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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO FACULDADE DE EDUCAÇÃO - CURSO DE PEDAGOGIA DISCIPLINA: EDUCAÇÃO PARA GESTÃO DE PROJETOS SÓCIO-AMBIENTAIS PROFESSORA: LUIZA DE MIRANDA E LEMOS TURMA: 3 – 7º PERÍODO ALUNOS: BRUNO ALVES DA SILVA – 2008.2.04572.11 CAROLINE ALVES DA COSTA – 2008.2.05604.11 ELAINE ROSE DA SILVA – 2008.2.03743.11 GISELLE MELLO DOS SANTOS - 2008.2.04610.11 LAIO LOPES – PEDRO CAMILO – SAMUEL PEREIRA – 2008.2.04926.11 PROJETO: QUINTAIS PRODUTIVOS: AGROECOLOGIA, CONSERVAÇÃO AMBIENTAL E SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO CAMPUS FIOCRUZ DA MATA ATLÂNTICA Trabalho apresentado como requisito parcial para a disciplina de Estágio de

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QUINTAIS PRODUTIVOS: AGROECOLOGIA, CONSERVAÇÃO AMBIENTAL E SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO CAMPUS FIOCRUZ DA MATA ATLÂNTICA

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Page 1: Trabalho Final

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

FACULDADE DE EDUCAÇÃO - CURSO DE PEDAGOGIA

DISCIPLINA: EDUCAÇÃO PARA GESTÃO DE PROJETOS SÓCIO-AMBIENTAIS

PROFESSORA: LUIZA DE MIRANDA E LEMOS

TURMA: 3 – 7º PERÍODO

ALUNOS:

BRUNO ALVES DA SILVA – 2008.2.04572.11

CAROLINE ALVES DA COSTA – 2008.2.05604.11

ELAINE ROSE DA SILVA – 2008.2.03743.11

GISELLE MELLO DOS SANTOS - 2008.2.04610.11

LAIO LOPES –

PEDRO CAMILO –

SAMUEL PEREIRA – 2008.2.04926.11

PROJETO:

QUINTAIS PRODUTIVOS: AGROECOLOGIA, CONSERVAÇÃO AMBIENTAL E

SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO CAMPUS FIOCRUZ DA MATA

ATLÂNTICA

Trabalho apresentado como requisito parcial para a disciplina de Estágio de formação de professores para anos iniciais do ensino fundamental para crianças, jovens e adultos I da Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ.

Page 2: Trabalho Final

PROJETO

Quintais Produtivos: Agroecologia, conservação ambiental e segurança alimentar e

nutricional no Campus Fiocruz da Mata Atlântica.

1. INTRODUÇÃO

A escolha se deu, primeiramente, pelo fato de um integrante do nosso grupo de

estudos trabalhar no projeto desenvolvido no âmbito da Restauração, gestão e educação

ambiental, proporcionando uma maior acessibilidade ao local.

Além da acessibilidade às informações, o Projeto nos chamou a atenção por

promover parceira entre a própria Instituição de pesquisa – FIOCRUZ – e os moradores,

desenvolvendo e divulgando (através de pequenos cursos livres) métodos para a

sustentabilidade das famílias locais.

Apesar de estar localizado no Rio de Janeiro, o local da nossa visita nos remete a

cidades do interior onde as pessoas são extremamente cordiais. Esta cordialidade nos

permitiu entrar em seus quintais para ver de perto como é feito o plantio de legumes, frutas,

verduras e hortaliças sem o acréscimo de fertilizantes ou qualquer outro produto químico.

2. BREVE DESCRIÇÃO SOBRE O LOCAL

» INFORMAÇÕES SOBRE O LOCAL:

Entidade responsável: Campus Fiocruz da Mata Atlântica – Campus Jacarepaguá I

Endereço: Jacarepaguá, comunidades localizadas no entorno do Campus Fiocruz da Mata

Atlântica (área da antiga Colônia Juliano Moreira).

Contato: (21) 3885-1693

Equipe executora:

Além da contribuição de todas as equipes do Projeto de Implantação do Campus

Fiocruz Mata Atlântica (PICFMA) para a elaboração desta proposta, a equipe a seguir está

comprometida com sua execução (até o momento):

Lucia Santana – bióloga, ET Educação e Gestão Ambiental

Page 3: Trabalho Final

Flavia Soares – coordenação ET Desenvolvimento Local e Núcleo de

Convívio

Mônica Dias – antropóloga PV ENSP

Robson Patrocínio – ET Desenvolvimento Local

Técnico agrícola – ET Educação e Gestão Ambiental

Assistente social – Núcleo de Convívio PICFMA

Educador social – Núcleo de Convívio PICFMA

Bolsa para multiplicador local

» HISTÓRICO: QUANDO E PORQUE FOI INAUGURADO. PROJETOS DESENVOLVIDOS

A relação da Fiocruz com o local começou em 2003, quando recebeu o chamado

Setor 1 (o maior e mais bem preservado), com cessão precária. Em 2007 a cessão foi

consolidada por 50 anos e dois anos depois teve início o processo de doação definitiva da

área à Fiocruz, com previsão de conclusão ainda para 2011 – para isso ainda falta a

regularização fundiária e urbana das populações que moram no perímetro do CFMA, que

está sendo feita. O Programa de Implantação do Campus Fiocruz da Mata Atlântica é um

programa interdisciplinar de implementação de um modelo de ocupação que prioriza a

preservação, a proteção e a recuperação dos patrimônios ambiental e cultural, consolidando

um território saudável e sustentável.

Os moradores dessa região vivenciam problemas sociais e econômicos gerados pela

ausência de políticas públicas nas áreas de alimentação, saúde, educação, moradia e

saneamento básico. A maioria dos moradores possui residências com situação fundiária

irregular, com construções inacabadas e elevada densidade média (mais de quatro pessoas)

por domicílio (Iplan, 1997). As taxas de desemprego na região são muito altas e a maioria

dos chefes de família não possui emprego com vínculo formal. A vulnerabilidade à

insegurança alimentar e nutricional se manifesta de forma recorrente em meio a essas

famílias, devido à dificuldade de acesso aos alimentos - em razão dos baixos níveis de

renda familiar - e a tendência a hábitos alimentares em geral com baixa qualidade

nutricional, em geral carentes de vitaminas e sais minerais. Além disso, a cultura política

na região é por relações de clientelismo e assistencialismo e a sociabilidade comunitária

negativamente afetada pelo poder do tráfico de drogas e grupos de extermínio, dificultando

Page 4: Trabalho Final

formas ativas de associação comunitária orientadas para o enfrentamento dos problemas

vivenciados coletivamente. Apesar disso, famílias e algumas organizações desenvolvem

estratégias próprias e emancipadoras para fazer frente às carências alimentares e

nutricionais, como as ações no campo da educação alimentar e a adoção de práticas

agrícolas nos quintais (Monteiro, Mendonça, Silva e Figueiredo)1.

O pressuposto adotado por este projeto é que a promoção de uma produção

agroecológica enquanto estratégia para o autoconsumo e trocas solidárias, pode contribuir

para a segurança alimentar e nutricional, o fortalecimento do tecido social e uma cidadania

ativa das famílias envolvidas. Além disso, o uso sustentável da terra contribui para inibir

processos de impermeabilização do solo e adensamento de moradias que comprometam a

qualidade de vida urbana.

As oficinas para produção e transição do modelo de manejo ocorrem em áreas

abertas no próprio campus e, se autorizado pelas famílias, nos quintais dos próprios

participantes em sistema de rodízio. Dentre as oficinas, citamos:

Plantio orgânico;

Banco de mudas e sementes;

Conservação e recuperação do solo (adubos verdes, cobertura com palha,

compostagem, adubação orgânica, uso de espaços alternativos);

Controle de pragas (plantas sadias, alimentação adequada do solo, controle

biológico, consorciamento de culturas, uso de defensivos naturais, plantas

medicinais);

Infra-estrutura (para evitar o uso de insumos externos);

Alimentação animal (produção de ração animal, silagem, feno);

Adaptação de maquinários;

Diversificação de culturas (desenvolvimento integral da propriedade,

produção animal e vegetal).

1 MONTEIRO, D., MENDONÇA, M. M., SILVA, R.M., FIGUEIREDO, S.C. Agricultura na cidade e a busca da segurança alimentar e nutricional: Reflexões a partir da zona oeste do município do Rio de Janeiro – artigo extraído do site: HTTP://WWW.ASPTA.ORG.BR/PROGRAMAS-DE- AGRICULTURA-URBANA/PARCEIROS-LOCAIS/ARTIGO%20AGRICULTURA%20NA%20CIDADE %20REVISTA%20GIS.PDF

Page 5: Trabalho Final

» DEMANDA SOCIAL:

225 famílias das comunidades localizadas no campus Fiocruz da Mata Atlântica

(setor 1 da antiga Colônia Juliano Moreira): Caminho da Cachoeira, Sampaio Corrêa, Viana

do Castelo, Fincão e Faixa Azul.

Podemos caracterizar o território da Colônia Juliano Moreira atualmente como uma

região ocupada por assentamentos urbanos informais, em processo de crescimento e com

situações de vulnerabilidade socioambiental. A regularização fundiária e urbanística

associada aos investimentos públicos em urbanização e infra-estrutura com a execução

efetiva do PAC Colônia permitirão o reconhecimento de direitos ao mesmo tempo em que

irão passar a exigir o pagamento por serviços públicos (água, luz) e impostos, com a

perspectiva de valorização econômica do território.

» LOCALIZAÇÃO / ACESSO:

O Campus Fiocruz da Mata Atlântica (CFMA), localizado no bairro de Jacarepaguá

- Zona Oeste do Rio de Janeiro, possui em seus limites 50% da área de preservação

permanente do Parque Estadual da Pedra Branca (PEPB), atuando enquanto uma zona de

amortecimento da pressão urbana. A temática central do campus é a relação entre

biodiversidade e saúde, atuando na Promoção da Saúde de modo associado à

sustentabilidade segundo o conceito Cidades Saudáveis e Sustentáveis – o que implica

contribuir para ações coordenadas entre múltiplos atores locais: moradores, movimentos

sociais, cooperativas populares, escolas, empresas e instituições de ensino, pesquisa e

assistência, além de setores do governo.

Vale destacar que este campus situa-se em um dos setores em que foi dividido o

território da Colônia Juliano Moreira (CJM), instituição destinada à internação psiquiátrica.

Criada em 1912 e desativada nos anos 90, do século XX, com a Reforma Psiquiátrica vem,

aos poucos, esvaziando os pavilhões e criando novos dispositivos terapêuticos. Esta

desativação culminou em um processo de municipalização, que se iniciou em 1996, com o

objetivo de atender às demandas de descentralização das ações de saúde e a consolidação

do SUS, reordenando o território da Colônia em seis setores: Setor 1: com cessão de uso

para a implantação do Campus Fiocruz da Mata Atlântica; Setor 2 e 5 - sob a gestão da

Secretaria Municipal de Saúde; Setores 3, 3A e 3B sob a gestão da Secretaria Municipal de

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Habitação, Setores 4 e 4 A - geridos pelo Exercito Brasileiro; Setor 6 - Centro Nacional de

Referência em Pneumologia Professor Hélio Fraga (CRPHF).

» ESPAÇO GEOGRÁFICO:

O Campus Fiocruz da Mata Atlântica (CFMA) está localizado onde no passado

também foi originalmente uma fazenda com grande produção agrícola e que tinha o açúcar

como principal fonte de receitas. Uma área de 5 milhões de metros quadrados – uma área

um pouco maior que o principal campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro

(UFRJ), na Ilha do Fundão – situada em Curicica, na região de Jacarepaguá, na Zona Oeste

do Rio de Janeiro.

3. PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO

» FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O modelo de agricultura ecológica a ser construído deve atender os atores sociais

locais com participação dos técnicos e pesquisadores na orientação e assistência técnica,

priorizando 3 vertentes:

Ambiental – através de práticas de restauração e conservação do solo degradado,

plantio de orgânicos, adubação verde, uso de biofertilizantes, controle de pragas e

doenças utilizando plantas alelopáticas2, consórcio e rodízio de culturas, técnicas de

manejo adequadas à região;

Empoderamento – resgate e valorização do saber empírico das comunidades,

incentivo à prática de mutirões, associativismo e trocas solidárias para a melhoria da

qualidade de vida e geração de renda;

Segurança Alimentar e Nutricional – incentivo ao consumo de alimentos cultivados

em sistema agroecológico, sem uso de defensivos ou inseticidas, acesso a alimentos

diversificados e de qualidade, estímulo ao aproveitamento integral dos alimentos e

seus nutrientes.

2 Plantas alopáticas são aquelas que auxiliam na prevenção de doenças e pragas e contribuem para a fertilidade do solo.

Page 7: Trabalho Final

Importante destacar as cinco diretrizes gerais da Segurança Alimentar e

Nutricional (SAN) no nível municipal: i) produção de alimentos em bases socialmente

eqüitativas e ambientalmente sustentáveis; ii) abastecimento alimentar e acesso a uma

alimentação de qualidade; iii) educação alimentar e organização dos consumidores; iv)

estimular a participação da sociedade civil na formulação e implementação da política de

segurança alimentar e iniciativas não governamentais; v) universalizar e assegurar a

qualidade de programas alimentares com caráter suplementar ou emergencial para grupos

específicos (Costa e Maluf, 2001). Portanto, incorporar a ótica da segurança alimentar e

nutricional a programas e projetos de promoção do desenvolvimento rural sustentável

envolve articular ações de produção, distribuição e consumo de alimentos, aos hábitos

alimentares e aspectos nutricionais.

» OBJETIVOS:

Objetivo geral – promover a segurança alimentar e nutricional junto às famílias que

residem no campus Fiocruz da Mata Atlântica (CFMA) mediante a construção de um

modelo participativo de produção agroecológica aliado à conservação do meio ambiente. no

qual seja priorizado o diálogo e a valorização do saber popular, tendo em vista a ocupação

sustentável dos quintais, o autoconsumo e a melhoria da qualidade de vida.

Objetivos Específicos – A) Fomento à ocupação sustentável dos quintais nas

comunidades localizadas no CFMA mediante a produção urbana de alimentos, plantas

medicinais e ornamentais em bases socialmente eqüitativas e ambientalmente sustentáveis,

considerando questões de biodiversidade e saúde e o processo de regularização fundiária,

B) Estimular a troca solidária e o autoconsumo da produção dos quintais, ampliando o

acesso regular a alimentos saudáveis, diversificados e sem uso de agrotóxicos pelas

comunidades localizadas na área do CFMA.

» METODOLOGIA DESENVOLVIDA / PRÁTICAS PEDAGÓGICAS:

A metodologia adotada é a participativa baseada no princípio que os próprios atores

sociais são os que melhor conhecem suas demandas e, portanto, devem contribuir na

Page 8: Trabalho Final

definição da pauta de ações de pesquisa, desenvolvimento e inovação, cabendo aos técnicos

e pesquisadores acompanhar e aperfeiçoar a condução do trabalho, identificando questões

mais complexas que necessitem de maior investigação e atenção.

A abordagem é dialógica, partindo do conhecimento dos atores sociais, técnicos e

pesquisadores, para propiciar a construção coletiva de novos conhecimentos na área de

agroecologia e saúde.

Vale sinalizar que a elaboração deste projeto incluiu uma discussão prévia

interdisciplinar entre as equipes sobre questões que envolvem biodiversidade, saúde e o

processo de regularização fundiária, para aperfeiçoamento da proposta preliminar e o

nivelamento de informações da equipe técnica envolvida, que é necessariamente

interdisciplinar.

Vale destacar alguns conceitos importantes neste projeto:

A Agroecologia nasce no início do século XX em um contexto de surgimento de

formas de agricultura alternativas a partir de descobertas da química e biologia. Adota um

enfoque sistêmico, tendo como unidade de análise o agroecossistema3 para proporcionar as

bases científicas (princípios, conceitos e metodologias) para apoiar o processo de transição

do atual modelo de agricultura convencional para estilos de agriculturas sustentáveis

(Caporal e Costabeber, 2000a; 2000b; 2001, 2002).

O enfoque agroecológico parte do conhecimento local que, integrado ao

conhecimento científico, dará lugar à construção e expansão de novos saberes

socioambientais, alimentando assim, permanentemente, o processo (Gliessman, 2000).

De forma resumida, a agricultura sustentável sob o ponto de vista agroecológico, é

aquela que, tendo como base uma compreensão holística dos Agroecossistemas, é capaz de

atender, de maneira integrada, aos seguintes critérios: a) baixa dependência de inputs

comerciais; b) uso de recursos renováveis localmente acessíveis; c) utilização dos impactos

benéficos ou benignos do meio ambiente local; d) aceitação e/ou tolerância das condições

locais, antes que a dependência da intensa alteração ou tentativa de controle sobre o meio

ambiente; e) manutenção a longo prazo da capacidade produtiva; f) preservação da 3 Agroecossistema é a unidade fundamental de estudo, nos quais os ciclos minerais, as transformações energéticas, os processos biológicos e as relações sócio-econômicas são vistas e analisadas em seu conjunto. Sob o ponto de vista da pesquisa agroecológica, seus objetivos não são a maximização da produção de uma atividade particular, mas a otimização do agroecossistema como um todo, o que significa a necessidade de uma maior ênfase no conhecimento, na análise e na interpretação das complexas relações existentes entre as pessoas, os cultivos, o solo, a água e os animais (Altieri, 1989).

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diversidade biológica e cultural; g) utilização do conhecimento e da cultura da população

local; h) produção de mercadorias para o consumo interno e para a exportação (Gliessman,

1990).

Como enfoque científico e estratégico de caráter multidisciplinar, a Agroecologia

apresenta a potencialidade para fazer florescer novos estilos de agricultura e processos de

desenvolvimento rural sustentável que garantam a máxima preservação ambiental,

respeitando princípios éticos de solidariedade sincrônica e diacrônica.

A agricultura urbana, ou seja, aquela desenvolvida no meio urbano tende a ser

diversificada, com cultivo de diversas espécies numa mesma área, como estratégia de

maximização dos pequenos espaços disponíveis e como reflexo dos conhecimentos

agrícolas herdados das áreas de agricultura familiar e dos quintais rurais que têm como

princípio a diversificação produtiva. Nos espaços urbanos, são comuns pequenas parcelas

com diferentes cultivos, frutíferas, medicinais, cereais, hortaliças e ornamentais e ainda

algumas criações animais para fins alimentares. Além disso, muitas vezes são cultivadas

espécies e variedades não encontradas facilmente nos mercados, reflexo de hábitos culturais

trazidos de outras regiões e mantidos no meio urbano (Monteiro, Mendonça, Silva e

Figueiredo)4. As práticas agrícolas em quintais precisam em geral se adaptar e criar

alternativas à algumas questões limitantes, como a restrição de espaço e a baixa qualidade

das terras, mas apresenta funções que extrapolam a produção de alimentos, como

alimentação e saúde (acesso a alimentos frescos e de qualidade sem utilização de produtos

químicos), forma de ocupação (prazer/gosto de plantar e o cultivo como forma de terapia) e

formas de resgatar conhecimentos populares e sociabilidades perdidas no meio urbano

(troca de mudas, sementes, alimentos e conhecimentos com os parentes e vizinhos).

Famílias socialmente marginalizadas nas cidades mobilizam sua inteligência criativa

para desenvolver estratégias de sobrevivência ajustadas aos novos contextos de

precariedade e de privação de direitos elementares aos quais está submetido, entre eles o de

4 MONTEIRO, D., MENDONÇA, M. M., SILVA, R.M., FIGUEIREDO, S.C. Agricultura na cidade e a busca da

segurança alimentar e nutricional: Reflexões a partir da zona oeste do município do Rio de Janeiro – artigo extraído do site:

HTTP://WWW.ASPTA.ORG.BR/PROGRAMAS-DE-AGRICULTURA-URBANA/PARCEIROS-LOCAIS/ARTIGO%20AGRICULTURA %20NA%20CIDADE%20REVISTA%20GIS.PDF

Page 10: Trabalho Final

se alimentar de maneira saudável e equilibrada e a despeito de sua minúscula expressão em

termos espaciais, os quintais domésticos representam verdadeiros redutos para o exercício

de práticas de produção alimentar ainda bastante presentes nas referências culturais dessas

populações. Do ponto de vista dos impactos na alimentação, a produção de alimentos na

cidade não supre, e dificilmente têm potencial para suprir, na totalidade, as necessidades

nutricionais dos moradores. No entanto, a produção local é uma forma de acesso aos

alimentos distinta dos mecanismos de mercado e assistencialistas, comuns no contexto

urbano. O cultivo de uma diversidade de plantas nos espaços existentes nas cidades

fortalece as alternativas locais para o enfrentamento da fome e da má nutrição, ampliando a

produção e o consumo de alimentos saudáveis, principalmente em comunidades que

vivenciam situações de sérias carências socioeconômicas. Do ponto de vista econômico, a

produção na cidade contribui para a renda familiar, através da diminuição de gastos com

alimentação e possível comercialização de excedentes e existem exemplos neste sentido em

vários países para o enfrentamento de situações de insegurança alimentar e nutricional

(Monteiro e Mendonça, 2004).

Destaca-se ainda o conceito de agricultura familiar, referido a um “conjunto

bastante numeroso e diversificado de unidades familiares rurais, nas quais as atividades são

realizadas essencialmente pelos membros da própria família, ainda que possam recorrer ao

trabalho de terceiros de forma eventual ou permanente, porém, dentro de limites que

preservam sua característica principal de obter o essencial da reprodução da família do

trabalho dos seus próprios membros. As unidades familiares podem ser conduzidas por

pequenos proprietários, arrendatários, parceiros (meeiros), assentados e posseiros”. (Costa e

Maluf, 2001).

» PROPOSTAS PEDAGÓGICAS NA PERSPECTIVA DA INCLUSÃO:

Um projeto em andamento é o Desenvolvimento Comunitário e Educação para a

Sustentabilidade, que promove atividades para capacitação, geração de emprego e renda,

conscientização ambiental, de apoio ao processo de regularização fundiária das ocupações

existentes no local, buscando a melhoria da qualidade de vida da população de baixa renda.

Entre as ações desenvolvidas pelo projeto está a capacitação de jovens para a

conservação ambiental, ações de recuperação ambiental (nas matas, encosta e rios),

Page 11: Trabalho Final

implantação de sistemas de coleta seletiva de lixo, formação de jovens agentes ambientais,

além dos eventos ambientais (informação, mobilização, pesquisas e monitoramento) junto

às comunidades.

» Qual a formação do responsável pelo desenvolvimento da (s) atividade(s) /projeto(s)?

Robson Patrocínio, Coordenador Social, (Assistente Social); e Lucia Santana, na

Coordenação Ambiental, (Mestranda em agricultura orgânica /UFRRJ) entendendo que a

equipe é multidisciplinar.

» Existe Pedagogo na Instituição? Em caso afirmativo, quais as atribuições deste profissional?

Não existe Pedagogo na equipe.

» Considerando a formação em Pedagogia, qual (is) contribuição (ões) o grupo levaria para a Instituição?

Uma proposta de metodologia que ampliasse o projeto de forma a levá-lo para

regiões próximas ao local, não somente aos moradores do entorno do CFMA. Ou seja,

maior divulgação e promoção das idéias do projeto para que o público externo a região

buscasse se informar dos objetivos e vantagens, executando em suas residências, escolas,

empresas, etc. a proposta de desenvolvimento sustentável e a questão da Segurança

Alimentar, ainda tão pouco discutida e conhecida na sociedade.

» Material Didático:

Descrição do material didático utilizado. O material didático está compatível com o público que o projeto/atividade pretende alcançar?

Page 12: Trabalho Final

São utilizados nos processos de análise e monitoramento do plantio e circuito de

produção, ressaltando que utilizamos uma metodologia participativa no sentido de

possibilitar um diálogo qualificado em espaços públicos.

Material utilizado: fichas técnicas resumidas (1 página, frente e verso) contendo os

objetivos, material e ferramentas necessárias, como fazer, como manter e gerenciar os

cuidados, incluindo um esquema ilustrativo ou fotos, que tem a finalidade de servir como

manual prático para gestão processos, técnicas ou sistemas instalados.

O material utilizado vai de acordo com as necessidades e finalidades do projeto

sendo, de forma objetiva, totalmente compatível.

» Financiamento:

O projeto recebe recursos da CSDT (COOPERAÇÃO SOCIAL PARA O

DESENVOLVIMENTO TERRITORIALIZADO), recursos esses originados de EDITAL

interno da FIOCRUZ.

Existem espaços para a comercialização de material (is)? Qual (is) espaço (s)? Qual (is) material (is)?

A comercialização dos materiais é realizada, principalmente, durante a Feira Anual do Campus Fiocruz Mata Atlântica (CFMA). O evento gratuito busca agregar unidades da Fiocruz, Instituições governamentais e não-governamentais, Movimentos Sociais e Eclesiais de base da região de Jacarepaguá, a comunidade local e do entorno.

Durante a Feira há divulgação de pesquisas e projetos socioambientais da Fiocruz e de parceiros, informações sobre saúde, ambiente, desenvolvimento local, alimentação saudável, controle de vetores, tecnologias sustentáveis, cultura, assistência social, regularização fundiária e cidadania.

Porém, no caso do Projeto “Quintais Produtivos” os alimentos (verduras, frutas, hortaliças e legumes) podem ser adquiridos durante as visitações simples aos quintais dos produtores.

» CONCLUSÃO

Page 13: Trabalho Final

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ALTIERI, M. Agroecologia: As bases científicas da agricultura moderna. Rio de Janeiro:

ASPTA-FASE, 1989.

CAPORAL F. R.; COSTABEBER, J. A. Agroecologia: enfoque científico e estratégico

para apoiar o desenvolvimento rural sustentável. Porto Alegre: EMATR/RS-ASCAR, 2002.

COSTA, Christiane & MALUF, Renato. Diretrizes para uma política municipal de

segurança alimentar e nutricional. São Paulo, Polis, 2001.

GLIESSMANN, S.R. Agroecologia: Processos ecológicos em agricultura sustentável.

Editora da Universidade – UFRGS, 4ª. Edição, 2009.

MONTEIRO, D., MENDONÇA, M. M., SILVA, R.M., FIGUEIREDO, S.C. Agricultura

na cidade e a busca da segurança alimentar e nutricional: Reflexões a partir da zona oeste

do município do Rio de Janeiro – artigo extraído do site:

http://www.aspta.org.br/programas-de-agricultura-urbana/parceiros-locais/artigo

%20agricultura%20na%20cidade%20revista%20GIS.pdf

MONTEIRO, D; MENDONÇA, M. M. Quintais na cidade: a experiência de moradores da

periferia do Rio de Janeiro. Revista Agriculturas: experiências em agroecologia, Rio de

Janeiro, v.1, n.0, p.29-31, set.2004.