trabalho, polÍtica social e juventude: analisando...

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- 1 - Revista Científica Vozes dos Vales – UFVJM – MG – Brasil – Nº 10 – Ano V – 10/2016 Reg.: 120.2.095–2011 – UFVJM – QUALIS/CAPES – LATINDEX ISSN: 2238-6424 – www.ufvjm.edu.br/vozes Ministério da Educação Brasil Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri UFVJM Minas Gerais Brasil Revista Vozes dos Vales: Publicações Acadêmicas Reg.: 120.2.095 2011 UFVJM ISSN: 2238-6424 QUALIS/CAPES LATINDEX Nº. 10 Ano V 10/2016 http://www.ufvjm.edu.br/vozes TRABALHO, POLÍTICA SOCIAL E JUVENTUDE: ANALISANDO O PROGRAMA PROJOVEM TRABALHADOR. Profª. MSc. Mônica Paulino de Lanes Graduada em Serviço Social pela UFES Mestre em Política Social pela UFES Doutorando em Serviço Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ Docente da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri Campus Mucuri - Teófilo Otoni - UFVJM Brasil http://lattes.cnpq.br/8662399514314223 E-mail: [email protected] Resumo: Analisar o programa ProJovem Trabalhador, uma das políticas de enfrentamento às transformações no mundo do trabalho, que impactaram de modo especial a juventude. Para isso faremos uma breve contextualização das relações e condições do trabalho para esse segmento populacional e das políticas sociais destinadas a esse público, dentre eles o programa em questão, identificando seus os avanços e limites, através de pesquisa bibliográfica e documental. Palavras-chave: Trabalho, Política Social e Juventude.

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Revista Cientiacutefica Vozes dos Vales ndash UFVJM ndash MG ndash Brasil ndash Nordm 10 ndash Ano V ndash 102016 Reg 1202095ndash2011 ndash UFVJM ndash QUALISCAPES ndash LATINDEX ndash ISSN 2238-6424 ndash wwwufvjmedubrvozes

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo ndash Brasil

Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri ndash UFVJM Minas Gerais ndash Brasil

Revista Vozes dos Vales Publicaccedilotildees Acadecircmicas Reg 1202095 ndash 2011 ndash UFVJM

ISSN 2238-6424 QUALISCAPES ndash LATINDEX

Nordm 10 ndash Ano V ndash 102016 httpwwwufvjmedubrvozes

TRABALHO POLIacuteTICA SOCIAL E JUVENTUDE

ANALISANDO O PROGRAMA PROJOVEM TRABALHADOR

Profordf MSc Mocircnica Paulino de Lanes

Graduada em Serviccedilo Social pela UFES

Mestre em Poliacutetica Social pela UFES

Doutorando em Serviccedilo Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro ndash UFRJ

Docente da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri

Campus Mucuri - Teoacutefilo Otoni - UFVJM ndash Brasil

httplattescnpqbr8662399514314223

E-mail monicalanesufvjmedubr

Resumo Analisar o programa ProJovem Trabalhador uma das poliacuteticas de enfrentamento agraves transformaccedilotildees no mundo do trabalho que impactaram de modo especial a juventude Para isso faremos uma breve contextualizaccedilatildeo das relaccedilotildees e condiccedilotildees do trabalho para esse segmento populacional e das poliacuteticas sociais destinadas a esse puacuteblico dentre eles o programa em questatildeo identificando seus os avanccedilos e limites atraveacutes de pesquisa bibliograacutefica e documental

Palavras-chave Trabalho Poliacutetica Social e Juventude

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Revista Cientiacutefica Vozes dos Vales ndash UFVJM ndash MG ndash Brasil ndash Nordm 10 ndash Ano V ndash 102016 Reg 1202095ndash2011 ndash UFVJM ndash QUALISCAPES ndash LATINDEX ndash ISSN 2238-6424 ndash wwwufvjmedubrvozes

INTRODUCcedilAtildeO

ldquo[] Eacute uma contradiccedilatildeo do proacuteprio movimento do capital que o incremento natural de massas de trabalhadores natildeo sature suas necessidades de acumulaccedilatildeo e apesar disso ultrapasse-as O capital precisa de maiores quantidades de trabalhadores jovens []rdquo (MARX 2003 p 745)

O nosso objetivo nesse artigo eacute apresentar a anaacutelise do programa ProJovem

Trabalhador uma das estrateacutegias construiacutedas para enfrentar os impactos do

desemprego (compreendido aqui como uma das expressotildees da ldquoquestatildeo socialrdquo1)

para o puacuteblico juvenil Apresentaremos o desenvolvimento do programa suas

caracteriacutesticas e o perfil dos jovens atendidos atraveacutes de pesquisa bibliograacutefica e

documental

O conceito de juventude em princiacutepio aparece fortemente associado aos aspectos

bioloacutegicos e cronoloacutegicos contudo a definiccedilatildeo etaacuteria que agrave primeira vista se mostra

como um fator homogecircneo e puramente bioloacutegico sofre influecircncia e implicaccedilotildees do

contexto histoacuterico e social Portanto ao tratarmos em juventude natildeo falamos apenas

em idade mas sobretudo em representaccedilotildees sociais sobre a juventude

No Brasil haacute basicamente duas classificaccedilotildees etaacuterias a utilizada pelo Conselho

Nacional de Juventude (CONJUVE) que adota o ciclo entre 15 a 29 anos e a do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) que utiliza o ciclo de 15 a 24

anos As duas classificaccedilotildees estatildeo presentes nas formulaccedilotildees de poliacuteticas para

juventude havendo uma tendecircncia recente pela utilizaccedilatildeo do ciclo de 15 a 29 anos

por orientaccedilatildeo do proacuteprio CONJUVE

Tal fato ressalta a importacircncia de uma classificaccedilatildeo etaacuteria pois a juventude passa

pelo enquadramento soacutecio-histoacuterico-cultural mas tambeacutem passa por uma

classificaccedilatildeo etaacuteria sendo essa uacuteltima um paracircmetro elementar Isso porque o corte

etaacuterio eacute que permite uma diferenciaccedilatildeo entre adolescecircncia e juventude de modo a

1 Partimos do entendimento de que a ldquoquestatildeo socialrdquo eacute ldquo[] a expressatildeo do processo de formaccedilatildeo do

desenvolvimento da classe operaacuteria e de seu ingresso no cenaacuterio poliacutetico da sociedade o que exigiu o seu reconhecimento enquanto classe por parte do Estado e dos capitalistas (IAMAMOTO CARVALHO 2005)

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considerar nas formulaccedilotildees das poliacuteticas puacuteblicas dois segmentos que satildeo as

especificidades do ser jovem e do ser adolescente E ainda por que a associaccedilatildeo

recorrente entre juventude e adolescecircncia muitas vezes tornando-os sinocircnimos

(LEOacuteN 2005) acaba por excluir das formulaccedilotildees puacuteblicas a populaccedilatildeo jovem de 18

a 29 anos2

O periacuteodo posterior agrave Segunda Grande Guerra introduziu uma extensatildeo agrave juventude

em vaacuterios sentidos na duraccedilatildeo do ciclo de vida na abrangecircncia do fenocircmeno para

vaacuterios setores sociais ultrapassando os limites apenas dos rapazes da burguesia

(como no iniacutecio)3 nos elementos constitutivos da experiecircncia juvenil e no conteuacutedo

das noccedilotildees socialmente construiacutedas Tal ampliaccedilatildeo divide esse ciclo em dois

momentos a adolescecircncia mais relacionada agraves mudanccedilas bioloacutegicas com

consequecircncias psicossociais e a juventude propriamente dita mais voltada para o

processo de inserccedilatildeo social (ABRAMO 2005b)

Neste sentido reconhecemos a importacircncia de uma classificaccedilatildeo etaacuteria ateacute mesmo

porque como bem lembrou Groppo (2000) mesmo a negando dificilmente se chega

agrave uma definiccedilatildeo de juventude sem passar por uma classificaccedilatildeo de idade Contudo

natildeo podemos esquecer que o dado bioloacutegico eacute socialmente manipulaacutevel e

manipulado logo potencialmente problemaacutetico E ao enfatizarmos esse aspecto

corremos o risco de pensar a juventude como uma unidade social dotada de

interesses comuns (BOURDIEU 1983) Neste sentido precisamos pensar a questatildeo

etaacuteria como parte da conceituaccedilatildeo e natildeo o conceito em si porque ldquo[] os indiviacuteduos

natildeo pertencem a grupos etaacuterios eles os atravessam []rdquo (LEVI et al 1996 p 9)

Desse modo podemos afirmar que juventude eacute uma categoria social e como tal ela

se torna uma representaccedilatildeo social e uma situaccedilatildeo social ou seja ela eacute entendida

como ldquo[] uma concepccedilatildeo representaccedilatildeo ou criaccedilatildeo simboacutelica fabricada pelos

2 Sposito et al (2006 p 14) afirma que eacute possiacutevel reunir adolescentes e jovens em um mesmo

programa o que seria provavelmente uma accedilatildeo mais adequada do que trazer os adolescentes para o universo da infacircncia o que acabaria por descaracterizar natildeo soacute a infacircncia tal qual foi concebida pela modernidade como a proacutepria adolescecircncia e juventude como momentos diversos construiacutedos historicamente na sociedade moderna a partir do seacuteculo XIX No entanto outras implicaccedilotildees existem porque os marcos legais da maioridade satildeo arbitraacuterios produto de consensos provisoacuterios e natildeo deveriam implicar restriccedilatildeo da accedilatildeo do Estado pois deixam agrave sombra categorias significativas de jovens sobre as quais o Poder Puacuteblico no Brasil natildeo assume qualquer responsabilidade 3 Abramo (2005) cita a inclusatildeo escolar como um dos fatores principais para a ampliaccedilatildeo da

juventude para aleacutem dos rapazes burgueses

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grupos sociais ou pelos proacuteprios indiviacuteduos tidos como jovens para significar uma

seacuterie de comportamentos e atitudes a ela atribuiacutedosrdquo (GROPPO 2000 p 08)

Para a perspectiva classicista uma das diversas perspectivas teoacutericas que tratam da

categoria juventude a reproduccedilatildeo social eacute vista na dimensatildeo da reproduccedilatildeo social

de classes por esta razatildeo o conceito de juventude busca sempre ultrapassar a

visatildeo de fase da vida e encontra-se sempre fundamentada na reproduccedilatildeo das

classes sociais E neste sentido as culturas juvenis seratildeo sempre culturas de

classe entendidas como produto das relaccedilotildees antagocircnicas de classe e muitas

vezes segundo o autor as culturas juvenis satildeo apresentadas como culturas de

resistecircncia pois satildeo negociadas em um quadro de relaccedilotildees de classe Assim as

culturas juvenis tecircm sempre um significado poliacutetico (PAIS 1990 2003)

Eacute preciso considerar que essa perspectiva amplia o debate sobre a categoria social

juventude ultrapassando o campo individual e incluindo na anaacutelise a reproduccedilatildeo das

relaccedilotildees sociais de uma sociedade capitalista Isso porque nessa perspectiva haacute um

processo dialeacutetico entre a cultura dominante e a dominada quando a cultura eacute

reproduzida de forma homogecircnea atraveacutes das diversas instituiccedilotildees sociais (PAIS

2003)

Assim podemos afirmar que juventude eacute ldquo[] uma categoria socialmente construiacuteda

formulada no contexto de particulares circunstacircncias econocircmicas sociais ou

poliacuteticas uma categoria sujeita a modificar-se ao longo do tempordquo (PAIS 2003

p37) Aleacutem dos elementos jaacute apresentados eacute preciso incluir no debate as diversas

realidades da juventude uma vez que mesmo dentro de um tempo soacutecio histoacuterico e

no interior das classes sociais haacute questotildees relevantes tais como etnia gecircnero

ocupaccedilatildeo espacial das cidades sexualidade e outras Logo definir uma perspectiva

para a anaacutelise da categoria social juventude tambeacutem exige pensar as diversidades

da condiccedilatildeo e situaccedilatildeo juvenil

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TRABALHO E POLIacuteTICAS JUVENTUDE

O trabalho eacute a base da sociabilidade humana pois eacute atraveacutes dele que se daacute a

mediaccedilatildeo entre homem e natureza e que se constroem as formas de sobrevivecircncia

independente das formas de sociedade (MARX 2003) Ao longo da histoacuteria o

trabalho vai se metamorfoseando e agrave medida que o homem vai transformando a

natureza transforma a si mesmo e humaniza a natureza acumulando exigecircncias e

necessidades que complexificam e diversificam as relaccedilotildees sociais o que evidencia

que o trabalho eacute o espaccedilo privilegiado para a constituiccedilatildeo do ser social4 por sua

capacidade teleoloacutegica e ontoloacutegica mas tambeacutem por sua capacidade de realizaccedilatildeo

da praacutexis5

Aleacutem dessas dimensotildees o trabalho eacute tambeacutem a principal estrateacutegia para satisfazer

as necessidades vitais sejam elas bioloacutegicas sociais ou culturais logo o natildeo acesso

ao trabalho mesmo sob a forma de trabalho alienado6 eacute uma violecircncia contra a

possibilidade de produzir e reproduzir minimamente a vida (FRIGOTTO 2001)

Neste sentido defender a geraccedilatildeo de trabalho para a juventude eacute defender o direito

agrave sobrevivecircncia dos jovens que vivem do trabalho

Para a juventude a relaccedilatildeo com o trabalho tem um valor ainda maior pois o

ingresso no mercado de trabalho7 tradicionalmente constitui-se em um marco de

passagem da juventude para o ingresso no mundo adulto (CORRACHANO 2012)

4 ldquo[] O indiviacuteduo social eacute um produto histoacuterico [] fruto de condiccedilotildees e relaccedilotildees sociais particulares

e ao mesmo tempo criador da sociedade e natildeo um dado da naturezardquo (IAMAMOTO 2007 p 347) 5 ldquo[] A praacutexis compreende ndash aleacutem do momento laborativo ndash tambeacutem o momento existencial ela se

manifesta tanto na atividade objetiva do homem que transforma a natureza e marca com sentido humano os materiais naturais como na formaccedilatildeo da subjetividade humanardquo [] (KOSIK 2002 p 224) 6 A concepccedilatildeo marxiana de trabalho que o entende como uma unidade contraditoacuteria ndash trabalho

concreto e trabalho abstrato (alienado) Trabalho concreto uacutetil ou trabalho vivo eacute o trabalho que cria valor de uso sendo que este eacute necessaacuterio agrave existecircncia de qualquer sociedade logo em toda sociedade haveraacute trabalho concreto Jaacute o Trabalho abstrato eacute uma especificidade da sociedade capitalista e eacute criador de valor de troca (MARX 2003) Para Netto Braz (2006 p 105) ldquo[] quando o trabalho eacute reduzido agrave condiccedilatildeo de trabalho em geral tem-se o trabalho abstratordquo 7 A reificaccedilatildeo das relaccedilotildees sociais capitalistas que fazem com que as relaccedilotildees entre as mercadorias

assumam caracteriacutesticas de relaccedilotildees sociais pode ser expresso no caso em estudo no uso do termo ldquomercado de trabalhordquo que aparece personificado escondendo ldquo[] que o mercado de trabalho resulta de relaccedilotildees sociais relaccedilotildees de forccedila e de poder vinculadas a interesses de grupos e fraccedilotildees das classes sociais []rdquo (FRIGOTTO 2004 p 182)

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Esse marco de passagem eacute muito tensionado pois como lembra a autora

supracitada historicamente as taxas de desemprego satildeo mais elevadas entre os

jovens que entre os adultos em diferentes paiacuteses e momentos histoacutericos mesmo

em conjunturas de crescimento ou de retraccedilatildeo sendo que em periacuteodos de recessatildeo

as taxas de desemprego juvenis se elevam mais rapidamente que a dos adultos e

nos momentos de expansatildeo diminuem mais lentamente

As transformaccedilotildees no mundo do trabalho8 ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas tornaram

ainda mais complexa a relaccedilatildeo juventude e trabalho uma vez que os jovens satildeo os

mais afetados tambeacutem no processo de precarizaccedilatildeo9 das condiccedilotildees do trabalho

Para eles os postos satildeo aqueles com as menores exigecircncias de qualificaccedilatildeo e de

pior qualidade

Outro aspecto importante eacute a extensatildeo da jornada de trabalho dos jovens de acordo

com dados de 2006 da PNAD ndash Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelio 48

dos jovens de 14 a 29 anos que apenas trabalhavam tinham uma jornada de

trabalho entre 31 a 44 horassemana Jaacute os 453 dos jovens de 14 a 29 anos que

trabalhavam e estudavam tinham uma jornada semanal de 31 a 44 horassemana

Segundo dados de 2006 da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) havia 182

milhotildees de jovens brasileiros ocupados deste aproximadamente 11 milhotildees isto eacute

605 encontravam-se na informalidade enquanto que entre os adultos esse

percentual era de 507

8 A maior mudanccedila eacute a introduccedilatildeo crescente de novas tecnologias o que provoca a reduccedilatildeo na

demanda por trabalho vivo As consequecircncias natildeo se limitam a isso e apontam outras trecircs principais consequecircncias 1) expansatildeo das fronteiras do trabalhador coletivo quando as atividades realizadas pelos trabalhadores se tornam cada vez mais complexas e amplas 2) dada a ampliaccedilatildeo anterior o trabalhador eacute requisitado a desenvolver atividades muacuteltiplas o que exige um trabalhador mais qualificado e polivalente 3) se refere agrave gestatildeo da forccedila de trabalho quando se recorre agrave ldquoparticipaccedilatildeordquo ldquoenvolvimentordquo dos trabalhadores reduzindo hierarquias atraveacutes das equipes de trabalho na clara intenccedilatildeo de desconstruir a consciecircncia de classe e os trabalhadores e operaacuterios passam a ser ldquocolaboradoresrdquo ldquocooperadoresrdquo (NETTO BRAZ 2006) Outras informaccedilotildees consultar Harvey (2003) Antunes (2002) e Antunes (2005) 9 A precarizaccedilatildeo eacute uma das expressotildees das mudanccedilas no mundo do trabalho que natildeo significa

apenas o desemprego mas toda a forma de ampliaccedilatildeo da exploraccedilatildeo e geraccedilatildeo de instabilidade que podem ser expressos em contrataccedilotildees temporaacuterias subcontrataccedilotildees contratos de trabalho mais flexiacuteveis reduccedilatildeo de direitos e salaacuterios ampliaccedilatildeo eou intensificaccedilatildeo da jornada de trabalho Para Harvey (2003 p 144) a ldquo[] atual tendecircncia dos mercados de trabalho eacute reduzir o nuacutemero de trabalhadores bdquocentrais‟ e empregar cada vez mais uma forccedila de trabalho que entra facilmente e eacute demitida sem custos quando as coisas ficam ruinsrdquo

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POLIacuteTICAS PARA JUVENTUDE

Ateacute a deacutecada de 1950 as accedilotildees destinadas agrave juventude no Brasil eram pontuais e

natildeo atendiam especificamente agrave juventude Embasavam-se na perspectiva de tutela

e coerccedilatildeo atendendo preferencialmente agrave crianccedila e ao adolescente pobre com

vista a escondecirc-los da sociedade e promover uma ldquolimpezardquo social (ABRAMO

1987) Um bom exemplo disso eacute a constituiccedilatildeo do Primeiro Coacutedigo de Menores em

1927 que associava diretamente pobreza agrave delinquecircncia estabelecendo medidas

privativas de liberdade para as crianccedilas adolescentes e jovens pobres que eram

reconhecidos como abandonados por sua condiccedilatildeo social

Entre as deacutecadas de 1950 e 1970 quando a Ameacuterica Latina vivencia o periacuteodo do

Desenvolvimentismo as accedilotildees destinadas a esse segmento giravam em torno da

ampliaccedilatildeo da educaccedilatildeo e do controle do tempo livre (SPOSITO CARRANO 2003)

Haacute tambeacutem nesse periacuteodo algumas accedilotildees voltadas para a sauacutede numa perspectiva

de prevenccedilatildeo ao uso de drogas e agrave gravidez na adolescecircncia (UNESCO 2004)

As accedilotildees voltadas para educaccedilatildeo se encaixam dentro da necessidade de se formar

matildeo de obra qualificada que atendesse agraves necessidades da fase do

Desenvolvimentismo no Brasil momento de grande expansatildeo da industrializaccedilatildeo no

Brasil Nesse periacuteodo a educaccedilatildeo ganha um grande destaque se constituindo como

direito ateacute o Ensino Secundaacuterio e haacute uma massiva campanha de alfabetizaccedilatildeo de

adultos A educaccedilatildeo profissional com vista agrave formaccedilatildeo para o mercado de trabalho

tambeacutem ganha maior destaque (NETTO 2005)

Para Abad (2003) esse cenaacuterio eacute favoraacutevel agrave juventude pois foram construiacutedas

estrateacutegias de ascensatildeo e melhorias das condiccedilotildees de vida que atendiam agrave

juventude Para ele essa ampliaccedilatildeo e estiacutemulo agrave educaccedilatildeo fortalece o conceito de

moratoacuteria social propiciando a esse jovem um tempo maior para o estudo e o

preparo para o mercado de trabalho

As mudanccedilas no contexto da Ameacuterica Latina entre as deacutecadas de 1970 e 1980

trazem novas formas de accedilotildees para a juventude Nesse periacuteodo de consolidaccedilatildeo do

capitalismo monopolista e de emergecircncia dos governos totalitaacuterios em toda a

Ameacuterica Latina (NETTO 2005) emergem movimentos sociais revolucionaacuterios onde

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os jovens se inserem ocupando um papel central

As accedilotildees voltadas para a juventude nesse periacuteodo visavam o controle social da

juventude buscando conter o perfil questionador do jovem restringindo a liberdade

civil e introduzindo formas de construccedilatildeo de hegemonia nos espaccedilos educacionais

A forte participaccedilatildeo da juventude nesses espaccedilos de contestaccedilatildeo e enfrentamento

marca profundamente a forma como a juventude eacute vista pela sociedade Os jovens

tiveram um papel fundamental no processo de redemocratizaccedilatildeo a partir da deacutecada

de 1980 e muito deles foram vitimados durante todo o processo de emersatildeo e

decliacutenio da autocracia burguesa no Brasil

Na deacutecada de 1980 jaacute em um cenaacuterio de abertura democraacutetica mas em meio agrave uma

grande recessatildeo aliado agrave diminuiccedilatildeo dos gastos puacuteblicos haacute um quadro de

expansatildeo da pobreza Segundo a UNESCO (2004) nesse contexto outras formas de

organizaccedilotildees juvenis se constroem com a participaccedilatildeo de jovens em situaccedilatildeo de

marginalidade social e econocircmica em sua maioria sem acesso agrave educaccedilatildeo e aos

serviccedilos coletivos Tais movimentos satildeo chamados de ldquodistuacuterbios nacionaisrdquo que

incluiacuteam entre as accedilotildees saques a supermercados e ocupaccedilotildees de preacutedios puacuteblicos

Como uma estrateacutegia paliativa para dar conta desses problemas sociais emergem

em toda Ameacuterica Latina diversos programas de combate agrave pobreza que eram

sustentados atraveacutes da transferecircncia direta de recursos para a populaccedilatildeo atendida

vinculados agrave permanecircncia da crianccedila ou adolescente na escola apesar dessas

iniciativas natildeo terem sido definidas como poliacuteticas para juventude mesmo

atendendo a milhares de jovens com vistas a prevenir ldquocondutas delituosasrdquo

(UNESCO 2004)

No Brasil as estrateacutegias tambeacutem satildeo parecidas Pereira (2007) lembra o lema da

gestatildeo de Sarney ldquoTudo pelo Socialrdquo que iam desde accedilotildees emergenciais

(especialmente as de combate agrave fome e desemprego) ateacute accedilotildees de caraacuteter mais

estruturais de fortalecimento do crescimento econocircmico Aleacutem dos programas de

enfrentamento agrave pobreza recebe destaque tambeacutem as accedilotildees no campo da sauacutede

A deacutecada de 1980 eacute de intensa mobilizaccedilatildeo social A proteccedilatildeo social ganha espaccedilo

nos debates enquanto um marco conceitual e legal que pode ser percebido nos

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avanccedilos com relaccedilatildeo agrave temaacutetica da crianccedila e do adolescente que culmina com a

promulgaccedilatildeo da poliacutetica de proteccedilatildeo integral da crianccedila e do adolescente

consolidada a partir da institucionalizaccedilatildeo do Estatuto da Crianccedila do Adolescente

(ECRIAD) A proteccedilatildeo ao idoso comeccedila jaacute nessa deacutecada a ser discutida entrando

na Lei Orgacircnica da Assistecircncia Social (LOAS) um artigo que estipula um miacutenimo

social para o idoso O mesmo natildeo se daacute com a categoria juventude ela natildeo entra

nas discussotildees da proteccedilatildeo social

Na deacutecada de 1990 haacute uma explosatildeo das accedilotildees voltadas para a juventude Antes do

Governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC) ateacute 1995 existiam apenas 03

projetos voltados para a juventude10 (SPOSITO CARRANO 2003) Jaacute no periacuteodo do

Governo de FHC de 1995 a 2002 identificamos mais de 3011 programas

governamentais divididos em diversos ministeacuterios que incluiacuteam natildeo soacute os jovens

mas tambeacutem adolescentes e 03 accedilotildees natildeo governamentais de abrangecircncia

nacional O ponto alto dessa explosatildeo se daacute no intervalo de 1999 a 2002 quando

foram ativados 18 programas12 Para Sposito Carrano (2003) esse momento eacute uma

verdadeira explosatildeo na temaacutetica de juventude e adolescecircncia poreacutem sem muita

consistecircncia conceitual

Apesar dessa efervescecircncia nas poliacuteticas de juventude para Sposito Carrano (2003)

10

Programa Sauacutede do Adolescente e do Jovem (Ministeacuterio da Sauacutede) Programa Especial de Treinamento (PET - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) e Precircmio Jovem Cientista (Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia) 11

Dos 30 programas estritamente governamentais cinco se localizavam no Ministeacuterio da Educaccedilatildeo seis no Ministeacuterio de Esporte e Turismo seis no Ministeacuterio da Justiccedila um no Ministeacuterio de Desenvolvimento Agraacuterio um no Ministeacuterio da Sauacutede dois no Ministeacuterio de Trabalho e Emprego trecircs no Ministeacuterio de Previdecircncia e Assistecircncia Social dois no Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia dois no Gabinete de Seguranccedila Institucional da Presidecircncia da Repuacuteblica um no Gabinete do Presidente da Repuacuteblica (Projeto Alvorada) e por uacuteltimo um de caraacuteter interministerial especificamente voltado para a integraccedilatildeo das accedilotildees de 11 projetos programas focados em jovens localizado no Ministeacuterio de Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo (Programa Brasil em Accedilatildeo) (SPOSITO CARRANO 2003) 12

Satildeo elas Programa de estudante em convecircnio de Graduaccedilatildeo (MEC e Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores) Projeto Escola Jovem (MEC) Jogos da Juventude (Ministeacuterio do Esporte e Turismo) Olimpiacuteadas Colegiais (Ministeacuterio do Esporte e Turismo) Projeto Navegar (Ministeacuterio do Esporte e Turismo) Serviccedilo Civil Voluntaacuterio (Ministeacuterio do Esporte e Turismo) Programa de Reinserccedilatildeo Social do Adolescente em Conflito com a Lei (Ministeacuterio da Justiccedila) Promoccedilatildeo de Direitos de mulheres jovens vulneraacuteveis ao abuso sexual e agrave exploraccedilatildeo sexual comercial no Brasil (Ministeacuterio da Justiccedila) Programa de Sauacutede do Adolescente e do Jovem (Ministeacuterio da Sauacutede) Jovem Empreendedor (Ministeacuterio do Trabalho e Emprego) Programa Brasil Jovem (Ministeacuterio da Assistecircncia e Providencia Social) Centros da Juventude (Ministeacuterio do Esporte e Turismo) Agente Jovem de Desenvolvimento Social e Humano (Ministeacuterio da Assistecircncia e Providencia Social) Precircmio Jovem Cientista (Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia) Precircmio Jovem Cientista do Futuro (Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia) Comunidade Solidaacuteria (Presidecircncia da Repuacuteblica) e Programa Capacitaccedilatildeo Solidaacuteria

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no periacuteodo de 1995 a 2002 natildeo se pode falar de poliacuteticas estrateacutegicas orientadas

para os jovens mas de algumas propostas que segundo os autores partem da ldquo[]

ideia de prevenccedilatildeo de controle ou efeito compensatoacuterio de problemas que atingem

a juventude transformada em algumas situaccedilotildees ela mesma num problema para a

sociedaderdquo (2003 p 08) Esse fato talvez explique a ausecircncia da juventude nas

accedilotildees de proteccedilatildeo social Importante destacar que a sauacutede a seguranccedila puacuteblica e o

trabalho expressam a materialidade imediata para se pensar as poliacuteticas de

juventude nesse periacuteodo

A deacutecada de 1990 haacute um crescimento exponencial da violecircncia urbana no Brasil e

parte significativa dessa violecircncia aparece atrelada ao jovem Na deacutecada de 1970 a

participaccedilatildeo dos jovens no total das mortes por homiciacutedios foi de 288 jaacute na

deacutecada de 1980 os iacutendices sobem para 319 e na deacutecada de 1990 os iacutendices

chegaram a 347 (POCHMANN 2005 p 236)

Esse cenaacuterio fomenta a necessidade de poliacuteticas sociais para a juventude mas em

grande parte esses programas ldquo[] buscam de certa forma minimizar o potencial

ameaccedilador que os jovens trazem para a vida social alguns deles considerados a

bdquonova classe perigosa‟ que precisa estar sob um campo de forte controlerdquo

(SPOSITO 2003 p 67) O perigo passa a ser visto natildeo mais nos estudantes das

classes meacutedias (como nos anos 60) mas nos jovens pobres marginalizados e

moradores da periferia das grandes cidades

Nos anos 2000 ndash Governo Lula haacute um salto de qualidade13 nas accedilotildees voltadas a

esse puacuteblico dentre elas a criaccedilatildeo do Conselho Nacional de Juventude

(CONJUVE) em 2004 a criaccedilatildeo do Grupo Interministerial a criaccedilatildeo da Secretaria

Nacional de Juventude em 2005 e a realizaccedilatildeo da Conferecircncia Nacional de

Juventude

Outro avanccedilo importante se deu em 2010 quando foi editada a Emenda

Constitucional nordm 65 que altera o contexto incluindo o jovem onde se constava

apenas da famiacutelia da crianccedila do adolescente e do idoso no Capiacutetulo VII do Tiacutetulo

13

O Grupo Interministerial identificou 131 accedilotildees vinculadas a 45 programas e destes 19 satildeo especiacuteficos para os jovens

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VII (Da Ordem Social) Essa modificaccedilatildeo da Emenda nordm652010 coloca a obrigaccedilatildeo

do Estado na satisfaccedilatildeo dos direitos baacutesicos da juventude fato que representa uma

conquista para os jovens brasileiros uma vez que esse eacute o maior instrumento

juriacutedico do paiacutes que passa a assegurar os direitos ldquo[] agrave vida agrave sauacutede ao lazer agrave

profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria []rdquo (BRASIL EC Nordm 652010) e assegura a criaccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas para esse segmento

Analisando as poliacuteticas de juventude no Brasil em 2010 identificamos que existiam

18 programas14 voltados para o puacuteblico jovem e que se desenvolvia vaacuterias accedilotildees

em diversos Ministeacuterios e secretarias Um desses programas eacute o ProJovem que

analisaremos em seguida

PROJOVEM TRABALHADOR

O ProJovem surge em 2005 como resultado de demanda por parte da sociedade

mas sobretudo como resultado do diagnoacutestico realizado do Grupo Interministerial

que recomendava maior integraccedilatildeo e complementaridade entre os programas

14

1) Programa Nacional de Inclusatildeo de Jovens (Projovem) Projovem Urbano Projovem Campo Projovem Trabalhador e Projovem Adolescente ndash Secretaria Nacional de Juventude da Secretaacuteria-Geral da Presidecircncia da Repuacuteblica Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome (MDS) 2) Programa Cultura Viva ndash Ministeacuterio da Cultura 3) Bolsa Atleta ndash Ministeacuterio do Esporte 4) Programa Segundo Tempo ndash Ministeacuterio do Esporte 5) Praccedilas da Juventude ndash Ministeacuterios do Esporte e da Justiccedila 6) Projeto Rondon ndash Ministeacuterio da Defesa em parceria com diversos ministeacuterios 7) Projeto Soldado Cidadatildeo ndash Comandos da Marinha Exeacutercito e Aeronaacuteutica 8) Programa Nacional de Seguranccedila Puacuteblica com Cidadania ndash Pronasci Protejo Jovem Detento Geraccedilatildeo Consciente Pelc Projeto Praccedila da Juventude Pintando a Liberdade e Pintando a Cidadania Pontos de Leitura Pontos de Cultura Projeto Museus Projeto Farol Projovem Prisional ndash Ministeacuterio da Justiccedila tendo alguns parceiros Ministeacuterio Cultura Esporte Igualdade Racial e Secretaria Nacional de Juventude 9) Pronaf Jovem ndash Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio 10) Juventude e Meio Ambiente ndash Ministeacuterios da Educaccedilatildeo e do Meio Ambiente com a parceria da Secretaria Nacional de Juventude 11) Escola Aberta ndash Cooperaccedilatildeo teacutecnica entre o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e a UNESCO 12) ProUni ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 13) Reforccedilo agraves Escolas Teacutecnicas e Ampliaccedilatildeo das vagas em Universidades Federais ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 14) Brasil Alfabetizado ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 15) Proeja ndash Ministeacuterios da Educaccedilatildeo e do Trabalho e Emprego 16) Programa Nacional do Livro Didaacutetico para o Ensino Meacutedio (PNLEM) ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 17) Programa Nacional do Livro Didaacutetico para a Alfabetizaccedilatildeo de Jovens e Adultos ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 18) Ampliaccedilatildeo do Bolsa Famiacutelia ndash Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome (BRASIL 2011)

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voltados para a juventude e tinha como objetivo aumentar o niacutevel de escolaridade de

modo a inserir esses jovens no mercado de trabalho (BRASIL 2008)

A primeira versatildeo desse programa foi criada em parceria com a Secretaria Nacional

da Juventude e do Conselho Nacional de Juventude e foi regulamentado atraveacutes do

decreto 5557 de 05102005 e tinha como puacuteblico alvo os jovens de 18 a 24 anos

que ainda natildeo tivessem completado o ensino fundamental mas que tivessem feito

no miacutenimo a 4ordf seacuterie e natildeo poderiam ter viacutenculo formal no mercado de trabalho e

que fossem moradores de capitais e regiotildees metropolitanas com mais de duzentos

mil habitantes Os jovens participantes do programa receberiam uma bolsa no valor

de R$ 10000 (cem reais) e teriam formaccedilatildeo profissional integral associando a

elevaccedilatildeo da escolaridade atraveacutes da formaccedilatildeo baacutesica de 800 horas acrescida da

formaccedilatildeo profissional com carga horaacuteria de 350 horas e 50 horas de atividades de

accedilotildees comunitaacuterias (BRASIL 2008)

O objetivo principal era a elevaccedilatildeo da escolaridade tendo em vista a conclusatildeo do

ensino fundamental a qualificaccedilatildeo profissional e o desenvolvimento de accedilotildees

comunitaacuterias de interesse puacuteblico A gestatildeo era do Grupo Interministerial e da

Secretaria Nacional de Juventude e o financiamento era do Governo Federal que

repassava aos municiacutepios para que esses executassem o programa

Em 2007 foi lanccedilado o Programa ProJovem Integrado que agrupou seis programas

o proacuteprio ProJovem o Agente Jovem Saberes da Terra Escola de Faacutebrica

Juventude cidadatilde e o Consoacutercio da Juventude Tal mudanccedila ocorreu em funccedilatildeo de

estudos feitos pelo sistema de informaccedilatildeo do programa que indicavam que os

jovens excluiacutedos estatildeo mais dispersos geograficamente do que se esperava ldquo[]

apontando a necessidade de ampliar o alcance do programa para cidades menores

uma vez que parte substantiva dos jovens brasileiros deixava de ser contemplada

quando se restringia o atendimento a municiacutepios com mais de 200 mil habitantesrdquo

(BRASIL 2008 p18)

Pesquisas da PNAD2003 (das regiotildees metropolitanas) e do Censo 2000 (nacional)

que tomaram como pesquisa os jovens de 18 a 24 anos com quatro a sete anos de

escolaridade e residentes nas cidades com mais de 200 mil habitantes mostravam

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queda do nuacutemero de jovens excluiacutedos No entanto quando analisado os jovens de

24 a 29 anos esses mesmos iacutendices satildeo crescentes [] evidenciando-se a

necessidade de ampliar a faixa etaacuteria atendida pelo ProJovem de modo a

contemplar tambeacutem os jovens de faixa etaacuteria mais elevada (Brasil 2008 p 18) As

atividades do ProJovem Integrado se iniciam em 2008 atraveacutes de quatro

modalidades

ProJovem Urbano ldquoDestina-se a jovens de 18 a 29 anos que sabem ler e

escrever mas que natildeo concluiacuteram o ensino fundamental Oferece elevaccedilatildeo de

escolaridade com a conclusatildeo do ensino fundamental qualificaccedilatildeo profissional

participaccedilatildeo em accedilotildees de cidadania e uma bolsa mensal de R$ 10000 Com

duraccedilatildeo de 18 meses eacute executado pela Secretaria Nacional de Juventude da

Secretaria-Geral da Presidecircncia da Repuacuteblica15 A modalidade eacute executada

mediante convecircnios firmados entre a Secretaria Nacional de Juventude estados e

municiacutepios Nas cidades com mais de 200 mil habitantes a parceria eacute feita

diretamente com a Prefeitura Municipal Jaacute nas cidades menores essa parceria eacute

firmada com o governo do estado que viabiliza a chegada do Programa nas cidades

menoresrdquo (BRASIL 2010)

ProJovem Campo Executado pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo a modalidade oferece

elevaccedilatildeo de escolaridade com a conclusatildeo do ensino fundamental e capacitaccedilatildeo

profissional de jovens de 18 a 29 anos que atuam na agricultura familiar O curso

tem duraccedilatildeo de 24 meses e eacute ministrado conforme a alternacircncia dos ciclos

agriacutecolas respeitando o periacuteodo em que os alunos trabalham no campo O

programa eacute desenvolvido em parceria com as secretarias estaduais de educaccedilatildeo e

uma rede de instituiccedilotildees puacuteblicas federais mediante convecircnios firmados com o MEC

(BRASIL 2010)

ProJovem Adolescente Executado pelo Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e

Combate agrave Fome (MDS) destina-se a jovens de 15 a 17 anos em situaccedilatildeo de risco

social independentemente da renda familiar ou que integram famiacutelias beneficiaacuterias

do Bolsa Famiacutelia Com duraccedilatildeo de 24 meses oferece proteccedilatildeo social baacutesica e

15

A partir de 2012 a coordenaccedilatildeo geral do ProJovem Urbano migrou da Secretaria Nacional de Juventude para o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (MEC) mas manteve a Secretaria Nacional de Juventude como parte do Comitecirc Gestor

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assistecircncia agraves famiacutelias visando elevar a escolaridade e reduzir os iacutendices de

violecircncia uso de drogas das doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis e gravidez

precoce Os municiacutepios interessados no Programa devem observar os seguintes

criteacuterios a) estar habilitado nos niacuteveis de gestatildeo baacutesica ou plena do Suas b) possuir

Centros de Referecircncia da Assistecircncia Social (CRAS) em funcionamento e registro

no Censo do CRAS c) apresentar a demanda miacutenima de 40 jovens que pertenccedilam a

famiacutelias beneficiaacuterias do Bolsa Famiacutelia (BRASIL 2010)

ProJovem Trabalhador O ProJovem Trabalhador ficou sob a responsabilidade do

Ministeacuterio do Trabalho (MTE) unificando as accedilotildees do Consoacutercio Social da

Juventude Empreendedorismo Juvenil Juventude Cidadatilde e Escola de Faacutebrica

tendo como objetivo ldquo[] preparar o jovem para ocupaccedilotildees com viacutenculo

empregatiacutecio ou para outras atividades produtivas geradoras de renda por meio da

qualificaccedilatildeo social e profissional e do estiacutemulo agrave sua inserccedilatildeo no mundo do trabalhordquo

(Brasil 2008) como estaacute previsto no artigo 37 da Lei 6629 de novembro de 2008

que unificou os programas (BRASIL 2010)

Essa modalidade do ProJovem se destina a jovens de 18 a 29 anos em situaccedilatildeo de

desemprego e cuja renda familiar per capita seja de ateacute um salaacuterio miacutenimo e ainda

que cumpra os seguintes preacute-requisitos a) cursando ou tenha concluiacutedo o ensino

fundamental ou b) cursando ou tenha concluiacutedo o ensino meacutedio e natildeo estejam

cursando ou natildeo tenha concluiacutedo o ensino superior16 (BRASIL 2008 artigo 38)

O ProJovem Trabalhador tem duas submodalidades o Consoacutercio Social da

Juventude e o Juventude Cidadatilde Isto porque o ProJovem Trabalhador natildeo unificou

os programas anteriores do Ministeacuterio do Trabalho ele apenas os agregou sob a

forma da lei Inclusive parte da legislaccedilatildeo eacute diferente para o ProJovem Trabalhador

ndash Consoacutercio Social da Juventude o qual segue a orientaccedilatildeo da Portaria 2043 de 22

de outubro de 2009 o ProJovem Trabalhador ndash Juventude Cidadatilde por sua vez

segue a Portaria 991 de 27 de novembro de 2008 Ambos seguem as orientaccedilotildees

do Decreto 6629 de 2008

16

Nas accedilotildees de empreendedorismo juvenil aleacutem dos jovens referidos no caput tambeacutem poderatildeo ser contemplados aqueles que estejam cursando ou tenham concluiacutedo o ensino superior (Brasil 2008 artigo 38)

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Fato que mostra como eacute prematuro apresentar o ProJovem como a poliacutetica nacional

de juventude pois natildeo basta colocar sob um mesmo nome todas as accedilotildees para que

elas faccedilam assim parte de uma mesma loacutegica e que tenham os mesmos objetivos

Como pensar em projeto unificado Como operar com sistemas de avaliaccedilatildeo

controle e monitoramento E estamos falando aqui apenas de uma das modalidades

do ProJovem as demais estatildeo divididas em outras Secretarias Eacute preciso muito

cuidado para que o programa natildeo apenas camufle a fragmentaccedilatildeo que eacute uma marca

das poliacuteticas de juventude que ao que podemos ver ainda se manteacutem

No que se refere agrave execuccedilatildeo do Programa a legislaccedilatildeo (Termo de Referecircncia 991

de 2008) delega tais execuccedilotildees a Estados e Municiacutepios com populaccedilatildeo com acima

de 20 mil habitantes natildeo haacute necessidade de convecircnio acordo contrato ajuste ou

outro instrumento congecircnere o que natildeo dispensa a prestaccedilatildeo de contas (Brasil

2008)17 Essa forma de gerir a maacutequina puacuteblica que se tornou praacutetica comum na

gestatildeo das poliacuteticas sociais expressa a loacutegica da transferecircncia de responsabilidade

do Estado para a sociedade civil quando cabe ao Estado o papel de financiador e

ao terceiro setor o de executor

Tal fenocircmeno eacute parte do processo de reestruturaccedilatildeo produtiva (BEHRING 2003) e

tem impactos diretos no programa principalmente no que se refere agrave continuidade e

agrave qualidade das atividades uma vez que a empresa contratada ou Organizaccedilatildeo da

Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP) tem por objetivo o lucro Satildeo trecircs

atores diretamente envolvidos poreacutem nem sempre com objetivos comuns Conciliar

esses interesses e perspectivas diferentes eacute grande desafio Neste sentido em meio

a tantos personagens e interesses como fazer chegar ao centro do poder os

interesses dos principais interessados os jovens (CASTRO 2012)

Pesquisa realizada pelo Ministeacuterio do Trabalho atraveacutes do Departamento

Intersindical de Estatiacutesticas e Estudo Socioeconocircmicos (DIEESE) referente aos

17

Para a celebraccedilatildeo dos convecircnios a entidade de direito privado sem fins lucrativos na execuccedilatildeo do ProJovem Trabalhador deveraacute ser precedida de seleccedilatildeo por chamada puacuteblica e essas deveratildeo comprovar experiecircncia de no miacutenimo 3 anos no objeto do convecircnio ter capacidade fiacutesica instalada necessaacuteria agrave execuccedilatildeo do objeto do convecircnio ter capacidade teacutecnica e administrativo-operacional adequada para execuccedilatildeo e apresentar proposta com adequaccedilatildeo entre os meios sugeridos seus custos cronogramas e resultados previstos em conformidade com as especificaccedilotildees teacutecnicas do termo de referecircncia e edital de chamada puacuteblica (BRASIL 2008)

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anos de 2010 e 2011 relacionando Juventude e Trabalho no Brasil que apresenta

resultados importantes sobre o perfil do jovem inserido no ProJovem Trabalhador e

alguns dados socioeconocircmicos sobre a juventude brasileira A primeira informaccedilatildeo eacute

sobre o nuacutemero de jovens cadastrados no programa

QUADRO 13 - NUacuteMERO DE JOVENS CADASTRADOS NO PROJOVEM

Brasil Grandes Regiotildees e Unidades da Federaccedilatildeo

HOMENS MULHERES TOTAL

Norte 13509 29524 43033

Nordeste 59095 125207 184302

Sudeste 43597 108104 151701

Sul 18187 40165 58352

Centro-Oeste 11709 35385 47094

Brasil 146097 338385 484482

Fonte MTE Departamento de Poliacuteticas de Trabalho e Emprego para a Juventude DIEESE (2011)

Percebemos assim que cerca de 10 dos jovens brasileiros estatildeo inseridos no

programa o que mostra a relevacircncia e importacircncia do programa levando os

organismos governamentais a se referirem ao programa como a expressatildeo da

poliacutetica nacional de juventude

Interessante observar ainda o nuacutemero das jovens inseridas no programa

representando mais de 60 do total dos jovens participantes fato esse que pode

ser explicado em partes pelos altos iacutendices de desemprego que afetam de forma

diferente as mulheres o que evidencia a inserccedilatildeo ainda precaacuteria da mulher no

mundo do trabalho representando assim que essa pode ser uma oportunidade

importante de inserccedilatildeo no mercado de trabalho para essas jovens

Isso mostra tambeacutem que eacute necessaacuterio pensar o ProJovem Trabalhador que leve

em consideraccedilatildeo as especificidades de ser uma jovem mulher natildeo soacute no que se

refere agrave inserccedilatildeo no mercado de trabalho que eacute objetivo do programa mas tambeacutem

na permanecircncia dessa jovem no programa em quais condiccedilotildees satildeo ofertadas para

isso e principalmente num acompanhamento posterior

Um uacuteltimo dado que natildeo podemos deixar de comentar mesmo que sucintamente se

refere agrave questatildeo da renda Como mostra a tabela abaixo dos jovens inseridos no

ProJovem Trabalhador o percentual de jovens que recebem ou jaacute receberam outros

benefiacutecios sociais eacute relativamente pequeno apenas na regiatildeo Nordeste o iacutendice eacute

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um pouco maior (377) nas demais regiotildees os iacutendices ficam em torno de 15

Esses dados podem mostrar que esses jovens estatildeo quase que totalmente

desassistidos com relaccedilatildeo aos direitos sociais uma vez que ficaram agrave margem do

sistema escolar estatildeo fora do mercado de trabalho (ou inseridos precariamente) e

tambeacutem natildeo satildeo assistidos pelos programas de Assistecircncia Social ou seja satildeo

jovens que estatildeo expostos a uma grande violecircncia urbana de desproteccedilatildeo social

QUADRO 15 - PROPORCcedilAtildeO DE JOVENS CADASTRADOS QUE TEcircM ALGUM MEMBRO DA FAMIacuteLIA QUE RECEBEU AUXIacuteLIO DO GOVERNO

Brasil Grandes Regiotildees e Unidades da Federaccedilatildeo

PERCENTUAL

Norte 165

Nordeste 377

Sudeste 127

Sul 120

Centro Oeste 145

Brasil 210

Fonte MTE Departamento de Poliacuteticas de Trabalho e Emprego para a Juventude Elaboraccedilatildeo DIEESE Obs O total Brasil inclui jovens cadastrados sem informaccedilatildeo para UF DIEESE (2011)

Observando o quadro abaixo que trata especialmente da renda a descriccedilatildeo acima

se fortalece Podemos ver que entre os jovens da populaccedilatildeo rural o salaacuterio em

2010 era em meacutedia de pouco mais de um salaacuterio miacutenimo e dos jovens da zona

urbana a meacutedia no mesmo periacuteodo era de dois salaacuterios miacutenimos

QUADRO 16 - RENDA FAMILIAR DO JOVEM CADASTRADO NO PROGRAMA 2010 BRASIL E GRANDES REGIOtildeES - 2010 (EM )

RURAL R$ 63700

URBANA R$ 104200

TOTAL R$ 103000

Fonte MTE Departamento de Poliacuteticas de Trabalho e Emprego para a Juventude Elaboraccedilatildeo DIEESE (2011)

Percebemos assim que o jovem inserido no programa aleacutem de ter as caracteriacutesticas

que satildeo preacute-requisitos para a entrada no programa tais quais situaccedilatildeo de

desemprego e com renda familiar per capita de ateacute um salaacuterio miacutenimo a maioria dos

jovens inseridos no programa satildeo mulheres de etnia parda entre 18 a 24 anos e

que vecircm de uma histoacuteria de desproteccedilatildeo social

Os jovens inscritos no programa recebem um auxiacutelio financeiro no valor de R$

10000 (cem reais) mensais de caraacuteter temporaacuterio que natildeo podem ser cumulativos

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a outros benefiacutecios sociais de programas federais de natureza semelhante18

devendo o jovem optar por um deles O valor eacute repassado diretamente do governo

federal para os beneficiados do programa atraveacutes de uma conta bancaacuteria O auxiacutelio

poderaacute ser suspenso nas seguintes situaccedilotildees a) recebimento de benefiacutecio de

natureza semelhante de outros programas federais b) frequecircncia mensal abaixo de

75 nas atividades19 c) natildeo atendimento de outras condiccedilotildees da modalidade

(Brasil 2008)

O ProJovem seguindo a loacutegica das demais poliacuteticas sociais utiliza da transferecircncia

de renda articulada ao cumprimento de algumas condicionalidades20 e a principal

delas se relaciona agrave ampliaccedilatildeo da escolaridade e a qualificaccedilatildeo profissional

Analisando a questatildeo da transferecircncia de renda podemos observar que na Ameacuterica

Latina os programas de transferecircncia entram como substituto da ausecircncia de

rendimentos provocada pelo desemprego ou o emprego precarizado confirmando a

centralidade do indiviacuteduo e a responsabilizaccedilatildeo da sociedade (STEIN 2008) e

ganham maior destaque como forma de diminuir a incapacidade de reduzir as

desigualdades que afetam de forma especial a juventude diante da crise do trabalho

e da ausecircncia de direitos efetivamente ldquo[] assegurados do acesso ao lazer e aos

bens culturais e de um sistema educativo capaz de acolher seu novo puacuteblico

ocorrem os programas de transferecircncia de renda aos jovens incapazes por si soacute de

assegurar transformaccedilotildees mais densas nessas esferas []rdquo (SPOSITO

CORRACHANO 2005 p 20) Algumas avaliaccedilotildees apontam o quanto essa renda

tem sido importante para os jovens mesmo que ainda seja percebida como privileacutegio

e natildeo como direito

Jaacute no que se refere agrave ampliaccedilatildeo da escolarizaccedilatildeo aparentemente ela pode ser

percebida como um avanccedilo pois representa do ponto de vista do ato individual e

isolado a perspectiva do acesso agrave educaccedilatildeo que muitas vezes eacute negada agrave juventude

18

Consideram-se de natureza semelhante ao auxiacutelio financeiro mensal a que se refere o caput os benefiacutecios pagos por programas federais dirigidos a indiviacuteduos da mesma faixa etaacuteria do ProJovem (Inciso 5ordm do Artigo 47 da Lei 6629 de novembro de 2008) 19

Para fins da certificaccedilatildeo profissional dos jovens e de pagamento do auxiacutelio financeiro exigir-se-aacute frequecircncia mensal miacutenima de setenta e cinco por cento nas accedilotildees de qualificaccedilatildeo 20

A criaccedilatildeo de condicionalidades para acesso agraves poliacuteticas sociais retomam os seus aspectos mais conservadores uma vez que elas deixam de se configurar como direito

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das classes que vivem do trabalho Entretanto precisamos considerar que o simples

acesso agrave escola por si soacute natildeo garante educaccedilatildeo de qualidade e ainda que natildeo se

resolve o problema com os jovens tornando-os mais ldquoempregaacuteveisrdquo se novos

empregos natildeo satildeo criados

Precisamos considerar ainda que [] a maioria natildeo eacute pobre porque natildeo tem boa

educaccedilatildeo mas na realidade natildeo consegue boa educaccedilatildeo porque eacute pobre

(FRIGOTO 2004 p 192) Natildeo queremos negar a educaccedilatildeo como um direito

elementar e muito menos o potencial de emancipaccedilatildeo que a educaccedilatildeo comporta

pretendemos apenas alertar que um diagnoacutestico equivocado pode trazer respostas

equivocadas Concordamos com Frigotto (2004 p 194) quando afirma que ldquo[] a

crenccedila de que o problema eacute conjuntural pode conduzir a poliacuteticas puacuteblicas

focalizadas e de natureza filantroacutepica ou de administraccedilatildeo e controle da pobreza

sem atentar para poliacuteticas que atacam as estruturas produtoras da desigualdaderdquo A

pobreza nesse contexto passa a ser vista com ausecircncia de capacidades individuais

logo a poliacutetica social se transforma numa estrateacutegia para inserir os pobres no

mercado de trabalho

Ainda sobre essa questatildeo Sposito et al (2006) nos convida agrave analisarmos com

cuidado uma vez que os jovens usuaacuterios dos programas sociais voltados para a

juventude satildeo os mesmos que foram precocemente excluiacutedos da escola (seja por

distorccedilatildeo de seacuterie idade ou outro fator) Logo a mera exigecircncia de retorno agrave mesma

escola que natildeo foi capaz de lidar com essas situaccedilotildees eacute no miacutenimo manter os

processos de segregaccedilatildeo (SPOSITO et al 2006) Segundo os autores podemos

constatar duas consequecircncias desse fato uma eacute o paralelismo das atividades de

caraacuteter socioeducativo que natildeo se articula com a rede puacuteblica de ensino e a outra eacute

a total ausecircncia das poliacuteticas de educaccedilatildeo que se articulem com os programas

sociais para a juventude de modo a redefinir o tipo de proposta de escolaridade

adequada a esses jovens (SPOSITO et al 2006)

Eacute importante mostrar ainda a tendecircncia de valorizaccedilatildeo da socioeducaccedilatildeo contidas

nos programas que natildeo eacute acompanhada das justificativas que induzem a essa

adesatildeo indicando haver uma deficiecircncia nos sistemas de ensino natildeo soacute no campo

pedagoacutegico mas tambeacutem na funccedilatildeo socializadora da escola que natildeo formaria para

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a cidadania21 (SPOSITO et al 2006) fato que estaria criando segundo esses

autores uma via paralela de educaccedilatildeo natildeo-escolar para jovens pobres o que os

leva a questionar se essa via estaria oferecendo uma proposta melhor que a rede

puacuteblica Sendo a resposta afirmativa por que natildeo a articular com o sistema de

ensino Se a resposta for negativa nos faz crer que se trata apenas de ocupar o

tempo livre dos jovens dos bairros pobres

Natildeo podemos deixar de tratar ainda sobre a questatildeo dos instrutores A pesquisa

apresentada por Sposito et al (2006) afirma que as atividades em geral satildeo

realizadas com uma base material precaacuteria e com baixa formaccedilatildeo teacutecnica ou mesmo

escolar que sempre inclui palestras cursos e oficinas Em alguns casos os

programas propotildeem uma formaccedilatildeo geral voltada para a cidadania e outra com foco

no aprendizado de habilidades para o mercado do trabalho

Partindo do que foi apresentado nessa pesquisa citada acima haacute duas grandes

orientaccedilotildees em torno do adolescente pobre e outra em torno do jovem pobre Para

os autores apoacutes anos de promulgaccedilatildeo do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente jaacute

satildeo visiacuteveis os avanccedilos que fazem com que os direitos da crianccedila

independentemente de sua condiccedilatildeo social (ter uma famiacutelia agrave escola sauacutede

proteccedilatildeo do Estado) sejam reconhecidos socialmente mesmo que ainda precisem

ser disputados mas jaacute satildeo reconhecidos

Contudo o mesmo natildeo acontece com os jovens pobres pois para eles eacute impelida

uma imagem que impede o reconhecimento social de seus direitos para esses satildeo

reservadas as accedilotildees de inserccedilatildeo social compensatoacuterias e alto teor socioeducativo

esses satildeo chamados de adolescentes pobres que continuam a ocupar o natildeo-lugar

e soacute se tornam visiacuteveis pela ameaccedila ou pelo risco provocados na sociedade Aos

outros que podem usufruir de alguns direitos mesmo que minimamente o termo

jovem passa a ser fortemente aplicado (SPOSITO et al 2006) evidenciando que as

21

A cidadania como eacute tratada aparece como um conceito muito mais ligado a uma ideia de atividade socializadora com ecircnfase no civismo e no aprendizado de certos valores importantes para essa civilidade o que acaba esvaziando os conteuacutedos da cidadania ligados agrave ideia de direitos prevalecendo a pressuposiccedilatildeo de que jovens e adolescentes pobres - precisam ser atingidos por alguma accedilatildeo que lhes ensine algo (SPOSITO et al 2006)

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poliacuteticas de juventude estatildeo fortemente marcadas pelas concepccedilotildees de juventude

mas sobretudo pelas concepccedilotildees sobre os jovens pobres

Outro aspecto a ser destacado eacute o caraacuteter transitoacuterio das accedilotildees (em meacutedia 02 anos)

natildeo se configurando enquanto uma poliacutetica puacuteblica mantendo o cariz de programa

numa proposta de poliacutetica emergencial para a juventude que mina a construccedilatildeo de

uma poliacutetica puacuteblica nacional e ainda dificultando a avaliaccedilatildeo seacuteria de tais

programas22 (SPOSITO CORRACHANO 2005)

A fragmentaccedilatildeo tambeacutem eacute uma caracteriacutestica marcante no ProJovem Trabalhador

mantendo a visatildeo das poliacuteticas de juventude como um conjunto de caixinhas

isoladas em disputa impedindo o diaacutelogo entre elas cada modalidade estaacute sob

orientaccedilatildeo de um Ministeacuterio diferente e natildeo articulaccedilatildeo entre as modalidades O

caraacuteter fragmentaacuterio das poliacuteticas de juventude se explicita na focalizaccedilatildeo das

diretrizes ldquojovem temaacuteticordquo que expressa o puacuteblico alvo das accedilotildees desenvolvidas

nos diferentes ministeacuterios assim tem-se ldquoo jovem-alunordquo o ldquojovem-filhordquo o ldquojovem-

infratorrdquo a ldquojovem-matildeerdquo ldquoa jovem-que-natildeo-queremos-que-seja-matildeerdquo o rdquojovem-ruralrdquo

e outros (CARRANO 2012)

A transversalizaccedilatildeo dos programas seria uma estrateacutegia de superaccedilatildeo dessa

caracteriacutestica o que requisitaria ldquo[] repensar e fortalecer um pacto pela juventude

que parta da Secretaria Nacional da Juventude e consiga chegar ateacute onde o jovem

estaacute no municiacutepio no bairro e o conecte com o governo federalrdquo (SPOSITO 2012

p 225) pois eacute extremamente importante construir uma rede de atenccedilatildeo para os

jovens que conectem as poliacuteticas municipais estaduais e federais num diaacutelogo

permanente neste sentido as poliacuteticas para esse segmento natildeo devem

simplesmente reproduzir as poliacuteticas de acircmbito nacional elas devem ser efetivadas

e assumidas em todos os acircmbitos de accedilatildeo

Outra questatildeo que aparece no ProJovem Trabalhador comum agraves demais poliacuteticas

destinadas aos jovens eacute que as accedilotildees tecircm se destinado muito mais a oferecer o

que se instituiu como necessidades dos jovens e natildeo aquilo que o jovem apresentou

ou demandou como uma necessidade sua Os jovens precisam de espaccedilo natildeo soacute

22

No caso do ProJovem Trabalhador o programa tem previsatildeo para ser executado em 06 meses

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para receber os projetos jaacute preconcebidos mas sobretudo para dizer o que

precisam individual e coletivamente Para esse autor as accedilotildees destinadas aos

jovens emergem simultaneamente agrave criaccedilatildeo de personagens sociais (protagonistas

empreendedores e outros) de pouco diaacutelogo que atendam muito mais aos interesses

e modelos de poliacuteticas das agecircncias internacionais de desenvolvimento (CARRANO

2012)

Outra questatildeo a ser problematizada eacute que o programa definiu como meta miacutenima a

inserccedilatildeo de no miacutenimo 30 dos jovens no mundo do trabalho sendo admitidas as

seguintes formas de inserccedilatildeo a) emprego formal (comprovado atraveacutes de coacutepias da

carteira assinada dos jovens) b) estaacutegio ou jovem aprendiz (comprovado atraveacutes de

coacutepias dos contratos) c) ou formas alternativas geradoras de renda (Brasil 2008)

Questionamos ateacute que ponto essas possibilidades podem ser entendidas como

estrateacutegias de inserccedilatildeo no mundo do trabalho eou de superaccedilatildeo da precarizaccedilatildeo

das condiccedilotildees de trabalho dos jovens Quais satildeo os viacutenculos de trabalho Qual a

meacutedia de salaacuterio Quais as condiccedilotildees de trabalho Qual a permanecircncia dos jovens

nesses viacutenculos

Reconhecendo a importacircncia dessa estrateacutegia para a sobrevivecircncia dos jovens natildeo

podemos deixar de considerar que ela tambeacutem natildeo deixa de fazer parte de um

processo de naturalizaccedilatildeo das mudanccedilas no mundo do trabalho que culmina na

responsabilizaccedilatildeo dos proacuteprios trabalhadores Eles satildeo convencidos de que eles eacute

que natildeo tecircm grande coisa para vender ou natildeo sabem como vendecirc-la ndash ou seja natildeo

tem ldquocapital humanordquo ocultando desse modo todas as estruturas de distribuiccedilatildeo

desigual e apropriaccedilatildeo desigual dos recursos materiais sociais culturais e

simboacutelicos de nossa sociedade Esse fato faz com que o ldquo[] ldquocapital humanordquo de

um jovem oriundo do contexto popular da ldquoperiferiardquo tenha pouca chance de

equivaler ao de um jovem saiacutedo de um meio privilegiadordquo (BIHR 2007)

Nessa perspectiva o empreendedorismo tambeacutem aparece como estrateacutegia mas na

verdade se assemelha mais a danccedila das cadeiras quando a muacutesica para haacute mais

pessoas de peacute do que cadeiras disponiacuteveis para sentar (POCHAMANN 2005) Em

alguns casos empresas e o Estado ateacute destinam alguns recursos para esses fins

que satildeo ldquo[] importantes mas absolutamente incapazes de gerar mais postos de

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trabalho Uma contribuiccedilatildeo digamos para o ldquosalve-se quem puderrdquo (MATTOSO

1999 p20)

Fato que expressa bem a responsabilizaccedilatildeo do indiviacuteduo por sua situaccedilatildeo de

emprego e desemprego numa clara tentativa de transferir riscos e

responsabilidades ao trabalhador fazendo com que ele assuma a sua

empregabilidade por meio de formaccedilatildeo profissional qualificaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo

Deslocando assim a responsabilidade social do Estado para o plano individual onde

natildeo haacute poliacutetica de emprego apenas indiviacuteduos empregaacuteveis ou natildeo Os indiviacuteduos

afetados pela loacutegica da competiccedilatildeo por empregos inseguros comeccedilam a adaptar-se

a novas condutas psicoloacutegicas do perfil do ldquovencedorrdquo (COSTA 2005)

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A anaacutelise do ProJovem Trabalhador mostra que o programa eacute importante no

cotidiano desses jovens como um instrumento na efetivaccedilatildeo de direitos sociais e

mecanismo de sobrevivecircncia e evidencia que os avanccedilos das poliacuteticas de juventude

no paiacutes natildeo soacute em quantidade mas tambeacutem em qualidade se comparadas com as

experiecircncias anteriores

No entanto ainda haacute muito o que caminhar Podemos dizer que o programa

expressa o perfil das poliacuteticas sociais contemporacircneas Fragmentaccedilatildeo

descentralizaccedilatildeo focalizaccedilatildeo descontinuidade ausecircncia de pesquisas e avaliaccedilotildees

e privatizaccedilatildeo Caracteriacutesticas que precisam ser explicitadas e disputadas na cena

puacuteblica juntamente com as demais poliacuteticas sociais

Para que as poliacuteticas de juventude se transformem em poliacuteticas para a juventude eacute

preciso sair desse ciclo de vitimizaccedilatildeocriminalizaccedilatildeo voluntariadoencerramento ou

prevenccedilatildeorepressatildeo (BATISTA 2007) Para isso eacute necessaacuterio transformar esses

problemas sociais da juventude em problemas socioloacutegicos Esse eacute um exerciacutecio de

interrogaccedilatildeo que gera como produto a incerteza de afirmaccedilotildees antes dadas como

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inquestionaacuteveis Sem o questionamento a juventude se torna um quase bdquomito‟ e

para esse mito eacute necessaacuterio ldquopenetrar no cotidiano do jovemrdquo e questionar ldquo[]

sentiratildeo os jovens estes problemas como seus problemasrdquo (PAIS 2003 p34)

Mas sobretudo eacute preciso dotar de precisotildees conceituais acerca do tema juventude

de modo a iluminarmos os processos de construccedilatildeo de marcos poliacuteticos em

coerecircncia com os marcos conceituais os discursos e programaacuteticas deixando de

conceber aos jovens sobre ldquo[] a noccedilatildeo de um jovem problema e carente visatildeo

que tende agrave geraccedilatildeo de um determinado tipo de poliacutetica de juventude de natureza

compensatoacuteriardquo (LEacuteON 2005 p88)

Fica evidente ainda que a juventude cumpre um papel na atual sociedade

capitalista a de compor a grande massa do exeacutercito industrial de reserva quando a

poliacutetica social para a juventude em especial os programas de transferecircncia de renda

como o ProJovem Trabalhador acabam assumindo o papel de garantir mecanismos

de sobrevivecircncia dos sujeitos juvenis uma vez que natildeo eacute possiacutevel assegurar a

sobrevivecircncia desse segmento da classe trabalhadora atraveacutes da inserccedilatildeo no

trabalho

Abstract Analyze the ProJovem Worker program as one of coping policies changes in the workplace that particularly affected the youth For this we will make a brief background of the relations and working conditions for this population segment and social policies aimed at this audience including the program in question identifying their progress and limits through a bibliographic and documentary research Keywords Labor Social Policy and Youth

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Processo de Avaliaccedilatildeo por Pares (Blind Review - Anaacutelise do Texto Anocircnimo)

Publicado na Revista Vozes dos Vales - wwwufvjmedubrvozes em 10102016

Revista Cientiacutefica Vozes dos Vales - UFVJM - Minas Gerais - Brasil

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UFVJM 1202095-2011 - QUALISCAPES - LATINDEX 22524 - ISSN 2238-6424

Perioacutedico Cientiacutefico Eletrocircnico divulgado nos programas brasileiros Stricto Sensu

(Mestrados e Doutorados) e em universidades de 38 paiacuteses

em diversas aacutereas do conhecimento

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INTRODUCcedilAtildeO

ldquo[] Eacute uma contradiccedilatildeo do proacuteprio movimento do capital que o incremento natural de massas de trabalhadores natildeo sature suas necessidades de acumulaccedilatildeo e apesar disso ultrapasse-as O capital precisa de maiores quantidades de trabalhadores jovens []rdquo (MARX 2003 p 745)

O nosso objetivo nesse artigo eacute apresentar a anaacutelise do programa ProJovem

Trabalhador uma das estrateacutegias construiacutedas para enfrentar os impactos do

desemprego (compreendido aqui como uma das expressotildees da ldquoquestatildeo socialrdquo1)

para o puacuteblico juvenil Apresentaremos o desenvolvimento do programa suas

caracteriacutesticas e o perfil dos jovens atendidos atraveacutes de pesquisa bibliograacutefica e

documental

O conceito de juventude em princiacutepio aparece fortemente associado aos aspectos

bioloacutegicos e cronoloacutegicos contudo a definiccedilatildeo etaacuteria que agrave primeira vista se mostra

como um fator homogecircneo e puramente bioloacutegico sofre influecircncia e implicaccedilotildees do

contexto histoacuterico e social Portanto ao tratarmos em juventude natildeo falamos apenas

em idade mas sobretudo em representaccedilotildees sociais sobre a juventude

No Brasil haacute basicamente duas classificaccedilotildees etaacuterias a utilizada pelo Conselho

Nacional de Juventude (CONJUVE) que adota o ciclo entre 15 a 29 anos e a do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) que utiliza o ciclo de 15 a 24

anos As duas classificaccedilotildees estatildeo presentes nas formulaccedilotildees de poliacuteticas para

juventude havendo uma tendecircncia recente pela utilizaccedilatildeo do ciclo de 15 a 29 anos

por orientaccedilatildeo do proacuteprio CONJUVE

Tal fato ressalta a importacircncia de uma classificaccedilatildeo etaacuteria pois a juventude passa

pelo enquadramento soacutecio-histoacuterico-cultural mas tambeacutem passa por uma

classificaccedilatildeo etaacuteria sendo essa uacuteltima um paracircmetro elementar Isso porque o corte

etaacuterio eacute que permite uma diferenciaccedilatildeo entre adolescecircncia e juventude de modo a

1 Partimos do entendimento de que a ldquoquestatildeo socialrdquo eacute ldquo[] a expressatildeo do processo de formaccedilatildeo do

desenvolvimento da classe operaacuteria e de seu ingresso no cenaacuterio poliacutetico da sociedade o que exigiu o seu reconhecimento enquanto classe por parte do Estado e dos capitalistas (IAMAMOTO CARVALHO 2005)

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considerar nas formulaccedilotildees das poliacuteticas puacuteblicas dois segmentos que satildeo as

especificidades do ser jovem e do ser adolescente E ainda por que a associaccedilatildeo

recorrente entre juventude e adolescecircncia muitas vezes tornando-os sinocircnimos

(LEOacuteN 2005) acaba por excluir das formulaccedilotildees puacuteblicas a populaccedilatildeo jovem de 18

a 29 anos2

O periacuteodo posterior agrave Segunda Grande Guerra introduziu uma extensatildeo agrave juventude

em vaacuterios sentidos na duraccedilatildeo do ciclo de vida na abrangecircncia do fenocircmeno para

vaacuterios setores sociais ultrapassando os limites apenas dos rapazes da burguesia

(como no iniacutecio)3 nos elementos constitutivos da experiecircncia juvenil e no conteuacutedo

das noccedilotildees socialmente construiacutedas Tal ampliaccedilatildeo divide esse ciclo em dois

momentos a adolescecircncia mais relacionada agraves mudanccedilas bioloacutegicas com

consequecircncias psicossociais e a juventude propriamente dita mais voltada para o

processo de inserccedilatildeo social (ABRAMO 2005b)

Neste sentido reconhecemos a importacircncia de uma classificaccedilatildeo etaacuteria ateacute mesmo

porque como bem lembrou Groppo (2000) mesmo a negando dificilmente se chega

agrave uma definiccedilatildeo de juventude sem passar por uma classificaccedilatildeo de idade Contudo

natildeo podemos esquecer que o dado bioloacutegico eacute socialmente manipulaacutevel e

manipulado logo potencialmente problemaacutetico E ao enfatizarmos esse aspecto

corremos o risco de pensar a juventude como uma unidade social dotada de

interesses comuns (BOURDIEU 1983) Neste sentido precisamos pensar a questatildeo

etaacuteria como parte da conceituaccedilatildeo e natildeo o conceito em si porque ldquo[] os indiviacuteduos

natildeo pertencem a grupos etaacuterios eles os atravessam []rdquo (LEVI et al 1996 p 9)

Desse modo podemos afirmar que juventude eacute uma categoria social e como tal ela

se torna uma representaccedilatildeo social e uma situaccedilatildeo social ou seja ela eacute entendida

como ldquo[] uma concepccedilatildeo representaccedilatildeo ou criaccedilatildeo simboacutelica fabricada pelos

2 Sposito et al (2006 p 14) afirma que eacute possiacutevel reunir adolescentes e jovens em um mesmo

programa o que seria provavelmente uma accedilatildeo mais adequada do que trazer os adolescentes para o universo da infacircncia o que acabaria por descaracterizar natildeo soacute a infacircncia tal qual foi concebida pela modernidade como a proacutepria adolescecircncia e juventude como momentos diversos construiacutedos historicamente na sociedade moderna a partir do seacuteculo XIX No entanto outras implicaccedilotildees existem porque os marcos legais da maioridade satildeo arbitraacuterios produto de consensos provisoacuterios e natildeo deveriam implicar restriccedilatildeo da accedilatildeo do Estado pois deixam agrave sombra categorias significativas de jovens sobre as quais o Poder Puacuteblico no Brasil natildeo assume qualquer responsabilidade 3 Abramo (2005) cita a inclusatildeo escolar como um dos fatores principais para a ampliaccedilatildeo da

juventude para aleacutem dos rapazes burgueses

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grupos sociais ou pelos proacuteprios indiviacuteduos tidos como jovens para significar uma

seacuterie de comportamentos e atitudes a ela atribuiacutedosrdquo (GROPPO 2000 p 08)

Para a perspectiva classicista uma das diversas perspectivas teoacutericas que tratam da

categoria juventude a reproduccedilatildeo social eacute vista na dimensatildeo da reproduccedilatildeo social

de classes por esta razatildeo o conceito de juventude busca sempre ultrapassar a

visatildeo de fase da vida e encontra-se sempre fundamentada na reproduccedilatildeo das

classes sociais E neste sentido as culturas juvenis seratildeo sempre culturas de

classe entendidas como produto das relaccedilotildees antagocircnicas de classe e muitas

vezes segundo o autor as culturas juvenis satildeo apresentadas como culturas de

resistecircncia pois satildeo negociadas em um quadro de relaccedilotildees de classe Assim as

culturas juvenis tecircm sempre um significado poliacutetico (PAIS 1990 2003)

Eacute preciso considerar que essa perspectiva amplia o debate sobre a categoria social

juventude ultrapassando o campo individual e incluindo na anaacutelise a reproduccedilatildeo das

relaccedilotildees sociais de uma sociedade capitalista Isso porque nessa perspectiva haacute um

processo dialeacutetico entre a cultura dominante e a dominada quando a cultura eacute

reproduzida de forma homogecircnea atraveacutes das diversas instituiccedilotildees sociais (PAIS

2003)

Assim podemos afirmar que juventude eacute ldquo[] uma categoria socialmente construiacuteda

formulada no contexto de particulares circunstacircncias econocircmicas sociais ou

poliacuteticas uma categoria sujeita a modificar-se ao longo do tempordquo (PAIS 2003

p37) Aleacutem dos elementos jaacute apresentados eacute preciso incluir no debate as diversas

realidades da juventude uma vez que mesmo dentro de um tempo soacutecio histoacuterico e

no interior das classes sociais haacute questotildees relevantes tais como etnia gecircnero

ocupaccedilatildeo espacial das cidades sexualidade e outras Logo definir uma perspectiva

para a anaacutelise da categoria social juventude tambeacutem exige pensar as diversidades

da condiccedilatildeo e situaccedilatildeo juvenil

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TRABALHO E POLIacuteTICAS JUVENTUDE

O trabalho eacute a base da sociabilidade humana pois eacute atraveacutes dele que se daacute a

mediaccedilatildeo entre homem e natureza e que se constroem as formas de sobrevivecircncia

independente das formas de sociedade (MARX 2003) Ao longo da histoacuteria o

trabalho vai se metamorfoseando e agrave medida que o homem vai transformando a

natureza transforma a si mesmo e humaniza a natureza acumulando exigecircncias e

necessidades que complexificam e diversificam as relaccedilotildees sociais o que evidencia

que o trabalho eacute o espaccedilo privilegiado para a constituiccedilatildeo do ser social4 por sua

capacidade teleoloacutegica e ontoloacutegica mas tambeacutem por sua capacidade de realizaccedilatildeo

da praacutexis5

Aleacutem dessas dimensotildees o trabalho eacute tambeacutem a principal estrateacutegia para satisfazer

as necessidades vitais sejam elas bioloacutegicas sociais ou culturais logo o natildeo acesso

ao trabalho mesmo sob a forma de trabalho alienado6 eacute uma violecircncia contra a

possibilidade de produzir e reproduzir minimamente a vida (FRIGOTTO 2001)

Neste sentido defender a geraccedilatildeo de trabalho para a juventude eacute defender o direito

agrave sobrevivecircncia dos jovens que vivem do trabalho

Para a juventude a relaccedilatildeo com o trabalho tem um valor ainda maior pois o

ingresso no mercado de trabalho7 tradicionalmente constitui-se em um marco de

passagem da juventude para o ingresso no mundo adulto (CORRACHANO 2012)

4 ldquo[] O indiviacuteduo social eacute um produto histoacuterico [] fruto de condiccedilotildees e relaccedilotildees sociais particulares

e ao mesmo tempo criador da sociedade e natildeo um dado da naturezardquo (IAMAMOTO 2007 p 347) 5 ldquo[] A praacutexis compreende ndash aleacutem do momento laborativo ndash tambeacutem o momento existencial ela se

manifesta tanto na atividade objetiva do homem que transforma a natureza e marca com sentido humano os materiais naturais como na formaccedilatildeo da subjetividade humanardquo [] (KOSIK 2002 p 224) 6 A concepccedilatildeo marxiana de trabalho que o entende como uma unidade contraditoacuteria ndash trabalho

concreto e trabalho abstrato (alienado) Trabalho concreto uacutetil ou trabalho vivo eacute o trabalho que cria valor de uso sendo que este eacute necessaacuterio agrave existecircncia de qualquer sociedade logo em toda sociedade haveraacute trabalho concreto Jaacute o Trabalho abstrato eacute uma especificidade da sociedade capitalista e eacute criador de valor de troca (MARX 2003) Para Netto Braz (2006 p 105) ldquo[] quando o trabalho eacute reduzido agrave condiccedilatildeo de trabalho em geral tem-se o trabalho abstratordquo 7 A reificaccedilatildeo das relaccedilotildees sociais capitalistas que fazem com que as relaccedilotildees entre as mercadorias

assumam caracteriacutesticas de relaccedilotildees sociais pode ser expresso no caso em estudo no uso do termo ldquomercado de trabalhordquo que aparece personificado escondendo ldquo[] que o mercado de trabalho resulta de relaccedilotildees sociais relaccedilotildees de forccedila e de poder vinculadas a interesses de grupos e fraccedilotildees das classes sociais []rdquo (FRIGOTTO 2004 p 182)

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Esse marco de passagem eacute muito tensionado pois como lembra a autora

supracitada historicamente as taxas de desemprego satildeo mais elevadas entre os

jovens que entre os adultos em diferentes paiacuteses e momentos histoacutericos mesmo

em conjunturas de crescimento ou de retraccedilatildeo sendo que em periacuteodos de recessatildeo

as taxas de desemprego juvenis se elevam mais rapidamente que a dos adultos e

nos momentos de expansatildeo diminuem mais lentamente

As transformaccedilotildees no mundo do trabalho8 ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas tornaram

ainda mais complexa a relaccedilatildeo juventude e trabalho uma vez que os jovens satildeo os

mais afetados tambeacutem no processo de precarizaccedilatildeo9 das condiccedilotildees do trabalho

Para eles os postos satildeo aqueles com as menores exigecircncias de qualificaccedilatildeo e de

pior qualidade

Outro aspecto importante eacute a extensatildeo da jornada de trabalho dos jovens de acordo

com dados de 2006 da PNAD ndash Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelio 48

dos jovens de 14 a 29 anos que apenas trabalhavam tinham uma jornada de

trabalho entre 31 a 44 horassemana Jaacute os 453 dos jovens de 14 a 29 anos que

trabalhavam e estudavam tinham uma jornada semanal de 31 a 44 horassemana

Segundo dados de 2006 da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) havia 182

milhotildees de jovens brasileiros ocupados deste aproximadamente 11 milhotildees isto eacute

605 encontravam-se na informalidade enquanto que entre os adultos esse

percentual era de 507

8 A maior mudanccedila eacute a introduccedilatildeo crescente de novas tecnologias o que provoca a reduccedilatildeo na

demanda por trabalho vivo As consequecircncias natildeo se limitam a isso e apontam outras trecircs principais consequecircncias 1) expansatildeo das fronteiras do trabalhador coletivo quando as atividades realizadas pelos trabalhadores se tornam cada vez mais complexas e amplas 2) dada a ampliaccedilatildeo anterior o trabalhador eacute requisitado a desenvolver atividades muacuteltiplas o que exige um trabalhador mais qualificado e polivalente 3) se refere agrave gestatildeo da forccedila de trabalho quando se recorre agrave ldquoparticipaccedilatildeordquo ldquoenvolvimentordquo dos trabalhadores reduzindo hierarquias atraveacutes das equipes de trabalho na clara intenccedilatildeo de desconstruir a consciecircncia de classe e os trabalhadores e operaacuterios passam a ser ldquocolaboradoresrdquo ldquocooperadoresrdquo (NETTO BRAZ 2006) Outras informaccedilotildees consultar Harvey (2003) Antunes (2002) e Antunes (2005) 9 A precarizaccedilatildeo eacute uma das expressotildees das mudanccedilas no mundo do trabalho que natildeo significa

apenas o desemprego mas toda a forma de ampliaccedilatildeo da exploraccedilatildeo e geraccedilatildeo de instabilidade que podem ser expressos em contrataccedilotildees temporaacuterias subcontrataccedilotildees contratos de trabalho mais flexiacuteveis reduccedilatildeo de direitos e salaacuterios ampliaccedilatildeo eou intensificaccedilatildeo da jornada de trabalho Para Harvey (2003 p 144) a ldquo[] atual tendecircncia dos mercados de trabalho eacute reduzir o nuacutemero de trabalhadores bdquocentrais‟ e empregar cada vez mais uma forccedila de trabalho que entra facilmente e eacute demitida sem custos quando as coisas ficam ruinsrdquo

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POLIacuteTICAS PARA JUVENTUDE

Ateacute a deacutecada de 1950 as accedilotildees destinadas agrave juventude no Brasil eram pontuais e

natildeo atendiam especificamente agrave juventude Embasavam-se na perspectiva de tutela

e coerccedilatildeo atendendo preferencialmente agrave crianccedila e ao adolescente pobre com

vista a escondecirc-los da sociedade e promover uma ldquolimpezardquo social (ABRAMO

1987) Um bom exemplo disso eacute a constituiccedilatildeo do Primeiro Coacutedigo de Menores em

1927 que associava diretamente pobreza agrave delinquecircncia estabelecendo medidas

privativas de liberdade para as crianccedilas adolescentes e jovens pobres que eram

reconhecidos como abandonados por sua condiccedilatildeo social

Entre as deacutecadas de 1950 e 1970 quando a Ameacuterica Latina vivencia o periacuteodo do

Desenvolvimentismo as accedilotildees destinadas a esse segmento giravam em torno da

ampliaccedilatildeo da educaccedilatildeo e do controle do tempo livre (SPOSITO CARRANO 2003)

Haacute tambeacutem nesse periacuteodo algumas accedilotildees voltadas para a sauacutede numa perspectiva

de prevenccedilatildeo ao uso de drogas e agrave gravidez na adolescecircncia (UNESCO 2004)

As accedilotildees voltadas para educaccedilatildeo se encaixam dentro da necessidade de se formar

matildeo de obra qualificada que atendesse agraves necessidades da fase do

Desenvolvimentismo no Brasil momento de grande expansatildeo da industrializaccedilatildeo no

Brasil Nesse periacuteodo a educaccedilatildeo ganha um grande destaque se constituindo como

direito ateacute o Ensino Secundaacuterio e haacute uma massiva campanha de alfabetizaccedilatildeo de

adultos A educaccedilatildeo profissional com vista agrave formaccedilatildeo para o mercado de trabalho

tambeacutem ganha maior destaque (NETTO 2005)

Para Abad (2003) esse cenaacuterio eacute favoraacutevel agrave juventude pois foram construiacutedas

estrateacutegias de ascensatildeo e melhorias das condiccedilotildees de vida que atendiam agrave

juventude Para ele essa ampliaccedilatildeo e estiacutemulo agrave educaccedilatildeo fortalece o conceito de

moratoacuteria social propiciando a esse jovem um tempo maior para o estudo e o

preparo para o mercado de trabalho

As mudanccedilas no contexto da Ameacuterica Latina entre as deacutecadas de 1970 e 1980

trazem novas formas de accedilotildees para a juventude Nesse periacuteodo de consolidaccedilatildeo do

capitalismo monopolista e de emergecircncia dos governos totalitaacuterios em toda a

Ameacuterica Latina (NETTO 2005) emergem movimentos sociais revolucionaacuterios onde

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os jovens se inserem ocupando um papel central

As accedilotildees voltadas para a juventude nesse periacuteodo visavam o controle social da

juventude buscando conter o perfil questionador do jovem restringindo a liberdade

civil e introduzindo formas de construccedilatildeo de hegemonia nos espaccedilos educacionais

A forte participaccedilatildeo da juventude nesses espaccedilos de contestaccedilatildeo e enfrentamento

marca profundamente a forma como a juventude eacute vista pela sociedade Os jovens

tiveram um papel fundamental no processo de redemocratizaccedilatildeo a partir da deacutecada

de 1980 e muito deles foram vitimados durante todo o processo de emersatildeo e

decliacutenio da autocracia burguesa no Brasil

Na deacutecada de 1980 jaacute em um cenaacuterio de abertura democraacutetica mas em meio agrave uma

grande recessatildeo aliado agrave diminuiccedilatildeo dos gastos puacuteblicos haacute um quadro de

expansatildeo da pobreza Segundo a UNESCO (2004) nesse contexto outras formas de

organizaccedilotildees juvenis se constroem com a participaccedilatildeo de jovens em situaccedilatildeo de

marginalidade social e econocircmica em sua maioria sem acesso agrave educaccedilatildeo e aos

serviccedilos coletivos Tais movimentos satildeo chamados de ldquodistuacuterbios nacionaisrdquo que

incluiacuteam entre as accedilotildees saques a supermercados e ocupaccedilotildees de preacutedios puacuteblicos

Como uma estrateacutegia paliativa para dar conta desses problemas sociais emergem

em toda Ameacuterica Latina diversos programas de combate agrave pobreza que eram

sustentados atraveacutes da transferecircncia direta de recursos para a populaccedilatildeo atendida

vinculados agrave permanecircncia da crianccedila ou adolescente na escola apesar dessas

iniciativas natildeo terem sido definidas como poliacuteticas para juventude mesmo

atendendo a milhares de jovens com vistas a prevenir ldquocondutas delituosasrdquo

(UNESCO 2004)

No Brasil as estrateacutegias tambeacutem satildeo parecidas Pereira (2007) lembra o lema da

gestatildeo de Sarney ldquoTudo pelo Socialrdquo que iam desde accedilotildees emergenciais

(especialmente as de combate agrave fome e desemprego) ateacute accedilotildees de caraacuteter mais

estruturais de fortalecimento do crescimento econocircmico Aleacutem dos programas de

enfrentamento agrave pobreza recebe destaque tambeacutem as accedilotildees no campo da sauacutede

A deacutecada de 1980 eacute de intensa mobilizaccedilatildeo social A proteccedilatildeo social ganha espaccedilo

nos debates enquanto um marco conceitual e legal que pode ser percebido nos

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avanccedilos com relaccedilatildeo agrave temaacutetica da crianccedila e do adolescente que culmina com a

promulgaccedilatildeo da poliacutetica de proteccedilatildeo integral da crianccedila e do adolescente

consolidada a partir da institucionalizaccedilatildeo do Estatuto da Crianccedila do Adolescente

(ECRIAD) A proteccedilatildeo ao idoso comeccedila jaacute nessa deacutecada a ser discutida entrando

na Lei Orgacircnica da Assistecircncia Social (LOAS) um artigo que estipula um miacutenimo

social para o idoso O mesmo natildeo se daacute com a categoria juventude ela natildeo entra

nas discussotildees da proteccedilatildeo social

Na deacutecada de 1990 haacute uma explosatildeo das accedilotildees voltadas para a juventude Antes do

Governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC) ateacute 1995 existiam apenas 03

projetos voltados para a juventude10 (SPOSITO CARRANO 2003) Jaacute no periacuteodo do

Governo de FHC de 1995 a 2002 identificamos mais de 3011 programas

governamentais divididos em diversos ministeacuterios que incluiacuteam natildeo soacute os jovens

mas tambeacutem adolescentes e 03 accedilotildees natildeo governamentais de abrangecircncia

nacional O ponto alto dessa explosatildeo se daacute no intervalo de 1999 a 2002 quando

foram ativados 18 programas12 Para Sposito Carrano (2003) esse momento eacute uma

verdadeira explosatildeo na temaacutetica de juventude e adolescecircncia poreacutem sem muita

consistecircncia conceitual

Apesar dessa efervescecircncia nas poliacuteticas de juventude para Sposito Carrano (2003)

10

Programa Sauacutede do Adolescente e do Jovem (Ministeacuterio da Sauacutede) Programa Especial de Treinamento (PET - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) e Precircmio Jovem Cientista (Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia) 11

Dos 30 programas estritamente governamentais cinco se localizavam no Ministeacuterio da Educaccedilatildeo seis no Ministeacuterio de Esporte e Turismo seis no Ministeacuterio da Justiccedila um no Ministeacuterio de Desenvolvimento Agraacuterio um no Ministeacuterio da Sauacutede dois no Ministeacuterio de Trabalho e Emprego trecircs no Ministeacuterio de Previdecircncia e Assistecircncia Social dois no Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia dois no Gabinete de Seguranccedila Institucional da Presidecircncia da Repuacuteblica um no Gabinete do Presidente da Repuacuteblica (Projeto Alvorada) e por uacuteltimo um de caraacuteter interministerial especificamente voltado para a integraccedilatildeo das accedilotildees de 11 projetos programas focados em jovens localizado no Ministeacuterio de Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo (Programa Brasil em Accedilatildeo) (SPOSITO CARRANO 2003) 12

Satildeo elas Programa de estudante em convecircnio de Graduaccedilatildeo (MEC e Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores) Projeto Escola Jovem (MEC) Jogos da Juventude (Ministeacuterio do Esporte e Turismo) Olimpiacuteadas Colegiais (Ministeacuterio do Esporte e Turismo) Projeto Navegar (Ministeacuterio do Esporte e Turismo) Serviccedilo Civil Voluntaacuterio (Ministeacuterio do Esporte e Turismo) Programa de Reinserccedilatildeo Social do Adolescente em Conflito com a Lei (Ministeacuterio da Justiccedila) Promoccedilatildeo de Direitos de mulheres jovens vulneraacuteveis ao abuso sexual e agrave exploraccedilatildeo sexual comercial no Brasil (Ministeacuterio da Justiccedila) Programa de Sauacutede do Adolescente e do Jovem (Ministeacuterio da Sauacutede) Jovem Empreendedor (Ministeacuterio do Trabalho e Emprego) Programa Brasil Jovem (Ministeacuterio da Assistecircncia e Providencia Social) Centros da Juventude (Ministeacuterio do Esporte e Turismo) Agente Jovem de Desenvolvimento Social e Humano (Ministeacuterio da Assistecircncia e Providencia Social) Precircmio Jovem Cientista (Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia) Precircmio Jovem Cientista do Futuro (Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia) Comunidade Solidaacuteria (Presidecircncia da Repuacuteblica) e Programa Capacitaccedilatildeo Solidaacuteria

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no periacuteodo de 1995 a 2002 natildeo se pode falar de poliacuteticas estrateacutegicas orientadas

para os jovens mas de algumas propostas que segundo os autores partem da ldquo[]

ideia de prevenccedilatildeo de controle ou efeito compensatoacuterio de problemas que atingem

a juventude transformada em algumas situaccedilotildees ela mesma num problema para a

sociedaderdquo (2003 p 08) Esse fato talvez explique a ausecircncia da juventude nas

accedilotildees de proteccedilatildeo social Importante destacar que a sauacutede a seguranccedila puacuteblica e o

trabalho expressam a materialidade imediata para se pensar as poliacuteticas de

juventude nesse periacuteodo

A deacutecada de 1990 haacute um crescimento exponencial da violecircncia urbana no Brasil e

parte significativa dessa violecircncia aparece atrelada ao jovem Na deacutecada de 1970 a

participaccedilatildeo dos jovens no total das mortes por homiciacutedios foi de 288 jaacute na

deacutecada de 1980 os iacutendices sobem para 319 e na deacutecada de 1990 os iacutendices

chegaram a 347 (POCHMANN 2005 p 236)

Esse cenaacuterio fomenta a necessidade de poliacuteticas sociais para a juventude mas em

grande parte esses programas ldquo[] buscam de certa forma minimizar o potencial

ameaccedilador que os jovens trazem para a vida social alguns deles considerados a

bdquonova classe perigosa‟ que precisa estar sob um campo de forte controlerdquo

(SPOSITO 2003 p 67) O perigo passa a ser visto natildeo mais nos estudantes das

classes meacutedias (como nos anos 60) mas nos jovens pobres marginalizados e

moradores da periferia das grandes cidades

Nos anos 2000 ndash Governo Lula haacute um salto de qualidade13 nas accedilotildees voltadas a

esse puacuteblico dentre elas a criaccedilatildeo do Conselho Nacional de Juventude

(CONJUVE) em 2004 a criaccedilatildeo do Grupo Interministerial a criaccedilatildeo da Secretaria

Nacional de Juventude em 2005 e a realizaccedilatildeo da Conferecircncia Nacional de

Juventude

Outro avanccedilo importante se deu em 2010 quando foi editada a Emenda

Constitucional nordm 65 que altera o contexto incluindo o jovem onde se constava

apenas da famiacutelia da crianccedila do adolescente e do idoso no Capiacutetulo VII do Tiacutetulo

13

O Grupo Interministerial identificou 131 accedilotildees vinculadas a 45 programas e destes 19 satildeo especiacuteficos para os jovens

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VII (Da Ordem Social) Essa modificaccedilatildeo da Emenda nordm652010 coloca a obrigaccedilatildeo

do Estado na satisfaccedilatildeo dos direitos baacutesicos da juventude fato que representa uma

conquista para os jovens brasileiros uma vez que esse eacute o maior instrumento

juriacutedico do paiacutes que passa a assegurar os direitos ldquo[] agrave vida agrave sauacutede ao lazer agrave

profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria []rdquo (BRASIL EC Nordm 652010) e assegura a criaccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas para esse segmento

Analisando as poliacuteticas de juventude no Brasil em 2010 identificamos que existiam

18 programas14 voltados para o puacuteblico jovem e que se desenvolvia vaacuterias accedilotildees

em diversos Ministeacuterios e secretarias Um desses programas eacute o ProJovem que

analisaremos em seguida

PROJOVEM TRABALHADOR

O ProJovem surge em 2005 como resultado de demanda por parte da sociedade

mas sobretudo como resultado do diagnoacutestico realizado do Grupo Interministerial

que recomendava maior integraccedilatildeo e complementaridade entre os programas

14

1) Programa Nacional de Inclusatildeo de Jovens (Projovem) Projovem Urbano Projovem Campo Projovem Trabalhador e Projovem Adolescente ndash Secretaria Nacional de Juventude da Secretaacuteria-Geral da Presidecircncia da Repuacuteblica Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome (MDS) 2) Programa Cultura Viva ndash Ministeacuterio da Cultura 3) Bolsa Atleta ndash Ministeacuterio do Esporte 4) Programa Segundo Tempo ndash Ministeacuterio do Esporte 5) Praccedilas da Juventude ndash Ministeacuterios do Esporte e da Justiccedila 6) Projeto Rondon ndash Ministeacuterio da Defesa em parceria com diversos ministeacuterios 7) Projeto Soldado Cidadatildeo ndash Comandos da Marinha Exeacutercito e Aeronaacuteutica 8) Programa Nacional de Seguranccedila Puacuteblica com Cidadania ndash Pronasci Protejo Jovem Detento Geraccedilatildeo Consciente Pelc Projeto Praccedila da Juventude Pintando a Liberdade e Pintando a Cidadania Pontos de Leitura Pontos de Cultura Projeto Museus Projeto Farol Projovem Prisional ndash Ministeacuterio da Justiccedila tendo alguns parceiros Ministeacuterio Cultura Esporte Igualdade Racial e Secretaria Nacional de Juventude 9) Pronaf Jovem ndash Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio 10) Juventude e Meio Ambiente ndash Ministeacuterios da Educaccedilatildeo e do Meio Ambiente com a parceria da Secretaria Nacional de Juventude 11) Escola Aberta ndash Cooperaccedilatildeo teacutecnica entre o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e a UNESCO 12) ProUni ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 13) Reforccedilo agraves Escolas Teacutecnicas e Ampliaccedilatildeo das vagas em Universidades Federais ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 14) Brasil Alfabetizado ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 15) Proeja ndash Ministeacuterios da Educaccedilatildeo e do Trabalho e Emprego 16) Programa Nacional do Livro Didaacutetico para o Ensino Meacutedio (PNLEM) ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 17) Programa Nacional do Livro Didaacutetico para a Alfabetizaccedilatildeo de Jovens e Adultos ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 18) Ampliaccedilatildeo do Bolsa Famiacutelia ndash Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome (BRASIL 2011)

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voltados para a juventude e tinha como objetivo aumentar o niacutevel de escolaridade de

modo a inserir esses jovens no mercado de trabalho (BRASIL 2008)

A primeira versatildeo desse programa foi criada em parceria com a Secretaria Nacional

da Juventude e do Conselho Nacional de Juventude e foi regulamentado atraveacutes do

decreto 5557 de 05102005 e tinha como puacuteblico alvo os jovens de 18 a 24 anos

que ainda natildeo tivessem completado o ensino fundamental mas que tivessem feito

no miacutenimo a 4ordf seacuterie e natildeo poderiam ter viacutenculo formal no mercado de trabalho e

que fossem moradores de capitais e regiotildees metropolitanas com mais de duzentos

mil habitantes Os jovens participantes do programa receberiam uma bolsa no valor

de R$ 10000 (cem reais) e teriam formaccedilatildeo profissional integral associando a

elevaccedilatildeo da escolaridade atraveacutes da formaccedilatildeo baacutesica de 800 horas acrescida da

formaccedilatildeo profissional com carga horaacuteria de 350 horas e 50 horas de atividades de

accedilotildees comunitaacuterias (BRASIL 2008)

O objetivo principal era a elevaccedilatildeo da escolaridade tendo em vista a conclusatildeo do

ensino fundamental a qualificaccedilatildeo profissional e o desenvolvimento de accedilotildees

comunitaacuterias de interesse puacuteblico A gestatildeo era do Grupo Interministerial e da

Secretaria Nacional de Juventude e o financiamento era do Governo Federal que

repassava aos municiacutepios para que esses executassem o programa

Em 2007 foi lanccedilado o Programa ProJovem Integrado que agrupou seis programas

o proacuteprio ProJovem o Agente Jovem Saberes da Terra Escola de Faacutebrica

Juventude cidadatilde e o Consoacutercio da Juventude Tal mudanccedila ocorreu em funccedilatildeo de

estudos feitos pelo sistema de informaccedilatildeo do programa que indicavam que os

jovens excluiacutedos estatildeo mais dispersos geograficamente do que se esperava ldquo[]

apontando a necessidade de ampliar o alcance do programa para cidades menores

uma vez que parte substantiva dos jovens brasileiros deixava de ser contemplada

quando se restringia o atendimento a municiacutepios com mais de 200 mil habitantesrdquo

(BRASIL 2008 p18)

Pesquisas da PNAD2003 (das regiotildees metropolitanas) e do Censo 2000 (nacional)

que tomaram como pesquisa os jovens de 18 a 24 anos com quatro a sete anos de

escolaridade e residentes nas cidades com mais de 200 mil habitantes mostravam

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queda do nuacutemero de jovens excluiacutedos No entanto quando analisado os jovens de

24 a 29 anos esses mesmos iacutendices satildeo crescentes [] evidenciando-se a

necessidade de ampliar a faixa etaacuteria atendida pelo ProJovem de modo a

contemplar tambeacutem os jovens de faixa etaacuteria mais elevada (Brasil 2008 p 18) As

atividades do ProJovem Integrado se iniciam em 2008 atraveacutes de quatro

modalidades

ProJovem Urbano ldquoDestina-se a jovens de 18 a 29 anos que sabem ler e

escrever mas que natildeo concluiacuteram o ensino fundamental Oferece elevaccedilatildeo de

escolaridade com a conclusatildeo do ensino fundamental qualificaccedilatildeo profissional

participaccedilatildeo em accedilotildees de cidadania e uma bolsa mensal de R$ 10000 Com

duraccedilatildeo de 18 meses eacute executado pela Secretaria Nacional de Juventude da

Secretaria-Geral da Presidecircncia da Repuacuteblica15 A modalidade eacute executada

mediante convecircnios firmados entre a Secretaria Nacional de Juventude estados e

municiacutepios Nas cidades com mais de 200 mil habitantes a parceria eacute feita

diretamente com a Prefeitura Municipal Jaacute nas cidades menores essa parceria eacute

firmada com o governo do estado que viabiliza a chegada do Programa nas cidades

menoresrdquo (BRASIL 2010)

ProJovem Campo Executado pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo a modalidade oferece

elevaccedilatildeo de escolaridade com a conclusatildeo do ensino fundamental e capacitaccedilatildeo

profissional de jovens de 18 a 29 anos que atuam na agricultura familiar O curso

tem duraccedilatildeo de 24 meses e eacute ministrado conforme a alternacircncia dos ciclos

agriacutecolas respeitando o periacuteodo em que os alunos trabalham no campo O

programa eacute desenvolvido em parceria com as secretarias estaduais de educaccedilatildeo e

uma rede de instituiccedilotildees puacuteblicas federais mediante convecircnios firmados com o MEC

(BRASIL 2010)

ProJovem Adolescente Executado pelo Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e

Combate agrave Fome (MDS) destina-se a jovens de 15 a 17 anos em situaccedilatildeo de risco

social independentemente da renda familiar ou que integram famiacutelias beneficiaacuterias

do Bolsa Famiacutelia Com duraccedilatildeo de 24 meses oferece proteccedilatildeo social baacutesica e

15

A partir de 2012 a coordenaccedilatildeo geral do ProJovem Urbano migrou da Secretaria Nacional de Juventude para o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (MEC) mas manteve a Secretaria Nacional de Juventude como parte do Comitecirc Gestor

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assistecircncia agraves famiacutelias visando elevar a escolaridade e reduzir os iacutendices de

violecircncia uso de drogas das doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis e gravidez

precoce Os municiacutepios interessados no Programa devem observar os seguintes

criteacuterios a) estar habilitado nos niacuteveis de gestatildeo baacutesica ou plena do Suas b) possuir

Centros de Referecircncia da Assistecircncia Social (CRAS) em funcionamento e registro

no Censo do CRAS c) apresentar a demanda miacutenima de 40 jovens que pertenccedilam a

famiacutelias beneficiaacuterias do Bolsa Famiacutelia (BRASIL 2010)

ProJovem Trabalhador O ProJovem Trabalhador ficou sob a responsabilidade do

Ministeacuterio do Trabalho (MTE) unificando as accedilotildees do Consoacutercio Social da

Juventude Empreendedorismo Juvenil Juventude Cidadatilde e Escola de Faacutebrica

tendo como objetivo ldquo[] preparar o jovem para ocupaccedilotildees com viacutenculo

empregatiacutecio ou para outras atividades produtivas geradoras de renda por meio da

qualificaccedilatildeo social e profissional e do estiacutemulo agrave sua inserccedilatildeo no mundo do trabalhordquo

(Brasil 2008) como estaacute previsto no artigo 37 da Lei 6629 de novembro de 2008

que unificou os programas (BRASIL 2010)

Essa modalidade do ProJovem se destina a jovens de 18 a 29 anos em situaccedilatildeo de

desemprego e cuja renda familiar per capita seja de ateacute um salaacuterio miacutenimo e ainda

que cumpra os seguintes preacute-requisitos a) cursando ou tenha concluiacutedo o ensino

fundamental ou b) cursando ou tenha concluiacutedo o ensino meacutedio e natildeo estejam

cursando ou natildeo tenha concluiacutedo o ensino superior16 (BRASIL 2008 artigo 38)

O ProJovem Trabalhador tem duas submodalidades o Consoacutercio Social da

Juventude e o Juventude Cidadatilde Isto porque o ProJovem Trabalhador natildeo unificou

os programas anteriores do Ministeacuterio do Trabalho ele apenas os agregou sob a

forma da lei Inclusive parte da legislaccedilatildeo eacute diferente para o ProJovem Trabalhador

ndash Consoacutercio Social da Juventude o qual segue a orientaccedilatildeo da Portaria 2043 de 22

de outubro de 2009 o ProJovem Trabalhador ndash Juventude Cidadatilde por sua vez

segue a Portaria 991 de 27 de novembro de 2008 Ambos seguem as orientaccedilotildees

do Decreto 6629 de 2008

16

Nas accedilotildees de empreendedorismo juvenil aleacutem dos jovens referidos no caput tambeacutem poderatildeo ser contemplados aqueles que estejam cursando ou tenham concluiacutedo o ensino superior (Brasil 2008 artigo 38)

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Fato que mostra como eacute prematuro apresentar o ProJovem como a poliacutetica nacional

de juventude pois natildeo basta colocar sob um mesmo nome todas as accedilotildees para que

elas faccedilam assim parte de uma mesma loacutegica e que tenham os mesmos objetivos

Como pensar em projeto unificado Como operar com sistemas de avaliaccedilatildeo

controle e monitoramento E estamos falando aqui apenas de uma das modalidades

do ProJovem as demais estatildeo divididas em outras Secretarias Eacute preciso muito

cuidado para que o programa natildeo apenas camufle a fragmentaccedilatildeo que eacute uma marca

das poliacuteticas de juventude que ao que podemos ver ainda se manteacutem

No que se refere agrave execuccedilatildeo do Programa a legislaccedilatildeo (Termo de Referecircncia 991

de 2008) delega tais execuccedilotildees a Estados e Municiacutepios com populaccedilatildeo com acima

de 20 mil habitantes natildeo haacute necessidade de convecircnio acordo contrato ajuste ou

outro instrumento congecircnere o que natildeo dispensa a prestaccedilatildeo de contas (Brasil

2008)17 Essa forma de gerir a maacutequina puacuteblica que se tornou praacutetica comum na

gestatildeo das poliacuteticas sociais expressa a loacutegica da transferecircncia de responsabilidade

do Estado para a sociedade civil quando cabe ao Estado o papel de financiador e

ao terceiro setor o de executor

Tal fenocircmeno eacute parte do processo de reestruturaccedilatildeo produtiva (BEHRING 2003) e

tem impactos diretos no programa principalmente no que se refere agrave continuidade e

agrave qualidade das atividades uma vez que a empresa contratada ou Organizaccedilatildeo da

Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP) tem por objetivo o lucro Satildeo trecircs

atores diretamente envolvidos poreacutem nem sempre com objetivos comuns Conciliar

esses interesses e perspectivas diferentes eacute grande desafio Neste sentido em meio

a tantos personagens e interesses como fazer chegar ao centro do poder os

interesses dos principais interessados os jovens (CASTRO 2012)

Pesquisa realizada pelo Ministeacuterio do Trabalho atraveacutes do Departamento

Intersindical de Estatiacutesticas e Estudo Socioeconocircmicos (DIEESE) referente aos

17

Para a celebraccedilatildeo dos convecircnios a entidade de direito privado sem fins lucrativos na execuccedilatildeo do ProJovem Trabalhador deveraacute ser precedida de seleccedilatildeo por chamada puacuteblica e essas deveratildeo comprovar experiecircncia de no miacutenimo 3 anos no objeto do convecircnio ter capacidade fiacutesica instalada necessaacuteria agrave execuccedilatildeo do objeto do convecircnio ter capacidade teacutecnica e administrativo-operacional adequada para execuccedilatildeo e apresentar proposta com adequaccedilatildeo entre os meios sugeridos seus custos cronogramas e resultados previstos em conformidade com as especificaccedilotildees teacutecnicas do termo de referecircncia e edital de chamada puacuteblica (BRASIL 2008)

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anos de 2010 e 2011 relacionando Juventude e Trabalho no Brasil que apresenta

resultados importantes sobre o perfil do jovem inserido no ProJovem Trabalhador e

alguns dados socioeconocircmicos sobre a juventude brasileira A primeira informaccedilatildeo eacute

sobre o nuacutemero de jovens cadastrados no programa

QUADRO 13 - NUacuteMERO DE JOVENS CADASTRADOS NO PROJOVEM

Brasil Grandes Regiotildees e Unidades da Federaccedilatildeo

HOMENS MULHERES TOTAL

Norte 13509 29524 43033

Nordeste 59095 125207 184302

Sudeste 43597 108104 151701

Sul 18187 40165 58352

Centro-Oeste 11709 35385 47094

Brasil 146097 338385 484482

Fonte MTE Departamento de Poliacuteticas de Trabalho e Emprego para a Juventude DIEESE (2011)

Percebemos assim que cerca de 10 dos jovens brasileiros estatildeo inseridos no

programa o que mostra a relevacircncia e importacircncia do programa levando os

organismos governamentais a se referirem ao programa como a expressatildeo da

poliacutetica nacional de juventude

Interessante observar ainda o nuacutemero das jovens inseridas no programa

representando mais de 60 do total dos jovens participantes fato esse que pode

ser explicado em partes pelos altos iacutendices de desemprego que afetam de forma

diferente as mulheres o que evidencia a inserccedilatildeo ainda precaacuteria da mulher no

mundo do trabalho representando assim que essa pode ser uma oportunidade

importante de inserccedilatildeo no mercado de trabalho para essas jovens

Isso mostra tambeacutem que eacute necessaacuterio pensar o ProJovem Trabalhador que leve

em consideraccedilatildeo as especificidades de ser uma jovem mulher natildeo soacute no que se

refere agrave inserccedilatildeo no mercado de trabalho que eacute objetivo do programa mas tambeacutem

na permanecircncia dessa jovem no programa em quais condiccedilotildees satildeo ofertadas para

isso e principalmente num acompanhamento posterior

Um uacuteltimo dado que natildeo podemos deixar de comentar mesmo que sucintamente se

refere agrave questatildeo da renda Como mostra a tabela abaixo dos jovens inseridos no

ProJovem Trabalhador o percentual de jovens que recebem ou jaacute receberam outros

benefiacutecios sociais eacute relativamente pequeno apenas na regiatildeo Nordeste o iacutendice eacute

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um pouco maior (377) nas demais regiotildees os iacutendices ficam em torno de 15

Esses dados podem mostrar que esses jovens estatildeo quase que totalmente

desassistidos com relaccedilatildeo aos direitos sociais uma vez que ficaram agrave margem do

sistema escolar estatildeo fora do mercado de trabalho (ou inseridos precariamente) e

tambeacutem natildeo satildeo assistidos pelos programas de Assistecircncia Social ou seja satildeo

jovens que estatildeo expostos a uma grande violecircncia urbana de desproteccedilatildeo social

QUADRO 15 - PROPORCcedilAtildeO DE JOVENS CADASTRADOS QUE TEcircM ALGUM MEMBRO DA FAMIacuteLIA QUE RECEBEU AUXIacuteLIO DO GOVERNO

Brasil Grandes Regiotildees e Unidades da Federaccedilatildeo

PERCENTUAL

Norte 165

Nordeste 377

Sudeste 127

Sul 120

Centro Oeste 145

Brasil 210

Fonte MTE Departamento de Poliacuteticas de Trabalho e Emprego para a Juventude Elaboraccedilatildeo DIEESE Obs O total Brasil inclui jovens cadastrados sem informaccedilatildeo para UF DIEESE (2011)

Observando o quadro abaixo que trata especialmente da renda a descriccedilatildeo acima

se fortalece Podemos ver que entre os jovens da populaccedilatildeo rural o salaacuterio em

2010 era em meacutedia de pouco mais de um salaacuterio miacutenimo e dos jovens da zona

urbana a meacutedia no mesmo periacuteodo era de dois salaacuterios miacutenimos

QUADRO 16 - RENDA FAMILIAR DO JOVEM CADASTRADO NO PROGRAMA 2010 BRASIL E GRANDES REGIOtildeES - 2010 (EM )

RURAL R$ 63700

URBANA R$ 104200

TOTAL R$ 103000

Fonte MTE Departamento de Poliacuteticas de Trabalho e Emprego para a Juventude Elaboraccedilatildeo DIEESE (2011)

Percebemos assim que o jovem inserido no programa aleacutem de ter as caracteriacutesticas

que satildeo preacute-requisitos para a entrada no programa tais quais situaccedilatildeo de

desemprego e com renda familiar per capita de ateacute um salaacuterio miacutenimo a maioria dos

jovens inseridos no programa satildeo mulheres de etnia parda entre 18 a 24 anos e

que vecircm de uma histoacuteria de desproteccedilatildeo social

Os jovens inscritos no programa recebem um auxiacutelio financeiro no valor de R$

10000 (cem reais) mensais de caraacuteter temporaacuterio que natildeo podem ser cumulativos

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a outros benefiacutecios sociais de programas federais de natureza semelhante18

devendo o jovem optar por um deles O valor eacute repassado diretamente do governo

federal para os beneficiados do programa atraveacutes de uma conta bancaacuteria O auxiacutelio

poderaacute ser suspenso nas seguintes situaccedilotildees a) recebimento de benefiacutecio de

natureza semelhante de outros programas federais b) frequecircncia mensal abaixo de

75 nas atividades19 c) natildeo atendimento de outras condiccedilotildees da modalidade

(Brasil 2008)

O ProJovem seguindo a loacutegica das demais poliacuteticas sociais utiliza da transferecircncia

de renda articulada ao cumprimento de algumas condicionalidades20 e a principal

delas se relaciona agrave ampliaccedilatildeo da escolaridade e a qualificaccedilatildeo profissional

Analisando a questatildeo da transferecircncia de renda podemos observar que na Ameacuterica

Latina os programas de transferecircncia entram como substituto da ausecircncia de

rendimentos provocada pelo desemprego ou o emprego precarizado confirmando a

centralidade do indiviacuteduo e a responsabilizaccedilatildeo da sociedade (STEIN 2008) e

ganham maior destaque como forma de diminuir a incapacidade de reduzir as

desigualdades que afetam de forma especial a juventude diante da crise do trabalho

e da ausecircncia de direitos efetivamente ldquo[] assegurados do acesso ao lazer e aos

bens culturais e de um sistema educativo capaz de acolher seu novo puacuteblico

ocorrem os programas de transferecircncia de renda aos jovens incapazes por si soacute de

assegurar transformaccedilotildees mais densas nessas esferas []rdquo (SPOSITO

CORRACHANO 2005 p 20) Algumas avaliaccedilotildees apontam o quanto essa renda

tem sido importante para os jovens mesmo que ainda seja percebida como privileacutegio

e natildeo como direito

Jaacute no que se refere agrave ampliaccedilatildeo da escolarizaccedilatildeo aparentemente ela pode ser

percebida como um avanccedilo pois representa do ponto de vista do ato individual e

isolado a perspectiva do acesso agrave educaccedilatildeo que muitas vezes eacute negada agrave juventude

18

Consideram-se de natureza semelhante ao auxiacutelio financeiro mensal a que se refere o caput os benefiacutecios pagos por programas federais dirigidos a indiviacuteduos da mesma faixa etaacuteria do ProJovem (Inciso 5ordm do Artigo 47 da Lei 6629 de novembro de 2008) 19

Para fins da certificaccedilatildeo profissional dos jovens e de pagamento do auxiacutelio financeiro exigir-se-aacute frequecircncia mensal miacutenima de setenta e cinco por cento nas accedilotildees de qualificaccedilatildeo 20

A criaccedilatildeo de condicionalidades para acesso agraves poliacuteticas sociais retomam os seus aspectos mais conservadores uma vez que elas deixam de se configurar como direito

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das classes que vivem do trabalho Entretanto precisamos considerar que o simples

acesso agrave escola por si soacute natildeo garante educaccedilatildeo de qualidade e ainda que natildeo se

resolve o problema com os jovens tornando-os mais ldquoempregaacuteveisrdquo se novos

empregos natildeo satildeo criados

Precisamos considerar ainda que [] a maioria natildeo eacute pobre porque natildeo tem boa

educaccedilatildeo mas na realidade natildeo consegue boa educaccedilatildeo porque eacute pobre

(FRIGOTO 2004 p 192) Natildeo queremos negar a educaccedilatildeo como um direito

elementar e muito menos o potencial de emancipaccedilatildeo que a educaccedilatildeo comporta

pretendemos apenas alertar que um diagnoacutestico equivocado pode trazer respostas

equivocadas Concordamos com Frigotto (2004 p 194) quando afirma que ldquo[] a

crenccedila de que o problema eacute conjuntural pode conduzir a poliacuteticas puacuteblicas

focalizadas e de natureza filantroacutepica ou de administraccedilatildeo e controle da pobreza

sem atentar para poliacuteticas que atacam as estruturas produtoras da desigualdaderdquo A

pobreza nesse contexto passa a ser vista com ausecircncia de capacidades individuais

logo a poliacutetica social se transforma numa estrateacutegia para inserir os pobres no

mercado de trabalho

Ainda sobre essa questatildeo Sposito et al (2006) nos convida agrave analisarmos com

cuidado uma vez que os jovens usuaacuterios dos programas sociais voltados para a

juventude satildeo os mesmos que foram precocemente excluiacutedos da escola (seja por

distorccedilatildeo de seacuterie idade ou outro fator) Logo a mera exigecircncia de retorno agrave mesma

escola que natildeo foi capaz de lidar com essas situaccedilotildees eacute no miacutenimo manter os

processos de segregaccedilatildeo (SPOSITO et al 2006) Segundo os autores podemos

constatar duas consequecircncias desse fato uma eacute o paralelismo das atividades de

caraacuteter socioeducativo que natildeo se articula com a rede puacuteblica de ensino e a outra eacute

a total ausecircncia das poliacuteticas de educaccedilatildeo que se articulem com os programas

sociais para a juventude de modo a redefinir o tipo de proposta de escolaridade

adequada a esses jovens (SPOSITO et al 2006)

Eacute importante mostrar ainda a tendecircncia de valorizaccedilatildeo da socioeducaccedilatildeo contidas

nos programas que natildeo eacute acompanhada das justificativas que induzem a essa

adesatildeo indicando haver uma deficiecircncia nos sistemas de ensino natildeo soacute no campo

pedagoacutegico mas tambeacutem na funccedilatildeo socializadora da escola que natildeo formaria para

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a cidadania21 (SPOSITO et al 2006) fato que estaria criando segundo esses

autores uma via paralela de educaccedilatildeo natildeo-escolar para jovens pobres o que os

leva a questionar se essa via estaria oferecendo uma proposta melhor que a rede

puacuteblica Sendo a resposta afirmativa por que natildeo a articular com o sistema de

ensino Se a resposta for negativa nos faz crer que se trata apenas de ocupar o

tempo livre dos jovens dos bairros pobres

Natildeo podemos deixar de tratar ainda sobre a questatildeo dos instrutores A pesquisa

apresentada por Sposito et al (2006) afirma que as atividades em geral satildeo

realizadas com uma base material precaacuteria e com baixa formaccedilatildeo teacutecnica ou mesmo

escolar que sempre inclui palestras cursos e oficinas Em alguns casos os

programas propotildeem uma formaccedilatildeo geral voltada para a cidadania e outra com foco

no aprendizado de habilidades para o mercado do trabalho

Partindo do que foi apresentado nessa pesquisa citada acima haacute duas grandes

orientaccedilotildees em torno do adolescente pobre e outra em torno do jovem pobre Para

os autores apoacutes anos de promulgaccedilatildeo do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente jaacute

satildeo visiacuteveis os avanccedilos que fazem com que os direitos da crianccedila

independentemente de sua condiccedilatildeo social (ter uma famiacutelia agrave escola sauacutede

proteccedilatildeo do Estado) sejam reconhecidos socialmente mesmo que ainda precisem

ser disputados mas jaacute satildeo reconhecidos

Contudo o mesmo natildeo acontece com os jovens pobres pois para eles eacute impelida

uma imagem que impede o reconhecimento social de seus direitos para esses satildeo

reservadas as accedilotildees de inserccedilatildeo social compensatoacuterias e alto teor socioeducativo

esses satildeo chamados de adolescentes pobres que continuam a ocupar o natildeo-lugar

e soacute se tornam visiacuteveis pela ameaccedila ou pelo risco provocados na sociedade Aos

outros que podem usufruir de alguns direitos mesmo que minimamente o termo

jovem passa a ser fortemente aplicado (SPOSITO et al 2006) evidenciando que as

21

A cidadania como eacute tratada aparece como um conceito muito mais ligado a uma ideia de atividade socializadora com ecircnfase no civismo e no aprendizado de certos valores importantes para essa civilidade o que acaba esvaziando os conteuacutedos da cidadania ligados agrave ideia de direitos prevalecendo a pressuposiccedilatildeo de que jovens e adolescentes pobres - precisam ser atingidos por alguma accedilatildeo que lhes ensine algo (SPOSITO et al 2006)

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poliacuteticas de juventude estatildeo fortemente marcadas pelas concepccedilotildees de juventude

mas sobretudo pelas concepccedilotildees sobre os jovens pobres

Outro aspecto a ser destacado eacute o caraacuteter transitoacuterio das accedilotildees (em meacutedia 02 anos)

natildeo se configurando enquanto uma poliacutetica puacuteblica mantendo o cariz de programa

numa proposta de poliacutetica emergencial para a juventude que mina a construccedilatildeo de

uma poliacutetica puacuteblica nacional e ainda dificultando a avaliaccedilatildeo seacuteria de tais

programas22 (SPOSITO CORRACHANO 2005)

A fragmentaccedilatildeo tambeacutem eacute uma caracteriacutestica marcante no ProJovem Trabalhador

mantendo a visatildeo das poliacuteticas de juventude como um conjunto de caixinhas

isoladas em disputa impedindo o diaacutelogo entre elas cada modalidade estaacute sob

orientaccedilatildeo de um Ministeacuterio diferente e natildeo articulaccedilatildeo entre as modalidades O

caraacuteter fragmentaacuterio das poliacuteticas de juventude se explicita na focalizaccedilatildeo das

diretrizes ldquojovem temaacuteticordquo que expressa o puacuteblico alvo das accedilotildees desenvolvidas

nos diferentes ministeacuterios assim tem-se ldquoo jovem-alunordquo o ldquojovem-filhordquo o ldquojovem-

infratorrdquo a ldquojovem-matildeerdquo ldquoa jovem-que-natildeo-queremos-que-seja-matildeerdquo o rdquojovem-ruralrdquo

e outros (CARRANO 2012)

A transversalizaccedilatildeo dos programas seria uma estrateacutegia de superaccedilatildeo dessa

caracteriacutestica o que requisitaria ldquo[] repensar e fortalecer um pacto pela juventude

que parta da Secretaria Nacional da Juventude e consiga chegar ateacute onde o jovem

estaacute no municiacutepio no bairro e o conecte com o governo federalrdquo (SPOSITO 2012

p 225) pois eacute extremamente importante construir uma rede de atenccedilatildeo para os

jovens que conectem as poliacuteticas municipais estaduais e federais num diaacutelogo

permanente neste sentido as poliacuteticas para esse segmento natildeo devem

simplesmente reproduzir as poliacuteticas de acircmbito nacional elas devem ser efetivadas

e assumidas em todos os acircmbitos de accedilatildeo

Outra questatildeo que aparece no ProJovem Trabalhador comum agraves demais poliacuteticas

destinadas aos jovens eacute que as accedilotildees tecircm se destinado muito mais a oferecer o

que se instituiu como necessidades dos jovens e natildeo aquilo que o jovem apresentou

ou demandou como uma necessidade sua Os jovens precisam de espaccedilo natildeo soacute

22

No caso do ProJovem Trabalhador o programa tem previsatildeo para ser executado em 06 meses

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para receber os projetos jaacute preconcebidos mas sobretudo para dizer o que

precisam individual e coletivamente Para esse autor as accedilotildees destinadas aos

jovens emergem simultaneamente agrave criaccedilatildeo de personagens sociais (protagonistas

empreendedores e outros) de pouco diaacutelogo que atendam muito mais aos interesses

e modelos de poliacuteticas das agecircncias internacionais de desenvolvimento (CARRANO

2012)

Outra questatildeo a ser problematizada eacute que o programa definiu como meta miacutenima a

inserccedilatildeo de no miacutenimo 30 dos jovens no mundo do trabalho sendo admitidas as

seguintes formas de inserccedilatildeo a) emprego formal (comprovado atraveacutes de coacutepias da

carteira assinada dos jovens) b) estaacutegio ou jovem aprendiz (comprovado atraveacutes de

coacutepias dos contratos) c) ou formas alternativas geradoras de renda (Brasil 2008)

Questionamos ateacute que ponto essas possibilidades podem ser entendidas como

estrateacutegias de inserccedilatildeo no mundo do trabalho eou de superaccedilatildeo da precarizaccedilatildeo

das condiccedilotildees de trabalho dos jovens Quais satildeo os viacutenculos de trabalho Qual a

meacutedia de salaacuterio Quais as condiccedilotildees de trabalho Qual a permanecircncia dos jovens

nesses viacutenculos

Reconhecendo a importacircncia dessa estrateacutegia para a sobrevivecircncia dos jovens natildeo

podemos deixar de considerar que ela tambeacutem natildeo deixa de fazer parte de um

processo de naturalizaccedilatildeo das mudanccedilas no mundo do trabalho que culmina na

responsabilizaccedilatildeo dos proacuteprios trabalhadores Eles satildeo convencidos de que eles eacute

que natildeo tecircm grande coisa para vender ou natildeo sabem como vendecirc-la ndash ou seja natildeo

tem ldquocapital humanordquo ocultando desse modo todas as estruturas de distribuiccedilatildeo

desigual e apropriaccedilatildeo desigual dos recursos materiais sociais culturais e

simboacutelicos de nossa sociedade Esse fato faz com que o ldquo[] ldquocapital humanordquo de

um jovem oriundo do contexto popular da ldquoperiferiardquo tenha pouca chance de

equivaler ao de um jovem saiacutedo de um meio privilegiadordquo (BIHR 2007)

Nessa perspectiva o empreendedorismo tambeacutem aparece como estrateacutegia mas na

verdade se assemelha mais a danccedila das cadeiras quando a muacutesica para haacute mais

pessoas de peacute do que cadeiras disponiacuteveis para sentar (POCHAMANN 2005) Em

alguns casos empresas e o Estado ateacute destinam alguns recursos para esses fins

que satildeo ldquo[] importantes mas absolutamente incapazes de gerar mais postos de

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trabalho Uma contribuiccedilatildeo digamos para o ldquosalve-se quem puderrdquo (MATTOSO

1999 p20)

Fato que expressa bem a responsabilizaccedilatildeo do indiviacuteduo por sua situaccedilatildeo de

emprego e desemprego numa clara tentativa de transferir riscos e

responsabilidades ao trabalhador fazendo com que ele assuma a sua

empregabilidade por meio de formaccedilatildeo profissional qualificaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo

Deslocando assim a responsabilidade social do Estado para o plano individual onde

natildeo haacute poliacutetica de emprego apenas indiviacuteduos empregaacuteveis ou natildeo Os indiviacuteduos

afetados pela loacutegica da competiccedilatildeo por empregos inseguros comeccedilam a adaptar-se

a novas condutas psicoloacutegicas do perfil do ldquovencedorrdquo (COSTA 2005)

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A anaacutelise do ProJovem Trabalhador mostra que o programa eacute importante no

cotidiano desses jovens como um instrumento na efetivaccedilatildeo de direitos sociais e

mecanismo de sobrevivecircncia e evidencia que os avanccedilos das poliacuteticas de juventude

no paiacutes natildeo soacute em quantidade mas tambeacutem em qualidade se comparadas com as

experiecircncias anteriores

No entanto ainda haacute muito o que caminhar Podemos dizer que o programa

expressa o perfil das poliacuteticas sociais contemporacircneas Fragmentaccedilatildeo

descentralizaccedilatildeo focalizaccedilatildeo descontinuidade ausecircncia de pesquisas e avaliaccedilotildees

e privatizaccedilatildeo Caracteriacutesticas que precisam ser explicitadas e disputadas na cena

puacuteblica juntamente com as demais poliacuteticas sociais

Para que as poliacuteticas de juventude se transformem em poliacuteticas para a juventude eacute

preciso sair desse ciclo de vitimizaccedilatildeocriminalizaccedilatildeo voluntariadoencerramento ou

prevenccedilatildeorepressatildeo (BATISTA 2007) Para isso eacute necessaacuterio transformar esses

problemas sociais da juventude em problemas socioloacutegicos Esse eacute um exerciacutecio de

interrogaccedilatildeo que gera como produto a incerteza de afirmaccedilotildees antes dadas como

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inquestionaacuteveis Sem o questionamento a juventude se torna um quase bdquomito‟ e

para esse mito eacute necessaacuterio ldquopenetrar no cotidiano do jovemrdquo e questionar ldquo[]

sentiratildeo os jovens estes problemas como seus problemasrdquo (PAIS 2003 p34)

Mas sobretudo eacute preciso dotar de precisotildees conceituais acerca do tema juventude

de modo a iluminarmos os processos de construccedilatildeo de marcos poliacuteticos em

coerecircncia com os marcos conceituais os discursos e programaacuteticas deixando de

conceber aos jovens sobre ldquo[] a noccedilatildeo de um jovem problema e carente visatildeo

que tende agrave geraccedilatildeo de um determinado tipo de poliacutetica de juventude de natureza

compensatoacuteriardquo (LEacuteON 2005 p88)

Fica evidente ainda que a juventude cumpre um papel na atual sociedade

capitalista a de compor a grande massa do exeacutercito industrial de reserva quando a

poliacutetica social para a juventude em especial os programas de transferecircncia de renda

como o ProJovem Trabalhador acabam assumindo o papel de garantir mecanismos

de sobrevivecircncia dos sujeitos juvenis uma vez que natildeo eacute possiacutevel assegurar a

sobrevivecircncia desse segmento da classe trabalhadora atraveacutes da inserccedilatildeo no

trabalho

Abstract Analyze the ProJovem Worker program as one of coping policies changes in the workplace that particularly affected the youth For this we will make a brief background of the relations and working conditions for this population segment and social policies aimed at this audience including the program in question identifying their progress and limits through a bibliographic and documentary research Keywords Labor Social Policy and Youth

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Processo de Avaliaccedilatildeo por Pares (Blind Review - Anaacutelise do Texto Anocircnimo)

Publicado na Revista Vozes dos Vales - wwwufvjmedubrvozes em 10102016

Revista Cientiacutefica Vozes dos Vales - UFVJM - Minas Gerais - Brasil

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UFVJM 1202095-2011 - QUALISCAPES - LATINDEX 22524 - ISSN 2238-6424

Perioacutedico Cientiacutefico Eletrocircnico divulgado nos programas brasileiros Stricto Sensu

(Mestrados e Doutorados) e em universidades de 38 paiacuteses

em diversas aacutereas do conhecimento

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considerar nas formulaccedilotildees das poliacuteticas puacuteblicas dois segmentos que satildeo as

especificidades do ser jovem e do ser adolescente E ainda por que a associaccedilatildeo

recorrente entre juventude e adolescecircncia muitas vezes tornando-os sinocircnimos

(LEOacuteN 2005) acaba por excluir das formulaccedilotildees puacuteblicas a populaccedilatildeo jovem de 18

a 29 anos2

O periacuteodo posterior agrave Segunda Grande Guerra introduziu uma extensatildeo agrave juventude

em vaacuterios sentidos na duraccedilatildeo do ciclo de vida na abrangecircncia do fenocircmeno para

vaacuterios setores sociais ultrapassando os limites apenas dos rapazes da burguesia

(como no iniacutecio)3 nos elementos constitutivos da experiecircncia juvenil e no conteuacutedo

das noccedilotildees socialmente construiacutedas Tal ampliaccedilatildeo divide esse ciclo em dois

momentos a adolescecircncia mais relacionada agraves mudanccedilas bioloacutegicas com

consequecircncias psicossociais e a juventude propriamente dita mais voltada para o

processo de inserccedilatildeo social (ABRAMO 2005b)

Neste sentido reconhecemos a importacircncia de uma classificaccedilatildeo etaacuteria ateacute mesmo

porque como bem lembrou Groppo (2000) mesmo a negando dificilmente se chega

agrave uma definiccedilatildeo de juventude sem passar por uma classificaccedilatildeo de idade Contudo

natildeo podemos esquecer que o dado bioloacutegico eacute socialmente manipulaacutevel e

manipulado logo potencialmente problemaacutetico E ao enfatizarmos esse aspecto

corremos o risco de pensar a juventude como uma unidade social dotada de

interesses comuns (BOURDIEU 1983) Neste sentido precisamos pensar a questatildeo

etaacuteria como parte da conceituaccedilatildeo e natildeo o conceito em si porque ldquo[] os indiviacuteduos

natildeo pertencem a grupos etaacuterios eles os atravessam []rdquo (LEVI et al 1996 p 9)

Desse modo podemos afirmar que juventude eacute uma categoria social e como tal ela

se torna uma representaccedilatildeo social e uma situaccedilatildeo social ou seja ela eacute entendida

como ldquo[] uma concepccedilatildeo representaccedilatildeo ou criaccedilatildeo simboacutelica fabricada pelos

2 Sposito et al (2006 p 14) afirma que eacute possiacutevel reunir adolescentes e jovens em um mesmo

programa o que seria provavelmente uma accedilatildeo mais adequada do que trazer os adolescentes para o universo da infacircncia o que acabaria por descaracterizar natildeo soacute a infacircncia tal qual foi concebida pela modernidade como a proacutepria adolescecircncia e juventude como momentos diversos construiacutedos historicamente na sociedade moderna a partir do seacuteculo XIX No entanto outras implicaccedilotildees existem porque os marcos legais da maioridade satildeo arbitraacuterios produto de consensos provisoacuterios e natildeo deveriam implicar restriccedilatildeo da accedilatildeo do Estado pois deixam agrave sombra categorias significativas de jovens sobre as quais o Poder Puacuteblico no Brasil natildeo assume qualquer responsabilidade 3 Abramo (2005) cita a inclusatildeo escolar como um dos fatores principais para a ampliaccedilatildeo da

juventude para aleacutem dos rapazes burgueses

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grupos sociais ou pelos proacuteprios indiviacuteduos tidos como jovens para significar uma

seacuterie de comportamentos e atitudes a ela atribuiacutedosrdquo (GROPPO 2000 p 08)

Para a perspectiva classicista uma das diversas perspectivas teoacutericas que tratam da

categoria juventude a reproduccedilatildeo social eacute vista na dimensatildeo da reproduccedilatildeo social

de classes por esta razatildeo o conceito de juventude busca sempre ultrapassar a

visatildeo de fase da vida e encontra-se sempre fundamentada na reproduccedilatildeo das

classes sociais E neste sentido as culturas juvenis seratildeo sempre culturas de

classe entendidas como produto das relaccedilotildees antagocircnicas de classe e muitas

vezes segundo o autor as culturas juvenis satildeo apresentadas como culturas de

resistecircncia pois satildeo negociadas em um quadro de relaccedilotildees de classe Assim as

culturas juvenis tecircm sempre um significado poliacutetico (PAIS 1990 2003)

Eacute preciso considerar que essa perspectiva amplia o debate sobre a categoria social

juventude ultrapassando o campo individual e incluindo na anaacutelise a reproduccedilatildeo das

relaccedilotildees sociais de uma sociedade capitalista Isso porque nessa perspectiva haacute um

processo dialeacutetico entre a cultura dominante e a dominada quando a cultura eacute

reproduzida de forma homogecircnea atraveacutes das diversas instituiccedilotildees sociais (PAIS

2003)

Assim podemos afirmar que juventude eacute ldquo[] uma categoria socialmente construiacuteda

formulada no contexto de particulares circunstacircncias econocircmicas sociais ou

poliacuteticas uma categoria sujeita a modificar-se ao longo do tempordquo (PAIS 2003

p37) Aleacutem dos elementos jaacute apresentados eacute preciso incluir no debate as diversas

realidades da juventude uma vez que mesmo dentro de um tempo soacutecio histoacuterico e

no interior das classes sociais haacute questotildees relevantes tais como etnia gecircnero

ocupaccedilatildeo espacial das cidades sexualidade e outras Logo definir uma perspectiva

para a anaacutelise da categoria social juventude tambeacutem exige pensar as diversidades

da condiccedilatildeo e situaccedilatildeo juvenil

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TRABALHO E POLIacuteTICAS JUVENTUDE

O trabalho eacute a base da sociabilidade humana pois eacute atraveacutes dele que se daacute a

mediaccedilatildeo entre homem e natureza e que se constroem as formas de sobrevivecircncia

independente das formas de sociedade (MARX 2003) Ao longo da histoacuteria o

trabalho vai se metamorfoseando e agrave medida que o homem vai transformando a

natureza transforma a si mesmo e humaniza a natureza acumulando exigecircncias e

necessidades que complexificam e diversificam as relaccedilotildees sociais o que evidencia

que o trabalho eacute o espaccedilo privilegiado para a constituiccedilatildeo do ser social4 por sua

capacidade teleoloacutegica e ontoloacutegica mas tambeacutem por sua capacidade de realizaccedilatildeo

da praacutexis5

Aleacutem dessas dimensotildees o trabalho eacute tambeacutem a principal estrateacutegia para satisfazer

as necessidades vitais sejam elas bioloacutegicas sociais ou culturais logo o natildeo acesso

ao trabalho mesmo sob a forma de trabalho alienado6 eacute uma violecircncia contra a

possibilidade de produzir e reproduzir minimamente a vida (FRIGOTTO 2001)

Neste sentido defender a geraccedilatildeo de trabalho para a juventude eacute defender o direito

agrave sobrevivecircncia dos jovens que vivem do trabalho

Para a juventude a relaccedilatildeo com o trabalho tem um valor ainda maior pois o

ingresso no mercado de trabalho7 tradicionalmente constitui-se em um marco de

passagem da juventude para o ingresso no mundo adulto (CORRACHANO 2012)

4 ldquo[] O indiviacuteduo social eacute um produto histoacuterico [] fruto de condiccedilotildees e relaccedilotildees sociais particulares

e ao mesmo tempo criador da sociedade e natildeo um dado da naturezardquo (IAMAMOTO 2007 p 347) 5 ldquo[] A praacutexis compreende ndash aleacutem do momento laborativo ndash tambeacutem o momento existencial ela se

manifesta tanto na atividade objetiva do homem que transforma a natureza e marca com sentido humano os materiais naturais como na formaccedilatildeo da subjetividade humanardquo [] (KOSIK 2002 p 224) 6 A concepccedilatildeo marxiana de trabalho que o entende como uma unidade contraditoacuteria ndash trabalho

concreto e trabalho abstrato (alienado) Trabalho concreto uacutetil ou trabalho vivo eacute o trabalho que cria valor de uso sendo que este eacute necessaacuterio agrave existecircncia de qualquer sociedade logo em toda sociedade haveraacute trabalho concreto Jaacute o Trabalho abstrato eacute uma especificidade da sociedade capitalista e eacute criador de valor de troca (MARX 2003) Para Netto Braz (2006 p 105) ldquo[] quando o trabalho eacute reduzido agrave condiccedilatildeo de trabalho em geral tem-se o trabalho abstratordquo 7 A reificaccedilatildeo das relaccedilotildees sociais capitalistas que fazem com que as relaccedilotildees entre as mercadorias

assumam caracteriacutesticas de relaccedilotildees sociais pode ser expresso no caso em estudo no uso do termo ldquomercado de trabalhordquo que aparece personificado escondendo ldquo[] que o mercado de trabalho resulta de relaccedilotildees sociais relaccedilotildees de forccedila e de poder vinculadas a interesses de grupos e fraccedilotildees das classes sociais []rdquo (FRIGOTTO 2004 p 182)

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Esse marco de passagem eacute muito tensionado pois como lembra a autora

supracitada historicamente as taxas de desemprego satildeo mais elevadas entre os

jovens que entre os adultos em diferentes paiacuteses e momentos histoacutericos mesmo

em conjunturas de crescimento ou de retraccedilatildeo sendo que em periacuteodos de recessatildeo

as taxas de desemprego juvenis se elevam mais rapidamente que a dos adultos e

nos momentos de expansatildeo diminuem mais lentamente

As transformaccedilotildees no mundo do trabalho8 ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas tornaram

ainda mais complexa a relaccedilatildeo juventude e trabalho uma vez que os jovens satildeo os

mais afetados tambeacutem no processo de precarizaccedilatildeo9 das condiccedilotildees do trabalho

Para eles os postos satildeo aqueles com as menores exigecircncias de qualificaccedilatildeo e de

pior qualidade

Outro aspecto importante eacute a extensatildeo da jornada de trabalho dos jovens de acordo

com dados de 2006 da PNAD ndash Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelio 48

dos jovens de 14 a 29 anos que apenas trabalhavam tinham uma jornada de

trabalho entre 31 a 44 horassemana Jaacute os 453 dos jovens de 14 a 29 anos que

trabalhavam e estudavam tinham uma jornada semanal de 31 a 44 horassemana

Segundo dados de 2006 da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) havia 182

milhotildees de jovens brasileiros ocupados deste aproximadamente 11 milhotildees isto eacute

605 encontravam-se na informalidade enquanto que entre os adultos esse

percentual era de 507

8 A maior mudanccedila eacute a introduccedilatildeo crescente de novas tecnologias o que provoca a reduccedilatildeo na

demanda por trabalho vivo As consequecircncias natildeo se limitam a isso e apontam outras trecircs principais consequecircncias 1) expansatildeo das fronteiras do trabalhador coletivo quando as atividades realizadas pelos trabalhadores se tornam cada vez mais complexas e amplas 2) dada a ampliaccedilatildeo anterior o trabalhador eacute requisitado a desenvolver atividades muacuteltiplas o que exige um trabalhador mais qualificado e polivalente 3) se refere agrave gestatildeo da forccedila de trabalho quando se recorre agrave ldquoparticipaccedilatildeordquo ldquoenvolvimentordquo dos trabalhadores reduzindo hierarquias atraveacutes das equipes de trabalho na clara intenccedilatildeo de desconstruir a consciecircncia de classe e os trabalhadores e operaacuterios passam a ser ldquocolaboradoresrdquo ldquocooperadoresrdquo (NETTO BRAZ 2006) Outras informaccedilotildees consultar Harvey (2003) Antunes (2002) e Antunes (2005) 9 A precarizaccedilatildeo eacute uma das expressotildees das mudanccedilas no mundo do trabalho que natildeo significa

apenas o desemprego mas toda a forma de ampliaccedilatildeo da exploraccedilatildeo e geraccedilatildeo de instabilidade que podem ser expressos em contrataccedilotildees temporaacuterias subcontrataccedilotildees contratos de trabalho mais flexiacuteveis reduccedilatildeo de direitos e salaacuterios ampliaccedilatildeo eou intensificaccedilatildeo da jornada de trabalho Para Harvey (2003 p 144) a ldquo[] atual tendecircncia dos mercados de trabalho eacute reduzir o nuacutemero de trabalhadores bdquocentrais‟ e empregar cada vez mais uma forccedila de trabalho que entra facilmente e eacute demitida sem custos quando as coisas ficam ruinsrdquo

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POLIacuteTICAS PARA JUVENTUDE

Ateacute a deacutecada de 1950 as accedilotildees destinadas agrave juventude no Brasil eram pontuais e

natildeo atendiam especificamente agrave juventude Embasavam-se na perspectiva de tutela

e coerccedilatildeo atendendo preferencialmente agrave crianccedila e ao adolescente pobre com

vista a escondecirc-los da sociedade e promover uma ldquolimpezardquo social (ABRAMO

1987) Um bom exemplo disso eacute a constituiccedilatildeo do Primeiro Coacutedigo de Menores em

1927 que associava diretamente pobreza agrave delinquecircncia estabelecendo medidas

privativas de liberdade para as crianccedilas adolescentes e jovens pobres que eram

reconhecidos como abandonados por sua condiccedilatildeo social

Entre as deacutecadas de 1950 e 1970 quando a Ameacuterica Latina vivencia o periacuteodo do

Desenvolvimentismo as accedilotildees destinadas a esse segmento giravam em torno da

ampliaccedilatildeo da educaccedilatildeo e do controle do tempo livre (SPOSITO CARRANO 2003)

Haacute tambeacutem nesse periacuteodo algumas accedilotildees voltadas para a sauacutede numa perspectiva

de prevenccedilatildeo ao uso de drogas e agrave gravidez na adolescecircncia (UNESCO 2004)

As accedilotildees voltadas para educaccedilatildeo se encaixam dentro da necessidade de se formar

matildeo de obra qualificada que atendesse agraves necessidades da fase do

Desenvolvimentismo no Brasil momento de grande expansatildeo da industrializaccedilatildeo no

Brasil Nesse periacuteodo a educaccedilatildeo ganha um grande destaque se constituindo como

direito ateacute o Ensino Secundaacuterio e haacute uma massiva campanha de alfabetizaccedilatildeo de

adultos A educaccedilatildeo profissional com vista agrave formaccedilatildeo para o mercado de trabalho

tambeacutem ganha maior destaque (NETTO 2005)

Para Abad (2003) esse cenaacuterio eacute favoraacutevel agrave juventude pois foram construiacutedas

estrateacutegias de ascensatildeo e melhorias das condiccedilotildees de vida que atendiam agrave

juventude Para ele essa ampliaccedilatildeo e estiacutemulo agrave educaccedilatildeo fortalece o conceito de

moratoacuteria social propiciando a esse jovem um tempo maior para o estudo e o

preparo para o mercado de trabalho

As mudanccedilas no contexto da Ameacuterica Latina entre as deacutecadas de 1970 e 1980

trazem novas formas de accedilotildees para a juventude Nesse periacuteodo de consolidaccedilatildeo do

capitalismo monopolista e de emergecircncia dos governos totalitaacuterios em toda a

Ameacuterica Latina (NETTO 2005) emergem movimentos sociais revolucionaacuterios onde

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os jovens se inserem ocupando um papel central

As accedilotildees voltadas para a juventude nesse periacuteodo visavam o controle social da

juventude buscando conter o perfil questionador do jovem restringindo a liberdade

civil e introduzindo formas de construccedilatildeo de hegemonia nos espaccedilos educacionais

A forte participaccedilatildeo da juventude nesses espaccedilos de contestaccedilatildeo e enfrentamento

marca profundamente a forma como a juventude eacute vista pela sociedade Os jovens

tiveram um papel fundamental no processo de redemocratizaccedilatildeo a partir da deacutecada

de 1980 e muito deles foram vitimados durante todo o processo de emersatildeo e

decliacutenio da autocracia burguesa no Brasil

Na deacutecada de 1980 jaacute em um cenaacuterio de abertura democraacutetica mas em meio agrave uma

grande recessatildeo aliado agrave diminuiccedilatildeo dos gastos puacuteblicos haacute um quadro de

expansatildeo da pobreza Segundo a UNESCO (2004) nesse contexto outras formas de

organizaccedilotildees juvenis se constroem com a participaccedilatildeo de jovens em situaccedilatildeo de

marginalidade social e econocircmica em sua maioria sem acesso agrave educaccedilatildeo e aos

serviccedilos coletivos Tais movimentos satildeo chamados de ldquodistuacuterbios nacionaisrdquo que

incluiacuteam entre as accedilotildees saques a supermercados e ocupaccedilotildees de preacutedios puacuteblicos

Como uma estrateacutegia paliativa para dar conta desses problemas sociais emergem

em toda Ameacuterica Latina diversos programas de combate agrave pobreza que eram

sustentados atraveacutes da transferecircncia direta de recursos para a populaccedilatildeo atendida

vinculados agrave permanecircncia da crianccedila ou adolescente na escola apesar dessas

iniciativas natildeo terem sido definidas como poliacuteticas para juventude mesmo

atendendo a milhares de jovens com vistas a prevenir ldquocondutas delituosasrdquo

(UNESCO 2004)

No Brasil as estrateacutegias tambeacutem satildeo parecidas Pereira (2007) lembra o lema da

gestatildeo de Sarney ldquoTudo pelo Socialrdquo que iam desde accedilotildees emergenciais

(especialmente as de combate agrave fome e desemprego) ateacute accedilotildees de caraacuteter mais

estruturais de fortalecimento do crescimento econocircmico Aleacutem dos programas de

enfrentamento agrave pobreza recebe destaque tambeacutem as accedilotildees no campo da sauacutede

A deacutecada de 1980 eacute de intensa mobilizaccedilatildeo social A proteccedilatildeo social ganha espaccedilo

nos debates enquanto um marco conceitual e legal que pode ser percebido nos

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avanccedilos com relaccedilatildeo agrave temaacutetica da crianccedila e do adolescente que culmina com a

promulgaccedilatildeo da poliacutetica de proteccedilatildeo integral da crianccedila e do adolescente

consolidada a partir da institucionalizaccedilatildeo do Estatuto da Crianccedila do Adolescente

(ECRIAD) A proteccedilatildeo ao idoso comeccedila jaacute nessa deacutecada a ser discutida entrando

na Lei Orgacircnica da Assistecircncia Social (LOAS) um artigo que estipula um miacutenimo

social para o idoso O mesmo natildeo se daacute com a categoria juventude ela natildeo entra

nas discussotildees da proteccedilatildeo social

Na deacutecada de 1990 haacute uma explosatildeo das accedilotildees voltadas para a juventude Antes do

Governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC) ateacute 1995 existiam apenas 03

projetos voltados para a juventude10 (SPOSITO CARRANO 2003) Jaacute no periacuteodo do

Governo de FHC de 1995 a 2002 identificamos mais de 3011 programas

governamentais divididos em diversos ministeacuterios que incluiacuteam natildeo soacute os jovens

mas tambeacutem adolescentes e 03 accedilotildees natildeo governamentais de abrangecircncia

nacional O ponto alto dessa explosatildeo se daacute no intervalo de 1999 a 2002 quando

foram ativados 18 programas12 Para Sposito Carrano (2003) esse momento eacute uma

verdadeira explosatildeo na temaacutetica de juventude e adolescecircncia poreacutem sem muita

consistecircncia conceitual

Apesar dessa efervescecircncia nas poliacuteticas de juventude para Sposito Carrano (2003)

10

Programa Sauacutede do Adolescente e do Jovem (Ministeacuterio da Sauacutede) Programa Especial de Treinamento (PET - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) e Precircmio Jovem Cientista (Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia) 11

Dos 30 programas estritamente governamentais cinco se localizavam no Ministeacuterio da Educaccedilatildeo seis no Ministeacuterio de Esporte e Turismo seis no Ministeacuterio da Justiccedila um no Ministeacuterio de Desenvolvimento Agraacuterio um no Ministeacuterio da Sauacutede dois no Ministeacuterio de Trabalho e Emprego trecircs no Ministeacuterio de Previdecircncia e Assistecircncia Social dois no Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia dois no Gabinete de Seguranccedila Institucional da Presidecircncia da Repuacuteblica um no Gabinete do Presidente da Repuacuteblica (Projeto Alvorada) e por uacuteltimo um de caraacuteter interministerial especificamente voltado para a integraccedilatildeo das accedilotildees de 11 projetos programas focados em jovens localizado no Ministeacuterio de Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo (Programa Brasil em Accedilatildeo) (SPOSITO CARRANO 2003) 12

Satildeo elas Programa de estudante em convecircnio de Graduaccedilatildeo (MEC e Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores) Projeto Escola Jovem (MEC) Jogos da Juventude (Ministeacuterio do Esporte e Turismo) Olimpiacuteadas Colegiais (Ministeacuterio do Esporte e Turismo) Projeto Navegar (Ministeacuterio do Esporte e Turismo) Serviccedilo Civil Voluntaacuterio (Ministeacuterio do Esporte e Turismo) Programa de Reinserccedilatildeo Social do Adolescente em Conflito com a Lei (Ministeacuterio da Justiccedila) Promoccedilatildeo de Direitos de mulheres jovens vulneraacuteveis ao abuso sexual e agrave exploraccedilatildeo sexual comercial no Brasil (Ministeacuterio da Justiccedila) Programa de Sauacutede do Adolescente e do Jovem (Ministeacuterio da Sauacutede) Jovem Empreendedor (Ministeacuterio do Trabalho e Emprego) Programa Brasil Jovem (Ministeacuterio da Assistecircncia e Providencia Social) Centros da Juventude (Ministeacuterio do Esporte e Turismo) Agente Jovem de Desenvolvimento Social e Humano (Ministeacuterio da Assistecircncia e Providencia Social) Precircmio Jovem Cientista (Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia) Precircmio Jovem Cientista do Futuro (Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia) Comunidade Solidaacuteria (Presidecircncia da Repuacuteblica) e Programa Capacitaccedilatildeo Solidaacuteria

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no periacuteodo de 1995 a 2002 natildeo se pode falar de poliacuteticas estrateacutegicas orientadas

para os jovens mas de algumas propostas que segundo os autores partem da ldquo[]

ideia de prevenccedilatildeo de controle ou efeito compensatoacuterio de problemas que atingem

a juventude transformada em algumas situaccedilotildees ela mesma num problema para a

sociedaderdquo (2003 p 08) Esse fato talvez explique a ausecircncia da juventude nas

accedilotildees de proteccedilatildeo social Importante destacar que a sauacutede a seguranccedila puacuteblica e o

trabalho expressam a materialidade imediata para se pensar as poliacuteticas de

juventude nesse periacuteodo

A deacutecada de 1990 haacute um crescimento exponencial da violecircncia urbana no Brasil e

parte significativa dessa violecircncia aparece atrelada ao jovem Na deacutecada de 1970 a

participaccedilatildeo dos jovens no total das mortes por homiciacutedios foi de 288 jaacute na

deacutecada de 1980 os iacutendices sobem para 319 e na deacutecada de 1990 os iacutendices

chegaram a 347 (POCHMANN 2005 p 236)

Esse cenaacuterio fomenta a necessidade de poliacuteticas sociais para a juventude mas em

grande parte esses programas ldquo[] buscam de certa forma minimizar o potencial

ameaccedilador que os jovens trazem para a vida social alguns deles considerados a

bdquonova classe perigosa‟ que precisa estar sob um campo de forte controlerdquo

(SPOSITO 2003 p 67) O perigo passa a ser visto natildeo mais nos estudantes das

classes meacutedias (como nos anos 60) mas nos jovens pobres marginalizados e

moradores da periferia das grandes cidades

Nos anos 2000 ndash Governo Lula haacute um salto de qualidade13 nas accedilotildees voltadas a

esse puacuteblico dentre elas a criaccedilatildeo do Conselho Nacional de Juventude

(CONJUVE) em 2004 a criaccedilatildeo do Grupo Interministerial a criaccedilatildeo da Secretaria

Nacional de Juventude em 2005 e a realizaccedilatildeo da Conferecircncia Nacional de

Juventude

Outro avanccedilo importante se deu em 2010 quando foi editada a Emenda

Constitucional nordm 65 que altera o contexto incluindo o jovem onde se constava

apenas da famiacutelia da crianccedila do adolescente e do idoso no Capiacutetulo VII do Tiacutetulo

13

O Grupo Interministerial identificou 131 accedilotildees vinculadas a 45 programas e destes 19 satildeo especiacuteficos para os jovens

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VII (Da Ordem Social) Essa modificaccedilatildeo da Emenda nordm652010 coloca a obrigaccedilatildeo

do Estado na satisfaccedilatildeo dos direitos baacutesicos da juventude fato que representa uma

conquista para os jovens brasileiros uma vez que esse eacute o maior instrumento

juriacutedico do paiacutes que passa a assegurar os direitos ldquo[] agrave vida agrave sauacutede ao lazer agrave

profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria []rdquo (BRASIL EC Nordm 652010) e assegura a criaccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas para esse segmento

Analisando as poliacuteticas de juventude no Brasil em 2010 identificamos que existiam

18 programas14 voltados para o puacuteblico jovem e que se desenvolvia vaacuterias accedilotildees

em diversos Ministeacuterios e secretarias Um desses programas eacute o ProJovem que

analisaremos em seguida

PROJOVEM TRABALHADOR

O ProJovem surge em 2005 como resultado de demanda por parte da sociedade

mas sobretudo como resultado do diagnoacutestico realizado do Grupo Interministerial

que recomendava maior integraccedilatildeo e complementaridade entre os programas

14

1) Programa Nacional de Inclusatildeo de Jovens (Projovem) Projovem Urbano Projovem Campo Projovem Trabalhador e Projovem Adolescente ndash Secretaria Nacional de Juventude da Secretaacuteria-Geral da Presidecircncia da Repuacuteblica Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome (MDS) 2) Programa Cultura Viva ndash Ministeacuterio da Cultura 3) Bolsa Atleta ndash Ministeacuterio do Esporte 4) Programa Segundo Tempo ndash Ministeacuterio do Esporte 5) Praccedilas da Juventude ndash Ministeacuterios do Esporte e da Justiccedila 6) Projeto Rondon ndash Ministeacuterio da Defesa em parceria com diversos ministeacuterios 7) Projeto Soldado Cidadatildeo ndash Comandos da Marinha Exeacutercito e Aeronaacuteutica 8) Programa Nacional de Seguranccedila Puacuteblica com Cidadania ndash Pronasci Protejo Jovem Detento Geraccedilatildeo Consciente Pelc Projeto Praccedila da Juventude Pintando a Liberdade e Pintando a Cidadania Pontos de Leitura Pontos de Cultura Projeto Museus Projeto Farol Projovem Prisional ndash Ministeacuterio da Justiccedila tendo alguns parceiros Ministeacuterio Cultura Esporte Igualdade Racial e Secretaria Nacional de Juventude 9) Pronaf Jovem ndash Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio 10) Juventude e Meio Ambiente ndash Ministeacuterios da Educaccedilatildeo e do Meio Ambiente com a parceria da Secretaria Nacional de Juventude 11) Escola Aberta ndash Cooperaccedilatildeo teacutecnica entre o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e a UNESCO 12) ProUni ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 13) Reforccedilo agraves Escolas Teacutecnicas e Ampliaccedilatildeo das vagas em Universidades Federais ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 14) Brasil Alfabetizado ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 15) Proeja ndash Ministeacuterios da Educaccedilatildeo e do Trabalho e Emprego 16) Programa Nacional do Livro Didaacutetico para o Ensino Meacutedio (PNLEM) ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 17) Programa Nacional do Livro Didaacutetico para a Alfabetizaccedilatildeo de Jovens e Adultos ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 18) Ampliaccedilatildeo do Bolsa Famiacutelia ndash Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome (BRASIL 2011)

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voltados para a juventude e tinha como objetivo aumentar o niacutevel de escolaridade de

modo a inserir esses jovens no mercado de trabalho (BRASIL 2008)

A primeira versatildeo desse programa foi criada em parceria com a Secretaria Nacional

da Juventude e do Conselho Nacional de Juventude e foi regulamentado atraveacutes do

decreto 5557 de 05102005 e tinha como puacuteblico alvo os jovens de 18 a 24 anos

que ainda natildeo tivessem completado o ensino fundamental mas que tivessem feito

no miacutenimo a 4ordf seacuterie e natildeo poderiam ter viacutenculo formal no mercado de trabalho e

que fossem moradores de capitais e regiotildees metropolitanas com mais de duzentos

mil habitantes Os jovens participantes do programa receberiam uma bolsa no valor

de R$ 10000 (cem reais) e teriam formaccedilatildeo profissional integral associando a

elevaccedilatildeo da escolaridade atraveacutes da formaccedilatildeo baacutesica de 800 horas acrescida da

formaccedilatildeo profissional com carga horaacuteria de 350 horas e 50 horas de atividades de

accedilotildees comunitaacuterias (BRASIL 2008)

O objetivo principal era a elevaccedilatildeo da escolaridade tendo em vista a conclusatildeo do

ensino fundamental a qualificaccedilatildeo profissional e o desenvolvimento de accedilotildees

comunitaacuterias de interesse puacuteblico A gestatildeo era do Grupo Interministerial e da

Secretaria Nacional de Juventude e o financiamento era do Governo Federal que

repassava aos municiacutepios para que esses executassem o programa

Em 2007 foi lanccedilado o Programa ProJovem Integrado que agrupou seis programas

o proacuteprio ProJovem o Agente Jovem Saberes da Terra Escola de Faacutebrica

Juventude cidadatilde e o Consoacutercio da Juventude Tal mudanccedila ocorreu em funccedilatildeo de

estudos feitos pelo sistema de informaccedilatildeo do programa que indicavam que os

jovens excluiacutedos estatildeo mais dispersos geograficamente do que se esperava ldquo[]

apontando a necessidade de ampliar o alcance do programa para cidades menores

uma vez que parte substantiva dos jovens brasileiros deixava de ser contemplada

quando se restringia o atendimento a municiacutepios com mais de 200 mil habitantesrdquo

(BRASIL 2008 p18)

Pesquisas da PNAD2003 (das regiotildees metropolitanas) e do Censo 2000 (nacional)

que tomaram como pesquisa os jovens de 18 a 24 anos com quatro a sete anos de

escolaridade e residentes nas cidades com mais de 200 mil habitantes mostravam

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queda do nuacutemero de jovens excluiacutedos No entanto quando analisado os jovens de

24 a 29 anos esses mesmos iacutendices satildeo crescentes [] evidenciando-se a

necessidade de ampliar a faixa etaacuteria atendida pelo ProJovem de modo a

contemplar tambeacutem os jovens de faixa etaacuteria mais elevada (Brasil 2008 p 18) As

atividades do ProJovem Integrado se iniciam em 2008 atraveacutes de quatro

modalidades

ProJovem Urbano ldquoDestina-se a jovens de 18 a 29 anos que sabem ler e

escrever mas que natildeo concluiacuteram o ensino fundamental Oferece elevaccedilatildeo de

escolaridade com a conclusatildeo do ensino fundamental qualificaccedilatildeo profissional

participaccedilatildeo em accedilotildees de cidadania e uma bolsa mensal de R$ 10000 Com

duraccedilatildeo de 18 meses eacute executado pela Secretaria Nacional de Juventude da

Secretaria-Geral da Presidecircncia da Repuacuteblica15 A modalidade eacute executada

mediante convecircnios firmados entre a Secretaria Nacional de Juventude estados e

municiacutepios Nas cidades com mais de 200 mil habitantes a parceria eacute feita

diretamente com a Prefeitura Municipal Jaacute nas cidades menores essa parceria eacute

firmada com o governo do estado que viabiliza a chegada do Programa nas cidades

menoresrdquo (BRASIL 2010)

ProJovem Campo Executado pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo a modalidade oferece

elevaccedilatildeo de escolaridade com a conclusatildeo do ensino fundamental e capacitaccedilatildeo

profissional de jovens de 18 a 29 anos que atuam na agricultura familiar O curso

tem duraccedilatildeo de 24 meses e eacute ministrado conforme a alternacircncia dos ciclos

agriacutecolas respeitando o periacuteodo em que os alunos trabalham no campo O

programa eacute desenvolvido em parceria com as secretarias estaduais de educaccedilatildeo e

uma rede de instituiccedilotildees puacuteblicas federais mediante convecircnios firmados com o MEC

(BRASIL 2010)

ProJovem Adolescente Executado pelo Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e

Combate agrave Fome (MDS) destina-se a jovens de 15 a 17 anos em situaccedilatildeo de risco

social independentemente da renda familiar ou que integram famiacutelias beneficiaacuterias

do Bolsa Famiacutelia Com duraccedilatildeo de 24 meses oferece proteccedilatildeo social baacutesica e

15

A partir de 2012 a coordenaccedilatildeo geral do ProJovem Urbano migrou da Secretaria Nacional de Juventude para o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (MEC) mas manteve a Secretaria Nacional de Juventude como parte do Comitecirc Gestor

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assistecircncia agraves famiacutelias visando elevar a escolaridade e reduzir os iacutendices de

violecircncia uso de drogas das doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis e gravidez

precoce Os municiacutepios interessados no Programa devem observar os seguintes

criteacuterios a) estar habilitado nos niacuteveis de gestatildeo baacutesica ou plena do Suas b) possuir

Centros de Referecircncia da Assistecircncia Social (CRAS) em funcionamento e registro

no Censo do CRAS c) apresentar a demanda miacutenima de 40 jovens que pertenccedilam a

famiacutelias beneficiaacuterias do Bolsa Famiacutelia (BRASIL 2010)

ProJovem Trabalhador O ProJovem Trabalhador ficou sob a responsabilidade do

Ministeacuterio do Trabalho (MTE) unificando as accedilotildees do Consoacutercio Social da

Juventude Empreendedorismo Juvenil Juventude Cidadatilde e Escola de Faacutebrica

tendo como objetivo ldquo[] preparar o jovem para ocupaccedilotildees com viacutenculo

empregatiacutecio ou para outras atividades produtivas geradoras de renda por meio da

qualificaccedilatildeo social e profissional e do estiacutemulo agrave sua inserccedilatildeo no mundo do trabalhordquo

(Brasil 2008) como estaacute previsto no artigo 37 da Lei 6629 de novembro de 2008

que unificou os programas (BRASIL 2010)

Essa modalidade do ProJovem se destina a jovens de 18 a 29 anos em situaccedilatildeo de

desemprego e cuja renda familiar per capita seja de ateacute um salaacuterio miacutenimo e ainda

que cumpra os seguintes preacute-requisitos a) cursando ou tenha concluiacutedo o ensino

fundamental ou b) cursando ou tenha concluiacutedo o ensino meacutedio e natildeo estejam

cursando ou natildeo tenha concluiacutedo o ensino superior16 (BRASIL 2008 artigo 38)

O ProJovem Trabalhador tem duas submodalidades o Consoacutercio Social da

Juventude e o Juventude Cidadatilde Isto porque o ProJovem Trabalhador natildeo unificou

os programas anteriores do Ministeacuterio do Trabalho ele apenas os agregou sob a

forma da lei Inclusive parte da legislaccedilatildeo eacute diferente para o ProJovem Trabalhador

ndash Consoacutercio Social da Juventude o qual segue a orientaccedilatildeo da Portaria 2043 de 22

de outubro de 2009 o ProJovem Trabalhador ndash Juventude Cidadatilde por sua vez

segue a Portaria 991 de 27 de novembro de 2008 Ambos seguem as orientaccedilotildees

do Decreto 6629 de 2008

16

Nas accedilotildees de empreendedorismo juvenil aleacutem dos jovens referidos no caput tambeacutem poderatildeo ser contemplados aqueles que estejam cursando ou tenham concluiacutedo o ensino superior (Brasil 2008 artigo 38)

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Fato que mostra como eacute prematuro apresentar o ProJovem como a poliacutetica nacional

de juventude pois natildeo basta colocar sob um mesmo nome todas as accedilotildees para que

elas faccedilam assim parte de uma mesma loacutegica e que tenham os mesmos objetivos

Como pensar em projeto unificado Como operar com sistemas de avaliaccedilatildeo

controle e monitoramento E estamos falando aqui apenas de uma das modalidades

do ProJovem as demais estatildeo divididas em outras Secretarias Eacute preciso muito

cuidado para que o programa natildeo apenas camufle a fragmentaccedilatildeo que eacute uma marca

das poliacuteticas de juventude que ao que podemos ver ainda se manteacutem

No que se refere agrave execuccedilatildeo do Programa a legislaccedilatildeo (Termo de Referecircncia 991

de 2008) delega tais execuccedilotildees a Estados e Municiacutepios com populaccedilatildeo com acima

de 20 mil habitantes natildeo haacute necessidade de convecircnio acordo contrato ajuste ou

outro instrumento congecircnere o que natildeo dispensa a prestaccedilatildeo de contas (Brasil

2008)17 Essa forma de gerir a maacutequina puacuteblica que se tornou praacutetica comum na

gestatildeo das poliacuteticas sociais expressa a loacutegica da transferecircncia de responsabilidade

do Estado para a sociedade civil quando cabe ao Estado o papel de financiador e

ao terceiro setor o de executor

Tal fenocircmeno eacute parte do processo de reestruturaccedilatildeo produtiva (BEHRING 2003) e

tem impactos diretos no programa principalmente no que se refere agrave continuidade e

agrave qualidade das atividades uma vez que a empresa contratada ou Organizaccedilatildeo da

Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP) tem por objetivo o lucro Satildeo trecircs

atores diretamente envolvidos poreacutem nem sempre com objetivos comuns Conciliar

esses interesses e perspectivas diferentes eacute grande desafio Neste sentido em meio

a tantos personagens e interesses como fazer chegar ao centro do poder os

interesses dos principais interessados os jovens (CASTRO 2012)

Pesquisa realizada pelo Ministeacuterio do Trabalho atraveacutes do Departamento

Intersindical de Estatiacutesticas e Estudo Socioeconocircmicos (DIEESE) referente aos

17

Para a celebraccedilatildeo dos convecircnios a entidade de direito privado sem fins lucrativos na execuccedilatildeo do ProJovem Trabalhador deveraacute ser precedida de seleccedilatildeo por chamada puacuteblica e essas deveratildeo comprovar experiecircncia de no miacutenimo 3 anos no objeto do convecircnio ter capacidade fiacutesica instalada necessaacuteria agrave execuccedilatildeo do objeto do convecircnio ter capacidade teacutecnica e administrativo-operacional adequada para execuccedilatildeo e apresentar proposta com adequaccedilatildeo entre os meios sugeridos seus custos cronogramas e resultados previstos em conformidade com as especificaccedilotildees teacutecnicas do termo de referecircncia e edital de chamada puacuteblica (BRASIL 2008)

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anos de 2010 e 2011 relacionando Juventude e Trabalho no Brasil que apresenta

resultados importantes sobre o perfil do jovem inserido no ProJovem Trabalhador e

alguns dados socioeconocircmicos sobre a juventude brasileira A primeira informaccedilatildeo eacute

sobre o nuacutemero de jovens cadastrados no programa

QUADRO 13 - NUacuteMERO DE JOVENS CADASTRADOS NO PROJOVEM

Brasil Grandes Regiotildees e Unidades da Federaccedilatildeo

HOMENS MULHERES TOTAL

Norte 13509 29524 43033

Nordeste 59095 125207 184302

Sudeste 43597 108104 151701

Sul 18187 40165 58352

Centro-Oeste 11709 35385 47094

Brasil 146097 338385 484482

Fonte MTE Departamento de Poliacuteticas de Trabalho e Emprego para a Juventude DIEESE (2011)

Percebemos assim que cerca de 10 dos jovens brasileiros estatildeo inseridos no

programa o que mostra a relevacircncia e importacircncia do programa levando os

organismos governamentais a se referirem ao programa como a expressatildeo da

poliacutetica nacional de juventude

Interessante observar ainda o nuacutemero das jovens inseridas no programa

representando mais de 60 do total dos jovens participantes fato esse que pode

ser explicado em partes pelos altos iacutendices de desemprego que afetam de forma

diferente as mulheres o que evidencia a inserccedilatildeo ainda precaacuteria da mulher no

mundo do trabalho representando assim que essa pode ser uma oportunidade

importante de inserccedilatildeo no mercado de trabalho para essas jovens

Isso mostra tambeacutem que eacute necessaacuterio pensar o ProJovem Trabalhador que leve

em consideraccedilatildeo as especificidades de ser uma jovem mulher natildeo soacute no que se

refere agrave inserccedilatildeo no mercado de trabalho que eacute objetivo do programa mas tambeacutem

na permanecircncia dessa jovem no programa em quais condiccedilotildees satildeo ofertadas para

isso e principalmente num acompanhamento posterior

Um uacuteltimo dado que natildeo podemos deixar de comentar mesmo que sucintamente se

refere agrave questatildeo da renda Como mostra a tabela abaixo dos jovens inseridos no

ProJovem Trabalhador o percentual de jovens que recebem ou jaacute receberam outros

benefiacutecios sociais eacute relativamente pequeno apenas na regiatildeo Nordeste o iacutendice eacute

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um pouco maior (377) nas demais regiotildees os iacutendices ficam em torno de 15

Esses dados podem mostrar que esses jovens estatildeo quase que totalmente

desassistidos com relaccedilatildeo aos direitos sociais uma vez que ficaram agrave margem do

sistema escolar estatildeo fora do mercado de trabalho (ou inseridos precariamente) e

tambeacutem natildeo satildeo assistidos pelos programas de Assistecircncia Social ou seja satildeo

jovens que estatildeo expostos a uma grande violecircncia urbana de desproteccedilatildeo social

QUADRO 15 - PROPORCcedilAtildeO DE JOVENS CADASTRADOS QUE TEcircM ALGUM MEMBRO DA FAMIacuteLIA QUE RECEBEU AUXIacuteLIO DO GOVERNO

Brasil Grandes Regiotildees e Unidades da Federaccedilatildeo

PERCENTUAL

Norte 165

Nordeste 377

Sudeste 127

Sul 120

Centro Oeste 145

Brasil 210

Fonte MTE Departamento de Poliacuteticas de Trabalho e Emprego para a Juventude Elaboraccedilatildeo DIEESE Obs O total Brasil inclui jovens cadastrados sem informaccedilatildeo para UF DIEESE (2011)

Observando o quadro abaixo que trata especialmente da renda a descriccedilatildeo acima

se fortalece Podemos ver que entre os jovens da populaccedilatildeo rural o salaacuterio em

2010 era em meacutedia de pouco mais de um salaacuterio miacutenimo e dos jovens da zona

urbana a meacutedia no mesmo periacuteodo era de dois salaacuterios miacutenimos

QUADRO 16 - RENDA FAMILIAR DO JOVEM CADASTRADO NO PROGRAMA 2010 BRASIL E GRANDES REGIOtildeES - 2010 (EM )

RURAL R$ 63700

URBANA R$ 104200

TOTAL R$ 103000

Fonte MTE Departamento de Poliacuteticas de Trabalho e Emprego para a Juventude Elaboraccedilatildeo DIEESE (2011)

Percebemos assim que o jovem inserido no programa aleacutem de ter as caracteriacutesticas

que satildeo preacute-requisitos para a entrada no programa tais quais situaccedilatildeo de

desemprego e com renda familiar per capita de ateacute um salaacuterio miacutenimo a maioria dos

jovens inseridos no programa satildeo mulheres de etnia parda entre 18 a 24 anos e

que vecircm de uma histoacuteria de desproteccedilatildeo social

Os jovens inscritos no programa recebem um auxiacutelio financeiro no valor de R$

10000 (cem reais) mensais de caraacuteter temporaacuterio que natildeo podem ser cumulativos

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a outros benefiacutecios sociais de programas federais de natureza semelhante18

devendo o jovem optar por um deles O valor eacute repassado diretamente do governo

federal para os beneficiados do programa atraveacutes de uma conta bancaacuteria O auxiacutelio

poderaacute ser suspenso nas seguintes situaccedilotildees a) recebimento de benefiacutecio de

natureza semelhante de outros programas federais b) frequecircncia mensal abaixo de

75 nas atividades19 c) natildeo atendimento de outras condiccedilotildees da modalidade

(Brasil 2008)

O ProJovem seguindo a loacutegica das demais poliacuteticas sociais utiliza da transferecircncia

de renda articulada ao cumprimento de algumas condicionalidades20 e a principal

delas se relaciona agrave ampliaccedilatildeo da escolaridade e a qualificaccedilatildeo profissional

Analisando a questatildeo da transferecircncia de renda podemos observar que na Ameacuterica

Latina os programas de transferecircncia entram como substituto da ausecircncia de

rendimentos provocada pelo desemprego ou o emprego precarizado confirmando a

centralidade do indiviacuteduo e a responsabilizaccedilatildeo da sociedade (STEIN 2008) e

ganham maior destaque como forma de diminuir a incapacidade de reduzir as

desigualdades que afetam de forma especial a juventude diante da crise do trabalho

e da ausecircncia de direitos efetivamente ldquo[] assegurados do acesso ao lazer e aos

bens culturais e de um sistema educativo capaz de acolher seu novo puacuteblico

ocorrem os programas de transferecircncia de renda aos jovens incapazes por si soacute de

assegurar transformaccedilotildees mais densas nessas esferas []rdquo (SPOSITO

CORRACHANO 2005 p 20) Algumas avaliaccedilotildees apontam o quanto essa renda

tem sido importante para os jovens mesmo que ainda seja percebida como privileacutegio

e natildeo como direito

Jaacute no que se refere agrave ampliaccedilatildeo da escolarizaccedilatildeo aparentemente ela pode ser

percebida como um avanccedilo pois representa do ponto de vista do ato individual e

isolado a perspectiva do acesso agrave educaccedilatildeo que muitas vezes eacute negada agrave juventude

18

Consideram-se de natureza semelhante ao auxiacutelio financeiro mensal a que se refere o caput os benefiacutecios pagos por programas federais dirigidos a indiviacuteduos da mesma faixa etaacuteria do ProJovem (Inciso 5ordm do Artigo 47 da Lei 6629 de novembro de 2008) 19

Para fins da certificaccedilatildeo profissional dos jovens e de pagamento do auxiacutelio financeiro exigir-se-aacute frequecircncia mensal miacutenima de setenta e cinco por cento nas accedilotildees de qualificaccedilatildeo 20

A criaccedilatildeo de condicionalidades para acesso agraves poliacuteticas sociais retomam os seus aspectos mais conservadores uma vez que elas deixam de se configurar como direito

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das classes que vivem do trabalho Entretanto precisamos considerar que o simples

acesso agrave escola por si soacute natildeo garante educaccedilatildeo de qualidade e ainda que natildeo se

resolve o problema com os jovens tornando-os mais ldquoempregaacuteveisrdquo se novos

empregos natildeo satildeo criados

Precisamos considerar ainda que [] a maioria natildeo eacute pobre porque natildeo tem boa

educaccedilatildeo mas na realidade natildeo consegue boa educaccedilatildeo porque eacute pobre

(FRIGOTO 2004 p 192) Natildeo queremos negar a educaccedilatildeo como um direito

elementar e muito menos o potencial de emancipaccedilatildeo que a educaccedilatildeo comporta

pretendemos apenas alertar que um diagnoacutestico equivocado pode trazer respostas

equivocadas Concordamos com Frigotto (2004 p 194) quando afirma que ldquo[] a

crenccedila de que o problema eacute conjuntural pode conduzir a poliacuteticas puacuteblicas

focalizadas e de natureza filantroacutepica ou de administraccedilatildeo e controle da pobreza

sem atentar para poliacuteticas que atacam as estruturas produtoras da desigualdaderdquo A

pobreza nesse contexto passa a ser vista com ausecircncia de capacidades individuais

logo a poliacutetica social se transforma numa estrateacutegia para inserir os pobres no

mercado de trabalho

Ainda sobre essa questatildeo Sposito et al (2006) nos convida agrave analisarmos com

cuidado uma vez que os jovens usuaacuterios dos programas sociais voltados para a

juventude satildeo os mesmos que foram precocemente excluiacutedos da escola (seja por

distorccedilatildeo de seacuterie idade ou outro fator) Logo a mera exigecircncia de retorno agrave mesma

escola que natildeo foi capaz de lidar com essas situaccedilotildees eacute no miacutenimo manter os

processos de segregaccedilatildeo (SPOSITO et al 2006) Segundo os autores podemos

constatar duas consequecircncias desse fato uma eacute o paralelismo das atividades de

caraacuteter socioeducativo que natildeo se articula com a rede puacuteblica de ensino e a outra eacute

a total ausecircncia das poliacuteticas de educaccedilatildeo que se articulem com os programas

sociais para a juventude de modo a redefinir o tipo de proposta de escolaridade

adequada a esses jovens (SPOSITO et al 2006)

Eacute importante mostrar ainda a tendecircncia de valorizaccedilatildeo da socioeducaccedilatildeo contidas

nos programas que natildeo eacute acompanhada das justificativas que induzem a essa

adesatildeo indicando haver uma deficiecircncia nos sistemas de ensino natildeo soacute no campo

pedagoacutegico mas tambeacutem na funccedilatildeo socializadora da escola que natildeo formaria para

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a cidadania21 (SPOSITO et al 2006) fato que estaria criando segundo esses

autores uma via paralela de educaccedilatildeo natildeo-escolar para jovens pobres o que os

leva a questionar se essa via estaria oferecendo uma proposta melhor que a rede

puacuteblica Sendo a resposta afirmativa por que natildeo a articular com o sistema de

ensino Se a resposta for negativa nos faz crer que se trata apenas de ocupar o

tempo livre dos jovens dos bairros pobres

Natildeo podemos deixar de tratar ainda sobre a questatildeo dos instrutores A pesquisa

apresentada por Sposito et al (2006) afirma que as atividades em geral satildeo

realizadas com uma base material precaacuteria e com baixa formaccedilatildeo teacutecnica ou mesmo

escolar que sempre inclui palestras cursos e oficinas Em alguns casos os

programas propotildeem uma formaccedilatildeo geral voltada para a cidadania e outra com foco

no aprendizado de habilidades para o mercado do trabalho

Partindo do que foi apresentado nessa pesquisa citada acima haacute duas grandes

orientaccedilotildees em torno do adolescente pobre e outra em torno do jovem pobre Para

os autores apoacutes anos de promulgaccedilatildeo do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente jaacute

satildeo visiacuteveis os avanccedilos que fazem com que os direitos da crianccedila

independentemente de sua condiccedilatildeo social (ter uma famiacutelia agrave escola sauacutede

proteccedilatildeo do Estado) sejam reconhecidos socialmente mesmo que ainda precisem

ser disputados mas jaacute satildeo reconhecidos

Contudo o mesmo natildeo acontece com os jovens pobres pois para eles eacute impelida

uma imagem que impede o reconhecimento social de seus direitos para esses satildeo

reservadas as accedilotildees de inserccedilatildeo social compensatoacuterias e alto teor socioeducativo

esses satildeo chamados de adolescentes pobres que continuam a ocupar o natildeo-lugar

e soacute se tornam visiacuteveis pela ameaccedila ou pelo risco provocados na sociedade Aos

outros que podem usufruir de alguns direitos mesmo que minimamente o termo

jovem passa a ser fortemente aplicado (SPOSITO et al 2006) evidenciando que as

21

A cidadania como eacute tratada aparece como um conceito muito mais ligado a uma ideia de atividade socializadora com ecircnfase no civismo e no aprendizado de certos valores importantes para essa civilidade o que acaba esvaziando os conteuacutedos da cidadania ligados agrave ideia de direitos prevalecendo a pressuposiccedilatildeo de que jovens e adolescentes pobres - precisam ser atingidos por alguma accedilatildeo que lhes ensine algo (SPOSITO et al 2006)

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poliacuteticas de juventude estatildeo fortemente marcadas pelas concepccedilotildees de juventude

mas sobretudo pelas concepccedilotildees sobre os jovens pobres

Outro aspecto a ser destacado eacute o caraacuteter transitoacuterio das accedilotildees (em meacutedia 02 anos)

natildeo se configurando enquanto uma poliacutetica puacuteblica mantendo o cariz de programa

numa proposta de poliacutetica emergencial para a juventude que mina a construccedilatildeo de

uma poliacutetica puacuteblica nacional e ainda dificultando a avaliaccedilatildeo seacuteria de tais

programas22 (SPOSITO CORRACHANO 2005)

A fragmentaccedilatildeo tambeacutem eacute uma caracteriacutestica marcante no ProJovem Trabalhador

mantendo a visatildeo das poliacuteticas de juventude como um conjunto de caixinhas

isoladas em disputa impedindo o diaacutelogo entre elas cada modalidade estaacute sob

orientaccedilatildeo de um Ministeacuterio diferente e natildeo articulaccedilatildeo entre as modalidades O

caraacuteter fragmentaacuterio das poliacuteticas de juventude se explicita na focalizaccedilatildeo das

diretrizes ldquojovem temaacuteticordquo que expressa o puacuteblico alvo das accedilotildees desenvolvidas

nos diferentes ministeacuterios assim tem-se ldquoo jovem-alunordquo o ldquojovem-filhordquo o ldquojovem-

infratorrdquo a ldquojovem-matildeerdquo ldquoa jovem-que-natildeo-queremos-que-seja-matildeerdquo o rdquojovem-ruralrdquo

e outros (CARRANO 2012)

A transversalizaccedilatildeo dos programas seria uma estrateacutegia de superaccedilatildeo dessa

caracteriacutestica o que requisitaria ldquo[] repensar e fortalecer um pacto pela juventude

que parta da Secretaria Nacional da Juventude e consiga chegar ateacute onde o jovem

estaacute no municiacutepio no bairro e o conecte com o governo federalrdquo (SPOSITO 2012

p 225) pois eacute extremamente importante construir uma rede de atenccedilatildeo para os

jovens que conectem as poliacuteticas municipais estaduais e federais num diaacutelogo

permanente neste sentido as poliacuteticas para esse segmento natildeo devem

simplesmente reproduzir as poliacuteticas de acircmbito nacional elas devem ser efetivadas

e assumidas em todos os acircmbitos de accedilatildeo

Outra questatildeo que aparece no ProJovem Trabalhador comum agraves demais poliacuteticas

destinadas aos jovens eacute que as accedilotildees tecircm se destinado muito mais a oferecer o

que se instituiu como necessidades dos jovens e natildeo aquilo que o jovem apresentou

ou demandou como uma necessidade sua Os jovens precisam de espaccedilo natildeo soacute

22

No caso do ProJovem Trabalhador o programa tem previsatildeo para ser executado em 06 meses

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para receber os projetos jaacute preconcebidos mas sobretudo para dizer o que

precisam individual e coletivamente Para esse autor as accedilotildees destinadas aos

jovens emergem simultaneamente agrave criaccedilatildeo de personagens sociais (protagonistas

empreendedores e outros) de pouco diaacutelogo que atendam muito mais aos interesses

e modelos de poliacuteticas das agecircncias internacionais de desenvolvimento (CARRANO

2012)

Outra questatildeo a ser problematizada eacute que o programa definiu como meta miacutenima a

inserccedilatildeo de no miacutenimo 30 dos jovens no mundo do trabalho sendo admitidas as

seguintes formas de inserccedilatildeo a) emprego formal (comprovado atraveacutes de coacutepias da

carteira assinada dos jovens) b) estaacutegio ou jovem aprendiz (comprovado atraveacutes de

coacutepias dos contratos) c) ou formas alternativas geradoras de renda (Brasil 2008)

Questionamos ateacute que ponto essas possibilidades podem ser entendidas como

estrateacutegias de inserccedilatildeo no mundo do trabalho eou de superaccedilatildeo da precarizaccedilatildeo

das condiccedilotildees de trabalho dos jovens Quais satildeo os viacutenculos de trabalho Qual a

meacutedia de salaacuterio Quais as condiccedilotildees de trabalho Qual a permanecircncia dos jovens

nesses viacutenculos

Reconhecendo a importacircncia dessa estrateacutegia para a sobrevivecircncia dos jovens natildeo

podemos deixar de considerar que ela tambeacutem natildeo deixa de fazer parte de um

processo de naturalizaccedilatildeo das mudanccedilas no mundo do trabalho que culmina na

responsabilizaccedilatildeo dos proacuteprios trabalhadores Eles satildeo convencidos de que eles eacute

que natildeo tecircm grande coisa para vender ou natildeo sabem como vendecirc-la ndash ou seja natildeo

tem ldquocapital humanordquo ocultando desse modo todas as estruturas de distribuiccedilatildeo

desigual e apropriaccedilatildeo desigual dos recursos materiais sociais culturais e

simboacutelicos de nossa sociedade Esse fato faz com que o ldquo[] ldquocapital humanordquo de

um jovem oriundo do contexto popular da ldquoperiferiardquo tenha pouca chance de

equivaler ao de um jovem saiacutedo de um meio privilegiadordquo (BIHR 2007)

Nessa perspectiva o empreendedorismo tambeacutem aparece como estrateacutegia mas na

verdade se assemelha mais a danccedila das cadeiras quando a muacutesica para haacute mais

pessoas de peacute do que cadeiras disponiacuteveis para sentar (POCHAMANN 2005) Em

alguns casos empresas e o Estado ateacute destinam alguns recursos para esses fins

que satildeo ldquo[] importantes mas absolutamente incapazes de gerar mais postos de

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trabalho Uma contribuiccedilatildeo digamos para o ldquosalve-se quem puderrdquo (MATTOSO

1999 p20)

Fato que expressa bem a responsabilizaccedilatildeo do indiviacuteduo por sua situaccedilatildeo de

emprego e desemprego numa clara tentativa de transferir riscos e

responsabilidades ao trabalhador fazendo com que ele assuma a sua

empregabilidade por meio de formaccedilatildeo profissional qualificaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo

Deslocando assim a responsabilidade social do Estado para o plano individual onde

natildeo haacute poliacutetica de emprego apenas indiviacuteduos empregaacuteveis ou natildeo Os indiviacuteduos

afetados pela loacutegica da competiccedilatildeo por empregos inseguros comeccedilam a adaptar-se

a novas condutas psicoloacutegicas do perfil do ldquovencedorrdquo (COSTA 2005)

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A anaacutelise do ProJovem Trabalhador mostra que o programa eacute importante no

cotidiano desses jovens como um instrumento na efetivaccedilatildeo de direitos sociais e

mecanismo de sobrevivecircncia e evidencia que os avanccedilos das poliacuteticas de juventude

no paiacutes natildeo soacute em quantidade mas tambeacutem em qualidade se comparadas com as

experiecircncias anteriores

No entanto ainda haacute muito o que caminhar Podemos dizer que o programa

expressa o perfil das poliacuteticas sociais contemporacircneas Fragmentaccedilatildeo

descentralizaccedilatildeo focalizaccedilatildeo descontinuidade ausecircncia de pesquisas e avaliaccedilotildees

e privatizaccedilatildeo Caracteriacutesticas que precisam ser explicitadas e disputadas na cena

puacuteblica juntamente com as demais poliacuteticas sociais

Para que as poliacuteticas de juventude se transformem em poliacuteticas para a juventude eacute

preciso sair desse ciclo de vitimizaccedilatildeocriminalizaccedilatildeo voluntariadoencerramento ou

prevenccedilatildeorepressatildeo (BATISTA 2007) Para isso eacute necessaacuterio transformar esses

problemas sociais da juventude em problemas socioloacutegicos Esse eacute um exerciacutecio de

interrogaccedilatildeo que gera como produto a incerteza de afirmaccedilotildees antes dadas como

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inquestionaacuteveis Sem o questionamento a juventude se torna um quase bdquomito‟ e

para esse mito eacute necessaacuterio ldquopenetrar no cotidiano do jovemrdquo e questionar ldquo[]

sentiratildeo os jovens estes problemas como seus problemasrdquo (PAIS 2003 p34)

Mas sobretudo eacute preciso dotar de precisotildees conceituais acerca do tema juventude

de modo a iluminarmos os processos de construccedilatildeo de marcos poliacuteticos em

coerecircncia com os marcos conceituais os discursos e programaacuteticas deixando de

conceber aos jovens sobre ldquo[] a noccedilatildeo de um jovem problema e carente visatildeo

que tende agrave geraccedilatildeo de um determinado tipo de poliacutetica de juventude de natureza

compensatoacuteriardquo (LEacuteON 2005 p88)

Fica evidente ainda que a juventude cumpre um papel na atual sociedade

capitalista a de compor a grande massa do exeacutercito industrial de reserva quando a

poliacutetica social para a juventude em especial os programas de transferecircncia de renda

como o ProJovem Trabalhador acabam assumindo o papel de garantir mecanismos

de sobrevivecircncia dos sujeitos juvenis uma vez que natildeo eacute possiacutevel assegurar a

sobrevivecircncia desse segmento da classe trabalhadora atraveacutes da inserccedilatildeo no

trabalho

Abstract Analyze the ProJovem Worker program as one of coping policies changes in the workplace that particularly affected the youth For this we will make a brief background of the relations and working conditions for this population segment and social policies aimed at this audience including the program in question identifying their progress and limits through a bibliographic and documentary research Keywords Labor Social Policy and Youth

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Processo de Avaliaccedilatildeo por Pares (Blind Review - Anaacutelise do Texto Anocircnimo)

Publicado na Revista Vozes dos Vales - wwwufvjmedubrvozes em 10102016

Revista Cientiacutefica Vozes dos Vales - UFVJM - Minas Gerais - Brasil

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UFVJM 1202095-2011 - QUALISCAPES - LATINDEX 22524 - ISSN 2238-6424

Perioacutedico Cientiacutefico Eletrocircnico divulgado nos programas brasileiros Stricto Sensu

(Mestrados e Doutorados) e em universidades de 38 paiacuteses

em diversas aacutereas do conhecimento

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grupos sociais ou pelos proacuteprios indiviacuteduos tidos como jovens para significar uma

seacuterie de comportamentos e atitudes a ela atribuiacutedosrdquo (GROPPO 2000 p 08)

Para a perspectiva classicista uma das diversas perspectivas teoacutericas que tratam da

categoria juventude a reproduccedilatildeo social eacute vista na dimensatildeo da reproduccedilatildeo social

de classes por esta razatildeo o conceito de juventude busca sempre ultrapassar a

visatildeo de fase da vida e encontra-se sempre fundamentada na reproduccedilatildeo das

classes sociais E neste sentido as culturas juvenis seratildeo sempre culturas de

classe entendidas como produto das relaccedilotildees antagocircnicas de classe e muitas

vezes segundo o autor as culturas juvenis satildeo apresentadas como culturas de

resistecircncia pois satildeo negociadas em um quadro de relaccedilotildees de classe Assim as

culturas juvenis tecircm sempre um significado poliacutetico (PAIS 1990 2003)

Eacute preciso considerar que essa perspectiva amplia o debate sobre a categoria social

juventude ultrapassando o campo individual e incluindo na anaacutelise a reproduccedilatildeo das

relaccedilotildees sociais de uma sociedade capitalista Isso porque nessa perspectiva haacute um

processo dialeacutetico entre a cultura dominante e a dominada quando a cultura eacute

reproduzida de forma homogecircnea atraveacutes das diversas instituiccedilotildees sociais (PAIS

2003)

Assim podemos afirmar que juventude eacute ldquo[] uma categoria socialmente construiacuteda

formulada no contexto de particulares circunstacircncias econocircmicas sociais ou

poliacuteticas uma categoria sujeita a modificar-se ao longo do tempordquo (PAIS 2003

p37) Aleacutem dos elementos jaacute apresentados eacute preciso incluir no debate as diversas

realidades da juventude uma vez que mesmo dentro de um tempo soacutecio histoacuterico e

no interior das classes sociais haacute questotildees relevantes tais como etnia gecircnero

ocupaccedilatildeo espacial das cidades sexualidade e outras Logo definir uma perspectiva

para a anaacutelise da categoria social juventude tambeacutem exige pensar as diversidades

da condiccedilatildeo e situaccedilatildeo juvenil

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TRABALHO E POLIacuteTICAS JUVENTUDE

O trabalho eacute a base da sociabilidade humana pois eacute atraveacutes dele que se daacute a

mediaccedilatildeo entre homem e natureza e que se constroem as formas de sobrevivecircncia

independente das formas de sociedade (MARX 2003) Ao longo da histoacuteria o

trabalho vai se metamorfoseando e agrave medida que o homem vai transformando a

natureza transforma a si mesmo e humaniza a natureza acumulando exigecircncias e

necessidades que complexificam e diversificam as relaccedilotildees sociais o que evidencia

que o trabalho eacute o espaccedilo privilegiado para a constituiccedilatildeo do ser social4 por sua

capacidade teleoloacutegica e ontoloacutegica mas tambeacutem por sua capacidade de realizaccedilatildeo

da praacutexis5

Aleacutem dessas dimensotildees o trabalho eacute tambeacutem a principal estrateacutegia para satisfazer

as necessidades vitais sejam elas bioloacutegicas sociais ou culturais logo o natildeo acesso

ao trabalho mesmo sob a forma de trabalho alienado6 eacute uma violecircncia contra a

possibilidade de produzir e reproduzir minimamente a vida (FRIGOTTO 2001)

Neste sentido defender a geraccedilatildeo de trabalho para a juventude eacute defender o direito

agrave sobrevivecircncia dos jovens que vivem do trabalho

Para a juventude a relaccedilatildeo com o trabalho tem um valor ainda maior pois o

ingresso no mercado de trabalho7 tradicionalmente constitui-se em um marco de

passagem da juventude para o ingresso no mundo adulto (CORRACHANO 2012)

4 ldquo[] O indiviacuteduo social eacute um produto histoacuterico [] fruto de condiccedilotildees e relaccedilotildees sociais particulares

e ao mesmo tempo criador da sociedade e natildeo um dado da naturezardquo (IAMAMOTO 2007 p 347) 5 ldquo[] A praacutexis compreende ndash aleacutem do momento laborativo ndash tambeacutem o momento existencial ela se

manifesta tanto na atividade objetiva do homem que transforma a natureza e marca com sentido humano os materiais naturais como na formaccedilatildeo da subjetividade humanardquo [] (KOSIK 2002 p 224) 6 A concepccedilatildeo marxiana de trabalho que o entende como uma unidade contraditoacuteria ndash trabalho

concreto e trabalho abstrato (alienado) Trabalho concreto uacutetil ou trabalho vivo eacute o trabalho que cria valor de uso sendo que este eacute necessaacuterio agrave existecircncia de qualquer sociedade logo em toda sociedade haveraacute trabalho concreto Jaacute o Trabalho abstrato eacute uma especificidade da sociedade capitalista e eacute criador de valor de troca (MARX 2003) Para Netto Braz (2006 p 105) ldquo[] quando o trabalho eacute reduzido agrave condiccedilatildeo de trabalho em geral tem-se o trabalho abstratordquo 7 A reificaccedilatildeo das relaccedilotildees sociais capitalistas que fazem com que as relaccedilotildees entre as mercadorias

assumam caracteriacutesticas de relaccedilotildees sociais pode ser expresso no caso em estudo no uso do termo ldquomercado de trabalhordquo que aparece personificado escondendo ldquo[] que o mercado de trabalho resulta de relaccedilotildees sociais relaccedilotildees de forccedila e de poder vinculadas a interesses de grupos e fraccedilotildees das classes sociais []rdquo (FRIGOTTO 2004 p 182)

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Esse marco de passagem eacute muito tensionado pois como lembra a autora

supracitada historicamente as taxas de desemprego satildeo mais elevadas entre os

jovens que entre os adultos em diferentes paiacuteses e momentos histoacutericos mesmo

em conjunturas de crescimento ou de retraccedilatildeo sendo que em periacuteodos de recessatildeo

as taxas de desemprego juvenis se elevam mais rapidamente que a dos adultos e

nos momentos de expansatildeo diminuem mais lentamente

As transformaccedilotildees no mundo do trabalho8 ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas tornaram

ainda mais complexa a relaccedilatildeo juventude e trabalho uma vez que os jovens satildeo os

mais afetados tambeacutem no processo de precarizaccedilatildeo9 das condiccedilotildees do trabalho

Para eles os postos satildeo aqueles com as menores exigecircncias de qualificaccedilatildeo e de

pior qualidade

Outro aspecto importante eacute a extensatildeo da jornada de trabalho dos jovens de acordo

com dados de 2006 da PNAD ndash Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelio 48

dos jovens de 14 a 29 anos que apenas trabalhavam tinham uma jornada de

trabalho entre 31 a 44 horassemana Jaacute os 453 dos jovens de 14 a 29 anos que

trabalhavam e estudavam tinham uma jornada semanal de 31 a 44 horassemana

Segundo dados de 2006 da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) havia 182

milhotildees de jovens brasileiros ocupados deste aproximadamente 11 milhotildees isto eacute

605 encontravam-se na informalidade enquanto que entre os adultos esse

percentual era de 507

8 A maior mudanccedila eacute a introduccedilatildeo crescente de novas tecnologias o que provoca a reduccedilatildeo na

demanda por trabalho vivo As consequecircncias natildeo se limitam a isso e apontam outras trecircs principais consequecircncias 1) expansatildeo das fronteiras do trabalhador coletivo quando as atividades realizadas pelos trabalhadores se tornam cada vez mais complexas e amplas 2) dada a ampliaccedilatildeo anterior o trabalhador eacute requisitado a desenvolver atividades muacuteltiplas o que exige um trabalhador mais qualificado e polivalente 3) se refere agrave gestatildeo da forccedila de trabalho quando se recorre agrave ldquoparticipaccedilatildeordquo ldquoenvolvimentordquo dos trabalhadores reduzindo hierarquias atraveacutes das equipes de trabalho na clara intenccedilatildeo de desconstruir a consciecircncia de classe e os trabalhadores e operaacuterios passam a ser ldquocolaboradoresrdquo ldquocooperadoresrdquo (NETTO BRAZ 2006) Outras informaccedilotildees consultar Harvey (2003) Antunes (2002) e Antunes (2005) 9 A precarizaccedilatildeo eacute uma das expressotildees das mudanccedilas no mundo do trabalho que natildeo significa

apenas o desemprego mas toda a forma de ampliaccedilatildeo da exploraccedilatildeo e geraccedilatildeo de instabilidade que podem ser expressos em contrataccedilotildees temporaacuterias subcontrataccedilotildees contratos de trabalho mais flexiacuteveis reduccedilatildeo de direitos e salaacuterios ampliaccedilatildeo eou intensificaccedilatildeo da jornada de trabalho Para Harvey (2003 p 144) a ldquo[] atual tendecircncia dos mercados de trabalho eacute reduzir o nuacutemero de trabalhadores bdquocentrais‟ e empregar cada vez mais uma forccedila de trabalho que entra facilmente e eacute demitida sem custos quando as coisas ficam ruinsrdquo

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POLIacuteTICAS PARA JUVENTUDE

Ateacute a deacutecada de 1950 as accedilotildees destinadas agrave juventude no Brasil eram pontuais e

natildeo atendiam especificamente agrave juventude Embasavam-se na perspectiva de tutela

e coerccedilatildeo atendendo preferencialmente agrave crianccedila e ao adolescente pobre com

vista a escondecirc-los da sociedade e promover uma ldquolimpezardquo social (ABRAMO

1987) Um bom exemplo disso eacute a constituiccedilatildeo do Primeiro Coacutedigo de Menores em

1927 que associava diretamente pobreza agrave delinquecircncia estabelecendo medidas

privativas de liberdade para as crianccedilas adolescentes e jovens pobres que eram

reconhecidos como abandonados por sua condiccedilatildeo social

Entre as deacutecadas de 1950 e 1970 quando a Ameacuterica Latina vivencia o periacuteodo do

Desenvolvimentismo as accedilotildees destinadas a esse segmento giravam em torno da

ampliaccedilatildeo da educaccedilatildeo e do controle do tempo livre (SPOSITO CARRANO 2003)

Haacute tambeacutem nesse periacuteodo algumas accedilotildees voltadas para a sauacutede numa perspectiva

de prevenccedilatildeo ao uso de drogas e agrave gravidez na adolescecircncia (UNESCO 2004)

As accedilotildees voltadas para educaccedilatildeo se encaixam dentro da necessidade de se formar

matildeo de obra qualificada que atendesse agraves necessidades da fase do

Desenvolvimentismo no Brasil momento de grande expansatildeo da industrializaccedilatildeo no

Brasil Nesse periacuteodo a educaccedilatildeo ganha um grande destaque se constituindo como

direito ateacute o Ensino Secundaacuterio e haacute uma massiva campanha de alfabetizaccedilatildeo de

adultos A educaccedilatildeo profissional com vista agrave formaccedilatildeo para o mercado de trabalho

tambeacutem ganha maior destaque (NETTO 2005)

Para Abad (2003) esse cenaacuterio eacute favoraacutevel agrave juventude pois foram construiacutedas

estrateacutegias de ascensatildeo e melhorias das condiccedilotildees de vida que atendiam agrave

juventude Para ele essa ampliaccedilatildeo e estiacutemulo agrave educaccedilatildeo fortalece o conceito de

moratoacuteria social propiciando a esse jovem um tempo maior para o estudo e o

preparo para o mercado de trabalho

As mudanccedilas no contexto da Ameacuterica Latina entre as deacutecadas de 1970 e 1980

trazem novas formas de accedilotildees para a juventude Nesse periacuteodo de consolidaccedilatildeo do

capitalismo monopolista e de emergecircncia dos governos totalitaacuterios em toda a

Ameacuterica Latina (NETTO 2005) emergem movimentos sociais revolucionaacuterios onde

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os jovens se inserem ocupando um papel central

As accedilotildees voltadas para a juventude nesse periacuteodo visavam o controle social da

juventude buscando conter o perfil questionador do jovem restringindo a liberdade

civil e introduzindo formas de construccedilatildeo de hegemonia nos espaccedilos educacionais

A forte participaccedilatildeo da juventude nesses espaccedilos de contestaccedilatildeo e enfrentamento

marca profundamente a forma como a juventude eacute vista pela sociedade Os jovens

tiveram um papel fundamental no processo de redemocratizaccedilatildeo a partir da deacutecada

de 1980 e muito deles foram vitimados durante todo o processo de emersatildeo e

decliacutenio da autocracia burguesa no Brasil

Na deacutecada de 1980 jaacute em um cenaacuterio de abertura democraacutetica mas em meio agrave uma

grande recessatildeo aliado agrave diminuiccedilatildeo dos gastos puacuteblicos haacute um quadro de

expansatildeo da pobreza Segundo a UNESCO (2004) nesse contexto outras formas de

organizaccedilotildees juvenis se constroem com a participaccedilatildeo de jovens em situaccedilatildeo de

marginalidade social e econocircmica em sua maioria sem acesso agrave educaccedilatildeo e aos

serviccedilos coletivos Tais movimentos satildeo chamados de ldquodistuacuterbios nacionaisrdquo que

incluiacuteam entre as accedilotildees saques a supermercados e ocupaccedilotildees de preacutedios puacuteblicos

Como uma estrateacutegia paliativa para dar conta desses problemas sociais emergem

em toda Ameacuterica Latina diversos programas de combate agrave pobreza que eram

sustentados atraveacutes da transferecircncia direta de recursos para a populaccedilatildeo atendida

vinculados agrave permanecircncia da crianccedila ou adolescente na escola apesar dessas

iniciativas natildeo terem sido definidas como poliacuteticas para juventude mesmo

atendendo a milhares de jovens com vistas a prevenir ldquocondutas delituosasrdquo

(UNESCO 2004)

No Brasil as estrateacutegias tambeacutem satildeo parecidas Pereira (2007) lembra o lema da

gestatildeo de Sarney ldquoTudo pelo Socialrdquo que iam desde accedilotildees emergenciais

(especialmente as de combate agrave fome e desemprego) ateacute accedilotildees de caraacuteter mais

estruturais de fortalecimento do crescimento econocircmico Aleacutem dos programas de

enfrentamento agrave pobreza recebe destaque tambeacutem as accedilotildees no campo da sauacutede

A deacutecada de 1980 eacute de intensa mobilizaccedilatildeo social A proteccedilatildeo social ganha espaccedilo

nos debates enquanto um marco conceitual e legal que pode ser percebido nos

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avanccedilos com relaccedilatildeo agrave temaacutetica da crianccedila e do adolescente que culmina com a

promulgaccedilatildeo da poliacutetica de proteccedilatildeo integral da crianccedila e do adolescente

consolidada a partir da institucionalizaccedilatildeo do Estatuto da Crianccedila do Adolescente

(ECRIAD) A proteccedilatildeo ao idoso comeccedila jaacute nessa deacutecada a ser discutida entrando

na Lei Orgacircnica da Assistecircncia Social (LOAS) um artigo que estipula um miacutenimo

social para o idoso O mesmo natildeo se daacute com a categoria juventude ela natildeo entra

nas discussotildees da proteccedilatildeo social

Na deacutecada de 1990 haacute uma explosatildeo das accedilotildees voltadas para a juventude Antes do

Governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC) ateacute 1995 existiam apenas 03

projetos voltados para a juventude10 (SPOSITO CARRANO 2003) Jaacute no periacuteodo do

Governo de FHC de 1995 a 2002 identificamos mais de 3011 programas

governamentais divididos em diversos ministeacuterios que incluiacuteam natildeo soacute os jovens

mas tambeacutem adolescentes e 03 accedilotildees natildeo governamentais de abrangecircncia

nacional O ponto alto dessa explosatildeo se daacute no intervalo de 1999 a 2002 quando

foram ativados 18 programas12 Para Sposito Carrano (2003) esse momento eacute uma

verdadeira explosatildeo na temaacutetica de juventude e adolescecircncia poreacutem sem muita

consistecircncia conceitual

Apesar dessa efervescecircncia nas poliacuteticas de juventude para Sposito Carrano (2003)

10

Programa Sauacutede do Adolescente e do Jovem (Ministeacuterio da Sauacutede) Programa Especial de Treinamento (PET - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) e Precircmio Jovem Cientista (Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia) 11

Dos 30 programas estritamente governamentais cinco se localizavam no Ministeacuterio da Educaccedilatildeo seis no Ministeacuterio de Esporte e Turismo seis no Ministeacuterio da Justiccedila um no Ministeacuterio de Desenvolvimento Agraacuterio um no Ministeacuterio da Sauacutede dois no Ministeacuterio de Trabalho e Emprego trecircs no Ministeacuterio de Previdecircncia e Assistecircncia Social dois no Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia dois no Gabinete de Seguranccedila Institucional da Presidecircncia da Repuacuteblica um no Gabinete do Presidente da Repuacuteblica (Projeto Alvorada) e por uacuteltimo um de caraacuteter interministerial especificamente voltado para a integraccedilatildeo das accedilotildees de 11 projetos programas focados em jovens localizado no Ministeacuterio de Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo (Programa Brasil em Accedilatildeo) (SPOSITO CARRANO 2003) 12

Satildeo elas Programa de estudante em convecircnio de Graduaccedilatildeo (MEC e Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores) Projeto Escola Jovem (MEC) Jogos da Juventude (Ministeacuterio do Esporte e Turismo) Olimpiacuteadas Colegiais (Ministeacuterio do Esporte e Turismo) Projeto Navegar (Ministeacuterio do Esporte e Turismo) Serviccedilo Civil Voluntaacuterio (Ministeacuterio do Esporte e Turismo) Programa de Reinserccedilatildeo Social do Adolescente em Conflito com a Lei (Ministeacuterio da Justiccedila) Promoccedilatildeo de Direitos de mulheres jovens vulneraacuteveis ao abuso sexual e agrave exploraccedilatildeo sexual comercial no Brasil (Ministeacuterio da Justiccedila) Programa de Sauacutede do Adolescente e do Jovem (Ministeacuterio da Sauacutede) Jovem Empreendedor (Ministeacuterio do Trabalho e Emprego) Programa Brasil Jovem (Ministeacuterio da Assistecircncia e Providencia Social) Centros da Juventude (Ministeacuterio do Esporte e Turismo) Agente Jovem de Desenvolvimento Social e Humano (Ministeacuterio da Assistecircncia e Providencia Social) Precircmio Jovem Cientista (Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia) Precircmio Jovem Cientista do Futuro (Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia) Comunidade Solidaacuteria (Presidecircncia da Repuacuteblica) e Programa Capacitaccedilatildeo Solidaacuteria

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no periacuteodo de 1995 a 2002 natildeo se pode falar de poliacuteticas estrateacutegicas orientadas

para os jovens mas de algumas propostas que segundo os autores partem da ldquo[]

ideia de prevenccedilatildeo de controle ou efeito compensatoacuterio de problemas que atingem

a juventude transformada em algumas situaccedilotildees ela mesma num problema para a

sociedaderdquo (2003 p 08) Esse fato talvez explique a ausecircncia da juventude nas

accedilotildees de proteccedilatildeo social Importante destacar que a sauacutede a seguranccedila puacuteblica e o

trabalho expressam a materialidade imediata para se pensar as poliacuteticas de

juventude nesse periacuteodo

A deacutecada de 1990 haacute um crescimento exponencial da violecircncia urbana no Brasil e

parte significativa dessa violecircncia aparece atrelada ao jovem Na deacutecada de 1970 a

participaccedilatildeo dos jovens no total das mortes por homiciacutedios foi de 288 jaacute na

deacutecada de 1980 os iacutendices sobem para 319 e na deacutecada de 1990 os iacutendices

chegaram a 347 (POCHMANN 2005 p 236)

Esse cenaacuterio fomenta a necessidade de poliacuteticas sociais para a juventude mas em

grande parte esses programas ldquo[] buscam de certa forma minimizar o potencial

ameaccedilador que os jovens trazem para a vida social alguns deles considerados a

bdquonova classe perigosa‟ que precisa estar sob um campo de forte controlerdquo

(SPOSITO 2003 p 67) O perigo passa a ser visto natildeo mais nos estudantes das

classes meacutedias (como nos anos 60) mas nos jovens pobres marginalizados e

moradores da periferia das grandes cidades

Nos anos 2000 ndash Governo Lula haacute um salto de qualidade13 nas accedilotildees voltadas a

esse puacuteblico dentre elas a criaccedilatildeo do Conselho Nacional de Juventude

(CONJUVE) em 2004 a criaccedilatildeo do Grupo Interministerial a criaccedilatildeo da Secretaria

Nacional de Juventude em 2005 e a realizaccedilatildeo da Conferecircncia Nacional de

Juventude

Outro avanccedilo importante se deu em 2010 quando foi editada a Emenda

Constitucional nordm 65 que altera o contexto incluindo o jovem onde se constava

apenas da famiacutelia da crianccedila do adolescente e do idoso no Capiacutetulo VII do Tiacutetulo

13

O Grupo Interministerial identificou 131 accedilotildees vinculadas a 45 programas e destes 19 satildeo especiacuteficos para os jovens

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VII (Da Ordem Social) Essa modificaccedilatildeo da Emenda nordm652010 coloca a obrigaccedilatildeo

do Estado na satisfaccedilatildeo dos direitos baacutesicos da juventude fato que representa uma

conquista para os jovens brasileiros uma vez que esse eacute o maior instrumento

juriacutedico do paiacutes que passa a assegurar os direitos ldquo[] agrave vida agrave sauacutede ao lazer agrave

profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria []rdquo (BRASIL EC Nordm 652010) e assegura a criaccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas para esse segmento

Analisando as poliacuteticas de juventude no Brasil em 2010 identificamos que existiam

18 programas14 voltados para o puacuteblico jovem e que se desenvolvia vaacuterias accedilotildees

em diversos Ministeacuterios e secretarias Um desses programas eacute o ProJovem que

analisaremos em seguida

PROJOVEM TRABALHADOR

O ProJovem surge em 2005 como resultado de demanda por parte da sociedade

mas sobretudo como resultado do diagnoacutestico realizado do Grupo Interministerial

que recomendava maior integraccedilatildeo e complementaridade entre os programas

14

1) Programa Nacional de Inclusatildeo de Jovens (Projovem) Projovem Urbano Projovem Campo Projovem Trabalhador e Projovem Adolescente ndash Secretaria Nacional de Juventude da Secretaacuteria-Geral da Presidecircncia da Repuacuteblica Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome (MDS) 2) Programa Cultura Viva ndash Ministeacuterio da Cultura 3) Bolsa Atleta ndash Ministeacuterio do Esporte 4) Programa Segundo Tempo ndash Ministeacuterio do Esporte 5) Praccedilas da Juventude ndash Ministeacuterios do Esporte e da Justiccedila 6) Projeto Rondon ndash Ministeacuterio da Defesa em parceria com diversos ministeacuterios 7) Projeto Soldado Cidadatildeo ndash Comandos da Marinha Exeacutercito e Aeronaacuteutica 8) Programa Nacional de Seguranccedila Puacuteblica com Cidadania ndash Pronasci Protejo Jovem Detento Geraccedilatildeo Consciente Pelc Projeto Praccedila da Juventude Pintando a Liberdade e Pintando a Cidadania Pontos de Leitura Pontos de Cultura Projeto Museus Projeto Farol Projovem Prisional ndash Ministeacuterio da Justiccedila tendo alguns parceiros Ministeacuterio Cultura Esporte Igualdade Racial e Secretaria Nacional de Juventude 9) Pronaf Jovem ndash Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio 10) Juventude e Meio Ambiente ndash Ministeacuterios da Educaccedilatildeo e do Meio Ambiente com a parceria da Secretaria Nacional de Juventude 11) Escola Aberta ndash Cooperaccedilatildeo teacutecnica entre o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e a UNESCO 12) ProUni ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 13) Reforccedilo agraves Escolas Teacutecnicas e Ampliaccedilatildeo das vagas em Universidades Federais ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 14) Brasil Alfabetizado ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 15) Proeja ndash Ministeacuterios da Educaccedilatildeo e do Trabalho e Emprego 16) Programa Nacional do Livro Didaacutetico para o Ensino Meacutedio (PNLEM) ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 17) Programa Nacional do Livro Didaacutetico para a Alfabetizaccedilatildeo de Jovens e Adultos ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 18) Ampliaccedilatildeo do Bolsa Famiacutelia ndash Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome (BRASIL 2011)

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voltados para a juventude e tinha como objetivo aumentar o niacutevel de escolaridade de

modo a inserir esses jovens no mercado de trabalho (BRASIL 2008)

A primeira versatildeo desse programa foi criada em parceria com a Secretaria Nacional

da Juventude e do Conselho Nacional de Juventude e foi regulamentado atraveacutes do

decreto 5557 de 05102005 e tinha como puacuteblico alvo os jovens de 18 a 24 anos

que ainda natildeo tivessem completado o ensino fundamental mas que tivessem feito

no miacutenimo a 4ordf seacuterie e natildeo poderiam ter viacutenculo formal no mercado de trabalho e

que fossem moradores de capitais e regiotildees metropolitanas com mais de duzentos

mil habitantes Os jovens participantes do programa receberiam uma bolsa no valor

de R$ 10000 (cem reais) e teriam formaccedilatildeo profissional integral associando a

elevaccedilatildeo da escolaridade atraveacutes da formaccedilatildeo baacutesica de 800 horas acrescida da

formaccedilatildeo profissional com carga horaacuteria de 350 horas e 50 horas de atividades de

accedilotildees comunitaacuterias (BRASIL 2008)

O objetivo principal era a elevaccedilatildeo da escolaridade tendo em vista a conclusatildeo do

ensino fundamental a qualificaccedilatildeo profissional e o desenvolvimento de accedilotildees

comunitaacuterias de interesse puacuteblico A gestatildeo era do Grupo Interministerial e da

Secretaria Nacional de Juventude e o financiamento era do Governo Federal que

repassava aos municiacutepios para que esses executassem o programa

Em 2007 foi lanccedilado o Programa ProJovem Integrado que agrupou seis programas

o proacuteprio ProJovem o Agente Jovem Saberes da Terra Escola de Faacutebrica

Juventude cidadatilde e o Consoacutercio da Juventude Tal mudanccedila ocorreu em funccedilatildeo de

estudos feitos pelo sistema de informaccedilatildeo do programa que indicavam que os

jovens excluiacutedos estatildeo mais dispersos geograficamente do que se esperava ldquo[]

apontando a necessidade de ampliar o alcance do programa para cidades menores

uma vez que parte substantiva dos jovens brasileiros deixava de ser contemplada

quando se restringia o atendimento a municiacutepios com mais de 200 mil habitantesrdquo

(BRASIL 2008 p18)

Pesquisas da PNAD2003 (das regiotildees metropolitanas) e do Censo 2000 (nacional)

que tomaram como pesquisa os jovens de 18 a 24 anos com quatro a sete anos de

escolaridade e residentes nas cidades com mais de 200 mil habitantes mostravam

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queda do nuacutemero de jovens excluiacutedos No entanto quando analisado os jovens de

24 a 29 anos esses mesmos iacutendices satildeo crescentes [] evidenciando-se a

necessidade de ampliar a faixa etaacuteria atendida pelo ProJovem de modo a

contemplar tambeacutem os jovens de faixa etaacuteria mais elevada (Brasil 2008 p 18) As

atividades do ProJovem Integrado se iniciam em 2008 atraveacutes de quatro

modalidades

ProJovem Urbano ldquoDestina-se a jovens de 18 a 29 anos que sabem ler e

escrever mas que natildeo concluiacuteram o ensino fundamental Oferece elevaccedilatildeo de

escolaridade com a conclusatildeo do ensino fundamental qualificaccedilatildeo profissional

participaccedilatildeo em accedilotildees de cidadania e uma bolsa mensal de R$ 10000 Com

duraccedilatildeo de 18 meses eacute executado pela Secretaria Nacional de Juventude da

Secretaria-Geral da Presidecircncia da Repuacuteblica15 A modalidade eacute executada

mediante convecircnios firmados entre a Secretaria Nacional de Juventude estados e

municiacutepios Nas cidades com mais de 200 mil habitantes a parceria eacute feita

diretamente com a Prefeitura Municipal Jaacute nas cidades menores essa parceria eacute

firmada com o governo do estado que viabiliza a chegada do Programa nas cidades

menoresrdquo (BRASIL 2010)

ProJovem Campo Executado pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo a modalidade oferece

elevaccedilatildeo de escolaridade com a conclusatildeo do ensino fundamental e capacitaccedilatildeo

profissional de jovens de 18 a 29 anos que atuam na agricultura familiar O curso

tem duraccedilatildeo de 24 meses e eacute ministrado conforme a alternacircncia dos ciclos

agriacutecolas respeitando o periacuteodo em que os alunos trabalham no campo O

programa eacute desenvolvido em parceria com as secretarias estaduais de educaccedilatildeo e

uma rede de instituiccedilotildees puacuteblicas federais mediante convecircnios firmados com o MEC

(BRASIL 2010)

ProJovem Adolescente Executado pelo Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e

Combate agrave Fome (MDS) destina-se a jovens de 15 a 17 anos em situaccedilatildeo de risco

social independentemente da renda familiar ou que integram famiacutelias beneficiaacuterias

do Bolsa Famiacutelia Com duraccedilatildeo de 24 meses oferece proteccedilatildeo social baacutesica e

15

A partir de 2012 a coordenaccedilatildeo geral do ProJovem Urbano migrou da Secretaria Nacional de Juventude para o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (MEC) mas manteve a Secretaria Nacional de Juventude como parte do Comitecirc Gestor

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assistecircncia agraves famiacutelias visando elevar a escolaridade e reduzir os iacutendices de

violecircncia uso de drogas das doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis e gravidez

precoce Os municiacutepios interessados no Programa devem observar os seguintes

criteacuterios a) estar habilitado nos niacuteveis de gestatildeo baacutesica ou plena do Suas b) possuir

Centros de Referecircncia da Assistecircncia Social (CRAS) em funcionamento e registro

no Censo do CRAS c) apresentar a demanda miacutenima de 40 jovens que pertenccedilam a

famiacutelias beneficiaacuterias do Bolsa Famiacutelia (BRASIL 2010)

ProJovem Trabalhador O ProJovem Trabalhador ficou sob a responsabilidade do

Ministeacuterio do Trabalho (MTE) unificando as accedilotildees do Consoacutercio Social da

Juventude Empreendedorismo Juvenil Juventude Cidadatilde e Escola de Faacutebrica

tendo como objetivo ldquo[] preparar o jovem para ocupaccedilotildees com viacutenculo

empregatiacutecio ou para outras atividades produtivas geradoras de renda por meio da

qualificaccedilatildeo social e profissional e do estiacutemulo agrave sua inserccedilatildeo no mundo do trabalhordquo

(Brasil 2008) como estaacute previsto no artigo 37 da Lei 6629 de novembro de 2008

que unificou os programas (BRASIL 2010)

Essa modalidade do ProJovem se destina a jovens de 18 a 29 anos em situaccedilatildeo de

desemprego e cuja renda familiar per capita seja de ateacute um salaacuterio miacutenimo e ainda

que cumpra os seguintes preacute-requisitos a) cursando ou tenha concluiacutedo o ensino

fundamental ou b) cursando ou tenha concluiacutedo o ensino meacutedio e natildeo estejam

cursando ou natildeo tenha concluiacutedo o ensino superior16 (BRASIL 2008 artigo 38)

O ProJovem Trabalhador tem duas submodalidades o Consoacutercio Social da

Juventude e o Juventude Cidadatilde Isto porque o ProJovem Trabalhador natildeo unificou

os programas anteriores do Ministeacuterio do Trabalho ele apenas os agregou sob a

forma da lei Inclusive parte da legislaccedilatildeo eacute diferente para o ProJovem Trabalhador

ndash Consoacutercio Social da Juventude o qual segue a orientaccedilatildeo da Portaria 2043 de 22

de outubro de 2009 o ProJovem Trabalhador ndash Juventude Cidadatilde por sua vez

segue a Portaria 991 de 27 de novembro de 2008 Ambos seguem as orientaccedilotildees

do Decreto 6629 de 2008

16

Nas accedilotildees de empreendedorismo juvenil aleacutem dos jovens referidos no caput tambeacutem poderatildeo ser contemplados aqueles que estejam cursando ou tenham concluiacutedo o ensino superior (Brasil 2008 artigo 38)

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Fato que mostra como eacute prematuro apresentar o ProJovem como a poliacutetica nacional

de juventude pois natildeo basta colocar sob um mesmo nome todas as accedilotildees para que

elas faccedilam assim parte de uma mesma loacutegica e que tenham os mesmos objetivos

Como pensar em projeto unificado Como operar com sistemas de avaliaccedilatildeo

controle e monitoramento E estamos falando aqui apenas de uma das modalidades

do ProJovem as demais estatildeo divididas em outras Secretarias Eacute preciso muito

cuidado para que o programa natildeo apenas camufle a fragmentaccedilatildeo que eacute uma marca

das poliacuteticas de juventude que ao que podemos ver ainda se manteacutem

No que se refere agrave execuccedilatildeo do Programa a legislaccedilatildeo (Termo de Referecircncia 991

de 2008) delega tais execuccedilotildees a Estados e Municiacutepios com populaccedilatildeo com acima

de 20 mil habitantes natildeo haacute necessidade de convecircnio acordo contrato ajuste ou

outro instrumento congecircnere o que natildeo dispensa a prestaccedilatildeo de contas (Brasil

2008)17 Essa forma de gerir a maacutequina puacuteblica que se tornou praacutetica comum na

gestatildeo das poliacuteticas sociais expressa a loacutegica da transferecircncia de responsabilidade

do Estado para a sociedade civil quando cabe ao Estado o papel de financiador e

ao terceiro setor o de executor

Tal fenocircmeno eacute parte do processo de reestruturaccedilatildeo produtiva (BEHRING 2003) e

tem impactos diretos no programa principalmente no que se refere agrave continuidade e

agrave qualidade das atividades uma vez que a empresa contratada ou Organizaccedilatildeo da

Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP) tem por objetivo o lucro Satildeo trecircs

atores diretamente envolvidos poreacutem nem sempre com objetivos comuns Conciliar

esses interesses e perspectivas diferentes eacute grande desafio Neste sentido em meio

a tantos personagens e interesses como fazer chegar ao centro do poder os

interesses dos principais interessados os jovens (CASTRO 2012)

Pesquisa realizada pelo Ministeacuterio do Trabalho atraveacutes do Departamento

Intersindical de Estatiacutesticas e Estudo Socioeconocircmicos (DIEESE) referente aos

17

Para a celebraccedilatildeo dos convecircnios a entidade de direito privado sem fins lucrativos na execuccedilatildeo do ProJovem Trabalhador deveraacute ser precedida de seleccedilatildeo por chamada puacuteblica e essas deveratildeo comprovar experiecircncia de no miacutenimo 3 anos no objeto do convecircnio ter capacidade fiacutesica instalada necessaacuteria agrave execuccedilatildeo do objeto do convecircnio ter capacidade teacutecnica e administrativo-operacional adequada para execuccedilatildeo e apresentar proposta com adequaccedilatildeo entre os meios sugeridos seus custos cronogramas e resultados previstos em conformidade com as especificaccedilotildees teacutecnicas do termo de referecircncia e edital de chamada puacuteblica (BRASIL 2008)

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anos de 2010 e 2011 relacionando Juventude e Trabalho no Brasil que apresenta

resultados importantes sobre o perfil do jovem inserido no ProJovem Trabalhador e

alguns dados socioeconocircmicos sobre a juventude brasileira A primeira informaccedilatildeo eacute

sobre o nuacutemero de jovens cadastrados no programa

QUADRO 13 - NUacuteMERO DE JOVENS CADASTRADOS NO PROJOVEM

Brasil Grandes Regiotildees e Unidades da Federaccedilatildeo

HOMENS MULHERES TOTAL

Norte 13509 29524 43033

Nordeste 59095 125207 184302

Sudeste 43597 108104 151701

Sul 18187 40165 58352

Centro-Oeste 11709 35385 47094

Brasil 146097 338385 484482

Fonte MTE Departamento de Poliacuteticas de Trabalho e Emprego para a Juventude DIEESE (2011)

Percebemos assim que cerca de 10 dos jovens brasileiros estatildeo inseridos no

programa o que mostra a relevacircncia e importacircncia do programa levando os

organismos governamentais a se referirem ao programa como a expressatildeo da

poliacutetica nacional de juventude

Interessante observar ainda o nuacutemero das jovens inseridas no programa

representando mais de 60 do total dos jovens participantes fato esse que pode

ser explicado em partes pelos altos iacutendices de desemprego que afetam de forma

diferente as mulheres o que evidencia a inserccedilatildeo ainda precaacuteria da mulher no

mundo do trabalho representando assim que essa pode ser uma oportunidade

importante de inserccedilatildeo no mercado de trabalho para essas jovens

Isso mostra tambeacutem que eacute necessaacuterio pensar o ProJovem Trabalhador que leve

em consideraccedilatildeo as especificidades de ser uma jovem mulher natildeo soacute no que se

refere agrave inserccedilatildeo no mercado de trabalho que eacute objetivo do programa mas tambeacutem

na permanecircncia dessa jovem no programa em quais condiccedilotildees satildeo ofertadas para

isso e principalmente num acompanhamento posterior

Um uacuteltimo dado que natildeo podemos deixar de comentar mesmo que sucintamente se

refere agrave questatildeo da renda Como mostra a tabela abaixo dos jovens inseridos no

ProJovem Trabalhador o percentual de jovens que recebem ou jaacute receberam outros

benefiacutecios sociais eacute relativamente pequeno apenas na regiatildeo Nordeste o iacutendice eacute

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um pouco maior (377) nas demais regiotildees os iacutendices ficam em torno de 15

Esses dados podem mostrar que esses jovens estatildeo quase que totalmente

desassistidos com relaccedilatildeo aos direitos sociais uma vez que ficaram agrave margem do

sistema escolar estatildeo fora do mercado de trabalho (ou inseridos precariamente) e

tambeacutem natildeo satildeo assistidos pelos programas de Assistecircncia Social ou seja satildeo

jovens que estatildeo expostos a uma grande violecircncia urbana de desproteccedilatildeo social

QUADRO 15 - PROPORCcedilAtildeO DE JOVENS CADASTRADOS QUE TEcircM ALGUM MEMBRO DA FAMIacuteLIA QUE RECEBEU AUXIacuteLIO DO GOVERNO

Brasil Grandes Regiotildees e Unidades da Federaccedilatildeo

PERCENTUAL

Norte 165

Nordeste 377

Sudeste 127

Sul 120

Centro Oeste 145

Brasil 210

Fonte MTE Departamento de Poliacuteticas de Trabalho e Emprego para a Juventude Elaboraccedilatildeo DIEESE Obs O total Brasil inclui jovens cadastrados sem informaccedilatildeo para UF DIEESE (2011)

Observando o quadro abaixo que trata especialmente da renda a descriccedilatildeo acima

se fortalece Podemos ver que entre os jovens da populaccedilatildeo rural o salaacuterio em

2010 era em meacutedia de pouco mais de um salaacuterio miacutenimo e dos jovens da zona

urbana a meacutedia no mesmo periacuteodo era de dois salaacuterios miacutenimos

QUADRO 16 - RENDA FAMILIAR DO JOVEM CADASTRADO NO PROGRAMA 2010 BRASIL E GRANDES REGIOtildeES - 2010 (EM )

RURAL R$ 63700

URBANA R$ 104200

TOTAL R$ 103000

Fonte MTE Departamento de Poliacuteticas de Trabalho e Emprego para a Juventude Elaboraccedilatildeo DIEESE (2011)

Percebemos assim que o jovem inserido no programa aleacutem de ter as caracteriacutesticas

que satildeo preacute-requisitos para a entrada no programa tais quais situaccedilatildeo de

desemprego e com renda familiar per capita de ateacute um salaacuterio miacutenimo a maioria dos

jovens inseridos no programa satildeo mulheres de etnia parda entre 18 a 24 anos e

que vecircm de uma histoacuteria de desproteccedilatildeo social

Os jovens inscritos no programa recebem um auxiacutelio financeiro no valor de R$

10000 (cem reais) mensais de caraacuteter temporaacuterio que natildeo podem ser cumulativos

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a outros benefiacutecios sociais de programas federais de natureza semelhante18

devendo o jovem optar por um deles O valor eacute repassado diretamente do governo

federal para os beneficiados do programa atraveacutes de uma conta bancaacuteria O auxiacutelio

poderaacute ser suspenso nas seguintes situaccedilotildees a) recebimento de benefiacutecio de

natureza semelhante de outros programas federais b) frequecircncia mensal abaixo de

75 nas atividades19 c) natildeo atendimento de outras condiccedilotildees da modalidade

(Brasil 2008)

O ProJovem seguindo a loacutegica das demais poliacuteticas sociais utiliza da transferecircncia

de renda articulada ao cumprimento de algumas condicionalidades20 e a principal

delas se relaciona agrave ampliaccedilatildeo da escolaridade e a qualificaccedilatildeo profissional

Analisando a questatildeo da transferecircncia de renda podemos observar que na Ameacuterica

Latina os programas de transferecircncia entram como substituto da ausecircncia de

rendimentos provocada pelo desemprego ou o emprego precarizado confirmando a

centralidade do indiviacuteduo e a responsabilizaccedilatildeo da sociedade (STEIN 2008) e

ganham maior destaque como forma de diminuir a incapacidade de reduzir as

desigualdades que afetam de forma especial a juventude diante da crise do trabalho

e da ausecircncia de direitos efetivamente ldquo[] assegurados do acesso ao lazer e aos

bens culturais e de um sistema educativo capaz de acolher seu novo puacuteblico

ocorrem os programas de transferecircncia de renda aos jovens incapazes por si soacute de

assegurar transformaccedilotildees mais densas nessas esferas []rdquo (SPOSITO

CORRACHANO 2005 p 20) Algumas avaliaccedilotildees apontam o quanto essa renda

tem sido importante para os jovens mesmo que ainda seja percebida como privileacutegio

e natildeo como direito

Jaacute no que se refere agrave ampliaccedilatildeo da escolarizaccedilatildeo aparentemente ela pode ser

percebida como um avanccedilo pois representa do ponto de vista do ato individual e

isolado a perspectiva do acesso agrave educaccedilatildeo que muitas vezes eacute negada agrave juventude

18

Consideram-se de natureza semelhante ao auxiacutelio financeiro mensal a que se refere o caput os benefiacutecios pagos por programas federais dirigidos a indiviacuteduos da mesma faixa etaacuteria do ProJovem (Inciso 5ordm do Artigo 47 da Lei 6629 de novembro de 2008) 19

Para fins da certificaccedilatildeo profissional dos jovens e de pagamento do auxiacutelio financeiro exigir-se-aacute frequecircncia mensal miacutenima de setenta e cinco por cento nas accedilotildees de qualificaccedilatildeo 20

A criaccedilatildeo de condicionalidades para acesso agraves poliacuteticas sociais retomam os seus aspectos mais conservadores uma vez que elas deixam de se configurar como direito

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das classes que vivem do trabalho Entretanto precisamos considerar que o simples

acesso agrave escola por si soacute natildeo garante educaccedilatildeo de qualidade e ainda que natildeo se

resolve o problema com os jovens tornando-os mais ldquoempregaacuteveisrdquo se novos

empregos natildeo satildeo criados

Precisamos considerar ainda que [] a maioria natildeo eacute pobre porque natildeo tem boa

educaccedilatildeo mas na realidade natildeo consegue boa educaccedilatildeo porque eacute pobre

(FRIGOTO 2004 p 192) Natildeo queremos negar a educaccedilatildeo como um direito

elementar e muito menos o potencial de emancipaccedilatildeo que a educaccedilatildeo comporta

pretendemos apenas alertar que um diagnoacutestico equivocado pode trazer respostas

equivocadas Concordamos com Frigotto (2004 p 194) quando afirma que ldquo[] a

crenccedila de que o problema eacute conjuntural pode conduzir a poliacuteticas puacuteblicas

focalizadas e de natureza filantroacutepica ou de administraccedilatildeo e controle da pobreza

sem atentar para poliacuteticas que atacam as estruturas produtoras da desigualdaderdquo A

pobreza nesse contexto passa a ser vista com ausecircncia de capacidades individuais

logo a poliacutetica social se transforma numa estrateacutegia para inserir os pobres no

mercado de trabalho

Ainda sobre essa questatildeo Sposito et al (2006) nos convida agrave analisarmos com

cuidado uma vez que os jovens usuaacuterios dos programas sociais voltados para a

juventude satildeo os mesmos que foram precocemente excluiacutedos da escola (seja por

distorccedilatildeo de seacuterie idade ou outro fator) Logo a mera exigecircncia de retorno agrave mesma

escola que natildeo foi capaz de lidar com essas situaccedilotildees eacute no miacutenimo manter os

processos de segregaccedilatildeo (SPOSITO et al 2006) Segundo os autores podemos

constatar duas consequecircncias desse fato uma eacute o paralelismo das atividades de

caraacuteter socioeducativo que natildeo se articula com a rede puacuteblica de ensino e a outra eacute

a total ausecircncia das poliacuteticas de educaccedilatildeo que se articulem com os programas

sociais para a juventude de modo a redefinir o tipo de proposta de escolaridade

adequada a esses jovens (SPOSITO et al 2006)

Eacute importante mostrar ainda a tendecircncia de valorizaccedilatildeo da socioeducaccedilatildeo contidas

nos programas que natildeo eacute acompanhada das justificativas que induzem a essa

adesatildeo indicando haver uma deficiecircncia nos sistemas de ensino natildeo soacute no campo

pedagoacutegico mas tambeacutem na funccedilatildeo socializadora da escola que natildeo formaria para

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a cidadania21 (SPOSITO et al 2006) fato que estaria criando segundo esses

autores uma via paralela de educaccedilatildeo natildeo-escolar para jovens pobres o que os

leva a questionar se essa via estaria oferecendo uma proposta melhor que a rede

puacuteblica Sendo a resposta afirmativa por que natildeo a articular com o sistema de

ensino Se a resposta for negativa nos faz crer que se trata apenas de ocupar o

tempo livre dos jovens dos bairros pobres

Natildeo podemos deixar de tratar ainda sobre a questatildeo dos instrutores A pesquisa

apresentada por Sposito et al (2006) afirma que as atividades em geral satildeo

realizadas com uma base material precaacuteria e com baixa formaccedilatildeo teacutecnica ou mesmo

escolar que sempre inclui palestras cursos e oficinas Em alguns casos os

programas propotildeem uma formaccedilatildeo geral voltada para a cidadania e outra com foco

no aprendizado de habilidades para o mercado do trabalho

Partindo do que foi apresentado nessa pesquisa citada acima haacute duas grandes

orientaccedilotildees em torno do adolescente pobre e outra em torno do jovem pobre Para

os autores apoacutes anos de promulgaccedilatildeo do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente jaacute

satildeo visiacuteveis os avanccedilos que fazem com que os direitos da crianccedila

independentemente de sua condiccedilatildeo social (ter uma famiacutelia agrave escola sauacutede

proteccedilatildeo do Estado) sejam reconhecidos socialmente mesmo que ainda precisem

ser disputados mas jaacute satildeo reconhecidos

Contudo o mesmo natildeo acontece com os jovens pobres pois para eles eacute impelida

uma imagem que impede o reconhecimento social de seus direitos para esses satildeo

reservadas as accedilotildees de inserccedilatildeo social compensatoacuterias e alto teor socioeducativo

esses satildeo chamados de adolescentes pobres que continuam a ocupar o natildeo-lugar

e soacute se tornam visiacuteveis pela ameaccedila ou pelo risco provocados na sociedade Aos

outros que podem usufruir de alguns direitos mesmo que minimamente o termo

jovem passa a ser fortemente aplicado (SPOSITO et al 2006) evidenciando que as

21

A cidadania como eacute tratada aparece como um conceito muito mais ligado a uma ideia de atividade socializadora com ecircnfase no civismo e no aprendizado de certos valores importantes para essa civilidade o que acaba esvaziando os conteuacutedos da cidadania ligados agrave ideia de direitos prevalecendo a pressuposiccedilatildeo de que jovens e adolescentes pobres - precisam ser atingidos por alguma accedilatildeo que lhes ensine algo (SPOSITO et al 2006)

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poliacuteticas de juventude estatildeo fortemente marcadas pelas concepccedilotildees de juventude

mas sobretudo pelas concepccedilotildees sobre os jovens pobres

Outro aspecto a ser destacado eacute o caraacuteter transitoacuterio das accedilotildees (em meacutedia 02 anos)

natildeo se configurando enquanto uma poliacutetica puacuteblica mantendo o cariz de programa

numa proposta de poliacutetica emergencial para a juventude que mina a construccedilatildeo de

uma poliacutetica puacuteblica nacional e ainda dificultando a avaliaccedilatildeo seacuteria de tais

programas22 (SPOSITO CORRACHANO 2005)

A fragmentaccedilatildeo tambeacutem eacute uma caracteriacutestica marcante no ProJovem Trabalhador

mantendo a visatildeo das poliacuteticas de juventude como um conjunto de caixinhas

isoladas em disputa impedindo o diaacutelogo entre elas cada modalidade estaacute sob

orientaccedilatildeo de um Ministeacuterio diferente e natildeo articulaccedilatildeo entre as modalidades O

caraacuteter fragmentaacuterio das poliacuteticas de juventude se explicita na focalizaccedilatildeo das

diretrizes ldquojovem temaacuteticordquo que expressa o puacuteblico alvo das accedilotildees desenvolvidas

nos diferentes ministeacuterios assim tem-se ldquoo jovem-alunordquo o ldquojovem-filhordquo o ldquojovem-

infratorrdquo a ldquojovem-matildeerdquo ldquoa jovem-que-natildeo-queremos-que-seja-matildeerdquo o rdquojovem-ruralrdquo

e outros (CARRANO 2012)

A transversalizaccedilatildeo dos programas seria uma estrateacutegia de superaccedilatildeo dessa

caracteriacutestica o que requisitaria ldquo[] repensar e fortalecer um pacto pela juventude

que parta da Secretaria Nacional da Juventude e consiga chegar ateacute onde o jovem

estaacute no municiacutepio no bairro e o conecte com o governo federalrdquo (SPOSITO 2012

p 225) pois eacute extremamente importante construir uma rede de atenccedilatildeo para os

jovens que conectem as poliacuteticas municipais estaduais e federais num diaacutelogo

permanente neste sentido as poliacuteticas para esse segmento natildeo devem

simplesmente reproduzir as poliacuteticas de acircmbito nacional elas devem ser efetivadas

e assumidas em todos os acircmbitos de accedilatildeo

Outra questatildeo que aparece no ProJovem Trabalhador comum agraves demais poliacuteticas

destinadas aos jovens eacute que as accedilotildees tecircm se destinado muito mais a oferecer o

que se instituiu como necessidades dos jovens e natildeo aquilo que o jovem apresentou

ou demandou como uma necessidade sua Os jovens precisam de espaccedilo natildeo soacute

22

No caso do ProJovem Trabalhador o programa tem previsatildeo para ser executado em 06 meses

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para receber os projetos jaacute preconcebidos mas sobretudo para dizer o que

precisam individual e coletivamente Para esse autor as accedilotildees destinadas aos

jovens emergem simultaneamente agrave criaccedilatildeo de personagens sociais (protagonistas

empreendedores e outros) de pouco diaacutelogo que atendam muito mais aos interesses

e modelos de poliacuteticas das agecircncias internacionais de desenvolvimento (CARRANO

2012)

Outra questatildeo a ser problematizada eacute que o programa definiu como meta miacutenima a

inserccedilatildeo de no miacutenimo 30 dos jovens no mundo do trabalho sendo admitidas as

seguintes formas de inserccedilatildeo a) emprego formal (comprovado atraveacutes de coacutepias da

carteira assinada dos jovens) b) estaacutegio ou jovem aprendiz (comprovado atraveacutes de

coacutepias dos contratos) c) ou formas alternativas geradoras de renda (Brasil 2008)

Questionamos ateacute que ponto essas possibilidades podem ser entendidas como

estrateacutegias de inserccedilatildeo no mundo do trabalho eou de superaccedilatildeo da precarizaccedilatildeo

das condiccedilotildees de trabalho dos jovens Quais satildeo os viacutenculos de trabalho Qual a

meacutedia de salaacuterio Quais as condiccedilotildees de trabalho Qual a permanecircncia dos jovens

nesses viacutenculos

Reconhecendo a importacircncia dessa estrateacutegia para a sobrevivecircncia dos jovens natildeo

podemos deixar de considerar que ela tambeacutem natildeo deixa de fazer parte de um

processo de naturalizaccedilatildeo das mudanccedilas no mundo do trabalho que culmina na

responsabilizaccedilatildeo dos proacuteprios trabalhadores Eles satildeo convencidos de que eles eacute

que natildeo tecircm grande coisa para vender ou natildeo sabem como vendecirc-la ndash ou seja natildeo

tem ldquocapital humanordquo ocultando desse modo todas as estruturas de distribuiccedilatildeo

desigual e apropriaccedilatildeo desigual dos recursos materiais sociais culturais e

simboacutelicos de nossa sociedade Esse fato faz com que o ldquo[] ldquocapital humanordquo de

um jovem oriundo do contexto popular da ldquoperiferiardquo tenha pouca chance de

equivaler ao de um jovem saiacutedo de um meio privilegiadordquo (BIHR 2007)

Nessa perspectiva o empreendedorismo tambeacutem aparece como estrateacutegia mas na

verdade se assemelha mais a danccedila das cadeiras quando a muacutesica para haacute mais

pessoas de peacute do que cadeiras disponiacuteveis para sentar (POCHAMANN 2005) Em

alguns casos empresas e o Estado ateacute destinam alguns recursos para esses fins

que satildeo ldquo[] importantes mas absolutamente incapazes de gerar mais postos de

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trabalho Uma contribuiccedilatildeo digamos para o ldquosalve-se quem puderrdquo (MATTOSO

1999 p20)

Fato que expressa bem a responsabilizaccedilatildeo do indiviacuteduo por sua situaccedilatildeo de

emprego e desemprego numa clara tentativa de transferir riscos e

responsabilidades ao trabalhador fazendo com que ele assuma a sua

empregabilidade por meio de formaccedilatildeo profissional qualificaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo

Deslocando assim a responsabilidade social do Estado para o plano individual onde

natildeo haacute poliacutetica de emprego apenas indiviacuteduos empregaacuteveis ou natildeo Os indiviacuteduos

afetados pela loacutegica da competiccedilatildeo por empregos inseguros comeccedilam a adaptar-se

a novas condutas psicoloacutegicas do perfil do ldquovencedorrdquo (COSTA 2005)

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A anaacutelise do ProJovem Trabalhador mostra que o programa eacute importante no

cotidiano desses jovens como um instrumento na efetivaccedilatildeo de direitos sociais e

mecanismo de sobrevivecircncia e evidencia que os avanccedilos das poliacuteticas de juventude

no paiacutes natildeo soacute em quantidade mas tambeacutem em qualidade se comparadas com as

experiecircncias anteriores

No entanto ainda haacute muito o que caminhar Podemos dizer que o programa

expressa o perfil das poliacuteticas sociais contemporacircneas Fragmentaccedilatildeo

descentralizaccedilatildeo focalizaccedilatildeo descontinuidade ausecircncia de pesquisas e avaliaccedilotildees

e privatizaccedilatildeo Caracteriacutesticas que precisam ser explicitadas e disputadas na cena

puacuteblica juntamente com as demais poliacuteticas sociais

Para que as poliacuteticas de juventude se transformem em poliacuteticas para a juventude eacute

preciso sair desse ciclo de vitimizaccedilatildeocriminalizaccedilatildeo voluntariadoencerramento ou

prevenccedilatildeorepressatildeo (BATISTA 2007) Para isso eacute necessaacuterio transformar esses

problemas sociais da juventude em problemas socioloacutegicos Esse eacute um exerciacutecio de

interrogaccedilatildeo que gera como produto a incerteza de afirmaccedilotildees antes dadas como

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inquestionaacuteveis Sem o questionamento a juventude se torna um quase bdquomito‟ e

para esse mito eacute necessaacuterio ldquopenetrar no cotidiano do jovemrdquo e questionar ldquo[]

sentiratildeo os jovens estes problemas como seus problemasrdquo (PAIS 2003 p34)

Mas sobretudo eacute preciso dotar de precisotildees conceituais acerca do tema juventude

de modo a iluminarmos os processos de construccedilatildeo de marcos poliacuteticos em

coerecircncia com os marcos conceituais os discursos e programaacuteticas deixando de

conceber aos jovens sobre ldquo[] a noccedilatildeo de um jovem problema e carente visatildeo

que tende agrave geraccedilatildeo de um determinado tipo de poliacutetica de juventude de natureza

compensatoacuteriardquo (LEacuteON 2005 p88)

Fica evidente ainda que a juventude cumpre um papel na atual sociedade

capitalista a de compor a grande massa do exeacutercito industrial de reserva quando a

poliacutetica social para a juventude em especial os programas de transferecircncia de renda

como o ProJovem Trabalhador acabam assumindo o papel de garantir mecanismos

de sobrevivecircncia dos sujeitos juvenis uma vez que natildeo eacute possiacutevel assegurar a

sobrevivecircncia desse segmento da classe trabalhadora atraveacutes da inserccedilatildeo no

trabalho

Abstract Analyze the ProJovem Worker program as one of coping policies changes in the workplace that particularly affected the youth For this we will make a brief background of the relations and working conditions for this population segment and social policies aimed at this audience including the program in question identifying their progress and limits through a bibliographic and documentary research Keywords Labor Social Policy and Youth

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SPOSITO Mariacutelia Pontes et al (Org) Juventude e poder local um balanccedilo de

iniciativas puacuteblicas voltadas para os jovens em municiacutepios de regiotildees

metropolitanas Revista Brasileira de Educaccedilatildeo Rio de Janeiro v 11 nordm 32

MaiAgo 2006

UNESCO Poliacuteticas puacuteblicas deparacom as juventudes Brasiacutelia UNESCO

2004

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Processo de Avaliaccedilatildeo por Pares (Blind Review - Anaacutelise do Texto Anocircnimo)

Publicado na Revista Vozes dos Vales - wwwufvjmedubrvozes em 10102016

Revista Cientiacutefica Vozes dos Vales - UFVJM - Minas Gerais - Brasil

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Perioacutedico Cientiacutefico Eletrocircnico divulgado nos programas brasileiros Stricto Sensu

(Mestrados e Doutorados) e em universidades de 38 paiacuteses

em diversas aacutereas do conhecimento

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TRABALHO E POLIacuteTICAS JUVENTUDE

O trabalho eacute a base da sociabilidade humana pois eacute atraveacutes dele que se daacute a

mediaccedilatildeo entre homem e natureza e que se constroem as formas de sobrevivecircncia

independente das formas de sociedade (MARX 2003) Ao longo da histoacuteria o

trabalho vai se metamorfoseando e agrave medida que o homem vai transformando a

natureza transforma a si mesmo e humaniza a natureza acumulando exigecircncias e

necessidades que complexificam e diversificam as relaccedilotildees sociais o que evidencia

que o trabalho eacute o espaccedilo privilegiado para a constituiccedilatildeo do ser social4 por sua

capacidade teleoloacutegica e ontoloacutegica mas tambeacutem por sua capacidade de realizaccedilatildeo

da praacutexis5

Aleacutem dessas dimensotildees o trabalho eacute tambeacutem a principal estrateacutegia para satisfazer

as necessidades vitais sejam elas bioloacutegicas sociais ou culturais logo o natildeo acesso

ao trabalho mesmo sob a forma de trabalho alienado6 eacute uma violecircncia contra a

possibilidade de produzir e reproduzir minimamente a vida (FRIGOTTO 2001)

Neste sentido defender a geraccedilatildeo de trabalho para a juventude eacute defender o direito

agrave sobrevivecircncia dos jovens que vivem do trabalho

Para a juventude a relaccedilatildeo com o trabalho tem um valor ainda maior pois o

ingresso no mercado de trabalho7 tradicionalmente constitui-se em um marco de

passagem da juventude para o ingresso no mundo adulto (CORRACHANO 2012)

4 ldquo[] O indiviacuteduo social eacute um produto histoacuterico [] fruto de condiccedilotildees e relaccedilotildees sociais particulares

e ao mesmo tempo criador da sociedade e natildeo um dado da naturezardquo (IAMAMOTO 2007 p 347) 5 ldquo[] A praacutexis compreende ndash aleacutem do momento laborativo ndash tambeacutem o momento existencial ela se

manifesta tanto na atividade objetiva do homem que transforma a natureza e marca com sentido humano os materiais naturais como na formaccedilatildeo da subjetividade humanardquo [] (KOSIK 2002 p 224) 6 A concepccedilatildeo marxiana de trabalho que o entende como uma unidade contraditoacuteria ndash trabalho

concreto e trabalho abstrato (alienado) Trabalho concreto uacutetil ou trabalho vivo eacute o trabalho que cria valor de uso sendo que este eacute necessaacuterio agrave existecircncia de qualquer sociedade logo em toda sociedade haveraacute trabalho concreto Jaacute o Trabalho abstrato eacute uma especificidade da sociedade capitalista e eacute criador de valor de troca (MARX 2003) Para Netto Braz (2006 p 105) ldquo[] quando o trabalho eacute reduzido agrave condiccedilatildeo de trabalho em geral tem-se o trabalho abstratordquo 7 A reificaccedilatildeo das relaccedilotildees sociais capitalistas que fazem com que as relaccedilotildees entre as mercadorias

assumam caracteriacutesticas de relaccedilotildees sociais pode ser expresso no caso em estudo no uso do termo ldquomercado de trabalhordquo que aparece personificado escondendo ldquo[] que o mercado de trabalho resulta de relaccedilotildees sociais relaccedilotildees de forccedila e de poder vinculadas a interesses de grupos e fraccedilotildees das classes sociais []rdquo (FRIGOTTO 2004 p 182)

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Esse marco de passagem eacute muito tensionado pois como lembra a autora

supracitada historicamente as taxas de desemprego satildeo mais elevadas entre os

jovens que entre os adultos em diferentes paiacuteses e momentos histoacutericos mesmo

em conjunturas de crescimento ou de retraccedilatildeo sendo que em periacuteodos de recessatildeo

as taxas de desemprego juvenis se elevam mais rapidamente que a dos adultos e

nos momentos de expansatildeo diminuem mais lentamente

As transformaccedilotildees no mundo do trabalho8 ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas tornaram

ainda mais complexa a relaccedilatildeo juventude e trabalho uma vez que os jovens satildeo os

mais afetados tambeacutem no processo de precarizaccedilatildeo9 das condiccedilotildees do trabalho

Para eles os postos satildeo aqueles com as menores exigecircncias de qualificaccedilatildeo e de

pior qualidade

Outro aspecto importante eacute a extensatildeo da jornada de trabalho dos jovens de acordo

com dados de 2006 da PNAD ndash Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelio 48

dos jovens de 14 a 29 anos que apenas trabalhavam tinham uma jornada de

trabalho entre 31 a 44 horassemana Jaacute os 453 dos jovens de 14 a 29 anos que

trabalhavam e estudavam tinham uma jornada semanal de 31 a 44 horassemana

Segundo dados de 2006 da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) havia 182

milhotildees de jovens brasileiros ocupados deste aproximadamente 11 milhotildees isto eacute

605 encontravam-se na informalidade enquanto que entre os adultos esse

percentual era de 507

8 A maior mudanccedila eacute a introduccedilatildeo crescente de novas tecnologias o que provoca a reduccedilatildeo na

demanda por trabalho vivo As consequecircncias natildeo se limitam a isso e apontam outras trecircs principais consequecircncias 1) expansatildeo das fronteiras do trabalhador coletivo quando as atividades realizadas pelos trabalhadores se tornam cada vez mais complexas e amplas 2) dada a ampliaccedilatildeo anterior o trabalhador eacute requisitado a desenvolver atividades muacuteltiplas o que exige um trabalhador mais qualificado e polivalente 3) se refere agrave gestatildeo da forccedila de trabalho quando se recorre agrave ldquoparticipaccedilatildeordquo ldquoenvolvimentordquo dos trabalhadores reduzindo hierarquias atraveacutes das equipes de trabalho na clara intenccedilatildeo de desconstruir a consciecircncia de classe e os trabalhadores e operaacuterios passam a ser ldquocolaboradoresrdquo ldquocooperadoresrdquo (NETTO BRAZ 2006) Outras informaccedilotildees consultar Harvey (2003) Antunes (2002) e Antunes (2005) 9 A precarizaccedilatildeo eacute uma das expressotildees das mudanccedilas no mundo do trabalho que natildeo significa

apenas o desemprego mas toda a forma de ampliaccedilatildeo da exploraccedilatildeo e geraccedilatildeo de instabilidade que podem ser expressos em contrataccedilotildees temporaacuterias subcontrataccedilotildees contratos de trabalho mais flexiacuteveis reduccedilatildeo de direitos e salaacuterios ampliaccedilatildeo eou intensificaccedilatildeo da jornada de trabalho Para Harvey (2003 p 144) a ldquo[] atual tendecircncia dos mercados de trabalho eacute reduzir o nuacutemero de trabalhadores bdquocentrais‟ e empregar cada vez mais uma forccedila de trabalho que entra facilmente e eacute demitida sem custos quando as coisas ficam ruinsrdquo

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POLIacuteTICAS PARA JUVENTUDE

Ateacute a deacutecada de 1950 as accedilotildees destinadas agrave juventude no Brasil eram pontuais e

natildeo atendiam especificamente agrave juventude Embasavam-se na perspectiva de tutela

e coerccedilatildeo atendendo preferencialmente agrave crianccedila e ao adolescente pobre com

vista a escondecirc-los da sociedade e promover uma ldquolimpezardquo social (ABRAMO

1987) Um bom exemplo disso eacute a constituiccedilatildeo do Primeiro Coacutedigo de Menores em

1927 que associava diretamente pobreza agrave delinquecircncia estabelecendo medidas

privativas de liberdade para as crianccedilas adolescentes e jovens pobres que eram

reconhecidos como abandonados por sua condiccedilatildeo social

Entre as deacutecadas de 1950 e 1970 quando a Ameacuterica Latina vivencia o periacuteodo do

Desenvolvimentismo as accedilotildees destinadas a esse segmento giravam em torno da

ampliaccedilatildeo da educaccedilatildeo e do controle do tempo livre (SPOSITO CARRANO 2003)

Haacute tambeacutem nesse periacuteodo algumas accedilotildees voltadas para a sauacutede numa perspectiva

de prevenccedilatildeo ao uso de drogas e agrave gravidez na adolescecircncia (UNESCO 2004)

As accedilotildees voltadas para educaccedilatildeo se encaixam dentro da necessidade de se formar

matildeo de obra qualificada que atendesse agraves necessidades da fase do

Desenvolvimentismo no Brasil momento de grande expansatildeo da industrializaccedilatildeo no

Brasil Nesse periacuteodo a educaccedilatildeo ganha um grande destaque se constituindo como

direito ateacute o Ensino Secundaacuterio e haacute uma massiva campanha de alfabetizaccedilatildeo de

adultos A educaccedilatildeo profissional com vista agrave formaccedilatildeo para o mercado de trabalho

tambeacutem ganha maior destaque (NETTO 2005)

Para Abad (2003) esse cenaacuterio eacute favoraacutevel agrave juventude pois foram construiacutedas

estrateacutegias de ascensatildeo e melhorias das condiccedilotildees de vida que atendiam agrave

juventude Para ele essa ampliaccedilatildeo e estiacutemulo agrave educaccedilatildeo fortalece o conceito de

moratoacuteria social propiciando a esse jovem um tempo maior para o estudo e o

preparo para o mercado de trabalho

As mudanccedilas no contexto da Ameacuterica Latina entre as deacutecadas de 1970 e 1980

trazem novas formas de accedilotildees para a juventude Nesse periacuteodo de consolidaccedilatildeo do

capitalismo monopolista e de emergecircncia dos governos totalitaacuterios em toda a

Ameacuterica Latina (NETTO 2005) emergem movimentos sociais revolucionaacuterios onde

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os jovens se inserem ocupando um papel central

As accedilotildees voltadas para a juventude nesse periacuteodo visavam o controle social da

juventude buscando conter o perfil questionador do jovem restringindo a liberdade

civil e introduzindo formas de construccedilatildeo de hegemonia nos espaccedilos educacionais

A forte participaccedilatildeo da juventude nesses espaccedilos de contestaccedilatildeo e enfrentamento

marca profundamente a forma como a juventude eacute vista pela sociedade Os jovens

tiveram um papel fundamental no processo de redemocratizaccedilatildeo a partir da deacutecada

de 1980 e muito deles foram vitimados durante todo o processo de emersatildeo e

decliacutenio da autocracia burguesa no Brasil

Na deacutecada de 1980 jaacute em um cenaacuterio de abertura democraacutetica mas em meio agrave uma

grande recessatildeo aliado agrave diminuiccedilatildeo dos gastos puacuteblicos haacute um quadro de

expansatildeo da pobreza Segundo a UNESCO (2004) nesse contexto outras formas de

organizaccedilotildees juvenis se constroem com a participaccedilatildeo de jovens em situaccedilatildeo de

marginalidade social e econocircmica em sua maioria sem acesso agrave educaccedilatildeo e aos

serviccedilos coletivos Tais movimentos satildeo chamados de ldquodistuacuterbios nacionaisrdquo que

incluiacuteam entre as accedilotildees saques a supermercados e ocupaccedilotildees de preacutedios puacuteblicos

Como uma estrateacutegia paliativa para dar conta desses problemas sociais emergem

em toda Ameacuterica Latina diversos programas de combate agrave pobreza que eram

sustentados atraveacutes da transferecircncia direta de recursos para a populaccedilatildeo atendida

vinculados agrave permanecircncia da crianccedila ou adolescente na escola apesar dessas

iniciativas natildeo terem sido definidas como poliacuteticas para juventude mesmo

atendendo a milhares de jovens com vistas a prevenir ldquocondutas delituosasrdquo

(UNESCO 2004)

No Brasil as estrateacutegias tambeacutem satildeo parecidas Pereira (2007) lembra o lema da

gestatildeo de Sarney ldquoTudo pelo Socialrdquo que iam desde accedilotildees emergenciais

(especialmente as de combate agrave fome e desemprego) ateacute accedilotildees de caraacuteter mais

estruturais de fortalecimento do crescimento econocircmico Aleacutem dos programas de

enfrentamento agrave pobreza recebe destaque tambeacutem as accedilotildees no campo da sauacutede

A deacutecada de 1980 eacute de intensa mobilizaccedilatildeo social A proteccedilatildeo social ganha espaccedilo

nos debates enquanto um marco conceitual e legal que pode ser percebido nos

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avanccedilos com relaccedilatildeo agrave temaacutetica da crianccedila e do adolescente que culmina com a

promulgaccedilatildeo da poliacutetica de proteccedilatildeo integral da crianccedila e do adolescente

consolidada a partir da institucionalizaccedilatildeo do Estatuto da Crianccedila do Adolescente

(ECRIAD) A proteccedilatildeo ao idoso comeccedila jaacute nessa deacutecada a ser discutida entrando

na Lei Orgacircnica da Assistecircncia Social (LOAS) um artigo que estipula um miacutenimo

social para o idoso O mesmo natildeo se daacute com a categoria juventude ela natildeo entra

nas discussotildees da proteccedilatildeo social

Na deacutecada de 1990 haacute uma explosatildeo das accedilotildees voltadas para a juventude Antes do

Governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC) ateacute 1995 existiam apenas 03

projetos voltados para a juventude10 (SPOSITO CARRANO 2003) Jaacute no periacuteodo do

Governo de FHC de 1995 a 2002 identificamos mais de 3011 programas

governamentais divididos em diversos ministeacuterios que incluiacuteam natildeo soacute os jovens

mas tambeacutem adolescentes e 03 accedilotildees natildeo governamentais de abrangecircncia

nacional O ponto alto dessa explosatildeo se daacute no intervalo de 1999 a 2002 quando

foram ativados 18 programas12 Para Sposito Carrano (2003) esse momento eacute uma

verdadeira explosatildeo na temaacutetica de juventude e adolescecircncia poreacutem sem muita

consistecircncia conceitual

Apesar dessa efervescecircncia nas poliacuteticas de juventude para Sposito Carrano (2003)

10

Programa Sauacutede do Adolescente e do Jovem (Ministeacuterio da Sauacutede) Programa Especial de Treinamento (PET - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) e Precircmio Jovem Cientista (Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia) 11

Dos 30 programas estritamente governamentais cinco se localizavam no Ministeacuterio da Educaccedilatildeo seis no Ministeacuterio de Esporte e Turismo seis no Ministeacuterio da Justiccedila um no Ministeacuterio de Desenvolvimento Agraacuterio um no Ministeacuterio da Sauacutede dois no Ministeacuterio de Trabalho e Emprego trecircs no Ministeacuterio de Previdecircncia e Assistecircncia Social dois no Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia dois no Gabinete de Seguranccedila Institucional da Presidecircncia da Repuacuteblica um no Gabinete do Presidente da Repuacuteblica (Projeto Alvorada) e por uacuteltimo um de caraacuteter interministerial especificamente voltado para a integraccedilatildeo das accedilotildees de 11 projetos programas focados em jovens localizado no Ministeacuterio de Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo (Programa Brasil em Accedilatildeo) (SPOSITO CARRANO 2003) 12

Satildeo elas Programa de estudante em convecircnio de Graduaccedilatildeo (MEC e Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores) Projeto Escola Jovem (MEC) Jogos da Juventude (Ministeacuterio do Esporte e Turismo) Olimpiacuteadas Colegiais (Ministeacuterio do Esporte e Turismo) Projeto Navegar (Ministeacuterio do Esporte e Turismo) Serviccedilo Civil Voluntaacuterio (Ministeacuterio do Esporte e Turismo) Programa de Reinserccedilatildeo Social do Adolescente em Conflito com a Lei (Ministeacuterio da Justiccedila) Promoccedilatildeo de Direitos de mulheres jovens vulneraacuteveis ao abuso sexual e agrave exploraccedilatildeo sexual comercial no Brasil (Ministeacuterio da Justiccedila) Programa de Sauacutede do Adolescente e do Jovem (Ministeacuterio da Sauacutede) Jovem Empreendedor (Ministeacuterio do Trabalho e Emprego) Programa Brasil Jovem (Ministeacuterio da Assistecircncia e Providencia Social) Centros da Juventude (Ministeacuterio do Esporte e Turismo) Agente Jovem de Desenvolvimento Social e Humano (Ministeacuterio da Assistecircncia e Providencia Social) Precircmio Jovem Cientista (Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia) Precircmio Jovem Cientista do Futuro (Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia) Comunidade Solidaacuteria (Presidecircncia da Repuacuteblica) e Programa Capacitaccedilatildeo Solidaacuteria

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no periacuteodo de 1995 a 2002 natildeo se pode falar de poliacuteticas estrateacutegicas orientadas

para os jovens mas de algumas propostas que segundo os autores partem da ldquo[]

ideia de prevenccedilatildeo de controle ou efeito compensatoacuterio de problemas que atingem

a juventude transformada em algumas situaccedilotildees ela mesma num problema para a

sociedaderdquo (2003 p 08) Esse fato talvez explique a ausecircncia da juventude nas

accedilotildees de proteccedilatildeo social Importante destacar que a sauacutede a seguranccedila puacuteblica e o

trabalho expressam a materialidade imediata para se pensar as poliacuteticas de

juventude nesse periacuteodo

A deacutecada de 1990 haacute um crescimento exponencial da violecircncia urbana no Brasil e

parte significativa dessa violecircncia aparece atrelada ao jovem Na deacutecada de 1970 a

participaccedilatildeo dos jovens no total das mortes por homiciacutedios foi de 288 jaacute na

deacutecada de 1980 os iacutendices sobem para 319 e na deacutecada de 1990 os iacutendices

chegaram a 347 (POCHMANN 2005 p 236)

Esse cenaacuterio fomenta a necessidade de poliacuteticas sociais para a juventude mas em

grande parte esses programas ldquo[] buscam de certa forma minimizar o potencial

ameaccedilador que os jovens trazem para a vida social alguns deles considerados a

bdquonova classe perigosa‟ que precisa estar sob um campo de forte controlerdquo

(SPOSITO 2003 p 67) O perigo passa a ser visto natildeo mais nos estudantes das

classes meacutedias (como nos anos 60) mas nos jovens pobres marginalizados e

moradores da periferia das grandes cidades

Nos anos 2000 ndash Governo Lula haacute um salto de qualidade13 nas accedilotildees voltadas a

esse puacuteblico dentre elas a criaccedilatildeo do Conselho Nacional de Juventude

(CONJUVE) em 2004 a criaccedilatildeo do Grupo Interministerial a criaccedilatildeo da Secretaria

Nacional de Juventude em 2005 e a realizaccedilatildeo da Conferecircncia Nacional de

Juventude

Outro avanccedilo importante se deu em 2010 quando foi editada a Emenda

Constitucional nordm 65 que altera o contexto incluindo o jovem onde se constava

apenas da famiacutelia da crianccedila do adolescente e do idoso no Capiacutetulo VII do Tiacutetulo

13

O Grupo Interministerial identificou 131 accedilotildees vinculadas a 45 programas e destes 19 satildeo especiacuteficos para os jovens

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VII (Da Ordem Social) Essa modificaccedilatildeo da Emenda nordm652010 coloca a obrigaccedilatildeo

do Estado na satisfaccedilatildeo dos direitos baacutesicos da juventude fato que representa uma

conquista para os jovens brasileiros uma vez que esse eacute o maior instrumento

juriacutedico do paiacutes que passa a assegurar os direitos ldquo[] agrave vida agrave sauacutede ao lazer agrave

profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria []rdquo (BRASIL EC Nordm 652010) e assegura a criaccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas para esse segmento

Analisando as poliacuteticas de juventude no Brasil em 2010 identificamos que existiam

18 programas14 voltados para o puacuteblico jovem e que se desenvolvia vaacuterias accedilotildees

em diversos Ministeacuterios e secretarias Um desses programas eacute o ProJovem que

analisaremos em seguida

PROJOVEM TRABALHADOR

O ProJovem surge em 2005 como resultado de demanda por parte da sociedade

mas sobretudo como resultado do diagnoacutestico realizado do Grupo Interministerial

que recomendava maior integraccedilatildeo e complementaridade entre os programas

14

1) Programa Nacional de Inclusatildeo de Jovens (Projovem) Projovem Urbano Projovem Campo Projovem Trabalhador e Projovem Adolescente ndash Secretaria Nacional de Juventude da Secretaacuteria-Geral da Presidecircncia da Repuacuteblica Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome (MDS) 2) Programa Cultura Viva ndash Ministeacuterio da Cultura 3) Bolsa Atleta ndash Ministeacuterio do Esporte 4) Programa Segundo Tempo ndash Ministeacuterio do Esporte 5) Praccedilas da Juventude ndash Ministeacuterios do Esporte e da Justiccedila 6) Projeto Rondon ndash Ministeacuterio da Defesa em parceria com diversos ministeacuterios 7) Projeto Soldado Cidadatildeo ndash Comandos da Marinha Exeacutercito e Aeronaacuteutica 8) Programa Nacional de Seguranccedila Puacuteblica com Cidadania ndash Pronasci Protejo Jovem Detento Geraccedilatildeo Consciente Pelc Projeto Praccedila da Juventude Pintando a Liberdade e Pintando a Cidadania Pontos de Leitura Pontos de Cultura Projeto Museus Projeto Farol Projovem Prisional ndash Ministeacuterio da Justiccedila tendo alguns parceiros Ministeacuterio Cultura Esporte Igualdade Racial e Secretaria Nacional de Juventude 9) Pronaf Jovem ndash Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio 10) Juventude e Meio Ambiente ndash Ministeacuterios da Educaccedilatildeo e do Meio Ambiente com a parceria da Secretaria Nacional de Juventude 11) Escola Aberta ndash Cooperaccedilatildeo teacutecnica entre o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e a UNESCO 12) ProUni ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 13) Reforccedilo agraves Escolas Teacutecnicas e Ampliaccedilatildeo das vagas em Universidades Federais ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 14) Brasil Alfabetizado ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 15) Proeja ndash Ministeacuterios da Educaccedilatildeo e do Trabalho e Emprego 16) Programa Nacional do Livro Didaacutetico para o Ensino Meacutedio (PNLEM) ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 17) Programa Nacional do Livro Didaacutetico para a Alfabetizaccedilatildeo de Jovens e Adultos ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 18) Ampliaccedilatildeo do Bolsa Famiacutelia ndash Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome (BRASIL 2011)

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voltados para a juventude e tinha como objetivo aumentar o niacutevel de escolaridade de

modo a inserir esses jovens no mercado de trabalho (BRASIL 2008)

A primeira versatildeo desse programa foi criada em parceria com a Secretaria Nacional

da Juventude e do Conselho Nacional de Juventude e foi regulamentado atraveacutes do

decreto 5557 de 05102005 e tinha como puacuteblico alvo os jovens de 18 a 24 anos

que ainda natildeo tivessem completado o ensino fundamental mas que tivessem feito

no miacutenimo a 4ordf seacuterie e natildeo poderiam ter viacutenculo formal no mercado de trabalho e

que fossem moradores de capitais e regiotildees metropolitanas com mais de duzentos

mil habitantes Os jovens participantes do programa receberiam uma bolsa no valor

de R$ 10000 (cem reais) e teriam formaccedilatildeo profissional integral associando a

elevaccedilatildeo da escolaridade atraveacutes da formaccedilatildeo baacutesica de 800 horas acrescida da

formaccedilatildeo profissional com carga horaacuteria de 350 horas e 50 horas de atividades de

accedilotildees comunitaacuterias (BRASIL 2008)

O objetivo principal era a elevaccedilatildeo da escolaridade tendo em vista a conclusatildeo do

ensino fundamental a qualificaccedilatildeo profissional e o desenvolvimento de accedilotildees

comunitaacuterias de interesse puacuteblico A gestatildeo era do Grupo Interministerial e da

Secretaria Nacional de Juventude e o financiamento era do Governo Federal que

repassava aos municiacutepios para que esses executassem o programa

Em 2007 foi lanccedilado o Programa ProJovem Integrado que agrupou seis programas

o proacuteprio ProJovem o Agente Jovem Saberes da Terra Escola de Faacutebrica

Juventude cidadatilde e o Consoacutercio da Juventude Tal mudanccedila ocorreu em funccedilatildeo de

estudos feitos pelo sistema de informaccedilatildeo do programa que indicavam que os

jovens excluiacutedos estatildeo mais dispersos geograficamente do que se esperava ldquo[]

apontando a necessidade de ampliar o alcance do programa para cidades menores

uma vez que parte substantiva dos jovens brasileiros deixava de ser contemplada

quando se restringia o atendimento a municiacutepios com mais de 200 mil habitantesrdquo

(BRASIL 2008 p18)

Pesquisas da PNAD2003 (das regiotildees metropolitanas) e do Censo 2000 (nacional)

que tomaram como pesquisa os jovens de 18 a 24 anos com quatro a sete anos de

escolaridade e residentes nas cidades com mais de 200 mil habitantes mostravam

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queda do nuacutemero de jovens excluiacutedos No entanto quando analisado os jovens de

24 a 29 anos esses mesmos iacutendices satildeo crescentes [] evidenciando-se a

necessidade de ampliar a faixa etaacuteria atendida pelo ProJovem de modo a

contemplar tambeacutem os jovens de faixa etaacuteria mais elevada (Brasil 2008 p 18) As

atividades do ProJovem Integrado se iniciam em 2008 atraveacutes de quatro

modalidades

ProJovem Urbano ldquoDestina-se a jovens de 18 a 29 anos que sabem ler e

escrever mas que natildeo concluiacuteram o ensino fundamental Oferece elevaccedilatildeo de

escolaridade com a conclusatildeo do ensino fundamental qualificaccedilatildeo profissional

participaccedilatildeo em accedilotildees de cidadania e uma bolsa mensal de R$ 10000 Com

duraccedilatildeo de 18 meses eacute executado pela Secretaria Nacional de Juventude da

Secretaria-Geral da Presidecircncia da Repuacuteblica15 A modalidade eacute executada

mediante convecircnios firmados entre a Secretaria Nacional de Juventude estados e

municiacutepios Nas cidades com mais de 200 mil habitantes a parceria eacute feita

diretamente com a Prefeitura Municipal Jaacute nas cidades menores essa parceria eacute

firmada com o governo do estado que viabiliza a chegada do Programa nas cidades

menoresrdquo (BRASIL 2010)

ProJovem Campo Executado pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo a modalidade oferece

elevaccedilatildeo de escolaridade com a conclusatildeo do ensino fundamental e capacitaccedilatildeo

profissional de jovens de 18 a 29 anos que atuam na agricultura familiar O curso

tem duraccedilatildeo de 24 meses e eacute ministrado conforme a alternacircncia dos ciclos

agriacutecolas respeitando o periacuteodo em que os alunos trabalham no campo O

programa eacute desenvolvido em parceria com as secretarias estaduais de educaccedilatildeo e

uma rede de instituiccedilotildees puacuteblicas federais mediante convecircnios firmados com o MEC

(BRASIL 2010)

ProJovem Adolescente Executado pelo Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e

Combate agrave Fome (MDS) destina-se a jovens de 15 a 17 anos em situaccedilatildeo de risco

social independentemente da renda familiar ou que integram famiacutelias beneficiaacuterias

do Bolsa Famiacutelia Com duraccedilatildeo de 24 meses oferece proteccedilatildeo social baacutesica e

15

A partir de 2012 a coordenaccedilatildeo geral do ProJovem Urbano migrou da Secretaria Nacional de Juventude para o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (MEC) mas manteve a Secretaria Nacional de Juventude como parte do Comitecirc Gestor

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assistecircncia agraves famiacutelias visando elevar a escolaridade e reduzir os iacutendices de

violecircncia uso de drogas das doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis e gravidez

precoce Os municiacutepios interessados no Programa devem observar os seguintes

criteacuterios a) estar habilitado nos niacuteveis de gestatildeo baacutesica ou plena do Suas b) possuir

Centros de Referecircncia da Assistecircncia Social (CRAS) em funcionamento e registro

no Censo do CRAS c) apresentar a demanda miacutenima de 40 jovens que pertenccedilam a

famiacutelias beneficiaacuterias do Bolsa Famiacutelia (BRASIL 2010)

ProJovem Trabalhador O ProJovem Trabalhador ficou sob a responsabilidade do

Ministeacuterio do Trabalho (MTE) unificando as accedilotildees do Consoacutercio Social da

Juventude Empreendedorismo Juvenil Juventude Cidadatilde e Escola de Faacutebrica

tendo como objetivo ldquo[] preparar o jovem para ocupaccedilotildees com viacutenculo

empregatiacutecio ou para outras atividades produtivas geradoras de renda por meio da

qualificaccedilatildeo social e profissional e do estiacutemulo agrave sua inserccedilatildeo no mundo do trabalhordquo

(Brasil 2008) como estaacute previsto no artigo 37 da Lei 6629 de novembro de 2008

que unificou os programas (BRASIL 2010)

Essa modalidade do ProJovem se destina a jovens de 18 a 29 anos em situaccedilatildeo de

desemprego e cuja renda familiar per capita seja de ateacute um salaacuterio miacutenimo e ainda

que cumpra os seguintes preacute-requisitos a) cursando ou tenha concluiacutedo o ensino

fundamental ou b) cursando ou tenha concluiacutedo o ensino meacutedio e natildeo estejam

cursando ou natildeo tenha concluiacutedo o ensino superior16 (BRASIL 2008 artigo 38)

O ProJovem Trabalhador tem duas submodalidades o Consoacutercio Social da

Juventude e o Juventude Cidadatilde Isto porque o ProJovem Trabalhador natildeo unificou

os programas anteriores do Ministeacuterio do Trabalho ele apenas os agregou sob a

forma da lei Inclusive parte da legislaccedilatildeo eacute diferente para o ProJovem Trabalhador

ndash Consoacutercio Social da Juventude o qual segue a orientaccedilatildeo da Portaria 2043 de 22

de outubro de 2009 o ProJovem Trabalhador ndash Juventude Cidadatilde por sua vez

segue a Portaria 991 de 27 de novembro de 2008 Ambos seguem as orientaccedilotildees

do Decreto 6629 de 2008

16

Nas accedilotildees de empreendedorismo juvenil aleacutem dos jovens referidos no caput tambeacutem poderatildeo ser contemplados aqueles que estejam cursando ou tenham concluiacutedo o ensino superior (Brasil 2008 artigo 38)

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Fato que mostra como eacute prematuro apresentar o ProJovem como a poliacutetica nacional

de juventude pois natildeo basta colocar sob um mesmo nome todas as accedilotildees para que

elas faccedilam assim parte de uma mesma loacutegica e que tenham os mesmos objetivos

Como pensar em projeto unificado Como operar com sistemas de avaliaccedilatildeo

controle e monitoramento E estamos falando aqui apenas de uma das modalidades

do ProJovem as demais estatildeo divididas em outras Secretarias Eacute preciso muito

cuidado para que o programa natildeo apenas camufle a fragmentaccedilatildeo que eacute uma marca

das poliacuteticas de juventude que ao que podemos ver ainda se manteacutem

No que se refere agrave execuccedilatildeo do Programa a legislaccedilatildeo (Termo de Referecircncia 991

de 2008) delega tais execuccedilotildees a Estados e Municiacutepios com populaccedilatildeo com acima

de 20 mil habitantes natildeo haacute necessidade de convecircnio acordo contrato ajuste ou

outro instrumento congecircnere o que natildeo dispensa a prestaccedilatildeo de contas (Brasil

2008)17 Essa forma de gerir a maacutequina puacuteblica que se tornou praacutetica comum na

gestatildeo das poliacuteticas sociais expressa a loacutegica da transferecircncia de responsabilidade

do Estado para a sociedade civil quando cabe ao Estado o papel de financiador e

ao terceiro setor o de executor

Tal fenocircmeno eacute parte do processo de reestruturaccedilatildeo produtiva (BEHRING 2003) e

tem impactos diretos no programa principalmente no que se refere agrave continuidade e

agrave qualidade das atividades uma vez que a empresa contratada ou Organizaccedilatildeo da

Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP) tem por objetivo o lucro Satildeo trecircs

atores diretamente envolvidos poreacutem nem sempre com objetivos comuns Conciliar

esses interesses e perspectivas diferentes eacute grande desafio Neste sentido em meio

a tantos personagens e interesses como fazer chegar ao centro do poder os

interesses dos principais interessados os jovens (CASTRO 2012)

Pesquisa realizada pelo Ministeacuterio do Trabalho atraveacutes do Departamento

Intersindical de Estatiacutesticas e Estudo Socioeconocircmicos (DIEESE) referente aos

17

Para a celebraccedilatildeo dos convecircnios a entidade de direito privado sem fins lucrativos na execuccedilatildeo do ProJovem Trabalhador deveraacute ser precedida de seleccedilatildeo por chamada puacuteblica e essas deveratildeo comprovar experiecircncia de no miacutenimo 3 anos no objeto do convecircnio ter capacidade fiacutesica instalada necessaacuteria agrave execuccedilatildeo do objeto do convecircnio ter capacidade teacutecnica e administrativo-operacional adequada para execuccedilatildeo e apresentar proposta com adequaccedilatildeo entre os meios sugeridos seus custos cronogramas e resultados previstos em conformidade com as especificaccedilotildees teacutecnicas do termo de referecircncia e edital de chamada puacuteblica (BRASIL 2008)

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anos de 2010 e 2011 relacionando Juventude e Trabalho no Brasil que apresenta

resultados importantes sobre o perfil do jovem inserido no ProJovem Trabalhador e

alguns dados socioeconocircmicos sobre a juventude brasileira A primeira informaccedilatildeo eacute

sobre o nuacutemero de jovens cadastrados no programa

QUADRO 13 - NUacuteMERO DE JOVENS CADASTRADOS NO PROJOVEM

Brasil Grandes Regiotildees e Unidades da Federaccedilatildeo

HOMENS MULHERES TOTAL

Norte 13509 29524 43033

Nordeste 59095 125207 184302

Sudeste 43597 108104 151701

Sul 18187 40165 58352

Centro-Oeste 11709 35385 47094

Brasil 146097 338385 484482

Fonte MTE Departamento de Poliacuteticas de Trabalho e Emprego para a Juventude DIEESE (2011)

Percebemos assim que cerca de 10 dos jovens brasileiros estatildeo inseridos no

programa o que mostra a relevacircncia e importacircncia do programa levando os

organismos governamentais a se referirem ao programa como a expressatildeo da

poliacutetica nacional de juventude

Interessante observar ainda o nuacutemero das jovens inseridas no programa

representando mais de 60 do total dos jovens participantes fato esse que pode

ser explicado em partes pelos altos iacutendices de desemprego que afetam de forma

diferente as mulheres o que evidencia a inserccedilatildeo ainda precaacuteria da mulher no

mundo do trabalho representando assim que essa pode ser uma oportunidade

importante de inserccedilatildeo no mercado de trabalho para essas jovens

Isso mostra tambeacutem que eacute necessaacuterio pensar o ProJovem Trabalhador que leve

em consideraccedilatildeo as especificidades de ser uma jovem mulher natildeo soacute no que se

refere agrave inserccedilatildeo no mercado de trabalho que eacute objetivo do programa mas tambeacutem

na permanecircncia dessa jovem no programa em quais condiccedilotildees satildeo ofertadas para

isso e principalmente num acompanhamento posterior

Um uacuteltimo dado que natildeo podemos deixar de comentar mesmo que sucintamente se

refere agrave questatildeo da renda Como mostra a tabela abaixo dos jovens inseridos no

ProJovem Trabalhador o percentual de jovens que recebem ou jaacute receberam outros

benefiacutecios sociais eacute relativamente pequeno apenas na regiatildeo Nordeste o iacutendice eacute

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um pouco maior (377) nas demais regiotildees os iacutendices ficam em torno de 15

Esses dados podem mostrar que esses jovens estatildeo quase que totalmente

desassistidos com relaccedilatildeo aos direitos sociais uma vez que ficaram agrave margem do

sistema escolar estatildeo fora do mercado de trabalho (ou inseridos precariamente) e

tambeacutem natildeo satildeo assistidos pelos programas de Assistecircncia Social ou seja satildeo

jovens que estatildeo expostos a uma grande violecircncia urbana de desproteccedilatildeo social

QUADRO 15 - PROPORCcedilAtildeO DE JOVENS CADASTRADOS QUE TEcircM ALGUM MEMBRO DA FAMIacuteLIA QUE RECEBEU AUXIacuteLIO DO GOVERNO

Brasil Grandes Regiotildees e Unidades da Federaccedilatildeo

PERCENTUAL

Norte 165

Nordeste 377

Sudeste 127

Sul 120

Centro Oeste 145

Brasil 210

Fonte MTE Departamento de Poliacuteticas de Trabalho e Emprego para a Juventude Elaboraccedilatildeo DIEESE Obs O total Brasil inclui jovens cadastrados sem informaccedilatildeo para UF DIEESE (2011)

Observando o quadro abaixo que trata especialmente da renda a descriccedilatildeo acima

se fortalece Podemos ver que entre os jovens da populaccedilatildeo rural o salaacuterio em

2010 era em meacutedia de pouco mais de um salaacuterio miacutenimo e dos jovens da zona

urbana a meacutedia no mesmo periacuteodo era de dois salaacuterios miacutenimos

QUADRO 16 - RENDA FAMILIAR DO JOVEM CADASTRADO NO PROGRAMA 2010 BRASIL E GRANDES REGIOtildeES - 2010 (EM )

RURAL R$ 63700

URBANA R$ 104200

TOTAL R$ 103000

Fonte MTE Departamento de Poliacuteticas de Trabalho e Emprego para a Juventude Elaboraccedilatildeo DIEESE (2011)

Percebemos assim que o jovem inserido no programa aleacutem de ter as caracteriacutesticas

que satildeo preacute-requisitos para a entrada no programa tais quais situaccedilatildeo de

desemprego e com renda familiar per capita de ateacute um salaacuterio miacutenimo a maioria dos

jovens inseridos no programa satildeo mulheres de etnia parda entre 18 a 24 anos e

que vecircm de uma histoacuteria de desproteccedilatildeo social

Os jovens inscritos no programa recebem um auxiacutelio financeiro no valor de R$

10000 (cem reais) mensais de caraacuteter temporaacuterio que natildeo podem ser cumulativos

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a outros benefiacutecios sociais de programas federais de natureza semelhante18

devendo o jovem optar por um deles O valor eacute repassado diretamente do governo

federal para os beneficiados do programa atraveacutes de uma conta bancaacuteria O auxiacutelio

poderaacute ser suspenso nas seguintes situaccedilotildees a) recebimento de benefiacutecio de

natureza semelhante de outros programas federais b) frequecircncia mensal abaixo de

75 nas atividades19 c) natildeo atendimento de outras condiccedilotildees da modalidade

(Brasil 2008)

O ProJovem seguindo a loacutegica das demais poliacuteticas sociais utiliza da transferecircncia

de renda articulada ao cumprimento de algumas condicionalidades20 e a principal

delas se relaciona agrave ampliaccedilatildeo da escolaridade e a qualificaccedilatildeo profissional

Analisando a questatildeo da transferecircncia de renda podemos observar que na Ameacuterica

Latina os programas de transferecircncia entram como substituto da ausecircncia de

rendimentos provocada pelo desemprego ou o emprego precarizado confirmando a

centralidade do indiviacuteduo e a responsabilizaccedilatildeo da sociedade (STEIN 2008) e

ganham maior destaque como forma de diminuir a incapacidade de reduzir as

desigualdades que afetam de forma especial a juventude diante da crise do trabalho

e da ausecircncia de direitos efetivamente ldquo[] assegurados do acesso ao lazer e aos

bens culturais e de um sistema educativo capaz de acolher seu novo puacuteblico

ocorrem os programas de transferecircncia de renda aos jovens incapazes por si soacute de

assegurar transformaccedilotildees mais densas nessas esferas []rdquo (SPOSITO

CORRACHANO 2005 p 20) Algumas avaliaccedilotildees apontam o quanto essa renda

tem sido importante para os jovens mesmo que ainda seja percebida como privileacutegio

e natildeo como direito

Jaacute no que se refere agrave ampliaccedilatildeo da escolarizaccedilatildeo aparentemente ela pode ser

percebida como um avanccedilo pois representa do ponto de vista do ato individual e

isolado a perspectiva do acesso agrave educaccedilatildeo que muitas vezes eacute negada agrave juventude

18

Consideram-se de natureza semelhante ao auxiacutelio financeiro mensal a que se refere o caput os benefiacutecios pagos por programas federais dirigidos a indiviacuteduos da mesma faixa etaacuteria do ProJovem (Inciso 5ordm do Artigo 47 da Lei 6629 de novembro de 2008) 19

Para fins da certificaccedilatildeo profissional dos jovens e de pagamento do auxiacutelio financeiro exigir-se-aacute frequecircncia mensal miacutenima de setenta e cinco por cento nas accedilotildees de qualificaccedilatildeo 20

A criaccedilatildeo de condicionalidades para acesso agraves poliacuteticas sociais retomam os seus aspectos mais conservadores uma vez que elas deixam de se configurar como direito

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das classes que vivem do trabalho Entretanto precisamos considerar que o simples

acesso agrave escola por si soacute natildeo garante educaccedilatildeo de qualidade e ainda que natildeo se

resolve o problema com os jovens tornando-os mais ldquoempregaacuteveisrdquo se novos

empregos natildeo satildeo criados

Precisamos considerar ainda que [] a maioria natildeo eacute pobre porque natildeo tem boa

educaccedilatildeo mas na realidade natildeo consegue boa educaccedilatildeo porque eacute pobre

(FRIGOTO 2004 p 192) Natildeo queremos negar a educaccedilatildeo como um direito

elementar e muito menos o potencial de emancipaccedilatildeo que a educaccedilatildeo comporta

pretendemos apenas alertar que um diagnoacutestico equivocado pode trazer respostas

equivocadas Concordamos com Frigotto (2004 p 194) quando afirma que ldquo[] a

crenccedila de que o problema eacute conjuntural pode conduzir a poliacuteticas puacuteblicas

focalizadas e de natureza filantroacutepica ou de administraccedilatildeo e controle da pobreza

sem atentar para poliacuteticas que atacam as estruturas produtoras da desigualdaderdquo A

pobreza nesse contexto passa a ser vista com ausecircncia de capacidades individuais

logo a poliacutetica social se transforma numa estrateacutegia para inserir os pobres no

mercado de trabalho

Ainda sobre essa questatildeo Sposito et al (2006) nos convida agrave analisarmos com

cuidado uma vez que os jovens usuaacuterios dos programas sociais voltados para a

juventude satildeo os mesmos que foram precocemente excluiacutedos da escola (seja por

distorccedilatildeo de seacuterie idade ou outro fator) Logo a mera exigecircncia de retorno agrave mesma

escola que natildeo foi capaz de lidar com essas situaccedilotildees eacute no miacutenimo manter os

processos de segregaccedilatildeo (SPOSITO et al 2006) Segundo os autores podemos

constatar duas consequecircncias desse fato uma eacute o paralelismo das atividades de

caraacuteter socioeducativo que natildeo se articula com a rede puacuteblica de ensino e a outra eacute

a total ausecircncia das poliacuteticas de educaccedilatildeo que se articulem com os programas

sociais para a juventude de modo a redefinir o tipo de proposta de escolaridade

adequada a esses jovens (SPOSITO et al 2006)

Eacute importante mostrar ainda a tendecircncia de valorizaccedilatildeo da socioeducaccedilatildeo contidas

nos programas que natildeo eacute acompanhada das justificativas que induzem a essa

adesatildeo indicando haver uma deficiecircncia nos sistemas de ensino natildeo soacute no campo

pedagoacutegico mas tambeacutem na funccedilatildeo socializadora da escola que natildeo formaria para

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a cidadania21 (SPOSITO et al 2006) fato que estaria criando segundo esses

autores uma via paralela de educaccedilatildeo natildeo-escolar para jovens pobres o que os

leva a questionar se essa via estaria oferecendo uma proposta melhor que a rede

puacuteblica Sendo a resposta afirmativa por que natildeo a articular com o sistema de

ensino Se a resposta for negativa nos faz crer que se trata apenas de ocupar o

tempo livre dos jovens dos bairros pobres

Natildeo podemos deixar de tratar ainda sobre a questatildeo dos instrutores A pesquisa

apresentada por Sposito et al (2006) afirma que as atividades em geral satildeo

realizadas com uma base material precaacuteria e com baixa formaccedilatildeo teacutecnica ou mesmo

escolar que sempre inclui palestras cursos e oficinas Em alguns casos os

programas propotildeem uma formaccedilatildeo geral voltada para a cidadania e outra com foco

no aprendizado de habilidades para o mercado do trabalho

Partindo do que foi apresentado nessa pesquisa citada acima haacute duas grandes

orientaccedilotildees em torno do adolescente pobre e outra em torno do jovem pobre Para

os autores apoacutes anos de promulgaccedilatildeo do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente jaacute

satildeo visiacuteveis os avanccedilos que fazem com que os direitos da crianccedila

independentemente de sua condiccedilatildeo social (ter uma famiacutelia agrave escola sauacutede

proteccedilatildeo do Estado) sejam reconhecidos socialmente mesmo que ainda precisem

ser disputados mas jaacute satildeo reconhecidos

Contudo o mesmo natildeo acontece com os jovens pobres pois para eles eacute impelida

uma imagem que impede o reconhecimento social de seus direitos para esses satildeo

reservadas as accedilotildees de inserccedilatildeo social compensatoacuterias e alto teor socioeducativo

esses satildeo chamados de adolescentes pobres que continuam a ocupar o natildeo-lugar

e soacute se tornam visiacuteveis pela ameaccedila ou pelo risco provocados na sociedade Aos

outros que podem usufruir de alguns direitos mesmo que minimamente o termo

jovem passa a ser fortemente aplicado (SPOSITO et al 2006) evidenciando que as

21

A cidadania como eacute tratada aparece como um conceito muito mais ligado a uma ideia de atividade socializadora com ecircnfase no civismo e no aprendizado de certos valores importantes para essa civilidade o que acaba esvaziando os conteuacutedos da cidadania ligados agrave ideia de direitos prevalecendo a pressuposiccedilatildeo de que jovens e adolescentes pobres - precisam ser atingidos por alguma accedilatildeo que lhes ensine algo (SPOSITO et al 2006)

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poliacuteticas de juventude estatildeo fortemente marcadas pelas concepccedilotildees de juventude

mas sobretudo pelas concepccedilotildees sobre os jovens pobres

Outro aspecto a ser destacado eacute o caraacuteter transitoacuterio das accedilotildees (em meacutedia 02 anos)

natildeo se configurando enquanto uma poliacutetica puacuteblica mantendo o cariz de programa

numa proposta de poliacutetica emergencial para a juventude que mina a construccedilatildeo de

uma poliacutetica puacuteblica nacional e ainda dificultando a avaliaccedilatildeo seacuteria de tais

programas22 (SPOSITO CORRACHANO 2005)

A fragmentaccedilatildeo tambeacutem eacute uma caracteriacutestica marcante no ProJovem Trabalhador

mantendo a visatildeo das poliacuteticas de juventude como um conjunto de caixinhas

isoladas em disputa impedindo o diaacutelogo entre elas cada modalidade estaacute sob

orientaccedilatildeo de um Ministeacuterio diferente e natildeo articulaccedilatildeo entre as modalidades O

caraacuteter fragmentaacuterio das poliacuteticas de juventude se explicita na focalizaccedilatildeo das

diretrizes ldquojovem temaacuteticordquo que expressa o puacuteblico alvo das accedilotildees desenvolvidas

nos diferentes ministeacuterios assim tem-se ldquoo jovem-alunordquo o ldquojovem-filhordquo o ldquojovem-

infratorrdquo a ldquojovem-matildeerdquo ldquoa jovem-que-natildeo-queremos-que-seja-matildeerdquo o rdquojovem-ruralrdquo

e outros (CARRANO 2012)

A transversalizaccedilatildeo dos programas seria uma estrateacutegia de superaccedilatildeo dessa

caracteriacutestica o que requisitaria ldquo[] repensar e fortalecer um pacto pela juventude

que parta da Secretaria Nacional da Juventude e consiga chegar ateacute onde o jovem

estaacute no municiacutepio no bairro e o conecte com o governo federalrdquo (SPOSITO 2012

p 225) pois eacute extremamente importante construir uma rede de atenccedilatildeo para os

jovens que conectem as poliacuteticas municipais estaduais e federais num diaacutelogo

permanente neste sentido as poliacuteticas para esse segmento natildeo devem

simplesmente reproduzir as poliacuteticas de acircmbito nacional elas devem ser efetivadas

e assumidas em todos os acircmbitos de accedilatildeo

Outra questatildeo que aparece no ProJovem Trabalhador comum agraves demais poliacuteticas

destinadas aos jovens eacute que as accedilotildees tecircm se destinado muito mais a oferecer o

que se instituiu como necessidades dos jovens e natildeo aquilo que o jovem apresentou

ou demandou como uma necessidade sua Os jovens precisam de espaccedilo natildeo soacute

22

No caso do ProJovem Trabalhador o programa tem previsatildeo para ser executado em 06 meses

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para receber os projetos jaacute preconcebidos mas sobretudo para dizer o que

precisam individual e coletivamente Para esse autor as accedilotildees destinadas aos

jovens emergem simultaneamente agrave criaccedilatildeo de personagens sociais (protagonistas

empreendedores e outros) de pouco diaacutelogo que atendam muito mais aos interesses

e modelos de poliacuteticas das agecircncias internacionais de desenvolvimento (CARRANO

2012)

Outra questatildeo a ser problematizada eacute que o programa definiu como meta miacutenima a

inserccedilatildeo de no miacutenimo 30 dos jovens no mundo do trabalho sendo admitidas as

seguintes formas de inserccedilatildeo a) emprego formal (comprovado atraveacutes de coacutepias da

carteira assinada dos jovens) b) estaacutegio ou jovem aprendiz (comprovado atraveacutes de

coacutepias dos contratos) c) ou formas alternativas geradoras de renda (Brasil 2008)

Questionamos ateacute que ponto essas possibilidades podem ser entendidas como

estrateacutegias de inserccedilatildeo no mundo do trabalho eou de superaccedilatildeo da precarizaccedilatildeo

das condiccedilotildees de trabalho dos jovens Quais satildeo os viacutenculos de trabalho Qual a

meacutedia de salaacuterio Quais as condiccedilotildees de trabalho Qual a permanecircncia dos jovens

nesses viacutenculos

Reconhecendo a importacircncia dessa estrateacutegia para a sobrevivecircncia dos jovens natildeo

podemos deixar de considerar que ela tambeacutem natildeo deixa de fazer parte de um

processo de naturalizaccedilatildeo das mudanccedilas no mundo do trabalho que culmina na

responsabilizaccedilatildeo dos proacuteprios trabalhadores Eles satildeo convencidos de que eles eacute

que natildeo tecircm grande coisa para vender ou natildeo sabem como vendecirc-la ndash ou seja natildeo

tem ldquocapital humanordquo ocultando desse modo todas as estruturas de distribuiccedilatildeo

desigual e apropriaccedilatildeo desigual dos recursos materiais sociais culturais e

simboacutelicos de nossa sociedade Esse fato faz com que o ldquo[] ldquocapital humanordquo de

um jovem oriundo do contexto popular da ldquoperiferiardquo tenha pouca chance de

equivaler ao de um jovem saiacutedo de um meio privilegiadordquo (BIHR 2007)

Nessa perspectiva o empreendedorismo tambeacutem aparece como estrateacutegia mas na

verdade se assemelha mais a danccedila das cadeiras quando a muacutesica para haacute mais

pessoas de peacute do que cadeiras disponiacuteveis para sentar (POCHAMANN 2005) Em

alguns casos empresas e o Estado ateacute destinam alguns recursos para esses fins

que satildeo ldquo[] importantes mas absolutamente incapazes de gerar mais postos de

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trabalho Uma contribuiccedilatildeo digamos para o ldquosalve-se quem puderrdquo (MATTOSO

1999 p20)

Fato que expressa bem a responsabilizaccedilatildeo do indiviacuteduo por sua situaccedilatildeo de

emprego e desemprego numa clara tentativa de transferir riscos e

responsabilidades ao trabalhador fazendo com que ele assuma a sua

empregabilidade por meio de formaccedilatildeo profissional qualificaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo

Deslocando assim a responsabilidade social do Estado para o plano individual onde

natildeo haacute poliacutetica de emprego apenas indiviacuteduos empregaacuteveis ou natildeo Os indiviacuteduos

afetados pela loacutegica da competiccedilatildeo por empregos inseguros comeccedilam a adaptar-se

a novas condutas psicoloacutegicas do perfil do ldquovencedorrdquo (COSTA 2005)

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A anaacutelise do ProJovem Trabalhador mostra que o programa eacute importante no

cotidiano desses jovens como um instrumento na efetivaccedilatildeo de direitos sociais e

mecanismo de sobrevivecircncia e evidencia que os avanccedilos das poliacuteticas de juventude

no paiacutes natildeo soacute em quantidade mas tambeacutem em qualidade se comparadas com as

experiecircncias anteriores

No entanto ainda haacute muito o que caminhar Podemos dizer que o programa

expressa o perfil das poliacuteticas sociais contemporacircneas Fragmentaccedilatildeo

descentralizaccedilatildeo focalizaccedilatildeo descontinuidade ausecircncia de pesquisas e avaliaccedilotildees

e privatizaccedilatildeo Caracteriacutesticas que precisam ser explicitadas e disputadas na cena

puacuteblica juntamente com as demais poliacuteticas sociais

Para que as poliacuteticas de juventude se transformem em poliacuteticas para a juventude eacute

preciso sair desse ciclo de vitimizaccedilatildeocriminalizaccedilatildeo voluntariadoencerramento ou

prevenccedilatildeorepressatildeo (BATISTA 2007) Para isso eacute necessaacuterio transformar esses

problemas sociais da juventude em problemas socioloacutegicos Esse eacute um exerciacutecio de

interrogaccedilatildeo que gera como produto a incerteza de afirmaccedilotildees antes dadas como

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inquestionaacuteveis Sem o questionamento a juventude se torna um quase bdquomito‟ e

para esse mito eacute necessaacuterio ldquopenetrar no cotidiano do jovemrdquo e questionar ldquo[]

sentiratildeo os jovens estes problemas como seus problemasrdquo (PAIS 2003 p34)

Mas sobretudo eacute preciso dotar de precisotildees conceituais acerca do tema juventude

de modo a iluminarmos os processos de construccedilatildeo de marcos poliacuteticos em

coerecircncia com os marcos conceituais os discursos e programaacuteticas deixando de

conceber aos jovens sobre ldquo[] a noccedilatildeo de um jovem problema e carente visatildeo

que tende agrave geraccedilatildeo de um determinado tipo de poliacutetica de juventude de natureza

compensatoacuteriardquo (LEacuteON 2005 p88)

Fica evidente ainda que a juventude cumpre um papel na atual sociedade

capitalista a de compor a grande massa do exeacutercito industrial de reserva quando a

poliacutetica social para a juventude em especial os programas de transferecircncia de renda

como o ProJovem Trabalhador acabam assumindo o papel de garantir mecanismos

de sobrevivecircncia dos sujeitos juvenis uma vez que natildeo eacute possiacutevel assegurar a

sobrevivecircncia desse segmento da classe trabalhadora atraveacutes da inserccedilatildeo no

trabalho

Abstract Analyze the ProJovem Worker program as one of coping policies changes in the workplace that particularly affected the youth For this we will make a brief background of the relations and working conditions for this population segment and social policies aimed at this audience including the program in question identifying their progress and limits through a bibliographic and documentary research Keywords Labor Social Policy and Youth

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Processo de Avaliaccedilatildeo por Pares (Blind Review - Anaacutelise do Texto Anocircnimo)

Publicado na Revista Vozes dos Vales - wwwufvjmedubrvozes em 10102016

Revista Cientiacutefica Vozes dos Vales - UFVJM - Minas Gerais - Brasil

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UFVJM 1202095-2011 - QUALISCAPES - LATINDEX 22524 - ISSN 2238-6424

Perioacutedico Cientiacutefico Eletrocircnico divulgado nos programas brasileiros Stricto Sensu

(Mestrados e Doutorados) e em universidades de 38 paiacuteses

em diversas aacutereas do conhecimento

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Esse marco de passagem eacute muito tensionado pois como lembra a autora

supracitada historicamente as taxas de desemprego satildeo mais elevadas entre os

jovens que entre os adultos em diferentes paiacuteses e momentos histoacutericos mesmo

em conjunturas de crescimento ou de retraccedilatildeo sendo que em periacuteodos de recessatildeo

as taxas de desemprego juvenis se elevam mais rapidamente que a dos adultos e

nos momentos de expansatildeo diminuem mais lentamente

As transformaccedilotildees no mundo do trabalho8 ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas tornaram

ainda mais complexa a relaccedilatildeo juventude e trabalho uma vez que os jovens satildeo os

mais afetados tambeacutem no processo de precarizaccedilatildeo9 das condiccedilotildees do trabalho

Para eles os postos satildeo aqueles com as menores exigecircncias de qualificaccedilatildeo e de

pior qualidade

Outro aspecto importante eacute a extensatildeo da jornada de trabalho dos jovens de acordo

com dados de 2006 da PNAD ndash Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelio 48

dos jovens de 14 a 29 anos que apenas trabalhavam tinham uma jornada de

trabalho entre 31 a 44 horassemana Jaacute os 453 dos jovens de 14 a 29 anos que

trabalhavam e estudavam tinham uma jornada semanal de 31 a 44 horassemana

Segundo dados de 2006 da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) havia 182

milhotildees de jovens brasileiros ocupados deste aproximadamente 11 milhotildees isto eacute

605 encontravam-se na informalidade enquanto que entre os adultos esse

percentual era de 507

8 A maior mudanccedila eacute a introduccedilatildeo crescente de novas tecnologias o que provoca a reduccedilatildeo na

demanda por trabalho vivo As consequecircncias natildeo se limitam a isso e apontam outras trecircs principais consequecircncias 1) expansatildeo das fronteiras do trabalhador coletivo quando as atividades realizadas pelos trabalhadores se tornam cada vez mais complexas e amplas 2) dada a ampliaccedilatildeo anterior o trabalhador eacute requisitado a desenvolver atividades muacuteltiplas o que exige um trabalhador mais qualificado e polivalente 3) se refere agrave gestatildeo da forccedila de trabalho quando se recorre agrave ldquoparticipaccedilatildeordquo ldquoenvolvimentordquo dos trabalhadores reduzindo hierarquias atraveacutes das equipes de trabalho na clara intenccedilatildeo de desconstruir a consciecircncia de classe e os trabalhadores e operaacuterios passam a ser ldquocolaboradoresrdquo ldquocooperadoresrdquo (NETTO BRAZ 2006) Outras informaccedilotildees consultar Harvey (2003) Antunes (2002) e Antunes (2005) 9 A precarizaccedilatildeo eacute uma das expressotildees das mudanccedilas no mundo do trabalho que natildeo significa

apenas o desemprego mas toda a forma de ampliaccedilatildeo da exploraccedilatildeo e geraccedilatildeo de instabilidade que podem ser expressos em contrataccedilotildees temporaacuterias subcontrataccedilotildees contratos de trabalho mais flexiacuteveis reduccedilatildeo de direitos e salaacuterios ampliaccedilatildeo eou intensificaccedilatildeo da jornada de trabalho Para Harvey (2003 p 144) a ldquo[] atual tendecircncia dos mercados de trabalho eacute reduzir o nuacutemero de trabalhadores bdquocentrais‟ e empregar cada vez mais uma forccedila de trabalho que entra facilmente e eacute demitida sem custos quando as coisas ficam ruinsrdquo

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POLIacuteTICAS PARA JUVENTUDE

Ateacute a deacutecada de 1950 as accedilotildees destinadas agrave juventude no Brasil eram pontuais e

natildeo atendiam especificamente agrave juventude Embasavam-se na perspectiva de tutela

e coerccedilatildeo atendendo preferencialmente agrave crianccedila e ao adolescente pobre com

vista a escondecirc-los da sociedade e promover uma ldquolimpezardquo social (ABRAMO

1987) Um bom exemplo disso eacute a constituiccedilatildeo do Primeiro Coacutedigo de Menores em

1927 que associava diretamente pobreza agrave delinquecircncia estabelecendo medidas

privativas de liberdade para as crianccedilas adolescentes e jovens pobres que eram

reconhecidos como abandonados por sua condiccedilatildeo social

Entre as deacutecadas de 1950 e 1970 quando a Ameacuterica Latina vivencia o periacuteodo do

Desenvolvimentismo as accedilotildees destinadas a esse segmento giravam em torno da

ampliaccedilatildeo da educaccedilatildeo e do controle do tempo livre (SPOSITO CARRANO 2003)

Haacute tambeacutem nesse periacuteodo algumas accedilotildees voltadas para a sauacutede numa perspectiva

de prevenccedilatildeo ao uso de drogas e agrave gravidez na adolescecircncia (UNESCO 2004)

As accedilotildees voltadas para educaccedilatildeo se encaixam dentro da necessidade de se formar

matildeo de obra qualificada que atendesse agraves necessidades da fase do

Desenvolvimentismo no Brasil momento de grande expansatildeo da industrializaccedilatildeo no

Brasil Nesse periacuteodo a educaccedilatildeo ganha um grande destaque se constituindo como

direito ateacute o Ensino Secundaacuterio e haacute uma massiva campanha de alfabetizaccedilatildeo de

adultos A educaccedilatildeo profissional com vista agrave formaccedilatildeo para o mercado de trabalho

tambeacutem ganha maior destaque (NETTO 2005)

Para Abad (2003) esse cenaacuterio eacute favoraacutevel agrave juventude pois foram construiacutedas

estrateacutegias de ascensatildeo e melhorias das condiccedilotildees de vida que atendiam agrave

juventude Para ele essa ampliaccedilatildeo e estiacutemulo agrave educaccedilatildeo fortalece o conceito de

moratoacuteria social propiciando a esse jovem um tempo maior para o estudo e o

preparo para o mercado de trabalho

As mudanccedilas no contexto da Ameacuterica Latina entre as deacutecadas de 1970 e 1980

trazem novas formas de accedilotildees para a juventude Nesse periacuteodo de consolidaccedilatildeo do

capitalismo monopolista e de emergecircncia dos governos totalitaacuterios em toda a

Ameacuterica Latina (NETTO 2005) emergem movimentos sociais revolucionaacuterios onde

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os jovens se inserem ocupando um papel central

As accedilotildees voltadas para a juventude nesse periacuteodo visavam o controle social da

juventude buscando conter o perfil questionador do jovem restringindo a liberdade

civil e introduzindo formas de construccedilatildeo de hegemonia nos espaccedilos educacionais

A forte participaccedilatildeo da juventude nesses espaccedilos de contestaccedilatildeo e enfrentamento

marca profundamente a forma como a juventude eacute vista pela sociedade Os jovens

tiveram um papel fundamental no processo de redemocratizaccedilatildeo a partir da deacutecada

de 1980 e muito deles foram vitimados durante todo o processo de emersatildeo e

decliacutenio da autocracia burguesa no Brasil

Na deacutecada de 1980 jaacute em um cenaacuterio de abertura democraacutetica mas em meio agrave uma

grande recessatildeo aliado agrave diminuiccedilatildeo dos gastos puacuteblicos haacute um quadro de

expansatildeo da pobreza Segundo a UNESCO (2004) nesse contexto outras formas de

organizaccedilotildees juvenis se constroem com a participaccedilatildeo de jovens em situaccedilatildeo de

marginalidade social e econocircmica em sua maioria sem acesso agrave educaccedilatildeo e aos

serviccedilos coletivos Tais movimentos satildeo chamados de ldquodistuacuterbios nacionaisrdquo que

incluiacuteam entre as accedilotildees saques a supermercados e ocupaccedilotildees de preacutedios puacuteblicos

Como uma estrateacutegia paliativa para dar conta desses problemas sociais emergem

em toda Ameacuterica Latina diversos programas de combate agrave pobreza que eram

sustentados atraveacutes da transferecircncia direta de recursos para a populaccedilatildeo atendida

vinculados agrave permanecircncia da crianccedila ou adolescente na escola apesar dessas

iniciativas natildeo terem sido definidas como poliacuteticas para juventude mesmo

atendendo a milhares de jovens com vistas a prevenir ldquocondutas delituosasrdquo

(UNESCO 2004)

No Brasil as estrateacutegias tambeacutem satildeo parecidas Pereira (2007) lembra o lema da

gestatildeo de Sarney ldquoTudo pelo Socialrdquo que iam desde accedilotildees emergenciais

(especialmente as de combate agrave fome e desemprego) ateacute accedilotildees de caraacuteter mais

estruturais de fortalecimento do crescimento econocircmico Aleacutem dos programas de

enfrentamento agrave pobreza recebe destaque tambeacutem as accedilotildees no campo da sauacutede

A deacutecada de 1980 eacute de intensa mobilizaccedilatildeo social A proteccedilatildeo social ganha espaccedilo

nos debates enquanto um marco conceitual e legal que pode ser percebido nos

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avanccedilos com relaccedilatildeo agrave temaacutetica da crianccedila e do adolescente que culmina com a

promulgaccedilatildeo da poliacutetica de proteccedilatildeo integral da crianccedila e do adolescente

consolidada a partir da institucionalizaccedilatildeo do Estatuto da Crianccedila do Adolescente

(ECRIAD) A proteccedilatildeo ao idoso comeccedila jaacute nessa deacutecada a ser discutida entrando

na Lei Orgacircnica da Assistecircncia Social (LOAS) um artigo que estipula um miacutenimo

social para o idoso O mesmo natildeo se daacute com a categoria juventude ela natildeo entra

nas discussotildees da proteccedilatildeo social

Na deacutecada de 1990 haacute uma explosatildeo das accedilotildees voltadas para a juventude Antes do

Governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC) ateacute 1995 existiam apenas 03

projetos voltados para a juventude10 (SPOSITO CARRANO 2003) Jaacute no periacuteodo do

Governo de FHC de 1995 a 2002 identificamos mais de 3011 programas

governamentais divididos em diversos ministeacuterios que incluiacuteam natildeo soacute os jovens

mas tambeacutem adolescentes e 03 accedilotildees natildeo governamentais de abrangecircncia

nacional O ponto alto dessa explosatildeo se daacute no intervalo de 1999 a 2002 quando

foram ativados 18 programas12 Para Sposito Carrano (2003) esse momento eacute uma

verdadeira explosatildeo na temaacutetica de juventude e adolescecircncia poreacutem sem muita

consistecircncia conceitual

Apesar dessa efervescecircncia nas poliacuteticas de juventude para Sposito Carrano (2003)

10

Programa Sauacutede do Adolescente e do Jovem (Ministeacuterio da Sauacutede) Programa Especial de Treinamento (PET - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) e Precircmio Jovem Cientista (Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia) 11

Dos 30 programas estritamente governamentais cinco se localizavam no Ministeacuterio da Educaccedilatildeo seis no Ministeacuterio de Esporte e Turismo seis no Ministeacuterio da Justiccedila um no Ministeacuterio de Desenvolvimento Agraacuterio um no Ministeacuterio da Sauacutede dois no Ministeacuterio de Trabalho e Emprego trecircs no Ministeacuterio de Previdecircncia e Assistecircncia Social dois no Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia dois no Gabinete de Seguranccedila Institucional da Presidecircncia da Repuacuteblica um no Gabinete do Presidente da Repuacuteblica (Projeto Alvorada) e por uacuteltimo um de caraacuteter interministerial especificamente voltado para a integraccedilatildeo das accedilotildees de 11 projetos programas focados em jovens localizado no Ministeacuterio de Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo (Programa Brasil em Accedilatildeo) (SPOSITO CARRANO 2003) 12

Satildeo elas Programa de estudante em convecircnio de Graduaccedilatildeo (MEC e Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores) Projeto Escola Jovem (MEC) Jogos da Juventude (Ministeacuterio do Esporte e Turismo) Olimpiacuteadas Colegiais (Ministeacuterio do Esporte e Turismo) Projeto Navegar (Ministeacuterio do Esporte e Turismo) Serviccedilo Civil Voluntaacuterio (Ministeacuterio do Esporte e Turismo) Programa de Reinserccedilatildeo Social do Adolescente em Conflito com a Lei (Ministeacuterio da Justiccedila) Promoccedilatildeo de Direitos de mulheres jovens vulneraacuteveis ao abuso sexual e agrave exploraccedilatildeo sexual comercial no Brasil (Ministeacuterio da Justiccedila) Programa de Sauacutede do Adolescente e do Jovem (Ministeacuterio da Sauacutede) Jovem Empreendedor (Ministeacuterio do Trabalho e Emprego) Programa Brasil Jovem (Ministeacuterio da Assistecircncia e Providencia Social) Centros da Juventude (Ministeacuterio do Esporte e Turismo) Agente Jovem de Desenvolvimento Social e Humano (Ministeacuterio da Assistecircncia e Providencia Social) Precircmio Jovem Cientista (Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia) Precircmio Jovem Cientista do Futuro (Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia) Comunidade Solidaacuteria (Presidecircncia da Repuacuteblica) e Programa Capacitaccedilatildeo Solidaacuteria

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no periacuteodo de 1995 a 2002 natildeo se pode falar de poliacuteticas estrateacutegicas orientadas

para os jovens mas de algumas propostas que segundo os autores partem da ldquo[]

ideia de prevenccedilatildeo de controle ou efeito compensatoacuterio de problemas que atingem

a juventude transformada em algumas situaccedilotildees ela mesma num problema para a

sociedaderdquo (2003 p 08) Esse fato talvez explique a ausecircncia da juventude nas

accedilotildees de proteccedilatildeo social Importante destacar que a sauacutede a seguranccedila puacuteblica e o

trabalho expressam a materialidade imediata para se pensar as poliacuteticas de

juventude nesse periacuteodo

A deacutecada de 1990 haacute um crescimento exponencial da violecircncia urbana no Brasil e

parte significativa dessa violecircncia aparece atrelada ao jovem Na deacutecada de 1970 a

participaccedilatildeo dos jovens no total das mortes por homiciacutedios foi de 288 jaacute na

deacutecada de 1980 os iacutendices sobem para 319 e na deacutecada de 1990 os iacutendices

chegaram a 347 (POCHMANN 2005 p 236)

Esse cenaacuterio fomenta a necessidade de poliacuteticas sociais para a juventude mas em

grande parte esses programas ldquo[] buscam de certa forma minimizar o potencial

ameaccedilador que os jovens trazem para a vida social alguns deles considerados a

bdquonova classe perigosa‟ que precisa estar sob um campo de forte controlerdquo

(SPOSITO 2003 p 67) O perigo passa a ser visto natildeo mais nos estudantes das

classes meacutedias (como nos anos 60) mas nos jovens pobres marginalizados e

moradores da periferia das grandes cidades

Nos anos 2000 ndash Governo Lula haacute um salto de qualidade13 nas accedilotildees voltadas a

esse puacuteblico dentre elas a criaccedilatildeo do Conselho Nacional de Juventude

(CONJUVE) em 2004 a criaccedilatildeo do Grupo Interministerial a criaccedilatildeo da Secretaria

Nacional de Juventude em 2005 e a realizaccedilatildeo da Conferecircncia Nacional de

Juventude

Outro avanccedilo importante se deu em 2010 quando foi editada a Emenda

Constitucional nordm 65 que altera o contexto incluindo o jovem onde se constava

apenas da famiacutelia da crianccedila do adolescente e do idoso no Capiacutetulo VII do Tiacutetulo

13

O Grupo Interministerial identificou 131 accedilotildees vinculadas a 45 programas e destes 19 satildeo especiacuteficos para os jovens

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VII (Da Ordem Social) Essa modificaccedilatildeo da Emenda nordm652010 coloca a obrigaccedilatildeo

do Estado na satisfaccedilatildeo dos direitos baacutesicos da juventude fato que representa uma

conquista para os jovens brasileiros uma vez que esse eacute o maior instrumento

juriacutedico do paiacutes que passa a assegurar os direitos ldquo[] agrave vida agrave sauacutede ao lazer agrave

profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria []rdquo (BRASIL EC Nordm 652010) e assegura a criaccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas para esse segmento

Analisando as poliacuteticas de juventude no Brasil em 2010 identificamos que existiam

18 programas14 voltados para o puacuteblico jovem e que se desenvolvia vaacuterias accedilotildees

em diversos Ministeacuterios e secretarias Um desses programas eacute o ProJovem que

analisaremos em seguida

PROJOVEM TRABALHADOR

O ProJovem surge em 2005 como resultado de demanda por parte da sociedade

mas sobretudo como resultado do diagnoacutestico realizado do Grupo Interministerial

que recomendava maior integraccedilatildeo e complementaridade entre os programas

14

1) Programa Nacional de Inclusatildeo de Jovens (Projovem) Projovem Urbano Projovem Campo Projovem Trabalhador e Projovem Adolescente ndash Secretaria Nacional de Juventude da Secretaacuteria-Geral da Presidecircncia da Repuacuteblica Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome (MDS) 2) Programa Cultura Viva ndash Ministeacuterio da Cultura 3) Bolsa Atleta ndash Ministeacuterio do Esporte 4) Programa Segundo Tempo ndash Ministeacuterio do Esporte 5) Praccedilas da Juventude ndash Ministeacuterios do Esporte e da Justiccedila 6) Projeto Rondon ndash Ministeacuterio da Defesa em parceria com diversos ministeacuterios 7) Projeto Soldado Cidadatildeo ndash Comandos da Marinha Exeacutercito e Aeronaacuteutica 8) Programa Nacional de Seguranccedila Puacuteblica com Cidadania ndash Pronasci Protejo Jovem Detento Geraccedilatildeo Consciente Pelc Projeto Praccedila da Juventude Pintando a Liberdade e Pintando a Cidadania Pontos de Leitura Pontos de Cultura Projeto Museus Projeto Farol Projovem Prisional ndash Ministeacuterio da Justiccedila tendo alguns parceiros Ministeacuterio Cultura Esporte Igualdade Racial e Secretaria Nacional de Juventude 9) Pronaf Jovem ndash Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio 10) Juventude e Meio Ambiente ndash Ministeacuterios da Educaccedilatildeo e do Meio Ambiente com a parceria da Secretaria Nacional de Juventude 11) Escola Aberta ndash Cooperaccedilatildeo teacutecnica entre o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e a UNESCO 12) ProUni ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 13) Reforccedilo agraves Escolas Teacutecnicas e Ampliaccedilatildeo das vagas em Universidades Federais ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 14) Brasil Alfabetizado ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 15) Proeja ndash Ministeacuterios da Educaccedilatildeo e do Trabalho e Emprego 16) Programa Nacional do Livro Didaacutetico para o Ensino Meacutedio (PNLEM) ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 17) Programa Nacional do Livro Didaacutetico para a Alfabetizaccedilatildeo de Jovens e Adultos ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 18) Ampliaccedilatildeo do Bolsa Famiacutelia ndash Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome (BRASIL 2011)

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voltados para a juventude e tinha como objetivo aumentar o niacutevel de escolaridade de

modo a inserir esses jovens no mercado de trabalho (BRASIL 2008)

A primeira versatildeo desse programa foi criada em parceria com a Secretaria Nacional

da Juventude e do Conselho Nacional de Juventude e foi regulamentado atraveacutes do

decreto 5557 de 05102005 e tinha como puacuteblico alvo os jovens de 18 a 24 anos

que ainda natildeo tivessem completado o ensino fundamental mas que tivessem feito

no miacutenimo a 4ordf seacuterie e natildeo poderiam ter viacutenculo formal no mercado de trabalho e

que fossem moradores de capitais e regiotildees metropolitanas com mais de duzentos

mil habitantes Os jovens participantes do programa receberiam uma bolsa no valor

de R$ 10000 (cem reais) e teriam formaccedilatildeo profissional integral associando a

elevaccedilatildeo da escolaridade atraveacutes da formaccedilatildeo baacutesica de 800 horas acrescida da

formaccedilatildeo profissional com carga horaacuteria de 350 horas e 50 horas de atividades de

accedilotildees comunitaacuterias (BRASIL 2008)

O objetivo principal era a elevaccedilatildeo da escolaridade tendo em vista a conclusatildeo do

ensino fundamental a qualificaccedilatildeo profissional e o desenvolvimento de accedilotildees

comunitaacuterias de interesse puacuteblico A gestatildeo era do Grupo Interministerial e da

Secretaria Nacional de Juventude e o financiamento era do Governo Federal que

repassava aos municiacutepios para que esses executassem o programa

Em 2007 foi lanccedilado o Programa ProJovem Integrado que agrupou seis programas

o proacuteprio ProJovem o Agente Jovem Saberes da Terra Escola de Faacutebrica

Juventude cidadatilde e o Consoacutercio da Juventude Tal mudanccedila ocorreu em funccedilatildeo de

estudos feitos pelo sistema de informaccedilatildeo do programa que indicavam que os

jovens excluiacutedos estatildeo mais dispersos geograficamente do que se esperava ldquo[]

apontando a necessidade de ampliar o alcance do programa para cidades menores

uma vez que parte substantiva dos jovens brasileiros deixava de ser contemplada

quando se restringia o atendimento a municiacutepios com mais de 200 mil habitantesrdquo

(BRASIL 2008 p18)

Pesquisas da PNAD2003 (das regiotildees metropolitanas) e do Censo 2000 (nacional)

que tomaram como pesquisa os jovens de 18 a 24 anos com quatro a sete anos de

escolaridade e residentes nas cidades com mais de 200 mil habitantes mostravam

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queda do nuacutemero de jovens excluiacutedos No entanto quando analisado os jovens de

24 a 29 anos esses mesmos iacutendices satildeo crescentes [] evidenciando-se a

necessidade de ampliar a faixa etaacuteria atendida pelo ProJovem de modo a

contemplar tambeacutem os jovens de faixa etaacuteria mais elevada (Brasil 2008 p 18) As

atividades do ProJovem Integrado se iniciam em 2008 atraveacutes de quatro

modalidades

ProJovem Urbano ldquoDestina-se a jovens de 18 a 29 anos que sabem ler e

escrever mas que natildeo concluiacuteram o ensino fundamental Oferece elevaccedilatildeo de

escolaridade com a conclusatildeo do ensino fundamental qualificaccedilatildeo profissional

participaccedilatildeo em accedilotildees de cidadania e uma bolsa mensal de R$ 10000 Com

duraccedilatildeo de 18 meses eacute executado pela Secretaria Nacional de Juventude da

Secretaria-Geral da Presidecircncia da Repuacuteblica15 A modalidade eacute executada

mediante convecircnios firmados entre a Secretaria Nacional de Juventude estados e

municiacutepios Nas cidades com mais de 200 mil habitantes a parceria eacute feita

diretamente com a Prefeitura Municipal Jaacute nas cidades menores essa parceria eacute

firmada com o governo do estado que viabiliza a chegada do Programa nas cidades

menoresrdquo (BRASIL 2010)

ProJovem Campo Executado pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo a modalidade oferece

elevaccedilatildeo de escolaridade com a conclusatildeo do ensino fundamental e capacitaccedilatildeo

profissional de jovens de 18 a 29 anos que atuam na agricultura familiar O curso

tem duraccedilatildeo de 24 meses e eacute ministrado conforme a alternacircncia dos ciclos

agriacutecolas respeitando o periacuteodo em que os alunos trabalham no campo O

programa eacute desenvolvido em parceria com as secretarias estaduais de educaccedilatildeo e

uma rede de instituiccedilotildees puacuteblicas federais mediante convecircnios firmados com o MEC

(BRASIL 2010)

ProJovem Adolescente Executado pelo Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e

Combate agrave Fome (MDS) destina-se a jovens de 15 a 17 anos em situaccedilatildeo de risco

social independentemente da renda familiar ou que integram famiacutelias beneficiaacuterias

do Bolsa Famiacutelia Com duraccedilatildeo de 24 meses oferece proteccedilatildeo social baacutesica e

15

A partir de 2012 a coordenaccedilatildeo geral do ProJovem Urbano migrou da Secretaria Nacional de Juventude para o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (MEC) mas manteve a Secretaria Nacional de Juventude como parte do Comitecirc Gestor

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assistecircncia agraves famiacutelias visando elevar a escolaridade e reduzir os iacutendices de

violecircncia uso de drogas das doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis e gravidez

precoce Os municiacutepios interessados no Programa devem observar os seguintes

criteacuterios a) estar habilitado nos niacuteveis de gestatildeo baacutesica ou plena do Suas b) possuir

Centros de Referecircncia da Assistecircncia Social (CRAS) em funcionamento e registro

no Censo do CRAS c) apresentar a demanda miacutenima de 40 jovens que pertenccedilam a

famiacutelias beneficiaacuterias do Bolsa Famiacutelia (BRASIL 2010)

ProJovem Trabalhador O ProJovem Trabalhador ficou sob a responsabilidade do

Ministeacuterio do Trabalho (MTE) unificando as accedilotildees do Consoacutercio Social da

Juventude Empreendedorismo Juvenil Juventude Cidadatilde e Escola de Faacutebrica

tendo como objetivo ldquo[] preparar o jovem para ocupaccedilotildees com viacutenculo

empregatiacutecio ou para outras atividades produtivas geradoras de renda por meio da

qualificaccedilatildeo social e profissional e do estiacutemulo agrave sua inserccedilatildeo no mundo do trabalhordquo

(Brasil 2008) como estaacute previsto no artigo 37 da Lei 6629 de novembro de 2008

que unificou os programas (BRASIL 2010)

Essa modalidade do ProJovem se destina a jovens de 18 a 29 anos em situaccedilatildeo de

desemprego e cuja renda familiar per capita seja de ateacute um salaacuterio miacutenimo e ainda

que cumpra os seguintes preacute-requisitos a) cursando ou tenha concluiacutedo o ensino

fundamental ou b) cursando ou tenha concluiacutedo o ensino meacutedio e natildeo estejam

cursando ou natildeo tenha concluiacutedo o ensino superior16 (BRASIL 2008 artigo 38)

O ProJovem Trabalhador tem duas submodalidades o Consoacutercio Social da

Juventude e o Juventude Cidadatilde Isto porque o ProJovem Trabalhador natildeo unificou

os programas anteriores do Ministeacuterio do Trabalho ele apenas os agregou sob a

forma da lei Inclusive parte da legislaccedilatildeo eacute diferente para o ProJovem Trabalhador

ndash Consoacutercio Social da Juventude o qual segue a orientaccedilatildeo da Portaria 2043 de 22

de outubro de 2009 o ProJovem Trabalhador ndash Juventude Cidadatilde por sua vez

segue a Portaria 991 de 27 de novembro de 2008 Ambos seguem as orientaccedilotildees

do Decreto 6629 de 2008

16

Nas accedilotildees de empreendedorismo juvenil aleacutem dos jovens referidos no caput tambeacutem poderatildeo ser contemplados aqueles que estejam cursando ou tenham concluiacutedo o ensino superior (Brasil 2008 artigo 38)

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Fato que mostra como eacute prematuro apresentar o ProJovem como a poliacutetica nacional

de juventude pois natildeo basta colocar sob um mesmo nome todas as accedilotildees para que

elas faccedilam assim parte de uma mesma loacutegica e que tenham os mesmos objetivos

Como pensar em projeto unificado Como operar com sistemas de avaliaccedilatildeo

controle e monitoramento E estamos falando aqui apenas de uma das modalidades

do ProJovem as demais estatildeo divididas em outras Secretarias Eacute preciso muito

cuidado para que o programa natildeo apenas camufle a fragmentaccedilatildeo que eacute uma marca

das poliacuteticas de juventude que ao que podemos ver ainda se manteacutem

No que se refere agrave execuccedilatildeo do Programa a legislaccedilatildeo (Termo de Referecircncia 991

de 2008) delega tais execuccedilotildees a Estados e Municiacutepios com populaccedilatildeo com acima

de 20 mil habitantes natildeo haacute necessidade de convecircnio acordo contrato ajuste ou

outro instrumento congecircnere o que natildeo dispensa a prestaccedilatildeo de contas (Brasil

2008)17 Essa forma de gerir a maacutequina puacuteblica que se tornou praacutetica comum na

gestatildeo das poliacuteticas sociais expressa a loacutegica da transferecircncia de responsabilidade

do Estado para a sociedade civil quando cabe ao Estado o papel de financiador e

ao terceiro setor o de executor

Tal fenocircmeno eacute parte do processo de reestruturaccedilatildeo produtiva (BEHRING 2003) e

tem impactos diretos no programa principalmente no que se refere agrave continuidade e

agrave qualidade das atividades uma vez que a empresa contratada ou Organizaccedilatildeo da

Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP) tem por objetivo o lucro Satildeo trecircs

atores diretamente envolvidos poreacutem nem sempre com objetivos comuns Conciliar

esses interesses e perspectivas diferentes eacute grande desafio Neste sentido em meio

a tantos personagens e interesses como fazer chegar ao centro do poder os

interesses dos principais interessados os jovens (CASTRO 2012)

Pesquisa realizada pelo Ministeacuterio do Trabalho atraveacutes do Departamento

Intersindical de Estatiacutesticas e Estudo Socioeconocircmicos (DIEESE) referente aos

17

Para a celebraccedilatildeo dos convecircnios a entidade de direito privado sem fins lucrativos na execuccedilatildeo do ProJovem Trabalhador deveraacute ser precedida de seleccedilatildeo por chamada puacuteblica e essas deveratildeo comprovar experiecircncia de no miacutenimo 3 anos no objeto do convecircnio ter capacidade fiacutesica instalada necessaacuteria agrave execuccedilatildeo do objeto do convecircnio ter capacidade teacutecnica e administrativo-operacional adequada para execuccedilatildeo e apresentar proposta com adequaccedilatildeo entre os meios sugeridos seus custos cronogramas e resultados previstos em conformidade com as especificaccedilotildees teacutecnicas do termo de referecircncia e edital de chamada puacuteblica (BRASIL 2008)

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anos de 2010 e 2011 relacionando Juventude e Trabalho no Brasil que apresenta

resultados importantes sobre o perfil do jovem inserido no ProJovem Trabalhador e

alguns dados socioeconocircmicos sobre a juventude brasileira A primeira informaccedilatildeo eacute

sobre o nuacutemero de jovens cadastrados no programa

QUADRO 13 - NUacuteMERO DE JOVENS CADASTRADOS NO PROJOVEM

Brasil Grandes Regiotildees e Unidades da Federaccedilatildeo

HOMENS MULHERES TOTAL

Norte 13509 29524 43033

Nordeste 59095 125207 184302

Sudeste 43597 108104 151701

Sul 18187 40165 58352

Centro-Oeste 11709 35385 47094

Brasil 146097 338385 484482

Fonte MTE Departamento de Poliacuteticas de Trabalho e Emprego para a Juventude DIEESE (2011)

Percebemos assim que cerca de 10 dos jovens brasileiros estatildeo inseridos no

programa o que mostra a relevacircncia e importacircncia do programa levando os

organismos governamentais a se referirem ao programa como a expressatildeo da

poliacutetica nacional de juventude

Interessante observar ainda o nuacutemero das jovens inseridas no programa

representando mais de 60 do total dos jovens participantes fato esse que pode

ser explicado em partes pelos altos iacutendices de desemprego que afetam de forma

diferente as mulheres o que evidencia a inserccedilatildeo ainda precaacuteria da mulher no

mundo do trabalho representando assim que essa pode ser uma oportunidade

importante de inserccedilatildeo no mercado de trabalho para essas jovens

Isso mostra tambeacutem que eacute necessaacuterio pensar o ProJovem Trabalhador que leve

em consideraccedilatildeo as especificidades de ser uma jovem mulher natildeo soacute no que se

refere agrave inserccedilatildeo no mercado de trabalho que eacute objetivo do programa mas tambeacutem

na permanecircncia dessa jovem no programa em quais condiccedilotildees satildeo ofertadas para

isso e principalmente num acompanhamento posterior

Um uacuteltimo dado que natildeo podemos deixar de comentar mesmo que sucintamente se

refere agrave questatildeo da renda Como mostra a tabela abaixo dos jovens inseridos no

ProJovem Trabalhador o percentual de jovens que recebem ou jaacute receberam outros

benefiacutecios sociais eacute relativamente pequeno apenas na regiatildeo Nordeste o iacutendice eacute

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um pouco maior (377) nas demais regiotildees os iacutendices ficam em torno de 15

Esses dados podem mostrar que esses jovens estatildeo quase que totalmente

desassistidos com relaccedilatildeo aos direitos sociais uma vez que ficaram agrave margem do

sistema escolar estatildeo fora do mercado de trabalho (ou inseridos precariamente) e

tambeacutem natildeo satildeo assistidos pelos programas de Assistecircncia Social ou seja satildeo

jovens que estatildeo expostos a uma grande violecircncia urbana de desproteccedilatildeo social

QUADRO 15 - PROPORCcedilAtildeO DE JOVENS CADASTRADOS QUE TEcircM ALGUM MEMBRO DA FAMIacuteLIA QUE RECEBEU AUXIacuteLIO DO GOVERNO

Brasil Grandes Regiotildees e Unidades da Federaccedilatildeo

PERCENTUAL

Norte 165

Nordeste 377

Sudeste 127

Sul 120

Centro Oeste 145

Brasil 210

Fonte MTE Departamento de Poliacuteticas de Trabalho e Emprego para a Juventude Elaboraccedilatildeo DIEESE Obs O total Brasil inclui jovens cadastrados sem informaccedilatildeo para UF DIEESE (2011)

Observando o quadro abaixo que trata especialmente da renda a descriccedilatildeo acima

se fortalece Podemos ver que entre os jovens da populaccedilatildeo rural o salaacuterio em

2010 era em meacutedia de pouco mais de um salaacuterio miacutenimo e dos jovens da zona

urbana a meacutedia no mesmo periacuteodo era de dois salaacuterios miacutenimos

QUADRO 16 - RENDA FAMILIAR DO JOVEM CADASTRADO NO PROGRAMA 2010 BRASIL E GRANDES REGIOtildeES - 2010 (EM )

RURAL R$ 63700

URBANA R$ 104200

TOTAL R$ 103000

Fonte MTE Departamento de Poliacuteticas de Trabalho e Emprego para a Juventude Elaboraccedilatildeo DIEESE (2011)

Percebemos assim que o jovem inserido no programa aleacutem de ter as caracteriacutesticas

que satildeo preacute-requisitos para a entrada no programa tais quais situaccedilatildeo de

desemprego e com renda familiar per capita de ateacute um salaacuterio miacutenimo a maioria dos

jovens inseridos no programa satildeo mulheres de etnia parda entre 18 a 24 anos e

que vecircm de uma histoacuteria de desproteccedilatildeo social

Os jovens inscritos no programa recebem um auxiacutelio financeiro no valor de R$

10000 (cem reais) mensais de caraacuteter temporaacuterio que natildeo podem ser cumulativos

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a outros benefiacutecios sociais de programas federais de natureza semelhante18

devendo o jovem optar por um deles O valor eacute repassado diretamente do governo

federal para os beneficiados do programa atraveacutes de uma conta bancaacuteria O auxiacutelio

poderaacute ser suspenso nas seguintes situaccedilotildees a) recebimento de benefiacutecio de

natureza semelhante de outros programas federais b) frequecircncia mensal abaixo de

75 nas atividades19 c) natildeo atendimento de outras condiccedilotildees da modalidade

(Brasil 2008)

O ProJovem seguindo a loacutegica das demais poliacuteticas sociais utiliza da transferecircncia

de renda articulada ao cumprimento de algumas condicionalidades20 e a principal

delas se relaciona agrave ampliaccedilatildeo da escolaridade e a qualificaccedilatildeo profissional

Analisando a questatildeo da transferecircncia de renda podemos observar que na Ameacuterica

Latina os programas de transferecircncia entram como substituto da ausecircncia de

rendimentos provocada pelo desemprego ou o emprego precarizado confirmando a

centralidade do indiviacuteduo e a responsabilizaccedilatildeo da sociedade (STEIN 2008) e

ganham maior destaque como forma de diminuir a incapacidade de reduzir as

desigualdades que afetam de forma especial a juventude diante da crise do trabalho

e da ausecircncia de direitos efetivamente ldquo[] assegurados do acesso ao lazer e aos

bens culturais e de um sistema educativo capaz de acolher seu novo puacuteblico

ocorrem os programas de transferecircncia de renda aos jovens incapazes por si soacute de

assegurar transformaccedilotildees mais densas nessas esferas []rdquo (SPOSITO

CORRACHANO 2005 p 20) Algumas avaliaccedilotildees apontam o quanto essa renda

tem sido importante para os jovens mesmo que ainda seja percebida como privileacutegio

e natildeo como direito

Jaacute no que se refere agrave ampliaccedilatildeo da escolarizaccedilatildeo aparentemente ela pode ser

percebida como um avanccedilo pois representa do ponto de vista do ato individual e

isolado a perspectiva do acesso agrave educaccedilatildeo que muitas vezes eacute negada agrave juventude

18

Consideram-se de natureza semelhante ao auxiacutelio financeiro mensal a que se refere o caput os benefiacutecios pagos por programas federais dirigidos a indiviacuteduos da mesma faixa etaacuteria do ProJovem (Inciso 5ordm do Artigo 47 da Lei 6629 de novembro de 2008) 19

Para fins da certificaccedilatildeo profissional dos jovens e de pagamento do auxiacutelio financeiro exigir-se-aacute frequecircncia mensal miacutenima de setenta e cinco por cento nas accedilotildees de qualificaccedilatildeo 20

A criaccedilatildeo de condicionalidades para acesso agraves poliacuteticas sociais retomam os seus aspectos mais conservadores uma vez que elas deixam de se configurar como direito

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das classes que vivem do trabalho Entretanto precisamos considerar que o simples

acesso agrave escola por si soacute natildeo garante educaccedilatildeo de qualidade e ainda que natildeo se

resolve o problema com os jovens tornando-os mais ldquoempregaacuteveisrdquo se novos

empregos natildeo satildeo criados

Precisamos considerar ainda que [] a maioria natildeo eacute pobre porque natildeo tem boa

educaccedilatildeo mas na realidade natildeo consegue boa educaccedilatildeo porque eacute pobre

(FRIGOTO 2004 p 192) Natildeo queremos negar a educaccedilatildeo como um direito

elementar e muito menos o potencial de emancipaccedilatildeo que a educaccedilatildeo comporta

pretendemos apenas alertar que um diagnoacutestico equivocado pode trazer respostas

equivocadas Concordamos com Frigotto (2004 p 194) quando afirma que ldquo[] a

crenccedila de que o problema eacute conjuntural pode conduzir a poliacuteticas puacuteblicas

focalizadas e de natureza filantroacutepica ou de administraccedilatildeo e controle da pobreza

sem atentar para poliacuteticas que atacam as estruturas produtoras da desigualdaderdquo A

pobreza nesse contexto passa a ser vista com ausecircncia de capacidades individuais

logo a poliacutetica social se transforma numa estrateacutegia para inserir os pobres no

mercado de trabalho

Ainda sobre essa questatildeo Sposito et al (2006) nos convida agrave analisarmos com

cuidado uma vez que os jovens usuaacuterios dos programas sociais voltados para a

juventude satildeo os mesmos que foram precocemente excluiacutedos da escola (seja por

distorccedilatildeo de seacuterie idade ou outro fator) Logo a mera exigecircncia de retorno agrave mesma

escola que natildeo foi capaz de lidar com essas situaccedilotildees eacute no miacutenimo manter os

processos de segregaccedilatildeo (SPOSITO et al 2006) Segundo os autores podemos

constatar duas consequecircncias desse fato uma eacute o paralelismo das atividades de

caraacuteter socioeducativo que natildeo se articula com a rede puacuteblica de ensino e a outra eacute

a total ausecircncia das poliacuteticas de educaccedilatildeo que se articulem com os programas

sociais para a juventude de modo a redefinir o tipo de proposta de escolaridade

adequada a esses jovens (SPOSITO et al 2006)

Eacute importante mostrar ainda a tendecircncia de valorizaccedilatildeo da socioeducaccedilatildeo contidas

nos programas que natildeo eacute acompanhada das justificativas que induzem a essa

adesatildeo indicando haver uma deficiecircncia nos sistemas de ensino natildeo soacute no campo

pedagoacutegico mas tambeacutem na funccedilatildeo socializadora da escola que natildeo formaria para

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a cidadania21 (SPOSITO et al 2006) fato que estaria criando segundo esses

autores uma via paralela de educaccedilatildeo natildeo-escolar para jovens pobres o que os

leva a questionar se essa via estaria oferecendo uma proposta melhor que a rede

puacuteblica Sendo a resposta afirmativa por que natildeo a articular com o sistema de

ensino Se a resposta for negativa nos faz crer que se trata apenas de ocupar o

tempo livre dos jovens dos bairros pobres

Natildeo podemos deixar de tratar ainda sobre a questatildeo dos instrutores A pesquisa

apresentada por Sposito et al (2006) afirma que as atividades em geral satildeo

realizadas com uma base material precaacuteria e com baixa formaccedilatildeo teacutecnica ou mesmo

escolar que sempre inclui palestras cursos e oficinas Em alguns casos os

programas propotildeem uma formaccedilatildeo geral voltada para a cidadania e outra com foco

no aprendizado de habilidades para o mercado do trabalho

Partindo do que foi apresentado nessa pesquisa citada acima haacute duas grandes

orientaccedilotildees em torno do adolescente pobre e outra em torno do jovem pobre Para

os autores apoacutes anos de promulgaccedilatildeo do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente jaacute

satildeo visiacuteveis os avanccedilos que fazem com que os direitos da crianccedila

independentemente de sua condiccedilatildeo social (ter uma famiacutelia agrave escola sauacutede

proteccedilatildeo do Estado) sejam reconhecidos socialmente mesmo que ainda precisem

ser disputados mas jaacute satildeo reconhecidos

Contudo o mesmo natildeo acontece com os jovens pobres pois para eles eacute impelida

uma imagem que impede o reconhecimento social de seus direitos para esses satildeo

reservadas as accedilotildees de inserccedilatildeo social compensatoacuterias e alto teor socioeducativo

esses satildeo chamados de adolescentes pobres que continuam a ocupar o natildeo-lugar

e soacute se tornam visiacuteveis pela ameaccedila ou pelo risco provocados na sociedade Aos

outros que podem usufruir de alguns direitos mesmo que minimamente o termo

jovem passa a ser fortemente aplicado (SPOSITO et al 2006) evidenciando que as

21

A cidadania como eacute tratada aparece como um conceito muito mais ligado a uma ideia de atividade socializadora com ecircnfase no civismo e no aprendizado de certos valores importantes para essa civilidade o que acaba esvaziando os conteuacutedos da cidadania ligados agrave ideia de direitos prevalecendo a pressuposiccedilatildeo de que jovens e adolescentes pobres - precisam ser atingidos por alguma accedilatildeo que lhes ensine algo (SPOSITO et al 2006)

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poliacuteticas de juventude estatildeo fortemente marcadas pelas concepccedilotildees de juventude

mas sobretudo pelas concepccedilotildees sobre os jovens pobres

Outro aspecto a ser destacado eacute o caraacuteter transitoacuterio das accedilotildees (em meacutedia 02 anos)

natildeo se configurando enquanto uma poliacutetica puacuteblica mantendo o cariz de programa

numa proposta de poliacutetica emergencial para a juventude que mina a construccedilatildeo de

uma poliacutetica puacuteblica nacional e ainda dificultando a avaliaccedilatildeo seacuteria de tais

programas22 (SPOSITO CORRACHANO 2005)

A fragmentaccedilatildeo tambeacutem eacute uma caracteriacutestica marcante no ProJovem Trabalhador

mantendo a visatildeo das poliacuteticas de juventude como um conjunto de caixinhas

isoladas em disputa impedindo o diaacutelogo entre elas cada modalidade estaacute sob

orientaccedilatildeo de um Ministeacuterio diferente e natildeo articulaccedilatildeo entre as modalidades O

caraacuteter fragmentaacuterio das poliacuteticas de juventude se explicita na focalizaccedilatildeo das

diretrizes ldquojovem temaacuteticordquo que expressa o puacuteblico alvo das accedilotildees desenvolvidas

nos diferentes ministeacuterios assim tem-se ldquoo jovem-alunordquo o ldquojovem-filhordquo o ldquojovem-

infratorrdquo a ldquojovem-matildeerdquo ldquoa jovem-que-natildeo-queremos-que-seja-matildeerdquo o rdquojovem-ruralrdquo

e outros (CARRANO 2012)

A transversalizaccedilatildeo dos programas seria uma estrateacutegia de superaccedilatildeo dessa

caracteriacutestica o que requisitaria ldquo[] repensar e fortalecer um pacto pela juventude

que parta da Secretaria Nacional da Juventude e consiga chegar ateacute onde o jovem

estaacute no municiacutepio no bairro e o conecte com o governo federalrdquo (SPOSITO 2012

p 225) pois eacute extremamente importante construir uma rede de atenccedilatildeo para os

jovens que conectem as poliacuteticas municipais estaduais e federais num diaacutelogo

permanente neste sentido as poliacuteticas para esse segmento natildeo devem

simplesmente reproduzir as poliacuteticas de acircmbito nacional elas devem ser efetivadas

e assumidas em todos os acircmbitos de accedilatildeo

Outra questatildeo que aparece no ProJovem Trabalhador comum agraves demais poliacuteticas

destinadas aos jovens eacute que as accedilotildees tecircm se destinado muito mais a oferecer o

que se instituiu como necessidades dos jovens e natildeo aquilo que o jovem apresentou

ou demandou como uma necessidade sua Os jovens precisam de espaccedilo natildeo soacute

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No caso do ProJovem Trabalhador o programa tem previsatildeo para ser executado em 06 meses

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para receber os projetos jaacute preconcebidos mas sobretudo para dizer o que

precisam individual e coletivamente Para esse autor as accedilotildees destinadas aos

jovens emergem simultaneamente agrave criaccedilatildeo de personagens sociais (protagonistas

empreendedores e outros) de pouco diaacutelogo que atendam muito mais aos interesses

e modelos de poliacuteticas das agecircncias internacionais de desenvolvimento (CARRANO

2012)

Outra questatildeo a ser problematizada eacute que o programa definiu como meta miacutenima a

inserccedilatildeo de no miacutenimo 30 dos jovens no mundo do trabalho sendo admitidas as

seguintes formas de inserccedilatildeo a) emprego formal (comprovado atraveacutes de coacutepias da

carteira assinada dos jovens) b) estaacutegio ou jovem aprendiz (comprovado atraveacutes de

coacutepias dos contratos) c) ou formas alternativas geradoras de renda (Brasil 2008)

Questionamos ateacute que ponto essas possibilidades podem ser entendidas como

estrateacutegias de inserccedilatildeo no mundo do trabalho eou de superaccedilatildeo da precarizaccedilatildeo

das condiccedilotildees de trabalho dos jovens Quais satildeo os viacutenculos de trabalho Qual a

meacutedia de salaacuterio Quais as condiccedilotildees de trabalho Qual a permanecircncia dos jovens

nesses viacutenculos

Reconhecendo a importacircncia dessa estrateacutegia para a sobrevivecircncia dos jovens natildeo

podemos deixar de considerar que ela tambeacutem natildeo deixa de fazer parte de um

processo de naturalizaccedilatildeo das mudanccedilas no mundo do trabalho que culmina na

responsabilizaccedilatildeo dos proacuteprios trabalhadores Eles satildeo convencidos de que eles eacute

que natildeo tecircm grande coisa para vender ou natildeo sabem como vendecirc-la ndash ou seja natildeo

tem ldquocapital humanordquo ocultando desse modo todas as estruturas de distribuiccedilatildeo

desigual e apropriaccedilatildeo desigual dos recursos materiais sociais culturais e

simboacutelicos de nossa sociedade Esse fato faz com que o ldquo[] ldquocapital humanordquo de

um jovem oriundo do contexto popular da ldquoperiferiardquo tenha pouca chance de

equivaler ao de um jovem saiacutedo de um meio privilegiadordquo (BIHR 2007)

Nessa perspectiva o empreendedorismo tambeacutem aparece como estrateacutegia mas na

verdade se assemelha mais a danccedila das cadeiras quando a muacutesica para haacute mais

pessoas de peacute do que cadeiras disponiacuteveis para sentar (POCHAMANN 2005) Em

alguns casos empresas e o Estado ateacute destinam alguns recursos para esses fins

que satildeo ldquo[] importantes mas absolutamente incapazes de gerar mais postos de

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trabalho Uma contribuiccedilatildeo digamos para o ldquosalve-se quem puderrdquo (MATTOSO

1999 p20)

Fato que expressa bem a responsabilizaccedilatildeo do indiviacuteduo por sua situaccedilatildeo de

emprego e desemprego numa clara tentativa de transferir riscos e

responsabilidades ao trabalhador fazendo com que ele assuma a sua

empregabilidade por meio de formaccedilatildeo profissional qualificaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo

Deslocando assim a responsabilidade social do Estado para o plano individual onde

natildeo haacute poliacutetica de emprego apenas indiviacuteduos empregaacuteveis ou natildeo Os indiviacuteduos

afetados pela loacutegica da competiccedilatildeo por empregos inseguros comeccedilam a adaptar-se

a novas condutas psicoloacutegicas do perfil do ldquovencedorrdquo (COSTA 2005)

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A anaacutelise do ProJovem Trabalhador mostra que o programa eacute importante no

cotidiano desses jovens como um instrumento na efetivaccedilatildeo de direitos sociais e

mecanismo de sobrevivecircncia e evidencia que os avanccedilos das poliacuteticas de juventude

no paiacutes natildeo soacute em quantidade mas tambeacutem em qualidade se comparadas com as

experiecircncias anteriores

No entanto ainda haacute muito o que caminhar Podemos dizer que o programa

expressa o perfil das poliacuteticas sociais contemporacircneas Fragmentaccedilatildeo

descentralizaccedilatildeo focalizaccedilatildeo descontinuidade ausecircncia de pesquisas e avaliaccedilotildees

e privatizaccedilatildeo Caracteriacutesticas que precisam ser explicitadas e disputadas na cena

puacuteblica juntamente com as demais poliacuteticas sociais

Para que as poliacuteticas de juventude se transformem em poliacuteticas para a juventude eacute

preciso sair desse ciclo de vitimizaccedilatildeocriminalizaccedilatildeo voluntariadoencerramento ou

prevenccedilatildeorepressatildeo (BATISTA 2007) Para isso eacute necessaacuterio transformar esses

problemas sociais da juventude em problemas socioloacutegicos Esse eacute um exerciacutecio de

interrogaccedilatildeo que gera como produto a incerteza de afirmaccedilotildees antes dadas como

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inquestionaacuteveis Sem o questionamento a juventude se torna um quase bdquomito‟ e

para esse mito eacute necessaacuterio ldquopenetrar no cotidiano do jovemrdquo e questionar ldquo[]

sentiratildeo os jovens estes problemas como seus problemasrdquo (PAIS 2003 p34)

Mas sobretudo eacute preciso dotar de precisotildees conceituais acerca do tema juventude

de modo a iluminarmos os processos de construccedilatildeo de marcos poliacuteticos em

coerecircncia com os marcos conceituais os discursos e programaacuteticas deixando de

conceber aos jovens sobre ldquo[] a noccedilatildeo de um jovem problema e carente visatildeo

que tende agrave geraccedilatildeo de um determinado tipo de poliacutetica de juventude de natureza

compensatoacuteriardquo (LEacuteON 2005 p88)

Fica evidente ainda que a juventude cumpre um papel na atual sociedade

capitalista a de compor a grande massa do exeacutercito industrial de reserva quando a

poliacutetica social para a juventude em especial os programas de transferecircncia de renda

como o ProJovem Trabalhador acabam assumindo o papel de garantir mecanismos

de sobrevivecircncia dos sujeitos juvenis uma vez que natildeo eacute possiacutevel assegurar a

sobrevivecircncia desse segmento da classe trabalhadora atraveacutes da inserccedilatildeo no

trabalho

Abstract Analyze the ProJovem Worker program as one of coping policies changes in the workplace that particularly affected the youth For this we will make a brief background of the relations and working conditions for this population segment and social policies aimed at this audience including the program in question identifying their progress and limits through a bibliographic and documentary research Keywords Labor Social Policy and Youth

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Processo de Avaliaccedilatildeo por Pares (Blind Review - Anaacutelise do Texto Anocircnimo)

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Perioacutedico Cientiacutefico Eletrocircnico divulgado nos programas brasileiros Stricto Sensu

(Mestrados e Doutorados) e em universidades de 38 paiacuteses

em diversas aacutereas do conhecimento

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POLIacuteTICAS PARA JUVENTUDE

Ateacute a deacutecada de 1950 as accedilotildees destinadas agrave juventude no Brasil eram pontuais e

natildeo atendiam especificamente agrave juventude Embasavam-se na perspectiva de tutela

e coerccedilatildeo atendendo preferencialmente agrave crianccedila e ao adolescente pobre com

vista a escondecirc-los da sociedade e promover uma ldquolimpezardquo social (ABRAMO

1987) Um bom exemplo disso eacute a constituiccedilatildeo do Primeiro Coacutedigo de Menores em

1927 que associava diretamente pobreza agrave delinquecircncia estabelecendo medidas

privativas de liberdade para as crianccedilas adolescentes e jovens pobres que eram

reconhecidos como abandonados por sua condiccedilatildeo social

Entre as deacutecadas de 1950 e 1970 quando a Ameacuterica Latina vivencia o periacuteodo do

Desenvolvimentismo as accedilotildees destinadas a esse segmento giravam em torno da

ampliaccedilatildeo da educaccedilatildeo e do controle do tempo livre (SPOSITO CARRANO 2003)

Haacute tambeacutem nesse periacuteodo algumas accedilotildees voltadas para a sauacutede numa perspectiva

de prevenccedilatildeo ao uso de drogas e agrave gravidez na adolescecircncia (UNESCO 2004)

As accedilotildees voltadas para educaccedilatildeo se encaixam dentro da necessidade de se formar

matildeo de obra qualificada que atendesse agraves necessidades da fase do

Desenvolvimentismo no Brasil momento de grande expansatildeo da industrializaccedilatildeo no

Brasil Nesse periacuteodo a educaccedilatildeo ganha um grande destaque se constituindo como

direito ateacute o Ensino Secundaacuterio e haacute uma massiva campanha de alfabetizaccedilatildeo de

adultos A educaccedilatildeo profissional com vista agrave formaccedilatildeo para o mercado de trabalho

tambeacutem ganha maior destaque (NETTO 2005)

Para Abad (2003) esse cenaacuterio eacute favoraacutevel agrave juventude pois foram construiacutedas

estrateacutegias de ascensatildeo e melhorias das condiccedilotildees de vida que atendiam agrave

juventude Para ele essa ampliaccedilatildeo e estiacutemulo agrave educaccedilatildeo fortalece o conceito de

moratoacuteria social propiciando a esse jovem um tempo maior para o estudo e o

preparo para o mercado de trabalho

As mudanccedilas no contexto da Ameacuterica Latina entre as deacutecadas de 1970 e 1980

trazem novas formas de accedilotildees para a juventude Nesse periacuteodo de consolidaccedilatildeo do

capitalismo monopolista e de emergecircncia dos governos totalitaacuterios em toda a

Ameacuterica Latina (NETTO 2005) emergem movimentos sociais revolucionaacuterios onde

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os jovens se inserem ocupando um papel central

As accedilotildees voltadas para a juventude nesse periacuteodo visavam o controle social da

juventude buscando conter o perfil questionador do jovem restringindo a liberdade

civil e introduzindo formas de construccedilatildeo de hegemonia nos espaccedilos educacionais

A forte participaccedilatildeo da juventude nesses espaccedilos de contestaccedilatildeo e enfrentamento

marca profundamente a forma como a juventude eacute vista pela sociedade Os jovens

tiveram um papel fundamental no processo de redemocratizaccedilatildeo a partir da deacutecada

de 1980 e muito deles foram vitimados durante todo o processo de emersatildeo e

decliacutenio da autocracia burguesa no Brasil

Na deacutecada de 1980 jaacute em um cenaacuterio de abertura democraacutetica mas em meio agrave uma

grande recessatildeo aliado agrave diminuiccedilatildeo dos gastos puacuteblicos haacute um quadro de

expansatildeo da pobreza Segundo a UNESCO (2004) nesse contexto outras formas de

organizaccedilotildees juvenis se constroem com a participaccedilatildeo de jovens em situaccedilatildeo de

marginalidade social e econocircmica em sua maioria sem acesso agrave educaccedilatildeo e aos

serviccedilos coletivos Tais movimentos satildeo chamados de ldquodistuacuterbios nacionaisrdquo que

incluiacuteam entre as accedilotildees saques a supermercados e ocupaccedilotildees de preacutedios puacuteblicos

Como uma estrateacutegia paliativa para dar conta desses problemas sociais emergem

em toda Ameacuterica Latina diversos programas de combate agrave pobreza que eram

sustentados atraveacutes da transferecircncia direta de recursos para a populaccedilatildeo atendida

vinculados agrave permanecircncia da crianccedila ou adolescente na escola apesar dessas

iniciativas natildeo terem sido definidas como poliacuteticas para juventude mesmo

atendendo a milhares de jovens com vistas a prevenir ldquocondutas delituosasrdquo

(UNESCO 2004)

No Brasil as estrateacutegias tambeacutem satildeo parecidas Pereira (2007) lembra o lema da

gestatildeo de Sarney ldquoTudo pelo Socialrdquo que iam desde accedilotildees emergenciais

(especialmente as de combate agrave fome e desemprego) ateacute accedilotildees de caraacuteter mais

estruturais de fortalecimento do crescimento econocircmico Aleacutem dos programas de

enfrentamento agrave pobreza recebe destaque tambeacutem as accedilotildees no campo da sauacutede

A deacutecada de 1980 eacute de intensa mobilizaccedilatildeo social A proteccedilatildeo social ganha espaccedilo

nos debates enquanto um marco conceitual e legal que pode ser percebido nos

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avanccedilos com relaccedilatildeo agrave temaacutetica da crianccedila e do adolescente que culmina com a

promulgaccedilatildeo da poliacutetica de proteccedilatildeo integral da crianccedila e do adolescente

consolidada a partir da institucionalizaccedilatildeo do Estatuto da Crianccedila do Adolescente

(ECRIAD) A proteccedilatildeo ao idoso comeccedila jaacute nessa deacutecada a ser discutida entrando

na Lei Orgacircnica da Assistecircncia Social (LOAS) um artigo que estipula um miacutenimo

social para o idoso O mesmo natildeo se daacute com a categoria juventude ela natildeo entra

nas discussotildees da proteccedilatildeo social

Na deacutecada de 1990 haacute uma explosatildeo das accedilotildees voltadas para a juventude Antes do

Governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC) ateacute 1995 existiam apenas 03

projetos voltados para a juventude10 (SPOSITO CARRANO 2003) Jaacute no periacuteodo do

Governo de FHC de 1995 a 2002 identificamos mais de 3011 programas

governamentais divididos em diversos ministeacuterios que incluiacuteam natildeo soacute os jovens

mas tambeacutem adolescentes e 03 accedilotildees natildeo governamentais de abrangecircncia

nacional O ponto alto dessa explosatildeo se daacute no intervalo de 1999 a 2002 quando

foram ativados 18 programas12 Para Sposito Carrano (2003) esse momento eacute uma

verdadeira explosatildeo na temaacutetica de juventude e adolescecircncia poreacutem sem muita

consistecircncia conceitual

Apesar dessa efervescecircncia nas poliacuteticas de juventude para Sposito Carrano (2003)

10

Programa Sauacutede do Adolescente e do Jovem (Ministeacuterio da Sauacutede) Programa Especial de Treinamento (PET - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) e Precircmio Jovem Cientista (Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia) 11

Dos 30 programas estritamente governamentais cinco se localizavam no Ministeacuterio da Educaccedilatildeo seis no Ministeacuterio de Esporte e Turismo seis no Ministeacuterio da Justiccedila um no Ministeacuterio de Desenvolvimento Agraacuterio um no Ministeacuterio da Sauacutede dois no Ministeacuterio de Trabalho e Emprego trecircs no Ministeacuterio de Previdecircncia e Assistecircncia Social dois no Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia dois no Gabinete de Seguranccedila Institucional da Presidecircncia da Repuacuteblica um no Gabinete do Presidente da Repuacuteblica (Projeto Alvorada) e por uacuteltimo um de caraacuteter interministerial especificamente voltado para a integraccedilatildeo das accedilotildees de 11 projetos programas focados em jovens localizado no Ministeacuterio de Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo (Programa Brasil em Accedilatildeo) (SPOSITO CARRANO 2003) 12

Satildeo elas Programa de estudante em convecircnio de Graduaccedilatildeo (MEC e Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores) Projeto Escola Jovem (MEC) Jogos da Juventude (Ministeacuterio do Esporte e Turismo) Olimpiacuteadas Colegiais (Ministeacuterio do Esporte e Turismo) Projeto Navegar (Ministeacuterio do Esporte e Turismo) Serviccedilo Civil Voluntaacuterio (Ministeacuterio do Esporte e Turismo) Programa de Reinserccedilatildeo Social do Adolescente em Conflito com a Lei (Ministeacuterio da Justiccedila) Promoccedilatildeo de Direitos de mulheres jovens vulneraacuteveis ao abuso sexual e agrave exploraccedilatildeo sexual comercial no Brasil (Ministeacuterio da Justiccedila) Programa de Sauacutede do Adolescente e do Jovem (Ministeacuterio da Sauacutede) Jovem Empreendedor (Ministeacuterio do Trabalho e Emprego) Programa Brasil Jovem (Ministeacuterio da Assistecircncia e Providencia Social) Centros da Juventude (Ministeacuterio do Esporte e Turismo) Agente Jovem de Desenvolvimento Social e Humano (Ministeacuterio da Assistecircncia e Providencia Social) Precircmio Jovem Cientista (Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia) Precircmio Jovem Cientista do Futuro (Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia) Comunidade Solidaacuteria (Presidecircncia da Repuacuteblica) e Programa Capacitaccedilatildeo Solidaacuteria

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no periacuteodo de 1995 a 2002 natildeo se pode falar de poliacuteticas estrateacutegicas orientadas

para os jovens mas de algumas propostas que segundo os autores partem da ldquo[]

ideia de prevenccedilatildeo de controle ou efeito compensatoacuterio de problemas que atingem

a juventude transformada em algumas situaccedilotildees ela mesma num problema para a

sociedaderdquo (2003 p 08) Esse fato talvez explique a ausecircncia da juventude nas

accedilotildees de proteccedilatildeo social Importante destacar que a sauacutede a seguranccedila puacuteblica e o

trabalho expressam a materialidade imediata para se pensar as poliacuteticas de

juventude nesse periacuteodo

A deacutecada de 1990 haacute um crescimento exponencial da violecircncia urbana no Brasil e

parte significativa dessa violecircncia aparece atrelada ao jovem Na deacutecada de 1970 a

participaccedilatildeo dos jovens no total das mortes por homiciacutedios foi de 288 jaacute na

deacutecada de 1980 os iacutendices sobem para 319 e na deacutecada de 1990 os iacutendices

chegaram a 347 (POCHMANN 2005 p 236)

Esse cenaacuterio fomenta a necessidade de poliacuteticas sociais para a juventude mas em

grande parte esses programas ldquo[] buscam de certa forma minimizar o potencial

ameaccedilador que os jovens trazem para a vida social alguns deles considerados a

bdquonova classe perigosa‟ que precisa estar sob um campo de forte controlerdquo

(SPOSITO 2003 p 67) O perigo passa a ser visto natildeo mais nos estudantes das

classes meacutedias (como nos anos 60) mas nos jovens pobres marginalizados e

moradores da periferia das grandes cidades

Nos anos 2000 ndash Governo Lula haacute um salto de qualidade13 nas accedilotildees voltadas a

esse puacuteblico dentre elas a criaccedilatildeo do Conselho Nacional de Juventude

(CONJUVE) em 2004 a criaccedilatildeo do Grupo Interministerial a criaccedilatildeo da Secretaria

Nacional de Juventude em 2005 e a realizaccedilatildeo da Conferecircncia Nacional de

Juventude

Outro avanccedilo importante se deu em 2010 quando foi editada a Emenda

Constitucional nordm 65 que altera o contexto incluindo o jovem onde se constava

apenas da famiacutelia da crianccedila do adolescente e do idoso no Capiacutetulo VII do Tiacutetulo

13

O Grupo Interministerial identificou 131 accedilotildees vinculadas a 45 programas e destes 19 satildeo especiacuteficos para os jovens

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VII (Da Ordem Social) Essa modificaccedilatildeo da Emenda nordm652010 coloca a obrigaccedilatildeo

do Estado na satisfaccedilatildeo dos direitos baacutesicos da juventude fato que representa uma

conquista para os jovens brasileiros uma vez que esse eacute o maior instrumento

juriacutedico do paiacutes que passa a assegurar os direitos ldquo[] agrave vida agrave sauacutede ao lazer agrave

profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria []rdquo (BRASIL EC Nordm 652010) e assegura a criaccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas para esse segmento

Analisando as poliacuteticas de juventude no Brasil em 2010 identificamos que existiam

18 programas14 voltados para o puacuteblico jovem e que se desenvolvia vaacuterias accedilotildees

em diversos Ministeacuterios e secretarias Um desses programas eacute o ProJovem que

analisaremos em seguida

PROJOVEM TRABALHADOR

O ProJovem surge em 2005 como resultado de demanda por parte da sociedade

mas sobretudo como resultado do diagnoacutestico realizado do Grupo Interministerial

que recomendava maior integraccedilatildeo e complementaridade entre os programas

14

1) Programa Nacional de Inclusatildeo de Jovens (Projovem) Projovem Urbano Projovem Campo Projovem Trabalhador e Projovem Adolescente ndash Secretaria Nacional de Juventude da Secretaacuteria-Geral da Presidecircncia da Repuacuteblica Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome (MDS) 2) Programa Cultura Viva ndash Ministeacuterio da Cultura 3) Bolsa Atleta ndash Ministeacuterio do Esporte 4) Programa Segundo Tempo ndash Ministeacuterio do Esporte 5) Praccedilas da Juventude ndash Ministeacuterios do Esporte e da Justiccedila 6) Projeto Rondon ndash Ministeacuterio da Defesa em parceria com diversos ministeacuterios 7) Projeto Soldado Cidadatildeo ndash Comandos da Marinha Exeacutercito e Aeronaacuteutica 8) Programa Nacional de Seguranccedila Puacuteblica com Cidadania ndash Pronasci Protejo Jovem Detento Geraccedilatildeo Consciente Pelc Projeto Praccedila da Juventude Pintando a Liberdade e Pintando a Cidadania Pontos de Leitura Pontos de Cultura Projeto Museus Projeto Farol Projovem Prisional ndash Ministeacuterio da Justiccedila tendo alguns parceiros Ministeacuterio Cultura Esporte Igualdade Racial e Secretaria Nacional de Juventude 9) Pronaf Jovem ndash Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio 10) Juventude e Meio Ambiente ndash Ministeacuterios da Educaccedilatildeo e do Meio Ambiente com a parceria da Secretaria Nacional de Juventude 11) Escola Aberta ndash Cooperaccedilatildeo teacutecnica entre o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e a UNESCO 12) ProUni ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 13) Reforccedilo agraves Escolas Teacutecnicas e Ampliaccedilatildeo das vagas em Universidades Federais ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 14) Brasil Alfabetizado ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 15) Proeja ndash Ministeacuterios da Educaccedilatildeo e do Trabalho e Emprego 16) Programa Nacional do Livro Didaacutetico para o Ensino Meacutedio (PNLEM) ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 17) Programa Nacional do Livro Didaacutetico para a Alfabetizaccedilatildeo de Jovens e Adultos ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 18) Ampliaccedilatildeo do Bolsa Famiacutelia ndash Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome (BRASIL 2011)

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voltados para a juventude e tinha como objetivo aumentar o niacutevel de escolaridade de

modo a inserir esses jovens no mercado de trabalho (BRASIL 2008)

A primeira versatildeo desse programa foi criada em parceria com a Secretaria Nacional

da Juventude e do Conselho Nacional de Juventude e foi regulamentado atraveacutes do

decreto 5557 de 05102005 e tinha como puacuteblico alvo os jovens de 18 a 24 anos

que ainda natildeo tivessem completado o ensino fundamental mas que tivessem feito

no miacutenimo a 4ordf seacuterie e natildeo poderiam ter viacutenculo formal no mercado de trabalho e

que fossem moradores de capitais e regiotildees metropolitanas com mais de duzentos

mil habitantes Os jovens participantes do programa receberiam uma bolsa no valor

de R$ 10000 (cem reais) e teriam formaccedilatildeo profissional integral associando a

elevaccedilatildeo da escolaridade atraveacutes da formaccedilatildeo baacutesica de 800 horas acrescida da

formaccedilatildeo profissional com carga horaacuteria de 350 horas e 50 horas de atividades de

accedilotildees comunitaacuterias (BRASIL 2008)

O objetivo principal era a elevaccedilatildeo da escolaridade tendo em vista a conclusatildeo do

ensino fundamental a qualificaccedilatildeo profissional e o desenvolvimento de accedilotildees

comunitaacuterias de interesse puacuteblico A gestatildeo era do Grupo Interministerial e da

Secretaria Nacional de Juventude e o financiamento era do Governo Federal que

repassava aos municiacutepios para que esses executassem o programa

Em 2007 foi lanccedilado o Programa ProJovem Integrado que agrupou seis programas

o proacuteprio ProJovem o Agente Jovem Saberes da Terra Escola de Faacutebrica

Juventude cidadatilde e o Consoacutercio da Juventude Tal mudanccedila ocorreu em funccedilatildeo de

estudos feitos pelo sistema de informaccedilatildeo do programa que indicavam que os

jovens excluiacutedos estatildeo mais dispersos geograficamente do que se esperava ldquo[]

apontando a necessidade de ampliar o alcance do programa para cidades menores

uma vez que parte substantiva dos jovens brasileiros deixava de ser contemplada

quando se restringia o atendimento a municiacutepios com mais de 200 mil habitantesrdquo

(BRASIL 2008 p18)

Pesquisas da PNAD2003 (das regiotildees metropolitanas) e do Censo 2000 (nacional)

que tomaram como pesquisa os jovens de 18 a 24 anos com quatro a sete anos de

escolaridade e residentes nas cidades com mais de 200 mil habitantes mostravam

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queda do nuacutemero de jovens excluiacutedos No entanto quando analisado os jovens de

24 a 29 anos esses mesmos iacutendices satildeo crescentes [] evidenciando-se a

necessidade de ampliar a faixa etaacuteria atendida pelo ProJovem de modo a

contemplar tambeacutem os jovens de faixa etaacuteria mais elevada (Brasil 2008 p 18) As

atividades do ProJovem Integrado se iniciam em 2008 atraveacutes de quatro

modalidades

ProJovem Urbano ldquoDestina-se a jovens de 18 a 29 anos que sabem ler e

escrever mas que natildeo concluiacuteram o ensino fundamental Oferece elevaccedilatildeo de

escolaridade com a conclusatildeo do ensino fundamental qualificaccedilatildeo profissional

participaccedilatildeo em accedilotildees de cidadania e uma bolsa mensal de R$ 10000 Com

duraccedilatildeo de 18 meses eacute executado pela Secretaria Nacional de Juventude da

Secretaria-Geral da Presidecircncia da Repuacuteblica15 A modalidade eacute executada

mediante convecircnios firmados entre a Secretaria Nacional de Juventude estados e

municiacutepios Nas cidades com mais de 200 mil habitantes a parceria eacute feita

diretamente com a Prefeitura Municipal Jaacute nas cidades menores essa parceria eacute

firmada com o governo do estado que viabiliza a chegada do Programa nas cidades

menoresrdquo (BRASIL 2010)

ProJovem Campo Executado pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo a modalidade oferece

elevaccedilatildeo de escolaridade com a conclusatildeo do ensino fundamental e capacitaccedilatildeo

profissional de jovens de 18 a 29 anos que atuam na agricultura familiar O curso

tem duraccedilatildeo de 24 meses e eacute ministrado conforme a alternacircncia dos ciclos

agriacutecolas respeitando o periacuteodo em que os alunos trabalham no campo O

programa eacute desenvolvido em parceria com as secretarias estaduais de educaccedilatildeo e

uma rede de instituiccedilotildees puacuteblicas federais mediante convecircnios firmados com o MEC

(BRASIL 2010)

ProJovem Adolescente Executado pelo Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e

Combate agrave Fome (MDS) destina-se a jovens de 15 a 17 anos em situaccedilatildeo de risco

social independentemente da renda familiar ou que integram famiacutelias beneficiaacuterias

do Bolsa Famiacutelia Com duraccedilatildeo de 24 meses oferece proteccedilatildeo social baacutesica e

15

A partir de 2012 a coordenaccedilatildeo geral do ProJovem Urbano migrou da Secretaria Nacional de Juventude para o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (MEC) mas manteve a Secretaria Nacional de Juventude como parte do Comitecirc Gestor

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assistecircncia agraves famiacutelias visando elevar a escolaridade e reduzir os iacutendices de

violecircncia uso de drogas das doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis e gravidez

precoce Os municiacutepios interessados no Programa devem observar os seguintes

criteacuterios a) estar habilitado nos niacuteveis de gestatildeo baacutesica ou plena do Suas b) possuir

Centros de Referecircncia da Assistecircncia Social (CRAS) em funcionamento e registro

no Censo do CRAS c) apresentar a demanda miacutenima de 40 jovens que pertenccedilam a

famiacutelias beneficiaacuterias do Bolsa Famiacutelia (BRASIL 2010)

ProJovem Trabalhador O ProJovem Trabalhador ficou sob a responsabilidade do

Ministeacuterio do Trabalho (MTE) unificando as accedilotildees do Consoacutercio Social da

Juventude Empreendedorismo Juvenil Juventude Cidadatilde e Escola de Faacutebrica

tendo como objetivo ldquo[] preparar o jovem para ocupaccedilotildees com viacutenculo

empregatiacutecio ou para outras atividades produtivas geradoras de renda por meio da

qualificaccedilatildeo social e profissional e do estiacutemulo agrave sua inserccedilatildeo no mundo do trabalhordquo

(Brasil 2008) como estaacute previsto no artigo 37 da Lei 6629 de novembro de 2008

que unificou os programas (BRASIL 2010)

Essa modalidade do ProJovem se destina a jovens de 18 a 29 anos em situaccedilatildeo de

desemprego e cuja renda familiar per capita seja de ateacute um salaacuterio miacutenimo e ainda

que cumpra os seguintes preacute-requisitos a) cursando ou tenha concluiacutedo o ensino

fundamental ou b) cursando ou tenha concluiacutedo o ensino meacutedio e natildeo estejam

cursando ou natildeo tenha concluiacutedo o ensino superior16 (BRASIL 2008 artigo 38)

O ProJovem Trabalhador tem duas submodalidades o Consoacutercio Social da

Juventude e o Juventude Cidadatilde Isto porque o ProJovem Trabalhador natildeo unificou

os programas anteriores do Ministeacuterio do Trabalho ele apenas os agregou sob a

forma da lei Inclusive parte da legislaccedilatildeo eacute diferente para o ProJovem Trabalhador

ndash Consoacutercio Social da Juventude o qual segue a orientaccedilatildeo da Portaria 2043 de 22

de outubro de 2009 o ProJovem Trabalhador ndash Juventude Cidadatilde por sua vez

segue a Portaria 991 de 27 de novembro de 2008 Ambos seguem as orientaccedilotildees

do Decreto 6629 de 2008

16

Nas accedilotildees de empreendedorismo juvenil aleacutem dos jovens referidos no caput tambeacutem poderatildeo ser contemplados aqueles que estejam cursando ou tenham concluiacutedo o ensino superior (Brasil 2008 artigo 38)

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Fato que mostra como eacute prematuro apresentar o ProJovem como a poliacutetica nacional

de juventude pois natildeo basta colocar sob um mesmo nome todas as accedilotildees para que

elas faccedilam assim parte de uma mesma loacutegica e que tenham os mesmos objetivos

Como pensar em projeto unificado Como operar com sistemas de avaliaccedilatildeo

controle e monitoramento E estamos falando aqui apenas de uma das modalidades

do ProJovem as demais estatildeo divididas em outras Secretarias Eacute preciso muito

cuidado para que o programa natildeo apenas camufle a fragmentaccedilatildeo que eacute uma marca

das poliacuteticas de juventude que ao que podemos ver ainda se manteacutem

No que se refere agrave execuccedilatildeo do Programa a legislaccedilatildeo (Termo de Referecircncia 991

de 2008) delega tais execuccedilotildees a Estados e Municiacutepios com populaccedilatildeo com acima

de 20 mil habitantes natildeo haacute necessidade de convecircnio acordo contrato ajuste ou

outro instrumento congecircnere o que natildeo dispensa a prestaccedilatildeo de contas (Brasil

2008)17 Essa forma de gerir a maacutequina puacuteblica que se tornou praacutetica comum na

gestatildeo das poliacuteticas sociais expressa a loacutegica da transferecircncia de responsabilidade

do Estado para a sociedade civil quando cabe ao Estado o papel de financiador e

ao terceiro setor o de executor

Tal fenocircmeno eacute parte do processo de reestruturaccedilatildeo produtiva (BEHRING 2003) e

tem impactos diretos no programa principalmente no que se refere agrave continuidade e

agrave qualidade das atividades uma vez que a empresa contratada ou Organizaccedilatildeo da

Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP) tem por objetivo o lucro Satildeo trecircs

atores diretamente envolvidos poreacutem nem sempre com objetivos comuns Conciliar

esses interesses e perspectivas diferentes eacute grande desafio Neste sentido em meio

a tantos personagens e interesses como fazer chegar ao centro do poder os

interesses dos principais interessados os jovens (CASTRO 2012)

Pesquisa realizada pelo Ministeacuterio do Trabalho atraveacutes do Departamento

Intersindical de Estatiacutesticas e Estudo Socioeconocircmicos (DIEESE) referente aos

17

Para a celebraccedilatildeo dos convecircnios a entidade de direito privado sem fins lucrativos na execuccedilatildeo do ProJovem Trabalhador deveraacute ser precedida de seleccedilatildeo por chamada puacuteblica e essas deveratildeo comprovar experiecircncia de no miacutenimo 3 anos no objeto do convecircnio ter capacidade fiacutesica instalada necessaacuteria agrave execuccedilatildeo do objeto do convecircnio ter capacidade teacutecnica e administrativo-operacional adequada para execuccedilatildeo e apresentar proposta com adequaccedilatildeo entre os meios sugeridos seus custos cronogramas e resultados previstos em conformidade com as especificaccedilotildees teacutecnicas do termo de referecircncia e edital de chamada puacuteblica (BRASIL 2008)

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anos de 2010 e 2011 relacionando Juventude e Trabalho no Brasil que apresenta

resultados importantes sobre o perfil do jovem inserido no ProJovem Trabalhador e

alguns dados socioeconocircmicos sobre a juventude brasileira A primeira informaccedilatildeo eacute

sobre o nuacutemero de jovens cadastrados no programa

QUADRO 13 - NUacuteMERO DE JOVENS CADASTRADOS NO PROJOVEM

Brasil Grandes Regiotildees e Unidades da Federaccedilatildeo

HOMENS MULHERES TOTAL

Norte 13509 29524 43033

Nordeste 59095 125207 184302

Sudeste 43597 108104 151701

Sul 18187 40165 58352

Centro-Oeste 11709 35385 47094

Brasil 146097 338385 484482

Fonte MTE Departamento de Poliacuteticas de Trabalho e Emprego para a Juventude DIEESE (2011)

Percebemos assim que cerca de 10 dos jovens brasileiros estatildeo inseridos no

programa o que mostra a relevacircncia e importacircncia do programa levando os

organismos governamentais a se referirem ao programa como a expressatildeo da

poliacutetica nacional de juventude

Interessante observar ainda o nuacutemero das jovens inseridas no programa

representando mais de 60 do total dos jovens participantes fato esse que pode

ser explicado em partes pelos altos iacutendices de desemprego que afetam de forma

diferente as mulheres o que evidencia a inserccedilatildeo ainda precaacuteria da mulher no

mundo do trabalho representando assim que essa pode ser uma oportunidade

importante de inserccedilatildeo no mercado de trabalho para essas jovens

Isso mostra tambeacutem que eacute necessaacuterio pensar o ProJovem Trabalhador que leve

em consideraccedilatildeo as especificidades de ser uma jovem mulher natildeo soacute no que se

refere agrave inserccedilatildeo no mercado de trabalho que eacute objetivo do programa mas tambeacutem

na permanecircncia dessa jovem no programa em quais condiccedilotildees satildeo ofertadas para

isso e principalmente num acompanhamento posterior

Um uacuteltimo dado que natildeo podemos deixar de comentar mesmo que sucintamente se

refere agrave questatildeo da renda Como mostra a tabela abaixo dos jovens inseridos no

ProJovem Trabalhador o percentual de jovens que recebem ou jaacute receberam outros

benefiacutecios sociais eacute relativamente pequeno apenas na regiatildeo Nordeste o iacutendice eacute

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um pouco maior (377) nas demais regiotildees os iacutendices ficam em torno de 15

Esses dados podem mostrar que esses jovens estatildeo quase que totalmente

desassistidos com relaccedilatildeo aos direitos sociais uma vez que ficaram agrave margem do

sistema escolar estatildeo fora do mercado de trabalho (ou inseridos precariamente) e

tambeacutem natildeo satildeo assistidos pelos programas de Assistecircncia Social ou seja satildeo

jovens que estatildeo expostos a uma grande violecircncia urbana de desproteccedilatildeo social

QUADRO 15 - PROPORCcedilAtildeO DE JOVENS CADASTRADOS QUE TEcircM ALGUM MEMBRO DA FAMIacuteLIA QUE RECEBEU AUXIacuteLIO DO GOVERNO

Brasil Grandes Regiotildees e Unidades da Federaccedilatildeo

PERCENTUAL

Norte 165

Nordeste 377

Sudeste 127

Sul 120

Centro Oeste 145

Brasil 210

Fonte MTE Departamento de Poliacuteticas de Trabalho e Emprego para a Juventude Elaboraccedilatildeo DIEESE Obs O total Brasil inclui jovens cadastrados sem informaccedilatildeo para UF DIEESE (2011)

Observando o quadro abaixo que trata especialmente da renda a descriccedilatildeo acima

se fortalece Podemos ver que entre os jovens da populaccedilatildeo rural o salaacuterio em

2010 era em meacutedia de pouco mais de um salaacuterio miacutenimo e dos jovens da zona

urbana a meacutedia no mesmo periacuteodo era de dois salaacuterios miacutenimos

QUADRO 16 - RENDA FAMILIAR DO JOVEM CADASTRADO NO PROGRAMA 2010 BRASIL E GRANDES REGIOtildeES - 2010 (EM )

RURAL R$ 63700

URBANA R$ 104200

TOTAL R$ 103000

Fonte MTE Departamento de Poliacuteticas de Trabalho e Emprego para a Juventude Elaboraccedilatildeo DIEESE (2011)

Percebemos assim que o jovem inserido no programa aleacutem de ter as caracteriacutesticas

que satildeo preacute-requisitos para a entrada no programa tais quais situaccedilatildeo de

desemprego e com renda familiar per capita de ateacute um salaacuterio miacutenimo a maioria dos

jovens inseridos no programa satildeo mulheres de etnia parda entre 18 a 24 anos e

que vecircm de uma histoacuteria de desproteccedilatildeo social

Os jovens inscritos no programa recebem um auxiacutelio financeiro no valor de R$

10000 (cem reais) mensais de caraacuteter temporaacuterio que natildeo podem ser cumulativos

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a outros benefiacutecios sociais de programas federais de natureza semelhante18

devendo o jovem optar por um deles O valor eacute repassado diretamente do governo

federal para os beneficiados do programa atraveacutes de uma conta bancaacuteria O auxiacutelio

poderaacute ser suspenso nas seguintes situaccedilotildees a) recebimento de benefiacutecio de

natureza semelhante de outros programas federais b) frequecircncia mensal abaixo de

75 nas atividades19 c) natildeo atendimento de outras condiccedilotildees da modalidade

(Brasil 2008)

O ProJovem seguindo a loacutegica das demais poliacuteticas sociais utiliza da transferecircncia

de renda articulada ao cumprimento de algumas condicionalidades20 e a principal

delas se relaciona agrave ampliaccedilatildeo da escolaridade e a qualificaccedilatildeo profissional

Analisando a questatildeo da transferecircncia de renda podemos observar que na Ameacuterica

Latina os programas de transferecircncia entram como substituto da ausecircncia de

rendimentos provocada pelo desemprego ou o emprego precarizado confirmando a

centralidade do indiviacuteduo e a responsabilizaccedilatildeo da sociedade (STEIN 2008) e

ganham maior destaque como forma de diminuir a incapacidade de reduzir as

desigualdades que afetam de forma especial a juventude diante da crise do trabalho

e da ausecircncia de direitos efetivamente ldquo[] assegurados do acesso ao lazer e aos

bens culturais e de um sistema educativo capaz de acolher seu novo puacuteblico

ocorrem os programas de transferecircncia de renda aos jovens incapazes por si soacute de

assegurar transformaccedilotildees mais densas nessas esferas []rdquo (SPOSITO

CORRACHANO 2005 p 20) Algumas avaliaccedilotildees apontam o quanto essa renda

tem sido importante para os jovens mesmo que ainda seja percebida como privileacutegio

e natildeo como direito

Jaacute no que se refere agrave ampliaccedilatildeo da escolarizaccedilatildeo aparentemente ela pode ser

percebida como um avanccedilo pois representa do ponto de vista do ato individual e

isolado a perspectiva do acesso agrave educaccedilatildeo que muitas vezes eacute negada agrave juventude

18

Consideram-se de natureza semelhante ao auxiacutelio financeiro mensal a que se refere o caput os benefiacutecios pagos por programas federais dirigidos a indiviacuteduos da mesma faixa etaacuteria do ProJovem (Inciso 5ordm do Artigo 47 da Lei 6629 de novembro de 2008) 19

Para fins da certificaccedilatildeo profissional dos jovens e de pagamento do auxiacutelio financeiro exigir-se-aacute frequecircncia mensal miacutenima de setenta e cinco por cento nas accedilotildees de qualificaccedilatildeo 20

A criaccedilatildeo de condicionalidades para acesso agraves poliacuteticas sociais retomam os seus aspectos mais conservadores uma vez que elas deixam de se configurar como direito

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das classes que vivem do trabalho Entretanto precisamos considerar que o simples

acesso agrave escola por si soacute natildeo garante educaccedilatildeo de qualidade e ainda que natildeo se

resolve o problema com os jovens tornando-os mais ldquoempregaacuteveisrdquo se novos

empregos natildeo satildeo criados

Precisamos considerar ainda que [] a maioria natildeo eacute pobre porque natildeo tem boa

educaccedilatildeo mas na realidade natildeo consegue boa educaccedilatildeo porque eacute pobre

(FRIGOTO 2004 p 192) Natildeo queremos negar a educaccedilatildeo como um direito

elementar e muito menos o potencial de emancipaccedilatildeo que a educaccedilatildeo comporta

pretendemos apenas alertar que um diagnoacutestico equivocado pode trazer respostas

equivocadas Concordamos com Frigotto (2004 p 194) quando afirma que ldquo[] a

crenccedila de que o problema eacute conjuntural pode conduzir a poliacuteticas puacuteblicas

focalizadas e de natureza filantroacutepica ou de administraccedilatildeo e controle da pobreza

sem atentar para poliacuteticas que atacam as estruturas produtoras da desigualdaderdquo A

pobreza nesse contexto passa a ser vista com ausecircncia de capacidades individuais

logo a poliacutetica social se transforma numa estrateacutegia para inserir os pobres no

mercado de trabalho

Ainda sobre essa questatildeo Sposito et al (2006) nos convida agrave analisarmos com

cuidado uma vez que os jovens usuaacuterios dos programas sociais voltados para a

juventude satildeo os mesmos que foram precocemente excluiacutedos da escola (seja por

distorccedilatildeo de seacuterie idade ou outro fator) Logo a mera exigecircncia de retorno agrave mesma

escola que natildeo foi capaz de lidar com essas situaccedilotildees eacute no miacutenimo manter os

processos de segregaccedilatildeo (SPOSITO et al 2006) Segundo os autores podemos

constatar duas consequecircncias desse fato uma eacute o paralelismo das atividades de

caraacuteter socioeducativo que natildeo se articula com a rede puacuteblica de ensino e a outra eacute

a total ausecircncia das poliacuteticas de educaccedilatildeo que se articulem com os programas

sociais para a juventude de modo a redefinir o tipo de proposta de escolaridade

adequada a esses jovens (SPOSITO et al 2006)

Eacute importante mostrar ainda a tendecircncia de valorizaccedilatildeo da socioeducaccedilatildeo contidas

nos programas que natildeo eacute acompanhada das justificativas que induzem a essa

adesatildeo indicando haver uma deficiecircncia nos sistemas de ensino natildeo soacute no campo

pedagoacutegico mas tambeacutem na funccedilatildeo socializadora da escola que natildeo formaria para

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a cidadania21 (SPOSITO et al 2006) fato que estaria criando segundo esses

autores uma via paralela de educaccedilatildeo natildeo-escolar para jovens pobres o que os

leva a questionar se essa via estaria oferecendo uma proposta melhor que a rede

puacuteblica Sendo a resposta afirmativa por que natildeo a articular com o sistema de

ensino Se a resposta for negativa nos faz crer que se trata apenas de ocupar o

tempo livre dos jovens dos bairros pobres

Natildeo podemos deixar de tratar ainda sobre a questatildeo dos instrutores A pesquisa

apresentada por Sposito et al (2006) afirma que as atividades em geral satildeo

realizadas com uma base material precaacuteria e com baixa formaccedilatildeo teacutecnica ou mesmo

escolar que sempre inclui palestras cursos e oficinas Em alguns casos os

programas propotildeem uma formaccedilatildeo geral voltada para a cidadania e outra com foco

no aprendizado de habilidades para o mercado do trabalho

Partindo do que foi apresentado nessa pesquisa citada acima haacute duas grandes

orientaccedilotildees em torno do adolescente pobre e outra em torno do jovem pobre Para

os autores apoacutes anos de promulgaccedilatildeo do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente jaacute

satildeo visiacuteveis os avanccedilos que fazem com que os direitos da crianccedila

independentemente de sua condiccedilatildeo social (ter uma famiacutelia agrave escola sauacutede

proteccedilatildeo do Estado) sejam reconhecidos socialmente mesmo que ainda precisem

ser disputados mas jaacute satildeo reconhecidos

Contudo o mesmo natildeo acontece com os jovens pobres pois para eles eacute impelida

uma imagem que impede o reconhecimento social de seus direitos para esses satildeo

reservadas as accedilotildees de inserccedilatildeo social compensatoacuterias e alto teor socioeducativo

esses satildeo chamados de adolescentes pobres que continuam a ocupar o natildeo-lugar

e soacute se tornam visiacuteveis pela ameaccedila ou pelo risco provocados na sociedade Aos

outros que podem usufruir de alguns direitos mesmo que minimamente o termo

jovem passa a ser fortemente aplicado (SPOSITO et al 2006) evidenciando que as

21

A cidadania como eacute tratada aparece como um conceito muito mais ligado a uma ideia de atividade socializadora com ecircnfase no civismo e no aprendizado de certos valores importantes para essa civilidade o que acaba esvaziando os conteuacutedos da cidadania ligados agrave ideia de direitos prevalecendo a pressuposiccedilatildeo de que jovens e adolescentes pobres - precisam ser atingidos por alguma accedilatildeo que lhes ensine algo (SPOSITO et al 2006)

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poliacuteticas de juventude estatildeo fortemente marcadas pelas concepccedilotildees de juventude

mas sobretudo pelas concepccedilotildees sobre os jovens pobres

Outro aspecto a ser destacado eacute o caraacuteter transitoacuterio das accedilotildees (em meacutedia 02 anos)

natildeo se configurando enquanto uma poliacutetica puacuteblica mantendo o cariz de programa

numa proposta de poliacutetica emergencial para a juventude que mina a construccedilatildeo de

uma poliacutetica puacuteblica nacional e ainda dificultando a avaliaccedilatildeo seacuteria de tais

programas22 (SPOSITO CORRACHANO 2005)

A fragmentaccedilatildeo tambeacutem eacute uma caracteriacutestica marcante no ProJovem Trabalhador

mantendo a visatildeo das poliacuteticas de juventude como um conjunto de caixinhas

isoladas em disputa impedindo o diaacutelogo entre elas cada modalidade estaacute sob

orientaccedilatildeo de um Ministeacuterio diferente e natildeo articulaccedilatildeo entre as modalidades O

caraacuteter fragmentaacuterio das poliacuteticas de juventude se explicita na focalizaccedilatildeo das

diretrizes ldquojovem temaacuteticordquo que expressa o puacuteblico alvo das accedilotildees desenvolvidas

nos diferentes ministeacuterios assim tem-se ldquoo jovem-alunordquo o ldquojovem-filhordquo o ldquojovem-

infratorrdquo a ldquojovem-matildeerdquo ldquoa jovem-que-natildeo-queremos-que-seja-matildeerdquo o rdquojovem-ruralrdquo

e outros (CARRANO 2012)

A transversalizaccedilatildeo dos programas seria uma estrateacutegia de superaccedilatildeo dessa

caracteriacutestica o que requisitaria ldquo[] repensar e fortalecer um pacto pela juventude

que parta da Secretaria Nacional da Juventude e consiga chegar ateacute onde o jovem

estaacute no municiacutepio no bairro e o conecte com o governo federalrdquo (SPOSITO 2012

p 225) pois eacute extremamente importante construir uma rede de atenccedilatildeo para os

jovens que conectem as poliacuteticas municipais estaduais e federais num diaacutelogo

permanente neste sentido as poliacuteticas para esse segmento natildeo devem

simplesmente reproduzir as poliacuteticas de acircmbito nacional elas devem ser efetivadas

e assumidas em todos os acircmbitos de accedilatildeo

Outra questatildeo que aparece no ProJovem Trabalhador comum agraves demais poliacuteticas

destinadas aos jovens eacute que as accedilotildees tecircm se destinado muito mais a oferecer o

que se instituiu como necessidades dos jovens e natildeo aquilo que o jovem apresentou

ou demandou como uma necessidade sua Os jovens precisam de espaccedilo natildeo soacute

22

No caso do ProJovem Trabalhador o programa tem previsatildeo para ser executado em 06 meses

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para receber os projetos jaacute preconcebidos mas sobretudo para dizer o que

precisam individual e coletivamente Para esse autor as accedilotildees destinadas aos

jovens emergem simultaneamente agrave criaccedilatildeo de personagens sociais (protagonistas

empreendedores e outros) de pouco diaacutelogo que atendam muito mais aos interesses

e modelos de poliacuteticas das agecircncias internacionais de desenvolvimento (CARRANO

2012)

Outra questatildeo a ser problematizada eacute que o programa definiu como meta miacutenima a

inserccedilatildeo de no miacutenimo 30 dos jovens no mundo do trabalho sendo admitidas as

seguintes formas de inserccedilatildeo a) emprego formal (comprovado atraveacutes de coacutepias da

carteira assinada dos jovens) b) estaacutegio ou jovem aprendiz (comprovado atraveacutes de

coacutepias dos contratos) c) ou formas alternativas geradoras de renda (Brasil 2008)

Questionamos ateacute que ponto essas possibilidades podem ser entendidas como

estrateacutegias de inserccedilatildeo no mundo do trabalho eou de superaccedilatildeo da precarizaccedilatildeo

das condiccedilotildees de trabalho dos jovens Quais satildeo os viacutenculos de trabalho Qual a

meacutedia de salaacuterio Quais as condiccedilotildees de trabalho Qual a permanecircncia dos jovens

nesses viacutenculos

Reconhecendo a importacircncia dessa estrateacutegia para a sobrevivecircncia dos jovens natildeo

podemos deixar de considerar que ela tambeacutem natildeo deixa de fazer parte de um

processo de naturalizaccedilatildeo das mudanccedilas no mundo do trabalho que culmina na

responsabilizaccedilatildeo dos proacuteprios trabalhadores Eles satildeo convencidos de que eles eacute

que natildeo tecircm grande coisa para vender ou natildeo sabem como vendecirc-la ndash ou seja natildeo

tem ldquocapital humanordquo ocultando desse modo todas as estruturas de distribuiccedilatildeo

desigual e apropriaccedilatildeo desigual dos recursos materiais sociais culturais e

simboacutelicos de nossa sociedade Esse fato faz com que o ldquo[] ldquocapital humanordquo de

um jovem oriundo do contexto popular da ldquoperiferiardquo tenha pouca chance de

equivaler ao de um jovem saiacutedo de um meio privilegiadordquo (BIHR 2007)

Nessa perspectiva o empreendedorismo tambeacutem aparece como estrateacutegia mas na

verdade se assemelha mais a danccedila das cadeiras quando a muacutesica para haacute mais

pessoas de peacute do que cadeiras disponiacuteveis para sentar (POCHAMANN 2005) Em

alguns casos empresas e o Estado ateacute destinam alguns recursos para esses fins

que satildeo ldquo[] importantes mas absolutamente incapazes de gerar mais postos de

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trabalho Uma contribuiccedilatildeo digamos para o ldquosalve-se quem puderrdquo (MATTOSO

1999 p20)

Fato que expressa bem a responsabilizaccedilatildeo do indiviacuteduo por sua situaccedilatildeo de

emprego e desemprego numa clara tentativa de transferir riscos e

responsabilidades ao trabalhador fazendo com que ele assuma a sua

empregabilidade por meio de formaccedilatildeo profissional qualificaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo

Deslocando assim a responsabilidade social do Estado para o plano individual onde

natildeo haacute poliacutetica de emprego apenas indiviacuteduos empregaacuteveis ou natildeo Os indiviacuteduos

afetados pela loacutegica da competiccedilatildeo por empregos inseguros comeccedilam a adaptar-se

a novas condutas psicoloacutegicas do perfil do ldquovencedorrdquo (COSTA 2005)

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A anaacutelise do ProJovem Trabalhador mostra que o programa eacute importante no

cotidiano desses jovens como um instrumento na efetivaccedilatildeo de direitos sociais e

mecanismo de sobrevivecircncia e evidencia que os avanccedilos das poliacuteticas de juventude

no paiacutes natildeo soacute em quantidade mas tambeacutem em qualidade se comparadas com as

experiecircncias anteriores

No entanto ainda haacute muito o que caminhar Podemos dizer que o programa

expressa o perfil das poliacuteticas sociais contemporacircneas Fragmentaccedilatildeo

descentralizaccedilatildeo focalizaccedilatildeo descontinuidade ausecircncia de pesquisas e avaliaccedilotildees

e privatizaccedilatildeo Caracteriacutesticas que precisam ser explicitadas e disputadas na cena

puacuteblica juntamente com as demais poliacuteticas sociais

Para que as poliacuteticas de juventude se transformem em poliacuteticas para a juventude eacute

preciso sair desse ciclo de vitimizaccedilatildeocriminalizaccedilatildeo voluntariadoencerramento ou

prevenccedilatildeorepressatildeo (BATISTA 2007) Para isso eacute necessaacuterio transformar esses

problemas sociais da juventude em problemas socioloacutegicos Esse eacute um exerciacutecio de

interrogaccedilatildeo que gera como produto a incerteza de afirmaccedilotildees antes dadas como

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inquestionaacuteveis Sem o questionamento a juventude se torna um quase bdquomito‟ e

para esse mito eacute necessaacuterio ldquopenetrar no cotidiano do jovemrdquo e questionar ldquo[]

sentiratildeo os jovens estes problemas como seus problemasrdquo (PAIS 2003 p34)

Mas sobretudo eacute preciso dotar de precisotildees conceituais acerca do tema juventude

de modo a iluminarmos os processos de construccedilatildeo de marcos poliacuteticos em

coerecircncia com os marcos conceituais os discursos e programaacuteticas deixando de

conceber aos jovens sobre ldquo[] a noccedilatildeo de um jovem problema e carente visatildeo

que tende agrave geraccedilatildeo de um determinado tipo de poliacutetica de juventude de natureza

compensatoacuteriardquo (LEacuteON 2005 p88)

Fica evidente ainda que a juventude cumpre um papel na atual sociedade

capitalista a de compor a grande massa do exeacutercito industrial de reserva quando a

poliacutetica social para a juventude em especial os programas de transferecircncia de renda

como o ProJovem Trabalhador acabam assumindo o papel de garantir mecanismos

de sobrevivecircncia dos sujeitos juvenis uma vez que natildeo eacute possiacutevel assegurar a

sobrevivecircncia desse segmento da classe trabalhadora atraveacutes da inserccedilatildeo no

trabalho

Abstract Analyze the ProJovem Worker program as one of coping policies changes in the workplace that particularly affected the youth For this we will make a brief background of the relations and working conditions for this population segment and social policies aimed at this audience including the program in question identifying their progress and limits through a bibliographic and documentary research Keywords Labor Social Policy and Youth

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Processo de Avaliaccedilatildeo por Pares (Blind Review - Anaacutelise do Texto Anocircnimo)

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Perioacutedico Cientiacutefico Eletrocircnico divulgado nos programas brasileiros Stricto Sensu

(Mestrados e Doutorados) e em universidades de 38 paiacuteses

em diversas aacutereas do conhecimento

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os jovens se inserem ocupando um papel central

As accedilotildees voltadas para a juventude nesse periacuteodo visavam o controle social da

juventude buscando conter o perfil questionador do jovem restringindo a liberdade

civil e introduzindo formas de construccedilatildeo de hegemonia nos espaccedilos educacionais

A forte participaccedilatildeo da juventude nesses espaccedilos de contestaccedilatildeo e enfrentamento

marca profundamente a forma como a juventude eacute vista pela sociedade Os jovens

tiveram um papel fundamental no processo de redemocratizaccedilatildeo a partir da deacutecada

de 1980 e muito deles foram vitimados durante todo o processo de emersatildeo e

decliacutenio da autocracia burguesa no Brasil

Na deacutecada de 1980 jaacute em um cenaacuterio de abertura democraacutetica mas em meio agrave uma

grande recessatildeo aliado agrave diminuiccedilatildeo dos gastos puacuteblicos haacute um quadro de

expansatildeo da pobreza Segundo a UNESCO (2004) nesse contexto outras formas de

organizaccedilotildees juvenis se constroem com a participaccedilatildeo de jovens em situaccedilatildeo de

marginalidade social e econocircmica em sua maioria sem acesso agrave educaccedilatildeo e aos

serviccedilos coletivos Tais movimentos satildeo chamados de ldquodistuacuterbios nacionaisrdquo que

incluiacuteam entre as accedilotildees saques a supermercados e ocupaccedilotildees de preacutedios puacuteblicos

Como uma estrateacutegia paliativa para dar conta desses problemas sociais emergem

em toda Ameacuterica Latina diversos programas de combate agrave pobreza que eram

sustentados atraveacutes da transferecircncia direta de recursos para a populaccedilatildeo atendida

vinculados agrave permanecircncia da crianccedila ou adolescente na escola apesar dessas

iniciativas natildeo terem sido definidas como poliacuteticas para juventude mesmo

atendendo a milhares de jovens com vistas a prevenir ldquocondutas delituosasrdquo

(UNESCO 2004)

No Brasil as estrateacutegias tambeacutem satildeo parecidas Pereira (2007) lembra o lema da

gestatildeo de Sarney ldquoTudo pelo Socialrdquo que iam desde accedilotildees emergenciais

(especialmente as de combate agrave fome e desemprego) ateacute accedilotildees de caraacuteter mais

estruturais de fortalecimento do crescimento econocircmico Aleacutem dos programas de

enfrentamento agrave pobreza recebe destaque tambeacutem as accedilotildees no campo da sauacutede

A deacutecada de 1980 eacute de intensa mobilizaccedilatildeo social A proteccedilatildeo social ganha espaccedilo

nos debates enquanto um marco conceitual e legal que pode ser percebido nos

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avanccedilos com relaccedilatildeo agrave temaacutetica da crianccedila e do adolescente que culmina com a

promulgaccedilatildeo da poliacutetica de proteccedilatildeo integral da crianccedila e do adolescente

consolidada a partir da institucionalizaccedilatildeo do Estatuto da Crianccedila do Adolescente

(ECRIAD) A proteccedilatildeo ao idoso comeccedila jaacute nessa deacutecada a ser discutida entrando

na Lei Orgacircnica da Assistecircncia Social (LOAS) um artigo que estipula um miacutenimo

social para o idoso O mesmo natildeo se daacute com a categoria juventude ela natildeo entra

nas discussotildees da proteccedilatildeo social

Na deacutecada de 1990 haacute uma explosatildeo das accedilotildees voltadas para a juventude Antes do

Governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC) ateacute 1995 existiam apenas 03

projetos voltados para a juventude10 (SPOSITO CARRANO 2003) Jaacute no periacuteodo do

Governo de FHC de 1995 a 2002 identificamos mais de 3011 programas

governamentais divididos em diversos ministeacuterios que incluiacuteam natildeo soacute os jovens

mas tambeacutem adolescentes e 03 accedilotildees natildeo governamentais de abrangecircncia

nacional O ponto alto dessa explosatildeo se daacute no intervalo de 1999 a 2002 quando

foram ativados 18 programas12 Para Sposito Carrano (2003) esse momento eacute uma

verdadeira explosatildeo na temaacutetica de juventude e adolescecircncia poreacutem sem muita

consistecircncia conceitual

Apesar dessa efervescecircncia nas poliacuteticas de juventude para Sposito Carrano (2003)

10

Programa Sauacutede do Adolescente e do Jovem (Ministeacuterio da Sauacutede) Programa Especial de Treinamento (PET - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) e Precircmio Jovem Cientista (Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia) 11

Dos 30 programas estritamente governamentais cinco se localizavam no Ministeacuterio da Educaccedilatildeo seis no Ministeacuterio de Esporte e Turismo seis no Ministeacuterio da Justiccedila um no Ministeacuterio de Desenvolvimento Agraacuterio um no Ministeacuterio da Sauacutede dois no Ministeacuterio de Trabalho e Emprego trecircs no Ministeacuterio de Previdecircncia e Assistecircncia Social dois no Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia dois no Gabinete de Seguranccedila Institucional da Presidecircncia da Repuacuteblica um no Gabinete do Presidente da Repuacuteblica (Projeto Alvorada) e por uacuteltimo um de caraacuteter interministerial especificamente voltado para a integraccedilatildeo das accedilotildees de 11 projetos programas focados em jovens localizado no Ministeacuterio de Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo (Programa Brasil em Accedilatildeo) (SPOSITO CARRANO 2003) 12

Satildeo elas Programa de estudante em convecircnio de Graduaccedilatildeo (MEC e Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores) Projeto Escola Jovem (MEC) Jogos da Juventude (Ministeacuterio do Esporte e Turismo) Olimpiacuteadas Colegiais (Ministeacuterio do Esporte e Turismo) Projeto Navegar (Ministeacuterio do Esporte e Turismo) Serviccedilo Civil Voluntaacuterio (Ministeacuterio do Esporte e Turismo) Programa de Reinserccedilatildeo Social do Adolescente em Conflito com a Lei (Ministeacuterio da Justiccedila) Promoccedilatildeo de Direitos de mulheres jovens vulneraacuteveis ao abuso sexual e agrave exploraccedilatildeo sexual comercial no Brasil (Ministeacuterio da Justiccedila) Programa de Sauacutede do Adolescente e do Jovem (Ministeacuterio da Sauacutede) Jovem Empreendedor (Ministeacuterio do Trabalho e Emprego) Programa Brasil Jovem (Ministeacuterio da Assistecircncia e Providencia Social) Centros da Juventude (Ministeacuterio do Esporte e Turismo) Agente Jovem de Desenvolvimento Social e Humano (Ministeacuterio da Assistecircncia e Providencia Social) Precircmio Jovem Cientista (Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia) Precircmio Jovem Cientista do Futuro (Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia) Comunidade Solidaacuteria (Presidecircncia da Repuacuteblica) e Programa Capacitaccedilatildeo Solidaacuteria

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no periacuteodo de 1995 a 2002 natildeo se pode falar de poliacuteticas estrateacutegicas orientadas

para os jovens mas de algumas propostas que segundo os autores partem da ldquo[]

ideia de prevenccedilatildeo de controle ou efeito compensatoacuterio de problemas que atingem

a juventude transformada em algumas situaccedilotildees ela mesma num problema para a

sociedaderdquo (2003 p 08) Esse fato talvez explique a ausecircncia da juventude nas

accedilotildees de proteccedilatildeo social Importante destacar que a sauacutede a seguranccedila puacuteblica e o

trabalho expressam a materialidade imediata para se pensar as poliacuteticas de

juventude nesse periacuteodo

A deacutecada de 1990 haacute um crescimento exponencial da violecircncia urbana no Brasil e

parte significativa dessa violecircncia aparece atrelada ao jovem Na deacutecada de 1970 a

participaccedilatildeo dos jovens no total das mortes por homiciacutedios foi de 288 jaacute na

deacutecada de 1980 os iacutendices sobem para 319 e na deacutecada de 1990 os iacutendices

chegaram a 347 (POCHMANN 2005 p 236)

Esse cenaacuterio fomenta a necessidade de poliacuteticas sociais para a juventude mas em

grande parte esses programas ldquo[] buscam de certa forma minimizar o potencial

ameaccedilador que os jovens trazem para a vida social alguns deles considerados a

bdquonova classe perigosa‟ que precisa estar sob um campo de forte controlerdquo

(SPOSITO 2003 p 67) O perigo passa a ser visto natildeo mais nos estudantes das

classes meacutedias (como nos anos 60) mas nos jovens pobres marginalizados e

moradores da periferia das grandes cidades

Nos anos 2000 ndash Governo Lula haacute um salto de qualidade13 nas accedilotildees voltadas a

esse puacuteblico dentre elas a criaccedilatildeo do Conselho Nacional de Juventude

(CONJUVE) em 2004 a criaccedilatildeo do Grupo Interministerial a criaccedilatildeo da Secretaria

Nacional de Juventude em 2005 e a realizaccedilatildeo da Conferecircncia Nacional de

Juventude

Outro avanccedilo importante se deu em 2010 quando foi editada a Emenda

Constitucional nordm 65 que altera o contexto incluindo o jovem onde se constava

apenas da famiacutelia da crianccedila do adolescente e do idoso no Capiacutetulo VII do Tiacutetulo

13

O Grupo Interministerial identificou 131 accedilotildees vinculadas a 45 programas e destes 19 satildeo especiacuteficos para os jovens

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VII (Da Ordem Social) Essa modificaccedilatildeo da Emenda nordm652010 coloca a obrigaccedilatildeo

do Estado na satisfaccedilatildeo dos direitos baacutesicos da juventude fato que representa uma

conquista para os jovens brasileiros uma vez que esse eacute o maior instrumento

juriacutedico do paiacutes que passa a assegurar os direitos ldquo[] agrave vida agrave sauacutede ao lazer agrave

profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria []rdquo (BRASIL EC Nordm 652010) e assegura a criaccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas para esse segmento

Analisando as poliacuteticas de juventude no Brasil em 2010 identificamos que existiam

18 programas14 voltados para o puacuteblico jovem e que se desenvolvia vaacuterias accedilotildees

em diversos Ministeacuterios e secretarias Um desses programas eacute o ProJovem que

analisaremos em seguida

PROJOVEM TRABALHADOR

O ProJovem surge em 2005 como resultado de demanda por parte da sociedade

mas sobretudo como resultado do diagnoacutestico realizado do Grupo Interministerial

que recomendava maior integraccedilatildeo e complementaridade entre os programas

14

1) Programa Nacional de Inclusatildeo de Jovens (Projovem) Projovem Urbano Projovem Campo Projovem Trabalhador e Projovem Adolescente ndash Secretaria Nacional de Juventude da Secretaacuteria-Geral da Presidecircncia da Repuacuteblica Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome (MDS) 2) Programa Cultura Viva ndash Ministeacuterio da Cultura 3) Bolsa Atleta ndash Ministeacuterio do Esporte 4) Programa Segundo Tempo ndash Ministeacuterio do Esporte 5) Praccedilas da Juventude ndash Ministeacuterios do Esporte e da Justiccedila 6) Projeto Rondon ndash Ministeacuterio da Defesa em parceria com diversos ministeacuterios 7) Projeto Soldado Cidadatildeo ndash Comandos da Marinha Exeacutercito e Aeronaacuteutica 8) Programa Nacional de Seguranccedila Puacuteblica com Cidadania ndash Pronasci Protejo Jovem Detento Geraccedilatildeo Consciente Pelc Projeto Praccedila da Juventude Pintando a Liberdade e Pintando a Cidadania Pontos de Leitura Pontos de Cultura Projeto Museus Projeto Farol Projovem Prisional ndash Ministeacuterio da Justiccedila tendo alguns parceiros Ministeacuterio Cultura Esporte Igualdade Racial e Secretaria Nacional de Juventude 9) Pronaf Jovem ndash Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio 10) Juventude e Meio Ambiente ndash Ministeacuterios da Educaccedilatildeo e do Meio Ambiente com a parceria da Secretaria Nacional de Juventude 11) Escola Aberta ndash Cooperaccedilatildeo teacutecnica entre o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e a UNESCO 12) ProUni ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 13) Reforccedilo agraves Escolas Teacutecnicas e Ampliaccedilatildeo das vagas em Universidades Federais ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 14) Brasil Alfabetizado ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 15) Proeja ndash Ministeacuterios da Educaccedilatildeo e do Trabalho e Emprego 16) Programa Nacional do Livro Didaacutetico para o Ensino Meacutedio (PNLEM) ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 17) Programa Nacional do Livro Didaacutetico para a Alfabetizaccedilatildeo de Jovens e Adultos ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 18) Ampliaccedilatildeo do Bolsa Famiacutelia ndash Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome (BRASIL 2011)

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voltados para a juventude e tinha como objetivo aumentar o niacutevel de escolaridade de

modo a inserir esses jovens no mercado de trabalho (BRASIL 2008)

A primeira versatildeo desse programa foi criada em parceria com a Secretaria Nacional

da Juventude e do Conselho Nacional de Juventude e foi regulamentado atraveacutes do

decreto 5557 de 05102005 e tinha como puacuteblico alvo os jovens de 18 a 24 anos

que ainda natildeo tivessem completado o ensino fundamental mas que tivessem feito

no miacutenimo a 4ordf seacuterie e natildeo poderiam ter viacutenculo formal no mercado de trabalho e

que fossem moradores de capitais e regiotildees metropolitanas com mais de duzentos

mil habitantes Os jovens participantes do programa receberiam uma bolsa no valor

de R$ 10000 (cem reais) e teriam formaccedilatildeo profissional integral associando a

elevaccedilatildeo da escolaridade atraveacutes da formaccedilatildeo baacutesica de 800 horas acrescida da

formaccedilatildeo profissional com carga horaacuteria de 350 horas e 50 horas de atividades de

accedilotildees comunitaacuterias (BRASIL 2008)

O objetivo principal era a elevaccedilatildeo da escolaridade tendo em vista a conclusatildeo do

ensino fundamental a qualificaccedilatildeo profissional e o desenvolvimento de accedilotildees

comunitaacuterias de interesse puacuteblico A gestatildeo era do Grupo Interministerial e da

Secretaria Nacional de Juventude e o financiamento era do Governo Federal que

repassava aos municiacutepios para que esses executassem o programa

Em 2007 foi lanccedilado o Programa ProJovem Integrado que agrupou seis programas

o proacuteprio ProJovem o Agente Jovem Saberes da Terra Escola de Faacutebrica

Juventude cidadatilde e o Consoacutercio da Juventude Tal mudanccedila ocorreu em funccedilatildeo de

estudos feitos pelo sistema de informaccedilatildeo do programa que indicavam que os

jovens excluiacutedos estatildeo mais dispersos geograficamente do que se esperava ldquo[]

apontando a necessidade de ampliar o alcance do programa para cidades menores

uma vez que parte substantiva dos jovens brasileiros deixava de ser contemplada

quando se restringia o atendimento a municiacutepios com mais de 200 mil habitantesrdquo

(BRASIL 2008 p18)

Pesquisas da PNAD2003 (das regiotildees metropolitanas) e do Censo 2000 (nacional)

que tomaram como pesquisa os jovens de 18 a 24 anos com quatro a sete anos de

escolaridade e residentes nas cidades com mais de 200 mil habitantes mostravam

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queda do nuacutemero de jovens excluiacutedos No entanto quando analisado os jovens de

24 a 29 anos esses mesmos iacutendices satildeo crescentes [] evidenciando-se a

necessidade de ampliar a faixa etaacuteria atendida pelo ProJovem de modo a

contemplar tambeacutem os jovens de faixa etaacuteria mais elevada (Brasil 2008 p 18) As

atividades do ProJovem Integrado se iniciam em 2008 atraveacutes de quatro

modalidades

ProJovem Urbano ldquoDestina-se a jovens de 18 a 29 anos que sabem ler e

escrever mas que natildeo concluiacuteram o ensino fundamental Oferece elevaccedilatildeo de

escolaridade com a conclusatildeo do ensino fundamental qualificaccedilatildeo profissional

participaccedilatildeo em accedilotildees de cidadania e uma bolsa mensal de R$ 10000 Com

duraccedilatildeo de 18 meses eacute executado pela Secretaria Nacional de Juventude da

Secretaria-Geral da Presidecircncia da Repuacuteblica15 A modalidade eacute executada

mediante convecircnios firmados entre a Secretaria Nacional de Juventude estados e

municiacutepios Nas cidades com mais de 200 mil habitantes a parceria eacute feita

diretamente com a Prefeitura Municipal Jaacute nas cidades menores essa parceria eacute

firmada com o governo do estado que viabiliza a chegada do Programa nas cidades

menoresrdquo (BRASIL 2010)

ProJovem Campo Executado pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo a modalidade oferece

elevaccedilatildeo de escolaridade com a conclusatildeo do ensino fundamental e capacitaccedilatildeo

profissional de jovens de 18 a 29 anos que atuam na agricultura familiar O curso

tem duraccedilatildeo de 24 meses e eacute ministrado conforme a alternacircncia dos ciclos

agriacutecolas respeitando o periacuteodo em que os alunos trabalham no campo O

programa eacute desenvolvido em parceria com as secretarias estaduais de educaccedilatildeo e

uma rede de instituiccedilotildees puacuteblicas federais mediante convecircnios firmados com o MEC

(BRASIL 2010)

ProJovem Adolescente Executado pelo Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e

Combate agrave Fome (MDS) destina-se a jovens de 15 a 17 anos em situaccedilatildeo de risco

social independentemente da renda familiar ou que integram famiacutelias beneficiaacuterias

do Bolsa Famiacutelia Com duraccedilatildeo de 24 meses oferece proteccedilatildeo social baacutesica e

15

A partir de 2012 a coordenaccedilatildeo geral do ProJovem Urbano migrou da Secretaria Nacional de Juventude para o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (MEC) mas manteve a Secretaria Nacional de Juventude como parte do Comitecirc Gestor

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assistecircncia agraves famiacutelias visando elevar a escolaridade e reduzir os iacutendices de

violecircncia uso de drogas das doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis e gravidez

precoce Os municiacutepios interessados no Programa devem observar os seguintes

criteacuterios a) estar habilitado nos niacuteveis de gestatildeo baacutesica ou plena do Suas b) possuir

Centros de Referecircncia da Assistecircncia Social (CRAS) em funcionamento e registro

no Censo do CRAS c) apresentar a demanda miacutenima de 40 jovens que pertenccedilam a

famiacutelias beneficiaacuterias do Bolsa Famiacutelia (BRASIL 2010)

ProJovem Trabalhador O ProJovem Trabalhador ficou sob a responsabilidade do

Ministeacuterio do Trabalho (MTE) unificando as accedilotildees do Consoacutercio Social da

Juventude Empreendedorismo Juvenil Juventude Cidadatilde e Escola de Faacutebrica

tendo como objetivo ldquo[] preparar o jovem para ocupaccedilotildees com viacutenculo

empregatiacutecio ou para outras atividades produtivas geradoras de renda por meio da

qualificaccedilatildeo social e profissional e do estiacutemulo agrave sua inserccedilatildeo no mundo do trabalhordquo

(Brasil 2008) como estaacute previsto no artigo 37 da Lei 6629 de novembro de 2008

que unificou os programas (BRASIL 2010)

Essa modalidade do ProJovem se destina a jovens de 18 a 29 anos em situaccedilatildeo de

desemprego e cuja renda familiar per capita seja de ateacute um salaacuterio miacutenimo e ainda

que cumpra os seguintes preacute-requisitos a) cursando ou tenha concluiacutedo o ensino

fundamental ou b) cursando ou tenha concluiacutedo o ensino meacutedio e natildeo estejam

cursando ou natildeo tenha concluiacutedo o ensino superior16 (BRASIL 2008 artigo 38)

O ProJovem Trabalhador tem duas submodalidades o Consoacutercio Social da

Juventude e o Juventude Cidadatilde Isto porque o ProJovem Trabalhador natildeo unificou

os programas anteriores do Ministeacuterio do Trabalho ele apenas os agregou sob a

forma da lei Inclusive parte da legislaccedilatildeo eacute diferente para o ProJovem Trabalhador

ndash Consoacutercio Social da Juventude o qual segue a orientaccedilatildeo da Portaria 2043 de 22

de outubro de 2009 o ProJovem Trabalhador ndash Juventude Cidadatilde por sua vez

segue a Portaria 991 de 27 de novembro de 2008 Ambos seguem as orientaccedilotildees

do Decreto 6629 de 2008

16

Nas accedilotildees de empreendedorismo juvenil aleacutem dos jovens referidos no caput tambeacutem poderatildeo ser contemplados aqueles que estejam cursando ou tenham concluiacutedo o ensino superior (Brasil 2008 artigo 38)

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Fato que mostra como eacute prematuro apresentar o ProJovem como a poliacutetica nacional

de juventude pois natildeo basta colocar sob um mesmo nome todas as accedilotildees para que

elas faccedilam assim parte de uma mesma loacutegica e que tenham os mesmos objetivos

Como pensar em projeto unificado Como operar com sistemas de avaliaccedilatildeo

controle e monitoramento E estamos falando aqui apenas de uma das modalidades

do ProJovem as demais estatildeo divididas em outras Secretarias Eacute preciso muito

cuidado para que o programa natildeo apenas camufle a fragmentaccedilatildeo que eacute uma marca

das poliacuteticas de juventude que ao que podemos ver ainda se manteacutem

No que se refere agrave execuccedilatildeo do Programa a legislaccedilatildeo (Termo de Referecircncia 991

de 2008) delega tais execuccedilotildees a Estados e Municiacutepios com populaccedilatildeo com acima

de 20 mil habitantes natildeo haacute necessidade de convecircnio acordo contrato ajuste ou

outro instrumento congecircnere o que natildeo dispensa a prestaccedilatildeo de contas (Brasil

2008)17 Essa forma de gerir a maacutequina puacuteblica que se tornou praacutetica comum na

gestatildeo das poliacuteticas sociais expressa a loacutegica da transferecircncia de responsabilidade

do Estado para a sociedade civil quando cabe ao Estado o papel de financiador e

ao terceiro setor o de executor

Tal fenocircmeno eacute parte do processo de reestruturaccedilatildeo produtiva (BEHRING 2003) e

tem impactos diretos no programa principalmente no que se refere agrave continuidade e

agrave qualidade das atividades uma vez que a empresa contratada ou Organizaccedilatildeo da

Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP) tem por objetivo o lucro Satildeo trecircs

atores diretamente envolvidos poreacutem nem sempre com objetivos comuns Conciliar

esses interesses e perspectivas diferentes eacute grande desafio Neste sentido em meio

a tantos personagens e interesses como fazer chegar ao centro do poder os

interesses dos principais interessados os jovens (CASTRO 2012)

Pesquisa realizada pelo Ministeacuterio do Trabalho atraveacutes do Departamento

Intersindical de Estatiacutesticas e Estudo Socioeconocircmicos (DIEESE) referente aos

17

Para a celebraccedilatildeo dos convecircnios a entidade de direito privado sem fins lucrativos na execuccedilatildeo do ProJovem Trabalhador deveraacute ser precedida de seleccedilatildeo por chamada puacuteblica e essas deveratildeo comprovar experiecircncia de no miacutenimo 3 anos no objeto do convecircnio ter capacidade fiacutesica instalada necessaacuteria agrave execuccedilatildeo do objeto do convecircnio ter capacidade teacutecnica e administrativo-operacional adequada para execuccedilatildeo e apresentar proposta com adequaccedilatildeo entre os meios sugeridos seus custos cronogramas e resultados previstos em conformidade com as especificaccedilotildees teacutecnicas do termo de referecircncia e edital de chamada puacuteblica (BRASIL 2008)

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anos de 2010 e 2011 relacionando Juventude e Trabalho no Brasil que apresenta

resultados importantes sobre o perfil do jovem inserido no ProJovem Trabalhador e

alguns dados socioeconocircmicos sobre a juventude brasileira A primeira informaccedilatildeo eacute

sobre o nuacutemero de jovens cadastrados no programa

QUADRO 13 - NUacuteMERO DE JOVENS CADASTRADOS NO PROJOVEM

Brasil Grandes Regiotildees e Unidades da Federaccedilatildeo

HOMENS MULHERES TOTAL

Norte 13509 29524 43033

Nordeste 59095 125207 184302

Sudeste 43597 108104 151701

Sul 18187 40165 58352

Centro-Oeste 11709 35385 47094

Brasil 146097 338385 484482

Fonte MTE Departamento de Poliacuteticas de Trabalho e Emprego para a Juventude DIEESE (2011)

Percebemos assim que cerca de 10 dos jovens brasileiros estatildeo inseridos no

programa o que mostra a relevacircncia e importacircncia do programa levando os

organismos governamentais a se referirem ao programa como a expressatildeo da

poliacutetica nacional de juventude

Interessante observar ainda o nuacutemero das jovens inseridas no programa

representando mais de 60 do total dos jovens participantes fato esse que pode

ser explicado em partes pelos altos iacutendices de desemprego que afetam de forma

diferente as mulheres o que evidencia a inserccedilatildeo ainda precaacuteria da mulher no

mundo do trabalho representando assim que essa pode ser uma oportunidade

importante de inserccedilatildeo no mercado de trabalho para essas jovens

Isso mostra tambeacutem que eacute necessaacuterio pensar o ProJovem Trabalhador que leve

em consideraccedilatildeo as especificidades de ser uma jovem mulher natildeo soacute no que se

refere agrave inserccedilatildeo no mercado de trabalho que eacute objetivo do programa mas tambeacutem

na permanecircncia dessa jovem no programa em quais condiccedilotildees satildeo ofertadas para

isso e principalmente num acompanhamento posterior

Um uacuteltimo dado que natildeo podemos deixar de comentar mesmo que sucintamente se

refere agrave questatildeo da renda Como mostra a tabela abaixo dos jovens inseridos no

ProJovem Trabalhador o percentual de jovens que recebem ou jaacute receberam outros

benefiacutecios sociais eacute relativamente pequeno apenas na regiatildeo Nordeste o iacutendice eacute

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um pouco maior (377) nas demais regiotildees os iacutendices ficam em torno de 15

Esses dados podem mostrar que esses jovens estatildeo quase que totalmente

desassistidos com relaccedilatildeo aos direitos sociais uma vez que ficaram agrave margem do

sistema escolar estatildeo fora do mercado de trabalho (ou inseridos precariamente) e

tambeacutem natildeo satildeo assistidos pelos programas de Assistecircncia Social ou seja satildeo

jovens que estatildeo expostos a uma grande violecircncia urbana de desproteccedilatildeo social

QUADRO 15 - PROPORCcedilAtildeO DE JOVENS CADASTRADOS QUE TEcircM ALGUM MEMBRO DA FAMIacuteLIA QUE RECEBEU AUXIacuteLIO DO GOVERNO

Brasil Grandes Regiotildees e Unidades da Federaccedilatildeo

PERCENTUAL

Norte 165

Nordeste 377

Sudeste 127

Sul 120

Centro Oeste 145

Brasil 210

Fonte MTE Departamento de Poliacuteticas de Trabalho e Emprego para a Juventude Elaboraccedilatildeo DIEESE Obs O total Brasil inclui jovens cadastrados sem informaccedilatildeo para UF DIEESE (2011)

Observando o quadro abaixo que trata especialmente da renda a descriccedilatildeo acima

se fortalece Podemos ver que entre os jovens da populaccedilatildeo rural o salaacuterio em

2010 era em meacutedia de pouco mais de um salaacuterio miacutenimo e dos jovens da zona

urbana a meacutedia no mesmo periacuteodo era de dois salaacuterios miacutenimos

QUADRO 16 - RENDA FAMILIAR DO JOVEM CADASTRADO NO PROGRAMA 2010 BRASIL E GRANDES REGIOtildeES - 2010 (EM )

RURAL R$ 63700

URBANA R$ 104200

TOTAL R$ 103000

Fonte MTE Departamento de Poliacuteticas de Trabalho e Emprego para a Juventude Elaboraccedilatildeo DIEESE (2011)

Percebemos assim que o jovem inserido no programa aleacutem de ter as caracteriacutesticas

que satildeo preacute-requisitos para a entrada no programa tais quais situaccedilatildeo de

desemprego e com renda familiar per capita de ateacute um salaacuterio miacutenimo a maioria dos

jovens inseridos no programa satildeo mulheres de etnia parda entre 18 a 24 anos e

que vecircm de uma histoacuteria de desproteccedilatildeo social

Os jovens inscritos no programa recebem um auxiacutelio financeiro no valor de R$

10000 (cem reais) mensais de caraacuteter temporaacuterio que natildeo podem ser cumulativos

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a outros benefiacutecios sociais de programas federais de natureza semelhante18

devendo o jovem optar por um deles O valor eacute repassado diretamente do governo

federal para os beneficiados do programa atraveacutes de uma conta bancaacuteria O auxiacutelio

poderaacute ser suspenso nas seguintes situaccedilotildees a) recebimento de benefiacutecio de

natureza semelhante de outros programas federais b) frequecircncia mensal abaixo de

75 nas atividades19 c) natildeo atendimento de outras condiccedilotildees da modalidade

(Brasil 2008)

O ProJovem seguindo a loacutegica das demais poliacuteticas sociais utiliza da transferecircncia

de renda articulada ao cumprimento de algumas condicionalidades20 e a principal

delas se relaciona agrave ampliaccedilatildeo da escolaridade e a qualificaccedilatildeo profissional

Analisando a questatildeo da transferecircncia de renda podemos observar que na Ameacuterica

Latina os programas de transferecircncia entram como substituto da ausecircncia de

rendimentos provocada pelo desemprego ou o emprego precarizado confirmando a

centralidade do indiviacuteduo e a responsabilizaccedilatildeo da sociedade (STEIN 2008) e

ganham maior destaque como forma de diminuir a incapacidade de reduzir as

desigualdades que afetam de forma especial a juventude diante da crise do trabalho

e da ausecircncia de direitos efetivamente ldquo[] assegurados do acesso ao lazer e aos

bens culturais e de um sistema educativo capaz de acolher seu novo puacuteblico

ocorrem os programas de transferecircncia de renda aos jovens incapazes por si soacute de

assegurar transformaccedilotildees mais densas nessas esferas []rdquo (SPOSITO

CORRACHANO 2005 p 20) Algumas avaliaccedilotildees apontam o quanto essa renda

tem sido importante para os jovens mesmo que ainda seja percebida como privileacutegio

e natildeo como direito

Jaacute no que se refere agrave ampliaccedilatildeo da escolarizaccedilatildeo aparentemente ela pode ser

percebida como um avanccedilo pois representa do ponto de vista do ato individual e

isolado a perspectiva do acesso agrave educaccedilatildeo que muitas vezes eacute negada agrave juventude

18

Consideram-se de natureza semelhante ao auxiacutelio financeiro mensal a que se refere o caput os benefiacutecios pagos por programas federais dirigidos a indiviacuteduos da mesma faixa etaacuteria do ProJovem (Inciso 5ordm do Artigo 47 da Lei 6629 de novembro de 2008) 19

Para fins da certificaccedilatildeo profissional dos jovens e de pagamento do auxiacutelio financeiro exigir-se-aacute frequecircncia mensal miacutenima de setenta e cinco por cento nas accedilotildees de qualificaccedilatildeo 20

A criaccedilatildeo de condicionalidades para acesso agraves poliacuteticas sociais retomam os seus aspectos mais conservadores uma vez que elas deixam de se configurar como direito

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das classes que vivem do trabalho Entretanto precisamos considerar que o simples

acesso agrave escola por si soacute natildeo garante educaccedilatildeo de qualidade e ainda que natildeo se

resolve o problema com os jovens tornando-os mais ldquoempregaacuteveisrdquo se novos

empregos natildeo satildeo criados

Precisamos considerar ainda que [] a maioria natildeo eacute pobre porque natildeo tem boa

educaccedilatildeo mas na realidade natildeo consegue boa educaccedilatildeo porque eacute pobre

(FRIGOTO 2004 p 192) Natildeo queremos negar a educaccedilatildeo como um direito

elementar e muito menos o potencial de emancipaccedilatildeo que a educaccedilatildeo comporta

pretendemos apenas alertar que um diagnoacutestico equivocado pode trazer respostas

equivocadas Concordamos com Frigotto (2004 p 194) quando afirma que ldquo[] a

crenccedila de que o problema eacute conjuntural pode conduzir a poliacuteticas puacuteblicas

focalizadas e de natureza filantroacutepica ou de administraccedilatildeo e controle da pobreza

sem atentar para poliacuteticas que atacam as estruturas produtoras da desigualdaderdquo A

pobreza nesse contexto passa a ser vista com ausecircncia de capacidades individuais

logo a poliacutetica social se transforma numa estrateacutegia para inserir os pobres no

mercado de trabalho

Ainda sobre essa questatildeo Sposito et al (2006) nos convida agrave analisarmos com

cuidado uma vez que os jovens usuaacuterios dos programas sociais voltados para a

juventude satildeo os mesmos que foram precocemente excluiacutedos da escola (seja por

distorccedilatildeo de seacuterie idade ou outro fator) Logo a mera exigecircncia de retorno agrave mesma

escola que natildeo foi capaz de lidar com essas situaccedilotildees eacute no miacutenimo manter os

processos de segregaccedilatildeo (SPOSITO et al 2006) Segundo os autores podemos

constatar duas consequecircncias desse fato uma eacute o paralelismo das atividades de

caraacuteter socioeducativo que natildeo se articula com a rede puacuteblica de ensino e a outra eacute

a total ausecircncia das poliacuteticas de educaccedilatildeo que se articulem com os programas

sociais para a juventude de modo a redefinir o tipo de proposta de escolaridade

adequada a esses jovens (SPOSITO et al 2006)

Eacute importante mostrar ainda a tendecircncia de valorizaccedilatildeo da socioeducaccedilatildeo contidas

nos programas que natildeo eacute acompanhada das justificativas que induzem a essa

adesatildeo indicando haver uma deficiecircncia nos sistemas de ensino natildeo soacute no campo

pedagoacutegico mas tambeacutem na funccedilatildeo socializadora da escola que natildeo formaria para

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a cidadania21 (SPOSITO et al 2006) fato que estaria criando segundo esses

autores uma via paralela de educaccedilatildeo natildeo-escolar para jovens pobres o que os

leva a questionar se essa via estaria oferecendo uma proposta melhor que a rede

puacuteblica Sendo a resposta afirmativa por que natildeo a articular com o sistema de

ensino Se a resposta for negativa nos faz crer que se trata apenas de ocupar o

tempo livre dos jovens dos bairros pobres

Natildeo podemos deixar de tratar ainda sobre a questatildeo dos instrutores A pesquisa

apresentada por Sposito et al (2006) afirma que as atividades em geral satildeo

realizadas com uma base material precaacuteria e com baixa formaccedilatildeo teacutecnica ou mesmo

escolar que sempre inclui palestras cursos e oficinas Em alguns casos os

programas propotildeem uma formaccedilatildeo geral voltada para a cidadania e outra com foco

no aprendizado de habilidades para o mercado do trabalho

Partindo do que foi apresentado nessa pesquisa citada acima haacute duas grandes

orientaccedilotildees em torno do adolescente pobre e outra em torno do jovem pobre Para

os autores apoacutes anos de promulgaccedilatildeo do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente jaacute

satildeo visiacuteveis os avanccedilos que fazem com que os direitos da crianccedila

independentemente de sua condiccedilatildeo social (ter uma famiacutelia agrave escola sauacutede

proteccedilatildeo do Estado) sejam reconhecidos socialmente mesmo que ainda precisem

ser disputados mas jaacute satildeo reconhecidos

Contudo o mesmo natildeo acontece com os jovens pobres pois para eles eacute impelida

uma imagem que impede o reconhecimento social de seus direitos para esses satildeo

reservadas as accedilotildees de inserccedilatildeo social compensatoacuterias e alto teor socioeducativo

esses satildeo chamados de adolescentes pobres que continuam a ocupar o natildeo-lugar

e soacute se tornam visiacuteveis pela ameaccedila ou pelo risco provocados na sociedade Aos

outros que podem usufruir de alguns direitos mesmo que minimamente o termo

jovem passa a ser fortemente aplicado (SPOSITO et al 2006) evidenciando que as

21

A cidadania como eacute tratada aparece como um conceito muito mais ligado a uma ideia de atividade socializadora com ecircnfase no civismo e no aprendizado de certos valores importantes para essa civilidade o que acaba esvaziando os conteuacutedos da cidadania ligados agrave ideia de direitos prevalecendo a pressuposiccedilatildeo de que jovens e adolescentes pobres - precisam ser atingidos por alguma accedilatildeo que lhes ensine algo (SPOSITO et al 2006)

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poliacuteticas de juventude estatildeo fortemente marcadas pelas concepccedilotildees de juventude

mas sobretudo pelas concepccedilotildees sobre os jovens pobres

Outro aspecto a ser destacado eacute o caraacuteter transitoacuterio das accedilotildees (em meacutedia 02 anos)

natildeo se configurando enquanto uma poliacutetica puacuteblica mantendo o cariz de programa

numa proposta de poliacutetica emergencial para a juventude que mina a construccedilatildeo de

uma poliacutetica puacuteblica nacional e ainda dificultando a avaliaccedilatildeo seacuteria de tais

programas22 (SPOSITO CORRACHANO 2005)

A fragmentaccedilatildeo tambeacutem eacute uma caracteriacutestica marcante no ProJovem Trabalhador

mantendo a visatildeo das poliacuteticas de juventude como um conjunto de caixinhas

isoladas em disputa impedindo o diaacutelogo entre elas cada modalidade estaacute sob

orientaccedilatildeo de um Ministeacuterio diferente e natildeo articulaccedilatildeo entre as modalidades O

caraacuteter fragmentaacuterio das poliacuteticas de juventude se explicita na focalizaccedilatildeo das

diretrizes ldquojovem temaacuteticordquo que expressa o puacuteblico alvo das accedilotildees desenvolvidas

nos diferentes ministeacuterios assim tem-se ldquoo jovem-alunordquo o ldquojovem-filhordquo o ldquojovem-

infratorrdquo a ldquojovem-matildeerdquo ldquoa jovem-que-natildeo-queremos-que-seja-matildeerdquo o rdquojovem-ruralrdquo

e outros (CARRANO 2012)

A transversalizaccedilatildeo dos programas seria uma estrateacutegia de superaccedilatildeo dessa

caracteriacutestica o que requisitaria ldquo[] repensar e fortalecer um pacto pela juventude

que parta da Secretaria Nacional da Juventude e consiga chegar ateacute onde o jovem

estaacute no municiacutepio no bairro e o conecte com o governo federalrdquo (SPOSITO 2012

p 225) pois eacute extremamente importante construir uma rede de atenccedilatildeo para os

jovens que conectem as poliacuteticas municipais estaduais e federais num diaacutelogo

permanente neste sentido as poliacuteticas para esse segmento natildeo devem

simplesmente reproduzir as poliacuteticas de acircmbito nacional elas devem ser efetivadas

e assumidas em todos os acircmbitos de accedilatildeo

Outra questatildeo que aparece no ProJovem Trabalhador comum agraves demais poliacuteticas

destinadas aos jovens eacute que as accedilotildees tecircm se destinado muito mais a oferecer o

que se instituiu como necessidades dos jovens e natildeo aquilo que o jovem apresentou

ou demandou como uma necessidade sua Os jovens precisam de espaccedilo natildeo soacute

22

No caso do ProJovem Trabalhador o programa tem previsatildeo para ser executado em 06 meses

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para receber os projetos jaacute preconcebidos mas sobretudo para dizer o que

precisam individual e coletivamente Para esse autor as accedilotildees destinadas aos

jovens emergem simultaneamente agrave criaccedilatildeo de personagens sociais (protagonistas

empreendedores e outros) de pouco diaacutelogo que atendam muito mais aos interesses

e modelos de poliacuteticas das agecircncias internacionais de desenvolvimento (CARRANO

2012)

Outra questatildeo a ser problematizada eacute que o programa definiu como meta miacutenima a

inserccedilatildeo de no miacutenimo 30 dos jovens no mundo do trabalho sendo admitidas as

seguintes formas de inserccedilatildeo a) emprego formal (comprovado atraveacutes de coacutepias da

carteira assinada dos jovens) b) estaacutegio ou jovem aprendiz (comprovado atraveacutes de

coacutepias dos contratos) c) ou formas alternativas geradoras de renda (Brasil 2008)

Questionamos ateacute que ponto essas possibilidades podem ser entendidas como

estrateacutegias de inserccedilatildeo no mundo do trabalho eou de superaccedilatildeo da precarizaccedilatildeo

das condiccedilotildees de trabalho dos jovens Quais satildeo os viacutenculos de trabalho Qual a

meacutedia de salaacuterio Quais as condiccedilotildees de trabalho Qual a permanecircncia dos jovens

nesses viacutenculos

Reconhecendo a importacircncia dessa estrateacutegia para a sobrevivecircncia dos jovens natildeo

podemos deixar de considerar que ela tambeacutem natildeo deixa de fazer parte de um

processo de naturalizaccedilatildeo das mudanccedilas no mundo do trabalho que culmina na

responsabilizaccedilatildeo dos proacuteprios trabalhadores Eles satildeo convencidos de que eles eacute

que natildeo tecircm grande coisa para vender ou natildeo sabem como vendecirc-la ndash ou seja natildeo

tem ldquocapital humanordquo ocultando desse modo todas as estruturas de distribuiccedilatildeo

desigual e apropriaccedilatildeo desigual dos recursos materiais sociais culturais e

simboacutelicos de nossa sociedade Esse fato faz com que o ldquo[] ldquocapital humanordquo de

um jovem oriundo do contexto popular da ldquoperiferiardquo tenha pouca chance de

equivaler ao de um jovem saiacutedo de um meio privilegiadordquo (BIHR 2007)

Nessa perspectiva o empreendedorismo tambeacutem aparece como estrateacutegia mas na

verdade se assemelha mais a danccedila das cadeiras quando a muacutesica para haacute mais

pessoas de peacute do que cadeiras disponiacuteveis para sentar (POCHAMANN 2005) Em

alguns casos empresas e o Estado ateacute destinam alguns recursos para esses fins

que satildeo ldquo[] importantes mas absolutamente incapazes de gerar mais postos de

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trabalho Uma contribuiccedilatildeo digamos para o ldquosalve-se quem puderrdquo (MATTOSO

1999 p20)

Fato que expressa bem a responsabilizaccedilatildeo do indiviacuteduo por sua situaccedilatildeo de

emprego e desemprego numa clara tentativa de transferir riscos e

responsabilidades ao trabalhador fazendo com que ele assuma a sua

empregabilidade por meio de formaccedilatildeo profissional qualificaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo

Deslocando assim a responsabilidade social do Estado para o plano individual onde

natildeo haacute poliacutetica de emprego apenas indiviacuteduos empregaacuteveis ou natildeo Os indiviacuteduos

afetados pela loacutegica da competiccedilatildeo por empregos inseguros comeccedilam a adaptar-se

a novas condutas psicoloacutegicas do perfil do ldquovencedorrdquo (COSTA 2005)

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A anaacutelise do ProJovem Trabalhador mostra que o programa eacute importante no

cotidiano desses jovens como um instrumento na efetivaccedilatildeo de direitos sociais e

mecanismo de sobrevivecircncia e evidencia que os avanccedilos das poliacuteticas de juventude

no paiacutes natildeo soacute em quantidade mas tambeacutem em qualidade se comparadas com as

experiecircncias anteriores

No entanto ainda haacute muito o que caminhar Podemos dizer que o programa

expressa o perfil das poliacuteticas sociais contemporacircneas Fragmentaccedilatildeo

descentralizaccedilatildeo focalizaccedilatildeo descontinuidade ausecircncia de pesquisas e avaliaccedilotildees

e privatizaccedilatildeo Caracteriacutesticas que precisam ser explicitadas e disputadas na cena

puacuteblica juntamente com as demais poliacuteticas sociais

Para que as poliacuteticas de juventude se transformem em poliacuteticas para a juventude eacute

preciso sair desse ciclo de vitimizaccedilatildeocriminalizaccedilatildeo voluntariadoencerramento ou

prevenccedilatildeorepressatildeo (BATISTA 2007) Para isso eacute necessaacuterio transformar esses

problemas sociais da juventude em problemas socioloacutegicos Esse eacute um exerciacutecio de

interrogaccedilatildeo que gera como produto a incerteza de afirmaccedilotildees antes dadas como

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inquestionaacuteveis Sem o questionamento a juventude se torna um quase bdquomito‟ e

para esse mito eacute necessaacuterio ldquopenetrar no cotidiano do jovemrdquo e questionar ldquo[]

sentiratildeo os jovens estes problemas como seus problemasrdquo (PAIS 2003 p34)

Mas sobretudo eacute preciso dotar de precisotildees conceituais acerca do tema juventude

de modo a iluminarmos os processos de construccedilatildeo de marcos poliacuteticos em

coerecircncia com os marcos conceituais os discursos e programaacuteticas deixando de

conceber aos jovens sobre ldquo[] a noccedilatildeo de um jovem problema e carente visatildeo

que tende agrave geraccedilatildeo de um determinado tipo de poliacutetica de juventude de natureza

compensatoacuteriardquo (LEacuteON 2005 p88)

Fica evidente ainda que a juventude cumpre um papel na atual sociedade

capitalista a de compor a grande massa do exeacutercito industrial de reserva quando a

poliacutetica social para a juventude em especial os programas de transferecircncia de renda

como o ProJovem Trabalhador acabam assumindo o papel de garantir mecanismos

de sobrevivecircncia dos sujeitos juvenis uma vez que natildeo eacute possiacutevel assegurar a

sobrevivecircncia desse segmento da classe trabalhadora atraveacutes da inserccedilatildeo no

trabalho

Abstract Analyze the ProJovem Worker program as one of coping policies changes in the workplace that particularly affected the youth For this we will make a brief background of the relations and working conditions for this population segment and social policies aimed at this audience including the program in question identifying their progress and limits through a bibliographic and documentary research Keywords Labor Social Policy and Youth

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REFEREcircCIAS

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Publicado na Revista Vozes dos Vales - wwwufvjmedubrvozes em 10102016

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Perioacutedico Cientiacutefico Eletrocircnico divulgado nos programas brasileiros Stricto Sensu

(Mestrados e Doutorados) e em universidades de 38 paiacuteses

em diversas aacutereas do conhecimento

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avanccedilos com relaccedilatildeo agrave temaacutetica da crianccedila e do adolescente que culmina com a

promulgaccedilatildeo da poliacutetica de proteccedilatildeo integral da crianccedila e do adolescente

consolidada a partir da institucionalizaccedilatildeo do Estatuto da Crianccedila do Adolescente

(ECRIAD) A proteccedilatildeo ao idoso comeccedila jaacute nessa deacutecada a ser discutida entrando

na Lei Orgacircnica da Assistecircncia Social (LOAS) um artigo que estipula um miacutenimo

social para o idoso O mesmo natildeo se daacute com a categoria juventude ela natildeo entra

nas discussotildees da proteccedilatildeo social

Na deacutecada de 1990 haacute uma explosatildeo das accedilotildees voltadas para a juventude Antes do

Governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC) ateacute 1995 existiam apenas 03

projetos voltados para a juventude10 (SPOSITO CARRANO 2003) Jaacute no periacuteodo do

Governo de FHC de 1995 a 2002 identificamos mais de 3011 programas

governamentais divididos em diversos ministeacuterios que incluiacuteam natildeo soacute os jovens

mas tambeacutem adolescentes e 03 accedilotildees natildeo governamentais de abrangecircncia

nacional O ponto alto dessa explosatildeo se daacute no intervalo de 1999 a 2002 quando

foram ativados 18 programas12 Para Sposito Carrano (2003) esse momento eacute uma

verdadeira explosatildeo na temaacutetica de juventude e adolescecircncia poreacutem sem muita

consistecircncia conceitual

Apesar dessa efervescecircncia nas poliacuteticas de juventude para Sposito Carrano (2003)

10

Programa Sauacutede do Adolescente e do Jovem (Ministeacuterio da Sauacutede) Programa Especial de Treinamento (PET - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) e Precircmio Jovem Cientista (Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia) 11

Dos 30 programas estritamente governamentais cinco se localizavam no Ministeacuterio da Educaccedilatildeo seis no Ministeacuterio de Esporte e Turismo seis no Ministeacuterio da Justiccedila um no Ministeacuterio de Desenvolvimento Agraacuterio um no Ministeacuterio da Sauacutede dois no Ministeacuterio de Trabalho e Emprego trecircs no Ministeacuterio de Previdecircncia e Assistecircncia Social dois no Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia dois no Gabinete de Seguranccedila Institucional da Presidecircncia da Repuacuteblica um no Gabinete do Presidente da Repuacuteblica (Projeto Alvorada) e por uacuteltimo um de caraacuteter interministerial especificamente voltado para a integraccedilatildeo das accedilotildees de 11 projetos programas focados em jovens localizado no Ministeacuterio de Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo (Programa Brasil em Accedilatildeo) (SPOSITO CARRANO 2003) 12

Satildeo elas Programa de estudante em convecircnio de Graduaccedilatildeo (MEC e Ministeacuterio das Relaccedilotildees Exteriores) Projeto Escola Jovem (MEC) Jogos da Juventude (Ministeacuterio do Esporte e Turismo) Olimpiacuteadas Colegiais (Ministeacuterio do Esporte e Turismo) Projeto Navegar (Ministeacuterio do Esporte e Turismo) Serviccedilo Civil Voluntaacuterio (Ministeacuterio do Esporte e Turismo) Programa de Reinserccedilatildeo Social do Adolescente em Conflito com a Lei (Ministeacuterio da Justiccedila) Promoccedilatildeo de Direitos de mulheres jovens vulneraacuteveis ao abuso sexual e agrave exploraccedilatildeo sexual comercial no Brasil (Ministeacuterio da Justiccedila) Programa de Sauacutede do Adolescente e do Jovem (Ministeacuterio da Sauacutede) Jovem Empreendedor (Ministeacuterio do Trabalho e Emprego) Programa Brasil Jovem (Ministeacuterio da Assistecircncia e Providencia Social) Centros da Juventude (Ministeacuterio do Esporte e Turismo) Agente Jovem de Desenvolvimento Social e Humano (Ministeacuterio da Assistecircncia e Providencia Social) Precircmio Jovem Cientista (Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia) Precircmio Jovem Cientista do Futuro (Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia) Comunidade Solidaacuteria (Presidecircncia da Repuacuteblica) e Programa Capacitaccedilatildeo Solidaacuteria

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no periacuteodo de 1995 a 2002 natildeo se pode falar de poliacuteticas estrateacutegicas orientadas

para os jovens mas de algumas propostas que segundo os autores partem da ldquo[]

ideia de prevenccedilatildeo de controle ou efeito compensatoacuterio de problemas que atingem

a juventude transformada em algumas situaccedilotildees ela mesma num problema para a

sociedaderdquo (2003 p 08) Esse fato talvez explique a ausecircncia da juventude nas

accedilotildees de proteccedilatildeo social Importante destacar que a sauacutede a seguranccedila puacuteblica e o

trabalho expressam a materialidade imediata para se pensar as poliacuteticas de

juventude nesse periacuteodo

A deacutecada de 1990 haacute um crescimento exponencial da violecircncia urbana no Brasil e

parte significativa dessa violecircncia aparece atrelada ao jovem Na deacutecada de 1970 a

participaccedilatildeo dos jovens no total das mortes por homiciacutedios foi de 288 jaacute na

deacutecada de 1980 os iacutendices sobem para 319 e na deacutecada de 1990 os iacutendices

chegaram a 347 (POCHMANN 2005 p 236)

Esse cenaacuterio fomenta a necessidade de poliacuteticas sociais para a juventude mas em

grande parte esses programas ldquo[] buscam de certa forma minimizar o potencial

ameaccedilador que os jovens trazem para a vida social alguns deles considerados a

bdquonova classe perigosa‟ que precisa estar sob um campo de forte controlerdquo

(SPOSITO 2003 p 67) O perigo passa a ser visto natildeo mais nos estudantes das

classes meacutedias (como nos anos 60) mas nos jovens pobres marginalizados e

moradores da periferia das grandes cidades

Nos anos 2000 ndash Governo Lula haacute um salto de qualidade13 nas accedilotildees voltadas a

esse puacuteblico dentre elas a criaccedilatildeo do Conselho Nacional de Juventude

(CONJUVE) em 2004 a criaccedilatildeo do Grupo Interministerial a criaccedilatildeo da Secretaria

Nacional de Juventude em 2005 e a realizaccedilatildeo da Conferecircncia Nacional de

Juventude

Outro avanccedilo importante se deu em 2010 quando foi editada a Emenda

Constitucional nordm 65 que altera o contexto incluindo o jovem onde se constava

apenas da famiacutelia da crianccedila do adolescente e do idoso no Capiacutetulo VII do Tiacutetulo

13

O Grupo Interministerial identificou 131 accedilotildees vinculadas a 45 programas e destes 19 satildeo especiacuteficos para os jovens

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VII (Da Ordem Social) Essa modificaccedilatildeo da Emenda nordm652010 coloca a obrigaccedilatildeo

do Estado na satisfaccedilatildeo dos direitos baacutesicos da juventude fato que representa uma

conquista para os jovens brasileiros uma vez que esse eacute o maior instrumento

juriacutedico do paiacutes que passa a assegurar os direitos ldquo[] agrave vida agrave sauacutede ao lazer agrave

profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria []rdquo (BRASIL EC Nordm 652010) e assegura a criaccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas para esse segmento

Analisando as poliacuteticas de juventude no Brasil em 2010 identificamos que existiam

18 programas14 voltados para o puacuteblico jovem e que se desenvolvia vaacuterias accedilotildees

em diversos Ministeacuterios e secretarias Um desses programas eacute o ProJovem que

analisaremos em seguida

PROJOVEM TRABALHADOR

O ProJovem surge em 2005 como resultado de demanda por parte da sociedade

mas sobretudo como resultado do diagnoacutestico realizado do Grupo Interministerial

que recomendava maior integraccedilatildeo e complementaridade entre os programas

14

1) Programa Nacional de Inclusatildeo de Jovens (Projovem) Projovem Urbano Projovem Campo Projovem Trabalhador e Projovem Adolescente ndash Secretaria Nacional de Juventude da Secretaacuteria-Geral da Presidecircncia da Repuacuteblica Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome (MDS) 2) Programa Cultura Viva ndash Ministeacuterio da Cultura 3) Bolsa Atleta ndash Ministeacuterio do Esporte 4) Programa Segundo Tempo ndash Ministeacuterio do Esporte 5) Praccedilas da Juventude ndash Ministeacuterios do Esporte e da Justiccedila 6) Projeto Rondon ndash Ministeacuterio da Defesa em parceria com diversos ministeacuterios 7) Projeto Soldado Cidadatildeo ndash Comandos da Marinha Exeacutercito e Aeronaacuteutica 8) Programa Nacional de Seguranccedila Puacuteblica com Cidadania ndash Pronasci Protejo Jovem Detento Geraccedilatildeo Consciente Pelc Projeto Praccedila da Juventude Pintando a Liberdade e Pintando a Cidadania Pontos de Leitura Pontos de Cultura Projeto Museus Projeto Farol Projovem Prisional ndash Ministeacuterio da Justiccedila tendo alguns parceiros Ministeacuterio Cultura Esporte Igualdade Racial e Secretaria Nacional de Juventude 9) Pronaf Jovem ndash Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio 10) Juventude e Meio Ambiente ndash Ministeacuterios da Educaccedilatildeo e do Meio Ambiente com a parceria da Secretaria Nacional de Juventude 11) Escola Aberta ndash Cooperaccedilatildeo teacutecnica entre o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e a UNESCO 12) ProUni ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 13) Reforccedilo agraves Escolas Teacutecnicas e Ampliaccedilatildeo das vagas em Universidades Federais ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 14) Brasil Alfabetizado ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 15) Proeja ndash Ministeacuterios da Educaccedilatildeo e do Trabalho e Emprego 16) Programa Nacional do Livro Didaacutetico para o Ensino Meacutedio (PNLEM) ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 17) Programa Nacional do Livro Didaacutetico para a Alfabetizaccedilatildeo de Jovens e Adultos ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 18) Ampliaccedilatildeo do Bolsa Famiacutelia ndash Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome (BRASIL 2011)

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voltados para a juventude e tinha como objetivo aumentar o niacutevel de escolaridade de

modo a inserir esses jovens no mercado de trabalho (BRASIL 2008)

A primeira versatildeo desse programa foi criada em parceria com a Secretaria Nacional

da Juventude e do Conselho Nacional de Juventude e foi regulamentado atraveacutes do

decreto 5557 de 05102005 e tinha como puacuteblico alvo os jovens de 18 a 24 anos

que ainda natildeo tivessem completado o ensino fundamental mas que tivessem feito

no miacutenimo a 4ordf seacuterie e natildeo poderiam ter viacutenculo formal no mercado de trabalho e

que fossem moradores de capitais e regiotildees metropolitanas com mais de duzentos

mil habitantes Os jovens participantes do programa receberiam uma bolsa no valor

de R$ 10000 (cem reais) e teriam formaccedilatildeo profissional integral associando a

elevaccedilatildeo da escolaridade atraveacutes da formaccedilatildeo baacutesica de 800 horas acrescida da

formaccedilatildeo profissional com carga horaacuteria de 350 horas e 50 horas de atividades de

accedilotildees comunitaacuterias (BRASIL 2008)

O objetivo principal era a elevaccedilatildeo da escolaridade tendo em vista a conclusatildeo do

ensino fundamental a qualificaccedilatildeo profissional e o desenvolvimento de accedilotildees

comunitaacuterias de interesse puacuteblico A gestatildeo era do Grupo Interministerial e da

Secretaria Nacional de Juventude e o financiamento era do Governo Federal que

repassava aos municiacutepios para que esses executassem o programa

Em 2007 foi lanccedilado o Programa ProJovem Integrado que agrupou seis programas

o proacuteprio ProJovem o Agente Jovem Saberes da Terra Escola de Faacutebrica

Juventude cidadatilde e o Consoacutercio da Juventude Tal mudanccedila ocorreu em funccedilatildeo de

estudos feitos pelo sistema de informaccedilatildeo do programa que indicavam que os

jovens excluiacutedos estatildeo mais dispersos geograficamente do que se esperava ldquo[]

apontando a necessidade de ampliar o alcance do programa para cidades menores

uma vez que parte substantiva dos jovens brasileiros deixava de ser contemplada

quando se restringia o atendimento a municiacutepios com mais de 200 mil habitantesrdquo

(BRASIL 2008 p18)

Pesquisas da PNAD2003 (das regiotildees metropolitanas) e do Censo 2000 (nacional)

que tomaram como pesquisa os jovens de 18 a 24 anos com quatro a sete anos de

escolaridade e residentes nas cidades com mais de 200 mil habitantes mostravam

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queda do nuacutemero de jovens excluiacutedos No entanto quando analisado os jovens de

24 a 29 anos esses mesmos iacutendices satildeo crescentes [] evidenciando-se a

necessidade de ampliar a faixa etaacuteria atendida pelo ProJovem de modo a

contemplar tambeacutem os jovens de faixa etaacuteria mais elevada (Brasil 2008 p 18) As

atividades do ProJovem Integrado se iniciam em 2008 atraveacutes de quatro

modalidades

ProJovem Urbano ldquoDestina-se a jovens de 18 a 29 anos que sabem ler e

escrever mas que natildeo concluiacuteram o ensino fundamental Oferece elevaccedilatildeo de

escolaridade com a conclusatildeo do ensino fundamental qualificaccedilatildeo profissional

participaccedilatildeo em accedilotildees de cidadania e uma bolsa mensal de R$ 10000 Com

duraccedilatildeo de 18 meses eacute executado pela Secretaria Nacional de Juventude da

Secretaria-Geral da Presidecircncia da Repuacuteblica15 A modalidade eacute executada

mediante convecircnios firmados entre a Secretaria Nacional de Juventude estados e

municiacutepios Nas cidades com mais de 200 mil habitantes a parceria eacute feita

diretamente com a Prefeitura Municipal Jaacute nas cidades menores essa parceria eacute

firmada com o governo do estado que viabiliza a chegada do Programa nas cidades

menoresrdquo (BRASIL 2010)

ProJovem Campo Executado pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo a modalidade oferece

elevaccedilatildeo de escolaridade com a conclusatildeo do ensino fundamental e capacitaccedilatildeo

profissional de jovens de 18 a 29 anos que atuam na agricultura familiar O curso

tem duraccedilatildeo de 24 meses e eacute ministrado conforme a alternacircncia dos ciclos

agriacutecolas respeitando o periacuteodo em que os alunos trabalham no campo O

programa eacute desenvolvido em parceria com as secretarias estaduais de educaccedilatildeo e

uma rede de instituiccedilotildees puacuteblicas federais mediante convecircnios firmados com o MEC

(BRASIL 2010)

ProJovem Adolescente Executado pelo Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e

Combate agrave Fome (MDS) destina-se a jovens de 15 a 17 anos em situaccedilatildeo de risco

social independentemente da renda familiar ou que integram famiacutelias beneficiaacuterias

do Bolsa Famiacutelia Com duraccedilatildeo de 24 meses oferece proteccedilatildeo social baacutesica e

15

A partir de 2012 a coordenaccedilatildeo geral do ProJovem Urbano migrou da Secretaria Nacional de Juventude para o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (MEC) mas manteve a Secretaria Nacional de Juventude como parte do Comitecirc Gestor

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assistecircncia agraves famiacutelias visando elevar a escolaridade e reduzir os iacutendices de

violecircncia uso de drogas das doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis e gravidez

precoce Os municiacutepios interessados no Programa devem observar os seguintes

criteacuterios a) estar habilitado nos niacuteveis de gestatildeo baacutesica ou plena do Suas b) possuir

Centros de Referecircncia da Assistecircncia Social (CRAS) em funcionamento e registro

no Censo do CRAS c) apresentar a demanda miacutenima de 40 jovens que pertenccedilam a

famiacutelias beneficiaacuterias do Bolsa Famiacutelia (BRASIL 2010)

ProJovem Trabalhador O ProJovem Trabalhador ficou sob a responsabilidade do

Ministeacuterio do Trabalho (MTE) unificando as accedilotildees do Consoacutercio Social da

Juventude Empreendedorismo Juvenil Juventude Cidadatilde e Escola de Faacutebrica

tendo como objetivo ldquo[] preparar o jovem para ocupaccedilotildees com viacutenculo

empregatiacutecio ou para outras atividades produtivas geradoras de renda por meio da

qualificaccedilatildeo social e profissional e do estiacutemulo agrave sua inserccedilatildeo no mundo do trabalhordquo

(Brasil 2008) como estaacute previsto no artigo 37 da Lei 6629 de novembro de 2008

que unificou os programas (BRASIL 2010)

Essa modalidade do ProJovem se destina a jovens de 18 a 29 anos em situaccedilatildeo de

desemprego e cuja renda familiar per capita seja de ateacute um salaacuterio miacutenimo e ainda

que cumpra os seguintes preacute-requisitos a) cursando ou tenha concluiacutedo o ensino

fundamental ou b) cursando ou tenha concluiacutedo o ensino meacutedio e natildeo estejam

cursando ou natildeo tenha concluiacutedo o ensino superior16 (BRASIL 2008 artigo 38)

O ProJovem Trabalhador tem duas submodalidades o Consoacutercio Social da

Juventude e o Juventude Cidadatilde Isto porque o ProJovem Trabalhador natildeo unificou

os programas anteriores do Ministeacuterio do Trabalho ele apenas os agregou sob a

forma da lei Inclusive parte da legislaccedilatildeo eacute diferente para o ProJovem Trabalhador

ndash Consoacutercio Social da Juventude o qual segue a orientaccedilatildeo da Portaria 2043 de 22

de outubro de 2009 o ProJovem Trabalhador ndash Juventude Cidadatilde por sua vez

segue a Portaria 991 de 27 de novembro de 2008 Ambos seguem as orientaccedilotildees

do Decreto 6629 de 2008

16

Nas accedilotildees de empreendedorismo juvenil aleacutem dos jovens referidos no caput tambeacutem poderatildeo ser contemplados aqueles que estejam cursando ou tenham concluiacutedo o ensino superior (Brasil 2008 artigo 38)

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Fato que mostra como eacute prematuro apresentar o ProJovem como a poliacutetica nacional

de juventude pois natildeo basta colocar sob um mesmo nome todas as accedilotildees para que

elas faccedilam assim parte de uma mesma loacutegica e que tenham os mesmos objetivos

Como pensar em projeto unificado Como operar com sistemas de avaliaccedilatildeo

controle e monitoramento E estamos falando aqui apenas de uma das modalidades

do ProJovem as demais estatildeo divididas em outras Secretarias Eacute preciso muito

cuidado para que o programa natildeo apenas camufle a fragmentaccedilatildeo que eacute uma marca

das poliacuteticas de juventude que ao que podemos ver ainda se manteacutem

No que se refere agrave execuccedilatildeo do Programa a legislaccedilatildeo (Termo de Referecircncia 991

de 2008) delega tais execuccedilotildees a Estados e Municiacutepios com populaccedilatildeo com acima

de 20 mil habitantes natildeo haacute necessidade de convecircnio acordo contrato ajuste ou

outro instrumento congecircnere o que natildeo dispensa a prestaccedilatildeo de contas (Brasil

2008)17 Essa forma de gerir a maacutequina puacuteblica que se tornou praacutetica comum na

gestatildeo das poliacuteticas sociais expressa a loacutegica da transferecircncia de responsabilidade

do Estado para a sociedade civil quando cabe ao Estado o papel de financiador e

ao terceiro setor o de executor

Tal fenocircmeno eacute parte do processo de reestruturaccedilatildeo produtiva (BEHRING 2003) e

tem impactos diretos no programa principalmente no que se refere agrave continuidade e

agrave qualidade das atividades uma vez que a empresa contratada ou Organizaccedilatildeo da

Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP) tem por objetivo o lucro Satildeo trecircs

atores diretamente envolvidos poreacutem nem sempre com objetivos comuns Conciliar

esses interesses e perspectivas diferentes eacute grande desafio Neste sentido em meio

a tantos personagens e interesses como fazer chegar ao centro do poder os

interesses dos principais interessados os jovens (CASTRO 2012)

Pesquisa realizada pelo Ministeacuterio do Trabalho atraveacutes do Departamento

Intersindical de Estatiacutesticas e Estudo Socioeconocircmicos (DIEESE) referente aos

17

Para a celebraccedilatildeo dos convecircnios a entidade de direito privado sem fins lucrativos na execuccedilatildeo do ProJovem Trabalhador deveraacute ser precedida de seleccedilatildeo por chamada puacuteblica e essas deveratildeo comprovar experiecircncia de no miacutenimo 3 anos no objeto do convecircnio ter capacidade fiacutesica instalada necessaacuteria agrave execuccedilatildeo do objeto do convecircnio ter capacidade teacutecnica e administrativo-operacional adequada para execuccedilatildeo e apresentar proposta com adequaccedilatildeo entre os meios sugeridos seus custos cronogramas e resultados previstos em conformidade com as especificaccedilotildees teacutecnicas do termo de referecircncia e edital de chamada puacuteblica (BRASIL 2008)

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anos de 2010 e 2011 relacionando Juventude e Trabalho no Brasil que apresenta

resultados importantes sobre o perfil do jovem inserido no ProJovem Trabalhador e

alguns dados socioeconocircmicos sobre a juventude brasileira A primeira informaccedilatildeo eacute

sobre o nuacutemero de jovens cadastrados no programa

QUADRO 13 - NUacuteMERO DE JOVENS CADASTRADOS NO PROJOVEM

Brasil Grandes Regiotildees e Unidades da Federaccedilatildeo

HOMENS MULHERES TOTAL

Norte 13509 29524 43033

Nordeste 59095 125207 184302

Sudeste 43597 108104 151701

Sul 18187 40165 58352

Centro-Oeste 11709 35385 47094

Brasil 146097 338385 484482

Fonte MTE Departamento de Poliacuteticas de Trabalho e Emprego para a Juventude DIEESE (2011)

Percebemos assim que cerca de 10 dos jovens brasileiros estatildeo inseridos no

programa o que mostra a relevacircncia e importacircncia do programa levando os

organismos governamentais a se referirem ao programa como a expressatildeo da

poliacutetica nacional de juventude

Interessante observar ainda o nuacutemero das jovens inseridas no programa

representando mais de 60 do total dos jovens participantes fato esse que pode

ser explicado em partes pelos altos iacutendices de desemprego que afetam de forma

diferente as mulheres o que evidencia a inserccedilatildeo ainda precaacuteria da mulher no

mundo do trabalho representando assim que essa pode ser uma oportunidade

importante de inserccedilatildeo no mercado de trabalho para essas jovens

Isso mostra tambeacutem que eacute necessaacuterio pensar o ProJovem Trabalhador que leve

em consideraccedilatildeo as especificidades de ser uma jovem mulher natildeo soacute no que se

refere agrave inserccedilatildeo no mercado de trabalho que eacute objetivo do programa mas tambeacutem

na permanecircncia dessa jovem no programa em quais condiccedilotildees satildeo ofertadas para

isso e principalmente num acompanhamento posterior

Um uacuteltimo dado que natildeo podemos deixar de comentar mesmo que sucintamente se

refere agrave questatildeo da renda Como mostra a tabela abaixo dos jovens inseridos no

ProJovem Trabalhador o percentual de jovens que recebem ou jaacute receberam outros

benefiacutecios sociais eacute relativamente pequeno apenas na regiatildeo Nordeste o iacutendice eacute

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um pouco maior (377) nas demais regiotildees os iacutendices ficam em torno de 15

Esses dados podem mostrar que esses jovens estatildeo quase que totalmente

desassistidos com relaccedilatildeo aos direitos sociais uma vez que ficaram agrave margem do

sistema escolar estatildeo fora do mercado de trabalho (ou inseridos precariamente) e

tambeacutem natildeo satildeo assistidos pelos programas de Assistecircncia Social ou seja satildeo

jovens que estatildeo expostos a uma grande violecircncia urbana de desproteccedilatildeo social

QUADRO 15 - PROPORCcedilAtildeO DE JOVENS CADASTRADOS QUE TEcircM ALGUM MEMBRO DA FAMIacuteLIA QUE RECEBEU AUXIacuteLIO DO GOVERNO

Brasil Grandes Regiotildees e Unidades da Federaccedilatildeo

PERCENTUAL

Norte 165

Nordeste 377

Sudeste 127

Sul 120

Centro Oeste 145

Brasil 210

Fonte MTE Departamento de Poliacuteticas de Trabalho e Emprego para a Juventude Elaboraccedilatildeo DIEESE Obs O total Brasil inclui jovens cadastrados sem informaccedilatildeo para UF DIEESE (2011)

Observando o quadro abaixo que trata especialmente da renda a descriccedilatildeo acima

se fortalece Podemos ver que entre os jovens da populaccedilatildeo rural o salaacuterio em

2010 era em meacutedia de pouco mais de um salaacuterio miacutenimo e dos jovens da zona

urbana a meacutedia no mesmo periacuteodo era de dois salaacuterios miacutenimos

QUADRO 16 - RENDA FAMILIAR DO JOVEM CADASTRADO NO PROGRAMA 2010 BRASIL E GRANDES REGIOtildeES - 2010 (EM )

RURAL R$ 63700

URBANA R$ 104200

TOTAL R$ 103000

Fonte MTE Departamento de Poliacuteticas de Trabalho e Emprego para a Juventude Elaboraccedilatildeo DIEESE (2011)

Percebemos assim que o jovem inserido no programa aleacutem de ter as caracteriacutesticas

que satildeo preacute-requisitos para a entrada no programa tais quais situaccedilatildeo de

desemprego e com renda familiar per capita de ateacute um salaacuterio miacutenimo a maioria dos

jovens inseridos no programa satildeo mulheres de etnia parda entre 18 a 24 anos e

que vecircm de uma histoacuteria de desproteccedilatildeo social

Os jovens inscritos no programa recebem um auxiacutelio financeiro no valor de R$

10000 (cem reais) mensais de caraacuteter temporaacuterio que natildeo podem ser cumulativos

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a outros benefiacutecios sociais de programas federais de natureza semelhante18

devendo o jovem optar por um deles O valor eacute repassado diretamente do governo

federal para os beneficiados do programa atraveacutes de uma conta bancaacuteria O auxiacutelio

poderaacute ser suspenso nas seguintes situaccedilotildees a) recebimento de benefiacutecio de

natureza semelhante de outros programas federais b) frequecircncia mensal abaixo de

75 nas atividades19 c) natildeo atendimento de outras condiccedilotildees da modalidade

(Brasil 2008)

O ProJovem seguindo a loacutegica das demais poliacuteticas sociais utiliza da transferecircncia

de renda articulada ao cumprimento de algumas condicionalidades20 e a principal

delas se relaciona agrave ampliaccedilatildeo da escolaridade e a qualificaccedilatildeo profissional

Analisando a questatildeo da transferecircncia de renda podemos observar que na Ameacuterica

Latina os programas de transferecircncia entram como substituto da ausecircncia de

rendimentos provocada pelo desemprego ou o emprego precarizado confirmando a

centralidade do indiviacuteduo e a responsabilizaccedilatildeo da sociedade (STEIN 2008) e

ganham maior destaque como forma de diminuir a incapacidade de reduzir as

desigualdades que afetam de forma especial a juventude diante da crise do trabalho

e da ausecircncia de direitos efetivamente ldquo[] assegurados do acesso ao lazer e aos

bens culturais e de um sistema educativo capaz de acolher seu novo puacuteblico

ocorrem os programas de transferecircncia de renda aos jovens incapazes por si soacute de

assegurar transformaccedilotildees mais densas nessas esferas []rdquo (SPOSITO

CORRACHANO 2005 p 20) Algumas avaliaccedilotildees apontam o quanto essa renda

tem sido importante para os jovens mesmo que ainda seja percebida como privileacutegio

e natildeo como direito

Jaacute no que se refere agrave ampliaccedilatildeo da escolarizaccedilatildeo aparentemente ela pode ser

percebida como um avanccedilo pois representa do ponto de vista do ato individual e

isolado a perspectiva do acesso agrave educaccedilatildeo que muitas vezes eacute negada agrave juventude

18

Consideram-se de natureza semelhante ao auxiacutelio financeiro mensal a que se refere o caput os benefiacutecios pagos por programas federais dirigidos a indiviacuteduos da mesma faixa etaacuteria do ProJovem (Inciso 5ordm do Artigo 47 da Lei 6629 de novembro de 2008) 19

Para fins da certificaccedilatildeo profissional dos jovens e de pagamento do auxiacutelio financeiro exigir-se-aacute frequecircncia mensal miacutenima de setenta e cinco por cento nas accedilotildees de qualificaccedilatildeo 20

A criaccedilatildeo de condicionalidades para acesso agraves poliacuteticas sociais retomam os seus aspectos mais conservadores uma vez que elas deixam de se configurar como direito

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das classes que vivem do trabalho Entretanto precisamos considerar que o simples

acesso agrave escola por si soacute natildeo garante educaccedilatildeo de qualidade e ainda que natildeo se

resolve o problema com os jovens tornando-os mais ldquoempregaacuteveisrdquo se novos

empregos natildeo satildeo criados

Precisamos considerar ainda que [] a maioria natildeo eacute pobre porque natildeo tem boa

educaccedilatildeo mas na realidade natildeo consegue boa educaccedilatildeo porque eacute pobre

(FRIGOTO 2004 p 192) Natildeo queremos negar a educaccedilatildeo como um direito

elementar e muito menos o potencial de emancipaccedilatildeo que a educaccedilatildeo comporta

pretendemos apenas alertar que um diagnoacutestico equivocado pode trazer respostas

equivocadas Concordamos com Frigotto (2004 p 194) quando afirma que ldquo[] a

crenccedila de que o problema eacute conjuntural pode conduzir a poliacuteticas puacuteblicas

focalizadas e de natureza filantroacutepica ou de administraccedilatildeo e controle da pobreza

sem atentar para poliacuteticas que atacam as estruturas produtoras da desigualdaderdquo A

pobreza nesse contexto passa a ser vista com ausecircncia de capacidades individuais

logo a poliacutetica social se transforma numa estrateacutegia para inserir os pobres no

mercado de trabalho

Ainda sobre essa questatildeo Sposito et al (2006) nos convida agrave analisarmos com

cuidado uma vez que os jovens usuaacuterios dos programas sociais voltados para a

juventude satildeo os mesmos que foram precocemente excluiacutedos da escola (seja por

distorccedilatildeo de seacuterie idade ou outro fator) Logo a mera exigecircncia de retorno agrave mesma

escola que natildeo foi capaz de lidar com essas situaccedilotildees eacute no miacutenimo manter os

processos de segregaccedilatildeo (SPOSITO et al 2006) Segundo os autores podemos

constatar duas consequecircncias desse fato uma eacute o paralelismo das atividades de

caraacuteter socioeducativo que natildeo se articula com a rede puacuteblica de ensino e a outra eacute

a total ausecircncia das poliacuteticas de educaccedilatildeo que se articulem com os programas

sociais para a juventude de modo a redefinir o tipo de proposta de escolaridade

adequada a esses jovens (SPOSITO et al 2006)

Eacute importante mostrar ainda a tendecircncia de valorizaccedilatildeo da socioeducaccedilatildeo contidas

nos programas que natildeo eacute acompanhada das justificativas que induzem a essa

adesatildeo indicando haver uma deficiecircncia nos sistemas de ensino natildeo soacute no campo

pedagoacutegico mas tambeacutem na funccedilatildeo socializadora da escola que natildeo formaria para

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a cidadania21 (SPOSITO et al 2006) fato que estaria criando segundo esses

autores uma via paralela de educaccedilatildeo natildeo-escolar para jovens pobres o que os

leva a questionar se essa via estaria oferecendo uma proposta melhor que a rede

puacuteblica Sendo a resposta afirmativa por que natildeo a articular com o sistema de

ensino Se a resposta for negativa nos faz crer que se trata apenas de ocupar o

tempo livre dos jovens dos bairros pobres

Natildeo podemos deixar de tratar ainda sobre a questatildeo dos instrutores A pesquisa

apresentada por Sposito et al (2006) afirma que as atividades em geral satildeo

realizadas com uma base material precaacuteria e com baixa formaccedilatildeo teacutecnica ou mesmo

escolar que sempre inclui palestras cursos e oficinas Em alguns casos os

programas propotildeem uma formaccedilatildeo geral voltada para a cidadania e outra com foco

no aprendizado de habilidades para o mercado do trabalho

Partindo do que foi apresentado nessa pesquisa citada acima haacute duas grandes

orientaccedilotildees em torno do adolescente pobre e outra em torno do jovem pobre Para

os autores apoacutes anos de promulgaccedilatildeo do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente jaacute

satildeo visiacuteveis os avanccedilos que fazem com que os direitos da crianccedila

independentemente de sua condiccedilatildeo social (ter uma famiacutelia agrave escola sauacutede

proteccedilatildeo do Estado) sejam reconhecidos socialmente mesmo que ainda precisem

ser disputados mas jaacute satildeo reconhecidos

Contudo o mesmo natildeo acontece com os jovens pobres pois para eles eacute impelida

uma imagem que impede o reconhecimento social de seus direitos para esses satildeo

reservadas as accedilotildees de inserccedilatildeo social compensatoacuterias e alto teor socioeducativo

esses satildeo chamados de adolescentes pobres que continuam a ocupar o natildeo-lugar

e soacute se tornam visiacuteveis pela ameaccedila ou pelo risco provocados na sociedade Aos

outros que podem usufruir de alguns direitos mesmo que minimamente o termo

jovem passa a ser fortemente aplicado (SPOSITO et al 2006) evidenciando que as

21

A cidadania como eacute tratada aparece como um conceito muito mais ligado a uma ideia de atividade socializadora com ecircnfase no civismo e no aprendizado de certos valores importantes para essa civilidade o que acaba esvaziando os conteuacutedos da cidadania ligados agrave ideia de direitos prevalecendo a pressuposiccedilatildeo de que jovens e adolescentes pobres - precisam ser atingidos por alguma accedilatildeo que lhes ensine algo (SPOSITO et al 2006)

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poliacuteticas de juventude estatildeo fortemente marcadas pelas concepccedilotildees de juventude

mas sobretudo pelas concepccedilotildees sobre os jovens pobres

Outro aspecto a ser destacado eacute o caraacuteter transitoacuterio das accedilotildees (em meacutedia 02 anos)

natildeo se configurando enquanto uma poliacutetica puacuteblica mantendo o cariz de programa

numa proposta de poliacutetica emergencial para a juventude que mina a construccedilatildeo de

uma poliacutetica puacuteblica nacional e ainda dificultando a avaliaccedilatildeo seacuteria de tais

programas22 (SPOSITO CORRACHANO 2005)

A fragmentaccedilatildeo tambeacutem eacute uma caracteriacutestica marcante no ProJovem Trabalhador

mantendo a visatildeo das poliacuteticas de juventude como um conjunto de caixinhas

isoladas em disputa impedindo o diaacutelogo entre elas cada modalidade estaacute sob

orientaccedilatildeo de um Ministeacuterio diferente e natildeo articulaccedilatildeo entre as modalidades O

caraacuteter fragmentaacuterio das poliacuteticas de juventude se explicita na focalizaccedilatildeo das

diretrizes ldquojovem temaacuteticordquo que expressa o puacuteblico alvo das accedilotildees desenvolvidas

nos diferentes ministeacuterios assim tem-se ldquoo jovem-alunordquo o ldquojovem-filhordquo o ldquojovem-

infratorrdquo a ldquojovem-matildeerdquo ldquoa jovem-que-natildeo-queremos-que-seja-matildeerdquo o rdquojovem-ruralrdquo

e outros (CARRANO 2012)

A transversalizaccedilatildeo dos programas seria uma estrateacutegia de superaccedilatildeo dessa

caracteriacutestica o que requisitaria ldquo[] repensar e fortalecer um pacto pela juventude

que parta da Secretaria Nacional da Juventude e consiga chegar ateacute onde o jovem

estaacute no municiacutepio no bairro e o conecte com o governo federalrdquo (SPOSITO 2012

p 225) pois eacute extremamente importante construir uma rede de atenccedilatildeo para os

jovens que conectem as poliacuteticas municipais estaduais e federais num diaacutelogo

permanente neste sentido as poliacuteticas para esse segmento natildeo devem

simplesmente reproduzir as poliacuteticas de acircmbito nacional elas devem ser efetivadas

e assumidas em todos os acircmbitos de accedilatildeo

Outra questatildeo que aparece no ProJovem Trabalhador comum agraves demais poliacuteticas

destinadas aos jovens eacute que as accedilotildees tecircm se destinado muito mais a oferecer o

que se instituiu como necessidades dos jovens e natildeo aquilo que o jovem apresentou

ou demandou como uma necessidade sua Os jovens precisam de espaccedilo natildeo soacute

22

No caso do ProJovem Trabalhador o programa tem previsatildeo para ser executado em 06 meses

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para receber os projetos jaacute preconcebidos mas sobretudo para dizer o que

precisam individual e coletivamente Para esse autor as accedilotildees destinadas aos

jovens emergem simultaneamente agrave criaccedilatildeo de personagens sociais (protagonistas

empreendedores e outros) de pouco diaacutelogo que atendam muito mais aos interesses

e modelos de poliacuteticas das agecircncias internacionais de desenvolvimento (CARRANO

2012)

Outra questatildeo a ser problematizada eacute que o programa definiu como meta miacutenima a

inserccedilatildeo de no miacutenimo 30 dos jovens no mundo do trabalho sendo admitidas as

seguintes formas de inserccedilatildeo a) emprego formal (comprovado atraveacutes de coacutepias da

carteira assinada dos jovens) b) estaacutegio ou jovem aprendiz (comprovado atraveacutes de

coacutepias dos contratos) c) ou formas alternativas geradoras de renda (Brasil 2008)

Questionamos ateacute que ponto essas possibilidades podem ser entendidas como

estrateacutegias de inserccedilatildeo no mundo do trabalho eou de superaccedilatildeo da precarizaccedilatildeo

das condiccedilotildees de trabalho dos jovens Quais satildeo os viacutenculos de trabalho Qual a

meacutedia de salaacuterio Quais as condiccedilotildees de trabalho Qual a permanecircncia dos jovens

nesses viacutenculos

Reconhecendo a importacircncia dessa estrateacutegia para a sobrevivecircncia dos jovens natildeo

podemos deixar de considerar que ela tambeacutem natildeo deixa de fazer parte de um

processo de naturalizaccedilatildeo das mudanccedilas no mundo do trabalho que culmina na

responsabilizaccedilatildeo dos proacuteprios trabalhadores Eles satildeo convencidos de que eles eacute

que natildeo tecircm grande coisa para vender ou natildeo sabem como vendecirc-la ndash ou seja natildeo

tem ldquocapital humanordquo ocultando desse modo todas as estruturas de distribuiccedilatildeo

desigual e apropriaccedilatildeo desigual dos recursos materiais sociais culturais e

simboacutelicos de nossa sociedade Esse fato faz com que o ldquo[] ldquocapital humanordquo de

um jovem oriundo do contexto popular da ldquoperiferiardquo tenha pouca chance de

equivaler ao de um jovem saiacutedo de um meio privilegiadordquo (BIHR 2007)

Nessa perspectiva o empreendedorismo tambeacutem aparece como estrateacutegia mas na

verdade se assemelha mais a danccedila das cadeiras quando a muacutesica para haacute mais

pessoas de peacute do que cadeiras disponiacuteveis para sentar (POCHAMANN 2005) Em

alguns casos empresas e o Estado ateacute destinam alguns recursos para esses fins

que satildeo ldquo[] importantes mas absolutamente incapazes de gerar mais postos de

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trabalho Uma contribuiccedilatildeo digamos para o ldquosalve-se quem puderrdquo (MATTOSO

1999 p20)

Fato que expressa bem a responsabilizaccedilatildeo do indiviacuteduo por sua situaccedilatildeo de

emprego e desemprego numa clara tentativa de transferir riscos e

responsabilidades ao trabalhador fazendo com que ele assuma a sua

empregabilidade por meio de formaccedilatildeo profissional qualificaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo

Deslocando assim a responsabilidade social do Estado para o plano individual onde

natildeo haacute poliacutetica de emprego apenas indiviacuteduos empregaacuteveis ou natildeo Os indiviacuteduos

afetados pela loacutegica da competiccedilatildeo por empregos inseguros comeccedilam a adaptar-se

a novas condutas psicoloacutegicas do perfil do ldquovencedorrdquo (COSTA 2005)

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A anaacutelise do ProJovem Trabalhador mostra que o programa eacute importante no

cotidiano desses jovens como um instrumento na efetivaccedilatildeo de direitos sociais e

mecanismo de sobrevivecircncia e evidencia que os avanccedilos das poliacuteticas de juventude

no paiacutes natildeo soacute em quantidade mas tambeacutem em qualidade se comparadas com as

experiecircncias anteriores

No entanto ainda haacute muito o que caminhar Podemos dizer que o programa

expressa o perfil das poliacuteticas sociais contemporacircneas Fragmentaccedilatildeo

descentralizaccedilatildeo focalizaccedilatildeo descontinuidade ausecircncia de pesquisas e avaliaccedilotildees

e privatizaccedilatildeo Caracteriacutesticas que precisam ser explicitadas e disputadas na cena

puacuteblica juntamente com as demais poliacuteticas sociais

Para que as poliacuteticas de juventude se transformem em poliacuteticas para a juventude eacute

preciso sair desse ciclo de vitimizaccedilatildeocriminalizaccedilatildeo voluntariadoencerramento ou

prevenccedilatildeorepressatildeo (BATISTA 2007) Para isso eacute necessaacuterio transformar esses

problemas sociais da juventude em problemas socioloacutegicos Esse eacute um exerciacutecio de

interrogaccedilatildeo que gera como produto a incerteza de afirmaccedilotildees antes dadas como

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inquestionaacuteveis Sem o questionamento a juventude se torna um quase bdquomito‟ e

para esse mito eacute necessaacuterio ldquopenetrar no cotidiano do jovemrdquo e questionar ldquo[]

sentiratildeo os jovens estes problemas como seus problemasrdquo (PAIS 2003 p34)

Mas sobretudo eacute preciso dotar de precisotildees conceituais acerca do tema juventude

de modo a iluminarmos os processos de construccedilatildeo de marcos poliacuteticos em

coerecircncia com os marcos conceituais os discursos e programaacuteticas deixando de

conceber aos jovens sobre ldquo[] a noccedilatildeo de um jovem problema e carente visatildeo

que tende agrave geraccedilatildeo de um determinado tipo de poliacutetica de juventude de natureza

compensatoacuteriardquo (LEacuteON 2005 p88)

Fica evidente ainda que a juventude cumpre um papel na atual sociedade

capitalista a de compor a grande massa do exeacutercito industrial de reserva quando a

poliacutetica social para a juventude em especial os programas de transferecircncia de renda

como o ProJovem Trabalhador acabam assumindo o papel de garantir mecanismos

de sobrevivecircncia dos sujeitos juvenis uma vez que natildeo eacute possiacutevel assegurar a

sobrevivecircncia desse segmento da classe trabalhadora atraveacutes da inserccedilatildeo no

trabalho

Abstract Analyze the ProJovem Worker program as one of coping policies changes in the workplace that particularly affected the youth For this we will make a brief background of the relations and working conditions for this population segment and social policies aimed at this audience including the program in question identifying their progress and limits through a bibliographic and documentary research Keywords Labor Social Policy and Youth

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Processo de Avaliaccedilatildeo por Pares (Blind Review - Anaacutelise do Texto Anocircnimo)

Publicado na Revista Vozes dos Vales - wwwufvjmedubrvozes em 10102016

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UFVJM 1202095-2011 - QUALISCAPES - LATINDEX 22524 - ISSN 2238-6424

Perioacutedico Cientiacutefico Eletrocircnico divulgado nos programas brasileiros Stricto Sensu

(Mestrados e Doutorados) e em universidades de 38 paiacuteses

em diversas aacutereas do conhecimento

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no periacuteodo de 1995 a 2002 natildeo se pode falar de poliacuteticas estrateacutegicas orientadas

para os jovens mas de algumas propostas que segundo os autores partem da ldquo[]

ideia de prevenccedilatildeo de controle ou efeito compensatoacuterio de problemas que atingem

a juventude transformada em algumas situaccedilotildees ela mesma num problema para a

sociedaderdquo (2003 p 08) Esse fato talvez explique a ausecircncia da juventude nas

accedilotildees de proteccedilatildeo social Importante destacar que a sauacutede a seguranccedila puacuteblica e o

trabalho expressam a materialidade imediata para se pensar as poliacuteticas de

juventude nesse periacuteodo

A deacutecada de 1990 haacute um crescimento exponencial da violecircncia urbana no Brasil e

parte significativa dessa violecircncia aparece atrelada ao jovem Na deacutecada de 1970 a

participaccedilatildeo dos jovens no total das mortes por homiciacutedios foi de 288 jaacute na

deacutecada de 1980 os iacutendices sobem para 319 e na deacutecada de 1990 os iacutendices

chegaram a 347 (POCHMANN 2005 p 236)

Esse cenaacuterio fomenta a necessidade de poliacuteticas sociais para a juventude mas em

grande parte esses programas ldquo[] buscam de certa forma minimizar o potencial

ameaccedilador que os jovens trazem para a vida social alguns deles considerados a

bdquonova classe perigosa‟ que precisa estar sob um campo de forte controlerdquo

(SPOSITO 2003 p 67) O perigo passa a ser visto natildeo mais nos estudantes das

classes meacutedias (como nos anos 60) mas nos jovens pobres marginalizados e

moradores da periferia das grandes cidades

Nos anos 2000 ndash Governo Lula haacute um salto de qualidade13 nas accedilotildees voltadas a

esse puacuteblico dentre elas a criaccedilatildeo do Conselho Nacional de Juventude

(CONJUVE) em 2004 a criaccedilatildeo do Grupo Interministerial a criaccedilatildeo da Secretaria

Nacional de Juventude em 2005 e a realizaccedilatildeo da Conferecircncia Nacional de

Juventude

Outro avanccedilo importante se deu em 2010 quando foi editada a Emenda

Constitucional nordm 65 que altera o contexto incluindo o jovem onde se constava

apenas da famiacutelia da crianccedila do adolescente e do idoso no Capiacutetulo VII do Tiacutetulo

13

O Grupo Interministerial identificou 131 accedilotildees vinculadas a 45 programas e destes 19 satildeo especiacuteficos para os jovens

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VII (Da Ordem Social) Essa modificaccedilatildeo da Emenda nordm652010 coloca a obrigaccedilatildeo

do Estado na satisfaccedilatildeo dos direitos baacutesicos da juventude fato que representa uma

conquista para os jovens brasileiros uma vez que esse eacute o maior instrumento

juriacutedico do paiacutes que passa a assegurar os direitos ldquo[] agrave vida agrave sauacutede ao lazer agrave

profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria []rdquo (BRASIL EC Nordm 652010) e assegura a criaccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas para esse segmento

Analisando as poliacuteticas de juventude no Brasil em 2010 identificamos que existiam

18 programas14 voltados para o puacuteblico jovem e que se desenvolvia vaacuterias accedilotildees

em diversos Ministeacuterios e secretarias Um desses programas eacute o ProJovem que

analisaremos em seguida

PROJOVEM TRABALHADOR

O ProJovem surge em 2005 como resultado de demanda por parte da sociedade

mas sobretudo como resultado do diagnoacutestico realizado do Grupo Interministerial

que recomendava maior integraccedilatildeo e complementaridade entre os programas

14

1) Programa Nacional de Inclusatildeo de Jovens (Projovem) Projovem Urbano Projovem Campo Projovem Trabalhador e Projovem Adolescente ndash Secretaria Nacional de Juventude da Secretaacuteria-Geral da Presidecircncia da Repuacuteblica Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome (MDS) 2) Programa Cultura Viva ndash Ministeacuterio da Cultura 3) Bolsa Atleta ndash Ministeacuterio do Esporte 4) Programa Segundo Tempo ndash Ministeacuterio do Esporte 5) Praccedilas da Juventude ndash Ministeacuterios do Esporte e da Justiccedila 6) Projeto Rondon ndash Ministeacuterio da Defesa em parceria com diversos ministeacuterios 7) Projeto Soldado Cidadatildeo ndash Comandos da Marinha Exeacutercito e Aeronaacuteutica 8) Programa Nacional de Seguranccedila Puacuteblica com Cidadania ndash Pronasci Protejo Jovem Detento Geraccedilatildeo Consciente Pelc Projeto Praccedila da Juventude Pintando a Liberdade e Pintando a Cidadania Pontos de Leitura Pontos de Cultura Projeto Museus Projeto Farol Projovem Prisional ndash Ministeacuterio da Justiccedila tendo alguns parceiros Ministeacuterio Cultura Esporte Igualdade Racial e Secretaria Nacional de Juventude 9) Pronaf Jovem ndash Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio 10) Juventude e Meio Ambiente ndash Ministeacuterios da Educaccedilatildeo e do Meio Ambiente com a parceria da Secretaria Nacional de Juventude 11) Escola Aberta ndash Cooperaccedilatildeo teacutecnica entre o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e a UNESCO 12) ProUni ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 13) Reforccedilo agraves Escolas Teacutecnicas e Ampliaccedilatildeo das vagas em Universidades Federais ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 14) Brasil Alfabetizado ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 15) Proeja ndash Ministeacuterios da Educaccedilatildeo e do Trabalho e Emprego 16) Programa Nacional do Livro Didaacutetico para o Ensino Meacutedio (PNLEM) ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 17) Programa Nacional do Livro Didaacutetico para a Alfabetizaccedilatildeo de Jovens e Adultos ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 18) Ampliaccedilatildeo do Bolsa Famiacutelia ndash Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome (BRASIL 2011)

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voltados para a juventude e tinha como objetivo aumentar o niacutevel de escolaridade de

modo a inserir esses jovens no mercado de trabalho (BRASIL 2008)

A primeira versatildeo desse programa foi criada em parceria com a Secretaria Nacional

da Juventude e do Conselho Nacional de Juventude e foi regulamentado atraveacutes do

decreto 5557 de 05102005 e tinha como puacuteblico alvo os jovens de 18 a 24 anos

que ainda natildeo tivessem completado o ensino fundamental mas que tivessem feito

no miacutenimo a 4ordf seacuterie e natildeo poderiam ter viacutenculo formal no mercado de trabalho e

que fossem moradores de capitais e regiotildees metropolitanas com mais de duzentos

mil habitantes Os jovens participantes do programa receberiam uma bolsa no valor

de R$ 10000 (cem reais) e teriam formaccedilatildeo profissional integral associando a

elevaccedilatildeo da escolaridade atraveacutes da formaccedilatildeo baacutesica de 800 horas acrescida da

formaccedilatildeo profissional com carga horaacuteria de 350 horas e 50 horas de atividades de

accedilotildees comunitaacuterias (BRASIL 2008)

O objetivo principal era a elevaccedilatildeo da escolaridade tendo em vista a conclusatildeo do

ensino fundamental a qualificaccedilatildeo profissional e o desenvolvimento de accedilotildees

comunitaacuterias de interesse puacuteblico A gestatildeo era do Grupo Interministerial e da

Secretaria Nacional de Juventude e o financiamento era do Governo Federal que

repassava aos municiacutepios para que esses executassem o programa

Em 2007 foi lanccedilado o Programa ProJovem Integrado que agrupou seis programas

o proacuteprio ProJovem o Agente Jovem Saberes da Terra Escola de Faacutebrica

Juventude cidadatilde e o Consoacutercio da Juventude Tal mudanccedila ocorreu em funccedilatildeo de

estudos feitos pelo sistema de informaccedilatildeo do programa que indicavam que os

jovens excluiacutedos estatildeo mais dispersos geograficamente do que se esperava ldquo[]

apontando a necessidade de ampliar o alcance do programa para cidades menores

uma vez que parte substantiva dos jovens brasileiros deixava de ser contemplada

quando se restringia o atendimento a municiacutepios com mais de 200 mil habitantesrdquo

(BRASIL 2008 p18)

Pesquisas da PNAD2003 (das regiotildees metropolitanas) e do Censo 2000 (nacional)

que tomaram como pesquisa os jovens de 18 a 24 anos com quatro a sete anos de

escolaridade e residentes nas cidades com mais de 200 mil habitantes mostravam

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queda do nuacutemero de jovens excluiacutedos No entanto quando analisado os jovens de

24 a 29 anos esses mesmos iacutendices satildeo crescentes [] evidenciando-se a

necessidade de ampliar a faixa etaacuteria atendida pelo ProJovem de modo a

contemplar tambeacutem os jovens de faixa etaacuteria mais elevada (Brasil 2008 p 18) As

atividades do ProJovem Integrado se iniciam em 2008 atraveacutes de quatro

modalidades

ProJovem Urbano ldquoDestina-se a jovens de 18 a 29 anos que sabem ler e

escrever mas que natildeo concluiacuteram o ensino fundamental Oferece elevaccedilatildeo de

escolaridade com a conclusatildeo do ensino fundamental qualificaccedilatildeo profissional

participaccedilatildeo em accedilotildees de cidadania e uma bolsa mensal de R$ 10000 Com

duraccedilatildeo de 18 meses eacute executado pela Secretaria Nacional de Juventude da

Secretaria-Geral da Presidecircncia da Repuacuteblica15 A modalidade eacute executada

mediante convecircnios firmados entre a Secretaria Nacional de Juventude estados e

municiacutepios Nas cidades com mais de 200 mil habitantes a parceria eacute feita

diretamente com a Prefeitura Municipal Jaacute nas cidades menores essa parceria eacute

firmada com o governo do estado que viabiliza a chegada do Programa nas cidades

menoresrdquo (BRASIL 2010)

ProJovem Campo Executado pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo a modalidade oferece

elevaccedilatildeo de escolaridade com a conclusatildeo do ensino fundamental e capacitaccedilatildeo

profissional de jovens de 18 a 29 anos que atuam na agricultura familiar O curso

tem duraccedilatildeo de 24 meses e eacute ministrado conforme a alternacircncia dos ciclos

agriacutecolas respeitando o periacuteodo em que os alunos trabalham no campo O

programa eacute desenvolvido em parceria com as secretarias estaduais de educaccedilatildeo e

uma rede de instituiccedilotildees puacuteblicas federais mediante convecircnios firmados com o MEC

(BRASIL 2010)

ProJovem Adolescente Executado pelo Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e

Combate agrave Fome (MDS) destina-se a jovens de 15 a 17 anos em situaccedilatildeo de risco

social independentemente da renda familiar ou que integram famiacutelias beneficiaacuterias

do Bolsa Famiacutelia Com duraccedilatildeo de 24 meses oferece proteccedilatildeo social baacutesica e

15

A partir de 2012 a coordenaccedilatildeo geral do ProJovem Urbano migrou da Secretaria Nacional de Juventude para o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (MEC) mas manteve a Secretaria Nacional de Juventude como parte do Comitecirc Gestor

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assistecircncia agraves famiacutelias visando elevar a escolaridade e reduzir os iacutendices de

violecircncia uso de drogas das doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis e gravidez

precoce Os municiacutepios interessados no Programa devem observar os seguintes

criteacuterios a) estar habilitado nos niacuteveis de gestatildeo baacutesica ou plena do Suas b) possuir

Centros de Referecircncia da Assistecircncia Social (CRAS) em funcionamento e registro

no Censo do CRAS c) apresentar a demanda miacutenima de 40 jovens que pertenccedilam a

famiacutelias beneficiaacuterias do Bolsa Famiacutelia (BRASIL 2010)

ProJovem Trabalhador O ProJovem Trabalhador ficou sob a responsabilidade do

Ministeacuterio do Trabalho (MTE) unificando as accedilotildees do Consoacutercio Social da

Juventude Empreendedorismo Juvenil Juventude Cidadatilde e Escola de Faacutebrica

tendo como objetivo ldquo[] preparar o jovem para ocupaccedilotildees com viacutenculo

empregatiacutecio ou para outras atividades produtivas geradoras de renda por meio da

qualificaccedilatildeo social e profissional e do estiacutemulo agrave sua inserccedilatildeo no mundo do trabalhordquo

(Brasil 2008) como estaacute previsto no artigo 37 da Lei 6629 de novembro de 2008

que unificou os programas (BRASIL 2010)

Essa modalidade do ProJovem se destina a jovens de 18 a 29 anos em situaccedilatildeo de

desemprego e cuja renda familiar per capita seja de ateacute um salaacuterio miacutenimo e ainda

que cumpra os seguintes preacute-requisitos a) cursando ou tenha concluiacutedo o ensino

fundamental ou b) cursando ou tenha concluiacutedo o ensino meacutedio e natildeo estejam

cursando ou natildeo tenha concluiacutedo o ensino superior16 (BRASIL 2008 artigo 38)

O ProJovem Trabalhador tem duas submodalidades o Consoacutercio Social da

Juventude e o Juventude Cidadatilde Isto porque o ProJovem Trabalhador natildeo unificou

os programas anteriores do Ministeacuterio do Trabalho ele apenas os agregou sob a

forma da lei Inclusive parte da legislaccedilatildeo eacute diferente para o ProJovem Trabalhador

ndash Consoacutercio Social da Juventude o qual segue a orientaccedilatildeo da Portaria 2043 de 22

de outubro de 2009 o ProJovem Trabalhador ndash Juventude Cidadatilde por sua vez

segue a Portaria 991 de 27 de novembro de 2008 Ambos seguem as orientaccedilotildees

do Decreto 6629 de 2008

16

Nas accedilotildees de empreendedorismo juvenil aleacutem dos jovens referidos no caput tambeacutem poderatildeo ser contemplados aqueles que estejam cursando ou tenham concluiacutedo o ensino superior (Brasil 2008 artigo 38)

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Fato que mostra como eacute prematuro apresentar o ProJovem como a poliacutetica nacional

de juventude pois natildeo basta colocar sob um mesmo nome todas as accedilotildees para que

elas faccedilam assim parte de uma mesma loacutegica e que tenham os mesmos objetivos

Como pensar em projeto unificado Como operar com sistemas de avaliaccedilatildeo

controle e monitoramento E estamos falando aqui apenas de uma das modalidades

do ProJovem as demais estatildeo divididas em outras Secretarias Eacute preciso muito

cuidado para que o programa natildeo apenas camufle a fragmentaccedilatildeo que eacute uma marca

das poliacuteticas de juventude que ao que podemos ver ainda se manteacutem

No que se refere agrave execuccedilatildeo do Programa a legislaccedilatildeo (Termo de Referecircncia 991

de 2008) delega tais execuccedilotildees a Estados e Municiacutepios com populaccedilatildeo com acima

de 20 mil habitantes natildeo haacute necessidade de convecircnio acordo contrato ajuste ou

outro instrumento congecircnere o que natildeo dispensa a prestaccedilatildeo de contas (Brasil

2008)17 Essa forma de gerir a maacutequina puacuteblica que se tornou praacutetica comum na

gestatildeo das poliacuteticas sociais expressa a loacutegica da transferecircncia de responsabilidade

do Estado para a sociedade civil quando cabe ao Estado o papel de financiador e

ao terceiro setor o de executor

Tal fenocircmeno eacute parte do processo de reestruturaccedilatildeo produtiva (BEHRING 2003) e

tem impactos diretos no programa principalmente no que se refere agrave continuidade e

agrave qualidade das atividades uma vez que a empresa contratada ou Organizaccedilatildeo da

Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP) tem por objetivo o lucro Satildeo trecircs

atores diretamente envolvidos poreacutem nem sempre com objetivos comuns Conciliar

esses interesses e perspectivas diferentes eacute grande desafio Neste sentido em meio

a tantos personagens e interesses como fazer chegar ao centro do poder os

interesses dos principais interessados os jovens (CASTRO 2012)

Pesquisa realizada pelo Ministeacuterio do Trabalho atraveacutes do Departamento

Intersindical de Estatiacutesticas e Estudo Socioeconocircmicos (DIEESE) referente aos

17

Para a celebraccedilatildeo dos convecircnios a entidade de direito privado sem fins lucrativos na execuccedilatildeo do ProJovem Trabalhador deveraacute ser precedida de seleccedilatildeo por chamada puacuteblica e essas deveratildeo comprovar experiecircncia de no miacutenimo 3 anos no objeto do convecircnio ter capacidade fiacutesica instalada necessaacuteria agrave execuccedilatildeo do objeto do convecircnio ter capacidade teacutecnica e administrativo-operacional adequada para execuccedilatildeo e apresentar proposta com adequaccedilatildeo entre os meios sugeridos seus custos cronogramas e resultados previstos em conformidade com as especificaccedilotildees teacutecnicas do termo de referecircncia e edital de chamada puacuteblica (BRASIL 2008)

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anos de 2010 e 2011 relacionando Juventude e Trabalho no Brasil que apresenta

resultados importantes sobre o perfil do jovem inserido no ProJovem Trabalhador e

alguns dados socioeconocircmicos sobre a juventude brasileira A primeira informaccedilatildeo eacute

sobre o nuacutemero de jovens cadastrados no programa

QUADRO 13 - NUacuteMERO DE JOVENS CADASTRADOS NO PROJOVEM

Brasil Grandes Regiotildees e Unidades da Federaccedilatildeo

HOMENS MULHERES TOTAL

Norte 13509 29524 43033

Nordeste 59095 125207 184302

Sudeste 43597 108104 151701

Sul 18187 40165 58352

Centro-Oeste 11709 35385 47094

Brasil 146097 338385 484482

Fonte MTE Departamento de Poliacuteticas de Trabalho e Emprego para a Juventude DIEESE (2011)

Percebemos assim que cerca de 10 dos jovens brasileiros estatildeo inseridos no

programa o que mostra a relevacircncia e importacircncia do programa levando os

organismos governamentais a se referirem ao programa como a expressatildeo da

poliacutetica nacional de juventude

Interessante observar ainda o nuacutemero das jovens inseridas no programa

representando mais de 60 do total dos jovens participantes fato esse que pode

ser explicado em partes pelos altos iacutendices de desemprego que afetam de forma

diferente as mulheres o que evidencia a inserccedilatildeo ainda precaacuteria da mulher no

mundo do trabalho representando assim que essa pode ser uma oportunidade

importante de inserccedilatildeo no mercado de trabalho para essas jovens

Isso mostra tambeacutem que eacute necessaacuterio pensar o ProJovem Trabalhador que leve

em consideraccedilatildeo as especificidades de ser uma jovem mulher natildeo soacute no que se

refere agrave inserccedilatildeo no mercado de trabalho que eacute objetivo do programa mas tambeacutem

na permanecircncia dessa jovem no programa em quais condiccedilotildees satildeo ofertadas para

isso e principalmente num acompanhamento posterior

Um uacuteltimo dado que natildeo podemos deixar de comentar mesmo que sucintamente se

refere agrave questatildeo da renda Como mostra a tabela abaixo dos jovens inseridos no

ProJovem Trabalhador o percentual de jovens que recebem ou jaacute receberam outros

benefiacutecios sociais eacute relativamente pequeno apenas na regiatildeo Nordeste o iacutendice eacute

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um pouco maior (377) nas demais regiotildees os iacutendices ficam em torno de 15

Esses dados podem mostrar que esses jovens estatildeo quase que totalmente

desassistidos com relaccedilatildeo aos direitos sociais uma vez que ficaram agrave margem do

sistema escolar estatildeo fora do mercado de trabalho (ou inseridos precariamente) e

tambeacutem natildeo satildeo assistidos pelos programas de Assistecircncia Social ou seja satildeo

jovens que estatildeo expostos a uma grande violecircncia urbana de desproteccedilatildeo social

QUADRO 15 - PROPORCcedilAtildeO DE JOVENS CADASTRADOS QUE TEcircM ALGUM MEMBRO DA FAMIacuteLIA QUE RECEBEU AUXIacuteLIO DO GOVERNO

Brasil Grandes Regiotildees e Unidades da Federaccedilatildeo

PERCENTUAL

Norte 165

Nordeste 377

Sudeste 127

Sul 120

Centro Oeste 145

Brasil 210

Fonte MTE Departamento de Poliacuteticas de Trabalho e Emprego para a Juventude Elaboraccedilatildeo DIEESE Obs O total Brasil inclui jovens cadastrados sem informaccedilatildeo para UF DIEESE (2011)

Observando o quadro abaixo que trata especialmente da renda a descriccedilatildeo acima

se fortalece Podemos ver que entre os jovens da populaccedilatildeo rural o salaacuterio em

2010 era em meacutedia de pouco mais de um salaacuterio miacutenimo e dos jovens da zona

urbana a meacutedia no mesmo periacuteodo era de dois salaacuterios miacutenimos

QUADRO 16 - RENDA FAMILIAR DO JOVEM CADASTRADO NO PROGRAMA 2010 BRASIL E GRANDES REGIOtildeES - 2010 (EM )

RURAL R$ 63700

URBANA R$ 104200

TOTAL R$ 103000

Fonte MTE Departamento de Poliacuteticas de Trabalho e Emprego para a Juventude Elaboraccedilatildeo DIEESE (2011)

Percebemos assim que o jovem inserido no programa aleacutem de ter as caracteriacutesticas

que satildeo preacute-requisitos para a entrada no programa tais quais situaccedilatildeo de

desemprego e com renda familiar per capita de ateacute um salaacuterio miacutenimo a maioria dos

jovens inseridos no programa satildeo mulheres de etnia parda entre 18 a 24 anos e

que vecircm de uma histoacuteria de desproteccedilatildeo social

Os jovens inscritos no programa recebem um auxiacutelio financeiro no valor de R$

10000 (cem reais) mensais de caraacuteter temporaacuterio que natildeo podem ser cumulativos

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a outros benefiacutecios sociais de programas federais de natureza semelhante18

devendo o jovem optar por um deles O valor eacute repassado diretamente do governo

federal para os beneficiados do programa atraveacutes de uma conta bancaacuteria O auxiacutelio

poderaacute ser suspenso nas seguintes situaccedilotildees a) recebimento de benefiacutecio de

natureza semelhante de outros programas federais b) frequecircncia mensal abaixo de

75 nas atividades19 c) natildeo atendimento de outras condiccedilotildees da modalidade

(Brasil 2008)

O ProJovem seguindo a loacutegica das demais poliacuteticas sociais utiliza da transferecircncia

de renda articulada ao cumprimento de algumas condicionalidades20 e a principal

delas se relaciona agrave ampliaccedilatildeo da escolaridade e a qualificaccedilatildeo profissional

Analisando a questatildeo da transferecircncia de renda podemos observar que na Ameacuterica

Latina os programas de transferecircncia entram como substituto da ausecircncia de

rendimentos provocada pelo desemprego ou o emprego precarizado confirmando a

centralidade do indiviacuteduo e a responsabilizaccedilatildeo da sociedade (STEIN 2008) e

ganham maior destaque como forma de diminuir a incapacidade de reduzir as

desigualdades que afetam de forma especial a juventude diante da crise do trabalho

e da ausecircncia de direitos efetivamente ldquo[] assegurados do acesso ao lazer e aos

bens culturais e de um sistema educativo capaz de acolher seu novo puacuteblico

ocorrem os programas de transferecircncia de renda aos jovens incapazes por si soacute de

assegurar transformaccedilotildees mais densas nessas esferas []rdquo (SPOSITO

CORRACHANO 2005 p 20) Algumas avaliaccedilotildees apontam o quanto essa renda

tem sido importante para os jovens mesmo que ainda seja percebida como privileacutegio

e natildeo como direito

Jaacute no que se refere agrave ampliaccedilatildeo da escolarizaccedilatildeo aparentemente ela pode ser

percebida como um avanccedilo pois representa do ponto de vista do ato individual e

isolado a perspectiva do acesso agrave educaccedilatildeo que muitas vezes eacute negada agrave juventude

18

Consideram-se de natureza semelhante ao auxiacutelio financeiro mensal a que se refere o caput os benefiacutecios pagos por programas federais dirigidos a indiviacuteduos da mesma faixa etaacuteria do ProJovem (Inciso 5ordm do Artigo 47 da Lei 6629 de novembro de 2008) 19

Para fins da certificaccedilatildeo profissional dos jovens e de pagamento do auxiacutelio financeiro exigir-se-aacute frequecircncia mensal miacutenima de setenta e cinco por cento nas accedilotildees de qualificaccedilatildeo 20

A criaccedilatildeo de condicionalidades para acesso agraves poliacuteticas sociais retomam os seus aspectos mais conservadores uma vez que elas deixam de se configurar como direito

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das classes que vivem do trabalho Entretanto precisamos considerar que o simples

acesso agrave escola por si soacute natildeo garante educaccedilatildeo de qualidade e ainda que natildeo se

resolve o problema com os jovens tornando-os mais ldquoempregaacuteveisrdquo se novos

empregos natildeo satildeo criados

Precisamos considerar ainda que [] a maioria natildeo eacute pobre porque natildeo tem boa

educaccedilatildeo mas na realidade natildeo consegue boa educaccedilatildeo porque eacute pobre

(FRIGOTO 2004 p 192) Natildeo queremos negar a educaccedilatildeo como um direito

elementar e muito menos o potencial de emancipaccedilatildeo que a educaccedilatildeo comporta

pretendemos apenas alertar que um diagnoacutestico equivocado pode trazer respostas

equivocadas Concordamos com Frigotto (2004 p 194) quando afirma que ldquo[] a

crenccedila de que o problema eacute conjuntural pode conduzir a poliacuteticas puacuteblicas

focalizadas e de natureza filantroacutepica ou de administraccedilatildeo e controle da pobreza

sem atentar para poliacuteticas que atacam as estruturas produtoras da desigualdaderdquo A

pobreza nesse contexto passa a ser vista com ausecircncia de capacidades individuais

logo a poliacutetica social se transforma numa estrateacutegia para inserir os pobres no

mercado de trabalho

Ainda sobre essa questatildeo Sposito et al (2006) nos convida agrave analisarmos com

cuidado uma vez que os jovens usuaacuterios dos programas sociais voltados para a

juventude satildeo os mesmos que foram precocemente excluiacutedos da escola (seja por

distorccedilatildeo de seacuterie idade ou outro fator) Logo a mera exigecircncia de retorno agrave mesma

escola que natildeo foi capaz de lidar com essas situaccedilotildees eacute no miacutenimo manter os

processos de segregaccedilatildeo (SPOSITO et al 2006) Segundo os autores podemos

constatar duas consequecircncias desse fato uma eacute o paralelismo das atividades de

caraacuteter socioeducativo que natildeo se articula com a rede puacuteblica de ensino e a outra eacute

a total ausecircncia das poliacuteticas de educaccedilatildeo que se articulem com os programas

sociais para a juventude de modo a redefinir o tipo de proposta de escolaridade

adequada a esses jovens (SPOSITO et al 2006)

Eacute importante mostrar ainda a tendecircncia de valorizaccedilatildeo da socioeducaccedilatildeo contidas

nos programas que natildeo eacute acompanhada das justificativas que induzem a essa

adesatildeo indicando haver uma deficiecircncia nos sistemas de ensino natildeo soacute no campo

pedagoacutegico mas tambeacutem na funccedilatildeo socializadora da escola que natildeo formaria para

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a cidadania21 (SPOSITO et al 2006) fato que estaria criando segundo esses

autores uma via paralela de educaccedilatildeo natildeo-escolar para jovens pobres o que os

leva a questionar se essa via estaria oferecendo uma proposta melhor que a rede

puacuteblica Sendo a resposta afirmativa por que natildeo a articular com o sistema de

ensino Se a resposta for negativa nos faz crer que se trata apenas de ocupar o

tempo livre dos jovens dos bairros pobres

Natildeo podemos deixar de tratar ainda sobre a questatildeo dos instrutores A pesquisa

apresentada por Sposito et al (2006) afirma que as atividades em geral satildeo

realizadas com uma base material precaacuteria e com baixa formaccedilatildeo teacutecnica ou mesmo

escolar que sempre inclui palestras cursos e oficinas Em alguns casos os

programas propotildeem uma formaccedilatildeo geral voltada para a cidadania e outra com foco

no aprendizado de habilidades para o mercado do trabalho

Partindo do que foi apresentado nessa pesquisa citada acima haacute duas grandes

orientaccedilotildees em torno do adolescente pobre e outra em torno do jovem pobre Para

os autores apoacutes anos de promulgaccedilatildeo do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente jaacute

satildeo visiacuteveis os avanccedilos que fazem com que os direitos da crianccedila

independentemente de sua condiccedilatildeo social (ter uma famiacutelia agrave escola sauacutede

proteccedilatildeo do Estado) sejam reconhecidos socialmente mesmo que ainda precisem

ser disputados mas jaacute satildeo reconhecidos

Contudo o mesmo natildeo acontece com os jovens pobres pois para eles eacute impelida

uma imagem que impede o reconhecimento social de seus direitos para esses satildeo

reservadas as accedilotildees de inserccedilatildeo social compensatoacuterias e alto teor socioeducativo

esses satildeo chamados de adolescentes pobres que continuam a ocupar o natildeo-lugar

e soacute se tornam visiacuteveis pela ameaccedila ou pelo risco provocados na sociedade Aos

outros que podem usufruir de alguns direitos mesmo que minimamente o termo

jovem passa a ser fortemente aplicado (SPOSITO et al 2006) evidenciando que as

21

A cidadania como eacute tratada aparece como um conceito muito mais ligado a uma ideia de atividade socializadora com ecircnfase no civismo e no aprendizado de certos valores importantes para essa civilidade o que acaba esvaziando os conteuacutedos da cidadania ligados agrave ideia de direitos prevalecendo a pressuposiccedilatildeo de que jovens e adolescentes pobres - precisam ser atingidos por alguma accedilatildeo que lhes ensine algo (SPOSITO et al 2006)

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poliacuteticas de juventude estatildeo fortemente marcadas pelas concepccedilotildees de juventude

mas sobretudo pelas concepccedilotildees sobre os jovens pobres

Outro aspecto a ser destacado eacute o caraacuteter transitoacuterio das accedilotildees (em meacutedia 02 anos)

natildeo se configurando enquanto uma poliacutetica puacuteblica mantendo o cariz de programa

numa proposta de poliacutetica emergencial para a juventude que mina a construccedilatildeo de

uma poliacutetica puacuteblica nacional e ainda dificultando a avaliaccedilatildeo seacuteria de tais

programas22 (SPOSITO CORRACHANO 2005)

A fragmentaccedilatildeo tambeacutem eacute uma caracteriacutestica marcante no ProJovem Trabalhador

mantendo a visatildeo das poliacuteticas de juventude como um conjunto de caixinhas

isoladas em disputa impedindo o diaacutelogo entre elas cada modalidade estaacute sob

orientaccedilatildeo de um Ministeacuterio diferente e natildeo articulaccedilatildeo entre as modalidades O

caraacuteter fragmentaacuterio das poliacuteticas de juventude se explicita na focalizaccedilatildeo das

diretrizes ldquojovem temaacuteticordquo que expressa o puacuteblico alvo das accedilotildees desenvolvidas

nos diferentes ministeacuterios assim tem-se ldquoo jovem-alunordquo o ldquojovem-filhordquo o ldquojovem-

infratorrdquo a ldquojovem-matildeerdquo ldquoa jovem-que-natildeo-queremos-que-seja-matildeerdquo o rdquojovem-ruralrdquo

e outros (CARRANO 2012)

A transversalizaccedilatildeo dos programas seria uma estrateacutegia de superaccedilatildeo dessa

caracteriacutestica o que requisitaria ldquo[] repensar e fortalecer um pacto pela juventude

que parta da Secretaria Nacional da Juventude e consiga chegar ateacute onde o jovem

estaacute no municiacutepio no bairro e o conecte com o governo federalrdquo (SPOSITO 2012

p 225) pois eacute extremamente importante construir uma rede de atenccedilatildeo para os

jovens que conectem as poliacuteticas municipais estaduais e federais num diaacutelogo

permanente neste sentido as poliacuteticas para esse segmento natildeo devem

simplesmente reproduzir as poliacuteticas de acircmbito nacional elas devem ser efetivadas

e assumidas em todos os acircmbitos de accedilatildeo

Outra questatildeo que aparece no ProJovem Trabalhador comum agraves demais poliacuteticas

destinadas aos jovens eacute que as accedilotildees tecircm se destinado muito mais a oferecer o

que se instituiu como necessidades dos jovens e natildeo aquilo que o jovem apresentou

ou demandou como uma necessidade sua Os jovens precisam de espaccedilo natildeo soacute

22

No caso do ProJovem Trabalhador o programa tem previsatildeo para ser executado em 06 meses

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para receber os projetos jaacute preconcebidos mas sobretudo para dizer o que

precisam individual e coletivamente Para esse autor as accedilotildees destinadas aos

jovens emergem simultaneamente agrave criaccedilatildeo de personagens sociais (protagonistas

empreendedores e outros) de pouco diaacutelogo que atendam muito mais aos interesses

e modelos de poliacuteticas das agecircncias internacionais de desenvolvimento (CARRANO

2012)

Outra questatildeo a ser problematizada eacute que o programa definiu como meta miacutenima a

inserccedilatildeo de no miacutenimo 30 dos jovens no mundo do trabalho sendo admitidas as

seguintes formas de inserccedilatildeo a) emprego formal (comprovado atraveacutes de coacutepias da

carteira assinada dos jovens) b) estaacutegio ou jovem aprendiz (comprovado atraveacutes de

coacutepias dos contratos) c) ou formas alternativas geradoras de renda (Brasil 2008)

Questionamos ateacute que ponto essas possibilidades podem ser entendidas como

estrateacutegias de inserccedilatildeo no mundo do trabalho eou de superaccedilatildeo da precarizaccedilatildeo

das condiccedilotildees de trabalho dos jovens Quais satildeo os viacutenculos de trabalho Qual a

meacutedia de salaacuterio Quais as condiccedilotildees de trabalho Qual a permanecircncia dos jovens

nesses viacutenculos

Reconhecendo a importacircncia dessa estrateacutegia para a sobrevivecircncia dos jovens natildeo

podemos deixar de considerar que ela tambeacutem natildeo deixa de fazer parte de um

processo de naturalizaccedilatildeo das mudanccedilas no mundo do trabalho que culmina na

responsabilizaccedilatildeo dos proacuteprios trabalhadores Eles satildeo convencidos de que eles eacute

que natildeo tecircm grande coisa para vender ou natildeo sabem como vendecirc-la ndash ou seja natildeo

tem ldquocapital humanordquo ocultando desse modo todas as estruturas de distribuiccedilatildeo

desigual e apropriaccedilatildeo desigual dos recursos materiais sociais culturais e

simboacutelicos de nossa sociedade Esse fato faz com que o ldquo[] ldquocapital humanordquo de

um jovem oriundo do contexto popular da ldquoperiferiardquo tenha pouca chance de

equivaler ao de um jovem saiacutedo de um meio privilegiadordquo (BIHR 2007)

Nessa perspectiva o empreendedorismo tambeacutem aparece como estrateacutegia mas na

verdade se assemelha mais a danccedila das cadeiras quando a muacutesica para haacute mais

pessoas de peacute do que cadeiras disponiacuteveis para sentar (POCHAMANN 2005) Em

alguns casos empresas e o Estado ateacute destinam alguns recursos para esses fins

que satildeo ldquo[] importantes mas absolutamente incapazes de gerar mais postos de

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trabalho Uma contribuiccedilatildeo digamos para o ldquosalve-se quem puderrdquo (MATTOSO

1999 p20)

Fato que expressa bem a responsabilizaccedilatildeo do indiviacuteduo por sua situaccedilatildeo de

emprego e desemprego numa clara tentativa de transferir riscos e

responsabilidades ao trabalhador fazendo com que ele assuma a sua

empregabilidade por meio de formaccedilatildeo profissional qualificaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo

Deslocando assim a responsabilidade social do Estado para o plano individual onde

natildeo haacute poliacutetica de emprego apenas indiviacuteduos empregaacuteveis ou natildeo Os indiviacuteduos

afetados pela loacutegica da competiccedilatildeo por empregos inseguros comeccedilam a adaptar-se

a novas condutas psicoloacutegicas do perfil do ldquovencedorrdquo (COSTA 2005)

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A anaacutelise do ProJovem Trabalhador mostra que o programa eacute importante no

cotidiano desses jovens como um instrumento na efetivaccedilatildeo de direitos sociais e

mecanismo de sobrevivecircncia e evidencia que os avanccedilos das poliacuteticas de juventude

no paiacutes natildeo soacute em quantidade mas tambeacutem em qualidade se comparadas com as

experiecircncias anteriores

No entanto ainda haacute muito o que caminhar Podemos dizer que o programa

expressa o perfil das poliacuteticas sociais contemporacircneas Fragmentaccedilatildeo

descentralizaccedilatildeo focalizaccedilatildeo descontinuidade ausecircncia de pesquisas e avaliaccedilotildees

e privatizaccedilatildeo Caracteriacutesticas que precisam ser explicitadas e disputadas na cena

puacuteblica juntamente com as demais poliacuteticas sociais

Para que as poliacuteticas de juventude se transformem em poliacuteticas para a juventude eacute

preciso sair desse ciclo de vitimizaccedilatildeocriminalizaccedilatildeo voluntariadoencerramento ou

prevenccedilatildeorepressatildeo (BATISTA 2007) Para isso eacute necessaacuterio transformar esses

problemas sociais da juventude em problemas socioloacutegicos Esse eacute um exerciacutecio de

interrogaccedilatildeo que gera como produto a incerteza de afirmaccedilotildees antes dadas como

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inquestionaacuteveis Sem o questionamento a juventude se torna um quase bdquomito‟ e

para esse mito eacute necessaacuterio ldquopenetrar no cotidiano do jovemrdquo e questionar ldquo[]

sentiratildeo os jovens estes problemas como seus problemasrdquo (PAIS 2003 p34)

Mas sobretudo eacute preciso dotar de precisotildees conceituais acerca do tema juventude

de modo a iluminarmos os processos de construccedilatildeo de marcos poliacuteticos em

coerecircncia com os marcos conceituais os discursos e programaacuteticas deixando de

conceber aos jovens sobre ldquo[] a noccedilatildeo de um jovem problema e carente visatildeo

que tende agrave geraccedilatildeo de um determinado tipo de poliacutetica de juventude de natureza

compensatoacuteriardquo (LEacuteON 2005 p88)

Fica evidente ainda que a juventude cumpre um papel na atual sociedade

capitalista a de compor a grande massa do exeacutercito industrial de reserva quando a

poliacutetica social para a juventude em especial os programas de transferecircncia de renda

como o ProJovem Trabalhador acabam assumindo o papel de garantir mecanismos

de sobrevivecircncia dos sujeitos juvenis uma vez que natildeo eacute possiacutevel assegurar a

sobrevivecircncia desse segmento da classe trabalhadora atraveacutes da inserccedilatildeo no

trabalho

Abstract Analyze the ProJovem Worker program as one of coping policies changes in the workplace that particularly affected the youth For this we will make a brief background of the relations and working conditions for this population segment and social policies aimed at this audience including the program in question identifying their progress and limits through a bibliographic and documentary research Keywords Labor Social Policy and Youth

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REFEREcircCIAS

ABRAMO Helena Wendel Condiccedilatildeo juvenil no Brasil contemporacircneo In______

BRANCO Pedro Paulo Martoni (Org) Retratos da Juventude Brasileira Anaacutelises

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Processo de Avaliaccedilatildeo por Pares (Blind Review - Anaacutelise do Texto Anocircnimo)

Publicado na Revista Vozes dos Vales - wwwufvjmedubrvozes em 10102016

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UFVJM 1202095-2011 - QUALISCAPES - LATINDEX 22524 - ISSN 2238-6424

Perioacutedico Cientiacutefico Eletrocircnico divulgado nos programas brasileiros Stricto Sensu

(Mestrados e Doutorados) e em universidades de 38 paiacuteses

em diversas aacutereas do conhecimento

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VII (Da Ordem Social) Essa modificaccedilatildeo da Emenda nordm652010 coloca a obrigaccedilatildeo

do Estado na satisfaccedilatildeo dos direitos baacutesicos da juventude fato que representa uma

conquista para os jovens brasileiros uma vez que esse eacute o maior instrumento

juriacutedico do paiacutes que passa a assegurar os direitos ldquo[] agrave vida agrave sauacutede ao lazer agrave

profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia

familiar e comunitaacuteria []rdquo (BRASIL EC Nordm 652010) e assegura a criaccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas para esse segmento

Analisando as poliacuteticas de juventude no Brasil em 2010 identificamos que existiam

18 programas14 voltados para o puacuteblico jovem e que se desenvolvia vaacuterias accedilotildees

em diversos Ministeacuterios e secretarias Um desses programas eacute o ProJovem que

analisaremos em seguida

PROJOVEM TRABALHADOR

O ProJovem surge em 2005 como resultado de demanda por parte da sociedade

mas sobretudo como resultado do diagnoacutestico realizado do Grupo Interministerial

que recomendava maior integraccedilatildeo e complementaridade entre os programas

14

1) Programa Nacional de Inclusatildeo de Jovens (Projovem) Projovem Urbano Projovem Campo Projovem Trabalhador e Projovem Adolescente ndash Secretaria Nacional de Juventude da Secretaacuteria-Geral da Presidecircncia da Repuacuteblica Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome (MDS) 2) Programa Cultura Viva ndash Ministeacuterio da Cultura 3) Bolsa Atleta ndash Ministeacuterio do Esporte 4) Programa Segundo Tempo ndash Ministeacuterio do Esporte 5) Praccedilas da Juventude ndash Ministeacuterios do Esporte e da Justiccedila 6) Projeto Rondon ndash Ministeacuterio da Defesa em parceria com diversos ministeacuterios 7) Projeto Soldado Cidadatildeo ndash Comandos da Marinha Exeacutercito e Aeronaacuteutica 8) Programa Nacional de Seguranccedila Puacuteblica com Cidadania ndash Pronasci Protejo Jovem Detento Geraccedilatildeo Consciente Pelc Projeto Praccedila da Juventude Pintando a Liberdade e Pintando a Cidadania Pontos de Leitura Pontos de Cultura Projeto Museus Projeto Farol Projovem Prisional ndash Ministeacuterio da Justiccedila tendo alguns parceiros Ministeacuterio Cultura Esporte Igualdade Racial e Secretaria Nacional de Juventude 9) Pronaf Jovem ndash Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio 10) Juventude e Meio Ambiente ndash Ministeacuterios da Educaccedilatildeo e do Meio Ambiente com a parceria da Secretaria Nacional de Juventude 11) Escola Aberta ndash Cooperaccedilatildeo teacutecnica entre o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e a UNESCO 12) ProUni ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 13) Reforccedilo agraves Escolas Teacutecnicas e Ampliaccedilatildeo das vagas em Universidades Federais ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 14) Brasil Alfabetizado ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 15) Proeja ndash Ministeacuterios da Educaccedilatildeo e do Trabalho e Emprego 16) Programa Nacional do Livro Didaacutetico para o Ensino Meacutedio (PNLEM) ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 17) Programa Nacional do Livro Didaacutetico para a Alfabetizaccedilatildeo de Jovens e Adultos ndash Ministeacuterio da Educaccedilatildeo 18) Ampliaccedilatildeo do Bolsa Famiacutelia ndash Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome (BRASIL 2011)

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voltados para a juventude e tinha como objetivo aumentar o niacutevel de escolaridade de

modo a inserir esses jovens no mercado de trabalho (BRASIL 2008)

A primeira versatildeo desse programa foi criada em parceria com a Secretaria Nacional

da Juventude e do Conselho Nacional de Juventude e foi regulamentado atraveacutes do

decreto 5557 de 05102005 e tinha como puacuteblico alvo os jovens de 18 a 24 anos

que ainda natildeo tivessem completado o ensino fundamental mas que tivessem feito

no miacutenimo a 4ordf seacuterie e natildeo poderiam ter viacutenculo formal no mercado de trabalho e

que fossem moradores de capitais e regiotildees metropolitanas com mais de duzentos

mil habitantes Os jovens participantes do programa receberiam uma bolsa no valor

de R$ 10000 (cem reais) e teriam formaccedilatildeo profissional integral associando a

elevaccedilatildeo da escolaridade atraveacutes da formaccedilatildeo baacutesica de 800 horas acrescida da

formaccedilatildeo profissional com carga horaacuteria de 350 horas e 50 horas de atividades de

accedilotildees comunitaacuterias (BRASIL 2008)

O objetivo principal era a elevaccedilatildeo da escolaridade tendo em vista a conclusatildeo do

ensino fundamental a qualificaccedilatildeo profissional e o desenvolvimento de accedilotildees

comunitaacuterias de interesse puacuteblico A gestatildeo era do Grupo Interministerial e da

Secretaria Nacional de Juventude e o financiamento era do Governo Federal que

repassava aos municiacutepios para que esses executassem o programa

Em 2007 foi lanccedilado o Programa ProJovem Integrado que agrupou seis programas

o proacuteprio ProJovem o Agente Jovem Saberes da Terra Escola de Faacutebrica

Juventude cidadatilde e o Consoacutercio da Juventude Tal mudanccedila ocorreu em funccedilatildeo de

estudos feitos pelo sistema de informaccedilatildeo do programa que indicavam que os

jovens excluiacutedos estatildeo mais dispersos geograficamente do que se esperava ldquo[]

apontando a necessidade de ampliar o alcance do programa para cidades menores

uma vez que parte substantiva dos jovens brasileiros deixava de ser contemplada

quando se restringia o atendimento a municiacutepios com mais de 200 mil habitantesrdquo

(BRASIL 2008 p18)

Pesquisas da PNAD2003 (das regiotildees metropolitanas) e do Censo 2000 (nacional)

que tomaram como pesquisa os jovens de 18 a 24 anos com quatro a sete anos de

escolaridade e residentes nas cidades com mais de 200 mil habitantes mostravam

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queda do nuacutemero de jovens excluiacutedos No entanto quando analisado os jovens de

24 a 29 anos esses mesmos iacutendices satildeo crescentes [] evidenciando-se a

necessidade de ampliar a faixa etaacuteria atendida pelo ProJovem de modo a

contemplar tambeacutem os jovens de faixa etaacuteria mais elevada (Brasil 2008 p 18) As

atividades do ProJovem Integrado se iniciam em 2008 atraveacutes de quatro

modalidades

ProJovem Urbano ldquoDestina-se a jovens de 18 a 29 anos que sabem ler e

escrever mas que natildeo concluiacuteram o ensino fundamental Oferece elevaccedilatildeo de

escolaridade com a conclusatildeo do ensino fundamental qualificaccedilatildeo profissional

participaccedilatildeo em accedilotildees de cidadania e uma bolsa mensal de R$ 10000 Com

duraccedilatildeo de 18 meses eacute executado pela Secretaria Nacional de Juventude da

Secretaria-Geral da Presidecircncia da Repuacuteblica15 A modalidade eacute executada

mediante convecircnios firmados entre a Secretaria Nacional de Juventude estados e

municiacutepios Nas cidades com mais de 200 mil habitantes a parceria eacute feita

diretamente com a Prefeitura Municipal Jaacute nas cidades menores essa parceria eacute

firmada com o governo do estado que viabiliza a chegada do Programa nas cidades

menoresrdquo (BRASIL 2010)

ProJovem Campo Executado pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo a modalidade oferece

elevaccedilatildeo de escolaridade com a conclusatildeo do ensino fundamental e capacitaccedilatildeo

profissional de jovens de 18 a 29 anos que atuam na agricultura familiar O curso

tem duraccedilatildeo de 24 meses e eacute ministrado conforme a alternacircncia dos ciclos

agriacutecolas respeitando o periacuteodo em que os alunos trabalham no campo O

programa eacute desenvolvido em parceria com as secretarias estaduais de educaccedilatildeo e

uma rede de instituiccedilotildees puacuteblicas federais mediante convecircnios firmados com o MEC

(BRASIL 2010)

ProJovem Adolescente Executado pelo Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e

Combate agrave Fome (MDS) destina-se a jovens de 15 a 17 anos em situaccedilatildeo de risco

social independentemente da renda familiar ou que integram famiacutelias beneficiaacuterias

do Bolsa Famiacutelia Com duraccedilatildeo de 24 meses oferece proteccedilatildeo social baacutesica e

15

A partir de 2012 a coordenaccedilatildeo geral do ProJovem Urbano migrou da Secretaria Nacional de Juventude para o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (MEC) mas manteve a Secretaria Nacional de Juventude como parte do Comitecirc Gestor

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assistecircncia agraves famiacutelias visando elevar a escolaridade e reduzir os iacutendices de

violecircncia uso de drogas das doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis e gravidez

precoce Os municiacutepios interessados no Programa devem observar os seguintes

criteacuterios a) estar habilitado nos niacuteveis de gestatildeo baacutesica ou plena do Suas b) possuir

Centros de Referecircncia da Assistecircncia Social (CRAS) em funcionamento e registro

no Censo do CRAS c) apresentar a demanda miacutenima de 40 jovens que pertenccedilam a

famiacutelias beneficiaacuterias do Bolsa Famiacutelia (BRASIL 2010)

ProJovem Trabalhador O ProJovem Trabalhador ficou sob a responsabilidade do

Ministeacuterio do Trabalho (MTE) unificando as accedilotildees do Consoacutercio Social da

Juventude Empreendedorismo Juvenil Juventude Cidadatilde e Escola de Faacutebrica

tendo como objetivo ldquo[] preparar o jovem para ocupaccedilotildees com viacutenculo

empregatiacutecio ou para outras atividades produtivas geradoras de renda por meio da

qualificaccedilatildeo social e profissional e do estiacutemulo agrave sua inserccedilatildeo no mundo do trabalhordquo

(Brasil 2008) como estaacute previsto no artigo 37 da Lei 6629 de novembro de 2008

que unificou os programas (BRASIL 2010)

Essa modalidade do ProJovem se destina a jovens de 18 a 29 anos em situaccedilatildeo de

desemprego e cuja renda familiar per capita seja de ateacute um salaacuterio miacutenimo e ainda

que cumpra os seguintes preacute-requisitos a) cursando ou tenha concluiacutedo o ensino

fundamental ou b) cursando ou tenha concluiacutedo o ensino meacutedio e natildeo estejam

cursando ou natildeo tenha concluiacutedo o ensino superior16 (BRASIL 2008 artigo 38)

O ProJovem Trabalhador tem duas submodalidades o Consoacutercio Social da

Juventude e o Juventude Cidadatilde Isto porque o ProJovem Trabalhador natildeo unificou

os programas anteriores do Ministeacuterio do Trabalho ele apenas os agregou sob a

forma da lei Inclusive parte da legislaccedilatildeo eacute diferente para o ProJovem Trabalhador

ndash Consoacutercio Social da Juventude o qual segue a orientaccedilatildeo da Portaria 2043 de 22

de outubro de 2009 o ProJovem Trabalhador ndash Juventude Cidadatilde por sua vez

segue a Portaria 991 de 27 de novembro de 2008 Ambos seguem as orientaccedilotildees

do Decreto 6629 de 2008

16

Nas accedilotildees de empreendedorismo juvenil aleacutem dos jovens referidos no caput tambeacutem poderatildeo ser contemplados aqueles que estejam cursando ou tenham concluiacutedo o ensino superior (Brasil 2008 artigo 38)

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Fato que mostra como eacute prematuro apresentar o ProJovem como a poliacutetica nacional

de juventude pois natildeo basta colocar sob um mesmo nome todas as accedilotildees para que

elas faccedilam assim parte de uma mesma loacutegica e que tenham os mesmos objetivos

Como pensar em projeto unificado Como operar com sistemas de avaliaccedilatildeo

controle e monitoramento E estamos falando aqui apenas de uma das modalidades

do ProJovem as demais estatildeo divididas em outras Secretarias Eacute preciso muito

cuidado para que o programa natildeo apenas camufle a fragmentaccedilatildeo que eacute uma marca

das poliacuteticas de juventude que ao que podemos ver ainda se manteacutem

No que se refere agrave execuccedilatildeo do Programa a legislaccedilatildeo (Termo de Referecircncia 991

de 2008) delega tais execuccedilotildees a Estados e Municiacutepios com populaccedilatildeo com acima

de 20 mil habitantes natildeo haacute necessidade de convecircnio acordo contrato ajuste ou

outro instrumento congecircnere o que natildeo dispensa a prestaccedilatildeo de contas (Brasil

2008)17 Essa forma de gerir a maacutequina puacuteblica que se tornou praacutetica comum na

gestatildeo das poliacuteticas sociais expressa a loacutegica da transferecircncia de responsabilidade

do Estado para a sociedade civil quando cabe ao Estado o papel de financiador e

ao terceiro setor o de executor

Tal fenocircmeno eacute parte do processo de reestruturaccedilatildeo produtiva (BEHRING 2003) e

tem impactos diretos no programa principalmente no que se refere agrave continuidade e

agrave qualidade das atividades uma vez que a empresa contratada ou Organizaccedilatildeo da

Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP) tem por objetivo o lucro Satildeo trecircs

atores diretamente envolvidos poreacutem nem sempre com objetivos comuns Conciliar

esses interesses e perspectivas diferentes eacute grande desafio Neste sentido em meio

a tantos personagens e interesses como fazer chegar ao centro do poder os

interesses dos principais interessados os jovens (CASTRO 2012)

Pesquisa realizada pelo Ministeacuterio do Trabalho atraveacutes do Departamento

Intersindical de Estatiacutesticas e Estudo Socioeconocircmicos (DIEESE) referente aos

17

Para a celebraccedilatildeo dos convecircnios a entidade de direito privado sem fins lucrativos na execuccedilatildeo do ProJovem Trabalhador deveraacute ser precedida de seleccedilatildeo por chamada puacuteblica e essas deveratildeo comprovar experiecircncia de no miacutenimo 3 anos no objeto do convecircnio ter capacidade fiacutesica instalada necessaacuteria agrave execuccedilatildeo do objeto do convecircnio ter capacidade teacutecnica e administrativo-operacional adequada para execuccedilatildeo e apresentar proposta com adequaccedilatildeo entre os meios sugeridos seus custos cronogramas e resultados previstos em conformidade com as especificaccedilotildees teacutecnicas do termo de referecircncia e edital de chamada puacuteblica (BRASIL 2008)

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anos de 2010 e 2011 relacionando Juventude e Trabalho no Brasil que apresenta

resultados importantes sobre o perfil do jovem inserido no ProJovem Trabalhador e

alguns dados socioeconocircmicos sobre a juventude brasileira A primeira informaccedilatildeo eacute

sobre o nuacutemero de jovens cadastrados no programa

QUADRO 13 - NUacuteMERO DE JOVENS CADASTRADOS NO PROJOVEM

Brasil Grandes Regiotildees e Unidades da Federaccedilatildeo

HOMENS MULHERES TOTAL

Norte 13509 29524 43033

Nordeste 59095 125207 184302

Sudeste 43597 108104 151701

Sul 18187 40165 58352

Centro-Oeste 11709 35385 47094

Brasil 146097 338385 484482

Fonte MTE Departamento de Poliacuteticas de Trabalho e Emprego para a Juventude DIEESE (2011)

Percebemos assim que cerca de 10 dos jovens brasileiros estatildeo inseridos no

programa o que mostra a relevacircncia e importacircncia do programa levando os

organismos governamentais a se referirem ao programa como a expressatildeo da

poliacutetica nacional de juventude

Interessante observar ainda o nuacutemero das jovens inseridas no programa

representando mais de 60 do total dos jovens participantes fato esse que pode

ser explicado em partes pelos altos iacutendices de desemprego que afetam de forma

diferente as mulheres o que evidencia a inserccedilatildeo ainda precaacuteria da mulher no

mundo do trabalho representando assim que essa pode ser uma oportunidade

importante de inserccedilatildeo no mercado de trabalho para essas jovens

Isso mostra tambeacutem que eacute necessaacuterio pensar o ProJovem Trabalhador que leve

em consideraccedilatildeo as especificidades de ser uma jovem mulher natildeo soacute no que se

refere agrave inserccedilatildeo no mercado de trabalho que eacute objetivo do programa mas tambeacutem

na permanecircncia dessa jovem no programa em quais condiccedilotildees satildeo ofertadas para

isso e principalmente num acompanhamento posterior

Um uacuteltimo dado que natildeo podemos deixar de comentar mesmo que sucintamente se

refere agrave questatildeo da renda Como mostra a tabela abaixo dos jovens inseridos no

ProJovem Trabalhador o percentual de jovens que recebem ou jaacute receberam outros

benefiacutecios sociais eacute relativamente pequeno apenas na regiatildeo Nordeste o iacutendice eacute

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um pouco maior (377) nas demais regiotildees os iacutendices ficam em torno de 15

Esses dados podem mostrar que esses jovens estatildeo quase que totalmente

desassistidos com relaccedilatildeo aos direitos sociais uma vez que ficaram agrave margem do

sistema escolar estatildeo fora do mercado de trabalho (ou inseridos precariamente) e

tambeacutem natildeo satildeo assistidos pelos programas de Assistecircncia Social ou seja satildeo

jovens que estatildeo expostos a uma grande violecircncia urbana de desproteccedilatildeo social

QUADRO 15 - PROPORCcedilAtildeO DE JOVENS CADASTRADOS QUE TEcircM ALGUM MEMBRO DA FAMIacuteLIA QUE RECEBEU AUXIacuteLIO DO GOVERNO

Brasil Grandes Regiotildees e Unidades da Federaccedilatildeo

PERCENTUAL

Norte 165

Nordeste 377

Sudeste 127

Sul 120

Centro Oeste 145

Brasil 210

Fonte MTE Departamento de Poliacuteticas de Trabalho e Emprego para a Juventude Elaboraccedilatildeo DIEESE Obs O total Brasil inclui jovens cadastrados sem informaccedilatildeo para UF DIEESE (2011)

Observando o quadro abaixo que trata especialmente da renda a descriccedilatildeo acima

se fortalece Podemos ver que entre os jovens da populaccedilatildeo rural o salaacuterio em

2010 era em meacutedia de pouco mais de um salaacuterio miacutenimo e dos jovens da zona

urbana a meacutedia no mesmo periacuteodo era de dois salaacuterios miacutenimos

QUADRO 16 - RENDA FAMILIAR DO JOVEM CADASTRADO NO PROGRAMA 2010 BRASIL E GRANDES REGIOtildeES - 2010 (EM )

RURAL R$ 63700

URBANA R$ 104200

TOTAL R$ 103000

Fonte MTE Departamento de Poliacuteticas de Trabalho e Emprego para a Juventude Elaboraccedilatildeo DIEESE (2011)

Percebemos assim que o jovem inserido no programa aleacutem de ter as caracteriacutesticas

que satildeo preacute-requisitos para a entrada no programa tais quais situaccedilatildeo de

desemprego e com renda familiar per capita de ateacute um salaacuterio miacutenimo a maioria dos

jovens inseridos no programa satildeo mulheres de etnia parda entre 18 a 24 anos e

que vecircm de uma histoacuteria de desproteccedilatildeo social

Os jovens inscritos no programa recebem um auxiacutelio financeiro no valor de R$

10000 (cem reais) mensais de caraacuteter temporaacuterio que natildeo podem ser cumulativos

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a outros benefiacutecios sociais de programas federais de natureza semelhante18

devendo o jovem optar por um deles O valor eacute repassado diretamente do governo

federal para os beneficiados do programa atraveacutes de uma conta bancaacuteria O auxiacutelio

poderaacute ser suspenso nas seguintes situaccedilotildees a) recebimento de benefiacutecio de

natureza semelhante de outros programas federais b) frequecircncia mensal abaixo de

75 nas atividades19 c) natildeo atendimento de outras condiccedilotildees da modalidade

(Brasil 2008)

O ProJovem seguindo a loacutegica das demais poliacuteticas sociais utiliza da transferecircncia

de renda articulada ao cumprimento de algumas condicionalidades20 e a principal

delas se relaciona agrave ampliaccedilatildeo da escolaridade e a qualificaccedilatildeo profissional

Analisando a questatildeo da transferecircncia de renda podemos observar que na Ameacuterica

Latina os programas de transferecircncia entram como substituto da ausecircncia de

rendimentos provocada pelo desemprego ou o emprego precarizado confirmando a

centralidade do indiviacuteduo e a responsabilizaccedilatildeo da sociedade (STEIN 2008) e

ganham maior destaque como forma de diminuir a incapacidade de reduzir as

desigualdades que afetam de forma especial a juventude diante da crise do trabalho

e da ausecircncia de direitos efetivamente ldquo[] assegurados do acesso ao lazer e aos

bens culturais e de um sistema educativo capaz de acolher seu novo puacuteblico

ocorrem os programas de transferecircncia de renda aos jovens incapazes por si soacute de

assegurar transformaccedilotildees mais densas nessas esferas []rdquo (SPOSITO

CORRACHANO 2005 p 20) Algumas avaliaccedilotildees apontam o quanto essa renda

tem sido importante para os jovens mesmo que ainda seja percebida como privileacutegio

e natildeo como direito

Jaacute no que se refere agrave ampliaccedilatildeo da escolarizaccedilatildeo aparentemente ela pode ser

percebida como um avanccedilo pois representa do ponto de vista do ato individual e

isolado a perspectiva do acesso agrave educaccedilatildeo que muitas vezes eacute negada agrave juventude

18

Consideram-se de natureza semelhante ao auxiacutelio financeiro mensal a que se refere o caput os benefiacutecios pagos por programas federais dirigidos a indiviacuteduos da mesma faixa etaacuteria do ProJovem (Inciso 5ordm do Artigo 47 da Lei 6629 de novembro de 2008) 19

Para fins da certificaccedilatildeo profissional dos jovens e de pagamento do auxiacutelio financeiro exigir-se-aacute frequecircncia mensal miacutenima de setenta e cinco por cento nas accedilotildees de qualificaccedilatildeo 20

A criaccedilatildeo de condicionalidades para acesso agraves poliacuteticas sociais retomam os seus aspectos mais conservadores uma vez que elas deixam de se configurar como direito

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das classes que vivem do trabalho Entretanto precisamos considerar que o simples

acesso agrave escola por si soacute natildeo garante educaccedilatildeo de qualidade e ainda que natildeo se

resolve o problema com os jovens tornando-os mais ldquoempregaacuteveisrdquo se novos

empregos natildeo satildeo criados

Precisamos considerar ainda que [] a maioria natildeo eacute pobre porque natildeo tem boa

educaccedilatildeo mas na realidade natildeo consegue boa educaccedilatildeo porque eacute pobre

(FRIGOTO 2004 p 192) Natildeo queremos negar a educaccedilatildeo como um direito

elementar e muito menos o potencial de emancipaccedilatildeo que a educaccedilatildeo comporta

pretendemos apenas alertar que um diagnoacutestico equivocado pode trazer respostas

equivocadas Concordamos com Frigotto (2004 p 194) quando afirma que ldquo[] a

crenccedila de que o problema eacute conjuntural pode conduzir a poliacuteticas puacuteblicas

focalizadas e de natureza filantroacutepica ou de administraccedilatildeo e controle da pobreza

sem atentar para poliacuteticas que atacam as estruturas produtoras da desigualdaderdquo A

pobreza nesse contexto passa a ser vista com ausecircncia de capacidades individuais

logo a poliacutetica social se transforma numa estrateacutegia para inserir os pobres no

mercado de trabalho

Ainda sobre essa questatildeo Sposito et al (2006) nos convida agrave analisarmos com

cuidado uma vez que os jovens usuaacuterios dos programas sociais voltados para a

juventude satildeo os mesmos que foram precocemente excluiacutedos da escola (seja por

distorccedilatildeo de seacuterie idade ou outro fator) Logo a mera exigecircncia de retorno agrave mesma

escola que natildeo foi capaz de lidar com essas situaccedilotildees eacute no miacutenimo manter os

processos de segregaccedilatildeo (SPOSITO et al 2006) Segundo os autores podemos

constatar duas consequecircncias desse fato uma eacute o paralelismo das atividades de

caraacuteter socioeducativo que natildeo se articula com a rede puacuteblica de ensino e a outra eacute

a total ausecircncia das poliacuteticas de educaccedilatildeo que se articulem com os programas

sociais para a juventude de modo a redefinir o tipo de proposta de escolaridade

adequada a esses jovens (SPOSITO et al 2006)

Eacute importante mostrar ainda a tendecircncia de valorizaccedilatildeo da socioeducaccedilatildeo contidas

nos programas que natildeo eacute acompanhada das justificativas que induzem a essa

adesatildeo indicando haver uma deficiecircncia nos sistemas de ensino natildeo soacute no campo

pedagoacutegico mas tambeacutem na funccedilatildeo socializadora da escola que natildeo formaria para

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a cidadania21 (SPOSITO et al 2006) fato que estaria criando segundo esses

autores uma via paralela de educaccedilatildeo natildeo-escolar para jovens pobres o que os

leva a questionar se essa via estaria oferecendo uma proposta melhor que a rede

puacuteblica Sendo a resposta afirmativa por que natildeo a articular com o sistema de

ensino Se a resposta for negativa nos faz crer que se trata apenas de ocupar o

tempo livre dos jovens dos bairros pobres

Natildeo podemos deixar de tratar ainda sobre a questatildeo dos instrutores A pesquisa

apresentada por Sposito et al (2006) afirma que as atividades em geral satildeo

realizadas com uma base material precaacuteria e com baixa formaccedilatildeo teacutecnica ou mesmo

escolar que sempre inclui palestras cursos e oficinas Em alguns casos os

programas propotildeem uma formaccedilatildeo geral voltada para a cidadania e outra com foco

no aprendizado de habilidades para o mercado do trabalho

Partindo do que foi apresentado nessa pesquisa citada acima haacute duas grandes

orientaccedilotildees em torno do adolescente pobre e outra em torno do jovem pobre Para

os autores apoacutes anos de promulgaccedilatildeo do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente jaacute

satildeo visiacuteveis os avanccedilos que fazem com que os direitos da crianccedila

independentemente de sua condiccedilatildeo social (ter uma famiacutelia agrave escola sauacutede

proteccedilatildeo do Estado) sejam reconhecidos socialmente mesmo que ainda precisem

ser disputados mas jaacute satildeo reconhecidos

Contudo o mesmo natildeo acontece com os jovens pobres pois para eles eacute impelida

uma imagem que impede o reconhecimento social de seus direitos para esses satildeo

reservadas as accedilotildees de inserccedilatildeo social compensatoacuterias e alto teor socioeducativo

esses satildeo chamados de adolescentes pobres que continuam a ocupar o natildeo-lugar

e soacute se tornam visiacuteveis pela ameaccedila ou pelo risco provocados na sociedade Aos

outros que podem usufruir de alguns direitos mesmo que minimamente o termo

jovem passa a ser fortemente aplicado (SPOSITO et al 2006) evidenciando que as

21

A cidadania como eacute tratada aparece como um conceito muito mais ligado a uma ideia de atividade socializadora com ecircnfase no civismo e no aprendizado de certos valores importantes para essa civilidade o que acaba esvaziando os conteuacutedos da cidadania ligados agrave ideia de direitos prevalecendo a pressuposiccedilatildeo de que jovens e adolescentes pobres - precisam ser atingidos por alguma accedilatildeo que lhes ensine algo (SPOSITO et al 2006)

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poliacuteticas de juventude estatildeo fortemente marcadas pelas concepccedilotildees de juventude

mas sobretudo pelas concepccedilotildees sobre os jovens pobres

Outro aspecto a ser destacado eacute o caraacuteter transitoacuterio das accedilotildees (em meacutedia 02 anos)

natildeo se configurando enquanto uma poliacutetica puacuteblica mantendo o cariz de programa

numa proposta de poliacutetica emergencial para a juventude que mina a construccedilatildeo de

uma poliacutetica puacuteblica nacional e ainda dificultando a avaliaccedilatildeo seacuteria de tais

programas22 (SPOSITO CORRACHANO 2005)

A fragmentaccedilatildeo tambeacutem eacute uma caracteriacutestica marcante no ProJovem Trabalhador

mantendo a visatildeo das poliacuteticas de juventude como um conjunto de caixinhas

isoladas em disputa impedindo o diaacutelogo entre elas cada modalidade estaacute sob

orientaccedilatildeo de um Ministeacuterio diferente e natildeo articulaccedilatildeo entre as modalidades O

caraacuteter fragmentaacuterio das poliacuteticas de juventude se explicita na focalizaccedilatildeo das

diretrizes ldquojovem temaacuteticordquo que expressa o puacuteblico alvo das accedilotildees desenvolvidas

nos diferentes ministeacuterios assim tem-se ldquoo jovem-alunordquo o ldquojovem-filhordquo o ldquojovem-

infratorrdquo a ldquojovem-matildeerdquo ldquoa jovem-que-natildeo-queremos-que-seja-matildeerdquo o rdquojovem-ruralrdquo

e outros (CARRANO 2012)

A transversalizaccedilatildeo dos programas seria uma estrateacutegia de superaccedilatildeo dessa

caracteriacutestica o que requisitaria ldquo[] repensar e fortalecer um pacto pela juventude

que parta da Secretaria Nacional da Juventude e consiga chegar ateacute onde o jovem

estaacute no municiacutepio no bairro e o conecte com o governo federalrdquo (SPOSITO 2012

p 225) pois eacute extremamente importante construir uma rede de atenccedilatildeo para os

jovens que conectem as poliacuteticas municipais estaduais e federais num diaacutelogo

permanente neste sentido as poliacuteticas para esse segmento natildeo devem

simplesmente reproduzir as poliacuteticas de acircmbito nacional elas devem ser efetivadas

e assumidas em todos os acircmbitos de accedilatildeo

Outra questatildeo que aparece no ProJovem Trabalhador comum agraves demais poliacuteticas

destinadas aos jovens eacute que as accedilotildees tecircm se destinado muito mais a oferecer o

que se instituiu como necessidades dos jovens e natildeo aquilo que o jovem apresentou

ou demandou como uma necessidade sua Os jovens precisam de espaccedilo natildeo soacute

22

No caso do ProJovem Trabalhador o programa tem previsatildeo para ser executado em 06 meses

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para receber os projetos jaacute preconcebidos mas sobretudo para dizer o que

precisam individual e coletivamente Para esse autor as accedilotildees destinadas aos

jovens emergem simultaneamente agrave criaccedilatildeo de personagens sociais (protagonistas

empreendedores e outros) de pouco diaacutelogo que atendam muito mais aos interesses

e modelos de poliacuteticas das agecircncias internacionais de desenvolvimento (CARRANO

2012)

Outra questatildeo a ser problematizada eacute que o programa definiu como meta miacutenima a

inserccedilatildeo de no miacutenimo 30 dos jovens no mundo do trabalho sendo admitidas as

seguintes formas de inserccedilatildeo a) emprego formal (comprovado atraveacutes de coacutepias da

carteira assinada dos jovens) b) estaacutegio ou jovem aprendiz (comprovado atraveacutes de

coacutepias dos contratos) c) ou formas alternativas geradoras de renda (Brasil 2008)

Questionamos ateacute que ponto essas possibilidades podem ser entendidas como

estrateacutegias de inserccedilatildeo no mundo do trabalho eou de superaccedilatildeo da precarizaccedilatildeo

das condiccedilotildees de trabalho dos jovens Quais satildeo os viacutenculos de trabalho Qual a

meacutedia de salaacuterio Quais as condiccedilotildees de trabalho Qual a permanecircncia dos jovens

nesses viacutenculos

Reconhecendo a importacircncia dessa estrateacutegia para a sobrevivecircncia dos jovens natildeo

podemos deixar de considerar que ela tambeacutem natildeo deixa de fazer parte de um

processo de naturalizaccedilatildeo das mudanccedilas no mundo do trabalho que culmina na

responsabilizaccedilatildeo dos proacuteprios trabalhadores Eles satildeo convencidos de que eles eacute

que natildeo tecircm grande coisa para vender ou natildeo sabem como vendecirc-la ndash ou seja natildeo

tem ldquocapital humanordquo ocultando desse modo todas as estruturas de distribuiccedilatildeo

desigual e apropriaccedilatildeo desigual dos recursos materiais sociais culturais e

simboacutelicos de nossa sociedade Esse fato faz com que o ldquo[] ldquocapital humanordquo de

um jovem oriundo do contexto popular da ldquoperiferiardquo tenha pouca chance de

equivaler ao de um jovem saiacutedo de um meio privilegiadordquo (BIHR 2007)

Nessa perspectiva o empreendedorismo tambeacutem aparece como estrateacutegia mas na

verdade se assemelha mais a danccedila das cadeiras quando a muacutesica para haacute mais

pessoas de peacute do que cadeiras disponiacuteveis para sentar (POCHAMANN 2005) Em

alguns casos empresas e o Estado ateacute destinam alguns recursos para esses fins

que satildeo ldquo[] importantes mas absolutamente incapazes de gerar mais postos de

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trabalho Uma contribuiccedilatildeo digamos para o ldquosalve-se quem puderrdquo (MATTOSO

1999 p20)

Fato que expressa bem a responsabilizaccedilatildeo do indiviacuteduo por sua situaccedilatildeo de

emprego e desemprego numa clara tentativa de transferir riscos e

responsabilidades ao trabalhador fazendo com que ele assuma a sua

empregabilidade por meio de formaccedilatildeo profissional qualificaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo

Deslocando assim a responsabilidade social do Estado para o plano individual onde

natildeo haacute poliacutetica de emprego apenas indiviacuteduos empregaacuteveis ou natildeo Os indiviacuteduos

afetados pela loacutegica da competiccedilatildeo por empregos inseguros comeccedilam a adaptar-se

a novas condutas psicoloacutegicas do perfil do ldquovencedorrdquo (COSTA 2005)

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A anaacutelise do ProJovem Trabalhador mostra que o programa eacute importante no

cotidiano desses jovens como um instrumento na efetivaccedilatildeo de direitos sociais e

mecanismo de sobrevivecircncia e evidencia que os avanccedilos das poliacuteticas de juventude

no paiacutes natildeo soacute em quantidade mas tambeacutem em qualidade se comparadas com as

experiecircncias anteriores

No entanto ainda haacute muito o que caminhar Podemos dizer que o programa

expressa o perfil das poliacuteticas sociais contemporacircneas Fragmentaccedilatildeo

descentralizaccedilatildeo focalizaccedilatildeo descontinuidade ausecircncia de pesquisas e avaliaccedilotildees

e privatizaccedilatildeo Caracteriacutesticas que precisam ser explicitadas e disputadas na cena

puacuteblica juntamente com as demais poliacuteticas sociais

Para que as poliacuteticas de juventude se transformem em poliacuteticas para a juventude eacute

preciso sair desse ciclo de vitimizaccedilatildeocriminalizaccedilatildeo voluntariadoencerramento ou

prevenccedilatildeorepressatildeo (BATISTA 2007) Para isso eacute necessaacuterio transformar esses

problemas sociais da juventude em problemas socioloacutegicos Esse eacute um exerciacutecio de

interrogaccedilatildeo que gera como produto a incerteza de afirmaccedilotildees antes dadas como

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inquestionaacuteveis Sem o questionamento a juventude se torna um quase bdquomito‟ e

para esse mito eacute necessaacuterio ldquopenetrar no cotidiano do jovemrdquo e questionar ldquo[]

sentiratildeo os jovens estes problemas como seus problemasrdquo (PAIS 2003 p34)

Mas sobretudo eacute preciso dotar de precisotildees conceituais acerca do tema juventude

de modo a iluminarmos os processos de construccedilatildeo de marcos poliacuteticos em

coerecircncia com os marcos conceituais os discursos e programaacuteticas deixando de

conceber aos jovens sobre ldquo[] a noccedilatildeo de um jovem problema e carente visatildeo

que tende agrave geraccedilatildeo de um determinado tipo de poliacutetica de juventude de natureza

compensatoacuteriardquo (LEacuteON 2005 p88)

Fica evidente ainda que a juventude cumpre um papel na atual sociedade

capitalista a de compor a grande massa do exeacutercito industrial de reserva quando a

poliacutetica social para a juventude em especial os programas de transferecircncia de renda

como o ProJovem Trabalhador acabam assumindo o papel de garantir mecanismos

de sobrevivecircncia dos sujeitos juvenis uma vez que natildeo eacute possiacutevel assegurar a

sobrevivecircncia desse segmento da classe trabalhadora atraveacutes da inserccedilatildeo no

trabalho

Abstract Analyze the ProJovem Worker program as one of coping policies changes in the workplace that particularly affected the youth For this we will make a brief background of the relations and working conditions for this population segment and social policies aimed at this audience including the program in question identifying their progress and limits through a bibliographic and documentary research Keywords Labor Social Policy and Youth

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Processo de Avaliaccedilatildeo por Pares (Blind Review - Anaacutelise do Texto Anocircnimo)

Publicado na Revista Vozes dos Vales - wwwufvjmedubrvozes em 10102016

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Perioacutedico Cientiacutefico Eletrocircnico divulgado nos programas brasileiros Stricto Sensu

(Mestrados e Doutorados) e em universidades de 38 paiacuteses

em diversas aacutereas do conhecimento

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voltados para a juventude e tinha como objetivo aumentar o niacutevel de escolaridade de

modo a inserir esses jovens no mercado de trabalho (BRASIL 2008)

A primeira versatildeo desse programa foi criada em parceria com a Secretaria Nacional

da Juventude e do Conselho Nacional de Juventude e foi regulamentado atraveacutes do

decreto 5557 de 05102005 e tinha como puacuteblico alvo os jovens de 18 a 24 anos

que ainda natildeo tivessem completado o ensino fundamental mas que tivessem feito

no miacutenimo a 4ordf seacuterie e natildeo poderiam ter viacutenculo formal no mercado de trabalho e

que fossem moradores de capitais e regiotildees metropolitanas com mais de duzentos

mil habitantes Os jovens participantes do programa receberiam uma bolsa no valor

de R$ 10000 (cem reais) e teriam formaccedilatildeo profissional integral associando a

elevaccedilatildeo da escolaridade atraveacutes da formaccedilatildeo baacutesica de 800 horas acrescida da

formaccedilatildeo profissional com carga horaacuteria de 350 horas e 50 horas de atividades de

accedilotildees comunitaacuterias (BRASIL 2008)

O objetivo principal era a elevaccedilatildeo da escolaridade tendo em vista a conclusatildeo do

ensino fundamental a qualificaccedilatildeo profissional e o desenvolvimento de accedilotildees

comunitaacuterias de interesse puacuteblico A gestatildeo era do Grupo Interministerial e da

Secretaria Nacional de Juventude e o financiamento era do Governo Federal que

repassava aos municiacutepios para que esses executassem o programa

Em 2007 foi lanccedilado o Programa ProJovem Integrado que agrupou seis programas

o proacuteprio ProJovem o Agente Jovem Saberes da Terra Escola de Faacutebrica

Juventude cidadatilde e o Consoacutercio da Juventude Tal mudanccedila ocorreu em funccedilatildeo de

estudos feitos pelo sistema de informaccedilatildeo do programa que indicavam que os

jovens excluiacutedos estatildeo mais dispersos geograficamente do que se esperava ldquo[]

apontando a necessidade de ampliar o alcance do programa para cidades menores

uma vez que parte substantiva dos jovens brasileiros deixava de ser contemplada

quando se restringia o atendimento a municiacutepios com mais de 200 mil habitantesrdquo

(BRASIL 2008 p18)

Pesquisas da PNAD2003 (das regiotildees metropolitanas) e do Censo 2000 (nacional)

que tomaram como pesquisa os jovens de 18 a 24 anos com quatro a sete anos de

escolaridade e residentes nas cidades com mais de 200 mil habitantes mostravam

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queda do nuacutemero de jovens excluiacutedos No entanto quando analisado os jovens de

24 a 29 anos esses mesmos iacutendices satildeo crescentes [] evidenciando-se a

necessidade de ampliar a faixa etaacuteria atendida pelo ProJovem de modo a

contemplar tambeacutem os jovens de faixa etaacuteria mais elevada (Brasil 2008 p 18) As

atividades do ProJovem Integrado se iniciam em 2008 atraveacutes de quatro

modalidades

ProJovem Urbano ldquoDestina-se a jovens de 18 a 29 anos que sabem ler e

escrever mas que natildeo concluiacuteram o ensino fundamental Oferece elevaccedilatildeo de

escolaridade com a conclusatildeo do ensino fundamental qualificaccedilatildeo profissional

participaccedilatildeo em accedilotildees de cidadania e uma bolsa mensal de R$ 10000 Com

duraccedilatildeo de 18 meses eacute executado pela Secretaria Nacional de Juventude da

Secretaria-Geral da Presidecircncia da Repuacuteblica15 A modalidade eacute executada

mediante convecircnios firmados entre a Secretaria Nacional de Juventude estados e

municiacutepios Nas cidades com mais de 200 mil habitantes a parceria eacute feita

diretamente com a Prefeitura Municipal Jaacute nas cidades menores essa parceria eacute

firmada com o governo do estado que viabiliza a chegada do Programa nas cidades

menoresrdquo (BRASIL 2010)

ProJovem Campo Executado pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo a modalidade oferece

elevaccedilatildeo de escolaridade com a conclusatildeo do ensino fundamental e capacitaccedilatildeo

profissional de jovens de 18 a 29 anos que atuam na agricultura familiar O curso

tem duraccedilatildeo de 24 meses e eacute ministrado conforme a alternacircncia dos ciclos

agriacutecolas respeitando o periacuteodo em que os alunos trabalham no campo O

programa eacute desenvolvido em parceria com as secretarias estaduais de educaccedilatildeo e

uma rede de instituiccedilotildees puacuteblicas federais mediante convecircnios firmados com o MEC

(BRASIL 2010)

ProJovem Adolescente Executado pelo Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e

Combate agrave Fome (MDS) destina-se a jovens de 15 a 17 anos em situaccedilatildeo de risco

social independentemente da renda familiar ou que integram famiacutelias beneficiaacuterias

do Bolsa Famiacutelia Com duraccedilatildeo de 24 meses oferece proteccedilatildeo social baacutesica e

15

A partir de 2012 a coordenaccedilatildeo geral do ProJovem Urbano migrou da Secretaria Nacional de Juventude para o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (MEC) mas manteve a Secretaria Nacional de Juventude como parte do Comitecirc Gestor

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assistecircncia agraves famiacutelias visando elevar a escolaridade e reduzir os iacutendices de

violecircncia uso de drogas das doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis e gravidez

precoce Os municiacutepios interessados no Programa devem observar os seguintes

criteacuterios a) estar habilitado nos niacuteveis de gestatildeo baacutesica ou plena do Suas b) possuir

Centros de Referecircncia da Assistecircncia Social (CRAS) em funcionamento e registro

no Censo do CRAS c) apresentar a demanda miacutenima de 40 jovens que pertenccedilam a

famiacutelias beneficiaacuterias do Bolsa Famiacutelia (BRASIL 2010)

ProJovem Trabalhador O ProJovem Trabalhador ficou sob a responsabilidade do

Ministeacuterio do Trabalho (MTE) unificando as accedilotildees do Consoacutercio Social da

Juventude Empreendedorismo Juvenil Juventude Cidadatilde e Escola de Faacutebrica

tendo como objetivo ldquo[] preparar o jovem para ocupaccedilotildees com viacutenculo

empregatiacutecio ou para outras atividades produtivas geradoras de renda por meio da

qualificaccedilatildeo social e profissional e do estiacutemulo agrave sua inserccedilatildeo no mundo do trabalhordquo

(Brasil 2008) como estaacute previsto no artigo 37 da Lei 6629 de novembro de 2008

que unificou os programas (BRASIL 2010)

Essa modalidade do ProJovem se destina a jovens de 18 a 29 anos em situaccedilatildeo de

desemprego e cuja renda familiar per capita seja de ateacute um salaacuterio miacutenimo e ainda

que cumpra os seguintes preacute-requisitos a) cursando ou tenha concluiacutedo o ensino

fundamental ou b) cursando ou tenha concluiacutedo o ensino meacutedio e natildeo estejam

cursando ou natildeo tenha concluiacutedo o ensino superior16 (BRASIL 2008 artigo 38)

O ProJovem Trabalhador tem duas submodalidades o Consoacutercio Social da

Juventude e o Juventude Cidadatilde Isto porque o ProJovem Trabalhador natildeo unificou

os programas anteriores do Ministeacuterio do Trabalho ele apenas os agregou sob a

forma da lei Inclusive parte da legislaccedilatildeo eacute diferente para o ProJovem Trabalhador

ndash Consoacutercio Social da Juventude o qual segue a orientaccedilatildeo da Portaria 2043 de 22

de outubro de 2009 o ProJovem Trabalhador ndash Juventude Cidadatilde por sua vez

segue a Portaria 991 de 27 de novembro de 2008 Ambos seguem as orientaccedilotildees

do Decreto 6629 de 2008

16

Nas accedilotildees de empreendedorismo juvenil aleacutem dos jovens referidos no caput tambeacutem poderatildeo ser contemplados aqueles que estejam cursando ou tenham concluiacutedo o ensino superior (Brasil 2008 artigo 38)

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Fato que mostra como eacute prematuro apresentar o ProJovem como a poliacutetica nacional

de juventude pois natildeo basta colocar sob um mesmo nome todas as accedilotildees para que

elas faccedilam assim parte de uma mesma loacutegica e que tenham os mesmos objetivos

Como pensar em projeto unificado Como operar com sistemas de avaliaccedilatildeo

controle e monitoramento E estamos falando aqui apenas de uma das modalidades

do ProJovem as demais estatildeo divididas em outras Secretarias Eacute preciso muito

cuidado para que o programa natildeo apenas camufle a fragmentaccedilatildeo que eacute uma marca

das poliacuteticas de juventude que ao que podemos ver ainda se manteacutem

No que se refere agrave execuccedilatildeo do Programa a legislaccedilatildeo (Termo de Referecircncia 991

de 2008) delega tais execuccedilotildees a Estados e Municiacutepios com populaccedilatildeo com acima

de 20 mil habitantes natildeo haacute necessidade de convecircnio acordo contrato ajuste ou

outro instrumento congecircnere o que natildeo dispensa a prestaccedilatildeo de contas (Brasil

2008)17 Essa forma de gerir a maacutequina puacuteblica que se tornou praacutetica comum na

gestatildeo das poliacuteticas sociais expressa a loacutegica da transferecircncia de responsabilidade

do Estado para a sociedade civil quando cabe ao Estado o papel de financiador e

ao terceiro setor o de executor

Tal fenocircmeno eacute parte do processo de reestruturaccedilatildeo produtiva (BEHRING 2003) e

tem impactos diretos no programa principalmente no que se refere agrave continuidade e

agrave qualidade das atividades uma vez que a empresa contratada ou Organizaccedilatildeo da

Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP) tem por objetivo o lucro Satildeo trecircs

atores diretamente envolvidos poreacutem nem sempre com objetivos comuns Conciliar

esses interesses e perspectivas diferentes eacute grande desafio Neste sentido em meio

a tantos personagens e interesses como fazer chegar ao centro do poder os

interesses dos principais interessados os jovens (CASTRO 2012)

Pesquisa realizada pelo Ministeacuterio do Trabalho atraveacutes do Departamento

Intersindical de Estatiacutesticas e Estudo Socioeconocircmicos (DIEESE) referente aos

17

Para a celebraccedilatildeo dos convecircnios a entidade de direito privado sem fins lucrativos na execuccedilatildeo do ProJovem Trabalhador deveraacute ser precedida de seleccedilatildeo por chamada puacuteblica e essas deveratildeo comprovar experiecircncia de no miacutenimo 3 anos no objeto do convecircnio ter capacidade fiacutesica instalada necessaacuteria agrave execuccedilatildeo do objeto do convecircnio ter capacidade teacutecnica e administrativo-operacional adequada para execuccedilatildeo e apresentar proposta com adequaccedilatildeo entre os meios sugeridos seus custos cronogramas e resultados previstos em conformidade com as especificaccedilotildees teacutecnicas do termo de referecircncia e edital de chamada puacuteblica (BRASIL 2008)

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anos de 2010 e 2011 relacionando Juventude e Trabalho no Brasil que apresenta

resultados importantes sobre o perfil do jovem inserido no ProJovem Trabalhador e

alguns dados socioeconocircmicos sobre a juventude brasileira A primeira informaccedilatildeo eacute

sobre o nuacutemero de jovens cadastrados no programa

QUADRO 13 - NUacuteMERO DE JOVENS CADASTRADOS NO PROJOVEM

Brasil Grandes Regiotildees e Unidades da Federaccedilatildeo

HOMENS MULHERES TOTAL

Norte 13509 29524 43033

Nordeste 59095 125207 184302

Sudeste 43597 108104 151701

Sul 18187 40165 58352

Centro-Oeste 11709 35385 47094

Brasil 146097 338385 484482

Fonte MTE Departamento de Poliacuteticas de Trabalho e Emprego para a Juventude DIEESE (2011)

Percebemos assim que cerca de 10 dos jovens brasileiros estatildeo inseridos no

programa o que mostra a relevacircncia e importacircncia do programa levando os

organismos governamentais a se referirem ao programa como a expressatildeo da

poliacutetica nacional de juventude

Interessante observar ainda o nuacutemero das jovens inseridas no programa

representando mais de 60 do total dos jovens participantes fato esse que pode

ser explicado em partes pelos altos iacutendices de desemprego que afetam de forma

diferente as mulheres o que evidencia a inserccedilatildeo ainda precaacuteria da mulher no

mundo do trabalho representando assim que essa pode ser uma oportunidade

importante de inserccedilatildeo no mercado de trabalho para essas jovens

Isso mostra tambeacutem que eacute necessaacuterio pensar o ProJovem Trabalhador que leve

em consideraccedilatildeo as especificidades de ser uma jovem mulher natildeo soacute no que se

refere agrave inserccedilatildeo no mercado de trabalho que eacute objetivo do programa mas tambeacutem

na permanecircncia dessa jovem no programa em quais condiccedilotildees satildeo ofertadas para

isso e principalmente num acompanhamento posterior

Um uacuteltimo dado que natildeo podemos deixar de comentar mesmo que sucintamente se

refere agrave questatildeo da renda Como mostra a tabela abaixo dos jovens inseridos no

ProJovem Trabalhador o percentual de jovens que recebem ou jaacute receberam outros

benefiacutecios sociais eacute relativamente pequeno apenas na regiatildeo Nordeste o iacutendice eacute

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um pouco maior (377) nas demais regiotildees os iacutendices ficam em torno de 15

Esses dados podem mostrar que esses jovens estatildeo quase que totalmente

desassistidos com relaccedilatildeo aos direitos sociais uma vez que ficaram agrave margem do

sistema escolar estatildeo fora do mercado de trabalho (ou inseridos precariamente) e

tambeacutem natildeo satildeo assistidos pelos programas de Assistecircncia Social ou seja satildeo

jovens que estatildeo expostos a uma grande violecircncia urbana de desproteccedilatildeo social

QUADRO 15 - PROPORCcedilAtildeO DE JOVENS CADASTRADOS QUE TEcircM ALGUM MEMBRO DA FAMIacuteLIA QUE RECEBEU AUXIacuteLIO DO GOVERNO

Brasil Grandes Regiotildees e Unidades da Federaccedilatildeo

PERCENTUAL

Norte 165

Nordeste 377

Sudeste 127

Sul 120

Centro Oeste 145

Brasil 210

Fonte MTE Departamento de Poliacuteticas de Trabalho e Emprego para a Juventude Elaboraccedilatildeo DIEESE Obs O total Brasil inclui jovens cadastrados sem informaccedilatildeo para UF DIEESE (2011)

Observando o quadro abaixo que trata especialmente da renda a descriccedilatildeo acima

se fortalece Podemos ver que entre os jovens da populaccedilatildeo rural o salaacuterio em

2010 era em meacutedia de pouco mais de um salaacuterio miacutenimo e dos jovens da zona

urbana a meacutedia no mesmo periacuteodo era de dois salaacuterios miacutenimos

QUADRO 16 - RENDA FAMILIAR DO JOVEM CADASTRADO NO PROGRAMA 2010 BRASIL E GRANDES REGIOtildeES - 2010 (EM )

RURAL R$ 63700

URBANA R$ 104200

TOTAL R$ 103000

Fonte MTE Departamento de Poliacuteticas de Trabalho e Emprego para a Juventude Elaboraccedilatildeo DIEESE (2011)

Percebemos assim que o jovem inserido no programa aleacutem de ter as caracteriacutesticas

que satildeo preacute-requisitos para a entrada no programa tais quais situaccedilatildeo de

desemprego e com renda familiar per capita de ateacute um salaacuterio miacutenimo a maioria dos

jovens inseridos no programa satildeo mulheres de etnia parda entre 18 a 24 anos e

que vecircm de uma histoacuteria de desproteccedilatildeo social

Os jovens inscritos no programa recebem um auxiacutelio financeiro no valor de R$

10000 (cem reais) mensais de caraacuteter temporaacuterio que natildeo podem ser cumulativos

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a outros benefiacutecios sociais de programas federais de natureza semelhante18

devendo o jovem optar por um deles O valor eacute repassado diretamente do governo

federal para os beneficiados do programa atraveacutes de uma conta bancaacuteria O auxiacutelio

poderaacute ser suspenso nas seguintes situaccedilotildees a) recebimento de benefiacutecio de

natureza semelhante de outros programas federais b) frequecircncia mensal abaixo de

75 nas atividades19 c) natildeo atendimento de outras condiccedilotildees da modalidade

(Brasil 2008)

O ProJovem seguindo a loacutegica das demais poliacuteticas sociais utiliza da transferecircncia

de renda articulada ao cumprimento de algumas condicionalidades20 e a principal

delas se relaciona agrave ampliaccedilatildeo da escolaridade e a qualificaccedilatildeo profissional

Analisando a questatildeo da transferecircncia de renda podemos observar que na Ameacuterica

Latina os programas de transferecircncia entram como substituto da ausecircncia de

rendimentos provocada pelo desemprego ou o emprego precarizado confirmando a

centralidade do indiviacuteduo e a responsabilizaccedilatildeo da sociedade (STEIN 2008) e

ganham maior destaque como forma de diminuir a incapacidade de reduzir as

desigualdades que afetam de forma especial a juventude diante da crise do trabalho

e da ausecircncia de direitos efetivamente ldquo[] assegurados do acesso ao lazer e aos

bens culturais e de um sistema educativo capaz de acolher seu novo puacuteblico

ocorrem os programas de transferecircncia de renda aos jovens incapazes por si soacute de

assegurar transformaccedilotildees mais densas nessas esferas []rdquo (SPOSITO

CORRACHANO 2005 p 20) Algumas avaliaccedilotildees apontam o quanto essa renda

tem sido importante para os jovens mesmo que ainda seja percebida como privileacutegio

e natildeo como direito

Jaacute no que se refere agrave ampliaccedilatildeo da escolarizaccedilatildeo aparentemente ela pode ser

percebida como um avanccedilo pois representa do ponto de vista do ato individual e

isolado a perspectiva do acesso agrave educaccedilatildeo que muitas vezes eacute negada agrave juventude

18

Consideram-se de natureza semelhante ao auxiacutelio financeiro mensal a que se refere o caput os benefiacutecios pagos por programas federais dirigidos a indiviacuteduos da mesma faixa etaacuteria do ProJovem (Inciso 5ordm do Artigo 47 da Lei 6629 de novembro de 2008) 19

Para fins da certificaccedilatildeo profissional dos jovens e de pagamento do auxiacutelio financeiro exigir-se-aacute frequecircncia mensal miacutenima de setenta e cinco por cento nas accedilotildees de qualificaccedilatildeo 20

A criaccedilatildeo de condicionalidades para acesso agraves poliacuteticas sociais retomam os seus aspectos mais conservadores uma vez que elas deixam de se configurar como direito

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das classes que vivem do trabalho Entretanto precisamos considerar que o simples

acesso agrave escola por si soacute natildeo garante educaccedilatildeo de qualidade e ainda que natildeo se

resolve o problema com os jovens tornando-os mais ldquoempregaacuteveisrdquo se novos

empregos natildeo satildeo criados

Precisamos considerar ainda que [] a maioria natildeo eacute pobre porque natildeo tem boa

educaccedilatildeo mas na realidade natildeo consegue boa educaccedilatildeo porque eacute pobre

(FRIGOTO 2004 p 192) Natildeo queremos negar a educaccedilatildeo como um direito

elementar e muito menos o potencial de emancipaccedilatildeo que a educaccedilatildeo comporta

pretendemos apenas alertar que um diagnoacutestico equivocado pode trazer respostas

equivocadas Concordamos com Frigotto (2004 p 194) quando afirma que ldquo[] a

crenccedila de que o problema eacute conjuntural pode conduzir a poliacuteticas puacuteblicas

focalizadas e de natureza filantroacutepica ou de administraccedilatildeo e controle da pobreza

sem atentar para poliacuteticas que atacam as estruturas produtoras da desigualdaderdquo A

pobreza nesse contexto passa a ser vista com ausecircncia de capacidades individuais

logo a poliacutetica social se transforma numa estrateacutegia para inserir os pobres no

mercado de trabalho

Ainda sobre essa questatildeo Sposito et al (2006) nos convida agrave analisarmos com

cuidado uma vez que os jovens usuaacuterios dos programas sociais voltados para a

juventude satildeo os mesmos que foram precocemente excluiacutedos da escola (seja por

distorccedilatildeo de seacuterie idade ou outro fator) Logo a mera exigecircncia de retorno agrave mesma

escola que natildeo foi capaz de lidar com essas situaccedilotildees eacute no miacutenimo manter os

processos de segregaccedilatildeo (SPOSITO et al 2006) Segundo os autores podemos

constatar duas consequecircncias desse fato uma eacute o paralelismo das atividades de

caraacuteter socioeducativo que natildeo se articula com a rede puacuteblica de ensino e a outra eacute

a total ausecircncia das poliacuteticas de educaccedilatildeo que se articulem com os programas

sociais para a juventude de modo a redefinir o tipo de proposta de escolaridade

adequada a esses jovens (SPOSITO et al 2006)

Eacute importante mostrar ainda a tendecircncia de valorizaccedilatildeo da socioeducaccedilatildeo contidas

nos programas que natildeo eacute acompanhada das justificativas que induzem a essa

adesatildeo indicando haver uma deficiecircncia nos sistemas de ensino natildeo soacute no campo

pedagoacutegico mas tambeacutem na funccedilatildeo socializadora da escola que natildeo formaria para

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a cidadania21 (SPOSITO et al 2006) fato que estaria criando segundo esses

autores uma via paralela de educaccedilatildeo natildeo-escolar para jovens pobres o que os

leva a questionar se essa via estaria oferecendo uma proposta melhor que a rede

puacuteblica Sendo a resposta afirmativa por que natildeo a articular com o sistema de

ensino Se a resposta for negativa nos faz crer que se trata apenas de ocupar o

tempo livre dos jovens dos bairros pobres

Natildeo podemos deixar de tratar ainda sobre a questatildeo dos instrutores A pesquisa

apresentada por Sposito et al (2006) afirma que as atividades em geral satildeo

realizadas com uma base material precaacuteria e com baixa formaccedilatildeo teacutecnica ou mesmo

escolar que sempre inclui palestras cursos e oficinas Em alguns casos os

programas propotildeem uma formaccedilatildeo geral voltada para a cidadania e outra com foco

no aprendizado de habilidades para o mercado do trabalho

Partindo do que foi apresentado nessa pesquisa citada acima haacute duas grandes

orientaccedilotildees em torno do adolescente pobre e outra em torno do jovem pobre Para

os autores apoacutes anos de promulgaccedilatildeo do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente jaacute

satildeo visiacuteveis os avanccedilos que fazem com que os direitos da crianccedila

independentemente de sua condiccedilatildeo social (ter uma famiacutelia agrave escola sauacutede

proteccedilatildeo do Estado) sejam reconhecidos socialmente mesmo que ainda precisem

ser disputados mas jaacute satildeo reconhecidos

Contudo o mesmo natildeo acontece com os jovens pobres pois para eles eacute impelida

uma imagem que impede o reconhecimento social de seus direitos para esses satildeo

reservadas as accedilotildees de inserccedilatildeo social compensatoacuterias e alto teor socioeducativo

esses satildeo chamados de adolescentes pobres que continuam a ocupar o natildeo-lugar

e soacute se tornam visiacuteveis pela ameaccedila ou pelo risco provocados na sociedade Aos

outros que podem usufruir de alguns direitos mesmo que minimamente o termo

jovem passa a ser fortemente aplicado (SPOSITO et al 2006) evidenciando que as

21

A cidadania como eacute tratada aparece como um conceito muito mais ligado a uma ideia de atividade socializadora com ecircnfase no civismo e no aprendizado de certos valores importantes para essa civilidade o que acaba esvaziando os conteuacutedos da cidadania ligados agrave ideia de direitos prevalecendo a pressuposiccedilatildeo de que jovens e adolescentes pobres - precisam ser atingidos por alguma accedilatildeo que lhes ensine algo (SPOSITO et al 2006)

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poliacuteticas de juventude estatildeo fortemente marcadas pelas concepccedilotildees de juventude

mas sobretudo pelas concepccedilotildees sobre os jovens pobres

Outro aspecto a ser destacado eacute o caraacuteter transitoacuterio das accedilotildees (em meacutedia 02 anos)

natildeo se configurando enquanto uma poliacutetica puacuteblica mantendo o cariz de programa

numa proposta de poliacutetica emergencial para a juventude que mina a construccedilatildeo de

uma poliacutetica puacuteblica nacional e ainda dificultando a avaliaccedilatildeo seacuteria de tais

programas22 (SPOSITO CORRACHANO 2005)

A fragmentaccedilatildeo tambeacutem eacute uma caracteriacutestica marcante no ProJovem Trabalhador

mantendo a visatildeo das poliacuteticas de juventude como um conjunto de caixinhas

isoladas em disputa impedindo o diaacutelogo entre elas cada modalidade estaacute sob

orientaccedilatildeo de um Ministeacuterio diferente e natildeo articulaccedilatildeo entre as modalidades O

caraacuteter fragmentaacuterio das poliacuteticas de juventude se explicita na focalizaccedilatildeo das

diretrizes ldquojovem temaacuteticordquo que expressa o puacuteblico alvo das accedilotildees desenvolvidas

nos diferentes ministeacuterios assim tem-se ldquoo jovem-alunordquo o ldquojovem-filhordquo o ldquojovem-

infratorrdquo a ldquojovem-matildeerdquo ldquoa jovem-que-natildeo-queremos-que-seja-matildeerdquo o rdquojovem-ruralrdquo

e outros (CARRANO 2012)

A transversalizaccedilatildeo dos programas seria uma estrateacutegia de superaccedilatildeo dessa

caracteriacutestica o que requisitaria ldquo[] repensar e fortalecer um pacto pela juventude

que parta da Secretaria Nacional da Juventude e consiga chegar ateacute onde o jovem

estaacute no municiacutepio no bairro e o conecte com o governo federalrdquo (SPOSITO 2012

p 225) pois eacute extremamente importante construir uma rede de atenccedilatildeo para os

jovens que conectem as poliacuteticas municipais estaduais e federais num diaacutelogo

permanente neste sentido as poliacuteticas para esse segmento natildeo devem

simplesmente reproduzir as poliacuteticas de acircmbito nacional elas devem ser efetivadas

e assumidas em todos os acircmbitos de accedilatildeo

Outra questatildeo que aparece no ProJovem Trabalhador comum agraves demais poliacuteticas

destinadas aos jovens eacute que as accedilotildees tecircm se destinado muito mais a oferecer o

que se instituiu como necessidades dos jovens e natildeo aquilo que o jovem apresentou

ou demandou como uma necessidade sua Os jovens precisam de espaccedilo natildeo soacute

22

No caso do ProJovem Trabalhador o programa tem previsatildeo para ser executado em 06 meses

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para receber os projetos jaacute preconcebidos mas sobretudo para dizer o que

precisam individual e coletivamente Para esse autor as accedilotildees destinadas aos

jovens emergem simultaneamente agrave criaccedilatildeo de personagens sociais (protagonistas

empreendedores e outros) de pouco diaacutelogo que atendam muito mais aos interesses

e modelos de poliacuteticas das agecircncias internacionais de desenvolvimento (CARRANO

2012)

Outra questatildeo a ser problematizada eacute que o programa definiu como meta miacutenima a

inserccedilatildeo de no miacutenimo 30 dos jovens no mundo do trabalho sendo admitidas as

seguintes formas de inserccedilatildeo a) emprego formal (comprovado atraveacutes de coacutepias da

carteira assinada dos jovens) b) estaacutegio ou jovem aprendiz (comprovado atraveacutes de

coacutepias dos contratos) c) ou formas alternativas geradoras de renda (Brasil 2008)

Questionamos ateacute que ponto essas possibilidades podem ser entendidas como

estrateacutegias de inserccedilatildeo no mundo do trabalho eou de superaccedilatildeo da precarizaccedilatildeo

das condiccedilotildees de trabalho dos jovens Quais satildeo os viacutenculos de trabalho Qual a

meacutedia de salaacuterio Quais as condiccedilotildees de trabalho Qual a permanecircncia dos jovens

nesses viacutenculos

Reconhecendo a importacircncia dessa estrateacutegia para a sobrevivecircncia dos jovens natildeo

podemos deixar de considerar que ela tambeacutem natildeo deixa de fazer parte de um

processo de naturalizaccedilatildeo das mudanccedilas no mundo do trabalho que culmina na

responsabilizaccedilatildeo dos proacuteprios trabalhadores Eles satildeo convencidos de que eles eacute

que natildeo tecircm grande coisa para vender ou natildeo sabem como vendecirc-la ndash ou seja natildeo

tem ldquocapital humanordquo ocultando desse modo todas as estruturas de distribuiccedilatildeo

desigual e apropriaccedilatildeo desigual dos recursos materiais sociais culturais e

simboacutelicos de nossa sociedade Esse fato faz com que o ldquo[] ldquocapital humanordquo de

um jovem oriundo do contexto popular da ldquoperiferiardquo tenha pouca chance de

equivaler ao de um jovem saiacutedo de um meio privilegiadordquo (BIHR 2007)

Nessa perspectiva o empreendedorismo tambeacutem aparece como estrateacutegia mas na

verdade se assemelha mais a danccedila das cadeiras quando a muacutesica para haacute mais

pessoas de peacute do que cadeiras disponiacuteveis para sentar (POCHAMANN 2005) Em

alguns casos empresas e o Estado ateacute destinam alguns recursos para esses fins

que satildeo ldquo[] importantes mas absolutamente incapazes de gerar mais postos de

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trabalho Uma contribuiccedilatildeo digamos para o ldquosalve-se quem puderrdquo (MATTOSO

1999 p20)

Fato que expressa bem a responsabilizaccedilatildeo do indiviacuteduo por sua situaccedilatildeo de

emprego e desemprego numa clara tentativa de transferir riscos e

responsabilidades ao trabalhador fazendo com que ele assuma a sua

empregabilidade por meio de formaccedilatildeo profissional qualificaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo

Deslocando assim a responsabilidade social do Estado para o plano individual onde

natildeo haacute poliacutetica de emprego apenas indiviacuteduos empregaacuteveis ou natildeo Os indiviacuteduos

afetados pela loacutegica da competiccedilatildeo por empregos inseguros comeccedilam a adaptar-se

a novas condutas psicoloacutegicas do perfil do ldquovencedorrdquo (COSTA 2005)

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A anaacutelise do ProJovem Trabalhador mostra que o programa eacute importante no

cotidiano desses jovens como um instrumento na efetivaccedilatildeo de direitos sociais e

mecanismo de sobrevivecircncia e evidencia que os avanccedilos das poliacuteticas de juventude

no paiacutes natildeo soacute em quantidade mas tambeacutem em qualidade se comparadas com as

experiecircncias anteriores

No entanto ainda haacute muito o que caminhar Podemos dizer que o programa

expressa o perfil das poliacuteticas sociais contemporacircneas Fragmentaccedilatildeo

descentralizaccedilatildeo focalizaccedilatildeo descontinuidade ausecircncia de pesquisas e avaliaccedilotildees

e privatizaccedilatildeo Caracteriacutesticas que precisam ser explicitadas e disputadas na cena

puacuteblica juntamente com as demais poliacuteticas sociais

Para que as poliacuteticas de juventude se transformem em poliacuteticas para a juventude eacute

preciso sair desse ciclo de vitimizaccedilatildeocriminalizaccedilatildeo voluntariadoencerramento ou

prevenccedilatildeorepressatildeo (BATISTA 2007) Para isso eacute necessaacuterio transformar esses

problemas sociais da juventude em problemas socioloacutegicos Esse eacute um exerciacutecio de

interrogaccedilatildeo que gera como produto a incerteza de afirmaccedilotildees antes dadas como

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inquestionaacuteveis Sem o questionamento a juventude se torna um quase bdquomito‟ e

para esse mito eacute necessaacuterio ldquopenetrar no cotidiano do jovemrdquo e questionar ldquo[]

sentiratildeo os jovens estes problemas como seus problemasrdquo (PAIS 2003 p34)

Mas sobretudo eacute preciso dotar de precisotildees conceituais acerca do tema juventude

de modo a iluminarmos os processos de construccedilatildeo de marcos poliacuteticos em

coerecircncia com os marcos conceituais os discursos e programaacuteticas deixando de

conceber aos jovens sobre ldquo[] a noccedilatildeo de um jovem problema e carente visatildeo

que tende agrave geraccedilatildeo de um determinado tipo de poliacutetica de juventude de natureza

compensatoacuteriardquo (LEacuteON 2005 p88)

Fica evidente ainda que a juventude cumpre um papel na atual sociedade

capitalista a de compor a grande massa do exeacutercito industrial de reserva quando a

poliacutetica social para a juventude em especial os programas de transferecircncia de renda

como o ProJovem Trabalhador acabam assumindo o papel de garantir mecanismos

de sobrevivecircncia dos sujeitos juvenis uma vez que natildeo eacute possiacutevel assegurar a

sobrevivecircncia desse segmento da classe trabalhadora atraveacutes da inserccedilatildeo no

trabalho

Abstract Analyze the ProJovem Worker program as one of coping policies changes in the workplace that particularly affected the youth For this we will make a brief background of the relations and working conditions for this population segment and social policies aimed at this audience including the program in question identifying their progress and limits through a bibliographic and documentary research Keywords Labor Social Policy and Youth

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Processo de Avaliaccedilatildeo por Pares (Blind Review - Anaacutelise do Texto Anocircnimo)

Publicado na Revista Vozes dos Vales - wwwufvjmedubrvozes em 10102016

Revista Cientiacutefica Vozes dos Vales - UFVJM - Minas Gerais - Brasil

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UFVJM 1202095-2011 - QUALISCAPES - LATINDEX 22524 - ISSN 2238-6424

Perioacutedico Cientiacutefico Eletrocircnico divulgado nos programas brasileiros Stricto Sensu

(Mestrados e Doutorados) e em universidades de 38 paiacuteses

em diversas aacutereas do conhecimento

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queda do nuacutemero de jovens excluiacutedos No entanto quando analisado os jovens de

24 a 29 anos esses mesmos iacutendices satildeo crescentes [] evidenciando-se a

necessidade de ampliar a faixa etaacuteria atendida pelo ProJovem de modo a

contemplar tambeacutem os jovens de faixa etaacuteria mais elevada (Brasil 2008 p 18) As

atividades do ProJovem Integrado se iniciam em 2008 atraveacutes de quatro

modalidades

ProJovem Urbano ldquoDestina-se a jovens de 18 a 29 anos que sabem ler e

escrever mas que natildeo concluiacuteram o ensino fundamental Oferece elevaccedilatildeo de

escolaridade com a conclusatildeo do ensino fundamental qualificaccedilatildeo profissional

participaccedilatildeo em accedilotildees de cidadania e uma bolsa mensal de R$ 10000 Com

duraccedilatildeo de 18 meses eacute executado pela Secretaria Nacional de Juventude da

Secretaria-Geral da Presidecircncia da Repuacuteblica15 A modalidade eacute executada

mediante convecircnios firmados entre a Secretaria Nacional de Juventude estados e

municiacutepios Nas cidades com mais de 200 mil habitantes a parceria eacute feita

diretamente com a Prefeitura Municipal Jaacute nas cidades menores essa parceria eacute

firmada com o governo do estado que viabiliza a chegada do Programa nas cidades

menoresrdquo (BRASIL 2010)

ProJovem Campo Executado pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo a modalidade oferece

elevaccedilatildeo de escolaridade com a conclusatildeo do ensino fundamental e capacitaccedilatildeo

profissional de jovens de 18 a 29 anos que atuam na agricultura familiar O curso

tem duraccedilatildeo de 24 meses e eacute ministrado conforme a alternacircncia dos ciclos

agriacutecolas respeitando o periacuteodo em que os alunos trabalham no campo O

programa eacute desenvolvido em parceria com as secretarias estaduais de educaccedilatildeo e

uma rede de instituiccedilotildees puacuteblicas federais mediante convecircnios firmados com o MEC

(BRASIL 2010)

ProJovem Adolescente Executado pelo Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e

Combate agrave Fome (MDS) destina-se a jovens de 15 a 17 anos em situaccedilatildeo de risco

social independentemente da renda familiar ou que integram famiacutelias beneficiaacuterias

do Bolsa Famiacutelia Com duraccedilatildeo de 24 meses oferece proteccedilatildeo social baacutesica e

15

A partir de 2012 a coordenaccedilatildeo geral do ProJovem Urbano migrou da Secretaria Nacional de Juventude para o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (MEC) mas manteve a Secretaria Nacional de Juventude como parte do Comitecirc Gestor

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assistecircncia agraves famiacutelias visando elevar a escolaridade e reduzir os iacutendices de

violecircncia uso de drogas das doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis e gravidez

precoce Os municiacutepios interessados no Programa devem observar os seguintes

criteacuterios a) estar habilitado nos niacuteveis de gestatildeo baacutesica ou plena do Suas b) possuir

Centros de Referecircncia da Assistecircncia Social (CRAS) em funcionamento e registro

no Censo do CRAS c) apresentar a demanda miacutenima de 40 jovens que pertenccedilam a

famiacutelias beneficiaacuterias do Bolsa Famiacutelia (BRASIL 2010)

ProJovem Trabalhador O ProJovem Trabalhador ficou sob a responsabilidade do

Ministeacuterio do Trabalho (MTE) unificando as accedilotildees do Consoacutercio Social da

Juventude Empreendedorismo Juvenil Juventude Cidadatilde e Escola de Faacutebrica

tendo como objetivo ldquo[] preparar o jovem para ocupaccedilotildees com viacutenculo

empregatiacutecio ou para outras atividades produtivas geradoras de renda por meio da

qualificaccedilatildeo social e profissional e do estiacutemulo agrave sua inserccedilatildeo no mundo do trabalhordquo

(Brasil 2008) como estaacute previsto no artigo 37 da Lei 6629 de novembro de 2008

que unificou os programas (BRASIL 2010)

Essa modalidade do ProJovem se destina a jovens de 18 a 29 anos em situaccedilatildeo de

desemprego e cuja renda familiar per capita seja de ateacute um salaacuterio miacutenimo e ainda

que cumpra os seguintes preacute-requisitos a) cursando ou tenha concluiacutedo o ensino

fundamental ou b) cursando ou tenha concluiacutedo o ensino meacutedio e natildeo estejam

cursando ou natildeo tenha concluiacutedo o ensino superior16 (BRASIL 2008 artigo 38)

O ProJovem Trabalhador tem duas submodalidades o Consoacutercio Social da

Juventude e o Juventude Cidadatilde Isto porque o ProJovem Trabalhador natildeo unificou

os programas anteriores do Ministeacuterio do Trabalho ele apenas os agregou sob a

forma da lei Inclusive parte da legislaccedilatildeo eacute diferente para o ProJovem Trabalhador

ndash Consoacutercio Social da Juventude o qual segue a orientaccedilatildeo da Portaria 2043 de 22

de outubro de 2009 o ProJovem Trabalhador ndash Juventude Cidadatilde por sua vez

segue a Portaria 991 de 27 de novembro de 2008 Ambos seguem as orientaccedilotildees

do Decreto 6629 de 2008

16

Nas accedilotildees de empreendedorismo juvenil aleacutem dos jovens referidos no caput tambeacutem poderatildeo ser contemplados aqueles que estejam cursando ou tenham concluiacutedo o ensino superior (Brasil 2008 artigo 38)

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Fato que mostra como eacute prematuro apresentar o ProJovem como a poliacutetica nacional

de juventude pois natildeo basta colocar sob um mesmo nome todas as accedilotildees para que

elas faccedilam assim parte de uma mesma loacutegica e que tenham os mesmos objetivos

Como pensar em projeto unificado Como operar com sistemas de avaliaccedilatildeo

controle e monitoramento E estamos falando aqui apenas de uma das modalidades

do ProJovem as demais estatildeo divididas em outras Secretarias Eacute preciso muito

cuidado para que o programa natildeo apenas camufle a fragmentaccedilatildeo que eacute uma marca

das poliacuteticas de juventude que ao que podemos ver ainda se manteacutem

No que se refere agrave execuccedilatildeo do Programa a legislaccedilatildeo (Termo de Referecircncia 991

de 2008) delega tais execuccedilotildees a Estados e Municiacutepios com populaccedilatildeo com acima

de 20 mil habitantes natildeo haacute necessidade de convecircnio acordo contrato ajuste ou

outro instrumento congecircnere o que natildeo dispensa a prestaccedilatildeo de contas (Brasil

2008)17 Essa forma de gerir a maacutequina puacuteblica que se tornou praacutetica comum na

gestatildeo das poliacuteticas sociais expressa a loacutegica da transferecircncia de responsabilidade

do Estado para a sociedade civil quando cabe ao Estado o papel de financiador e

ao terceiro setor o de executor

Tal fenocircmeno eacute parte do processo de reestruturaccedilatildeo produtiva (BEHRING 2003) e

tem impactos diretos no programa principalmente no que se refere agrave continuidade e

agrave qualidade das atividades uma vez que a empresa contratada ou Organizaccedilatildeo da

Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP) tem por objetivo o lucro Satildeo trecircs

atores diretamente envolvidos poreacutem nem sempre com objetivos comuns Conciliar

esses interesses e perspectivas diferentes eacute grande desafio Neste sentido em meio

a tantos personagens e interesses como fazer chegar ao centro do poder os

interesses dos principais interessados os jovens (CASTRO 2012)

Pesquisa realizada pelo Ministeacuterio do Trabalho atraveacutes do Departamento

Intersindical de Estatiacutesticas e Estudo Socioeconocircmicos (DIEESE) referente aos

17

Para a celebraccedilatildeo dos convecircnios a entidade de direito privado sem fins lucrativos na execuccedilatildeo do ProJovem Trabalhador deveraacute ser precedida de seleccedilatildeo por chamada puacuteblica e essas deveratildeo comprovar experiecircncia de no miacutenimo 3 anos no objeto do convecircnio ter capacidade fiacutesica instalada necessaacuteria agrave execuccedilatildeo do objeto do convecircnio ter capacidade teacutecnica e administrativo-operacional adequada para execuccedilatildeo e apresentar proposta com adequaccedilatildeo entre os meios sugeridos seus custos cronogramas e resultados previstos em conformidade com as especificaccedilotildees teacutecnicas do termo de referecircncia e edital de chamada puacuteblica (BRASIL 2008)

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anos de 2010 e 2011 relacionando Juventude e Trabalho no Brasil que apresenta

resultados importantes sobre o perfil do jovem inserido no ProJovem Trabalhador e

alguns dados socioeconocircmicos sobre a juventude brasileira A primeira informaccedilatildeo eacute

sobre o nuacutemero de jovens cadastrados no programa

QUADRO 13 - NUacuteMERO DE JOVENS CADASTRADOS NO PROJOVEM

Brasil Grandes Regiotildees e Unidades da Federaccedilatildeo

HOMENS MULHERES TOTAL

Norte 13509 29524 43033

Nordeste 59095 125207 184302

Sudeste 43597 108104 151701

Sul 18187 40165 58352

Centro-Oeste 11709 35385 47094

Brasil 146097 338385 484482

Fonte MTE Departamento de Poliacuteticas de Trabalho e Emprego para a Juventude DIEESE (2011)

Percebemos assim que cerca de 10 dos jovens brasileiros estatildeo inseridos no

programa o que mostra a relevacircncia e importacircncia do programa levando os

organismos governamentais a se referirem ao programa como a expressatildeo da

poliacutetica nacional de juventude

Interessante observar ainda o nuacutemero das jovens inseridas no programa

representando mais de 60 do total dos jovens participantes fato esse que pode

ser explicado em partes pelos altos iacutendices de desemprego que afetam de forma

diferente as mulheres o que evidencia a inserccedilatildeo ainda precaacuteria da mulher no

mundo do trabalho representando assim que essa pode ser uma oportunidade

importante de inserccedilatildeo no mercado de trabalho para essas jovens

Isso mostra tambeacutem que eacute necessaacuterio pensar o ProJovem Trabalhador que leve

em consideraccedilatildeo as especificidades de ser uma jovem mulher natildeo soacute no que se

refere agrave inserccedilatildeo no mercado de trabalho que eacute objetivo do programa mas tambeacutem

na permanecircncia dessa jovem no programa em quais condiccedilotildees satildeo ofertadas para

isso e principalmente num acompanhamento posterior

Um uacuteltimo dado que natildeo podemos deixar de comentar mesmo que sucintamente se

refere agrave questatildeo da renda Como mostra a tabela abaixo dos jovens inseridos no

ProJovem Trabalhador o percentual de jovens que recebem ou jaacute receberam outros

benefiacutecios sociais eacute relativamente pequeno apenas na regiatildeo Nordeste o iacutendice eacute

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um pouco maior (377) nas demais regiotildees os iacutendices ficam em torno de 15

Esses dados podem mostrar que esses jovens estatildeo quase que totalmente

desassistidos com relaccedilatildeo aos direitos sociais uma vez que ficaram agrave margem do

sistema escolar estatildeo fora do mercado de trabalho (ou inseridos precariamente) e

tambeacutem natildeo satildeo assistidos pelos programas de Assistecircncia Social ou seja satildeo

jovens que estatildeo expostos a uma grande violecircncia urbana de desproteccedilatildeo social

QUADRO 15 - PROPORCcedilAtildeO DE JOVENS CADASTRADOS QUE TEcircM ALGUM MEMBRO DA FAMIacuteLIA QUE RECEBEU AUXIacuteLIO DO GOVERNO

Brasil Grandes Regiotildees e Unidades da Federaccedilatildeo

PERCENTUAL

Norte 165

Nordeste 377

Sudeste 127

Sul 120

Centro Oeste 145

Brasil 210

Fonte MTE Departamento de Poliacuteticas de Trabalho e Emprego para a Juventude Elaboraccedilatildeo DIEESE Obs O total Brasil inclui jovens cadastrados sem informaccedilatildeo para UF DIEESE (2011)

Observando o quadro abaixo que trata especialmente da renda a descriccedilatildeo acima

se fortalece Podemos ver que entre os jovens da populaccedilatildeo rural o salaacuterio em

2010 era em meacutedia de pouco mais de um salaacuterio miacutenimo e dos jovens da zona

urbana a meacutedia no mesmo periacuteodo era de dois salaacuterios miacutenimos

QUADRO 16 - RENDA FAMILIAR DO JOVEM CADASTRADO NO PROGRAMA 2010 BRASIL E GRANDES REGIOtildeES - 2010 (EM )

RURAL R$ 63700

URBANA R$ 104200

TOTAL R$ 103000

Fonte MTE Departamento de Poliacuteticas de Trabalho e Emprego para a Juventude Elaboraccedilatildeo DIEESE (2011)

Percebemos assim que o jovem inserido no programa aleacutem de ter as caracteriacutesticas

que satildeo preacute-requisitos para a entrada no programa tais quais situaccedilatildeo de

desemprego e com renda familiar per capita de ateacute um salaacuterio miacutenimo a maioria dos

jovens inseridos no programa satildeo mulheres de etnia parda entre 18 a 24 anos e

que vecircm de uma histoacuteria de desproteccedilatildeo social

Os jovens inscritos no programa recebem um auxiacutelio financeiro no valor de R$

10000 (cem reais) mensais de caraacuteter temporaacuterio que natildeo podem ser cumulativos

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a outros benefiacutecios sociais de programas federais de natureza semelhante18

devendo o jovem optar por um deles O valor eacute repassado diretamente do governo

federal para os beneficiados do programa atraveacutes de uma conta bancaacuteria O auxiacutelio

poderaacute ser suspenso nas seguintes situaccedilotildees a) recebimento de benefiacutecio de

natureza semelhante de outros programas federais b) frequecircncia mensal abaixo de

75 nas atividades19 c) natildeo atendimento de outras condiccedilotildees da modalidade

(Brasil 2008)

O ProJovem seguindo a loacutegica das demais poliacuteticas sociais utiliza da transferecircncia

de renda articulada ao cumprimento de algumas condicionalidades20 e a principal

delas se relaciona agrave ampliaccedilatildeo da escolaridade e a qualificaccedilatildeo profissional

Analisando a questatildeo da transferecircncia de renda podemos observar que na Ameacuterica

Latina os programas de transferecircncia entram como substituto da ausecircncia de

rendimentos provocada pelo desemprego ou o emprego precarizado confirmando a

centralidade do indiviacuteduo e a responsabilizaccedilatildeo da sociedade (STEIN 2008) e

ganham maior destaque como forma de diminuir a incapacidade de reduzir as

desigualdades que afetam de forma especial a juventude diante da crise do trabalho

e da ausecircncia de direitos efetivamente ldquo[] assegurados do acesso ao lazer e aos

bens culturais e de um sistema educativo capaz de acolher seu novo puacuteblico

ocorrem os programas de transferecircncia de renda aos jovens incapazes por si soacute de

assegurar transformaccedilotildees mais densas nessas esferas []rdquo (SPOSITO

CORRACHANO 2005 p 20) Algumas avaliaccedilotildees apontam o quanto essa renda

tem sido importante para os jovens mesmo que ainda seja percebida como privileacutegio

e natildeo como direito

Jaacute no que se refere agrave ampliaccedilatildeo da escolarizaccedilatildeo aparentemente ela pode ser

percebida como um avanccedilo pois representa do ponto de vista do ato individual e

isolado a perspectiva do acesso agrave educaccedilatildeo que muitas vezes eacute negada agrave juventude

18

Consideram-se de natureza semelhante ao auxiacutelio financeiro mensal a que se refere o caput os benefiacutecios pagos por programas federais dirigidos a indiviacuteduos da mesma faixa etaacuteria do ProJovem (Inciso 5ordm do Artigo 47 da Lei 6629 de novembro de 2008) 19

Para fins da certificaccedilatildeo profissional dos jovens e de pagamento do auxiacutelio financeiro exigir-se-aacute frequecircncia mensal miacutenima de setenta e cinco por cento nas accedilotildees de qualificaccedilatildeo 20

A criaccedilatildeo de condicionalidades para acesso agraves poliacuteticas sociais retomam os seus aspectos mais conservadores uma vez que elas deixam de se configurar como direito

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das classes que vivem do trabalho Entretanto precisamos considerar que o simples

acesso agrave escola por si soacute natildeo garante educaccedilatildeo de qualidade e ainda que natildeo se

resolve o problema com os jovens tornando-os mais ldquoempregaacuteveisrdquo se novos

empregos natildeo satildeo criados

Precisamos considerar ainda que [] a maioria natildeo eacute pobre porque natildeo tem boa

educaccedilatildeo mas na realidade natildeo consegue boa educaccedilatildeo porque eacute pobre

(FRIGOTO 2004 p 192) Natildeo queremos negar a educaccedilatildeo como um direito

elementar e muito menos o potencial de emancipaccedilatildeo que a educaccedilatildeo comporta

pretendemos apenas alertar que um diagnoacutestico equivocado pode trazer respostas

equivocadas Concordamos com Frigotto (2004 p 194) quando afirma que ldquo[] a

crenccedila de que o problema eacute conjuntural pode conduzir a poliacuteticas puacuteblicas

focalizadas e de natureza filantroacutepica ou de administraccedilatildeo e controle da pobreza

sem atentar para poliacuteticas que atacam as estruturas produtoras da desigualdaderdquo A

pobreza nesse contexto passa a ser vista com ausecircncia de capacidades individuais

logo a poliacutetica social se transforma numa estrateacutegia para inserir os pobres no

mercado de trabalho

Ainda sobre essa questatildeo Sposito et al (2006) nos convida agrave analisarmos com

cuidado uma vez que os jovens usuaacuterios dos programas sociais voltados para a

juventude satildeo os mesmos que foram precocemente excluiacutedos da escola (seja por

distorccedilatildeo de seacuterie idade ou outro fator) Logo a mera exigecircncia de retorno agrave mesma

escola que natildeo foi capaz de lidar com essas situaccedilotildees eacute no miacutenimo manter os

processos de segregaccedilatildeo (SPOSITO et al 2006) Segundo os autores podemos

constatar duas consequecircncias desse fato uma eacute o paralelismo das atividades de

caraacuteter socioeducativo que natildeo se articula com a rede puacuteblica de ensino e a outra eacute

a total ausecircncia das poliacuteticas de educaccedilatildeo que se articulem com os programas

sociais para a juventude de modo a redefinir o tipo de proposta de escolaridade

adequada a esses jovens (SPOSITO et al 2006)

Eacute importante mostrar ainda a tendecircncia de valorizaccedilatildeo da socioeducaccedilatildeo contidas

nos programas que natildeo eacute acompanhada das justificativas que induzem a essa

adesatildeo indicando haver uma deficiecircncia nos sistemas de ensino natildeo soacute no campo

pedagoacutegico mas tambeacutem na funccedilatildeo socializadora da escola que natildeo formaria para

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a cidadania21 (SPOSITO et al 2006) fato que estaria criando segundo esses

autores uma via paralela de educaccedilatildeo natildeo-escolar para jovens pobres o que os

leva a questionar se essa via estaria oferecendo uma proposta melhor que a rede

puacuteblica Sendo a resposta afirmativa por que natildeo a articular com o sistema de

ensino Se a resposta for negativa nos faz crer que se trata apenas de ocupar o

tempo livre dos jovens dos bairros pobres

Natildeo podemos deixar de tratar ainda sobre a questatildeo dos instrutores A pesquisa

apresentada por Sposito et al (2006) afirma que as atividades em geral satildeo

realizadas com uma base material precaacuteria e com baixa formaccedilatildeo teacutecnica ou mesmo

escolar que sempre inclui palestras cursos e oficinas Em alguns casos os

programas propotildeem uma formaccedilatildeo geral voltada para a cidadania e outra com foco

no aprendizado de habilidades para o mercado do trabalho

Partindo do que foi apresentado nessa pesquisa citada acima haacute duas grandes

orientaccedilotildees em torno do adolescente pobre e outra em torno do jovem pobre Para

os autores apoacutes anos de promulgaccedilatildeo do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente jaacute

satildeo visiacuteveis os avanccedilos que fazem com que os direitos da crianccedila

independentemente de sua condiccedilatildeo social (ter uma famiacutelia agrave escola sauacutede

proteccedilatildeo do Estado) sejam reconhecidos socialmente mesmo que ainda precisem

ser disputados mas jaacute satildeo reconhecidos

Contudo o mesmo natildeo acontece com os jovens pobres pois para eles eacute impelida

uma imagem que impede o reconhecimento social de seus direitos para esses satildeo

reservadas as accedilotildees de inserccedilatildeo social compensatoacuterias e alto teor socioeducativo

esses satildeo chamados de adolescentes pobres que continuam a ocupar o natildeo-lugar

e soacute se tornam visiacuteveis pela ameaccedila ou pelo risco provocados na sociedade Aos

outros que podem usufruir de alguns direitos mesmo que minimamente o termo

jovem passa a ser fortemente aplicado (SPOSITO et al 2006) evidenciando que as

21

A cidadania como eacute tratada aparece como um conceito muito mais ligado a uma ideia de atividade socializadora com ecircnfase no civismo e no aprendizado de certos valores importantes para essa civilidade o que acaba esvaziando os conteuacutedos da cidadania ligados agrave ideia de direitos prevalecendo a pressuposiccedilatildeo de que jovens e adolescentes pobres - precisam ser atingidos por alguma accedilatildeo que lhes ensine algo (SPOSITO et al 2006)

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poliacuteticas de juventude estatildeo fortemente marcadas pelas concepccedilotildees de juventude

mas sobretudo pelas concepccedilotildees sobre os jovens pobres

Outro aspecto a ser destacado eacute o caraacuteter transitoacuterio das accedilotildees (em meacutedia 02 anos)

natildeo se configurando enquanto uma poliacutetica puacuteblica mantendo o cariz de programa

numa proposta de poliacutetica emergencial para a juventude que mina a construccedilatildeo de

uma poliacutetica puacuteblica nacional e ainda dificultando a avaliaccedilatildeo seacuteria de tais

programas22 (SPOSITO CORRACHANO 2005)

A fragmentaccedilatildeo tambeacutem eacute uma caracteriacutestica marcante no ProJovem Trabalhador

mantendo a visatildeo das poliacuteticas de juventude como um conjunto de caixinhas

isoladas em disputa impedindo o diaacutelogo entre elas cada modalidade estaacute sob

orientaccedilatildeo de um Ministeacuterio diferente e natildeo articulaccedilatildeo entre as modalidades O

caraacuteter fragmentaacuterio das poliacuteticas de juventude se explicita na focalizaccedilatildeo das

diretrizes ldquojovem temaacuteticordquo que expressa o puacuteblico alvo das accedilotildees desenvolvidas

nos diferentes ministeacuterios assim tem-se ldquoo jovem-alunordquo o ldquojovem-filhordquo o ldquojovem-

infratorrdquo a ldquojovem-matildeerdquo ldquoa jovem-que-natildeo-queremos-que-seja-matildeerdquo o rdquojovem-ruralrdquo

e outros (CARRANO 2012)

A transversalizaccedilatildeo dos programas seria uma estrateacutegia de superaccedilatildeo dessa

caracteriacutestica o que requisitaria ldquo[] repensar e fortalecer um pacto pela juventude

que parta da Secretaria Nacional da Juventude e consiga chegar ateacute onde o jovem

estaacute no municiacutepio no bairro e o conecte com o governo federalrdquo (SPOSITO 2012

p 225) pois eacute extremamente importante construir uma rede de atenccedilatildeo para os

jovens que conectem as poliacuteticas municipais estaduais e federais num diaacutelogo

permanente neste sentido as poliacuteticas para esse segmento natildeo devem

simplesmente reproduzir as poliacuteticas de acircmbito nacional elas devem ser efetivadas

e assumidas em todos os acircmbitos de accedilatildeo

Outra questatildeo que aparece no ProJovem Trabalhador comum agraves demais poliacuteticas

destinadas aos jovens eacute que as accedilotildees tecircm se destinado muito mais a oferecer o

que se instituiu como necessidades dos jovens e natildeo aquilo que o jovem apresentou

ou demandou como uma necessidade sua Os jovens precisam de espaccedilo natildeo soacute

22

No caso do ProJovem Trabalhador o programa tem previsatildeo para ser executado em 06 meses

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para receber os projetos jaacute preconcebidos mas sobretudo para dizer o que

precisam individual e coletivamente Para esse autor as accedilotildees destinadas aos

jovens emergem simultaneamente agrave criaccedilatildeo de personagens sociais (protagonistas

empreendedores e outros) de pouco diaacutelogo que atendam muito mais aos interesses

e modelos de poliacuteticas das agecircncias internacionais de desenvolvimento (CARRANO

2012)

Outra questatildeo a ser problematizada eacute que o programa definiu como meta miacutenima a

inserccedilatildeo de no miacutenimo 30 dos jovens no mundo do trabalho sendo admitidas as

seguintes formas de inserccedilatildeo a) emprego formal (comprovado atraveacutes de coacutepias da

carteira assinada dos jovens) b) estaacutegio ou jovem aprendiz (comprovado atraveacutes de

coacutepias dos contratos) c) ou formas alternativas geradoras de renda (Brasil 2008)

Questionamos ateacute que ponto essas possibilidades podem ser entendidas como

estrateacutegias de inserccedilatildeo no mundo do trabalho eou de superaccedilatildeo da precarizaccedilatildeo

das condiccedilotildees de trabalho dos jovens Quais satildeo os viacutenculos de trabalho Qual a

meacutedia de salaacuterio Quais as condiccedilotildees de trabalho Qual a permanecircncia dos jovens

nesses viacutenculos

Reconhecendo a importacircncia dessa estrateacutegia para a sobrevivecircncia dos jovens natildeo

podemos deixar de considerar que ela tambeacutem natildeo deixa de fazer parte de um

processo de naturalizaccedilatildeo das mudanccedilas no mundo do trabalho que culmina na

responsabilizaccedilatildeo dos proacuteprios trabalhadores Eles satildeo convencidos de que eles eacute

que natildeo tecircm grande coisa para vender ou natildeo sabem como vendecirc-la ndash ou seja natildeo

tem ldquocapital humanordquo ocultando desse modo todas as estruturas de distribuiccedilatildeo

desigual e apropriaccedilatildeo desigual dos recursos materiais sociais culturais e

simboacutelicos de nossa sociedade Esse fato faz com que o ldquo[] ldquocapital humanordquo de

um jovem oriundo do contexto popular da ldquoperiferiardquo tenha pouca chance de

equivaler ao de um jovem saiacutedo de um meio privilegiadordquo (BIHR 2007)

Nessa perspectiva o empreendedorismo tambeacutem aparece como estrateacutegia mas na

verdade se assemelha mais a danccedila das cadeiras quando a muacutesica para haacute mais

pessoas de peacute do que cadeiras disponiacuteveis para sentar (POCHAMANN 2005) Em

alguns casos empresas e o Estado ateacute destinam alguns recursos para esses fins

que satildeo ldquo[] importantes mas absolutamente incapazes de gerar mais postos de

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trabalho Uma contribuiccedilatildeo digamos para o ldquosalve-se quem puderrdquo (MATTOSO

1999 p20)

Fato que expressa bem a responsabilizaccedilatildeo do indiviacuteduo por sua situaccedilatildeo de

emprego e desemprego numa clara tentativa de transferir riscos e

responsabilidades ao trabalhador fazendo com que ele assuma a sua

empregabilidade por meio de formaccedilatildeo profissional qualificaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo

Deslocando assim a responsabilidade social do Estado para o plano individual onde

natildeo haacute poliacutetica de emprego apenas indiviacuteduos empregaacuteveis ou natildeo Os indiviacuteduos

afetados pela loacutegica da competiccedilatildeo por empregos inseguros comeccedilam a adaptar-se

a novas condutas psicoloacutegicas do perfil do ldquovencedorrdquo (COSTA 2005)

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A anaacutelise do ProJovem Trabalhador mostra que o programa eacute importante no

cotidiano desses jovens como um instrumento na efetivaccedilatildeo de direitos sociais e

mecanismo de sobrevivecircncia e evidencia que os avanccedilos das poliacuteticas de juventude

no paiacutes natildeo soacute em quantidade mas tambeacutem em qualidade se comparadas com as

experiecircncias anteriores

No entanto ainda haacute muito o que caminhar Podemos dizer que o programa

expressa o perfil das poliacuteticas sociais contemporacircneas Fragmentaccedilatildeo

descentralizaccedilatildeo focalizaccedilatildeo descontinuidade ausecircncia de pesquisas e avaliaccedilotildees

e privatizaccedilatildeo Caracteriacutesticas que precisam ser explicitadas e disputadas na cena

puacuteblica juntamente com as demais poliacuteticas sociais

Para que as poliacuteticas de juventude se transformem em poliacuteticas para a juventude eacute

preciso sair desse ciclo de vitimizaccedilatildeocriminalizaccedilatildeo voluntariadoencerramento ou

prevenccedilatildeorepressatildeo (BATISTA 2007) Para isso eacute necessaacuterio transformar esses

problemas sociais da juventude em problemas socioloacutegicos Esse eacute um exerciacutecio de

interrogaccedilatildeo que gera como produto a incerteza de afirmaccedilotildees antes dadas como

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inquestionaacuteveis Sem o questionamento a juventude se torna um quase bdquomito‟ e

para esse mito eacute necessaacuterio ldquopenetrar no cotidiano do jovemrdquo e questionar ldquo[]

sentiratildeo os jovens estes problemas como seus problemasrdquo (PAIS 2003 p34)

Mas sobretudo eacute preciso dotar de precisotildees conceituais acerca do tema juventude

de modo a iluminarmos os processos de construccedilatildeo de marcos poliacuteticos em

coerecircncia com os marcos conceituais os discursos e programaacuteticas deixando de

conceber aos jovens sobre ldquo[] a noccedilatildeo de um jovem problema e carente visatildeo

que tende agrave geraccedilatildeo de um determinado tipo de poliacutetica de juventude de natureza

compensatoacuteriardquo (LEacuteON 2005 p88)

Fica evidente ainda que a juventude cumpre um papel na atual sociedade

capitalista a de compor a grande massa do exeacutercito industrial de reserva quando a

poliacutetica social para a juventude em especial os programas de transferecircncia de renda

como o ProJovem Trabalhador acabam assumindo o papel de garantir mecanismos

de sobrevivecircncia dos sujeitos juvenis uma vez que natildeo eacute possiacutevel assegurar a

sobrevivecircncia desse segmento da classe trabalhadora atraveacutes da inserccedilatildeo no

trabalho

Abstract Analyze the ProJovem Worker program as one of coping policies changes in the workplace that particularly affected the youth For this we will make a brief background of the relations and working conditions for this population segment and social policies aimed at this audience including the program in question identifying their progress and limits through a bibliographic and documentary research Keywords Labor Social Policy and Youth

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Processo de Avaliaccedilatildeo por Pares (Blind Review - Anaacutelise do Texto Anocircnimo)

Publicado na Revista Vozes dos Vales - wwwufvjmedubrvozes em 10102016

Revista Cientiacutefica Vozes dos Vales - UFVJM - Minas Gerais - Brasil

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UFVJM 1202095-2011 - QUALISCAPES - LATINDEX 22524 - ISSN 2238-6424

Perioacutedico Cientiacutefico Eletrocircnico divulgado nos programas brasileiros Stricto Sensu

(Mestrados e Doutorados) e em universidades de 38 paiacuteses

em diversas aacutereas do conhecimento

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assistecircncia agraves famiacutelias visando elevar a escolaridade e reduzir os iacutendices de

violecircncia uso de drogas das doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis e gravidez

precoce Os municiacutepios interessados no Programa devem observar os seguintes

criteacuterios a) estar habilitado nos niacuteveis de gestatildeo baacutesica ou plena do Suas b) possuir

Centros de Referecircncia da Assistecircncia Social (CRAS) em funcionamento e registro

no Censo do CRAS c) apresentar a demanda miacutenima de 40 jovens que pertenccedilam a

famiacutelias beneficiaacuterias do Bolsa Famiacutelia (BRASIL 2010)

ProJovem Trabalhador O ProJovem Trabalhador ficou sob a responsabilidade do

Ministeacuterio do Trabalho (MTE) unificando as accedilotildees do Consoacutercio Social da

Juventude Empreendedorismo Juvenil Juventude Cidadatilde e Escola de Faacutebrica

tendo como objetivo ldquo[] preparar o jovem para ocupaccedilotildees com viacutenculo

empregatiacutecio ou para outras atividades produtivas geradoras de renda por meio da

qualificaccedilatildeo social e profissional e do estiacutemulo agrave sua inserccedilatildeo no mundo do trabalhordquo

(Brasil 2008) como estaacute previsto no artigo 37 da Lei 6629 de novembro de 2008

que unificou os programas (BRASIL 2010)

Essa modalidade do ProJovem se destina a jovens de 18 a 29 anos em situaccedilatildeo de

desemprego e cuja renda familiar per capita seja de ateacute um salaacuterio miacutenimo e ainda

que cumpra os seguintes preacute-requisitos a) cursando ou tenha concluiacutedo o ensino

fundamental ou b) cursando ou tenha concluiacutedo o ensino meacutedio e natildeo estejam

cursando ou natildeo tenha concluiacutedo o ensino superior16 (BRASIL 2008 artigo 38)

O ProJovem Trabalhador tem duas submodalidades o Consoacutercio Social da

Juventude e o Juventude Cidadatilde Isto porque o ProJovem Trabalhador natildeo unificou

os programas anteriores do Ministeacuterio do Trabalho ele apenas os agregou sob a

forma da lei Inclusive parte da legislaccedilatildeo eacute diferente para o ProJovem Trabalhador

ndash Consoacutercio Social da Juventude o qual segue a orientaccedilatildeo da Portaria 2043 de 22

de outubro de 2009 o ProJovem Trabalhador ndash Juventude Cidadatilde por sua vez

segue a Portaria 991 de 27 de novembro de 2008 Ambos seguem as orientaccedilotildees

do Decreto 6629 de 2008

16

Nas accedilotildees de empreendedorismo juvenil aleacutem dos jovens referidos no caput tambeacutem poderatildeo ser contemplados aqueles que estejam cursando ou tenham concluiacutedo o ensino superior (Brasil 2008 artigo 38)

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Fato que mostra como eacute prematuro apresentar o ProJovem como a poliacutetica nacional

de juventude pois natildeo basta colocar sob um mesmo nome todas as accedilotildees para que

elas faccedilam assim parte de uma mesma loacutegica e que tenham os mesmos objetivos

Como pensar em projeto unificado Como operar com sistemas de avaliaccedilatildeo

controle e monitoramento E estamos falando aqui apenas de uma das modalidades

do ProJovem as demais estatildeo divididas em outras Secretarias Eacute preciso muito

cuidado para que o programa natildeo apenas camufle a fragmentaccedilatildeo que eacute uma marca

das poliacuteticas de juventude que ao que podemos ver ainda se manteacutem

No que se refere agrave execuccedilatildeo do Programa a legislaccedilatildeo (Termo de Referecircncia 991

de 2008) delega tais execuccedilotildees a Estados e Municiacutepios com populaccedilatildeo com acima

de 20 mil habitantes natildeo haacute necessidade de convecircnio acordo contrato ajuste ou

outro instrumento congecircnere o que natildeo dispensa a prestaccedilatildeo de contas (Brasil

2008)17 Essa forma de gerir a maacutequina puacuteblica que se tornou praacutetica comum na

gestatildeo das poliacuteticas sociais expressa a loacutegica da transferecircncia de responsabilidade

do Estado para a sociedade civil quando cabe ao Estado o papel de financiador e

ao terceiro setor o de executor

Tal fenocircmeno eacute parte do processo de reestruturaccedilatildeo produtiva (BEHRING 2003) e

tem impactos diretos no programa principalmente no que se refere agrave continuidade e

agrave qualidade das atividades uma vez que a empresa contratada ou Organizaccedilatildeo da

Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP) tem por objetivo o lucro Satildeo trecircs

atores diretamente envolvidos poreacutem nem sempre com objetivos comuns Conciliar

esses interesses e perspectivas diferentes eacute grande desafio Neste sentido em meio

a tantos personagens e interesses como fazer chegar ao centro do poder os

interesses dos principais interessados os jovens (CASTRO 2012)

Pesquisa realizada pelo Ministeacuterio do Trabalho atraveacutes do Departamento

Intersindical de Estatiacutesticas e Estudo Socioeconocircmicos (DIEESE) referente aos

17

Para a celebraccedilatildeo dos convecircnios a entidade de direito privado sem fins lucrativos na execuccedilatildeo do ProJovem Trabalhador deveraacute ser precedida de seleccedilatildeo por chamada puacuteblica e essas deveratildeo comprovar experiecircncia de no miacutenimo 3 anos no objeto do convecircnio ter capacidade fiacutesica instalada necessaacuteria agrave execuccedilatildeo do objeto do convecircnio ter capacidade teacutecnica e administrativo-operacional adequada para execuccedilatildeo e apresentar proposta com adequaccedilatildeo entre os meios sugeridos seus custos cronogramas e resultados previstos em conformidade com as especificaccedilotildees teacutecnicas do termo de referecircncia e edital de chamada puacuteblica (BRASIL 2008)

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anos de 2010 e 2011 relacionando Juventude e Trabalho no Brasil que apresenta

resultados importantes sobre o perfil do jovem inserido no ProJovem Trabalhador e

alguns dados socioeconocircmicos sobre a juventude brasileira A primeira informaccedilatildeo eacute

sobre o nuacutemero de jovens cadastrados no programa

QUADRO 13 - NUacuteMERO DE JOVENS CADASTRADOS NO PROJOVEM

Brasil Grandes Regiotildees e Unidades da Federaccedilatildeo

HOMENS MULHERES TOTAL

Norte 13509 29524 43033

Nordeste 59095 125207 184302

Sudeste 43597 108104 151701

Sul 18187 40165 58352

Centro-Oeste 11709 35385 47094

Brasil 146097 338385 484482

Fonte MTE Departamento de Poliacuteticas de Trabalho e Emprego para a Juventude DIEESE (2011)

Percebemos assim que cerca de 10 dos jovens brasileiros estatildeo inseridos no

programa o que mostra a relevacircncia e importacircncia do programa levando os

organismos governamentais a se referirem ao programa como a expressatildeo da

poliacutetica nacional de juventude

Interessante observar ainda o nuacutemero das jovens inseridas no programa

representando mais de 60 do total dos jovens participantes fato esse que pode

ser explicado em partes pelos altos iacutendices de desemprego que afetam de forma

diferente as mulheres o que evidencia a inserccedilatildeo ainda precaacuteria da mulher no

mundo do trabalho representando assim que essa pode ser uma oportunidade

importante de inserccedilatildeo no mercado de trabalho para essas jovens

Isso mostra tambeacutem que eacute necessaacuterio pensar o ProJovem Trabalhador que leve

em consideraccedilatildeo as especificidades de ser uma jovem mulher natildeo soacute no que se

refere agrave inserccedilatildeo no mercado de trabalho que eacute objetivo do programa mas tambeacutem

na permanecircncia dessa jovem no programa em quais condiccedilotildees satildeo ofertadas para

isso e principalmente num acompanhamento posterior

Um uacuteltimo dado que natildeo podemos deixar de comentar mesmo que sucintamente se

refere agrave questatildeo da renda Como mostra a tabela abaixo dos jovens inseridos no

ProJovem Trabalhador o percentual de jovens que recebem ou jaacute receberam outros

benefiacutecios sociais eacute relativamente pequeno apenas na regiatildeo Nordeste o iacutendice eacute

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um pouco maior (377) nas demais regiotildees os iacutendices ficam em torno de 15

Esses dados podem mostrar que esses jovens estatildeo quase que totalmente

desassistidos com relaccedilatildeo aos direitos sociais uma vez que ficaram agrave margem do

sistema escolar estatildeo fora do mercado de trabalho (ou inseridos precariamente) e

tambeacutem natildeo satildeo assistidos pelos programas de Assistecircncia Social ou seja satildeo

jovens que estatildeo expostos a uma grande violecircncia urbana de desproteccedilatildeo social

QUADRO 15 - PROPORCcedilAtildeO DE JOVENS CADASTRADOS QUE TEcircM ALGUM MEMBRO DA FAMIacuteLIA QUE RECEBEU AUXIacuteLIO DO GOVERNO

Brasil Grandes Regiotildees e Unidades da Federaccedilatildeo

PERCENTUAL

Norte 165

Nordeste 377

Sudeste 127

Sul 120

Centro Oeste 145

Brasil 210

Fonte MTE Departamento de Poliacuteticas de Trabalho e Emprego para a Juventude Elaboraccedilatildeo DIEESE Obs O total Brasil inclui jovens cadastrados sem informaccedilatildeo para UF DIEESE (2011)

Observando o quadro abaixo que trata especialmente da renda a descriccedilatildeo acima

se fortalece Podemos ver que entre os jovens da populaccedilatildeo rural o salaacuterio em

2010 era em meacutedia de pouco mais de um salaacuterio miacutenimo e dos jovens da zona

urbana a meacutedia no mesmo periacuteodo era de dois salaacuterios miacutenimos

QUADRO 16 - RENDA FAMILIAR DO JOVEM CADASTRADO NO PROGRAMA 2010 BRASIL E GRANDES REGIOtildeES - 2010 (EM )

RURAL R$ 63700

URBANA R$ 104200

TOTAL R$ 103000

Fonte MTE Departamento de Poliacuteticas de Trabalho e Emprego para a Juventude Elaboraccedilatildeo DIEESE (2011)

Percebemos assim que o jovem inserido no programa aleacutem de ter as caracteriacutesticas

que satildeo preacute-requisitos para a entrada no programa tais quais situaccedilatildeo de

desemprego e com renda familiar per capita de ateacute um salaacuterio miacutenimo a maioria dos

jovens inseridos no programa satildeo mulheres de etnia parda entre 18 a 24 anos e

que vecircm de uma histoacuteria de desproteccedilatildeo social

Os jovens inscritos no programa recebem um auxiacutelio financeiro no valor de R$

10000 (cem reais) mensais de caraacuteter temporaacuterio que natildeo podem ser cumulativos

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a outros benefiacutecios sociais de programas federais de natureza semelhante18

devendo o jovem optar por um deles O valor eacute repassado diretamente do governo

federal para os beneficiados do programa atraveacutes de uma conta bancaacuteria O auxiacutelio

poderaacute ser suspenso nas seguintes situaccedilotildees a) recebimento de benefiacutecio de

natureza semelhante de outros programas federais b) frequecircncia mensal abaixo de

75 nas atividades19 c) natildeo atendimento de outras condiccedilotildees da modalidade

(Brasil 2008)

O ProJovem seguindo a loacutegica das demais poliacuteticas sociais utiliza da transferecircncia

de renda articulada ao cumprimento de algumas condicionalidades20 e a principal

delas se relaciona agrave ampliaccedilatildeo da escolaridade e a qualificaccedilatildeo profissional

Analisando a questatildeo da transferecircncia de renda podemos observar que na Ameacuterica

Latina os programas de transferecircncia entram como substituto da ausecircncia de

rendimentos provocada pelo desemprego ou o emprego precarizado confirmando a

centralidade do indiviacuteduo e a responsabilizaccedilatildeo da sociedade (STEIN 2008) e

ganham maior destaque como forma de diminuir a incapacidade de reduzir as

desigualdades que afetam de forma especial a juventude diante da crise do trabalho

e da ausecircncia de direitos efetivamente ldquo[] assegurados do acesso ao lazer e aos

bens culturais e de um sistema educativo capaz de acolher seu novo puacuteblico

ocorrem os programas de transferecircncia de renda aos jovens incapazes por si soacute de

assegurar transformaccedilotildees mais densas nessas esferas []rdquo (SPOSITO

CORRACHANO 2005 p 20) Algumas avaliaccedilotildees apontam o quanto essa renda

tem sido importante para os jovens mesmo que ainda seja percebida como privileacutegio

e natildeo como direito

Jaacute no que se refere agrave ampliaccedilatildeo da escolarizaccedilatildeo aparentemente ela pode ser

percebida como um avanccedilo pois representa do ponto de vista do ato individual e

isolado a perspectiva do acesso agrave educaccedilatildeo que muitas vezes eacute negada agrave juventude

18

Consideram-se de natureza semelhante ao auxiacutelio financeiro mensal a que se refere o caput os benefiacutecios pagos por programas federais dirigidos a indiviacuteduos da mesma faixa etaacuteria do ProJovem (Inciso 5ordm do Artigo 47 da Lei 6629 de novembro de 2008) 19

Para fins da certificaccedilatildeo profissional dos jovens e de pagamento do auxiacutelio financeiro exigir-se-aacute frequecircncia mensal miacutenima de setenta e cinco por cento nas accedilotildees de qualificaccedilatildeo 20

A criaccedilatildeo de condicionalidades para acesso agraves poliacuteticas sociais retomam os seus aspectos mais conservadores uma vez que elas deixam de se configurar como direito

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das classes que vivem do trabalho Entretanto precisamos considerar que o simples

acesso agrave escola por si soacute natildeo garante educaccedilatildeo de qualidade e ainda que natildeo se

resolve o problema com os jovens tornando-os mais ldquoempregaacuteveisrdquo se novos

empregos natildeo satildeo criados

Precisamos considerar ainda que [] a maioria natildeo eacute pobre porque natildeo tem boa

educaccedilatildeo mas na realidade natildeo consegue boa educaccedilatildeo porque eacute pobre

(FRIGOTO 2004 p 192) Natildeo queremos negar a educaccedilatildeo como um direito

elementar e muito menos o potencial de emancipaccedilatildeo que a educaccedilatildeo comporta

pretendemos apenas alertar que um diagnoacutestico equivocado pode trazer respostas

equivocadas Concordamos com Frigotto (2004 p 194) quando afirma que ldquo[] a

crenccedila de que o problema eacute conjuntural pode conduzir a poliacuteticas puacuteblicas

focalizadas e de natureza filantroacutepica ou de administraccedilatildeo e controle da pobreza

sem atentar para poliacuteticas que atacam as estruturas produtoras da desigualdaderdquo A

pobreza nesse contexto passa a ser vista com ausecircncia de capacidades individuais

logo a poliacutetica social se transforma numa estrateacutegia para inserir os pobres no

mercado de trabalho

Ainda sobre essa questatildeo Sposito et al (2006) nos convida agrave analisarmos com

cuidado uma vez que os jovens usuaacuterios dos programas sociais voltados para a

juventude satildeo os mesmos que foram precocemente excluiacutedos da escola (seja por

distorccedilatildeo de seacuterie idade ou outro fator) Logo a mera exigecircncia de retorno agrave mesma

escola que natildeo foi capaz de lidar com essas situaccedilotildees eacute no miacutenimo manter os

processos de segregaccedilatildeo (SPOSITO et al 2006) Segundo os autores podemos

constatar duas consequecircncias desse fato uma eacute o paralelismo das atividades de

caraacuteter socioeducativo que natildeo se articula com a rede puacuteblica de ensino e a outra eacute

a total ausecircncia das poliacuteticas de educaccedilatildeo que se articulem com os programas

sociais para a juventude de modo a redefinir o tipo de proposta de escolaridade

adequada a esses jovens (SPOSITO et al 2006)

Eacute importante mostrar ainda a tendecircncia de valorizaccedilatildeo da socioeducaccedilatildeo contidas

nos programas que natildeo eacute acompanhada das justificativas que induzem a essa

adesatildeo indicando haver uma deficiecircncia nos sistemas de ensino natildeo soacute no campo

pedagoacutegico mas tambeacutem na funccedilatildeo socializadora da escola que natildeo formaria para

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a cidadania21 (SPOSITO et al 2006) fato que estaria criando segundo esses

autores uma via paralela de educaccedilatildeo natildeo-escolar para jovens pobres o que os

leva a questionar se essa via estaria oferecendo uma proposta melhor que a rede

puacuteblica Sendo a resposta afirmativa por que natildeo a articular com o sistema de

ensino Se a resposta for negativa nos faz crer que se trata apenas de ocupar o

tempo livre dos jovens dos bairros pobres

Natildeo podemos deixar de tratar ainda sobre a questatildeo dos instrutores A pesquisa

apresentada por Sposito et al (2006) afirma que as atividades em geral satildeo

realizadas com uma base material precaacuteria e com baixa formaccedilatildeo teacutecnica ou mesmo

escolar que sempre inclui palestras cursos e oficinas Em alguns casos os

programas propotildeem uma formaccedilatildeo geral voltada para a cidadania e outra com foco

no aprendizado de habilidades para o mercado do trabalho

Partindo do que foi apresentado nessa pesquisa citada acima haacute duas grandes

orientaccedilotildees em torno do adolescente pobre e outra em torno do jovem pobre Para

os autores apoacutes anos de promulgaccedilatildeo do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente jaacute

satildeo visiacuteveis os avanccedilos que fazem com que os direitos da crianccedila

independentemente de sua condiccedilatildeo social (ter uma famiacutelia agrave escola sauacutede

proteccedilatildeo do Estado) sejam reconhecidos socialmente mesmo que ainda precisem

ser disputados mas jaacute satildeo reconhecidos

Contudo o mesmo natildeo acontece com os jovens pobres pois para eles eacute impelida

uma imagem que impede o reconhecimento social de seus direitos para esses satildeo

reservadas as accedilotildees de inserccedilatildeo social compensatoacuterias e alto teor socioeducativo

esses satildeo chamados de adolescentes pobres que continuam a ocupar o natildeo-lugar

e soacute se tornam visiacuteveis pela ameaccedila ou pelo risco provocados na sociedade Aos

outros que podem usufruir de alguns direitos mesmo que minimamente o termo

jovem passa a ser fortemente aplicado (SPOSITO et al 2006) evidenciando que as

21

A cidadania como eacute tratada aparece como um conceito muito mais ligado a uma ideia de atividade socializadora com ecircnfase no civismo e no aprendizado de certos valores importantes para essa civilidade o que acaba esvaziando os conteuacutedos da cidadania ligados agrave ideia de direitos prevalecendo a pressuposiccedilatildeo de que jovens e adolescentes pobres - precisam ser atingidos por alguma accedilatildeo que lhes ensine algo (SPOSITO et al 2006)

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poliacuteticas de juventude estatildeo fortemente marcadas pelas concepccedilotildees de juventude

mas sobretudo pelas concepccedilotildees sobre os jovens pobres

Outro aspecto a ser destacado eacute o caraacuteter transitoacuterio das accedilotildees (em meacutedia 02 anos)

natildeo se configurando enquanto uma poliacutetica puacuteblica mantendo o cariz de programa

numa proposta de poliacutetica emergencial para a juventude que mina a construccedilatildeo de

uma poliacutetica puacuteblica nacional e ainda dificultando a avaliaccedilatildeo seacuteria de tais

programas22 (SPOSITO CORRACHANO 2005)

A fragmentaccedilatildeo tambeacutem eacute uma caracteriacutestica marcante no ProJovem Trabalhador

mantendo a visatildeo das poliacuteticas de juventude como um conjunto de caixinhas

isoladas em disputa impedindo o diaacutelogo entre elas cada modalidade estaacute sob

orientaccedilatildeo de um Ministeacuterio diferente e natildeo articulaccedilatildeo entre as modalidades O

caraacuteter fragmentaacuterio das poliacuteticas de juventude se explicita na focalizaccedilatildeo das

diretrizes ldquojovem temaacuteticordquo que expressa o puacuteblico alvo das accedilotildees desenvolvidas

nos diferentes ministeacuterios assim tem-se ldquoo jovem-alunordquo o ldquojovem-filhordquo o ldquojovem-

infratorrdquo a ldquojovem-matildeerdquo ldquoa jovem-que-natildeo-queremos-que-seja-matildeerdquo o rdquojovem-ruralrdquo

e outros (CARRANO 2012)

A transversalizaccedilatildeo dos programas seria uma estrateacutegia de superaccedilatildeo dessa

caracteriacutestica o que requisitaria ldquo[] repensar e fortalecer um pacto pela juventude

que parta da Secretaria Nacional da Juventude e consiga chegar ateacute onde o jovem

estaacute no municiacutepio no bairro e o conecte com o governo federalrdquo (SPOSITO 2012

p 225) pois eacute extremamente importante construir uma rede de atenccedilatildeo para os

jovens que conectem as poliacuteticas municipais estaduais e federais num diaacutelogo

permanente neste sentido as poliacuteticas para esse segmento natildeo devem

simplesmente reproduzir as poliacuteticas de acircmbito nacional elas devem ser efetivadas

e assumidas em todos os acircmbitos de accedilatildeo

Outra questatildeo que aparece no ProJovem Trabalhador comum agraves demais poliacuteticas

destinadas aos jovens eacute que as accedilotildees tecircm se destinado muito mais a oferecer o

que se instituiu como necessidades dos jovens e natildeo aquilo que o jovem apresentou

ou demandou como uma necessidade sua Os jovens precisam de espaccedilo natildeo soacute

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No caso do ProJovem Trabalhador o programa tem previsatildeo para ser executado em 06 meses

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para receber os projetos jaacute preconcebidos mas sobretudo para dizer o que

precisam individual e coletivamente Para esse autor as accedilotildees destinadas aos

jovens emergem simultaneamente agrave criaccedilatildeo de personagens sociais (protagonistas

empreendedores e outros) de pouco diaacutelogo que atendam muito mais aos interesses

e modelos de poliacuteticas das agecircncias internacionais de desenvolvimento (CARRANO

2012)

Outra questatildeo a ser problematizada eacute que o programa definiu como meta miacutenima a

inserccedilatildeo de no miacutenimo 30 dos jovens no mundo do trabalho sendo admitidas as

seguintes formas de inserccedilatildeo a) emprego formal (comprovado atraveacutes de coacutepias da

carteira assinada dos jovens) b) estaacutegio ou jovem aprendiz (comprovado atraveacutes de

coacutepias dos contratos) c) ou formas alternativas geradoras de renda (Brasil 2008)

Questionamos ateacute que ponto essas possibilidades podem ser entendidas como

estrateacutegias de inserccedilatildeo no mundo do trabalho eou de superaccedilatildeo da precarizaccedilatildeo

das condiccedilotildees de trabalho dos jovens Quais satildeo os viacutenculos de trabalho Qual a

meacutedia de salaacuterio Quais as condiccedilotildees de trabalho Qual a permanecircncia dos jovens

nesses viacutenculos

Reconhecendo a importacircncia dessa estrateacutegia para a sobrevivecircncia dos jovens natildeo

podemos deixar de considerar que ela tambeacutem natildeo deixa de fazer parte de um

processo de naturalizaccedilatildeo das mudanccedilas no mundo do trabalho que culmina na

responsabilizaccedilatildeo dos proacuteprios trabalhadores Eles satildeo convencidos de que eles eacute

que natildeo tecircm grande coisa para vender ou natildeo sabem como vendecirc-la ndash ou seja natildeo

tem ldquocapital humanordquo ocultando desse modo todas as estruturas de distribuiccedilatildeo

desigual e apropriaccedilatildeo desigual dos recursos materiais sociais culturais e

simboacutelicos de nossa sociedade Esse fato faz com que o ldquo[] ldquocapital humanordquo de

um jovem oriundo do contexto popular da ldquoperiferiardquo tenha pouca chance de

equivaler ao de um jovem saiacutedo de um meio privilegiadordquo (BIHR 2007)

Nessa perspectiva o empreendedorismo tambeacutem aparece como estrateacutegia mas na

verdade se assemelha mais a danccedila das cadeiras quando a muacutesica para haacute mais

pessoas de peacute do que cadeiras disponiacuteveis para sentar (POCHAMANN 2005) Em

alguns casos empresas e o Estado ateacute destinam alguns recursos para esses fins

que satildeo ldquo[] importantes mas absolutamente incapazes de gerar mais postos de

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trabalho Uma contribuiccedilatildeo digamos para o ldquosalve-se quem puderrdquo (MATTOSO

1999 p20)

Fato que expressa bem a responsabilizaccedilatildeo do indiviacuteduo por sua situaccedilatildeo de

emprego e desemprego numa clara tentativa de transferir riscos e

responsabilidades ao trabalhador fazendo com que ele assuma a sua

empregabilidade por meio de formaccedilatildeo profissional qualificaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo

Deslocando assim a responsabilidade social do Estado para o plano individual onde

natildeo haacute poliacutetica de emprego apenas indiviacuteduos empregaacuteveis ou natildeo Os indiviacuteduos

afetados pela loacutegica da competiccedilatildeo por empregos inseguros comeccedilam a adaptar-se

a novas condutas psicoloacutegicas do perfil do ldquovencedorrdquo (COSTA 2005)

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A anaacutelise do ProJovem Trabalhador mostra que o programa eacute importante no

cotidiano desses jovens como um instrumento na efetivaccedilatildeo de direitos sociais e

mecanismo de sobrevivecircncia e evidencia que os avanccedilos das poliacuteticas de juventude

no paiacutes natildeo soacute em quantidade mas tambeacutem em qualidade se comparadas com as

experiecircncias anteriores

No entanto ainda haacute muito o que caminhar Podemos dizer que o programa

expressa o perfil das poliacuteticas sociais contemporacircneas Fragmentaccedilatildeo

descentralizaccedilatildeo focalizaccedilatildeo descontinuidade ausecircncia de pesquisas e avaliaccedilotildees

e privatizaccedilatildeo Caracteriacutesticas que precisam ser explicitadas e disputadas na cena

puacuteblica juntamente com as demais poliacuteticas sociais

Para que as poliacuteticas de juventude se transformem em poliacuteticas para a juventude eacute

preciso sair desse ciclo de vitimizaccedilatildeocriminalizaccedilatildeo voluntariadoencerramento ou

prevenccedilatildeorepressatildeo (BATISTA 2007) Para isso eacute necessaacuterio transformar esses

problemas sociais da juventude em problemas socioloacutegicos Esse eacute um exerciacutecio de

interrogaccedilatildeo que gera como produto a incerteza de afirmaccedilotildees antes dadas como

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inquestionaacuteveis Sem o questionamento a juventude se torna um quase bdquomito‟ e

para esse mito eacute necessaacuterio ldquopenetrar no cotidiano do jovemrdquo e questionar ldquo[]

sentiratildeo os jovens estes problemas como seus problemasrdquo (PAIS 2003 p34)

Mas sobretudo eacute preciso dotar de precisotildees conceituais acerca do tema juventude

de modo a iluminarmos os processos de construccedilatildeo de marcos poliacuteticos em

coerecircncia com os marcos conceituais os discursos e programaacuteticas deixando de

conceber aos jovens sobre ldquo[] a noccedilatildeo de um jovem problema e carente visatildeo

que tende agrave geraccedilatildeo de um determinado tipo de poliacutetica de juventude de natureza

compensatoacuteriardquo (LEacuteON 2005 p88)

Fica evidente ainda que a juventude cumpre um papel na atual sociedade

capitalista a de compor a grande massa do exeacutercito industrial de reserva quando a

poliacutetica social para a juventude em especial os programas de transferecircncia de renda

como o ProJovem Trabalhador acabam assumindo o papel de garantir mecanismos

de sobrevivecircncia dos sujeitos juvenis uma vez que natildeo eacute possiacutevel assegurar a

sobrevivecircncia desse segmento da classe trabalhadora atraveacutes da inserccedilatildeo no

trabalho

Abstract Analyze the ProJovem Worker program as one of coping policies changes in the workplace that particularly affected the youth For this we will make a brief background of the relations and working conditions for this population segment and social policies aimed at this audience including the program in question identifying their progress and limits through a bibliographic and documentary research Keywords Labor Social Policy and Youth

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Processo de Avaliaccedilatildeo por Pares (Blind Review - Anaacutelise do Texto Anocircnimo)

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Perioacutedico Cientiacutefico Eletrocircnico divulgado nos programas brasileiros Stricto Sensu

(Mestrados e Doutorados) e em universidades de 38 paiacuteses

em diversas aacutereas do conhecimento

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Fato que mostra como eacute prematuro apresentar o ProJovem como a poliacutetica nacional

de juventude pois natildeo basta colocar sob um mesmo nome todas as accedilotildees para que

elas faccedilam assim parte de uma mesma loacutegica e que tenham os mesmos objetivos

Como pensar em projeto unificado Como operar com sistemas de avaliaccedilatildeo

controle e monitoramento E estamos falando aqui apenas de uma das modalidades

do ProJovem as demais estatildeo divididas em outras Secretarias Eacute preciso muito

cuidado para que o programa natildeo apenas camufle a fragmentaccedilatildeo que eacute uma marca

das poliacuteticas de juventude que ao que podemos ver ainda se manteacutem

No que se refere agrave execuccedilatildeo do Programa a legislaccedilatildeo (Termo de Referecircncia 991

de 2008) delega tais execuccedilotildees a Estados e Municiacutepios com populaccedilatildeo com acima

de 20 mil habitantes natildeo haacute necessidade de convecircnio acordo contrato ajuste ou

outro instrumento congecircnere o que natildeo dispensa a prestaccedilatildeo de contas (Brasil

2008)17 Essa forma de gerir a maacutequina puacuteblica que se tornou praacutetica comum na

gestatildeo das poliacuteticas sociais expressa a loacutegica da transferecircncia de responsabilidade

do Estado para a sociedade civil quando cabe ao Estado o papel de financiador e

ao terceiro setor o de executor

Tal fenocircmeno eacute parte do processo de reestruturaccedilatildeo produtiva (BEHRING 2003) e

tem impactos diretos no programa principalmente no que se refere agrave continuidade e

agrave qualidade das atividades uma vez que a empresa contratada ou Organizaccedilatildeo da

Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP) tem por objetivo o lucro Satildeo trecircs

atores diretamente envolvidos poreacutem nem sempre com objetivos comuns Conciliar

esses interesses e perspectivas diferentes eacute grande desafio Neste sentido em meio

a tantos personagens e interesses como fazer chegar ao centro do poder os

interesses dos principais interessados os jovens (CASTRO 2012)

Pesquisa realizada pelo Ministeacuterio do Trabalho atraveacutes do Departamento

Intersindical de Estatiacutesticas e Estudo Socioeconocircmicos (DIEESE) referente aos

17

Para a celebraccedilatildeo dos convecircnios a entidade de direito privado sem fins lucrativos na execuccedilatildeo do ProJovem Trabalhador deveraacute ser precedida de seleccedilatildeo por chamada puacuteblica e essas deveratildeo comprovar experiecircncia de no miacutenimo 3 anos no objeto do convecircnio ter capacidade fiacutesica instalada necessaacuteria agrave execuccedilatildeo do objeto do convecircnio ter capacidade teacutecnica e administrativo-operacional adequada para execuccedilatildeo e apresentar proposta com adequaccedilatildeo entre os meios sugeridos seus custos cronogramas e resultados previstos em conformidade com as especificaccedilotildees teacutecnicas do termo de referecircncia e edital de chamada puacuteblica (BRASIL 2008)

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anos de 2010 e 2011 relacionando Juventude e Trabalho no Brasil que apresenta

resultados importantes sobre o perfil do jovem inserido no ProJovem Trabalhador e

alguns dados socioeconocircmicos sobre a juventude brasileira A primeira informaccedilatildeo eacute

sobre o nuacutemero de jovens cadastrados no programa

QUADRO 13 - NUacuteMERO DE JOVENS CADASTRADOS NO PROJOVEM

Brasil Grandes Regiotildees e Unidades da Federaccedilatildeo

HOMENS MULHERES TOTAL

Norte 13509 29524 43033

Nordeste 59095 125207 184302

Sudeste 43597 108104 151701

Sul 18187 40165 58352

Centro-Oeste 11709 35385 47094

Brasil 146097 338385 484482

Fonte MTE Departamento de Poliacuteticas de Trabalho e Emprego para a Juventude DIEESE (2011)

Percebemos assim que cerca de 10 dos jovens brasileiros estatildeo inseridos no

programa o que mostra a relevacircncia e importacircncia do programa levando os

organismos governamentais a se referirem ao programa como a expressatildeo da

poliacutetica nacional de juventude

Interessante observar ainda o nuacutemero das jovens inseridas no programa

representando mais de 60 do total dos jovens participantes fato esse que pode

ser explicado em partes pelos altos iacutendices de desemprego que afetam de forma

diferente as mulheres o que evidencia a inserccedilatildeo ainda precaacuteria da mulher no

mundo do trabalho representando assim que essa pode ser uma oportunidade

importante de inserccedilatildeo no mercado de trabalho para essas jovens

Isso mostra tambeacutem que eacute necessaacuterio pensar o ProJovem Trabalhador que leve

em consideraccedilatildeo as especificidades de ser uma jovem mulher natildeo soacute no que se

refere agrave inserccedilatildeo no mercado de trabalho que eacute objetivo do programa mas tambeacutem

na permanecircncia dessa jovem no programa em quais condiccedilotildees satildeo ofertadas para

isso e principalmente num acompanhamento posterior

Um uacuteltimo dado que natildeo podemos deixar de comentar mesmo que sucintamente se

refere agrave questatildeo da renda Como mostra a tabela abaixo dos jovens inseridos no

ProJovem Trabalhador o percentual de jovens que recebem ou jaacute receberam outros

benefiacutecios sociais eacute relativamente pequeno apenas na regiatildeo Nordeste o iacutendice eacute

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um pouco maior (377) nas demais regiotildees os iacutendices ficam em torno de 15

Esses dados podem mostrar que esses jovens estatildeo quase que totalmente

desassistidos com relaccedilatildeo aos direitos sociais uma vez que ficaram agrave margem do

sistema escolar estatildeo fora do mercado de trabalho (ou inseridos precariamente) e

tambeacutem natildeo satildeo assistidos pelos programas de Assistecircncia Social ou seja satildeo

jovens que estatildeo expostos a uma grande violecircncia urbana de desproteccedilatildeo social

QUADRO 15 - PROPORCcedilAtildeO DE JOVENS CADASTRADOS QUE TEcircM ALGUM MEMBRO DA FAMIacuteLIA QUE RECEBEU AUXIacuteLIO DO GOVERNO

Brasil Grandes Regiotildees e Unidades da Federaccedilatildeo

PERCENTUAL

Norte 165

Nordeste 377

Sudeste 127

Sul 120

Centro Oeste 145

Brasil 210

Fonte MTE Departamento de Poliacuteticas de Trabalho e Emprego para a Juventude Elaboraccedilatildeo DIEESE Obs O total Brasil inclui jovens cadastrados sem informaccedilatildeo para UF DIEESE (2011)

Observando o quadro abaixo que trata especialmente da renda a descriccedilatildeo acima

se fortalece Podemos ver que entre os jovens da populaccedilatildeo rural o salaacuterio em

2010 era em meacutedia de pouco mais de um salaacuterio miacutenimo e dos jovens da zona

urbana a meacutedia no mesmo periacuteodo era de dois salaacuterios miacutenimos

QUADRO 16 - RENDA FAMILIAR DO JOVEM CADASTRADO NO PROGRAMA 2010 BRASIL E GRANDES REGIOtildeES - 2010 (EM )

RURAL R$ 63700

URBANA R$ 104200

TOTAL R$ 103000

Fonte MTE Departamento de Poliacuteticas de Trabalho e Emprego para a Juventude Elaboraccedilatildeo DIEESE (2011)

Percebemos assim que o jovem inserido no programa aleacutem de ter as caracteriacutesticas

que satildeo preacute-requisitos para a entrada no programa tais quais situaccedilatildeo de

desemprego e com renda familiar per capita de ateacute um salaacuterio miacutenimo a maioria dos

jovens inseridos no programa satildeo mulheres de etnia parda entre 18 a 24 anos e

que vecircm de uma histoacuteria de desproteccedilatildeo social

Os jovens inscritos no programa recebem um auxiacutelio financeiro no valor de R$

10000 (cem reais) mensais de caraacuteter temporaacuterio que natildeo podem ser cumulativos

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a outros benefiacutecios sociais de programas federais de natureza semelhante18

devendo o jovem optar por um deles O valor eacute repassado diretamente do governo

federal para os beneficiados do programa atraveacutes de uma conta bancaacuteria O auxiacutelio

poderaacute ser suspenso nas seguintes situaccedilotildees a) recebimento de benefiacutecio de

natureza semelhante de outros programas federais b) frequecircncia mensal abaixo de

75 nas atividades19 c) natildeo atendimento de outras condiccedilotildees da modalidade

(Brasil 2008)

O ProJovem seguindo a loacutegica das demais poliacuteticas sociais utiliza da transferecircncia

de renda articulada ao cumprimento de algumas condicionalidades20 e a principal

delas se relaciona agrave ampliaccedilatildeo da escolaridade e a qualificaccedilatildeo profissional

Analisando a questatildeo da transferecircncia de renda podemos observar que na Ameacuterica

Latina os programas de transferecircncia entram como substituto da ausecircncia de

rendimentos provocada pelo desemprego ou o emprego precarizado confirmando a

centralidade do indiviacuteduo e a responsabilizaccedilatildeo da sociedade (STEIN 2008) e

ganham maior destaque como forma de diminuir a incapacidade de reduzir as

desigualdades que afetam de forma especial a juventude diante da crise do trabalho

e da ausecircncia de direitos efetivamente ldquo[] assegurados do acesso ao lazer e aos

bens culturais e de um sistema educativo capaz de acolher seu novo puacuteblico

ocorrem os programas de transferecircncia de renda aos jovens incapazes por si soacute de

assegurar transformaccedilotildees mais densas nessas esferas []rdquo (SPOSITO

CORRACHANO 2005 p 20) Algumas avaliaccedilotildees apontam o quanto essa renda

tem sido importante para os jovens mesmo que ainda seja percebida como privileacutegio

e natildeo como direito

Jaacute no que se refere agrave ampliaccedilatildeo da escolarizaccedilatildeo aparentemente ela pode ser

percebida como um avanccedilo pois representa do ponto de vista do ato individual e

isolado a perspectiva do acesso agrave educaccedilatildeo que muitas vezes eacute negada agrave juventude

18

Consideram-se de natureza semelhante ao auxiacutelio financeiro mensal a que se refere o caput os benefiacutecios pagos por programas federais dirigidos a indiviacuteduos da mesma faixa etaacuteria do ProJovem (Inciso 5ordm do Artigo 47 da Lei 6629 de novembro de 2008) 19

Para fins da certificaccedilatildeo profissional dos jovens e de pagamento do auxiacutelio financeiro exigir-se-aacute frequecircncia mensal miacutenima de setenta e cinco por cento nas accedilotildees de qualificaccedilatildeo 20

A criaccedilatildeo de condicionalidades para acesso agraves poliacuteticas sociais retomam os seus aspectos mais conservadores uma vez que elas deixam de se configurar como direito

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das classes que vivem do trabalho Entretanto precisamos considerar que o simples

acesso agrave escola por si soacute natildeo garante educaccedilatildeo de qualidade e ainda que natildeo se

resolve o problema com os jovens tornando-os mais ldquoempregaacuteveisrdquo se novos

empregos natildeo satildeo criados

Precisamos considerar ainda que [] a maioria natildeo eacute pobre porque natildeo tem boa

educaccedilatildeo mas na realidade natildeo consegue boa educaccedilatildeo porque eacute pobre

(FRIGOTO 2004 p 192) Natildeo queremos negar a educaccedilatildeo como um direito

elementar e muito menos o potencial de emancipaccedilatildeo que a educaccedilatildeo comporta

pretendemos apenas alertar que um diagnoacutestico equivocado pode trazer respostas

equivocadas Concordamos com Frigotto (2004 p 194) quando afirma que ldquo[] a

crenccedila de que o problema eacute conjuntural pode conduzir a poliacuteticas puacuteblicas

focalizadas e de natureza filantroacutepica ou de administraccedilatildeo e controle da pobreza

sem atentar para poliacuteticas que atacam as estruturas produtoras da desigualdaderdquo A

pobreza nesse contexto passa a ser vista com ausecircncia de capacidades individuais

logo a poliacutetica social se transforma numa estrateacutegia para inserir os pobres no

mercado de trabalho

Ainda sobre essa questatildeo Sposito et al (2006) nos convida agrave analisarmos com

cuidado uma vez que os jovens usuaacuterios dos programas sociais voltados para a

juventude satildeo os mesmos que foram precocemente excluiacutedos da escola (seja por

distorccedilatildeo de seacuterie idade ou outro fator) Logo a mera exigecircncia de retorno agrave mesma

escola que natildeo foi capaz de lidar com essas situaccedilotildees eacute no miacutenimo manter os

processos de segregaccedilatildeo (SPOSITO et al 2006) Segundo os autores podemos

constatar duas consequecircncias desse fato uma eacute o paralelismo das atividades de

caraacuteter socioeducativo que natildeo se articula com a rede puacuteblica de ensino e a outra eacute

a total ausecircncia das poliacuteticas de educaccedilatildeo que se articulem com os programas

sociais para a juventude de modo a redefinir o tipo de proposta de escolaridade

adequada a esses jovens (SPOSITO et al 2006)

Eacute importante mostrar ainda a tendecircncia de valorizaccedilatildeo da socioeducaccedilatildeo contidas

nos programas que natildeo eacute acompanhada das justificativas que induzem a essa

adesatildeo indicando haver uma deficiecircncia nos sistemas de ensino natildeo soacute no campo

pedagoacutegico mas tambeacutem na funccedilatildeo socializadora da escola que natildeo formaria para

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a cidadania21 (SPOSITO et al 2006) fato que estaria criando segundo esses

autores uma via paralela de educaccedilatildeo natildeo-escolar para jovens pobres o que os

leva a questionar se essa via estaria oferecendo uma proposta melhor que a rede

puacuteblica Sendo a resposta afirmativa por que natildeo a articular com o sistema de

ensino Se a resposta for negativa nos faz crer que se trata apenas de ocupar o

tempo livre dos jovens dos bairros pobres

Natildeo podemos deixar de tratar ainda sobre a questatildeo dos instrutores A pesquisa

apresentada por Sposito et al (2006) afirma que as atividades em geral satildeo

realizadas com uma base material precaacuteria e com baixa formaccedilatildeo teacutecnica ou mesmo

escolar que sempre inclui palestras cursos e oficinas Em alguns casos os

programas propotildeem uma formaccedilatildeo geral voltada para a cidadania e outra com foco

no aprendizado de habilidades para o mercado do trabalho

Partindo do que foi apresentado nessa pesquisa citada acima haacute duas grandes

orientaccedilotildees em torno do adolescente pobre e outra em torno do jovem pobre Para

os autores apoacutes anos de promulgaccedilatildeo do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente jaacute

satildeo visiacuteveis os avanccedilos que fazem com que os direitos da crianccedila

independentemente de sua condiccedilatildeo social (ter uma famiacutelia agrave escola sauacutede

proteccedilatildeo do Estado) sejam reconhecidos socialmente mesmo que ainda precisem

ser disputados mas jaacute satildeo reconhecidos

Contudo o mesmo natildeo acontece com os jovens pobres pois para eles eacute impelida

uma imagem que impede o reconhecimento social de seus direitos para esses satildeo

reservadas as accedilotildees de inserccedilatildeo social compensatoacuterias e alto teor socioeducativo

esses satildeo chamados de adolescentes pobres que continuam a ocupar o natildeo-lugar

e soacute se tornam visiacuteveis pela ameaccedila ou pelo risco provocados na sociedade Aos

outros que podem usufruir de alguns direitos mesmo que minimamente o termo

jovem passa a ser fortemente aplicado (SPOSITO et al 2006) evidenciando que as

21

A cidadania como eacute tratada aparece como um conceito muito mais ligado a uma ideia de atividade socializadora com ecircnfase no civismo e no aprendizado de certos valores importantes para essa civilidade o que acaba esvaziando os conteuacutedos da cidadania ligados agrave ideia de direitos prevalecendo a pressuposiccedilatildeo de que jovens e adolescentes pobres - precisam ser atingidos por alguma accedilatildeo que lhes ensine algo (SPOSITO et al 2006)

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poliacuteticas de juventude estatildeo fortemente marcadas pelas concepccedilotildees de juventude

mas sobretudo pelas concepccedilotildees sobre os jovens pobres

Outro aspecto a ser destacado eacute o caraacuteter transitoacuterio das accedilotildees (em meacutedia 02 anos)

natildeo se configurando enquanto uma poliacutetica puacuteblica mantendo o cariz de programa

numa proposta de poliacutetica emergencial para a juventude que mina a construccedilatildeo de

uma poliacutetica puacuteblica nacional e ainda dificultando a avaliaccedilatildeo seacuteria de tais

programas22 (SPOSITO CORRACHANO 2005)

A fragmentaccedilatildeo tambeacutem eacute uma caracteriacutestica marcante no ProJovem Trabalhador

mantendo a visatildeo das poliacuteticas de juventude como um conjunto de caixinhas

isoladas em disputa impedindo o diaacutelogo entre elas cada modalidade estaacute sob

orientaccedilatildeo de um Ministeacuterio diferente e natildeo articulaccedilatildeo entre as modalidades O

caraacuteter fragmentaacuterio das poliacuteticas de juventude se explicita na focalizaccedilatildeo das

diretrizes ldquojovem temaacuteticordquo que expressa o puacuteblico alvo das accedilotildees desenvolvidas

nos diferentes ministeacuterios assim tem-se ldquoo jovem-alunordquo o ldquojovem-filhordquo o ldquojovem-

infratorrdquo a ldquojovem-matildeerdquo ldquoa jovem-que-natildeo-queremos-que-seja-matildeerdquo o rdquojovem-ruralrdquo

e outros (CARRANO 2012)

A transversalizaccedilatildeo dos programas seria uma estrateacutegia de superaccedilatildeo dessa

caracteriacutestica o que requisitaria ldquo[] repensar e fortalecer um pacto pela juventude

que parta da Secretaria Nacional da Juventude e consiga chegar ateacute onde o jovem

estaacute no municiacutepio no bairro e o conecte com o governo federalrdquo (SPOSITO 2012

p 225) pois eacute extremamente importante construir uma rede de atenccedilatildeo para os

jovens que conectem as poliacuteticas municipais estaduais e federais num diaacutelogo

permanente neste sentido as poliacuteticas para esse segmento natildeo devem

simplesmente reproduzir as poliacuteticas de acircmbito nacional elas devem ser efetivadas

e assumidas em todos os acircmbitos de accedilatildeo

Outra questatildeo que aparece no ProJovem Trabalhador comum agraves demais poliacuteticas

destinadas aos jovens eacute que as accedilotildees tecircm se destinado muito mais a oferecer o

que se instituiu como necessidades dos jovens e natildeo aquilo que o jovem apresentou

ou demandou como uma necessidade sua Os jovens precisam de espaccedilo natildeo soacute

22

No caso do ProJovem Trabalhador o programa tem previsatildeo para ser executado em 06 meses

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para receber os projetos jaacute preconcebidos mas sobretudo para dizer o que

precisam individual e coletivamente Para esse autor as accedilotildees destinadas aos

jovens emergem simultaneamente agrave criaccedilatildeo de personagens sociais (protagonistas

empreendedores e outros) de pouco diaacutelogo que atendam muito mais aos interesses

e modelos de poliacuteticas das agecircncias internacionais de desenvolvimento (CARRANO

2012)

Outra questatildeo a ser problematizada eacute que o programa definiu como meta miacutenima a

inserccedilatildeo de no miacutenimo 30 dos jovens no mundo do trabalho sendo admitidas as

seguintes formas de inserccedilatildeo a) emprego formal (comprovado atraveacutes de coacutepias da

carteira assinada dos jovens) b) estaacutegio ou jovem aprendiz (comprovado atraveacutes de

coacutepias dos contratos) c) ou formas alternativas geradoras de renda (Brasil 2008)

Questionamos ateacute que ponto essas possibilidades podem ser entendidas como

estrateacutegias de inserccedilatildeo no mundo do trabalho eou de superaccedilatildeo da precarizaccedilatildeo

das condiccedilotildees de trabalho dos jovens Quais satildeo os viacutenculos de trabalho Qual a

meacutedia de salaacuterio Quais as condiccedilotildees de trabalho Qual a permanecircncia dos jovens

nesses viacutenculos

Reconhecendo a importacircncia dessa estrateacutegia para a sobrevivecircncia dos jovens natildeo

podemos deixar de considerar que ela tambeacutem natildeo deixa de fazer parte de um

processo de naturalizaccedilatildeo das mudanccedilas no mundo do trabalho que culmina na

responsabilizaccedilatildeo dos proacuteprios trabalhadores Eles satildeo convencidos de que eles eacute

que natildeo tecircm grande coisa para vender ou natildeo sabem como vendecirc-la ndash ou seja natildeo

tem ldquocapital humanordquo ocultando desse modo todas as estruturas de distribuiccedilatildeo

desigual e apropriaccedilatildeo desigual dos recursos materiais sociais culturais e

simboacutelicos de nossa sociedade Esse fato faz com que o ldquo[] ldquocapital humanordquo de

um jovem oriundo do contexto popular da ldquoperiferiardquo tenha pouca chance de

equivaler ao de um jovem saiacutedo de um meio privilegiadordquo (BIHR 2007)

Nessa perspectiva o empreendedorismo tambeacutem aparece como estrateacutegia mas na

verdade se assemelha mais a danccedila das cadeiras quando a muacutesica para haacute mais

pessoas de peacute do que cadeiras disponiacuteveis para sentar (POCHAMANN 2005) Em

alguns casos empresas e o Estado ateacute destinam alguns recursos para esses fins

que satildeo ldquo[] importantes mas absolutamente incapazes de gerar mais postos de

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trabalho Uma contribuiccedilatildeo digamos para o ldquosalve-se quem puderrdquo (MATTOSO

1999 p20)

Fato que expressa bem a responsabilizaccedilatildeo do indiviacuteduo por sua situaccedilatildeo de

emprego e desemprego numa clara tentativa de transferir riscos e

responsabilidades ao trabalhador fazendo com que ele assuma a sua

empregabilidade por meio de formaccedilatildeo profissional qualificaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo

Deslocando assim a responsabilidade social do Estado para o plano individual onde

natildeo haacute poliacutetica de emprego apenas indiviacuteduos empregaacuteveis ou natildeo Os indiviacuteduos

afetados pela loacutegica da competiccedilatildeo por empregos inseguros comeccedilam a adaptar-se

a novas condutas psicoloacutegicas do perfil do ldquovencedorrdquo (COSTA 2005)

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A anaacutelise do ProJovem Trabalhador mostra que o programa eacute importante no

cotidiano desses jovens como um instrumento na efetivaccedilatildeo de direitos sociais e

mecanismo de sobrevivecircncia e evidencia que os avanccedilos das poliacuteticas de juventude

no paiacutes natildeo soacute em quantidade mas tambeacutem em qualidade se comparadas com as

experiecircncias anteriores

No entanto ainda haacute muito o que caminhar Podemos dizer que o programa

expressa o perfil das poliacuteticas sociais contemporacircneas Fragmentaccedilatildeo

descentralizaccedilatildeo focalizaccedilatildeo descontinuidade ausecircncia de pesquisas e avaliaccedilotildees

e privatizaccedilatildeo Caracteriacutesticas que precisam ser explicitadas e disputadas na cena

puacuteblica juntamente com as demais poliacuteticas sociais

Para que as poliacuteticas de juventude se transformem em poliacuteticas para a juventude eacute

preciso sair desse ciclo de vitimizaccedilatildeocriminalizaccedilatildeo voluntariadoencerramento ou

prevenccedilatildeorepressatildeo (BATISTA 2007) Para isso eacute necessaacuterio transformar esses

problemas sociais da juventude em problemas socioloacutegicos Esse eacute um exerciacutecio de

interrogaccedilatildeo que gera como produto a incerteza de afirmaccedilotildees antes dadas como

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inquestionaacuteveis Sem o questionamento a juventude se torna um quase bdquomito‟ e

para esse mito eacute necessaacuterio ldquopenetrar no cotidiano do jovemrdquo e questionar ldquo[]

sentiratildeo os jovens estes problemas como seus problemasrdquo (PAIS 2003 p34)

Mas sobretudo eacute preciso dotar de precisotildees conceituais acerca do tema juventude

de modo a iluminarmos os processos de construccedilatildeo de marcos poliacuteticos em

coerecircncia com os marcos conceituais os discursos e programaacuteticas deixando de

conceber aos jovens sobre ldquo[] a noccedilatildeo de um jovem problema e carente visatildeo

que tende agrave geraccedilatildeo de um determinado tipo de poliacutetica de juventude de natureza

compensatoacuteriardquo (LEacuteON 2005 p88)

Fica evidente ainda que a juventude cumpre um papel na atual sociedade

capitalista a de compor a grande massa do exeacutercito industrial de reserva quando a

poliacutetica social para a juventude em especial os programas de transferecircncia de renda

como o ProJovem Trabalhador acabam assumindo o papel de garantir mecanismos

de sobrevivecircncia dos sujeitos juvenis uma vez que natildeo eacute possiacutevel assegurar a

sobrevivecircncia desse segmento da classe trabalhadora atraveacutes da inserccedilatildeo no

trabalho

Abstract Analyze the ProJovem Worker program as one of coping policies changes in the workplace that particularly affected the youth For this we will make a brief background of the relations and working conditions for this population segment and social policies aimed at this audience including the program in question identifying their progress and limits through a bibliographic and documentary research Keywords Labor Social Policy and Youth

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Perioacutedico Cientiacutefico Eletrocircnico divulgado nos programas brasileiros Stricto Sensu

(Mestrados e Doutorados) e em universidades de 38 paiacuteses

em diversas aacutereas do conhecimento

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anos de 2010 e 2011 relacionando Juventude e Trabalho no Brasil que apresenta

resultados importantes sobre o perfil do jovem inserido no ProJovem Trabalhador e

alguns dados socioeconocircmicos sobre a juventude brasileira A primeira informaccedilatildeo eacute

sobre o nuacutemero de jovens cadastrados no programa

QUADRO 13 - NUacuteMERO DE JOVENS CADASTRADOS NO PROJOVEM

Brasil Grandes Regiotildees e Unidades da Federaccedilatildeo

HOMENS MULHERES TOTAL

Norte 13509 29524 43033

Nordeste 59095 125207 184302

Sudeste 43597 108104 151701

Sul 18187 40165 58352

Centro-Oeste 11709 35385 47094

Brasil 146097 338385 484482

Fonte MTE Departamento de Poliacuteticas de Trabalho e Emprego para a Juventude DIEESE (2011)

Percebemos assim que cerca de 10 dos jovens brasileiros estatildeo inseridos no

programa o que mostra a relevacircncia e importacircncia do programa levando os

organismos governamentais a se referirem ao programa como a expressatildeo da

poliacutetica nacional de juventude

Interessante observar ainda o nuacutemero das jovens inseridas no programa

representando mais de 60 do total dos jovens participantes fato esse que pode

ser explicado em partes pelos altos iacutendices de desemprego que afetam de forma

diferente as mulheres o que evidencia a inserccedilatildeo ainda precaacuteria da mulher no

mundo do trabalho representando assim que essa pode ser uma oportunidade

importante de inserccedilatildeo no mercado de trabalho para essas jovens

Isso mostra tambeacutem que eacute necessaacuterio pensar o ProJovem Trabalhador que leve

em consideraccedilatildeo as especificidades de ser uma jovem mulher natildeo soacute no que se

refere agrave inserccedilatildeo no mercado de trabalho que eacute objetivo do programa mas tambeacutem

na permanecircncia dessa jovem no programa em quais condiccedilotildees satildeo ofertadas para

isso e principalmente num acompanhamento posterior

Um uacuteltimo dado que natildeo podemos deixar de comentar mesmo que sucintamente se

refere agrave questatildeo da renda Como mostra a tabela abaixo dos jovens inseridos no

ProJovem Trabalhador o percentual de jovens que recebem ou jaacute receberam outros

benefiacutecios sociais eacute relativamente pequeno apenas na regiatildeo Nordeste o iacutendice eacute

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um pouco maior (377) nas demais regiotildees os iacutendices ficam em torno de 15

Esses dados podem mostrar que esses jovens estatildeo quase que totalmente

desassistidos com relaccedilatildeo aos direitos sociais uma vez que ficaram agrave margem do

sistema escolar estatildeo fora do mercado de trabalho (ou inseridos precariamente) e

tambeacutem natildeo satildeo assistidos pelos programas de Assistecircncia Social ou seja satildeo

jovens que estatildeo expostos a uma grande violecircncia urbana de desproteccedilatildeo social

QUADRO 15 - PROPORCcedilAtildeO DE JOVENS CADASTRADOS QUE TEcircM ALGUM MEMBRO DA FAMIacuteLIA QUE RECEBEU AUXIacuteLIO DO GOVERNO

Brasil Grandes Regiotildees e Unidades da Federaccedilatildeo

PERCENTUAL

Norte 165

Nordeste 377

Sudeste 127

Sul 120

Centro Oeste 145

Brasil 210

Fonte MTE Departamento de Poliacuteticas de Trabalho e Emprego para a Juventude Elaboraccedilatildeo DIEESE Obs O total Brasil inclui jovens cadastrados sem informaccedilatildeo para UF DIEESE (2011)

Observando o quadro abaixo que trata especialmente da renda a descriccedilatildeo acima

se fortalece Podemos ver que entre os jovens da populaccedilatildeo rural o salaacuterio em

2010 era em meacutedia de pouco mais de um salaacuterio miacutenimo e dos jovens da zona

urbana a meacutedia no mesmo periacuteodo era de dois salaacuterios miacutenimos

QUADRO 16 - RENDA FAMILIAR DO JOVEM CADASTRADO NO PROGRAMA 2010 BRASIL E GRANDES REGIOtildeES - 2010 (EM )

RURAL R$ 63700

URBANA R$ 104200

TOTAL R$ 103000

Fonte MTE Departamento de Poliacuteticas de Trabalho e Emprego para a Juventude Elaboraccedilatildeo DIEESE (2011)

Percebemos assim que o jovem inserido no programa aleacutem de ter as caracteriacutesticas

que satildeo preacute-requisitos para a entrada no programa tais quais situaccedilatildeo de

desemprego e com renda familiar per capita de ateacute um salaacuterio miacutenimo a maioria dos

jovens inseridos no programa satildeo mulheres de etnia parda entre 18 a 24 anos e

que vecircm de uma histoacuteria de desproteccedilatildeo social

Os jovens inscritos no programa recebem um auxiacutelio financeiro no valor de R$

10000 (cem reais) mensais de caraacuteter temporaacuterio que natildeo podem ser cumulativos

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a outros benefiacutecios sociais de programas federais de natureza semelhante18

devendo o jovem optar por um deles O valor eacute repassado diretamente do governo

federal para os beneficiados do programa atraveacutes de uma conta bancaacuteria O auxiacutelio

poderaacute ser suspenso nas seguintes situaccedilotildees a) recebimento de benefiacutecio de

natureza semelhante de outros programas federais b) frequecircncia mensal abaixo de

75 nas atividades19 c) natildeo atendimento de outras condiccedilotildees da modalidade

(Brasil 2008)

O ProJovem seguindo a loacutegica das demais poliacuteticas sociais utiliza da transferecircncia

de renda articulada ao cumprimento de algumas condicionalidades20 e a principal

delas se relaciona agrave ampliaccedilatildeo da escolaridade e a qualificaccedilatildeo profissional

Analisando a questatildeo da transferecircncia de renda podemos observar que na Ameacuterica

Latina os programas de transferecircncia entram como substituto da ausecircncia de

rendimentos provocada pelo desemprego ou o emprego precarizado confirmando a

centralidade do indiviacuteduo e a responsabilizaccedilatildeo da sociedade (STEIN 2008) e

ganham maior destaque como forma de diminuir a incapacidade de reduzir as

desigualdades que afetam de forma especial a juventude diante da crise do trabalho

e da ausecircncia de direitos efetivamente ldquo[] assegurados do acesso ao lazer e aos

bens culturais e de um sistema educativo capaz de acolher seu novo puacuteblico

ocorrem os programas de transferecircncia de renda aos jovens incapazes por si soacute de

assegurar transformaccedilotildees mais densas nessas esferas []rdquo (SPOSITO

CORRACHANO 2005 p 20) Algumas avaliaccedilotildees apontam o quanto essa renda

tem sido importante para os jovens mesmo que ainda seja percebida como privileacutegio

e natildeo como direito

Jaacute no que se refere agrave ampliaccedilatildeo da escolarizaccedilatildeo aparentemente ela pode ser

percebida como um avanccedilo pois representa do ponto de vista do ato individual e

isolado a perspectiva do acesso agrave educaccedilatildeo que muitas vezes eacute negada agrave juventude

18

Consideram-se de natureza semelhante ao auxiacutelio financeiro mensal a que se refere o caput os benefiacutecios pagos por programas federais dirigidos a indiviacuteduos da mesma faixa etaacuteria do ProJovem (Inciso 5ordm do Artigo 47 da Lei 6629 de novembro de 2008) 19

Para fins da certificaccedilatildeo profissional dos jovens e de pagamento do auxiacutelio financeiro exigir-se-aacute frequecircncia mensal miacutenima de setenta e cinco por cento nas accedilotildees de qualificaccedilatildeo 20

A criaccedilatildeo de condicionalidades para acesso agraves poliacuteticas sociais retomam os seus aspectos mais conservadores uma vez que elas deixam de se configurar como direito

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das classes que vivem do trabalho Entretanto precisamos considerar que o simples

acesso agrave escola por si soacute natildeo garante educaccedilatildeo de qualidade e ainda que natildeo se

resolve o problema com os jovens tornando-os mais ldquoempregaacuteveisrdquo se novos

empregos natildeo satildeo criados

Precisamos considerar ainda que [] a maioria natildeo eacute pobre porque natildeo tem boa

educaccedilatildeo mas na realidade natildeo consegue boa educaccedilatildeo porque eacute pobre

(FRIGOTO 2004 p 192) Natildeo queremos negar a educaccedilatildeo como um direito

elementar e muito menos o potencial de emancipaccedilatildeo que a educaccedilatildeo comporta

pretendemos apenas alertar que um diagnoacutestico equivocado pode trazer respostas

equivocadas Concordamos com Frigotto (2004 p 194) quando afirma que ldquo[] a

crenccedila de que o problema eacute conjuntural pode conduzir a poliacuteticas puacuteblicas

focalizadas e de natureza filantroacutepica ou de administraccedilatildeo e controle da pobreza

sem atentar para poliacuteticas que atacam as estruturas produtoras da desigualdaderdquo A

pobreza nesse contexto passa a ser vista com ausecircncia de capacidades individuais

logo a poliacutetica social se transforma numa estrateacutegia para inserir os pobres no

mercado de trabalho

Ainda sobre essa questatildeo Sposito et al (2006) nos convida agrave analisarmos com

cuidado uma vez que os jovens usuaacuterios dos programas sociais voltados para a

juventude satildeo os mesmos que foram precocemente excluiacutedos da escola (seja por

distorccedilatildeo de seacuterie idade ou outro fator) Logo a mera exigecircncia de retorno agrave mesma

escola que natildeo foi capaz de lidar com essas situaccedilotildees eacute no miacutenimo manter os

processos de segregaccedilatildeo (SPOSITO et al 2006) Segundo os autores podemos

constatar duas consequecircncias desse fato uma eacute o paralelismo das atividades de

caraacuteter socioeducativo que natildeo se articula com a rede puacuteblica de ensino e a outra eacute

a total ausecircncia das poliacuteticas de educaccedilatildeo que se articulem com os programas

sociais para a juventude de modo a redefinir o tipo de proposta de escolaridade

adequada a esses jovens (SPOSITO et al 2006)

Eacute importante mostrar ainda a tendecircncia de valorizaccedilatildeo da socioeducaccedilatildeo contidas

nos programas que natildeo eacute acompanhada das justificativas que induzem a essa

adesatildeo indicando haver uma deficiecircncia nos sistemas de ensino natildeo soacute no campo

pedagoacutegico mas tambeacutem na funccedilatildeo socializadora da escola que natildeo formaria para

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a cidadania21 (SPOSITO et al 2006) fato que estaria criando segundo esses

autores uma via paralela de educaccedilatildeo natildeo-escolar para jovens pobres o que os

leva a questionar se essa via estaria oferecendo uma proposta melhor que a rede

puacuteblica Sendo a resposta afirmativa por que natildeo a articular com o sistema de

ensino Se a resposta for negativa nos faz crer que se trata apenas de ocupar o

tempo livre dos jovens dos bairros pobres

Natildeo podemos deixar de tratar ainda sobre a questatildeo dos instrutores A pesquisa

apresentada por Sposito et al (2006) afirma que as atividades em geral satildeo

realizadas com uma base material precaacuteria e com baixa formaccedilatildeo teacutecnica ou mesmo

escolar que sempre inclui palestras cursos e oficinas Em alguns casos os

programas propotildeem uma formaccedilatildeo geral voltada para a cidadania e outra com foco

no aprendizado de habilidades para o mercado do trabalho

Partindo do que foi apresentado nessa pesquisa citada acima haacute duas grandes

orientaccedilotildees em torno do adolescente pobre e outra em torno do jovem pobre Para

os autores apoacutes anos de promulgaccedilatildeo do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente jaacute

satildeo visiacuteveis os avanccedilos que fazem com que os direitos da crianccedila

independentemente de sua condiccedilatildeo social (ter uma famiacutelia agrave escola sauacutede

proteccedilatildeo do Estado) sejam reconhecidos socialmente mesmo que ainda precisem

ser disputados mas jaacute satildeo reconhecidos

Contudo o mesmo natildeo acontece com os jovens pobres pois para eles eacute impelida

uma imagem que impede o reconhecimento social de seus direitos para esses satildeo

reservadas as accedilotildees de inserccedilatildeo social compensatoacuterias e alto teor socioeducativo

esses satildeo chamados de adolescentes pobres que continuam a ocupar o natildeo-lugar

e soacute se tornam visiacuteveis pela ameaccedila ou pelo risco provocados na sociedade Aos

outros que podem usufruir de alguns direitos mesmo que minimamente o termo

jovem passa a ser fortemente aplicado (SPOSITO et al 2006) evidenciando que as

21

A cidadania como eacute tratada aparece como um conceito muito mais ligado a uma ideia de atividade socializadora com ecircnfase no civismo e no aprendizado de certos valores importantes para essa civilidade o que acaba esvaziando os conteuacutedos da cidadania ligados agrave ideia de direitos prevalecendo a pressuposiccedilatildeo de que jovens e adolescentes pobres - precisam ser atingidos por alguma accedilatildeo que lhes ensine algo (SPOSITO et al 2006)

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poliacuteticas de juventude estatildeo fortemente marcadas pelas concepccedilotildees de juventude

mas sobretudo pelas concepccedilotildees sobre os jovens pobres

Outro aspecto a ser destacado eacute o caraacuteter transitoacuterio das accedilotildees (em meacutedia 02 anos)

natildeo se configurando enquanto uma poliacutetica puacuteblica mantendo o cariz de programa

numa proposta de poliacutetica emergencial para a juventude que mina a construccedilatildeo de

uma poliacutetica puacuteblica nacional e ainda dificultando a avaliaccedilatildeo seacuteria de tais

programas22 (SPOSITO CORRACHANO 2005)

A fragmentaccedilatildeo tambeacutem eacute uma caracteriacutestica marcante no ProJovem Trabalhador

mantendo a visatildeo das poliacuteticas de juventude como um conjunto de caixinhas

isoladas em disputa impedindo o diaacutelogo entre elas cada modalidade estaacute sob

orientaccedilatildeo de um Ministeacuterio diferente e natildeo articulaccedilatildeo entre as modalidades O

caraacuteter fragmentaacuterio das poliacuteticas de juventude se explicita na focalizaccedilatildeo das

diretrizes ldquojovem temaacuteticordquo que expressa o puacuteblico alvo das accedilotildees desenvolvidas

nos diferentes ministeacuterios assim tem-se ldquoo jovem-alunordquo o ldquojovem-filhordquo o ldquojovem-

infratorrdquo a ldquojovem-matildeerdquo ldquoa jovem-que-natildeo-queremos-que-seja-matildeerdquo o rdquojovem-ruralrdquo

e outros (CARRANO 2012)

A transversalizaccedilatildeo dos programas seria uma estrateacutegia de superaccedilatildeo dessa

caracteriacutestica o que requisitaria ldquo[] repensar e fortalecer um pacto pela juventude

que parta da Secretaria Nacional da Juventude e consiga chegar ateacute onde o jovem

estaacute no municiacutepio no bairro e o conecte com o governo federalrdquo (SPOSITO 2012

p 225) pois eacute extremamente importante construir uma rede de atenccedilatildeo para os

jovens que conectem as poliacuteticas municipais estaduais e federais num diaacutelogo

permanente neste sentido as poliacuteticas para esse segmento natildeo devem

simplesmente reproduzir as poliacuteticas de acircmbito nacional elas devem ser efetivadas

e assumidas em todos os acircmbitos de accedilatildeo

Outra questatildeo que aparece no ProJovem Trabalhador comum agraves demais poliacuteticas

destinadas aos jovens eacute que as accedilotildees tecircm se destinado muito mais a oferecer o

que se instituiu como necessidades dos jovens e natildeo aquilo que o jovem apresentou

ou demandou como uma necessidade sua Os jovens precisam de espaccedilo natildeo soacute

22

No caso do ProJovem Trabalhador o programa tem previsatildeo para ser executado em 06 meses

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para receber os projetos jaacute preconcebidos mas sobretudo para dizer o que

precisam individual e coletivamente Para esse autor as accedilotildees destinadas aos

jovens emergem simultaneamente agrave criaccedilatildeo de personagens sociais (protagonistas

empreendedores e outros) de pouco diaacutelogo que atendam muito mais aos interesses

e modelos de poliacuteticas das agecircncias internacionais de desenvolvimento (CARRANO

2012)

Outra questatildeo a ser problematizada eacute que o programa definiu como meta miacutenima a

inserccedilatildeo de no miacutenimo 30 dos jovens no mundo do trabalho sendo admitidas as

seguintes formas de inserccedilatildeo a) emprego formal (comprovado atraveacutes de coacutepias da

carteira assinada dos jovens) b) estaacutegio ou jovem aprendiz (comprovado atraveacutes de

coacutepias dos contratos) c) ou formas alternativas geradoras de renda (Brasil 2008)

Questionamos ateacute que ponto essas possibilidades podem ser entendidas como

estrateacutegias de inserccedilatildeo no mundo do trabalho eou de superaccedilatildeo da precarizaccedilatildeo

das condiccedilotildees de trabalho dos jovens Quais satildeo os viacutenculos de trabalho Qual a

meacutedia de salaacuterio Quais as condiccedilotildees de trabalho Qual a permanecircncia dos jovens

nesses viacutenculos

Reconhecendo a importacircncia dessa estrateacutegia para a sobrevivecircncia dos jovens natildeo

podemos deixar de considerar que ela tambeacutem natildeo deixa de fazer parte de um

processo de naturalizaccedilatildeo das mudanccedilas no mundo do trabalho que culmina na

responsabilizaccedilatildeo dos proacuteprios trabalhadores Eles satildeo convencidos de que eles eacute

que natildeo tecircm grande coisa para vender ou natildeo sabem como vendecirc-la ndash ou seja natildeo

tem ldquocapital humanordquo ocultando desse modo todas as estruturas de distribuiccedilatildeo

desigual e apropriaccedilatildeo desigual dos recursos materiais sociais culturais e

simboacutelicos de nossa sociedade Esse fato faz com que o ldquo[] ldquocapital humanordquo de

um jovem oriundo do contexto popular da ldquoperiferiardquo tenha pouca chance de

equivaler ao de um jovem saiacutedo de um meio privilegiadordquo (BIHR 2007)

Nessa perspectiva o empreendedorismo tambeacutem aparece como estrateacutegia mas na

verdade se assemelha mais a danccedila das cadeiras quando a muacutesica para haacute mais

pessoas de peacute do que cadeiras disponiacuteveis para sentar (POCHAMANN 2005) Em

alguns casos empresas e o Estado ateacute destinam alguns recursos para esses fins

que satildeo ldquo[] importantes mas absolutamente incapazes de gerar mais postos de

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trabalho Uma contribuiccedilatildeo digamos para o ldquosalve-se quem puderrdquo (MATTOSO

1999 p20)

Fato que expressa bem a responsabilizaccedilatildeo do indiviacuteduo por sua situaccedilatildeo de

emprego e desemprego numa clara tentativa de transferir riscos e

responsabilidades ao trabalhador fazendo com que ele assuma a sua

empregabilidade por meio de formaccedilatildeo profissional qualificaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo

Deslocando assim a responsabilidade social do Estado para o plano individual onde

natildeo haacute poliacutetica de emprego apenas indiviacuteduos empregaacuteveis ou natildeo Os indiviacuteduos

afetados pela loacutegica da competiccedilatildeo por empregos inseguros comeccedilam a adaptar-se

a novas condutas psicoloacutegicas do perfil do ldquovencedorrdquo (COSTA 2005)

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A anaacutelise do ProJovem Trabalhador mostra que o programa eacute importante no

cotidiano desses jovens como um instrumento na efetivaccedilatildeo de direitos sociais e

mecanismo de sobrevivecircncia e evidencia que os avanccedilos das poliacuteticas de juventude

no paiacutes natildeo soacute em quantidade mas tambeacutem em qualidade se comparadas com as

experiecircncias anteriores

No entanto ainda haacute muito o que caminhar Podemos dizer que o programa

expressa o perfil das poliacuteticas sociais contemporacircneas Fragmentaccedilatildeo

descentralizaccedilatildeo focalizaccedilatildeo descontinuidade ausecircncia de pesquisas e avaliaccedilotildees

e privatizaccedilatildeo Caracteriacutesticas que precisam ser explicitadas e disputadas na cena

puacuteblica juntamente com as demais poliacuteticas sociais

Para que as poliacuteticas de juventude se transformem em poliacuteticas para a juventude eacute

preciso sair desse ciclo de vitimizaccedilatildeocriminalizaccedilatildeo voluntariadoencerramento ou

prevenccedilatildeorepressatildeo (BATISTA 2007) Para isso eacute necessaacuterio transformar esses

problemas sociais da juventude em problemas socioloacutegicos Esse eacute um exerciacutecio de

interrogaccedilatildeo que gera como produto a incerteza de afirmaccedilotildees antes dadas como

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inquestionaacuteveis Sem o questionamento a juventude se torna um quase bdquomito‟ e

para esse mito eacute necessaacuterio ldquopenetrar no cotidiano do jovemrdquo e questionar ldquo[]

sentiratildeo os jovens estes problemas como seus problemasrdquo (PAIS 2003 p34)

Mas sobretudo eacute preciso dotar de precisotildees conceituais acerca do tema juventude

de modo a iluminarmos os processos de construccedilatildeo de marcos poliacuteticos em

coerecircncia com os marcos conceituais os discursos e programaacuteticas deixando de

conceber aos jovens sobre ldquo[] a noccedilatildeo de um jovem problema e carente visatildeo

que tende agrave geraccedilatildeo de um determinado tipo de poliacutetica de juventude de natureza

compensatoacuteriardquo (LEacuteON 2005 p88)

Fica evidente ainda que a juventude cumpre um papel na atual sociedade

capitalista a de compor a grande massa do exeacutercito industrial de reserva quando a

poliacutetica social para a juventude em especial os programas de transferecircncia de renda

como o ProJovem Trabalhador acabam assumindo o papel de garantir mecanismos

de sobrevivecircncia dos sujeitos juvenis uma vez que natildeo eacute possiacutevel assegurar a

sobrevivecircncia desse segmento da classe trabalhadora atraveacutes da inserccedilatildeo no

trabalho

Abstract Analyze the ProJovem Worker program as one of coping policies changes in the workplace that particularly affected the youth For this we will make a brief background of the relations and working conditions for this population segment and social policies aimed at this audience including the program in question identifying their progress and limits through a bibliographic and documentary research Keywords Labor Social Policy and Youth

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Processo de Avaliaccedilatildeo por Pares (Blind Review - Anaacutelise do Texto Anocircnimo)

Publicado na Revista Vozes dos Vales - wwwufvjmedubrvozes em 10102016

Revista Cientiacutefica Vozes dos Vales - UFVJM - Minas Gerais - Brasil

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UFVJM 1202095-2011 - QUALISCAPES - LATINDEX 22524 - ISSN 2238-6424

Perioacutedico Cientiacutefico Eletrocircnico divulgado nos programas brasileiros Stricto Sensu

(Mestrados e Doutorados) e em universidades de 38 paiacuteses

em diversas aacutereas do conhecimento

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um pouco maior (377) nas demais regiotildees os iacutendices ficam em torno de 15

Esses dados podem mostrar que esses jovens estatildeo quase que totalmente

desassistidos com relaccedilatildeo aos direitos sociais uma vez que ficaram agrave margem do

sistema escolar estatildeo fora do mercado de trabalho (ou inseridos precariamente) e

tambeacutem natildeo satildeo assistidos pelos programas de Assistecircncia Social ou seja satildeo

jovens que estatildeo expostos a uma grande violecircncia urbana de desproteccedilatildeo social

QUADRO 15 - PROPORCcedilAtildeO DE JOVENS CADASTRADOS QUE TEcircM ALGUM MEMBRO DA FAMIacuteLIA QUE RECEBEU AUXIacuteLIO DO GOVERNO

Brasil Grandes Regiotildees e Unidades da Federaccedilatildeo

PERCENTUAL

Norte 165

Nordeste 377

Sudeste 127

Sul 120

Centro Oeste 145

Brasil 210

Fonte MTE Departamento de Poliacuteticas de Trabalho e Emprego para a Juventude Elaboraccedilatildeo DIEESE Obs O total Brasil inclui jovens cadastrados sem informaccedilatildeo para UF DIEESE (2011)

Observando o quadro abaixo que trata especialmente da renda a descriccedilatildeo acima

se fortalece Podemos ver que entre os jovens da populaccedilatildeo rural o salaacuterio em

2010 era em meacutedia de pouco mais de um salaacuterio miacutenimo e dos jovens da zona

urbana a meacutedia no mesmo periacuteodo era de dois salaacuterios miacutenimos

QUADRO 16 - RENDA FAMILIAR DO JOVEM CADASTRADO NO PROGRAMA 2010 BRASIL E GRANDES REGIOtildeES - 2010 (EM )

RURAL R$ 63700

URBANA R$ 104200

TOTAL R$ 103000

Fonte MTE Departamento de Poliacuteticas de Trabalho e Emprego para a Juventude Elaboraccedilatildeo DIEESE (2011)

Percebemos assim que o jovem inserido no programa aleacutem de ter as caracteriacutesticas

que satildeo preacute-requisitos para a entrada no programa tais quais situaccedilatildeo de

desemprego e com renda familiar per capita de ateacute um salaacuterio miacutenimo a maioria dos

jovens inseridos no programa satildeo mulheres de etnia parda entre 18 a 24 anos e

que vecircm de uma histoacuteria de desproteccedilatildeo social

Os jovens inscritos no programa recebem um auxiacutelio financeiro no valor de R$

10000 (cem reais) mensais de caraacuteter temporaacuterio que natildeo podem ser cumulativos

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a outros benefiacutecios sociais de programas federais de natureza semelhante18

devendo o jovem optar por um deles O valor eacute repassado diretamente do governo

federal para os beneficiados do programa atraveacutes de uma conta bancaacuteria O auxiacutelio

poderaacute ser suspenso nas seguintes situaccedilotildees a) recebimento de benefiacutecio de

natureza semelhante de outros programas federais b) frequecircncia mensal abaixo de

75 nas atividades19 c) natildeo atendimento de outras condiccedilotildees da modalidade

(Brasil 2008)

O ProJovem seguindo a loacutegica das demais poliacuteticas sociais utiliza da transferecircncia

de renda articulada ao cumprimento de algumas condicionalidades20 e a principal

delas se relaciona agrave ampliaccedilatildeo da escolaridade e a qualificaccedilatildeo profissional

Analisando a questatildeo da transferecircncia de renda podemos observar que na Ameacuterica

Latina os programas de transferecircncia entram como substituto da ausecircncia de

rendimentos provocada pelo desemprego ou o emprego precarizado confirmando a

centralidade do indiviacuteduo e a responsabilizaccedilatildeo da sociedade (STEIN 2008) e

ganham maior destaque como forma de diminuir a incapacidade de reduzir as

desigualdades que afetam de forma especial a juventude diante da crise do trabalho

e da ausecircncia de direitos efetivamente ldquo[] assegurados do acesso ao lazer e aos

bens culturais e de um sistema educativo capaz de acolher seu novo puacuteblico

ocorrem os programas de transferecircncia de renda aos jovens incapazes por si soacute de

assegurar transformaccedilotildees mais densas nessas esferas []rdquo (SPOSITO

CORRACHANO 2005 p 20) Algumas avaliaccedilotildees apontam o quanto essa renda

tem sido importante para os jovens mesmo que ainda seja percebida como privileacutegio

e natildeo como direito

Jaacute no que se refere agrave ampliaccedilatildeo da escolarizaccedilatildeo aparentemente ela pode ser

percebida como um avanccedilo pois representa do ponto de vista do ato individual e

isolado a perspectiva do acesso agrave educaccedilatildeo que muitas vezes eacute negada agrave juventude

18

Consideram-se de natureza semelhante ao auxiacutelio financeiro mensal a que se refere o caput os benefiacutecios pagos por programas federais dirigidos a indiviacuteduos da mesma faixa etaacuteria do ProJovem (Inciso 5ordm do Artigo 47 da Lei 6629 de novembro de 2008) 19

Para fins da certificaccedilatildeo profissional dos jovens e de pagamento do auxiacutelio financeiro exigir-se-aacute frequecircncia mensal miacutenima de setenta e cinco por cento nas accedilotildees de qualificaccedilatildeo 20

A criaccedilatildeo de condicionalidades para acesso agraves poliacuteticas sociais retomam os seus aspectos mais conservadores uma vez que elas deixam de se configurar como direito

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das classes que vivem do trabalho Entretanto precisamos considerar que o simples

acesso agrave escola por si soacute natildeo garante educaccedilatildeo de qualidade e ainda que natildeo se

resolve o problema com os jovens tornando-os mais ldquoempregaacuteveisrdquo se novos

empregos natildeo satildeo criados

Precisamos considerar ainda que [] a maioria natildeo eacute pobre porque natildeo tem boa

educaccedilatildeo mas na realidade natildeo consegue boa educaccedilatildeo porque eacute pobre

(FRIGOTO 2004 p 192) Natildeo queremos negar a educaccedilatildeo como um direito

elementar e muito menos o potencial de emancipaccedilatildeo que a educaccedilatildeo comporta

pretendemos apenas alertar que um diagnoacutestico equivocado pode trazer respostas

equivocadas Concordamos com Frigotto (2004 p 194) quando afirma que ldquo[] a

crenccedila de que o problema eacute conjuntural pode conduzir a poliacuteticas puacuteblicas

focalizadas e de natureza filantroacutepica ou de administraccedilatildeo e controle da pobreza

sem atentar para poliacuteticas que atacam as estruturas produtoras da desigualdaderdquo A

pobreza nesse contexto passa a ser vista com ausecircncia de capacidades individuais

logo a poliacutetica social se transforma numa estrateacutegia para inserir os pobres no

mercado de trabalho

Ainda sobre essa questatildeo Sposito et al (2006) nos convida agrave analisarmos com

cuidado uma vez que os jovens usuaacuterios dos programas sociais voltados para a

juventude satildeo os mesmos que foram precocemente excluiacutedos da escola (seja por

distorccedilatildeo de seacuterie idade ou outro fator) Logo a mera exigecircncia de retorno agrave mesma

escola que natildeo foi capaz de lidar com essas situaccedilotildees eacute no miacutenimo manter os

processos de segregaccedilatildeo (SPOSITO et al 2006) Segundo os autores podemos

constatar duas consequecircncias desse fato uma eacute o paralelismo das atividades de

caraacuteter socioeducativo que natildeo se articula com a rede puacuteblica de ensino e a outra eacute

a total ausecircncia das poliacuteticas de educaccedilatildeo que se articulem com os programas

sociais para a juventude de modo a redefinir o tipo de proposta de escolaridade

adequada a esses jovens (SPOSITO et al 2006)

Eacute importante mostrar ainda a tendecircncia de valorizaccedilatildeo da socioeducaccedilatildeo contidas

nos programas que natildeo eacute acompanhada das justificativas que induzem a essa

adesatildeo indicando haver uma deficiecircncia nos sistemas de ensino natildeo soacute no campo

pedagoacutegico mas tambeacutem na funccedilatildeo socializadora da escola que natildeo formaria para

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a cidadania21 (SPOSITO et al 2006) fato que estaria criando segundo esses

autores uma via paralela de educaccedilatildeo natildeo-escolar para jovens pobres o que os

leva a questionar se essa via estaria oferecendo uma proposta melhor que a rede

puacuteblica Sendo a resposta afirmativa por que natildeo a articular com o sistema de

ensino Se a resposta for negativa nos faz crer que se trata apenas de ocupar o

tempo livre dos jovens dos bairros pobres

Natildeo podemos deixar de tratar ainda sobre a questatildeo dos instrutores A pesquisa

apresentada por Sposito et al (2006) afirma que as atividades em geral satildeo

realizadas com uma base material precaacuteria e com baixa formaccedilatildeo teacutecnica ou mesmo

escolar que sempre inclui palestras cursos e oficinas Em alguns casos os

programas propotildeem uma formaccedilatildeo geral voltada para a cidadania e outra com foco

no aprendizado de habilidades para o mercado do trabalho

Partindo do que foi apresentado nessa pesquisa citada acima haacute duas grandes

orientaccedilotildees em torno do adolescente pobre e outra em torno do jovem pobre Para

os autores apoacutes anos de promulgaccedilatildeo do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente jaacute

satildeo visiacuteveis os avanccedilos que fazem com que os direitos da crianccedila

independentemente de sua condiccedilatildeo social (ter uma famiacutelia agrave escola sauacutede

proteccedilatildeo do Estado) sejam reconhecidos socialmente mesmo que ainda precisem

ser disputados mas jaacute satildeo reconhecidos

Contudo o mesmo natildeo acontece com os jovens pobres pois para eles eacute impelida

uma imagem que impede o reconhecimento social de seus direitos para esses satildeo

reservadas as accedilotildees de inserccedilatildeo social compensatoacuterias e alto teor socioeducativo

esses satildeo chamados de adolescentes pobres que continuam a ocupar o natildeo-lugar

e soacute se tornam visiacuteveis pela ameaccedila ou pelo risco provocados na sociedade Aos

outros que podem usufruir de alguns direitos mesmo que minimamente o termo

jovem passa a ser fortemente aplicado (SPOSITO et al 2006) evidenciando que as

21

A cidadania como eacute tratada aparece como um conceito muito mais ligado a uma ideia de atividade socializadora com ecircnfase no civismo e no aprendizado de certos valores importantes para essa civilidade o que acaba esvaziando os conteuacutedos da cidadania ligados agrave ideia de direitos prevalecendo a pressuposiccedilatildeo de que jovens e adolescentes pobres - precisam ser atingidos por alguma accedilatildeo que lhes ensine algo (SPOSITO et al 2006)

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poliacuteticas de juventude estatildeo fortemente marcadas pelas concepccedilotildees de juventude

mas sobretudo pelas concepccedilotildees sobre os jovens pobres

Outro aspecto a ser destacado eacute o caraacuteter transitoacuterio das accedilotildees (em meacutedia 02 anos)

natildeo se configurando enquanto uma poliacutetica puacuteblica mantendo o cariz de programa

numa proposta de poliacutetica emergencial para a juventude que mina a construccedilatildeo de

uma poliacutetica puacuteblica nacional e ainda dificultando a avaliaccedilatildeo seacuteria de tais

programas22 (SPOSITO CORRACHANO 2005)

A fragmentaccedilatildeo tambeacutem eacute uma caracteriacutestica marcante no ProJovem Trabalhador

mantendo a visatildeo das poliacuteticas de juventude como um conjunto de caixinhas

isoladas em disputa impedindo o diaacutelogo entre elas cada modalidade estaacute sob

orientaccedilatildeo de um Ministeacuterio diferente e natildeo articulaccedilatildeo entre as modalidades O

caraacuteter fragmentaacuterio das poliacuteticas de juventude se explicita na focalizaccedilatildeo das

diretrizes ldquojovem temaacuteticordquo que expressa o puacuteblico alvo das accedilotildees desenvolvidas

nos diferentes ministeacuterios assim tem-se ldquoo jovem-alunordquo o ldquojovem-filhordquo o ldquojovem-

infratorrdquo a ldquojovem-matildeerdquo ldquoa jovem-que-natildeo-queremos-que-seja-matildeerdquo o rdquojovem-ruralrdquo

e outros (CARRANO 2012)

A transversalizaccedilatildeo dos programas seria uma estrateacutegia de superaccedilatildeo dessa

caracteriacutestica o que requisitaria ldquo[] repensar e fortalecer um pacto pela juventude

que parta da Secretaria Nacional da Juventude e consiga chegar ateacute onde o jovem

estaacute no municiacutepio no bairro e o conecte com o governo federalrdquo (SPOSITO 2012

p 225) pois eacute extremamente importante construir uma rede de atenccedilatildeo para os

jovens que conectem as poliacuteticas municipais estaduais e federais num diaacutelogo

permanente neste sentido as poliacuteticas para esse segmento natildeo devem

simplesmente reproduzir as poliacuteticas de acircmbito nacional elas devem ser efetivadas

e assumidas em todos os acircmbitos de accedilatildeo

Outra questatildeo que aparece no ProJovem Trabalhador comum agraves demais poliacuteticas

destinadas aos jovens eacute que as accedilotildees tecircm se destinado muito mais a oferecer o

que se instituiu como necessidades dos jovens e natildeo aquilo que o jovem apresentou

ou demandou como uma necessidade sua Os jovens precisam de espaccedilo natildeo soacute

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No caso do ProJovem Trabalhador o programa tem previsatildeo para ser executado em 06 meses

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para receber os projetos jaacute preconcebidos mas sobretudo para dizer o que

precisam individual e coletivamente Para esse autor as accedilotildees destinadas aos

jovens emergem simultaneamente agrave criaccedilatildeo de personagens sociais (protagonistas

empreendedores e outros) de pouco diaacutelogo que atendam muito mais aos interesses

e modelos de poliacuteticas das agecircncias internacionais de desenvolvimento (CARRANO

2012)

Outra questatildeo a ser problematizada eacute que o programa definiu como meta miacutenima a

inserccedilatildeo de no miacutenimo 30 dos jovens no mundo do trabalho sendo admitidas as

seguintes formas de inserccedilatildeo a) emprego formal (comprovado atraveacutes de coacutepias da

carteira assinada dos jovens) b) estaacutegio ou jovem aprendiz (comprovado atraveacutes de

coacutepias dos contratos) c) ou formas alternativas geradoras de renda (Brasil 2008)

Questionamos ateacute que ponto essas possibilidades podem ser entendidas como

estrateacutegias de inserccedilatildeo no mundo do trabalho eou de superaccedilatildeo da precarizaccedilatildeo

das condiccedilotildees de trabalho dos jovens Quais satildeo os viacutenculos de trabalho Qual a

meacutedia de salaacuterio Quais as condiccedilotildees de trabalho Qual a permanecircncia dos jovens

nesses viacutenculos

Reconhecendo a importacircncia dessa estrateacutegia para a sobrevivecircncia dos jovens natildeo

podemos deixar de considerar que ela tambeacutem natildeo deixa de fazer parte de um

processo de naturalizaccedilatildeo das mudanccedilas no mundo do trabalho que culmina na

responsabilizaccedilatildeo dos proacuteprios trabalhadores Eles satildeo convencidos de que eles eacute

que natildeo tecircm grande coisa para vender ou natildeo sabem como vendecirc-la ndash ou seja natildeo

tem ldquocapital humanordquo ocultando desse modo todas as estruturas de distribuiccedilatildeo

desigual e apropriaccedilatildeo desigual dos recursos materiais sociais culturais e

simboacutelicos de nossa sociedade Esse fato faz com que o ldquo[] ldquocapital humanordquo de

um jovem oriundo do contexto popular da ldquoperiferiardquo tenha pouca chance de

equivaler ao de um jovem saiacutedo de um meio privilegiadordquo (BIHR 2007)

Nessa perspectiva o empreendedorismo tambeacutem aparece como estrateacutegia mas na

verdade se assemelha mais a danccedila das cadeiras quando a muacutesica para haacute mais

pessoas de peacute do que cadeiras disponiacuteveis para sentar (POCHAMANN 2005) Em

alguns casos empresas e o Estado ateacute destinam alguns recursos para esses fins

que satildeo ldquo[] importantes mas absolutamente incapazes de gerar mais postos de

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trabalho Uma contribuiccedilatildeo digamos para o ldquosalve-se quem puderrdquo (MATTOSO

1999 p20)

Fato que expressa bem a responsabilizaccedilatildeo do indiviacuteduo por sua situaccedilatildeo de

emprego e desemprego numa clara tentativa de transferir riscos e

responsabilidades ao trabalhador fazendo com que ele assuma a sua

empregabilidade por meio de formaccedilatildeo profissional qualificaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo

Deslocando assim a responsabilidade social do Estado para o plano individual onde

natildeo haacute poliacutetica de emprego apenas indiviacuteduos empregaacuteveis ou natildeo Os indiviacuteduos

afetados pela loacutegica da competiccedilatildeo por empregos inseguros comeccedilam a adaptar-se

a novas condutas psicoloacutegicas do perfil do ldquovencedorrdquo (COSTA 2005)

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A anaacutelise do ProJovem Trabalhador mostra que o programa eacute importante no

cotidiano desses jovens como um instrumento na efetivaccedilatildeo de direitos sociais e

mecanismo de sobrevivecircncia e evidencia que os avanccedilos das poliacuteticas de juventude

no paiacutes natildeo soacute em quantidade mas tambeacutem em qualidade se comparadas com as

experiecircncias anteriores

No entanto ainda haacute muito o que caminhar Podemos dizer que o programa

expressa o perfil das poliacuteticas sociais contemporacircneas Fragmentaccedilatildeo

descentralizaccedilatildeo focalizaccedilatildeo descontinuidade ausecircncia de pesquisas e avaliaccedilotildees

e privatizaccedilatildeo Caracteriacutesticas que precisam ser explicitadas e disputadas na cena

puacuteblica juntamente com as demais poliacuteticas sociais

Para que as poliacuteticas de juventude se transformem em poliacuteticas para a juventude eacute

preciso sair desse ciclo de vitimizaccedilatildeocriminalizaccedilatildeo voluntariadoencerramento ou

prevenccedilatildeorepressatildeo (BATISTA 2007) Para isso eacute necessaacuterio transformar esses

problemas sociais da juventude em problemas socioloacutegicos Esse eacute um exerciacutecio de

interrogaccedilatildeo que gera como produto a incerteza de afirmaccedilotildees antes dadas como

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inquestionaacuteveis Sem o questionamento a juventude se torna um quase bdquomito‟ e

para esse mito eacute necessaacuterio ldquopenetrar no cotidiano do jovemrdquo e questionar ldquo[]

sentiratildeo os jovens estes problemas como seus problemasrdquo (PAIS 2003 p34)

Mas sobretudo eacute preciso dotar de precisotildees conceituais acerca do tema juventude

de modo a iluminarmos os processos de construccedilatildeo de marcos poliacuteticos em

coerecircncia com os marcos conceituais os discursos e programaacuteticas deixando de

conceber aos jovens sobre ldquo[] a noccedilatildeo de um jovem problema e carente visatildeo

que tende agrave geraccedilatildeo de um determinado tipo de poliacutetica de juventude de natureza

compensatoacuteriardquo (LEacuteON 2005 p88)

Fica evidente ainda que a juventude cumpre um papel na atual sociedade

capitalista a de compor a grande massa do exeacutercito industrial de reserva quando a

poliacutetica social para a juventude em especial os programas de transferecircncia de renda

como o ProJovem Trabalhador acabam assumindo o papel de garantir mecanismos

de sobrevivecircncia dos sujeitos juvenis uma vez que natildeo eacute possiacutevel assegurar a

sobrevivecircncia desse segmento da classe trabalhadora atraveacutes da inserccedilatildeo no

trabalho

Abstract Analyze the ProJovem Worker program as one of coping policies changes in the workplace that particularly affected the youth For this we will make a brief background of the relations and working conditions for this population segment and social policies aimed at this audience including the program in question identifying their progress and limits through a bibliographic and documentary research Keywords Labor Social Policy and Youth

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Processo de Avaliaccedilatildeo por Pares (Blind Review - Anaacutelise do Texto Anocircnimo)

Publicado na Revista Vozes dos Vales - wwwufvjmedubrvozes em 10102016

Revista Cientiacutefica Vozes dos Vales - UFVJM - Minas Gerais - Brasil

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UFVJM 1202095-2011 - QUALISCAPES - LATINDEX 22524 - ISSN 2238-6424

Perioacutedico Cientiacutefico Eletrocircnico divulgado nos programas brasileiros Stricto Sensu

(Mestrados e Doutorados) e em universidades de 38 paiacuteses

em diversas aacutereas do conhecimento

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a outros benefiacutecios sociais de programas federais de natureza semelhante18

devendo o jovem optar por um deles O valor eacute repassado diretamente do governo

federal para os beneficiados do programa atraveacutes de uma conta bancaacuteria O auxiacutelio

poderaacute ser suspenso nas seguintes situaccedilotildees a) recebimento de benefiacutecio de

natureza semelhante de outros programas federais b) frequecircncia mensal abaixo de

75 nas atividades19 c) natildeo atendimento de outras condiccedilotildees da modalidade

(Brasil 2008)

O ProJovem seguindo a loacutegica das demais poliacuteticas sociais utiliza da transferecircncia

de renda articulada ao cumprimento de algumas condicionalidades20 e a principal

delas se relaciona agrave ampliaccedilatildeo da escolaridade e a qualificaccedilatildeo profissional

Analisando a questatildeo da transferecircncia de renda podemos observar que na Ameacuterica

Latina os programas de transferecircncia entram como substituto da ausecircncia de

rendimentos provocada pelo desemprego ou o emprego precarizado confirmando a

centralidade do indiviacuteduo e a responsabilizaccedilatildeo da sociedade (STEIN 2008) e

ganham maior destaque como forma de diminuir a incapacidade de reduzir as

desigualdades que afetam de forma especial a juventude diante da crise do trabalho

e da ausecircncia de direitos efetivamente ldquo[] assegurados do acesso ao lazer e aos

bens culturais e de um sistema educativo capaz de acolher seu novo puacuteblico

ocorrem os programas de transferecircncia de renda aos jovens incapazes por si soacute de

assegurar transformaccedilotildees mais densas nessas esferas []rdquo (SPOSITO

CORRACHANO 2005 p 20) Algumas avaliaccedilotildees apontam o quanto essa renda

tem sido importante para os jovens mesmo que ainda seja percebida como privileacutegio

e natildeo como direito

Jaacute no que se refere agrave ampliaccedilatildeo da escolarizaccedilatildeo aparentemente ela pode ser

percebida como um avanccedilo pois representa do ponto de vista do ato individual e

isolado a perspectiva do acesso agrave educaccedilatildeo que muitas vezes eacute negada agrave juventude

18

Consideram-se de natureza semelhante ao auxiacutelio financeiro mensal a que se refere o caput os benefiacutecios pagos por programas federais dirigidos a indiviacuteduos da mesma faixa etaacuteria do ProJovem (Inciso 5ordm do Artigo 47 da Lei 6629 de novembro de 2008) 19

Para fins da certificaccedilatildeo profissional dos jovens e de pagamento do auxiacutelio financeiro exigir-se-aacute frequecircncia mensal miacutenima de setenta e cinco por cento nas accedilotildees de qualificaccedilatildeo 20

A criaccedilatildeo de condicionalidades para acesso agraves poliacuteticas sociais retomam os seus aspectos mais conservadores uma vez que elas deixam de se configurar como direito

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das classes que vivem do trabalho Entretanto precisamos considerar que o simples

acesso agrave escola por si soacute natildeo garante educaccedilatildeo de qualidade e ainda que natildeo se

resolve o problema com os jovens tornando-os mais ldquoempregaacuteveisrdquo se novos

empregos natildeo satildeo criados

Precisamos considerar ainda que [] a maioria natildeo eacute pobre porque natildeo tem boa

educaccedilatildeo mas na realidade natildeo consegue boa educaccedilatildeo porque eacute pobre

(FRIGOTO 2004 p 192) Natildeo queremos negar a educaccedilatildeo como um direito

elementar e muito menos o potencial de emancipaccedilatildeo que a educaccedilatildeo comporta

pretendemos apenas alertar que um diagnoacutestico equivocado pode trazer respostas

equivocadas Concordamos com Frigotto (2004 p 194) quando afirma que ldquo[] a

crenccedila de que o problema eacute conjuntural pode conduzir a poliacuteticas puacuteblicas

focalizadas e de natureza filantroacutepica ou de administraccedilatildeo e controle da pobreza

sem atentar para poliacuteticas que atacam as estruturas produtoras da desigualdaderdquo A

pobreza nesse contexto passa a ser vista com ausecircncia de capacidades individuais

logo a poliacutetica social se transforma numa estrateacutegia para inserir os pobres no

mercado de trabalho

Ainda sobre essa questatildeo Sposito et al (2006) nos convida agrave analisarmos com

cuidado uma vez que os jovens usuaacuterios dos programas sociais voltados para a

juventude satildeo os mesmos que foram precocemente excluiacutedos da escola (seja por

distorccedilatildeo de seacuterie idade ou outro fator) Logo a mera exigecircncia de retorno agrave mesma

escola que natildeo foi capaz de lidar com essas situaccedilotildees eacute no miacutenimo manter os

processos de segregaccedilatildeo (SPOSITO et al 2006) Segundo os autores podemos

constatar duas consequecircncias desse fato uma eacute o paralelismo das atividades de

caraacuteter socioeducativo que natildeo se articula com a rede puacuteblica de ensino e a outra eacute

a total ausecircncia das poliacuteticas de educaccedilatildeo que se articulem com os programas

sociais para a juventude de modo a redefinir o tipo de proposta de escolaridade

adequada a esses jovens (SPOSITO et al 2006)

Eacute importante mostrar ainda a tendecircncia de valorizaccedilatildeo da socioeducaccedilatildeo contidas

nos programas que natildeo eacute acompanhada das justificativas que induzem a essa

adesatildeo indicando haver uma deficiecircncia nos sistemas de ensino natildeo soacute no campo

pedagoacutegico mas tambeacutem na funccedilatildeo socializadora da escola que natildeo formaria para

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a cidadania21 (SPOSITO et al 2006) fato que estaria criando segundo esses

autores uma via paralela de educaccedilatildeo natildeo-escolar para jovens pobres o que os

leva a questionar se essa via estaria oferecendo uma proposta melhor que a rede

puacuteblica Sendo a resposta afirmativa por que natildeo a articular com o sistema de

ensino Se a resposta for negativa nos faz crer que se trata apenas de ocupar o

tempo livre dos jovens dos bairros pobres

Natildeo podemos deixar de tratar ainda sobre a questatildeo dos instrutores A pesquisa

apresentada por Sposito et al (2006) afirma que as atividades em geral satildeo

realizadas com uma base material precaacuteria e com baixa formaccedilatildeo teacutecnica ou mesmo

escolar que sempre inclui palestras cursos e oficinas Em alguns casos os

programas propotildeem uma formaccedilatildeo geral voltada para a cidadania e outra com foco

no aprendizado de habilidades para o mercado do trabalho

Partindo do que foi apresentado nessa pesquisa citada acima haacute duas grandes

orientaccedilotildees em torno do adolescente pobre e outra em torno do jovem pobre Para

os autores apoacutes anos de promulgaccedilatildeo do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente jaacute

satildeo visiacuteveis os avanccedilos que fazem com que os direitos da crianccedila

independentemente de sua condiccedilatildeo social (ter uma famiacutelia agrave escola sauacutede

proteccedilatildeo do Estado) sejam reconhecidos socialmente mesmo que ainda precisem

ser disputados mas jaacute satildeo reconhecidos

Contudo o mesmo natildeo acontece com os jovens pobres pois para eles eacute impelida

uma imagem que impede o reconhecimento social de seus direitos para esses satildeo

reservadas as accedilotildees de inserccedilatildeo social compensatoacuterias e alto teor socioeducativo

esses satildeo chamados de adolescentes pobres que continuam a ocupar o natildeo-lugar

e soacute se tornam visiacuteveis pela ameaccedila ou pelo risco provocados na sociedade Aos

outros que podem usufruir de alguns direitos mesmo que minimamente o termo

jovem passa a ser fortemente aplicado (SPOSITO et al 2006) evidenciando que as

21

A cidadania como eacute tratada aparece como um conceito muito mais ligado a uma ideia de atividade socializadora com ecircnfase no civismo e no aprendizado de certos valores importantes para essa civilidade o que acaba esvaziando os conteuacutedos da cidadania ligados agrave ideia de direitos prevalecendo a pressuposiccedilatildeo de que jovens e adolescentes pobres - precisam ser atingidos por alguma accedilatildeo que lhes ensine algo (SPOSITO et al 2006)

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poliacuteticas de juventude estatildeo fortemente marcadas pelas concepccedilotildees de juventude

mas sobretudo pelas concepccedilotildees sobre os jovens pobres

Outro aspecto a ser destacado eacute o caraacuteter transitoacuterio das accedilotildees (em meacutedia 02 anos)

natildeo se configurando enquanto uma poliacutetica puacuteblica mantendo o cariz de programa

numa proposta de poliacutetica emergencial para a juventude que mina a construccedilatildeo de

uma poliacutetica puacuteblica nacional e ainda dificultando a avaliaccedilatildeo seacuteria de tais

programas22 (SPOSITO CORRACHANO 2005)

A fragmentaccedilatildeo tambeacutem eacute uma caracteriacutestica marcante no ProJovem Trabalhador

mantendo a visatildeo das poliacuteticas de juventude como um conjunto de caixinhas

isoladas em disputa impedindo o diaacutelogo entre elas cada modalidade estaacute sob

orientaccedilatildeo de um Ministeacuterio diferente e natildeo articulaccedilatildeo entre as modalidades O

caraacuteter fragmentaacuterio das poliacuteticas de juventude se explicita na focalizaccedilatildeo das

diretrizes ldquojovem temaacuteticordquo que expressa o puacuteblico alvo das accedilotildees desenvolvidas

nos diferentes ministeacuterios assim tem-se ldquoo jovem-alunordquo o ldquojovem-filhordquo o ldquojovem-

infratorrdquo a ldquojovem-matildeerdquo ldquoa jovem-que-natildeo-queremos-que-seja-matildeerdquo o rdquojovem-ruralrdquo

e outros (CARRANO 2012)

A transversalizaccedilatildeo dos programas seria uma estrateacutegia de superaccedilatildeo dessa

caracteriacutestica o que requisitaria ldquo[] repensar e fortalecer um pacto pela juventude

que parta da Secretaria Nacional da Juventude e consiga chegar ateacute onde o jovem

estaacute no municiacutepio no bairro e o conecte com o governo federalrdquo (SPOSITO 2012

p 225) pois eacute extremamente importante construir uma rede de atenccedilatildeo para os

jovens que conectem as poliacuteticas municipais estaduais e federais num diaacutelogo

permanente neste sentido as poliacuteticas para esse segmento natildeo devem

simplesmente reproduzir as poliacuteticas de acircmbito nacional elas devem ser efetivadas

e assumidas em todos os acircmbitos de accedilatildeo

Outra questatildeo que aparece no ProJovem Trabalhador comum agraves demais poliacuteticas

destinadas aos jovens eacute que as accedilotildees tecircm se destinado muito mais a oferecer o

que se instituiu como necessidades dos jovens e natildeo aquilo que o jovem apresentou

ou demandou como uma necessidade sua Os jovens precisam de espaccedilo natildeo soacute

22

No caso do ProJovem Trabalhador o programa tem previsatildeo para ser executado em 06 meses

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para receber os projetos jaacute preconcebidos mas sobretudo para dizer o que

precisam individual e coletivamente Para esse autor as accedilotildees destinadas aos

jovens emergem simultaneamente agrave criaccedilatildeo de personagens sociais (protagonistas

empreendedores e outros) de pouco diaacutelogo que atendam muito mais aos interesses

e modelos de poliacuteticas das agecircncias internacionais de desenvolvimento (CARRANO

2012)

Outra questatildeo a ser problematizada eacute que o programa definiu como meta miacutenima a

inserccedilatildeo de no miacutenimo 30 dos jovens no mundo do trabalho sendo admitidas as

seguintes formas de inserccedilatildeo a) emprego formal (comprovado atraveacutes de coacutepias da

carteira assinada dos jovens) b) estaacutegio ou jovem aprendiz (comprovado atraveacutes de

coacutepias dos contratos) c) ou formas alternativas geradoras de renda (Brasil 2008)

Questionamos ateacute que ponto essas possibilidades podem ser entendidas como

estrateacutegias de inserccedilatildeo no mundo do trabalho eou de superaccedilatildeo da precarizaccedilatildeo

das condiccedilotildees de trabalho dos jovens Quais satildeo os viacutenculos de trabalho Qual a

meacutedia de salaacuterio Quais as condiccedilotildees de trabalho Qual a permanecircncia dos jovens

nesses viacutenculos

Reconhecendo a importacircncia dessa estrateacutegia para a sobrevivecircncia dos jovens natildeo

podemos deixar de considerar que ela tambeacutem natildeo deixa de fazer parte de um

processo de naturalizaccedilatildeo das mudanccedilas no mundo do trabalho que culmina na

responsabilizaccedilatildeo dos proacuteprios trabalhadores Eles satildeo convencidos de que eles eacute

que natildeo tecircm grande coisa para vender ou natildeo sabem como vendecirc-la ndash ou seja natildeo

tem ldquocapital humanordquo ocultando desse modo todas as estruturas de distribuiccedilatildeo

desigual e apropriaccedilatildeo desigual dos recursos materiais sociais culturais e

simboacutelicos de nossa sociedade Esse fato faz com que o ldquo[] ldquocapital humanordquo de

um jovem oriundo do contexto popular da ldquoperiferiardquo tenha pouca chance de

equivaler ao de um jovem saiacutedo de um meio privilegiadordquo (BIHR 2007)

Nessa perspectiva o empreendedorismo tambeacutem aparece como estrateacutegia mas na

verdade se assemelha mais a danccedila das cadeiras quando a muacutesica para haacute mais

pessoas de peacute do que cadeiras disponiacuteveis para sentar (POCHAMANN 2005) Em

alguns casos empresas e o Estado ateacute destinam alguns recursos para esses fins

que satildeo ldquo[] importantes mas absolutamente incapazes de gerar mais postos de

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trabalho Uma contribuiccedilatildeo digamos para o ldquosalve-se quem puderrdquo (MATTOSO

1999 p20)

Fato que expressa bem a responsabilizaccedilatildeo do indiviacuteduo por sua situaccedilatildeo de

emprego e desemprego numa clara tentativa de transferir riscos e

responsabilidades ao trabalhador fazendo com que ele assuma a sua

empregabilidade por meio de formaccedilatildeo profissional qualificaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo

Deslocando assim a responsabilidade social do Estado para o plano individual onde

natildeo haacute poliacutetica de emprego apenas indiviacuteduos empregaacuteveis ou natildeo Os indiviacuteduos

afetados pela loacutegica da competiccedilatildeo por empregos inseguros comeccedilam a adaptar-se

a novas condutas psicoloacutegicas do perfil do ldquovencedorrdquo (COSTA 2005)

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A anaacutelise do ProJovem Trabalhador mostra que o programa eacute importante no

cotidiano desses jovens como um instrumento na efetivaccedilatildeo de direitos sociais e

mecanismo de sobrevivecircncia e evidencia que os avanccedilos das poliacuteticas de juventude

no paiacutes natildeo soacute em quantidade mas tambeacutem em qualidade se comparadas com as

experiecircncias anteriores

No entanto ainda haacute muito o que caminhar Podemos dizer que o programa

expressa o perfil das poliacuteticas sociais contemporacircneas Fragmentaccedilatildeo

descentralizaccedilatildeo focalizaccedilatildeo descontinuidade ausecircncia de pesquisas e avaliaccedilotildees

e privatizaccedilatildeo Caracteriacutesticas que precisam ser explicitadas e disputadas na cena

puacuteblica juntamente com as demais poliacuteticas sociais

Para que as poliacuteticas de juventude se transformem em poliacuteticas para a juventude eacute

preciso sair desse ciclo de vitimizaccedilatildeocriminalizaccedilatildeo voluntariadoencerramento ou

prevenccedilatildeorepressatildeo (BATISTA 2007) Para isso eacute necessaacuterio transformar esses

problemas sociais da juventude em problemas socioloacutegicos Esse eacute um exerciacutecio de

interrogaccedilatildeo que gera como produto a incerteza de afirmaccedilotildees antes dadas como

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inquestionaacuteveis Sem o questionamento a juventude se torna um quase bdquomito‟ e

para esse mito eacute necessaacuterio ldquopenetrar no cotidiano do jovemrdquo e questionar ldquo[]

sentiratildeo os jovens estes problemas como seus problemasrdquo (PAIS 2003 p34)

Mas sobretudo eacute preciso dotar de precisotildees conceituais acerca do tema juventude

de modo a iluminarmos os processos de construccedilatildeo de marcos poliacuteticos em

coerecircncia com os marcos conceituais os discursos e programaacuteticas deixando de

conceber aos jovens sobre ldquo[] a noccedilatildeo de um jovem problema e carente visatildeo

que tende agrave geraccedilatildeo de um determinado tipo de poliacutetica de juventude de natureza

compensatoacuteriardquo (LEacuteON 2005 p88)

Fica evidente ainda que a juventude cumpre um papel na atual sociedade

capitalista a de compor a grande massa do exeacutercito industrial de reserva quando a

poliacutetica social para a juventude em especial os programas de transferecircncia de renda

como o ProJovem Trabalhador acabam assumindo o papel de garantir mecanismos

de sobrevivecircncia dos sujeitos juvenis uma vez que natildeo eacute possiacutevel assegurar a

sobrevivecircncia desse segmento da classe trabalhadora atraveacutes da inserccedilatildeo no

trabalho

Abstract Analyze the ProJovem Worker program as one of coping policies changes in the workplace that particularly affected the youth For this we will make a brief background of the relations and working conditions for this population segment and social policies aimed at this audience including the program in question identifying their progress and limits through a bibliographic and documentary research Keywords Labor Social Policy and Youth

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Processo de Avaliaccedilatildeo por Pares (Blind Review - Anaacutelise do Texto Anocircnimo)

Publicado na Revista Vozes dos Vales - wwwufvjmedubrvozes em 10102016

Revista Cientiacutefica Vozes dos Vales - UFVJM - Minas Gerais - Brasil

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UFVJM 1202095-2011 - QUALISCAPES - LATINDEX 22524 - ISSN 2238-6424

Perioacutedico Cientiacutefico Eletrocircnico divulgado nos programas brasileiros Stricto Sensu

(Mestrados e Doutorados) e em universidades de 38 paiacuteses

em diversas aacutereas do conhecimento

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das classes que vivem do trabalho Entretanto precisamos considerar que o simples

acesso agrave escola por si soacute natildeo garante educaccedilatildeo de qualidade e ainda que natildeo se

resolve o problema com os jovens tornando-os mais ldquoempregaacuteveisrdquo se novos

empregos natildeo satildeo criados

Precisamos considerar ainda que [] a maioria natildeo eacute pobre porque natildeo tem boa

educaccedilatildeo mas na realidade natildeo consegue boa educaccedilatildeo porque eacute pobre

(FRIGOTO 2004 p 192) Natildeo queremos negar a educaccedilatildeo como um direito

elementar e muito menos o potencial de emancipaccedilatildeo que a educaccedilatildeo comporta

pretendemos apenas alertar que um diagnoacutestico equivocado pode trazer respostas

equivocadas Concordamos com Frigotto (2004 p 194) quando afirma que ldquo[] a

crenccedila de que o problema eacute conjuntural pode conduzir a poliacuteticas puacuteblicas

focalizadas e de natureza filantroacutepica ou de administraccedilatildeo e controle da pobreza

sem atentar para poliacuteticas que atacam as estruturas produtoras da desigualdaderdquo A

pobreza nesse contexto passa a ser vista com ausecircncia de capacidades individuais

logo a poliacutetica social se transforma numa estrateacutegia para inserir os pobres no

mercado de trabalho

Ainda sobre essa questatildeo Sposito et al (2006) nos convida agrave analisarmos com

cuidado uma vez que os jovens usuaacuterios dos programas sociais voltados para a

juventude satildeo os mesmos que foram precocemente excluiacutedos da escola (seja por

distorccedilatildeo de seacuterie idade ou outro fator) Logo a mera exigecircncia de retorno agrave mesma

escola que natildeo foi capaz de lidar com essas situaccedilotildees eacute no miacutenimo manter os

processos de segregaccedilatildeo (SPOSITO et al 2006) Segundo os autores podemos

constatar duas consequecircncias desse fato uma eacute o paralelismo das atividades de

caraacuteter socioeducativo que natildeo se articula com a rede puacuteblica de ensino e a outra eacute

a total ausecircncia das poliacuteticas de educaccedilatildeo que se articulem com os programas

sociais para a juventude de modo a redefinir o tipo de proposta de escolaridade

adequada a esses jovens (SPOSITO et al 2006)

Eacute importante mostrar ainda a tendecircncia de valorizaccedilatildeo da socioeducaccedilatildeo contidas

nos programas que natildeo eacute acompanhada das justificativas que induzem a essa

adesatildeo indicando haver uma deficiecircncia nos sistemas de ensino natildeo soacute no campo

pedagoacutegico mas tambeacutem na funccedilatildeo socializadora da escola que natildeo formaria para

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a cidadania21 (SPOSITO et al 2006) fato que estaria criando segundo esses

autores uma via paralela de educaccedilatildeo natildeo-escolar para jovens pobres o que os

leva a questionar se essa via estaria oferecendo uma proposta melhor que a rede

puacuteblica Sendo a resposta afirmativa por que natildeo a articular com o sistema de

ensino Se a resposta for negativa nos faz crer que se trata apenas de ocupar o

tempo livre dos jovens dos bairros pobres

Natildeo podemos deixar de tratar ainda sobre a questatildeo dos instrutores A pesquisa

apresentada por Sposito et al (2006) afirma que as atividades em geral satildeo

realizadas com uma base material precaacuteria e com baixa formaccedilatildeo teacutecnica ou mesmo

escolar que sempre inclui palestras cursos e oficinas Em alguns casos os

programas propotildeem uma formaccedilatildeo geral voltada para a cidadania e outra com foco

no aprendizado de habilidades para o mercado do trabalho

Partindo do que foi apresentado nessa pesquisa citada acima haacute duas grandes

orientaccedilotildees em torno do adolescente pobre e outra em torno do jovem pobre Para

os autores apoacutes anos de promulgaccedilatildeo do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente jaacute

satildeo visiacuteveis os avanccedilos que fazem com que os direitos da crianccedila

independentemente de sua condiccedilatildeo social (ter uma famiacutelia agrave escola sauacutede

proteccedilatildeo do Estado) sejam reconhecidos socialmente mesmo que ainda precisem

ser disputados mas jaacute satildeo reconhecidos

Contudo o mesmo natildeo acontece com os jovens pobres pois para eles eacute impelida

uma imagem que impede o reconhecimento social de seus direitos para esses satildeo

reservadas as accedilotildees de inserccedilatildeo social compensatoacuterias e alto teor socioeducativo

esses satildeo chamados de adolescentes pobres que continuam a ocupar o natildeo-lugar

e soacute se tornam visiacuteveis pela ameaccedila ou pelo risco provocados na sociedade Aos

outros que podem usufruir de alguns direitos mesmo que minimamente o termo

jovem passa a ser fortemente aplicado (SPOSITO et al 2006) evidenciando que as

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A cidadania como eacute tratada aparece como um conceito muito mais ligado a uma ideia de atividade socializadora com ecircnfase no civismo e no aprendizado de certos valores importantes para essa civilidade o que acaba esvaziando os conteuacutedos da cidadania ligados agrave ideia de direitos prevalecendo a pressuposiccedilatildeo de que jovens e adolescentes pobres - precisam ser atingidos por alguma accedilatildeo que lhes ensine algo (SPOSITO et al 2006)

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poliacuteticas de juventude estatildeo fortemente marcadas pelas concepccedilotildees de juventude

mas sobretudo pelas concepccedilotildees sobre os jovens pobres

Outro aspecto a ser destacado eacute o caraacuteter transitoacuterio das accedilotildees (em meacutedia 02 anos)

natildeo se configurando enquanto uma poliacutetica puacuteblica mantendo o cariz de programa

numa proposta de poliacutetica emergencial para a juventude que mina a construccedilatildeo de

uma poliacutetica puacuteblica nacional e ainda dificultando a avaliaccedilatildeo seacuteria de tais

programas22 (SPOSITO CORRACHANO 2005)

A fragmentaccedilatildeo tambeacutem eacute uma caracteriacutestica marcante no ProJovem Trabalhador

mantendo a visatildeo das poliacuteticas de juventude como um conjunto de caixinhas

isoladas em disputa impedindo o diaacutelogo entre elas cada modalidade estaacute sob

orientaccedilatildeo de um Ministeacuterio diferente e natildeo articulaccedilatildeo entre as modalidades O

caraacuteter fragmentaacuterio das poliacuteticas de juventude se explicita na focalizaccedilatildeo das

diretrizes ldquojovem temaacuteticordquo que expressa o puacuteblico alvo das accedilotildees desenvolvidas

nos diferentes ministeacuterios assim tem-se ldquoo jovem-alunordquo o ldquojovem-filhordquo o ldquojovem-

infratorrdquo a ldquojovem-matildeerdquo ldquoa jovem-que-natildeo-queremos-que-seja-matildeerdquo o rdquojovem-ruralrdquo

e outros (CARRANO 2012)

A transversalizaccedilatildeo dos programas seria uma estrateacutegia de superaccedilatildeo dessa

caracteriacutestica o que requisitaria ldquo[] repensar e fortalecer um pacto pela juventude

que parta da Secretaria Nacional da Juventude e consiga chegar ateacute onde o jovem

estaacute no municiacutepio no bairro e o conecte com o governo federalrdquo (SPOSITO 2012

p 225) pois eacute extremamente importante construir uma rede de atenccedilatildeo para os

jovens que conectem as poliacuteticas municipais estaduais e federais num diaacutelogo

permanente neste sentido as poliacuteticas para esse segmento natildeo devem

simplesmente reproduzir as poliacuteticas de acircmbito nacional elas devem ser efetivadas

e assumidas em todos os acircmbitos de accedilatildeo

Outra questatildeo que aparece no ProJovem Trabalhador comum agraves demais poliacuteticas

destinadas aos jovens eacute que as accedilotildees tecircm se destinado muito mais a oferecer o

que se instituiu como necessidades dos jovens e natildeo aquilo que o jovem apresentou

ou demandou como uma necessidade sua Os jovens precisam de espaccedilo natildeo soacute

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No caso do ProJovem Trabalhador o programa tem previsatildeo para ser executado em 06 meses

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para receber os projetos jaacute preconcebidos mas sobretudo para dizer o que

precisam individual e coletivamente Para esse autor as accedilotildees destinadas aos

jovens emergem simultaneamente agrave criaccedilatildeo de personagens sociais (protagonistas

empreendedores e outros) de pouco diaacutelogo que atendam muito mais aos interesses

e modelos de poliacuteticas das agecircncias internacionais de desenvolvimento (CARRANO

2012)

Outra questatildeo a ser problematizada eacute que o programa definiu como meta miacutenima a

inserccedilatildeo de no miacutenimo 30 dos jovens no mundo do trabalho sendo admitidas as

seguintes formas de inserccedilatildeo a) emprego formal (comprovado atraveacutes de coacutepias da

carteira assinada dos jovens) b) estaacutegio ou jovem aprendiz (comprovado atraveacutes de

coacutepias dos contratos) c) ou formas alternativas geradoras de renda (Brasil 2008)

Questionamos ateacute que ponto essas possibilidades podem ser entendidas como

estrateacutegias de inserccedilatildeo no mundo do trabalho eou de superaccedilatildeo da precarizaccedilatildeo

das condiccedilotildees de trabalho dos jovens Quais satildeo os viacutenculos de trabalho Qual a

meacutedia de salaacuterio Quais as condiccedilotildees de trabalho Qual a permanecircncia dos jovens

nesses viacutenculos

Reconhecendo a importacircncia dessa estrateacutegia para a sobrevivecircncia dos jovens natildeo

podemos deixar de considerar que ela tambeacutem natildeo deixa de fazer parte de um

processo de naturalizaccedilatildeo das mudanccedilas no mundo do trabalho que culmina na

responsabilizaccedilatildeo dos proacuteprios trabalhadores Eles satildeo convencidos de que eles eacute

que natildeo tecircm grande coisa para vender ou natildeo sabem como vendecirc-la ndash ou seja natildeo

tem ldquocapital humanordquo ocultando desse modo todas as estruturas de distribuiccedilatildeo

desigual e apropriaccedilatildeo desigual dos recursos materiais sociais culturais e

simboacutelicos de nossa sociedade Esse fato faz com que o ldquo[] ldquocapital humanordquo de

um jovem oriundo do contexto popular da ldquoperiferiardquo tenha pouca chance de

equivaler ao de um jovem saiacutedo de um meio privilegiadordquo (BIHR 2007)

Nessa perspectiva o empreendedorismo tambeacutem aparece como estrateacutegia mas na

verdade se assemelha mais a danccedila das cadeiras quando a muacutesica para haacute mais

pessoas de peacute do que cadeiras disponiacuteveis para sentar (POCHAMANN 2005) Em

alguns casos empresas e o Estado ateacute destinam alguns recursos para esses fins

que satildeo ldquo[] importantes mas absolutamente incapazes de gerar mais postos de

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trabalho Uma contribuiccedilatildeo digamos para o ldquosalve-se quem puderrdquo (MATTOSO

1999 p20)

Fato que expressa bem a responsabilizaccedilatildeo do indiviacuteduo por sua situaccedilatildeo de

emprego e desemprego numa clara tentativa de transferir riscos e

responsabilidades ao trabalhador fazendo com que ele assuma a sua

empregabilidade por meio de formaccedilatildeo profissional qualificaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo

Deslocando assim a responsabilidade social do Estado para o plano individual onde

natildeo haacute poliacutetica de emprego apenas indiviacuteduos empregaacuteveis ou natildeo Os indiviacuteduos

afetados pela loacutegica da competiccedilatildeo por empregos inseguros comeccedilam a adaptar-se

a novas condutas psicoloacutegicas do perfil do ldquovencedorrdquo (COSTA 2005)

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A anaacutelise do ProJovem Trabalhador mostra que o programa eacute importante no

cotidiano desses jovens como um instrumento na efetivaccedilatildeo de direitos sociais e

mecanismo de sobrevivecircncia e evidencia que os avanccedilos das poliacuteticas de juventude

no paiacutes natildeo soacute em quantidade mas tambeacutem em qualidade se comparadas com as

experiecircncias anteriores

No entanto ainda haacute muito o que caminhar Podemos dizer que o programa

expressa o perfil das poliacuteticas sociais contemporacircneas Fragmentaccedilatildeo

descentralizaccedilatildeo focalizaccedilatildeo descontinuidade ausecircncia de pesquisas e avaliaccedilotildees

e privatizaccedilatildeo Caracteriacutesticas que precisam ser explicitadas e disputadas na cena

puacuteblica juntamente com as demais poliacuteticas sociais

Para que as poliacuteticas de juventude se transformem em poliacuteticas para a juventude eacute

preciso sair desse ciclo de vitimizaccedilatildeocriminalizaccedilatildeo voluntariadoencerramento ou

prevenccedilatildeorepressatildeo (BATISTA 2007) Para isso eacute necessaacuterio transformar esses

problemas sociais da juventude em problemas socioloacutegicos Esse eacute um exerciacutecio de

interrogaccedilatildeo que gera como produto a incerteza de afirmaccedilotildees antes dadas como

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inquestionaacuteveis Sem o questionamento a juventude se torna um quase bdquomito‟ e

para esse mito eacute necessaacuterio ldquopenetrar no cotidiano do jovemrdquo e questionar ldquo[]

sentiratildeo os jovens estes problemas como seus problemasrdquo (PAIS 2003 p34)

Mas sobretudo eacute preciso dotar de precisotildees conceituais acerca do tema juventude

de modo a iluminarmos os processos de construccedilatildeo de marcos poliacuteticos em

coerecircncia com os marcos conceituais os discursos e programaacuteticas deixando de

conceber aos jovens sobre ldquo[] a noccedilatildeo de um jovem problema e carente visatildeo

que tende agrave geraccedilatildeo de um determinado tipo de poliacutetica de juventude de natureza

compensatoacuteriardquo (LEacuteON 2005 p88)

Fica evidente ainda que a juventude cumpre um papel na atual sociedade

capitalista a de compor a grande massa do exeacutercito industrial de reserva quando a

poliacutetica social para a juventude em especial os programas de transferecircncia de renda

como o ProJovem Trabalhador acabam assumindo o papel de garantir mecanismos

de sobrevivecircncia dos sujeitos juvenis uma vez que natildeo eacute possiacutevel assegurar a

sobrevivecircncia desse segmento da classe trabalhadora atraveacutes da inserccedilatildeo no

trabalho

Abstract Analyze the ProJovem Worker program as one of coping policies changes in the workplace that particularly affected the youth For this we will make a brief background of the relations and working conditions for this population segment and social policies aimed at this audience including the program in question identifying their progress and limits through a bibliographic and documentary research Keywords Labor Social Policy and Youth

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Processo de Avaliaccedilatildeo por Pares (Blind Review - Anaacutelise do Texto Anocircnimo)

Publicado na Revista Vozes dos Vales - wwwufvjmedubrvozes em 10102016

Revista Cientiacutefica Vozes dos Vales - UFVJM - Minas Gerais - Brasil

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Perioacutedico Cientiacutefico Eletrocircnico divulgado nos programas brasileiros Stricto Sensu

(Mestrados e Doutorados) e em universidades de 38 paiacuteses

em diversas aacutereas do conhecimento

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a cidadania21 (SPOSITO et al 2006) fato que estaria criando segundo esses

autores uma via paralela de educaccedilatildeo natildeo-escolar para jovens pobres o que os

leva a questionar se essa via estaria oferecendo uma proposta melhor que a rede

puacuteblica Sendo a resposta afirmativa por que natildeo a articular com o sistema de

ensino Se a resposta for negativa nos faz crer que se trata apenas de ocupar o

tempo livre dos jovens dos bairros pobres

Natildeo podemos deixar de tratar ainda sobre a questatildeo dos instrutores A pesquisa

apresentada por Sposito et al (2006) afirma que as atividades em geral satildeo

realizadas com uma base material precaacuteria e com baixa formaccedilatildeo teacutecnica ou mesmo

escolar que sempre inclui palestras cursos e oficinas Em alguns casos os

programas propotildeem uma formaccedilatildeo geral voltada para a cidadania e outra com foco

no aprendizado de habilidades para o mercado do trabalho

Partindo do que foi apresentado nessa pesquisa citada acima haacute duas grandes

orientaccedilotildees em torno do adolescente pobre e outra em torno do jovem pobre Para

os autores apoacutes anos de promulgaccedilatildeo do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente jaacute

satildeo visiacuteveis os avanccedilos que fazem com que os direitos da crianccedila

independentemente de sua condiccedilatildeo social (ter uma famiacutelia agrave escola sauacutede

proteccedilatildeo do Estado) sejam reconhecidos socialmente mesmo que ainda precisem

ser disputados mas jaacute satildeo reconhecidos

Contudo o mesmo natildeo acontece com os jovens pobres pois para eles eacute impelida

uma imagem que impede o reconhecimento social de seus direitos para esses satildeo

reservadas as accedilotildees de inserccedilatildeo social compensatoacuterias e alto teor socioeducativo

esses satildeo chamados de adolescentes pobres que continuam a ocupar o natildeo-lugar

e soacute se tornam visiacuteveis pela ameaccedila ou pelo risco provocados na sociedade Aos

outros que podem usufruir de alguns direitos mesmo que minimamente o termo

jovem passa a ser fortemente aplicado (SPOSITO et al 2006) evidenciando que as

21

A cidadania como eacute tratada aparece como um conceito muito mais ligado a uma ideia de atividade socializadora com ecircnfase no civismo e no aprendizado de certos valores importantes para essa civilidade o que acaba esvaziando os conteuacutedos da cidadania ligados agrave ideia de direitos prevalecendo a pressuposiccedilatildeo de que jovens e adolescentes pobres - precisam ser atingidos por alguma accedilatildeo que lhes ensine algo (SPOSITO et al 2006)

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poliacuteticas de juventude estatildeo fortemente marcadas pelas concepccedilotildees de juventude

mas sobretudo pelas concepccedilotildees sobre os jovens pobres

Outro aspecto a ser destacado eacute o caraacuteter transitoacuterio das accedilotildees (em meacutedia 02 anos)

natildeo se configurando enquanto uma poliacutetica puacuteblica mantendo o cariz de programa

numa proposta de poliacutetica emergencial para a juventude que mina a construccedilatildeo de

uma poliacutetica puacuteblica nacional e ainda dificultando a avaliaccedilatildeo seacuteria de tais

programas22 (SPOSITO CORRACHANO 2005)

A fragmentaccedilatildeo tambeacutem eacute uma caracteriacutestica marcante no ProJovem Trabalhador

mantendo a visatildeo das poliacuteticas de juventude como um conjunto de caixinhas

isoladas em disputa impedindo o diaacutelogo entre elas cada modalidade estaacute sob

orientaccedilatildeo de um Ministeacuterio diferente e natildeo articulaccedilatildeo entre as modalidades O

caraacuteter fragmentaacuterio das poliacuteticas de juventude se explicita na focalizaccedilatildeo das

diretrizes ldquojovem temaacuteticordquo que expressa o puacuteblico alvo das accedilotildees desenvolvidas

nos diferentes ministeacuterios assim tem-se ldquoo jovem-alunordquo o ldquojovem-filhordquo o ldquojovem-

infratorrdquo a ldquojovem-matildeerdquo ldquoa jovem-que-natildeo-queremos-que-seja-matildeerdquo o rdquojovem-ruralrdquo

e outros (CARRANO 2012)

A transversalizaccedilatildeo dos programas seria uma estrateacutegia de superaccedilatildeo dessa

caracteriacutestica o que requisitaria ldquo[] repensar e fortalecer um pacto pela juventude

que parta da Secretaria Nacional da Juventude e consiga chegar ateacute onde o jovem

estaacute no municiacutepio no bairro e o conecte com o governo federalrdquo (SPOSITO 2012

p 225) pois eacute extremamente importante construir uma rede de atenccedilatildeo para os

jovens que conectem as poliacuteticas municipais estaduais e federais num diaacutelogo

permanente neste sentido as poliacuteticas para esse segmento natildeo devem

simplesmente reproduzir as poliacuteticas de acircmbito nacional elas devem ser efetivadas

e assumidas em todos os acircmbitos de accedilatildeo

Outra questatildeo que aparece no ProJovem Trabalhador comum agraves demais poliacuteticas

destinadas aos jovens eacute que as accedilotildees tecircm se destinado muito mais a oferecer o

que se instituiu como necessidades dos jovens e natildeo aquilo que o jovem apresentou

ou demandou como uma necessidade sua Os jovens precisam de espaccedilo natildeo soacute

22

No caso do ProJovem Trabalhador o programa tem previsatildeo para ser executado em 06 meses

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Revista Cientiacutefica Vozes dos Vales ndash UFVJM ndash MG ndash Brasil ndash Nordm 10 ndash Ano V ndash 102016 Reg 1202095ndash2011 ndash UFVJM ndash QUALISCAPES ndash LATINDEX ndash ISSN 2238-6424 ndash wwwufvjmedubrvozes

para receber os projetos jaacute preconcebidos mas sobretudo para dizer o que

precisam individual e coletivamente Para esse autor as accedilotildees destinadas aos

jovens emergem simultaneamente agrave criaccedilatildeo de personagens sociais (protagonistas

empreendedores e outros) de pouco diaacutelogo que atendam muito mais aos interesses

e modelos de poliacuteticas das agecircncias internacionais de desenvolvimento (CARRANO

2012)

Outra questatildeo a ser problematizada eacute que o programa definiu como meta miacutenima a

inserccedilatildeo de no miacutenimo 30 dos jovens no mundo do trabalho sendo admitidas as

seguintes formas de inserccedilatildeo a) emprego formal (comprovado atraveacutes de coacutepias da

carteira assinada dos jovens) b) estaacutegio ou jovem aprendiz (comprovado atraveacutes de

coacutepias dos contratos) c) ou formas alternativas geradoras de renda (Brasil 2008)

Questionamos ateacute que ponto essas possibilidades podem ser entendidas como

estrateacutegias de inserccedilatildeo no mundo do trabalho eou de superaccedilatildeo da precarizaccedilatildeo

das condiccedilotildees de trabalho dos jovens Quais satildeo os viacutenculos de trabalho Qual a

meacutedia de salaacuterio Quais as condiccedilotildees de trabalho Qual a permanecircncia dos jovens

nesses viacutenculos

Reconhecendo a importacircncia dessa estrateacutegia para a sobrevivecircncia dos jovens natildeo

podemos deixar de considerar que ela tambeacutem natildeo deixa de fazer parte de um

processo de naturalizaccedilatildeo das mudanccedilas no mundo do trabalho que culmina na

responsabilizaccedilatildeo dos proacuteprios trabalhadores Eles satildeo convencidos de que eles eacute

que natildeo tecircm grande coisa para vender ou natildeo sabem como vendecirc-la ndash ou seja natildeo

tem ldquocapital humanordquo ocultando desse modo todas as estruturas de distribuiccedilatildeo

desigual e apropriaccedilatildeo desigual dos recursos materiais sociais culturais e

simboacutelicos de nossa sociedade Esse fato faz com que o ldquo[] ldquocapital humanordquo de

um jovem oriundo do contexto popular da ldquoperiferiardquo tenha pouca chance de

equivaler ao de um jovem saiacutedo de um meio privilegiadordquo (BIHR 2007)

Nessa perspectiva o empreendedorismo tambeacutem aparece como estrateacutegia mas na

verdade se assemelha mais a danccedila das cadeiras quando a muacutesica para haacute mais

pessoas de peacute do que cadeiras disponiacuteveis para sentar (POCHAMANN 2005) Em

alguns casos empresas e o Estado ateacute destinam alguns recursos para esses fins

que satildeo ldquo[] importantes mas absolutamente incapazes de gerar mais postos de

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trabalho Uma contribuiccedilatildeo digamos para o ldquosalve-se quem puderrdquo (MATTOSO

1999 p20)

Fato que expressa bem a responsabilizaccedilatildeo do indiviacuteduo por sua situaccedilatildeo de

emprego e desemprego numa clara tentativa de transferir riscos e

responsabilidades ao trabalhador fazendo com que ele assuma a sua

empregabilidade por meio de formaccedilatildeo profissional qualificaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo

Deslocando assim a responsabilidade social do Estado para o plano individual onde

natildeo haacute poliacutetica de emprego apenas indiviacuteduos empregaacuteveis ou natildeo Os indiviacuteduos

afetados pela loacutegica da competiccedilatildeo por empregos inseguros comeccedilam a adaptar-se

a novas condutas psicoloacutegicas do perfil do ldquovencedorrdquo (COSTA 2005)

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A anaacutelise do ProJovem Trabalhador mostra que o programa eacute importante no

cotidiano desses jovens como um instrumento na efetivaccedilatildeo de direitos sociais e

mecanismo de sobrevivecircncia e evidencia que os avanccedilos das poliacuteticas de juventude

no paiacutes natildeo soacute em quantidade mas tambeacutem em qualidade se comparadas com as

experiecircncias anteriores

No entanto ainda haacute muito o que caminhar Podemos dizer que o programa

expressa o perfil das poliacuteticas sociais contemporacircneas Fragmentaccedilatildeo

descentralizaccedilatildeo focalizaccedilatildeo descontinuidade ausecircncia de pesquisas e avaliaccedilotildees

e privatizaccedilatildeo Caracteriacutesticas que precisam ser explicitadas e disputadas na cena

puacuteblica juntamente com as demais poliacuteticas sociais

Para que as poliacuteticas de juventude se transformem em poliacuteticas para a juventude eacute

preciso sair desse ciclo de vitimizaccedilatildeocriminalizaccedilatildeo voluntariadoencerramento ou

prevenccedilatildeorepressatildeo (BATISTA 2007) Para isso eacute necessaacuterio transformar esses

problemas sociais da juventude em problemas socioloacutegicos Esse eacute um exerciacutecio de

interrogaccedilatildeo que gera como produto a incerteza de afirmaccedilotildees antes dadas como

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inquestionaacuteveis Sem o questionamento a juventude se torna um quase bdquomito‟ e

para esse mito eacute necessaacuterio ldquopenetrar no cotidiano do jovemrdquo e questionar ldquo[]

sentiratildeo os jovens estes problemas como seus problemasrdquo (PAIS 2003 p34)

Mas sobretudo eacute preciso dotar de precisotildees conceituais acerca do tema juventude

de modo a iluminarmos os processos de construccedilatildeo de marcos poliacuteticos em

coerecircncia com os marcos conceituais os discursos e programaacuteticas deixando de

conceber aos jovens sobre ldquo[] a noccedilatildeo de um jovem problema e carente visatildeo

que tende agrave geraccedilatildeo de um determinado tipo de poliacutetica de juventude de natureza

compensatoacuteriardquo (LEacuteON 2005 p88)

Fica evidente ainda que a juventude cumpre um papel na atual sociedade

capitalista a de compor a grande massa do exeacutercito industrial de reserva quando a

poliacutetica social para a juventude em especial os programas de transferecircncia de renda

como o ProJovem Trabalhador acabam assumindo o papel de garantir mecanismos

de sobrevivecircncia dos sujeitos juvenis uma vez que natildeo eacute possiacutevel assegurar a

sobrevivecircncia desse segmento da classe trabalhadora atraveacutes da inserccedilatildeo no

trabalho

Abstract Analyze the ProJovem Worker program as one of coping policies changes in the workplace that particularly affected the youth For this we will make a brief background of the relations and working conditions for this population segment and social policies aimed at this audience including the program in question identifying their progress and limits through a bibliographic and documentary research Keywords Labor Social Policy and Youth

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centralidade do mundo do trabalho Satildeo Paulo 10 ed Cortez 2005

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e suas repercussotildees no processo de trabalho In__ Os sentidos do trabalho

Ensaios sobre a afirmaccedilatildeo e a negaccedilatildeo do trabalho 6 ed Satildeo Paulo Boitempo

Editorial 2002 Cap 3 p 35 ndash 59

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______ Ministeacuterio do Trabalho Portaria 2043 de 22 de outubro de 2009

_______ Ministeacuterio do Trabalho Decreto nordm 6629 de 04 de novembro de 2008

regulamenta o Programa Nacional de Inclusatildeo de Jovens ndash Projovem 2008

_____ Lei nordm 11692 de 10 de junho de 2008 dispotildee sobre o Programa Nacional de

Inclusatildeo de Jovens ndashProJovem 2008a

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Trabalho e Renda 20102011 juventude 3 ed Departamento Intersindical de

Estatiacutestica e Estudos Socioeconocircmicos -- Satildeo Paulo DIEESE 2011

FRIGOTTO Gaudecircncio Juventude trabalho educaccedilatildeo no Brasil perplexidade

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Juventude e Sociedade Trabalho Educaccedilatildeo Cultura e Participaccedilatildeo Satildeo Paulo

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GROPPO L A Juventude ensaios de sociologia e histoacuteria das juventudes

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Satildeo Paulo Cortez 2006

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Processo de Avaliaccedilatildeo por Pares (Blind Review - Anaacutelise do Texto Anocircnimo)

Publicado na Revista Vozes dos Vales - wwwufvjmedubrvozes em 10102016

Revista Cientiacutefica Vozes dos Vales - UFVJM - Minas Gerais - Brasil

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UFVJM 1202095-2011 - QUALISCAPES - LATINDEX 22524 - ISSN 2238-6424

Perioacutedico Cientiacutefico Eletrocircnico divulgado nos programas brasileiros Stricto Sensu

(Mestrados e Doutorados) e em universidades de 38 paiacuteses

em diversas aacutereas do conhecimento

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poliacuteticas de juventude estatildeo fortemente marcadas pelas concepccedilotildees de juventude

mas sobretudo pelas concepccedilotildees sobre os jovens pobres

Outro aspecto a ser destacado eacute o caraacuteter transitoacuterio das accedilotildees (em meacutedia 02 anos)

natildeo se configurando enquanto uma poliacutetica puacuteblica mantendo o cariz de programa

numa proposta de poliacutetica emergencial para a juventude que mina a construccedilatildeo de

uma poliacutetica puacuteblica nacional e ainda dificultando a avaliaccedilatildeo seacuteria de tais

programas22 (SPOSITO CORRACHANO 2005)

A fragmentaccedilatildeo tambeacutem eacute uma caracteriacutestica marcante no ProJovem Trabalhador

mantendo a visatildeo das poliacuteticas de juventude como um conjunto de caixinhas

isoladas em disputa impedindo o diaacutelogo entre elas cada modalidade estaacute sob

orientaccedilatildeo de um Ministeacuterio diferente e natildeo articulaccedilatildeo entre as modalidades O

caraacuteter fragmentaacuterio das poliacuteticas de juventude se explicita na focalizaccedilatildeo das

diretrizes ldquojovem temaacuteticordquo que expressa o puacuteblico alvo das accedilotildees desenvolvidas

nos diferentes ministeacuterios assim tem-se ldquoo jovem-alunordquo o ldquojovem-filhordquo o ldquojovem-

infratorrdquo a ldquojovem-matildeerdquo ldquoa jovem-que-natildeo-queremos-que-seja-matildeerdquo o rdquojovem-ruralrdquo

e outros (CARRANO 2012)

A transversalizaccedilatildeo dos programas seria uma estrateacutegia de superaccedilatildeo dessa

caracteriacutestica o que requisitaria ldquo[] repensar e fortalecer um pacto pela juventude

que parta da Secretaria Nacional da Juventude e consiga chegar ateacute onde o jovem

estaacute no municiacutepio no bairro e o conecte com o governo federalrdquo (SPOSITO 2012

p 225) pois eacute extremamente importante construir uma rede de atenccedilatildeo para os

jovens que conectem as poliacuteticas municipais estaduais e federais num diaacutelogo

permanente neste sentido as poliacuteticas para esse segmento natildeo devem

simplesmente reproduzir as poliacuteticas de acircmbito nacional elas devem ser efetivadas

e assumidas em todos os acircmbitos de accedilatildeo

Outra questatildeo que aparece no ProJovem Trabalhador comum agraves demais poliacuteticas

destinadas aos jovens eacute que as accedilotildees tecircm se destinado muito mais a oferecer o

que se instituiu como necessidades dos jovens e natildeo aquilo que o jovem apresentou

ou demandou como uma necessidade sua Os jovens precisam de espaccedilo natildeo soacute

22

No caso do ProJovem Trabalhador o programa tem previsatildeo para ser executado em 06 meses

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para receber os projetos jaacute preconcebidos mas sobretudo para dizer o que

precisam individual e coletivamente Para esse autor as accedilotildees destinadas aos

jovens emergem simultaneamente agrave criaccedilatildeo de personagens sociais (protagonistas

empreendedores e outros) de pouco diaacutelogo que atendam muito mais aos interesses

e modelos de poliacuteticas das agecircncias internacionais de desenvolvimento (CARRANO

2012)

Outra questatildeo a ser problematizada eacute que o programa definiu como meta miacutenima a

inserccedilatildeo de no miacutenimo 30 dos jovens no mundo do trabalho sendo admitidas as

seguintes formas de inserccedilatildeo a) emprego formal (comprovado atraveacutes de coacutepias da

carteira assinada dos jovens) b) estaacutegio ou jovem aprendiz (comprovado atraveacutes de

coacutepias dos contratos) c) ou formas alternativas geradoras de renda (Brasil 2008)

Questionamos ateacute que ponto essas possibilidades podem ser entendidas como

estrateacutegias de inserccedilatildeo no mundo do trabalho eou de superaccedilatildeo da precarizaccedilatildeo

das condiccedilotildees de trabalho dos jovens Quais satildeo os viacutenculos de trabalho Qual a

meacutedia de salaacuterio Quais as condiccedilotildees de trabalho Qual a permanecircncia dos jovens

nesses viacutenculos

Reconhecendo a importacircncia dessa estrateacutegia para a sobrevivecircncia dos jovens natildeo

podemos deixar de considerar que ela tambeacutem natildeo deixa de fazer parte de um

processo de naturalizaccedilatildeo das mudanccedilas no mundo do trabalho que culmina na

responsabilizaccedilatildeo dos proacuteprios trabalhadores Eles satildeo convencidos de que eles eacute

que natildeo tecircm grande coisa para vender ou natildeo sabem como vendecirc-la ndash ou seja natildeo

tem ldquocapital humanordquo ocultando desse modo todas as estruturas de distribuiccedilatildeo

desigual e apropriaccedilatildeo desigual dos recursos materiais sociais culturais e

simboacutelicos de nossa sociedade Esse fato faz com que o ldquo[] ldquocapital humanordquo de

um jovem oriundo do contexto popular da ldquoperiferiardquo tenha pouca chance de

equivaler ao de um jovem saiacutedo de um meio privilegiadordquo (BIHR 2007)

Nessa perspectiva o empreendedorismo tambeacutem aparece como estrateacutegia mas na

verdade se assemelha mais a danccedila das cadeiras quando a muacutesica para haacute mais

pessoas de peacute do que cadeiras disponiacuteveis para sentar (POCHAMANN 2005) Em

alguns casos empresas e o Estado ateacute destinam alguns recursos para esses fins

que satildeo ldquo[] importantes mas absolutamente incapazes de gerar mais postos de

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trabalho Uma contribuiccedilatildeo digamos para o ldquosalve-se quem puderrdquo (MATTOSO

1999 p20)

Fato que expressa bem a responsabilizaccedilatildeo do indiviacuteduo por sua situaccedilatildeo de

emprego e desemprego numa clara tentativa de transferir riscos e

responsabilidades ao trabalhador fazendo com que ele assuma a sua

empregabilidade por meio de formaccedilatildeo profissional qualificaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo

Deslocando assim a responsabilidade social do Estado para o plano individual onde

natildeo haacute poliacutetica de emprego apenas indiviacuteduos empregaacuteveis ou natildeo Os indiviacuteduos

afetados pela loacutegica da competiccedilatildeo por empregos inseguros comeccedilam a adaptar-se

a novas condutas psicoloacutegicas do perfil do ldquovencedorrdquo (COSTA 2005)

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A anaacutelise do ProJovem Trabalhador mostra que o programa eacute importante no

cotidiano desses jovens como um instrumento na efetivaccedilatildeo de direitos sociais e

mecanismo de sobrevivecircncia e evidencia que os avanccedilos das poliacuteticas de juventude

no paiacutes natildeo soacute em quantidade mas tambeacutem em qualidade se comparadas com as

experiecircncias anteriores

No entanto ainda haacute muito o que caminhar Podemos dizer que o programa

expressa o perfil das poliacuteticas sociais contemporacircneas Fragmentaccedilatildeo

descentralizaccedilatildeo focalizaccedilatildeo descontinuidade ausecircncia de pesquisas e avaliaccedilotildees

e privatizaccedilatildeo Caracteriacutesticas que precisam ser explicitadas e disputadas na cena

puacuteblica juntamente com as demais poliacuteticas sociais

Para que as poliacuteticas de juventude se transformem em poliacuteticas para a juventude eacute

preciso sair desse ciclo de vitimizaccedilatildeocriminalizaccedilatildeo voluntariadoencerramento ou

prevenccedilatildeorepressatildeo (BATISTA 2007) Para isso eacute necessaacuterio transformar esses

problemas sociais da juventude em problemas socioloacutegicos Esse eacute um exerciacutecio de

interrogaccedilatildeo que gera como produto a incerteza de afirmaccedilotildees antes dadas como

- 24 -

Revista Cientiacutefica Vozes dos Vales ndash UFVJM ndash MG ndash Brasil ndash Nordm 10 ndash Ano V ndash 102016 Reg 1202095ndash2011 ndash UFVJM ndash QUALISCAPES ndash LATINDEX ndash ISSN 2238-6424 ndash wwwufvjmedubrvozes

inquestionaacuteveis Sem o questionamento a juventude se torna um quase bdquomito‟ e

para esse mito eacute necessaacuterio ldquopenetrar no cotidiano do jovemrdquo e questionar ldquo[]

sentiratildeo os jovens estes problemas como seus problemasrdquo (PAIS 2003 p34)

Mas sobretudo eacute preciso dotar de precisotildees conceituais acerca do tema juventude

de modo a iluminarmos os processos de construccedilatildeo de marcos poliacuteticos em

coerecircncia com os marcos conceituais os discursos e programaacuteticas deixando de

conceber aos jovens sobre ldquo[] a noccedilatildeo de um jovem problema e carente visatildeo

que tende agrave geraccedilatildeo de um determinado tipo de poliacutetica de juventude de natureza

compensatoacuteriardquo (LEacuteON 2005 p88)

Fica evidente ainda que a juventude cumpre um papel na atual sociedade

capitalista a de compor a grande massa do exeacutercito industrial de reserva quando a

poliacutetica social para a juventude em especial os programas de transferecircncia de renda

como o ProJovem Trabalhador acabam assumindo o papel de garantir mecanismos

de sobrevivecircncia dos sujeitos juvenis uma vez que natildeo eacute possiacutevel assegurar a

sobrevivecircncia desse segmento da classe trabalhadora atraveacutes da inserccedilatildeo no

trabalho

Abstract Analyze the ProJovem Worker program as one of coping policies changes in the workplace that particularly affected the youth For this we will make a brief background of the relations and working conditions for this population segment and social policies aimed at this audience including the program in question identifying their progress and limits through a bibliographic and documentary research Keywords Labor Social Policy and Youth

- 25 -

Revista Cientiacutefica Vozes dos Vales ndash UFVJM ndash MG ndash Brasil ndash Nordm 10 ndash Ano V ndash 102016 Reg 1202095ndash2011 ndash UFVJM ndash QUALISCAPES ndash LATINDEX ndash ISSN 2238-6424 ndash wwwufvjmedubrvozes

REFEREcircCIAS

ABRAMO Helena Wendel Condiccedilatildeo juvenil no Brasil contemporacircneo In______

BRANCO Pedro Paulo Martoni (Org) Retratos da Juventude Brasileira Anaacutelises

de uma pesquisa nacional Satildeo Paulo Editora Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2005 pg

37-73

______ Consideraccedilotildees sobre a tematizaccedilatildeo social da juventude no Brasil In

PERALVA AT SPOSITO M (Orgs) In Revista Brasileira de Educaccedilatildeo n 5 e 6

Satildeo Paulo 1997 pg 25-36

_______ O uso das noccedilotildees de adolescecircncia e juventude no contexto brasileiro In

FREITAS M V (Org) Juventude e adolescecircncia no Brasil referecircncias

conceituais Satildeo Paulo Accedilatildeo Educativa 2005b Cap 2 p 19-35

ABAD Miguel Criacutetica poliacutetica das poliacuteticas de juventude In FREITAS M V PAPA

F C (Orgs) Poliacuteticas Puacuteblicas juventude em pauta Satildeo Paulo Cortez 2003 pg

13-32

ANTUNES Ricardo Adeus ao Trabalho Ensaio sobre as metamorfoses e a

centralidade do mundo do trabalho Satildeo Paulo 10 ed Cortez 2005

________ As respostas do capital a sua crise estrutural A reestruturaccedilatildeo produtiva

e suas repercussotildees no processo de trabalho In__ Os sentidos do trabalho

Ensaios sobre a afirmaccedilatildeo e a negaccedilatildeo do trabalho 6 ed Satildeo Paulo Boitempo

Editorial 2002 Cap 3 p 35 ndash 59

BATISTA Vera Malaguti Filiciacutedio a questatildeo criminal no Brasil contemporacircneo ____

Direitos Humanos violecircncia e pobreza na Ameacuterica Latina contemporacircneaRio de

Janeiro Letra e Imagem 2007

BIHR Alain A fraude do conceito de capital humano Disponiacutevel em

httpwwwdiplomatiqueorgbracervophpid=2146 Acessado no dia 20 de marccedilo

de 2012

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Revista Cientiacutefica Vozes dos Vales ndash UFVJM ndash MG ndash Brasil ndash Nordm 10 ndash Ano V ndash 102016 Reg 1202095ndash2011 ndash UFVJM ndash QUALISCAPES ndash LATINDEX ndash ISSN 2238-6424 ndash wwwufvjmedubrvozes

BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Federativa do Brasil IPEA Instituto de Pesquisa

Econocircmicas Aplicadas IPEADATA macroeconocircmicos Disponiacutevel em

httpwwwipeadatagovbrgt Acesso em 20 ago 2013

_____ Manual do Educador Elaboraccedilatildeo da equipe de execuccedilatildeo do ProJovem

Trabalhador de Serra 2012

______ Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia DIsponiacutevel em ltwwwbdtdibictbr

Acesso em 20 nov 2011

______ Presidecircncia da Repuacuteblica Secretaria Nacional de Juventude Guia

Nacional das Poliacuteticas Puacuteblicas de Juventude Secretaria Nacional de Juventude

ndash Brasiacutelia SNJ 2010

______ Ministeacuterio do Trabalho Portaria 2043 de 22 de outubro de 2009

_______ Ministeacuterio do Trabalho Decreto nordm 6629 de 04 de novembro de 2008

regulamenta o Programa Nacional de Inclusatildeo de Jovens ndash Projovem 2008

_____ Lei nordm 11692 de 10 de junho de 2008 dispotildee sobre o Programa Nacional de

Inclusatildeo de Jovens ndashProJovem 2008a

______ Secretaria Nacional de Juventude Poliacutetica Nacional de Juventude

diretrizes e perspectivas 2008b

BEHRING Elaine Rosseti Brasil em contra-reforma desestruturaccedilatildeo do Estado e

perda de direitos Satildeo Paulo Cortez 2003

BOURDIEU P A juventude eacute apenas uma palavra In Questotildees de sociologia Rio

de Janeiro Marco Zero 1983 pg 112121

CARRANO Paulo Poliacuteticas Puacuteblicas de Juventude desafios da praacutetica In PAPA

Fernanda de Carvalho FREITAS Maria Virginia (Orgs) Juventude em Pauta

poliacuteticas puacuteblicas no Brasil Satildeo Paulo Petropolis 2012 pg 235-250

CASTRO Mary Garcia Desafios para quem faz o campo das poliacuteticas puacuteblicas

- 27 -

Revista Cientiacutefica Vozes dos Vales ndash UFVJM ndash MG ndash Brasil ndash Nordm 10 ndash Ano V ndash 102016 Reg 1202095ndash2011 ndash UFVJM ndash QUALISCAPES ndash LATINDEX ndash ISSN 2238-6424 ndash wwwufvjmedubrvozes

de juventude Juventude em Pauta poliacuteticas puacuteblicas no Brasil PAPA Fernanda de

Carvalho FREITAS Maria Virginia (Orgs) Satildeo Paulo Petropolis 2012

COSTA Jurandir Freire Perspectivas da Juventude na sociedade de mercado

In___ ABRAMO Helena Wendel BRANCO Pedro Paulo Martoni (Org) Retratos

da Juventude Brasileira Anaacutelises de uma pesquisa nacional Satildeo Paulo Editora

Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2005 p 75 a 88

DIEESE ESTUDOS E PESQUISAS Anuaacuterio do Sistema Puacuteblico de Emprego

Trabalho e Renda 20102011 juventude 3 ed Departamento Intersindical de

Estatiacutestica e Estudos Socioeconocircmicos -- Satildeo Paulo DIEESE 2011

FRIGOTTO Gaudecircncio Juventude trabalho educaccedilatildeo no Brasil perplexidade

desafios e perspectivas In ___NOVAES Regina VANNUCHI Paulo (Org)

Juventude e Sociedade Trabalho Educaccedilatildeo Cultura e Participaccedilatildeo Satildeo Paulo

Editora Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2004 p 180-216

___________ Educaccedilatildeo e Trabalho bases para debater a Educaccedilatildeo Profissional

Emancipadora Revista Perspectiva Florianoacutepolis V 19 nordm 01 JanJun 2001

GROPPO L A Juventude ensaios de sociologia e histoacuteria das juventudes

modernas Rio de Janeiro Difel 2000GONZALEZ 2009

HARVEY David Do fordismo agrave acumulaccedilatildeo Flexiacutevel In __ Condiccedilatildeo Poacutes-

Moderna Uma pesquisa sobre as origens da mudanccedila cultural 12 ed Satildeo Paulo

Ediccedilotildees Loyola 2003 Cap 9 p 135- 162

IAMAMOTO Marilda Vilela CARVALHO Raul de Relaccedilotildees Sociais e Serviccedilo

Social no Brasil Esboccedilo de uma interpretaccedilatildeo histoacuterico-metodoloacutegica 16 ed Satildeo

Paulo Cortez 2004

__________ Serviccedilo social em tempo de capital fetiche capital financeiro e

questatildeo social Rio de Janeiro Cortez 2007

INSTITUTO CIDADANIA 2005 IPEA Juventudes e poliacuteticas sociais no Brasil

Disponiacutevel em ltwwwipeagovbrgt Acesso em 30 de novembro 2012

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KOSIK Karel Dialeacutetica do Concreto 7ordf ed Rio de Janeiro Editora Paz e Terra

2002

LEOacuteN DAacuteVILA Oscar Adolescecircncia e juventude das noccedilotildees agraves abordagens In

FREITAS Maria Virgiacutenia (Org) Juventude e adolescecircncia no Brasil referecircncias

conceituais Satildeo Paulo Accedilatildeo Educativa 2005 p 9-18

LEVI G SCHMITI C (org) Histoacuteria dos jovens Satildeo Paulo Companhia das

letras 1996 pg 0717 v 1

MARX Karl A jornada de Trabalho In____ O Capital criacutetica da economia poliacutetica

livro I Reginaldo Sant‟Anna (trad) 19 ed Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira

2003 Cap 08 p 187-238

MATTOSO Jorge O Brasil desempregado Como foram destruiacutedos mais de 3

milhotildees de empregos nos ano 90 Satildeo Paulo Perseu Abramo 1999

NETTO Joseacute Paulo Capitalismo Monopolista e Serviccedilo Social 4 ed Satildeo Paulo

Cortez 2005

NETTO Joseacute Paulo BRAZ Marcelo Economia poliacutetica uma introduccedilatildeo criacutetica

Satildeo Paulo Cortez 2006

OIT ndash Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho Juventude e Trabalho no Brasil

variaccedilotildees de situaccedilotildees e desafios para as poliacuteticas 2012 Disponiacutevel em

ltwwwoitbrasilgovbrgt Acesso em 18 fev 2013

PAIS Joseacute Machado A construccedilatildeo socioloacutegica da juventude alguns contributos

Anaacutelise Socioloacutegica v 25 n 105-106 1990

PAIS J M Culturas Juvenis Lisboa Editora Casa da Moeda 2003

PEREIRA Potyara A P Necessidades Humanas subsiacutedios agrave critica dos miacutenimos

sociais 4ed Satildeo Paulo Cortez 2007

POCHMANN Maacutercio Juventude em Busca de novos caminhos In______NOVAES

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Regina VANNUCHI Paulo (Org) Juventude e Sociedade Trabalho Educaccedilatildeo

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241

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2009

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juventude no Brasil In FREITAS Virginia de e PAPA Fernanda de Carvalho

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Educativa Assessoria p 57-74

SPOSITO Mariacutelia P Breve balanccedilo sobre a constituiccedilatildeo de uma agenda de poliacuteticas

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2005

SPOSITO Marilia Pontes CARRANO Paulo Juventude e poliacuteticas puacuteblicas no

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2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielogt Acesso em 12 set 2006

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iniciativas puacuteblicas voltadas para os jovens em municiacutepios de regiotildees

metropolitanas Revista Brasileira de Educaccedilatildeo Rio de Janeiro v 11 nordm 32

MaiAgo 2006

UNESCO Poliacuteticas puacuteblicas deparacom as juventudes Brasiacutelia UNESCO

2004

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Processo de Avaliaccedilatildeo por Pares (Blind Review - Anaacutelise do Texto Anocircnimo)

Publicado na Revista Vozes dos Vales - wwwufvjmedubrvozes em 10102016

Revista Cientiacutefica Vozes dos Vales - UFVJM - Minas Gerais - Brasil

wwwufvjmedubrvozes

wwwfacebookcomrevistavozesdosvales

UFVJM 1202095-2011 - QUALISCAPES - LATINDEX 22524 - ISSN 2238-6424

Perioacutedico Cientiacutefico Eletrocircnico divulgado nos programas brasileiros Stricto Sensu

(Mestrados e Doutorados) e em universidades de 38 paiacuteses

em diversas aacutereas do conhecimento

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para receber os projetos jaacute preconcebidos mas sobretudo para dizer o que

precisam individual e coletivamente Para esse autor as accedilotildees destinadas aos

jovens emergem simultaneamente agrave criaccedilatildeo de personagens sociais (protagonistas

empreendedores e outros) de pouco diaacutelogo que atendam muito mais aos interesses

e modelos de poliacuteticas das agecircncias internacionais de desenvolvimento (CARRANO

2012)

Outra questatildeo a ser problematizada eacute que o programa definiu como meta miacutenima a

inserccedilatildeo de no miacutenimo 30 dos jovens no mundo do trabalho sendo admitidas as

seguintes formas de inserccedilatildeo a) emprego formal (comprovado atraveacutes de coacutepias da

carteira assinada dos jovens) b) estaacutegio ou jovem aprendiz (comprovado atraveacutes de

coacutepias dos contratos) c) ou formas alternativas geradoras de renda (Brasil 2008)

Questionamos ateacute que ponto essas possibilidades podem ser entendidas como

estrateacutegias de inserccedilatildeo no mundo do trabalho eou de superaccedilatildeo da precarizaccedilatildeo

das condiccedilotildees de trabalho dos jovens Quais satildeo os viacutenculos de trabalho Qual a

meacutedia de salaacuterio Quais as condiccedilotildees de trabalho Qual a permanecircncia dos jovens

nesses viacutenculos

Reconhecendo a importacircncia dessa estrateacutegia para a sobrevivecircncia dos jovens natildeo

podemos deixar de considerar que ela tambeacutem natildeo deixa de fazer parte de um

processo de naturalizaccedilatildeo das mudanccedilas no mundo do trabalho que culmina na

responsabilizaccedilatildeo dos proacuteprios trabalhadores Eles satildeo convencidos de que eles eacute

que natildeo tecircm grande coisa para vender ou natildeo sabem como vendecirc-la ndash ou seja natildeo

tem ldquocapital humanordquo ocultando desse modo todas as estruturas de distribuiccedilatildeo

desigual e apropriaccedilatildeo desigual dos recursos materiais sociais culturais e

simboacutelicos de nossa sociedade Esse fato faz com que o ldquo[] ldquocapital humanordquo de

um jovem oriundo do contexto popular da ldquoperiferiardquo tenha pouca chance de

equivaler ao de um jovem saiacutedo de um meio privilegiadordquo (BIHR 2007)

Nessa perspectiva o empreendedorismo tambeacutem aparece como estrateacutegia mas na

verdade se assemelha mais a danccedila das cadeiras quando a muacutesica para haacute mais

pessoas de peacute do que cadeiras disponiacuteveis para sentar (POCHAMANN 2005) Em

alguns casos empresas e o Estado ateacute destinam alguns recursos para esses fins

que satildeo ldquo[] importantes mas absolutamente incapazes de gerar mais postos de

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trabalho Uma contribuiccedilatildeo digamos para o ldquosalve-se quem puderrdquo (MATTOSO

1999 p20)

Fato que expressa bem a responsabilizaccedilatildeo do indiviacuteduo por sua situaccedilatildeo de

emprego e desemprego numa clara tentativa de transferir riscos e

responsabilidades ao trabalhador fazendo com que ele assuma a sua

empregabilidade por meio de formaccedilatildeo profissional qualificaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo

Deslocando assim a responsabilidade social do Estado para o plano individual onde

natildeo haacute poliacutetica de emprego apenas indiviacuteduos empregaacuteveis ou natildeo Os indiviacuteduos

afetados pela loacutegica da competiccedilatildeo por empregos inseguros comeccedilam a adaptar-se

a novas condutas psicoloacutegicas do perfil do ldquovencedorrdquo (COSTA 2005)

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A anaacutelise do ProJovem Trabalhador mostra que o programa eacute importante no

cotidiano desses jovens como um instrumento na efetivaccedilatildeo de direitos sociais e

mecanismo de sobrevivecircncia e evidencia que os avanccedilos das poliacuteticas de juventude

no paiacutes natildeo soacute em quantidade mas tambeacutem em qualidade se comparadas com as

experiecircncias anteriores

No entanto ainda haacute muito o que caminhar Podemos dizer que o programa

expressa o perfil das poliacuteticas sociais contemporacircneas Fragmentaccedilatildeo

descentralizaccedilatildeo focalizaccedilatildeo descontinuidade ausecircncia de pesquisas e avaliaccedilotildees

e privatizaccedilatildeo Caracteriacutesticas que precisam ser explicitadas e disputadas na cena

puacuteblica juntamente com as demais poliacuteticas sociais

Para que as poliacuteticas de juventude se transformem em poliacuteticas para a juventude eacute

preciso sair desse ciclo de vitimizaccedilatildeocriminalizaccedilatildeo voluntariadoencerramento ou

prevenccedilatildeorepressatildeo (BATISTA 2007) Para isso eacute necessaacuterio transformar esses

problemas sociais da juventude em problemas socioloacutegicos Esse eacute um exerciacutecio de

interrogaccedilatildeo que gera como produto a incerteza de afirmaccedilotildees antes dadas como

- 24 -

Revista Cientiacutefica Vozes dos Vales ndash UFVJM ndash MG ndash Brasil ndash Nordm 10 ndash Ano V ndash 102016 Reg 1202095ndash2011 ndash UFVJM ndash QUALISCAPES ndash LATINDEX ndash ISSN 2238-6424 ndash wwwufvjmedubrvozes

inquestionaacuteveis Sem o questionamento a juventude se torna um quase bdquomito‟ e

para esse mito eacute necessaacuterio ldquopenetrar no cotidiano do jovemrdquo e questionar ldquo[]

sentiratildeo os jovens estes problemas como seus problemasrdquo (PAIS 2003 p34)

Mas sobretudo eacute preciso dotar de precisotildees conceituais acerca do tema juventude

de modo a iluminarmos os processos de construccedilatildeo de marcos poliacuteticos em

coerecircncia com os marcos conceituais os discursos e programaacuteticas deixando de

conceber aos jovens sobre ldquo[] a noccedilatildeo de um jovem problema e carente visatildeo

que tende agrave geraccedilatildeo de um determinado tipo de poliacutetica de juventude de natureza

compensatoacuteriardquo (LEacuteON 2005 p88)

Fica evidente ainda que a juventude cumpre um papel na atual sociedade

capitalista a de compor a grande massa do exeacutercito industrial de reserva quando a

poliacutetica social para a juventude em especial os programas de transferecircncia de renda

como o ProJovem Trabalhador acabam assumindo o papel de garantir mecanismos

de sobrevivecircncia dos sujeitos juvenis uma vez que natildeo eacute possiacutevel assegurar a

sobrevivecircncia desse segmento da classe trabalhadora atraveacutes da inserccedilatildeo no

trabalho

Abstract Analyze the ProJovem Worker program as one of coping policies changes in the workplace that particularly affected the youth For this we will make a brief background of the relations and working conditions for this population segment and social policies aimed at this audience including the program in question identifying their progress and limits through a bibliographic and documentary research Keywords Labor Social Policy and Youth

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REFEREcircCIAS

ABRAMO Helena Wendel Condiccedilatildeo juvenil no Brasil contemporacircneo In______

BRANCO Pedro Paulo Martoni (Org) Retratos da Juventude Brasileira Anaacutelises

de uma pesquisa nacional Satildeo Paulo Editora Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2005 pg

37-73

______ Consideraccedilotildees sobre a tematizaccedilatildeo social da juventude no Brasil In

PERALVA AT SPOSITO M (Orgs) In Revista Brasileira de Educaccedilatildeo n 5 e 6

Satildeo Paulo 1997 pg 25-36

_______ O uso das noccedilotildees de adolescecircncia e juventude no contexto brasileiro In

FREITAS M V (Org) Juventude e adolescecircncia no Brasil referecircncias

conceituais Satildeo Paulo Accedilatildeo Educativa 2005b Cap 2 p 19-35

ABAD Miguel Criacutetica poliacutetica das poliacuteticas de juventude In FREITAS M V PAPA

F C (Orgs) Poliacuteticas Puacuteblicas juventude em pauta Satildeo Paulo Cortez 2003 pg

13-32

ANTUNES Ricardo Adeus ao Trabalho Ensaio sobre as metamorfoses e a

centralidade do mundo do trabalho Satildeo Paulo 10 ed Cortez 2005

________ As respostas do capital a sua crise estrutural A reestruturaccedilatildeo produtiva

e suas repercussotildees no processo de trabalho In__ Os sentidos do trabalho

Ensaios sobre a afirmaccedilatildeo e a negaccedilatildeo do trabalho 6 ed Satildeo Paulo Boitempo

Editorial 2002 Cap 3 p 35 ndash 59

BATISTA Vera Malaguti Filiciacutedio a questatildeo criminal no Brasil contemporacircneo ____

Direitos Humanos violecircncia e pobreza na Ameacuterica Latina contemporacircneaRio de

Janeiro Letra e Imagem 2007

BIHR Alain A fraude do conceito de capital humano Disponiacutevel em

httpwwwdiplomatiqueorgbracervophpid=2146 Acessado no dia 20 de marccedilo

de 2012

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Revista Cientiacutefica Vozes dos Vales ndash UFVJM ndash MG ndash Brasil ndash Nordm 10 ndash Ano V ndash 102016 Reg 1202095ndash2011 ndash UFVJM ndash QUALISCAPES ndash LATINDEX ndash ISSN 2238-6424 ndash wwwufvjmedubrvozes

BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Federativa do Brasil IPEA Instituto de Pesquisa

Econocircmicas Aplicadas IPEADATA macroeconocircmicos Disponiacutevel em

httpwwwipeadatagovbrgt Acesso em 20 ago 2013

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Trabalhador de Serra 2012

______ Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia DIsponiacutevel em ltwwwbdtdibictbr

Acesso em 20 nov 2011

______ Presidecircncia da Repuacuteblica Secretaria Nacional de Juventude Guia

Nacional das Poliacuteticas Puacuteblicas de Juventude Secretaria Nacional de Juventude

ndash Brasiacutelia SNJ 2010

______ Ministeacuterio do Trabalho Portaria 2043 de 22 de outubro de 2009

_______ Ministeacuterio do Trabalho Decreto nordm 6629 de 04 de novembro de 2008

regulamenta o Programa Nacional de Inclusatildeo de Jovens ndash Projovem 2008

_____ Lei nordm 11692 de 10 de junho de 2008 dispotildee sobre o Programa Nacional de

Inclusatildeo de Jovens ndashProJovem 2008a

______ Secretaria Nacional de Juventude Poliacutetica Nacional de Juventude

diretrizes e perspectivas 2008b

BEHRING Elaine Rosseti Brasil em contra-reforma desestruturaccedilatildeo do Estado e

perda de direitos Satildeo Paulo Cortez 2003

BOURDIEU P A juventude eacute apenas uma palavra In Questotildees de sociologia Rio

de Janeiro Marco Zero 1983 pg 112121

CARRANO Paulo Poliacuteticas Puacuteblicas de Juventude desafios da praacutetica In PAPA

Fernanda de Carvalho FREITAS Maria Virginia (Orgs) Juventude em Pauta

poliacuteticas puacuteblicas no Brasil Satildeo Paulo Petropolis 2012 pg 235-250

CASTRO Mary Garcia Desafios para quem faz o campo das poliacuteticas puacuteblicas

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Revista Cientiacutefica Vozes dos Vales ndash UFVJM ndash MG ndash Brasil ndash Nordm 10 ndash Ano V ndash 102016 Reg 1202095ndash2011 ndash UFVJM ndash QUALISCAPES ndash LATINDEX ndash ISSN 2238-6424 ndash wwwufvjmedubrvozes

de juventude Juventude em Pauta poliacuteticas puacuteblicas no Brasil PAPA Fernanda de

Carvalho FREITAS Maria Virginia (Orgs) Satildeo Paulo Petropolis 2012

COSTA Jurandir Freire Perspectivas da Juventude na sociedade de mercado

In___ ABRAMO Helena Wendel BRANCO Pedro Paulo Martoni (Org) Retratos

da Juventude Brasileira Anaacutelises de uma pesquisa nacional Satildeo Paulo Editora

Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2005 p 75 a 88

DIEESE ESTUDOS E PESQUISAS Anuaacuterio do Sistema Puacuteblico de Emprego

Trabalho e Renda 20102011 juventude 3 ed Departamento Intersindical de

Estatiacutestica e Estudos Socioeconocircmicos -- Satildeo Paulo DIEESE 2011

FRIGOTTO Gaudecircncio Juventude trabalho educaccedilatildeo no Brasil perplexidade

desafios e perspectivas In ___NOVAES Regina VANNUCHI Paulo (Org)

Juventude e Sociedade Trabalho Educaccedilatildeo Cultura e Participaccedilatildeo Satildeo Paulo

Editora Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2004 p 180-216

___________ Educaccedilatildeo e Trabalho bases para debater a Educaccedilatildeo Profissional

Emancipadora Revista Perspectiva Florianoacutepolis V 19 nordm 01 JanJun 2001

GROPPO L A Juventude ensaios de sociologia e histoacuteria das juventudes

modernas Rio de Janeiro Difel 2000GONZALEZ 2009

HARVEY David Do fordismo agrave acumulaccedilatildeo Flexiacutevel In __ Condiccedilatildeo Poacutes-

Moderna Uma pesquisa sobre as origens da mudanccedila cultural 12 ed Satildeo Paulo

Ediccedilotildees Loyola 2003 Cap 9 p 135- 162

IAMAMOTO Marilda Vilela CARVALHO Raul de Relaccedilotildees Sociais e Serviccedilo

Social no Brasil Esboccedilo de uma interpretaccedilatildeo histoacuterico-metodoloacutegica 16 ed Satildeo

Paulo Cortez 2004

__________ Serviccedilo social em tempo de capital fetiche capital financeiro e

questatildeo social Rio de Janeiro Cortez 2007

INSTITUTO CIDADANIA 2005 IPEA Juventudes e poliacuteticas sociais no Brasil

Disponiacutevel em ltwwwipeagovbrgt Acesso em 30 de novembro 2012

- 28 -

Revista Cientiacutefica Vozes dos Vales ndash UFVJM ndash MG ndash Brasil ndash Nordm 10 ndash Ano V ndash 102016 Reg 1202095ndash2011 ndash UFVJM ndash QUALISCAPES ndash LATINDEX ndash ISSN 2238-6424 ndash wwwufvjmedubrvozes

KOSIK Karel Dialeacutetica do Concreto 7ordf ed Rio de Janeiro Editora Paz e Terra

2002

LEOacuteN DAacuteVILA Oscar Adolescecircncia e juventude das noccedilotildees agraves abordagens In

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2003 Cap 08 p 187-238

MATTOSO Jorge O Brasil desempregado Como foram destruiacutedos mais de 3

milhotildees de empregos nos ano 90 Satildeo Paulo Perseu Abramo 1999

NETTO Joseacute Paulo Capitalismo Monopolista e Serviccedilo Social 4 ed Satildeo Paulo

Cortez 2005

NETTO Joseacute Paulo BRAZ Marcelo Economia poliacutetica uma introduccedilatildeo criacutetica

Satildeo Paulo Cortez 2006

OIT ndash Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho Juventude e Trabalho no Brasil

variaccedilotildees de situaccedilotildees e desafios para as poliacuteticas 2012 Disponiacutevel em

ltwwwoitbrasilgovbrgt Acesso em 18 fev 2013

PAIS Joseacute Machado A construccedilatildeo socioloacutegica da juventude alguns contributos

Anaacutelise Socioloacutegica v 25 n 105-106 1990

PAIS J M Culturas Juvenis Lisboa Editora Casa da Moeda 2003

PEREIRA Potyara A P Necessidades Humanas subsiacutedios agrave critica dos miacutenimos

sociais 4ed Satildeo Paulo Cortez 2007

POCHMANN Maacutercio Juventude em Busca de novos caminhos In______NOVAES

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Revista Cientiacutefica Vozes dos Vales ndash UFVJM ndash MG ndash Brasil ndash Nordm 10 ndash Ano V ndash 102016 Reg 1202095ndash2011 ndash UFVJM ndash QUALISCAPES ndash LATINDEX ndash ISSN 2238-6424 ndash wwwufvjmedubrvozes

Regina VANNUCHI Paulo (Org) Juventude e Sociedade Trabalho Educaccedilatildeo

Cultura e Participaccedilatildeo Satildeo Paulo 2005 Editora Fundaccedilatildeo Perseu Abramo pg 217-

241

STEIN Rosa Helena Configuraccedilatildeo recente dos programas de transferecircncia de

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Poliacutetica Social no capitalismo tendecircncias contemporacircneas Satildeo Paulo Cortez

2009

SPOSITO Mariacutelia Pontes Trajetoacuterias na constituiccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de

juventude no Brasil In FREITAS Virginia de e PAPA Fernanda de Carvalho

(Orgs) Poliacuteticas Puacuteblicas Juventude em Pauta Satildeo Paulo 2003 Cortez Accedilatildeo

Educativa Assessoria p 57-74

SPOSITO Mariacutelia P Breve balanccedilo sobre a constituiccedilatildeo de uma agenda de poliacuteticas

voltadas para o jovem no Brasil In ______ Juventude em Pauta poliacuteticas puacuteblicas

no Brasil PAPA Fernanda de Carvalho FREITAS Maria Virginia (Orgs) Satildeo Paulo

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SPOSITO Mariacutelia P CORROCHANO Maria C A face oculta da transferecircncia de

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SPOSITO Marilia Pontes CARRANO Paulo Juventude e poliacuteticas puacuteblicas no

Brasil In Revista Brasileira de Educaccedilatildeo Rio de Janeiro n 24 p16-39 setdez

2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielogt Acesso em 12 set 2006

SPOSITO Mariacutelia Pontes et al (Org) Juventude e poder local um balanccedilo de

iniciativas puacuteblicas voltadas para os jovens em municiacutepios de regiotildees

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MaiAgo 2006

UNESCO Poliacuteticas puacuteblicas deparacom as juventudes Brasiacutelia UNESCO

2004

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Revista Cientiacutefica Vozes dos Vales ndash UFVJM ndash MG ndash Brasil ndash Nordm 10 ndash Ano V ndash 102016 Reg 1202095ndash2011 ndash UFVJM ndash QUALISCAPES ndash LATINDEX ndash ISSN 2238-6424 ndash wwwufvjmedubrvozes

Processo de Avaliaccedilatildeo por Pares (Blind Review - Anaacutelise do Texto Anocircnimo)

Publicado na Revista Vozes dos Vales - wwwufvjmedubrvozes em 10102016

Revista Cientiacutefica Vozes dos Vales - UFVJM - Minas Gerais - Brasil

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UFVJM 1202095-2011 - QUALISCAPES - LATINDEX 22524 - ISSN 2238-6424

Perioacutedico Cientiacutefico Eletrocircnico divulgado nos programas brasileiros Stricto Sensu

(Mestrados e Doutorados) e em universidades de 38 paiacuteses

em diversas aacutereas do conhecimento

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trabalho Uma contribuiccedilatildeo digamos para o ldquosalve-se quem puderrdquo (MATTOSO

1999 p20)

Fato que expressa bem a responsabilizaccedilatildeo do indiviacuteduo por sua situaccedilatildeo de

emprego e desemprego numa clara tentativa de transferir riscos e

responsabilidades ao trabalhador fazendo com que ele assuma a sua

empregabilidade por meio de formaccedilatildeo profissional qualificaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo

Deslocando assim a responsabilidade social do Estado para o plano individual onde

natildeo haacute poliacutetica de emprego apenas indiviacuteduos empregaacuteveis ou natildeo Os indiviacuteduos

afetados pela loacutegica da competiccedilatildeo por empregos inseguros comeccedilam a adaptar-se

a novas condutas psicoloacutegicas do perfil do ldquovencedorrdquo (COSTA 2005)

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A anaacutelise do ProJovem Trabalhador mostra que o programa eacute importante no

cotidiano desses jovens como um instrumento na efetivaccedilatildeo de direitos sociais e

mecanismo de sobrevivecircncia e evidencia que os avanccedilos das poliacuteticas de juventude

no paiacutes natildeo soacute em quantidade mas tambeacutem em qualidade se comparadas com as

experiecircncias anteriores

No entanto ainda haacute muito o que caminhar Podemos dizer que o programa

expressa o perfil das poliacuteticas sociais contemporacircneas Fragmentaccedilatildeo

descentralizaccedilatildeo focalizaccedilatildeo descontinuidade ausecircncia de pesquisas e avaliaccedilotildees

e privatizaccedilatildeo Caracteriacutesticas que precisam ser explicitadas e disputadas na cena

puacuteblica juntamente com as demais poliacuteticas sociais

Para que as poliacuteticas de juventude se transformem em poliacuteticas para a juventude eacute

preciso sair desse ciclo de vitimizaccedilatildeocriminalizaccedilatildeo voluntariadoencerramento ou

prevenccedilatildeorepressatildeo (BATISTA 2007) Para isso eacute necessaacuterio transformar esses

problemas sociais da juventude em problemas socioloacutegicos Esse eacute um exerciacutecio de

interrogaccedilatildeo que gera como produto a incerteza de afirmaccedilotildees antes dadas como

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inquestionaacuteveis Sem o questionamento a juventude se torna um quase bdquomito‟ e

para esse mito eacute necessaacuterio ldquopenetrar no cotidiano do jovemrdquo e questionar ldquo[]

sentiratildeo os jovens estes problemas como seus problemasrdquo (PAIS 2003 p34)

Mas sobretudo eacute preciso dotar de precisotildees conceituais acerca do tema juventude

de modo a iluminarmos os processos de construccedilatildeo de marcos poliacuteticos em

coerecircncia com os marcos conceituais os discursos e programaacuteticas deixando de

conceber aos jovens sobre ldquo[] a noccedilatildeo de um jovem problema e carente visatildeo

que tende agrave geraccedilatildeo de um determinado tipo de poliacutetica de juventude de natureza

compensatoacuteriardquo (LEacuteON 2005 p88)

Fica evidente ainda que a juventude cumpre um papel na atual sociedade

capitalista a de compor a grande massa do exeacutercito industrial de reserva quando a

poliacutetica social para a juventude em especial os programas de transferecircncia de renda

como o ProJovem Trabalhador acabam assumindo o papel de garantir mecanismos

de sobrevivecircncia dos sujeitos juvenis uma vez que natildeo eacute possiacutevel assegurar a

sobrevivecircncia desse segmento da classe trabalhadora atraveacutes da inserccedilatildeo no

trabalho

Abstract Analyze the ProJovem Worker program as one of coping policies changes in the workplace that particularly affected the youth For this we will make a brief background of the relations and working conditions for this population segment and social policies aimed at this audience including the program in question identifying their progress and limits through a bibliographic and documentary research Keywords Labor Social Policy and Youth

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REFEREcircCIAS

ABRAMO Helena Wendel Condiccedilatildeo juvenil no Brasil contemporacircneo In______

BRANCO Pedro Paulo Martoni (Org) Retratos da Juventude Brasileira Anaacutelises

de uma pesquisa nacional Satildeo Paulo Editora Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2005 pg

37-73

______ Consideraccedilotildees sobre a tematizaccedilatildeo social da juventude no Brasil In

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_______ O uso das noccedilotildees de adolescecircncia e juventude no contexto brasileiro In

FREITAS M V (Org) Juventude e adolescecircncia no Brasil referecircncias

conceituais Satildeo Paulo Accedilatildeo Educativa 2005b Cap 2 p 19-35

ABAD Miguel Criacutetica poliacutetica das poliacuteticas de juventude In FREITAS M V PAPA

F C (Orgs) Poliacuteticas Puacuteblicas juventude em pauta Satildeo Paulo Cortez 2003 pg

13-32

ANTUNES Ricardo Adeus ao Trabalho Ensaio sobre as metamorfoses e a

centralidade do mundo do trabalho Satildeo Paulo 10 ed Cortez 2005

________ As respostas do capital a sua crise estrutural A reestruturaccedilatildeo produtiva

e suas repercussotildees no processo de trabalho In__ Os sentidos do trabalho

Ensaios sobre a afirmaccedilatildeo e a negaccedilatildeo do trabalho 6 ed Satildeo Paulo Boitempo

Editorial 2002 Cap 3 p 35 ndash 59

BATISTA Vera Malaguti Filiciacutedio a questatildeo criminal no Brasil contemporacircneo ____

Direitos Humanos violecircncia e pobreza na Ameacuterica Latina contemporacircneaRio de

Janeiro Letra e Imagem 2007

BIHR Alain A fraude do conceito de capital humano Disponiacutevel em

httpwwwdiplomatiqueorgbracervophpid=2146 Acessado no dia 20 de marccedilo

de 2012

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BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Federativa do Brasil IPEA Instituto de Pesquisa

Econocircmicas Aplicadas IPEADATA macroeconocircmicos Disponiacutevel em

httpwwwipeadatagovbrgt Acesso em 20 ago 2013

_____ Manual do Educador Elaboraccedilatildeo da equipe de execuccedilatildeo do ProJovem

Trabalhador de Serra 2012

______ Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia DIsponiacutevel em ltwwwbdtdibictbr

Acesso em 20 nov 2011

______ Presidecircncia da Repuacuteblica Secretaria Nacional de Juventude Guia

Nacional das Poliacuteticas Puacuteblicas de Juventude Secretaria Nacional de Juventude

ndash Brasiacutelia SNJ 2010

______ Ministeacuterio do Trabalho Portaria 2043 de 22 de outubro de 2009

_______ Ministeacuterio do Trabalho Decreto nordm 6629 de 04 de novembro de 2008

regulamenta o Programa Nacional de Inclusatildeo de Jovens ndash Projovem 2008

_____ Lei nordm 11692 de 10 de junho de 2008 dispotildee sobre o Programa Nacional de

Inclusatildeo de Jovens ndashProJovem 2008a

______ Secretaria Nacional de Juventude Poliacutetica Nacional de Juventude

diretrizes e perspectivas 2008b

BEHRING Elaine Rosseti Brasil em contra-reforma desestruturaccedilatildeo do Estado e

perda de direitos Satildeo Paulo Cortez 2003

BOURDIEU P A juventude eacute apenas uma palavra In Questotildees de sociologia Rio

de Janeiro Marco Zero 1983 pg 112121

CARRANO Paulo Poliacuteticas Puacuteblicas de Juventude desafios da praacutetica In PAPA

Fernanda de Carvalho FREITAS Maria Virginia (Orgs) Juventude em Pauta

poliacuteticas puacuteblicas no Brasil Satildeo Paulo Petropolis 2012 pg 235-250

CASTRO Mary Garcia Desafios para quem faz o campo das poliacuteticas puacuteblicas

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de juventude Juventude em Pauta poliacuteticas puacuteblicas no Brasil PAPA Fernanda de

Carvalho FREITAS Maria Virginia (Orgs) Satildeo Paulo Petropolis 2012

COSTA Jurandir Freire Perspectivas da Juventude na sociedade de mercado

In___ ABRAMO Helena Wendel BRANCO Pedro Paulo Martoni (Org) Retratos

da Juventude Brasileira Anaacutelises de uma pesquisa nacional Satildeo Paulo Editora

Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2005 p 75 a 88

DIEESE ESTUDOS E PESQUISAS Anuaacuterio do Sistema Puacuteblico de Emprego

Trabalho e Renda 20102011 juventude 3 ed Departamento Intersindical de

Estatiacutestica e Estudos Socioeconocircmicos -- Satildeo Paulo DIEESE 2011

FRIGOTTO Gaudecircncio Juventude trabalho educaccedilatildeo no Brasil perplexidade

desafios e perspectivas In ___NOVAES Regina VANNUCHI Paulo (Org)

Juventude e Sociedade Trabalho Educaccedilatildeo Cultura e Participaccedilatildeo Satildeo Paulo

Editora Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2004 p 180-216

___________ Educaccedilatildeo e Trabalho bases para debater a Educaccedilatildeo Profissional

Emancipadora Revista Perspectiva Florianoacutepolis V 19 nordm 01 JanJun 2001

GROPPO L A Juventude ensaios de sociologia e histoacuteria das juventudes

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questatildeo social Rio de Janeiro Cortez 2007

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Disponiacutevel em ltwwwipeagovbrgt Acesso em 30 de novembro 2012

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KOSIK Karel Dialeacutetica do Concreto 7ordf ed Rio de Janeiro Editora Paz e Terra

2002

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2003 Cap 08 p 187-238

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NETTO Joseacute Paulo BRAZ Marcelo Economia poliacutetica uma introduccedilatildeo criacutetica

Satildeo Paulo Cortez 2006

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Anaacutelise Socioloacutegica v 25 n 105-106 1990

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PEREIRA Potyara A P Necessidades Humanas subsiacutedios agrave critica dos miacutenimos

sociais 4ed Satildeo Paulo Cortez 2007

POCHMANN Maacutercio Juventude em Busca de novos caminhos In______NOVAES

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Regina VANNUCHI Paulo (Org) Juventude e Sociedade Trabalho Educaccedilatildeo

Cultura e Participaccedilatildeo Satildeo Paulo 2005 Editora Fundaccedilatildeo Perseu Abramo pg 217-

241

STEIN Rosa Helena Configuraccedilatildeo recente dos programas de transferecircncia de

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Poliacutetica Social no capitalismo tendecircncias contemporacircneas Satildeo Paulo Cortez

2009

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(Orgs) Poliacuteticas Puacuteblicas Juventude em Pauta Satildeo Paulo 2003 Cortez Accedilatildeo

Educativa Assessoria p 57-74

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no Brasil PAPA Fernanda de Carvalho FREITAS Maria Virginia (Orgs) Satildeo Paulo

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SPOSITO Mariacutelia P CORROCHANO Maria C A face oculta da transferecircncia de

renda para jovens no Brasil Tempo Social Satildeo Paulo v 17 n 2 p 141-172 nov

2005

SPOSITO Marilia Pontes CARRANO Paulo Juventude e poliacuteticas puacuteblicas no

Brasil In Revista Brasileira de Educaccedilatildeo Rio de Janeiro n 24 p16-39 setdez

2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielogt Acesso em 12 set 2006

SPOSITO Mariacutelia Pontes et al (Org) Juventude e poder local um balanccedilo de

iniciativas puacuteblicas voltadas para os jovens em municiacutepios de regiotildees

metropolitanas Revista Brasileira de Educaccedilatildeo Rio de Janeiro v 11 nordm 32

MaiAgo 2006

UNESCO Poliacuteticas puacuteblicas deparacom as juventudes Brasiacutelia UNESCO

2004

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Processo de Avaliaccedilatildeo por Pares (Blind Review - Anaacutelise do Texto Anocircnimo)

Publicado na Revista Vozes dos Vales - wwwufvjmedubrvozes em 10102016

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UFVJM 1202095-2011 - QUALISCAPES - LATINDEX 22524 - ISSN 2238-6424

Perioacutedico Cientiacutefico Eletrocircnico divulgado nos programas brasileiros Stricto Sensu

(Mestrados e Doutorados) e em universidades de 38 paiacuteses

em diversas aacutereas do conhecimento

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inquestionaacuteveis Sem o questionamento a juventude se torna um quase bdquomito‟ e

para esse mito eacute necessaacuterio ldquopenetrar no cotidiano do jovemrdquo e questionar ldquo[]

sentiratildeo os jovens estes problemas como seus problemasrdquo (PAIS 2003 p34)

Mas sobretudo eacute preciso dotar de precisotildees conceituais acerca do tema juventude

de modo a iluminarmos os processos de construccedilatildeo de marcos poliacuteticos em

coerecircncia com os marcos conceituais os discursos e programaacuteticas deixando de

conceber aos jovens sobre ldquo[] a noccedilatildeo de um jovem problema e carente visatildeo

que tende agrave geraccedilatildeo de um determinado tipo de poliacutetica de juventude de natureza

compensatoacuteriardquo (LEacuteON 2005 p88)

Fica evidente ainda que a juventude cumpre um papel na atual sociedade

capitalista a de compor a grande massa do exeacutercito industrial de reserva quando a

poliacutetica social para a juventude em especial os programas de transferecircncia de renda

como o ProJovem Trabalhador acabam assumindo o papel de garantir mecanismos

de sobrevivecircncia dos sujeitos juvenis uma vez que natildeo eacute possiacutevel assegurar a

sobrevivecircncia desse segmento da classe trabalhadora atraveacutes da inserccedilatildeo no

trabalho

Abstract Analyze the ProJovem Worker program as one of coping policies changes in the workplace that particularly affected the youth For this we will make a brief background of the relations and working conditions for this population segment and social policies aimed at this audience including the program in question identifying their progress and limits through a bibliographic and documentary research Keywords Labor Social Policy and Youth

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Revista Cientiacutefica Vozes dos Vales ndash UFVJM ndash MG ndash Brasil ndash Nordm 10 ndash Ano V ndash 102016 Reg 1202095ndash2011 ndash UFVJM ndash QUALISCAPES ndash LATINDEX ndash ISSN 2238-6424 ndash wwwufvjmedubrvozes

REFEREcircCIAS

ABRAMO Helena Wendel Condiccedilatildeo juvenil no Brasil contemporacircneo In______

BRANCO Pedro Paulo Martoni (Org) Retratos da Juventude Brasileira Anaacutelises

de uma pesquisa nacional Satildeo Paulo Editora Fundaccedilatildeo Perseu Abramo 2005 pg

37-73

______ Consideraccedilotildees sobre a tematizaccedilatildeo social da juventude no Brasil In

PERALVA AT SPOSITO M (Orgs) In Revista Brasileira de Educaccedilatildeo n 5 e 6

Satildeo Paulo 1997 pg 25-36

_______ O uso das noccedilotildees de adolescecircncia e juventude no contexto brasileiro In

FREITAS M V (Org) Juventude e adolescecircncia no Brasil referecircncias

conceituais Satildeo Paulo Accedilatildeo Educativa 2005b Cap 2 p 19-35

ABAD Miguel Criacutetica poliacutetica das poliacuteticas de juventude In FREITAS M V PAPA

F C (Orgs) Poliacuteticas Puacuteblicas juventude em pauta Satildeo Paulo Cortez 2003 pg

13-32

ANTUNES Ricardo Adeus ao Trabalho Ensaio sobre as metamorfoses e a

centralidade do mundo do trabalho Satildeo Paulo 10 ed Cortez 2005

________ As respostas do capital a sua crise estrutural A reestruturaccedilatildeo produtiva

e suas repercussotildees no processo de trabalho In__ Os sentidos do trabalho

Ensaios sobre a afirmaccedilatildeo e a negaccedilatildeo do trabalho 6 ed Satildeo Paulo Boitempo

Editorial 2002 Cap 3 p 35 ndash 59

BATISTA Vera Malaguti Filiciacutedio a questatildeo criminal no Brasil contemporacircneo ____

Direitos Humanos violecircncia e pobreza na Ameacuterica Latina contemporacircneaRio de

Janeiro Letra e Imagem 2007

BIHR Alain A fraude do conceito de capital humano Disponiacutevel em

httpwwwdiplomatiqueorgbracervophpid=2146 Acessado no dia 20 de marccedilo

de 2012

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BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Federativa do Brasil IPEA Instituto de Pesquisa

Econocircmicas Aplicadas IPEADATA macroeconocircmicos Disponiacutevel em

httpwwwipeadatagovbrgt Acesso em 20 ago 2013

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Publicado na Revista Vozes dos Vales - wwwufvjmedubrvozes em 10102016

Revista Cientiacutefica Vozes dos Vales - UFVJM - Minas Gerais - Brasil

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UFVJM 1202095-2011 - QUALISCAPES - LATINDEX 22524 - ISSN 2238-6424

Perioacutedico Cientiacutefico Eletrocircnico divulgado nos programas brasileiros Stricto Sensu

(Mestrados e Doutorados) e em universidades de 38 paiacuteses

em diversas aacutereas do conhecimento

- 25 -

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Cortez 2005

NETTO Joseacute Paulo BRAZ Marcelo Economia poliacutetica uma introduccedilatildeo criacutetica

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PEREIRA Potyara A P Necessidades Humanas subsiacutedios agrave critica dos miacutenimos

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Cultura e Participaccedilatildeo Satildeo Paulo 2005 Editora Fundaccedilatildeo Perseu Abramo pg 217-

241

STEIN Rosa Helena Configuraccedilatildeo recente dos programas de transferecircncia de

renda na Ameacuterica Latina focalizaccedilatildeo e condicionalidades In Boschetti et al (Orgs)

Poliacutetica Social no capitalismo tendecircncias contemporacircneas Satildeo Paulo Cortez

2009

SPOSITO Mariacutelia Pontes Trajetoacuterias na constituiccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de

juventude no Brasil In FREITAS Virginia de e PAPA Fernanda de Carvalho

(Orgs) Poliacuteticas Puacuteblicas Juventude em Pauta Satildeo Paulo 2003 Cortez Accedilatildeo

Educativa Assessoria p 57-74

SPOSITO Mariacutelia P Breve balanccedilo sobre a constituiccedilatildeo de uma agenda de poliacuteticas

voltadas para o jovem no Brasil In ______ Juventude em Pauta poliacuteticas puacuteblicas

no Brasil PAPA Fernanda de Carvalho FREITAS Maria Virginia (Orgs) Satildeo Paulo

Petropolis 2012 Pg 331-342

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UNESCO Poliacuteticas puacuteblicas deparacom as juventudes Brasiacutelia UNESCO

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Processo de Avaliaccedilatildeo por Pares (Blind Review - Anaacutelise do Texto Anocircnimo)

Publicado na Revista Vozes dos Vales - wwwufvjmedubrvozes em 10102016

Revista Cientiacutefica Vozes dos Vales - UFVJM - Minas Gerais - Brasil

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UFVJM 1202095-2011 - QUALISCAPES - LATINDEX 22524 - ISSN 2238-6424

Perioacutedico Cientiacutefico Eletrocircnico divulgado nos programas brasileiros Stricto Sensu

(Mestrados e Doutorados) e em universidades de 38 paiacuteses

em diversas aacutereas do conhecimento

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de juventude Juventude em Pauta poliacuteticas puacuteblicas no Brasil PAPA Fernanda de

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___________ Educaccedilatildeo e Trabalho bases para debater a Educaccedilatildeo Profissional

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GROPPO L A Juventude ensaios de sociologia e histoacuteria das juventudes

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HARVEY David Do fordismo agrave acumulaccedilatildeo Flexiacutevel In __ Condiccedilatildeo Poacutes-

Moderna Uma pesquisa sobre as origens da mudanccedila cultural 12 ed Satildeo Paulo

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KOSIK Karel Dialeacutetica do Concreto 7ordf ed Rio de Janeiro Editora Paz e Terra

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