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Trabalho sobre a Obra de Alberico Gentili (com nfase em O Direito da Guerra ou De Iure Belli Libri Tres)Flvia de vila Disciplina Teoria Geral do Direito Pblico - Prof. Mrio Lcio Quinto Junho de 2009 Baseado no Livro O Direito da Guerra, de Alberico Gentili (introduo de Diego Panizza)

Alberico Gentili

Itlia

Estrela - San Ginesio, Macerata (nascido em 14 de janeiro de 1552, procurador do municpio de 1575 a 1579) Sol - Pergia, Umbria (concluiu graduao em Direito Romano em 1572) Tringulo Ascoli Piceno (Pretor de 1572 a 1575)

- Adeso Reforma Protestante e exlio na cidade de Lubiana, Carniola (Eslovnia), juntamente com o pai Matteo, mdico, e o irmo mais novo Scipione, em 1579, sendo que responderam processo da inquisio a revelia, tendo perdido os bens - Excluso das funes pblicas dos funcionrios protestantes por Rodolfo II da ustria e peregrinao nas cortes reformadas europias - Estudos completados nas cidades de Tbingen e Heidelberg, na Alemanha - Desembarque na Inglaterra em 1 de agosto de 1580

Alberico Gentili Na Inglaterra Apresentado ao Conde de Leicester, amigo da Rainha Elizabete I e chanceler da Universidade de Oxford Iniciou atividades de professor no St. John s College em janeiro de 1581 Nomeado regius professor of civil law em 1587 (cargo que conservou at o final da vida) Advogado da Coroa Espanhola junto Corte do Almirantado de Londres em 1605 Falecimento em 1608, sepultado na Igreja St. Helen, em Bishopsgate, cidade de Londres

Alberico Gentili Obras Publicou 24 obras em vida (vastido de interesses abordados) e seu irmo coordenou mais outras duas obras aps sua morte Para o Direito Internacional: De legationibus libri tres (1585) - sobre direito diplomtico e o envolvimento do embaixador Bernardino de Mendonza com o compl para depor a Rainha Elizabete I em favor de sua prima, a rainha da Esccia, Maria Stuart De iure belli libri tres (1598) - considerada clssica para o direito internacional, que uma releitura de sua anterior Commentationes de iure belli (1588-89) De armis romanis libri duo (1599) discusso dos princpios da guerra do ponto de vista histrico Advocatio Hispanica (1613) coletnea de pareceres e defesas sobre questes de pirataria e de direito martimo realizados enquanto advogava para a Coroa Espanhola na Corte do Almirantado

Alberico Gentili Pensamento Gentiliano do Direito 3 idias contribuies principais Preocupao com o respaldo jurdico da matria Definio clara da dicotomia interior exterior (jus civile e jus gentium) Carter sistematizado de seu trabalho

Alberico Gentili Disciplina Jurdica Autnoma Dentro do Direito Natural, o direito das gentes uma parte, que possui especificidade Dentro de seu objeto de estudo: Direito da guerra Direito diplomtico Direito da guerra no mar Comrcio

Na conceituao do Direito das Gentes - preocupao maior com as matrias envolvidas do que com a explicao filosfica o direito natural uma abstrata instncia legitimadora, que se justifica em si mesma, e de que o direito das gentes uma parte, cujas leis no so escritas mas inatas, percebidas na maioria dos homens O consenso certo porque ningum o coloca em dvida, o que legitima o costume como fonte do direito, que se configura na percepo do direito natural pelos homens, vislumbrada no meio da penumbra da cegueira dos homens (erro, vcio, etc.)

Alberico Gentili Pensamento Gentiliano do Direito (cont.) Sua noo de Direito Internacional : um sistema de relaes jurdicas entre naes independentes, ou Estados, associados entre si em uma base de igualdade. Para tanto: Distino entre esfera jurdica superior e distintas ordens internas Reconhecimento de princpios supremos advindos de uma ordem natural, revelado pelo consenso das gentes Monoplio da guerra pelo Estado defesa da guerra internacional como sendo inevitvel (fim ltimo de alcanar a paz) abominao da guerra civil (defesa da Repblica de Maquiavel)

Alberico Gentili Outra idia de afirmao do Direito como autnomo Primado do Direito enquanto cincia suprema da legitimao, ou seja, como cincia poltica por excelncia em contraposio direta e explcita teologia Juristas deveriam assumir o papel de supremos idelogos e de principais arquitetos das novas realidades institucionais do Estado que se formava no lugar dos telogos Advertncia famosa excessiva invaso dos telogos em matria de natureza poltica Silete theologi in munere alieno

("silncio, telogos, em matria que lhes estranha!")

Alberico Gentili Outra idia de afirmao do Direito como autnomo (cont.) Defesa de uma diviso de competncias entre teologia, direito e poltica Diviso do Direito, com o primado do Direito Divino Direito divino em sentido estrito (relao do homem com Deus) Direito humano (relao entre os homens)

Alberico Gentili Sistematizao de Gentili para a GuerraMtodo consensualista: consenso o princpio de verdade e legitimao (fragilidade nesta concepo de justificao) Ordem sistmica indita (quatro causas aristotlicas) Causa eficiente: definio dos beligerantes legtimos Causa material: justas causas da guerra Causa formal: limites de direito concernentes conduo da guerra Causa final: concluso da paz

Alberico Gentili Sistematizao de Gentili para a Guerra (cont.) Critrios para a Justa Causa da Guerra Critrio de classificao principal: natureza das normas aplicveis (divinas, naturais, humanas) Critrio da natureza defensiva ou ofensiva da guerra Carter necessrio ou til ou honesto da guerra

Alberico Gentili Sistematizao de Gentili para a Guerra (cont.) Guerras honestas: Interveno blica civilizadora (guerra ofensiva) Interveno anti-tirnica (guerra ofensiva ou defensiva)

Guerras necessrias ou honestas mas que no so teis no devem ocorrer: Necessria: reparao de direito violado til: interesse e autoconservao do Estado em relao as exigncias da sociedade humana universal A formao de um imprio um efeito no pretendido das guerras justas (guerra no deve ser feita para se buscar glria e grandeza imperial)

Alberico Gentili Sistematizao de Gentili para a Guerra (cont.) Defesa da regra geral de tolerncia: diferenas de religio no justificam a guerra (religio como fenmeno interior, no se refere s relaes humanas) Para tanto, h o reconhecimento de uma esfera privada individual inatingvel pelo poder poltico As exigncias de coeso social e de segurana do Estado no so obstculo: Para haver a paz civil necessria a tolerncia (fundamentao em exemplos histricos)

Alberico Gentili Sistematizao de Gentili para a Guerra (cont.) Concepo Realista e Conflitual das Relaes Internacionais: A guerra justa para as partes envolvidas Antes: a guerra era ao unilateral de um beligerante justo contra o seu adversrio injusto Gentili: reivindicaes plausveis para as partes o que gera como consequencia: Princpio de proteo do direito (guerras honestas contra absolutismos ticos ou governos tirnicos) Defesa de regras de direito humanitrio (no discriminao dos beligerantes)

Alberico Gentili Sistematizao de Gentili para a Guerra (cont.) Defesa da Guerra Preventiva: Legtima defesa por causa de utilidade (a fora pode ser usada mesmo contra perigo potencial) Exemplo de justo temor (cujos critrios de aferio no so claros) Sabedoria da poltica do equilbrio: guerra preventiva em razo do desequilbrio das potncias

Alberico Gentili Pensamento Poltico Geral de Gentili Fazia parte do movimento do humanismo civil Admirador de Maquiavel (virtude civil como qualidade essencial da poltica concepo moralista da poltica, em uma verso utilitarista Utilidade como categoria fundamental dos valores ticopolticos (como a guerra til interesse do Estado, diferente de necessria, para restaurao do direito violado) O til suplementa o honesto (honestidade entendida em um sentido de moralidade rigorosa) Poltica intervencionista nos assuntos de outros Estados

Alberico Gentili Justificativas para a Colonizao Europia Partilhava de ensinamentos : Dos humanistas que entendiam haver diferena moral entre a civilizao crist e a barbrie, alm de defenderem a idia de Aristteles de escravido natural e de uma tica universal

Dos escolsticos rgidos critrios tomistas sobre a guerra, favorveis ao empenho da caridade e para a tutela e o resgate moral pacfico dos ndios

Alberico Gentili Justificativas para a Colonizao Europia (cont.) Gentili: Exclua a guerra religiosa, voltada converso Rejeitava a noo de escravido natural Defendia: Cdigo de tica comum da humanidade (violaes eram justa causa da guerra) Certas prticas dos nativos eram inaceitveis Argumentos de natureza econmica Liberdade de comrcio e de mares (comunicaes e sociabilidade humana universal) Ocupao de terras vacantes (territrios no cultivados)

Alberico Gentili Justificativas para a Colonizao Europia (cont.) Assim Gentili: Reconhecia os brbaros como sujeitos legtimos da sociedade internacional, admitindo que sua cultura deveria ser salvaguardada Mas justificava a guerra de civilizao se esta fosse em nome de um cdigo moral comum da humanidade (superioridade moral europia)