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O meu primeiro contacto com Mário Cesariny deu-se durante apreparação da peça Tranglomanglo, em que participei comoactor.Todas as noites, em palco, ouvia o poema autografia, com queme identificava, a cada dia, com mais intensidade e é precisa-mente deste poema, e de um forte desejo de compreender o quepretendia com ele transmitir o seu autor, que nasce a ideia dodocumentário com o mesmo nome. Apesar de inicialmente reticente, Mário Cesariny acabou poraceder ao meu pedido de o filmar, começando assim a históriado documentário autografia, cuja realização, devido a uma sériede condicionantes, demorou três anos – tempo que permitiriaaprofundar o grau de intimidade e confiança mútua presentesno filme.No decurso da montagem, apercebi-me de que não conseguiriaincluir no documentário muitas conversas fundamentais para oconhecimento de Mário Cesariny. Consequentemente, e após olevantamento de todas as hipóteses, encarei a publicação destelivro como o suporte adequado ao material existente e o maisacessível a todos os que se interessam pela vida e obra do poeta.Para a concretização do projecto convidei a fotógrafa SusanaPaiva e o designer gráfico Paulo Reis, dois amigos cujo trabalhomuito admiro. Susana Paiva acompanhou e registou a rodagem,o seu trabalho não ilustra o texto nem se limita à fotografia decena, cria, sim, um objecto plasticamente distinto do filme. PauloReis, que havia sido o responsável pela imagem gráfica deautografia, concebeu o grafismo, materializando com subtileza aideia subjacente ao título e a síntese de uma criação tripartida emque cada um reinterpreta o trabalho do outro.

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Assim, verso de autografia é um complemento do documentárioautografia.Nenhuma das conversas que aqui se publicam foi apresentadano filme, à excepção de breves citações, que por razões de com-preensão e coerência, decidi aqui repetir, agora, no seu contex-to original. Porém, a estrutura do filme organizada por temas –morte, amor, vida, Portugal/saudade, vectores do meu trabalho– transita para o livro dando unidade a dois objectos com abor-dagens e suportes distintos.Verso de autografia é sobretudo um presente para MárioCesariny – uma pequena homenagem a ele à sua irmã Henriette,a quem dedico este livro.

Miguel Gonçalves Mendes

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AUTOGRAFIA

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sou um homemum poetauma máquina de passar vidro coloridoum copo uma pedrauma pedra configuradaum avião que sobe levando-te nos seus braçosque atravessam agora o último glaciar da terra

o meu nome está farto de ser escrito na lista dos tiranos: con-denado à morte!

os dias e as noites deste século têm gritado tanto no meu peito que existe nele uma árvore miraculada

tenho um pé que já deu a volta ao mundoe a família na ruaum é loirooutro morenoe nunca se encontrarãoconheço a tua voz como os meus dedos(antes de conhecer-te já eu te ia beijar a tua casa)tenho um sol sobre a pleurae toda a água do mar à minha esperaquando amo imito o movimento das marése os assassínios mais vulgares do anosou, por fora de mim, a minha gabardinae eu o pico Everestposso ser visto à noite na companhia de gente altamente suspeitae nunca de dia a teus pés florindo a tua bocaporque tu és o dia porque tu ésa terra onde eu há milhares de anos vivo a parábola

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do rei morto, do vento e da primaveraQuanto ao de toda a gente – tenho visto qualquer coisaViagens a Paris – já se arranjaram algumas.Enlaces e divórcios de ocasião – não foram poucos.Conversas com meteoros internacionais – também, já por cá

passaram.Eu sou, no sentido mais enérgico da palavrauma carruagem de propulsão por hálitoos amigos que tive as mulheres que assombrei as ruas por onde

passei uma só veztudo isso vive em mim para uma históriade sentido ainda ocultomagnifica irrealcomo uma povoação abandonada aos loboslapidar e secacomo uma linha-férrea ultrajada pelo tempoé por isso que eu trago um certo peso extintonas costasa servir de combustívele é por isso que eu acho que as paisagens ainda hão-de vir a ser

escrupulosamente electrocutadas vivaspara não termos de atirá-las semi-mortas à linha

E para dizer-te tudodir-te-ei que aos meus vinte e cinco anos de existência solar estou

em franca ascensão para ti O Magnificona cama no espaço duma pedra em Lisboa-Os-Sustose que o homem-expedição de que não há notícias nos jornais

nem lágrimas à porta das famílias

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sou eu meu bem sou eu partido de manhã encontrado perdido entre lagos de incêndio e o teu retrato grande!

In “Pena Capital”

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MORTE

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...é o momento!(sala)

MGM O Mário tem medo da morte?

MC Sou capaz de ter, um bocadinho. Não sei o que é. (ri) Mas gostava de ter daquelas mortes boas... a gente deita-separa dormir e nunca mais acorda, isso é que é bom. Mas tenho medo sobretudo da degradação física, isso sim!Porque eu já sofro um bocadinho, vá lá, isso é que é muitochato, isso já é a morte a trabalhar, a trabalhar. A morte propriamente não existe. Se morreu, morreu... é omomento! Tens medo da morte tu?

MGM Não penso na morte.

MC Muito ou pouco?

MGM Não penso porque tenho medo.

MC E ao atravessar a rua? Um dia és atropelado, tens de pensar.Lá isso, eu tenho sempre muito cuidado (ri), a atravessar a rua.

MGM E o Mário acredita em alguma existência após a morte?Independentemente de Deus existir...

MC (interrompe) Não vale a pena responder a essa pergunta.Ainda há três dias apareceram aqui à porta uns loirinhos, um era

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inglês, parece, e outro mais feiote, assim a atirar para aascendência negra, não sei – suponho que é de propósito, ummais bonitão e outro mais macaco que é para apanhar as pes-soas todas. Então vinham discutir isso. Chamam-se a Igreja dosSantos dos Últimos Dias... que é uma coisa que ninguémpercebe, mas o que é isto? Eu disse, olhe não vale a pena falar-mos porque o crer-se ou não se crer... nem vocês me podemconvencer de coisa nenhuma nem eu a vocês, é uma questãode fé. Há pessoas inteligentes que são católicas, podem não sersegundo o ritual romano, não é? Mas são católicas. E há estúpi-dos, ou mais estúpidos, que são ateus.Em vez de responder directamente à tua pergunta eu possofazer um desvio e dizer uma coisa talvez com mais graça. Aminha visão anedótica da criação, do génesis católico é assim:Havia lá não sei onde, numa coisa qualquer que já teve váriosnomes, vários Deuses, etc., até que se chegou ao Deus católico.E sendo esse Deus omnipotente, omnisciente, omnipresente emais tudo o que tu queiras, lembrou-se, de repente, de umacoisa, porque estava muito chateado, muito aborrecido, nãoacontecia nada, não é? Então criou o homem. Bocadinhos decócó, de lama: o homem!Depois foi outra vez para as Amoreiras para ver o que é queacontecia. Como não acontecia nada porque o homem sódormia, comia, tomava banho... Jeová disse «isto não dá nada,é uma chatice»! E então criou a mulher, e a partir daí é que istofoi uma salganhada sem fim, o homem atrás da mulher, a mulheratrás do homem e Ele – se existe, que eu não creio, não é? pelomenos neste – deve passar a vida à gargalhada, a rir-se do que fez.

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Eu posso acreditar num Deus desconhecido, aliás jáescrevi isso, ou já me referi, a um Deus desconhecido, quepor acaso... eu lembrei-me agora disto, é o título doprimeiro livro do Steinbeck, que é um livro muito bom,muito bonito. Eu sou um bicho religioso, acho que sou, e o homem é-o!E talvez eu transfira isso para o terreno da poesia. A poesia não é fazer bonitos, rimar bem, dizer: «Ah tãobonito!» Não digo que seja sempre, mas, em mim, é umainvocação, ao contrário da evocação. Na evocação tu lem-bras um tempo passado, na invocação tu rezas ao tal deusdesconhecido, que é para ver se aparece. O trágico disto, ou dramático, pode ser que talvez metenha aparecido, e eu não dei por isso. Porque os poetas, os criadores em geral, mas sobretudo,os poetas são psicologicamente muito onanistas, em vezde estarem em cima de alguém a darem com o rabo paracima e para baixo, põem-se a escrever, percebes o que euquero dizer? É uma espécie de substituição.

MGM Mas como eu não acredito em Deus...

MC Mas eu também tenho inveja dos crentes e dos suici-das, dos dois.

MGM - O que é o que perdura?

MC Enquanto o fogo arde sente-se isso, mas quando ofogo se apagou, se extinguiu, fica-se vazio.

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MGM É porque às vezes tenho a sensação... em dadas alturasda minha vida... que é quase como se os deuses estivessemcontra mim, como se carregasse uma cruz que não sei o que é...

MC Mas nós não temos sorte nenhuma, porque o Deus quenos inventaram é uma figura caricata, porque se o Diabo morrenum acidente de automóvel, Deus morre no dia seguinte dedesgosto, porque não podem viver um sem o outro. É caricatoisto! Não dá! Por outro lado, esta cachimónia que a gente tem não dá paraapanhar tudo o que nos rodeia, não dá. Pronto! E depois cada um toma a sua crença, a sua interpretação. Deve ser um alívio ir ao confessor do Guterres, dizer: «Ah fiz istoe aquilo, blá, blá, blá.» É como tomar um banho, não é?

MGM O Mário aqui diz que está «[...] farto de ser escrito nalista dos tiranos: condenado à morte!» e eu acho que o Máriode alguma forma também se sentia condenado a alguma coisa,que era um condenado...

MC Ah! Eu sou um condenado de alguma coisa?

MGM Não sei. Isso pergunto eu: porque é que o Mário se sentecondenado?

MC Sim, há qualquer coisa em mim que me leva a ser o quesou, não tenho isso como uma condenação. Quando eu digocondenado à morte não é o mero fuzilamento; é o fuzilamentocivil. Não é o pum, pum, pum e cai para o lado.

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Não pertencer a esta sociedade, é esse sentido que eu dou àcondenação. Agora há mais paciência para aturar gente esquisita, mas anossa cultura, a nossa civilização, a Europa, este continente tãoou mais desastroso que os outros todos... E ainda fomos lá parafora chatear toda a gente, bom... não sei, já me esqueci...Mas tu não és crente?

MGM Não.

MC Mas és jovem, isso é muito importante, ser velho tambémé importante, mas é muito menos agradável.

MGM E se o Mário fosse uma figura divina...

MC Divina? Eu sou uma figura divina.

MGM Sim, o que é que fazia?

MC Ah eu não faço ideia. O que é que eu fazia? Dava razão aoFourier e propunha o novo mundo amoroso que ele propõe. Senão sabes o que é, vai saber.O livro chama-se Le nouveau monde amoureux, mas é um livromuito complicado, porque o que ele propõe é tão revolucionário– ele era um socialista utópico – é tão revolucionário, tão, tão,

que está todo escrito em cifra: há o grupo das borboletas azuis,depois há o grupo dos não sei quê, está tudo em cifra, e é pre-ciso conhecer a cifra, senão não percebes nada do livro.E ele diz que se o não fizesse assim, ia para a guilhotina em três

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minutos. (ri) Uma visão completamente adversa ao mundo emque vivemos, não é?

MGM Mas se o Mário fosse Deus?

MC Se eu fosse Deus?Mas Deus... acho que é uma figura muito ridícula, não meapetece nada. Quer dizer, as imagens que nos dão de Deus éuma coisa de rir à gargalhada, uma coisa sem sentido. E se eu tivesse um poder divino de não sei quê: matava o teuamigo e casava contigo (ri). Sei lá o que é que eu fazia. Uma coisa que nos aproxima e que é muito grata é a pintura, ou apoesia, que de qualquer maneira é uma criação e tem a ver com...Uma vez, já há muitos anos, estava com o Bernardo Pinto deAlmeida, no meu atelier, no antigo, e eu disparei-lhe esta:«Oh Bernardo, você acha que há realmente outro mundo?» Edepois ele não disse nem sim nem não... apontou para a pinturaque eu estava a fazer. (ri)Isto também sai em imagem, não é? Olha, este (apontando paraum retrato) tentou desesperadamente, o Rimbaud, ou fizeram-no tentar desesperadamente, foi um fracasso total. É umgrande, grande poeta, não é? Teve de fugir, fugiu para sempre,ninguém mais o apanhou. Não escreveu nem mais um versonem queria que lhe falassem em tal coisa. Os amores dele como Verlaine... que o Verlaine também era um bicho de temer, masdo outro lado.

MGM E sem ser em termos religiosos, para si o que é o inferno?

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MC O que é o inferno?Ah! Olha, então não digo o que é o inferno. Vou dizer antesoutra coisa. Eu aqui, agora... vocês vão-se embora, estou adizer eu, que estou aqui neste quarto, estou numa espécie deparaíso muito parecido com o inferno, sabes? Mas acho que isto é verdade. Estou aqui. Nesta casa. Numaespécie de paraíso, muito parecido com o inferno.

MGM Mas porquê?

MC Porquê? Porque o meu tempo passou, pronto! Nunca saioporque não tenho aonde ir, não há aonde ir, quase todos osmeus amigos morreram já, etc. Ontem fui àqueles cinemas doSaldanha, ah meu Deus! Não sou contra, acho muito cómodo,muito bonito, e vi que há umas casas de banho muito propíciasa encontros breves, mas não me dá para ir para lá. (ri) Não seise alguém vai. É tudo! Podes viver e morrer... desconfio que só não têm agên-cias funerárias, é a única coisa que falta ali, mas qualquer diatambém há, não é? Por que Diabo...E depois temos um medo da morte... incutem-nos o medo damorte, não devíamos ter tanto medo. A morte é como a caca,esconde-se, esconde-se, chhhh.Quando lá chegar vejamos: se for o descanso eterno já não émau. Pronto acabou. O Lima de Freitas um dia explicou-me, então como é.É assim: «Vossa Senhoria é um rio, você vai por ali abaixo todocontente. Depois vai dar ao mar. Está lá no mar, mas já não éum rio. Está lá.»

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Eu não gostei dessa... (ri) não gostei muito dessa explicação. Porque é igual a desaparecer, não é?Há uns velhotes que aturam muito bem a velhice, eu sou muitoimpaciente diante das vicissitudes da terceira idade, não gostonada, não acho graça nenhuma. E já tenho algumas bastantechatas.A cabeça mantém-se, o que é que range um bocadinho mais,sabes? A cabeça funciona, mas às vezes: range, range. Não é dor de cabeça! Está chateada. Depois há coisasengraçadas, por exemplo, se eu vou a um acontecimento qual-quer que realmente me entusiasma, as pernas andam bem, etc.Portanto, é tudo da mioleira.Sabes, é um bocado aborrecido. Mas depois também não hánetinhos para distrair, ai, ai, ai, não há essas discussões por causada herança, se vai para o neto mais velho ou mais novo. Não.O mundo gay tem coisas lindíssimas, mas tem... pode ter finaismuito chatos...Que isto não é só andar por aí a gozar, e a voar.Depois pagas. (ri)É conforme o país... aquele grande actor inglês que já morreu,mas morreu há pouco tempo, aquele actor inglês, o maior dosmaiores, como é que ele se chamava? Foi talvez o maior actor,maior que o Laurence Olivier, pois... agora acho que morreu,mas durante muitos, muitos, muitos anos, conheceu um amigo,ainda jovem, e até que ele morreu, foram amigos. O amigo leva-va-lhe o pequeno-almoço à cama... (ri)É bonito, não é? Porque o Sir... aquilo já não devia funcionar demaneira nenhuma... é o amor em estado maior de pureza,enfim, não sei. Amizade. Sir John Gilgud... aquele que interpreta

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o Shakespeare. Era o maior, e agora já mais velhinho davam-lheassim uns papeizinhos para ele ganhar algum, no cinema, não é?

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PORTUGAL/SAUDADE

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EPÍLOGO