. Sob o governo dos AlmóadasTavira atinge o seu auge, adquirindo o estatuto de madina(cidade) e afirmando-se como capital de um distrito. Em1242 Tavira é conquistada por D. Paio Peres Correia, Mestreda Ordem de Santiago.

A ligação às praças portuguesas no Magreb era feitaatravés do Algarve, sobretudo por Tavira, porto chave noreabastecimento das praças africanas. A expansão para oNorte de África terá sido o maior impulsionador daeconomia tavirense e do consequente aumento populacional.Em 1535 o Termo de Tavira contava com 2045 fogos,surgindo a cidade como o centro populacional maisnumeroso do Algarve e uma das mais importantes cidadesdo país, com um dos principais portos, e a terceira cidadecosteira após Lisboa e o Porto. A 16 de Março de 1520, D.Manuel concede a Tavira o estatuto de cidade.

A partir de finais do século XVI, a cidade entrou emdeclínio e sofre uma quebra demográfica devido a umainfeliz combinação de fatores, como sejam o assoreamentodo rio (impedindo a entrada de navios de maior calado),a deslocação da barra para oriente, o abandono das praçasmagrebinas, a perda da independência de Portugal face aCastela, a perda da posição de liderança no conjunto dosportos algarvios exportadores de fruta e a procura deportos castelhanos, como Sevilha.

Vaso de Tavira. Museu Municipal

PortugalRota de al-Mutamid Tavira

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Núcleo IslâmicoIntegrado no Museu Municipal de Tavira está dedicado

à presença islâmica da cidade. Instalado num dos maisimportantes sítios arqueológicos de Tavira, onde foiidentificado um importante troço da muralha bem comoo famoso “Vaso de Tavira”, o Núcleo Islâmico apresentaa exposição permanente “Tavira Islâmica”, na qual seexibem os principais objetos de época islâmica recolhidosem Tavira, tendo ainda uma sala para exposições temporárias.

Igreja da MisericórdiaConsiderada uma das mais notáveis igrejas renascentistas

do Algarve, é da autoria do mestre pedreiro André Pilarte,que a edificou entre 1541 e 1551.

Destaque para o pórtico principal, decorado com motivosrenascentistas, rematado por um conjunto escultórico queintegra a imagem de Nossa Senhora da Misericórdia, ladeadapelas figuras de São Pedro e São Paulo.

No seu interior podem ser apreciados formosos capitéisrenascentistas e o retábulo principal, datado de 1722, bemcomo painéis de azulejos representando as “obras damisericórdia”, datados da mesma centúria (1760).

Palácio da GaleriaO Palácio da Galeria é o mais importante edifício civil

da cidade de Tavira.O seu nome tem origem na sua galeria ou “loggia”

renascentista, construída em meados do século XVI. Afachada principal, barroca, é da autoria de Diogo Tavaresde Ataíde (1711-1765), da qual se destaca o imponenteportal principal do Palácio.

No interior podem ser visitadas estruturas arqueológicasde época fenícia. Integrado no Museu Municipal de Tavira,o Palácio da Galeria, para além da sua arquitetura ofereceum programa expositivo diversificado.

Igreja de Santa Maria do CasteloEste importante templo cristão foi erigido sobre a antiga

mesquita aljama de Tavira, após a tomada da ciudade em1242, conservando no seu interior os túmulos dos setecavaleiros martirizados aquando da conquista da vila.

Património monumental

Núcleo islâmico do Museu Municipal deTavira

Igreja de Santa Maria do Castelo(antiga Mesquita)

TaviraPortugal Rota de al-Mutamid

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É possível observar vestígios das campanhas góticasiniciais em duas capelas colaterais e no pórtico principal.Porém, o templo atualmente ostenta perfil neoclássico,fruto da reconstrução efetuada em consequência dosismo de 1755 e concluída em 1800, sob a direção deFrancisco Xavier Fabri e a pedido do BispoD. Francisco Gomes do Avelar.

Convento da GraçaO convento foi fundado em 1542 pela Ordem de Santo

Agostinho na antiga judiaria, tendo a sinagoga sidoconvertida em igreja. O edifício é umas das primeirasmanifestações do “estilo chão” no Algarve, tendo sofridouma campanha de obras em meados do século XVIII, soba direção de Diogo Tavares de Ataíde durante a qual serestaurou o claustro.

Atualmente o edifício encontra-se convertido em PousadaHistórica, integrando um pequeno Núcleo Expositivo, oqual inclui a musealização de parte de um bairro almóadaescavado durante as obras de adaptação a pousada.

Igreja de SantiagoEdificada na segunda metade do século XIII, no local

onde a tradição diz que se erigia a mesquita menor. Em1270 D. Afonso III doa o padroado da matriz da paróquiade Santiago ao Bispado de Silves.

No topo da fachada principal ostenta exuberantemedalhão setecentista que enaltece a figura de São Tiago,representado como guerreiro, recordando a lenda da suaaparição numa batalha durante a reconquista.

A igreja sofreu múltiplos danos aquando do terramotode 1755, sendo a sua reconstrução demorada devido à faltade meios da paróquia.

CasteloNos primeiros anos da ocupação islâmica o castelo não

estaria dentro do perímetro amuralhado.Durante a ocupação almóada foi realizado o último

alargamento da cintura defensiva islâmica de Tavira, tendoainda sido realizadas obras de restauro e reforço dasmuralhas, sendo deste período a maior parte das torres.

No Período Medieval Cristão a muralha foicompletamente refeita e ampliada, tendo a taipa sido

Bairro almóada do Convento da Graça

Castelo e Igreja de Santa Maria do Castelo

PortugalRota de al-Mutamid Tavira

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maioritariamente substituída ou envolta por paramentosde silharia e fortes cubelos de pedra. As principais alteraçõesintroduzidas no período medieval/moderno foram aadaptação da alcáçova a castelo e a construção de umaTorre de Menagem em 1292, bem como a abertura de setenovas portas, reestruturando a cerca urbana.

A evolução da cidade foi “engolindo” as muralhas,escondendo-as atrás de casas adossadas à construçãodefensiva.

Solar dos Corte RealOs trabalhos arqueológicos no Solar dos Corte Real

mostraram a presença de inúmeros vestígios desde a Idadedo Ferro até aos nossos dias. Destaque para uma plataforma

Ponte medieval

TaviraPortugal Rota de al-Mutamid

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Porta de reixa

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“Vila a Dentro”Passeie pelo interior da Vila a Dentro e descubra a riqueza

patrimonial, cultural e arquitetónica que a cidade oferece.Admire a Igreja da Misericórdia, do século XVI, consideradaa mais valiosa das obras renascentistas do Algarve. Nointerior destacam-se os azulejos azuis e brancos, estilorococó, do século XVIII e os retábulos de talha dourada.Suba um pouco e aproveite para visitar o Palácio da Galeria,cuja origem remonta também ao século XVI. Admire acantaria barroca do portal das janelas do piso superior.Atualmente é o Museu Municipal onde decorrem exposiçõestemporárias. Continue e aprecie a Igreja de Santa Maria doCastelo, monumento do século XIII, de estilo gótico. Nointerior, admire a capela-mor e capelas laterais com azulejosde diferentes épocas. No largo Abu-Otmane visite o Castelo,edificado em época islâmica, a partir do qual sedesenvolveram as muralhas da cidade. No interior poderáusufruir de uma magnifica panorâmica de Tavira, os telhados“de Tesoura” ou de “Quatro Águas”, cúpulas de váriasigrejas, as salinas e o mar.

de adobes (com espólio votivo e/ou funerário associado),para parte de um edifício dos finais do século VII a.C. eáreas ligadas à metalurgia.

No que respeita os vestígios islâmicos destacamos asestruturas habitacionais que integrariam um bairro dosséculos XII-XIII, uma rua e um esgoto coberto porgrandes lajes.

Ponte sobre o GilãoA ponte sobre o Gilão é hoje um dos símbolos mais

característicos da cidade de Tavira, estando classificadacomo Imóvel de Interesse Público desde 1986.

Inicialmente a ponte era fortificada junto da entrada Sul,sendo protegida pela Torre do Mar, de planta octogonal.Até ao século XVII a ponte apresentava planta cruciforme,possuindo um imponente quebra-mar central, tendo chegadoa ser habitada. Em 1655 a ponte sofreu uma derrocada,sendo que a sua reconstrução definiu a configuração atual.

Visitas e passeiosPalácio da Galeria

PortugalRota de al-Mutamid Tavira

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“Barrocal/Serra”Tavira possui cerca de 80% de serra e barrocal, aproveite

para desfrutar as magníficas paisagens, com a sua vegetaçãotípica. Passeie pela Freguesia de Santo Estêvão e admire asplatibandas. Siga em direção à freguesia de Santa Catarinada Fonte do Bispo, aí aproveite para descobrir o artesanatolocal, o fabrico de aguardente e licores, não deixe de visitaro núcleo expositivo da cooperativa de Santa Catarina daFonte do Bispo e visite os montes típicos como PortoCarvalhoso, Bemparece, Água de Tábuas, Malhada doJudeu, Alcaria Fria e Alcaria do Cume.

Na freguesia da Conceição, visite a Mata Nacional daConceição e vá em direção ao Parque de Lazer do PerímetroFlorestal da Conceição, com 457 hectares, diversas espéciesarbóreas e cinegéticas, quatro pequenas barragens, parqueinfantil, sanitários e espaços para piqueniques. Aproveitepara descansar e apreciar a paisagem que a natureza lheoferece. Não deixe de passear pelos montes típicos destafreguesia como Estorninhos, Eiras, Eirões e Vale Rosado.Durante a viagem aprecie a magnífica paisagem natural eos moinhos de vento.

TaviraPortugal Rota de al-Mutamid

Serra de Tavira

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Festival de Charolas Cidade de Tavira - janeiro Festival de Gastronomia Serrana - março/abril Semana Santa - março/abril Feira da Serra da Primavera - abril Festival de Gastronomia do Mar - maio Festas dos Santos Populares - junho Verão em Tavira (Música, cinema, artes plásticas, literatura,artesanato, folclore, colecionismo, antiguidades, desporto,astronomia, gastronomia, exposições, promoção patrimoniale ambiental) - julho a setembro Festa dos Pescadores (Santa Luzia) - agosto Feira de Agricultura, Caça e Artesanato - FACARTE(Conceição) - agosto

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“Serra”A serra Tavirense, muitas vezes

esquecida, tem revelado ser cadavez mais importante. A maisserrana das freguesias do Concelhoé Cachopo. Esta incorpora 53montes e os seus habitantesdesenvolvem atividades como oartesanato, nomeadamentetrabalhos em linho, a gastronomia,o fabrico da aguardente demedronho, enchidos, queijos e pão.Na freguesia poderá visitar oNúcleo Museológico de Cachopo,o Moinho Branco, a Fonte Férreade Cachopo, as Casas Circulares,a Anta das Pedras Altas e a Antada Masmorra, o Parque deMerendas de Água dos Fusos, emontes típicos como: Alcaria Alta,Fonte da Rata e Malhanito.Aproveite ainda para observar abonita imagem de Tavira e do marvistos da serra.

Festas tradicionais e eventos

Santos populares

Ria Formosa

PortugalRota de al-Mutamid Tavira

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A tecelagem é comum a toda a serra, tendo a atividadeassumido uma particular importância no Nordeste Algarvio.A tecelagem sempre foi uma atividade marcadamentefeminina, com os homens a assegurarem algumas fasescomplementares no tratamento da lã ou do linho. Emboraainda se encontrem belos exemplares de mantas, alforgese toalhas tradicionais, torna-se cada vez mais difícil arranjarlinho e lã de ovelha artesanais: as fiadeiras escasseiam e oscardadores quase desapareceram.

A cestaria, especialmente em cana, representava outraatividade muito difundida. Os cestos eram instrumentosde trabalho essenciais nas tarefas agrícolas e no

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Artesanato

Tavira é a comunidade representativa de Portugal daDieta Mediterrânica, reconhecida como PatrimónioCultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO em2013.

A gastronomia está intimamente ligada à história eàs características geográficas e sociais de uma região.No passado, Tavira foi um importante porto de pesca,sendo a captura e transformação do atum, até cercade 1950, uma das principais atividades económicas.

Os produtos do mar são os ex-libris da gastronomia,destacando-se os mariscos, o polvo, o atum e o peixegrelhado.

Contudo, não podemos esquecer a serra e o interior,onde a perna de cabrito no forno, a açorda de galinha,a caça, os enchidos, o queijo fresco de cabra e deovelha fazem parte da oferta gastronómica.

Nos restaurantes e pastelarias de Tavira poderáainda deliciar-se com os magníficos doces feitos à basede amêndoa, gila, alfarroba, figo e com os folhados deTavira.

Não se esqueça de provar uma aguardente demedronho ou figo, produzida artesanalmente nasfreguesias de Santo Estêvão e Santa Catarina da Fontedo Bispo.

Dieta-Mediterrânica e a Gastronomia

Produtos serranos: queijo fresco com tomate

Doçaria algarvia com laranja e figo

Produtos serranos: queijo, presunto e enchidos

Polvo

Pão

TaviraPortugal Rota de al-Mutamid

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A atividade comercialtradicional localiza-se,grosso modo, no CentroHistórico de Tavira. Aípoderá encontrar umaoferta comercialdiversificada, bem comodiversos serviços.

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Atividadecomercial

armazenamento e transporte de produtos. Próxima dacestaria é a arte dos produtores de cadeiras de tábuas oude vassouras, que mantêm a atividade em Barrocais e Hortas(Santa Catarina).

O tratamento do esparto, com vista à produção de trenapara confeção de objetos utilitários (como as redes paraovelhas), constituiu uma fonte de rendimento importantepara grande número de pessoas nas freguesias de SantaCatarina.

A par do trabalho em empreita e esparto, as mulheresda Serra sempre se dedicaram aos bordados e rendas,embelezando pacientemente lençóis e toalhas de rosto emlinho. Faziam-se as lérias, as rendas de bilros, as bainhasabertas, as franjas entrançadas, o ponto de cruz, o bordadoa matiz… Um mundo de segredos femininos, decumplicidades intergeracionais.

Por último, são de referir alguns ofícios que tendem adesaparecer. É o caso dos albardeiros, ou dos latoeiros,que resistem em Cachopo. Eram ofícios aprendidos comum mestre e tinham a vantagem de se poder desenvolverdentro de casa. O mestre ensinava o essencial da profissão,do resto encarregavam-se os anos de trabalho.

De referir a produção de ladrilhos, tijolo burro e telhasartesanais, típica da freguesia de Santa Catarina da Fontedo Bispo.

A cerâmica de construção já foi mais pujante no passado,mas a procura crescente de materiais tradicionais – devirtudes ecológicas reconhecidas e de valor estéticoincontestável – abre perspetivas de crescimento e expansãopara este sector de atividade.

Cestaria

PortugalRota de al-Mutamid Tavira

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O mar enquanto porta de saída de recursos mineraisatravés de Huelva tornou-se um ponto de interesse paraa ocupação destas terras por parte de civilizações comoFenícios, Gregos, Púnicos e Romanos, mas sobretudo, parao surgimento do reino dos Tartessos, que deixaram umamarca até ao nossos dias em toda a cidade e cujos vestígiospodem ser contemplados no Museu de Huelva.

Na Idades Média e Moderna, a cidade cede a posição delíder no desenvolvimento à vizinha Saltés ocupando denovo uma localização privilegiada junto ao mar. Com oauge dos conhecimentos marítimos levados a cabo pelosmarinheiros desta província durante a Modernidade, acidade de Huelva ganha importância devido à sua relação

Introdução histórica

Huelva

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Huelva

Bairro Rainha VitóriaMuseu de HuelvaCasa ColomboCentro de Visitantes -Huelva, Porta do AtlânticoMolhe do Rio TintoIgreja da ConceiçãoPalácio de Mora ClarosIgreja de São PedroPraça Mercês. CatedralPraça de Touros

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4

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Posto de TurismoPlaza de las Monjas, s/n.21001 - HuelvaTel. 0034 959 251 218

Posto de Turismo daJunta da AndaluziaC/ Jesús Nazareno, 2121001 - HuelvaTel. 0034 959 650 200

HuelvaESPANHA Rota de al-Mutamid

Avenida de México

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Vista panorâmica de Huelva

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com o mar enquanto protagonista do Descobrimento daAmérica em 1492. O Barroco deixou o seu traço nasestruturas mouriscas e renascentistas dos edifícios religiososexistentes na cidade, como por exemplo, o convento dasMercês merece atenção redobrada devido às suascaraterísticas excecionais: localização nos arredores da vilae pela data de início da construção: 1606.

Foi apenas com a venda das Minas de Riotinto aosingleses que o cenário visual se alterou. Em 1833, fruto danova demarcação territorial em Espanha, Huelva passa aser a capital de província, com esse mesmo nome, apesarde não modificar o seu planeamento urbano até à chegadados ingleses. Um conjunto de casas modernistas adorna opercurso daquelas que foram as ruas principais nummomento crucial, quando é alcançado o auge dasexplorações mineiras de Riotinto e Tharsis. A povoaçãotriplica e as novas construções de influências forasteirasparticulares conferem um aspeto exótico, o que dificilmentese nota noutras capitais andaluzas.

Hoje em Huelva encontramos um porto amplo, com umgrande movimento de embarcações, onde estão instalados

EspanhaRota de al-Mutamid Huelva

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Igreja da Milagrosa

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A cidade de Huelva está pontuada por um grande númerode edifícios, religiosos ou civis, que merecem uma visitaatenta, tal como os bairros completos, como o da RainhaVitória – também chamado de “Bairro Obrero”- cujourbanismo desperta um interesse especial.

Igreja de São PedroSituada na praça com o mesmo nome, foi construída

sobre os vestígios de uma mesquita. Trata-se do edifícioreligioso mais antigo da cidade. De estilo gótico mourisco,a sua cronologia situa-se entre os séculos XV-XVI. Naplanta e na elevação corresponde a um típico templomourisco sevilhano de três naves separadas por arcos eabside poligonal. O edifício apresenta alguns restaurosefetuados no séculos XVII apesar dos mais importantesterem ocorrido no século XVIII em consequência doterramoto de 1755.

Igreja da ConceiçãoFoi a segunda paróquia construída na cidade, nos solares

de Cristóbal Dorantes, em 1515. Ainda são visíveis algunselementos góticos (abóbada da capela-mor), mas naatualidade o templo apresenta traços do século XVII, emvirtude de restauros significativos que foram efetuadosapós o terramoto de 1755.

Igreja da MilagrosaEsta igreja foi erigida na rua Rábida entre 1923 e 1929

pelo arquiteto Pérez Carasa. Trata-se de um edifícioneogótico, recentemente restaurado após os danos sofridosneste imóvel devido ao terramoto de 1969.

Património monumental

HuelvaEspanha Rota de al-Mutamid

as marisqueiras que lhe dão reputada fama. Sobre a ria, omolhe da Companhia Riotinto que constitui uma das suasmarcas de identidade mais conhecidas.

Para melhor compreender e desfrutar desta fascinantelocalidade, fica o convite para uma visita detalhada e, assim,descobrir mais sobre as suas origens diversas e a suacomplexidade histórica e económica.

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Catedral de Nossa Senhora das MercêsDesde os finais do século XV até ao reinado de Felipe

IV, a meados do século XVII, a vila de Huelva fez partedo imenso domínio da casa de Medina-Sidonia, a famílianobiliária mais rica e poderosa da Europa. Fruto dessepatronato, e símbolo do melhor expoente dessa época,encontra-se hoje a Catedral de Nossa Senhora das Mercês,construída por Martín Rodríguez de Castro entre 1605 e1612 sobre a antiga capela de São Roque, e reconstruídacom um severo estilo barroco em 1783 por Pedro de Silvae Francisco Díaz Pinto após o terramoto de Lisboa. Desde1954, o templo, a sede episcopal e a catedral apresentamuma planta de basílica com três naves e um cruzeiro cobertopor uma cúpula magnífica.

Santuário de Nossa Senhora da CintaSituado na zona denominada “El Conquero”, no final

da Avenida Manuel Siurot, é o edifício que alberga a patronade Huelva, Nossa Senhora da Cinta. Construído no séculoXV em estilo mourisco, é composto por três navesconstruídas em tijolo, conservando o arco central a ferradurade origem mourisca. Numa pintura mural está representadaa Nossa Senhora da Cinta. Este foi o lugar visitado porCristóvão Colombro para cumprir uma promessa feita àVirgem nos momentos críticos da sua travessia marítima,tal como retratado nos azulejos de Daniel de Zuloaga.

Rota de al-Mutamid Huelva

Pavilhão do Levante. Casa Colombo

Espanha

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Ermida de la SoledadTrata-se de um edifício simples muito ligado à história

de Huelva devido aos múltiplos usos que teve. Particulardestaque para o facto de ter sido o lugar onde prenderamo poeta Miguel Hernández aquando da sua fuga paraPortugal após a guerra civil espanhola. Esta igreja albergaas imagens da Irmandade do Santo Enterro e uma criptado século XVII.

Bairro Rainha VitóriaConstruído para albergar aos trabalhadores da Companhia

Riotinto, daí o nome popular de “Barrio Obrero”, ocupacerca de oito hectares de uma pequena colina. Tem umpasseio de circunvalação, nove ruas paralelas e duasortogonais às mesmas. No princípio foram construídos 71blocos, todos da mesma altura e em forma de T, com trêscasas em cada um. Nos anos 1918-1920 e 1923, o inglêsR.H. Morgan renovou o projeto original (cada dos guardase fachada principal), que já seria concluído nesse ano comum novo projeto de Aguado e Pérez Carasa que traz novosblocos com dois andares. Em 1926, Morgan, novamente,introduz um último bloco de quatro casas de forma a queo conjunto fique completo com 88 blocos e 274 casas.

Casa ColomboFoi inaugurado em 1883 como Gran Hotel Colón, um

luxuoso estabelecimento hoteleiro onde foram celebradosas cerimónias do IV Centenário do Descobrimento daAmérica. Dos quatro edifícios existentes permanecem três:Pavilhão do Levante, Pavilhão do Ponente e Casa Grande,dispostos à volta de um espaço central ajardinado. Hojeem dia é usado como Sede do Festival de Cinema Ibero-americano, alberga o Palácio de Congressos, Salas deExposições, o Arquivo Municipal e vários serviços logísticosmunicipais.

Molhe da Companhia RiotintoFoi o ponto de embarque do mineral proveniente das

minas de Riotinto e que era transportado até à cidadeatravés da linha férrea. Foi projetado pelo engenheiroGeorge Barclay Bruce e inaugurado em 1876. Este molhe,integrado no conjunto do porto, foi transformado numagradável passeio que penetra na ria.

Casa Colombo

Huelva Rota de al-Mutamid

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Monumento à Fé Dos DescobrimentosA 2 km do centro urbano, na confluência dos Rios Tinto

e Odiel, ergue-se um dos monumentos mais colossaisdedicados ao Descobrimento da América. Foi realizadoem 1929 pela escultora americana Gertrude V. Whitney.

Museu de HuelvaO Museu Provincial de Belas Artes foi inaugurado em

1973. Trata-se de um edifício moderno com caraterísticassimples. Conta com três andares e uma semicave, quealberga exposições permanentes sobre arqueologia, BelasArtes e também exposições temporárias. Na secçãoarqueológica foram dispostas exposições cronologicamentede acordo com as várias culturas proto-históricas e históricasque ocuparam as terras onubenses até ao período daReconquista. Uma exposição de objetos, utensílios emateriais do Paleolítico e do Neolítico, parte das coleçõesda Idade do Bronze, com bens tão importantes comoo encontrado no sepulcro da cúpula da Zarcita, enterrosindividuais em cista (monumentos funerários) einteressantes peças de cerâmica, espadas e outros objetosencontrados na ria de Huelva, assim como numerosose valiosos achadospertencentes à estaçãotartéssica do “Cabezo de La Joya”completam esta secção com uma área específicana exposição.

Convento de Santa Maria de Gracia(Agostinhas)

Fundado em 1535 por Elvira de Guzmán,Condessa de Niebla, esta edificação é um dosmonumentos mouriscos conventuais maissignificativos da província. Da sua estruturaoriginal ainda se conserva o elegante pátiomudéjar. A igreja adquire a forma atual a partirde 1618, com a criação da capela do altar-more do retábulo, sendo este uma cópia dooriginal. Em 2003 sofreu importantesobras de restauro.

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EspanhaRota de al-Mutamid Huelva

Monumento aCristóvão Colombo

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Mercado

Igreja da Conceição

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O início de um passeio pela cidade de Huelva poderiacomeçar no Centro de Visitantes “Huelva, Porta doAtlântico”, onde se pode obter informação em primeiramão para conhecer a evolução histórica da cidade, o quefacilitará a compreensão dos lugares a visitar.

A Câmara Municipal de Huelva pôs em funcionamentoas seguintes rotas temáticas:

O Legado InglêsConsiste num passeio agradável pelo bairro da Rainha

Vitória. Uma nota de especial destaque para o belo pôr-do-sol que se pode apreciar no molhe da Companhia deRiotinto ou nos jardins da Casa Colombo, locais onde sepode relaxar calmamente.

Huelva religiosaNesta rota é necessário ir visitar o Santuário de Nossa

Senhora da Cinta – onde se pode descansar um pouco nosjardins - e a Catedral de Nossa Senhora das Mercês.

Centro históricoA maior parte dos edifícios destacados nesta rota são do

início do século XX, como o Palácio de Mora Claros, ondese recomenda uma visita. Esse percurso é uma boaoportunidade para fazer compras no centro da cidade oupara tomar um café na praça Alcalde Coto Mora.

Visitas e passeiosMercado

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Monumento aJuan Ramón Jiménez

Monumento à Fé Dos Descobrimentos

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Museus de HuelvaNeste percurso encontram-se o Museu Provincial de

Huelva, o Centro de Interpretação “Huelva, Porta doAtlântico”, o Centro de Interpretação “Cocheras del Puerto”e o Centro de acolhimento “La Calatilla”. Não pode perdera sala do Legado Inglês no Centro de Visitantes “Huelva,Porta do Atlântico”, e a observação de aves ao final datarde na Paragem Natural Marismas do Odiel.

Huelva arqueológicaSão numerosas as zonas arqueológicas na cidade de

Huelva, apesar de difícil observação. Por essa razão, érecomendado contemplar a coleção de peças, sobretudo ada época tartéssica, no Museu de Huelva.

Huelva, a Porta do Novo MundoA cidade de Huelva nunca deixou de olhar para o

Atlântico. Nesta rota encontrará elementos que o provam,como o Monumento à Fé dos Descobrimentos, de ondese pode contemplar o Mosteiro da Rábida ou o Santuáriode Nossa Senhora da Cinta, a virgem a que, segundo alenda, Cristóvão Colombo pediu proteção.

Rota de al-Mutamid Huelva

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Huelva, entre duas riasHuelva goza de uma singular envolvência natural por

estar situada na foz dos Rios Tinto e Odiel. Nesta rotaencontram-se espaços como o Parque Moret, os Cabeçosde El Conquero, o Molhe das Canoas ou a paragem naturalMarismas do Odiel.

Huelva e o marNesta sugestão de percurso desfrute do pôr-do-sol

especial que o Molhe das Canoas oferece ou de um passeiode barco pela Ria.

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Molhe do Rio Tinto

HuelvaEspanha Rota de al-Mutamid

Vista de Huelva

Molhe da Companhia Rio Tinto

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Em Huelva o destaque das festas vai para as que prestamhomenagem a São Sebastião, por volta do dia 20 de janeiro;o Carnaval, de finais de janeiro até início de fevereiro; aSemana Santa, em março ou abril (declarada Festa deInteresse Turístico da Andaluzia); as Festas Colombinas,que se celebram na primeira semana de agosto (Festa deInteresse Turístico da Andaluzia, e as Festas de NossaSenhora da Cinta, Padroeira de Huelva (Festa de InteresseTurístico da Andaluzia).

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Festas tradicionais

GastronomiaEnriquecida pelas imensas matérias-primas da

província, a gastronomia da capital baseia-se quer nosprodutos provenientes da serra quer nos dos vindos domar: as carnes, o presunto ibérico, o marisco e o peixeda costa onubense. Todos estes produtos podem seradquiridos no moderno Novo Mercado de El Carmen. Porexemplo, no marisco o destaque vai para as diferentesespécies como o lagostim, as patas e bocas decaranguejo, a gamba branca, os camarões, a lagosta, acigala, moluscos como as cadelinhas e as amêijoas. Aoferta gastronómica de produtos do mar fica completacom o peixe do Golfo de Cádis, sobretudo o atum, o pargo,a corvina, o linguado, o salmonete, o linguadinho, o peixe-espada (conhecido na zona como “aguja palá”), a moxamae em especial o choco frito ou assado. Também fazemparte da mesa onubense diferentes tipos de carnes, comoa do porco ibérico, o presunto e a matança do porco.

A gastronomia também se complementa com outrosprodutos como o palmito, os morangos e sobretudo osvinhos da Denominação de Origem Condado de Huelva,com frutados, jovens, vinhos generosos, alguns tintos,espumantes da localidade de Almonte, brandy e vinagres.Esta extensa quantidade de matéria-prima tem reflexonos pratos mais típicos da cidade, como as amêijoas àmarinheiro, o atum de cebolada, as favas com choco eas favas “enzapatá”, a dourada no forno, as gambas “alajillo”, as migas de pão, as cadelinhas (com salsa, alhoe vinho branco), a raia com colorau, pata-roxa com tomate(“tollos con tomate”), as "papas" com choco e, a finalizara bebida, o ponche colombino. Presunto de Huelva

EspañaRota de al-Mutamid Huelva

Monumento a la Virgen del Rocío

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Niebla, que durante séculos foi a mais importante dacomarca onubense a que dá nome, é uma cidade com umpassado realmente antigo, com provas palpáveis, e nãobaseado em mitos e fábulas. Os vestígios tartéssiosturdetanos, cartagineses testemunham este início comoparte do arco de povoações do sudoeste peninsular que,que montados a cavalo entre o interior e o mar, fazem doI milénio a.C. uma economia próspera baseada na exploraçãode minas, gado, agricultura e dos intercâmbios com oexterior. Graças à sua localização privilegiada nas margensdo rio Tinto e à sua proximidade ao Oceano Atlântico,Llipla, a antiga Niebla, consolidou-se durante a épocaromana e ganhou relevo quando foi consagrada sedeepiscopal e um dos principais núcleos visigodos da região.

A cidade aumentou ainda de importância após serconquistada pelos muçulmanos em 712. Designada porLabla acolheu na altura aristocráticos de linhagens árabes,que zelosos da sua independência, não deixaram de disputaro poderio desta zona com os emires de Córdova, erigindoali uma cora (divisão muçulmana) cuja superfície abarcavauma vasta extensão do Garb al-Andalus. Depois de alcançada

Introdução histórica

Niebla

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Castelo dos GuzmanesVestígios de San MartínHospital MedievalNossa Sra. de los ÁngelesIgreja Santa Mariade la GranadaCâmara MunicipalPorta da ÁguaPonte do BoiPorta do SocorroPorta de SevilhaVestígios RomanosPorta do BuracoMuralhas Tartéssicas,Romanas e ÁrabesPonte Romana

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Niebla

Posto de TurismoCampo Castillo s/n21840 NieblaTel. 0034 959 362 270

NieblaESPANHA Rota de al-Mutamid

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a paz e ter sido incorporada no Estado cordovês duranteo califato omíada, Labla voltou pelos seus fóruns e em1023 constituiu-se como corte do reino de taifas de al-Yahsubi, que a montante viria a ser absorvida pelos Abadíesde Sevilha, para final do século ficar sujeita ao domínioalmorávide. Foi nesse tempo que se iniciou a fase,de florescimento e convulsão, que lhe conferiu a suaexcecional configuração urbana.

Por um lado, os almorávides fizeram de Labla -chamada(às vezes al-Hamra), “la Roja”, devido à cor das suas muralhas-um dos seus pontos mais sólidos em terras ocidentais, mas,por outro, dentro dos seus muros fermentarão também osmovimentos que levaram à sua queda e substituição pelosalmóadas como senhores de al-Andalus. Contudo, Nieblavoltou a demonstrar o seu carácter inquieto e turbulentofrente aos novos governantes almóadas, cujos exércitos,exasperados por estarem sitiados a assaltaram em 1155provocando uma matança tão grotesca que o próprio califase viu obrigado a condená-la. Daí em diante a sorte deLabla decorreu de forma paulatina fruto dos almóadas edo Islão peninsular; desde 1234 subsistiu como capital doprecário estado de Ibn Mahfuz, o último baluarte doOcidente andaluz incorporado a 1262 na Coroa de Castela

EspanhaRota de al-Mutamid Niebla

Muralhas

Igleja Santa María de la Granada

Castelo

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NieblaEspanha Rota de al-Mutamid

Castelo

pelo rei Afonso X após um longo assédio, no que, a títulode curiosidade histórica, se encontra documentado o usode pólvora pela primeira vez em Espanha.

Na Baixa Idade Média a vila ainda teve algum destaqueenquanto capital senhorial do Condado de Niebla, concedidopor Enrique II em 1369 a Juan Alonso Pérez de Guzmán,descendente do célebre Guzmán el Bueno, senhor deSanlúcar e proprietário da Casa de Medina Sidonia, umadas mais poderosas da nobreza espanhola. Desde a altaneirae soberba alcáçova que se os Guzmanes construíram emNiebla, esta família governou os destinos das suas vastaspropriedades onubenses, até que o auge das transaçõesatlânticas os levou a fixar residência em Sanlúcar. Desdeo século XVI a vida de Niebla ficou associada a um ritmomais calmo, sobressaltado apenas por episódios como oterramoto de 1755 e a ocupação francesa durante a Guerrada Independência, com as respetivas consequências.

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A cidade de Niebla é uma das poucas cidades andaluzasque preservou as suas muralhas praticamente intactas. Emmuito poucos centros urbanos é possível contemplar umaperspetiva geral tão surpreendente: Niebla apresenta-secompletamente cercada por muros, como de um autênticocenário medieval cristalizado no tempo se tratasse, o quepermite ter uma ideia concreta de como eram as vilasamuralhadas de outrora. Adaptada a um promontóriodefinido pelo rio, o circuito das muralhas tem algo cercade 2 km de extensão, cinquenta torres e cinco portas emcotovelo, um complexo defensivo que encerra no seuinterior 16 hectares de superfície; todos estes sinaisrepresentativos de uma cidade andaluza de tamanho médio.Contemplar estes elementos torna evidente a razão pelaqual se deu a Niebla o apelido de “la Roja” [“a encarnada”]:

Luzem as cores das terras tijolo arrastadas pelo rio quese usaram no taipal da fábrica, que se encontra reforçadapor tijolos, alguns de origem romana. Esta construção éatribuída aos almorávides, e que se deve ter sido realizadaaté ao ano de 1130 durante o intensivo programa defortificações que edificaram na região al-Andalus paracomprovar a sua autoridade.

Património monumental

EspanhaRota de al-Mutamid Niebla

Ponte Romana

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Porta do Buraco

Porta de Sevilha

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Castelo dos GuzmanesDentro do recinto amuralhado destaque para o

Castelo dos Guzmanes (século XV), o ponto defensivomais forte de Niebla e de grande interesse históricoe turístico. Trata-se de um potente retângulo de murosduplos e torreões edificado pelos Guzmanes no iníciodo século XV sobre a estrutura da anterior alcáçovaislâmica. Atualmente é um edifício com bastanteimportância e de visita obrigatória, fazendo recordara todos que por ali passam, o passado histórico visívelem cada uma das suas salas temáticas.

Ponte Romana sobre o rio TintoOutro destaque vai também para a ponte de origem

romana (há registo que existiria já no século II), sobreo rio Tinto, e cujas águas estão tingidas com coresvivas e ocres devido aos minerais que vão sendodissolvidos à sua passagem, desde a origem e ao longodo todo o caudal do rio Tinto. Composto por novearcos, alguns dos quais denotam intervenções da épocaandaluza, é uma peça chave para entender o papelhistórico de Niebla, cidade ribeirinha e poente, talcomo Córdoba, Sevilha e tantos outros centros urbanosde primeira linha do tempo al-Andalus. Junto da ponteexistem passeios ao longo do rio Tinto acompanhamas suas margens, as muralhas e vão até à torre defensivado ouro, que convidam a reconhecer em simultâneoeste percurso fluvial e fortificado.

Centro históricoA entrada mais comum para o centro histórico de

Niebla é a porta do Socorro, situada a norte e próximado castelo. Aqui se pode observar o sistema de torrese passagens em ângulo, próprio de construções militaresislâmicas do século XI, que fazem deste tipo de portas acessos muito difíceis de penetrar. Esta entrada conduzde imediato à original praceta de onde jazem inamovíveis,de um lado ao outro, a parte frontal e a abside da extintaigreja mudéjar de San Martín, templo sucessor de umamesquita e de uma sinagoga judaica cujas vicissitudesdão conta da mescla cultural decorrida em Niebla. Valea pena recordar que de uma das suas aldeias era oriundoe ali passou a idade de ouro o escritor e poeta hispano-

NieblaEspanha Rota de al-Mutamid

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Porta do Rei

Porta da Água

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árabe do século XI Ibn Hazm, autor de célebre obraromântica “O colar da pomba”.

O tecido das ruas estreitas encontra-secompactado pelas casas e é retorcido pelo resguardodas muralhas até às portas do Embarcadero, pertodo rio e do seu caudal, onde se abasteciam oshabitantes. A zona del Buey, decorada com delicadosarcos de tijolo e cheios de lendas. No centro, a calleReal leva-nos ao coração da antiga medina, à praçacom a porta gótica e à fachada barroca do hospitaldos Ángeles, onde fica a Casa da Cultura, e a eleganteimagem da paróquia de Santa María de la Granada.

Igreja de Santa Maria de la GranadaA aparência externa desta igreja revela a sua

inquestionável antiguidade: sóbria, robusta, feita dealvenaria e tijolo, salpicada por arcos em ferradura.Também o seu interior confirma esta ideia: colunase capitéis romanos e visigodos, uma cadeira episcopalem pedra, arcos e gessos árabes. Local de alberguede várias religiões é provável que fosse um recintosacro-romano e a catedral goda, transformada depoisem mesquita aljama de Niebla e novamente voltou-se a consagrar mais tarde como igreja. O fuste datorre é um dos minaretes mais antigos que perduraramda época al-Andalus, quiçá do século IX. Erguida demaneira canónica, a norte do oratório junto ao pátiodedicado às purificações, de que permaneceram atéaos dias de hoje as três naves da área reservada àsmulheres para as suas preces (asaquifa). Um belo arcolobulado que se abre no interior da estrutura gótico-mudéjar dos finais do século XV, mas que preservou,numa parte lateral, o nicho de oração orientado paraMeca da primitiva mezquita, a “mihrab”.

Além disso, Niebla conta com importanteselementos patrimoniais, como são prova os vestígiosda Igreja de San Martín (século XV), o HospitalMedieval de Nossa Senhora de los Ángeles, originaldo século XIV ainda que com modificaçõesposteriores, edifício que se transformou em Casa daCultura e no que se instalou um centro deinterpretação da comarca de El Condado.

EspanhaRota de al-Mutamid Niebla

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As ruas do centro histórico de Niebla são estreitas econvidam ao passeio para desfrutar de cada esquina desteConjunto Histórico. Se partir do centro da cidade, pode-se visitar tanto a igreja de Nossa Sra. de la Granada comoa Casa da Cultura. Posteriormente o passeio pode prosseguirem direcção à Porta da Água, para caminhar entre a muralhae o rio Tinto até à Porta del Buey, da época almóada, deonde surge um passeio junto ao recinto amuralhado queleva até à Ronda de Jerusalém. Ali se pode ver outra dasportas almóadas, a Porta do Socorro, através da que sepode entrar novamente no recinto amuralhado e desfrutarde uma visita à igreja de San Martín, que conta com umamagnífica abside gótica erigida no século XV. Dali se podesair em direção ao exterior do recinto para ir até à Portado Agujero e continuar a apreciar o recinto amuralhado,construção realizada pelo povo andaluz no século XIII eque é formado por 44 torres. Mais à frente é a vez da Portade Sevilha, por onde se fazia novamente passagem paralogo de seguida encontrar a monumental entrada do Castelo.Nos dias de hoje existem neste monumento salas temáticasque recriam épocas passadas, como por exemplo, a Câmarada Condessa, a zona dedicadas às armas ou as masmorras(onde estão expostos mais de 30 instrumentos e máquinasde tortura).

Visitas e passeios

Igleja de Santa Maria de la Granada

NieblaEspanha Rota de al-Mutamid

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Festas tradicionais

Os labores artesanaisde Niebla são tãoantigos como a própriacidade. É dissotestemunha a enormequantidade de objetosartísticos e de usodomésticoencontrados aqui, eque constituem umlegado das distintasculturas que aquideixaram a sua marca.No entanto, desde osprimeiros povoadorese até aos nossos dias,as artes popularessofreramtransformação.Algumas atividadestiveram períodos deinatividade e outrasinclusivedesapareceram. Entreos materiais deartesanato originais deNiebla podem citar-seas pedreiras, o trabalhoem pedra, o “calerín”situado no junto àfábrica de cimento, osseixos, etc. queoriginam as alfaias, acerâmica, o calçado, asguarnições, a cestaria,o trabalho de palmatípico e caraterístico deNiebla, os bordados,as essências de tomilhoe de eucalipto, etc.

Artesanato

Espinafres com grão-de-bico

Romaria

A cidade de Niebla conta com um interessante calendário defestas que se inicia no mês de fevereiro com o Carnaval, seguidoda surpreendente e bela Semana Santa. No mês de maio écelebrada la romaria em honra da Virgen del Pino, e em junhoas festas em honra do padroeiro San Walabonso. Em setembroé a vez da chegada do folclore e da tradição, com a celebraçãodas festas em honra da padroeira Santíssima Virgem del Pino,altura em que além das liturgias e exaltações de desfruta dastípicas touradas de capa. A última destas festividades ocorreem novembro com a popular “Feria de "Tosantos".

GastronomiaA rica gastronomia é ainda uma boa razão de visita. Podemos

citar pratos típicos como os cardos (tagarninas), salteado deespinafres (revuelto de espinacas) ou os espargos e ossalteados com tomate (revoltillos con tomates).O s cardos (“tagarninas”), salteado de espinafres (“revueltode espinacas”), as favas (“habas en colorado” ou “enzapatás”),são pratos confecionados com os produtos provenientes dosférteis campos de Niebla. Durante a época de apanha decogumelos, o destaque vai para a sopa de gurumelos (umestufado elaborado com feijão branco, grão, bacalhau egurumelos). O destaque durante a época da apanha docogumelo vai para a sopa de gurumelos (um estufado elaboradocom feijão branco, grão, bacalhau e cogumelo silarca). Ovisitante não pode tão pouco deixar de provar alguns dos pratosonde a carne é a protagonista, especialmente a caldeirada decordeiro (um estufado de carne e batatas condimentado comlouro, tomilho e pimenta.

Tal como noutras localidades do Condado, a pastelariaalcança a sua expressão máxima durante a Semana Santa,momento em que tradicionalmente se confecionam docescomo as “torrijas” (rabanadas), “los roscos” (bolachas), “lospestiños” (doce típico da região) e as rosas de mel.

Espanha

Artesanato com fiteiras

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Os primeiros vestígios de povoamento nesta zona daserra remontam à Idade do Bronze (3000 a.C.). Os vestígiosencontrados na necrópole de Becerreros, na zona sul domunicípio, e na exploração mineira de Monte Romero sãonumerosos e interessantíssimos.

No entanto, os vestígios mais abundantes são da épocaromana. Citando o professor Luzón, o cimento da Vila deAlmonaster foi feito em cima de uma localização romana.Na muralha do velho castelo podem ser apreciadosnumerosos blocos romanos, apesar de tudo ter ficadooculto depois das obras medievais, e também são romanosalguns dos vestígios arquitetónicos (colunas, capitéis eblocos) reutilizados na construção da mesquita. Da mesmaépoca é a notável estação - ainda por escavar - de SantaEulália, em que o destaque vai para os muros que servemde base à abside da ermida. Tratam-se dos vestígios de umsepulcro em forma de torre do século I, similar à torre dos

Introdução histórica

Almonaster la Real

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Fortaleza-Mesquita (s. IX e X)

Praça de Touros (s. XIX)

Igreja Mudéjar São Martín (s.XIV e XVI)

Porta Manuelina do Perdão(s. XVI)

Câmara Municipal - InformaçãoErmida da Trindade (s. XVIII)

Fonte do Concelho (s. XVIII)

Casa Palácio Miguel Tenorio(s. XIX)

Centro de InterpretaçãoAl-Andalus e da SerraSalão de Exposições ManuelVázquez V.Ermida do Senhor daHumildade (s. XIX)

Ermida de São Sebastião(s. XVI) - RuínasCaminho de Ronda da MuralhaPonte da Tenería (s. I e II)

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Centro de InterpretaçãoAl-Andalus e da SerraCalle Llana, 2021350 Almonaster la RealTel. 00351 281 322 511

Almonaster la RealESPANHA Rota de al-Mutamid

Carretera A-470 Cortegana a Aracena

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Calle Cristo

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Calle Los Naranjos

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Almonasterla Real

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Mesquita de Almonaster la Real

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Escipiones de Tarragona.A localidade manteve a sua vigência na época visigoda,

período no que se edificou um mosteiro no solar da fortaleza.Os vestígios desta etapa são muito interessantes, comparticular destaque para o dintel da entrada, parte daiconóstase da igreja, vestígios de um altar e uma cimalha,todos eles datados entre os séculos V e VII. SegundoAlfonso Jiménez, restaurador e estudioso da mesquita, oatual nome da localidade teria origem no topónimo árabeal-Munastir, transcrição quase literal do anterior nome latinomonasterium.

Quando os muçulmanos chegaram a Espanha julga-seque Almonaster foi ocupada por Abd al Aziz, tal comotoda a província de Huelva, enquanto a partir de Sevilhase realiza uma campanha até ao Algarve, capitulando semluta a localidade e passando a depender dos “Walies” deCórdova. Nesta zona estabeleceram-se berberes, enquantoas zonas planas foram ocupadas por muladis e moçárabeshispânicos.

Na época do emirato de Córdoba, al-Munastir era umalocalidade importante da comarca. Uma prova disso é aexistência da sua cerca amuralhada e, no seu interior, a

Vista de Almonaster la Real

EspanhaRota de al-Mutamid Almonaster la Real

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mesquita da Medina islâmica, erguida sobre oantigo edifício cristão. Depois do término doCalifado, a Serra de Huelva ficou debaixo dodomínio do Reino de Taifas de Badajoz.

A invasão almorávide com a intenção de unificaros reinos divididos encontrou forte resistência naserra onubense, que se permaneceu independenteaté que, em 1111, cai em mãos africanas. A meadosdo século XIII, toda a serra está já debaixo dedomínio cristão. Até 1230, a Ordem Militar doHospital incorpora Almonaster e outras localidadesda comarca na coroa portuguesa, existindo duranteo reinado de Afonso III um importanterepovoamento que deixou uma marca na povoaçãodeste local. O problema fronteiriço surgido entrePortugal e Castela por causa das “terras doAlgarve” tem fim com a intervenção do Papa,decidindo-se em 1253 que estes territóriospassavam para Castela. Almonaster foi incluídaem alfoz ou “terra” de Sevilha. Pouco depois, em1285, Almonaster la Real e Zalamea tornam-seum senhorio episcopal no território de realengoda Serra de Huelva, situação que se prolonga até1574.

Nesse ano, Felipe II separa Almonaster da Sésevilhana, e em 1580 concedeu uma provisão paraque o licenciado Álvaro de Santander tomasseposse da vila e do castelo, ficando incorporadosna jurisdição real. Ao tornar-se régia, a Vila ficoucom o sobrenome de “la Real”, denominando-sedesde então Almonaster la Real.

Durante o século XIX a localidade goza de umperíodo de expansão económica e socialpropulsionado pela aposta na valorização e naexploração dos seus importantes recursos minerais,atividade que decaiu sensivelmente ao longo dasegunda metade do século XX.

O êxodo rural dos anos 60 e 70 afetou omunicípio que viveu durante essa época uma crisedemográfica significativa e cuja fase final estámuito relacionada com a recente criação do ParqueNatural Serra de Aracena e Picos de Aroche.

Rua de Almonaster la Real

Almonaster la RealEspanha Rota de al-Mutamid

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Almonaster la Real conta com um importante patrimónioarquitetónico, fruto das culturas que passaram por estasterras. Este património foi complementado de formaesplendorosa com a paisagem e os recursos naturais querodeiam a localidade. Entre o seu legado arquitetónicodestaque para o castelo e a mesquita islâmicos e as numerosasigrejas, um rico e variado catálogo de edifícios civis, sendoum dos conjuntos urbanos de maior interesse desta comarca.Construções modernas e senhoriais de diferentes épocase estilos (com elementos góticos, mudéjares, renascentistase outros mais modernos) convivem em perfeita harmoniaurbanística.

CasteloNo século IX al-Munastir era a povoação mais importante

da comarca, cabeça de uma circunscrição militar e fiscal.Estava rodeada e protegida por uma cerca amuralhada, emcujo interior se encontrava a Medina, a aljama e,possivelmente, o alcácer do que não existe qualquer vestígio.

A planta que atualmente apresenta o recinto amuralhadoé um polígono irregular, de aproximadamente 80 areas desuperfície e 313 metros de perímetro, articulado por cortinasde muralha com torres de planta retangular e circular nasesquinas e no meio dos trechos mais compridos. A alturadas cortinas adapta-se perfeitamente à topografia do terreno,apresentando diferentes alturas. O seu aspeto revela váriasetapas construtivas: a mais antiga pode remontar à épocados califas e as suas cortinas são de alvenaria reforçadacom silhares romanos nas esquinas; também se podemobservar intervenções importantes da época almóada nossetores de taipa de terra vermelha; finalmente, aparece umaalvenaria da época medieval cristã.

Património monumental

Frescos de Santa Eulália (século XV)

EspanhaRota de al-Mutamid Almonaster la Real

Vista panorâmica de Almonaster la Real

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Mesquita de AlmonasterA Mesquita de Almonaster fica localizada no ponto mais

alto da colina e coroa o Castelo. Esta “igreja antiga demouros”, denominação que figura num documento de1583 conservado no Arquivo Geral de Simancas, foi erigidadurante o reinado de Abd al-Rahman III, no século X.Pelas ruínas reutilizadas na sua construção julga-se que,que na época romana, existiu um edifício monumental queposteriormente foi transformado numa igreja visigodo-cristã, subsistindo com caráter monástico até à invasãomuçulmana. Numerosas colunas e capitéis romanos dosséculos I e II, assim como interessantíssimos vestígiosvisigodos do século V ao VII, são testemunhos mudosdeste reaproveitamento.

Nos finais do século XV ou começo do XVI, a mesquitasofreu uma série de obras importantes que restauraramparte da estrutura e acrescentaram novos espaços. Noséculo XVI construiu-se o campanário, a sacristia e oalpendre.

Conserva no seu interior um conjunto interessantíssimode peças arqueológicas de diferentes períodos e estilos:uma ara funerária romana; um epitáfio paleocristão; asruínas da ara e da cancela da iconóstase da antiga igrejavisigoda; um cimácio, datado entre o século V e o VII; umdintel visigodo, coroando a porta de entrada; numerososfustes e capitéis romanos, etc.A Mesquita de Almonaster é um testemunho excecionaldas primeiras obras islâmicas de Espanha. Conserva o

caráter, tão difícil de encontrar, de umamesquita de uma cidadepequena, sóbria, recolhida edotada de uma subtilelegância do período omíada,cuja arte uniu uma herançaclássica à influência oriental.Nem as transformações como passar do tempo, nem osataques da natureza alterarameste monumento singular,

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Mesquita de Almonaster la Real

Haram da Mesquita

Vestígios Visigodos (séc. V a VII)

Vestígios Romanos (séc. I a II)

Almonaster la RealEspanha Rota de al-Mutamid

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Porta Manuelina (s. XVI). Igreja gótico-mudéjar de São Martín

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emblema de Almonaster e origem e destino de culturas.Cada época impôs a sua marca e de cada época fica umarecordação patente nas suas velhas pedras que sobreviveaté aos nossos dias como uma autêntica mistura de culturas,síntese de toda a história desta localidade.

Igreja gótico-mudéjar de São MartínA Ermida da Conceição, localizada na antiga mesquita,

tornou-se pequena para a celebração de cultos, o queobrigou à construção de um novo templo para a localidade.A nova igreja foi erigida num enclave relativamente afastadodo Castelo, o que a converteu num núcleo em torno doqual se viria a aglutinar a expansão urbanística da localidade.

Ermida de Santa EuláliaDe acordo com o professor Alfonso Jiménez, “este é

um dos poucos edifícios romanos que se podem contemplarem Huelva, já que os três muros da abside são de ummausoléu da época imperial, construído provavelmente naprimeira metade do século I da nossa Era e, nessa altura,deveria assemelhar-se à Torre dos Escipiones de Tarragona”.Nas ruínas deste edifício funerário romano, construídocom bonitos silhares de granito, foi erigida esta Ermida,talvez nos finais do século XV ou princípios do XVI.

A Ermida e a sua envolvência, incluindo uma antigapraça de touros, foi declarada Bem de Interesse Culturale faz parte do importante Conjunto Histórico de Almonaster.Foi iniciado o procedimento para considerar de proteçãoespecial o espaço arqueológico onde se situa a ermida.

Ruínas da ermida de São SebastiãoEsta ermida situa-se nos arredores da localidade, tal como

a Ermida do Senhor, junto ao caminho que unia Almonastera Cortegana e Aroche. Provavelmente trata-se de uma ermidamedieval, restaurada no século XVI. Apenas de conserva aabside e vestígios de muros antigos. O presbitério tem aforma cúbica, com coberturas a quatro águas aberto aoexterior por um arco de meio ponto e duas janelas laterais.O interior é coberto por uma abóbada de canhão cujos arcosdescansam sobre quatro mênsulas angulares maneiristas.Serviu de capela cemitério durante o século XIX e parte doXX, até que se construiu o atual cemitério municipal. Nasparedes ainda é possível observar marcas de nichos.

Fonte de Abluciones

EspanhaRota de al-Mutamid Almonaster la Real

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Ermida do SenhorEsta pequena ermida do Senhor – Santíssimo Cristo da

Humildade e Paciência- cuja imagem cumpria o papel de“Cristo da Boa Viagem”, situa-se à saída da localidade,junto ao antigo caminho para Cortegana. De plantaretangular, tem uma nave formada por duas abóbadascanhão e uma pequena sacristia coberta por um par deabobadilhas de aresta.

Este edifício, muito simples, de telhado a duas águas,evidencia duas etapas de construção: a mais antiga, quecorresponderá à nave e ao retábulo, datada entre 1640e 1684; e a obra da sacristia, posterior a essa data.A parte mais recente é o telhado. Inclui um campanáriodo século XIX.

Capela da Santíssima TrindadeTrata-se de um pequeno edifício barroco, dos finais do

século XVIII, situado na praça da câmara municipal. Otemplo, tal como se pode observar na sua planta irregular,segue as indicações físicas do solar em que se localiza,dispondo dos espaços de maneira algo arbitrária. Numa sónave surge a sacristia, de planta quadrada, com coberturade abóbadas de aresta e o presbitério, de planta trapezoidale rematado por um canhão longitudinal com abobadilhasde meia-lua. Um pequeno púlpito e um coro alto completama capela. A iluminação é proporcionada através de doisóculos tetralobulados e todo o interior está encalado atéao mais ínfimo detalhe, o que lhe confere uma purezaarquitetónica dificilmente encontrada noutros edifíciosbarrocos. Entre outras caraterísticas ressalta a beleza destacapela, com uma planta tão pequena. A decoração dointerior é reduzida a umas pias de água benta e a váriasportas de painéis.

Ermida de Santa Eulália

Capela da Santíssima Trindade

Almonaster la RealEspanha Rota de al-Mutamid

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Uma das principais marcas de identidade de Almonasterla Real é o seu património etnológico, representado peloseu importantíssimo ciclo festivo e pelas expressõesfolclóricas e musicais que aqui têm lugar. Séculos de cultivoe dedicação com objetivo de manter as tradições deramlugar a um aglomerado de práticas e rituais cujas origensse perdem no tempo. As festas que aglutinam esta bagagempatrimonial ímpar são as Cruzes de Maio e a Romaria deSanta Eulalia, sendo o Fandango o adereço musicalde ambas.

Visitas e passeios

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Fiestas tradicionales e eventos

Numa visita a Almonaster la Real existem várias rotaspossíveis para desfrutar do seu património e arredores.Uma através do interior do município, e outra através das14 aldeias que povoam os limites municipais, cada umacom as suas caraterísticas específicas (Acebuches, Aguafría,Almonaster la Real, Arroyo, Calabazares, Canaleja, Cueva de laMora, Escalada, Estación, Gil Márquez, Mina Concepción, Molares,Monteblanco, Patrás e Veredas).

Fonte del Llano

Ponte da Teneria

Praça de Touros

Fonte do Concelho

EspanhaRota de al-Mutamid Almonaster la Real

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As Cruzes de MaioSão celebradas desde tempos imemoriais por volta do

primeiro domingo de maio, e supõem uma manifestaçãocultural de primeira ordem que se concretiza com uns ritosancestrais postos em marcha que, ano após ano, se repetemcom grande lucidez. A rivalidade existente entre as duasIrmandades, el Llano e la Fuente, faz com que esta “Fiesta”esteja muito arraigada entre os membros de cada Cruz eque cada vez seja maior o esforço por engrandecê-la e pormanter mais viva do que nunca esta histórica festividade.Logo no mês de abril as Irmandades iniciam os preparativospara a festa, que tem os seus momentos culminantes na“Tarde das flores” (sábado das Cruzes), a “Noite dos pinos”(noite e madrugada de sábado), o “Romero” (domingo dasCruzes), a segunda-feira das Cruzes e a “Jira” (terça-feiradas Cruzes). As Festas da Cruz de Almonaster la Real sãoconsideradas de Interesse Etnológico e estão incluídas noCatálogo Geral de Bens Patrimoniais da Andaluzia.

Romaria de Santa EuláliaTrata-se de uma das manifestações religioso-festivas com

maior enraizamento em toda a comarca serrana. É dasromarias mais antigas de Espanha, conforme atesta umdocumento de 1606 guardado no Arquivo Municipal,celebra-se na Páscoa de Pentecostes, por volta do terceirosábado de maio. A Ermida de Santa Eulalia erigida emhonra da Santa distinta situa-se sobre os vestígios de umedifício funerário do século I, importante vestígio doassentamento romano na zona. Encontra-se situada a 20km de Almonaster.

Jornadas de Cultura IslâmicaO passado e património islâmico constituem a base da

comemoração anual em Almonaster deste evento culturalde grande importância. Ano após ano, durante alguns dias,a nobre e antiga al-Munastir vê as suas ruas e recantosrepletos de recordações que evocam o seu rico passado. Amesquita transforma-se num local onde se abordam,debatem e investigam estes factos históricos. Através devariadas actividades este amplo espectro cultural é analisado.É uma ocasião para assistir a um cruzamento e encontrode caminhos, naquilo que constitui um aspecto estratégicode uma fronteira aberta e com marcas inapagáveis queemanam da herança do período al-Ándalus. Estas jornadascelebram-se anualmente por volta do dia 12 de outubro.

Romaria da Cruz de Llano.Estas festas são consideradas deinteresse etnológico na Andaluzia

Almonaster la RealEspanha Rota de al-Mutamid

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O fandangoÉ a expressão musical por excelência

destas gentes. Almonaster é o berço deoito estilos desta arte flamenca; estilos que

se conservaram, tal como ouro em pano,em arcas de saber popular e que se

manifestam esplendorosamente nas duasfestas antes mencionadas: o fandango da

Cruz, na Noite dos Pinos, o fandango“repicao” das Veredas, fandango de

Aguafría, fandango de la tarde de la Jira,o de Santa Eulália (modalidades: curto ecomprido) e o fandango aldeão, nascido

nas aldeias de Calabazares e da Escalada.Os dois últimos podem ser dançados.

EspañaRota de al-Mutamid Almonaster la Real

GastronomiaA situação geográfica de Almonaster la Real, o respeito e a manutenção das

tradições culinárias ancestrais e os produtos de primeira qualidade que seutilizam nas cozinhas deram lugar a um extenso leque de possibilidadesgastronómicas para os bons garfos que visitam estas paragens. O rei da mesa,tal como em todo o Parque Natural da Serra de Aracena e Picos de Aroche, éo porco ibérico. O presunto ibérico, o lombo ibérico, e todo o tipo de carnes esaborosas carnes frias caseiras, estão presentes nas ementas de tapas ecomidas em bares e restaurantes.

O guisado de pobre, os panados, a salada de orégãos, a salada fina de LosLlanos, a sopa de sabores e a sopa de Carnaval são alguns dos múltiplosexemplos do contributo que este município dá à gastronomia serrana. A riquezamicológica da zona faz com que se tenha expandido o consumo de cogumelosem pratos salteados, tortilhas ou assados um manjar ao alcance de poucos ede que os vizinhos de toda a Serra desfrutam periodicamente, graças à naturezagenerosa.

No capítulo das sobremesas, as populares tortas do padre, os “roscos”,“pestiños”, rosas, madalenas, queijos de cabra e mel são os principais atrativosde uma mesa. Por último, é preciso referir a singular contribuição dos licoresque, historicamente, se têm produzido e consumido nesta localidade: aaguardente, elaborada de forma totalmente artesanal num alambique doprincípios do século XIX, e os licores de cereja, de bolota, de castanha, etc.

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Vista de Cortegana

Câmara MunicipalCastelo de CorteganaIgreja Paroquial doDivino Salvador

Os primeiros povoadores de Cortegana instalaram-se noscumes das colinas mais altas, onde tinham um perfeitocontrolo visual do território, ao mesmo tempo que usufruíamde boas condições de defesa. Viviam ao ar livre em pequenascasas de planta circular com base em pedra que suportavao telhado de ramos e barro. Aproveitavam os recursosproporcionados pela Natureza e praticavam uma agriculturae pecuária incipientes. Referimo-nos às comunidades daIdade do Cobre ou Calcolítico (2800-1800 a.C.aproximadamente), que fundaram as suas pequenas aldeiasdo Alto de la Caba, do Cabezo del Cojo e do Cerro de SantaBárbara. Conhecemos também as sepulturas do Cabezo deLame: A necrópole de Corteganilla é composta por trêsantas com túmulos e certos elementos do espólio funerário

Introdução histórica

Cortegana

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1

2

Centro de Recepción de VisitantesJunto al Castillode Cortegana21230 CorteganaTel. 0034 959 131 550

Cortegana

CorteganaESPANHA Rota de al-Mutamid

Almonasterla Real

1

N

Avda. de Portugal

N-433 Sevilla-Portugal

Carretera CastilloAvda. A

lcalde Pedro Maestre

Avda. de las Norias

Calle Dr. Daniel Caballero

Paym

ogo

Calle Olmo

Calle A

lta

3

32

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Arco mudéjar

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do dólmen Corteganilla-Hallemans (pontas de setas de sílex,ídolos placa em ardósia, machados polidos, etc.).

Durante a época romana Cortegana adquiriu um grandeprotagonismo económico e populacional, apesar de nãohaver qualquer núcleo urbano, já que o povoamento, dedicadoprincipalmente ao trabalho agrícola, encontrava-se dispersono território (uillae rusticae). No entanto, os maiores benefícioseconómicos dos nossos antepassados romanos provinhamdas explorações mineiras e metalúrgicas, tanto das minasde Andévalo (El Carpio, San Telmo e Herrerías de Confesionarios),de onde extraíram essencialmente ferro e cobre, como dasminas da Serra, situadas junto às ribeiras de Chanza e deAlcalaboza onde eram aproveitados os filões de óxidos deferro (magnetita e hematita). Desta forma, muitos dos uillaerusticae do território corteganês, como Corteganilla, La Gagaou o lugar (uicus) de Los Andrinos, que se especializaram nametalurgia de ferro, fazem parte dos distritos mineiros dasduas únicas cidades romanas na zona (Arucci e Turóbriga).Nos arredores desta área estendia-se a estrada romana que,desde Huelva (Onuba), se dirigia para a cidade lusitana deBeja (Pax Iulia), havendo um percurso paralelo à ribeira deAlcalaboza.

Vista de Cortegana

EspanhaRota de al-Mutamid Cortegana

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Aldeia de Puerto Lucia

Cabestrante da mina de San Telmo

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No entanto, o castelo de Cortegana é de origem de tardo-medieval cristã (séculos XIII-XV), pelo menos assim oconfirmam todas as provas materiais e arquitetónicasestudadas, contudo, não podemos desconsiderar a existênciade uma primeira edificação islâmica, nem de uma população,possivelmente dispersa, nessa época. A partir de meadosdo século XIV, a relativa estabilidade da área permitiu quea população fosse deslocada para o vale, concentrando-seperto das fontes, o que faz supor que as primeiras casasforam erguidas perto da “Fuente Vieja” e do “Chanza”,sendo construída a nova Igreja do Divino Salvador numponto intermédio entre os dois bairros, que adquiriu oestatuto de paróquia em detrimento da do castelo.

Durante a Idade Moderna, já no século XVI, Corteganacomeça a estabelecer-se como uma vila com entidade naregião. Sem dúvida que o período de maior prosperidadede Cortegana começa a ganhar forma na IdadeContemporânea, a partir de meados do século XIX, quandoa burguesia catalã assenta nesta terra e acaba por consolidaruma importante indústria de cortiça. Nos anos de apogeuda indústria, Cortegana tornou-se num polo industrial,tendo-se criado dezenas de fábricas de cortiça espalhadaspelas ruas e quarteirões.

A inauguração, em 1889, da linha férrea Zafra-Huelvaestimulou ainda mais a economia de Cortegana, tendo umagrande influência no apogeu das minas de San Telmo e

San Telmo

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Valdelamusa. Outras indústrias e atividades artesanais destemunicípio foram atingidas por este renascimento, tendo-se multiplicado as olarias, aumentado a produção de balançasromanas e arreios, e consolidado as indústrias de carne quetambém abasteciam diferentes mercados nacionais einternacionais.

A Guerra Civil e a consequente crise do pós-guerraenfraqueceram significativamente todo o desenvolvimentoalcançado, que também foi atingido pelas crises setoriais,que a partir do último terço do século XX afetaram asindústrias e as atividades artesanais de Cortegana. Atualmente,Cortegana procura implementar políticas de desenvolvimentoapoiadas na indústria local, no turismo rural e na dinamizaçãodo património monumental e popular.

EspanhaRota de al-Mutamid Cortegana

Valdelamusa

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Nas ruas de Cortegana observamos vários exemplos demonumentos que chegaram até aos nossos dias em excelenteestado de preservação. Têm particular relevância os lugaresde culto. A Igreja Paroquial e as capelas são marcos queenobrecem e embelezam a malha urbana, tal comoconsolidam os sinais de identidade e socialização entrevizinhos. No entanto, o complexo monumental que temmaior valor patrimonial, e que representa, como nenhumoutro, o povo de Cortegana, é o Castelo.

Castelo de CorteganaA atual configuração do Castelo de Cortegana é o

resultado de um processo histórico dinâmico, que incluiureformas, restauros e modificações em várias fases da suaexistência. É um deleite sentir a magia que impregna oedifício e o que o rodeia, aceder ao conjunto através deuma das duas entradas e aproveitar o ambiente sossegadoque oferecem os seus percursos e miradouros, rodeadospela cerca exterior com as suas torres, constituindo umamuralha que em alguns pontos preserva partes originais.O palácio é, sem dúvida, o elemento mais significativo ereconhecido do conjunto.

Património monumental

CorteganaEspanha Rota de al-Mutamid

Castelo de Cortegana

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Apresenta um único acesso pelo lado sul através de umaescada que entra pelo pátio de armas. Aqui dentro, e nosubsolo, destaca-se a cisterna, um depósito de águaabobadado que teve funções de subsistência para oshabitantes do Castelo. O lado este deste pátio é ladeadopela fachada do palácio, um conjunto de várias salasdistribuídas por dois andares. No piso térreo encontram-se a entrada para o edifício e outras divisões como a capelaou a prisão, atualmente adaptada como mostruário de váriaspeças de valor arqueológico.

No piso superior, há outras divisões, ganhando destaquea sala do alcaide. A planta do palácio é dominada por quatrotorres nos ângulos e duas intermédias nas paredes dos seuslados mais compridos. Estão unidas entre si pelo passeiode ronda, a que se acede através de umas escadas localizadasno pátio das armas. Hoje, o passeio de ronda não apresentaum percurso contínuo, por ter sido eliminada, na restauraçãode 1971, a rampa que ligava a parte norte do passeio como terraço superior. Este consiste num espaço aberto depassagem para entrar na torre de menagem, a de maioresdimensões de todo o edifício e datada de finais do séculoXV, da época dos Reis Católicos. Todas as torres e muralhasdo palácio estão atualmente arrematados por uma linha demuralhas e ameias, com exceção do “borje”, a torresemicircular virada a oeste e os seus muros adjacentes.

Capela de Nossa Senhora da PiedadeDentro do recinto fortificado do Castelo, e localizada no

setor nordeste, fica a Capela de Nossa Senhora da Piedade,que consiste numa única nave dividida em três secçõesseparadas por arcos que, apoiados em pilastras, sustentamuma abóbada de aresta. A parede traseira está coroada porum nicho quadrado coberto com uma cúpula semiesféricae com abóbada rebaixada para o pórtico que é apoiada aosseus pés.

A origem do santuário tem, provavelmente, de serenquadrada no século XIII como um exemplo dos inúmerostemplos do repovoamento de toda a região após a conquistacristã. Sabemos que foi a primeira paróquia da povoação,como testemunhou Rodrigo Caro em 1634, e foioriginalmente consagrada a Nossa Senhora do Castelo.

Romana em exposição no castelo

EspanhaRota de al-Mutamid Cortegana

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Capela de São Sebastián

Igleja Paroquial del Divino Salvador

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Igreja Paroquial do Divino SalvadorNo centro de Cortegana encontra-se o edifício de culto

mais emblemático: a Igreja Paroquial do Divino Salvador,localizada na praça com o mesmo nome. A sua aparênciaatual é o resultado de vários processos de construçãoiniciados na primeira metade do século XIV. Por esta altura,uma vez que a população assentou no vale, começou a sererguido um templo de caráter gótico-mudéjar, cominfluências claramente sevilhanas, apesar de ter marcaslocais. A Porta do Perdão é a entrada principal e a datadessa altura.

Com essência renascentista, foi construída no século XVIuma igreja-salão composta por três naves divididas porcolunas e uma capela-mor poligonal ligeiramente salientepara o exterior. Os modelos usados relacionam esta obracom o trabalho do arquiteto Hernán Ruiz II. Em 1623 afachada do edifício começa a ganhar forma, com a construçãode uma torre, localizada no ângulo da nave do Evangelho,ficando definitivamente concluída no final do século XVIII.A torre, de planta quadrada, foi construída em tijolo aparentee coroada por um corpo de quatro vãos retangulares, umpara cada face, e com uma agulha com o cata-vento.

Capelas de S. Sebastião e do CalvárioA Capela de S. Sebastião, conhecida popularmente como

«O Santo», é um exemplo de templo gótico-mudéjar quecomeçou a ser erguido na primeira metade do século XVI,correspondendo a essa fase o presbitério, coberto comabóbada gótica e moldura do arco toral. O edifício éconstituído por uma só nave dividida em quatro secções,para além do formado pelo presbitério.

Por sua vez, a Capela do Calvário está localizada à saídada Cortegana em direção ao Caminho de Huron,completando o eixo longitudinal do centro da cidade,organizado em torno das igrejas e das capelas da população.Tem um aspeto muito atual que resultada da reconstrução,em 1974, da antiga capela do antigo cemitério, que funcionouaté aos anos trinta do século XX, altura em que o novocemitério foi construído.

Entre os edifícios civis de Cortegana, destaca-se a Praçade Touros, construída em 1854, os dois casinos, localizadosnas praças do Divino Salvador e da Constituição e erguidosno final do século XIX e no século XX, e alguns exemplos

CorteganaEspanha Rota de al-Mutamid

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Nuevo Casino

Gran Casino

Casa da Estrada

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Trata-se de um percurso pelos principais bens culturaisde Cortegana, que possuem uma natureza monumental deextraordinária beleza e significados histórico, artístico earquitetónico. Desde as igrejas e capelas, às casas senhoriaise palacetes, à Praça de Touros e aos casinos, até ao Castelo,símbolo da identidade cultural de todos os corteganeses.Com este passeio, o turista irá mergulhar no passadohistórico desta povoação através dos edifícios maisrepresentativos que marcaram o seu desenvolvimentourbano, até chegarem ao aspeto que apresentam naatualidade.

Visitas e passeios

de casas senhoriais, nomeadamente a Casa da Estrada. Domesmo modo, este município faz gala do volume e qualidadedas suas águas, daí que haja inúmeros exemplos de elementosarquitetónicos relacionados com a água. As ruas de Corteganaestão repletas de fontes que guardam na história aimportância das suas funções abastecedoras e da sua condiçãode lugares de socialização, como é o caso da Fonte Velha,da Fonte de Chanza, da Fonte Monumental, etc.

EspanhaRota de al-Mutamid Cortegana

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Rota da Arquitetura da ÁguaA água e o seu aproveitamento foram fundamentais para

configurar a realidade histórica deste município. De facto,a génese e o desenvolvimento da malha urbana parece quese produziram à volta de algumas das suas fontes. Estasnascentes consistem em espaços de socialização e emlugares tradicionais de encontro, onde a água tem um papelpreponderante.

Rota dos MiradourosNuma povoação com uma topografia acidentada e

desníveis significativos, os miradouros constituem espaçosinteressantes para contemplar as paisagens culturais.Integrados na própria vila, oferecem perspetivasespetaculares sobre o conjunto urbano, que apareceperfeitamente integrado na natureza que o rodeia.

Fonte Monumental

Fonte de la Caja

Fonte da nascente do Rio Chanza

Fonte del Corcho

Vista do Miradouro de Aguafría

Calvário

CorteganaEspanha Rota de al-Mutamid

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O ano cultural começa com o Desfile dos Reis Magos.Pelo fim do mês de fevereiro celebra-se o Carnaval, queressurgiu com grande força nos últimos anos graças àAssociação La Carpa. Durante a primavera chega aSemana Santa, carregada de forte devoção, onde areligião, a cultura e a tradição se fundem. Em abril celebra-se a Feira do Livro da Primavera. Já no mês de maioassinala-se a Cruz de Maio, a romaria do lugar de SanTelmo. No mês de junho celebra-se o Corpo de Deus e,por volta do dia 13, a romaria de Santo António de Pádua,uma das festas mais importantes e populares da Serra. Na segunda semana desse mês a Associação de Amigosdo Castelo de Cortegana celebra as Jornadas Culturais,centradas num ciclo de conferências com uma marcadaíndole cultural e patrimonial. Também durante o mês dejulho, em honra de Santa Luzia, celebram-se as festasda aldeia de Puerto Lucía. No terceiro fim de semana dejulho e em honra da sua padroeira, a aldeia mineira deValdelamusa festeja a Vigília da Virgen del Carmen, e emSan Telmo celebra-se a vigília em honra do padroeiroSan Telmo. Durante o segundo fim de semana de agosto,celebram-se as Jornadas Medievais, organizadas peloMunicípio de Cortegana, que constituem o acontecimentocultural e turístico mais importante desta localidade.

A Feira de Cortegana está consagrada à sua padroeira,Nossa Senhora da Piedade, que tem um procissão a 8de setembro com um desfile carregado de devoção epaixão. Nos dias que se seguem decorre a Feira, cujaorigem remonta à feira onde se vendia gado suíno antesde ir para a engorda no montado.

Festas tradicionais e eventos

EspanhaRota de al-Mutamid Cortegana

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Cortegana caraterizou-se historicamente por ser ummunicípio com grande tradição artesanal e industrial, o quese traduziu num reconhecimento regional, nacional einternacional de boa parte dos seus produtos. Mesmo assim,aqueles que obtiveram mais repercussão foram os produtostransformados da indústria da cortiça, que no século XIXtiveram um grande desenvolvimento, quando eramproduzidas rolhas para garrafas de vinho exportadas paradiferentes destinos internacionais. Hoje continuam a laborar

Cortegana tem uma gastronomiadiversificada e rica que constitui uma partefundamental do seu património e cultura,que não só se associa aos afamados

produtos ligados ao porco ibérico, comotambém a outros pratos típicos de grande

riqueza culinária, como as migas com batatas(especialmente nos dias de chuva), o gaspacho de

inverno (com batatas cozidas, fígado de porco e coentros),o “adobao de matanza” (guisado com batatas,fígado de porco e pimentão), sopa de váriasplantas aromáticas (“sopa de olores”), refogadoserrano (“pisto serrano”), bolo de batatas...A diversidade micológica deste territóriopermite a elaboração de numerosos pratos dedegustação de cogumelos. Também seelaboram produtos derivados do leite, comoos queijos, as queijadas e o soro; ou produtosde vegetais e frutas engarrafados. Na doçariatêm especial relevância os doces que apenasexistem nesta região como os “piñonates”, os“pestiños” ou as “perrunillas”, as madalenas,as tartes de banha, doce de marmelada, o mel,as “melojas” (um doce feito a partir do mel),as “poleás” ou os “cucos” (castanhas assadasno fogo). Estes doces podem seracompanhados de aguardente e por umagrande variedade de licores tradicionais (bolota,

castanha, noz, etc.) que são produzidos nesta vila.

Gastronomia

Artesanato

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Cortegana Rota de al-Mutamid

Porco nas pastagens de Cortegana

Sopa de Olores

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algumas fábricas, que vendem a cortiça sem a transformare que são afetadas pela crise que o setor atravessa.

Foi na entrada do século XX que as produções dederivados de porco ibérico de Cortegana se industrializaram.Atualmente continuam ativos vários matadouros e fumeiros.A produção de balanças romanas sempre foi uma tradiçãoem Cortegana, no entanto, neste momento esta indústriaestá em retrocesso. As balanças romanas mais procuradassão as denominadas “borregueras” destinadas, à partida,a pesar porcos. A produção de acessórios para cavalos veiosubstituir ou complementar os trabalhos ligados às balançasem Cortegana. Elabora-se artigos para equitação, comoestribos ou esporas.

A olaria sempre esteve ligada à história de Cortegana.Desde a sua origem até aos nossos dias, nunca faltaramoleiros e produções locais corteganesas estimuladas pelaprocura, na zona e nos arredores, por recipientes decerâmica, imprescindíveis para o armazenamento, para aculinária e para serviço de mesa. A técnica da “colher”,que consiste em fazer com este utensílio decoraçõesgeométricas vidradas nos recipientes, deu um grande renomeàs cerâmicas desta localidade.

Cerâmica. Técnica do “colher”. Alfar Peñalta

Atualmente as indústriasde carnes, a construçãoe os serviços gerambenefícios económicosque fazem de Corteganauma das zonas maisdesenvolvidas nestaregião. O privilegiadoCentro Tecnológico delCárnico coloca a “nova”Cortegana no primeiroplano dos projetos deinvestigação da Junta daAndaluzia,reconhecendo destemodo a rica trajetória dasindústrias de carnes nestemunicípio.

Atividadecomercial

EspanhaRota de al-Mutamid Cortegana

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Postos de Informação

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Ruta de al-Mutamid

ALJEZURPosto de TurismoRua 25 de Abril, 1388670-088 AljezurTel. 00351 282 998 229

SAGRESPosto de TurismoPaços do Concelho8650-407 Vila do BispoTel. 00351 282 630 600

SILVESCentro da Interpretaçãode Cultura IslâmicaPraça do Municipio8300- SilvesTel. 00351 282 442 255

ALBUFEIRAPosto de TurismoRua 5 de Outubro8200-109 AlbufeiraTel. 00351 289 585 279

PADERNEJunta de FreguesiaRua Miguel Bombarda, nº 618200-495 PaderneTel. 00351 289 367 168

LOULÉPosto de TurismoAvenida 25 de Abril 98100-506 LouléTel. 00351 289 463 900

TAVIRAPosto de TurismoPraça da República, 58800 TaviraTel. 00351 281 322 511

HUELVAInformación TurísticaPlaza de las Monjas s/n.21001 - HuelvaTel. 0034 959 251 218

Oficina de Turismo dela Junta de AndalucíaCalle Jesús Nazareno, 2121001 - HuelvaTel. 0034 959 650 200

NIEBLATurismo de NieblaCampo Castillo s/n21840 NieblaTel. 0034 959 362 270

ALMONASTER LA REALCentro de InterpretaciónAl-Andalus y la SierraCalle Llana, 2021350 Almonaster la RealTel. 0034 959 143 003

CORTEGANACentro de Recepciónde VisitantesJunto al Castillo de Cortegana21230 CorteganaTel. 0034 959 131 550

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Notas