trabalho inconfidência da guanabara

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UNIVERSIDADE DO ESTADO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS-IFCH DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA LUMA BANDEIRA DE FREITAS POEYS UMA ANÁLISE SOBRE A INCONFIDÊNCIA DO RIO DE JANEIR O RIO DE JANEIRO DEZEMBRO/2010

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8/7/2019 Trabalho Inconfidência da Guanabara

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UNIVERSIDADE DO ESTADO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS-IFCH

DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA

LUMA BANDEIRA DE FREITAS POEYS

UMA ANÁLISE SOBRE A INCONFIDÊNCIA DO RIO DE JANEIRO

RIO DE JANEIRO

DEZEMBRO/2010

8/7/2019 Trabalho Inconfidência da Guanabara

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A partir do exame de uma conjuntura de medo e repressão apresentado no texto

  base para este trabalho, este trabalho visa fazer uma pequena análise sobre a entãoconhecida Inconfidência da Guanabara ocorrida no Rio de Janeiro.

Através das citações de Capistrano de Abreu sobre o tema, ele levanta o aspecto

na inexistência de uma consciência nacional no final do século XVIII,trazia em mente

uma concepção de nação que os homens da colônia ainda não podia ter.A percepção de

conjunto era um atributo do estado colonizador,já que o colono percebia a parte,não o

todo.

Os leitores de livros estrangeiros que se refere Capistrano foram, todavia os quecomeçaram a prender a especificidade da colônia e a preparar na consciência dos

colonos as bases ideológicas de contestação aos mecanismos da dominação colonial.

Enquanto Capistrano rejeitava o tema das inconfidências, os positivistas viam

como heróis, especial Tiradentes.

As inconfidências constituíram uma espécie de tabu para aqueles que haviam sofrido

 perseguições.

Assim este trabalho visa analisar a proposta da inconfidência no Rio de Janeiro,

conhecida como inconfidência da Guanabara.

Podemos iniciar informando sobre o Conde de Resende a qual assumiu o papel

de vice-rei em um período extremamente conturbado, marcado pelo impacto de aconteci

mentos no plano internacional que acabaram interferindo na vida e destino da América

 portuguesa.

As idéias francesas freqüentavam consciências, como a dos Criollos nascolônias espanholas.

Resende se confrontou com o prosseguimento da Devassa sobre os mineiros e o trágico

desfecho da condenação do alferes Joaquim José da silva Xavier.

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O mesmo proibirá desde o início o funcionamento de qualquer tipo de sociedade

de letrados em 1793 abre devassa para averiguar a autoria de uma carta anônima

enviada ao juiz de foras e presidente do Senado Baltazar da Silvia Lisboa onde era

convidado a participar de uma conspiração contra Resende.Em 1794 manda prender e

seqüestrar os bens e devassar membros da sociedade literária do RJ,acusados decontinuarem a se reunir de maneira suspeita na antiga sede da sociedade e residência do

 poeta Silva Alvarenga.

Até o final de sua administração o mesmo cumpriu uma gestão repressiva e

violenta dentre todos os que ocupavam o posto de governo do RJ na condição de vice-

reis.

Em 1801, quando já era anunciada a substituição do Conde de Resende,surgiram

escritores que no anonimato vingavam-se do vice-rei exonerado.

Tal carta fazia críticas ao governo do mesmo informando que o ³mesmo

  barbarizaria toda a capitania´ se continuasse no poder, autor de ordens arbitrárias e

 prisões injustas.

Tal relato sobre uma autoridade colonial não era surpreendente, devido ao

conjunto de poderes reunidos na mão do vice-rei.

Outra carta anônima em 1790 abalou a administração local na sede do vice-

reino,provocando suspeitas em torno da figura do destinatário,o juiz de fora e presidente

do senado da câmara Baltazar da silva Lisboa.

Embora o mesmo seja um súdito leal a monarquia portuguesa, era atualizado e

demonstrava isso com as praticas ilustradas de conhecimento científico.Dada essas

informações ao mesmo podemos admitir que o é fato que houvesse críticas ao seu

comportamento.Sua ilustração todavia, não o conduzia ao pensamento revolucionário.

A câmara Municipal era a instituição da administração colonial mais próxima da  população. Embora fizesse parte do conjunto de repartições do governo geral,

subordinada a autoridade de vice-reis, os mesmos a tratavam como mais uma de suas

repartições sem destaque algum para seu papel.

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Todavia será a câmara municipal a instituição que no processo de independência

sobreviverá integra e fortalecida as transformações oriundas da separação política do

Brasil e Portugal.

Outro anônimo da carta percebera o potencial de representatividade que a

câmara poderia ter num movimento insurgente que contestasse os direitos monopolistas

da metrópole e que pretendesse instalar uma nova ordem política.

Para o desembargador a carta era uma ³quimera cheia de contradições´. Temia-

se que as idéias contidas na mesma pudessem contaminar os habitantes do Rio de

Janeiro excitando-os e retirando-os do estado de fidelidade a coroa portuguesa.

A conjuntura destes primeiros anos de governo do conde de Resende era de

apreensão, por parte do estado, já que o anticolonialismo no novo mundo contava agora

com os bons resultados da Revolução Americana, ao mesmo tempo em que as idéias

revolucionárias européias continuavam a vazar nos vigiados espaços coloniais.

O clima de suspeita eminente no espaço da colônia correspondia também ao

clima dominante na metrópole abalada pelos desdobramentos da Revolução na França.

Em Portugal, a Revolução francesa foi motivo de preocupações.No Brasil sob o

vice-reino do conde de Resende,as recompensas metropolitanas relativas á presença de

estrangeiros e principalmente franceses,nos seus portos,serão cumpridas com todo o

rigor,o que contudo,não conseguiu que as idéias revolucionárias também deixasse aqui

os seus ³reflexos´.

O conde de Resende ³fechava um cerco´ sobre um grupo de pessoas que no Rio

de Janeiro suspeitas de comungarem com os princípios da Revolução.

Procediam-se assim o vice-rei a investigações secretas, que tinha por alvo

  principal detectar adesões ao sistema atual da França em dois aspectos principais:

Liberdade e religião. A primeira atitude de Resende foi suspender o funcionamento deuma ³sociedade literária criada há muitos anos,amortecida depois e novamente

animada´.

Resende conseguiu seu objetivo entregou os originais de Silveira Frade ao

chanceler da Relação para que servissem ao corpo de delito na devassa que mandou

tirar. Antes mesmo de abrir a devassa mandou prender João Marques Pinto, mestre de

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grego, o bacharel Mariano Jose Pereira da Fonseca, Manuel Inácio da silva Alvarenga,

mestre de retórica, o marceneiro João da Silva Antunes, o ourives Antonio Gonçalves

de Oliveira, Francisco Antônio da Paixão e Francisco Coelho Solano. Presos em prisões

incomunicáveis, apreensão de todos os seus papéis e livros e seqüestro de todos os seus

 bens. Com menos de 2 anos do desfeito da devassa tirada sobre os mineiros,e no anosseguintes a carta anônima,voltava a cidade do Rio de Janeiro a ser abalada com a nova

devassa.

Em 11 de junho de 1794 o conde de Resende oficializou ao chanceler do tribunal

do Rio de Janeiro, desembargador Antônio Dinis da Cruz e Silva, dando-lhe parte da

sua resolução para que fosse tirada uma devassa contra os membros da Sociedade

Literária do Brasil.

A devassa trata-se de uma documentação produzida no transcurso de uma açãorepressiva e sob condições desfavoráveis para todos os inquiridos.O réu considerado

suspeito de inconfidência é imediatamente privado de liberdade,além disso as

condições de realização de interrogatórios que se seguem á prisão.

A presença francesa nas apreensões do vice-rei faz-se sentir não apenas

enquanto ³sistemas de idéias, mas também como auxílio possível aos insurgentes contra

o domínio português´.

Há ainda outro aspecto que esteve presente ao longo de toda a devassa aos

letrados do Rio de Janeiro, a questão das proposições que envolviam a religião. O

mesmo era contextualizado pelo vice-rei como o ³desprezo com que os franceses têm

tratado a verdadeira religião´.

A devassa Para Resende parecia ter um valor preventivo.Para ele este grupo de

letrado que se reuniam na casa de Alvarenga e que ³ocultamente lavrando´ poderiam vir 

a organizar um movimento revolucionário de proporções incontroláveis dadas as

características do Rio de Janeiro,o mais importante centro comercial da colônia e um  porte de mar cobiçado pelas potências estrangeiras.A devassa deveria ³ averiguar e

examinar´.Esta devassa toda via não chegará a caracterizar um movimento inconfidente

 pois não se consegue provar a existência de um plano de sedição e de levante armado

 para a tomada do poder.

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A devassa informava sobre 65 testemunhas arroladas. Destas 23 são brasileiros,

2 são franceses,enquanto os portugueses são a maioria.

A maioria dos arrolados como testemunhas não pertenciam às camadas mais

elevadas da hierarquia social d após a sua morte, na colônia. O principal acusado foi o

 poeta, advogado e professor régio de retórica, Manuel Inácio da Silva Alvarenga, que

 pertencera a sociedade Literária, fora entusiasta e verdadeiro guardião de sua sede.

Entre os indiciados na devassa, cinco são portugueses, destes somente o

 professor de grego, João Marques Pinto pertencia a categoria dos letrados. Os outros 4

homens são homens comuns que vivem de seus ofícios.

Silva Alvarenga, como os demais acusados ficaria preso por mais de dois anos,

  parece ter sido o mais tingido pelos constrangimentos da prisão, devido sua

sensibilidade aguçada.

Em fevereiro de 1797 ainda permaneciam presos os acusados de 1794, sem que

uma solução fosse dada ao seu caso. D. Rodrigo de Sousa Coutinho que substituiu

Martinho De Melo e Castro nas funções de ministro da marinha e ultramar escreve para

o vice-rei no Rio de Janeiro exigindo uma definição que desse fim ao processo. Resende

compreendeu de imediato o significado das ordens que vinham de Lisboa. Não o

desautorizavam, ordenando libertação ao acusados, exigiam que se definissem diante do

caso, sentenciando a culpa dos prisioneiros ou libertando-os na ausência de provas

suficientes.

Com o Apoio do chanceler da relação Antônio Dinis da Cruz e Silva, Resende

vai buscar apoio para sua decisão. Deveria enviar os mesmo a Portugal a acompanhados

da documentação processual correspondente. O mesmo revela neste parecer, um tom de

grande rigidez ao chamar os membros da sociedade como ³presos de inconfidência´

embora afirme que ³contra nenhum dos membros presos se diz ou prova que eles

entrassem no projeto de conspiração´, acrescenta ³que toda culta que se lhes impus, eque contra alguns se prova´.