trabalho fernandopessoa

Upload: isabel-costa

Post on 07-Jan-2016

220 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Fernando Pessoa

TRANSCRIPT

  • Fernando Pessoa

  • IntroduoEsta apresentao encontra-se dividida em 4 partes:1 Vida e obra de Fernando Pessoa e seus heternimos2 Anlise do poema Gato que brincas na rua (anlise temtica, estilstica e formal)3 Relao entre este e outros poemas4 - Concluso

  • Parte 1 - Vida e Obra Fernando Pessoa nasceu a 13 de Junho de 1888.Apenas com 6 anos de idade, morre o pai e um ano depois, morre o seu irmo. Estas mortes significam uma profunda transformao na vida do poeta.

    Em 1895 a sua me, D. Maria Magdalena Pinheiro Nogueira Pessoa, casa por procurao com o comandante Joo Miguel Rosa, entretanto nomeado cnsul interino em Durban (frica do Sul).

  • Depois do casamento, me e filho partem para Durban, frica do Sul, onde Fernando Pessoa viver at data do seu regresso definitivo a Portugal, no ano de 1905.Encontra refgio no seu isolamento, na sua imaginao e atrao pela fico (que se manifestara j desde os seus 6 anos, ainda em Lisboa, com a criao do seu primeiro heternimo, Chevalier de Pas.)

    Vive grande parte da infncia e adolescncia (cerca de 10 anos) nesse pas, onde recebe uma educao inglesa. Os seus primeiros estudos e os seus primeiros textos so feitos em ingls. Fernando Pessoa nunca abandonar a lngua inglesa. atravs dela que trabalhar, mais tarde, j em Lisboa, como correspondente comercial.

  • Ao longo da sua vida, a nvel profissional dedica-se aos trabalhos de correspondncia comercial, sobretudo em lngua inglesa. Esta atividade, permite-lhe obter a independncia econmica suficiente para se dedicar sua intensa atividade literria e intelectual.- Pessoa regressa definitivamente a Lisboa em 1905. - Vive, nesta cidade, uma vida modesta, em casa de familiares e em quartos alugados. - Matricula-se no curso superior de Letras de Lisboa, no ano de 1906, mas depressa se desilude com o ensino a ministrado, no tendo sequer concludo o primeiro ano do curso.

  • A sua estreia literria realiza-se na revista A guia, com a publicao de uma srie de ensaios acerca da Nova Poesia Portuguesa. Na companhia de amigos como Mrio de S-Carneiro, Almada Negreiros e Santa-Rita Pintor, Fernando Pessoa ficar para sempre associado s novas correntes modernistas como o Paulismo, o Intersecionismo e o Sensacionismo.

    A sua influncia na literatura portuguesa indissocivel da reunio do grupo na criao da revista Orpheu, na qual desenvolvem e expressam as tendncias modernistas literrias. Ao longo da sua vida, Fernando Pessoa exerce a sua atividade literria atravs de inmeras publicaes.

  • Com a morte de Mrio de S-Carneiro e Santa-Rita Pintor, o isolamento e a solido do poeta, que parecem ter marcado a maior parte da sua vida, acentuam-se, ao longo da qual, todavia, foi criando, novos amigos.

    Entre 1912 e 1914 criou os seus heternimos, a quem chamou Ricardo Reis, Alberto Caeiro e lvaro de Campos.

    A heteronmia uma das facetas mais curiosas deste poeta.

    A produo literria destes trs heternimos foi intensa e acompanhou o poeta at bem prximo da data da sua morte.

  • Para alm destes heternimos, Fernando Pessoa escreveu textos em nome de inmeros semi-heternimos e usou ainda diversos pseudnimos.

    Desta forma, o poeta encontra, atravs do desdobramento do seu EU, uma forma de percecionar e expressar a multiplicidade do universo em diferentes perspetivas, mediante as diferentes individualidades por ele criadas.

    Entre 1925 e 1934, vai percorrendo os campos do mistrio e do ocultismo. As vias do espiritual e do divino foram, simultaneamente, percorridas e acrescentadas complexidade psquica e potica de Fernando Pessoa.

    O poeta via-se a si prprio como um missionrio, um mensageiro, um intermedirio entre a humanidade e um ser que a ultrapassa e transcende.

  • O seu empenhamento patritico esteve sempre presente na sua obra e nos seus projetos de intervir, via literatura, sobre a humanidade e sobre Portugal. Este sentido patritico, movido pelo sentimento de uma misso, culmina com a publicao, em 1934, da sua obra Mensagem. A temos, partindo da epopeia da dispora de Portugal, presentes a vontade de regenerao de um pas estagnado, a referncia a mitologias diversas e o cruzamento do mito sebastianista com as lendas arturianas. Tambm a se revela a espiritualidade do poeta e a sua busca incansvel de Deus ou de uma qualquer verdade a juntar sua identidade dispersa e complexa.

  • Em 1920, ano em que a me, viva, regressou a Portugal e em que Fernando Pessoa foi viver de novo com a famlia, iniciou uma relao sentimental com Ophlia Queiroz.

    Este namoro parece ter conseguido que Pessoa ortnimo deixasse, por momentos, o isolamento e descobrisse a sua capacidade de viver uma verdadeira relao afetiva.

    Como Pessoa no confiava na sinceridade da amada, terminou a relao em 1929.

  • - No dia 29 de Novembro de 1935, Fernando Pessoa, um dia antes do seu falecimento, em Lisboa, escreveu em ingls, aquelas que seriam as suas ltimas palavras, com a seguinte frase:

  • Os Heternimos de PessoaAtravs dos seus heternimos, Pessoa ortnimo questiona o conceito metafsico da tradio romntica da unidade do sujeito e da sinceridade da expresso da sua emotividade, atravs da linguagem. Em cada heternimo, Fernando Pessoa d a conhecer vrias emoes e perspetivas sobre os sentimentos, emoes e desejos, e a espcie da representao irnica da sua inteligncia.- Concebidos como individualidades distintas do autor, este criou-lhes uma biografia e at um horscopo prprio.- Em 1914 surgem os seus trs principais heternimos: Alberto Caeiro, Ricardo Reis e lvaro de Campos.

  • lvaro de Campos Era um engenheiro de educao inglesa e origem portuguesa, mas sempre com a sensao de ser um estrangeiro em qualquer parte do mundo. Manifestao mais MODERNA da obra de Fernando Pessoa = FUTURISTA.Entre todos os heternimos, Campos foi o nico a manifestar fases poticas diferentes ao longo de sua obra. Liberdade total nos versos. Decadentista e pessimista.

  • lvaro de Campos, o poeta das sensaes do homem moderno A sua poesia marcada pela inquietao do sculo XX. Personalidade citadina, que louva o movimento e as mquinas.

    Tomado pela emoo da existncia, tem a conscincia da vida, do progresso, da era das mquinas, do barulho, da eletricidade e da velocidade.

    Mas triste, devastadoramente triste.

    Os seus poemas mais conhecidos so Ode Triunfal, Tabacaria e Poema em Linha Reta.

  • Ricardo ReisRicardo Reis descrito como sendo um mdico que se definia como latinista e monrquico. De certa maneira, simboliza a herana clssica na literatura ocidental, expressa na simetria, harmonia, um certo bucolismo, com elementos epicuristas e estoicos. O fim inexorvel de todos os seres vivos uma constante em sua obra, clssica e disciplinada.

  • Ricardo Reis, o poeta neoclssico- Helenista e, portanto, cultivador de caractersticas estruturais e de temas clssicos, Ricardo Reis tem sua poesia marcada pelo carpe diem horaciano, ou seja, em suas odes, aparecer o lema gozar a brevidade da vida, o momento, aproveitar cada segundo, gozar o dia, desfrutar o que se possa obter do momento em que se vive.

  • Alberto Caeiro Caeiro tinha uma viso instintiva e ingnua da natureza, procurando assim viver a exterioridade das sensaes e recusando a metafsica. Foi o nico a no escrever em prosa. Alegava que somente a poesia seria capaz de dar conta da realidade.

  • Alberto Caeiro, o poeta pastor (O mestre)Fernando Pessoa chamava-o de Meu Mestre Caeiro, o mais importante de seus heternimos. Era um homem do campo, simples. No entanto, um ser especulativo, inquiridor do mundo. Os seus poemas mais importantes esto reunidos sob o ttulo O Guardador de Rebanhos e Poemas Completos de Caeiro.Pantesta (crena que identifica o universo com Deus).Linguagem simples, vocabulrio limitado, versos livres e brancos (com mtrica e sem rima).Realidade captada pelas sensaes = sensacionismo.

  • - De entre outros, de menor importncia, destaca-se ainda o semi-heternimo Bernardo Soares, ajudante de guarda-livros que sempre viveu sozinho em Lisboa e revela, no seu Livro do Desassossego, uma lucidez extrema na anlise e na capacidade de explorao da alma humana.

  • Parte 2 Anlise do poema: Gato que brincas na rua

    Gato que brincas na ruaComo se fosse na cama,Invejo a sorte que tuaPorque nem sorte se chama.

    Bom servo das leis fataisQue regem pedras e gentes,Que tens instintos geraisE sentes s o que sentes.

    s feliz porque s assim,Todo o nada que s teu.Eu vejo-me e estou sem mim,Conheo-me e no sou eu.

    1 Momento 2 Momento

  • Gato que brincas na ruaComo se fosse na cama,Invejo a sorte que tuaPorque nem sorte se chama.

    Anlise da 1 estrofe Temticas: Oposio consciente/inconsciente: Invejo a sorte que tua Nostalgia da infncia: Gato que brincas na rua/Como se fosse na cama Aspetos lingusticos: -Predominncia de verbos no presente do indicativo, o que traduz a factualidade apresentada Recursos estilsticos: Aliterao: q/c que/brincas/como/cama/porque, o que confere uma leve musicalidade ao poema. Comparao: Gato que brincas na rua/Como na cama que tua,traduz a despreocupao do gato por se tratar de um animal irracional.

  • Bom servo das leis fataisQue regem pedras e gentes,Que tens instintos geraisE sentes s o que sentes.

    Anlise da 2 estrofe Temticas: Intelectualizao de sentimentos: e sentes s o que sentes Oposio consciente/inconsciente: Que tens instintos gerais/E sentes s o que sentes

    Aspetos lingusticos: Abundncia de adjectivos (bom, fatais, gerais) Verbos no presente do indicativo, o que traduz a factualidade apresentada Recursos estilsticos:Metfora: Bom servo das leis fatais, remete para a inconscincia do gato e a aceitao calma do destinoAnfora: Que regem/Que tens instintos Repetio: S sentes o que sentesAliterao: leis fatais/ pedras e gentes

  • s feliz porque s assim,Todo o nada que s teu.Eu vejo-me e estou sem mim,Conheo-me e no sou eu.

    Anlise da 3 estrofe Temticas: Incapacidade de autodefinio:Eu vejo-me e estou sem mim/Conheo-me e no sou eu Fragmentao do eu: Eu vejo-me e estou sem mim/Conheo-me e no sou eu Aspetos lingusticos: Abundncia de verbos Vocabulrio disfrico: nada; no; sem

    Recursos estilsticos:Aliterao: s feliz porque s assimAssonncia e Oxmoro: Todo o nada que s teuParadoxo: Eu vejo-me e estou sem mim, / Conheo-me e no sou eu., sugere a procura do autoconhecimento, a racionalizao e a estranheza face a si mesmo.

  • .

    Gato que brincas na ruaComo se fosse na cama,Invejo a sorte que tuaPorque nem sorte se chama.

    Bom servo das leis fataisQue regem pedras e gentes,Que tens instintos geraisE sentes s o que sentes.

    s feliz porque s assim,Todo o nada que s teu.Eu vejo-me e estou sem mim,Conheo-me e no sou eu.

  • Gato que brincas na ruaComo se fosse na cama,Invejo a sorte que tuaPorque nem sorte se chama.

    Bom servo das leis fataisQue regem pedras e gentes,Que tens instintos geraisE sentes s o que sentes.

    s feliz porque s assim,Todo o nada que s teu.Eu vejo-me e estou sem mim,Conheo-me e no sou eu.

  • O tema do poema a dor de pensar, motivada pela intelectualizao do sentir, do qual decorrem outras temticas: a felicidade de no pensar;

    o isolamento do eu face s pedras e gentes;

    a inveja sentida pelo sujeito potico relativamente inconscincia do animal;

    o desconhecimento, a sensao de estranheza do eu em relao a si.

  • O poema abre com a apresentao de um gato que o sujeito potico observa a brincar na rua como se fosse na cama (comparao).

    Esta circunstncia coloca-nos perante um animal feliz (porque est a brincar) e ao mesmo tempotranquilo, despreocupado, indiferente e inconsciente do perigo (novamente acomparaocomo se brincasse na cama) por ser irracional, no pensar.

    Por outro lado, sugere-se que o gato age no exterior e no contacto com os outros (na rua - v. 1) com a mesma naturalidade com que brinca na cama, na sua intimidade.

    Assim, o sujeito potico sugere que o gato no age segundo quaisquer convenes, antes vive apenas de acordo com a sua vontade e os seusinstintos prprios de animal irracional.

  • Alm disso, tem sorte, a sorte de ser inconsciente dos perigos, de ser irracional e no pensar, por isso cumpre o seu destino sem se lhe opor minimamente, no o questionando (v. 5).

    Como no pensa, o nada, mas -o plenamente e feliz, porque no se conhece, regendo-se pelos seus instintos gerais.

    Ao contrrio do que sucede com o sujeito potico, no gato predomina o sentir sobre o pensar: o animal no tem conscincia do que sente, limita-se a sentir (v. 8).

    Em suma, feliz porque [] assim, isto , irracional, inconsciente, porque age por instintos. O gato aceita calmamente o destino (v. 5), age apenas por instintos gerais (v. 7), isto , comandado apenas pelos sentidos (v. 8), assim conseguindo ser feliz (v. 9).

  • O sujeito potico no esconde a sua admirao e inveja pela sorte do gato: de ser inconsciente e poder brincar sem pensar em nada. Inveja o gato pela felicidade simples, pela vivncia plena das coisas sem pensar. Inveja a sorte do gato que, na realidade, nem sorte se chama, isto , no se trata de sorte, porque so as leis da natureza fazem o felino ser inconsciente feliz. Pelo contrrio, o poeta tem a conscincia plena de que infeliz, poispensa, ao contrrio do animal, da que revela tambmtristezaedesolaopor no conseguir abolir o pensamento e, dessa forma, ser igualmente feliz. Ele um ser dominado pela racionalizao, busca o autoconhecimento, transforma as sensaes em pensamentos, da a sensao de estranheza face asi mesmo.

  • Em suma, pode-se afirmar que o sujeito potico inveja o gato por trs razes:1.)Tem"instintos gerais"e sente s o que sente, ou seja, no pensa sobre o que est a sentir, limita-se a sentir;

    2.)"um bom servo das leis fatais", isto , no tenta contrariar as etapas inevitveis da existncia: nascimento, crescimento e morte;

    3.)"Todo o nada que s teu", ou seja, ao contrrio do sujeito potico, o gato no pensa, no se questiona . Assim, esta dor de pensar que o tortura leva-oa desejar ser inconsciente como o gato, que no pensa.

  • Parte 3 Relao entre este e outros poemasA tendncia excessiva para a intelectualidade e consequentemente para a abstraco leva Pesssoa ortnimo a ser incapaz de sentir e, por isso mesmo, a desejar ser inconsciente para poder atingir uma felicidade cada vez mais utpica e inatingvel. Esta dor de pensar, presente ao longo de todo o poema analisado, um tema recorrente na poesia de Fernando Pessoa e presente em outros poemas, tais como:Ela canta, pobre ceifeira - o poeta inveja a ingenuidade da ceifeira que, sendo infeliz, no tem disso conscincia e, paradoxalmente, feliz. Tabacaria - o sujeito potico retrata a simplicidade da felicidade atravs de uma menina comendo chocolates abstrada de tudo o resto (alegre inconscincia).Liberdade mantm o tpico temtico A dor de pensarAutopsicografia ...

  • ConclusoFernando pessoa, como qualquer gnio, foi incompreendido pela sociedade da sua poca. S depois da sua obra ter sido analisada por pensadores sbios, os seus textos foram compreendidos e o seu gnio reconhecido. O gato que brinca na rua a mais pura ideia de liberdade, na medida em que o gato no tem conscincia que livre, nem de que est a brincar.Esta era uma das lutas de Pessoa, sentir sem estar a pensar no que se sente, sentir sem pensar que se est a sentir o que quer que seja.

  • Webliografia https://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_Pessoa http://www.slideshare.net/guest029d56/biografia-de-fernando-pessoa http://www.truca.pt/ouro/biografias1/fernando_pessoa.html http://pensador.uol.com.br/autor/fernando_pessoa/biografia/http://www.trabalhosfeitos.com/ensaios/Orienta%C3%A7%C3%A3o-Para-An%C3%A1lise-Do-Poema-''Gato/102710.html http://storamjoao.blogspot.pt/2009/02/analise-de-poemas-fernando-pessoa.html http://faltacumprirportugal.blogs.sapo.pt/39932.html http://portugues-fcr.blogspot.pt/2010/10/gato-que-brincas-na-rua.html http://verclaroportugues.blogspot.pt/2012/10/uma-leitura-do-poema-gato-que-brincas.html http://blogdetuga.blogs.sapo.pt/580.html http://mym-pt.blogspot.pt/2011/10/fernando-pessoa-dor-de-pensar.htmlhttp://www.notapositiva.com/trab_estudantes/trab_estudantes/portugues/12portofolio1/12portofolio1i.htm#vermais http://eufernandopessoa.blogspot.pt/2011/10/gato-que-brincas-na-rua.html

    **