trabalho em equipa em intervenção precoce

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Práticas Recomendadas em Intervenção precoce: O Trabalho em Equipa. Em Portugal defende-se, cada vez mais, a existência de práticas de Intervenção precoce cuja organização da intervenção assente em equipas, favorecendo-se a criação de sinergias, de forma a prestar um serviço o mais eficaz e eficiente possível. Assim, será de todo o interesse que a intervenção precoce seja dinamizada a nível nacional, regional e local, de forma a facilitar o aparecimento de equipas constituídas por profissionais com formação diferenciada e envolvidos, enquanto grupo, em todo o processo de intervenção (Ruivo & Almeida, 2002). Este pressuposto decorre do facto da intervenção baseada num trabalho em equipa ser, a nível internacional, uma das práticas recomendas no âmbito da Intervenção Precoce. As actuais filosofias e práticas recomendadas, vão no sentido de operacionalizar um modelo de equipas nas quais os diversos profissionais e famílias cooperam entre si. No entanto, a abordagem da equipa no desenvolvimento de determinadas tarefas, não é exclusivo da Intervenção Precoce. Esta forma de intervenção decorre de um modelo organizacional que se centra na gestão das interacções humanas. Um modelo que enfatiza a importância do grupo e da interacção dos seus membros para, entre si, construírem relações e estratégias de trabalho. Weston, Ivins; Heffron e Sweet (1997) referem-se a

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Práticas Recomendadas em Intervenção precoce:

O Trabalho em Equipa.

Em Portugal defende-se, cada vez mais, a existência de práticas de

Intervenção precoce cuja organização da intervenção assente em equipas,

favorecendo-se a criação de sinergias, de forma a prestar um serviço o mais

eficaz e eficiente possível. Assim, será de todo o interesse que a

intervenção precoce seja dinamizada a nível nacional, regional e local, de

forma a facilitar o aparecimento de equipas constituídas por profissionais

com formação diferenciada e envolvidos, enquanto grupo, em todo o

processo de intervenção (Ruivo & Almeida, 2002).

Este pressuposto decorre do facto da intervenção baseada num

trabalho em equipa ser, a nível internacional, uma das práticas recomendas

no âmbito da Intervenção Precoce. As actuais filosofias e práticas

recomendadas, vão no sentido de operacionalizar um modelo de equipas

nas quais os diversos profissionais e famílias cooperam entre si. No

entanto, a abordagem da equipa no desenvolvimento de determinadas

tarefas, não é exclusivo da Intervenção Precoce. Esta forma de intervenção

decorre de um modelo organizacional que se centra na gestão das

interacções humanas. Um modelo que enfatiza a importância do grupo e da

interacção dos seus membros para, entre si, construírem relações e

estratégias de trabalho. Weston, Ivins; Heffron e Sweet (1997) referem-se a

este enfoque nas relações entre diversos profissionais, serviços e famílias,

numa perspectiva colaborativa, como um novo construto organizacional no

âmbito da Intervenção Precoce que denominam de abordagem centrada

nas relações . Uma colaboração que implica a partilha de objectivos,

comunicação aberta e efectiva e a vontade crescente de discutir e resolver

problemas como uma verdadeira equipa (Sandall; McLean; Santos &

Sdmith, 2002).

Segundo Kilgo e Bruder (1997) actualmente existe consenso sobre

necessidade de uma reforma que se centre, sobretudo, na substituição de

uma intervenção unidisciplinar por uma intervenção em modelos

interdisciplinares inovativos. Deste modo, pretende-se alterar uma prática

pela qual cada grupo profissional e/ou cada serviço específico tem uma

acção isolada, desenvolvida à imagem de olhares particulares . Na

perspectiva de McWilliam (2002) as equipas de Intervenção Precoce

devem: i) tomar decisões e trabalhar em conjunto, incluindo as famílias

tendo em conta diversos níveis de intervenção, ii) fomentar a interacção e

partilha de informação entre os vários profissionais de modo a diluírem-

se as fronteiras disciplinares, possibilitando-se que cada profissional

integre competências de outros, iii) intervir tendo-se em conta as

necessidades e as forças de cada criança e família e iv) proceder a

intervenções integradas nas rotinas diárias da criança e da família

valorizando-se os contextos naturais.

Deste modo, o trabalho em equipa, no âmbito da Intervenção

Precoce, traduz-se num impacto positivo seja no que diz respeito: i) à

criança e respectiva família, ii) aos diversos profissionais da equipa, iii) aos

diversos serviços implicados e iv) à comunidade no geral. O

desenvolvimento de uma intervenção baseada em equipas pluridisciplinares

cria sinergias entre os vários profissionais e pode mudar e fortalecer todos

os serviços implicados bem como agilizar as redes (in)formais de suporte

individual e colectivo de determinada comunidade. Desta forma, pretende-

se que o sucesso dos referidos sistemas de suporte dependa da capacidade

de trabalhar e fomentar uma intervenção em conjunto (Gallagher;

LaMontagne & Johnson, 1998). Os serviços que encorajam e apoiam

intervenções eminentemente colaborativas facilitam o aparecimento de

abordagens organizadas e coordenadas em equipas de intervenção local que

possibilitarão: i) a atenuação da competição entre serviços e entre

profissionais individualmente e ii) o reforço de interacções cooperativas, de

apoio mútuo e complementares (Dias, 2003). Nesta perspectiva, compete a

cada serviço: i) estabelecer a necessária flexibilidade de modo a responder,

diferenciadamente às necessidades de cada uma das equipas e ii)

responsabilizar-se pelo eficaz desempenho da tarefa, através da partilha de

informação. Uma partilha que possibilite responder a questões ao nível dos

recursos materiais e humanos adequados. As equipas locais e regionais

devem, ainda, assumir um acompanhamento facilitando os processos de

monitorização, a motivação e a responsabilização efectiva de todos os

agentes implicados (Dias, 2003).

No entanto, o trabalho em equipa de índole colaborativa, tal como é

referido no Despacho Conjunto 891/99 apresenta-se difícil e complexo.

Para que exista sucesso requer-se um esforço contínuo a vários níveis de

responsabilidade. Os diversos parceiros/serviços, tanto a nível nacional,

como regional e local, devem estabelecer compromissos, a longo prazo,

baseados na realidade diversificada que caracteriza o nosso país. Não é

suficiente conceptualizar uma matriz organizacional baseada e dependente

da interacção colaborativa que funcione, indiferenciadamente, a nível

nacional, no pressuposto de que as atitudes colaborativas apropriadas irão

emergir naturalmente. Assumidos estes aspectos, estamos convictos que o

trabalho baseado em equipas, compostas por técnicos diversificados são, no

âmbito da Intervenção Precoce, a forma que garante maior qualidade e

eficácia à intervenção.

Encontro Educação para a Inclusão: Tempos de Reflexão

Albufeira, 23 de Maio

Joaquim Colôa

[email protected]

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