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Escola Estadual de Educação Profissional - EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Transações Imobiliárias Economia

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Curso Técnico em Transações Imobiliárias

Economia

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Governador

Vice Governador

Secretária da Educação

Secretário Adjunto

Secretário Executivo

Assessora Institucional do Gabinete da Seduc

Coordenadora da Educação Profissional – SEDUC

Cid Ferreira Gomes

Domingos Gomes de Aguiar Filho

Maria Izolda Cela de Arruda Coelho

Maurício Holanda Maia

Antônio Idilvan de Lima Alencar

Cristiane Carvalho Holanda

Andréa Araújo Rocha

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Sumário

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................,,,,,... 2

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À ECONOMIA ...................................................................... 3

CAPÍTULO II – EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ECONÔMICO ........................................ 6

CAPÍTULO III – TEORIA DO CONSUMIDOR ....................................................................... 18

CAPÍTULO IV – TEORIA DO FUNCIONAMENTO DO MERCADO .................................... 22

CAPÍTULO V – TEORIA DA FIRMA ........................................................................................ 25

CAPÍTULO VI – ESTRUTURAS DE MERCADO .................................................................... 29

CAPÍTULO VII – ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL .................................................................. 37

CAPÍTULO VII – REGULAMENTAÇÃO DOS MERCADOS ................................................. 48

CAPÍTULO IX – NOÇÕES DE MACRO ECONOMIA ............................................................... 52

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................ 59

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INTRODUÇÃO

Para estudar Economia, é necessário disposição, vontade de crescer, determinação, muita curiosidade e observação.

A Ciência Econômica interage com diversas outras áreas do conhecimento, como Administração, Ciências Contábeis, Geografia, História, Direito, Estatística, Matemática, Engenharias, Meio Ambiente, Sociologia, Filosofia, Política, Turismo, Finanças Públicas, Educação, Urbanismo, entre outras. Por isso, a importância da associação da Economia com todas as áreas do conhecimento.

Como se vê, a Economia precisa trabalhar interdisciplinarmente para poder enfrentar os desafios postos às análises econômicas, que requerem diagnósticos precisos.

Devido a essa interdisciplinaridade a Economia está nos mais diversos lugares e espaços, sendo uma ciência multicultural e que sempre envolve, muitos juízos de valor.

O objetivo central desta apostila é o de tratar das principais noções gerais da Ciência Econômica mencionando, de forma simples, conceitos, ideias e teorias que compõem essa ciência. Por meio de uma linguagem acessível, procurando mesclar uma visão teórica simplificada com aplicações que estão no seu dia-a-dia.

Para você, um bom curso de Economia!

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CAPÍTULO I - Introdução à Economia

Conceitos fundamentais da Economia

1.Bens e serviços

De um modo geral, o objetivo de uma indústria é produzir bens e serviços para vendê-los e obter lucros. Mas o que são bens? E serviços? De forma global, bem é tudo aquilo que permite satisfazer as necessidades humanas.

Segundo o caráter, os bens podem ser:

• Bens livres: são úteis. Existem em quantidade ilimitada e podem ser obtidos sem nenhum esforço na natureza. Ex: a luz solar, o ar, o mar. Esses bens não possuem preços;

• Bens econômicos: são úteis. Possuem preços, são relativamente escassos e supõem a ocorrência de esforço humano para obtê-lo.

Esses bens são classificados em dois grupos:

• Bens materiais: são de natureza material, podem ser estocados, tangíveis (podem ser tocados), como roupas, alimentos, livros, TV, etc.;

• Serviços: não podem ser tocados (intangíveis). Ex: serviço de um médico, consultoria de um economista, serviços de um advogado (apenas para citar alguns), e acabam no mesmo momento de produção. Não podem ser estocados.

Os bens materiais classificam-se em:

• Bens de consumo: são aqueles diretamente usados para a satisfação das necessidades humanas. Os bens de consumo podem ser: bens de consumo duráveis (como carros, móveis, eletrodomésticos); e bens de consumo não duráveis (tais como gasolina, alimentos, cigarro);

• Bens de capital: são bens de produção (ou os bens de produção são os bens de capital), ou seja, bens de capital, que permitem produzir outros bens, por exemplo: equipamentos, computadores, edifícios, instalações, etc.

Deve ser dito que tanto os bens de consumo quanto os bens de capital são classificados como:

• Bens finais: são bens acabados, pois já passaram por todas as etapas de transformação possíveis;

• Bens intermediários: são bens que ainda estão inacabados, que precisam ser transformados para atingir a sua finalidade principal. Ex: o aço, o vidro e a borracha usados na produção de carros.

Os bens podem ser classificados, ainda, em:

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• Bens públicos: são bens não exclusivos e não disputáveis. Referem-se ao conjunto de bens fornecidos pelo setor público: transporte, segurança e justiça;

• Bens privados: são bens exclusivos e disputáveis. São produzidos e possuídos privadamente: tv, carro, computador, etc.

2.Agentes econômicos

Agentes econômicos são pessoas de natureza física ou jurídica que, através de suas ações, contribuem para o funcionamento do sistema econômico, tanto capitalista quanto socialista.

Os agentes econômicos são os seguintes:

• Empresas: são os agentes encarregados de produzir e comercializar bens e serviços. Como é realizada a produção? Através da combinação dos fatores produtivos adquiridos junto às famílias. As decisões da empresa são todas guiadas para o objetivo de conseguir o máximo de lucro e mais investimentos;

• Família: inclui todos os indivíduos e unidades familiares da economia e que, no papel de consumidores, adquirem os mais diversos tipos de bens e serviços, objetivando o atendimento de suas necessidades. Por outro lado, são as famílias os proprietários dos recursos produtivos e que fornecem às empresas os diversos fatores de produção, tais como: trabalho, terra, capital e capacidade empresarial. Recebem em troca, como pagamento, salários, aluguéis, juros e lucros, e é com essa renda que compram os bens e serviços produzidos pelas empresas. O que sempre as famílias buscam é a maximização da satisfação de suas necessidades; e

• Governo (nas três esferas): inclui todas as organizações que, direta ou indiretamente, estão sob o controle do estado, nas suas esferas federais, estaduais ou municipais. Vez por outra, o governo atua no sistema econômico, produzindo bens e serviços, através, por exemplo, da Petrobras, das empresas de correios, etc.

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EXERCÍCIOS

1. Liste os bens e serviços livres e econômicos existentes no seu município. O que você achou dessa lista?

2. Liste os principais bens de capital e de consumo existentes no seu município.

3. Os bens públicos foram considerados como não disputáveis e não exclusivos. Explique cada um desses termos e mostre de que maneira o bem público é diferente de um bem privado.

4. Como você poderia associar a presença de bens de consumo e de capital disponíveis no seu município com o ritmo de desenvolvimento observado nos últimos anos na região? Quais as suas sugestões para melhorar esse quadro?

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CAPÍTULO II – Evolução do pensamento econômico

O pensamento econômico na Antiguidade Clássica

A história da Economia evoluiu pari passu com os períodos que caracterizam a história da humanidade.É desnecessário dizer da importância da história econômica da humanidade, tanto pré-clássica quanto a mais atual, para os economistas.

Entretanto, é somente entendendo a dinâmica da história econômica das civilizações que você poderá compreender toda a complexidade que domina a ciência econômica e a sociedade atuais.

Desde Moisés até os mercantilistas, a sociedade mundial viveu em complexidades. E foi dessa complexidade que, um século depois, após o fim dos ideais mercantilistas do século XVII, o mundo percebeu a necessidade de ter economistas.

Esse período da Antigüidade Clássica, em sua primeira fase, abrange os anos 4000 a 1000 antes da Era de Cristo. Os povos predominantes eram os da China, Índia, Assíria, Babilônia, Mesopotâmia, Egito, e outros da Antigüidade Oriental e Ocidental.

Nesse período, não se podia cogitar que a atividade econômica fosse sofisticada. Longe disso. Predominava a economia de subsistência e o autoconsumo. As sociedades, por sua vez, ainda eram desestruturadas, sem características, inclusive, de sociabilidade. Predominava o nomadismo tribal.

Após essa fase inicial, o homem começou a pensar em se fixar em algum lugar. Teve início, assim, a fixação dos primeiros agrupamentos humanos na sociedade patriarcal, surgindo o consequente direito de propriedade na economia agrária. O trabalho nessas sociedades era do tipo escravo, sendo raro ou reduzido o comércio entre os diferentes agrupamentos, prevalecendo uma economia de subsistência ou deautoconsumo, sem a preocupação da formação de “sobras” ou excedente destinado às trocas ou ao escambo. Tudo o que se produzia tendia a ser consumido. Ninguém pensava em lucro, em riqueza, em capitalismo ou em se capitalizar. Muitos menos em globalização.

Os regimes, nessas civilizações da Antiguidade, eram, em geral, teocráticos*, e obedientes à férrea disciplina e ao controle total do comércio pelos seus dirigentes. Embora existindo um intercâmbio econômico rudimentar (trocas entre pessoas e pequenos povoados), e a moeda, como facilitadora das trocas, tivesse já evoluído para as suas características mais sensíveis, com a utilização já de alguns metais, os fatos econômicos ainda não mereciam estudos especiais, o mesmo ocorrendo com a atividade econômica.

Nesse período, ainda não havia um clima propício para o surgimento de uma Ciência Econômica. Os fatos e fenômenos econômicos estavam adstritos às ciências filosóficas, religiosas e jurídicas, à moral e à política, também não totalmente estruturadas.

Contribuições da civilização greco-romana para o pensamento econômico

A partir da civilização greco-romana, no ano 1000 a.C., nota-se uma preocupação mais concreta com os fatos econômicos, surgindo estudos embrionários sobre riqueza, valor econômico e moeda.

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Xenofonte, pensador grego, escreveu a obra Os econômicos, discorrendo sobre a utilidade e as riquezas econômicas, sobre a agricultura e sua importância econômica, e afirmava que a riqueza estava intimamente relacionada com as necessidades humanas.

Platão e Aristóteles também deram a sua contribuição para a Economia. Platão, aliás, delineou um Estado a ser governado por filósofos. Também aprovava a escravidão e preconizava a diminuição das populações por uma depuração da raça. Foi um autêntico precursor de Malthus, acentuava a importância da divisão do trabalho ou da especialização de funções, e ressaltava o papel de destaque a ser emprestado às elites culturais.

Da civilização grega, ficaram muitos ensinamentos. De Platão, ficou o Comunismo Utópico, em sua República, e seus escritos sobre a produção, e a riqueza e os seus limites; e de Aristóteles, suas análises sobre a sociedade privada, declarando que a propriedade comunal, preconizada por seu mestre Platão, retiraria o incentivo à produção. Procedeu a profundas análises sobre a Teoria do Dinheiro, as trocas e o valor, e sobre as funções da moeda.

O Império Romano e sua contribuição ao pensamento econômico

Gastaldi (1999) assinala que, na história da civilização de Roma, se encontram muitos dos elementos que caracterizam o moderno capitalismo. Os romanos foram os principais estadistas, juristas e construtores de impérios. Entretanto, embora a história romana tenha se evidenciado por lutas de conquistas, construindo em seu primeiro estágio uma República e depois um Império mundial, dominando toda a área do Mediterrâneo, incluindo a Ásia Menor, o norte da África, a França (Gália), a Espanha, abrangendo partes da Europa Central até o Rio Danúbio e chegando à Inglaterra e à Escócia, suas contribuições culturais não podem ser subestimadas, ainda que não possam ser comparadas às da Grécia, que enriqueceu muito mais a civilização.

Um dos traços da civilização romana foi a expansão agrícola, que favoreceu a sua economia e, notadamente, a sua agricultura, e que foi um dos determinantes da expansão do poderio político do Império. De uma outra forma, o declínio de sua agricultura foi a principal causa de sua queda. Agressiva foi a política de expansão comercial de Roma, que proporcionou vultosos lucros, ao mesmo tempo em que despertou a rivalidade com o poder comercial de outros povos, notadamente de Cartago. Isto posto, os acordos comerciais foram substituídos pelos conflitos armados.

Com o Império Romano:

• consolidava-se a expansão comercial;• consolidavam-se as funções do dinheiro;• criavam-se os impostos mais elevados;• aumentavam as despesas do governo.

Também foi no Império Romano que nasceu a agiotagem, e a riqueza passou a se concentrar nas mãos de uma minoria. As economias dos países subdesenvolvidos, tal como o Brasil, apresentam semelhanças com a história do Império Romano. De um lado, há pessoas abastadas e profundamente ricas. De outro, há pessoas pobres, absolutamente pobres. As magníficas obras do Império refletiam, apenas, o consumo ostensivo dos grupos mais ricos ou do Estado sempre mais poderoso.

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Toda essa situação de decadência do Império conduziu o povo a uma elevada crise de escassez, quando aumentaram, e muito, as necessidades urbanas em alimentos. Podemos apontar as causas econômicas do declínio do Império Romano:

• grande concentração das riquezas por grupos minoritários;• grandes propriedades rurais improdutivas;• servidão dos pequenos e médios agricultores;• separação sempre maior entre ricos e pobres; e• crescente escassez de alimentos.

Portanto, podemos concluir que essas causas econômicas, conjugadas com causas políticas, determinaram a queda do Império Romano e a subjugação pelas hordas “bárbaras” vindas de todas as direções, por mar e por terra.

A Economia Medieval (ou a Economia na Idade Média)

Com a queda e o profundo declínio do Império Romano, no ano 476, teve início uma importante fase da história da humanidade, conhecida por Idade Média ou Idade Medieval. Esse período, um dos mais longos da história, durou dos anos 500 a 1500 (ano do Descobrimento do Brasil). Os cinco séculos seguintes à queda de Roma, do ano 500 ao ano 1000, foram de grande ebulição, assinalados por migrações, guerras, absorção de povos conquistados, com fusão de povos e culturas.

Com a Idade Média, portanto, abriu-se uma nova era para a humanidade. Uma nova concepção de vida, ocristianismo, nasceu com a queda deRoma. Seus ensinamentos, a partir da sua legalização por um decreto do ano 311, por parte do Imperador Constantino, passaram a ser disseminados por toda a Europa, crescendo em vigor e em influência.

Segundo Gastaldi (1999), as igrejas e os mosteiros tornaram-se poderosos nessa época. A Igreja tornou-se o maior agente de perpetuação da cultura, de disseminação do saber e de desenvolvimento da administração pública. Diferente do pensamento capitalista, o pensamento cristão condenava a acumulação de capital (riqueza) e a exploração do homem pelo homem. A opção da Igreja, então, foi pelo retorno à atividade rural, ao contrário de Roma. Na verdade, a Igreja, através de seus conventos e mosteiros, tornou-se grande proprietária de grandes áreas de terra.

A terra transformou-se na riqueza por excelência. Nascia, assim, o regime feudal, caracterizado por propriedades nas quais os senhores e os trabalhadores viviam indiretamente do produto da terra ou do solo.

Eram médias ou grandes propriedades rurais, auto-suficientes econômica e politicamente, obedientes à autoridade do senhor ou proprietário, e nas quais os servos exerciam suas atividades agrícolas ou artesanais. O rei, embora dirigisse o Estado, não possuía influência ou poder de decisão nos feudos, onde a autoridade máxima era a do senhor da gleba (os exploradores) e onde labutavam os servos (os explorados).

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Mercantilismo

Com a descoberta do Mundo Novo (inclusive o Brasil nas Américas),com o crescimento e o desenvolvimento das cidades, a fisionomia social, política e econômica da época, tão profundamente moldada na Idade Medieval, passou a sofrer profundas transformações. Novos conceitos passaram a surgir em matéria comercial e de produção.

E, na mesma proporção em que se enfraquecia o pensamento religioso, operava-se uma forte centralização política, ocorrendo a criação das nações modernas e das monarquias absolutas, germes do capitalismo moderno.

A fase do mercantilismo foi uma decorrência do crescimento do capitalismo comercial, representando, com o capitalismo industrial do início do século XVIII, a Economia Política Pré-Clássica. O mercantilismo foi um regime de nacionalismo econômico. Fazia da riqueza o principal fim do Estado. Assinalou, na história econômica da humanidade, o início da evolução dos Estados modernos e das novasconcepções sobre os fatos econômicos, notadamente sobre a riqueza.

A finalidade principal do Estado, no entender dos mercantilistas, deveria ser a de encontrar os meios necessários para que o respectivo país adquirisse a maior quantidade possível de ouro e prata. Os mercantilistas pretendiam disciplinar a indústria e o comércio, de tal forma que sempre fossem favorecidas as exportações em detrimento das importações. Isto feito, procurava-se manter a balança comercial sempre favorável.

O mercantilismo recebeu seu nome da palavra latina mercator (mercador), porquanto considerava o comércio como a base fundamental para o aumento das riquezas. A prática mercantilista predominou até o início do século XVII, quando ocorreu uma reação contra os excessos do absolutismo e das regulamentações. O Brasil-Colônia foi influenciado pelo ideal mercantilista, o qual obrigava o comércio colonial exclusivamente por intermédio das metrópoles. Somente com a chegada de D. João VI ao Brasil é que foram eliminadas as restrições mercantilistas, permitindo-se a instalação de indústrias nativas e o comércio direto com as demais nações.

Fisiocratas

Podemos conceituar fisiocratas como um grupo de economistas franceses do século XVIII que combateu as idéias mercantilistas e formulou,pela primeira vez, uma Teoria do Liberalismo Econômico. Ou seja, podemos entender, desde já, que o pensamento fisiocrático é uma resposta direta, ou uma reação, ao mercantilismo.

Dentre as suas características, destacam-se:

• Nada de livre comércio;• O estado era o monopólio (toda atividade econômica era controlada por ele); e• O comércio era a atividade dominante, ou seja, o reino era do comércio.

“Fisiocrata” vem de “fisiocracia”, que significa “reino da natureza”. Os fisiocratas não acreditavam que uma nação pudesse se desenvolver mediante, apenas, o acúmulo de metais preciosos e estímulos diretos ao comércio. Era necessário o investimento em produção. Não na produção industrial (ou comercial), mas na produção agrícola, pois somente nessa eram possíveis a geração e a ampliação de excedentes.

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O objeto da investigação dos fisiocratas é o sistema econômico em seu conjunto, sendo este conjunto regido por uma ordem natural, à semelhança da ordem que rege a natureza física. Nesse pensamento, o conjunto dos homens é uma sociedade, isto é, uma unidade regida por leis através de um processo que somente a troca pode realizar.

A realidade da troca é o ponto de partida da fisiocracia e uma interpretação (por que não dizer?) da interpretação marxista da história.

Podemos perceber que os fisiocratas concedem à ordem da natureza uma economia inteiramente de mercado (capitalista), na qual cada um trabalha para os demais, ainda que acredite que trabalhe apenas para si mesmo. É bom destacar que essa elevada menção que os fisiocratas atribuíam à ordem natural é decorrente da estrutura econômica francesa por volta de meados do século XVIII. Tratava-se de uma economia predominantemente agrícola, sendo a terra propriedade de caráter eminentemente senhorial. O capitalismo já se desenhava na agricultura, e existia uma bem definida classe de arrendatários (pessoas que arrendavam as terras dos senhores para trabalhar). Também existia muito camponês (pequenos agricultores) em boa parte do país.

Pois bem, do confronto entre a agricultura capitalista e a camponesa, obtinha-se a superioridade da agricultura capitalista em termos da capacidade produtiva. Naturalmente, isso levava à crença de que agricultura baseada na produção capitalista (e não mais no fundamento do feudalismo), baseada na capacidade empresarial dos arrendatários burgueses (não esqueçam disso!), constituía a mais avançada e a mais desejável das formas de produção.

O único trabalho produtivo para os fisiocratas é o trabalho agrícola. E está na terra o poder de dar origem a um produto líquido que se liga, fundamentalmente, à renda fundiária. Talvez, nesse ponto, resida a grande limitação teórica dos fisiocratas, na medida em que consideravam apenas produtivo o trabalho agrícola.

Voltando ao liberalismo, destaque-se que, para os fisiocratas, a sociedade é governada por leis naturais semelhantes às que existem na natureza. Portanto, o Estado, através dos vários governos, não deve intervir nesta ordem natural. Com isso, conforme dito antes, criticavam o intervencionismo estatal do mercantilismo.

Pertencem aos fisiocratas as frases que identificam o liberalismo: laissez-faire e laissez-passer.

Escola Clássica

A Escola Clássica foi uma linha de pensamento econômico fundada por Adam Smith e David Ricardo. Com esta Escola, a Economia adquiriu caráter científico integral à medida que passou a centralizar a abordagem teórica do valor, cuja única fonte original era identificada no trabalho em geral.

Além da Teoria do Valor-Trabalho, a Escola Clássica baseou-se nos preceitos filosóficos do liberalismo e do individualismo, e firmou os princípios da livre-concorrência, que exerceram decisiva influência no pensamento revolucionário burguês.

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A Escola Clássica foi uma escola que caracterizou a produção, deixando a procura e o consumo para o segundo plano. Para Smith,considerado o maior dos clássicos e o pai da Ciência Econômica, o objeto da economia é estender bens e riqueza a uma nação.

Nesse sentido, entende que a riqueza somente pode ser conseguida mediante a posse do valor de troca. Valor de troca, para Smith (1981), é a capacidade de obter riquezas, ou seja, é a faculdade que a posse de determinado objeto oferece de comprar com eles outras mercadorias.

Smith também refutou as idéias mercantilistas argumentando que a riqueza é constituída pelos valores de troca, e não pela moeda, na medida em que esta é apenas um meio que permite a circulação de bens.

Portanto, para Smith (1981), a verdadeira fonte de riqueza de um país somente pode ser alcançada e diante o trabalho, e essa fonte somente pode ser elevada com:

• o aumento da produtividade;• a extensão de sua especialização; e• a acumulação do produto sob a forma de capital.

A distribuição do produto nacional, no pensamento clássico, continuou sendo tratada de forma tradicional.

Os remunerados seguiam esse padrão:trabalho --------------- salário;capital ------------------ lucro; eterra -------------------- renda.

Deve ser assinalado que a Teoria Clássica é elaborada em função de um equilíbrio automático, que ignora as crises e os ciclos econômicos. Desse modo, a oferta deve criar, necessariamente, sua própria procura (Lei de Say), e a soma dos salários e dos ganhos retidos pelos consumidores deve corresponder à quantidade global de bens oferecidos do mercado.

Como vimos, o referencial econômico e social da Escola Clássica se dava com base nos princípios do liberalismo e do individualismo. Acreditava-se que um sistema de liberdade econômica, através de um mecanismo impessoal de mercado – “Mão Invisível” – conseguiria harmonizar os interesses individuais.

O livro A riqueza das nações, de Smith, é uma das obras clássicas do liberalismo e de vários pressupostos da Economia moderna.De maneira sucinta, vamos ver como Smith concebia a função do Estado no sistema econômico, considerando que a sua obra clássica contém vários pressupostos atuais do neoliberalismo econômico.

As idéias de Smith correspondiam aos anseios do poder da burguesia, e, como um liberal, ele defendia:

• a mais ampla liberdade individual;• o direito inalienável à propriedade;• a livre iniciativa e a livre concorrência; e• não-intervenção do Estado na economia.

Entretanto, para Smith (1981), o Estado deveria ter três funções: proteger a sociedade da violência e da invasão de outras sociedades independentes; proteger, na medida do possível, todo membro da sociedade da injustiça e da opressão de qualquer de seus membros ou a função de oferecer uma perfeita ministração da justiça; fazer e conservar certas obras públicas, e criar e manter certas instituições públicas, cuja

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criação e manutenção nunca despertariam o interesse de qualquer indivíduo ou de um grupo de indivíduos, porque o lucro nunca cobriria as despesas que teriam esses indivíduos, embora, quase sempre, tais despesas pudessem beneficiar e reembolsar a sociedade como um todo.

Na sua análise histórica e sociológica, Smith acreditava que, embora os indivíduos pudessem agir de forma egoísta e estritamente em proveito próprio, existia uma “mão invisível”, decorrente da previdência divina, que levava esses conflitos à harmonia.

A “mão invisível” era o próprio funcionamento sistemático das leis naturais. O que realmente é fundamental no pensamento smithiano é o fato de haver indicado quase todos os problemas que viriam a ser objetos de reflexão científica subseqüente.

De Smith, partem todas as linhas de pesquisa que serão tratadas por todos outros economistas, de Marx a Keynes. Adam Smith teve muitos seguidores, dos quais destacamos os seguintes: Thomas Robert Malthus (1766–1834), David Ricardo (1772–1823), John Stuart Mill e Jean Baptiste Say. Na sociedade mundial contemporânea, ficaram conhecidos como neomalthusianos.

A obra Ensaio sobre o princípio da população, que o tornou conhecido mundialmente, foi publicada em 1798, anonimamente. Das suas idéias, a mais famosa dizia que, enquanto a população tinha tendência a crescer de forma geométrica, os alimentos cresciam de forma aritmética. Embora atraente, é óbvio que, nos dias de hoje, temos certa dificuldade em pensar assim, devido às transformações tecnológicas ocorridas na agricultura e ao sucesso dos métodos de controle de natalidade.

Tanto Malthus quanto Ricardo tiveram grande influência de Adam Smith. Na realidade, o inglês Ricardo adquiriu fortuna, desde muito jovem, operando na Bolsa de Valores. Divergiu dos estudos sobre população de Malthus, por não acreditar que a demanda efetiva seria incapaz de se realizar no mercado. De Ricardo, herdamos o importante estudo sobre a renda da terra, pois, segundo os seus ensinamentos, a expansão agrícola, ao se dar em terras menos férteis, levava à valorização da terra mais fértil, e nas relações econômicas internacionais, à teoria das vantagens comparativas.

Ao estudar a produção, Ricardo dedicou-se a tentar entender a formação do valor a partir das horas trabalhadas e sua distribuição. Na concepção ricardiana, a troca das mercadorias estava diretamente ligada às quantidades de trabalho relativas que haviam sido utilizadas para sua produção. Era a Teoria do Valor-Trabalho, que começava a ser explicada com certos detalhes e que Adam Smith não conseguira superar. A importância da contribuição de Ricardo para o entendimento da formação do valor na Economia só foi ser percebida a partir dos estudos de Karl Marx (1818–1883).

Pensamento Marxista

O representante maior desta escola foi Karl Marx. Nascido em Trier, no sul da Alemanha, teve a sua principal obra, O capital, publicada pela primeira vez em 1867. Ao mergulhar nos estudos dos clássicos, Marx avançou nas formulações, e realizou uma leitura das mais completas e ampliadas do processo capitalista. Marx trouxe interpretações consistentes sobre a Teoria do Valor-Trabalho e buscou compreender de forma profunda a realização do capital.

No estudo do processo de acumulação capitalista, Marx observou a gênese das crises, ora de superprodução, ora de estagnação, bem como a distribuição da renda. Para ele, o valor da força de

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trabalho despendido para produzir uma mercadoria era determinado pelo tempo de trabalho empregado na produção da mercadoria. Trata-se, portanto, de compreensão de um valor social.

Marx publicou alguns livros em parceria com o amigo de toda vida Friedrich Engels, sendo o primeiro Asagrada família, de 1845. O livro A ideologia alemã, escrito por Marx e Engels por volta de 1845 a 1846, só veio a ser publicado em 1932, e é considerado um dos trabalhos dos mais significativos para a compreensão do materialismo histórico.

De acordo com a concepção do materialismo histórico, a transformação social está ligada ao desenvolvimento das forças produtivas. O livro Manifesto do Partido Comunista, de Marx, em co-autoria com Engels, foi publicado em 1848 e inaugurou a Modernidade.

Karl Marx elaborou uma crítica científica do capitalismo. É por isso que sua obra continua tendo grande repercussão, tornando-se um autor obrigatório a ser lido ainda hoje. Segundo Braga (1997), são inúmeras as evidências históricas da contemporaneidade da teoria econômica de Marx. Podemos citar a Lei Geral da Acumulação Capitalista e a Globalização Financeira.

Pensamento Neoclássico

Podemos dizer que o desenvolvimento deste pensamento teve o seu florescimento em 1870, ano que marcou a mundialização das relações econômicas, e estendeu-se até 1929, quando uma grande crise atingiu as economias dos países, colocando em suspense os pressupostos da Ciência Econômica dos clássicos.

É interessante saber que essa escola também ficou conhecida como Marginalista, por buscar a integração da Teoria do Valor com a Teoria do Custo de Produção. Uma maior otimização dos recursos devido à escassez passou a ser objetivada.

Destacamos como da Escola Neoclássica: Vilfredo Pareto, Léon Walras (1834–1910) e Alfred Marshall (1842 – 1924). Walras e Pareto propuseram, através do uso da Matemática, a construção de um sistema que levasse ao equilíbrio geral, com independência dos preços, e da micro e da macroeconomia. Segundo a concepção da teoria geral, as unidades econômicas devem agir de forma integrada, e não podem isolar as famílias das empresas.

A Teoria do Equilíbrio Parcial na Escola Neoclássica surgiu com Alfred Marshall, a partir da publicação da obra Princípios econômicos, de 1890. Mesmo sendo de tradição neoclássica, não manteve as exposições matemáticas. Com determinação, buscou a todo custo compreender o comportamento humano na organização econômica, embora ciente de que nem todas as variáveis poderiam ser medidas.

Com relação à defesa da participação do Estado na Economia, tivemos a presença de Arthur Cecil Pigou, a obra Riqueza e bem-estar, de sua autoria, publicada em 1920, apontava para a interferência do Estado na economia em algumas atividades, tendo na mira a geração de bens e serviços.

Observe que a economia do bem-estar sempre esteve presente em nossas preocupações, desde os clássicos. Com a crise de 1929, o arcabouço neoclássico se tornou ineficaz para explicar a realidade, e, com o surgimento da análise da economia imperfeita, outras idéias associadas ao estudo do emprego, da renda e da produção foram formuladas.

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Era o começo da fase keynesiana, que mudou totalmente a forma de compreender o comportamento econômico.

Pensamento Keynesiano

O ponto de partida do pensamento de Keynes é que o sistema capitalista tem um caráter profundamente instável. Ou seja, a operação da “mão invisível”, ao contrário do que afirmavam os economistas clássicos, não produz a harmonia no mercado. Em momentos de crises, argumenta Keynes, a intervenção do Estado pode gerar demanda, mediante os investimentos, com vistas a garantir níveis elevados de emprego.

O pensamento de Keynes comandou as bases do capitalismo mundial entre a década de 1940 e final dos anos 70. No Brasil, o pensamento keynesiano vigorou até final dos anos 80, principalmente no que diz respeito ao Estado interventor. Ou seja, a forte intervenção do Estado na economia brasileira, entre as décadas de 50 e 80, foi realizada com base teórica fundamentada no pensamento de Keynes.

A análise keynesiana veio opor-se aos postulados da Economia Clássica e Neoclássica, que tinha na Lei de Say a sua pedra angular.

Os pensadores que mais contribuíram para a concepção e divulgação dessa Lei, passada como um dos princípios inquestionáveis da Economia Política Clássica, foram os economistas Jean Say, David Ricardo e Stuart Mill.

Introdutoriamente, a Lei de Say estabelece que toda produção encontra uma demanda, ou seja, que toda a renda (lucros, juros, salários) é inteiramente gasta na compra de mercadorias e serviços, e, portanto, não pode haver um excesso de produção ou renda em relação à demanda ou às despesas efetivamente realizadas.

Observando a Lei de Say, muitos economistas deduzem que o princípio de Jean Say é válido para uma economia de produtores simples, de troca, de escambo, na qual cada família seria proprietária de seus meios de produção e trocaria apenas o excedente de bens que ela mesma produz, mas não consome. Na formulação da Lei de Say, deve-se destacar qual a atribuição que caberia ao dinheiro. Com efeito, nesta Lei, o dinheiro é visto apenas como um meio de troca, sendo gasto imediatamente. Para Say, ninguém teria interesse em conservá-lo (atribuindo-lhe reserva de valor). Para Ricardo, o fato de ninguém querer conservá-lo se deve ao fato de o dinheiro servir apenas para aquisição de bens de consumo ou bens de produção, para a criação de bens de consumo no futuro.

Os produtores ou possuidores de dinheiro não tinham interesse em mantê-lo em suas mãos mais que o necessário, dentro da filosofia de Say. Ainda conforme a Lei, seria a demanda ilimitada. O que significa isso?

Significa que sempre existirá uma demanda por um ou outro tipo de produto. Desse argumento, resulta que, ainda que ocorra excesso de produção, isso acontece apenas para certos tipos de mercadoria e em caráter temporário.

Esse argumento de que a demanda é ilimitada é essencial para os clássicos e neoclássicos, pois assegura a inexistência de um excesso de produção em relação à demanda. Ou seja, tudo o que for produzido é, naturalmente, vendido. Todo o poder de compra da sociedade é sempre utilizado. O que é poder de compra? É demanda. É procura.

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Diante do que vimos até aqui, fica entendido que toda a renda ganha é sempre gasta no processo produtivo, sinalizando a inexistência de entesouramento. Ou seja, na Lei de Say, inexiste entesouramento do dinheiro. Nenhum indivíduo, ao auferir uma renda, deixa de usá-la inteiramente. Uma parte dela é utilizada para o consumo pessoal, enquanto a outra parte é poupada.

Cuidado, aqui, poupança, deve ser dito, não significa entesouramento para a Lei de Say. A poupança será sempre utilizada. Ou o indivíduo a emprega para acumular capital ou a empresta para outro, que deve imediatamente fazer uso dela. Em resumo: tudo que é ganho deve ser gasto. E se parte não é, outra pessoao faz, recebendo o dinheiro por empréstimo.

Considerando que o volume dos meios de produção e da força de trabalho é regulado pela produção, temos que a economia tende a operar com pleno emprego de recursos (ou plena capacidade de produção).E se ocorresse excesso de capacidade produtiva (seja de força de trabalho, seja de capital), o que fazer? Nesse caso, os recursos empregados se deslocariam para outro ramo da atividade no qual existisse demanda suficiente para absorver uma produção adicional, assegurando, desta forma, uma taxa de lucro compensatória.

Os economistas adeptos da Lei de Say encaravam o desemprego como uma pequena anormalidade do sistema capitalista, que tinha a sua origem na intervenção estatal e na associação dos trabalhadores sindicais. Indicavam que também uma das causas do desemprego eram os altos salários pagos. Então, para corrigir o desemprego, os salários deveriam ser flexíveis. Baseados na Lei de Say, os gastos públicos não exerciam qualquer efeito positivo sobre a economia e, em especial, sobre o crescimento econômico. Acreditavam, sim, que os gastos do Estado poderiam ser um obstáculo para o crescimento econômico, visto que transferiam fundos de acumulação para utilizá-los em atividades improdutivas.

O pensamento de Keynes significa mais que um produto da Inglaterra vitoriana e eduardiana. É a própria negação do pensamento clássico. Ao contrário de Ricardo e Say, Keynes entendeu que, para a sobrevivência do capitalismo, era necessária uma ação efetiva do Estado na regulação das crises do capital. Keynes pode ser considerado como o retrato do indivíduo liberal de seu tempo. Detinha um caráter profundamente individualista, mas percebia os problemas sociais de sua época. É considerado o mais célebre economista do século XX, pioneiro da Macroeconomia.

As obras de Keynes mostram que suas preocupações estavam sempre ligadas a questões práticas e políticas de conjuntura. Não parecia interessado em reconstruir a teoria econômica a partir da análise do valor, mas em verificar por que as teses marginalistas, nas quais fora educado, conduziam a políticas inconsistentes.

Em 1930, escreveu Tratado sobre a moeda e, em 1936, escreveu a sua principal obra, A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda. Foi esta última que mais contestou a Teoria Marginalista, Neoclássica ou Clássica.

A Teoria Geral abalou profundamente os pressupostos do liberalismo econômico, mostrando a inexistência do princípio do equilíbrio automático na economia capitalista. Até então, nos meios marginalistas, a economia de mercado encontrava naturalmente seu equilíbrio, numa situação em que todos os que desejassem trabalhar por uma remuneração correspondente à sua produtividade poderiam fazê-lo.

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A questão da produção e do emprego foi demasiadamente avaliada por Keynes. Ele concluiu que o fator responsável pela alteração do volume de emprego é a procura de mão-de-obra, e não a sua oferta, como pensavam os neoclássicos. Logo, o desemprego é o resultado de uma demanda insuficiente de bens e serviços, e somente pode ser resolvido por meio de investimentos. O investimento, para Keynes, é o fator dinâmico na economia, capaz de assegurar o pleno emprego e influenciar a demanda.

Ao contrário da tradição clássica e neoclássica, Keynes enfatiza acentuadamente o papel do Estado na economia. Destaca que as mudanças no sistema produtivo não poderiam ocorrer sem a ação efetiva do poder público.

O grande eixo da análise de Keynes sobre a intervenção do Estado na economia é a superação da crise, no curto prazo, durante a própria crise, possibilitando o aumento dos investimentos através de uma política de aumento da demanda. O aumento das despesas em obras públicas, graças ao multiplicado, provocaria o aquecimento da economia, que se espalharia para os demais setores. Haveria, então, nova perspectiva para os investimentos privados, visto como eixo central de toda a economia.

Mas como ativar os investimentos? Sabe-se que, ativando o investimento, se promove a elevação do nível de emprego, aumentando a renda e o crescimento econômico. O Estado, nesse sentido, teria a responsabilidade de ativar o investimento e de assegurar a alocação dos recursos.

Keynes estava convencido da importância da ação do Estado na economia, e toda a ação governamental deveria estar pautada na busca de reduzir os efeitos da crise de acumulação de capitais, que, de qualquer forma, promoveria a queima de certa quantidade de capital.

Há uma procura incessante por novas alternativas ao modelo keynesiano. Os pós-keynesianos se enquadram neste grupo e estão entre os que se preocupam com o princípio da demanda efetiva, o desempenho da moeda e as expectativas do comportamento das economias. É por isso que, nessa escola, os estudos da determinação dos títulos no mercado são realizados com bastante atenção.

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EXERCÍCIOS

1. descreva o surgimento a Economia como ciência no cenário mundial?

2. Fale sobre o significado das idéias de Adam Smith para o estudo da Economia.

3. Por que o Marxismo tem sido tão pouco estudado na atualidade?

4. Qual a força da Escola Neoclássica na Economia?

5. Fale da crise de 1929.

6. Para que servem os ensinamentos de Keynes na atualidade?

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CAPÍTULO III – TEORIA DO CONSUMIDOR

A Teoria do Consumidor é a parte da microeconomia que se preocupa em estudar o comportamento do consumidor.

Objeto básico – O comportamento do consumidor individual.

Consumidor – Uma unidade de consumo ou de gasto, portadora de certo orçamento.

Hipótese básica – os indivíduos distribuem a totalidade de suas despesas de forma racional.

Forma racional – o comportamento que visa a obter o máximo de satisfação dentro das limitações de orçamento:

Calculando deliberadamenteEscolhendo conscientementeMaximizando a sua satisfação ou utilidade.

A utilidade, em seu sentido mais amplo, é caracterizada como a adequação de um bem para satisfação de uma necessidade sentida por um individuo.

A Teoria do consumidor envolve assuntos como a preferência do consumidor e curvas de indiferença.

· Comportamento do consumidor· Preferência do consumidor· Escolha do consumidor· Restrições orçamentárias· Demanda de mercado

A teoria do consumidor é sustentada por hipóteses de racionalidade e é dividida em três partes,1 - Preferências 2 - Restrições 3 – Escolhas

Preferências

Premissas básicas:1- integralidade - Todo consumidor tem a capacidade de ordenar suas preferências2- Transitividade - Existe consistência na capacidade de ordenar as preferências3- monotonicidade - Mais de um bem é melhor que menos.

Uma curva de indiferença é um gráfico de uma função que mostra combinações de bens, na quantidade que torna o consumidor indiferente. Assim, ele não tem preferência entre uma combinação contra a outra, já que cada uma provê um mesmo nível de satisfação (utilidade não muda). As curvas de indiferença são muito utilizadas para representar as preferências do consumidor. Na curva de indiferença são colocados diversos pontos onde, cada um deles, representa a quantidade de um bem frente ao outro. Em todos os pontos ao longo da curva de indiferença o consumidor não tem preferência nem por um produto e nem por outro.

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IMPORTANTE: As curvas de indiferença jamais se interceptam e nem podem estar inclinadas para cima. Elas são levemente inclinadas para a direita.

ABORDAGENS DA TEORIA DO CONSUMIDOR:

Abordagem cardinal – procura analisar o comportamento do consumidor, partindo da hipótese de que os bens tem utilidade mensurável quantitativamente. Por meio da medida quantitativa da utilidade das coisas, o consumidor escolhe as diferentes alternativas de consumo, visando à satisfação de suas necessidades.

Abordagem ordinal – sua característica fundamental está no fato de rejeitar a hipótese de mensurabilidade quantitativa da utilidade, substituindo-a pela hipótese de comparabilidade. Comparando as utilidades das coisas, o consumidor escolhe as diferentes alternativas de consumo de bens ou de combinações de bens capazes de atender suas necessidades.

A ABORDAGEM CARDINAL:

Fundamenta-se na escolha e utilização de alguns elementos ou conceitos básicos, tais como: a noção de utilidade, o problema da medida da utilidade, a noção de utilidade marginal e a lei da utilidade marginal decrescente.

Noção de utilidade:

Quando se consome algum produto, obtém-se certa satisfação. Significa a capacidade de satisfação das necessidades sentidas, inerente aos bens. É um conceito introspectivo do consumidor: reside na sua mente, sendo portanto subjetivo.

Medida da utilidade:

Supõe-se que a utilidade é uma função da quantidade que se consome de um bem.U = f(q).

A utilidade é uma função crescente da quantidade consumida, isto é, à medida que se aumenta o consumo de um determinado bem, a utilidade (ou grau de satisfação) aumenta.

U3 > U2 > U1

Utilidade Marginal de um bem:

Variação da sua utilidade total em decorrência da variação do seu consumo.A utilidade marginal é decrescente, assim:

U2 – U1 > U3 – U2

a) A utilidade total é uma função crescente da quantidade consumida;b) A utilidade total cresce a uma taxa decrescente, o que equivale a admitir que a utilidade marginal é uma função decrescente da quantidade.

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EXERCÍCIOS

1. de acordo com a teoria do consumidor, o que é :

a. Objeto básico.b. Consumidor.c. Hipótese básica.

2. De acordo com as preferências, quais são as premissas básicas?

3. Explique a abordagem cardinal.

4. Explique a abordagem ordinal.

5. Defina :

a. Noção de utilidade.b. Medida da utilidade.c. Utilidade Marginal de um bem.

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CAPÍTULO IV – TEORIA DO FUNCIONAMENTO DO MERCADO

Funcionamento do mercado

Distinção entre Microeconomia e Macroeconomia

Microeconomia

É o ramo da Ciência Econômica voltado ao estudo do comportamento das unidades de consumo representadas pelos indivíduos e/ou famílias (estas, desde que caracterizadas por um orçamento único); ao estudo das empresas, suas respectivas produções e custos e ao estudo da produção e preços dos diversos bens, serviços e fatores produtivos.

A Microeconomia, ao estabelecer princípios gerais, revela-se muito mais abstrata do que a macroeconomia, a qual se encontra voltada ao exame de questões e medidas peculiares a um dado lugar e instante de tempo. A Microeconomia elabora instrumentais de análise que se aplicam a situações distintas. O mesmo instrumental de oferta e demanda serve para analisar os mercados de carne bovina, soja, milho, peixe, etc. Já o instrumental macroeconômico sofre algumas modificações, dependendo do local e do tempo.

A Microeconomia apresenta uma visão microscópica dos fenômenos econômicos, e a Macroeconomia uma ótica telescópica. Tomando como exemplo o estudo de uma floresta, a Microeconomia estudaria as espécies vegetais que a compõem, até chegar ao todo; enquanto a macroeconomia partiria da floresta como um todo não se preocupando em distinguir seus elementos. Por isso, a Microeconomia se preocupa com o preço e a quantidade ofertada e demandada de arroz, feijão, soja, milho, etc.; enquanto a Macroeconomia se preocupa com o nível do produto nacional e do índice geral de preços. Se do agregado (conjunto de famílias ou de firmas, ou total do consumo, ou da renda, ...) pudesse ser extraído, ao acaso, um elemento como representativo do padrão de comportamento dos demais, ter-se-ia a área de atuação da Microeconomia; caso contrário, se não houvesse a possibilidade de isolar um elemento do grupo de modo tal que refletisse o padrão de comportamento dos demais, adentrar-se-ia ao campo da Macroeconomia.

Macroeconomia

É o ramo da Ciência Econômica que estuda os agregados econômicos (como a produção, o consumo, o investimento, a renda da população como um todo), seus comportamentos e as relações que guardam entre si.

A Macroeconomia, no máximo, aborda os níveis absolutos dos preços, enquanto a Microeconomia tem grande preocupação com os preços relativos (ou seja, como os preços de alguns bens variam em relação aos demais). Efetivamente, a Microeconomia é igualmente conhecida como por teoria dos preços, pois procura evidenciar a formação dos preços dos bens e serviços, assim como dos recursos produtivos.

Teoria da demanda

Procura ou demanda individual

É a quantidade de um determinado bem ou serviço que o consumidor deseja adquirir num determinado período de tempo a cada nível de preço.

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Neste conceito devemos destacar dois elementos:

• A demanda é um desejo de adquirir, é uma aspiração, um plano e não sua realização. A demanda não deve ser confundida com a compra. A demanda é um desejo de aquisição, enquanto a compra é um ato concretizado de aquisição.

• A demanda é um fluxo por unidade de tempo.

Temos que a demanda individual de um bem X (Dx) depende:

• do seu preço (Px);• dos preços dos bens substitutos (Pi);• dos preços dos bens complementares (Pj);• da renda do consumidor (R);• de suas preferências ou gostos (G).

Matematicamente :

Dx = f ( Px , Pi , Pj , R, G)

EXERCÍCIOS

1. Defina :

a. Microeconomia b. Macroeconomia c. Procura ou demanda individual

2. Como podemos diferenciar a Microeconomia da Macroeconomia?

3. Como podemos definir demanda?

4. Explique a fórmula matemática da demanda, Dx = f ( Px , Pi , Pj , R, G).

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CAPÍTULO V – TEORIA DA FIRMA

TEORIA DA FIRMA

A Teoria da Firma é a parte da microeconomia que se preocupa em estudar o comportamento da firma. A Teoria da Firma abrange a Teoria da Produção, a Teoria dos Custos e a Análise dos Rendimentos da Firma.

Teoria da Produção

A importância do estudo da Teoria da Produção reside no fato de que:

• Seus princípios gerais proporcionam as bases para a análise dos custos e da oferta dos bens produzidos; e

• Seus princípios, também, se constituem peças fundamentais para a análise dos preços e do emprego dos fatores de produção, bem como da alocação desses fatores entre os diversos usos alternativos na economia.

Conceitos básicos da Teoria da Produção

a) Empresa ou Firma - é uma unidade técnica que produz bens e/ou serviços de forma racional, procurando maximizar seus resultados relativos a produção e o lucro. Esse conceito abrange um empreendimento de modo geral, que inclui as atividades industriais e agrícolas, as atividades profissionais, técnicas e de serviços.

b) Fator de Produção - são bens ou serviços transformáveis em produção, e se dividem em:

• fatores de produção primários - são os fatores naturais, que existem independentemente da ocorrência de um processo produtivo anterior. Exemplo de fator de produção primário é a terra; e

• fatores de produção secundários - são aqueles que necessitam de um processo produtivo anterior para criá-los. Exemplo de um fator de produção secundário são as máquinas;

c) Produção: é a transformação dos fatores adquiridos pela empresa em produtos.

d) Função de Produção: é a relação que mostra qual a quantidade máxima obtida do produto a partir da quantidade utilizada dos fatores de produção.

e) Processo de Produção: é a técnica por meio da qual um ou mais produtos vão ser obtidos a partir da utilização de determinadas quantidades de fatores de produção.

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A função de produção

A função de produção pode ser representada por: q = f(x1, x2, ..., xn)

Onde:

q = quantidade máxima produzida do bem, sendo q > 0 ex1 , x2, ..., xn são as quantidades utilizadas dos diversos fatores de produção, sendo xi > 0 (i = 1, 2, ..., n).

A função f pode assumir várias formas. Considerando um exemplo linear de uma função de produção temos: q = co + c1 x1 + c2 x2 + ... + cn xn

Muitas vezes os fatores de produção são agrupados em capital (K) e trabalho (L). Assim, a função de produção fica sendo: q = f(K, L)

A análise da teoria da produção no curto e no longo prazo

Em qualquer expressão de função de produção podemos considerar duas situações:

• Curto prazo: situação onde temos um ou mais fatores de produção variáveis, mas pelo menos um fator é fixo.

• Longo prazo: situação onde todos os fatores de produção são variáveis.

Lei dos Rendimentos Decrescentes

Essa Lei, também conhecida como Lei das Proporções Variáveis ou Lei da Produtividade Marginal Decrescente descreve o comportamento da taxa de variação da produção quando é possível variar apenas um dos fatores, permanecendo constante os demais:

"se aumentarmos a quantidade de um fator variável, permanecendo a quantidade dos demais fatores fixa, a produção, inicialmente, aumentará a taxas crescentes. Depois de certa quantidade utilizada do fator variável, a produção passaria a aumentar a taxas decrescentes. Depois de certo limite de uso do fator variável, continuando o incremento da utilização desse fator, a produção decrescerá".

Três pontos devem ser ressaltados na Lei dos Rendimentos Decrescentes:

a) só ocorre quando temos apenas um fator variável e todos os demais fixos;

b) ocorre devido a uma alteração nas proporções da combinação entre os fatores e

c) foi considerada por Ricardo como válida para a agricultura e generalizada pelos Neoclássicos para toda a economia.

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Rendimentos de escala

Trata-se de um conceito que se define apenas na análise de longo prazo, quando se supõe que todos os fatores de produção sejam variáveis.

Dado um nível de tecnologia, denomina-se de rendimentos de escala à variação do produto final devido à variação da utilização dos fatores de produção.

Temos três tipos de rendimentos de escala:

1. Rendimentos crescentes de escala ou economias de escala: ocorrem quando a variação na quantidade do produto total é mais que proporcional à variação utilizada dos fatores de produção. Por exemplo, aumentando-se a utilização dos fatores em 20%, o produto cresce 30%. Entre as causas geradoras dos rendimentos crescentes de escala temos a influência das relações dimensionais e a indivisibilidade dos fatores de produção.

2. Rendimentos constantes de escala: ocorrem quando a variação do produto total é proporcional à variação da quantidade utilizada dos fatores de produção. Por exemplo, aumentando em 20% a utilização dos fatores, o produto também cresce de 20%.

3. Rendimentos decrescentes de escala ou deseconomias de escala: ocorrem quando a variação do produto é menos do que proporcional à variação na utilização dos fatores. Por exemplo, aumentando a utilização dos fatores em 20%, o produto cresce 10%.

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EXERCÍCIOS

1. O que abrange a Teoria da Firma ?

2. Qual a importância do estudo da Teoria da Produção?

3. Cite os Conceitos básicos da Teoria da Produção.

4. Explique cada um deles.

5. Como a função de produção pode ser representada? Explique todas as formas.

6. O que é Lei dos Rendimentos Decrescentes?

7. O que são Rendimentos de escala?

8. Quais os tipos de rendimentos de escala temos em economia?

9. Explique cada um deles.

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CAPÍTULO VI – ESTRUTURAS DE MERCADO

Estruturas básicas do mercado

Definição de mercado

Mercado é um conjunto de pontos de contados voluntários entre vendedores e potenciais compradores de um bem ou serviço, que mediante condições contratuais de compra e venda concretizam os negócios.

Aspectos implícitos no conceito de mercado:

• O contexto comporta qualquer tipo de intercâmbio: trocas diretas (negociações diretas entre os vendedores em qualquer lugar) e trocas indiretas (negociações através de bolsas de mercadorias, bolsas de cereais ou em instituições congêneres). Assim, a definição de mercado é caracterizada pela idéia de espaço econômico, ou seja, não está circunscrita a uma região determinada.

• Negociações são voluntárias e o sistema de preços funciona como denominador comum nas trocas.

• Desnecessidade da presença explícita das partes envolvidas no processo. Essa possibilidade é possível pelo desenvolvimento de redes internacionais de telecomunicação em tempo real e padronização de produtos (commodities). Assim, os mercados se desenvolvem em termos locais, regionais, nacionais einternacionais.

• Diferentes estágios no processo de transação: atacado e varejo.

Determinantes das estruturas de mercados

São dois os elementos que determinam as estruturas mercadológicas nas quais acontece a atuação da firmas: a quantidade de agentes e a natureza do produto final ou serviço ou do fator de produção.

1. A quantidade de agentes:pela forma de atuação e não pela quantidade dos agentes. O comportamento dos agentes diz respeito à existência ou não de reações entre eles quando as decisões particulares entrarem em cena. Podem surgir duas possibilidades:

• Mercados atomizados, presença de grande quantidade de agentes em que as decisões individuais dos agentes não influenciam a decisões dos demais agentes concorrentes. Os indivíduos atuam como tomadores de preços e, isoladamente, jamais pressionarão o preço que vier a ser ditado pelo mercado. Essa situação ocorre nos mercados concorrenciais.

• Mercado não atomizado, onde existem poucos agentes (mercados não concorrenciais) e a decisão de qualquer um deles terá influência sobre as decisões dos demais. Neste mercado aos agentes conseguem, em certas circunstâncias, ditar preços.

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2. A natureza do produto final ou serviço ou do fator de produção: neste caso os mercados também podem ser classificados em duas categorias:

• Mercados puros, quando os produtos são homogêneos, portanto, substitutos perfeitos. Exemplos: água mineral sem gás, flores, cimento e commodities.

• Mercados imperfeitos, quando os produtos não são homogêneos quanto à origem, condições de comercialização e qualidade, e não são bons substitutos (perfeitos ou homogêneos).

A diferenciação do produto final, serviços ou fator de produção ocorre quando existir manifesta preferência do agente por um deles em detrimento dos demais, embora todos possam, em princípio, atender a mesma finalidade. E, pode se identificada pelos atributos técnicos, físicos e/ou intrínsecos; imagem transmitida e características dos agentes:

• atributos técnicos, físicos e/ou intrínsecos: resultam, entre outras especificidades, da forma (configuração), estilos, durabilidade, cor, qualidade, tipo de embalagem, condições de uso, denominações não similares, disponibilidade e tecnologia incorporada;

• imagem transmitida: masculinidade, feminilidade, marca (etiqueta), prestígio, posição social (status) exemplificam essa situação;

• características dos agentes: compreendem, entre diversas possibilidades, localização geográfica, políticas de transação (preço e crédito), condições de higiene/limpeza do local da negociação, comportamento e/ou modo de atuação de prepostos (até de empregados) como boas maneiras no relacionamento, prestação de assistência técnica pós-vendas e disponibilidade para a realização/execução de serviços.

Estruturas clássicas básicas de mercado

As estruturas básicas de mercados são divididas em: concorrência perfeita, monopólio, concorrência monopolista, oligopólio, monopsônio e monopólio bilateral.

Concorrência perfeita

Como todas as formulações microeconômicas, a estrutura de mercado caracterizada por concorrência perfeita é uma formulação irreal (ou seja, uma concepção ideal), porque os mercados altamente concorrenciais não existem, na realidade são apenas aproximações desse modelo. Não obstante, é útil como aproximação para descrever o funcionamento econômico de muitas realidades complexas.

Hipóteses do modelo de concorrência perfeita

Dizemos que um mercado apresenta uma estrutura em concorrência perfeita quando:

1) Existe um grande número de produtores (também chamados de vendedores).2) Cada um dos produtores é pequeno em relação à dimensão do mercado.3) Os produtos elaborados são homogêneos, sendo substitutos perfeitos entre si.4) Existe um grande número de compradores, sendo que cada um deles é pequeno em relação à dimensão do mercado.

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5) Existe completa informação e conhecimento sobre o preço do produto por parte dos produtores e dos consumidores.6) Não existe habilidade das firmas para influenciar a procura de mercado através de mecanismos extra-preços, como propaganda, melhoria de qualidade, mecanismos de comercialização, etc.7) A entrada e a saída de firmas no mercado são livres.

Exemplos de mercados com estruturas próximas da concorrência perfeita são os produtores de hortaliças e os vendedores de picolé numa área de lazer.

A empresa em regime de concorrência perfeita só fixa a quantidade a ser vendida, pois o preço está fixado pelo mercado (é uma variável exógena). Assim, se o preço fixado pelo mercado for de p reais por unidade do produto, a firma sempre receberá sempre p reais por unidade adicional que vender. Então, a receita marginal (RMa) será de p reais, o mesmo acontecendo com a receita média (RMe).

Se a firma ofertar o produto a um preço abaixo do preço dos concorrentes, a firma venderá toda a sua produção e não afetará o preço de equilíbrio de mercado. E se ofertar o seu produto acima do preço de mercado, nada venderá.

Monopólio

Uma estrutura de mercado é caracterizada como sendo de monopólio quando temos as seguintes condições:

1) o setor (ou mercado) produtor é constituído por uma única firma;2) a firma em questão elabora um produto para o qual não existe substituto próximo;3) existe concorrência entre os consumidores; e4) a firma procura estabelecer mecanismos que garantam o monopólio do mercado.

Exemplos de monopólios são os serviços de telefonia, águas e esgotos e energia elétrica em uma cidade. Esse tipo de monopólio é estabelecido por concessão do setor público.

Observe que em uma estrutura de mercado em concorrência perfeita temos um grande número de firmas elaborando um bem homogêneo. No monopólio temos apenas uma firma. A firma em concorrência perfeita controla apenas a quantidade produzida, enquanto a firma em monopólio controla a produção ou o preço.

O equilíbrio da firma monopolista no curto-prazo

Consideramos que a firma monopolista não exerce qualquer influência nos preços dos fatores de produção, ou seja, a firma monopolista obtém os fatores de produção no mercado de concorrência perfeita e vende o seu produto num mercado com estrutura de monopólio.

Na estrutura de mercado monopolista, a firma e única de maneira que a entrada de novas firmas alteraria a estrutura do mercado. Em consequência, o monopólio somente se mantém se a firma conseguir impedir a entrada de outras firmas no mercado. Diversos fatores podem concorrer para a manutenção do monopólio, representando barreiras ao acesso de novas firmas, dentre as quais destacamos:

a) a dimensão reduzida do mercado;b) a existência de patentes, o que impede a produção de um dado produto por firmas concorrentes;

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c) a proteção oferecida por leis governamentais; ed) o controle das fontes de suprimento de matérias-primas para a produção de seu produto.

Em razão dessas vantagens, o monopólio pode apresentar lucro maior que outros setores. Nesse sentido, é interessante distinguir lucro normal e lucro extraordinário:

• lucro normal: inclui a remuneração do empresário e o seu custo de oportunidade;• lucro extraordinário: situação do monopólio que permite ao monopolista auferir um lucro acima

do lucro normal.

Contudo, é pouco provável que um monopólio se perpetue no longo prazo: as patentes tornam-se obsoletas; novos produtos, e mais refinados, são desenvolvidos por outras firmas; matérias-primas substitutas tornam-se disponíveis, entre outros fatores. A manutenção do monopólio somente e mais factível quando o mercado é garantido por meio de leis governamentais.

Se o mercado de uma firma for reduzido, é provável que ele permaneça no regime de monopólio, mesmo auferindo lucros vantajosos. Se outra firma entrar no mercado, o preço do produto poderá tornar-se tão baixo que as duas sofrerão prejuízo. Adicionalmente, no longo prazo, o desenvolvimento tecnológico da origem à produção de novos métodos e técnicas que determinam o surgimento de novos produtos, de melhor qualidade e substitutos daqueles bens anteriormente monopolizados. Existem, entretanto, alguns instrumentos que podem exercer certo controle sobre o poder do monopólio, por exemplo, a regulamentação do preço do produto e a imposição fiscal.

Tipos de monopólio

Existem monopólios com única planta industrial e monopólios com unidades fabris distintas (plantas múltiplas), bem como monopólios com preço único ou sem discriminação de preço (aplicável aos monopólios naturais) e monopólios com preços diversos em um mesmo instante de tempo, como por exemplo:

• Preços de ingressos em estádios e casas de espetáculos;• Tarifas de energia diferenciada por tipo de destino (residencial, comercial e industrial); e• Tarifa telefônica diferenciada por horário.

A discriminação de preços em monopólio acarreta a presença de situações distintas classificadas em três graus:

_ discriminação de preços de 1º grau (perfeita): quando o número de usuários é pequeno e o monopolista estabelece preço diferenciado para cada um deles, como no caso de cirurgias altamente especializadas e lances de leilão;

_ discriminação de preços de 2º grau: quando os preços variam de acordo com o volume de utilização do bem. Por exemplo, tarifa de serviços gráficos com os valores unitários por cópia decrescentes conforme lotes; e

_ discriminação de preços de 3º grau: o mercado é segmentado adotando-se como parâmetro as características da elasticidade-preço da procura para os diversos grupos de usuários e/ou patentes do bem. Os preços mais elevados são estabelecidos para os grupos em que essa elasticidade seja menor e vice-versa. Ex.:preços de ingressos em estádios e teatros e viagens internacionais.

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Vantagens e desvantagens do monopólio

Vantagem - tem-se que a produção em larga escala reduz custos, que se repassados aos consumidores beneficiará a coletividade;

Desvantagens - pelo menos três colocações desabonariam a figura do monopólio:

• Possibilidade de ineficiência da firma monopolista e até falta de estímulo para melhoria dos métodos produtivos;

• Limitação imposta aos consumidores quanto às oportunidades de compra e escolha;• Preços abusivos eventualmente fixados ao consumidor que, em consequência, traduziriam-se

como lucros elevados ao monopolista.

Concorrência monopolística

Um mercado (ou setor ou indústria) possui uma estrutura caracterizada por concorrência monopolística desde que:

1) Existe um número elevado de firmas.2) Cada uma das firmas é pequena em relação ao tamanho do mercado.3) As firmas produzem bens diferenciados, mas que são substitutos próximos entre si.4) Existe um grande número de compradores, que são pequenos, individualmente, em relação ao tamanho do mercado.5) As firmas elaboram esquemas para garantir preferência dos consumidores.6) Existe livre entrada e saída de firmas do mercado.

Exemplos de mercado em concorrência imperfeita são os vendedores de diferentes marcas de cigarros, de sabonete, de refrigerantes, de roupas e as mercearias em uma cidade.

Nessa estrutura, cada firma tem determinado poder sobre a fixação de preços, ou seja, a curva de demanda com a qual se defronta é negativamente inclinada, apesar de ser pouco inclinada (bastante elástica), pois a existência de substitutos próximos permite aos consumidores alternativas para fugirem de aumentos de preços.

A diferenciação de produtos pode ocorrer por características físicas (composição química, potência, etc.), pela embalagem, ou pelo esquema de promoção das vendas (propaganda, atendimento, fornecimento de brindes, manutenção, entre outros).

Como não existem barreiras à entrada de firmas, no longo prazo há uma tendência para a existência de lucros normais (RT = CT), sem lucros extraordinários.

Oligopólio

Caracteriza-se por:

1) Existência de um número pequeno de produtores (também chamados de vendedores) fabricando que são substitutos próximos entre si, com elevada elasticidade cruzada.2) Alguns produtores detêm parcela elevada da produção; que em alguns casos lhes permite exercer uma liderança na fixação de preço no mercado.3) As decisões das empresas quanto à produção e preço são interligadas. Se uma empresa rebaixar o preço

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de seu produto para aumentar sua fatia do mercado, será acompanhada pelas demais empresas. Se uma empresa produzir acima de sua fatia de mercado, terá que carregar estoques.4) As empresas procuram manter o seu oligopólio através de diferenciação de produtos, acordos com revendedores, propaganda, etc.5) Não existe livre entrada e saída do mercado. As barreiras à entrada podem ser tecnológicas, ou o alto valor do capital necessário à produção, entre outras razões.

São exemplos de oligopólios a indústria de automóveis, a indústria de tratores, a indústria de medicamentos veterinários, serviços de transporte aéreo e rodoviário, setores químicos e siderúrgico e outros.

Existem muitos modelos de oligopólios. Os primeiros modelos consideravam que a firma desejava maximizar a massa de lucros (modelos clássicos de oligopólios); e, a partir da década de 30, foram desenvolvidos modelos onde o preço é fixado por um mark-up sobre o custo variável médio. A firma fixa esse mark-up de modo a obter a maior taxa de lucro possível.

Monopsônio e Oligopsônio

No mercado monopsônio existe um único comprador e muitos vendedores. A empresa compradora impõe um preço de compra do produto ou serviço. Esse preço pode ser ficado de acordo com os interesses da firma. Se desejar aumentar a oferta do produto ou serviço a empresa compradora eleva o preço de compra.

Exemplos de mercado caracterizado por monopsônio é a presença de uma grande usina siderúrgica numa cidade, sendo ela a única empregadora de mão-de-obra; ou a Petrobrás na compra de álcool anidro e hidratado dos produtores; ou uma grande indústria esmagadora de laranja em uma região onde existem muitos pequenos produtores de laranja não organizados em associações ou cooperativas.

No mercado oligopsônio existem poucos compradores (sendo que alguns detêm parcela elevada do mercado) e muitos vendedores. Os compradores conseguem impor um preço de compra dos produtos aos produtores. Tal preço de compra não deve desestimular os produtores, mas não é de magnitude que compense os compradores a executarem ele próprios a produção.

Exemplo: caso da relação entre a Sadia, Chapecó e Perdigão com os produtores de frango em Santa Catarina.

Monopólio bilateral

Existe apenas um produtor (um monopolista) e um consumidor (um monopsonista). O preço e a quantidade transacionada são feitos por acordo, pois o monopolista deseja vender dada quantidade de produto por um preço, e o monopsonista deseja obter a mesma quantidade por um preço diferente daquele pretendido pelo monopolista. Inicialmente acordam a quantidade a ser transacionada, com o monopolista fixando o preço mínimo a aceitar P1 e o monopsonista o preço máximo a pagar P2. O preço é estabelecido por acordo, respeitando o limite mínimo de P1 e o limite máximo de P2.

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EXERCÍCIOS

1. O que são estruturas de mercados?

2. Como estão divididas as estruturas básicas de mercados?

3. Como o monopolista determina o ponto de lucro máximo?

4. Que fatores propiciam a existências de monopólios?

5. Quais as hipóteses da concorrência perfeita?

6. Que outras estruturas clássicas você conhece? Descreva as resumidamente.

7. Que modelos de oligopólios são mais conhecidos?

8. Cite exemplos de estruturas de mercado observadas na economia brasileira semelhantes as observadasno texto.

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CAPÍTULO VII – ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL

Introdução

Uma compreensão lógica e útil a respeito do modo de operação das firmas e indústrias no mundo em que vivemos é o objetivo precípuo da Economia Industrial ou Organização Industrial (OI). Trata-se de matéria que ganha corpo não apenas pela curiosidade e interesse teóricos que suscita, mas primordialmente em função da necessidade prática de obtenção de subsídios analíticos à formulação e avaliação das políticas públicas de fiscalização, regulação e ordenação dos fenômenos de mercado. Se não existissem estas demandas práticas específicas, com efeito, seria difícil imaginar que a Economia Industrial teria se desenvolvido aos contornos e feições atuais.

O interesse científico sobre o comportamento e o desempenho das firmas e indústrias tornou-se mais efetivo a partir de meados do século XVIII, com os avanços tecnológicos e as repercussões sociais que marcaram a primeira Revolução Industrial. As invenções setecentistas das máquinas a vapor e dos teares automáticos antecipam um século XIX repleto de inovações tecnológicas, entre as quais merecem destaque a energia elétrica, os pneus de borracha, o concreto, o telégrafo, a dinamite, o telefone e dos motores a diesel.

Ocorrendo numa sequencia alucinante para os padrões técnicos da época, tais inventos propiciaram e estimularam um forte movimento de urbanização e concentração das atividades econômicas, exigindo o desenvolvimento de métodos de organização dos recursos compatíveis que, em larga medida, ainda deixam traços sobre as firmas e indústrias hoje observadas.

A própria Economia ganhará status científico a partir do século XVIII, e na magnífica discussão sobre a Natureza e Causas da Riqueza das Nações (1776), por Adam Smith, encontra-se tanto uma sólida argumentação sobre a operação dos mercados quanto as sementes da moderna Teoria da Organização Industrial.

Se a experiência revelou certa ingenuidade na crença do pai da Economia a respeito da suficiência da “mão invisível” dos mercados na coordenação e organização das atividades econômicas, os referenciais encontrados na Riqueza das Nações permanecem fundamentais na análise teórica e prática dos mercadose comportamento de seus participantes .

Alfred Marshall, tentando evitar argumentos de natureza político-filosófica recorrentes nos trabalhos de Smith, reservou em seus Princípios de Economia (1920) dilatado espaço à análise da Organização Industrial. Com sua peculiar objetividade e pragmatismo, Marshall tratou com maior detalhe as questões da eficiência produtiva, das tecnologias, da localização fabril e dos investimentos produtivos, antecipando importantes aspectos da base temática com a qual posteriormente se ocuparia a moderna Teoria da Firma e, em especial, a Organização Industrial.

O Objetos da OI

Referiu-se até o momento às firmas, indústrias e mercados sem maior detalhamento sobre estes conceitos essenciais à OI. A terminologia empregada na OI não difere daquela encontrada na Microeconomia ou Teoria dos Preços, e, de forma geral, na teoria econômica moderna. Existem, entretanto, discrepâncias significativas entre o vocabulário econômico e aquele usado na vida cotidiana, no linguajar comum.

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Os mercados são o ambiente em que atuam as firmas, quer como demandantes quer como ofertantes. Ainda que nas aplicações práticas haja a necessidade de delimitar rigorosamente estes mercados em relação aos produtos ou serviços envolvidos, à sua dimensão geográfica e à dimensão temporal, para um primeiro contato será conveniente empregar uma conceituação mais geral. Assim, os mercados podem ser entendidos como as interações entre agentes econômicos ofertantes e demandantes que visam realizar, de forma voluntária, trocas mutuamente benéficas.

Esta definição é suficientemente ampla para englobar tanto o mercado de sorvetes na região metropolitana do Rio de Janeiro, quanto o mercado mundial de petróleo ou o exótico mercado de pulgas em Londres.

Os mercados específicos surgem, existem e desaparecem de acordo com as necessidades e possibilidades percebidas pelos indivíduos em sociedade no decorrer do tempo. São, na verdade, criações ou invenções humanas voltadas ao atendimento de determinadas finalidades e, neste sentido, tecnologias desenvolvidas pelos homens em sociedade. Efetivamente, basta a existência de dois indivíduos para se ter um mercado.

Quando dois ou mais indivíduos identificam a possibilidade de realizar trocas que interessem a ambos e conseguem operacionalizá-las, criam um mercado. Parece claro que tais possibilidades de realização de trocas mutuamente benéficas se ampliam substancialmente quando o número de indivíduos e tipos de bens e serviços disponíveis aumentam.

Os limites e conformações de um mercado encontram-se em parte na engenhosidade humana na produção destas mercadorias e operacionalização das trocas, em parte nas limitações que a natureza e as instituições sociais colocam aos agentes nelas envolvidos.

Uma parcela importante da Organização Industrial se ocupará da tentativa de sistematizar regularidades relativas às diferentes estruturas de mercado observadas no mundo real. Nestes esforços pragmáticos, não obstante, referências teóricas ideais e bastante estilizadas permanecerão úteis.

Efetivamente, os estudos em OI não perdem os referenciais das estruturas de concorrência perfeita e monopólio, bastante exploradas pela Microeconomia, mas costumam deslocar o foco prioritário de análise para as estruturas de concorrência monopolística e, em especial, dos oligopólios.

Assim, os argumentos aplicam-se, em tese, a todo e qualquer esforço humano organizado formal ou informalmente para a produção de manufaturas, produtos agrícolas, insumos ou serviços dos mais diversos tipos.

Firmas e mercados não são entidades vivas, capazes de realizar escolhas ou ações. Firma e mercado são conceitos melhor entendidos como tecnologias, formas de organização de recursos e de interação social, respectivamente, que pouco significam quando dissociadas dos indivíduos que as criaram e utilizam cotidianamente.

As firmas e os agentes que as fazem operar atuam tanto como ofertantes quanto como demandantes nos mercados. Para se comercializar refrigerantes carbonatados (as “colas”), por exemplo, uma ampla gama de atividades está envolvida, englobando a coleta e tratamento da água, a produção de insumos básicos do xarope da bebida, a manufatura e embalagem, também necessárias atividades de distribuição, propaganda e marketing. Em tese, todas estas atividades poderiam ser realizadas por uma única firma que, se não tivesse rivais ou auxiliares, representaria sozinha a indústria de refrigerantes carbonatados. Este tipo de integração completa da produção, entretanto, é raro.

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Um tópico fundamental na OI consiste da compreensão dos limites e tamanho das firmas individuais, o que implica entender os motivos pelos quais a integração completa e os monopólios são pouco usuais. Normalmente, existem várias firmas diferentes envolvidas no processo de produção de cada bem ou serviço, quer enquanto fornecedores ou distribuidores, quer como concorrentes. Ao conjunto de firmas envolvidas proximamente na produção de um bem ou serviço denomina-se “indústria”.

Note-se que esta acepção técnica do termo “indústria” não guarda relação com a noção vulgar de “empresa que produz manufaturas ou bens processados industrialmente”. Na OI estudam-se as indústrias manufatureiras, agropecuárias, extrativistas e de serviços. Desta forma, qualquer bem ou serviço, independente de sua qualidade ou forma, é produzido por um conjunto de firmas proximamente relacionadas (concorrentes, fornecedores, distribuidores) que se denomina tecnicamente “indústria”, sendo excepcional a situação em que existe apenas uma firma na indústria.

A Metodologia Predominante

A Economia desponta entre as ciências sociais pelo poder que tem mostrado na elaboração de explicações teóricas objetivas e úteis aos fenômenos que estuda. Trata-se de teorias que procuram analisar os fenômenos econômicos segundo rígidos critérios metodológicos, especialmente importante o cuidado na manutenção de um estrito rigor lógico na argumentação, assim como o permanente contraste das idéias teóricas à realidade empírica na construção e aperfeiçoamento dos argumentos desenvolvidos.

Nos padrões da abordagem predominante, a Economia pode ser definida como a ciência que estuda a maneira pela qual os indivíduos em uma sociedade particular resolvem seus problemas de alocação de meios escassos a fins alternativos ou, em outros termos, solucionam seus problemas econômicos.

A escassez de meios corresponde à limitação de recursos que se coloca aos indivíduos que coexistem em sociedade. De forma genérica, entende-se por “recurso” todo e qualquer fator de produção conhecido, ou seja, a totalidade das fontes capazes de produzir ou auxiliar na produção de bens e serviços destinados à satisfação de necessidades humanas. Exemplos de recursos produtivos humanos são a força “bruta” de trabalho e as habilidades cognitiva e intelectual das pessoas. Recursos não humanos seriam, também em ilustração, as máquinas e equipamentos, os insumos produtivos materiais, o estoque de conhecimento disponível nos livros e as tecnologias. Para que exista um problema econômico é essencial que algum ou diversos destes fatores de produção apareçam finitos ou limitados, no sentido de estarem disponíveis em quantidades menores do que as suficientes à satisfação simultânea de todos os desejos humanos manifestados na convivência social.

A multiplicidade de desejos ou finalidades a serem supridos a partir dos estoques limitados de recursos é outra característica fundamental de um problema econômico. Não basta a escassez para que exista um problema que interesse à Economia, é necessário também que se estabeleça uma situação em que seja preciso escolher entre mais de uma finalidade a ser satisfeita com os recursos limitados. Os problemas econômicos consistem de escolhas de alocação de meios escassos a fins alternativos.

Parece evidente que parcela substancial das escolhas humanas pode ser analisada através das lentes da Economia. Embora tipicamente econômicas, as escolhas que envolvem trocas de recursos em mercados ou aquelas associadas às transações monetárias representam apenas uma pequena fração dos problemas econômicos que se colocam aos indivíduos. Na verdade, talvez o recurso mais escasso a um ser humano não seja financeiro ou passível de ser adquirido em mercados: o tempo de vida. O tempo humano, este recurso sempre finito, precisa ser dividido entre diversos usos, entre eles, trabalhar, descansar, consumir, ir à igreja ou ir à escola. A Economia dos modelos de escolha racional (MER) acredita que, ao estudar este manual, por exemplo, o

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leitor (indivíduo, a gente econômico) esteja deixando de alocar seu tempo a outras finalidades possíveis, realizando uma escolha que tem alguma razão de ser.

Diante da vastidão de problemas potencialmente abertos à exploração da ciência econômica, não é possível menosprezar a importância dos rígidos critérios metodológicos, consolidados no bojo do mainstream acadêmico, para a construção do edifício teórico da Economia. Para que sejam amplamente aceitos e disseminados entre os economistas da corrente predominante, os modelos e teorias desenvolvidos precisam se mostrar logicamente robustos e preferencialmente sujeitos à avaliação empírica das conclusões que ensejam. A satisfação de ambos os referidos quesitos, a seu turno, costuma ser bastante facilitada pela formulação de raciocínios baseados na metodologia dos modelos de escolha racional.

Identifica-se um modelo de escolha racional (MER) através do respeito a dois axiomas fundamentais, a saber, o Axioma do Individualismo Metodológico (AIM) e o Axioma da Maximização da Utilidade (AMU). Lembrando que o termo “axioma” é usado para representar “verdades” que não se deseja questionar ou por em dúvida, o AIM e o AMU representam os pilares metodológicos sobre os quais se estruturam argumentos de escolha racional.

A tentativa de fragilizar um argumento de escolha racional pelo ataque a seus axiomas básicos é inócua e representa mero desperdício de tempo e esforço. Isto porque não existe a preocupação ou a possibilidade de comprovar a veracidade de axiomas, eles são proposições lógicas cuja avaliação de conveniência (não de validade) apenas ocorre a posteriori, quando argumentos lógicos completos que neles se estruturam são construídos e submetidos ao teste empírico e à comparação com explicações alternativas. Para se ter uma idéia mais concreta a respeito do assunto, recorde-se dos famosos axiomas euclidianos que garantem (indiscutivelmente) a existência do ponto e da reta. Ambos os axiomas a partir dos quais Euclides desenvolveu sua geometria analítica não podem ter sua validade checada no plano empírico. Com efeito o ponto ou a reta não são observáveis na realidade física, existem apenas enquanto idéias, neste caso simples e geniais, que podem ter sua conveniência avaliada pela direta observação dos desenvolvimentos práticos e científicos que propiciaram.

Com o AIM, estabelece-se uma restrição de método fundamental ao desenvolvimento de raciocínios econômicos. Na argumentação dos MER, apenas os indivíduos têm a capacidade de escolher ou agir. O AIM fixa o indivíduo, ser humano observável na realidade, como unidade básica de análise em Economia.Há aqui nítida separação entre as abordagens individualista e coletivista aos fenômenos econômicos. Com efeito, se apenas os indivíduos têm a faculdade de escolher, não faria sentido propor em um MER que uma “classe” capitalista ou trabalhadora, assim como um “Estado”, pudesse ter capacidade de arbítrio e ação. Ao excluir a possibilidade de que entes não humanos (metafísicos) escolham ou ajam, a metodologia dos MER viabiliza o teste empírico dos raciocínios que desenvolve, ao mesmo tempo em que dificulta bastante seu uso apenas ideológico, com finalidades não científicas.

Depois de assimilado o AIM em sua importância e nas restrições que impõe à argumentação científica, não há maiores problemas em fazer pequenas concessões linguísticas, por exemplo, permitindo-se dizer que a “firma” escolhe quanto produzir, ou em que local será instalada. É óbvio que, em um texto que assume explicitamente a adesão ao AIM, a metáfora da “escolha da firma” ou do “Estado” serve apenas como uma forma sintética de expressar a idéia de que os indivíduos responsáveis pela decisão no âmbito da firma ou do Estado realizam determinadas escolhas.

Pelo AMU se quer garantir, também sem quaisquer questionamentos, a existência de alguma lógica para as escolhas individuais. Este segundo axioma indica um ato de fé, uma “crença científica” na possibilidade de se analisar os fenômenos econômicos através de argumentos lógicos. É um erro comum

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se entender no AMU a imposição de uma racionalidade absoluta e única aos indivíduos, como se fossem pessoas dotadas de impecável formação lógica e perfeito conhecimento das teorias sobre o funcionamento da sociedade e da natureza. Este é um engano grosseiro, pois o que se pretende com o AMU é credenciar os economistas a procurar alguma explicação lógica que, em média, seja compatível com as escolhas econômicas. Um jogador de bilhar consegue participar de uma partida sem nunca ter lido um livro de Física, mas a posição e velocidade das bolas sobre a mesa, a cada instante do tempo, podem ser explicadas rigorosamente por um físico que observe a partida. Da mesma forma, os agentes (indivíduos) econômicos resolvendo seus problemas de escolha, mesmo que não sejam economistas, podem ser descritos cientificamente “como se” seguissem as teorias econômicas usadas para explicar seus comportamentos quando tomam suas decisões.

Conforme se percebe, os axiomas dos MER são extremamente simples, fixando o indivíduo como a “entidade” responsável pelas escolhas e supondo que estas escolhas ocorram segundo alguma lógica. Provavelmente aliado a tal simplicidade, encontra-se o superior poder explicativo desta classe de modelos.De fato, esta opção metodológica obriga a manutenção de um estreito vínculo com a realidade das escolhas individuais observadas, facilitando a realização de testes empíricos que permitam contrastar a teoria à prática. O rigor lógico, não raro expresso por expressões matemáticas, garante que os argumentos sejam acessíveis a um grande conjunto de cientistas, desde que dispostos a assimilar o vocabulário específico usado pelos economistas.

Ainda que este não seja um manual sobre metodologia das ciências, os breves comentários apresentados sobre o assunto são importantes como um alerta e preparação às principais contribuições econômicas na esfera da OI a serem apresentadas posteriormente. Mesmo que partindo de uma base metodológica bem definida, são imensas as dificuldades antepostas a qualquer tentativa de tratamento científico de fenômenos sociais. Na realidade, não existem dois indivíduos ou problemas econômicos iguais e os experimentos rigorosamente controlados não podem ser realizados em Economia, como se faria com maior facilidade na Física ou na Biologia. Mas estas dificuldades específicas é que tem revelado as vantagens da metodologia dos MER, não como modelos perfeitos, mas como os que conseguem, diante dos obstáculos existentes, uma excelente relação entre custos e benefícios no intuito de explicar, com o mínimo de subjetividade, os fenômenos de escolha em sociedade.

A Caixa de Ferramentas da OI

O instrumental da Economia Industrial vem sendo construído aos poucos, já se dispondo atualmente de um conjunto de ferramentas bastante potente para a organização e desenvolvimento das idéias sobre o funcionamento das firmas e indústrias.

Um panorama dos temas tratados pela OI aparece esquematizado no modelo de Estrutura-Conduta-Desempenho (ECD), idealizado por Edward S. Mason na década de 1930 e posteriormente aperfeiçoado por diversos seguidores.

Explorando algumas das diferenças fundamentais entre a Microeconomia e a OI, o esquema revela as preocupações específicas desta última com uma maior aproximação da teoria à realidade, bem como com a contextualização histórica mais detalhada e apegada aos testes empíricos na formulação e avaliação dosargumentos econômicos. De fato, já em 1939 Mason deixa claros estes pontos ao propor a utilização de uma classificação das estruturas de mercado como passo necessário à compreensão das práticas empresariais e posterior avaliação pública do desempenho da indústria.

Mesmo se sabendo hoje que, diferentemente do que imaginavam seus criadores, o esquema ECD exibe baixo potencial na formulação de explicações e previsões confiáveis, ele permanece sendo um

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interessante referencial didático na organização dos temas analisados em Economia Industrial.

A idéia neste esquema é classificar as diferentes estruturas de mercado, tentando associá-las a tipos de condutas empresariais observadas e, por fim, ao desempenho econômico das indústrias envolvidas. Versões mais modernas desta abordagem incluem, ainda, as condições básicas de oferta e demanda no mercado e o papel das políticas públicas nos mercados analisados.

Como pano de fundo à compreensão e descrição de um mercado, aparecem imediatamente as condições básicas de oferta e demanda envolvidas. Assim, um controle cuidadoso das tecnologias de produção, potenciais economias de escala e escopo, localização das plantas, durabilidade do produto, acesso a matérias primas e poder de organização dos trabalhadores, bem como do arcabouço legal existente é útil na contextualização dos aspectos básicos que condicionam os ofertantes em determinado mercado. Pela ótica da demanda, a especificação dos produtos e substitutos próximos disponíveis (elasticidade-preço), a presença de sazonalidade ou ciclos nas compras, a distribuição espacial ou geográfica dos consumidores, a taxa de crescimento na demanda, a frequência das compras e os canais de distribuição típicos também surgem como potenciais definidores da estrutura, conduta e desempenho observados na indústria.

A estrutura de mercado costuma ser caracterizada pelo número de ofertantes e demandantes nele envolvidos, pelo grau de diferenciação entre os produtos considerados, pelas barreiras que possam dificultar o ingresso de novos concorrentes, pelas estruturas de custos típicas, pelos padrões de integraçãovertical na produção e pela diversificação das linhas de produtos.

Controlando as diferenças nas estruturas de mercado, imaginava-se ser possível explicar a performance ou desempenho da indústria – e não da firma! - analisada. Este desempenho não pode ser aferido de forma unidimensional, sendo atributos tradicionalmente usados para sua avaliação a eficiência na produção e alocação de recursos – ausência de desperdícios e adequação em quantidade e qualidade às demandas sociais -, os padrões de preços e lucros observados, os aperfeiçoamentos tecnológicos e até mesmo a justiça na distribuição dos resultados gerados no mercado específico, este último atributo, evidentemente, de difícil avaliação objetiva.

Determinadas, ainda que parcialmente, pelas condições básicas e estrutura de mercado, as condutas ou práticas mercadológicas completariam o núcleo básico do modelo ECD. Fala-se aqui nas técnicas de determinação de preços, nas estratégias de escolha de produtos e propaganda, nos gastos com pesquisa e desenvolvimento, nos acordos entre concorrentes (acordos horizontais, fusões e aquisições) e entre agentes operando em diferentes elos da cadeia produtiva (integração e restrições verticais), bem como em práticas propositalmente formuladas para fragilizar ou disciplinar concorrentes.

Finalmente, completa o esquema ECD a consideração das políticas públicas que, direta ou indiretamente interferem no livre funcionamento do mercado. Entre elas pode-se destacar o impacto das políticas macroeconômicas, de incentivos ao investimento, educação ou emprego, bem como dos impostos e subsídios e barreiras ao comércio internacional. Especialmente afetas à OI, as políticas públicas de defesa da concorrência, de regulação de monopólios naturais e mesmo a política industrial parecem visar propositalmente à obtenção de ganhos de desempenho industrial considerados desejáveis socialmente. Ainda que o tema da conveniência de Políticas Industriais esteja sujeito a profundas controvérsias, é tarefa da OI iluminar a questão para, com critérios científicos e quando possível, permitir uma avaliação mais detalhada de sua conveniência e limites.

Apesar de útil para a organização de temas, o esquema ECD mostrou-se frágil em função da complexidade das relações entre as suas diferentes componentes. Parece razoável supor que as condições

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estruturais de mercado condicionam as condutas empresariais que, por sua vez, condicionam o desempenho de uma indústria. Ocorre que o desempenho industrial também pode interferir nas condutas e na reestruturação da indústria, eventualmente afetando até as condições básicas e as políticas públicas. Efetivamente, as relações envolvidas entre os blocos não parecem ser unidirecionais e nem estáveis no decorrer do tempo ou entre diferentes indústrias, o que limita sobremaneira o potencial explicativo e preditivo desta abordagem, como já se havia adiantado.

Mesmo sendo uma área em que a aplicação da Economia exige adaptações casuísticas, a moderna OI encontra amparo e não desconsidera os conhecimentos da Teoria dos Preços tradicional. Há temas microeconômicos específicos que, inclusive, têm sido desenvolvidos com base nas necessidades e preocupações da OI, representando componentes importantes da caixa de ferramentas do profissional de ambas as disciplinas. Passemos, então, a uma breve apresentação destes desenvolvimentos teóricos específicos, com particular ênfase em seus usos na OI: Teoria dos Custos de Transação, Teoria dos Jogos e Teoria dos Mercados Contestáveis.

Na década de 1930, Ronald Coase colocou inicialmente uma proposição inusitada: as firmas e os mercados podem ser vistos como modos alternativos de organização dos recursos econômicos. Suas idéias permaneceram praticamente desconhecidas por mais de três décadas, mas ganharam repercussão quando re-propostas dentro do movimento de Análise Econômica do Direito, sendo então rapidamente incorporadas ao instrumental da OI.

O argumento coasiano é simples, partindo da idéia que quando aumentam os custos de transação, as firmas se colocam como alternativas mais interessantes do que a utilização dos mercados na organização de recursos. Os empresários, por este raciocínio, comparam os custos de produção dos insumos e serviçosprodutivos dentro da empresa aos custos da aquisição destes através dos mercados, ou seja, de terceiros. Trata-se da famosa decisão de “fazer ou comprar”, que é afetada pela existência de custos de transação no uso da opção de mercado.

Os custos de transação são uma categoria abrangente, podendo ser classificados em ambientais e humanos. Os custos ambientais estão associados à incerteza contratual e à quantidade de firmas envolvidas nas negociações de mercado. Para operações de mercado simples, de resolução imediata como uma compra de cartuchos de impressão por uma empresa de consultoria, o pagamento e a instalação dos cartuchos são suficientes para eliminar a maior parte das incertezas envolvidas, sendo também fácil substituir o fornecedor ou o comprador caso aquele relacionamento de mercado seja por algum motivo frustrado, já que há uma infinidade de demandantes e ofertantes envolvidos.

Quando se imagina um contrato de fornecimento de serviços de assistência técnica por um fabricante de microcomputadores, entretanto, as negociações e acertos envolvidos são bastante mais complexos. De fato, é comum nestas situações a necessidade de treinamento específico e contínuo dos técnicos prestadores de serviços, também importante à fabricante dos aparelhos de informática a qualidade da assistência pós-venda, atributo que diferencia os produtos junto aos consumidores finais. Como as partes devem agir se os modelos dos equipamentos forem renovados? Há garantia de peças de reposição e da continuidade do contrato por um período de tempo e margens de lucro suficientes à recuperação dos investimentos específicos e inúteis para o conserto de máquinas de outras marcas? Quais os critérios para garantir a qualidade dos serviços prestados? Quanto tempo e recursos são necessários para capacitar um novo pessoal para prestar a assistência técnica?

Havendo grande incerteza e poucos agentes envolvidos, as dificuldades contratuais aumentam significativamente, dificultando (tornando mais custosa) a preparação, redação e controle dos contratos. Em diversas situações, estes fatores ambientais justificam a opção pela prestação direta dos serviços de

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assistência pelo próprio fabricante, que decidem por “fazer” em vez de “comprar”.

Os fatores humanos podem ser ainda mais importantes e, em certa medida,até justificam os ambientais. Os seres humanos têm dificuldades para lidar com situações complexas e fazer previsões, características referidas na literatura pela expressão “racionalidade limitada”. Eventualmente, estas limitações são o reverso da moeda em que se estampa a incerteza, já referida anteriormente. Outro fator que cria obstáculos ao uso dos mercados, também tipicamente humano, decorre da possibilidade de comportamentos oportunistas por parte de uma ou várias das partes contratantes na vigência dos contratos. Imagine-se que após todo o treinamento específico necessário para o conserto dos computadores altamente sofisticados de determinado fabricante, este último decida encerrar suas atividades produtivas antes que os investimentos realizados pela empresa de assistência técnica tenham sido recuperados: quem arcará com os prejuízos?

Certamente, a racionalidade limitada e o oportunismo aparecem como obstáculos de difícil transposição em determinados relacionamentos de mercado, mas que podem ser superados com a integração vertical dos agentes envolvidos. De fato, todos os recursos seriam controlados de forma centralizada e harmônica,reduzindo as incertezas, caso fizessem parte de uma única firma.

As incertezas e os problemas estratégicos entre os agentes econômicos, para além dos problemas de custos de transação, são úteis à racionalização de diversos outros fenômenos na OI. A Teoria dos Jogos é a parte da Economia que se ocupa de avaliar estas interações estratégicas, tendo crescido substancialmente desde que Von Newmann e Morgenstern (1944) publicaram seu argumento sobre a teoria da utilidade esperada em interações estratégicas. Os jogos cooperativos são usados modernamente para explicar a existência de conluios e cartéis, e jogos não cooperativos de variadíssimas configurações aparecem como grande auxílio à compreensão de práticas de mercado, lícitas e ilícitas, observadas na realidade. Os agentes econômicos têm mostrado grande engenhosidade na condução de seus negócios de mercado, frequentemente incorporando em suas táticas e estratégias as ações e reações esperadas de seus concorrentes e do próprio governo. Ainda que estes jogos possam assumir alta complexidade e sofisticação, a Teoria dos Jogos tem se revelado instrumento útil para a compreensão científica das condutas destes agentes, fazendo hoje parte inseparável da moderna OI.

O estudo das barreiras à entrada e saída nos mercados parece contribuir muito à compreensão dos processos competitivos. Efetivamente, quando os obstáculos ao ingresso em determinado mercado - neles incluídos os custos esperados de uma eventual reversão dos investimentos realizados - são baixos, diz-se que este mercado é altamente contestável. A alta contestabilidade parece disciplinar as condutas das firmas que efetivamente participam do mercado, posto que a tentativa de elevar preços ou reduzir as quantidades ofertadas pode ser rapidamente combatida pela entrada de novos concorrentes, os “concorrentes potenciais”. A Teoria dos Mercados Contestáveis, que explica e detalha este argumento, é outra componente básica da moderna OI, sendo oportunamente retomada nos capítulos subsequentes.

Finalmente, algumas considerações a respeito das preocupações das escolas austríaca e institucional são devidas, não apenas para insistir na importância dos temas por elas tratados como para reiterar o fato de que estas ideias críticas à respeito da OI neoclássica têm sido, em boa medida, incorporadas ao rol de problemas analisados pela moderna OI. O cerne das divergências entre o referencial de mainstream e estas escolas alternativas encontra-se, como já se adiantou, na diferença de ênfases no tratamento dos processos dinâmicos observados nas diferentes indústrias.

Enquanto a visão neoclássica privilegia uma compreensão fundada nos sólidos, embora ideais e abstratos, conhecimentos da análise de equilíbrio estático, as abordagens alternativas enfatizam os processos dinâmicos de concorrência. Desconsiderando os processos de ajustamento no decorrer do tempo, a

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perspectiva estática se concentra em situações em que seja razoável supor a manutenção do cenário de mercado relativamente estável, como numa fotografia. Efetivamente, entre duas fotos que descrevem situações distintas de um mercado, inúmeros e inusitados processos podem e costumam ocorrer, algo que seria comparável ao enredo de um filme. Explorar as possibilidades deste enredo, esboçando um roteiro lógico e sistemático entre as diferentes fotografias seria a proposta dos autores “alternativos” da Economia Industrial, sendo exemplo típico desta abordagem a descrição do processo de destruição criativa feita por Joseph Schumpeter, que entendia necessária e até útil a concentração industrial que viabiliza a ocorrência de inovações e progresso técnico. Uma estrutura oligopolista, nesta visão, apenas representaria um momento transitório de um processo cujos desenvolvimentos finais e consequências seriam de difícil previsão. Na abordagem schumpeteriana encontram-se, entre outras contribuições importantes, justificativas para os mecanismos legais de proteção à propriedade intelectual que, garantindo temporariamente o monopólio sobre idéias e invenções, traria potenciais benefícios à sociedade, ainda que propiciando estruturas de mercado pouco concorrenciais.

Atualmente há pleno reconhecimento da importância dos aperfeiçoamentos propostos pelos economistas da linhagem austríaca e institucionalista. Em que pesem as dificuldades analíticas associadas a estes anseios, já que os modelos dinâmicos se revelam de formulação e avaliação empírica bastante mais complexas do que as exigidas nas análises estáticas, os avanços na Teoria dos Jogos dinâmicos, os aprofundamentos na análise das escolhas intertemporais e no estudo das fricções dinâmicas – fatores que impedem a obtenção instantânea de posições de equilíbrio estático - têm permitido alguma aproximação entre os argumentos críticos e da posição dominante. A análise da lógica econômica da proteção à propriedade intelectual, da decisão de durabilidade dos produtos e dos problemas informacionais revelarão que paulatinamente as dissensões entre estática e dinâmica na OI tendem a ser superadas. A Construção da Economia Industrial

De Adam Smith à década de 1970 Num interessante argumento, Donald Hay e Derek Morris, 1996, entendem que a teoria da firma tradicional, ensinada em cursos de Microeconomia, pode ser vista como uma espécie de longo desvio na história do estudo econômico do comportamento das firmas e indústrias. Trata-se de uma interpretação bastante verossímil quando contextualizada dentro dos desenvolvimentos teóricos ocorridos nos últimos séculos nesta área e que reforça duas outras idéias que ajudam a distinguir entre a Organização Industrial e a Teoria Microeconômica da Firma:

(i) boa parte dos aperfeiçoamentos observados na OI pode ser creditada às fragilidades do tratamento dado às firmas pela Microeconomia, e

(ii) diversas influências estranhas à Microeconomia ajudaram a moldar a OI conforme é modernamente conhecida.

Os modelos e teorias econômicas a respeito do comportamento das firmas e indústrias continuaram a se aperfeiçoar nas últimas três décadas, mas não se nota neste período recente o estabelecimento de um paradigma substancialmente diverso daquele observado no início da década de 1970. De qualquer forma, nos Capítulos subsequentes as atualizações na literatura merecerão nota e detalhamento à medida que os tópicos específicos envolvidos sejam tratados.

A teoria da firma encontrada na Riqueza das Nações aparece bastante simplificada quando comparada à conhecida atualmente. De fato, naquele tempo entendia-se que o valor das mercadorias era determinado pelo trabalho nelas incorporado, explicação que o próprio Smith reconhecia ser adequada apenas para economias pouco desenvolvidas, mas que ele adotava com a finalidade de evitar as complicações associadas a uma teoria dos custos que levasse em conta os outros fatores de produção. Baseado nestas

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hipóteses simplificadoras, Smith trabalhava com a distinção entre preço de mercado e preço natural ou “valor”. O preço natural em Smith era aquele associado ao valor do trabalho necessário para a produção de um bem ou serviço. Tinha-se, apesar de precária, uma teoria embrionária dos custos de produção e, desta forma, uma explicação lógica para a oferta das mercadorias.

A ênfase dada por Smith ao preço natural em sua análise estava diretamente associada à crença do autor nas forças da competição, que faria com que discrepâncias entre os preços naturais e os preços de mercado fossem entendidas como raras e transitórias.

Desta maneira, Smith interpretava que se um produto tivesse preços de mercado mais altos do que outro, isto decorreria das diferenças nas quantidades de “trabalho” neles incorporadas. Lucros altos, neste sentido, não eram vistos pelo pai da Economia como oriundos das diferenças entre os preços de mercado e natural, mas pela existência de alguma dificuldade produtiva ou custo adicional que resultaria em preços naturais mais altos. A idéia de lucros extraordinários ou anormais não parecia compatível com a operação dos mercados competitivos para Smith. Embora na Riqueza das Nações exista a presunção de que a concorrência seja bastante intensa, baseada na operação da mística “mão invisível”, é de se notar que ali não se encontra um tratamento analítico mais rigoroso a respeito dos processos de competição, faltando inclusive argumentos tecnicamente fundados na análise do lado da demanda.

Este hiato na análise dos mercados inicia a ser superado com a contribuição de Stanley Jevons (Teoria da Economia Política, 1871), com o qual um tratamento mais formalizado dos custos e as sementes da análise da demanda, baseada no conceito de “utilidade”, são lançadas. É nos trabalhos posteriores de Alfred Marshall (Princípios de Economia, 1890 e Indústria e Comércio, 1919), entretanto, em que Hay & Morris, encontram a contribuição individual mais notável na teoria econômica entre Smith e Keynes. Marshall soterrou a idéia de que o valor das mercadorias fosse independente dos preços de mercado, aproveitando as contribuições marginalistas de Jevons e defendendo, de forma até hoje aceita, a importância das curvas de oferta e demanda na determinação destes preços de mercado.

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EXERCÍCIOS

1) Diferencie os objetos da Economia Industrial e da Teoria da Firma Tradicional. Como se relacionam estas duas disciplinas?

2) Quais as diferenças entre Economia Industrial e Organização Industrial? Por que e com que bases há autores que consideram ultrapassada esta distinção?

5) O que é Economia? Que problemas econômicos são resolvidos envolvem firmas e indústrias?

6) O que é um Modelo de Escolha Racional? Quais seus axiomas básicos e que indicam?

7) Qual a importância dos estudos empíricos para a Organização Industrial?

8) Quais os principais blocos do Modelo Estrutura-Conduta-Performance? O que os defensores destes modelos pretendiam?

9) Você consegue identificar algumas indústrias ou situações em que a conduta afeta a estrutura ou o desempenho? Dê dois exemplos.

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CAPÍTULO VII – REGULAMENTAÇÃO DOS MERCADOS

Estrutura de mercado

Na estrutura de mercado clássica, podemos distinguir dois casos extremos:

• monopólio: quando uma empresa é a única provedora do produto;

• concorrência perfeita: quando a dimensão de cada empresa é insignificante em relação às demais empresas.

O termo “concorrência” tem sentido múltiplo. Em Economia, acompanhado da palavra “pura”, significa justamente a inexistência de competição, no seu sentido parcial. Em outras palavras, em um mercado no qual vigora a concorrência pura, os competidores não têm rivalidade entre si.

As condições básicas para a existência de concorrência pura são:

• Homogeneidade do produto: um requisito da concorrência pura é que todos os vendedores de um dado produto vendam unidades homogêneas deste, e os compradores também consideram o produto homogêneo;

• Insignificância de cada comprador ou vendedor diante do mercado: cada comprador e/ou vendedor precisa ser pequeno o suficiente para não ser capaz de influenciar, sozinho, o preço de mercado;

• Ausência de restrições artificiais: não devem existir restrições artificiais à procura, à oferta ou aos preços. Em outros termos, é preciso que os preços sejam livres para oscilar de acordo com as exigências de mercado;

• Mobilidade: é preciso que haja mobilidade de bens, serviços e recursos. Novas firmas devem poder entrar sem dificuldade de nesse mercado, assim como não deve existir impedimento à saída; e

• Pleno conhecimento (atributo da palavra “perfeita”): a concorrência perfeita incorpora o pleno conhecimento do sistema econômico e de todas as suas inter-relações por parte dos agentes partícipes desse mercado.

O monopólio é uma situação de mercado em que uma única firma vende um produto que não tem substitutos próximos. De uma outra forma, monopólio é uma situação de mercado em que existe um só produtor de um bem (ou serviço) que não tem substitutos próximos.

Devido a isso, o monopolista exerce grande influência na determinação do preço a ser cobrado pelo seu produto. O mercado monopolista se caracteriza por apresentar condições diametralmente opostas às da concorrência perfeita. Nele existem, de um lado, um único empresário (empresa) dominando inteiramente a oferta e, de outro, todos os consumidores.

Não há, portanto, concorrência nem produto substituto ou concorrente. Nesse caso, os consumidores se submetem às condições impostas pelo vendedor ou simplesmente deixam de consumir o produto.

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Hipóteses básicas do modelo monopolista:

• um determinado produto é suprido por uma única empresa;• não há substitutos próximos para esse produto; e• existem obstáculos (barreiras) de novas firmas na indústria (nesse caso, a indústria é composta por

uma única empresa).

As dificuldades para as empresas se estabelecerem no mercado, aqui entendidas como barreiras de acesso, podem ocorrer de várias formas. No caso de monopólio puro ou natural, devido à elevada escala de produção requerida, exige-se um grande montante de investimento. Refinarias de petróleo, siderurgia, etc., podem ser enquadradas neste caso.

Uma outra forma de empecilho à instalação de novas empresas no mercado imperfeito se dá através das patentes, direito único para produzir um bem. Os laboratórios farmacêuticos, encarregados da fabricação de medicamentos, valem-se deste instrumento de patentes ou controle de matérias-primas-chave. Finalmente, o monopólio estatal ou institucional, protegido pela legislação, normalmente ocorria em setores estratégicos ou de infra-estrutura. Até pouco tempo atrás, no nosso país, você sabe que tínhamos como exemplo: energia elétrica, telecomunicações, etc.

Uma outra estrutura bastante conhecida, nos dias de hoje, no campo da competição imperfeita é o oligopólio.

É um tipo de estrutura normalmente caracterizada por um pequeno número de empresas que dominam a oferta de mercado. Pode-se caracterizá-la como um mercado em que há um pequeno número de empresas, como a indústria automobilística, ou, então, onde há um grande número de empresas, mas poucas dominam o mercado, como a indústria de bebidas.

O setor produtivo brasileiro é altamente oligopolizado, sendo possível encontrar inúmeros exemplos: montadoras de veículos, setor de cosméticos, indústria de papel, indústria de bebidas, indústria química, indústria farmacêutica, etc.

O oligopólio pode ser:

• Puro: quando os concorrentes oferecem exatamente os mesmos produtos homogêneos, iguais, substitutos entre si. Exemplo: cimento, da indústria de cimento; alumínio, da indústria de alumínio; ou

• Diferenciado: quando o produto não é homogêneo. Exemplo: indústria automobilística ou cigarro. Ou seja, embora semelhantes entre si, esses produtos não são idênticos - o Gol é diferente do Fiat Uno, etc.

O oligopólio apresenta como principal característica o fato de as firmas serem interdependentes. Isso decorre do pequeno número de firmas existentes na indústria, e significa que as firmas levam em consideração e reagem às decisões quanto a preço e produção de outras firmas.

No oligopólio, tanto as quantidades ofertadas quanto os preços são fixados entre as empresas por meio de conluios ou cartéis.

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O cartel é uma organização (formal ou informal) de produtores dentro de um setor que determina a política de preços para todas as empresas que a ele pertencem. Exemplo: Cartel da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), que estabelece o preço do petróleo no mercadomundial.

Além dos cartéis, existe um outro modelo de oligopólio chamado de liderança de preço. Liderança de preço é a forma de conluio imperfeito em que as empresas do setor oligopolístico decidem, sem acordo formal, estabelecer o mesmo preço, aceitando a liderança de preço de uma empresa da indústria.

Esse modelo pressupõe que a liderança decorre do fato de que uma das firmas rivais possui estrutura de custos mais baixos que as demais. Por essa razão, consegue se impor como líder do grupo.

Inicialmente, os preços podem ser diferenciados. O mercado, entretanto, preferirá o produto que esteja sendo oferecido a preços mais baixos. Desta forma, resta às firmas que oferecem o produto a preços mais elevados duas possibilidades: ou mantêm o preço e, como consequência, são banidas do mercado, ou, então, aceitam o preço praticado pela rival de menores custos, que é mais baixo, e continuam no mercado, sem maximizar seus lucros.

Assim é que a firma líder de preço fica, através de um acordo tácito (isto é, um acordo não formal), responsável pela determinação do nível de venda do produto. As firmas menos favorecidas em termos de preços tornam-se seguidoras dos preços fixados pela firma líder.

A outra estrutura de mercado imperfeito é a concorrência monopólica ou concorrência monopolista. Ela está presente em vários setores da economia, mais do que você imagina. Esta forma de do tem como característica marcante empresas produzindo produtos diferenciados, embora sendo substitutos próximos. Nota-se, então, que, na concorrência monopolística, a empresa tem determinado poder sobre a fixação de preços.

A diferenciação do produto pode ocorrer por características físicas, de embalagem ou pelo esquema de promoção de vendas. Como exemplo, temos os laboratórios farmacêuticos, as indústrias alimentícias, automobilísticas, etc.

Como o próprio nome diz, a concorrência monopolista é uma estrutura de mercado que contém elementos da concorrência perfeita e do monopólio, ficando em uma situação intermediária entre essas duas formas de organização de mercado. Ainda não se confunde em nada com o oligopólio.

As principais características da concorrência monopolista são:

• Margem de manobra para fixação dos preços não muito ampla, uma vez que existem produtos substitutos no mercado; e

• Número relativamente grande de empresas com certo poder concorrencial, porém com segmentos e produtos diferenciados, seja por características físicas, seja por embalagens ou prestação de serviços complementares (pós-venda).

Essas características acabam dando um pequeno poder monopolista sobre o preço de seu produto, embora o mercado seja competitivo – daí o nome de concorrência monopolista.

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EXERCÍCIOS

1. Escreva um texto sobre o significado de monopólio.

2. Explique o significado de oligopólio e de concorrência monopolística.

3. Discuta as características do mercado do principal produto comercializado em sua região.

4. Defina cartel e dê exemplos.

5. Explique o que é concorrência monopolística. Quais suas características?

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CAPÍTULO IX – NOÇÕES DE MACRO ECONOMIA

Introdução

Macroeconomia (do grego: μακρύ-ς /ma΄kri-s/ grande, amplo, largo e οικονομία /ikono΄mia/ lei ou administração do lar) é uma das divisões da ciência econômica dedicada ao estudo, medida e observação de uma economia regional ou nacional como um todo. A macroeconomia é um dos dois pilares do estudo da economia, sendo o outro a microeconomia. Os estudos macroeconômicos tiveram seu início a partir da quebra da bolsa de Nova Iorque em 1929, sendo a primeira grande obra literária macroeconômica o livro Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda do economista britânico John Maynard Keynes.

A macroeconomia concentra-se no estudo do comportamento agregado de uma economia, ou seja, das principais tendências (a partir de processos microeconômicos) da economia no que concerne principalmente à produção, à geração de renda, ao uso de recursos, ao comportamento dos preços, e ao comércio exterior. Os objetivos da macroeconomia são principalmente: o crescimento da produção e consumo, o pleno emprego, a estabilidade de preços, o controle inflacionário e uma balança comercial favorável.

Um conceito fundamental à macroeconomia é o de sistema econômico, ou seja, uma organização que envolva recursos produtivos.

A estrutura macroeconômica se compõe de cinco mercados:

• Mercado de Bens e Serviços: determina o nível de produção agregada bem como o nível de preços.• Mercado de Trabalho: admite a existência de um tipo de mão-de-obra independente de características, determinando a taxa de salários e o nível de emprego.• Mercado Monetário: analisa a demanda da moeda e a oferta da mesma pelo Banco Central que determina a taxa de juros.• Mercado de Títulos: analisa os agentes econômicos superavitários que possuem um nível de gastos inferior a sua renda e deficitários que possuem gastos superiores ao seu nível de renda.• Mercado de Divisas: depende das exportações e de entradas de capitais financeiros determinada pelo volume de importações e saída de capital financeiro.

Principais conceitos:

1.Balança de pagamentos

Balanço de pagamentos é um instrumento da contabilidade social referente à descrição das relações comerciais de um país com o resto do mundo. Ele registra o total de dinheiro que entra e sai de um país, na forma de importações e exportações de produtos, serviços, capital financeiro, bem como transferências comerciais.

Existem duas contas nas quais se resume as transações econômicas de um país:

• a conta corrente, que registra as entradas e saídas devidas ao comércio de bens e serviços, bem como pagamentos de transferência; e

• a conta de capital, que registra as transações de fundos, empréstimos e transferências.

A soma das duas contas fornece a balança global de pagamentos.

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2.Taxa de câmbio

Taxa de câmbio é o preço de uma unidade monetária de uma moeda em unidades monetárias de outra moeda.

A taxa de câmbio pode ser definida em termos directos (ao incerto) ou em termos indirectos (ao certo). A taxa de câmbio está definida em termos directos quando exprime o preço de uma unidade monetária estrangeira em unidades monetárias de moeda nacional (exemplo: a taxa de câmbio USD/EUR está definida de forma directa para os habitantes da zona euro; ou está definida de forma indirecta para os habitantes dos EUA).

A taxa de câmbio está definida de forma indirecta quando exprime o preço de uma unidade monetária de moeda nacional em unidades monetárias de moeda estrangeira (exemplo: taxa de câmbio EUR/USD está definida em termos indirectos para os habitantes da zona euro, pois exprime o preço de 1 unidade monetária nacional, o euro, em unidades monetárias de moeda estrangeira, o dólar).

A taxa de câmbio reflete, assim, o custo de uma moeda em relação a outra, dividindo-se em taxa de venda e taxa de compra. Pensando sempre do ponto de vista do banco (ou outro agente autorizado a operar pelo Banco Central), a taxa de venda é o preço que o banco cobra para vender a moeda estrangeira (a um importador, por exemplo), enquanto a taxa de compra reflete o preço que o banco aceita pagar pela moeda estrangeira que lhe é ofertada (por um exportador, por exemplo).

Portanto, o câmbio é uma das variáveis mais importantes da macroeconomia, sobretudo no que se refere ao comércio internacional. Quando se deseja negociar ativos de um país para outro, quase invariavelmente temos de mudar a unidade de conta do valor desses ativos – da moeda doméstica para a moeda estrangeira. Nesse sentido, pode-se definir a taxa de câmbio de um país como o número de unidades de moeda de um país necessário para se comprar uma unidade de moeda de outro país. Em outras palavras, é o preço de uma moeda em termos de outra.

3.Banco central

Um banco central é uma entidade independente ou ligada ao Estado cuja função é gerir a política econômica, ou seja, garantir a estabilidade e o poder de compra da moeda de cada país e do sistema financeiro como um todo. Além disso tem como objetivo definir as políticas monetárias (taxa de juros e câmbio, entre outras) e aquelas que regulamentam o sistema financeiro local. O banco faz isso interferindo mais ou menos no mercado financeiro, vendendo papéis do tesouro, regulando juros e avaliando os riscos econômicos para o país.

Os papéis tradicionais de um banco central são:

• Banqueiro do governo: é ele quem guarda as reservas internacionais em ouro ou moeda estrangeira do governo.

• Autoridade emissora de moeda, ou monopólio de emissão: é o banco central quem, com exclusividade, emite ou autoriza a emissão de papel moeda daquele país.

• Executor da política monetária e cambial: é o banco central quem insere ou retira moeda do mercado, regula as taxas de juros e regula a quantidade de moeda estrangeira em circulação no país. Essas operações são conhecidas como open market ou operações de mercado aberto, e

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consistem principalmente na compra e venda de títulos públicos ou de moeda estrangeira para instituições financeiras previamente escolhidas.

• Banco dos Bancos, ou prestamista de última instância: o banco central provê empréstimos exclusivos aos membros do sistema financeiro a fim de regular a liquidez ou mesmo evitar falências que poderiam causar uma reação em cadeia de falências bancárias. Ele também mantém os depósitos compulsórios dos bancos comerciais, regulando assim a multiplicação da moeda escritural no mercado.

Além desses papéis, alguns bancos centrais (como por exemplo o Banco Central do Brasil) acumulam também o papel de supervisor do sistema financeiro.

4.Inflação

Em economia, inflação é a queda do valor de mercado ou poder de compra do dinheiro. Isso é equivalente ao aumento no nível geral de preços. Inflação é o oposto de deflação. Inflação zero, ou muito baixa, é uma situação chamada de estabilidade de preços.

Em alguns contextos, a palavra inflação é utilizada para significar um aumento no suprimento de dinheiro e a expansão monetária, o que é às vezes visto como a causa do aumento de preços; alguns economistas (como os da Escola austríaca) preferem o primeiro significado, em vez de definir inflação pelo aumento de preços. Assim, por exemplo, alguns estudiosos da década de 1920 nos EUA referem-se a inflação, ainda que os preços não estivessem aumentando naquele período. Mas de um modo geral, a palavra inflação é usada como aumento de preços, a menos que um significado alternativo seja expressamente especificado. Outra distinção também se faz quando analisam-se os efeitos internos e externos da inflação: externamente, a inflação se traduz mais por uma desvalorização da moeda local frente a outras, e internamente ela se exprime mais no aumento do volume de dinheiro e aumento dos preços.

Um exemplo clássico de inflação foi o aumento de preços no Império Romano, causado pela desvalorização dos denários que, antes confeccionados em ouro puro, passaram a ser fabricados com todo tipo de impurezas. O imperador Diocleciano, ao invés de perceber essa causa, já que a ciência econômica ainda não existia, culpou a avareza dos mercadores pela alta dos preços, promulgando em 301 um edito que punia com a morte qualquer um que praticasse preços acima dos fixados.

A inflação pode ser contrastada com a reflação, que é ou um aumento de preços de um estado deflacionado, ou alternativamente, uma redução na taxa de deflação (ou seja, situações em que o nível geral de preços está caindo em uma taxa decrescente). Um termo relacionado é desinflação, que é uma redução na taxa de inflação, mas não o suficiente para causar deflação.

5.Moeda

Moeda é o meio através do qual são efetuadas as transações monetárias. É todo ativo que constitua forma imediata de solver débitos, com aceitabilidade geral e disponibilidade imediata, e que confere ao seu titular um direito de saque sobre o produto social.

É importante perceber que existem diferentes definições de “moeda”: (i) o dinheiro, que constitui as notas (geralmente em papel); (ii) a moeda (a peça metálica); (iii) a moeda bancária ou escritural, admitidas em circulação; e, (iv) a moeda no sentido mais amplo, que significa o dinheiro em circulação, a moeda nacional. Em geral, a moeda é emitida e controlada pelo governo do país, que é o único que pode fixar e controlar seu valor. O dinheiro está associado a transações de baixo valor; a moeda (no sentido aqui

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tratado), por sua vez, tem uma definição mais abrangente, já que engloba, mesmo no seu agregado mais líquido (M1), não só o dinheiro, mas também o valor depositado em contas correntes.

A moeda tem diversas funções reconhecidas, que justificam o desejo de as pessoas a reterem (demanda):

• Meio de troca: A moeda é o instrumento intermediário de aceitação geral, para ser recebido em contrapartida da cessão de um bem e entregue na aquisição de outro bem (troca indireta em vez de troca direta). Isto significa que a moeda serve para solver débitos e é um meio de pagamento geral.

• Unidade de conta: Permite contabilizar ou exprimir numericamente os ativos e os passivos, os haveres e as dívidas.

Esta função da moeda suscita a distinção entre preço absoluto e preço relativo. O preço absoluto é a quantidade de moeda necessária para se obter uma unidade de um bem, ou seja, é o valor expresso em moeda. O preço relativo exige que se considere dois preços absolutos, uma vez que é definido como um quociente. Assim, P1 e P2 designam os preços absolutos dos bens 1 e 2, respectivamente. P1/P2 é o preço relativo do bem 1 expresso em unidades do bem 2. Ou seja, é a quantidade de unidades do bem 2 a pagar por cada unidade do bem 1.

• Reserva de valor: A moeda pode ser utilizada como uma acumulação de poder aquisitivo, a usar no futuro. Assim, tem subjacente o pressuposto de que um encaixe monetário pode ser utilizado no futuro, isto porque pode não haver sincronia entre os fluxos da despesa e das receitas, por motivos de precaução ou de natureza psicológica. A moeda não é o único ativo a desempenhar esta função; o ouro, as ações, as obras de arte e mesmo os imóveis também são reservas de valor. A grande diferença entre a moeda e as outras reservas de valor está na sua mobilização imediata do poder de compra (maior liquidez), enquanto os outros ativos têm de ser transformados em moeda antes de serem trocados por outro bem.

6.Poder de compra

O Poder de compra é o nível de capacidade financeira que um consumidor ou mercado (e outros) tem para um bem ou serviço, isso é, o quanto ele pode pagar. Quando relacionado a um consumidor, geralmente é baseado em quanto ele ganha ou tem guardado, quantia essa que tem a potencialidade de ser gasta em algum momento.

7.Política monetária

Política monetária é a atuação de autoridades monetárias sobre a quantidade de moeda em circulação, de crédito e das taxas de juros controlando a liquidez global do sistema econômico.

A Política Monetária age diretamente sobre o controle da quantidade de dinheiro em circulação, visando defender o poder de compra da moeda. Tal prática pode ser expansionista ou restritiva. Em uma política monetária restritiva, a quantidade de dinheiro em circulação é diminuída, ou mantida estável, com o objetivo de desaquecer a economia e evitar o aumento dos preços. Em uma política monetária expansionista, a quantidade de dinheiro em circulação é aumentada, com o objetivo de aquecer a demanda e incentivar o crescimento econômico. Cabe ressaltar que a política monetária expansionista visa criar condições para o crescimento econômico, porém não o determina.

Para fazer política monetária, o governo dispõe de cinco instrumentos básicos:

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• Emissão de papel-moeda

• Depósito compulsório (percentual sobre os depósitos que os bancos comerciais devem reter junto ao Banco Central)

• Compra e venda de títulos da dívida pública

• Redescontos (Empréstimos do Banco Central aos bancos comerciais)

• Regulamentação sobre crédito e taxas de juros.

8.Produto interno bruto

O produto interno bruto (PIB) representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer seja, países, estados, cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano, etc). O PIB é um dos indicadores mais utilizados na macroeconomia com o objetivo de mensurar a atividade econômica de uma região.

Na contagem do PIB, considera-se apenas bens e serviços finais, excluindo da conta todos os bens de consumo de intermediário (insumos). Isso é feito com o intuito de evitar o problema da dupla contagem, quando valores gerados na cadeia de produção aparecem contados duas vezes na soma do PIB.

9.Política fiscal

Política fiscal é administração das receitas e despesas do governo. Se a receita é maior que a despesa, temos superávit orçamental. No inverso temos déficit orçamental. Tal política afecta o nível de demanda ao influir na renda disponível que os indivíduos poderão destinar para consumo e poupança. Tal prática pode ser expansionista ou restritiva. Em uma política fiscal restritiva temos diminuição dos gastos públicos e elevação dos impostos, com objetivo de reduzir a demanda agregada e o consumo privado. Numa política fiscal expansionista, temos aumento nos gastos públicos e corte nos impostos, com o objetivo aumentar a demanda agregada e o consumo privado.

Dado um nível de renda, quanto maiores os impostos, menor será a renda disponível e, portanto, o consumo. E quanto maior o gasto público, maior a demanda e maior o produto. Assim, se a economia apresenta tendência para a queda no nível de actividade, o governo pode estimulá-la, cortando impostos e/ou elevando gastos. Pode ocorrer o inverso, caso o objectivo seja diminuir o nível de actividade.

Algumas das medidas que podem ser tomadas são: · Aumento dos gastos públicos: promove a política fiscal expansionista, pois estabelece novos empregos no governo. Isto é, aumenta a demanda por trabalho, o que pode diminuir a taxa de desemprego. Ao contrário, para frear a demanda, diminuímos os gastos, como menos investimentos públicos e cortes nas transferências unilaterais. · Diminuição da carga tributária é uma política fiscal expansionista, pois estimula as despesas de consumo e investimento. O inverso reduz o poder de compra, e com isso diminui a demanda agregada. · Estímulo às exportações, elevando a demanda externa dos produtos · Tarifas e barreiras às importações, beneficiando a produção nacional.

Agregados Macroeconômicos

Os princípais agregados macroeconômicos são produto, renda e despesa.

• Produto - é a produção total de bens e servicos finais que são produzidos por uma sociedade num

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determinado período.

• Renda - renda pessoal ou consumo das famílias - somatório das remunerações recebidas pelos proprietários dos fatores de produção como retribuição pela utilização de seus serviços na atividade produtiva. Ex: salário, aluguéis, juros, lucros.

• Despesas - é o total dos gastos efetuados pelos agentes econômicos na aquisição de bens e serviços produzidos pela sociedade.

• Investimento - refere-se às despesas voltadas para a ampliação da capacidade produtiva da economia. Ex. construção de uma hidroelétrica, a construção ou ampliação de uma fábrica, a

• Depreciação - uma parte dos bens de capital em uso na economia poder sofrer desgastes física ou obsolescência. Isso configurará um decréscimo no estoque de capital denominado depreciação.

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EXERCÍCIOS

1. A estrutura macroeconômica se compõe por quais mercados?

2. Descreva cada um deles.

3. Defina:

a. Balança de pagamentosb. Taxa de câmbioc. Banco centrald. Inflaçãoe. Moedaf. Poder de comprag. Política monetáriah. Produto interno brutoi. Política fiscal

4. Descreva os agregados econômicos.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BATISTA JÚNIOR, Paulo Nogueira. Brasil e a Economia Internacional. Rio de Janeiro. Editora Campus, 2005.

CARNEIRO, Ricardo. Os clássicos da Economia. São Paulo: editora Ática, 1997.

CANUTO, Otaviano; BAUMANN, Renato; GONÇALVES, Reinaldo. Economia Internacional. Rio de Janeiro:Editora Campus, 2004.

CARVALHO, Fernando; et al. Economia Monetária e Financeira:teoria e prática. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2000.

HALL, Robert Ernest; LIEBERMAN, Marc. Microeconomia:princípios e aplicações. São Paulo: Editora Pioneira Thomson Learning,2003.

KRUGMAN, Paul; WELLS, Robin. Introdução à Economia. Rio de Janeiro:Editora Elsevier, 2007.

PINDYCK, Robert S; RUBINFELD, Daniel L. Microeconomia. 6ª ed. São Paulo: ditora Printice Hall, 2006.

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Hino do Estado do Ceará

Poesia de Thomaz LopesMúsica de Alberto NepomucenoTerra do sol, do amor, terra da luz!Soa o clarim que tua glória conta!Terra, o teu nome a fama aos céus remontaEm clarão que seduz!Nome que brilha esplêndido luzeiroNos fulvos braços de ouro do cruzeiro!

Mudem-se em flor as pedras dos caminhos!Chuvas de prata rolem das estrelas...E despertando, deslumbrada, ao vê-lasRessoa a voz dos ninhos...Há de florar nas rosas e nos cravosRubros o sangue ardente dos escravos.Seja teu verbo a voz do coração,Verbo de paz e amor do Sul ao Norte!Ruja teu peito em luta contra a morte,Acordando a amplidão.Peito que deu alívio a quem sofriaE foi o sol iluminando o dia!

Tua jangada afoita enfune o pano!Vento feliz conduza a vela ousada!Que importa que no seu barco seja um nadaNa vastidão do oceano,Se à proa vão heróis e marinheirosE vão no peito corações guerreiros?

Se, nós te amamos, em aventuras e mágoas!Porque esse chão que embebe a água dos riosHá de florar em meses, nos estiosE bosques, pelas águas!Selvas e rios, serras e florestasBrotem no solo em rumorosas festas!Abra-se ao vento o teu pendão natalSobre as revoltas águas dos teus mares!E desfraldado diga aos céus e aos maresA vitória imortal!Que foi de sangue, em guerras leais e francas,E foi na paz da cor das hóstias brancas!

Hino Nacional

Ouviram do Ipiranga as margens plácidasDe um povo heróico o brado retumbante,E o sol da liberdade, em raios fúlgidos,Brilhou no céu da pátria nesse instante.

Se o penhor dessa igualdadeConseguimos conquistar com braço forte,Em teu seio, ó liberdade,Desafia o nosso peito a própria morte!

Ó Pátria amada,Idolatrada,Salve! Salve!

Brasil, um sonho intenso, um raio vívidoDe amor e de esperança à terra desce,Se em teu formoso céu, risonho e límpido,A imagem do Cruzeiro resplandece.

Gigante pela própria natureza,És belo, és forte, impávido colosso,E o teu futuro espelha essa grandeza.

Terra adorada,Entre outras mil,És tu, Brasil,Ó Pátria amada!Dos filhos deste solo és mãe gentil,Pátria amada,Brasil!

Deitado eternamente em berço esplêndido,Ao som do mar e à luz do céu profundo,Fulguras, ó Brasil, florão da América,Iluminado ao sol do Novo Mundo!

Do que a terra, mais garrida,Teus risonhos, lindos campos têm mais flores;"Nossos bosques têm mais vida","Nossa vida" no teu seio "mais amores."

Ó Pátria amada,Idolatrada,Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símboloO lábaro que ostentas estrelado,E diga o verde-louro dessa flâmula- "Paz no futuro e glória no passado."

Mas, se ergues da justiça a clava forte,Verás que um filho teu não foge à luta,Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra adorada,Entre outras mil,És tu, Brasil,Ó Pátria amada!Dos filhos deste solo és mãe gentil,Pátria amada, Brasil!

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