trabalho final plano de intervenção charcot marie tooth

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Beja, 17 de Janeiro 2014 Discentes: Adriana Ferreira, nº12963 Ana Azevedo, nº 12964 Célia Oleiro, nº 12611 Joana Pitas, nº 12622 Plano de Intervenção Doença Charcot-Marie-Tooth

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Page 1: Trabalho Final Plano de Intervenção Charcot Marie Tooth

Beja, 17 de Janeiro 2014

Discentes:

Adriana Ferreira, nº12963

Ana Azevedo, nº 12964

Célia Oleiro, nº 12611

Joana Pitas, nº 12622

Plano de Intervenção

Doença Charcot-Marie-Tooth

Page 2: Trabalho Final Plano de Intervenção Charcot Marie Tooth

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INSTITUTO POLITÉCNICO DE BEJA

ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE

METODOLOGIAS PLANEAMENTO E INTERVENÇÃO I

III Curso de Licenciatura em Terapia Ocupacional

Plano de Intervenção na doença

Charcot-Marie-Tooth

Docente: Maria da Guadalupe Almeida

Beja, 17 de Janeiro de 2014

Discentes:

Adriana Ferreira, nº12963

Ana Azevedo, nº 12964

Célia Oleiro, nº 12611

Joana Pitas, nº 12622

Page 3: Trabalho Final Plano de Intervenção Charcot Marie Tooth

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LISTA DE ABREVIATURAS, ACRÓNIMOS E SIGLAS

AVD – Actividades de Vida Diária

CMTA- Charcot-Marie-Tooth Association

CMT- Charcot- Marie- Tooth

T.O – Terapia Ocupacional

Page 4: Trabalho Final Plano de Intervenção Charcot Marie Tooth

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 4

1- ENQUADRAMENTO TEÓRICO DA PATOLOGIA ........................................................................... 5

1.1- DEFINIÇÃO .......................................................................................................................... 5

1.2- ETIOLOGIA .......................................................................................................................... 5

1.3- SINTOMAS .......................................................................................................................... 6

1.4- DIAGNÓSTICO ..................................................................................................................... 6

1.5- PROGNÓSTICO .................................................................................................................... 7

1.6- TRATAMENTOS ................................................................................................................... 7

2- PLANO DE INTERVENÇÃO ........................................................................................................... 8

2.1- CONCLUSÕES DA AVALIAÇÃO ............................................................................................ 8

2.2- MODELOS TEÓRICOS ........................................................................................................ 10

2.3- OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS ................................................................................... 10

2.4- ABORDAGENS DE INTERVENÇÃO ..................................................................................... 12

3- IMPLEMENTAÇÃO DA INTERVENÇÃO ...................................................................................... 13

4- ORGANIZAÇÃO DAS SESSÕES DE INTERVENÇÃO ..................................................................... 14

4.1- SESSÃO 1 .......................................................................................................................... 14

4.2- SESSÃO 2 .......................................................................................................................... 14

4.3- SESSÃO 3 .......................................................................................................................... 15

4.4- SESSÃO 4 .......................................................................................................................... 16

4.5- CONSIDERAÇÕES ESPECIAIS DAS SESSÕES ....................................................................... 16

5- CONCLUSÃO ............................................................................................................................. 17

6- BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................... 18

Page 5: Trabalho Final Plano de Intervenção Charcot Marie Tooth

4

INTRODUÇÃO

No âmbito da Unidade Curricular Metodologias de Planeamento e Intervenção I, inserida

no 3º curso de Licenciatura de Terapia Ocupacional, foi-nos proposta a realização de um plano de

intervenção baseado na observação de um vídeo. Posto isto, decidimos optar por um vídeo onde

é possível visualizar uma criança de nove anos de idade com patologia de Charcot-Marie-Tooth,

envolvida em tarefas orientadas por uma Terapeuta Ocupacional.

Este trabalho tem como principal objectivo aprofundar conhecimentos, já leccionados

nesta unidade curricular, bem como adquirir novas aprendizagens que possam contribuir para

uma boa prática enquanto futuros Terapeutas Ocupacionais. Para a realização deste, recorremos

a artigos científicos, livros, dissertações disponíveis na Internet e a conteúdos programáticos

fornecidos pela docente.

No que diz respeito, à estrutura do trabalho este encontra-se dividido em quatro partes

respectivamente, o enquadramento teórico da patologia, o plano de intervenção, a organização

das sessões de intervenção e a conclusão. Na primeira parte iremos descrever a patologia, a sua

etiologia, os sintomas, o diagnóstico, o prognóstico bem como os tratamentos a apropriar. De

seguida, no plano de intervenção, identificaremos os pontos fortes e pontos fracos que podemos

observar no vídeo assim como, os objectivos gerais e específicos a desenvolver com a criança.

Relativamente, à organização das sessões de intervenção será exposto diversas actividades que

vão ao encontro dos objectivos.

Por último, iremos fazer uma conclusão onde reflectimos acerca das maiores dificuldades

sentidas ao longo da elaboração do presente trabalho assim como, da contribuição deste trabalho

para a prática futura.

Page 6: Trabalho Final Plano de Intervenção Charcot Marie Tooth

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1- ENQUADRAMENTO TEÓRICO DA PATOLOGIA

1.1- DEFINIÇÃO

A patologia Charcot-Marie-Tooth, conhecida também como neuropatia sensorial ou

atrofia muscular peroneal, compreende um grupo de doenças que afectam os nervos periféricos.

Estes encontram-se exteriores ao cérebro e à medula espinhal, inervando para os músculos e para

os órgãos sensoriais. Esta patologia é caracterizada por uma desordem do sistema nervoso que

danifica os nervos periféricos, sendo designadas por neuropatias periféricas que provocam

fraqueza, deterioração muscular e diminuição da sensibilidade em alguns membros. Inicialmente,

esta doença causa fragilidade nos membros inferiores e posteriormente desencadeia-se uma

atrofia nos músculos da mão, provocando a perda de sensibilidade à dor e à temperatura.

Manifesta-se sobretudo nas mãos e/ou pés, podendo afectar todas as pessoas, todas as raças e

todas as etnias, atingindo cerca de 2,8 milhões de pessoas em todo o mundo.

1.2- ETIOLOGIA

Charcot-Marie-Tooth é uma doença genética caracterizada por uma desordem nos genes.

Deste modo, a causa mais comum desta patologia é a hereditariedade dominante, uma vez que é

passada de geração em geração, ou seja, filhos cujos pais possuem esta doença têm 50% de

probabilidade de a vir a desenvolver. Contudo, algumas causas podem ser derivadas à

hereditariedade recessiva dado que uma pessoa pode ser afectada mesmo quando os seus pais

não têm CMT devido a uma mutação durante o processo de produção dos óvulos ou dos

espermatozóides.

Page 7: Trabalho Final Plano de Intervenção Charcot Marie Tooth

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1.3- SINTOMAS

Nos diversos tipos de Charcot-Marie-Tooth surgem alguns sintomas, normalmente antes

dos 20 anos, tais como:

Deformidade nos pés (pés arqueados);

Pé pendente (incapacidade de manter o pé na horizontal);

Marcha com os pés a arrastar;

Perda de massa muscular nos membros inferiores;

Dormência nos pés;

Dificuldades no equilíbrio.

Mais tarde, podem aparecer sintomas semelhantes a estes nos braços e nas mãos.

1.4- DIAGNÓSTICO

A avaliação neurológica desta patologia é executada por um especialista em neuropatia.

Nesta avalia-se o historial familiar do cliente e a condução nervosa realizada com testes genéticos

adequados, permitindo estabelecer o diagnóstico.

A realização de um exame físico demonstra-nos:

Dificuldade durante a marcha (em conseguir levantar o pé);

Dificuldade em efectuar a dorsiflexão da tibiotársica e outros movimentos do pé;

Reflexos profundos reduzidos ou ausentes (como por exemplo, o reflexo routiliano);

Perda do controlo muscular e atrofia (encurtamento dos músculos), inicialmente nos pés

e nas pernas e posteriormente nas mãos.

Os testes genéticos podem fornecer a causa exacta para a maioria das pessoas que

possuem esta patologia.

Page 8: Trabalho Final Plano de Intervenção Charcot Marie Tooth

7

1.5- PROGNÓSTICO

Geralmente a patologia CMT agrava-se com a idade, sendo rara a sua progressão rápida.

Pode causar fraqueza, dormência, dificuldade no equilíbrio e problemas ortopédicos,

progredindo, até atingir uma situação de incapacidade. A dor é também considerada uma causa

desta patologia, devido ao resultado directo da neuropatia (dor neuropática) e como

consequência dos problemas ortopédicos. Entre as inúmeras dificuldades destacam-se:

Incapacidade progressiva da marcha, devido à fraqueza, a problemas de equilíbrio e /ou

problemas ortopédicos;

Incapacidade progressiva na utilização as mãos de forma eficiente;

Diminuição da sensibilidade de algumas estruturas do corpo.

1.6- TRATAMENTOS

Até ao momento ainda não existem tratamentos que interrompem ou retardem o

progresso da patologia, no entanto ainda decorrem estudos com o objectivo de encontrar os

tratamentos adequados. A Terapia Ocupacional pode ajudar a manter a força muscular, bem

como promover a autonomia, aconselhando o cliente e familiares na escolha do equipamento

ortopédico que mais se ajusta às necessidades apresentadas, na adaptação de contextos, entre

outros.

Page 9: Trabalho Final Plano de Intervenção Charcot Marie Tooth

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2- PLANO DE INTERVENÇÃO

2.1- CONCLUSÕES DA AVALIAÇÃO

Após a análise do vídeo, chegamos à seguinte conclusão:

Pontos fortes

Dados da avaliação

que justifiquem os

pontos fortes

Pontos Fracos

Dados da avaliação que

justifiquem os pontos

fracos

Praxis motora

Pontos fortes da

práxis motora:

Praxis baseado no

comando verbal;

Movimentos

sequenciais;

Planeamento

motor dinâmico;

A criança consegue

perceber o objectivo

pretendido pela

Terapeuta

Ocupacional, através

de comandos verbais,

e consegue realizar a

actividade, adaptado a

mesma às suas

necessidades.

A criança consegue

posicionar-se

correctamente no

desempenho das

várias actividades que

realiza.

Motricidade fina

Coordenação

Motora Bilateral

(por consequência

das deformidades

ósseas da patologia

Charcot-Marrie-

Tooth que se

manifestam no caso

em estudo)

A criança realiza todas

as actividades propostas

pela Terapeuta

Ocupacional, contudo,

apresenta falta de

precisão dos

movimentos realizados.

Page 10: Trabalho Final Plano de Intervenção Charcot Marie Tooth

9

Motricidade global

Esta criança compensa

a falta de destreza

manual com

movimentos globais

do corpo, e com a

ajuda de tecnologias

de apoio, conseguindo

desta forma realizar as

tarefas, evidenciadas

no vídeo.

Por outro lado os

factores de controlo

postural como tónus

muscular,

estabilização do

tronco, e postura

sentada.

Motricidade Fina

Manipulação

unilateral da mão

Ao analisar as várias

actividades que criança

desempenha consegue-

se perceber que o seu

desempenho

ocupacional não está

adequado à sua

idade, sendo notório

principalmente nas

actividades em que o

caso em estudo alcança,

agarra , e larga os vários

objectos, e como é em

cada uma delas o seu

padrão de preensão e a

destreza.

Atenção

A criança parece estar

atenta às pistas

verbais da Terapeuta

Ocupacional

Força Muscular

Durante a actividade em

que a criança utiliza a

cana de pesca, pode-se

observar tem

dificuldades em

conseguir retirar o

“peixe” da extremidade

da cana utilizando o

membro inferior como

estratégia para o auxílio

na separação.

Page 11: Trabalho Final Plano de Intervenção Charcot Marie Tooth

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2.2- MODELOS TEÓRICOS

O Terapeuta Ocupacional na preparação da intervenção deve considerar alguns Modelos

de Delineação e, por consequente, Modelos de Aplicação para a sua fundamentação na prática.

Os Modelos de Delineação vão caracterizar a abordagem da Terapia Ocupacional, estabelecendo

limites, orientando a abordagem em clientes e em situações específicas. Na sua composição

integram-se: Modelo Biopsicossocial, Modelo Cognitivo-Comportamental, Modelo de

Neurodesenvolvimento, Modelo de Reabilitação e Modelo Biomecânico. (Marques & Trigueiro,

2011).

2.3- OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS

Objectivo Geral A - No prazo de 25 semanas pretende-se que a Ana seja independente na

alimentação, com recurso a talheres adaptados, em todos os contextos.

Objectivo Específico A1 – No prazo de 5 semanas pretende-se que a Ana consiga fazer

uma pega funcional nos talheres a utilizar, de forma independente com recurso a um

engrossador de cabos em qualquer contexto, pelo menos em 50% das vezes que lhe for

solicitado.

Objectivo Especifico A2- No prazo de 4 semanas, a Ana deverá ser capaz de utilizar o copo

com recurso a uma pega adaptada, de forma autónoma, durantes as principais refeições.

Objectivo Específico A3 – No prazo de 5 semanas pretende-se que a Ana consiga encher

uma colher e um garfo com conteúdo, de forma independente, com recurso a um cabo

engrossado em qualquer contexto, com uma taxa de sucesso de 50% das vezes.

Objectivo Específico A4 – No prazo de 6 semanas pretende-se que a Ana consiga cortar

alimentos com um garfo e uma faca de forma independente, com recurso a um cabo

engrossado em qualquer contexto utilizando rebordo no prato e um antiderrapante

Page 12: Trabalho Final Plano de Intervenção Charcot Marie Tooth

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colocado por baixo do prato, com ajuda mínima do cuidador, pelo menos 3 vezes por

semana.

Objectivo Específico A5 – No prazo de 5 semanas pretende-se que a Ana consiga levar a

comida à boca sem verter de forma independente, com recurso a um cabo engrossado

em qualquer contexto, em mais de 90% das principais refeições.

Objectivo geral B – No prazo de 21 semanas pretende-se que a Ana seja independente no

Vestir, em todos os contextos.

Objectivo Especifico B1- No período de 6 semanas a Ana deverá ser capaz de abotoar,

metade dos botões de um casaco, utilizando um adaptador próprio, com ajuda mínima

dos cuidadores, pelo menos 4 vezes por semana.

Objectivo Especifico B2-No período de 8 semanas a Ana deverá ser capaz descalçar uma

meia elástica/larga (utilizando uma ajuda técnica adequada), com auxílio do cuidador,

pelo menos 2 vezes por semana.

Objectivo Especifico B3- No período de 7 semanas a Ana deverá ser capaz de descalçar os

seus sapatos, adaptados com atacadores em velcro, com recurso a uma ajuda técnica e

vigilância do cuidador, utilizando as 2 mãos, com sucesso pelo menos em 80% das vezes.

Objectivo geral C - No prazo de 20 semanas pretende-se que a Ana seja independente ao

Tomar Banho, com supervisão dos pais, em todos os contextos.

Objectivo Especifico C1- no prazo de 6 semanas pretende-se que a Ana consiga retirar o

gel de banho de uma embalagem tipo “pump”, e verter para esponja, pelo menos 90%

vezes que tomar banho, sem ajuda dos cuidadores.

Objectivo Especifico C2- No período de 8 semanas pretende-se que a Ana consiga lavar o

corpo, com recurso a uma ajuda técnica para facilitar a preensão da esponja de banho,

com supervisão e suporte verbal dos pais.

Page 13: Trabalho Final Plano de Intervenção Charcot Marie Tooth

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Objectivo Especifico C3- Que no prazo de 6 semanas a Ana consiga abrir a embalagem do

champô do tipo “pump”, verter para a mão e levar até ao cabelo, pelo menos 4 vezes por

semana.

2.4- ABORDAGENS DE INTERVENÇÃO

As abordagens de intervenção definem-se como “estratégias específicas seleccionadas

para dirigir o processo de intervenção, baseadas nos resultados desejados pelo cliente, na

avaliação dos dados e na evidência” (Marques & Trigueiro, 2011).

Segundo o Enquadramento da Prática da Terapia Ocupacional, existem 5 abordagens de

intervenção: Criar/Promover, Estabelecer/Restabelecer, Manter, Modificar e o Prevenir. Na nossa

intervenção vão ser utilizadas as seguintes abordagens:

Criar, Promover – “Abordagem de intervenção que não parta do pressuposto de que

existe uma incapacidade no presente ou que existem condições que interfiram com o desempenho.

Esta abordagem é delineada de modo a promover um contexto mais rico e experiências de

actividade que melhorem o desempenho para todos os indivíduos, em contextos naturais de vida”.

(Marques & Trigueiro, 2011). Assim, vamos: criar actividades para aumentar a e motricidade fina;

Promover regulação emocional da criança e o aumento da auto-estima, autoconfiança (para que a

criança consiga lidar com as dificuldades encontradas ao longo de toda a intervenção);

Manter – “Abordagem de intervenção delineada para oferecer ao cliente o suporte que

lhe permitirá preservar as competências de desempenho, que voltou a adquirir, e/ou continue a ir

ao encontro das suas necessidades ocupacionais. O pressuposto é que, sem uma manutenção

contínua da intervenção, o desempenho irá decair e/ou as necessidades ocupacionais não serão

atingidas, resultando na afectação da saúde e qualidade de vida.” (Marques & Trigueiro, 2011).

Assim vamos: Preservar todas as competências inerentes ao cliente e aquelas que este vai

adquirindo ao longo da intervenção.

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3- IMPLEMENTAÇÃO DA INTERVENÇÃO

“As intervenções podem centrar-se num único aspecto do domínio como, por exemplo, num

padrão de desempenho específico ou em vários aspectos do domínio tais como padrões de

desempenho, competências de desempenho e contexto” (Marques & Trigueiro, 2011).

Existem vários tipos de intervenção, tais como: o Uso Terapêutico do Eu, o Uso

Terapêutico de Ocupações e Actividades, o Processo de Consultadoria, o Processo de Educação, o

Self-Advocacy.

No âmbito do caso em estudo, decidimos utilizar o Uso Terapêutico de Ocupações e

Actividades.

O Uso Terapêutico de Ocupações define-se como “ocupações e actividades seleccionadas

para clientes específicos e que vão ao encontro dos objectivos terapêuticos. Para utilizar

actividades e ocupações de forma terapêutica, o contexto ou contextos, os requisitos da

actividade e os factores inerentes ao cliente devem ser considerados relativamente aos objectivos

terapêuticos definidos. A utilização de tecnologias de apoio, aplicação de princípios de designe

universal e as modificações do ambiente suportam a capacidade do cliente no seu envolvimento

em ocupações.” (Marques & Trigueiro, 2011).

Tendo em conta o caso da Ana, decidimos abordar: Intervenção com Base na Ocupação,

com o objectivo de promover a concentração em ocupações significativas, que vão ao encontro

dos objectivos identificados (por exemplo: vestir e despir a roupa) actividades com propósito, na

qual a criança se envolve em actividades específicas, que têm como objectivo o desenvolvimento

de competências, de forma a promover o envolvimento ocupacional.

Page 15: Trabalho Final Plano de Intervenção Charcot Marie Tooth

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4- ORGANIZAÇÃO DAS SESSÕES DE INTERVENÇÃO

SESSÕES DE INTERVENÇÃO

4.1- SESSÃO 1

Duração: 45 minutos

Nome da actividade: Brincar com areia e faz de conta

Materiais necessários: balde; areia; pá de brincar, plasticina de várias cores, garfo e uma

colher com cabo engrossado.

Objectivos terapêuticos: Treino da preensão palmar e da coordenação oculomanual.

Organização da actividade: Na actividade “Brincar com a areia”, a cliente deverá utilizar o

balde com areia, e de forma autónoma deve enche-lo várias vezes, com o auxílio da pá de

brincar. Esta actividade deverá durar cerca de 20 minutos. A segunda parte da sessão será

com a actividade “O Faz de Conta”, na qual o Terapeuta Ocupacional irá questionar a Ana

acerca de qual é o seu prato favorito e esta, posteriormente, deverá simular o aspecto

desse mesmo prato, através da utilização de plasticina, moldando-a e quando esta

considerar que tem o seu prato reproduzido, o Terapeuta deverá dar um garfo e uma

colher, adaptados com um cabo engrossado adequado, à criança, para que esta simule a

actividade de seleccionar o que quer comer, cortar e colocar.

4.2- SESSÃO 2

Duração: 45 minutos

Nome da actividade: Jogo dos cones

Materiais necessários: Cones de diferentes tamanhos e cores, um prato, uma faca e um

garfo

Page 16: Trabalho Final Plano de Intervenção Charcot Marie Tooth

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Objectivos terapêuticos: Aumentar amplitude de movimentos e desenvolver a

coordenação oculomotora.

Organização da actividade: Na actividade “Jogo dos cones”, o cliente tem uma pilha de

cones ao seu lado, à esquerda ou à direita, e terá que passar para o lado oposto, com a

mão mais próxima (por exemplo: se os cones estão do lado direito da criança, esta deverá

utilizar a mão direita para transferi-los para o seu lado esquerdo), e antes de os pousar

tem que dar uma volta com o cone na cabeça. Quando passar todos os cones para o outro

lado, deverá repetir a acção mas para o lado contrário. Esta actividade deverá ter uma

duração de aproximadamente 5 minutos. Depois deve dar-se início à segunda parte desta

sessão, relativa a actividade “Comida à boca” a Ana, numa primeira fase deverá simular

que está a dar comida à boca de um boneco. Numa segunda parte da actividade, a cliente

tem que simular que está a comer uma refeição com garfo e faca, ambos adaptados com

um cabo engrossado e tem que, inclusive, levar o garfo à boca. Esta actividade deve ter

uma duração de aproximadamente 30 minutos.

4.3- SESSÃO 3

Duração: 30 minutos

Nome da actividade: “Vamos Vestir”

Materiais necessários: Computador, impressora e papel e jogo “Vamos Vestir”

Objectivos terapêuticos: Desenvolver a motricidade fina; Treino de AVD’s,

nomeadamente o vestir/despir e desenvolver Independência.

Organização da actividade: o terapeuta propõem que a criança realize o jogo “vamos

vestir”. A criança vai buscar o jogo ao local onde este tipo de material está guardado, e

senta-se no colchão para começar a actividade. O jogo “Vamos Vestir” consiste em

colocar as peças de roupa no cartão, vestindo o menino lá representado, seguindo a

sequência correcta. Esta actividade dura cerca de 10 minutos. Para finalizar a sessão, em

conjunto com o terapeuta, a Ana irá construir uma tabela, no computador, com a

sequência que deve seguir todos os dias, sempre que tiver que se vestir. Esta tabela será

para a Ana usar em todos os contextos, promovendo a sua independência nesta AVD.

Page 17: Trabalho Final Plano de Intervenção Charcot Marie Tooth

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4.4- SESSÃO 4

Duração: 40minutos

Nome da actividade: Ir para a piscina

Materiais necessários: Piscina de bolas e brinquedos

Objectivos terapêuticos: Desenvolver a motricidade fina e desenvolver a autonomia

através do treino de AVD’s, nomeadamente o vestir/despir

Organização da actividade: o Terapeuta Ocupacional introduz a esta actividade

começando por dizer que deverá tirar alguma roupa, caso seja necessário, como o casaco

que a menina possa ter vestido, para que se sinta mais confortável na piscina, e tirar os

sapatos para não suja-la. Dentro da piscina a criança poderá procurar e encontrar

diversos brinquedos. Esta actividade terá a duração de cerca de 30 minutos, acabando

com o cliente a vestir novamente a roupa, seguindo a sequência correta, segundo a

informação adquirida em sessões anteriores.

4.5- CONSIDERAÇÕES ESPECIAIS DAS SESSÕES

Ao longo de todo o processo, é importante ter em conta vários aspectos relevantes neste.

Alguns destes aspectos passam pela constante permuta de informação com as pessoas relevantes

neste processo (família, professores, resto da equipa multidisciplinar, entre outros), pela

adaptação das actividades consoante as competências do cliente.

Page 18: Trabalho Final Plano de Intervenção Charcot Marie Tooth

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5- CONCLUSÃO

Com a realização deste trabalho o grupo adquiriu imensos conhecimentos, não só no que

se refere à profissão na sua globalidade, como também em relação à patologia trabalhada.

A intervenção da Terapia Ocupacional dirige-se à promoção do desenvolvimento global da

criança, de forma a torná-la o mais autónoma possível. Assim, o terapeuta intervém num

conjunto de áreas ocupacionais que fazem sentido para a criança, mas também para a família ou

pessoas significativas. Ou seja, os objectivos iniciais a trabalhar serão as prioridades da criança e,

principalmente, da família.

Assim, e de acordo com o Enquadramento da Prática da Terapia Ocupacional, esta

profissão tem como objectivo “promover a saúde e a participação ao longo da vida, através do

envolvimento em ocupações” (Marques & Trigueiro, 2011).

Numa retrospectiva deste trabalho, podemos afirmar que os nossos maiores obstáculos

foram a construção dos objectivos e no planeamento das sessões de acordo Enquadramento da

Prática da Terapia Ocupacional: Domínio e Processo. Desta forma, o grupo dedicou algum tempo

na construção do plano de intervenção, de modo a ir ao encontro das necessidades e prioridades

do cliente, baseado em objectivos realistas. Independentemente deste facto, podemos afirmar

que este trabalho foi essencial para a percepção no processo da Terapia Ocupacional, ajudando-

nos na compreensão deste sendo um método de preparação para os estágios.

Percebemos realmente que ser Terapeuta Ocupacional também é ser criativo, ter ideias,

ter espírito crítico tendo em conta a população que trabalhamos e a respectiva faixa etária e ter

sempre em atenção os possíveis obstáculos que vamos encontrar para que possamos realizar uma

sessão sem grandes problemas e/ou interrupções.

Page 19: Trabalho Final Plano de Intervenção Charcot Marie Tooth

18

6- BIBLIOGRAFIA

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Facultad de Medicina (14 Janeiro de 2014) Enfermedad Charcot-Marie-Tooth obtido de

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Page 20: Trabalho Final Plano de Intervenção Charcot Marie Tooth

19

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disponivel em http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0960896608006172?np=y

Jean Ayres, A. (2005). Sensory Integration and the Child, Understanding hidden sensory

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Marques, A., & Trigueiro, M. J. (2011). Enquadramento da Prática da Terapia Ocupacional:

Domínio e Processo. Porto: Livpsic.

Miller, M.J., Williams, L.L., Slack, S.L., Nappi, J.F. The hand in Charcot-Marie-Tooth

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Neuromuscular Disorders ,Reliability of clinical outcome measures in Charcot-Marie-Tooth disease

disponivel em http://www.sciencedirect.com/science/ rticle/pii/ S0960896607007237

Vídeo no qual nos baseamos para a realização deste trabalho: http://www.youtube.com/

watch?v=ZDAzlG7H19Y

Este trabalho foi realizado de acordo com o antigo acordo ortográfico.