trabalho final

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FACULDADE DE TECNOLOGIA DE JAHU – FATEC/JAHU CARLA GABRIELLE MORAIS RIBEIRO GUILHERME TESTA JORGE LUIZ DE MELLO LIMA A INFLUÊNCIA DO MEXILHÃO-DOURADO NA REGIÃO DO MÉDIO TIETÊ . JAHU 2013

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  • FACULDADE DE TECNOLOGIA DE JAHU FATEC/JAHU

    CARLA GABRIELLE MORAIS RIBEIRO

    GUILHERME TESTA

    JORGE LUIZ DE MELLO LIMA

    A INFLUNCIA DO MEXILHO-DOURADO NA REGIO DO

    MDIO TIET

    .

    JAHU

    2013

  • CARLA GABRIELLE MORAIS RIBEIRO

    GUILHERME TESTA

    JORGE LUIZ DE MELLO LIMA

    A INFLUNCIA DO MEXILHO-DOURADO NA REGIO DO

    MDIO TIET

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado no Curso de Sistemas de Navegao da Faculdade de Tecnologia de Ja, para obteno do grau de Tecnlogo em Sistemas de Navegao, sob a orientao do prof. Dr. Hilton Ap. Garcia.

    JAHU

    2013

  • Ao Prof Dr. Hilton Ap. Garcia

    Por seu inestimvel apoio, auxlio e compreenso

    no desenvolvimento desse trabalho.

  • AGRADECIMENTOS

    Acima de tudo, agradeo a Deus, por estar sempre ao meu lado, abenoando-me e iluminando-me em todos os passos que dou.

    Agradeo aos meus pais, que sempre me apoiaram e incentivaram a ser uma no s uma pessoa melhor, mas tambm uma profissional focada e sem medo de assumir responsabilidades.

    Agradeo as minhas amigas, que durante o perodo do curso se mostraram surpreendentemente compreensivas, ensinando-me a arte da compaixo, da pacincia e da cumplicidade. Nada disso seria possvel sem o apoio que elas me deram.

    Carla Ribeiro.

    Primeiramente agradeo a Deus, pelo dom da vida e por ter me ungido todos os dias dessa caminhada.

    Aos meus pais, que lutaram junto comigo e me incentivaram o tempo todo para que este sonho se tornasse realidade.

    Aos meus familiares, por ter compreendido minhas ausncias.

    A todos os professores do curso, que foram to importantes na minha vida acadmica e no desenvolvimento deste trabalho.

    Aos meus amigos, pelas oraes e pensamentos positivos para que eu pudesse alcanar meus objetivos.

    Guilherme Testa.

    Primeiramente, agradeo a Deus por estar comigo nas horas boas e ruins, me fazendo no desistir de superar os obstculos inseridos na minha vida.

    Agradeo a minha famlia pelo apoio e compreenso em todas as horas difceis que passamos juntos

    Aos professores que me ajudaram e aconselharam nessa rdua caminhada acadmica.

    Aos meus novos amigos que ganhei na faculdade, que sero para toda a vida.

    Agradeo ainda a minha equipe do trabalho de concluso, que em todos os momentos, sejam eles difceis ou no, tivemos uma boa e amigvel interao.

    Jorge de Mello Lima.

    Agradecemos aos funcionrios do Departamento Hidrovirio, Edson Vizaccro e Maral Ap., pelas informaes fornecidas e ateno dispensada para nos ajudar.

    Larissa Weiler Vanuchi, da AES Tiet, pelas informaes sobre as UHEs e tempo dispensado para nos ajudar.

    Os Autores.

  • A grandeza no onde permanecemos, mas em qual direo estamos nos movendo. Devemos

    navegar algumas vezes com o vento e outras vezes contra ele, mas devemos navegar, e no

    ficar deriva, e nem ancorados.

    Oliver Wendall Holmes.

    Porque quando se est ancorado, passvel a incrustao de mexilho-dourado.

    Autor Desconhecido.

  • RESUMO

    O Mexilho-dourado um crustceo bivalve que tem sua origem nos

    grandes rios da China e chegou s hidrovias brasileiras atravs da gua de lastro de

    grandes embarcaes martimas. Nesse trabalho, identifica-se os principais

    problemas causados pela espcie na regio do Mdio-Tiet, visando apontar uma

    direo que leve a uma soluo prtica e vivel. apresentado um panorama da

    situao em seus diferentes setores, alm de pesquisas de grandes instituies

    educacionais internacionais que representam perspectivas positivas no combate e

    preveno dos problemas associados ao mexilho. Atravs disso, foi possvel

    constatar a falta de preparo para lidar com a situao por parte das pessoas

    afetadas, e tambm de conhecimento em geral quanto aos mtodos que devem ser

    utilizados para que um resultado positivo nessa preveno seja encontrado. o que

    se planeja mudar ao longo dessas explanaes.

    Palavras-chave: Mexilho-dourado. Bioinvaso. Incrustao. Problemas.

    Mdio-Tiet.

  • ABSTRACT

    The Golden Mussel is a bivalve shellfish that has its origin in the great rivers

    of China, and it has reached the Brazilian waterways by means of ballast water of

    large marine vessels. This work aims to identify the main problems caused by the

    species in the region of the Medium Tiete River Zone, in order to indicate a direction

    which leads to a practical and viable solution to them. It provides an overview of the

    situation in its different sectors as well as it presents researches of large international

    educational institutions that represent positive outlooks in preventing and combating

    the problems associated with the mussel. Thereby, it was possible to see the lack of

    preparation in dealing with the situation on the part of those affected by it, as well as

    the lack of general knowledge about the methods that should be used to achieve a

    positive result in this prevention. That is what it is planned to change over the next

    explanations.

    Word-keys: Golden Mussel. Bioinvasion. Biofouling. Problems. Medium

    Tiete River.

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1: Processo de lastrao e deslastrao ........................................................ 11

    Figura 2: Mexilho-dourado....................................................................................... 14

    Figura 3: Mapa de Cronologia da Invaso do Mexilho-Dourado no Brasil .............. 15

    Figura 4: Localizao do Rio Tiet no Estado de So Paulo..................................... 19

    Figura 5: Poita ........................................................................................................... 21

    Figura 6: Comparao das boias antes e depois da infestao ................................ 22

    Figura 7: Escada tomada pelo mexilho dourado na Usina de Salto de Caxias-PR . 25

    Figura 8: O casco de embarcao passando por uma lavagem de alta potncia ..... 32

    Figura 9: O casco pintado com um revestimento que contm a bactria .................. 34

    Figura 10: Um dos cascos que possui a tinta eletroqumica ..................................... 35

    Figura 11: Trapiche tomado pela craca ..................................................................... 43

    Figura 12: Chanfro da boia de ancoragem ................................................................ 43

    Figura 13: Colnia de craca ...................................................................................... 44

    Figura 14: Boia tomada pelo mexilho-dourado ........................................................ 45

    Figura 15: Boia tomada pelo mexilho-dourado II ..................................................... 45

    Figura 16: Boia totalmente tomada pela incrustao do mexilho-dourado .............. 46

    Figura 17: Colnia de mexilho-dourado .................................................................. 46

    Figura 18: Incrustao em rvores da hidrovia ......................................................... 47

    Figura 19: Boia e sua corrente tomadas pelo mexilho-dourado .............................. 48

    Figura 20: Imagem representativa do poder de aderncia do mexilho-dourado ..... 49

  • SUMRIO

    1. INTRODUO ............................................................................................. 8

    1.1. OBJETIVO ................................................................................................ 8

    1.2. CONDUO DO TRABALHO .................................................................. 8

    2. O MEXILHO E PROBLEMAS DECORRENTES ..................................... 10

    2.1. EXPLANAES INICIAIS ...................................................................... 10

    2.1.1. A GUA DE LASTRO ......................................................................... 11

    2.1.2. MEXILHO-DOURADO ...................................................................... 14

    2.1.3. PROBLEMAS CAUSADOS ................................................................. 16

    3. A SITUAO ............................................................................................. 18

    3.1. O MDIO TIET ..................................................................................... 18

    3.2. MEIO-AMBIENTE ................................................................................... 19

    3.3. BOIAS DE BALIZAMENTO .................................................................... 20

    3.4. EMBARCAES .................................................................................... 23

    3.5. USINAS HIDRELTRICAS/ECLUSAS ................................................... 24

    4. POSSVEIS SOLUES ........................................................................... 27

    4.1. TINTA ANTI-INCRUSTANTE NOCIVA ................................................... 27

    4.2. TINTA ECO-AMIGVEL ......................................................................... 28

    4.3. REVESTIMENTO ENRUGADO .............................................................. 29

    4.4. GENE QUE EVITA A INCRUSTAO ................................................... 30

    4.5. REVESTIMENTO INSPIRADO EM SEMENTES .................................... 31

    4.6. REVESTIMENTO A BASE DE BACTRIA ............................................ 33

    4.7. REVESTIMENTO COM ELETRLISE ................................................... 34

    4.8. PEIXE PREDADOR ................................................................................ 36

    5. CONCLUSO ............................................................................................ 38

    REFERNCIAS ................................................................................................ 40

    APNDICE A .................................................................................................... 43

    ANEXO A ......................................................................................................... 46

    ANEXO B ......................................................................................................... 50

    ANEXO C ......................................................................................................... 69

  • 8

    1. INTRODUO

    O mexilho-dourado, praga atual na Hidrovia Tiet-Paran, acarreta graves

    problemas operacionais em embarcaes, nas hidreltricas e de conservao dos

    equipamentos e materiais utilizados, alm de modificar a biodiversidade e meio

    ambiente.

    Muitas informaes contidas nesse trabalho foram obtidas no Departamento

    Hidrovirio, atravs de seus tcnicos e em visitas realizadas. Alm da colaborao

    da Gerncia de Meio Ambiente, Projetos Corporativos e Gesto de Programas

    Ambientais da AES Tiet.

    1.1. OBJETIVO

    Apontar uma direo em relao obteno de mtodos de preveno e

    combate das espcies bioinvasoras, especificamente o mexilho-dourado, que

    promovem vrios problemas na regio do Mdio Tiet, na hidrovia Tiet-Paran,

    visando encontrar formas viveis, que no prejudiquem o meio ambiente e as

    instalaes em que as mesmas esto fixadas.

    1.2. CONDUO DO TRABALHO

    No Captulo 2, apresenta-se definies que auxiliam no entendimento do

    contedo, apresentando os problemas causados pelo mexilho-dourado, e a forma

    como a espcie chegou at a hidrovia Tiet-paran.

  • 9

    No Captulo 3, apresenta-se um panorama das conseqncias dessa

    invaso biolgica, levando em considerao o lado ambiental, de navegao, das

    boias de balizamento da hidrovia, e das usinas hidreltricas e suas eclusas.

    No Captulo 4, so demonstradas pesquisas realizadas por universidades

    internacionais renomadas que representariam uma possibilidade de investigao por

    instituies brasileiras para pesquisa em suas aplicaes ao ecossistema brasileiro.

    E por fim, no Captulo 5, apresenta-se a concluso, com a apresentao de

    um caminho para a obteno de uma soluo prtica e vivel para os problemas do

    mexilho-dourado nas hidrovias brasileiras.

  • 10

    2. O MEXILHO E PROBLEMAS DECORRENTES

    Segundo Medeiros (2007), a incrustao biolgica constitui um dos maiores

    problemas encontrados pelo homem em suas atividades no mar. De acordo ainda

    com Martins & Vargas (2013), seu aparecimento provoca danos nas estruturas

    submersas e causa prejuzos econmicos, porque eleva o consumo de combustvel

    no caso de embarcaes, uma vez que a incrustao torna irregular a superfcie dos

    cascos, aumentando o arrasto e reduzindo a velocidade.

    Porm, segundo Dos Santos (2010), espcies consideradas endmicas do

    sudeste asitico, como o Mexilho-Dourado (Limnoperna fortunei) e a Craca

    (crustceos da ordem Thoracica), podem, desde de 2001, ser encontradas

    infestando hidrovias da Bacia do Paran.

    Sendo uma espcie bioinvasora, o mexilho-dourado logo se tornou uma

    espcie fora de controle, j que no possui um predador nas guas brasileiras.

    Desse modo, as influncias e consequencias da sua invaso so imensas, e

    os problemas que causam atingem vrios nveis, que vo desde pescadores at

    proprietrios de embarcaes de transporte de carga, de empresas de explorao

    de energia limpa das usinas hidreltricas at a populao que depende da energia

    eltrica.

    2.1. EXPLANAES INICIAIS

    Para entender melhor os efeitos e o que pode ser feito para o combate do

    mexilho-dourado, seguem as explanaes iniciais que visam auxiliar no

    entendimento do trabalho.

  • 11

    2.1.1. A GUA DE LASTRO

    A) DEFINIO

    De acordo com a Agncia Nacional de Transportes Aquavirios, a ANTAQ

    (2011), o uso da gua de lastro faz parte dos procedimentos operacionais usuais do

    transporte aquavirio moderno, sendo fundamental para a sua segurana. Atravs

    da sua utilizao planejada, faz-se possvel controlar o calado e a estabilidade a

    embarcao, de forma a manter as tenses estruturais do casco dentro de limites

    estabelecidos como seguros. A gua de lastro utilizada pelos navios para

    compensar a perda de peso decorrente, sobretudo do descarregamento de cargas.

    Dessa forma, sua captao e descarte ocorrem principalmente em reas porturias,

    permitindo a realizao das operaes de descarregamento e carregamento de

    cargas nos navios. Os navios que transportam os maiores volumes de gua de

    lastro so os navios tanques e os graneleiros. O processo de lastrao e

    deslastrao de uma embarcao pode ser observado na Figura 1.

    Figura 1: Processo de lastrao e deslastrao de uma embarcao.

    Fonte: Porto de Santos (2010).

    Segundo Fernandes & Leal Neto (2009), a forma de lastrar um navio com

    pores vazios, na atualidade, por meio do uso de gua do mar, rios ou lagos. A

    tecnologia disponvel at o momento no impede o ingresso de microorganismos

    junto com a gua de lastro nos tanques.

    Quando esta gua deslastrada no porto de destino, aonde o navio carrega

    seus pores, os organismos so liberados ao ambiente. Muitos destes organismos

  • 12

    morrem, pois as caractersticas ambientais e as espcies nativas dificultam seu

    estabelecimento, enquanto que outros sobrevivem. Destes, alguns se integram

    como parte da biodiversidade local, sem danos aparentes; outros se tornam

    verdadeiras pragas, deslocando as espcies nativas ou causando prejuzos

    econmicos e/ou sanitrios, como o caso do mexilho-dourado, cujos impactos

    sero demonstrados nesse trabalho.

    B) LEGISLAO

    Ainda segundo a ANTAQ (2011), em 1990, a Organizao Martima

    Internacional (IMO) instituiu, junto ao Comit de Proteo do Meio Ambiente Marinho

    (MEPC), um Grupo de Trabalho para tratar especificamente da gua de lastro. Em

    1991, atravs da Resoluo MEPC 50(31), foram publicadas as primeiras diretrizes

    internacionais para o gerenciamento da gua de lastro pelos navios, cujo

    cumprimento tinha carter voluntrio. Nos anos seguintes a MEPC aprimorou essas

    diretrizes e adotou outras duas resolues sobre o assunto, a Resoluo A.774(18),

    de 1993 e a Resoluo A.868 (20), de 1997.

    Dentre as diretrizes definidas pela IMO at ento, a de maior destaque

    correspondeu realizao da troca ocenica da gua de lastro. Em termos gerais,

    os navios foram recomendados a trocar a gua contida nos seus tanques de lastro

    antes de alcanarem a distncia de 200 milhas nuticas at a linha de costa do porto

    de destino. Alm disso, os locais de troca deveriam possuir pelo menos 200 metros

    de profundidade e a troca volumtrica da gua de lastro deveria atingir uma

    eficincia de 95%.

    Quando corretamente aplicada, a troca ocenica poderia reduzir

    significativamente o risco da ocorrncia das bioinvases, uma vez que ela

    promoveria a substituio da gua de lastro captada em regies costeiras por gua

    ocenica, cujos parmetros fsico-qumicos e biolgicos permitiriam o seu descarte

    em um novo porto sem que houvesse risco significativo de acontecerem

  • 13

    bioinvases. Em outras palavras, as espcies costeiras no conseguiriam sobreviver

    em ambientes ocenicos e vice-versa.

    J em 13 de fevereiro de 2004, a IMO adotou a Conveno Internacional

    para Controle e Gerenciamento da gua de Lastro e Sedimentos de Navios. A

    Conveno entrar em vigor 12 meses aps ser ratificada por pelo menos 30 pases

    que juntos representem no mnimo 35% da arqueao bruta da frota mercante

    mundial. O texto da Conveno foi aprovado pelo Brasil atravs do Decreto

    Legislativo no 148/2010 de 15 de maro de 2010. Em 14 de abril de 2010 o Brasil

    depositou o instrumento de ratificao junto IMO.

    A Conveno tem como objetivo prevenir os efeitos potencialmente

    devastadores provocados pela disperso global de organismos aquticos nocivos

    atravs da gua de lastro dos navios. Para tanto, os navios devero possuir bordo

    um Plano de Gerenciamento da gua de Lastro e um Livro de Registro da gua de

    Lastro.

    Considerando o gerenciamento dos sedimentos acumulados nos tanques de

    lastro dos navios, os pases devero assegurar que os locais designados para

    realizao da manuteno e limpeza desses tanques devero possuir instalaes

    adequadas para o recebimento de sedimentos. Essas instalaes devero ser

    implantadas conforme as diretrizes desenvolvidas pela IMO.

    Ainda segundo a Conveno, os pases devero promover, individualmente

    ou em conjunto, a realizao de pesquisa tcnica-cientfica sobre a gesto da gua

    de lastro e o monitoramento dos seus efeitos em guas sob suas jurisdies.

    J no Brasil, o gerenciamento da gua de lastro tratado pela NORMAM-

    20/2005 da Diretoria de Portos e Costas, pela Resoluo ANVISA-RDC no 72/2009

    e na Lei no 9.966/2000. De acordo com a legislao nacional, alm de possurem o

    Plano de Gerenciamento da gua de Lastro e de realizarem a troca ocenica caso

    haja inteno de deslastrar, os navios devem fornecer Autoridade Martima e

    ANVISA o Formulrio sobre gua de Lastro devidamente preenchido.

  • 14

    2.1.2. MEXILHO-DOURADO

    Segundo Martin & Davis (2001), o mexilho-dourado (Limnoperna fortunei)

    um molusco bivalve; que de acordo com Kellogg & Fautin (2001), um organismo

    caracterizado pela presena de uma concha carbonatada formada por duas valvas,

    como pode ser observado na Figura 2; originrio da sia. A espcie chegou

    Amrica do Sul provavelmente de modo acidental na gua de lastro de navios

    cargueiros, tendo sido a Repblica Argentina o ponto de entrada. Do pas vizinho,

    chegou ao Brasil, atravs do Rio Paraguay (2001) e posteriormente o Rio Paran

    (2002). Hoje a espcie j foi detectada em quase toda a regio Sul e em vrios

    pontos do Sudeste e Centro-Oeste. O mapa da cronologia da insero da espcie

    nas hidrovias brasileiras pode ser observado na Figura 3.

    Figura 2: Mexilho-dourado. No detalhe, possvel observar as duas valvas

    da concha.

    Fonte: Ministrio do Meio Ambiente (2005).

  • 15

    Figura 3: Mapa de Cronologia da Invaso do Mexilho-Dourado no Brasil.

    Fonte: Ministrio do Meio Ambiente (2005).

    De acordo com o IBAMA (2005), durante a fase larval o mexilho-dourado

    levado livremente pela gua ou por vetores, objetos que fazem o transporte da larva

    em sua superfcie ou em seu interior, at que termina por alojar-se em superfcies

    slidas, onde se fixa e cresce formando grandes colnias.

    Por ter uma grande capacidade de reproduo e disperso, alm de

    praticamente no ter predadores na fauna daqui, o mexilho se espalha com

    rapidez, e por isso a espcie considerada invasora. Pelos danos que causam, as

    espcies exticas invasoras so consideradas poluio biolgica, que, segundo o

    Instituto Hrus (2004), o processo de introduo e adaptao de espcies que no

    fazem parte naturalmente de um dado ecossistema, mas que se naturalizam e

    passam a provocar mudanas em seu funcionamento. Estudos mostram que as

    invases biolgicas so a segunda maior causa de extino de espcies, atrs

    apenas da destruio de habitats.

  • 16

    2.1.3. PROBLEMAS CAUSADOS

    Como j previamente citado, o mexilho-dourado acarreta uma srie de

    problemas e impactos negativos, no s para a navegao, como tambm para o

    fornecimento de energia e a flora e fauna locais, trazendo srias conseqncias para

    espcies endmicas. Segundo o Ministrio do Meio Ambiente (2005), entre os

    problemas e impactos causados esto:

    A) Usinas hidreltricas demandando manutenes mais frequentes para

    limpeza de dutos e filtros para tomada de gua, o que causa interrupes

    frequentes e um aumento nos custos de produo e consequentemente para

    toda a populao dependente do fornecimento de energia;

    B) Companhias de distribuio de gua com bombas e dutos/tubulaes

    incrustados pelo mexilho, com a conseqente reduo do fluxo da gua;

    C) Bivalves nativos usados como substrato pelo mexilho-dourado, acabando

    por morrer aps algum tempo (Morte por sufocamento - Pomacea caniculata,

    Diplodon koseritzi e Leila brainvillana);

    D) Plantas nativas vm sofrendo uma diminuio de densidade nas reas de

    infestao (o sarandi, o junco, o capim-elefante e a vegetao-palhoa);

    E) Eutrofizao de rios e lagos pela morte de espcies como Heliconia sp. e o

    aguap;

    F) Populaes de peixes nativos, como a piava, tm sofrido um aumento do

    peso mdio e da densidade, alterando as relaes ecolgicas nos ambientes

    naturais;

    G) reas muito afetadas pelo mexilho sofrem com o mau cheiro causado pela

    decomposio de animais mortos em perodos de seca, o que uma

    desvantagem para reas cujo principal substrato econmico decorrente do

    turismo;

    H) Os motores dos barcos so entupidos e as suas madeiras apodrecidas (em

    caso de embarcaes artesanais). O mexilho quando se acumula no casco

    dificulta a navegao e pode enguiar a hlice;

    I) As boias de sinalizao da hidrovia ficam infestadas pelas colnias de

    mexilho, que podem, em alguns casos, diminuir a visibilidade das mesmas;

  • 17

    J) Trapiches tambm so atingidos por eles o que pode dificultar a sua funo

    e objetivo; e,

    K) Prejuzos pesca, j que a diminuio dos moluscos nativos diminui o

    alimento dos peixes tpicos.

  • 18

    3. A SITUAO

    de conhecimento geral que o surgimento de espcies endmicas de uma

    regio em outra, traz diversos problemas e consequncias nos mais variados nveis.

    Visando identificar os principais atingidos pelo mexilho-dourado, um

    levantamento de dados foi feito na regio do Mdio Tiet, que foco central desse

    trabalho. Com isso, foi constatado que os mais afetados pela craca so o

    ecossistema local, que sofre interferncias em sua composio, as boias de

    balizamento e ancoragem, embarcaes que se utilizam da hidrovia e usinas

    hidreltricas/eclusas.

    Tais dados so apresentados a seguir, aps uma breve explicao do que

    constituda a regio do Mdio Tiet.

    3.1. O MDIO TIET

    A regio conhecida como do Mdio Tiet constituda por 34 cidades

    localizadas na rea central do Estado de So Paulo. Essas cidades tm em comum

    a economia e o acesso altamente influenciados pelo Rio Tiet e seus afluentes.

    Segundo informaes do Comit da Bacia Hidrogrfica do Rio Sorocaba e

    Mdio Tiet (2013), essas 34 cidades correspondem a uma populao aproximada

    de 1,6 milho de habitantes, sendo um grande polo industrial com mais de 8 mil

    indstrias, e diversas unidades de conservao como uma extenso significativa de

    afloramento do Aqufero Guarani, alm de mananciais e remanescentes da mata

    atlntica.

    Entre as cidades localizadas na regio do Mdio Tiet esto os municpios

    de Bauru, Ja, Barra Bonita, Bariri e Ibitinga; sendo essas trs ltimas, localidades

  • 19

    que podem ser destacadas por suas Usinas Hidreltricas/Eclusas, como pode ser

    visto na Figura 4.

    Figura 4: Localizao do Rio Tiet no Estado de So Paulo, evidenciando as

    represas do Mdio Rio Tiet: Barra Bonita, Bariri e Ibitinga.

    Fonte: Frana, Rocha e Suriani (2007).

    3.2. MEIO-AMBIENTE

    De acordo com o Projeto Lagoa da Pampulha (2013), entre os impactos

    causados pelo mexilho-dourado, pode-se atribuir os efeitos encontrados na rea

    ambiental, que envolvem a eutrofizaco dos rios e lagos; que a gradativa

    concentrao de matrias orgnicas acumulada nos ambientes aquticos, fazendo

    com que a gua passe a ser imprpria para o consumo; transtornos para a

    populao j que algumas atividades como a pesca so afetadas, devido ao

    aumento da espcie, o que diminui os moluscos nativos, fazendo com que os peixes

    que se alimentam dos mesmos acabem por desaparecer.

  • 20

    Regies que dependem do turismo como fonte econmica sofrem devido

    aos altos ndices de eutrofizao causados pelo mexilho-dourado, o que causa o

    mau cheiro das reas em que as outras espcies afetadas morrem.

    Segundo Gizmag (2013), a larva do mexilho-dourado microscpica, assim

    ela acaba sendo transportada facilmente pela gua, sendo de fcil disperso. Ela

    possui ainda uma alta capacidade reprodutiva e rpido crescimento, atingindo a

    maturidade em pouco tempo, o que faz com que sua proliferao seja ainda maior, e

    mais prejudicial ao meio ambiente.

    3.3. BOIAS DE BALIZAMENTO

    O mexilho, como j previamente citado, adere-se estruturas fsicas

    presentes no ambiente subaqutico. Como tal, no surpresa alguma, que as boias

    de balizamento da Hidrovia Tiet-Paran sejam alvos frequentes da espcie

    bioinvasora.

    O mexilho dourado se adere no s s boias, mas tambm aos cabos de

    sustentao, tanto de metal quanto de nylon, que as ligam poitas, corpos pesados

    de concreto que servem como sistema de ancoragem para as boias e que tm, em

    mdia, 12 toneladas, como visto na Figura 5, a seguir.

  • 21

    Figura 5: Poita sendo retirada para manuteno.

    Fonte: Departamento Hidrovirio Bariri-SP (2006).

    As boias, tanto de balizamento como de ancoragem, passam por

    manuteno a cada trs (3) meses. Nessa manuteno, verifica-se o estado delas e

    feita uma rpida avaliao a procura de danos que possam atrapalhar ou impedir a

    sua principal funo: a demarcao da via navegvel e a ancoragem de

    embarcaes, respectivamente.

    Com essa rpida avaliao, decidido o que ser feito com as boias. Elas

    podem tanto ser limpas; at mesmo na prpria embarcao responsvel pelo

    balizamento, eliminando-se quaisquer vestgios que possam atrapalhar a

    visibilidade, como excremento de pssaros, e aderncias no s do mexilho-

    dourado, como tambm de algas e aguaps, muito presentes na hidrovia; como

    encaminhadas sede do Departamento Hidrovirio (DH) responsvel pelo

    balizamento do trecho navegvel (no caso da regio do Mdio Tiet, localizado em

    Bariri-SP), onde sero reformadas ou at mesmo descartadas ou recicladas.

    Segundo informaes do Departamento Hidrovirio de Bariri-SP, a presena

    do mexilho-dourado nas boias insignificante para a navegao, pois a espcie

  • 22

    no se adere fora da presena de gua, o que acaba por no prejudicar a

    visibilidade das mesmas.

    Ainda segundo o DH, entre o perodo de tempo que leva de uma

    manuteno outra, que no caso de trs meses, colnias de mexilhes-dourados

    se estabelecem nas boias, o que demonstra a velocidade incrvel com que a espcie

    bioinvasora se reproduz. Tal fenmeno pode ser visto na Figura 6, que mostra a

    diferena entre uma boia antes e depois da infestao.

    Figura 6: Comparao das boias antes e depois da infestao.

    Fonte: Os Autores (2013).

    Mais imagens que demonstram a incrustao do mexilho-dourado em boias

    balizadoras podem ser observadas no s no APNDICE A, como tambm no

    ANEXO A.

  • 23

    3.4. EMBARCAES

    Engenheiros e cientistas tm se esforado ao longo de dcadas para

    descobrir maneiras de manter cracas fora de cascos de navios. Colnias de

    mexilho-dourado no casco do navio aumenta o arrasto hidrodinmico, que o

    esforo para a embarcao se locomover na gua, obrigando o motor a queimar

    mais combustvel para manter a mesma velocidade. Segundo Efimenko (2009),

    condutor de uma das pesquisas mais promissoras para a preveno de incrustao

    biolgica em embarcaes, depois de seis meses na gua, o consumo de

    combustvel de uma embarcao aumenta substancialmente. O que custa

    armadores - incluindo os militares - uma abundncia de dinheiro extra.

    De acordo com a North Carolina State University (2009), quando micro-

    organismos formam uma camada de incrustao no casco, eles podem aumentar

    em at 20% o arrasto da embarcao. J uma colnia de mexilhes-dourados pode

    aumentar esse valor para mais de 60%.

    Acmulo de craca tambm obriga os proprietrios a retirar navios da gua e

    coloc-los em docas secas para limpeza. Este caro procedimento custa

    embarcao tempo valioso navegando onde poderia estar ganhando dinheiro, alm

    claro, do custo da docagem.

    Por muitos anos, armadores lutaram contra a craca, revestindo seus cascos

    com substncias txicas que resistiam ao seu acmulo. Mas essas substncias

    matavam peixes e outras espcies endmicas nos portos, fazendo com que os

    governos ao redor do mundo proibissem navios de us-las.

    Segundo a CCA-IMO da Marinha do Brasil (2010), em 2001, foi criada a

    Conveno Internacional sobre Controle de Sistemas Anti-incrustantes Danosos em

    Navios (International Convention on the Control of Harmful Anti-Fouling Systems on

    Ships), que visa reduzir ou eliminar os efeitos nocivos ao meio ambiente marinho e

    sade humana causados por sistemas anti-incrustantes, e probe a utilizao de

    tinta anti-incrustante, como pode ser constatado no ANEXO B. Esta conveno que

    foi ratificada pelo Brasil no mesmo ano, foi depois aprovada como Decreto

    Legislativo (n 797/2010), pelo Congresso Nacional, em 2010.

  • 24

    Essa proibio do uso de tintas anti-incrustantes configura um problema

    para os armadores, j que no momento, mtodos que no so nocivos ao meio-

    ambiente ainda esto em processo de pesquisa, deixando as embarcaes em geral

    a merc da ao dos mexilhes-dourados no s ao redor do mundo, mas tambm

    nas hidrovias brasileiras.

    3.5. USINAS HIDRELTRICAS/ECLUSAS

    O mexilho dourado pode ser encontrado tanto nas eclusas como nas

    usinas hidreltricas. Seu maior impacto, porm, nos sistemas de resfriamento

    (trocadores de calor) das Unidades Geradoras.

    Segundo Matta, Santos e Campos (2002), essas unidades so em geral

    abertas (one way), aproveitando a gua do reservatrio, usualmente atravs de uma

    tomada lateral ou na parte superior do conduto forado, de onde a gua coletada

    simplesmente filtrada grosseiramente em um filtro autolimpante e utilizada em

    radiadores e trocadores de calor de placas ou tubulares para o resfriamento do ar ou

    do leo lubrificante, dependendo dos sistemas dos equipamentos a serem

    resfriados. Visto que os mesmos utilizam gua bruta, sem tratamento qumico, a

    eficincia e o bom desempenho destes sistemas de resfriamento podero ser

    comprometidos em funo da qualidade da gua, principalmente com a relao

    presena de compostos qumicos, de micro-organismos e pela influncia do

    ecossistema do reservatrio. Um exemplo de incrustao por mexilho-dourado

    pode ser visto na Figura 7.

  • 25

    Figura 7: Escada tomada pelo mexilho dourado na Usina de Salto de Caxias-PR.

    Fonte: Lactec (2012).

    Segundo informaes fornecidas pela Gerncia de Meio Ambiente, Projetos

    Corporativos e Gesto de Programas Ambientais da AES Tiet, quando detectada a

    presena destes microorganismos na unidade geradora, estes sistemas devem ser

    totalmente desmontados, e uma limpeza mecnica nas tubulaes, trocadores de

    calor e serpentinas deve ser executada, em mdia uma (1) vez ao ano. Em casos

    isolados de maior incidncia de mexilho so executadas limpezas parciais em

    mdia a cada seis (6) meses.

    Para execuo desta manuteno ou limpeza do sistema de resfriamento de

    cada Unidade Geradora, necessria a paralisao destas unidades, gerando um

    gasto em torno de R$ 70.000,00.

  • 26

    Para que isto no ocorra com freqncia so utilizadas tcnicas para

    controle que evitam que o mexilho-dourado venha a aderir-se nas tubulaes do

    sistema de resfriamento.

    O sistema utilizado atualmente, que j foi avaliado e est em processo de

    contratao e instalao nas UHEs, um sistema bsico de injeo de cloro pastilha

    (cloro para tratamento de gua de piscinas), quem tm se mostrado eficiente em

    outras usinas hidreltricas no Brasil, como na Usina de Itaipu.

  • 27

    4. POSSVEIS SOLUES

    Cientistas tm, por vrias geraes, pesquisado formas de combater a

    incrustao biolgica representada pelo mexilho-dourado.

    A seguir, so apresentadas algumas dessas pesquisas, que foram

    consideradas promissoras na preveno do aparecimento do mexilho-dourado em

    cascos de embarcaes por seus mritos ambientais, alm de outras formas mais

    convencionais e limitadas usadas contra esse mal comum.

    4.1. TINTA ANTI-INCRUSTANTE NOCIVA

    Como j previamente citado, por vrias dcadas, proprietrios de

    embarcaes lutaram contra a craca, revestindo seus cascos com substncias

    txicas que resistiam ao seu acmulo.

    Em geral, era utilizada uma tinta anti-incrustante composta principalmente

    por xido de cobre, substncia txica, que mata no s o mexilho-dourado, mas

    tambm espcies endmicas de portos e hidrovias, causando um grande

    desiquilbrio ambiental no ecossistema local.

    Isso levou governos ao redor do mundo a proibir a utilizao dessas tintas

    em navios, criando a Conveno AFS (2010), ou Conveno Internacional sobre

    Controle de Sistemas Anti-incrustantes Danosos em Navios.

    Ela probe a utilizao de sistemas anti-incrustantes que possuam

    compostos de organoestanho que atuam como biocidas. Tais compostos so

    avaliados em relao aos danos que causam no meio ambiente segundo os

    seguintes efeitos:

  • 28

    - modos de degradao/dissipao (por exemplo,

    hidrlise/fotodegradao/biodegradao);

    - persistncia no meio relevante (por exemplo, coluna de

    gua/sedimentos/biota);

    - separao sedimentos/gua;

    - taxa de lixiviao de biocidas ou ingredientes ativos;

    - balano de massa;

    - bioacumulao, coeficiente de separao, coeficiente octanol/gua; e,

    - qualquer nova reao na liberao ou nos efeitos interativos conhecidos.

    Seguindo os seguintes mtodos de avaliao:

    - toxicidade aguda;

    - toxicidade crnica;

    - toxicidade reprodutiva e de desenvolvimento;

    - disrupo endcrina;

    - toxicidade de sedimentos;

    - biodisponibilidade/biomagnificao/bioconcentrao;

    - efeitos na cadeia alimentar/populao;

    - observaes de efeitos adversos, no campo, na mortandade e encalhe de

    peixes e na anlise de tecidos; e

    - resduos encontrados em alimentos do mar.

    O restante das orientaes e diretrizes contra o uso de sistemas anti-

    incrustantes pode ser encontrado no ANEXO B.

    4.2. TINTA ECO-AMIGVEL

    Como j citado, a maneira mais comum de manter cracas fora de cascos

    envolve o uso de tintas ambientalmente hostis. Agora, no entanto, um cientista da

    Universidade de Gotemburgo, na Sucia, desenvolveu o que poderia ser uma

    alternativa menos prejudicial.

  • 29

    Segundo Gizmag (2013), em pinturas anti-incrustantes normais, toxinas, tais

    como xido de cobre so misturadas na tinta. Esse veneno gradualmente lixivia para

    fora da pintura, repelindo cracas escaladoras que usam a embarcao como carona,

    mas tambm entra no ecossistema aqutico. Vrios institutos de pesquisa esto

    procurando substncias mais incuas.

    Um aluno de ps-graduao da Universidade de Gotemburgo, Emiliano

    Pinori, tomou ainda uma outra abordagem. Ao invs de xido de cobre, ele tem

    misturado um agente antiparasitrio conhecido como ivermectina com a pintura

    regular do casco. Ao contrrio do cobre, muito pouco da substncia deixa a tinta. Em

    vez disso, cracas entram em contato com ele quando estas tentam penetrar a

    superfcie da tinta. Elas so, em seguida, envenenadas, e caem da embarcao.

    Segundo a pesquisa de Pinori, uma concentrao de apenas 0,1 por cento

    de ivermectina suficiente para tornar a pintura prova de craca, com o efeito anti-

    incrustante com durao de "muitos anos." Enquanto pequenas quantidades de

    ivermectina ainda fazem lixiviao na gua, ele est tentando reduzir essa

    quantidade para zero.

    4.3. REVESTIMENTO ENRUGADO

    De acordo Science Daily (2009), Engenheiros da Universidade Estadual da

    Carolina do Norte, nos Estados Unidos, criaram um revestimento enrugado no

    txico para uso em cascos de navios, que resistiu ao acmulo de incmodas cracas

    durante 18 meses de testes em alto mar, uma descoberta que pode vir a salvar

    armadores de embarcaes de milhes de dlares em limpezas e custos com

    combustvel.

    A pesquisa conduzida por Efimenko (2013), professor assistente de

    pesquisa no Departamento de Engenharia Qumica e Biomolecular, mostra pela

    primeira vez que os revestimentos de superfcie contendo pontos de rugas ou

  • 30

    ondas de diferentes tamanhos so eficazes na preveno e reteno da aderncia

    de cracas aos revestimentos.

    Os resultados so muito promissores. "Estamos lidando com um fenmeno

    muito complexo. Organismos vivos so muito adaptveis ao ambiente, por isso

    precisamos encontrar sua fraqueza. E essa topografia rugosa hierrquica parece

    fazer isso."

    Os pesquisadores criaram os revestimentos esticando uma camada de

    borracha, aplicando-lhe um tratamento com oznio ultravioleta, e em seguida

    aliviando a tenso, fazendo com que cinco geraes de ondas fossem formadas ao

    mesmo tempo. Os revestimentos foram depois cobertos com uma camada ultrafina

    de material semifluorinado. Durante os testes de mar realizados em Wilmington,

    Carolina do Norte, os materiais enrugados permaneceram livres de craca mesmo

    aps 18 meses de exposio gua do mar, enquanto os revestimentos lisos com a

    mesma composio qumica demonstraram um acmulo de craca depois de apenas

    um ms.

    Isso levou a um aumento de interesse em dotar os revestimentos de navios

    com topografias enrugadas. Os revestimentos compartilham caractersticas com

    superfcies encontradas na natureza, onde a superfcie spera, como a pele de

    tubaro por exemplo, geralmente ficam livres do acmulo de detritos. Por outro lado,

    outras espcies marinhas, como baleias, tem a pele lisa, mas muitas vezes

    carregam cracas como caronas indesejadas.

    4.4. GENE QUE EVITA A INCRUSTAO

    De acordo com Gizmag (2010), a medetomidina provou ser eficaz na

    preveno da contaminao de cascos de navios o que levou pesquisadores que

    tentam desenvolver novos mtodos ecolgicos para limitar a contaminao marinha

    a identificarem o gene que causa a craca a reagir substncia, abrindo a

    possibilidade de uma tinta anti-incrustao que suave para no s a craca, mas

    tambm para o meio ambiente.

  • 31

    A medetomidina um remdio veterinrio que tem demonstrado grande

    habilidade para impedir larvas de mexilho-dourado de aderirem-se a cascos de

    navio. Foi possvel identificar e descrever o gene que controla a forma como a craca

    sente e reage com a medetomidina.

    Quando a larva do crustceo encontra uma superfcie contendo

    medetomidina, a molcula entra no receptor de octopamina da larva. Isso faz com

    que as pernas da larva comecem a chutar, impedindo-as de anexarem-se

    superfcie pintada. Este um efeito reversvel, que desaparece quando a larva nada

    para longe da superfcie, de modo que ela recupera suas funes fisiolgicas e pode

    estabelecer-se em outro lugar.

    Os resultados explicam como possvel desenvolver uma tinta anti-

    incrustante ecolgica e eficaz, que em vez de matar cracas age como um

    restringente.

    Segundo Gizmag (2010), compreendendo como a substncia funciona

    quando se liga ao receptor, tambm faz com que seja possvel desenvolver agentes

    seletivos que afetam apenas a craca e no outros organismos marinhos.

    4.5. REVESTIMENTO INSPIRADO EM SEMENTES

    De acordo com Gizmag (2011), esta mais uma das pesquisas que surgiu

    com o propsito de achar uma forma que seja melhor e mais ambientalmente

    aceitvel do que as utilizadas atualmente para combater a incrustao. Inspirando-

    se em sementes flutuantes, os cientistas do Centro de Inovao Biomimtica (ou

    Biomimetics-Innovation-Centre, BIC) na Alemanha, desenvolveram uma nova e

    promissora superfcie anti-incrustante, que livre de toxinas.

  • 32

    Figura 8: O casco de madeira da embarcao HMS Surprise passa por uma

    lavagem de alta potncia para remover cracas e outras espcies que

    costumeiramente pegam carona.

    Fonte: Gizmag (2011).

    Ainda segundo Gizmag (2011), a nova superfcie baseada em uma

    semente de uma espcie de palmeira que dispersa pelas correntes ocenicas.

    Suspeitando que certas sementes possam ter superfcies especializadas; que lhes

    deu a capacidade de permanecer livres de incrustaes, permitindo ainda mais a

    disperso; os pesquisadores emergiram sementes de 50 espcies no Mar do Norte

    durante 3 meses. Ao final desse perodo, sementes de 12 espcies no

    demonstraram nenhum tipo de incrustao.

    Eles comearam ento pelo exame da microestrutura da superfcie das

    sementes, para ver se poderiam traduzi-las em uma superfcie artificial. As sementes

    que foram escolhidas para essa imitao tinham uma estrutura felpuda. Esta

    estrutura pode ser especialmente eficaz na preveno de incrustao porque as

    fibras se movem constantemente, impedindo os organismos marinhos de encontrar

    um lugar para se instalar.

  • 33

    Para criar uma superfcie artificial semelhante das sementes, os

    investigadores utilizaram uma base de silicone, com fibras que a cobrem. A nova

    superfcie est atualmente sendo testada, flutuando no mar. Embora os resultados

    iniciais sejam muito bons, ainda h um longo caminho a ser percorrido.

    Na sequncia da anlise da estrutura da superfcie das sementes, os

    pesquisadores da BIC tambm pretendem analisar a composio qumica das

    superfcies para descobrir se isso aumenta as suas propriedades anti-incrustantes.

    O objetivo proporcionar um novo revestimento para embarcaes livre de

    toxinas e bio-inspirado. Isso evitaria danos ambientais, permitindo que os navios

    possam operar de forma eficiente.

    4.6. REVESTIMENTO A BASE DE BACTRIA

    Mais uma vez, cientistas da Universidade de Gotemburgo, na Sucia, juntam

    seus esforos para encontrar solues ecoamigveis para o problema do mexilho-

    dourado em embarcaes. Dessa vez, eles esto relatando sucesso com a

    utilizao de molculas de um certo tipo de bactria.

    De acordo com Gizmag (2011), as bactrias so conhecidas como lactonas

    macrocclicas, e a craca aparentemente no gosta delas.

    Em testes de campo, quantidades vestigiais das lactonas foram adicionadas

    a um revestimento anti-inscrustante regular, o qual foi ento aplicado a um casco de

    uma embarcao - um agente de ligao manteve as molculas de se propagar na

    gua. Embora as larvas de craca terem ento colonizado o casco, como de

    costume, quando elas maturaram em adultos e tentaram estabelecer uma aderncia

    mais segura, elas perderam seu fundamentao e foram arrastadas.

  • 34

    Figura 9: O casco de um barco que foi pintado com um revestimento que contm a bactria lactonas macrocclicas, com a exceo da tira no meio.

    Fonte: Gizmag (2011).

    Aparentemente, uma espcie de alga marinha castanha utiliza as molculas

    da mesma maneira, para manter cracas de se acumularem nas suas folhas.

    Acredita-se que tais revestimentos podem substituir completamente os

    revestimentos mais txicos base de cobre, e que uma aplicao deve ser capaz de

    repelir a craca por vrias estaes.

    4.7. REVESTIMENTO COM ELETRLISE

    De acordo com Gizmag (2012), cientistas do Instituto Fraunhofer de

    Mecnica dos Materiais, da Alemanha, desenvolveram uma forma de pintura mais

    ambientalmente amigvel, que utiliza a eletrlise para controlar a incrustao.

    Ainda segundo Gizmag (2012), a tinta contm partculas nanomtricas que

    so eletricamente condutoras, e aplicada ao longo de um primer no-condutor,

  • 35

    para isol-la do casco de ao do navio. Quando a embarcao est ancorada (que

    quando ocorre a maior parte das incrustaes), uma corrente eltrica fraca

    conduzida atravs da pintura. Esta eletricidade pode vir de uma fonte, como um

    painel fotovoltaico a bordo da embarcao, ou de uma fonte de energia eltrica com

    base terrestre.

    Um software usado para interromper a corrente contnua ou alterar a sua

    amplitude, tendo como resultado a mudana constante do valor do PH na superfcie

    exterior da tinta - os organismos causadores de incrustao biolgica geralmente

    so avessos essa mudana de Ph. Em testes da tecnologia em estaleiros, as

    partes revestidas do casco com a tinta supostamente permaneceram bem menos

    colonizadas do que as partes no tratadas.

    Figura 10: Um dos cascos de teste, o qual possui a tinta eletroqumica

    aplicada em reas selecionadas.

    Fonte: Gizmag (2012).

  • 36

    Os pesquisadores esto trabalhando agora para melhorar a tecnologia, e

    esperam que a pintura possa definitivamente permanecer de trs at cinco anos de

    uso, uma vez aplicada.

    4.8. PEIXE PREDADOR

    De acordo com ECOA (2013), um dos poucos mtodos considerados

    naturais para o problema do mexilho-dourado nas hidrovias brasileiras a

    utilizao de peixes j inseridos no ecossistema local como predadores para a

    espcie.

    Um exemplo disso o que vm ocorrendo em Porto Alegre, Rio Grande do

    Sul.

    Segundo Hartz, Costa e Machado (2003), peixes mais conhecidos como o

    Piava; Leporinus obtusidens, que so da mesma famlia dos peixes da sia que so

    predadores do mexilho-dourado; em Porto Alegre, mais precisamente no Lago

    Guaba, esto assimilando o mexilho em sua alimentao, devido a grande

    quantidade do mesmo e tambm devido falta de outros alimentos que no so

    encontrados no lago, devido a sua eutrofizao.

    O interessante que o peixe foi, ainda, considerado apto a ser consumido

    pela populao, mesmo apresentando em seu organismo resduos de metais que

    so dispersos pelas indstrias no lago.

    Essas informaes esto disponveis nos resultados de uma das pesquisas

    do famoso Projeto Piava que, segundo o Comit Itaja (2010), possui como objetivo

    o desenvolvimento de uma poltica de proteo da gua nos municpios da bacia do

    Itaja e fortalecer o processo de gesto participativa e integrada dos recursos

    hdricos. Esses resultados podem ser encontrados no ANEXO C.

    Outros peixes tambm esto adquirindo em sua dieta o mexilho-dourado,

    mas com quantidades menores que o piava encontrado na regio do Lago Guaba.

  • 37

    Exemplos desses peixes so os comumente conhecidos como Abotoado; ou

    Pterodoras granulosus, frequentemente encontrado nos rios da regio de Mato

    Grosso e Mato Grosso do Sul; e o Bagre; espcies da ordem Siluriformes localizado

    em grandes quantidades na Amrica do Sul. Ambos podem ser encontrados na

    regio do Mdio Tiet, porm, no em quantidades que pudessem causam algum

    tipo de impacto na proliferao do mexilho.

  • 38

    5. CONCLUSO

    Ao longo deste trabalho, pode-se observar os efeitos que a insero do

    mexilho-dourado vm causando na Hidrovia Tiet-Paran, mais especificamente na

    Regio do Mdio Tiet, e tambm algumas das solues que instituies

    internacionais encontraram para amenizar e/ou prevenir os problemas associados

    incrustao biolgica e bioinvaso.

    A maior parte das solues citadas tem como foco resolver a situao

    referente a embarcaes; isso se deve porque a base desses estudos est fincada,

    em sua maioria, a resolver as adversidades presentes na parte martima.

    A concluso que as partes interessadas; por exemplo, empresas que

    realizam transporte de carga atravs da hidrovia, ou at mesmo o governo, atravs

    da Petrobrs; deveriam subsidiar instituies de ensino brasileiras, para a realizao

    de pesquisas e projetos que visem criao de novos procedimentos e tecnologias

    para a preveno da incrustao em casco de embarcaes.

    Como a maior parte dos resultados envolve o desenvolvimento de

    revestimentos que faam a proteo dos cascos, essa concluso pode tambm ser

    aplicada situao das boias balizadoras, o que embasa a noo de que o subsdio

    para tais trabalhos deve partir do setor governamental.

    Para as Usinas Hidreltricas e Eclusas, a concluso que dever da

    administradora da hidrovia deve ter constante atualizao em relao aos mtodos

    que reduzem os prejuzos causados pela espcie.

    No caso da Regio do Mdio Tiet, satisfatria a constatao que a sua

    administradora, a AES Tiet, tm se mostrado competente em sua busca por

    sempre melhorar a situao, e tambm por sua utilizao de procedimentos

    aprovados por rgos responsveis. Esse o caminho que deve ser seguido e

    embasado nas aes da empresa nesse aspecto.

    Alguns dos problemas que mais dizem respeito a toda a populao so os

    encontrados no seguimento ambiental, pois so universalmente inerentes a toda

  • 39

    forma viva presente nesse planeta. Alguns dos transtornos encontrados so a

    eutrofizao, mudanas biolgicas nas caractersticas da flora e fauna local, o mau-

    cheiro associado espcie e tambm prejuzos pesca. Para tal, acreditamos que

    um exaustivo estudo de viabilidade da implantao da espcie de peixe Piava na

    Hidrovia Tiet-Paran deveria ser feito.

    Caso fosse constatada como vivel, essa implantao potencialmente

    resolveria alguns dos infortnios causados pelo mexilho-dourado, como a

    eutrofizao gerada pela morte de peixes nativos no-predadores que se alimentam

    da espcie. E caso a proliferao do piava fosse vasta, o problema da pesca poderia

    ser resolvido tambm, j que a constatao de que a ingesto de craca no torna o

    peixe imprprio para consumo humano j foi realizada.

    Estudos e pesquisas devem ser realizados por entidades educacionais

    brasileiras, como por exemplo, a Faculdade de Tecnologia de Jahu, entre outras,

    com a possibilidade de utilizao de trabalhos acadmicos j concretizados por

    instituies internacionais. Somente atravs de extensivo conhecimento e

    modificaes na rea que uma soluo definitiva poder ser encontrada.

    Sendo o Brasil um pas em desenvolvimento tentando melhorar sua

    infraestrutura para torna-se competitivo a nvel mundial, fundamental que estudos

    pioneiros como esses sejam realizados.

  • 40

    REFERNCIAS

    FERNANDES, FLVIO DA COSTA & LEAL NETO, ALEXANDRE DE CARVALHO. gua de Lastro como via de introduo de espcies a nvel global. In Introduo Biologia das Invases. So Carlos: Ed. Cubo, 2009.

    MARTIN, J.W. & DAVIS, G.E. An Updated Classification of the Recent Crustacea. 39. ed. Los Angeles: Natural History Museum of Los Angeles County, 2001.

    AHRANA. Investimentos do Governo Federal na Hidrovia Tiet-Paran. 2012. Disponvel em: Consultado em: Set/2013.

    ANTAQ: Agncia Nacional de Transporte Aquavirio. Disponvel em:

    Consultado em: Set/2013.

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  • 43

    APNDICE A

    Figura 11: Trapiche tomado pela craca.

    Fonte: Os Autores (2013).

    Figura 12: Chanfro da boia de ancoragem.

    Fonte: Os Autores (2013).

  • 44

    Figura 13: Colnia de craca.

    Fonte: Os Autores (2013).

  • 45

    Figura 14: Boia tomada pelo mexilho-dourado.

    Fonte: Os Autores (2013).

    Figura 15: Boia tomada pelo mexilho-dourado II.

    Fonte: Os Autores (2013).

  • 46

    ANEXO A

    Figura 16: Boia totalmente tomada pela incrustao do mexilho-dourado.

    Fonte: Ahrana (2012).

    Figura 17: Colnia de mexilho-dourado.

    Fonte: Ahrana (2012).

  • 47

    Figura 18: Incrustao em rvores da hidrovia.

    Fonte: Departamento Hidrovirio - DH (2011).

  • 48

    Figura 19: Boia e sua corrente tomadas pelo mexilho-dourado.

    Fonte: Departamento Hidrovirio - DH (2011).

  • 49

    Figura 20: Imagem representativa do poder de aderncia do mexilho-dourado.

    Fonte: Departamento Hidrovirio - DH (2011).

  • 50

    ANEXO B ORGANIZAO MARTIMA INTERNACIONAL

    IMO

    CONFERNCIA INTERNACIONAL SOBRE CONTROLE DE SISTEMAS ANTIINCRUSTANTES DANOSOS EM NAVIOS

    AFS/CONF/26 18 de outubro de 2001

    Original: INGLS

    ADOO DO ATO FINAL E OUTROS INSTRUMENTOS, RECOMENDAES E RESOLUES RESULTANTES DO TRABALHO

    DA CONFERNCIA

    CONFERNCIA INTERNACIONAL SOBRE CONTROLE DE SISTEMAS ANTIINCRUSTANTES DANOSOS EM NAVIOS, 2001

    Texto adotado pela Conferncia

    1. Como resultado de suas deliberaes, conforme registrado no Registro das Deliberaes do Plenrio (AFS/CONF/RD/2) e no Ato Final da Conferncia (AFS/CONF/25), a Conferncia adotou a Conveno Internacional sobre Controle de Sistemas Anti-incrustantes Danosos em Navios, 2001.

    2. A supracitada Conveno, conforme adotada pela Conferncia, est anexada a este documento.

  • 51

    CONVENO INTERNACIONAL SOBRE CONTROLE DE SISTEMAS ANTIINCRUSTANTES DANOSOS EM NAVIOS, 2001

    AS PARTES CONTRATANTES DESTA CONVENO, OBSERVANDO que estudos cientficos e pesquisas realizados por Governos e por organizaes internacionais competentes demonstraram que certos sistemas anti-incrustantes utilizados em navios acarretam um risco grave de toxicidade e de outros impactos crnicos a organismos marinhos econmica e ecologicamente importantes e, ainda, que a sade humana possa ser prejudicada pelo consumo de frutos do mar assim afetados; OBSERVANDO EM PARTICULAR a preocupao grave em relao a sistemas anti-incrustantes que utilizam compostos de organoestanho como biocidas e convencidos de que a introduo de tais organoestanhos no meio ambiente deve ser gradativamente descontinuada; RECORDANDO que o Captulo 17 da Agenda 21, adotado pela Conferncia das Naes Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento em 1992, conclama os Estados a tomarem medidas para reduzir a poluio causada por compostos de organoestanho utilizados em sistemas anti-incrustantes; RECORDANDO TAMBM que a resoluo A.895(21), adotada pela Assemblia da Organizao Martima Internacional (IMO) no dia 25 de novembro de 1999, requer do Comit de Proteo ao Meio Ambiente Marinho (MEPC) da Organizao a elaborao, com urgncia, de um instrumento jurdico global obrigatrio para tratar dos efeitos danosos de sistemas anti-incrustantes; CONSCIENTES da abordagem preventiva estabelecida no Princpio 15 da Declarao do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento e mencionada na resoluo MEPC. 67(37), adotada pelo MEPC em 15 de setembro de 1995; RECONHECENDO a importncia de proteger o meio ambiente marinho e a sade humana contra os efeitos danosos de sistemas anti-incrustantes; RECONHECENDO TAMBM que o uso de sistemas anti-incrustantes para prevenir o acmulo de organismos na superfcie de navios de fundamental importncia para a eficincia do comrcio e da navegao e para impedir a disseminao de organismos aquticos danosos e de agentes patognicos; RECONHECENDO AINDA a necessidade de continuar a desenvolver sistemas anti-incrustantes eficazes e ambientalmente seguros e de promover a substituio de sistemas danosos por sistemas menos danosos, ou, de preferncia, por sistemas no prejudiciais;

  • 52

    CONCORDARAM com o seguinte:

    ARTIGO 1 Obrigaes Gerais

    (1) Cada Parte desta Conveno se compromete a implementar totalmente suas disposies, com vistas a reduzir ou eliminar os efeitos adversos ao meio ambiente marinho e sade humana causados por sistemas anti-incrustantes. (2) Os Anexos formam parte integral desta Conveno. Salvo disposio em contrrio, toda referncia a esta Conveno implica, ao mesmo tempo, uma referncia aos seus anexos. (3) Nenhuma disposio desta Conveno dever ser interpretada como impeditiva a um Estado tomar, individualmente ou em grupo, medidas mais severas para reduzir ou eliminar os efeitos adversos de sistemas anti-incrustantes sobre o meio ambiente, desde que tais medidas estejam em conformidade com o direito internacional. (4) As Partes devero esforar-se para cooperar com a finalidade de implementao, conformidade e cumprimento efetivos desta Conveno. (5) As Partes comprometem-se a incentivar o desenvolvimento contnuo de sistemas anti-incrustantes eficazes e ambientalmente seguros.

    ARTIGO 2 Definies

    Para os fins desta Conveno, salvo disposio em contrrio: (1) Administrao significa o Governo de um Estado sob cuja autoridade o navio opera. Em relao a um navio que tenha o direito de arvorar a bandeira de um Estado, a Administrao o Governo daquele Estado. Em relao a plataformas fixas ou flutuantes utilizadas na explorao e utilizao do fundo do mar e seu subsolo adjacentes costa sobre a qual o Estado costeiro exercita seus direitos de soberania para fins de explorao e utilizao de seus recursos naturais, a Administrao o Governo do Estado costeiro pertinente. (2) Sistema anti-incrustante significa uma camada, tinta, tratamento de superfcie, superfcie ou dispositivo utilizado em um navio para controlar ou impedir a incrustao de organismos indesejveis. (3) Comit significa o Comit de Proteo ao Meio Ambiente Marinho da Organizao. (4) Arqueao bruta significa a arqueao bruta calculada de acordo com as regras para medio de arqueao contidas no Anexo 1 da Conveno Internacional sobre Arqueao de Navios, 1969, ou qualquer Conveno sucessora. (5) Viagem internacional significa uma viagem de um navio, que tenha o direito de arvorar a bandeira de um Estado, de ou para um porto, estaleiro ou terminal ao largo da costa sob a jurisdio de outro Estado. (6) Comprimento significa o comprimento conforme definido na Conveno Internacional sobre Linhas de Carga, 1966, modificada pelo seu Protocolo de 1998, ou qualquer Conveno que a suceda. (7) Organizao significa a Organizao Martima Internacional. (8) Secretrio-Geral significa o Secretrio-Geral da Organizao.

  • 53

    (9) Navio significa uma embarcao de qualquer tipo que esteja operando no ambiente marinho e inclui hidroflios, embarcaes com colcho de ar, embarcaes submersveis, engenhos flutuantes, plataformas fixas ou flutuantes, unidades flutuantes de armazenagem (FSUs), unidades flutuantes de produo e descarga (FPSOs). (10) Grupo Tcnico um rgo constitudo por representantes das Partes, Membros da Organizao, Naes Unidas e seus rgos Especializados, organizaes intergovernamentais, que tenham acordos com a Organizao e organizaes no-governamentais, que tenham status consultivo com a Organizao, os quais devem, de preferncia, incluir representantes de instituies e laboratrios envolvidos na anlise de sistemas anti-incrustantes. Estes representantes devero ser especialistas em efeitos sobre o meio ambiente, efeitos toxicolgicos, biologia marinha, sade humana, anlise econmica, gerenciamento de risco, navegao internacional, tecnologia de sistemas de revestimentos anti-incrustantes, ou outras reas de conhecimento especializado necessrios para revisar objetivamente os mritos tcnicos de uma proposta completa.

    ARTIGO 3 Aplicao

    (1) Salvo disposto em contrrio nesta Conveno, esta dever aplicar-se a:

    (a) navios que tenham o direito de arvorar a bandeira de uma Parte; (b) navios que no tenham o direito de arvorar a bandeira de uma Parte, mas que

    operem sob a autoridade de um Estado Parte da Conveno; e (c) navios que entrem em um porto, estaleiro, ou terminal ao largo da costa de

    um Estado Parte, mas que no se enquadrem no disposto nos sub-pargrafos (a) ou (b).

    (2) Esta Conveno no se aplicar a navios de guerra, auxiliares navais ou outros navios de propriedade ou operados por uma Parte e usados, na ocasio, somente para servios governamentais de natureza no comercial. No entanto, cada Parte dever garantir, pela adoo de medidas que no prejudiquem as operaes ou a capacidade de operao de tais navios possudos ou operados por ela, que estes navios, na medida do razovel e praticvel, atuem de maneira consistente com esta Conveno. (3) Em relao a navios de Estados que no sejam Partes desta Conveno, as Partes devero aplicar os requisitos da presente Conveno conforme seja necessrio para garantir que tais navios no recebam nenhum tratamento mais favorvel.

    ARTIGO 4 Controle de Sistemas Anti-incrustantes

    (1) De acordo com os requisitos especificados no Anexo 1, cada Parte dever proibir e/ou restringir:

    (a) a aplicao, reaplicao, instalao ou uso de sistemas anti-incrustantes danosos nas embarcaes mencionadas no Artigo 3(1) (a) ou (b); e,

    (b) a aplicao, reaplicao, instalao ou uso destes sistemas nas embarcaes mencionadas no Artigo 3(1) (c), quando estas estiverem em um porto, estaleiro ou terminal ao largo de uma Parte e dever tomar medidas efetivas para garantir que tais embarcaes cumpram aqueles requisitos.

  • 54

    (2) Navios com um sistema anti-incrustante aplicado, que seja controlado por uma emenda ao Anexo 1 aps a data de entrada em vigor desta Conveno, podero manter tal sistema at a data programada para sua prxima reaplicao, no podendo exceder, no entanto, um perodo de 60 meses aps a sua aplicao, salvo se o Comit decidir que circunstncias excepcionais justifiquem antecipar a implementao do controle.

    ARTIGO 5 Controle de Resduos do Anexo 1

    Levando em considerao regras, padres e requisitos internacionais, uma Parte dever tomar medidas adequadas em seu territrio para garantir que os resduos da aplicao ou remoo de um sistema anti-incrustante, controlado de acordo com as disposies do Anexo 1, sejam coletados, manuseados, tratados ou despejados de maneira segura, de modo a proteger a sade humana e o meio ambiente.

    ARTIGO 6 Processo para Apresentao de Propostas de Emendas ao Controle de Sistemas

    Anti-incrustantes (1) Qualquer Parte poder propor uma emenda ao Anexo 1, de acordo com este artigo. (2) Uma proposta inicial dever conter as informaes requeridas no Anexo 2 e ser submetida Organizao. A Organizao, ao receber uma proposta, dever dar conhecimento s Partes, Membros da Organizao, s Naes Unidas e suas Agncias Especializadas, s organizaes intergovernamentais, que tenham acordos com a Organizao e organizaes no-governamentais, que tenham situao consultiva com a Organizao, deixando-a disposio destas organizaes. (3) O Comit dever decidir se o sistema anti-incrustante em questo requer uma reviso mais profunda, baseando na proposta inicial. Se o Comit decidir que uma reviso mais profunda justificvel, dever requerer Parte proponente a submisso ao Comit de uma proposta completa, contendo as informaes requeridas no Anexo 3, exceto nos casos em que a proposta inicial j inclua todas as informaes requeridas no Anexo 3. Caso o Comit acredite haver risco de danos graves ou irreversveis, a falta de total certeza cientfica no dever ser usada como um motivo para impedir que se prossiga com a avaliao da proposta. O Comit dever estabelecer um grupo tcnico de acordo com as disposies do artigo 7. (4) O grupo tcnico dever revisar a proposta completa, juntamente com qualquer dado adicional submetido por qualquer entidade interessada, avali-la e informar ao Comit se demonstrou um potencial de risco desarrazoado de efeitos adversos em organismos que no sejam alvos do sistema e sade humana, de modo a justificar uma emenda ao Anexo 1. A este respeito:

    (a) A reviso do grupo tcnico dever incluir: (i) uma avaliao da associao entre o sistema anti-incrustante em

    questo e os efeitos adversos conseqentes observados, quer seja no meio ambiente, quer seja na sade humana, incluindo, mas no de forma exclusiva, o consumo de frutos do mar afetados, ou por meio de

  • 55

    estudos controlados baseados nos dados descritos no Anexo 3 e em quaisquer outros dados relevantes que venham luz.

    (ii) uma avaliao da potencial reduo de risco atribuvel s medidas de controle propostas e qualquer outra medida de controle, que possa ser considerada pelo grupo tcnico;

    (iii) considerao sobre disponibilidade de informaes a respeito da viabilidade tcnica das medidas de controle e da relao custo-eficcia da proposta;

    (iv) considerao sobre disponibilidade de informaes a respeito de outros efeitos causados pela introduo de tais medidas de controle, em relao a: - o meio ambiente (incluindo, mas no de forma exclusiva, o custo da inrcia e o impacto na qualidade do ar); - cuidados com a sade e a segurana nos estaleiros (por exemplo, os efeitos nos trabalhadores de estaleiros); - o custo para a navegao internacional e outros setores relevantes; e

    (v) consideraes sobre disponibilidade de alternativas adequadas, incluindo consideraes sobre os riscos potenciais das alternativas.

    (b) O relatrio do grupo tcnico dever ser apresentado por escrito e levar em conta todas as avaliaes e consideraes mencionadas no subpargrafo (a); no entanto o grupo tcnico poder decidir no prosseguir com as avaliaes e consideraes descritas nos subpargrafos (a)(ii) a (a)(v), caso determine, aps a avaliao descrita no subpargrafo (a)(i), que a proposta no justifica uma considerao mais profunda.

    (c) O relatrio do grupo tcnico dever incluir, inter alia, uma recomendao indicando se os controles internacionais, de acordo com esta Conveno, so permitidos para o sistema anti-incrustante em questo, e uma recomendao sobre a adequabilidade das medidas especficas de controle sugeridas na proposta completa, ou sobre outras medidas de controle que acredite serem mais apropriadas.

    (5) O relatrio do grupo tcnico dever ser circulado pelas Partes, Membros da Organizao, Naes Unidas e suas Agncias Especializadas, organizaes intergovernamentais, que tenham acordos com a Organizao e organizaes no-governamentais, que tenham situao consultiva com a Organizao, antes de sua considerao pelo Comit. O Comit dever decidir se deve ou no aprovar qualquer proposta de emenda ao Anexo 1, e qualquer modificao decorrente, se apropriado, levando em considerao o relatrio do grupo tcnico. Caso o relatrio indique haver uma ameaa de danos graves ou irreversveis, a falta de total certeza cientfica no dever ser usada como um motivo para impedir que se tome a deciso de incluir um sistema anti-incrustante no Anexo 1. As propostas de emendas ao Anexo 1, se aprovadas pelo Comit, devero ser circuladas de acordo com as disposies do artigo 16(2)(a). A deciso de no aprovar uma proposta no dever impedir futura submisso de uma nova proposta com respeito a um determinado sistema anti-incrustante, caso novas informaes venham luz. (6) Somente as Partes podero participar das decises tomadas pelo Comit descritas nos pargrafos (3) e (5).

  • 56

    ARTIGO 7 Grupos Tcnicos

    (1) O Comit dever estabelecer um grupo tcnico, de acordo com o artigo 6, quando receber uma proposta completa. Caso vrias propostas sejam recebidas simultaneamente ou sequencialmente, o Comit poder estabelecer um ou mais grupos tcnicos, conforme necessrio. (2) Qualquer Parte poder participar das deliberaes de um grupo tcnico e poder utilizar o conhecimento especializado disponvel quela Parte. (3) O Comit dever decidir sobre os termos de referncia, a organizao e a operao dos grupos tcnicos. Estes termos devero dispor sobre a proteo a qualquer informao confidencial que seja submetida. Os grupos tcnicos podero se reunir conforme necessrio, mas devero esforar-se por conduzir o seu trabalho atravs de correspondncia escrita ou eletrnica, ou atravs de outros meios, conforme apropriado. (4) Somente os representantes das Partes podero participar da elaborao de qualquer recomendao ao Comit, de acordo com as disposies do artigo 6. Um grupo tcnico dever esforar-se para alcanar a unanimidade entre os representantes das Partes. Caso isto no seja possvel, o grupo tcnico dever comunicar quaisquer pontos de vista minoritrios dos representantes.

    ARTIGO 8 Pesquisa Cientfica e Tcnica e Monitorao

    (1) As Partes devero tomar medidas apropriadas para promover e facilitar a pesquisa cientfica e tecnolgica sobre os efeitos de sistemas anti-incrustantes, assim como a monitorao de tais efeitos. Esta pesquisa dever incluir, especialmente, a observao, medio, amostragem, avaliao e anlise dos efeitos de sistemas anti-incrustantes. (2) Cada Parte dever, com vistas a facilitar os objetivos desta Conveno, promover a disponibilidade de informaes relevantes a outras Partes que as requeiram sobre:

    (a) atividades cientficas e tcnicas realizadas de acordo com esta Conveno; (b) programas de tecnologia e cincia marinha e seus objetivos; e (c) os efeitos observados atravs de programas de monitorao e avaliao

    relacionados a sistemas anti-incrustantes.

    ARTIGO 9 Comunicao e Troca de Informaes

    (1) Cada Parte compromete-se a comunicar Organizao:

    (a) uma lista dos inspetores nomeados ou de organizaes reconhecidas autorizadas a atuar em seu nome na administrao de assuntos relativos ao controle de sistemas anti-incrustantes, de acordo com as disposies desta Conveno, para distribuio s Partes contratantes como informao a seus funcionrios. A Administrao dever, assim, informar Organizao sobre as responsabilidades especficas e as condies da autoridade delegada aos inspetores nomeados ou a organizaes reconhecidas; e

    (b) anualmente, informaes relativas a qualquer sistema anti-incrustante aprovado, restrito, ou proibido de acordo com sua legislao nacional.

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    (2) A Organizao dever tornar disponvel, por meio de qualquer meio apropriado, qualquer informao recebida de acordo com o pargrafo (1). (3) Para os sistemas anti-incrustantes aprovados, registrados ou licenciados por uma Parte, esta Parte dever fornecer, ou requerer que os fabricantes de tais sistemas anti-incrustantes forneam, s Partes, que as solicitarem, informaes relevantes nas quais suas decises foram baseadas, incluindo informaes previstas no Anexo 3, ou outras informaes adequadas para realizar uma avaliao apropriada do sistema anti-incrustante. No sero fornecidas informaes protegidas por lei.

    ARTIGO 10 Vistoria e Certificao

    Uma Parte dever assegurar-se de que os navios com direito a arvorar a sua bandeira, ou que operem sob sua autoridade sejam inspecionados e certificados de acordo com as regras do Anexo 4.

    ARTIGO 11 Inspees de Navios e Deteco de Violaes.

    (1) Um navio ao qual esta Conveno se aplique poder ser inspecionado em qualquer porto, estaleiro, ou terminal ao largo de uma Parte por funcionrios autorizados por aquela Parte, com vistas a determinar se o navio est em conformidade com esta Conveno. A menos que haja motivos justificveis para acreditar que o navio esteja violando esta Conveno, tal inspeo dever limitar-se a:

    (a) verificao, quando requerido, da existncia a bordo de um Certificado Internacional de Sistema Anti-incrustante vlido, ou uma Declarao sobre Sistema Anti-incrustante; e/ou

    (b) coleta de uma pequena amostra do sistema anti-incrustante do navio, que no afete a integridade, estrutura ou operao do sistema anti-incrustante, de acordo com as diretrizes elaboradas pela Organizao. No entanto, o tempo necessrio para processar os resultados de tal amostra no dever ser usado como motivo para impedir os movimentos e a partida do navio.

    (2) Casa haja motivos claros para acreditar que o navio esteja violando esta Conveno, uma inspeo detalhada poder ser realizada, levando em conta as diretrizes elaboradas pela Organizao. (3) Caso seja detectado que o navio est violando esta Conveno, a Parte que estiver executando a inspeo poder tomar as medidas necessrias para advertir, deter, dispensar ou excluir o navio de seus portos. Uma Parte que tome tal medida contra um navio devido ao fato de o navio no estar de acordo com esta Conveno, dever informar Administrao daquele navio imediatamente. (4) As Partes devero cooperar na deteco de violaes e na implementao desta Conveno. Uma Parte, tambm, poder inspecionar um navio quando este entrar nos portos, estaleiros ou terminais ao largo sob sua jurisdio, caso receba um pedido de investigao de qualquer outra Parte, juntamente com provas suficientes de que o navio est operando ou operou de modo a violar esta Conveno. O relatrio desta investigao dever ser enviado Parte que o solicitou e

  • 58

    autoridade competente da Administrao do navio em questo, para que medidas apropriadas possam ser tomadas de acordo com esta Conveno.

    ARTIGO 12 Violaes

    (1) Qualquer violao desta Conveno dever ser proibida e penalidades para tais violaes devero ser estabelecidas na legislao da Administrao do navio envolvido, onde ocorrer a violao. Caso a Administrao seja informada de uma violao, esta dever investigar o assunto e poder solicitar Parte denunciante que fornea evidncias adicionais da violao alegada. Se a Administrao considerar que as provas disponveis so suficientes para instaurar um processo em relao violao alegada, dever instaurar tal processo o mais rapidamente possvel, de acordo com suas leis. A Administrao dever, imediatamente, informar Parte que denunciou a alegada violao, assim como Organizao, sobre qualquer medida tomada. Se a Administrao no tiver tomado nenhuma medida dentro de um ano aps receber a informao, dever informar Parte que denunciou a alegada violao. (2) Qualquer violao desta Conveno na jurisdio de qualquer Parte dever ser proibida e devero ser estabelecidas penalidades para tal, nas leis daquela Parte. Sempre que ocorrer uma violao, tal Parte dever:

    (a) instaurar processos de acordo com suas leis; ou (b) transmitir Administrao do navio em questo as informaes e provas de

    que dispuser sobre a ocorrncia da violao. (3) As sanes estabelecidas na legislao de uma Parte, de acordo com este artigo, devero ter a severidade adequada para desencorajar violaes desta Conveno, onde quer que ocorram.

    ARTIGO 13 Atrasos Indevidos ou Deteno de Navios

    (1) Todos os esforos possveis devero ser feitos para evitar atrasar ou deter um navio, indevidamente, pela aplicao dos artigos 11 e 12. (2) Quando um navio for indevidamente detido ou atrasado, por fora dos artigos 11 e 12, ter direito a indenizao por qualquer perda ou dano sofrido.

    ARTIGO 14 Acerto de Disputas

    As Partes podero acertar qualquer disputa entre si, relativa interpretao ou aplicao desta Conveno, atravs de negociao, inqurito, mediao, conciliao, arbitragem, deciso judicial, recurso a agncias ou a arranjos regionais , ou outro meio pacfico de sua escolha.

    ARTIGO 15 Relao com o Direito Internacional do Mar

    Nada nesta Conveno dever prejudicar os direitos e obrigaes de qualquer Estado de acordo com o direito internacional comum, conforme refletido na Conveno das Naes Unidas sobre o Direito do Mar.

  • 59

    ARTIGO 16 Emendas

    (1) Esta Conveno poder ser emendada por um dos procedimentos especificados nos pargrafos abaixo. (2) Emenda aps considerao no mbito da Organizao:

    (a) Qualquer Parte poder propor uma emenda a esta Conveno. Uma proposta de emenda dever ser submetida ao Secretrio-Geral, o qual dever circul-la s Partes e aos Membros da Organizao pelo menos seis meses antes de sua considerao. No caso de uma proposta de emenda ao Anexo 1, esta dever ser processada de acordo com o artigo 6, antes de sua considerao, segundo este artigo.

    (b) Uma emenda proposta e circulada de acordo com as disposies acima dever ser encaminhada ao Comit para considerao. As Partes, quer sejam ou no Membros da Organizao, tero o direito de participar das deliberaes do Comit para considerao e adoo da emenda.

    (c) As emendas devero ser adotadas por uma maioria de dois teros das Partes presentes e votantes no Comit, desde que pelo menos um tero das Partes contratantes estejam presentes na hora da votao.

    (d) Emendas adotadas de acordo com o subpargrafo (c) devero ser comunicadas pelo Secretrio-Geral s Partes para aceitao.

    (e) Uma emenda dever ser considerada como tendo sido aceita nas seguintes circunstncias:

    (i) Uma emenda a um artigo desta Conveno dever ser considerada como tendo sido aceita na data em que dois teros das Partes tenham notificado ao Secretrio-Geral de sua aceitao.

    (ii) Uma emenda a um Anexo dever ser considerada como tendo sido aceita no final de 12 meses aps a data de adoo, ou em qualquer outra data que venha a ser determinada pelo Comit. No entanto, caso, at aquela data, mais de um tero das Partes tiverem notificado ao Secretrio-Geral de que no concordam com a emenda, esta dever ser considerada como no tendo sido aceita.

    (f) Uma emenda dever entrar em vigor de acordo com as seguintes condies: (i) Uma emenda a um artigo desta Conveno dever entrar em vigor

    para as Partes que tiverem declarado aceit-la seis meses aps a data em que a emenda for considerada como aceita, de acordo com o sub-pargrafo (e)(i).

    (ii) Um emenda ao Anexo 1 dever entrar em vigor para todas as Partes seis meses aps a data em que a emenda for considerada aceita, exceto para qualquer Parte que tenha: (1) comunicado sua objeo emenda, de acordo com o subpargrafo

    (e)(ii), e no tenha retirado tal objeo; (2) notificado o Secretrio-Geral, antes da data de entrada em vigor de

    tal emenda, de que a emenda s dever entrar em vigor para aquela Parte aps uma subseqente notificao de sua aceitao; ou

    (3) feito uma declarao, na ocasio em que depositou seu instrumento de ratificao, aceitao, aprovao ou adeso a esta Conveno de que emendas ao Anexo 1 devero entrar em vigor

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    para aquela Parte somente aps notificao ao Secretrio-Geral de sua aceitao com respeito a tal emenda.

    (iii) Uma emenda a um Anexo, que no seja o Anexo 1, dever entrar em vigor para todas as Partes seis meses aps a data em que a emenda for considerada aceita, exceto para as Partes que tenham comunicado sua objeo emenda, de acordo com o subpargrafo (e)(ii), e no tenham retirado tal objeo.

    (g) (i) Uma Parte que tenha comunicado sua objeo, de acordo com o subpargrafo (f)(ii)(1) ou (iii), poder subsequentemente notificar o Secretrio-Geral de que aceita a emenda. Tal emenda dever entrar em vigor para aquela Parte seis meses aps a data de sua notificao de aceitao, ou a data em que a emenda entrar em vigor, conforme a que ocorrer mais tarde.

    (ii) Caso uma Parte, que tenha feito uma declarao ou notificao segundo, respectivamente, o subpargrafo (f)(ii)(2) ou (3), notifique o Secretrio-Geral de sua aceitao com respeito a uma emenda, tal emenda dever entrar em vigor para aquela Parte contratante seis meses aps a data de sua notificao de aceitao, ou na data em que a emenda entrar em vigor, conforme a que ocorrer mais tarde.

    (3) Emenda por uma Conferncia: (a) Ao receber um pedido de uma Parte apoiado por pelo menos um tero das

    Partes, a Organizao dever convocar uma Conferncia das Partes para considerar emendas a esta Conveno.

    (b) Uma emenda adotada por tal Conferncia, por maioria de dois teros das Partes presentes e votantes, dever ser comunicada pelo Secretrio-Geral a todas as Partes para aceitao.

    (c) A menos que a Conferncia decida em contrrio, a emenda dever ser considerada como tendo sido aceita e dever entrar em vigor, respectivamente, de acordo com os procedimentos especificados nos pargrafos (2)(e) e (f) deste artigo.

    (4) Qualquer Parte que tenha recusado aceitao a uma emenda a um Anexo dever ser tratada como no sendo Parte da Conveno somente para os fins de aplicao daquela emenda. (5) Uma adio de um novo Anexo dever ser proposta e adotada e dever entrar em vigor de acordo com os procedimentos aplicveis a uma emenda a um artigo desta Conveno. (6) Qualquer notificao ou declarao de acordo com as disposies deste artigo dever ser apresentada por escrito ao Secretrio-Geral. (7) O Secretrio-Geral dever informar s Partes e aos Membros da Organizao sobre:

    (a) qualquer emenda que entre em vigor e a data em que isto ocorrer, em geral e para cada Parte; e

    (b) qualquer notificao ou declarao feita de acordo com as disposies deste artigo.

    ARTIGO 17

    Assinatura, Ratificao, Aceitao, Aprovao e Adeso

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    (1) A presente Conveno estar aberta para assinatura por qualquer Estado na Sede da Organizao de 1o de fevereiro de 2002 a 31 de dezembro de 2002, continuando aberta adeso por qualquer Estado a partir de ento. (2) Os Estados podero tornar-se Partes desta Conveno por intermdio de:

    (a) assinatura no sujeita a ratificao, aceitao ou aprovao; ou (b) assinatura sujeita a ratificao, aceitao ou aprovao, seguida de

    ratificao, aceitao ou aprovao; ou (c) adeso.

    (3) A ratificao, aceitao, aprovao ou adeso dever ser efetuada mediante o depsito de um instrumento para este efeito junto ao Secretrio-Geral. (4) Se um Estado tiver duas ou mais unidades territoriais nas quais sejam aplicveis regimes jurdicos distintos em relao s matrias tratadas pela presente Conveno, poder declarar, no momento da assinatura, ratificao, aceitao, aprovao ou adeso, que a presente Conveno ser aplicvel a todas as suas unidades territoriais, ou somente a uma ou mais delas e poder, em qualquer momento, modific-la pela substituio da declarao original por outra . (5) Qualquer destas declaraes ser notificada ao Secretrio-Geral e nela constaro expressamente as unidades territoriais s quais esta Conveno se aplica.

    ARTIGO 18 Entrada em vigor

    (1) Esta Conveno dever entrar em vigor doze meses aps a data em que pelo menos vinte e cinco Estados, cuja frota mercante combinada represente, no mnimo, vinte e cinco por cento da arqueao bruta da navegao mercante mundial, ou tenham assinado a Conveno sem reservas quanto sua ratificao, aceitao ou aprovao, ou tenham depositado o instrumento requerido de ratificao, aceitao, aprovao ou adeso, de acordo com o artigo 17. (2) Para Estados que tenham depositado um instrumento de ratificao, aceitao, aprovao ou adeso com respeito a esta Conveno, aps cumpridos os requisitos para sua entrada em vigor, mas anteriormente data de entrada em vigor, a ratificao, aceitao, aprovao ou adeso dever efetivar-se na data de entrada em vigor desta Conveno, ou trs meses aps a data de depsito do instrumento, conforme a que ocorrer mais tarde. (3) Qualquer instrumento de ratificao, aceitao, aprovao ou adeso depositado aps a data em que esta Conveno entrar em vigor, ter efeito trs meses aps a data de seu depsito. (4) Aps a data em que