trabalho final comunicação interpessoal

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Trabalho realizado por: David Pereira Instituto Politécnico de Santarém Escola Superior de Educação de Santarém Mestrado em Educação e Comunicação Multimédia 2º Ano Comunicação Interpessoal A comunicação no Séc. XXI, como será?

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Page 1: Trabalho final comunicação interpessoal

Trabalho realizado por: David Pereira

Instituto Politécnico de Santarém

Escola Superior de Educação de Santarém

Mestrado em Educação e Comunicação Multimédia – 2º Ano

Comunicação Interpessoal

A comunicação no Séc. XXI, como será?

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Trabalho realizado por: David Pereira

Capítulo I - As políticas de comunicação no espaço da União Europeia

Texto de Referência - A comunicação é essencial para uma democracia sã. É

uma via de dois sentidos. A democracia só pode dar frutos se os cidadãos

souberem o que se está a passar e puderem participar plenamente. A

comunicação não pode ser dissociada da mensagem a transmitir. Os cidadãos

esperam que a Europa lhes proporcione prosperidade, solidariedade e

segurança face à globalização. A política de comunicação da UE implica,

portanto, a realização de um programa político eficaz. Mas a realização de tal

programa não é, só por si, suficiente.” (Livro Branco sobre uma Política de

Comunicação Europeia - 2006).

Antes de abordarmos o Livro Branco, elaborado no ano de 2006, importa aqui

fazer uma retrospetiva para evolução desta temática, as políticas de

comunicação na UE, desde a sua criação até à atualidade. Este conceito de

política de comunicação é recente, tal como refere Ana Terra (2008:461)

“Deveremos ainda ter em conta que, paulatinamente, entre a década de

cinquenta e o novo milénio, a política de informação foi-se transformando numa

política de informação e comunicação, afirmando-se atualmente como uma

política de comunicação”. Esta evolução foi sendo gradual mas há um

acontecimento importante da construção da UE, que foi a existência de

dificuldades na ratificação do tratado de Maastricht, tendo-se falado na altura

da existência de um deficit democrático e problemas de integração dos países

na UE. Após este acontecimento refere Ana Terra (2008:462) que “À política de

informação competia, criar condições para facilitar a intervenção dos cidadãos

no debate sobre a construção europeia, com base em conhecimentos factuais.

O público-alvo passou a ser o cidadão com direitos e responsabilidades

políticas e não um simples cliente a quem se pretendia vender as vantagens de

um conceito”. Com o uso das TIC e mais concretamente através do portal

Europa, em 1995, pretendeu-se que o modo de comunicar fosse diferente, na

busca de uma maior participação por parte de todos os cidadãos europeus. A

possibilidade de existir mais informação e esta estar disponível a todos os

europeus, em qualquer hora e em qualquer lugar, ainda tinha que ser melhor

aproveitada. Com a ratificação do Tratado Constitucional, decorria o ano de

2005, surge o denominado Plano D. Este plano pretendia que os europeus

fossem mais interventivos e que se envolvessem mais nas questões europeias.

Segundo Ana Terra (2008: 464) “as instâncias europeias situam-se claramente

num paradigma pós-custodial e informacional sobretudo desde o momento em

que a comunicação se torna, com a comissão Prodi e com a Comissão

Barroso, uma função estratégica da UE, assumindo-se integralmente e

explicitamente como um elemento da governança”.

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Trabalho realizado por: David Pereira

O Livro Branco surge em 2006 após uma consulta pública, que decorreu

durante 6 meses e que contou com cerca de 313 contribuições. Como já vimos

anteriormente era importante mudar a política de comunicação e Ana Terra

(2008:386) diz-nos que o Livro Branco tinha como objetivo “formular uma

política de comunicação autónoma ao serviço público a partir de uma nova

abordagem estruturada à volta de três grandes modificações, passando de

uma comunicação unívoca, centrada nas instituições de Bruxelas para um

diálogo reforçado, focalizado nos cidadãos e institucionalmente mais

descentralizado”

Era importante mudar, os cidadãos tinham que participar pois só assim se pode

falar numa verdadeira democracia. Para comunicar é necessário quebrar as

barreiras linguísticas que existem no espaço europeu e para isso os estados

membros foram chamados a ter um papel fundamental neste aspeto,

realizando para isso um trabalho de parceria e cooperação com UE. Era

importante levar a informação aos cidadãos e não esperar que fossem os

cidadãos a procurá-la, pois só assim se conseguiria um maior envolvimento por

parte destes. Pois bem, a estratégia delineada foi o uso dos meios de

comunicação social e claro, das TIC. Segundo Ana Terra (2008:391) “para esta

estratégia, os meios de comunicação social e as TIC constituíam elementos

fundamentais, pois funcionavam como intermediários, como formadores de

opinião e como veículos de mensagens. Eram, portanto, indispensáveis para

manter um cidadão bem informado, alicerce de todo o sistema democrático

participativo”. Esta informação era dispensada pela comissão europeia e pelos

estados membros de uma forma clara, objetiva, imparcial e fidedigna aos meios

de comunicação social, que depois a trabalhavam para o seu público-alvo. No

que diz respeito ao uso das TIC era importante não esquecer as pessoas

menos habilitadas a este tipo de tecnologias. Contudo, o uso da internet foi-se

massificando, sendo cada vez melhor, mais rápida e eficiente ao longo destes

últimos anos, permitindo a interoperabilidade entre várias ferramentas TIC.

Esta possibilidade permite passar a informação de diversas maneiras e dá a

possibilidade de as pessoas comunicarem de outras formas.

No fim de 2007, a comissão da UE lança um novo texto relacionado com a

comunicação, onde Ana Terra (2008:392) nos diz que este documento surge

pela “necessidade de implicar os cidadãos para uma esfera europeia, com

base num trabalho de parceria entre os Estados-Membros e as instituições

europeias com base na assinatura de um acordo interinstitucional”. O ceticismo

relativamente ao projeto europeu bem como o clima de desconfiança

continuava. O conceito de política de comunicação era, aos poucos introduzido

nos textos oficiais substituindo o conceito de política de informação de

comunicação. A procura de diálogo com os cidadãos na perspetiva de os

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Trabalho realizado por: David Pereira

aproximar da causa europeia era cada vez maior, principalmente através das

tecnologias de informação e comunicação, como já foi referido anteriormente.

Diz-nos ainda Ana Terra (2008:393) que “a comunicação passou a constituir

um dos elementos basilares do conceito de governança europeia, procurando-

se integrá-la em todas as políticas comunitárias desde a sua fase de

formulação”. Isto foi sendo uma realidade até chegarmos ao ano de 2008, ano

marcado pela crise económica que começou nos EUA e que chegava à europa,

atingindo todos os países, principalmente os mais fracos que se encontram na

periferia.

Desde o início desta crise que o apelo à união entre os países tem sido a nota

dominante. Contudo, paira no ar o espetro da desintegração da UE, como a

conhecemos atualmente, devido às dificuldades que os países menos

desenvolvidos têm demonstrado ao longo destes anos, atingidos por políticas

de austeridade. O “desencanto” europeu é de um modo generalizado pelos

cidadãos europeus, o que pode potenciar um maior afastamento de todos, no

que diz respeito às políticas da UE. Se antes deste acontecimento a

comunicação tinha um papel importantíssimo, atualmente ainda terá mais

significado. Será que essa comunicação tem sido feita da melhor forma? Pelo

que conseguimos ver através dos meios de comunicação social e das redes

sociais, há ainda muito caminho a percorrer.

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Trabalho realizado por: David Pereira

Capítulo II - A sociedade da informação em Portugal

Texto de Referência - Segundo um estudo de 2008 do Grupo de Trabalho da

APDSI para o Desenvolvimento da Democracia Eletrónica em Portugal, " O

desenvolvimento da democracia eletrónica em Portugal, “as tecnologias da

informação e comunicação estão a tornar-se num instrumento importante, não

só na melhoria da qualidade de vida dos cidadãos, mas também no reforço da

democracia. O grande desafio está em garantir o acesso universal, aumentar a

literacia e garantir a confiança para que todos beneficiem deste potencial

tecnológico”.

Ainda segundo o mesmo documento “a democracia eletrónica vai muito para

além da votação e disponibilização de informação sobre os candidatos através

da Internet: trata-se de uma nova forma de fazer com que o cidadão comum

participe em discussões e interações com os poderes políticos, fazendo chegar

a sua voz, não apenas durante as campanhas eleitorais, mas também nos

períodos intercalares e a propósito dos problemas da sua vida quotidiana”.

Com o anterior governo foi notório a importância dada a esta questão,

nomeadamente através do Plano Tecnológico. Foram várias as “bandeiras”

deste plano como o programa e-escolas, portal do cidadão, loja do cidadão,

cartão do cidadão, só para referir alguns exemplos. Foi notório que o objetivo

era modernizar a administração pública e aproximar os cidadãos da chamada

“máquina” do estado.

Tendo por base o relatório da UMIC denominado “A sociedade da informação

em Portugal de 2010” onde aborda o uso das TIC nos diversos contextos

como: escolas, hospitais, empresas, administração pública e a população em

geral. Será relativamente a este último ponto que iremos mencionar alguns

dados interessantes:

45% dos agregados familiares possuem computadores portáteis;

50% dos agregados familiares têm banda larga à internet;

96%, 92% e 34% das pessoas (de 16 a 74 anos) com, respetivamente,

habilitação superior, secundária, e de 9º ano ou inferior, utilizam a

internet;

97%, 94% e 40% das pessoas (de 16 a 74 anos) com, respetivamente,

habilitação superior, secundária, e de 9º ano ou inferior, utilizam

computador;

95% e 100% dos estudantes usam, respetivamente, internet e

computador;

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Trabalho realizado por: David Pereira

75% das pessoas que utilizam internet declaram utilizá-la todos os dias

ou quase todos os dias;

86% dos utilizadores usam a internet para pesquisar informação sobre

bens e serviços;

88 % dos utilizadores usam a internet para comunicação, interacção e

colocação de conteúdos;

77%dos utilizadores usam a internet com o intuito de aprender;

74% das pessoas usam o Multibanco;

62% realizam comércio eletrónico através do Multibanco;

Estes dados aqui revelados colocam-nos em pé de igualdade com os principais

países da união europeia. Mas será que vamos continuar este caminho com o

atual governo? Pelo que podemos constatar neste primeiro ano de mandato,

leva-nos a crer que iremos trabalhar os próximos três anos com o que foi até à

data. A forte crise económica e as políticas de austeridade levam-nos ao que é

essencial e a cortes ao nível dos investimentos. Serão certamente

aperfeiçoados pequenos aspetos mas não se avizinham grandes inovações

num futuro próximo.

Retomando o assunto tratado no capítulo anterior, a comunicação, porque será

que nos meios de comunicação social criticam o atual governo neste aspeto?

Há críticos que referem há imenso trabalho por parte deste governos e, alguns

até de muita qualidade, que não chegam à opinião pública? O que estará a

falhar? É que relativamente ao governo anterior era precisamente o contrário.

Diziam então que o governo na altura tinha uma “verdadeira máquina de

propaganda”. Qual então a diferença? Será por o atual governo estar “preso”

às politicas de austeridade impostas pela Troika? Será o efeito de várias

“gaffes” por altos membros do governo nas matérias sensíveis para a

população em geral? Será a exploração destas mesmas “gaffes” por parte dos

media e da facilidade com que as mesmas correm atualmente nas redes

sociais?

Não sabemos se há respostas a estas questões, mas o que é certo é que cada

vez mais as pessoas se mobilizam através do uso das TIC, como pudemos

observar com a crise no médio oriente ou através da concretização de

manifestações, um pouco por toda a parte.

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Trabalho realizado por: David Pereira

Capítulo III - Multiplataformas numa plataforma globalizante

Texto de Referência - Nas sociedades modernas e como resultado aparente da

influência de um processo da globalização com recurso a ferramentas da

Internet, verificam-se, nomeadamente através de conteúdos disponíveis nas

redes sociais, manifestações que revelam a participação ativa dos cidadãos,

individualmente, ou sob a forma de grupos de interesses, no sentido de um

processo (ainda que indireto) de interação entre o poder político e os cidadãos.

A essa constatação não poderemos ser indiferentes se ponderarmos o

elevadíssimo potencial inerente ao uso da Internet e das comunicações

móveis, por exemplo, no contexto de um presumível défice participativo dos

cidadãos na resolução dos desafios públicos.

É no final do séc XX e início do séc XXI que entramos numa nova era,

chamada de sociedade de informação. Ana Gaspar (2008:12) cita Manuel

Castells a cerca desta sociedade através “uma revolução tecnológica, centrada

nas tecnologias da informação”. Que tipo de sociedade será este? Ana Gaspar

(2008:12) volta a citar Castells, pois o mesmo autor define-a dizendo que a

mesma é “estruturada nas suas funções e processos dominantes em torno de

redes”. Claro que o surgimento deste tipo de sociedade está associado à

revolução tecnológica, reestruturação do capitalismo e do surgimento de

movimentos socioculturais, termos abordados por Ana Gaspar (2008:13) tendo

por base a opinião de Castells. Para além deste autor, Ana Gaspar faz

referência a outros autores como Wolton e Frank Webster por exemplo. É

precisamente neste último autor que Ana Garpar (2008:15) o cita de modo a

percebermos melhor quanto a este tipo de sociedade “a informatização da vida,

um processo que tem estado em curso (…) há vários séculos, mas, certamente

acelerou com o desenvolvimento do capitalismo industrial e a consolidação do

estado-nação no século XIX e que atingiu a velocidade máxima no final do

século XX quando a globalização e a difusão de organizações transnacionais

conduziram à incorporação de domínios até aqui desconhecidos (…) no

mercado mundial”.

Segundo Gustavo Cardoso, citado por Ana Gaspar (2008:18) “a internet é o

elemento central dos novos media, que incluem ainda o telemóvel, a televisão

digital e as consolas de jogos. O que os distingue dos media anteriores é o

facto de combinarem um modelo de comunicação interpessoal e um modelo de

comunicação de massas.” Como se pode concluir aqui, a comunicação e a sua

dinâmica não depende dos grandes grupos de media nem do estado mas a

capacidade que o utilizador tem de combinar dispositivos de comunicação

interpessoal, como o telemóvel com os mass media, rádio e a televisão.

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Trabalho realizado por: David Pereira

A evolução da internet tem sido exponencial e de ano para ano, existem cada

vez mais utilizadores e novos aparelhos, com novas funcionalidades. Ora bem

é aqui, nesta combinação de meios e diferentes tipos de media, que as

pessoas conseguem, atualmente, atingir os objetivos a que se propõem atingir.

Existem várias imagens que nos mostram pessoas com um portátil à frente, a

televisão ligada e com o telemóvel na mão. Será uma caricatura da sociedade

atual? Será um exagero? Será que isto acontece só com alguns, os mais ricos

e mais “abastados” a nível de equipamentos tecnológicos?

Como é fácil constatar, a internet passou a fazer parte do no dia-a-dia. São

poucas as pessoas que não vão ver o seu e-mail, consultar o mural do

Facebook ou ler as capas dos jornais. A este respeito, Ana Gaspar (2008:21)

cita Shey Turkle “Quando lemos o nosso correio eletrónico, enviamos

mensagens para um painel de notícias eletrónico ou reservamos bilhetes de

avião através de uma rede de computadores, estamos no ciberespaço. No

ciberespaço podemos conversar, trocar ideias e adoptar identidades fictícias

que nós próprios criamos. Temos oportunidade de construir novos tipos de

comunidades, comunidades virtuais nas quais participamos juntamente com

pessoas de todos os cantos do mundo”. Esta citação vem reforçar o que foi

mencionado anteriormente e direciona-nos para o caminho das comunidades

virtuais. Segundo Ana Gaspar (2008:22), para pertencer a “uma comunidade

virtual, é necessário apenas uma ligação à internet. Aí basta procurar um

newsgroup, integrar uma mailing list (…) e/ou registar-se num social

Networking Site (SNS) para comunicar com outras pessoas que partilham um

mesmo interesse.”

Muitas questões têm sido levantadas, na perspetiva de saber como é que estas

comunidades virtuais podem influenciar a vida real. Será que o presidente

Obama ganhou as eleições graças ao uso das redes sociais? E a “primavera

árabe”? Pois bem, Ana Gaspar (2008: 23) volta a citar Turkle “a tecnologia

muda a nossa natureza enquanto pessoas, muda as nossas relações e a

perceção que temos de nós mesmos”. Claro que o inverso também acontece

como nos diz Ana Gaspar “o uso que fazemos da tecnologia também a altera”.

Não vale a pena estar a aqui especificar plataformas pois muitas delas acabam

por cair em desuso e num curto espaço de tempo (anos). Alguém, nos dias de

hoje fala ou usa o mirc, ou até mesmo o Hi5, para comunicar com outros

utilizadores? Depois do Facebook, o que virá?! Terá o mesmo impacto?

Em jeito de conclusão, a comunicação neste século, como será?

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Trabalho realizado por: David Pereira

Referências Bibliográficas

Terra, A (2008) As políticas de informação e comunicação da união europeia.

Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

A sociedade da informação em Portugal de 2010,

http://www.umic.pt/images/stories/publicacoes4/SIP2010_completo.pdf,

acedido no dia 28 de Maio de 2012

Gaspar, A (2008) A reconstrução da Identidade na internet. Instituto Superior

de Ciências do Trabalho e da Empresa – Departamento de sociologia.