trabalho dissertativo de direito ao esquecimento

29
I UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA UNOESC CURSO DE DIREITO BRUNO LAUAR SCOFIELD DANIEL FELIPE CLEN JEAN CARLOS SIGNOR Direito ao esquecimento e o direito à memória: proteção à intimidade e à imagem e o direito a informação Maravilha SC 2014

Upload: bruno-lauar-scofield

Post on 20-Dec-2015

218 views

Category:

Documents


1 download

DESCRIPTION

Trabalho Dissertativo de Direito Ao Esquecimento

TRANSCRIPT

I

UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA – UNOESC

CURSO DE DIREITO

BRUNO LAUAR SCOFIELD

DANIEL FELIPE CLEN

JEAN CARLOS SIGNOR

Direito ao esquecimento e o direito à memória: proteção à intimidade e à

imagem e o direito a informação

Maravilha – SC

2014

II

BRUNO LAUAR SCOFIELD

DANIEL FELIPE CLEN

JEAN CARLOS SIGNOR

Direito ao esquecimento e o direito à memória: proteção à intimidade e à

imagem e o direito a informação

Trabalho acadêmico apresentado à

disciplina de Direito Civil I da Universidade

do Oeste de Santa Catarina (UNOESC) como

requisito para obtenção de conhecimento na

referida disciplina.

Orientadora: Mixilini Chemim Pires

Maravilha – SC

2014

III

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 04

1. DIREITO AO ESQUECIMENTO.................................................................................... 05

2. DIREITO À MEMÓRIA................................................................................................... 06

3. DIREITO AO ESQUECIMENTO VS. DIREITO À MEMÓRIA.................................... 08

CONCLUSÃO....................................................................................................................... 10

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................. 11

ANEXO 1 e 2........................................................................................................................ 13

ANEXO 3 e 4........................................................................................................................ 14

ANEXO 5 e 6........................................................................................................................ 15

ANEXO 7 e 8........................................................................................................................ 16

ANEXO 9 e 10...................................................................................................................... 17

ANEXO 11 e 12.................................................................................................................... 18

ANEXO 13 e 14.................................................................................................................... 19

ANEXO 15 e 16.................................................................................................................... 20

ANEXO 17 e 18.................................................................................................................... 21

ANEXO 19 e 20.................................................................................................................... 22

ANEXO 21 e 22.................................................................................................................... 23

ANEXO 23 e 24.................................................................................................................... 24

ANEXO 25 e 26.................................................................................................................... 25

ANEXO 27 e 28.................................................................................................................... 26

ANEXO 29 e 30.................................................................................................................... 27

ANEXO 31 e 32.................................................................................................................... 28

ANEXO 33............................................................................................................................ 29

IV

INTRODUÇÃO

Neste trabalho dissertaremos sobre temas atuais como o direito à memória e o direito

ao esquecimento, fazendo um análise dos casos recentes e com um olhar para o futuro.

O direito ao esquecimento é o direito que o indivíduo possui de olvidar, ou seja,

apagar da lembrança; apagar da memória.

O direito à memória pode ser compreendido como o direito de um povo ou indivíduo

de lembrar e/ou obter conhecimento de fatos sejam conhecidos ou não relativos a história, que

pode ser local ou universal.

Pontuamos algumas ideias centrais e avaliando os casos e a leis vigentes concluímos

com o que entendemos ser o correto no casos futuros.

V

1. DIREITO AO ESQUECIMENTO

O direito ao esquecimento é o direito que o indivíduo possui de olvidar, ou seja,

apagar da lembrança; apagar da memória, fatos que mesmo verídicos, foram perpetrados em

determinada fase da vida e que ao serem expostos publicamente voltem a lhe causar dor ou

transtornos e perturbações suscetíveis de irreparação.

O "direito ao esquecimento" foi aprovado na VI Jornada de Direito Civil da CJB -

Conselho da Justiça Federal - pelo enunciado 531.

"ENUNCIADO 531 – A tutela da dignidade da pessoa humana na sociedade da

informação inclui o direito ao esquecimento.

Artigo: 11 do Código Civil

Justificativa: Os danos provocados pelas novas tecnologias de informação vêm-se

acumulando nos dias atuais. O direito ao esquecimento tem sua origem histórica no

acumulando nos dias atuais. O direito ao esquecimento tem sua origem histórica no

detento à ressocialização. Não atribui a ninguém o direito de apagar fatos ou

reescrever a própria história, mas apenas assegura a possibilidade de discutir o uso

que é dado aos fatos pretéritos, mais especificamente o modo e a finalidade com que

são lembrados."

Art. 11, CC/02 - Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da

personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício

sofrer limitação voluntária.

Como o assunto tratado é novo no Brasil, os tribunais brasileiros recorrem a

jurisprudências de tribunais estrangeiros como os casos Irniger (Paul Irniger) e Lebach

(Lebach-Urteil) como orientações para a tomada de decisões.

VI

2. DIREITO À MEMÓRIA

O direito à memória pode ser compreendido como o direito de um povo ou indivíduo

de lembrar e/ou obter conhecimento de fatos sejam conhecidos ou não relativos a história, que

pode ser local ou universal.

A "modernidade" transformou o homem em um ser apático e sem memória ou com

esta reduzida; desproveu-o, inclusive, da capacidade de ter uma preocupação com ela. Essa

modernização cada vez mais exacerbada do capitalismo provoca aniquilamento de valores

concretos.

Seu prejuízo, segundo Hannah Arendt, se dá pelo esquecimento, talvez por um lapso

que acomete as pessoas. De acordo com essa autora, "...a memória (...) é impotente fora de

um quadro de referências preestabelecido, e somente em raríssimas ocasiões a mente

humana é capaz de reter algo inteiramente desconexo (...)". Sem a memória o indivíduo

não tem identidade. A preservação da memória é condição cogente para a essência da

continuidade histórica de um povo.

Porém é importante notar que a lembrança envolve aspectos subjetivos dos

relacionamentos de um indivíduo com a sociedade, família e amigos. Na maior parte das

vezes lembrar não é somente reviver mas, especialmente, refazer, restaurar, repensar com

imagens e reproduções de hoje as experiências vivenciadas no passado.

A memória é direito de um povo, porém, esse direito deverá ser exercido com cautela,

evitando o desprazer de trazer a tona lembranças indesejáveis a uma sociedade e sobretudo

àqueles indivíduos diretamente ligados ao(s) acontecimento(s) em questão como

acertadamente a 4ª turma do STJ reconheceu a o direito de indenização em favor de Jurandir

Gomes da França, pautados em artigos como o art. 93 do CP, 748 do CPP e 202 da Lei de

Execução Penal (Lei 7.210/84) no caso da "Chacina da Candelária".

Art. 93 - A reabilitação alcança quaisquer penas aplicadas em sentença definitiva,

assegurando ao condenado o sigilo dos registros sobre o seu processo e condenação.

Art. 748 - A condenação ou condenações anteriores não serão mencionadas na folha

de antecedentes do reabilitado, nem em certidão extraída dos livros do juízo, salvo

quando requisitadas por juiz criminal.

Art. 202. Cumprida ou extinta a pena, não constarão da folha corrida, atestados ou

certidões fornecidas por autoridade policial ou por auxiliares da Justiça, qualquer

VII

notícia ou referência à condenação, salvo para instruir processo pela prática de nova

infração penal ou outros casos expressos em lei.

Não é possível lembrar sem conhecer. Não é possível esquecer sem ter a lembrança.

VIII

3. DIREITO AO ESQUECIMENTO VS. DIREITO À MEMÓRIA

Analisados os pontos de vista de ambos os direitos, entendemos que o direito à

memória é vital para um povo, sendo que na prevalência da memória estão os fatos históricos

que irão nortear nossas atuais e futuras noções de bem e mal, certo ou errado. A manutenção

da história de um povo faz com que as gerações futuras não se tornem reféns desse "moderno"

método de disseminação que pouco está pautado em transmitir a veracidade dos fatos e

somente os fatos, tendo como base a compreensão de um único indivíduo que minimamente

ou nada se aprofunda no caso.

Entendemos que existam algumas ponderações a serem feitas acerca dos assuntos

abordados. Ao esquecimento analisaremos os anseios das partes envolvidas e à memória

compreendemos que deve ser analisado duas questões, sendo elas a memória relevante e a

memória irrelevante em termos históricos.

O que realmente importa para que haja relevância à sociedade e qual sua influência

para a coletivo?

Se o episódio foi atentado por um indivíduo comum, ao qual os fatos não possuíram

significante repercussão não há de se falar em memória histórica, visto que o fato se

assemelha a tantos outros corriqueiros. Entende-se que deva haver uma abordagem de tais

questões de modo particular, cada caso como um caso totalmente singular e independente do

outro.

Inicialmente, tratando-se dos "atos comuns", triviais, onde não há o abalo social,

observa-se o seguinte exemplo: Um cidadão (aqui abordado, hipoteticamente, como João)

alcoólatra, invisível para a sociedade e dotado de uma vida pacata. Qual interesse haveria,

histórica e relevantemente falando, para a vida de João ser biografada, tornada de

conhecimento público? Agora, num segundo cenário. Manuel Francisco dos Santos, ou como

é conhecido pelos brasileiros, "Mané Garrincha", herói da Copa do Mundo de 1958, e em

1962, quando substituiu Pelé, tornou-se o principal jogador da seleção, possuindo atualmente

diversos filmes e documentários a seu repeito, tendo sua vida pautada no reconhecimento de

seu talento como jogador, e, como João, alcoólatra. Seria Garrincha tratado de forma desigual

IX

de João, ou seja, sua vida deveria ser contada através de biografia? Ser eternizado não só

pelos dotes futebolísticos, mas também pelos detalhes de sua vida cotidiana? Sim!

Tratamos agora de outra situação, "o crime". Entendendo como crime, os crimes

contra a pessoa, a administração pública, dignidade sexual, econômicos, dentre outros. Este,

dependendo de quem o pratica e/ou a forma que pratica, merece maior atenção, quando se

tratar de fato com alta relevância histórica, social e cultural e devem sim serem retratados para

a sociedade, porém, sempre zelando em alguns aspectos, como por exemplo, se foram

elucidados e minudenciados de forma neutra, a partir de um ponto de vista jornalístico

imparcial, que deve apenas narrar o fato como ele ocorreu, não se atendo de pontos de vista e

opiniões pessoais.

Cabe lembrar, que ao apenado concerne o poder de exercer o seu direito ao

esquecimento. Entendemos que esse direito é pressuposto após cumprida a pena, não sendo

necessário requerer judicialmente. Porém, como o direito ao esquecimento vai de encontro ao

direito à memória, caberá ao juiz decidir no caso concreto qual a melhor solução, levando em

apreciação os seguintes fatores: a publicidade dos fatos, após cumprida a pena, seria benéfica

a ressocialização do indivíduo? Partindo dessa compreensão, e fazendo uma analogia ao art.

5º, XLVII, d, da CF/88, não seria uma afronta a uma garantia fundamental do ser humano à

divulgação da imagem do indivíduo e do crime praticado, após o mesmo já ter cumprido a sua

pena, visto que ele sofreria um "banimento social", impedindo assim quaisquer forma de

integração do indivíduo no meio social?

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,

garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade

do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos

seguintes: XLVII - não haverá penas: d) de banimento;

Fica assim a lembrança do crime apenas em se tratando de aplicação da pena, ou seja,

caso de reincidência delitiva.

Mas há de se considerar também o sentimento das famílias, de quaisquer sejam as

partes envolvidas, visto que esses também sofrem pela lembrança do ocorrido, cabendo assim

o direito ao esquecimento não só das partes diretamente envolvidas, mas também àqueles

mais próximos destes.

X

CONCLUSÃO

Após pensarmos nas possibilidades e analisarmos alguns casos como a da Chacina da

Candelária, o caso Aída Cury, Daniela Peres, a Chacina do Carandiru, o Maníaco do Parque,

o caso do Ônibus 174 e tantos outros, chegamos a conclusão de que o ponto de convergência

entre o direito à memória e o direito ao esquecimento seria melhor definido pelo poder

executivo.

Cada caso possui aspectos e diferentes nuances do outro. Não haveria como

determinar em lei um postura taxativa.

O art 5º, IX, da CF/88 admitiu a liberdade de expressão já o mesmo artigo em seu

inciso consecutivo acolheu a inviolabilidade da vida íntima e privada.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,

garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade

do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos

seguintes: IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de

comunicação, independentemente de censura ou licença; X - são invioláveis a

intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a

indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

Então, qual seria a adequada medida entre os temas aqui expostos? Entendemos que

não há necessidade de alterações na lei no sentido de definir com exatidão o que é o direito à

memória e ao esquecimento, até mesmo pois, cremos ser esta uma matéria que não havia

consenso tanto no meio jurídico quanto na sociedade, mas sim propor punições àqueles que

de forma ofensiva macularem a imagem do indivíduo ou de sua família, deixando a cargo do

poder executivo a aplicação desta sansão de acordo com cada caso apresentado como foi nos

casos Aida Cury (Aida Cury ) e Jurandir Gomes da França (Chacina da Candelária).

XI

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARENDT, Hannah. Entre o passado e o futuro. São Paulo: Perspectiva, 1972.

BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>, Acesso em: 28/05/2014.

BRASIL, Lei nº 2.848 de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal. Disponível em: <

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm>, Acesso em: 27/05/2014.

BRASIL, Lei nº 3.698 de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal. Disponível

em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm>, Acesso em: 27/05/2014.

BRASIL, Lei nº 10.406 de 10 de janeiro de 2002 - Institui o Código Civil. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>, Acesso em: 28/05/2014.

BRASIL, Lei nº 7.210 de 11 de julho de 1984 - Institui a Lei de Execução Penal.

Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7210.htm>, Acesso em:

27/05/2014.

BRASIL. Supremo Tribunal de Justiça. Recurso Especial n. 1.334.097-RJ (2012/0144910-

7). Recorrente: Globo Comunicações e Participações S.A. Recorrido: Jurandir Gomes de

França. Relator: Ministro Luis Felipe Salomão. Disponível em:

<http://s.conjur.com.br/dl/direito-esquecimento-acordao-stj.pdf>. Acesso em: 28/05/2014.

BRASIL. Supremo Tribunal de Justiça. Recurso Especial n. 1.335.153-RJ (2011/0057428-

0). Recorrente: Nelson Curi e Outros. Recorrido: Globo Comunicação e Participações S.A.

Relator: Ministro Luis Felipe Salomão. Disponível em: <http://s.conjur.com.br/dl/direito-

esquecimento-acordao-stj-aida.pdf>. Acesso em: 28/05/2014.

XII

CANÁRIO, Pedro. Direito ao esquecimento: enunciado do CJF põe em risco registros

históricos. Revista consultor jurídico. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2013-abr-

25/direito-esquecimento-poe-risco-arquivo-historico-dizem-especialistas>. Acesso em:

28/05/2014.

CONSELHO DA JUSTIÇA FEDERAL, Enunciados aprovados na VI Jornada de Direito

Civil. Disponível: < http://www.cjf.jus.br/cjf/CEJ-Coedi/jornadas-cej/vijornada.pdf>,

Acessado em 27/05/2014.

NOTÍCIAS STF, Biografias não autorizadas: ministra convoca audiência pública sobre o

tema. Disponível em:

<http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=250851>. Acesso em

28/05/2014

TERRA. Disponível em: <http://www.terra.com.br/noticias/infograficos/30-crimes-que-

abalaram-o-brasil/>Acesso em 29/05/2014.

XIII

ANEXO 1

ANEXO 2

XIV

ANEXO 3

ANEXO 4

XV

ANEXO 5

ANEXO 6

XVI

ANEXO 7

ANEXO 8

XVII

ANEXO 9

ANEXO 10

XVIII

ANEXO 11

ANEXO 12

XIX

ANEXO 13

ANEXO 14

XX

ANEXO 15

ANEXO 16

XXI

ANEXO 17

ANEXO 18

XXII

ANEXO 19

ANEXO 20

XXIII

ANEXO 21

ANEXO 22

XXIV

ANEXO 23

ANEXO 24

XXV

ANEXO 25

ANEXO 26

XXVI

ANEXO 27

ANEXO 28

XXVII

ANEXO 29

ANEXO 30

XXVIII

ANEXO 31

ANEXO 32

XXIX

ANEXO 33