trajetÓria de uma arte, filosofia e ciÊncia do … · a história do brasil e, ... (história...

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1 TRAJETÓRIA DE UMA ARTE, FILOSOFIA E CIÊNCIA DO CUIDADO Carlos Roberto Fernandes Entre os anos de 2001 e 2003 realizei o curso de mestrado em Enfermagem na Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Por interesse histórico-pessoal e no início de 2001, realizei uma pesquisa bibliográfica sobre a história do Brasil e, nessa revisão, as primeiras obras referenciais foram as publicações em livro de Darcy Ribeiro (1922-1997). O estudo das obras de Darcy Ribeiro conduziu-me a todos os demais historiadores 1 , memorialistas 2 , etnólogos e antropólogos do Brasil, incluindo os textos publicados de alguns jesuítas 3 . O resultado desses estudos e com as minhas posições analítico-críticas foi apresentado, em comunicação oral, no VIII Colóquio Internacional de Sociologia Clínica e Psicossociologia, realizado pela UFMG (FERNANDES e FREITAS, 2001). A pesquisa bibliográfica realizada conduziu-me a obras mais específicas com o intuito de inventariar as guerras, as batalhas, os levantes, as insurreições, as revoltas, os conflitos e os confrontos violentos entre povos indígenas e não indígenas no Brasil 4 . Somente a partir desses estudos pude entender a condição e o estado cotidiano e permanentemente bélicos e violentos de formação ou de transfiguração das multi- sociedades no território brasileiro dos últimos 516 anos. Por todos os fatos de cotidiana violência e porque sou enfermeiro, tais fatos foram interpretados por mim como fatos de não cuidado e consequentes à produção de não cuidado. 1 Uma das notáveis obras de estudo é a de Wilson Martins, intitulada História da inteligência brasileira e publicada em 7 volumes. Igualmente notável são as obras de Serafim Leite (Cartas dos primeiros jesuítas no Brasil, em 3 volumes; Novas cartas jesuíticas: de Nóbrega a Vieira; História da Companhia de Jesus no Brasil). Duas obras muito marcantes para mim foram “Trabalho Índio em Terras da Vera ou Santa Cruz do Brasil” de José Martins Catharino e “Do escambo à escravidão” de Alexander Marchant. 2 Por mais óbvio e primário, li as obras de Hans Staden (Viagens e aventuras no Brasil), André Thévet (Singularidades da França Antártica), Ulrich Shmidel (Historia verdadeira de uma viagem curiosa feita por U. Shmidel), Jean de Léry (Histoire d'un voyage fait en la terre du Bresil, dite Amerique), Pero de Magalhães Gândavo (Tratado da terra e gente do Brasil e História da província Santa Cruz), Gabriel Soares de Souza (Tratado descritivo do Brasil em 1587), Claude D'abbeville (História da missão dos padres capuchinhos na Ilha do Maranhão e terras circunvizinhas), Yves D'Evreux (Viagem ao norte do Brasil), Anthony Knivet (As incríveis aventuras e estranhos infortúnios de Anthony de Knivet), Francisco Adolfo de Varnhagen (História geral do Brasil, volumes 1 e 2), frei Vicente do Salvador (História do Brasil: 1500-1627). 3 Manuel da Nóbrega (Cartas do Brasil), José de Anchieta (Cartas, Informações, Fragmentos e Sermões), Fernão Cardim (Tratados da terra e gente do Brasil). 4 Cinco obras marcaram este início: A Guerra dos Tamoios, de Aylton Quintiliano; Guerra dos Emboabas, de Isaias Golgher; Rebeliões da Senzala, de Clóvis Steiger de Assis Moura; Dicionário das batalhas brasileiras, de Hernâni Donato; Sociedade brasileira: uma história através dos movimentos sociais, de Rubim Santos Leão de Aquino, Fernando Antônio da Costa Vieira, Carlos Gilberto Werneck Agostinho e Hiram Roedel.

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1

TRAJETÓRIA DE UMA ARTE, FILOSOFIA E CIÊNCIA DO CUIDADO

Carlos Roberto Fernandes

Entre os anos de 2001 e 2003 realizei o curso de mestrado em Enfermagem na

Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Por

interesse histórico-pessoal e no início de 2001, realizei uma pesquisa bibliográfica sobre

a história do Brasil e, nessa revisão, as primeiras obras referenciais foram as

publicações em livro de Darcy Ribeiro (1922-1997).

O estudo das obras de Darcy Ribeiro conduziu-me a todos os demais

historiadores1, memorialistas

2, etnólogos e antropólogos do Brasil, incluindo os textos

publicados de alguns jesuítas3. O resultado desses estudos e com as minhas posições

analítico-críticas foi apresentado, em comunicação oral, no VIII Colóquio Internacional

de Sociologia Clínica e Psicossociologia, realizado pela UFMG (FERNANDES e

FREITAS, 2001).

A pesquisa bibliográfica realizada conduziu-me a obras mais específicas com o

intuito de inventariar as guerras, as batalhas, os levantes, as insurreições, as revoltas, os

conflitos e os confrontos violentos entre povos indígenas e não indígenas no Brasil4.

Somente a partir desses estudos pude entender a condição e o estado cotidiano e

permanentemente bélicos e violentos de formação ou de transfiguração das multi-

sociedades no território brasileiro dos últimos 516 anos. Por todos os fatos de cotidiana

violência e porque sou enfermeiro, tais fatos foram interpretados por mim como fatos de

não cuidado e consequentes à produção de não cuidado.

1 Uma das notáveis obras de estudo é a de Wilson Martins, intitulada História da inteligência brasileira e

publicada em 7 volumes. Igualmente notável são as obras de Serafim Leite (Cartas dos primeiros jesuítas

no Brasil, em 3 volumes; Novas cartas jesuíticas: de Nóbrega a Vieira; História da Companhia de Jesus

no Brasil). Duas obras muito marcantes para mim foram “Trabalho Índio em Terras da Vera ou Santa

Cruz do Brasil” de José Martins Catharino e “Do escambo à escravidão” de Alexander Marchant. 2 Por mais óbvio e primário, li as obras de Hans Staden (Viagens e aventuras no Brasil), André Thévet

(Singularidades da França Antártica), Ulrich Shmidel (Historia verdadeira de uma viagem curiosa feita

por U. Shmidel), Jean de Léry (Histoire d'un voyage fait en la terre du Bresil, dite Amerique), Pero de

Magalhães Gândavo (Tratado da terra e gente do Brasil e História da província Santa Cruz), Gabriel

Soares de Souza (Tratado descritivo do Brasil em 1587), Claude D'abbeville (História da missão dos

padres capuchinhos na Ilha do Maranhão e terras circunvizinhas), Yves D'Evreux (Viagem ao norte do

Brasil), Anthony Knivet (As incríveis aventuras e estranhos infortúnios de Anthony de Knivet),

Francisco Adolfo de Varnhagen (História geral do Brasil, volumes 1 e 2), frei Vicente do Salvador

(História do Brasil: 1500-1627). 3 Manuel da Nóbrega (Cartas do Brasil), José de Anchieta (Cartas, Informações, Fragmentos e Sermões),

Fernão Cardim (Tratados da terra e gente do Brasil). 4 Cinco obras marcaram este início: A Guerra dos Tamoios, de Aylton Quintiliano; Guerra dos Emboabas,

de Isaias Golgher; Rebeliões da Senzala, de Clóvis Steiger de Assis Moura; Dicionário das batalhas

brasileiras, de Hernâni Donato; Sociedade brasileira: uma história através dos movimentos sociais, de

Rubim Santos Leão de Aquino, Fernando Antônio da Costa Vieira, Carlos Gilberto Werneck Agostinho e

Hiram Roedel.

2

A noção sobre fatos de não cuidado, consequentes à produção de não cuidado,

levaram-se à formulação do geopolítico absurdo e cotidiano real conceito de violência

histórica. Esta formulação procede daqueles mesmos estudos, anteriormente referidos, e

cujo registro assombrava-me e assombra-me nas palavras de Darcy Ribeiro:

Construimo-nos queimando milhões de índios. Depois, queimamos

milhões de negros. Atualmente estamos queimando, desgastando

milhões de mestiços brasileiros, na produção não do que eles

consomem, mas do que dá lucro às classes empresariais (RIBEIRO,

1995, p. 45).

O Brasil tem sido, ao longo dos séculos, um terrível moinho de gastar

gentes, ainda que, também, um prodigioso criatório. Nele se gastaram

milhões de índios, milhões de africanos e milhões de europeus. [...]

Foi desindianizando o índio, desafricanizando o negro,

deseuropeinizando o europeu e fundindo suas heranças culturais que

nos fizemos. Somos, em consequência, um povo síntese, mestiço na

carne e na alma. [...] Hoje, nosso povo é descartável, como excedente

das necessidades da economia. [...] Em nosso país tudo se deteriora e

se degrada. [...] A Nação Brasileira [...] está em risco de deterioração,

porque é a própria estrutura do poder que está corrompida e

desmoralizada. [...] Estamos matando, martirizando, sangrando,

degradando, destruindo nosso povo! [...] [Há uma perpetuação] de

matança intencional do povo brasileiro, que é o que está em curso. [...]

Estão minando, carunchando a vida de milhões de brasileiros. [...]

Vivemos, com efeito, um processo genocida que faz vítimas

preferenciais entre as crianças, os velhos e as mulheres; entre os

negros, os índios e os caboclos (RIBEIRO, 1995, p. 13, 29, 30, 42,

53).

Embora os estudos referidos não compusessem, aparentemente, a minha tese de

mestrado, não houve solução de continuidade entre os mesmos e o objeto de estudo

delimitado: as concepções de corpo na Enfermagem brasileira.

Após o mestrado e pelas perspectivas epistemológicas, referentes ao objeto de

estudo referido, tinha eu postulado o advento da Ciência do Cuidado e com uma base

cognitiva assentada na história da América Portuguesa – posteriormente, Brasil.

O mais remoto uso, por mim encontrado, da expressão “ciência do cuidado” é

em Watson (1979), onde se propõe ser a Enfermagem a filosofia e ciência do cuidado.

Em 1988, a enfermeira Ana Rosete Camargo Maia destaca os fatores de cuidado de Jean

Watson por base filosófica para o "estudo da enfermagem como ciência do cuidado“

(MAIA, 1998, p. 135). Em 1996, a enfermeira Ivete Palmira Sanson Zagonel destaca a

contribuição epistemológica e filosófica de Jean Watson para "o desenvolvimento da

ciência do cuidado“ (ZAGONEL, 1996, p. 66). Em 1997, Wilson Danilo Lunardi Filho

fala sobre “a percepção de um movimento da enfermagem em direção a uma possível

3

‘ciência do cuidado’ ” (LUNARDI FILHO, 1997, p. 48)5. Em 2002, destacando a base

do modelo de ensino no Hospital de Alienados e centrado na assistência e no cuidado

das pessoas, Taka Oguiso fala do resgate desse modelo “não apenas como Ciência da

Enfermagem, mas como a Ciência do Cuidar ou do Cuidado” (OGUISSO, 2002, s/ref.).

Conquanto distanciando-me dos pressupostos de Jean Watson, nos anos de 2004

e 2005 dediquei-me à divulgação nacional dos fundamentos da Ciência do Cuidado. O

quadro 1 demonstra o itinerário dessa peregrinação, acentuando em negrito as pesquisas

apresentadas sobre a Ciência do Cuidado.

Em 2004, propus um itinerário para a sistematização lógica, epistemológica e

metodológica da Ciência do Cuidado. Para fins autorais, esse trabalho de 2004 foi

registrado no Escritório de Direitos Autorais da Biblioteca Nacional (EDA/BN), sob o

número 315.197, livro 575, folha 357. Tal registro dá conta do conteúdo intitulado

Propedêutica: introdução à Ciência do Cuidado, pertencente a uma anunciada série

Fundamentos da Ciência do Cuidado. Os demais volumes anunciados eram: 2 –

Corpística; 3 – Epistemologia do Cuidado; 4 – Enfermagem; 5 – Historística; 6 –

Terapêutica do Cuidado; 7 – Humanética.

5 Em 2011, no editorial de Márcia Ferreira de Assunção afirma-se ser a Enfermagem arte e ciência do

cuidado (FERREIRA, 2011).

4

Quadro 1 – Fundamentos da Ciência do Cuidado

Simpósios, Seminários, Congressos e

Colóquios nacionais

Período Local Títulos de trabalhos apresentados

VII Simpósio Nacional de

Diagnósticos de Enfermagem

(SINADEN)

29/05 a 1/6 de 2004 Belo Horizonte/

Minas Gerais

1 – O projeto “Aprender Pesquisando” na Enfermagem comunitária: estratégias para aprendizagem significativa

do SUS no curso de graduação em Enfermagem (FERNANDES, 2004a, p.150)

2 – Propedêutica: uma introdução à Ciência do Cuidado (FERNANDES, 2004b, p. 151)

VIII Simpósio Nacional de

Diagnósticos de Enfermagem

(SINADEN)

31/08 a 4/9 de 2004 Vitória/Espírito Santo 1 – Nova lógica da educação permanente em saúde para o SUS e o desenvolvimento de uma nova educação de

Enfermagem

2 – Fundamentos da Ciência do Cuidado: da educação em Enfermagem para a educação de Enfermagem

III Fórum de Educação e Saúde da

região centro-oeste e Distrito Federal

/ Seminário Nacional sobre educação

popular e saúde6

21 a 24/7 de 2004 Brasília/Distrito

Federal

1 – A introdução do módulo saúde comunitária nos cursos de graduação em saúde

2 – Estratégias para as mudanças curriculares no ensino de Enfermagem, segundo a nova lógica da educação

permanente em saúde e na perspectiva do sistema único de saúde

3 – Nova lógica da educação permanente em saúde para o SUS

13º. Seminário Nacional de Pesquisa

em Enfermagem (SENPE)

14 a 17/6 de 2005 São Luís/Maranhão 1 – Concepções de corpo na Enfermagem: advento da nova Enfermagem e da Ciência do Cuidado

(FERNANDES, 2005a)

2 – Noção de pessoa na Enfermagem e sua relação com os modelos de atenção à saúde no Brasil

(FERNANDES, 2005b)

3 – A linguagem esquecida do cuidado: conceitos e modelos de não cuidado no Brasil (FERNANDES,

2005c)

III Congresso Brasileiro de Ciências

Sociais e Humanas em Saúde7

9 a 13/7 de 2005 Florianópolis/

Santa Catarina

1 – Os fundamentos teórico-conceitual da saúde comunitária

2 – As concepções de corpo na Enfermagem e o advento da Ciência do Cuidado

VI Congresso Nacional da Rede

Unida

2 a 5/7 de 2005

Belo Horizonte/

Minas Gerais

1 – História e Filosofia da educação como foco de mudanças na formação de profissionais de saúde

2 – Saúde comunitária: área integradora dos cursos de graduação no Brasil

3 – Conceitos estruturais de educação e educação permanente em saúde

57º Congresso Brasileiro de

Enfermagem

3 a 7/11 de 2005 Goiânia/Goiás 1 – Motivo central do cuidado de Enfermagem (FERNANDES, 2005d)

2 – Movimento nightingaleano para uma Ciência do Cuidado (FERNANDES, 2005e)

3 – Formação da cultura de cuidado na disciplina sócio-humana Enfermagem (FERNANDES, 2005f)

II Colóquio latino-americano de

História da Enfermagem

12 a 15/9 de 2005

Rio de Janeiro/

Rio de Janeiro

1 – A formação de um paradigma de pensamento histórico para estudo da arte e ciência do cuidado na

América Latina (FERNANDES, 2005g)

2 – Bases teóricas da antropologia do cuidado ou da história e historiografia da arte de cuidado no Brasil

(FERNANDES, 2005h)

VIII Semana de Eventos das

Faculdades Tecsoma

25 a 27/10 de 2005 Paracatu/Minas

Gerais

Semiótica do cuidado: nova semiologia e semiotécnica para a Enfermagem (minicurso ministrado)

6 O Fórum não produziu ou não disponibilizou Anais.

7 O Congresso não produziu ou não disponibilizou Anais.

5

Ainda no ano de 2005, outros subcampos da Ciência do Cuidado foram

apresentados, em seus fundamentos, e havendo a reafirmação daqueles outros

anunciados em 2004. O quadro 2, textualmente, destaca aqueles subcampos

reapresentados por Fernandes e Nascimento (2005, p. 524-5).

Quadro 2 – Subcampos da Ciência do Cuidado

Subcampos Fundamentos

Antropologia do Cuidado

“fundamento histórico-antropológico da arte de cuidado, no qual se

estudam os saberes e as práticas de cuidado, específicos e comuns às

diversas, diferentes e não raro contrapostas comunidades de pessoas”.

Historística8

“Subcampo especial da ciência do cuidado para estudos históricos

sobre a arte de cuidado, incluindo a história da enfermagem. A história

e a historiografia da arte de cuidado no Brasil formam, em verdade, o

subcampo Historística, fundamento histórico da ciência do cuidado”.

Psiquêutica

“fundamento histórico-psicológico da arte de cuidado, no qual se estuda

o relacionamento terapêutico estabelecido entre terapeuta do corpo e do

cuidado e a pessoa cuidada”.

Filosofia do Cuidado

“fundamento histórico-filosófico da arte de cuidado, no qual se estuda a

própria filosofia do cuidado em seus aspectos lógico, epistemológico,

metodológico, moral, estético, poético, artístico”.

Política do Cuidado “fundamento histórico-político da arte de cuidado, no qual se estudam

as políticas de cuidado institucionalizadas ou instituticionalizáveis, em

diferentes momentos históricos”.

Sociologia do Cuidado

“fundamento histórico-sociológico da arte de cuidado, no qual se estuda

o processo de cuidado em diversos ambientes e espaços sociais”.

Pedagogia do Cuidado

“fundamento histórico-pedagógico da arte de cuidado, no qual se

estudam: as pedagogias de cuidado em diversos momentos históricos,

em diferentes comunidades de pessoas; os modos de institucionalização

de pedagogias de cuidado; os processos educacionais que instituem

pedagogias de cuidado”.

Ecocuidado9

“fundamento histórico-administrativo da arte de cuidado, no qual se

estudam a administração, a gerência e a gestão de ambientes e de

espaços com relação às pessoas e às comunidades de pessoas para um

modo e processo de viver saudável, incluindo a experiência e o

processo de adoecimento”.

Corpêutica10

“fundamento histórico terapêutico da arte de cuidado, no qual se

estudam as suas terapias e terapêuticas, tanto no processo de viver

saudável quanto no processo de adoecimento”.

Enfermagem

“fundamento histórico-assistencial da arte de cuidado, no qual se

estudam os saberes e as práticas de atenção na experiência e no

processo de adoecimento”.

8 Fernandes (2010, p. 223-9; 2013a) dá a publicidade os fundamentos do que denomina método

historístico. 9 Para Fernandes (2010, p. 31) o “campo epistêmico nightingaleano do Ecocuidado, operacionalizado pela

Administração Ecossanitária e alimentada pela Filosofia Ecossanitária, ergue-se dos modos e processos

nightingaleanos de administrar, gerenciar e gerir o cuidado de ambientes, espaços e contextos para

pessoas e coletividades de pessoas sadias ou doentes; por tais modos e processos, Nightingale pelo menos

cinco subcampos básicos do Ecocuidado, inexplorados pela Enfermagem fora do ambiente hospitalar:

Arquitetura do Cuidado, Engenharia do Cuidado, Economia do Cuidado, Geografia do Cuidado, Estética

do Cuidado”. 10

Anteriormente, Fernandes (2004c) denominou de Corpoterapia.

6

Em 2007 e 2010 e mais enfaticamente, explicito o conceito de cuidado e

delimito o conceito de Ciência do Cuidado: “em sentido geral, é a ciência da Arte de

Cuidado e, em sentido especial, a ciência do sistema filosófico nursing de Florence

Nightingale” (FERNANDES, 2007, p. 33; 2010, p. 11).

Desde 2003, as seguintes distinções foram realizadas por Fernandes (2003;

2007, p. 31; 2010, p. 88, 241, 267-8) e por Fernandes e Nascimento (2005, p. 523):

- sistema pedagógico nightingale, de ensino e treinamento de

mulheres;

- sistema assistencial enfermagem, caracterizado por saberes e práticas

medicocêntricas, hospitalocêntricas, biomedicocêntricas;

- sistema filosófico nursing, delineado por Florence Nightingale e

ainda não desenvolvido nem sistematizado; e

- um novo sistema cujas raízes reaproximam-se da filosofia nursing,

substituída pelo taylorismo, quando houve a versão norte-americana

do sistema Nightingale. A esse novo sistema denomino Ciência do

Cuidado. [itálicos no original].

Com relação ao conceito de cuidado:

Cuidado é estrutura, fundamento, unidade de significado absoluta em

si mesma e conceito epistemológico, consolidador de um modo de ser,

de apreender e de se relacionar (com) o mundo das coisas e das

pessoas. Esse modo de ser, de apreender e de se relacionar (com) o

mundo das coisas e das pessoas pode ser conhecido pela expressão

modo de cuidado [...]

Cuidado é antes do logos, antes da fala, antes da etnia, antes da saúde,

antes da doença; é outro mapa cognitivo, afetivo, político, social,

econômico, histórico, outro conceito e outro paradigma de

desenvolvimento e de civilização. Estes outros conceito e paradigma,

histórica e milenarmente, são os modos de relação particularmente

identificáveis e expressivos da civilização indígena,

predominantemente matriarcal, e não das civilizações grega, greco-

romana, judaica, judaico-cristã e japonesa – dominantemente

patriarcais. Tais modos de relação são opostos aos modos de relação

predatório-utilitarista, antropocêntrico e instrumental”

(FERNANDES, 2004, p. 80-1; 2007, p.32, 56-7; 2010, p. 10-11, 268).

Em 2007, 2009, 2010, 2014 e 2016 apresento outro subcampo com o seu método

de operacionalização: Semiótica do Cuidado e Corpoanálise. Além desses, delineio os

subcampos de Enfermagem Forense e Enfermagem de Segurança Pública, delimito o

conceito de processo saúde-doença-cuidado, proponho e delimito o subcampo

Arquitetura do Cuidado. O quadro 3 demonstra a socialização em eventos científicos de

tais pesquisas.

7

Quadro 3 – Outros subcampos da Ciência do Cuidado

Simpósios,

Seminários,

Congressos e

Colóquios

nacionais

Período Local Títulos de trabalhos apresentados

59º Congresso

Brasileiro de

Enfermagem

3 a 7/12 de 2007 Brasília/

Distrito Federal

1 – Enfermagem de segurança pública na

república federativa do Brasil: gestão

política do cuidado de Enfermagem

(FERNANDES e SOUZA, 2007a)

2 - Gestão política no ensino da

Enfermagem Forense: proposição de

campos temáticos nos cursos de

graduação em Enfermagem

(FERNANDES e SOUZA, 2007b)

Maio de 2009 1 – Abordagem clínica da violência moral

na lógica do processo saúde-doença-

cuidado11

Maio de 2009 1 – Configuração teórico-metodológica do

processo saúde-doença-cuidado12

15º Seminário

Nacional de

Pesquisa em

Enfermagem

8 a 11/06 de 2009

Rio de Janeiro/

Rio de Janeiro

1 – Abordagem clínica da violência moral

na lógica do processo saúde-doença-

cuidado (FERNANDES, 2009)

2 - Semiótica do cuidado e método

corpoanálise (minicurso ministrado)

3 – Relançamento do livro: Violência Moral

na Enfermagem

1-Contribuição histórica da Enfermagem

na formação do conceito processo saúde-

doença-cuidado (FERNANDES, 2013b).

14º. Encontro

Nacional de

Fundamentos

do Cuidado de

Enfermagem

15/5 de 2014 Rio de Janeiro/

Rio de Janeiro

1- Contribuição histórica da Enfermagem

na formação do conceito processo saúde-

doença-cuidado

IV Semana de

Enfermagem

11 a 15/5 de 2016 -

Centro

Universitário Norte

do Espírito

Santo/Universidade

Federal do Espírito

Santo

São Mateus/

Espírito Santo

1 - O fundamento da arquitetura do

cuidado em Florence Nightingale

(FERNANDES, PORTO, SOARES,

SPINASSÉ e SANTOS, 2016).

2 – Estética e epistemologia do cuidado

segundo Florence Nightingale

(FERNANDES e SPINASSÉ, 2016).

3 – Semiótica do cuidado e corpoanálise

(FERNANDES e RUFINO, 2016).

Todos os subcampos da Ciência do Cuidado, elencados nos quadros 2 e 3, são

interconexos e têm por fundamento a História, compreendida esta como o campo

descritivo-analítico das trajetórias e memórias de corpo, individuais e coletivas. Nestas

trajetórias e memórias de corpo identificam-se as expressões de cuidado e as expressões

de não cuidado de indivíduos e de coletividades.

11

Pesquisa cadastrada na Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal do Espírito

Santo sob o número 1043/2009. 12

Pesquisa cadastrada na Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal do Espírito

Santo sob o número 1044/2009.

8

O conceito de trajetórias e memórias de corpo foi proposto desde a tese de

mestrado, cujo processo pesquisante se deu entre 2001 e 2003: as trajetórias de corpo

são o mar empírico da história e as memórias de corpo são as expressões ou as

configurações concretas daquelas trajetórias ou mar empírico no mundo histórico. Todo

esse mar empírico expressa-se primordialmente, da concepção à morte do corpo

humana, no corpo e, depois, em tudo o que existe no mundo humano – sempre histórico

- em termos de saberes constituídos, de organizações ou de instituições.

Primeira e resumidamente para Fernandes (2003, p. 72), trajetórias são “as

vivências e as experiências de corpo, enquanto memórias são as expressões das

vivências/experiências. Dentre essas expressões, [tem-se] as concepções de cuidado e

concepções de corpo”.

Posteriormente, Fernandes (2004, p. 28-9) e Fernandes e Nascimento (2005, p.

523) explicitam:

Trajetórias de corpo constituem o que, no Sistema de Dilthey, é

nomeado de mar empírico de história, trajetória vital, trajetória de

vida, todas expressões sinônimas. São as vivências e as experiências

de corpo das pessoas, elas mesmas formadoras de comunidades, povos

e estados. Trajetórias de corpo constituem a história.

Memórias de corpo consistem, no Sistema de Dilthey, na expressão da

vivência, no espírito objetivo, na manifestação de vida, na objetivação

de vida, nas grandes objetividades do pensamento – todas expressões

sinonímias. Memórias de corpo são historiografias.

Ainda depois, Fernandes (2010, p. 73-4, 89; 2013, p. 280) ratifica:

Trajetórias de corpo são as vivências e experiências de pessoas,

comunidades, sociedades e povos em sua trajetória de vida;

reafirmando o fato de que não existem vida e condição humana sem

corpo, aquelas trajetórias de vida são trajetórias de corpo. Memórias

de corpo são as fixações das vivências e experiências de pessoas e

sociedades, desde um gesto até grandes objetividades do pensamento

tais como os sistemas culturais e sistemas de organização interna e

externa da sociedade; as próprias enfermidades são memórias de

corpo.

Ao estudo mais descritivo-analítico das trajetórias de corpo denomino

Historística (FERNANDES, 2005g); ao estudo descritivo-analítico das memórias de

corpo denomino Antropologia do Cuidado (2005h); ao estudo das multidiversas

concepções de corpo, sobretudo no âmbito da Enfermagem, denomino Corpística

(FERNANDES, 2004c).

Por Antropologia do Cuidado não compreendo uma expressão mais ou menos

cômoda para agregar e designar saberes e práticas existentes e dispersos, em geral

9

designados por “médicos”, “de saúde”, “de Enfermagem”. Trata-se de criar um campo

epistêmico, sistematicamente organizado e filosoficamente justificado ainda não

existente na Enfermagem, cujos dois conceitos substanciais são corpo e cuidado.

Numa retomada etimológica,

o prefixo grego –an significa no alto, em cima; no alto de, sobre; de

baixo para cima; por, através de; durante; tropo, do grego trópos,

significa direção, atitude, modo, maneira, melodia, tom, estilo,

conduta, caráter. An-tropo-logia é estudo ou tratado de direção,

atitude, modo, maneira, estilo, conduta, caráter. Antropologia do

Cuidado é o estudo ou tratado descritivo e analítico de uma atitude

(direção, modo, maneira, estilo, conduta, caráter) de cuidado.

Antropologia do Cuidado inclui, além de uma antropologia ambiental,

uma antropologia da pessoa e uma antropologia do corpo

(FERNANDES, 2005h; 2010, p. 6).

Atento às contribuições de Madeleine Leininger para o que poderia ter sido

proposto como Enfermagem Antropológica ou Antropologia de Enfermagem e para

evitar-se confusões terminológicas e teóricas com a Etnologia, a Etnografia e a própria

Antropologia, o método proposto e criado por Fernandes (2010, p. 197-8) da

Antropologia do Cuidado é o método Etnocuidado “pelo qual se pesquisam as etno-

revoluções da história e da historiografia da Arte de Cuidado de povos, nações,

comunidades, etnias, culturas, civilizações, sociedades, instituições”.

No itinerário de tantos subcampos propostos, com várias pesquisas buscando

sistematiza-los, a figura 1 apresenta a visão geral de alguns desses subcampos e o

quadro 4 apresenta alguns conceitos já constituídos.

10

CIÊNCIA DO

CUIDADO

HISTORÍSTICA

ANTROPOLOGIA

DO CUIDADO

CORPÍSTICA

PSIQUÊUTICA

HUMANÉTICA

FILOSOFIA DO CUIDADO

CORPOTERA-PÊUTICA

SEMIÓTICA DO CUIDADO

ENFERMAGEM

POLÍTICA DO CUIDADO

PEDAGOGIA DO CUIDADO

SOCIOLOGIA DO CUIDADO

11

Quadro 4 – Subcampos e conceitos centrais

ALGUNS

SUBCAMPOS

ALGUNS CONCEITOS

CENTRAIS

SISTEMATIZAOS

ALGUNS

SUBCAMPOS

ALGUNS CONCEITOS

CENTRAIS

SISTEMATIZAOS

Historística

- Trajetórias de corpo

-subalternismo

historiográfico

- distorção histórica

- memória histórica

- consciência histórica

- Método historístico

- Violência histórica

- Pedagogias da violência

Pedagogia do Cuidado

- Processo de cuidado

- Teorias do processo de

cuidado

- Processo saúde-doença-

cuidado

- Educação para o Cuidado

Antropologia do

cuidado

- Memórias de corpo

- Memória étnica

- Complexo de mameluco

- Etnocuidado

Psiquêutica

- Psicocuidado

- Unidades de Cuidado

Pessoa

Família

Grupo

Comunidade

Ambiente

Corpística

- Concepções de corpo

- Corpoestesia

- Corpofobia

- Corpofagia

- Corpocídio

Enfermagem

- Concepções de Enfermagem

- Enfermagem Especializada:

Enfermagem Forense

Enfermagem de Segurança

Pública

Enfermagem Hospitalar

Enfermagem de Saúde Pública

Corpoanálise13

- Semiótica do Cuidado

- Método corpoanálise

- Padrões corpográficos

Filosofia do cuidado

-Estética do Cuidado

-Arte de Cuidado

-Epistemologia do Cuidado

-Arquitetura do Cuidado

Corpêutica14

- Consulta de Enfermagem

- Atitude corpoterapêutica15

Corpoterapias (grupo A)

Hidroterapias (grupo B)

Indígenoterapias (grupo C)

Nutroterapias (grupo D)

Energeticoterapias (grupo E)

Psiquêterapias (grupo F)

Exercicioterapias (grupo G)

Religioterapias (grupo H)

Diagnosticoterapias (grupo I)

Ambientoterapias (grupo J)

Familioterapias (grupo K)

Bioterapias (grupo L)

13

Não há relação, embora os diálogos possíveis, com o método terapêutico holístico denominado de

corpo-análise e criado em 1980 pela bailarina e professora Gerry Maretzki. 14

Sem criar este conceito na época, Fernandes (2003, p. 14, 74, 87) assume e justifica que enfermeiros e

enfermeiras são terapeutas do corpo e do cuidado e registra uma das perspectivas epistemológicas pelo

estudo das concepções de corpo na Enfermagem brasileira: sistematizar as terapias do cuidado de

Enfermagem, iniciando-se com a nominação conceitual das práticas terapêuticas desenvolvidas por

Florence Nightingale. Explícita e posteriormente, Fernandes e Nascimento (2005, p. 525), conforme o

quadro 2, preconizam um subcampo para criação do “fundamento histórico terapêutico da arte de

cuidado, no qual se estudam as suas terapias e terapêuticas”. 15

O conceito de atitude corpoterapêutica é uma das conclusões propositivas da pesquisa intitulada “A

consulta de Enfermagem e o conceito de atitude corpoterapêutica”, cadastrada na Pró-Reitoria de

Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal do Espírito Santo, sob o número 6582/2015.

12

Finalmente, todos os conceitos criados seguiram um método especificamente

criado para uma científica formação de conceitos.

A distinção entre noção, ideia e conceito, entre concepção e conceito talvez seja

uma tarefa inversa tanto ao trabalho da Escolástica porque para os escolásticos conceito

era sinônimo de notio (noção) quanto ao Racionalismo ou Intelectualismo (desde o

macedônio Aristóteles até o francês René Descartes e, até certo ponto, o alemão

Gottfried Wilhelm von Leibniz) para o qual conceito é uma ideia, uma realidade

intelegível e não sensível, existente por si mesma.

Os Escolásticos distinguiam a notio formal e a notio objetiva: a primeira é “o

termo com que o entendimento concebe uma coisa ou um ente a razão, um ens rationis,

quando pensamentos uma pessoa ou um triângulo, por exemplo)”; a segunda refere-se à

“coisa mesma ou o ente da razão mesmo; a pessoa pensada ou o triângulo pensado”

(THIRY-CHERQUES, 2012, p. 26). A distinção escolástica é a base diferenciadora

entre o Nominalismo (para o qual os Universais da Antiguidade Grega e do Mundo

Medieval europeu são apenas nomes, convenções e não declarações sobre supostas

essências dos entes existentes fora da mente humana) e o Essencialismo ou Realismo

(para o qual aqueles Universais são realidades, essências expressivas da natureza dos

entes existentes fora da mente humana).

Na concepção historista (e não historicista) da Escola Histórica Alemã,

representada por Wilhelm Dilthey (1833-1911), a formação sistemática de um

conceito científico parte do pressuposto de que nenhum conceito científico deve ser

criado fora da realidade humano-sócio-histórica.

Todo conceito é humano, portanto histórico, corpóreo; procede da vivência e

não de “vontade de saber”; consequentemente, conceito não é abstração, não é

elaboração mental desvinculada da vivência ou experiência vivida.

Todo conceito, incluindo-se o científico, é uma adstração –e não abstração- da

realidade humano-sócio-histórica.

A proveniência de qualquer conceito, incluindo-se o conceito científico, é a

vivência (Erlebnis): esta é a base do Historismo Alemão; particularmente, é a base do

Historismo de Dilthey, da consciência hermenêutica, historista ou científico -

experiencial, também nomeada de consciência científico – espiritual:

Na correlação constante das vivências e dos conceitos [até se alcançar a]

consciência científico-experiencial [, na qual] não deve haver nenhum

conceito que não se tenha formado em toda a plenitude do reviver

histórico; não deve haver nada geral que não seja a expressão essencial de

13

uma realidade histórica. [...] Acima de toda representação e estilização do

real e do singular, o pensamento esforça-se para chegar ao conhecimento

do essencial e necessário; aspira a compreender a conexão estrutural da

vida individual e social; porque somente conquistaremos poder sobre a

vida social, quando captarmos e aproveitarmos sua regularidade e

conexões. As formas lógicas em que se expressam essas regularidades são

juízos [ou conceitos gerais] cujos sujeitos são tão gerais como seus

predicados.

Entre os múltiplos conceitos gerais do sujeito, ao serviço desta tarefa nas

ciências do espírito [ou da vida], encontram-se alguns como filosofia, arte,

[ciência], religião, direito, economia. (DILTHEY, 1952, p. 76-7;

DILTHEY, 2003; p.72-3)

A definição diltheyana de consciência científico-espiritual ou científico-

experiencial, expressa o desenrolar metodológico da crítica da razão histórica,

caracterizadora do que pode ser denominado consciência metodológica ou consciência

historista, expressa em dois movimentos hermenêuticos (ou historísticos) básicos:

1o. movimento. correlacionar conceitos e vivências formadas na expressão

fundamental e necessária, especial e geral, importante e valorativa do mundo histórico.

O princípio determinante do que é fundamental (um princípio da Estética),

necessário (um princípio da Poética), especial (um princípio da Arte), geral (um

princípio da Práxis), importante e valorativo (princípio da Ética) deve ser buscado nas

regras radicais do Historismo e do Empirismo Histórico:

- Primeira regra de Giambattista Vico: verdadeiro é o fato, verdade é o feito,

verum ipsum factum;

- Segunda regra de Wilhelm Dilthey: o pensamento não pode ir além da vida, ou

seja além do mundo histórico, porque esse mesmo pensamento se forma e se

desenvolve no mundo histórico porque a razão é histórica.

São dois princípios desconstrutores da razão cartesiana, da razão pura kantiana,

da verdade da argumentação e da verdade do método na ciência experimental moderna

que não poderão ser transliterados para as ciências não experimentais. (DILTHEY,

1986; VICO, 1999; FERNANDES, 2010).

2o. movimento. compreender a conexão estrutural da vida individual e social.

Não é nenhuma genialidade autônoma ou “vontade de saber” de uma pessoa que cria os

conceitos gerais de filosofia, arte, [ciência], religião, direito, economia, mas a própria

estrutura psicofísica dessa pessoa que é histórica; não são as uniões lógicas artificiosas,

14

criadas por cada um dos sistemas culturais seriados ou especializações com os seus

métodos e argumentos, que produzem ou promovem nexos, conexões.

Para Dilthey (2003, p.74) o pensamento científico-experimental, expresso no

saber (conhecimento) científico das ciências experimentais, traz a priori em seu

conteúdo o esquematismo daquelas representações (ou conceitos) gerais configuradas

nos nexos finais da cultura (filosofia, arte, ciência, religião, entre outros); caberá ao

pensamento e ao saber (conhecimento) científico-experienciais, próprios das Ciências

do Espírito (hoje denominadas humanas e sociais) verificar antes de qualquer

investigação se aquelas representações gerais realmente são legítimas para a

investigação no campo histórico-social-humano.

Na concepção de Dilthey, a pessoa porque é histórica compreende aquela

conexão estrutural porque ela própria é essa conexão estrutural: tal compreensão das

regularidades e conexões da vida individual e social é a própria fonte do poder sobre a

vida social. Este princípio também está no pensamento de Giambattista Vico quando o

filósofo napolitano considera que somente compreendemos o que é criação nossa, ou

seja, apenas o mundo histórico; o mundo natural é objeto de conhecimento e não objeto

de entendimento e de compreensão. (FIKER, 1994; BURKE, 1997; VICO, 1984; VICO,

1999).

Ao empreender a criação de todos os conceitos, anteriormente apresentados, as

bases teóricas com as quais dialoguei foram, pois, de Giambattista Vico e Wilhelm

Dilthey.

Ao falar sobre formação de conceitos, Dilthey (2003) não elabora etapas para a

formação de um conceito, mas descreve o itinerário para explicitar o seu estudo

sistemático sobre a essência do conceito geral Filosofia: dessa descrição e para os meus

fins investigação, construí as etapas da técnica para formação de conceitos, procedente

de duas fontes:

- do estudo de Hans-Georg Gadamer sobre o conceito de vivência (Erlebnis). Apenas os

dois primeiros passos do estudo de Gadamer são aqui utilizados para a composição da

técnica para formação de conceitos. Apesar de Gadamer também não apresentar “etapas

básicas” para o estudo do conceito de vivência, o seu estudo sobre este conceito decorre

de sua exposição do pensamento do próprio Dilthey que dá à vivência um estatuto

epistemológico para as Ciências do Espírito. Gadamer (1999) compõe o seu estudo

sobre o conceito de vivência (Erlebnis), explicitando: (1º.) a história da palavra, ou seja,

15

o seu surgimento e (2º.) a sistematização da palavra até a sua constituição em um

conceito epistemológico.

- da pesquisa de Dilthey (2003, p. 69) com o objetivo de investigar “a lei de formação

que rege a gênese de cada sistema filosófico particular” e cujo texto originalmente em

alemão, Das wesen der Philosophie , foi publicado em 1907.

Ao referir-se à formação de conceitos, Dilthey (2003) toma para o seu estudo o

conceito geral de Filosofia para determinar a essência da Filosofia. Ou seja, este início

refere-se (1º.) à escolha ou criação da palavra ou expressão que se quer conceituar – no

exemplo específico de Dilthey: essência da Filosofia; (2º.) aos traços distintivos a serem

escolhidos para constituírem o conceito, pressupondo uma decisão prévia sobre quais

fatos deverão ser designados pela palavra ou expressão escolhida; (3º.) àquela decisão

prévia precedida pela escolha intelectual de traços distintivos suficientes e

comprobatórios dos fatos característicos daquela palavra ou expressão criada ou

escolhida; (4º.) às relações isoladas (distorções ou falsidades dos fatos) que poderão ou

não serem conectadas àqueles traços distintivos; (5º.) à necessidade de se identificar

traços comuns entre os fatos daquelas relações isoladas; (6º.) à definição do conceito,

chamando a atenção de que tal definição ou definições são abreviaturas caracterizantes

de uma forma histórica daquele conceito e, daí, seu caráter de inseguridade. Esta

inseguridade deve ser superada pela comprovação de determinações mais seguras –

ainda que insuficientes – daquele conceito; esta superação se dá pelo estabelecimento de

traços essenciais característicos do conceito que se quer definir.

Com os movimentos metodológicos de Dilthey para o seu estudo sobre a

essência da filosofia, o esquema para formação científica de conceito reitera o fato de

que conceitos procedem de concepções de mundo ou modos de interpretação da

realidade e estas derivam de vivências (Erlebnisse), anteriores ao próprio conhecimento

no pensamento discursivo e no pensamento reflexivo ou interpretativo (DILTHEY,

1944; 1954).

A figura 2 esquematiza a técnica de formação de conceitos, tradutora dos passos

seguidos por Dilthey no estudo sobre o conceito de essência da Filosofia e constitutiva

dos passos metodológicos de todas as minhas investigações.

16

Entre outras pesquisas, no ano de 2016, ratifico todass as pesquisa anteriores e

amplio algumas de suas operacionalizações em temas específicos. Algumas dessas

pesquisas estão registradas no quadro 3 e aqui enumeram-se todas elas apresentadas na

IV Semana de Enfermagem do Centro Universitário Norte do Espírito Santo, da

Universidade Federal do Espírito Santo.

Quadro 5 – Pesquisas na Ciência do Cuidado

Discriminação dos títulos das pesquisas Pesquisador e coordenador Registro

Pró-Reitoria

de Pós-

Graduação e

Pesquisa

Referência

1 – Estética e Epistemologia do cuidado

segundo Florence Nightingale

Carlos Roberto Fernandes 6591/2015 Fernandes e

Spinassé (2016)

2 – Os conceitos centrais da arte, ciência e

filosofia de Enfermagem

Idem 6722/2015 Fernandes,

Spinassé, Soares e

Porto (2016)

3 - A Consulta de Enfermagem e o conceito

de atitude corpoterapêutica

idem 6582/2015 Fernandes,

Spinassé, Bita e

Gonçalves (2016)

4 - Semiótica do cuidado e corpoanálise idem Fernandes e Rufino

(2016)

5 - Historicidade política do conceito de

necessidades e modelos conceituais de

Enfermagem

idem Fernandes e

Oliveira (2016)

6 - Corpo, cuidado e violência histórica no

Brasil

idem 6723/2015 Fernandes, Porto,

Soares e Lacerda

(2016)

7 - O fundamento da arquitetura do cuidado

em Florence Nightingale

idem 6745/2016 Fernandes, Porto,

Soares, Spinassé e

Santos (2016)

7. Definição do conceito

3. Identificação de fatos da realidade

humano-sócio-histórica traduzíveis da

palavra

4.Traços distintivos dos fatos

5.Traços essenciais dos fatos

1. Escolha ou criação da palavra

6.Traços suficientes dos fatos

3.1. Abreviaturas de fato

(possíveis outras interpretações do

mesmo fato)

3.2. Relações isoladas

(distorções ou falsidades do fato)

2. determinação da origem ou

história da palavra ou expressão

escolhida ou criada

FORMAÇÃO DE CONCEITOS

17

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