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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CAMPUS DE SOBRAL CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA TRANSFORMADORES EM SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA Leonardo Tabosa Miguel Eneas Vicente D’Julio

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CAMPUS DE SOBRAL

CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

TRANSFORMADORES EM SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

Leonardo Tabosa

Miguel Eneas

Vicente D’Julio

SOBRAL

2013

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Sumário1. INTRODUÇÃO...........................................................................................................................3

2. TRANSFORMADORES MONOFÁSICOS......................................................................................4

2.1. Princípio de Funcionamento..............................................................................................4

2.2. Corrente de Magnetização................................................................................................6

2.3. Circuito Equivalente..........................................................................................................8

3. TRANSFORMADORES TRIFÁSICOS..........................................................................................10

3.1. Tipos de Ligação..............................................................................................................10

3.1.1. Y-Y............................................................................................................................11

3.1.2. ∆-Y............................................................................................................................12

3.1.3. Y-∆............................................................................................................................13

3.1.4. ∆-∆............................................................................................................................14

4. TIPOS DE TRANSFORMADORES..............................................................................................17

4.1. Trifásico Tipo Poste (Até 300 kVA)...................................................................................17

4.2. Trifásico Tipo Subestação (Até 10.000 kVA)....................................................................18

4.3. Trifásico Tipo Subterrâneo (Até 2.500 kVA).....................................................................19

4.4. Trifásico Tipo Pedestal (Até 1.500 kVA)...........................................................................20

5. PROTEÇÃO DO TRANSFORMADOR.........................................................................................22

6. EQUACIONAMENTO TÉRMICO DE TRANSFORMADORES DE DISTRIBUIÇÃO..........................24

6.1. Fluxo de Calor no Transformador....................................................................................24

6.2. Equacionamento Térmico...............................................................................................25

6.2.1. Regime transitório....................................................................................................25

6.2.2. Regime permanente.................................................................................................28

6.3. Vida Útil de Transformadores..........................................................................................29

6.3.1. Temperatura do ponto quente.................................................................................29

6.3.2. Perda da vida útil do transformador.........................................................................30

7. CONCLUSÃO...........................................................................................................................32

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................................................33

2

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1. INTRODUÇÃO

Um transformador ou trafo é um dispositivo destinado a transmitir energia

elétrica ou potência elétrica de um circuito a outro, transformando as tensões e as

correntes alternadas por indução eletromagnética e mantendo a frequência constante. Os

transformadores desempenham papel preponderante nos sistemas de distribuição, quer

no suprimento de média tensão, utilizando predominantemente transformadores

trifásicos de dois e três enrolamentos, quer no suprimento de baixa tensão, utilizando

transformadores monofásicos, banco de dois ou três transformadores monofásicos e

transformadores trifásicos.

3

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2. TRANSFORMADORES MONOFÁSICOS

2.1. Princípio de Funcionamento

Seja o transformador da figura abaixo ideal, ou seja, desprezando as perdas

ôhmicas e as perdas no núcleo, todo o fluxo produzido pelo enrolamento primário

concatena-se com o enrolamento secundário. Aplicando-se uma tensão senoidal no

primário v1=VM1Senwt, resultará uma corrente de vazio que produz uma força

magnetomotriz que dá lugar ao fluxo ᶲo variável senoidalmente no tempo.

Figura 2.1 – Transformador em vazio

Fo=N 1∗io=R∗ᶲ o [ 2.1 ]

O fluxo produzido induz nas bobinas uma força eletromotriz, e1, que deve ser

igual a tensão aplicada. Pela lei de Lenz tem-se:

v1=V M 1∗sen (wt )=e1=N 1d ᶲdt

[ 2.2 ]

v2=V M 2∗sen ( wt )=e 2=N 2d ᶲdt

[ 2.3 ]

Relacionando as duas equações acima, resulta:

4

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v 1v 2

=V M 1∗sen(wt )V M 2∗sen(wt )

=N 1N 2

[ 2.4 ]

Agora, inserindo uma carga no secundário, puramente resistiva, ocorrerá

circulação de corrente no secundário que por sua vez produzirá uma força

magnetomotriz, F2=N2*i2, que produz um fluxo, ᶲ2, no secundário que tende a se opor

ao fluxo de vazio ᶲo, com isso, surgirá um acréscimo na corrente primária que produzirá

uma força magnetromtriz, F1=N1*i1, que anulará a produzida pelo secundário. De acordo

com a figura abaixo, temos:

Figura 2.2 – Transformador em carga

F 1=N 1∗i1=F 2=N 2∗i 2 [ 2.5 ]

Ou seja, uma corrente de carga no secundário impõe uma corrente de carga no primário

cujo valor eficaz é proporcional ao número de espiras do transformador com a da

secundária.

i1i2

=N 2N 1

5

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2.2. Corrente de Magnetização

Considerando que o núcleo de material ferromagnético é não linear e que

apresenta histerese magnética e sendo a tensão de excitação dada por, v1=VM1.senwt, o

fluxo magnético deve ser senoidal e dado por:

ᶲ o=ᶲ M á x0∗cos (wt ) [ 2.6 ]

Nessas condições a determinação da corrente de magnetização pode ser obtida

através da equação abaixo:

F ( t )=N 1∗io=R∗ᶲ o [ 2.7 ]

a relutância do circuito magnético é dada por:

R= lµS

em que:

l comprimento do circuito magnético;

S é a área da seção reta do núcleo;

µ=B/H é a permeabilidade magnética do núcleo;

B é a densidade de fluxo magnético no núcleo;

H é a intensidade de campo magnético no núcleo.

Sabendo que a permeabilidade magnética é variável com a intensidade de campo

magnético, conclui-se que a corrente de magnetização não será senoidal, ou seja, será

constituída por uma componente fundamental com componentes harmônicas ímpares.

Para a determinação da corrente de magnetização, prefere-se proceder através do

ciclo de histerese do material ferromagnético que compõe o núcleo.

A densidade de fluxo, b, é dada por:

6

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b=BM á x 0∗cos (wt )= ᶲ oS

=ᶲ M á x0

Scos (wt )= Vm 1

SwN 1cos (wt )

[ 2.8 ]

E a intensidade de campo magnético relaciona-se com a corrente de

magnetização através do número de espiras e do comprimento do circuito magnético:

N1∗io=h∗l [ 2.9 ]

A determinação da corrente de magnetização é feita determinando-se para cada

instante de tempo o valor da densidade de fluxo, e, a seguir, determina-se a intensidade

de campo para aquele instante, como mostra a figura abaixo:

Figura 2.3 – Corrente de magnetização

Pode-se perceber através da figura acima que a curva se repete, em módulo, a

cada 180°, isso implica na inexistência de harmônicas pares, isto é, a corrente de

magnetização apresenta somente a fundamental e as harmônicas de ordem ímpar.

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2.3. Circuito Equivalente

Para se determinar o circuito equivalente devemos considerar todas as perdas, as

quais são de dois tipos:

• Perdas no Ferro:

1. Perdas por Histerese;

2. Perdas de Foucault;

• Perdas no cobre

As perdas por histerese são devidas à histerese do material ferromagnético do núcleo

e são proporcionais à área do ciclo, à frequência da tensão de excitação e à densidade de

indução máxima. É calculada a partir da equação empírica abaixo:

PHist=n∗f ∗Vol∗BM áxn [ 2.10 ]

n coeficiente de Steinmetz que depende do material do núcleo (n=1,5 a 2,5);

f frequência da tensão de alimentação;

Vol volume do núcleo de material ferromagnético;

Bmáx densidade de indução máxima no núcleo de material ferromagnético.

Perdas de Foucault: são devidas à circulação de correntes parasitas induzidas no núcleo

do material ferromagnético.

PFoucault=π2

6 p∗Vol∗f 2∗τ2∗Bmá x

2 [ 2.11 ]

p resistividade do material ferromagnético;

Vol volume do núcleo de material ferromagnético;

f frequência da tensão de alimentação;𝜏 espessura das lâminas de material ferromagnético;

Bmáx densidade de indução máxima no núcleo de material ferromagnético

8

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Perdas no cobre:

– Resistência ôhmica: representada por uma resistência em série;

– Dispersão do fluxo: representada por uma indutância em série com as bobinas,

indutância ou reatância de dispersão.

Além disso, o circuito equivalente permite determinar as perdas ativas, num

dado transformador, que são constituídas por duas parcelas:

– Perdas no ferro, PFE, dadas por V2g, dependendo somente do valor eficaz da

tensão de excitação;

– Perdas no cobre, PCU, dadas por I22req, dependendo do quadrado da intensidade da

corrente de carga do transformador.

A figura abaixo mostra um exemplo de circuito equivalente:

Figura 2.4 – Circuito equivalente de um transformador

9

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3. TRANSFORMADORES TRIFÁSICOS

Os transformadores monofásicos possuem em geral pequena (1000 VA)

capacidade de potência aparente (chamada capacidade de transformação). Quando se

necessita de maiores potências utilizam-se transformadores trifásicos. Um

transformador trifásico é constituído de pelo menos três enrolamentos no primário e três

enrolamentos no secundário, os quais podem estar conectados tanto em Y como em ∆.

Os transformadores trifásicos são normalmente construídos de duas maneiras:

em banco ou mononuclear. Um banco trifásico é constituído por três transformadores

monofásicos idênticos, sendo que os respectivos enrolamentos primários, bem como os

respectivos enrolamentos secundários podem estar conectados em Y ou em ∆. A

vantagem da conexão em banco trifásico é a facilidade de manutenção e substituição

dos transformadores monofásicos, bem como permite modularidade na instalação.

3.1. Tipos de Ligação

Em um transformador trifásico a relação entre a tensão de entrada e a tensão de

saída depende não apenas da relação de transformação dos transformadores, mas

depende da maneira como os enrolamentos estão conectados. São quatro os tipos

básicos de conexões: Y-Y; Y-∆; ∆-Y; ∆-∆.

A relação de transformação trifásica pode ser complexa, da forma:

V 1V 2

=a=|a|<α

onde,

|a| é o modulo da relação de transformação complexa

α é o ângulo de defasagem entre as tensões de primário e

secundário.

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3.1.1. Y-Y

Neste tipo de ligação a relação de transformação é calculada pela relação entre

tensões de fase ou pelas tensões de linha. Não há defasamento entre as tensões de

primário e secundário, quer de fase ou de linha, podendo haver diferença apenas na

magnitude. Logo, a relação de transformação neste caso é real como mostra as equações

e a figura 3.1.

Figura 3.1. Ligação Y-Y

Devido às características magnéticas não lineares do material do núcleo, este

tipo de transformador permite a circulação de componentes de corrente harmônicas de

sequência zero, em particular de 3ª harmônica, por isso e raramente usada.

VANVan

=

VAB

√3<30°

Vab√3

<30 °

VABVab

=a

11

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Figura 3.2. Diagrama Fasorial Y-Y

3.1.2. ∆-Y

O ângulo de defasagem entre as tensões de primário e secundário depende das

polaridades e da montagem dos enrolamentos no núcleo. Assim como na ligação

anterior, a relação entre tensões de primário e secundário é a mesma que a relação entre

as tensões de linha. Neste caso, a relação de transformação é complexa denotando que a

tensão de secundário e adiantado em relação à do primário, como mostra as equações e

a figura 3.3.

Figura 3.3. Ligação ∆-Y

Esse tipo de ligação é utilizado para elevação para uma alta tensão. Neste caso,

não temos a presença de componentes de 3ª harmônica.

12

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VABVan

=a=√3∗VAN∗¿30 °Van

VANVan

= a

√3<−30 °

Figura 3.4. Diagrama Fasorial ∆-Y

3.1.3. Y-∆

Semelhante a ligação ∆-Y, nesta ligação também temos uma diferença angular entre

as tensões de primário e secundário (secundário atrasado do primário), sendo agora

relevante quando temos outro transformador colocado em paralelo.

Figura 3.5. Ligação Y-∆

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Neste caso, não temos a presença de componentes de 3ª harmônica no

secundário do transformador. Está foi eliminada pela ligação em ∆ no lado de baixa

Esse tipo de ligação é usado comumente no abaixamento de uma tensão elevada para

uma tensão média ou baixa.

VANVab

=a= VAN

√3∗Van∗¿30°

VANVan

=a∗√3∗¿30°

Figura 3.6. Diagrama Fasorial Y-∆

3.1.4. ∆-∆

Neste tipo de ligação a relação de transformação é sempre obtida pela relação

entre as tensões de linha que é um dado de placa. A defasagem entre as tensões de

primário e secundário só assume importância quando transformadores são colocados em

paralelo. Uma importante consequência prática do defasamento de ângulo entre

primário e secundário é que a operação de transformadores trifásicos em paralelo só é

possível se as relações de magnitude e de ângulo de fase para as unidades em paralelo

são iguais.

VABVab

=a

14

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A vantagem em se utilizar esse tipo de configuração é de que um transformador

pode ser removido para conserto ou manutenção, enquanto os outros dois continuam a

funcionar com o valor reduzido a 57,7% do valor original dos três transformadores, essa

configuração e chamada de delta aberto. Assim, a sobrecarga em cada transformador

será de 173 %.

P ∆ a=2∗V∗I∗cos (30 °)

P ∆=3∗V∗I

P ∆ aP ∆

=2∗V∗I∗cos (30 °)

3∗V∗I=√3

3

P ∆ aP ∆

=57,7 %

Caso esteja trabalhando em delta aberto, e agora sendo inserido um novo

transformador, a capacidade total de potência do conjunto aumenta para em 173,2 % do

valor inicial.

15

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P ∆ aP ∆

=2∗V∗I∗cos (30 °)

V∗I=√3

P ∆ aP ∆

=173 %

P ∆P ∆ a

= 3∗V∗I2∗V∗I∗cos (30 °)

= 3

√3

P ∆P ∆ a

=173,2 %

16

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4. TIPOS DE TRANSFORMADORES

4.1. Trifásico Tipo Poste (Até 300 kVA)

Figura 4.1. Transformador Trifásico

Projetados para alimentação de cargas residenciais de distribuição aérea.

Também estão disponíveis para cargas de iluminação comercial, industriais e diversas

outras aplicações. São projetados para condições de aplicação normalmente encontradas

em sistemas de distribuidoras de energia. Possuem os seguintes valores comerciais: 15,

30, 45, 75, 112.5, 150, 225, 300 KVA.

Características-padrão:

Radiadores elípticos, aletados ou corrugados

Dispositivo de suspensão

Terminal de aterramento

Placa de características

Suporte de poste integrado ao tanque

Comutador de derivações sem carga, 3 ou 5 posições

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Elevação de temperatura 55/50º C

Óleo mineral tipo A ou tipo B

Características opcionais:

Visor de nível do óleo

Válvula de alívio de pressão

Suporte de para-raios

Comutador de derivações sem carga, 7 posições

Elevação de temperatura 65/60º C

4.2. Trifásico Tipo Subestação (Até 10.000 kVA)

Figura 4.2. Transformador Trifásico Aletado e Corrugado

São utilizados para abaixar ou elevar o nível de tensão de sistemas trifásicos,

principalmente em áreas metropolitanas e para aplicações industriais. o mercado conta

com uma grande variedade de alternativas para este produto, dentre elas o tanque

corrugado e o óleo isolante em base vegetal. O tanque corrugado possui a vantagem de

diminuir de maneira expressiva o dimensional do transformador, oferecendo a

possibilidade de redução da área a ser ocupada. Já o óleo vegetal possui, dentre suas

características principais, um maior ponto de fulgor e combustão e a propriedade do

líquido isolante possui a característica de biodegradabilidade, após certa exposição no

18

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meio ambiente. Possuem os seguintes valores comerciais: 500, 750, 1000, 1500, 2000,

2500, 3000, 4000, 5000 KVA.

Características-padrão (300 kVA e inferior ou igual 1.000 kVA):

Indicador externo de nível do óleo

Meios de aterramento do tanque

Meios para suspensão e locomoção

Válvula de drenagem de óleo

Características-padrão (5000 kVA e inferior ou igual 1.000 kVA):

Apoio para macacos

Caixa de ligação

Abertura de inspeção

Dispositivo de alívio de pressão

Características-padrão (Superior a 5000 kVA):

Indicador de temperatura do enrolamento

Indicador de temperatura do óleo

Relé detector de gás

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4.3. Trifásico Tipo Subterrâneo (Até 2.500 kVA)

Figura 4.3. Transformador Trifásico Subterrâneo

Os transformadores tipo subterrâneo podem ser construídos com potência entre

300 kVA e 2.500 kVA e são especialmente projetados para aplicação em sistemas de

distribuição subterrâneos, principalmente em centros urbanos de regiões metropolitanas.

Por sua aplicação, estes transformadores podem ser isolados alternativamente com óleo

isolante em base vegetal, compondo então uma solução que preserva o meio ambiente.

Possuem os seguintes valores comerciais: 300, 500, 750, 1000, 1500, 2000, 2500 KVA.

Características-padrão:

Indicador de nível de óleo

Indicador de temperatura do óleo

Válvula de alívio de pressão com direcionador de óleo

Manômetro

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4.4. Trifásico Tipo Pedestal (Até 1.500 kVA)

Figura 4.4. Transformador Trifásico Subterrâneo

Os transformadores tipo pedestal da ABB podem ser construídos com potência

entre 15 kVA e 1.500 kVA e são especialmente projetados para aplicação em sistemas

de distribuição subterrâneos, alimentando shopping centers, condomínios residenciais,

escolas, instituições e estabelecimentos industriais. Possuem os seguintes valores

comerciais: 75, 150, 300, 500, 750, 1000, 1500 KVA.

Características-padrão:

Indicador de nível de óleo

Fusível limitador de corrente na alta tensão

Válvula de drenagem

Óleo mineral tipo A ou tipo B

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5. PROTEÇÃO DO TRANSFORMADOR

Ao contrário dos múltiplos tipos de defeitos suscetíveis de aparecer nas máquinas

rotativas, os transformadores podem estar sujeitos apenas aos seguintes defeitos:

Curtos-circuitos nos enrolamentos

Sobreaquecimento

Nos últimos anos os transformadores atingiram altos níveis de confiabilidade,

sendo o elemento que apresenta maior segurança em serviço. Tais equipamentos

possuem elevado número de dispositivos de proteção, como por exemplo, relé de

temperatura de óleo, de enrolamento como também válvula de gás. Esses dispositivos

de proteção têm como função proteger o equipamento contra curtos-circuitos internos

causados por defeitos de isolamento e contra o sobreaquecimento indevido dos

enrolamentos, que causa uma perca de vida útil do equipamento. Além disso, a proteção

deve atuar contra defeitos causados na retaguarda do transformador.

Para isso usamos relés de sobrecorrente (instantâneo ou temporizado) e/ou

fusíveis, relés térmicos, TC’s entre outros. A figura abaixo mostra o esquemático de

proteção de um transformador acima de 1000 KV, com suas respectivas funções de

proteção.

22

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Figura 5.1 – Esquema da proteção do transformador

Percebemos que o transformador e protegido por dois disjuntores (52), que

recebem dados constantemente dos transformadores de corrente (TC’s) e comandos

(trip) de algumas funções de proteção, como a diferencial (87), responsável pela

abertura de ambos os disjuntores quando percebido alguma alteração de corrente no

transformador.

Também temos funções internas do transformador, responsáveis por enviar

informações do mesmo aos relés, entre elas destacamos temperatura do óleo (26), nível

de óleo (71), relé de pressão (63) e temperatura do enrolamento (49). As funções de

preteção de entrada e saída de linha que são sobrecorrente instantâneo e temporizado

(50/51), sobrecorrente instantâneo e temporizado de neutro (50/51N), sobrecorrente de

terra (51G) e o relé anunciador (30), responsável por enviar os comandos de abertura e

fechamento do relé caso alguma dessas funções citadas à cima solicitem.

23

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6. EQUACIONAMENTO TÉRMICO DE TRANSFORMADORES DE DISTRIBUIÇÃO

O grande limitador de qualquer sistema de energia é sempre a temperatura de

operação. Quando se fala em sobrecarga no sistema, o que se tenta evitar na maioria das

vezes não é a sobre carga em si, mas sim os efeitos dela, ou seja, o aumento da

temperatura dos componentes do sistema, que levará à inutilização do equipamento.

Esta seção segue o padrão de cálculo sugerido pela norma NBR 5416 para o

equacionamento térmico dos transformadores de distribuição, visando o estudo do

sistema de resfriamento a óleo, a temperatura limite suportada, e a vida útil dos

transformadores.

6.1. Fluxo de Calor no Transformador

No núcleo do transformador ocorrem as perdas de calor por histerese e por

Foucault. Em regime transitório, a maior parte desse calor é dissipada para o óleo do

transformador, e em regime permanente, todo o calor das perdas no núcleo é transferido

para o óleo de refrigeração.

Há ainda as perdas por efeito joule, nos enrolamentos do transformador, que

chamamos de perdas no cobre. Essas perdas também serão dissipadas para o óleo.

O calor que flui dos enrolamentos e do núcleo para o óleo é, em parte trocado

com o ambiente. Um cuidado que deve ser tomado ainda é que a temperatura máxima

do óleo deve ser menor que a temperatura máxima que a isolação dos enrolamentos

suporta.

24

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6.2. Equacionamento Térmico

É importante destacar que há dois períodos de comportamento da temperatura.

Um deles é quando o transformador está operando em regime transitório, ou seja, nas

variações de carga. Outro período é quando ele opera no regime permanente.

6.2.1. Regime transitório

Quando estudamos o comportamento térmico dos transformadores no momento

em que ocorre uma variação de carga, dizemos que no tempo t = 0 o óleo contido no

transformador encontra-se a uma temperatura que chamaremos de τoinic, e admitiremos

que a temperatura ambiente se matem constante em τamb.

Para efeito de cálculo, são consideradas algumas aproximações:

a. A tensão no enrolamento primário se mantém constante;

b. A resistência dos enrolamentos é constante durante o transitório;

c. As perdas por Foucault não variam com a temperatura;

d. Desprezam-se as demais perdas por calor;

e. O coeficiente de dissipação de calor entre o transformador e o meio

independe da temperatura da superfície do transformador.

Sabendo que

W =Pfe+Pcu [ 6.1 ]

Ou seja, a potência dissipada no transformador é igual à soma das perdas no

núcleo e no cobre, e tomando Kd, Sd e C como sendo respectivamente o coeficiente de

dissipação de calor, a área da superfície de contato e a capacidade térmica do corpo,

podemos a partir das equações da termologia, onde a quantidade de calor é uma função

tal

25

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Q=m. C .∆ θ [6. 2 ]

Assim podemos encontrar a energia dissipada em um intervalo dt como mostra a

equação 6.3:

W . dt=Kd . Sd . θo . dt+C . dθ [ 6.3 ]

Se integrarmos a equação até um tempo t teremos que:

WKd . Sd

eKd . Ks

C. t=θo . e

Kd . SdC

.t+ W

Kd . Sd.θoinic

[ 6.4 ]

Na equação 6.4, θo é o valor do aquecimento do óleo, de t0 até t, e θoinic é a

diferença entre τoinic e τamb.

Assim, definimos a elevação de temperatura do óleo em regime permanente de

acordo com a equação 6.5, e a constante de tempo térmica pela equação 6.6.

θoreg= WKd . Sd

[ 6.5 ]

T= Kd . KsC

[ 6.6 ]

Substituindo as equações 6.5 e 6.6 na equação 6.4, obtemos

26

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θo=θoreg. [1+e−tT ]−θoinic . e

−tT

[ 6.7 ]

Podemos escrever a equação 6.7 da seguinte forma:

θo=θoreg. [1+e−tT ]−θoinic . e

−tT +θoinic−θoinic

θo=θoreg. [1+e−tT ]−θoinic . [1+e

−tT ]+θoinic

Dessa forma, a equação geral do aquecimento do óleo é dada por:

θo=[θoreg−θoinic ] .[1+e−tT ]+θoinic

[ 6.8 ]

A NBR 5416 estabelece duas classes de isolação de transformadores,

correspondentes a θoinic, ou seja, a elevação de temperatura do óleo em relação ao

ambiente: θoinic=55 °C ou θoinic=65 °C à plena carga.

Para encontrar a constante de tempo T, que depende da capacidade térmica do

transformador C, a NBR 5416 recomenda as equações 6.9 para transformadores com

fluxo de óleo dirigido e 6.10 para não dirigido:

C=0,132. Pnb+0,088. Pta+0,351. Voleo [ 6.9 ]

C=0,132. Pnb+0,132. Pta+0,510. Voleo [ 6.10 ]

27

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Nas equações 6.9 e 6.10, Pnb, Pta e Voleo são respectivamente o peso do núcleo e

das bobinas, o peso do tanque e dos acessórios, e o volume do óleo.

6.2.2. Regime permanente

Nesta seção, faremos o estudo da temperatura do óleo, supondo que o

transformador esteja suprindo uma carga genérica “S”, para transformadores com

enrolamentos de cobre.

As equações que serão apresentadas nesta seção dependem do fator de correção

da resistência ôhmica do enrolamento para condição de carga S, e a relação entre as

perdas no cobre à plena carga e as perdas no ferro, definidas pelas equações

Kres= ReqReqpc

= 234,5+τe234,5+τepc

[ 6.11 ]

R=PcupcPfe

[ 6.12 ]

Onde:

Req é a resistência equivalente do cobre;

Reqpc é a resistência equivalente do cobre à plena carga;

eτ é a temperatura equivalente dos enrolamentos;

epcτ é a temperatura equivalente dos enrolamentos à plena carga;

Pcupc é a perda no cobre à plena carga;

Pfe é a perda no ferro.

Dessa forma, a NBR 5416 estabelece que a elevação de temperatura do óleo em

regime permanente pode ser obtida através da relação

28

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θoreg=θopc .[ 1+R .S2. Kres1+R ]

n [ 6.13 ]

Na equação 6.13, o coeficiente n depende do tipo de enrolamento. Para

enrolamentos imersos no óleo com circulação natural e resfriamento ao ar com

circulação natural (ONAN) o valor de n é 0,8; Para enrolamentos imersos no óleo com

circulação normal e resfriamento ao ar com circulação forçada (ONAF), a NBR 5416

estabelece o valor de n em 0,9; Para os demais, assume-se n como 1.

6.3. Vida Útil de Transformadores

As várias equações estabelecidas ao longo do tempo para a estimativa da vida

útil dos transformadores foram apresentadas com base na temperatura do que chamamos

de “ponto quente” do enrolamento. O ponto quente é a área dos enrolamentos onde a

temperatura é mais elevada, de sorte que podemos chamar de temperatura do ponto

quente, a máxima temperatura que ocorre no interior do enrolamento.

Esta temperatura é a variável que definirá a vida útil do transformador, uma vez

que ela compromete a isolação dos enrolamentos.

6.3.1. Temperatura do ponto quente

A norma NBR 5416 estabelece uma equação empírica para a determinação da

elevação da temperatura no ponto quente para uma carga genérica S, em função do tipo

de enrolamento que o transformador apresenta:

θpq=θpqpc .[S2 .Kres ]m [ 6.14 ]

Na equação 6.14, o coeficiente m depende do tipo de enrolamento. Para

enrolamentos imersos no óleo com circulação natural e resfriamento ao ar com

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circulação natural (ONAN) o valor de m é 0,8; Para enrolamentos imersos no óleo com

circulação normal e resfriamento ao ar com circulação forçada (ONAF), a NBR 5416

estabelece o valor de m em 0,9; Para os demais, assume-se m como 1 (um).

A norma ainda estabelece que, na equação 6.14, o valor da elevação de

temperatura do ponto quente à plena carga em relação ao ambiente (θpqpc) seja de 80

°C para a classe de isolação de 65 °C, e de 65 °C para a classe 55 °C.

6.3.2. Perda da vida útil do transformador

As equações que tem sido apresentadas na literatura são estimativas empíricas,

nas quais a vida útil dos transformadores decrescem em uma escala logarítmica, em

função da temperatura do ponto quente do enrolamento.

Há várias equações que sugerem a estimativa da perda da vida dos transformadores.

Dentre elas, há três que são as mais utilizadas:

a. Equação da perda de vida segundo a NBR 5416:

log10 [ PV %100. h ]=A− 6972,15

273+τpq[ 6.15 ]

Na equação 6.15, temos que:

PV% é a perda da vida em porcentagem;

h é o tempo que o transformador opera na temperatura do ponto quente;

τpq é a temperatura do ponto quente em °C.

Segundo a norma, o valor de A vale 14,133 para a classe de 55 °C, e 13,391 para a

classe de 65 °C.

b. Equação da perda de vida segundo a ANSI – C57.91:

30

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log10 [ PV %100. h ]=A− 6328,8

273+τpq[ 6.16 ]

A norma estabelece os valores de A como sendo 11,968 para classe de 55 °C, e 11,269

para classe de 65 °C.

c. Equação da perda de vida segundo a Philadelphia Electric Company (PEC):

ln [ PV %h ]=A− B

273+τpq[ 6.17 ]

A PEC define os valores de A e B como segue:

A = 34,129 e B = 15457,225 para classe 55 °C;

A = 32,48 e B = 15253,903 para classe 65 °C;

6.4 Exemplo

Um transformador trifásico de 100 KVA classe 55 °C, tipo ONAN, suprindo uma carga de 50

KVA, é submetido aos devidos ensaios, através dos quais obteve-se os seguintes dados:

Constante de tempo térmica: 2,5 horas;

Relação entre as perdas no ferro e no cobre: 5;

Elevação da temperatura do óleo em regime: 40 °C;

Temperatura do cobre para carga: 70 °C;

Temperatura do cobre à plena carga: 120 °C;

Calcule:

a) Encontre a elevação de temperatura do óleo à plena carga;

b) Encontre a elevação da temperatura do óleo durante o transitório no intervalo das 7

às 8 horas;

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c) Qual deve ser a temperatura do ponto quente para que o transformador tenha uma

vida útil de 20 anos, operando com carga constante das 6 às 23 horas, considerando a

temperatura ambiente constante?

Resposta:

a) Da equação 6.13:

θoreg=θopc .[ 1+R .S2. Kres1+R ]

n

40=θopc . [ 1+5.0.52 .51+5 ]

0,8

θopc= 401,163

=34,4 °C

b) Da equação 6.8:

θo=[θoreg−θoinic ] .[1+e−tT ]+θoinic

θo=[ 40−55 ] . [1+e−12,5 ]+55

θo=50° C

c) Da equação da NBR 5416:

log10 [ PV %100. h ]=A− 6972,15

273+τpq

log10 [ 1124100 ]=14,133− 6972,15

273+τpq

14,133+5,09= 6972,15273+τpq

τpq=90 ° C

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7. CONCLUSÃO

Esse estudo é muito importante para entender o funcionamento de todos os tipos de

transformadores que fazem parte tanto da rede de média tensão como da rede de baixa

tensão. Os transformadores são um dos equipamentos que compõem o sistema elétrico ,

mais caros e por isso é importante entender como é o seu equacionamento térmico,

quando necessita trocar o óleo e se é preciso de um bom sistema de resfriamento, pois

quanto maior a potência de um transformador, maior será sua proteção, bem como seu

sistema de resfriamento.

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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1- KAGAN, Nelson - Introdução aos Sistemas de Distribuição de Energia Elétrica.

Editora Edgard Blucher 1ª Edição, 2005;

2- Disponível em <http://www.apscomponentes.com.br/pdf/transformadores.pdf>.

Acesso em 08 Dez. 2013;

3- DUAILIBE,P,(1999).Subestação:Tipos,Equipamentos e Proteção.Centro Federal

de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca;

4- Disponível em <http://pessoal.utfpr.edu.br/mariano/arquivos/

Transformadores_3.pdf> . Acesso em 08 Dez. 2013.;

5- SAMPAIO,R.F,(2012). PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS DE

POTÊNCIA– SEP;

6- LEÃO,R.P.S,(2011). GTD – Geração, Transmissão e Distribuição de Energia

Elétrica;

7- ABNT. NBR 5416/1981 – Aplicação de Carga em Transformadores de Potência.

Julho 1997.

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