trabalho de soteriologia - completo

16
2 Índice Índice........................................................................................................................... 2 Introdução ................................................................................................................... 3 Capítulo 1 - O alcance da obra salvífica de Cristo ...................................................... 4 Capítulo 2 - O Determinismo e o Livre-arbítrio ............................................................ 7 1 - O Determinismo.................................................................................................. 7 1.2 - O lado oposto da salvação é a reprovação .................................................. 8 2 - O Livre-Arbítrio ou Arminianismo ........................................................................ 8 Capítulo 3 - A salvação do homem .......................................................................... 10 3.1 - O Arminianismo crê que a salvação é oferecida a todos os homens. ........... 10 3.2 - A salvação sob o ponto de vista arminianista é condicional .......................... 11 3.3 - A parábola da grande ceia............................................................................. 14 Conclusão ................................................................................................................. 16 Bibliografia................................................................................................................. 17

Upload: eduardo-silva

Post on 13-Nov-2015

73 views

Category:

Documents


5 download

DESCRIPTION

Soter

TRANSCRIPT

  • 2

    ndice ndice ........................................................................................................................... 2 Introduo ................................................................................................................... 3 Captulo 1 - O alcance da obra salvfica de Cristo ...................................................... 4 Captulo 2 - O Determinismo e o Livre-arbtrio ............................................................ 7

    1 - O Determinismo .................................................................................................. 7 1.2 - O lado oposto da salvao a reprovao .................................................. 8

    2 - O Livre-Arbtrio ou Arminianismo ........................................................................ 8 Captulo 3 - A salvao do homem .......................................................................... 10

    3.1 - O Arminianismo cr que a salvao oferecida a todos os homens. ........... 10 3.2 - A salvao sob o ponto de vista arminianista condicional .......................... 11 3.3 - A parbola da grande ceia ............................................................................. 14

    Concluso ................................................................................................................. 16 Bibliografia................................................................................................................. 17

  • 3

    Introduo

    A palavra salvao no seu sentido literal, provm da expresso latina

    salvare, que pode se referir a qualquer tipo de salvamento ou livramento.

    A palavra grega para indicar salvao soteria, que envolve a idia de cura,

    recuperao, salvamento, redeno e livramento.

    Da unio das palavras soteria e logia (estudo), temos um ramo da teologia

    sistemtica, denominado Doutrina da Salvao, que composta por oitos elos,

    sendo eles: f, arrependimento, converso, regenerao, adoo, justificao,

    santificao e glorificao.

    Quando se fala de f, neste contexto, refere-se f na morte de Jesus Cristo,

    como expiao dos nossos pecados, e tambm a sua ressurreio.

    Existem alguns grupos de pessoas (universalistas absolutos), que acreditam

    que o carter dessa expiao universal, ou seja, todos os homens, incluindo anjos

    cados e at o prprio satans, podero usufruir da Graa de Deus, e serem salvos.

    J um segundo grupo, acredita que Deus, desde a fundao do mundo, j

    predestinou queles que sero salvos, pela morte vicria de Jesus Cristo, ou seja,

    de antemo j determinou as pessoas beneficiadas com a expiao, e os homens

    que no seriam beneficiados (mesmo querendo ser). Este ensinamento foi criado

    por Agostinho, porm oficializado pelo Telogo Joo Calvino por isso recebendo o

    nome de Calvinismo. Neste tipo de teoria, os eleitos consideram-se exclusivos para

    Deus, e a possibilidade de se perder a salvao no existe.

    J um terceiro grupo, adeptos ao ensino do telogo Jacob Armnio, acredita

    que Cristo morreu por todos queles que crem, e que a salvao um ato bilateral,

    ou seja, depende da vontade de Deus (em salvar), mas tambm a do homem (de ser

    salvo), onde esta salvao poder inclusive ser perdida, caso o homem no ande

    em santidade.

    Apesar de a bblia conter versculos que apiem tanto o calvinismo como o

    arminianismo, este trabalho citar resumidamente o calvinismo, dando maior

    ateno salvao sob um ponto de vista arminianista.

  • 4

    Captulo 1 - O alcance da obra salvfica de Cristo

    H entre os cristos uma diferena significativa de opinies quanto

    extenso da obra salvfica de Cristo. Por quem Ele morreu? Os evanglicos, de

    modo global, rejeitam a doutrina do universalismo absoluto (isto , o amor divino no

    permitir que nenhum ser humano ou mesmo o diabo e anjos cados permaneam

    eternamente separados dEle. O universalismo postula que a obra salvfica de Cristo

    abrange todas as pessoas, sem exceo. Alm dos textos bblicos que demonstram

    a natureza ser a natureza de Deus de amor e de misericrdia, o versculo chave do

    universalismo Atos 3.21, onde Pedro diz que Jesus deve permanecer no Cu at

    aos tempos da restaurao de tudo. Alguns entendem que a expresso grega

    apokastases pantn (restaurao de todas as coisas) tem significado absoluto, ao

    invs de simplesmente todas as coisas das quais Deus falou pela boca de todos os

    seus santos profetas. Embora as Escrituras realmente se refiram a uma restaurao

    futura (Rm 8.18-25; I Co 15.24-26; II Pe 3.13), no podemos, luz dos ensinos

    bblicos sobre o destino eterno dos seres humanos e dos anjos, usar esse versculo

    para apoiar o universalismo. Fazer assim seria uma violncia exegtica contra o que

    a Bblia tem a dizer deste assunto.

    Entre os evanglicos, a diferena acha-se na escolha entre o particularismo,

    ou expiao limitada (Cristo morreu somente pelas pessoas soberanamente eleitas

    por Deus), e o universalismo qualificado (Cristo morreu por todos, mas sua obra

    salvfica levada a efeito somente naqueles que se arrependem e crem). O fato de

    existir uma ntida diferena de opinio entre os crentes bblicos igualmente devotos

    aconselha-nos a evitar a dogmatizao extrema que temos visto no passado e ainda

    hoje. Os dois pontos de vista, cada um pertencente a uma doutrina especfica da

    eleio, tm sua base na Bblia e na lgica. Os dois concordam que a questo no

    de aplicao. Nem todos sero salvos. Os dois concordam que, direta ou

    indiretamente, todas as pessoas recebero benefcios da obra salvfica de Cristo. O

    ponto de discrdia est na inteno divina: tornar a salvao possvel a todos ou

    somente para os eleitos?

    Os particularistas olham para os textos bblicos que dizem que Cristo morreu

    pelas ovelhas (Jo 10:11, 15), pela Igreja (Ef. 5:25; At. 20:28) ou por muitos (Mc

    10:45). Citam tambm numerosas passagens que, em seus respectivos contextos,

    claramente associam os que crem obra expiadora de Cristo (Jo 17:9; Gl. 1:4;

  • 5

    3:13; II Tm 1:9; Tt. 2:3; I Pe 2:24). Os particularistas argumentam: (1) Se Cristo

    morreu por todos, Deus estaria sendo injusto se algum perecesse pelos seus

    prprios pecados, pois Cristo tomou sobre si a penalidade total, pelos pecados de

    todos. Deus no cobraria duas vezes a mesma dvida. (2) A doutrina da expiao

    ilimitada leva logicamente ao universalismo, pois pensar de outra maneira lanaria

    dvidas sobre a eficcia da obra de Cristo, que era para todos. (3) A exegese e a

    hermenutica sadias deixam claro que a linguagem universal nem sempre

    absoluta (Lc. 2:1; Jo. 12:32; Rm. 5:18; Cl 3:11).

    Os defensores do universalismo qualificado argumentam: (1) Somente este

    d sentido oferta sincera do Evangelho a todas as pessoas. Os oponente

    respondem que a ordem no sentido de pregar o Evangelho a todos acha-se na

    Grande Comisso. Uma vez que a Bblia ensina a eleio e no sabemos quais so

    os eleitos (At. 18:10), devemos pregar a todos. Mas seria esta uma oferta genuna

    da parte de Deus, que diz: Todo aquele que desejar, quando Ele sabe que isso no

    realmente possvel? (2) Antes da ascenso do calvinismo, universalismo

    qualificado havia sido a opinio majoritria desde o inicio da Igreja. Entre os

    reformadores, a doutrina encontra-se em Lutero, Melanchthon, Bullinger, Latimer,

    Cranner, Coverdale e at mesmo Calvino, em alguns de seus comentrios. Por

    exemplo, Calvino diz... a respeito de Marcos 14:24 que por muitos derramado:

    Com a palavra muitos, Marcos quer dizer, no mera parte do mundo, mas a raa

    humana inteira. (3) As acusaes de que, se fosse verdade uma expiao ilimitada

    Deus seria injusto e que o universalismo seria a concluso lgica, no podem ser

    sustentadas. At mesmo os eleitos precisam crer para ser salvos. A aplicao da

    obra de Cristo no automtica. Se algum optar por no crer, no significa que

    Cristo no tenha morrido por ele ou que se pode lanar suspeitas sobre o carter de

    Deus.

    O ponto crucial da defesa, no entanto, no se poder facilmente

    desconsiderar o significado, bvio dos textos universalistas. Por exemplo, Hebreus

    2:9 diz que Jesus, pela Graa de Deus, provou a morte para todos. Fica bastante

    fcil argumentar que o contexto (2:10-13) no significa todos de modo absoluto, mas

    os muitos filhos que Jesus traz glria. Semelhante concluso, no entanto, vai

    alm da credibilidade exegtica. Quando a Bblia diz que Deus amou o mundo de

    tal maneira (Joo 3:16) ou que Cristo o cordeiro de Deus, que tira o pecado do

    mundo (I Joo 4:14), significa isso mesmo.

  • 6

    Certamente a Bblia emprega a palavra mundo num sentido qualitativo,

    referindo-se ao sistema maligno que Satans domina. Mas Cristo no morreu em

    favor de um sistema. Entregou sua vida em favor das pessoas que dele fazem parte.

    Em texto algum do Novo Testamento, mundo se refere Igreja ou aos eleitos.

    Paulo diz que Jesus Se deu a si mesmo em preo de redeno por todos (I Tm.

    2:6) e que Deus quer que todos os homens se salvem (I Tm. 2:4). Em I Joo 2:1,2,

    temos uma separao explcita entre os crentes e o mundo e uma afirmao de que

    Jesus Cristo, o Justo, a propiciao para ambos. H.C. Thiessen reflete o

    pensamento do Snodo de DORT (1618-19): Conclumos que a expiao limitada

    no sentido de ser eficaz somente para aqueles que crem. Est disposio de

    todos, mas eficiente apenas para os eleitos.

  • 7

    Captulo 2 - O Determinismo e o Livre-arbtrio

    1 - O Determinismo

    O Determinismo tambm conhecido como Calvinismo, ou a Doutrina de

    Joo Calvino. Calvino foi um telogo protestante, francs, que viveu entre 1509 e

    1564. Nasceu na Picardia, e estudou Filosofia na Universidade de Paris, entre 1523

    e 1527. Estudou tambm em Orleans e Bourges, onde formou-se advogado. Em

    1528 recebeu o grau de mestre em teologia.

    1.1 - Os cinco pontos principais do Calvinismo

    Estes cinco pontos principais da doutrina de Calvino (TULIP1) foram

    aprovados pelo Snodo de DORT, em 13 de novembro de 1618, sendo eles:

    1 Eleio incondicional

    2 Expiao limitada aos eleitos

    3 Depravao total, que envolve tanto a habilidade quanto o mrito

    4 Graa irresistvel

    5 Perseverana dos santos

    Todavia, Calvino no foi o pai do Determinismo, pois, ele foi ensinado por

    Agostinho, telogo que viveu entre 354 e 430 d.C. Este, por sua vez afirmou estar

    interpretando a doutrina de Paulo sobre a livre graa.

    Calvino afirmou que a a graa divina a base exclusiva da salvao,

    considerando a salvao um ato unilateral de Deus, sem a participao do homem.

    Sendo assim, a graa irresistvel.

    Aquele que foi predestinado por Deus para a salvao ter que ser salvo.

    Independente do querer ou no, a escolha no cabe ao homem, somente Deus.

    Segundo Calvino, Deus predestinou alguns para serem salvos e outros para

    serem perdidos.

    1 Os Cinco Pontos do Calvinismo, (conhecidos pelo acrstico TULIP, referente s iniciais dos pontos em ingls) so uma sntese dos cnones teolgicos definidos no Snodo de Dort, no mbito da disputa entre calvinistas e arminianos acerca das doutrinas da Graa e da Predestinao. Eles refletem a soteriologia tpica do movimento calvinista, interpretando a natureza da graa de Deus na salvao da criatura humana. Seu eixo a afirmao de que Deus perfeitamente capaz de salvar cada pessoa que Ele tenha a inteno de tornar objeto de sua graa salvadora e que seu trabalho no pode ser frustrado por algo ou algum que fique no caminho, na tentativa de impedir sua concluso.

  • 8

    A predestinao o eterno decreto de Deus, pelo qual ele decidiu o que ser

    de cada um e de todos os indivduos, onde uns j foram previamente eleitos para a

    salvao eterna, em contraparte outros, que foram eleitos para a condenao

    eterna.

    Calvino, ao colocar como um dos cinco pontos principais de sua doutrina

    Expiao Limitada aos Eleitos, afirma que Cristo morreu unicamente por eles.

    Estes eleitos, portanto podiam gozar de segurana eterna, porque afinal

    uma vez salvo, sempre salvo, porm para Calvino, o uma vez salvo, sempre

    salvo, no significava liberdade para pecar, pois, se a pessoa no procurasse andar

    em santidade, sua eleio poderia ser colocada em dvida (ele poderia no ter

    sido predestinado salvao).

    A tese da eleio, elaborada por Calvino diz:

    Visto que todo o bem provm de Deus, o homem incapaz de iniciar ou

    rejeitar a sua converso, de onde se segue a razo porque alguns so salvos e

    outros se perdem a escolha, ou seja, eleio e reprovao.

    1.2 - O lado oposto da salvao a reprovao

    Segundo o Determinismo, os que no foram predestinados salvao, ou

    seja, os no eleitos, foram rejeitados ativamente por Deus, portanto, sofrem o

    julgamento merecido pelos seus pecados, sem a interveno do evangelho. Apesar

    de existir uma chamada divina universal, o homem no pode por si s, se

    desprender do pecado, ou seja, alm de chamado, dever haver uma interveno

    divina, para que este possa atender o chamado de Deus. Esta interveno s

    poder ocorrer a favor dos que foram previamente escolhidos.

    Trata-se de uma antiga discusso filosfica, onde os esticos acreditavam na

    Teoria dos Ciclos Peridicos, onde tudo determinado de antemo. Assim, todos os

    acontecimentos ocorreriam por necessidade, porque o logos divino se manifestaria

    em tudo atravs de suas emanaes.

    2 - O Livre-Arbtrio ou Arminianismo

    Jacob Armnio foi um telogo holands que viveu entre 1560 e 1609. Estudou

    na Universidade de Leiden, ento em Genebra. De 1603 at a sua morte, foi

    professor naquela universidade.

  • 9

    Aps a sua morte, seus discpulos cristalizaram suas idias em um panfleto

    com cinco pontos, publicado em 19 de outubro de 1609, sendo eles:

    1 Deus elege ou reprova com base na f ou na incredulidade previstas;

    2 Cristo morreu por todos e por cada homem, embora somente os crentes

    so salvos;

    3 O homem to depravado, que a graa divina necessria tanto para a

    f, como para as obras;

    4 Pode-se resistir graa divina;

    5 Se todos os verdadeiros regenerados perseveram, com certeza, na f,

    uma questo que exige maior investigao.

    Estes cinco pontos, causaram considervel discusso no Snodo de DORT (o

    mesmo que aprovou os cinco pontos do calvinismo), sendo reprovados. Estes,

    contudo, permaneceram na Holanda, e provavelmente chegaram ao Brasil atravs

    de missionrios adeptos esta corrente teolgica.

    A teologia de Armnio d lugar especial ao livre arbtrio humano, bem como a

    fora de vontade necessria para serem feitas escolhas certas. claro que a

    Doutrina de Armnio se contrapunha de Calvino, de forma especial a da eleio

    incondicional, da graa irresistvel e da reprovao. Armnio tambm conhecia a

    teoria que afirma uma vez salvo, sempre salvo. sobre a teologia de Armnio que

    ser focada nossa ateno, no prximo captulo.

  • 10

    Captulo 3 - A salvao do homem

    3.1 - O Arminianismo cr que a salvao oferecida a todos os homens.

    "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unignito,

    para que todo aquele que nele cr no perea, mas tenha a vida eterna " (Joo

    3:16).

    Aqui podemos destacar a expresso - "todo aquele". Ela abrangente. Inclui

    ricos e pobres; poderosos e servos; homens e mulheres; jovens e velhos;

    caucasianos, negro, amarelos; doutos e indoutos; sbios e ignorantes, enfim - Deus

    no faz acepo de pessoas.

    "E, abrindo Pedro a boca, disse: Reconheo, por verdade, que Deus no faz

    acepo de pessoas" (Atos 10:34). "porque, para com Deus, no h acepo de

    pessoas" (Romanos 2:11).

    Deus, na verdade, quer salvar todos os homens:

    "Porque a graa de Deus se h manifestado, trazendo salvao a todos os

    homens" (Tito 2:11).

    "Porque isto bom e agradvel diante de Deus, nosso Salvador, que quer

    que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade. Porque h

    um s Deus e um s mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem, o

    qual se deu a si mesmo em preo de redeno por todos, para servir de testemunho

    a seu tempo " ( I Tm. 2:3-6).

    Embora o desejo de Deus seja salvar todos os homens, nem todos os

    homens sero salvos. Porm Deus criou as condies pelas quais o homem pode

    ser salvo. Desta forma, o homem precisa querer ser salvo, usando do seu livre

    arbtrio, que lhe confere o poder de escolha entre a vida e a morte, ou entre o cu e

    o inferno.

    No processo que envolve a salvao, que no arminianismo bilateral, Deus

    fez a sua parte, ou seja, providenciou a graa pela qual o homem pode ser salvo.

    Porm, embora gratuita ela precisa ser aceita pelo homem, atravs da f, para que

    este possa ser salvo. (Ef. 2:8-9).

    Nem todos os homens sero salvos. Basta analisarmos o que Jesus disse,

    registrado no Evangelho de Marcos, captulo 16, versos 15 e 16:

  • 11

    "E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.

    Quem crer e for batizado ser salvo; mas quem no crer ser condenado" .

    "Quem crer" e "quem no crer" o que faz a diferena. A oportunidade dada

    por Deus extensiva, igualmente, a todos os homens.

    Deus no fez um inferno para o homem (predestinado). Se Deus, no seu

    plano original, elaborado "desde a fundao do mundo" tivesse colocado um lugar

    reservado e especfico para o homem que no alcanasse a salvao, ento

    poderamos colocar em dvida a verdade que afirma querer Deus que "todos os

    homens se salvem".

    Tratando-se de homens salvos, a vontade de Deus corroborada pela

    afirmao de que existe um lugar junto a Deus, conforme Jesus afirmou no

    Evangelho de Joo:

    "Na casa de meu Pai h muitas moradas; se no fosse assim, eu vo-lo teria

    dito, pois vou preparar-vos lugar. E, se eu for e vos preparar lugar, virei outra vez e

    vos levarei para mim mesmo, para que, onde eu estiver, estejais vs tambm" (Joo

    14:2-3).

    Quanto ao inferno, o que existe no foi preparado para o homem, mas,

    conforme afirmou Jesus, foi preparado para o diabo e seus anjos:

    "Ento, dir tambm aos que estiverem sua esquerda: Apartai-vos de mim,

    malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos" (Mateus 25:41).

    Pelos dados expostos at agora, percebe-se que nesta vida o homem quem

    escolhe onde pretende passar a eternidade. Aquele que seguir Satans, segundo a

    Bblia, passar a eternidade ao lado dele, assim como os seguidores de Jesus, ter

    a sua eternidade com Deus.

    Como j foi afirmado, segundo o arminianismo, o desejo de Deus o de

    salvar a todos, levando-os para estar com Ele. Para isto enviou seu Filho, para vir

    buscar o homem que se havia perdido, levando-o de volta ao "paraso" perdido por

    Ado. (Lucas 19:10)

    3.2 - A salvao sob o ponto de vista arminianista condicional

    Este aspecto no enfraquece a salvao e nem cria um clima de instabilidade

    para os salvos. A forma pela qual a salvao pode ser perdida unilateral, ou seja,

    s depende do homem que a detm. Ela jamais lhe ser tirada contra sua vontade.

  • 12

    Agostinho2 no cria assim. Ele pode ter sido o primeiro a ensinar que o crente

    nunca poderia perder sua salvao. Uma vez salvo, permanecia salvo por toda sua

    vida, independente de sua maneira de viver.

    Contudo, os arminianistas pensam assim. Toda vez que a Bblia faz meno

    do condicional "se", ou faz uso de expresses como "permanecer em Cristo",

    "continuar na f", "andar na luz", "no retroceder" ou outros termos correlatos ao se

    referir salvao ou vida crist, ela est mostrando a possibilidade de perder a

    salvao.

    Neste sentido, consideremos as seguintes passagens bblicas:

    "Como escaparemos ns, se no atentarmos para uma to grande salvao,

    a qual, comeando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos, depois, confirmada pelos

    que a ouviram" (Hebreus 2:3).

    "Se, na verdade, permanecerdes fundados e firmes na f e no vos moverdes

    da esperana do evangelho que tendes ouvido, o qual foi pregado a toda criatura

    que h debaixo do cu, e do qual eu, Paulo, estou feito ministro" (Cl 1:23 ).

    "Tambm vos notifico, irmos, o evangelho que j vos tenho anunciado, o

    qual tambm recebestes e no qual tambm permaneceis; pelo qual tambm sois

    salvos, se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado, se no que crestes em

    vo" (1 Cor. 15:1-2).

    "Porque nos tornamos participantes de Cristo, se retivermos firmemente o

    princpio da nossa confiana at ao fim" (Hb. 3:14)" Mas o justo viver da f; e, se

    ele recuar, a minha alma no tem prazer nele" (Hebreus 10:38)

    "Mas, se andarmos na luz, como ele na luz est, temos comunho uns com

    os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado" (1

    Joo 1:7)

    "Aquele, pois, que cuida estar em p, olhe que no caia" (I Corntios 10:12).

    Alm do mais, nas sete cartas do Apocalipse, escritas mais de sessenta anos

    depois da ressurreio de Jesus, em todas elas, Ele inseriu uma condio para o

    recebimento da bno reservada a cada uma delas - "ao que vencer "-veja-se

    Apocalipse 2:7, 11, 17, 26 e 3:5, 12 e 21.

    Estando a bno condicionada necessidade de "vencer", parece que est

    implcito a possibilidade de algum perder a salvao antes de chegar ao fim.

    2 Pai da Igreja

  • 13

    O arminianismo, cr ser possvel o retorno do "filho prdigo".

    Segundo a doutrina de Calvino um crente salvo no pode nunca perder a

    salvao, a possibilidade de retorno no pode existir, portanto, assim para os

    calvinistas quando um crente se afasta de Deus, ou "naufraga na f", porque ele

    no era salvo.

    O arminianismo, contudo, cr na possibilidade de algum perder a salvao,

    podendo, ou no readquiri-la mediante o arrependimento e o conseqente perdo. O

    caso tpico que ilustra esta afirmao est na Parbola do Filho Prdigo - Lucas

    15:11-32.

    Este ao retornar casa do pai, arrependido, pediu-lhe perdo, foi perdoado e

    recebido, de novo, na condio de filho:

    "E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o cu e perante ti e j no sou digno de

    ser chamado teu filho. Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor

    roupa, e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mo e sandlias nos ps, e trazei o

    bezerro cevado, e matai-o; e comamos e alegremos-nos, porque este meu filho

    estava morto e reviveu; tinha-se perdido e foi achado. E comearam a a-legrar-se"

    (Lucas 15:21-24)

    O mesmo no aconteceu com Demas3

    Na bblia temos exemplos parecidos, como Davi, Salomo, e com tantos

    outros, que se desviaram (perdendo temporariamente a salvao), e retornaram aos

    caminhos de Deus. Assim tambm como Judas, Demas, Himeneu e Alexandre. No

    podemos afirmar ferrenhamente que estes ltimos nunca estiveram salvos.

    Ao contrrio do determinismo para o qual uma vez salvo, salvo para sempre,

    o pensamento teolgico do livre arbtrio pelo princpio de uma salvao condicional

    - a salvao pode ser perdida.

    Neste sentido so muitas as passagens bblicas que podem ser lembradas.

    Convm notar ainda que, nas sete cartas que o do Apocalipse, encaminhada

    s sete igrejas da sia, em todas elas ele inseriu esta expresso - "ao que vencer"

    (Apocalipse 2 e 3).

    3 S h trs aluses a esse personagem, em todo o N.T. - II Tm 4:10 fala de sua triste retirada,

    ocasionada pelo fato de que amou o mundo. Sua desero parece ter sido ocasionada por interesses pessoais e egostas, e no devido covardia. O livro apcrifo de Paulo e Tecla nos fornece um retrato tenebroso a seu respeito, mas tudo no passa de uma fabricao

  • 14

    3.3 - A parbola da grande ceia

    Esta grande e poderosa salvao que Deus preparou e sem ajuda do homem,

    semelhana daquele homem que preparou uma "grande ceia", na Parbola

    contada por Jesus:

    "...um certo homem fez uma grande ceia e convidou a muitos. E, a hora da

    ceia, mandou o seu servo dizer aos convidados: Vinde, que j est tudo preparado"

    (Lucas 14:16-17).

    Tudo que tinha que ser feito foi feito, pelo dono da casa, sem qualquer ajuda

    e sem nenhuma contribuio, em espcie. Ele fez a "grande ceia".

    Quando pronta, no convite constava - "Vinde, que tudo est preparado". No

    precisavam levar nada. Tratava-se de um dom gratuito. Aceitar ou rejeitar o convite

    o que podia fazer o convidado. Notamos que no foi imposto nenhum encargo,

    no se fez qualquer exigncia, apenas - "Vinde, que tudo est preparado".

    Contudo, a chamada para a ceia foi feita na forma de um convite. Isto nos faz

    pensar que a chamada era dirigida a homens livres, no a servos, ou escravos. No

    se tratava de uma ordem, ou de uma intimao - era um convite.

    Quando se trata de uma ordem, pressupe-se partir de um superior para um

    subordinado. A ordem para ser cumprida, e deve ser cumprida. O no

    cumprimento quer por desobedincia, ou por negligncia, pode gerar

    conseqncias. Podemos comparar a uma intimao judicial

    J o convite pode ser rejeitado, pois legalmente no h qualquer restrio

    recusa de um convite. Pode representar falta de considerao para com quem

    convidou. Naquela grande ceia os convidados podiam rejeitar e, de fato, muitos

    rejeitaram.

    No caso da grande salvao preparada por Deus, sem qualquer ajuda, ou

    contribuio, da mesma forma a chamada divina foi, e est sendo feita em forma de

    convite. No se trata de uma ordem, de uma intimao. Isto significa que Deus

    convida homens livres. Deus no quer ser servido por "escravos". Aos que aceitam o

    seu convite, ele confere a posio de filhos:

    "E nos predestinou para filhos de adoo4 por Jesus Cristo... "(Ef 1:5).

    4 Adoo provm da palavra grega huiothesia, onde huios filho, e thesis, posio. Isto no diz

    que adoo nada tem a ver com colocao da pessoa na sua nova famlia, mas, com o posio que ela ir ocupar nessa nova famlia. A colocao na famlia celestial feita atravs da regenerao, porm, a posio de filho maior, feita pela adoo.

  • 15

    Conforme temos visto, de acordo com o determinismo teolgico todas as

    coisas j esto predestinadas por Deus. Assim, quer nos parecer que aos que j

    nasceram pr-determinados a receberem a salvao no lhes seria enviado

    convites, porque o convite pode ser rejeitado. A estes o correto seria uma intimao

    judicial.

    Esta, por fora de lei, tem que ser cumprida. Porm, aqui tratado de

    convites, em convidados, ficando claro que estas pessoas eram livres

    Sendo o homem, como de fato , uma criatura racional e moralmente livre,

    como pode atestar no apenas a Bblia, como tambm, a prpria razo, a ele foi

    concedido o privilgio de fazer suas escolhas, inclusive entre o bem e o mal. claro,

    contudo, que esse homem prestar contas de todos os seus atos quele que o criou.

    Foi, pois, para este homem livre que o dono da grande ceia enviou seus

    convites. Da mesma forma, para esse homem a chamada divina para receber a

    grande salvao que Deus preparou para todos os homens.

    No caso da grande ceia os convites foram enviados pelo servo do senhor:

    "E, hora da ceia, mandou o seu servo dizer aos convidados: Vinde, que j

    tudo est preparado

    Percebemos que o enviado era um servo, ou seja, era um homem que estava

    servio daquele senhor. Portanto, para ele era uma obrigao levar o convite.

    Fato semelhante aconteceu na Parbola das Bodas - Mateus 22:1-14.

    Tambm ali os enviados para levar os convites, eram servos.

    "E enviou os seus servos a chamar os convidados para as bodas; e eles no

    quiseram vir" (Mateus 22:3).

    Embora no houvesse nenhuma obrigao da parte de Deus em salvar o

    homem, Ele, voluntariamente, claro, se props preparar no apenas uma

    salvao, mas, uma grande salvao, conforme a ela se referiu o escritor aos

    Hebreus: "Como escaparemos ns, se no atentarmos para uma to grande

    salvao... "(Hebreus 2:3).

    Muitos, ao receberem a chamada divina, ou o convite para a salvao,

    recusam, fazendo uso do seu livre arbtrio, porm, no sabendo avaliar a bno

    que acabam de rejeitar. A Palavra de Deus, contudo, nos fala dos benefcios que a

    chamada divina proporciona nas vidas de quem a acolhe. Vamos, dentre tantas,

    considerar algumas.

    Ao aceitar a salvao - o homem passa da morte para a vida.

  • 16

    Concluso

    Apesar dos inmeros versculos que foram apontados como fonte de defesa

    do livre-arbtrio, no posso negar que o Novo Testamento tambm possui um

    nmero considervel de passagens que defendem a doutrina da eleio, graa

    irresistvel, sendo contrrias ao livre arbtrio humano, do desejo de Deus que todos

    os homens sejam salvos, do supremo amor de Deus e da responsabilidade humana.

    So estas aparentes contradies que so as causas de uma polmica que

    dura h sculos, e com certeza s ter o seu fim na volta de Jesus.

    O que falar do paradoxo encontrado em I Pedro 4:6, que ensina que o

    evangelho foi pregado aos mortos, na tentativa de reverter o seu processo de

    perdio? Neste caso, a morte biolgica no era o fim da oportunidade de salvao.

    Apesar deste versculo ter sido usado nos escritos dos pais gregos, na Igreja

    Ortodoxa Oriental, e sendo comum para os Anglicanos, atualmente s serve de

    pretexto para heresias, como o batismo pelos mortos (Mrmons) e talvez um dos

    pilares da doutrina do purgatrio, da Igreja Catlica Apostlica Romana.

    O que se sabe, que hoje em dia, todas as denominaes tem as suas

    misturas doutrinrias, contendo verdades e erros, onde nenhuma capaz de

    sustentar ser portadora de um credo capaz de responder todas as perguntas.

    Talvez esta seja a origem da seguinte frase: No sei se sou um arminiano

    calvinista ou um calvinista arminiano (prof. Carlos Vailatti).

  • 17

    Bibliografia

    1 - Almeida, Joo Ferreira ERC Bblia Sagrada CPAD 1995

    2 - Andrade, Claudionor Corra Dicionrio Teolgico, CPAD 1996

    3 - Champlin, R.N Enciclopdia de Bblia, Teologia e Filosofia Volume 01,

    03 e 06 Editora Hagnos 2011 10 edio

    4 - Davis, John Novo Dicionrio da Bblia, Ed. Hagnos

    5 - Horton, M. Stanley Teologia Sistemtica CPAD 11 edio 2008

    6 - http://pt.wikipedia.org/wiki/Cinco_pontos_do_calvinismo - acessado em

    06/06/13

    7 - http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADnodo_de_Dordrecht acessado em

    06/06/13

    8 - Vejam S O que dizer: Muitos so chamados, mas poucos escolhidos?

    Programa apresentado na RIT TV em 16/05/2013

    ndiceIntroduoCaptulo 1 - O alcance da obra salvfica de CristoCaptulo 2 - O Determinismo e o Livre-arbtrio1 - O Determinismo1.2 - O lado oposto da salvao a reprovao

    2 - O Livre-Arbtrio ou Arminianismo

    Captulo 3 - A salvao do homem3.1 - O Arminianismo cr que a salvao oferecida a todos os homens.3.2 - A salvao sob o ponto de vista arminianista condicional3.3 - A parbola da grande ceia

    ConclusoBibliografia