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Questionário História da Arte

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  • 22/02/2015 diversos - Trabalhos de Concluso de Cursos (TCC) - Jdjgkmtoyigmvm

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    Faa treinamentos dinmicos econquiste a ateno dos

    treinandos

    Curso paraInstrutores

    Pgina Inicial Poltica

    Enviado por jdjgkmtoyigmvm, dez. 2014 | 94 Pginas (23458 Palavras) | 1 Consultas | |

    diversos

    Histria Antiga e Medieval

    U416. 44

    Histria Antiga e Medieval

    Autor: Prof. Gabriel Lohner Grf

    Colaboradores: Prof. Francisco Alves da Silva

    Prof. Vincius Albuquerque

    Profa. Ivy Judensnaider

    Professor conteudista: Gabriel Lohner Grf

    Gabriel Lohner Grf, natural de So Paulo, bacharel, licenciado e mestre em

    Histria pela Universidade de So

    Paulo, com nfase em Histria Antiga da Mesopotmia. Sua formao possui

    um duplo caminho: procura, por um

    lado, investigar as modalidades de organizao burocrtica nas sociedades

    mesopotmicas e, por outro, tem grande

    preocupao em construir uma ponte entre os conhecimentos acadmicos e a

    sociedade.

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

    G118h

    Grf, Gabriel Lohner.

    Histria antiga e medieval. / Gabriel Lohner Grf. So Paulo:

    Editora Sol, 2014.

    180 p., il.

    Nota: este volume est publicado nos Cadernos de Estudos e

    Pesquisas da UNIP, Srie Didtica, ano XIX, n. 2-075/14, ISSN 1517-9230.

    1. Pr-histria. 2. Histria antiga. 3. Histria medieval. I. Ttulo.

    CDU 93/99

    Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser

    reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou

    quaisquer meios (eletrnico, incluindo fotocpia e gravao) ou arquivada em

    qualquer sistema ou banco de dados sem

    permisso escrita da Universidade Paulista.

    7 Pginas

    4 Pginas

    28 Pginas

    6 Pginas

    40 Pginas

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    permisso escrita da Universidade Paulista.

    Prof. Dr. Joo Carlos Di Genio

    Reitor

    Prof. Fbio Romeu de Carvalho

    Vice-Reitor de Planejamento, Administrao e Finanas

    Profa. Melnia Dalla Torre

    Vice-Reitora de Unidades Universitrias

    Prof. Dr. Yugo Okida

    Vice-Reitor de Ps-Graduao e Pesquisa

    Profa. Dra. Marlia Ancona-Lopez

    Vice-Reitora de Graduao

    Unip Interativa EaD

    Profa. Elisabete Brihy

    Prof.

    Marcelo Souza

    Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar

    Prof. Ivan Daliberto Frugoli

    Material Didtico EaD

    Comisso editorial:

    Dra. Anglica L. Carlini (UNIP)

    Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)

    Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)

    Dra. Ktia Mosorov Alonso (UFMT)

    Dra. Valria de Carvalho (UNIP)

    Apoio:

    Profa. Cludia Regina Baptista EaD

    Profa. Betisa Malaman Comisso de Qualificao e Avaliao de Cursos

    Projeto grfico:

    Prof. Alexandre Ponzetto

    Reviso:

    Cristina Z. Fraracio

    Virgnia Bilatto

    R$ 159,90

    R$ 89,90

    Aproveite

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    Sumrio

    Histria Antiga e Medieval

    Apresentao................................................................................................................

    .......................................9

    Introduo.......................................................................................................................

    .....................................9

    Unidade I

    1 PR-

    HISTRIA.......................................................................................................................

    ............................. 11

    1.1

    Definio........................................................................................................................

    ........................... 11

    2 OS PERODOS DA

    PRHISTRIA.............................................................................................................

    .. 12

    2.1

    Paleoltico.......................................................................................................................

    .......................... 12

    2.2

    Neoltico..........................................................................................................................

    .......................... 16

    2.2.1

    Neoltico Prcermico

    A..................................................................................................................... 18

    2.2.2 Neoltico Prcermico

    B..................................................................................................................... 18

    2.3 Idade dos

    Metais.............................................................................................................................

    ....... 21

    2.3.1 Revoluo

    Urbana............................................................................................................................

    ....... 22

    3

    MESOPOTMIA...........................................................................................................

    ....................................... 26

    3.1

    Introduo.......................................................................................................................

    ......................... 26

    3.2 Localizao

    geogrfica......................................................................................................................

    .. 28

    3.3

    Economia.......................................................................................................................

    ........................... 31

    3.3.1

    Agricultura......................................................................................................................

    ............................ 32

    199 mil

    Curtir

    Seguir

    8.027

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    3.3.2 Atividades

    complementares............................................................................................................

    .... 33

    3.4 Histria

    poltica............................................................................................................................

    .......... 34

    3.4.1 O perodo

    Uruk.................................................................................................................................

    ........ 34

    3.4.2 Perodo Dinstico Antigo (2800 a.C. 2350

    a.C.)....................................................................... 35

    3.4.3 Imprio Sargnico (2350 a.C. 2112

    a.C.)..................................................................................... 36

    3.4.4 Terceira Dinastia de Ur (2112

    2004)............................................................................................. 37

    3.4.5 Primeiro Imprio Babilnico (1763 a.C. 1750

    a.C.)................................................................ 37

    3.4.6 A crise da Idade do

    Bronze.................................................................................................................. 39

    3.4.7 O Imprio

    Neoassrio......................................................................................................................

    ........ 39

    3.4.8 Imprio

    Neobabilnico...............................................................................................................

    ........... 40

    3.5 Cultura

    mesopotmica...............................................................................................................

    ......... 42

    3.5.1

    Religio..........................................................................................................................

    .............................. 42

    3.5.2

    Mitologia.........................................................................................................................

    ............................ 43

    3.5.3

    Escrita............................................................................................................................

    ............................... 44

    3.5.4

    Cincias.........................................................................................................................

    ............................... 45

    4

    Egito...............................................................................................................................

    ...................................... 46

    4.1 Condies

    geogrficas....................................................................................................................

    .... 46

    4.2

    Economia.......................................................................................................................

    ........................... 48

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    ........................... 48

    4.3

    Sociedade.....................................................................................................................

    ............................ 51

    4.4

    Cultura............................................................................................................................

    ........................... 53

    4.4.1

    Religio..........................................................................................................................

    .............................. 53

    4.4.2 Arte e

    arquitetura......................................................................................................................

    .............. 56

    4.4.3 Escrita

    egpcia............................................................................................................................

    .............. 58

    4.4.4

    Cincias.........................................................................................................................

    ............................... 60

    4.5 Histria

    poltica............................................................................................................................

    .......... 60

    4.5.1 Perodo Prdinstico (8000 a.C. a 3100

    a.C.).............................................................................. 60

    4.5.2 Imprio

    Antigo.............................................................................................................................

    ............. 61

    4.5.3 Imprio

    Mdio..............................................................................................................................

    ............. 61

    4.5.4 Novo

    Imprio............................................................................................................................

    ................. 62

    Unidade II

    5 GRCIA

    ANTIGA..........................................................................................................................

    ...................... 73

    5.1 Perodo

    PrHomrico................................................................................................................

    ......... 74

    5.1.1 Civilizao

    minoica...........................................................................................................................

    ...... 74

    5.1.2 Civilizao

    micnica.........................................................................................................................

    ..... 79

    5.2 Perodo

    Homrico........................................................................................................................

    .......... 84

    5.3 Perodo

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    5.3 Perodo

    Arcaico...........................................................................................................................

    .......... 85

    5.3.1 A formao da

    plis..............................................................................................................................

    86

    5.3.2

    Esparta...........................................................................................................................

    ............................... 88

    5.3.3

    Atenas............................................................................................................................

    ............................. 91

    5.3.4

    Oligarquia.......................................................................................................................

    ............................. 91

    5.3.5

    Tirania.............................................................................................................................

    .............................. 92

    5.3.6

    Democracia...................................................................................................................

    .............................. 93

    5.4 Perodo

    Clssico.........................................................................................................................

    ........... 95

    5.5 As Guerras

    Mdicas..........................................................................................................................

    ... 95

    5.5.1 A ofensiva

    persa...............................................................................................................................

    ....... 95

    5.5.2 A ofensiva

    grega..............................................................................................................................

    ....... 99

    5.6 A hegemonia ateniense e a Guerra do

    Peloponeso.............................................................100

    5.7 A hegemonia de Esparta e de Tebas e o enfraquecimento das

    cidadesestado......102

    5.8 Perodo

    Helenstico......................................................................................................................

    ......103

    5.9 A filosofia

    grega..............................................................................................................................

    ....105

    6

    ROMA.............................................................................................................................

    .....................................107

    6.1

    Monarquia......................................................................................................................

    ........................107

    6.2 A Repblica

    Romana..........................................................................................................................

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    112

    6.2.1 As lutas sociais em

    Roma...................................................................................................................114

    6.2.2 A expanso

    romana...........................................................................................................................

    ... 116

    6.2.3 A crise da

    Repblica.......................................................................................................................

    ......119

    6.3 O Imprio

    Romano..........................................................................................................................

    ..122

    6.3.1 O Alto

    Imprio............................................................................................................................

    ............ 123

    6.3.2 Baixo

    Imprio............................................................................................................................

    ............. 126

    Unidade III

    7 ORIGENS DO

    FEUDALISMO...............................................................................................................

    .........136

    7.1

    Heranas........................................................................................................................

    .........................136

    7.2

    Invases.........................................................................................................................

    ..........................137

    7.3 O Imprio

    Franco............................................................................................................................

    .....139

    7.3.1 A Dinastia

    Merovngia......................................................................................................................

    .. 140

    7.3.2 A Dinastia

    Carolngia.......................................................................................................................

    .....141

    8 A Sociedade

    Feudal.............................................................................................................................

    .....143

    8.1 Os que

    lutam...............................................................................................................................

    ..........144

    8.2 Os que

    trabalham.......................................................................................................................

    .........148

    8.3 Os que

    rezam..............................................................................................................................

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    ..........149

    8.4 A crise do

    feudalismo......................................................................................................................

    ..151

    8.4.1

    Cruzadas........................................................................................................................

    ........................... 152

    8.4.2 Revoluo

    Agrcola..........................................................................................................................

    .... 153

    8.4.3

    Renascimento(s)...........................................................................................................

    ......................... 153

    Apresentao

    Este livrotexto ser seu instrumento de trabalho para a realizao da

    disciplina Histria Antiga e

    Medieval, com a qual esperamos que voc conhea os eventos decisivos na

    constituio das primeiras

    sociedades. importante analisar os processos formativos, dando nfase aos

    aspectos econmicos e

    polticos das sociedades como fatores de transformao. No caso da Histria

    Antiga e Medieval, devemse

    articular as conexes entre os processos histricos do mundo ocidental e

    oriental. Voc dever, ao final

    do curso, ser capaz de analisar criticamente a historiografia relativa ao perodo

    estudado, estabelecendo

    relaes existentes entre o passado e o momento histrico atual, interpretador

    desse passado.

    Esperamos que este material contribua para a formao de professores

    capazes de dotar seus alunos

    de um esprito crtico e investigativo.

    Introduo

    Seja bemvindo ao estudo da Histria Antiga e Medieval! Voc deve se

    recordar, dos tempos de

    escola, que esse um perodo muito longo, que se inicia por volta de 3500

    a.C., com o surgimento da

    escrita, e vai at 1453 d.C., quando a cidade de Constantinopla, capital do

    Imprio Bizantino, caiu nas

    mos dos turcos otomanos. No meio do caminho houve ainda a queda do

    Imprio Romano de Ocidente

    em 476 d.C., evento que marca a passagem da Idade

    Antiga para a Idade Mdia. E esses perodos

    podem ser subdivididos ainda mais, como Alto e Baixo Imprio Romano, Alta

    e Baixa Idade Mdia etc.

    Como voc pode perceber, a periodizao uma ferramenta importante para

    o historiador, pois ela

    permite delimitar entre dois perodos certa continuidade estrutural e, da

    mesma forma, evidenciar as

    transformaes sociais relativas s mudanas cronolgicas.

    Mas isso no deve ser nenhuma novidade para voc, acostumado desde

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    Mas isso no deve ser nenhuma novidade para voc, acostumado desde

    criana a estudar Histria

    dividida em perodos. Quais os perodos? Histria Antiga, Histria Medieval,

    Histria Moderna e Histria

    Contempornea, cada um deles delimitado por fatos relevantes. O que talvez

    voc ainda no saiba

    que essa periodizao uma dentre muitas outras possveis! Quem escreve a

    histria , antes de tudo,

    uma pessoa (o historiador) que, influenciada pelo seu contexto econmico,

    social e poltico, elege no

    passado os eventos que julga os mais relevantes. Nossa periodizao de

    origem francesa, devido

    influncia que exerceu sobre a cultura brasileira no sculo XIX. Na

    periodizao dos ingleses, h a

    Histria Antiga (3600 a.C. 500 d.C.), Histria PsClssica (500 d.C. 1500

    d.C.) e Histria Moderna,

    subdividida em Histria Moderna Inicial (1500 1750), Histria Moderna

    Mdia (1750 1914) e Histria

    Contempornea (1914 at hoje).

    Cada perodo tem uma caracterstica especial. A Idade Contempornea, na

    periodizao francesa,

    referese ao perodo em que predomina um tipo de governo liberal

    representativo graas Revoluo

    Francesa, que demoliu o antigo regime e com hegemonia do capitalismo

    como sistema econmico,

    sendo a burguesia a classe dominante atualmente. A Idade Moderna, por sua

    vez, referese ao antigo

    regime,

    caracterizado pelo absolutismo e pelo mercantilismo. Mas e a Histria Antiga?

    Quais suas

    caractersticas? possvel considerla como um perodo coeso, levando em

    conta a diversidade das

    experincias histricas de sociedades to distintas?

    9

    Podemos grosso modo dizer que a Histria Antiga um perodo no qual

    surgiram as primeiras

    civilizaes do Oriente Mdio, tradicionalmente consideradas como

    civilizaes hidrulicas do modo

    de produo asitico, e quando floresceram as sociedades ditas clssicas, no

    caso, Grcia e Roma, nas

    quais se estruturou o modo de produo escravista. Mas qual a relao entre

    elas? No sculo XIX, as

    sociedades europeias, na busca de um passado, elegeram os gregos e os

    romanos como seus precursores, e

    as civilizaes orientais foram consideradas como um negativo das

    sociedades clssicas, contrapondo um

    governo desptico de natureza religiosa com instituies democrticas e bem

    organizadas, como aquelas

    encontradas em Atenas e em Roma. Ou seja, na busca de um passado, as

    naes europeias do sculo XIX

    revestiramse de qualidades manifestas nas civilizaes clssicas, ao mesmo

    tempo em que condenavam

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    tempo em que condenavam

    tipos de governo despticos representados pelas civilizaes orientais. Isso

    configura uma viso chamada

    pelos historiadores atuais de eurocntrica, ou seja, uma viso da histria

    segundo os europeus.

    Da mesma forma que as civilizaes orientais eram consideradas como a

    negao das civilizaes

    clssicas, ou ainda um estgio anterior na grande evoluo histrica das

    sociedades, a tomada de

    Roma pelos Hrulos em 476 d.C. foi considerada o marco da decadncia de

    Roma, a destruio da

    cultura clssica e o incio de uma grande noite, que se estendeu por sculos

    at a retomada da cultura

    Grecoromana

    pelos renascentistas. E essa destruio, segundo vises mais antigas,

    aconteceu por

    causa da corrupo moral dos romanos em um estgio no qual as sociedades

    entram naturalmente em

    decadncia, afastandose de suas configuraes originais; a corrupo, os

    excessos dos imperadores,

    a luxria, a m administrao, a deturpao das instituies: tudo isso seria o

    sinal de uma crise

    endmica que resultaria no desaparecimento de uma civilizao. A partir da

    queda de Roma, imperaria a

    fragmentao poltica, o misticismo, a obscuridade e a violncia, tipicamente

    associados Idade Mdia.

    Atualmente, os historiadores esto procurando romper com essa viso, que

    muito difundida na sociedade, e

    tm realizado estudos crticos com o objetivo de superar aquela viso

    eurocntrica, evolucionista e preconceituosa.

    Hoje sabemos, por exemplo, que o poder oficial na Mesopotmia era

    contrabalanado por assembleias de homens

    livres (os awilum na Babilnia), o que garantia a supremacia de instncias

    polticas locais (CHARPIN, 2000, p. 69).

    No caso de Roma, hoje se utiliza o conceito de transformao em vez de

    crise ou decadncia, uma vez que,

    durante o chamado Baixo Imprio surgiram correntes de pensamento e

    expresses artsticas dignas de nota,

    assim como a penetrao dos brbaros ocorreu durante um longo perodo, j

    assimilado ao Imprio, a viso da

    queda, difundida pelo historiador do sculo XVIII Edward Gibbon, no

    encontra mais sustentao.

    E esse o trabalho do profissional de Histria: a reflexo e a crtica. Voc

    deve estar sempre consciente de

    que o conhecimento, antes de tudo, uma construo cujas peas e

    ferramentas so escolhidas por algum

    que filho de seu tempo. Uma caracterstica da Histria ensinada nas escolas

    sua nfase na economia como

    a base dos processos histricos. A economia expressa no conjunto de

    relaes sociais que caracterizam um

    modo de produo. Aqui, faremos referncia ao modo de produo asitico,

    ao modo de produo escravista

    e ao modo de produo feudal. Embora consagrados no meio escolar,

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    devemos ter ateno em como tais

    conceitos foram construdos e de que forma eles se adquam s sociedades

    estudadas.

    Portanto, use as informaes deste livrotexto com o esprito crtico

    caracterstico de um historiador.

    No o tome apenas como um manual de referncia para os seus estudos.

    Leia, avalie, julgue, critique

    e discorde se achar necessrio. A ideia que, para que voc dote seus alunos

    de esprito crtico,

    necessrio treinlo durante sua formao. Bons estudos!

    10

    Histria Antiga e Medieval

    Unidade I

    1 PR-HISTRIA

    1.1 Definio

    O termo Prhistria se refere ao momento da trajetria humana em que a

    escrita no existia.

    Como os documentos escritos, por muito tempo, foram os principais

    instrumentos do historiador, a

    inveno da escrita considerada um divisor de guas que separa dois

    momentos distintos da histria

    humana, e por muito tempo a ausncia ou a presena de escrita foi um critrio

    usado de forma

    preconceituosa para medir o nvel de sofisticao intelectual de sociedades

    diversas. Hoje em dia, o

    historiador utiliza fontes bastante diversificadas para compreender o passado

    e considera histria tudo

    o que relativo aventura humana sobre a Terra. Nesse sentido, a

    Prhistria tambm foi um perodo

    histrico!

    Para compreender as sociedades humanas da Prhistria, devemos utilizar

    outros meios que no a

    escrita, oferecidos principalmente pela Arqueologia: recuperao e

    anlise de vestgios, como machados,

    pontas de flechas, restos de cermica, estatuetas votivas e at mesmo restos

    preservados de tecidos.

    Esses artefatos, por sua vez, so categorizados segundo sua funo social e

    dse uma especial ateno

    aos materiais e tcnicas de produo. A partir da anlise de tais objetos

    inseridos em seus contextos de

    escavao, possvel resgatar principalmente os aspectos econmicos das

    sociedades prhistricas.

    Figura 1 O trabalho do arquelogo permite resgatar os vestgios do passado

    na ausncia de fontes escritas; atualmente, o

    historiador tambm tem desenvolvido mtodos de interpretao de objetos

    11

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    Unidade I

    Dessa forma, devemos notar que a diviso dos perodos da Prhistria se

    relaciona diretamente

    com os materiais e as tcnicas de produo daqueles artefatos, o que, na

    viso dos antroplogos do

    sculo XIX, atestaria momentos distintos da evoluo das sociedades

    humanas. Essa evoluo seria

    medida pela capacidade dos instrumentos usados, que refletiriam, por sua

    vez, o nvel intelectual e

    espiritual dos grupos humanos. Segundo essa viso, caadores e coletores

    que utilizavam instrumentos

    de ossos ou de pedra lascada seriam necessariamente menos avanados

    do que grupos sedentrios que

    utilizavam cermicas e instrumentos de pedra polida. Embora essa viso

    seja amplamente desafiada

    por estudiosos atuais, ela ainda consagrada nos meios escolares e

    influencia nossas consideraes

    sobre o homem prhistrico. Voc precisa ficar atento a isso!

    A longa noite da Prhistria correspondeu maior parte da existncia

    humana na Terra e, ao

    contrrio do que muitos pensam, foi sem dvida a mais criativa. O homem

    surgiu na frica, em algum

    momento obscuro por volta de

    200.000 a.C., e sua trajetria atingiu um ponto decisivo por volta de

    50.000 a.C., com o desenvolvimento de uma vida cultural atestada nas pinturas

    rupestres, instrumentos

    musicais e artefatos religiosos, como estatuetas. A presena de

    enterramentos rituais atesta ainda a

    crena em um psvida, e a fala, segundo neurocientistas e arquelogos,

    consagrouse como ferramenta

    de comunicao do Homo sapiens, antes balbuciada pelos seus ancestrais,

    como o Homo erectus.

    A Prhistria foi dividida a partir do sistema das trs idades pelo arquelogo

    dinamarqus Christian

    Thomsen, em 1820 Idade da Pedra, Idade do Bronze e Idade do Ferro e

    aperfeioada posteriormente por

    John Lubbock, que criou os termos Paleoltico e Neoltico, mantendo a Idade

    dos Metais. Essa diviso, no

    entanto, tem sido cada vez mais detalhada, j que as inmeras descobertas

    aps a obra de Lubbock foraram os

    estudiosos a estabelecer cronologias mais precisas e localizadas, em vez de

    grandes periodizaes generalizadas.

    2 OS PERODOS DA PRHISTRIA

    2.1 Paleoltico

    O Paleoltico corresponde ao perodo de tempo transcorrido entre 2,5 milhes

    de anos antes do presente.

    Foi o momento em que os primeiros ancestrais do homem atual passaram a

    usar ferramentas de pedra

    at aproximadamente 12000 a.C., e quando os agrupamentos humanos

    iniciais comeam a se sedentarizar

    devido a mudanas climticas. O termo que designa esse perodo vem do

    grego palaeos (antigo) e lithos

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    grego palaeos (antigo) e lithos

    (pedra), referindose a uma maneira pretensamente rudimentar de fabricao

    de ferramentas de pedra.

    Durante essa poca, iniciase a trajetria humana na Terra, provavelmente na

    regio que corresponde atual

    Etipia, em algum momento por volta de 200.000 anos antes do presente (ou

    AP). Devido a

    fatores climticos

    e populacionais, os primeiros seres humanos iniciam uma onda migratria, h

    aproximadamente 50.000 AP,

    tendo ocupado praticamente todos os territrios do planeta com exceo da

    Antrtida j em 20.000 AP.

    O Homo sapiens, assim como seus ancestrais e congneres (como o Homem

    de Neanderthal), era um

    caador e coletor, ou seja, dependia exclusivamente da natureza para o seu

    sustento. Coletava frutos

    silvestres e caava animais para a obteno de carne, de peles (para

    proteo) e de ossos (para a fabricao

    de instrumentos). Alm da carne de grandes mamferos e frutos, o homem

    tambm desenvolveu tcnicas

    de pesca, alimentandose de peixes e ostras. Com o crescente aumento

    populacional, os humanos

    causaram um grande impacto na natureza, levando diversas espcies de

    animais e plantas extino.

    12

    Histria Antiga e Medieval

    O uso de ferramentas era fundamental para sua sobrevivncia, uma vez que os

    homindeos no

    dispunham de recursos biolgicos tais como dentes, garras ou pelos. Embora

    considerada pejorativamente

    como primitiva, a tecnologia paleoltica era bastante inovadora e

    extremamente variada em objetos e

    materiais, sobressaindose as pontas de flecha em ossos, os machados de

    pedra, facas de slex, buris

    e at mesmo grandes agulhas de costura. Tais objetos permitiam aos

    homindeos no apenas caar

    e processar animais, mas tambm fabricar vestimentas e novos instrumentos,

    com o uso de pedras

    preparadas previamente para tal finalidade. Esses objetos eram to

    importantes que, por meio de um

    ato simblico funerrio, muitos eram enterrados junto com seu antigo

    possuidor.

    Por percusso

    indireta

    Retoque por

    presso

    Por percusso

    direta

    Figura 2

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    O domnio do fogo, ocorrido h cerca

    de 300.000 AP graas a algum corajoso Homo erectus, foi

    um dos acontecimentos de maior relevncia para o homem. Do ponto de vista

    econmico, ampliou

    a variedade da dieta humana, uma vez que o cozimento propiciava o preparo

    de alimentos de difcil

    digesto quando crus, alm de acelerar o descongelamento de carne em

    regies de baixas temperaturas.

    Alm de tais benefcios, o fogo aquecia, permitindo a colonizao de reas

    inspitas, e afastava os

    predadores, servindo tambm como fonte de iluminao em cavernas e em

    rituais religiosos. O processo

    do domnio do fogo no claro, mas provavelmente fruto de uma longa

    observao de processos de

    combusto ocorridos na natureza.

    Por meio da observao da organizao social de grupos caadores e

    coletores atuais, bem como

    a ausncia de vestgios que demonstrem um assentamento humano

    permanente anterior a 8.000

    a.C., concluise que os homindeos organizavamse em bandos de at 100

    indivduos, cujas principais

    caractersticas so: igualitarismo (ou a ausncia de uma hierarquia social),

    economia comunitria e os

    laos familiares como principal elo de ligao entre os membros de um grupo.

    Dado o carter predatrio

    da economia paleoltica, o nomadismo era uma caracterstica fundamental dos

    primeiros agrupamentos

    humanos, sendo realizado dentro de um permetro especfico ao longo dos

    meses. Pesquisas recentes

    demonstram, inclusive, a presena de um acampamento central que servia

    como referncia para os

    grupos em transumncia.

    13

    Unidade I

    Figura 3 A Etnografia uma rea de estudo da Antropologia que estuda

    grupos humanos atuais cujas caractersticas se

    assemelham a grupos que desapareceram no passado. Na imagem, a tribo

    dos caadorescoletores Qagyuhl

    Por volta

    de 50000 AP, o Homo sapiens desenvolve um mecanismo fundamental que o

    separa de

    seu estado de natureza, e no a utilizao de ferramentas e nem mesmo a

    qualidade tcnica de seus

    instrumentos com relao aos artefatos rudimentares, utilizados at mesmo

    por alguns animais. O que

    define o homem como tal justamente a sua capacidade de construir uma

    linguagem que, como meio

    de expresso da capacidade de significar o mundo, matriaprima da

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    de expresso da capacidade de significar o mundo, matriaprima da

    cultura, definida como um

    conjunto de signos e smbolos compartilhados. A habilidade de dar significado

    ao mundo que a rodeia

    uma das maiores realizaes de nossa espcie, resultado dos

    desenvolvimentos biolgicos altamente

    complexos do crebro humano.

    Lembrete

    Embora seja comum a grande diviso entre Histria e Prhistria,

    referente ao uso da escrita, no devemos nos esquecer de que onde h

    atividade humana, h histria. Assim, o desenvolvimento da linguagem

    um dos eventos mais significativos da histria humana, embora se localize

    temporalmente na Prhistria.

    A presena de enterramentos rituais sugere o desenvolvimento de crenas

    religiosas. Essa

    preocupao com o psvida e a crena em seres divinos foram de grande

    importncia para fortalecer

    os laos sociais e a coeso do grupo, unido em torno de um culto comum.

    Representaes de figuras

    zooantropomrficas so comuns no registro arqueolgico e podem estar

    associadas a divindades

    responsveis pelas foras da natureza. Outra caracterstica cultural importante

    a existncia de

    pinturas rupestres. Os motivos dividemse em animais cavalos, touros

    selvagens, cervos etc.

    , seres humanos e figuras abstratas, e sua finalidade intensamente

    discutida: alguns autores

    acreditam que esses desenhos serviam como uma

    espcie de talism que trazia sucesso caa;

    14

    Histria Antiga e Medieval

    outros imaginavam que tais pinturas eram realizadas em um ritual especfico

    feito pelo sacerdote

    do grupo, e os animais desenhados seriam representaes de foras naturais

    que transcendem a

    mera caa.

    Figura 4 As pinturas rupestres demonstram o desenvolvimento da

    capacidade de dar significado s foras naturais

    Lembrete

    O termo AP (antes do presente) um conceito alternativo ao de a.C.

    (antes de Cristo), normalmente usado para longas temporalidades em que

    a datao crist ineficiente para estabelecer a escala de tempo desejada.

    As figuras femininas Vnus eram bastante difundidas no perodo,

    provavelmente

    representando uma divindade feminina cultuada em uma extensa rea que

    abrangia Europa, frica

    e sia. As principais caractersticas dessas estatuetas eram a nfase dada a

    aspectos que sugeriam

    a fertilidade como os grandes seios, ventre e quadris largos. Celebrar a

    maternidade era vital em

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    uma poca em que a altssima mortalidade chegou a reduzir drasticamente a

    populao humana.

    Outras realizaes artsticas do perodo foram adornos, como braceletes,

    colares e vestgios de ocre

    sugerindo pinturas rituais.

    15

    Unidade I

    a)

    b)

    Figura 5 As estatuetas chamadas Vnus possuem atributos femininos

    exagerados,

    o que indica a prtica de cultos relacionados fertilidade durante o Paleoltico

    Saiba mais

    A origem do homem um assunto largamente debatido e controverso,

    principalmente em relao ao famoso elo perdido, ou seja, nosso ancestral

    em

    comum com os outros primatas. Esse elo seria, no caso, uma espcie que

    ainda

    no foi descoberta ou uma falha na Teoria da Evoluo? Sugerimos as obras:

    DARWIN, C. A

    origem do homem e a seleo sexual. Curitiba: Hemus, 2002.

    MARTIN, F. D. Breve historia del Homo sapiens. Madri: Nowtilus, 2009.

    .

    2.2 Neoltico

    O perodo compreendido entre 12.000 e 5.000 a.C. denominado Neoltico,

    ou pedra polida, em

    razo da sofisticao dos instrumentos de pedra com relao ao Paleoltico.

    Esse perodo foi marcado por

    mudanas climticas radicais, com um rpido aumento de temperatura,

    responsvel pelo derretimento

    das calotas polares formadas durante a ltima Era Glacial. A elevao da

    temperatura e da umidade levou

    ao desenvolvimento de grandes reas de clima temperado e o aumento do

    volume dos rios auxiliou na

    formao de microambientes midos. Isso estimulou uma grande

    complexidade ambiental, facilitando

    assim o sedentarismo.

    16

    Histria Antiga e Medieval

    Esses impactos ambientais transformaram radicalmente a economia humana

    e a organizao das

    comunidades. A economia predatria da caa e da coleta vai sendo

    progressivamente substituda por

    uma produtiva, baseada no plantio de cereais e na domesticao de animais.

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    Esse processo, no entanto,

    ocorreu lentamente e a caa e a coleta ainda possuam grande importncia

    durante as fases iniciais do

    Neoltico, momento de sofisticadas manipulaes genticas de espcies

    selvagens de cereais como trigo,

    cevada, feijes e milho.

    Qualquer que seja sua origem, a criao de animais deu ao homem o controle

    de seu abastecimento de alimento, da mesma forma que o cultivo da terra

    [...] devemos lembrar tambm que a produo de alimentos no substitui

    imediatamente a coleta (CHILDE, 1978, p. 90).

    O progressivo domnio do cultivo desses alimentos levou a um notvel

    incremento produtivo,

    formando excedentes que permitiram ao homem libertarse

    cada vez mais das imposies da

    natureza. A possibilidade de armazenar alimentos viabilizava a existncia de

    um tempo livre,

    dedicado experimentao e pesquisa de tcnicas de cultivo e

    desenvolvimento de ferramentas;

    logo surgiram as primeiras diferenciaes sociais relacionadas propriedade

    de bens. Para referirse

    a esse momento, o arquelogo Gordon Childe utilizou o conceito de Revoluo

    Neoltica (tambm

    chamada Primeira Revoluo Agrcola): uma alterao radical nas estruturas

    sociais em virtude da

    sedentarizao.

    [...] a economia como um todo no pode existir sem um esforo cooperativo.

    As atividades cooperativas exigidas pela vida neoltica encontraram expresso

    exterior nas instituies sociais e polticas. As novas foras controladas

    pelo homem, em consequncia da Revoluo Neoltica e do conhecimento

    obtido e aplicado no exerccio de novos ofcios, devem ter reagido sobre as

    perspectivas do homem (CHILDE, 1978, p. 105).

    Atualmente, o Neoltico dividido em trs fases: Neoltico Acermico A (ou

    seja, sem cermica),

    entre 12000 e 8500 a.C.; Neoltico Acermico B, de 8500 a 6500 a.C.; e

    Neoltico Cermico, de 6500 a

    4500 a.C., quando se inicia a Idade dos Metais com o Calcoltico ou Idade do

    Cobre. Childe afirmava que

    a cermica era uma marca distintiva do Neoltico e as classificaes atuais

    demonstram que ela surgiu

    apenas no final do perodo.

    Observao

    Sempre que lidamos com teorias, vale lembrar que elas sempre podem

    ser atualizadas. Quando Gordon Childe escreveu suas primeiras obras, na

    dcada de 1920, o conhecimento sobre a Prhistria ainda estava em

    seus estgios iniciais. Atualmente, graas a novas tecnologias de datao,

    podemos detalhar o passado prhistrico cada vez mais.

    17

    Unidade I

    2.2.1 Neoltico Prcermico A

    Durante esse perodo, o homem se conservava seminmade, contando com a

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    Durante esse perodo, o homem se conservava seminmade, contando com a

    existncia de um lugar

    central a partir do qual era realizado o deslocamento do grupo. Em

    determinado momento, os grupos

    fixavamse temporariamente. As habitaes eram circulares lembrando

    provavelmente cabanas

    temporrias usadas pelos nmades e o cho das casas ficava abaixo do

    nvel do solo. Em algumas

    aldeias, como a do stio de Natuf, em Israel, possvel observar ainda a

    presena de torres de guarda ou

    mesmo muralhas. O que define essa fase como Neoltica a presena de

    vestgios de cereais cultivados,

    sobretudo cevada e trigo.

    Lembrete

    O homem do Paleoltico caracterizouse pela sua economia predatria,

    ou seja, era um caador e um coletor, vivendo da oferta disponvel de

    produtos naturais. A transio para o sedentarismo no foi progressiva,

    preservando nos momentos iniciais do Neoltico algumas caractersticas

    do perodo anterior. Lembremos que a cronologia uma ferramenta do

    historiador, e no corresponde diretamente realidade, sendo apenas uma

    aproximao.

    Uma cultura caracterstica desse momento a de Natuf (ou natufiense),

    localizada no Levante

    Sria e Palestina. As variaes climticas tpicas do final do perodo glacial

    levaram a um enorme

    contraste em termos de recursos entre locais, bem prximos uns dos outros.

    Nessa cultura, notase o

    desenvolvimento de uma economia mista pautada na produo e na

    caa/coleta, o que no implicou

    diretamente a permanncia total de um assentamento, mesmo em uma

    situao na qual a criao de

    um excedente fosse possvel.

    Os assentamentos desse perodo constituamse em povoados mais ou menos

    fixos, localizados em

    reas que favoreciam a

    coleta de cereais silvestres e a outra, de acampamentos sazonais

    provavelmente

    voltados para a explorao da fauna selvagem. As habitaes, bastante

    simples, eram escavadas, de modo

    que o trabalho investido nessas construes sugere um tempo relativamente

    largo de permanncia no

    local. Por outro lado, a experincia acumulada por geraes teria levado a um

    raciocnio lgico no que se

    refere disponibilidade mdia de recursos naturais por temporada de estadia.

    Temos ainda nessa poca

    uma importante inovao: o uso de cereais na alimentao bsica. A

    observao de espcies silvestres

    e as maneiras de reproduo dessas plantas convergiram em um esforo

    sistemtico de produo

    de cereais, por se constiturem em fontes bsicas de carboidratos e por

    possurem um alto ndice de

    preservao.

    2.2.2 Neoltico Prcermico B

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    2.2.2 Neoltico Prcermico B

    Por volta de 9000 a.C. h o desaparecimento da cultura natufiense coincidente

    com o surgimento de

    povoamentos mais fixos, contando com edifcios construdos com tijolos de

    barro. A produo agrcola

    sob um regime de chuvas que permitia a agricultura sem irrigao

    desenvolveuse consideravelmente

    18

    Histria Antiga e Medieval

    nesse perodo e passou a ganhar uma importncia ainda maior na economia

    local, devido escassez

    de recursos naturais e concorrncia de grupos vizinhos. Assentamentos

    como Jeric sugerem ainda

    a existncia de grandes concentraes populacionais, o que certamente

    levaria a conflitos sociais que

    demandassem a existncia de uma esfera administrativa. notvel ainda a

    substituio de casas ovais

    por outras retangulares.

    Figura 6 Reconstituio do assentamento de atal Hyk, na atual Turquia

    O stio arqueolgico de atal Hyk, na Turquia, um bom exemplo desse

    perodo.

    Esse grande

    assentamento possua casas retangulares, umas juntas s outras; em tais

    moradias, s era possvel

    entrar por cima. No havia ruas e o teto das casas era usado como vias de

    acesso. Nessa cidade, so

    caractersticas as estatuetas no estilo Vnus e cultos em que crnio bovinos

    eram utilizados como

    smbolo. Os enterramentos eram realizados dentro das prprias residncias e,

    aps algum tempo, o

    cadver era exumado e sua cabea cortada, sendo colocada em um altar.

    O desenvolvimento de tcnicas de plantio levou ao incremento da produo

    alimentar e seu papel

    privilegiado nas economias locais, sobretudo entre 8000 e 6000 a.C., quando

    a cermica comea a ser

    fabricada (razo pela qual atal Hyk pode ser considerado como um stio na

    transio do Neoltico

    Prcermico para o Cermico). O fato capital dessas transformaes est na

    emergncia de uma

    indstria especializada e perfeitamente adaptvel ao incremento produtivo,

    uma vez que o tempo de

    fabricao de peas de cermica, assim como a especificidade das suas

    formas, se encaixa com perfeio

    em um contexto de crescimento demogrfico. Ainda, o desenvolvimento da

    agricultura leva explorao

    de novos contextos geogrficos para o cultivo de cereais sem a necessidade

    de irrigao, com um clima

    mais hospitaleiro e nveis de chuva mais adequados.

    19

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    Unidade I

    Figura 7 A cermica foi uma inveno que se adequou ao desenvolvimento

    do cultivo de cereais.

    Estes, pela sua durabilidade, poderiam ser armazenados, e o excedente

    poderia ser consumido na entressafra.

    Os recipientes utilizados para o armazenamento eram de cermica, cuja

    matriaprima de fcil acesso

    A agricultura e a pecuria ocupavam um papel central, mas a caa e a coleta

    eram ainda fontes

    complementares de alimentao. Do ponto de vista tcnico, a progressiva

    introduo do cobre como

    matriaprima representou uma importante guinada tecnolgica por ser um

    material muito mais flexvel

    do que a pedra e igualmente resistente, alm de estimular contatos comerciais

    entre regies diferentes

    em busca de minrios ou de ferramentas prfabricadas. No entanto, a cultura

    de atal Hyk parece

    ter sido violentamente interrompida, no possuindo nenhuma ligao aparente

    com desenvolvimentos

    posteriores na sia Menor ou em outras regies.

    Uma marca desse perodo foi a construo de grandes templos megalticos,

    cuja funo debatida

    entre os historiadores. Esses templos podem estar associados ao

    desenvolvimento da noo de

    territorialidade, uma vez que o trabalho investido em sua construo pressupe

    uma ligao com um

    determinado territrio. Um exemplo bem conhecido o Stonehenge, localizado

    na atual Inglaterra.

    Figura 8 O Stonehenge um observatrio astronmico. Em seu centro,

    localizase um altar iluminado pelo sol da manh do

    solstcio de inverno do hemisfrio norte

    20

    Histria Antiga e Medieval

    2.3 Idade dos Metais

    Por volta de 5000 a.C., desenvolveuse a metalurgia, j bastante difundida no

    Oriente Mdio. O

    Calcoltico inaugura a Idade dos Metais, sendo tambm conhecido com Idade

    do Cobre, um breve

    perodo de transio entre o Neoltico e a Idade do Bronze. Apesar de curto,

    durante o Calcoltico que

    surgiram diversas melhorias tcnicas que permitiram um incremento na

    produo e, consequentemente,

    na gerao de excedentes. Pela sua durabilidade e maleabilidade, difundiuse

    rapidamente por todo o

    Oriente Mdio.

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    O machado de pedra, ferramenta caracterstica de pelo menos parte da Idade

    da

    Pedra, um produto domstico que podia ser feito e usado por qualquer

    pessoa,

    num grupo autnomo de caadores ou camponeses. No exige

    especializao

    do trabalho nem um comrcio fora do grupo. O machado de bronze, que o

    substitui, no s e uma ferramenta superior como tambm pressupe uma

    estrutura econmica e social mais complexa (CHILDE, 1978, p. 24).

    Os principais inventos tcnicos foram as foices de metal, resistentes,

    maleveis e relativamente

    fceis de obter, e a charrua, que permitia arar a terra, semeandoa ao mesmo

    tempo. A roda tambm

    inventada nesse perodo, revolucionando os meios de transporte e engenharia.

    Esses inventos levaram

    a uma alterao profunda nas sociedades: as melhorias tcnicas permitiram

    uma ocupao intensiva

    do solo, gerando excedentes produtivos e estimulando trocas comerciais. Os

    excedentes, por sua vez,

    estimularam a especializao do trabalho, j que permitiam que uma parte da

    populao se dedicasse

    atividade artesanal ou administrativa, sem se preocupar em produzir seu

    sustento. Assim, as sociedades

    apresentavam os primeiros indcios de estratificao, surgindo comunidades

    complexas, marcadas pela

    diviso social do trabalho, em que o igualitarismo deixa de existir.

    Figura 9 A metalurgia surgiu, segundo Childe (1978), como uma atividade

    especializada, possibilitada graas ao incremento da

    diviso social do trabalho. Na imagem, guerreiros em bronze encontrados no

    norte da Europa

    21

    Unidade I

    A cultura de Ubaid, no sul mesopotmico, um exemplo notvel desse

    perodo, ainda mais por ter

    antecedido diretamente a Revoluo Urbana. Essa cultura floresceu por volta

    de 5000 a.C. e rapidamente

    se expandiu para o Norte, subjugando as culturas de Halaf e de Samarra, do

    centronorte da Mesopotmia.

    Ela se caracterizou pela introduo de tcnicas de irrigao com o

    aproveitamento das guas dos rios

    Tigre e Eufrates, um legado que ser mantido pelas sociedades

    mesopotmicas posteriores. Possuam

    uma cermica com formas bastante variadas, decoradas com motivos

    geomtricos e produzidas em

    nvel industrial; selos cilndricos, pequenos objetos utilizados como marcadores

    de propriedade; uma

    vasta produo de objetos de cobre: artefatos de uso pessoal, ferramentas e

    armas. Outra caracterstica

    marcante da cultura Ubaid a presena de edifcios religiosos monumentais,

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    marcante da cultura Ubaid a presena de edifcios religiosos monumentais,

    dedicados a deuses que

    seriam posteriormente adorados pelos sumrios.

    O nvel de organizao social e das necessidades da sociedade foram

    similares em uma larga rea do

    Antigo Oriente Prximo pouco tempo antes do perodo Ubaid, enquanto

    tornamse diferentes durante

    a fase que resultou em uma notvel distino no comeo do [perodo] Uruk

    (NISSEN, 1989, p. 249).

    2.3.1 Revoluo Urbana

    A Revoluo Neoltica uma fase em um longo perodo de gestao de

    fenmenos sociais e

    econmicos que desembocam na Revoluo Urbana, ocorrida por volta de

    4000 a.C., caracterizada

    pelo surgimento das cidades e do Estado. um processo de longa durao,

    que tem suas origens no

    Oriente Mdio, bero das primeiras civilizaes. Os agrupamentos humanos

    crescem rapidamente e

    vo perdendo suas caractersticas comunitrias, dando lugar a organizaes

    humanas de carter mais

    societrio, incluindo a as primeiras manifestaes de diferenciao e

    hierarquizao social tpicas de

    chefias. Com isso, possvel dizer que vai surgindo uma sociedade de

    trabalhadores, estes compreendidos

    como um segmento social especfico diferente das comunidades

    paleolticas, na medida em que nestas

    o trabalho era imperativo e todos trabalhavam. Surge a diviso social do

    trabalho, que estimula, por sua

    vez, a especializao tcnica.

    Observao

    Ao dizermos que a sociedade perde seu carter comunitrio, significa

    que o agrupamento caracterizado pelo igualitarismo e pelas relaes de

    proximidade entre as pessoas vai perdendo espao para a associao, ou

    seja, devido diviso do trabalho e ao aumento populacional, as relaes

    entre as pessoas passam a ser intermediadas pelo poder nascente.

    As trocas comerciais comeam a desempenhar um importante papel. A

    distribuio dos

    primeiros assentamentos relacionase com a extenso das reas de

    explorao em seu entorno.

    Em um primeiro momento, a conexo entre assentamentos dificultada pela

    grande extenso do

    entorno, ou seja, a unidade ecolgica bsica na qual tais grupos se inseriam

    deveria ser extensa

    o bastante para arrecadar uma variedade mnima de produtos necessrios

    para a manuteno da

    vida. Dentro dessa lgica, o desenvolvimento posterior da agricultura reduziu o

    entorno desses

    povos, o que teria movido os contatos.

    22

    Histria Antiga e Medieval

    Oceano Glacial rtico

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    Oceano

    Atlntico

    Mxico

    Grcia

    China

    Creta Mesopotmia

    Egito

    ndia

    Oceano Pacfico

    Oceano ndico

    Peru

    Oceano Pacfico

    Oceano

    Atlntico

    Civilizaes Urbanas

    Datao aproximada

    Mesopotmia

    3500 a.C.

    Egito

    3000 a.C.

    ndia

    2500 a.C.

    China

    1500 a.C.

    Amrica

    1500 a.C.

    Creta

    1900 a.C.

    Grcia

    900 a.C.

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    Figura 10 O mapa demonstra os locais em que surgiram as primeiras

    civilizaes.

    As quatro primeiras, segundo a tabela, surgiram prximas a rios

    Um aspecto fundamental desse processo o da ocupao

    progressiva em plancies fluviais, devido ao

    potencial agrcola, no havendo mais necessidade de se ocupar

    exclusivamente vales que ofereceriam

    recursos naturais abundantes para uma economia assentada na caa e na

    coleta. Com o desenvolvimento

    das tcnicas agrcolas, a rea necessria para alimentar uma populao

    reduziuse progressivamente,

    fazendo com que locais antes pouco procurados passassem a fazer parte do

    leque de opes. Nessas

    condies, a produo agrcola tornouse indispensvel e passou a constituir a

    forma principal de

    garantir os recursos alimentares bsicos, exigindo um nvel de

    comprometimento e especializao que

    dificultava a dedicao de um indivduo em outra ocupao.

    A diviso estava montada em produtores de alimentos, artesos bsicos e

    artesos de luxo. No entanto,

    no apenas o nvel de especializao que estruturava essa diviso, mas o

    crescimento da demanda por

    diferentes produtos em um ambiente de conexo econmica entre diversos

    assentamentos. Resumindo,

    a especializao do trabalho possua uma dupla restrio: uma tcnica

    centrada nas habilidades e

    competncias necessrias para se realizar uma determinada atividade e outra

    de tempo, de dedicao

    exclusiva. A populao, nesse caso, deveria ser grande o bastante para

    produzir consumidores, sendo

    possvel pensar em importao e exportao de bens, de maneira que a

    produo fosse cada vez mais

    situada em centros especializados e retirada progressivamente de contextos

    de fabricao familiar.

    Portanto, desenvolveramse historicamente diferentes formas de produo

    relacionadas com

    desenvolvimentos tecnolgicos que garantiam uma maior produtividade,

    desde que voltada para alm

    da satisfao das necessidades bsicas mais imediatas. A

    produo de alimentos, que em um primeiro

    momento teve um carter complementar caa e coleta, aos poucos

    tornouse preponderante, e os

    desenvolvimentos tecnolgicos nessa rea contriburam para a ocupao de

    reas cada vez menores;

    23

    Unidade I

    com isso, desenvolveramse conexes econmicas mais slidas entre grupos

    vizinhos. A produo de

    artefatos, por sua vez, acompanhava um crescimento de uma demanda

    associada aos desenvolvimentos

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    de tcnicas agrcolas. Isso estimulava uma crescente especializao do

    trabalho interna: artesos e

    agricultores, surgindo, posteriormente, administradores.

    O resultado foi a criao das primeiras cidades, que podiam ser definidas

    como um local no qual

    se verificava a especializao do trabalho e o exerccio do poder estatal. Para

    descrever esse processo,

    Gordon Childe criou o conceito de Revoluo Urbana, cuja marca o sacrifcio

    da independncia

    econmica. A irrigao um fator determinante na perda de autossuficincia

    econmica, pelo volume

    de trabalho imposto e pela estimulao da diviso social do trabalho. Ainda, o

    aumento do volume e

    especializao de trabalho e a complexidade das obras impunham a

    necessidade de importao de

    matrias-primas, montando uma rede de comrcio altamente lucrativa

    (CHILDE, 1978).

    A revoluo est na maneira revolucionria de produo e distribuio de

    excedente, ou seja,

    a alocao da riqueza socialmente produzida na cidade mesopotmica de

    Uruk, a primeira de todas.

    Essa redistribuio de riqueza seria a base de todas as relaes sociais entre

    a populao e o poder

    nascente. O templo como instituio intermediadora de grande parte das

    relaes sociais representou

    uma modalidade de exerccio de poder totalmente nova, a qual propiciou um

    acmulo de bens sem

    precedentes, da mesma forma que aumentou a concentrao de riquezas.

    Saiba mais

    Existem diversos filmes e documentrios sobre a Prhistria que podem

    suscitar discusses bastante interessantes sobre o perodo:

    2001: Uma odisseia no espao. Dir. Stanley Kubrick. Estados Unidos;

    Reino Unido: MetroGoldwynMayer (MGM); Stanley Kubrick Productions,

    1968. 160 minutos.

    A CAVERNA dos sonhos esquecidos. Dir. Werner Herzog. Canad; Estados

    Unidos, Frana; Alemanha; Reino Unido: Creative Differences; History Films;

    Ministre de la Culture et de la Communication, 2010. 90 minutos.

    A GUERRA do fogo. Dir. JeanJacques Annaud. Canad; Frana;

    Estados Unidos: International Cinema Corporation (ICC); Cin Trail; Belstar

    Productions,1976. 100 minutos.

    Modo de produo asitico

    O sculo XIX na Europa foi um momento de intensas transformaes. Por um

    lado, o capitalismo

    industrial se consolidava como o modo de produo hegemnico. Por outro, a

    misria se alastrava e os

    movimentos operrios ganhavam muita fora. A fim de conter o avano

    operrio, surgiram os Estados

    24

    Histria Antiga e Medieval

    nacionais, cuja finalidade era a defesa dos interesses da burguesia. O foco

    dos autores uma anlise das

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    dos autores uma anlise das

    origens do Estado mais propriamente uma origem conceitual sob o

    desenvolvimento do capitalismo

    industrial. Uma radical transformao sociopoltica economicamente orientada

    que consolida a posse

    dos meios de produo pela burguesia, que encontra no poder estatal uma

    instituio asseguradora de

    seus interesses.

    Para Marx e Engels, era necessrio diferenciar as sociedades modernas das

    antigas orientais, em

    que as formas de dominao poltica e social pertenciam a um

    Estadoproprietrio capaz de coordenar

    obras de irrigao que s poderiam ter sucesso por meio da centralizao do

    poder. O dspota anularia

    uma luta atravs da religio, mantendo uma relao com seus sditos por

    meio de um sistema de

    tributao, cujo sentido era o de manter o poderio militar e ideolgico do

    Estado. As origens desse

    Estado, portanto, encontramse na consolidao de mecanismos de poder

    desptico, financiados por

    uma crescente produo que resulta em um desenvolvimento tcnico que

    possa elevar a produtividade

    e a consequente tributao.

    A questo da propriedade da terra um dos eixos fundamentais do modo de

    produo asitico.

    Por meio de um intrincado mecanismo econmicoideolgico, a figura do

    soberano passa a encarnar a

    do proprietrio por excelncia, sem que isso signifique a impossibilidade da

    existncia da propriedade

    comunal.

    A soberania no passaria, no fundo, da concentrao da propriedade da terra

    em escala nacional; por conseguinte, seriam possveis tanto formas coletivas

    quanto individuais de possesso ou usufruto, mas ficaria descartada a

    propriedade privada do solo das sociedades asiticas (CARDOSO, 1990, p.

    10).

    A coletividade da posse da terra estaria relacionada, segundo Cardoso,

    noo de pertencimento a

    uma comunidade, mas dentro de uma noo de unidade englobante,

    encarnada na figura do dspota

    que delegaria ao indivduo a possibilidade de trabalhar uma parcela de sua

    propriedade. Em ltima

    instncia, tratase de uma modalidade de arrendamento associada

    alienao do trabalho, na medida

    em que as grandes obras pblicas surgem como realizaes do Estado e no

    da fora coletiva em si. A

    propriedade privada dos meios de produo, eixo fundamental da sociedade

    burguesa, no poderia ter

    surgido nesse tipo de

    Estado, portanto, considerado diferente e no como a origem do Estado

    europeu.

    O alemo Karl Wittfogel discorreu sobre as dinmicas de poder encontradas

    em sociedades orientais,

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    em sociedades orientais,

    lanando uma clebre teoria: a administrao da irrigao era fonte de poder

    nos primeiros Estados.

    Wittfogel se prope a analisar a natureza desse poder sob a tica do

    materialismo histrico, mais

    precisamente por meio das formulaes marxistas, que tm sua origem na

    observao da sociedade

    hindu e chinesa. O Estado Oriental, para o autor, um Estado agrrio, mas

    especificamente hidrulico,

    que seria fruto da necessria cooperao de populaes para levar a cabo o

    trabalho de irrigao; os

    reissacerdotes assegurariam a coeso do modelo social assim constitudo

    (WITTFOGEL, 1977).

    Wittfogel procurou realizar, como diz o subttulo de seu livro, um estudo

    comparativo do poder

    total, utilizando a China como um ponto de partida para compreender a

    origem do poder desptico.

    Nesse sentido, o surgimento do Estado estaria associado a uma necessidade

    gerencial. Em termos gerais,

    25

    Unidade I

    uma sociedade se define pelo seu modo de produo atrelado ao exerccio do

    poder, havendo diversos

    tipos como: sociedades hidrulicas, sociedades guerreiras, sociedades

    comerciais, sociedades feudais,

    dentre outras. O despotismo oriental surgiu como um tipo de exerccio de

    poder em conjunto com

    sociedades hidrulicas orientais, em que o Estado total (WITTFOGEL,

    1977).

    Na viso de Karl Wittofgel, a cidade de Uruk representante da Revoluo

    Urbana seria uma

    sociedade hidrulica simples, em que o Estado aparece como o nico

    detentor das terras cultivveis, no

    havendo complexidade alguma em termos de propriedade de terras. Nesse

    caso, o poder seria

    realmente

    absoluto, confirmado pela burocracia nascente, e poderoso o suficiente para

    assegurar a mobilizao

    de grande quantidade de mo de obra, constituindose como uma sociedade

    tipicamente oriental. No

    entanto, as maiores crticas ao seu modelo referemse excessiva

    generalidade de suas categorias,

    imputando obra um carter anacrnico. Ainda, as pesquisas recentes

    revelaram a impreciso dos

    vestgios relacionados aos canais de irrigao, o que torna o modelo

    explicativo de Wittfogel duvidoso

    para a Mesopotmia (ADAMS; NISSEN, 1972).

    Figura 11 Karl Marx afirmava que o modo de produo asitico correspondia

    primeira forma de organizao econmica da

    humanidade, mas no v conexes diretas com o modo de produo

    capitalista

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    capitalista

    3 MESOPOTMIA

    3.1 Introduo

    O termo Mesopotmia tem origem nas palavras gregas mesos (meio, entre)

    e potmos (gua, rio),

    podendo ser traduzido como terra entre rios: o Eufrates e o Tigre. As terras

    situadas entre estes rios

    apresentam uma grande diversidade ecolgica: ao sul, uma regio mais seca

    e plana, onde impossvel

    a agricultura sem canais de irrigao, com a presena de pntanos prximos

    ao Golfo Prsico, e ao

    norte notvel a presena de uma terra mais frtil, cujo volume de chuvas

    permite a realizao de

    uma agricultura seca sem o uso de irrigao baseada em frutos, como

    damascos e tmaras. As

    26

    Histria Antiga e Medieval

    montanhas e os planaltos que rodeiam a regio so ainda locais propcios

    para o pastoreio, uma atividade

    secundria em relao agricultura, e eram o lar dos nmades, sempre em

    constante atitude de ameaa

    aos povos sedentrios da plancie. Dada tal diversidade ecolgica, o termo

    Mesopotmia parece mais

    vlido para descrever uma

    cultura comum, cujos fundamentos foram lanados pelo povo sumrio, pelo

    menos desde 2800 a.C., e que foi sobrepujada pela invaso de Ciro da

    Prsia, em 539 a.C.

    Figura 12 Mesopotmia: terra entre rios

    A Mesopotmia foi o local em que ocorreu a Revoluo Urbana, na qual se

    gerou uma diviso

    social do trabalho, a produo industrial de vasos de cermica, uma

    arquitetura monumental, arte

    altamente sofisticada, a escrita utilizada em um complexo sistema

    administrativo e um Estado com

    traos religiosos. Tais transformaes evidenciam a formao de uma

    sociedade cuja desigualdade

    era constantemente reafirmada por mecanismos simblicos recorrentes nas

    tradies mticas e na

    imponncia das edificaes religiosas. Essa sociedade desigual foi resultado

    do acmulo de excedente

    agrcola caracterstico do final da Prhistria, fato relacionado com a perda da

    autossuficincia das

    comunidades tradicionais (CHILDE, 1978).

    Os desdobramentos polticos durante toda a histria mesopotmica esto

    relacionados com

    a manuteno ou conquista de rotas comerciais, disputas, entre nmades e

    sedentrios, pela posse

    das terras frteis, subjugao de povos para a obteno de tributos, conflitos

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    internos sucessrios,

    movimentos de fragmentao e unificao, de equilbrio entre potncias e de

    confrontos entre o templo

    e o palcio. necessrio ainda sublinhar a importncia da cosmogonia

    mesopotmica na conformao

    de uma sociedade altamente hierarquizada, o que refletiria, por sua vez, as

    relaes estabelecidas entre

    os prprios deuses. Um tema recorrente das narrativas mticas foi, sem dvida,

    o embate de foras entre

    a ordem e o caos, sendo a primeira representada por um princpio masculino

    de estabilidade, garantia de

    funcionamento

    das instituies, colheitas abundantes e aplicao da justia divina na Terra;

    em suma,

    prosperidade geral representada pelo sedentarismo.

    27

    Unidade I

    A cidade surge como o lugar da realizao dessa ordem, enquanto o caos,

    princpio feminino de

    instabilidade, representado pelo mar, traria a destruio das instituies, a

    fome, a subverso dos

    costumes e a ira divina sobre os mortais, e era frequentemente associado aos

    odiosos nmades da

    montanha. Cabia, por meio de atos justos e corretos, inclusive do prprio

    governante, manter a ordem

    por meio da mxima reproduo do mundo divino na terra, respeitando os

    princpios religiosos. Alguns

    dos deuses mais importantes do panteo sumeroacdico so Enlil, Inanna

    (Ishtar), Dumuzi (Tammuz),

    entre outros. Cada cidade possua um deuspatrono e, muitas vezes, as

    conquistas de uma cidade sobre

    outra so representadas miticamente pelo combate e vitria de um deus sobre

    outro.

    Observao

    Fazendo justia s nossas heranas orientais, frequentemente

    obscurecidas pelo que se convencionou chamar de milagre grego, os

    sumrios e acdios foram responsveis por um semnmero de invenes

    que so fundamentais em nossa sociedade. Uma dessas invenes a

    escrita,

    surgida como uma inovao em tempos de crise, e que permitiu a ampliao

    das comunicaes e o aperfeioamento da mquina administrativa, bem

    como conformou uma riqussima tradio literria. Um dos exemplos mais

    notveis a epopeia de Gilgamesh, que narra a busca do rei guerreiro de

    Uruk pela imortalidade, reservada afinal apenas para os deuses. H tambm

    o desenvolvimento de noes bsicas para o nosso cotidiano, como as

    convenes de tempo (dia de 24h, hora de 60 minutos, ano de 360 dias,

    aperfeioado somente

    mais tarde pelos egpcios e romanos), os problemas

    matemticos comuns em tabletes babilnicos, os cdigos legais como os

    de Eshnunna e de Hamurabi, entre tantas contribuies. Estudemos mais

    detalhadamente a sociedade mesopotmica.

    3.2 Localizao geogrfica

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    3.2 Localizao geogrfica

    possvel discorrer sobre geografia mesopotmica em termos de unidade

    estrutural, o que no

    significa homogeneidade. Seria a unidade geogrfica correspondendo

    integrao econmica de

    populaes habitando diferentes ecossistemas, tornando coerente a

    diversidade ambiental; variabilidade

    e complementaridade econmica seja em macroescala, referindose ao

    Oriente Mdio como um todo

    ou microescala, referindose diretamente Mesopotmia so

    conceitoschave para se compreender

    as relaes interculturais na regio, associativas ou concorrentes.

    28

    Histria Antiga e Medieval

    Cucaso

    Mar Negro

    Mar

    Cspio

    Hindu Kush

    Anatlia

    Taurus

    Masopotmia

    Elburz

    Planalto

    do Ir

    Zagros

    Mar da Arbia

    frica

    Oceano ndico

    Figura 13 A Mesopotmia inserida no quadro fsico geral do Oriente Mdio.

    As regies em verde representam plancies, enquanto as regies em vermelho

    representam cadeias de montanhas

    O Oriente Mdio o resultado de uma srie de choques entre as placas

    africana, turca e rabe,

    que foram responsveis tanto pelo crescimento de cadeias montanhosas por

    meio de um processo

    de orognese, como pela formao de extensas plancies, resultantes

    justamente da subduco

    das plataformas em choque, onde correm os rios mesopotmicos cujas

    nascentes se localizam nos

    contrafortes dos montes Tauros, atual Turquia. So as cadeias de montanhas

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    contrafortes dos montes Tauros, atual Turquia. So as cadeias de montanhas

    as responsveis por barrar o

    avano da umidade litornea, assim como dificultar a vazo das massas

    de ar quente e seco provenientes

    do Saara, o que eleva a temperatura principalmente na pennsula Arbica e no

    Sul mesopotmico. Ao

    norte, a temperatura se ameniza devido altitude e possvel encontrar

    chuvas com mais regularidade,

    permitindo uma agricultura seca.

    No entanto, no s os fatores geolgicos possuem influncia no meio

    ambiente mdiooriental.

    Devemos tambm levar em considerao as mudanas climticas radicais

    pelas quais o planeta passou

    entre 12000 e 8000 a.C., com um brusco aumento de temperatura responsvel

    pelo derretimento das

    calotas polares formadas durante a ltima Era Glacial. No Oriente Mdio, essa

    elevao da temperatura

    e da umidade levou ao desenvolvimento de um clima temperado de altitude

    nas encostas dos Zagros

    e dos Tauros, assim como propiciou o surgimento de uma vegetao

    pantanosa mais ao sul, at as

    grandes plancies desrticas. O aumento do volume dos rios tambm auxiliou

    na formao desses

    pntanos, assim como no aparecimento de microambientes mais ou menos

    midos, sobretudo na

    regio do sul mesopotmico. Na Palestina, h a predominncia do clima

    mediterrnico e, na Sria, o

    regime do Eufrates leva a uma maior umidificao do ar, assim como

    proporciona um contato fluvial

    com regies mais ao sul.

    29

    Unidade I

    Em termos de vegetao, podemos distinguir tipos especficos, segundo sua

    localizao: no escudo

    formado pelos Montes Tauros e Zagros, encontramos vegetao tipicamente

    temperada como conferas

    e pinheiros; no Levante, uma vegetao esparsa mediterrnica, com o

    predomnio de arbustos tpicos de

    regies mais secas, bem como cevada e trigo, que foram em sua forma

    domesticada logo incorporadas

    na alimentao bsica dos agrupamentos regionais; mais ao sul, no sop

    da cadeia montanhosa e do

    planalto iraniano, uma regio de estepe com pouca vegetao, mas mida o

    bastante para proporcionar

    uma agricultura sem irrigao, o que contrariamente ocorre no extremo sul, na

    pennsula arbica e

    na desembocadura dos rios Eufrates e Tigre, com o predomnio de um clima

    rido onde o crescimento

    de qualquer espcie vegetal economicamente aproveitvel dependia

    exclusivamente da ao humana.

    Alis, a interveno do homem foi um fator de grande impacto no meio

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    Alis, a interveno do homem foi um fator de grande impacto no meio

    ambiente mdiooriental,

    sobretudo com relao ao uso da gua e da explorao madeireira, alm da

    extino de inmeras

    espcies animais como o leo asitico, alvo predileto da caa real.

    O Eufrates e o Tigre cortam uma vasta plancie rida, desde o sop do Tauros

    e do Zagros at

    desaguarem atualmente em um nico rio no Golfo Prsico. Por

    Mesopotmia temos um conceito

    que pressupe unidade, primariamente geogrfico, criado por Herdoto, para

    se referir regio entre os

    dois rios mencionados; e outro cultural, cuja coeso encontrase a partir do

    substrato cultural sumrio

    que permeou a regio por trs milnios. No entanto, do ponto de vista natural,

    h mais diferenas do que

    semelhanas e tais particularidades influenciaram na conformao de um

    quadro econmico e poltico

    pautado na concorrncia entre as primeiras cidadesestado mesopotmicas,

    bem como favoreceram

    potencialmente a associao (ou concorrncia) de sociedades vizinhas, com o

    intuito de complementar

    mutuamente as economias locais, carentes de matriaprima no hostil

    ambiente desrtico. A arqueloga

    inglesa Susan Pollock definiu a Mesopotmia como

    Um corredor criado quando a plataforma arbica se chocou contra o

    continente asitico, levantando os Montes Zagros e

    baixando o nvel

    das massas de terra a sudoeste deles. Dentro destas depresses, o Tigre

    e o Eufrates e seus tributrios depositaram enormes quantidades de

    sedimentos aluviais, formando as plancies da Baixa Mesopotmia

    (POLLOCK, 1999, p. 4).

    Dos dois rios, o Eufrates foi o mais importante economicamente. Por ser mais

    lento do que o

    Tigre, a quantidade relativa de sedimentos que carrega em seu leito maior,

    assim como o nvel

    de evaporao bastante superior tornao mais denso e favorece a formao

    de diques naturais

    nas margens mais prximas. O Tigre, mais curto, tambm menos caudaloso

    e mais rpido, e suas

    cheias so potencialmente mais destrutivas, alm do fato de que ocorrem em

    uma poca perigosa

    para as culturas agrcolas. Durante as cheias, os sedimentos se espraiam para

    fora do leito do

    rio e, quando este volta ao seu curso normal, deixa os sedimentos nas

    margens, tornando o solo

    nesta regio mais fcil de ser manejado para a construo de canais e mais

    espesso e nutritivo

    do que o solo bsico. Como resultado desse processo, h a formao de trs

    tipos de solo, cada

    qual favorecendo o plantio e desenvolvimento de espcies diversas: prximo

    margem, h uma

    camada mais alta de sedimentos, mais nutritiva e espessa, mais elevada do

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    que o entorno e, por

    isso, mais adequada para uma maior diversidade botnica, devido ao alto

    poder de drenagem.

    Vegetais e legumes diversos so mais facilmente cultivados nesse tipo de

    solo. Entre o solo mais

    30

    Histria Antiga e Medieval

    alto de sedimentos e o bsico, h uma camada intermediria, no to

    favorvel para o cultivo de

    uma grande variedade, mas ainda propcio para a cultura de cereais diversos.

    Por ltimo, distante

    aproximadamente 20 km do rio, h um solo

    caracterstico de climas ridos, com vegetao xerfita

    de aproveitamento econmico diverso, constituindose eminentemente em

    pastagens naturais e

    madeira para combustvel.

    Figura 14 Rio Eufrates, no Iraque. Bero da Revoluo Urbana

    No extremo sul, as terras baixas favoreceram a ocorrncia de pntanos,

    geralmente formados

    pela captura da gua das rarssimas chuvas e por remanescentes das cheias

    imprevisveis dos

    rios. Tratase de um ecossistema altamente complexo, extremamente variado,

    cujo aproveitamento

    econmico da argila se faz extremamente importante em uma regio carente

    de minrios. Ainda,

    h fortes indcios de que o modo de vida dos habitantes dessas regies

    pantanosas tenha mudado

    muito pouco desde os primeiros assentamentos, com aproveitamento da palha

    para a construo

    de habitaes, de barcos estreitos e compridos utilizados na pesca e como

    meio de transporte.

    As caractersticas climticas so bastante severas: alm das temperaturas

    extremamente quentes

    agravadas pela baixa umidade do ar, sobretudo de maio a outubro, a

    sequncia de anos em que as

    precipitaes ultrapassam os 200 mm irregular, sendo impossvel qualquer

    atividade agrcola sem

    a utilizao de recursos avanados para melhor aproveitamento do solo e

    irrigao. No entanto,

    o sul mesopotmico o bero das primeiras cidades, frutos de um ambiente

    que, embora hostil,

    apresentava um grande ndice de variabilidade ecolgica.

    3.3 Economia

    A economia mesopotmica baseavase principalmente em trs atividades:

    A agricultura, praticada graas a um complexo sistema de canais de

    irrigao, cuja funo era

    controlar as imprevisveis cheias do Eufrates e do Tigre e monitorar o nvel de

    salinizao do solo.

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    O solo fertilizado pelas cheias foi

    tambm um importante fator de sucesso da atividade agrcola,

    capaz de gerar uma quantidade considervel de excedentes.

    31

    Unidade I

    A pecuria, realizada em menor escala, que atendia a demandas por

    transporte de pessoas e

    cargas, alimentao, couro e l, alm de gerar animais consumidos em

    banquetes sacrificiais.

    E o comrcio de longa distncia, motivado pela carncia de matriasprimas

    nas mais diversas

    regies e pela obteno de artigos de prestgio usados pela elite. A pesca

    tambm era realizada,

    principalmente prxima ao Golfo Prsico e nas reas pantanosas do sul

    mesopotmico.

    A poltica econmica do Estado mesopotmico variou ao longo da histria.

    parte as diferenas

    referentes aos elementos centrais da economia se baseada na produo de

    excedente agrcola ou no

    comrcio, como foi no caso assrio ao norte , a relao econmica entre a

    populao em geral e seus

    governantes variou entre a redistribuio e a tributao. No primeiro caso,

    ocorrido mais claramente no

    perodo Uruk (4000 a 2800 a.C.), o Estado recolhia produtos diversos, e parte

    era retida entre os oficiais,

    parte entre o sacerdotes e o restante era devolvido populao sob forma de

    raes dirias rigidamente

    contadas. A partir de 2800 a.C., esse modelo d lugar tributao, em que o

    imposto era pago no

    apenas com parte da produo, mas tambm em espcie, no caso, prata.

    Configurase, portanto, o

    Estado plenamente desenvolvido, em que o palcio surge como uma

    organizao complementar e por

    vezes concorrente com o templo.

    3.3.1 Agricultura

    O desenvolvimento da agricultura na Mesopotmia est associado a

    desenvolvimentos tcnicos

    que permitiram a transformao de um ambiente inspito em um dos maiores

    celeiros do mundo

    antigo, ao lado do Egito. A produo agrcola, desde cedo orientada para a

    produo de excedente,

    realizouse de forma intensiva, reduzindo os espaos necessrios para a

    produo e aproximando cada

    vez mais os ncleos de povoamento at que conformassem economias

    complementares. A fabricao

    de instrumentos de metal e os avanos da botnica com a manipulao

    gentica de cereais foram

    elementos de peso no sucesso da agricultura. No entanto, nenhum fator foi to

    decisivo quanto o

    domnio da construo de canais de irrigao, cujas funes iam muito alm

    de conduzir a gua dos

    rios s lavouras.

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