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i Trabalho de Projecto apresentado para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Gestão do Território, na área de especialização em Detecção Remota e Sistemas de Informação Geográfica, realizado sob a orientação científica do Professor Doutor José António Tenedório e da Doutora Engª Teresa Santos.

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Trabalho de Projecto apresentado para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Gestão do Território, na área de especialização em Detecção Remota e Sistemas de Informação Geográfica, realizado sob a orientação científica do Professor Doutor José António Tenedório e da Doutora Engª Teresa Santos.

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Dedico este este Trabalho de Projecto aos meus pais, meus amigos

e ao meu tio avó pelo apoio demonstrado ao longo

de todo o percurso académico.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todas as pessoas que de forma directa ou indirecta me apoiaram e incentivaram para a conclusão desta etapa importante na minha vida.

Em primeiro lugar, agradeço ao Professor Doutor José António Tenedório e à Doutora Engª. Teresa Santos pela incansável ajuda, motivação, confiança e partilha de conhecimentos demonstrados desde a concepção da estrutura do trabalho até à finalização do mesmo.

Em segundo lugar, quero expressar um enorme obrigado ao Engº Mamede Barreiros pela ajuda concedida durante a elaboração deste trabalho.

Agradeço também, a todos os meus amigos.

Por fim agradeço e dou o meu profundo e sincero agradecimento a toda a minha família pelo constante apoio e motivação nas horas mais complicadas.

Obrigado!

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Constituição de Geocomunidades de Informação Geográfica em Meio Empresarial

João Pedro Gomes Marques

RESUMO

PALAVRAS-CHAVE: Crowdsourcing, Neogeography, API, NokiaHere, MapWIki, Google Maps, Volunteered, Contributed, Mashup, SIG, OSM, Expert-Community, produsers, spatial data infrastructure, crowdsourcing, Web 2.0,

O presente trabalho de projecto, realizado no âmbito do Mestrado em Gestão do Território, Área de Especialização em Detecção Remota e Sistemas de Informação Geográfica, ministrado na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da Universidade Nova de Lisboa, regista o trabalho desenvolvido sobre a constituição de geocomunidades de informação geográfica em meio empresarial. Este trabalho foi realizado com o apoio partilhado FCSH e Nokia Portugal.

O trabalho projecto está dividido em duas partes. Uma primeira parte que consiste numa abordagem teórica sobre a evolução dos SIG, sobre o estado da arte, sobre a nova geografia (neogeography); contem também uma abordagem sobre o crowdsourcing e as suas funcionalidades e potencialidades, caracterização dos seus utilizadores e o seu valor económico e social. Esta primeira parte tem o intuito de tentar chegar a uma conclusão sobre qual a melhor opção para uma empresa, no que toca à criação de base de dados geográficas olhando para as variadíssimas opções que existem no mercado desde base de dados governamentais, às privadas até às base de dados de cariz voluntário e sem custo para o utilizador ao aceder a essa informação.

A segunda parte, de natureza prática, pretende cruzar dados e informação sobre duas Expert-Community que foram criadas com o intuito de testar a plataforma Map-Wiki da Nokia durante doze meses. Apesar de ser uma parte mais prática, conta também com uma breve retrospectiva da Nokia e das aplicações baseadas em Global Position Systems, uma explicação sobre o que é o Nokia Here e uma comparação entre as várias propostas existentes no mercado.

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Creation of an Expert Community in Geographic Information System in a Business Environment

João Pedro Gomes Marques

ABSTRACT

KEYWORDS: Crowdsourced, Neogeography, API, Nokia Here, Google Maps, Volunteered, Contributed, Mashup, GIS, OSM, Expert-Community, produsers, spatial data infrastructure, crowdsourcing, Web 2.0,

The following project in Masters of Territory Management, with specialization in Remote Sensing and Geographic Information Systems, taken at ‘’Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa’’, intended to demonstrate the work produced by the master degree student alongside Nokia Portugal.

This project has been divided into two sections. The first section consists of a theoretical approach about the evolution of GIS, about the state of art, about the new neogeography, also containing an in depth approach about crowdsourcing; its functionality and potential, the characterization of their users and their social and economic value. This first section has the intension of reaching a conclusion to make the best option for a company relating the geographic database.

The second section, practical, is intended to cross data and information about two expert-communities that have been created with the intension of testing the platform of map-wiki of Nokia from the last 12 months. Despite being a practical approach it counts as a brief retrospective of Nokia in the GPS market, an explanation of what Nokia Here is and a comparison of various existing proposals in the market.

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Índice

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Abreviaturas

CGI Contributed Geographic Information

GPS Global Positioning System

PDA Personal Digital Assistant

VGI Volunteered Geographic Information

OSM Open Street Maps

API Application Programming Interface

LSB Location Business Service

GI Geographic Information

SIG Sistemas de Informação Geográfica

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Introdução

Contexto

O Trabalho de Projecto, elaborado no âmbito do Mestrado em Gestão do

Território, na Área de Especialização em Detecção Remota e Sistemas de Informação

Geográfica, intitulado «Constituição de geocomunidades de informação geográfica em

meio empresarial», resulta da conjugação dos meus interesses de investigação

aplicada com os interesses da integração de conhecimento da Nokia Portugal

provenientes do contexto universitário português na cadeia de valor da informação

produzida para o utilizador de plataformas móveis de comunicação e informação da

empresa. Neste contexto, conheci o projecto MapWiki, em Março de 2012, quando o

interlocutor da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) me convidou para

moderar a relação entre estudantes da FCSH e o staff técnico da Nokia Portugal. Surgiu

então a sugestão, por parte do interlocutor da FCSH, que procurava um aluno

interessado, com disponibilidade imediata, para “coordenar” uma equipa de alunos da

FCSH, para um projecto pioneiro em Portugal em matéria de produção de informação

geográfica para plataformas móveis. Foi então criada uma equipa de 15 alunos para

executarem as tarefas propostas pela Nokia Portugal.

Objectivo

O projecto referido consiste na criação de uma geocomunidade designada

MapWiki, que posteriormente foi renomeada para NOKIA HERE, que pretende dar ao

utilizador a hipótese de criar os seus próprios mapas de acordo com as suas

necessidades, ajudando de forma voluntária outros possíveis utilizadores que também

irão usufruir da mesma informação. Este “princípio” constitui uma forma de criar e

trocar informação de forma voluntária. Contudo, a grande diferença relativamente a

outras geocomunidades é que a informação é validada posteriormente por técnicos

especializados da Nokia, o que faz com que a informação cedida por voluntários tenha

precisão e exactidão controladas. Trata-se de uma plataforma que tem como missão

ajudar o utilizador em movimento a explorar o espaço em que se move,

independentemente da maneira de viajar; quer seja de carro, a pé ou em transportes

públicos. Esta permite a edição avançada de mapas, a criação de comunidades e a sua

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gestão. A informação gerada por essa comunidade é-lhe devolvida podendo ser usada

em software ESRI ou outro (desde que com conversão de dados). Um dos grandes

trunfos do MapWiki é a sua facilidade de utilização por qualquer pessoa; desde o

simples utilizador que quer actualizar o mapa da sua cidade até ao utilizador

profissional, que através de edição avançada cria um mapa com atributos específicos

de acordo com os seus objectivos.

A comunidade de experts, designação que a empresa adoptou e da qual a FCSH

faz parte, entre outras universidades portuguesas, funciona como grupo de

produtores/utilizadores com conhecimentos de informação geográfica. Por esta via, a

Nokia incorpora valor na cadeia de experimentação de funcionamento da sua

comunidade e testa a pertinência da sustentabilidade dessa comunidade bem como (e

sobretudo) o desempenho da tecnologia de edição e difusão de geo-informação.

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Capitulo I – Estado da Arte e Conceitos

1.

1.1 Estado da Arte e a sua Evolução

Com a evolução da tecnologia no que toca a telemóveis, Personal Digital

Assistant, portáteis, GPS e da própria internet, assistiu-se a uma explosão na partilha

de informação geográfica em que qualquer pessoa pode ser um Volunteered

Geographic Information em qualquer ponto da Terra. É graças a esta evolução que o

conceito de geo-comunidade se difundiu e se tornou no que é hoje: uma “plataforma”

aberta a todos os que queiram partilhar informação georreferenciada.

O aparecimento do VGI apenas foi possível com o desenvolvimento da

chamada Web 2.0. Antes disso era impossível sequer imaginar sites no qual se pudesse

descarregar e carregar informação, como estamos habituados. Antes deste boom

tecnológico todos os sites acessíveis eram apenas de leitura, acedidos através de

hyperlinks que nos levariam a outra página e assim sucessivamente. Eram também

páginas constituídas apenas por texto, e pouca informação visual. Com isto quer-se

dizer que são apenas páginas web em que a troca de informação é apenas entre o

servidor onde se encontra alojada a página e o utilizador final. O utilizador está

limitado apenas à leitura da informação que lhe é dada sem qualquer possibilidade de

adicionar ou modificar conteúdos.

A Web 2.0 permitiu criar troca de informações entre todos os utilizadores e

levou à criação de comunidades de utilizadores como as Wikis, Redes Sociais, Blogs,

partilha de vídeos e, no que toca à geografia, a criação de geo-wikis como o

OpenStreetMap, GoogleMaps, BingMaps, MapWiki, WikiMapia.

Usando a definição de Goodchild (2007, 27) percebemos que ‘’The early Web

was primarily one-directional, allowing a large number of users to view the contentes

of a comparatively small number of sites, the new Web 2.0 is a bi-directional

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collaboration in which users are able to interact with and provide information to

central sites, and to see that information collated and made availabe to others’’1

Com esta nova abordagem na maneira de aceder à internet surgiram novos

termos que já fazem parte do nosso dia-a-dia desde o map mashup, crowdsourcing,

mapping aplications programming interfaces (API), neogeography, geostack, tags e

folksonomies.

A Web 2.0 não é uma versão nova da internet a nível tecnológico mas sim uma

evolução na maneira de ver a internet por parte dos programadores e utilizadores

finais da web. Contudo apesar de não ser uma tecnologia criada de raiz, baseia-se em

novos protocolos e aplicações. A figura seguinte demonstra a criação e usabilidade dos

conteúdos de um site Web 2.0.

Ilustração 1 – Como funciona a WEB 2.0 Fonte: Criação própria

Que benefício trouxe a WEB 2.0?

- Informação partilhada pode ser exposta, descoberta e manipulada de várias

maneiras dependendo do seu propósito e do seu público-alvo;

- Participação activa dos utilizadores;

- Aplicações são desenhadas de raiz e são criadas em função do seu objectivo e

das suas necessidades

1 Goodchild, M.F. (2007) - Citizens as Voluntary Sensores: Spatial Data Infrastructure in the World of Web 2.0. International Journal of Geographical: 24-32

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- O conceito de partilha é um dos pilares da WEB 2.0 que permite que toda a

gente tenha acesso de forma gratuita a conteúdos, ideias e por vezes ao código base

de algumas aplicações que permite que o utilizador use e modifique de acordo com os

seus objectivos;

- A comunicação de informação nos dois sentidos, entre os leitores e o servidor

onde está alojado a informação, criou uma relação de contribuição entre utilizadores.

Contudo esta mudança na maneira de se ver a internet não criou só novas

funcionalidades na criação de informação geográfica como também aperfeiçoou as

que já existiam.

Recuando um pouco e olhando para a década de 90 verifica-se que antes do

boom da World Wide Web (WWW) já havia ferramentas de visualização de mapas, tal

como o Xerox PARC Map View (Ilustração 2), contudo era uma aplicação com

funcionalidades bastante rudimentares, entre as quais era permitido visualizar o

mapa-mundo, usar ferramentas de Zoom In e Out e controlar a visualização de rios e

fronteiras. Foi o início de uma nova era na área da informação geográfica.

Ilustração 2 - Xerox PARC Map View Fonte: https://www.e-education.psu.edu/geog863/resources/l3_p3.html

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Havia 3 modos de aceder a esta informação geográfica: através de Public

Mapping Sites, Web Mapping Servers e a Geographic Web Services, sendo esta ultima

a maneira mais ‘’sofisticada’’ de o fazer.

Em 1995 apareceu no Reino Unido o MultiMap.com com o objectivo primário

de fornecer mapas para telemóveis, contudo foi na sua versão de site que teve o seu

grande sucesso. No mesmo ano, 1996, foi criado nos EUA o MapQuest e logo a seguir

apareceram uma série de serviços com o mesmo objectivo tais como o StreetMap,

Yahoo! Maps, Microsoft MapPoint e o Map24. Todos eles tinham características

idênticas e ofereciam o acesso a queries de localização e direcções. Tal como o Xerox

PARC Map View, este permitiam visualizar o mapa-mundo e zoom in e out.

Porque as características destes serviços estavam limitadas à evolução da tecnologia

existente na altura, era compreensível o porque de oferecerem tão ‘’pouco’’. Como

podemos verificar, na ilustração 3, o mapa visível era de tamanho reduzido por vários

factores, estava limitado ao tamanho dos monitores da altura, abaixo de 14’’, sendo

comum na altura haver bastante publicidade espalhada pela página web e porque a

largura de banda (bandwidth) disponível era extremamente limitada (estávamos numa

altura de ligações à internet através de cabo telefónico). Era uma experiência lenta e

pouco interessante do ponto de vista do utilizador.

Ilustração 3 - O TIGER Map Server, ano de 1997 Fonte: https://www.e-education.psu.edu/geog863/resources/l3_p3.html

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Resumindo, até 2005 todos os serviços de fornecimento de informação geográfica

foram melhorando o seu desempenho e a seu modo de apresentação ao público, mas

de maneira algo limitada pois o desenvolvimento de Internet-based mapping

application permaneciam bastante complexas e isto limitava o aparecimento de novos

developers, para além do elevado custo de criação de uma aplicação de web mapping.

Este custo elevado devia-se em parte ao preço exorbitante da cartografia de base que

teria que ser usada na web mappings.

Ilustração 4 - Acesso a Mapas pré-Web 2.0 Fonte: https://www.e-education.psu.edu/geog863/resources/l3_p3.html

Tudo mudou com o aparecimento em massa das ligações de banda larga, com a

massificação de aparelhos de GPS, com o aumento da capacidade computacional e

queda dos preços dos mesmos e, por fim, com desenvolvimento do eXtensible Markup

Language (XML) e Simple Object Acess Protocol. No que toca à evolução da Web 2.0,

estão-lhe associados alguns factores como a já referida massificação de aparelhos GPS

pelo mundo (GPX), o Asynchronours JavaScript e XML (AJAX) e as APIs.

Olhando para a actualidade verificamos a existência de várias plataformas de

WebMapping (GeoWeb) com as quais podemos interagir, desde o Google Earth,

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Microsoft Virtual Earth / Bing Maps, NASA’s World Wind ao Yahoo! Maps. O Sistemas

de Informação Geográfica também começa a ser amplamente usado pelos media

através das plataformas GeoMedia, SpatialMedia, Map Tv e MapTube, para troca de

informação entre os media e a população. Este novo papel do GIS como media

consiste num paradigma fundamental de mudança do SIG do velho modelo de criação

de informação geografia numa secretária para um novo modelo em que o SIG é vista

como comunicação e partilha de informação de forma constante sobre o planeta e o

que se passa à sua superfície. Como já foi referido anteriormente este paradigma

assenta também nas mudanças tecnológicas que aconteceram nos últimos 10 a 15

anos, pois sem elas não seria nada disto possível.

1.2 Porque é que se tem usado o SIG no social media?

A explosão no crescimento do GEOWEB e na criação de informação por parte

dos utilizadores através de variadíssimos API’s, fez dos SIG uma poderosíssima

ferramenta de media para o publico interagir, e ainda mais importante tornou os SIG

numa ferramenta de diálogo e interacções de problemas sociais.

Nos últimos anos temos assistido por parte da comunicação social, com

particular destaque no social media, no uso cada vez maior do mapping e a location-

based na criação e distribuição da informação. Com isto percebemos que os media

começam a tornar-se cada vez mais como um SIG. Este novo papel dos media como

SIG pode ser explicada em duas perspectivas. Uma primeira em que os grandes canais

/ agências de notícias (Televisões, Jornais) aumentam o uso da informação

provenientes por esta via e por geospatial technologies para contar as suas histórias

aos seus ouvintes e telespectadores. Verificamos isso quando observamos diariamente

o recurso ao Google Earth ou Bing Maps para mostrar o trânsito, a meteorologia ou

demonstrar uma determinada área onde ocorrem grande parte dos crimes em

Portugal ou em qualquer outra região do mundo. Hoje em dia são raros os casos em

que uma agência noticiosa não usa informação geográfica como complemento à

informação comum, temos assistido a um aumento de news media que incorporaram

nos seus sites informação geo-espacial e funcionalidades de mapping. Por exemplo o

The Guardian usa como base o Google Maps, já a revista Time usa o ESRI’s MapShop.

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Estas agências noticiosas disponibilizam estes mesmos dados aos seus utilizadores e

permitem que estes sejam descarregados e manipulados pelos leitores.

Numa segunda perspectiva, temos o uso do social media através do location-

based na qual sites como o Facebook, Twitter, LinkedIn lideram esta tendência que é

uma das características resultantes da tecnologia WEB 2.0. Trata-se de uma tendência

que transformou não só o mundo computacional mas também mudou e estimulou a

sociedade de variadíssimas maneiras. Podemos dividir o Location-Based social

networking em três grupos: um grupo de Social check-in sites que engloba o

FourQuase, Gowalla, Blockchalk, Brightkite, Whrrrl e o Mytown. Um segundo grupo de

Social review sites tais como Yelp, Geodelic, Tellmewhere, Groupon, Blippy e The

HOtList. Por fim temos os Social Scheduling / Events sites, entre eles o Loopt, Plancast,

Meetup, Eventful, Upcoming, Geoloqi.

Toda esta evolução no que se refere ao Social Media como SIG pode ser vista como

uma extensão de uma longa história do jornalismo cartográfico. Como diz a jornalista

Krissy Clark (2011) “The best journalism is like a map. It shows where you are in

relation to others; it provides a sense of topography, a glimpse into a new world, or a

better understanding of a familiar one. Ideally, journalism helps citizens and

communities discover where they area, so they can better decide where they are

going,”2

2 Clark, K. (2011) – Journalism on the Map: A Case for Location-Aware Storytelling. http://www.nieman.harvard.edu/reports/article/102425/Journalism-on-the-Map-A-Case-for-Location-Aware-Storytelling.aspx

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1.3 Conceitos base do WEB 2.0

AJAX (Asynchronous JavaScript and XML) – Trata-se de um grupo de técnicas de

desenvolvimento de páginas web usadas pelo lado do cliente (client-side) de modo a

criar Asynchronous web applications, ou seja, com esta técnica é possível enviar e

receber informação do servidor sem interferir com a visualização e comportamento da

página aos olhos do utilizador. O termo AJAX é um conjunto de tecnologias entre as

quais: HTML e CSS usadas na apresentação da webpage, DOM (Document Object

Model para disponibilizar conteúdos dinâmicos, XML usado na troca de informação e

XSLT para a manipulação dessa mesma informação, XMLHttpRequest é o termo usado

para a asynchronous communication, e por fim o JavaScript que agrega todas estas

tecnologias numa só.

XML (Extensible Markup Language) – É uma linguagem que define as regras de

encoding em documentos num formado padrão, que torna possível a leitura por

utilizadores e por computadores. Os objectivos desta linguagem são a simplicidade, a

generalidade e a usabilidade através da internet. O formato desta informação é textual

com um forte suporte através de Unicode. Apesar de uma linguagem desenhada para

documentos, o XML, também se encontra largamente distribuído em data structures,

como por exemplo os web services. Muitas das API’s foram desenvolvidas para ajudar

os programadores no processamento de informação XML.

APIs (Application Programming Interface) – É juntamente com o AJAX / XML um das

maiores evoluções da WEB 2.0 e criou um novo standart no Web Mapping. O API

facilitou a criação de aplicações para todos os gostos e feitios. Antes do aparecimento

das APIs eram criadas aplicações com base no WMS na qual era necessário um elevado

conhecimento de programação e server management. Através de várias APIs os

utilizadores têm acesso a bases de dados centralizadas de informação geográfica no

qual incluem mapas, imagens de satélite e buildings outlines.

Desde o aparecimento dos primeiros visualizadores de mapas online até aos dias de

hoje, passamos de mapas rudimentares com poucas, ou nenhumas, funcionalidades

para mapas online com todo o tipo de funcionalidades, à criação de mapas com uma

facilidade inacreditável, criando um experiência agradável e eficiente. Esta nova

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geração de Web Mapping caracteriza-se também pela interacção entre utilizadores, a

rapidez de resposta entre servidor / utilizador e a integração de informação geográfica

com qualquer tipo de informação o que levou os programadores e utilizadores a

usarem informação geográfica nas suas aplicações e sites.

GPX (GPS eXchange Format) – É um formato de XML programado para interagir com

GPS de forma fácil e eficaz. É caracterizado por ser open source e pode ser usado de

maneira livre e sem qualquer necessidade de pagar pela licença.

É o formato usado para criar waypoints, rotas e caminhos no aparelho de GPS, ou seja,

guarda todo o tipo de informação sobre um determinado local desde a elevação, store

location, o tempo. Esta informação pode ser mais tarde interligada com outro tipo de

softwares, como por exemplo, programas de tracking permitindo ao utilizador ver que

caminho usou hoje na sua corrida, qual a sua inclinação, velocidade média, etc..

Olhando de uma forma mais teórica para o GPX, percebemos que se uma aglomerado

de pontos não estiver interligado trata-se de waypoints, se estes pontos tiverem

ligados entre si passa a ser um caminho (tendo um waypoint inicial e um final, com

vários pontos intermédios pelo meio) e por fim uma rota (uma lista de waypoints

organizados que representam uma série de turn points que levam ao destino final).

Este formato exige apenas a latitude e longitude para se criar um waypoint, todos os

outros elementos são opcionais. A Garmin usa o GPX com extensões próprias que

permitem guardar informação sobre a rua, número de telefone, categoria de negócio,

temperatura do ar e outros parâmetros.

LBS (Location based services) – É um conceito que tem como base tecnológica os

telemóveis a internet e o uso do GPS, no qual através da localização do utilizador

temos acesso a informação referente a eventos (desde cinema, concertos, festas),

pontos de interesse (restaurantes, museus, hospitais, parques) dessa mesma zona.

A definição teórica de location based é um serviço de informação acessível através de

dispositivos móveis através da rede móvel, ou wifi, e que usa a localização do

dispositivo móvel para apresentar informação referente à área.

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Ilustração 5 – Como se criou o LBS Fonte: elaboração própria

O Location Business Service é o resultado final da intersecção de três conceitos, a

própria internet, os dispositivos moveis e a base de dados espacial / SIG. Apesar de

não ser um conceito totalmente novo, foi graças às novas tecnologias que evolui até

aos dias de hoje. Na ilustração 5 está exposta a configuração comum a um LBS, que

tem com base a prestação de serviços e conteúdos (à qual está ligada a uma geo

database) por parte de um operador, é necessário também o dispositivo móvel, com

uma antena de GPS, que vai servir de receptor da informação pedida. É aqui que entra

em cena a terceira fase, o sistema de posicionamento global que é o coração do LBS e

que informa o utilizador da sua posição em determinada área. Por fim a comunicação

entre o telemóvel, já com a posição correcta, e o serviço de telecomunicação que vai

permitir o acesso à informação pedida anteriormente pelo utilizador.

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AS principais funções, ilustração 6, do LBS são orientação e localização, navegação,

procura de pessoas ou objectos, identificação e reconhecimento de pessoas ou

objectos e procura de eventos.

Ilustração 6 – Principal configuração do um LSB Fonte: http://www.e-cartouche.ch/content_reg/cartouche/LBSbasics/en/html/index.html

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Capitulo II – Constituição de GeoComunidades

2. Evolução da criação de informação

O crescimento deste tipo de informação foi enorme nos últimos anos, cerca de

1 a 5 exabyte por dia e este valor engloba todo de informação desde information-

sensing mobile devices, aerial sensory tecnologies (remote sensing), cameras, RFID

(radio-frequency identification) readers, wireless sensor networks e outros. Cerca de

90% de toda a informação foi criada nos últimos 2 anos e estes valores vêem-se

duplicados a cada 2 anos3. Ultrapassou-se a marca do zettabyte em 2010 e em 2011

este valor era de 1,8 zettabyte de data, e esta explosão de criação de informação está

a mudar em todos os aspectos nas áreas governamentais, empresariais, educacionais e

da ciência. Gantz e Reinsel (2011)4 afirmam que o data flow actual poderá aumentar

cerca de 50x em 2020, o que tornará também necessário o aumento de 75% das

infrastruturas actuais para conseguirem lidar com este aumento brutal de informação.

O custo de todo este armazenamento tem-se reduzido nos últimos anos e entre 2005 e

2011 este custo desceu cerca de 5/6. Pela primeira vez na história temos capacidade

de acompanhar e armazenar informação onde tudo se encontra em tempo real.

No que toca directamente ao data flow de informação geográfica desde cedo

esteve na vanguarda, no que toca à criação de grandes volumes de informação quer

em formado raster (detecção remota) quer em vectorial (detailed property surveys).

Tudo isto foi possível devido ao boom dos computadores e da internet, mas

olhando para a ilustração 7 verificamos que só América do Norte, Europa e Oceânia

tem taxas de penetração da internet superior a 60%, ou seja, os países desenvolvidos.

Isto faz-nos perceber que mais de metade da população continua a não ter acesso à

internet, em que Africa tem uma taxa de penetração de apenas 15,6% bastante abaixo

da média mundial de 34,3%. A distribuição geográfica da informação armazenada em

2010 reflecte mais uma vez as diferenças entre os vários continentes. Vemos uma

parte do mundo, América do Norte e Europa, com cerca de 10 a 70 vezes mais

3 Goodchild, M.F.; Sui, D.; Elwood, S. (2012) - Crowdsourcing Geographic Knowledge: Volunteered Geographic Information (VGI) in Theory and Practice, Springer 4 Gantz, J., Reinsel, D. (2011) – Extracting value from chaos. Http://www.emc.com/collateral/analyst-reports/idc-extracting-value-from-caos-ar.pdf

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informação armazenada que o resto do mundo, incluindo Africa, Asia e América Latina.

É curioso perceber que esta informação está normalmente menos disponível nas áreas

onde é mais precisa, verificamos isto através dos inúmeros problemas que surgiram no

Darfur em 2006, no terramoto no Haiti em 2010 e na explosão da plataforma

petrolífera da BP no golfo do México em 2011.

Ilustração 7 – Taxas de penetração da internet a nível mundial Fonte: www.internetworldstats.com/stats.htm

Já no que toca ao número de utilizadores por área geográfica (ilustração 8),

verificamos sem surpresas que é no continente asiático que existem mais utilizadores

de internet com mais de 1000 milhões, seguido da Europa com 518 milhões. Verifica-

se que apesar de ter uma taxa de penetração relativamente baixa (cerca de 27,5% mas

que se encontra a aumentar a um ritmo acelerado) o continente asiático tem o maior

número de utentes activos na internet.

Isto leva-nos a perceber que é um mundo ainda bastante dividido e com grandes

diferenças dos países mais desenvolvidos para os em via de desenvolvimento.

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Para se ter noção deste crescimento e na aproximação entre utilizadores, recuamos

até 1967, altura em que o psicólogo Stanley Milgram e a sua equipa chegaram à

conclusão que seria preciso 6 passos para ligar 2 pessoas totalmente anonimas entre si

em qualquer parte do planeta5. Em Dezembro de 2011 o Facebook e o Yahoo! fizeram

a mesma experiência com dados actuais e chegaram à conclusão que os 6 passos

tinham sido reduzidos para 4,7 passos, devido à ligação das pessoas à internet.

Ilustração 8 – Utilizadores da internet a nível mundial Fonte: www.internetworldstats.com/stats.htm

5 Goodchild, M.F.; Sui, D.; Elwood, S. (2012) - Crowdsourcing Geographic Knowledge: Volunteered Geographic Information (VGI) in Theory and Practice, Springer

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3. Neogeography

Segundo Turner (2006, 2-3): ‘’Consists of a set of techniques and tools that fall

outsider the realm of traditional GIS. Where historically a professional cartographer

might use ArcGIS, talk of Mercator versus Mollweide projections, and resolve area

disputes, a neogeographer uses a mapping API like Google Maps, talks about GPX

versus KML, and geotags his photos to make a map of his summer vacation.

Essentially, Neogeography is about people using and creating their own maps, on their

own terms and by combining elements of an existing toolset.

Neogeography is about sharing location information with friends and visitors, helping

shape context, and conveying understanding through knowledge of place’’6

Já Goodchild (2009) ‘’(…) has been defined as a blurring of the distinctions

between producer, communicator and consumer of geographic information. The

relationship between professional and amateur varies across disciplines. The subject

matter of geography is familiar to everyone, and the acquisition and compilation of

geographic data have become vastly easier as technology has advanced.’’7. Ou seja, os

“novos geógrafos” são todas aquelas pessoas que produzem, comunicam e consomem

informação geográfica não necessitando de ter qualquer ‘’background’’ ou de

formação na área. Apenas gostam e podem contribuir com informação que julgam

importante.

Rana e Joliveau (2009) afirmam, também, que ‘’the old geography involves a

prescribed role/interaction between the four main components, namely the audience,

the information, the presenter and the subject, which are common to most standard

practices of learning. In NeoGeography, there are, however, no such boundaries on

roles, ownership and interactions of these four components.’’8. Com isto percebemos

que parece questionar-se o conceito de Geografia, sublinhando o papel da relação

entre as componentes informacionais.

6 Turner, A. J. (2006) -Introduction to neogeography. Sebastopol, CA: O’Reilly Media Inc 7 Goodchild, M. (2009) - NeoGeography and the nature of geographic expertise. Journal of Location Based Services, 3, 2, 82–96 8 Rana, S.; Joliveau, T. (in press) - Editorial: special issue on neogeography. Journal of Location Based Services.

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Passou a ser uma geografia acessível a todos os interessados, não se limitando apenas

aos utilizadores profissionais, cientistas ou cartógrafos. É uma geografia onde toda a

gente passa a participar, criar mapas e informação. É um conceito que nasceu com o

aparecimento da WEB 2.0 e automaticamente se estandardizou. Segundo Anderson9 a

Neogeography baseia-se em 6 pilares fundamentais, Individual Production and user

generated content, Harnessing the power of the crowd, Data on an epic scale,

Architecture of participation, Network effects e Openness.

Apesar de ser um conceito difícil de definir, percebemos que o Neogeography é

toda uma ideia nova de se fazer geografia deixando para trás velhos métodos e

abraçando as novas tecnologias e as suas vantagens a curto, médio prazo. Deixou de

ser uma geografia fechada para ser algo aberto e alcançável a todos os interessados,

desde o utilizador sem qualquer formação na área até ao técnico qualificado. Passou-

se de uma geografia trabalhosa, por exemplo na elaboração de mapas em que o

processo de criação era longo, complexo e caro. Necessitava de trabalhadores com

formação acima da média no uso de técnicas de fotogrametria, o equipamento para

observações e análise era extremamente caro e era necessário um investimento

suplementar para a sua impressão em grandes formatos e escalas. Hoje estes

problemas deixaram de existir, ou os seus custos deixaram de ser proibitivos. O

OpenStreetMap é um bom exemplo do que os geógrafos amadores podem criar com

pouquíssima formação na área, tanto do lado da cartografia como da aquisição e

compilação de informação. Conduto, convém alertar que a função do OSM não é

fornecer informação na qual os geógrafos com elevada formação académica possam

usar, mas sim fornecer uma alternativa credível às antigas bases de dados

authoritative que se tornaram ao longo dos tempos demasiado caras para manter e

demasiado caras e complicadas de usar para o utilizador comum poder aceder.

Esta nova geografia assenta, entre vários conceitos, num conceito primordial de nome

MashUp e que tem como base o uso de APIs. Com isto é possível criar e agregar

qualquer tipo de mapa com outro tipo de informação interessante e pertinente,

chamando-se a esta técnica de MashUp. Esta técnica consiste na combinação de

9 Batty, Michael; Hudson-Smith, Andrew; Milton, Richard; Crooks, Andrew. (2010)– Map mashups, Web 2.0 and the GIS revolution. Annals of GIS, Vol.16, 1; 1-13

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informação de vários sites e fontes que vão produzir um novo layer de informação de

acordo com as necessidades dos utilizadores.

As principais características do MashUp são a combinação, visualização e agregação e

acaba por ter como objectivo a recriação da informação de maneira mais fácil e

acessível, tanto para o uso pessoal como profissional. Inicialmente o conceito de

mashup tinha como mercado o consumer-based, contudo verifica-se um uso crescente

por parte das empresas (business mashups), usando esta técnica para combinar

informação interna existente com informação externa de modo a criar novas maneiras

de interpretar a informação.

Existem portanto 3 classes de mashup:

• Consumer Mashup que combina a informação de várias fontes e compila tudo

num só layer de modo a facilitar a leitura e a sua compreensão, tudo isto é feito

no browser do utilizador.

• Business Mashup em que se combina informação interna com outro tipo de

serviço externo à empresa. Este tipo de mashup é visualmente muito rico, pois

mostra diversa informação de várias fontes internas e externas.

• Data Mashup combina vários tipos de informação e media de múltiplas fontes

numa só representação. A combinação de todos estes recursos cria um novo e

distinto web service que não era fornecido inicialmente por nenhuma das

fontes.

No que toca à distinção dos vários tipos de mashup podemos caracterizar em 4 tipos:

• Basic Portals em que o mapa é disponibilizado como base e os utilizadores

podem-no personalizar à sua vontade, com informação fornecida pelo

próprio site ou de outro site. O exemplo mais óbvio é o Google Maps com o

seu MyMaps.

• Aplicações que são programadas em cima da plataforma usando os

métodos disponibilizados pelo site ou plataforma. Esta vertente dos

mashup é a mais usada.

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• Secondary Software, também apelidado de middleware, na qual é fornecido

a informação base dos basic portals e permite interagir com outros

programas, por exemplo de GIS.

• Basic Software, diferente do Basic Portals na medida em que permite o

utilizador criar o conteúdo do mapa, no qual o OSM é o melhor exemplo.

Todos os mashup são normalmente combinados entre estas quatro variantes,

não quer dizer com isto que não haja outros tipos de mashup porque os há, contudo

são normalmente aplicações de cariz profissional exigindo formação avançada e

competências para as usar que o utilizador comum não possui.

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4. Crowdsourcing

Segundo Howe (2008) crowdsourcing ‘’(…) represents the act of a company or

institution taking a function once performed by employees and outsourcing it to an

undefined (and generally large) network of people in the form of an open call. This can

take the form of peer-production (when the job is performed collaboratively), but is

also often undertaken by sole individuals. The crucial prerequisite is the use of the open

call format and the large network of potential laborers.’’10. Esta definição dá-nos a uma

visão global do conceito de crowdsourcing. Demonstra que é um conceito em que

qualquer cidadão se converte num potencial criador de informação e, no caso da

Geografia, num criador de informação geográfica.

De acordo com Goodchild (2007) a informação geográfica voluntária define-se por

‘’the harnessing of tools to create, assemble, and disseminate geographic data

provided voluntarily by individuals.’’11. Isto revela que a criação de informação

geográfica deixou de ser algo feito exclusivamente por pessoas com conhecimentos na

área, ou empresas, e passou a ser acessível a qualquer pessoa com vontade de criar e

partilhar nova informação geográfica.

Com todos os avanços referidos no capítulo anterior, chegamos a uma etapa em que

os Web Mappings passaram de estar acessíveis apenas a uma pequena minoria para

fazerem parte do nosso dia-a-dia, aplicações como o Google Maps, OpenStreetMaps,

WikiMapia são triviais e encontram-se acessíveis a partir de qualquer computador

portátil ou telemóvel. Isto fez com que a informação criada e inserida nestas bases de

dados esteja a aumentar todos os dias a um ritmo alucinante

O conceito de user-generated content não é recente (IAB, 2008; OECD, 2007). Existem

numerosos exemplos de participação pública em Sistemas de Informação Geográfica

no qual as empresas estavam interessadas em saber o feedback dos utilizadores sobre

determinado assunto. A diferença entre o antes da WEB 2.0 e o depois é o aumento da

10 Howe, J. (2008) - Crowdsourcing: How the Power of the Crowd is Driving the Future of Business. Business Books, Great Britain. 11 Goodchild, M.F. (2007) - Citizens as sensors: The world of volunteered geography. GeoJournal, 69: 211-221.

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influência que a comunidade ganhou aos olhos das empresas, o utilizador comum

passou a ter uma voz na qual as empresas confiam.

Como muitas empresas privadas já descobriram, o potencial do uso da VGI em

ambiente governamental é gigantesco, em parte porque as agências de Mapping

governamentais têm orçamentos limitados e não abrangem todas as zonas

pretendidas. É aqui que entram os utilizadores e criadores de informação geográfica

amadores, pois representa uma oportunidade real destas instituições governamentais

manterem as suas bases de dados actualizadas com informação de grande valor,

nomeadamente nas zonas de high-use.

Uma das questões cruciais que se mantêm é o que motiva e o que leva os utilizadores

a fornecerem informação geográfica de forma gratuita e constante. Haverá diferenças

entre os vários utilizadores, e em última análise isto influencia a natureza, a frequência

e a qualidade das suas contribuições? Como se caracteriza os utilizadores?

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4.1 Caracterização dos utilizadores de crowdsourcing

Ilustração 9 - Diagrama de utilizadores Fonte: Coleman, J.D; Georgiadou, Y.; Labonte, J. (2009) - Volunteered Geographic Information: The Nature and

Motivation of Produsers. International Journal of Spatial Data Infrastructures Research, 4: 332-358

1) Neophyte – Alguém sem qualquer formação no assunto, mas que possui

interesse, tempo e vontade de dar a sua opinião sobre o assunto;

2) Interested Amateur – Alguém que ‘’descobriu’’ o interesse sobre o tema,

começou a instruir-se através da leitura, consultou outros colegas e experts na

área e já se aventura sozinho na aplicação;

3) Expert Amateur – Alguém que sabe o suficiente sobre o tema, e é a paixão que

o motiva mas a sua vida profissional não passa pelo assunto.

4) Expert Professional – Alguém que estudou e pratica sobre o assunto, depende

do seu conhecimento no seu local de trabalho. Trata-se de alguém com elevado

nível académico.

5) Expert Authority – Alguém que tem formação elevada no assunto e que tem

uma grande experiencia ao ponto de ser reconhecido pela comunidade por ter

criado ou ajudado a criar produtos de high-quality.

Contudo esta caracterização não pode ser levada totalmente a sério, porque por

exemplo um utilizador Neophyte pode ter pouco ou nenhum conhecimento sobre

tecnologias de posicionamento e os seus procedimentos mas pode estar muito

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familiarizado com a zona em questão a ser mapeada. Já um utilizador Expert

Professional pode perceber sobre a organização das especificações no mapeamento, a

limitação de uma unidade de GPS mas ter limitações de conhecimento no que toca aos

atributos. Outro exemplo pode ser dado ao Interested Amateur no qual este pode ter o

conhecimento de como usar um GPS portátil e a sua posterior introdução num Web

mapping software mas não ter ideia das especificações formais associadas à

localização, delineamento e classificação das features numa base de dados

governativa. As caracterizações da tabela servem para se ter uma ideia básica de como

se pode dividir os vários criadores de informação geográfica, ou seja como base de

apoio. Goodchild (2009) reconhece que ‘’…the old distinction between the non-expert

amateur and the expert professional is quickly blurring’’ e que ‘’… we are all experts in

our own local communities’’12.

Coleman, Georgiadou e Labonte (2009)13 dividem a comunidade de voluntários em 4

áreas:

1. Mapping and Navigation: Onde o objectivo é contribuir para um public map

series, como o USGS National Map Corps, ou para uma base de dados que é

utilizada por automobilistas, ou seja a Tom Tom, Nokia (antiga Navteq);

2. Social Networks: Esta contribuição é feita em sites como o OpenStreetMaps,

WikiMapia, Mapwiki (Nokia);

3. Civic / Governmental: É feita por voluntários preocupados com a sua área de

residência que usam este modo para demonstrar possíveis problemas na sua

cidade, ou região.

4. Emergency Reporting: Onde o voluntário reporta a presença de todo o tipo de

acidentes desde a acidantes de viação, acidentes naturais (Fogos, cheias,

protestos) a incidentes (assaltos, distúrbios).

Na tabela em baixo temos a união destas 4 áreas com os vários tipos de utilizadores na

criação de informação geográfica.

12 Goodchild, M. (2009) - NeoGeography and the nature of geographic expertise. Journal of Location Based Services, 3, 2, 82–96 13 Coleman, J.D; Georgiadou, Y.; Labonte, J. (2009) - Volunteered Geographic Information: The Nature and Motivation of Produsers. International Journal of Spatial Data Infrastructures Research, 4: 332-358

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Mapeamento e Navegação

(GPS-based Car Navigation)

Redes Sociais (OSM)

Civil / Governamental (PPGIS)

Emergency Reporting

Neophyte

Depende do aparelho de GPS nas direcções e segue as instruções para adicionar um POI usando o aparelho.

Identifica falhas na cobertura do mapa, está familiarizado com a zona em questão. Está também interessado em fazer uma contribuição inicial.

Views a GIS map in town hall metting around the siting of a power plant in the town.

Usa o smartphone para adicionar informação detalhada sobre a localização de um potencial início de incêndio.

Interested Amateur

É proprietário de um GPS pessoal usa-o exaustivamente e faz bastantes contribuições. Percebe e compreende as limitações e benefícios da tecnologia em questão para fazer contribuições fidedignas.

É proprietario de equipamento, está à vontade com programas de edição de informação e os seus processos. É um contribuidor regular na edição de mapas e de outros tipo de contribuições.

Citizen fashions a map to present a counter clain in a town hall meeting around siting of a power plant in the town.

Desloca-se de um lado para o outro para fotografar e geotagged photos a mostrar, por exemplo uma inundação ou cheias.

Expert Amateur

Está familiarizado com os benefícios e limitações de múltiplos sistemas e é proprietários de mais que um sistema ou aparelho. Pode e faz de vez em quando melhorias na informação de outros utilizadores.

Domina de maneira profissional os equipamentos. Actualiza e edita contribuições de outros. Participa nos desenvolvimentos do software e nos decision-making.

Individuo familiarizado com as condições dadas no seu bairro e com as operações feitas no sistema Web-Based PPGIS

Familiarizado com os requerimentos necessários para a criação de informação de emergência e pode voluntariamente viajar para os sítios afectados para fornecer informação na hora.

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Expert Professional

Profissional no Mapeamento ou serviços de Location Based

Profissional no Mapeamento ou serviços de Location Based

Conhecedor de planeamento urbano

Cria um plano de emergência e cria pessoalmente tarefas com o mapeamento das posições correctas dos fogos e das cheias

Expert Authority

Trata-se de um especialista que é consultado por outros profissionais em relação a problemas específicos e a novos desenvolvimentos.

Planeamento urbano com elevado conhecimento de desenvolvimento local na área de interesse

Trata-se de um especialista que é consultado por outros profissionais em relação a problemas específicos e a novos desenvolvimentos.

Tabela 1 – Diferentes tipos de utilizadores e respectiva qualificação Fonte: Coleman, J.D; Georgiadou, Y.; Labonte, J. (2009) - Volunteered Geographic Information: The Nature and Motivation of Produsers.

Segundo Anthony et al., Swartz, Ortega et al. Priedhorsky et al. (2007)14 haverá

outras possíveis caracterizações dos utilizadores:

- A sua Humanidade, ou seja, se é uma contribuição feita por uma pessoa ou por

um bot programado para o efeito;

- A frequência, tipo da contribuição do utilizador;

- A qualidade e a veracidade da informação dada pelos voluntários;

- Se a reputation for reliability das contribuições passadas influencia a lifespan das

contribuições futuras.

14 Coleman, J.D; Georgiadou, Y.; Labonte, J. (2009) - Volunteered Geographic Information: The Nature and Motivation of Produsers. International Journal of Spatial Data Infrastructures Research, 4: 332-358

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4.1.1 O que motiva os voluntários?

1 – Altruísmo – Contribuições meramente para o benefício de outros e sem

qualquer promessa de retorno ou ganho para o próprio;

2 – Interesse pessoal ou profissional – Contribuições feitas com parte de um

projecto profissional, ou pessoal.

3 – Estimulação Intelectual – Usar as próprias contribuições para melhorar as

technical skills, o conhecimento e a experiencia sobre o assunto;

4 – Protecção e melhoramento de um investimento pessoal

5 – Recompensa Social – Fazer parte de uma network ou comunidade onde através

da colaboração, discussão e desenvolvimento de um certo recurso, o contribuidor

adquire uma sensibilidade de que a informação dada é importante para essa

mesma comunidade online.

6 – Reputação pessoal (melhoria) – Oportunidade de contribuir para desenvolver

uma identidade online que seja respeitada, confiável e valorizada pela comunidade

(Wikipedian peers), aumentando com isto a sua valorização pessoal.

7 – Pride of Place – Onde adicionar informação sobre um grupo ou comunidade

pode ser bom para public relations, turismo, desenvolvimento económico ou

simplesmente demonstrar que aquela área ou estabelecimento já se encontra no

online map.

Adaptando estas motivações aos VGI’s, podemos separar em vários grupos. O

Altruísmo, o Interesse pessoal ou profissional e a Recompensa Social são os principais

motivadores dos cidadãos interessados em criar e partilhar informação sobre

problemas naturais ou de origem humana. Já o Pride of Place tem um papel

importante no que toca ao encorajamento dos indivíduos na actualização de Points of

Interess, estradas, ruas nas suas áreas de residência ou trabalho para bases de dados

do Google Earth, OpenStreetMap ou até mesmo MapWiki. Similarmente a

Recompensa Social, o Interesse Profissional ou Pessoal e o Pride of Place são todas as

motivações para os utilizadores e contribuidores das mapping parties do OSM. Na

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protecção e melhoramento de um investimento pessoal existe a motivação de

melhorar e actualizar um determinado serviço, tal como o TomTom’s MapShare de

modo a se ter ganhos para o próprio através dessa actualização.

4.1.2 Aspectos negativos do VGI

Nem todos os contribuidores podem estar interessados em fornecer informação

fidedigna. As motivações por detrás destes utilizadores são facilmente identificáveis:

A – Mischief: Utilizadores que utilizam as comunidades para lançar confusão,

alterando informação legítima por informação errada, ou muitas vezes com

informação imprópria.

B – Agenda: Grupos ou utilizadores individuais que alteram a informação

motivados pelas suas crenças numa comunidade, organização ou causa, ou seja,

criam e modificam informação de acordo com crenças e ideias próprias o que

acaba por distorcer o propósito final.

C – Malice and/or Criminal Intent: Utilizadores com intenções prejudiciais e por

vezes criminosas na esperança de obter ganho pessoal.

Nas opções A e C, torna-se mais complicado desenvolver uma aproximação

automática para o problema que permita monitorizar, identificar e editar todas estas

questões. Já existe uma aplicação com base no Wikipedia na qual as empresas se

poderão basear para contrariar estes utilizadores com intuitos menos honrados, o

WikiScanner, que consiste na procura nas diversas base de dados que ligam os milhões

de edições que acontecem na Wikipedia e cruza esta informação com a informação

dos ips dos utilizadores que criaram o artigo.

Apesar de começar a ser o uso de ferramentas apropriadas para contrariar estes

utilizadores, a vigilância activa será sempre essencial, ou seja, terá que haver sempre

pessoal competente e vigilante para investigar e combater possíveis informações

criadas erradamente ou com intuito de estragar o que já foi criado.

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4.2 Informação Voluntária ou Não-Voluntária?

Apesar de toda esta euforia de criação de informação até que ponto a

informação dada é voluntária? O conceito de Contributed Geographic Information

demonstra que nem toda a informação partilhada é voluntária. Harvey (2012) diz ‘’CGI,

refers to geographic information that has been collected without the immediate

knowledge and explicit decision of a person using a mobile technology that records

location’’. A informação partilhada sem o consentimento do utilizador, que começa a

ser uma prática comum devido a massificação dos smartphones, consiste na utilização

por parte das operadoras móveis de informação que o próprio telemóvel vai

guardando como por exemplo a localização do cliente, onde entrou para almoçar,

onde passou a noite. Ou seja, as operadoras aproveitam-se desta informação sem o

conhecimento prévio do cliente e utilizam-na em variadas situações, desde estudos de

mercado até facultar essa informação à qualquer força de segurança nacional ou

internacional.

Harvey (2012)15 afirma que a diferença entre VGI e CGI é ‘’Crowdsourcing data

collected with user control is volunteered, whereas crowdsourcing data collected with

no or limited user control in contributed.’’

Usando o quadro em baixo como referencia, verificamo-nos logo algumas

diferenças entre VGI e CGI. Em que o OPT-IN se refere à informação voluntária e o

OPT-OUT à informação contribuída sem o utilizador saber.

Volunteered (Opt-in)

Contributed (Opt-out)

Collection Reuse Collection Reuse

Clarity + ?

? ? Control + ? - -

Legenda: ‘’+’’ e ‘’–‘’ indica a possibilidade e a ausência, ‘’?’’ indica possibilidades ambíguas

Tabela 2 – Diferenças entre OPT-IN e OPT-Out Fonte: Goodchild, M.F.; Sui, D.; Elwood, S. (2012)

15 Goodchild, M.F.; Sui, D.; Elwood, S. (2012) - Crowdsourcing Geographic Knowledge: Volunteered Geographic Information (VGI) in Theory and Practice, Springer

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Volunteered (Opt-in)

Contributed (Opt-out) Clarity and specifics

Vagueness and generalities

Control over data collection

Uncontrolled data collection Limited control over data reuse No control over data reuse

Tabela 3 - Principais diferenças entre VGI e CGI Fonte: Goodchild, M.F.; Sui, D.; Elwood, S. (2012)

Podemos chegar já a uma conclusão e dizer que a informação voluntária é

criada quando o utilizador quer e este pode escolher a mesma que quer criar, sem

qualquer tipo de imposição ou pré definição por parte de terceiros. O utilizador tem a

liberdade de fazer o que acha melhor.

Podemos dar o OpenStreetMap e o GeoCaching, como exemplo de VGI (OPT-

IN). Já no lado do CGI (OPT-OUT) está o Cell Tracking e o RFID. Esta distinção permite-

nos perceber e clarificar a diferença que existe na criação, uso e reuse da informação e

ajuda a responder a questões sobre a origem e qualidade da mesma.

4.2.1 Concretamente quais as diferenças entre OPT-IN e OPT-OUT?

Uma distinção pode ser feita por exemplo entre a informação que nós

escolhemos recolher, como geotagged uma fotografia numa rede social e a

informação que é recolhida automaticamente por uma estação de monitorização de

poluição do ar, ou outro tipo de sensor web. As fotos que inserimos na rede social

permitem-nos controlar o acesso e o seu objectivo, ou seja, trata-se de uma

informação fornecida de maneira voluntária, mas se por alguma razão essa mesma

fotografia é usada para outros fins que não o pretendido inicialmente e sem a nossa

permissão, torna-se numa contribute information. Exemplos mais complexos aparecem

quando a informação é criada e usada pelo utilizador (a tal fotografia), mas a

companhia que gere o site decide usar a informação geográfica presente na fotografia,

como onde foi tirada e por quem foi tirada e vende esta informação a mobile

advertisers. Percebe-se que a grande diferença entre OPT-IN e OPT-OUT é a liberdade

de escolha no momento da publicação ou criação da informação, ou seja, de um lado a

escolha de como e quando quero criar ou usar informação e de outro lado quando

estou a criar e fornecer informação sem ter o conhecimento, controle e, ou influencia

nisso.

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Têm aparecido nos últimos anos alguns casos de informação que é recolhida

sem o conhecimento dos utilizadores. Empresas com a Apple, Microsoft e Google têm

em mãos situação embaraçosas, devido à descoberta dos benefícios (para as

empresas) da recolha de informação sem conhecimento por parte dos utilizadores.

Houve relatos de que mesmo desligando todos os serviços de localização, havia

informação a ser enviada constantemente para as diversas operadoras e empresas,

onde a única maneira de impedir este envio de informação não-voluntária era

desligando o telemóvel. A privacidade da localização e os seus problemas de vigilância

será um dos temas que o uso e abuso do mobile computing nos trará, em parte porque

será necessário perceber até que ponto queremos ser vigiados nesta maneira, pois o

CGI já começa a desempenhar um papel importantíssimo na maneira como as

companhia e as agencias governamentais sabem e prevêem as actividades da

população. Recuando apenas umas semanas temos visto nos órgãos de comunicação

social, esta conduta ser comum por parte dos gigantes da indústria informática desde

Microsoft, Apple, ao Facebook. Revelou-se através dos media que estas empresas

cediam informações aos governos, incluindo o governo português, sobre determinados

utilizadores que se encaixavam num determinado perfil (criminosos, pessoas com

ligações a determinadas organizações, etc…) e desta maneira são controlados de

maneira passiva pelos governos e policia.

Dando um exemplo concreto de este tipo de ‘’abuso’’ por parte das empresas,

um membro do partido dos Verdes Alemão, Malte Spitz, levou uma destas empresas a

tribunal de maneira a poder ter acesso a um relatório detalhado sobre os 7 meses que

esteve vinculado a uma operadora. O resultado foram 35.831 registos não autorizados

do seu dia-a-dia, desde informação de onde ele esteve durante este período e quando

é que ele esteve: em que ruas o utilizador esteve, que autocarro, avião ou comboio

apanhou, onde ele trabalhou, onde é que ele gosta de passar o seu tempo livre, e até

onde é que ele dormiu e quando é que ele dormiu.

Até que ponto é isto legitimo? Assumindo que houve um contracto assinado

em que dá o direito de recolha por via não voluntária, não existe maneira de fugir a

esta recolha por parte das operadoras ou das empresas.

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Resumindo percebemos que as diferenças entre o OPT-In e o OPT-Out estão na

escolha que o utilizador possui em relação ao controle que tem sobre o serviço (OPT-

IN) ou aceitar o serviço e todos os seus termos e condições sem ter qualquer controle

sobre o que fornece à empresa ou operadora (OPT-Out). O Opt-In permite mais

liberdade, flexibilidade e controle, por exemplo, oferece a possibilidade de usar alguns

serviços e funções de location service e ao mesmo tempo permite desactivar outros

que não interessam ao utilizador. Já o OPT-Out não oferece qualquer tipo de escolha

ao utilizador obrigando-o a usar o serviço tal como ele é, sem excepções, ou caso o

utilizador não goste a única solução é não usar o serviço.

A distinção dos dois conceitos Volunteered (Opt-in) e o Contributed (Opt-out)

toca na definição ética do que é realmente é ser voluntário, ou seja, muitos

utilizadores afirmam que ser voluntário é perceber o que se está a contribuir, como se

está a contribuir, ter se controle sobre o que se contribui. O conceito da contribuição

voluntária (Opting-in) clarifica que os criadores de informação voluntária concordam

com que partilham e sabem as possibilidades dessa informação ser reutilizável. Por sua

vez o conceito de Contributed (Opt-out) apesar de ser clara a sua função final, a

aceitação desta envolve a perda de controlo e influencia sobre o que foi criado e limita

o uso dessa informação no futuro.

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4.3. Valor da informação Geográfica

A recente explosão da informação geográfica voluntária introduziu novos

desafios sobre o verdadeiro valor desta informação. Como é que a Geographic

Information (GI) e a VGI podem ser classificadas em importância e potencial?

Vários sectores, desde os decision makers na área pública, privada e não-

governamental, reconhecem que a GI pode ter um valor considerável na económica e

no valor social, contudo como quantificar ou conceptualizar esta informação ainda é

limitado e de resposta vaga. O uso de informação voluntária, user-generated como

complemento à produção e uso da spatial data criou novos desafios na compreensão

do valor da VGI.

Genovese et al (2009a)16 afirma que rotular o valor da informação geográfica é

complicada por várias razões. Primeira porque não há um consenso predefinido de

como é que o GI deve ser definido, ou seja, se é um produto, um processo ou um bem

publico. Mesmo que a parte quantitativa do valor do GI (o que é necessário para criar,

actualizar e distribuir um determinado data set) seja fácil de calcular, a vertente

qualitativa do GI é dificilíssima de calcular. Longhorn e Blakemore (2008)17

demonstram que o valor dado a esse determinador data set pode variar de individuo

para individuo, ou de empresa para empresa, porque há diferenças nas suas

necessidades, recursos e objectivos.

Do ponto de vista de base de dados governamentais este valor económico pode

ser definido pelo seu exchange value ou pelo valor que o comprador está disposto a

pagar pela informação. Um das grandes motivações e expectativas dos produtores de

informação, nos sectores públicos e governativos, é definir de forma concreta os

benefícios para a económica nacional, ou seja, demonstrar que apesar do seu elevado

custo de produção, manutenção é possível haver lucro e racionalidade numa altura em

que existem restrições a níveis de orçamentos governamentais. Do lado das empresas

16 Genovese, E.; Cotteret, G.; Roche, S.; Caron, C.; Feick, R. (2009a) – Evaluating the socio-economic impact of geographic information: A classification of the literature. International Journal of Spatial Data Infrastruture research, 4, 218-238 17 Longhorn, Roger.; Blakemore, Michael. (2008) - Geographic Information: Value, Pricing, Production, and Consumption. Boca Raton, FL: CRC Press

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privadas o mote é a identificação e delimitação de um valor de referência com o actual

mercado de GI e obter o máximo de lucros.

Compreender o valor qualitativo da authoritative GI provou ser mais complicado e

complexo que calcular o valor desta informação através da vertente financeira, como o

custo / beneficio / lucro / retorno do investimento. O cálculo dos benefícios através da

vertente social são exprimidas através de haver mais informação na altura de decidir,

na melhoria das capacidades de pequenos grupos terem acesso público a informação

geográfica, melhoria dos serviços prestados pelo governo, ao acesso às tecnologias de

spatial information que outrora estava apenas acessível a determinadas pessoas.

Craglia e Novak (2006)18 identificaram três grandes tipos de benefícios sociais e

políticos associados à authoritative gi.

• Benefícios associados aos cidadãos através do acesso fácil e descomplicado à

informação criada. Mais transparência e facilidade de participação em assuntos

relacionados com os GI, e interacção com as entidades competentes.

• Benefícios para o governo através da melhoria da colaboração com outros

stake-holders dentro e fora do governo, melhoria da tomada de decisões,

melhoria dos serviços prestados (serviços médicos, etc…), melhor gestão e

planeamento do uso de terras e dos problemas ambientais.

• Benefícios para as entidades privadas no que toca ao aumento do

conhecimento e da inovação, criação de novas áreas de negócio e de postos de

emprego.

4.3.1 Como se quantifica e diferencia o valor desta informação autoritative para a

informação voluntária?

O valor da informação geográfica voluntária tem aumentado nos últimos anos

com a explosão das VGI sendo contudo impossível, mais uma vez, chegar a um valor

concreto dessa mesma informação. Citando Cromprvoets (2010), Longhorn e

Blakemore (2008) ‘’While there may be widespread recognition that GI has significant

economic and social value, our understanding of how to quantify or even conceptualize 18 Craglia, M.; Nowak, J. (2006) – Report of international workshop on spatial data infrastructures: Cost-Benefit/Return on investment. Institue for Environment and Sustainability

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the value of GI remains limited’’19. A informação produzida não tem um valor fixo e por

isso é difícil estimar o seu valor. Sobre isto Longhorn e Blakemore (2008) dizem ‘’also

note that the value of a given data set will often vary between individuals and/or

organizations because of differences in their needs, resources and objectives’’20.

Percebemos que o valor da informação é diferente de objectivo para objectivo e de

empresa para empresa.

Algumas empresas privadas conseguiram de maneira eficaz passar alguns

aspectos da manutenção e criação da informação para os seus utilizadores através da

criação de relatórios de erros e omissões. O Google Maps usou o termo ‘’Report a

problem’’, a Garmin usa ‘’Report a map 35roblema’’ e na TomTom é usado o

‘’MapShare’’. Estes exemplos são a demonstração de que das base de dados privadas e

authoritative GI começam a ser melhoradas e aumentadas através do VGI.

Voltando ao valor da informação através do VGI verificamos que se torna difícil,

mais uma vez, de quantificar pois esta informação é privada contudo é possível ter

uma ideia olhando para uma possível diminuição de custos e do aumento de ligação

com os clientes associado aos serviços de GI que são actualizados diariamente.

Onde talvez se note mais uma evolução de valor na informação geográfica

voluntária é na vertente social, em zonas afectadas por crises humanitárias, desastres

naturais e em áreas cuja cobertura de mapas credíveis é pequeníssima. A plataforma

Ushahidi-Haiti, criada em 2010 pós terramoto no Haiti, teve um enorme impacto social

na gestão da catástrofe e no terceiro dia após a sua criação teve mais de 3000

contribuições e pedidos de auxílio, em que mais de metade foi submetida via SMS.

Outra situação foi a necessidade de criação de mapeamento básico pois, devido à

destruição da agência nacional de cartografia do Haiti, a pouca cartografia que existia

foi destruída ou ficou inutilizada, foi então criada uma campanha de nome Drawing

Together na qual foram pedidos voluntários através da internet para a criação e

reconstrução de mapas capazes de ajudar a população local e os respectivos serviços

de emergência. A OSM rapidamente criou uma plataforma específica, baseada no 19 Feick, Rob and Roche, Stéphane. (2012) - Understanding the Value of VGI. Crowdsourcing Geographic Knowledge: Volunteered Geographic Information (VGI) in Theory and Practice, 16, Springer 20 Feick, Rob and Roche, Stéphane. (2012) - Understanding the Value of VGI. Crowdsourcing Geographic Knowledge: Volunteered Geographic Information (VGI) in Theory and Practice, 18, Springer

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próprio OSM, para todos estes colaboradores voluntários pudessem introduzir todas as

informações recolhidas pós terramoto.

Na informação VGI verificamos que é problemático avaliar a dimensão do valor,

quais as dimensões do valor mais importantes, de quem é realmente o beneficiado e

quem é o prejudicado. Isto deve-se em parte ao facto do valor do VGI ser uma ligação

entre as características da informação criada pelos voluntários e os processos socio-

tecnológicos através do qual esta informação é produzida e usada.

Apesar de todas estas dificuldades de avaliar o valor da informação geográfica

Longhorn e Blackemore (2008)21 demonstram que o valor comercial da informação

geográfica, em 2004 de acordo com Daratech (2006), situa-se nos 677 milhões de

dólares de receita, um quarto do valor total da indústria geospatial incluindo serviços,

hardware, software que se situa nos 2,82 mil milhões de dólares. O valor comercial

desta informação apenas fica atrás do valor do software mas à frente dos serviços e do

hardware. Por sua vez as entidades governamentais são o maior sector, tendo cerca de

3.6 mil milhões de receita, ou seja, um terço do total mundial.

O valor económico segundo um estudo no Reino Unido (Office of Fair Trading,

2006) demonstra que o Public Sector Information (PSI) contribui para a economia do

Reino Unido com valores anuais na ordem dos 1000 milhões.

Por fim o valor socioeconómico da informação geográfica, no qual se liga a

relação entre a actividade económica e a vida social, examinando os impactos

económicos da actividade social e os impactos sociais da actividade económica. Com

base no artigo de Longhorn e Blackemore (2008)22 percebemos que no sector público a

vertente socioeconómica tem muito valor, pois é necessário para uma correcta

administração da sociedade. Do lado da GI comercial também existe um valor

socioecónomico ou ninguém estaria interessado em investir nos produtos e serviços

que essas empresas oferecem. São muitos os produtos e serviços que são criados pela

indústria com uma importância extrema, desde à navegação on-board através de GPS

21 Longhorn, Roger.; Blakemore, Michael. (2008) - Geographic Information: Value, Pricing, Production, and Consumption. Boca Raton, FL: CRC Press 22 Longhorn, Roger.; Blakemore, Michael. (2008) - Geographic Information: Value, Pricing, Production, and Consumption. Boca Raton, FL: CRC Press

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e serviços de previsão da meteorologia que são usados desde o governo, aos privados

até ao utilizador amador e amante da meteorologia.

Com isto percebemos que a grande diferença entre o valor comercial e o valor

social é que o valor comercial passa por perceber o que leva as empresas a criar

produtos e serviços com base em informação geográfica, o que as motiva a continuar e

cujo sucesso ou fracasso depende de quem usa esses serviços e como os usa. Por sua

vez o valor social pode variar porque o mesmo produto ou serviço pode ter variadas

maneiras de ser usado, desde entretenimento a actividades lúdicas até à grande

eficiência em modelos de negócio privados ou governamentais.

As empresas fornecedoras de informação geográfica olham para as VGI como

uma oportunidade única de produção de informação geográfica, em parte porque este

boom na evolução lhes permitiu ter acesso a quantidades gigantescas de informação,

que se torna muito rentável porque toda a informação é fornecida de maneira

voluntária e com um custo relativamente mais baixo para a empresa, comparando com

o que acontecia anteriormente antes do boom dos VGI (apenas se têm que preocupar

com a criação de uma plataforma digital que seja intuitiva para o utilizador e

respectivo armazenamento desta informação).

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5. O Volunteered Geographic Information e a criação de bases de dados

O VGI, uma recolha de informação através de crowdsourced, começa a ser

utilizado em numerosas bases de dados. Existem sistemas activos e passivos de

contribuição, mas são os activos que fornecem melhor informação pois os

contribuidores usam o seu conhecimento local e regional para melhorar a qualidade

das bases de dados espaciais usadas na navegação e no location-based services.

Ilustração 10 – Funções comuns numa base de dados geográfica Fonte: elaboração própria

O sistema passivo consiste na criação de informação de forma automática que

é recolhida dos diversos aparelhos, GPS ou outro tipo de aparelho de localização, e

estes vão recolhendo sobre os diversos caminhos usados pelo utilizador durante as

suas deslocações diárias, são recolhidas também informações da velocidade do

veículo, elevação, geometria do caminho utilizado pelo utilizador. Este tipo de

informação é utilizada posteriormente para fazer análises de tráfico e perceber onde

há grandes zonas de congestionamento na cidade ou região (também recolhe info

sobre limites de velocidade, sinais de transito, sentidos proibidos, etc…) Esta

informação é toda criada de forma anonima e por vezes sem conhecimento do

utilizador do aparelho, contudo existem empresas que informam o utilizador desta

recolha.

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Este sistema passivo, usando como exemplo a Tom Tom (Tom Tom 2011)23, conseguiu

nos primeiros 2 anos de existência a criação de cerca de 2 triliões de pontos GPS, e

actualmente são criados cerca de 3 mil milhões de pontos todos os dias. Segundo o

mesmo artigo a agregação desta informação permite à Tom Tom melhorar a sua base

de dados com um nível posicional extremamente preciso, para além de remover

possíveis erros nas bases de dados e é um sistema praticamente livre de data spam.

Contudo é um sistema que tem o lado negativo de não ser possível recolher

informação a nível dos atributos, como por exemplo, o nome das ruas, o número das

estradas, adereços, poi’s.

O sistema activo foca-se na contribuição por parte da população e são estes a

fonte primária de criação de informação, é um sistema baseado na boa vontade dos

intervenientes, ou seja, está limitado ao que os utilizadores criam e inserem na base

de dados. O sucesso deste sistema depende integralmente da atractividade da

plataforma de maneira a cativar utilizadores com vontade e disponíveis para criar e

disponibilizar informação da sua área de residência ou trabalho.

Existem 2 géneros de contribuição activa, um directo e um indirecto. A contribuição

directa é baseada no conhecimento local que o utilizador tem, ou seja, se o utilizador

visitou a área em questão de modo a retirar apontamentos, fotos e informação

pertinentes sobre essa mesma região. A contribuição indirecta é baseada na

observação e análise de imagens de satélite, ou seja, sem necessidade de estar na área

pretendida. Esta vertente leva muitas vezes à criação de informação errada pois não

havendo um background real da área, por vezes não se sabe bem que tipo de

informação se cria ou se a mesma é 100% precisa.

Na generalidade, as contribuições activas feitas por utilizadores presentes na

área são dotadas de melhores precisões do que contribuições feitas através de

imagens de satélite ou mesmo baseadas de cabeça, como por exemplo, o utilizador

lembrar-se que existe numa determinada rua um café, apesar de não estar na

localização do mesmo para confirmar. Contudo a precisão das contribuições feitas

23 TomTom. (2011) – TomTom makes the largest historic, traffic database in the worl available for governments and enterprises via its online web portal. Press Release. TomTom B.V.

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através de imagens de satélite irá também depender da skill do utilizador e da

qualidade das mesmas imagens.

5.1 Diferentes tipos de base de dados crowdsourced system com contribuição activa

São usados na contribuição activa, maioritariamente, sistemas open e hybrid. O

sistema Open é baseado numa plataforma não-proprietária que confia nas

informações criadas pelos seus utilizadores e não restringe a edição dessa mesma

informação por parte de outros utilizadores. É um sistema que fornece também de

forma gratuita os dados criados e editados pela comunidade.

O sistema hybrid, o termo vem do uso de base de dados comum e de

crowdsourcing, usualmente é baseado numa plataforma proprietária, usa informação

criada via crowdsourcing mas em pequena escala, ou seja, apenas permite

contribuições de tipos de informação muito limitada. Este tipo de sistemas apesar de

permitirem crowdsourcing, a informação criada a partir deste modo é depois analisada

de forma extensiva e rigorosa antes de ser introduzida na base de dados final.

No que toca a sistemas open (abertos) podemos dar como exemplo o

OpenStreetMaps (OSM), na qual todas as contribuições são aceites e todos podem

editar. Contudo de modo a não haver demasiados erros e a precisão da informação ser

reduzida, criou-se um sistema de feedback que permite avaliar e premiar os

utilizadores credíveis e confiáveis da comunidade, o que leva a que a informação

criada e introduzida por estes utilizadores ser automaticamente inserida na base de

dados final. Esta informação pode ser revista por outros utilizadores do mesmo

estatuto. Este tipo de abordagem presume que quantas mais pessoas (olhos) houver a

editar uma determinada zona melhor é, pois assim será possível remover falhas, spam,

informação incompleta e até errada da zona. São sistemas que são caracterizados por

se self-healing ao longo do tempo, ou seja, novas edições são avaliadas e modificadas,

caso necessário, por todos os utilizadores com boa reputação.

Já os sistemas de compilação híbridos, mistura de crowdsourcing e base de

dados de mapas tradicional, usam as contribuições de crowdsourcing apenas como

indicador de mudança e sinal para que a entidade perceba que naquela região existe

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algo que tem que ser modificado e actualizado. Estas contribuições públicas não são

vistas como confiáveis mas apenas como indicação de um possível erro a actualizar. A

informação que acaba por ser necessária actualizar passa por um longo caminho de

pesquisa, controlo de qualidade antes de ser aceite e publicada na base de dados final.

Olhando para o exemplo, de uma base de dados governamental, do Swiss Federal

Office of Topography em que este integrou o conceito de crowdsourcing no seu

sistema de base de dados de GIS, verificamos que isto permitiu a actualização das

bases de dados actuais como criou uma nova forma de relação com os seus clientes.

Apesar de ser necessário a revisão e a sua aprovação pelos técnicos antes de ser

actualizada a base de dados, é possível carregar informação de GPS tracks, anexos,

notificações de erros, linhas e superfícies.

Nas base de dados com fins comerciais, a Google, usando o Google Maps é o líder no

uso do sistema hibrido e um dos primeiros a adoptar o sistema de crowdsourcing (não

nos moldes actuais) nas suas base de dados GIS, o seu primeiro projecto de nome

Google Map Maker foi desenvolvido com o intuito de alargar a oferta de cartografia

em zonas distantes e isoladas onde os principais map suppliers não conseguiam chegar

e fornecer essa informação. Até 2009 a informação de base era fornecida pela NAVTEQ

e pela Tele Atlas (actual TomTom), contudo pós 2009 a informação passou a compilada

e criada pela própria Google. A base de dados foi criada com recurso ao método

tradicional de criação de informação geográfica e não por crowdsourcing, mas apesar

disto foi concebido uma área para o utilizador poder reportar possíveis erros e

problemas e permitiu também o uso do Google Map Maker para editar, com um certo

limite, alguns layers de informação.

A actual TomTom (antiga Tele Atlas) teve algum sucesso com a implementação do

crowdsourcing no seu programa Map Share, parte integrante do conceito TomTom

Personal Navigation Device (PND). Contudo devido a problemas financeiros este

conceito foi abandonado e focaram as prioridades de recolha de informação através

de sistemas passivos.

Tal como a TomTom a NAVTEQ (agora pertencente à NOKIA) foi bastante bem

sucedida na recolha através de sistemas passivos, devido ao seu grande número de

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parceiros na área dos transportes e nos mercados de navegação. Este data flow foi

beneficiado também por grande parte dos telemóveis da Nokia estarem fornecidos e

ligados aos servidores da NAVTEQ. Contudo no que toca ao crowdsourcing, foram

menos bem-sucedidos, em grande parte pela plataforma (Map Reporter) ser pouco

popular, pouco user friendly e pouco intuitiva, mas em 2011 a Nokia introduziu em

algumas áreas do planeta o acesso, muito limitado e restritivo, à sua nova plataforma

Map-Wiki que veio com o intuito de demonstrar que o crowdsourcing é um conceito

com futuro, será debatido esta plataforma num capítulo mais à frente.

É importante relembrar que tanto o Google, NAVTEQ e TomTom limitam os tipos de

edições permitidas aos seus utilizadores. E ao contrário do Google, tanto a NAVTEQ

como a TomTom usam a comunidade como maneira de perceber onde há mudanças a

fazer numa determinada área. Ambas as plataformas quando há edições a fazer,

procuram por utilizadores que tenham um feedback positivo e que sejam authorative e

trusted source para que possam validar as mudanças na informação geográfica. Em

casos extremos onde não é possível confirmar a informação através de data mining,

procede-se ao envio de um representante da empresa para averiguar a área de modo

a alterar as mudanças exigidas e demonstradas pela comunidade.

Apesar de usarem o crowdsourcing na criação das suas bases de dados geográficas,

companhias como a TomTom e Nokia (NAVTEQ), continuam na preferir usar na fase

final por avaliar a informação, criada por outros, usando os seus próprios métodos de

controlo e de avaliação.

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5.2 Como funciona o crowdsourcing num sistema híbrido e aberto?

Usando o OSM como base de análise percebemos que foi uma plataforma com

um sucesso acima da média no que toca à criação e compilação de um map database

num ambiente de crowdsourcing, contudo esta plataforma não pode ser colocada ao

nível de um verdadeiro sistema SIG, isto porque não possui o data quality, nem o data

specifications necessário. Estes dois factores são limitativos do alcance do

crowdsourcing em funções mais comerciais e onde seja necessário usar base de dados

geográficas com informação fidedigna e credível.

As bases de dados geográficas tradicionais são conhecidas por serem usadas na

navegação, location-based services, GIS e outras aplicações que tenham como

standard, a nível da qualidade, um nível acima da base de dados do OSM (em que

estas são VGI). Muitas bases de dados comerciais são constantemente actualizadas por

imposição contractual, o que leva a emprega prestadora do serviço a ter uma

permanente actualização da área pretendida pelo cliente, ao contrário do sistema de

crowdsourcing que a área é apenas actualizada caso o utilizador tenha interesse ou

vontade de o fazer. Isto leva-nos a um ponto em que percebemos que uma base de

dados geográfica credível e comercial nunca poderá ter como pilar apenas um sistema

VGI, pois nesse sistema de criação de dados, não há obrigações ou imposições por

parte de ninguém, o que leva muitas vezes a determinadas áreas só serem actualizadas

uma vez.

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Ilustração 11 – Sistema híbrido de aquisição de informação geográfica Fonte: elaboração própria

Olhando de uma maneira mais teórica percebemos que o sucesso do

crowdsourcing como base de dados está directamente ligado ao número de

contribuições feitas pelos participantes, ou seja, se há poucos participantes na

plataforma haverá pouca informação criada nessa mesma plataforma. As contribuições

feitas por um single user para uma determinada área, não são contribuições com a

data quality necessária para ser usado com fins comerciais, tais como navegação,

location-base services, GIS e outro tipo de aplicações nas quais a informação usada

tem um mínimo de qualidade que o crowdsourcing ainda não atingiu. O facto de ser

necessário haver de vez em quando uma actualização nessa mesma área, faz com que

tenha que haver contribuidores que queiram actualizar essa mesma área, o que pode

não acontecer, contrariando a ideia de que este sistema de criação de informação se

self-healing over time (em que erros e actualizações são feitas ao longo do tempo por

outros utilizadores e em que é necessário um fluxo constante de novos contribuidores

para substituir os que já estão inactivos e desinteressados).

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Dando o exemplo do OSM, desde na sua criação até 2013, este atraiu cerca de

1.000.000 contribuidores24, mas verifica-se que a contribuição regular e frequente é

uma excepção à regra. Usando os dados fornecidos em The OpenStreetMap

Contributores Map (2013)25, baseados em informação recolhida até 2013, mostram

que a grande maioria (300.000 utilizadores = 30%) dos utilizadores do OSM só por uma

vez criaram um changeset na plataforma e apenas 200.000 utilizadores criaram um

node. De uma perspectiva mais local, Haklay (2008)26 demonstra que cerca de 70% da

informação existente para Inglaterra foi criada por cerca de 50 contribuidores, uma

tendência que na pesquisa de Budhathoki (2010)27 a nível global também acontece

pois cerca de 0.6%, de todos os utilizadores mundiais, têm em média cerca de 100.000

POI’s cada um.

Ilustração 12 – Contribuidores activos no OSM Fonte: http://neis-one.org/2013/01/oooc/

24 http://blog.openstreetmap.org/2013/01/06/1-million-openstreetmappers/ 25 http://neis-one.org/2013/01/oooc/ 26 Haklay, M. (2008) – Understanding the quality of user generated mapping. Department of Civil Environmental and Geomatic Engineering, University College London 27 Budhathoki, N.; Haklay, M.; Nodovic-Budic, Z. (2010) – Who map in OSM and Why? Presentation at State of the Map, Open Street Map

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6. O que é o OSM?

O OpenStreetMaps também conhecido por OSM foi criado por Steve Coast em

2004. O objectivo foi conceber um mapa online em que todas a informação seria criada

por voluntários e que seria livre de ser usado por qualquer pessoa, e não teria

restrições ao nível de licenças no seu uso. Qualquer pessoa pode editar o mapa,

discutir o que já foi criado, criar tutoriais, aceder a informação já existente, modificar

essa informação, etc..

Trata-se de uma plataforma onde o utilizador é convidado a participar e a editar ou

criar de acordo com as suas necessidades, sem seguir qualquer tipo de regras ou

objectivos. Os utilizadores são motivados a contribuir por uma serie de razões, já

referidas nos primeiros capítulos do trabalho, entre elas motivações pessoais e por

vezes motivações altruístas. A plataforma tem a particularidade de suportar

actualizações constantes e validar a informação de maneira quase instantânea. Toda a

informação criada e editada no OSM é ONLINE e acessível em qualquer parte do

planeta. Foi usado como informação de base inicial centenas de GPS tracks e mais

recentemente fotografias aéreas através de uma cooperação com a Yahoo!.

Uma particularidade do OSM é o facto de permitir à comunidade que responda de

forma rápida a situações de emergência em que é necessário o acesso a mapas

actualizados. Dando como exemplo o terramoto de 2010 no Haiti, assistiu-se nas horas

seguintes ao mesmo a uma actualização, por parte de voluntários em tempo real, da

cartografia das zonas afectadas pelo terramoto. Compilando informação pós

terramoto com a informação pré terramoto foi possível organizar e coordenar ajuda

para as áreas mais atingidas pelo acidente natural.

6.1 Caracterização dos utilizadores do OSM

Nesse mesmo estudo (Budhathoke, 2010)28 verificamos que 96% dos

utilizadores são do sexo masculino, na qual 64% tem menos de 40 anos. São

utilizadores qualificados e com níveis educacionais elevados, 49% tem o ensino

secundário, 21% tem licenciatura e pós-graduações e 8% têm doutoramentos. A 28 Budhathoki, N.; Haklay, M.; Nodovic-Budic, Z. (2010) – Who map in OSM and Why? Presentation at State of the Map, Open Street Map

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amostra utilizada foi pequena (N=426) mas é o suficiente para se perceber que ao

contrário da população mundial, variada em género, educação e idades, o OSM é

limitada em género, educação e idades. Apesar de assistirmos a um enorme boom no

fenómeno de crowdsourcing, a comunidade adjacente a este não é perfeita nem de

longe independente e diversificada em opiniões, ou sejam, uma inteligent crowd.

6.2 Caracterização da informação criada através do OSM

Verificamos que a base de dados apesar de ter um nível de cobertura gigante,

tem lacunas ao nível da compreensão e de não estar completa. Olhando para os

estudos de Zielstra e Zipf (2010)29 OSM na Alemanha, Haklay (2010)30 OSM em

Inglaterra e Girres e Touya (2010)31 OSM em França, todos eles têm em comum a

discrepância de cobertura entre a área Urbana e a Área Rural, e também entre as

cidades grandes e cidades pequenas. Todas estas limitações na cobertura de

informação geográfica no OSM levantam dúvidas e questões sobre a aplicabilidade do

conceito de crowdsourcing e a informação daí resultante num sistema aberto.

Uma das grandes limitações do OSM é o facto de ter não uma política de base

que os utilizadores sigam, ou seja, como qualquer utilizador pode criar e editar o que

quiser não há uma maneira de saber se uma determinada zona alguma vez ficará

completa de modo a poder ser comparada com uma base de dados produzida por uma

empresa com créditos dados na área ou uma base de dados governamental. Não é

possível também prever quanto tempo ficará um erro por corrigir, pois está

dependente do contribuidor estar disposto a corrigi-lo. Por fim o facto de ser

informação criada com pouca ou nenhuma standardization and effective quality

control adiciona um problema adicional à complexidade de analise da integridade das

base de dados com origem crowdsourced.

29 Zielstra, D.; Zipf, A. (2010) – A comparative study of proprietary geodata and volunteered geographic information for Germany. 13th AGILE International Conference On Geographic Information Science, Guimarães, Portugal 30 Haklay, M. (2010) – How good is volunteered geographical information? A comparative study of OSM and ordnance survey datasets. Environment And Planning, B, 37, 682-703 31 Girres, J.; Touya, G. (2010) – Quality assessment of the French OSM dataset. Transactions in GIS, 12 (4), 435-459

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O OSM foi criado com o intuito de contrariar os custos elevadíssimos e

proibitivos das base de dados e das respectivas licenças por parte das empresas

privadas e governamentais. As duas grandes supostas vantagens que são o facto de

não terem um formal management structure (e as despesas que daí advém) e não

terem uma overarching business structure são o que também cria limitações quando

aplicadas ao map compilation.

Já uma das grandes vantagens das bases de dados para fins comerciais é o facto

de terem clientes que estão dispostos a usar a sua informação pois sabem que estes

dados têm o nível específico de qualidade necessário para as suas necessidades e

aplicações privadas. Para manter este nível de qualidade é necessário uma ligação

entre os clientes e os departamentos de marketing de modo a saber-se quais as

necessidades e tendências actuais. Na base de dados de cariz governamental a

informação criada tem que seguir os requerimentos que estão descritos na legislação

que define a missão da agência governamental e as suas directrizes.

Conclui-se que os sistemas de informação geográfica com base em dados

criados num sistema aberto de crowdsourcing tem falhas ao nível dos processes,

checks and balances. A falta também de uma estrutura contribuiu para a ausência de

uma consistência logica por detrás destas bases de dados e como consequência esta

falta de estrutura é o principal problema na ausência de sucesso desejado dos open

map compilation de crowdsourcing. Todos estes problemas descritos mostram que a

ideia de tornar o OSM como um modelo uniforme de base de dados global será um

insucesso, pelo menos ao nível inicialmente pretendido. Percebemos que este tipo de

base de dados com apoio apenas no crowdsourcing terá apenas sucesso em algumas

zonas, nomeadamente urbanas. Este aspecto demonstra-nos que o uso de

crowdsourcing usando individualmente não terá o impacto pretendido, mas quando

usado em conjunto com outro tipo de sistema aberto, terá outro tipo de sucesso, ou

seja os sistemas híbridos.

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7. Diferenças entre as várias bases de dados (a nível de status)

Como já foi referido anteriormente, as bases de dados comerciais têm algumas

vantagens que dificilmente conseguirão ser adaptadas às bases de dados de

crowdsourced. Nos sistemas comerciais a qualidade dos dados é o resultado da

informação recolhida de acordo com as especificações das equipas treinadas na

compilação e recolha de informação e posteriormente verificadas por editores

profissionais de análise da qualidade dos dados. Informações recolhidas que não se

enquadram nos padrões, são marcadas durante o processo de compilação de dados e

são imediatamente re-collected ou remetidas em fila de espera para serem de novo re-

collected. Na maior parte destas companhias as zonas onde se suspeita que haverá

mudanças significativas são marcadas para verificação e caso seja necessário são

actualizadas. Outras mudanças na qualidade e actualização da informação que são

encontradas pelas equipas, que trabalham regularmente em todas as áreas cobertas

pela base de dados, são baseadas no ciclo de vida dessa área, ou através de

estimativas de crescimento dessas mesmas regiões.

O grande objectivo destes métodos de actualização das zonas é com base no

princípio de maximizar o time value of money ao mesmo tempo que se aumenta a

integridade da base de dados. É nesta tentativa de harmonizar a informação da base

de dados que se distingue a base de dados comercial da base de dados através de

crowdsourcing, pois esta é relativamente mal estruturada no que toca à data

evalution, collection e posting cycle. Contudo apesar das base de dados comerciais

serem mais fiáveis e de terem mais uniformidade em termos de informação

compilada, e mesmo terem o benefício de terem orçamentos gigantes para

manutenção e criação de informação, estas base de dados estão frequentemente

desactualizadas, pouco precisas, noncomprehensive, de qualidade inconstante e

muitas vezes demasiado caras para manter.

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Dando o exemplo da NAVTEQ (2008)32, no seu relatório de 2007, mostra que a criação,

manutenção e distribuição das suas bases de dados teve um custo de 395,778,000$,

um aumento de 120 milhões em relação ao ano anterior (2006).

Ilustração 13 - Base de dados Comercial / Governamental Fonte: elaboração própria

Olhando para as vantagens de uma base de dados comercial e conciliar com

uma base de dados de crowdsourcing activo num sistema híbrido percebemos que é

aqui que há lugar a novos melhoramentos na qualidade da informação criada. O focus

nesta hibridização é na criação de métodos de incentivação aos utilizadores para

contribuírem com informação de erros e omissões, baseando-se na sua experiência /

conhecimento local. Como já se começa a perceber, exemplo Nokia Here e Google

Maps, as empresas comerciais começam a usar estes sistemas híbridos nas suas base

de dados pois as potencialidades de usar o crowdsourcing como fonte de criação ou

32 NAVTEQ Corporation. (2008) - 10-K Annual Report to the Security and Exchange Commission of the United States, Washington DC. Financial Disclosure.

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modificação de informação local / regional que possa estar errada ou desactualizada

são enormes.

A Google, através do seu Google Maps, é actualmente o líder no que toca ao

uso do sistema hibrido nas suas base de dados, pois usa o crowdsourcing desde a

versão original da base de dados e também na sua base de dados revista.

Ilustração 14 - Base de dados hibrida (google maps) Fonte: elaboração própria

Como é demonstrado na ilustração 14 a Google adquire informação em bases de

dados comerciais, através de parcerias com outros map suppliers, combina essa

mesma informação com base de dados crowdsourcing, quer com contribuições activas

quer com passivas; junta imagens de satélite, aéreas e imagens do Street View; tudo

isto é melhorado através de data mining e de conflation para produzir uma fusão entre

as várias fontes, de modo a criar a base de dados do Google Maps.

Olhando para a original database build do Google Maps, ilustração 15,

verificamos que era baseada em informação maioritariamente proveniente de bases

de dados comerciais / governamentais, e no qual o crowdsourcing tem um papel

reduzido. Contudo esse papel inverteu-se na versão revista do Google Maps, ilustração

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16, na qual o crowdsourcing passou a ser a peça fundamental na criação de

informação, mas sem nunca deixar de lado outras formas de recolha de informação.

Ilustração 15 - original database build google maps Fonte: elaboração própria

Voltando à base de dados original do Google Maps percebemos que a informação

recolhida através de crowdsourcing nunca foi tida como importante, pois servia

maioritariamente para identificar áreas com baixa qualidade de informação. Grande

parte da informação, como já foi referido, era maioritariamente cedida por agências

governamentais e federais no que toca a informação de caracter nacional, na vertente

regional esta informação é cedida por agências locais, desde camaras municipais ou

outro tipo de fontes credíveis. Na versão revista do Google Maps, ilustração 16, foi

privilegiado o crowdsourcing, através do Google Map Maker, apesar de não ser a ideia

inicial da empresa.

Esta mudança deveu-se à qualidade da base de dados americana ser bastante baixa, o

que levou a Google a tentar resolver este problema pela via de novos algoritmos, algo

que se revelou infrutífero. Como consequência, em 2011, o Google vira-se

definitivamente para o crowdsourcing / VGI através do Google Map Maker para

aumentar a qualidade da informação da base de dados americana.

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Ilustração 16 - Base de dados google revista Fonte: Criação própria

Na ilustração 17, temos a pirâmide de prioridades dentro do crowdsourced

content, ou seja, percebemos que mesmo dentro da vertente de crowdsourced a

Google segue uma estrutura. Na sua base temos o mining collective inteligence,

seguido do probe data, no terceiro nível temos a informação criada a partir do Google

Map Maker, as edições dos utilizadores e por fim temos os anúncios e produtos na

qual também se retira informação importante.

Ilustração 17 - Google Crowdsourced Tower of Power Fonte: Criação própria

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Apesar do uso do crowdsourcing na criação de informação no Google Maps, os

utilizadores não têm a mesma liberdade que existe no OSM, pois apenas é permitido

editar algumas features sendo estas de caracter pouco importante na base de dados.

Todas as restantes features são editadas apenas por utilizadores com um elevado grau

de confiança por parte da Google e não pelos utilizadores comuns.

Existe uma hierarquização por parte da Google dos vários utilizadores, coisa que nas

restantes plataformas de edição de informação geográfica se encontra mais camuflada

ou não existe, no caso do OSM não existe diferenciação entre os utilizadores da

plataforma, o que existe é uma sistema de feedback que cria rankings de confiança

para os vários utilizadores.

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Capitulo III – Criação da GeoComunidade para o Projecto MapWiki

8 - MapWiki (NOKIA HERE)

Em 2001 começou a “aventura” da NOKIA no mundo dos mapas digitais com a

criação do Smart2Go, uma aplicação em 3d-map com informação útil para touristas

em terminais móveis. Foi com a aquisição da NAVTEQ, um dos líderes mundiais em

fornecimento de mapas digitais na navegação automobilística, com a qual a Nokia deu

o grande salto na ‘’corrida’’ e se posicionou na linha da frente no que toca a esta

tecnologia em parte por beneficiou dos 25 anos de experiencia que a NAVTEQ já tinha.

Em 2008 deu-se o salto para a plataforma OVI que tinha a vantagem de se

poder aceder à base de dados do mapa sem se estar ligado à internet. Foi um

programa bastante popular e que foi tendo ao longo to tempo bastantes actualizações

até que em 2011, foi renomeado para Nokia Maps para ter uma designação mais

próxima com a casa mãe. Por for fim em 2012 a Nokia anuncia a nova plataforma de

nome Nokia Here, na qual tem como base de funcionamento o Location Based

Services.

MapWiki (Nokia Here) é baseado no cloud-computing, no qual toda a

informação se encontra armazenada em servidores remotos o que faz com que esteja

acessível independentemente do aparelho que se usa. É um serviço de Location Based,

ou seja, é um serviço que informa o utilizador, usando a sua localização actual, para o

que existe à sua volta desde restaurantes, eventos, sítios de interesse, etc…

Para além desta vertente de Location Based, tem uma área baseada num web-

based map editing tool que permite a criação de expert communities, e através das

mesmas a edição, criação de mapas e a sua publicação online na base de dados da

Nokia.

Esta plataforma nasceu com o intuito de se focar em 3 cores áreas: Conteudo

(location data), Localização Social de Serviços (Social Location Platform and Apps) e

Comercio Local. É uma aplicação com uma vertente de utilização na navegação (gps),

tecnológicas móveis e no mercado automóvel. Tem o objectivo de conseguir agradar a

três grandes grupos, ao Map Reporter (The Reporter) no qual estão incluídos os

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utilizadores que apenas querem mostrar onde está o erro e deixam que outras pessoas

resolvam o problema; ao Map Creator (The Amateur Builder), que engloba os

utilizadores que pretendem criar um mapa ou editar uma área do mapa sem terem

que recorrer a software especial e necessitarem de ter capacidades específicas e por

fim o ultimo grupo Map Wiki (The Professional Builder) que abrange os utilizadores

interessados em criar novos mapas e que para isso usam ferramentas avançadas que

necessitam de conhecimento específicos.

8.1 Quais os pontos fortes do Map Wiki (Nokia Here)

Nas suas funções avançadas de edição e ferramentas de recolha de dados

destacam-se o Web based too (permite o acesso em qualquer lugar a qualquer hora);

acessos múltiplos e simultâneos sem necessidade de instalação de software; permite a

personalização do interface através de escolha de diversas funcionalidades;

actualizações e manutenção pela Nokia L&C sem qualquer custo para o utilizador;

inclui no software inicial imagens de satélite de alta resolução e estas serão

constantemente actualizadas.

No que toca às funções de criação e manutenção das comunidades, a Nokia

permite o controlo e a hierarquização dos utilizadores consoante a sua mais-valia;

monitorização e validação do trabalho da comunidade; permite também a criação e

partilha de informação apenas para a comunidade

Por fim no que toca à informação criada e ao seu acesso, o MapWiki permite o

acesso total à informação criada e gerada e a sua posterior exportação para o formato

proprietário da ESRI.

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8.2 Diferenças entre MAPWIKI, Google Maps e OSM

Existem diferenças, por vezes mínimas, nas 3 plataformas começando pelas

suas licenças na qual o OSM é o único baseado no ODbL (OBC Open Database Licence),

já o MapWiki e Google Maps são baseados em licenças proprietárias. Nas pesquisas

por Query-Specifically tanto o OSM como o MAPWIKI encontram-se a desenvolver esta

feature de pesquisa.

Na vertente de Viewing Interface verificamos que o OSM é o que menos

features oferece quando comparado com o Google Maps e o Nokia Here. Começando

pelos Degress of Motion na qual o Google Maps oferece 6 modos de visão e ângulos de

visão, entre eles o 3D Mode, 360 Panoramic e os mais comuns de movimento vertical,

horizontal, profundidade; por sua vez o OSM apenas oferece movimentos verticais,

horizontais e profundidade. Nos níveis de zoom possíveis as 3 plataformas fornecem os

mesmos níveis.

De acordo com os tipos de mapa (layers) fornecidos percebemos que o NOKIA

HERE oferece 7 tipos de mapa, entre eles satélite, terreno, tráfico, heat map, map

creator (a função mais inovadora de todas) e layer dos mapas criados por determinada

comunidade. Já o OSM apenas fornece 3 layers entre eles o standard map, mapa de

transportes e ciclovias. Os fornecedores dos servidores variam de plataforma para

plataforma, no caso do Google Maps o fornecedor é a deCarta, o OSM é fornecido por

diversas companhias e o Nokia Here é os servidores da própria Nokia e NAVTEQ. A

idade das imagens de satélite no caso do Google Maps tem entre 1 a 10 anos, e sua

cartografia de base é fornecida pelo MAPIT, TeleAtlas, DigitalGlobe, MDA Federal; no

OSM a actualização é diária e baseada nas contribuições dos utilizadores, por ultimo

no Nokia Here a cartografia de base tem entre 1 a 3 anos de idade e esta é fornecida

pela NAVTEQ (que é propriedade da Nokia).

Nas features de pesquisa por localização as 3 plataformas têm o mesmo nível

de diversidade no resultado final, podendo ir desde o código postal, endereço, estado,

região, à pesquisa por latitude e longitude. Já na pesquisa por entidades é o OSM que

mais possibilidade permite, sem qualquer restrição. Tanto o Nokia Here e o Google

Maps é possível pesquisar por POI, Airport Code e por comércio / negócios.

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Na plataforma móvel todas as empresas têm Mobile-Specific Website, e estão

presentes nos sistemas operativos iOS, Android e NOKIA, permitindo assim o acesso a

todos os utilizadores interessados. Verificamos também uma semelhança de

características nas 3 plataformas desde a integração por voz e por GPS. Contudo

apenas a versão móvel do Nokia Here não permite obter direcções através do GPS,

mas em compensação permite aceder a vários layers de visualização como o 3D, modo

nocturno, mapa, imagem de satélite e terreno.

Nas features de orientação só o OSM é que depende de third-party, ou seja,

depende de programas externos para executar determinada operação. O Nokia Here e

o Google Maps fornecem indicações de direcção para carros, pessoas e transportes

públicos. Permitem também a selecção de múltiplos destinos, informação de trânsito

on the fly e permite o envio da informação desejada para outro aparelho.

Por último as características no que toca a partilha e embedding percebemos

que todas as plataformas de uma forma geral permitem fazer as mesmas funções,

variam apenas no que toca à sua distribuição com fins comerciais, ou seja, o Google

Maps serve como base para o Google Earth e BMW Assist (GPS), o OSM partilha a sua

informação com a Apple Maps, MapQuest, Foursquare, Craiglist, Apple iPhoto,

Wikipedia; por sua vez o NOKIA HERE partilha para a Mercedes-Benz in Car System

(GPS) e Alpina In Car System (GPS). A tabela com as restantes comparações entre os

três serviços de crowdsourcing encontra-se em Anexo.

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9. Constituição da expert community

Este projecto tem a sua base no conceito de comunidade, ou seja, pega na ideia

de juntar um certo número de pessoas dispostas a trabalhar em prol de um

determinado objectivo comum e criando condições de interajuda entre os vários

participantes, permitindo criar e editar qualquer informação dentro da comunidade.

A primeira parte do projecto MAPWIKI arrancou em Março de 2012 em quatro

estabelecimentos do ensino superior: Instituto Politécnico de Castelo Branco, Instituto

Politécnico de Leiria, Escola Superior Agrária de Viseu e Universidade Nova de Lisboa –

Faculdade De Ciências Sociais e Humanas. Foram recrutados e treinados ao todo 103

alunos espalhados pelas 4 entidades participantes, contudo apenas 25 utilizadores

participaram de maneira activa no projecto desde o seu início até ao seu fim. Foi um

projecto com a duração de 4 meses, entre Março e Junho.

Olhando para as informações recolhidas pela Nokia Portugal percebemos que

se criaram e editaram 2633 pontos, dos quais 76% foram edições baseadas na

geometria (estradas, ruas, etc…), 23% edições de POI e 1% edições de endereços e

números de polícia.

Ilustração 18 – As diferentes edições feita na plataforma MapWiki Fonte: Nokia Portugal

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

Edits based onGeometry

Edits based onPOI

Edits based onPoint Addresses

76%

23%

1%

Features Percentage Edits

Features Percentage Edits

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Verificamos também com uma análise mais detalhada, pegando no exemplo da

expert community da UNL-FCSH, verificamos que foram criados ou editados 783

pontos por 10 utilizadores activos, num universo inicial de 30 utilizadores, que perfaz

uma média de 78.3 pontos por utilizador. O utilizador mais activo criou 548 pontos na

plataforma e este utilizador foi responsável por 70% dos pontos criados durante todo o

projecto.

Ao olharmos para as restantes comunidades percebemos que a comunidade da

FCSH foi das mais activas no que toca à criação e edição de informação na plataforma,

só sendo ultrapassada pelo Instituto Politécnico de Castelo Branco que editou 1129

pontos.

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Ilustração 19 - Áreas das edições feitas durante o projecto MAPWIKI Fonte: Nokia Portugal

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Ilustração 20 – Comunidades divididas segundo as suas edições Fonte: Nokia Portugal

No gráfico acima conseguimos perceber que há vários tipos de contribuidores

de informação, ou seja como já foi falado no capítulo seis (OSM), grande parte das

contribuições criadas na plataforma são criadas por um pequeno número de

utilizadores (active users). Olhando para o caso da Escola Superior Agrária de Viseu

verificamos que 25% ou superior das edições feitas na plataforma foram criadas por

28,6% dos utilizadores, neste caso pelos active users. Este número desce quando

olhamos para as estatísticas da comunidade da FCSH-UNL para cerca de 10% e é

curioso perceber que foi a única comunidade na qual tem utilizadores activos que

fizeram entre 5% a 9,9%.

Em todas as comunidades é comum percentagens elevadas de utilizadores com

edições feitas abaixo de 5% do total, na qual a FCSH-UNL tem 60% de utilizadores

nestas circunstâncias, seguido do Instituto Politécnico de Leiria e Instituo Politécnico

de Castelo Branco com 50% e por fim a Escola Superior Agrária de Viseu com 42,9%.

É curioso perceber que tal como já foi referido anteriormente na constituição das base

de dados do OSM que apenas uma pequena parte dos utilizadores comunidade cria

grande parte da informação. Olhando para as quatro comunidades, tirando do

42,857 50,00 50,00

60,00

30,00

14,286

16,667 14,286

16,667

28,571 16,667

50,00

10,00

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

EscolaSuperior

Agrária deViseu

InstitutoPolitécnico de

CasteloBranco

InstitutoPolitécnico de

Leiria

UniversidadeNova deLisboa

% active users above 25%community edits% active users btw 24.9% &20% community edits% active users btw 19.9% &15% community edits% active users btw 14.9% &10% community edits% active users btw 9.9% &5% community edits% active users with lessthan 5% community edits

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Instituto Politécnico de Leiria, verificamos que os utilizadores que criam mais de 25%

de informação são sempre inferiores a 30% da comunidade geral.

Olhando apenas para a comunidade FCSH-UNL (7 questionários respondidos de

10 participantes) percebemos que a idade dos participantes vai entre os 23 e os 34

anos. Foi um grupo de trabalho constituído por 4 homens e 3 mulheres, dos quais 5

elementos optaram por criar POI’s e 2 elementos escolheram criar ou modificar a rede

rodoviária ou ferroviária. Como foi um trabalho voluntário com a duração de 4 meses

tentou-se perceber quanto tempo tinha sido dedicado por cada elemento ao projecto

e chegou-se a resultados muito diferentes entre cada utilizador. Temos utilizadores

que dedicaram mais de 2 meses ao projecto, e outros que dedicaram apenas algumas

horas ao mesmo.

Como se tratou de um projecto voluntário e não um projecto obrigatório no

âmbito de uma cadeira, percebemos que a motivação para a realização deste trabalho

foi repartida entre a motivação pessoal (3) e o ajudar para um bem comum (4).

Na vertente da intuitividade e facilidade de usar a plataforma percebemos que

grande parte dos utilizadores achou a plataforma acessível e intuitiva, 3 alunos

responderam com nota 4 (numa escala de 1 (Pouco intuitivo e complicado de usar) e 5

(Muito intuitivo e fácil de usar)), 3 alunos responderam com nota 3, um aluno deu nota

2. Percebemos com isto que, apesar da amostra ser relativamente pequena (7

questionários respondidos em, 10 alunos) que se trata de uma plataforma acessível e

intuitiva a grande parte dos utilizadores. O levantamento de informação foi no

concelho de Sintra, e foi dada a liberdade total no levantamento da informação, não

havendo qualquer limitação nessa escolha. (Tabelas e infografia em anexo)

Foi criada uma segunda comunidade do MAPWIKI para um exercício prático na

cadeira de SIG-Municipal no Mestrado de Detecção Remota e Sistemas de Informação

Geográfica entre o mês de Abril e Maio de 2013. Envolveu 13 alunos repartidos por 6

grupos com o intuito de caracterizar ao nível funcional os edifícios na região da grande

Lisboa, usando a Plataforma MapWiki como suporte. Foram carregados no total 405

POI (Points of Interess). Apesar de ser um exercício para demonstrar as capacidades da

plataforma MAPWIKI e a sua vertente de VGI, acaba por ser um exercício contrário à

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ideia de VGI porque os alunos tiverem que seguir um guião pré definido, quer da área

de estudo, quer do levantamento a fazer (usando os critérios existentes na base de

dados do MAPWIKI). Trata-se de um exercício controlado em que o utilizador acaba

por não ter a liberdade necessária e essencial para se tratar de um VGI.

O levantamento envolveu apenas as áreas funcionais das áreas escolhidas, ou

seja, desde restaurantes, a comércio local, a instituições públicas, a áreas verdes. Com

este exercício pretendeu-se criar e expandir novas informações sobre as diversas áreas

de estudo e demonstrar a intuitividade da plataforma.

Ao olharmos para os dados retirados da plataforma NOKIA HERE e de um

questionário feito aos alunos participantes (12 questionários respondidos de 13

participantes), observamos que a idade dos participantes varia desde os 21 anos aos

39 anos para o utilizador mais velho. No que toca ao género verificamos também que

existe um maior número de mulheres (7) do que homens (5), em relação ao tempo

dedicado ao projecto percebemos que é aqui que existem grandes discrepâncias entre

os vários utilizadores (grupos), ou seja, temos utilizadores que realizaram o trabalho

proposto em cerca de 2horas e um utilizador que precisou de 4 semanas. Podemos

dividir os utilizadores em 3 grupos distintos, o primeiro grupo que realizou o trabalho

em menos de 6h, o segundo grupo que demorou entre 24h a 72h e por fim um terceiro

grupo que demorou entre 2 semanas a 4 semanas a realizar a tarefa pretendida. Existe

também um utilizador que não sabe quanto tempo dispensou para o projecto. (Tabela

em anexo)

Apesar de ter sido um trabalho realizado no âmbito da cadeira de SIG-

Municipal e de ser obrigado é curioso verificar que na pergunta ‘’Qual foi a sua

motivação para a realização deste trabalho?’’ houve 7 elementos que responderam

que o que os motivou foi a motivação pessoal e ajudar para um bem comum, ou seja,

os pilares do conceito crowdsourcing encontram-se presentes até num trabalho com

características obrigatórias. Os restantes 5 elementos responderam que foi uma

obrigação necessária para a cadeira.

Na vertente da intuitividade e facilidade de usar a plataforma percebemos que grande

parte dos utilizadores achou a plataforma acessível e intuitiva, 7 alunos responderam

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com nota 4 e 5 (numa escala de 1 (Pouco intuitivo e complicado de usar) e 5 (Muito

intuitivo e fácil de usar)), 3 alunos responderam com nota 3, um aluno deu nota 2 e

por fim 1 aluno afirmou que a plataforma era pouco intuitiva e complicada de usar.

Percebemos com isto que, apesar da amostra ser relativamente pequena (12

questionários respondidos em, 13 alunos), a plataforma é intuitiva, fácil de usar, user-

friendly e acessível a todos os tipos de utilizadores. (Tabela em anexo)

Apesar de todo este trabalho ter sido feito e executado com uma base de

obrigatoriedade para a cadeira de SIG-Municipal, percebemos e verificamos que mais

de metade dos utilizadores não levou o trabalho como uma obrigação mas sim como

uma oportunidade de aprender mais e partilhar a informação criada e editada com os

seus colegas e outros utilizadores da plataforma. É este o conceito base do

crowdsourcing a troca e partilha de informação e nesta comunidade ficou isso bem

vincado.

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Conclusões Finais

O que concluir de toda esta pesquisa sobre a constituição de geocomunidades em

ambiente empresarial?

Concluímos que o desenvolvimento da constituição de geocomunidades,

primeiro, não seria possível sem a evolução colossal que aconteceu nos últimos 10

anos no mundo dos computadores pessoais, e mais recentemente no aparecimento

dos smartphones, desde o aumento de capacidade de processamento ao decréscimo

no seu preço e por fim aos avanços que ocorreram na internet com o aparecimento do

WEB 2.0. Este conceito permitiu e criou a internet nos moldes actuais, sendo ela o

motor principal de arranque para este boom no sector da geografia, nomeadamente

na criação de informação geográfica. Os pilares das actuais geo-comunidades estão

assentes no XML, AJAX, API, GPX, Mashup e no LBS, ou seja, o OSM, o Google Maps, o

Mapwiki não teriam o sucesso qe têm hoje sem o aparecimento dos conceitos atrás

referidos.

Segundo, com o aparecimento do utilizador comum e posterior acesso a estas

tecnologias fez com que se interessasse cada vez mais pelo prazer de criar, editar e

posteriormente introduzir estas no Google maps, OSM e Mapwiki (Nokia HERE). A

estes criadores de informação na qual o seu conhecimento sobre a geografia era

limitado, mas interessado deu-se o nome de neogeography. Um conceito baseado na

nova forma de interagir com a geografia, ou seja, com este boom tecnológico surgiu

novos utilizadores com vontade de criar, editar mapas e partilhar informação credível

e importante sobre a sua área. É também uma geração de utilizadores que apesar da

sua formação não ser, em muitos casos, baseado na área percebe do assunto e

interessa-se pelo assunto. Deixou de ser uma geografia ‘’fechada’’, limitada e na qual

era necessário haver conhecimento especifico da geografia para passar a ser uma

geografia aberta a todos os interessados e acessível a qualquer utilizador com acesso a

um computador ou smartphone. É um conceito em que o utilizador pode ter desde

zero formação na área, mas tem o interesse até ao utilizador profissional que tem

elevada formação e experiência na área.

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Terceiro, a criação de informação geográfica por parte de utilizadores comuns

começou a ser vista, no presente e continuará a ser vista no futuro, como uma

alternativa credível e bastante importante. E isto porque? Olhando para o factor

económico percebemos que as empresas têm muito a ganhar com este salto

tecnológico, no que toca à facilidade de criação e posterior distribuição. Há um

decréscimo no custo no que toca à manutenção e criação das base de dados, pois a

evolução da capacidade de armazenamento aumentou e os preços baixaram. Contudo

as empresas continuaram a ter que investir dinheiro nas plataformas de criação da

informação, desde o OSM ao MapWiki, para conseguirem atrair o maior número de

utilizadores credíveis e constantes para terem uma base sólida de usuários de modo a

haver retorno do investimento. No que toca ao factor social percebemos que como se

trata de plataformas sem oferecer retorno financeiro para os utilizadores, o que leva

estes a criar informação é o altruísmo, interesse pessoal, estimulação intelectual,

recompensa social e reputação pessoal. São comunidades que foram criadas e crescem

baseadas nestes conceitos e não na vertente financeira como seria expectável.

Olhando para os variados géneros de base de dados chegamos à conclusão que a que

melhor se adapta actualmente é as base de dados hibridas, que englobam as base de

dados authorative (governamentais e comerciais) com as bases de dados criadas

através de processos de crowdsourcing. Esta solução junta o melhor dos dois mundos,

pois de um lado usa a aproximação estandardizada e homologada requerida pelas

entidades governamentais e comerciais, através do uso de base de dados authorative

e do outro lado o uso dos benefícios da criação de informação através de métodos de

crowdsourcing, permitindo o utilizador comum criar e editar todo o tipo de informação

que acha importante para si e para a sua comunidade, desde local a nacional. Juntando

estes dois mundos é possível contrariar e limitar os problemas que individualmente

existe em ambas as correntes na criação de informação.

Contudo é algo prematuro e incerto saber se esta tendência da participação voluntária

e posterior criação de informação está para ficar de pedra, ou se é apenas um

fenómeno passageiro. Mas apesar de tudo percebemos que caso esta participação

activa por parte da população esteja para ficar, a sociedade civil terá muito a ganhar e

mudará para sempre a maneira de ver e criar base de dados espaciais. Os benefícios

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serão desde a exactidão dos mapas, à rapidez com que os mesmos mapas são

actualizados, ao detalhe, à rapidez de acesso, até ao preço (ou inexistência dele)

acessível a todos.

Dando uma opinião mais pessoal, acho que esta vertente da geografia

continuará a crescer em termos de sucesso e de popularidade e será uma aposta

muito bem-sucedida por parte de empresas que comecem a usar geocomunidades nas

suas base de dados espaciais. Será necessário contudo continuar a arranjar maneiras

para cativar mais utilizadores a participar neste tipo de comunidades, pois só assim é

possível o bom funcionamento das mesmas, e será por aqui que vai depender e muito

estas plataformas.

Como atrair mais gente? O que usar como motivador para os utilizadores? Será que o

altruísmo, a recompensa social e a reputação pessoal serão suficientes para manter os

utilizadores ‘’agarrados’’ e interessados em criar e editar informação espacial? Só o

tempo o dirá.

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ÍNDICE DE FIGURAS

Ilustração 1 – Como funciona a WEB 2.0 .................................................................................... 4 Ilustração 2 - Xerox PARC Map View ............................................................................................. 5 Ilustração 3 - O TIGER Map Server, ano de 1997 .......................................................................... 6 Ilustração 4 - Acesso a Mapas pré-Web 2.0 .................................................................................. 7 Ilustração 5 – Como se criou o LBS ............................................................................................. 12 Ilustração 6 – Principal configuração do um LSB ........................................................................ 13 Ilustração 7 – Taxas de penetração da internet a nível mundial ................................................ 15 Ilustração 8 – Utilizadores da internet a nível mundial .............................................................. 16 Ilustração 9 - Diagrama de utilizadores ....................................................................................... 23 Ilustração 10 – Funções comuns numa base de dados geográfica ............................................. 38 Ilustração 11 – Sistema híbrido de aquisição de informação geográfica .................................... 44 Ilustração 12 – Contribuidores activos no OSM .......................................................................... 45 Ilustração 13 - Base de dados Comercial / Governamental ........................................................ 50 Ilustração 14 - Base de dados hibrida (google maps) ................................................................. 51 Ilustração 15 - original database build google maps ................................................................... 52 Ilustração 16 - Base de dados google revista .............................................................................. 53 Ilustração 17 - Google Crowdsourced Tower of Power .............................................................. 53 Ilustração 18 – As diferentes edições feita na plataforma MapWiki .......................................... 59 Ilustração 19 - Áreas das edições feitas durante o projecto MAPWIKI....................................... 61 Ilustração 20 – Comunidades divididas segundo as suas edições .............................................. 62 Ilustração 21 - Género ................................................................................................................. 77 Ilustração 22 - Estabelecimento de ensino ................................................................................. 77 Ilustração 23 - Foi um trabalho realizado de maneira. ............................................................... 77 Ilustração 24 - Que informação geográfica criou no MapWiki? ................................................. 78 Ilustração 25 - Gostou dos resultados obtidos? .......................................................................... 78 Ilustração 26 - Qual foi a sua motivação para a realização deste trabalho? .............................. 78 Ilustração 27 - Avalie o MapWiki (no que toca à sua intuitivade e facilidade de usar) .............. 79 Ilustração 28 - Género ................................................................................................................. 80 Ilustração 29 - Gostou dos resultados obtidos? .......................................................................... 80 Ilustração 30 - Qual foi a sua motivação para a realização deste trabalho? .............................. 81 Ilustração 31 - Avalie o MapWiki (no que toca à sua intuitivade e facilidade de usar) .............. 81 Ilustração 32 - imagens ilustrativas do interface da plataforma Nokia: funcionalidades, usabilidade e aplicações .............................................................................................................. 83

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ANEXOS

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Feature Google Maps OpenStreetMap Nokia Here

License Proprietary ODbL Proprietary

Full Extra Functionality

Australia, Canada, China, France, Germany, Israel, Italy, Netherlands, Spain, UK, United States. All

More than 180 navigable countries

Officially Supported Web

Browsers

IE7+, Firefox 2.0.0.8+, Safari 3+, Mozilla 1.7+, Opera 8.02+, Google Chrome 1+

IE7+, Mozilla Firefox 3.5+, Google Chrome 4+, Safari 4+

IE7+, Mozilla Firefox 3.5+, Google Chrome 4+, Safari 4+

Query-Specifically

Useful

No - Results stuffed with totally irrelevant advertising To be assessed To be assessed

Viewing Interface

Degrees of Motion

Vertical, Horizontal, Depth, Rotation(beta), 360 Panoramic (Street View), 3D Mode (Google Earth JavaScript) Vertical, Horizontal, Depth

Vertical, Horizontal, Depth (zoom), Tilt (3D), Rotate 360 degrees

Map Zoom 19 (more levels available through parameter) 19 18

Map Types

6: Map, Satellite, Hybrid, Street, Traffic, 3D

3: Standard Map, Transport Map, Cycle Map

7: Map View, Satellite, Terrain, 3D, Traffic, Public Transportation, Heat Map, Map Creator, Explore Places, Community [2]

3D Mode Yes (with plugin) Yes, via http://www.osm-3d.org/

Yes 3D Landmarks

No Yes

Weather Yes No Yes Backend JSON XML Java, JavaScript Backend Providers deCarta (formally Telcontar)

Various companies who donate server usage Nokia/Navteq

Data

Age of Map

Imagery

Updated Daily Age of Satellite

Imagery 1– >10 years old

1–3 years old Map Data Providers

MAPIT, TeleAtlas, DigitalGlobe, MDA Federal User Contributions Navteq

Directory Data Providers Google, ThomsonLocal.com OpenStreetMap Nominatim, GeoNames Navteq

Searching

Location Post Code, Street Name, Town, Neighborhood, City, Long/Lat

Post Code, Street Name, Town, Neighborhood/Suburb, State/Region, City, Country, Zip+4, Long/Lat

Post Code, Street Name, Town, Neighborhood/Suburb, State/Region, City, Country, Long/Lat

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75

Entity Business, Places of Interest, Airport Code All Possibility, no restriction

Business, Places of Interest, Landmarks, Airport Codes

User Created Yes Yes Yes Levels of Filtering 1 0

Directions

Directions Yes Yes via http://maps.cloudmade.com/#

Yes – by car, foot, public transport

Public Transport Integration Yes

Yes, via http://www.öpnvkarte.de/ Yes in more than 420 cities worldwide[3]

Walking Directions Yes (beta) Third-party [1]

Yes

Bicycle Directions Yes (beta) Yes No

Multiple Destinations Yes No Yes

Send to Device Yes, via Email No Yes, via synchronization

Live Traffic Information Yes No Yes

Historic Traffic Yes No No

Collaboration / Embedding

Application Integration Google Earth, BMW Assist

Apple Maps, MapQuest, Foursquare, Craigslist, Apple iPhoto, Wikipedia, World Bank

Mercedes-Benz In Car System, Alpine In Car System

API Available Yes Yes Yes

Other

Wordpress plugin / open search

Shareable Maps Yes Yes Yes

Advertising

Business

Advertising Yes No Yes

Mobile

Mobile-Specific

Website Yes Yes Yes - [4]

Mobile-Specific Application Yes Yes - OsmAnd for Android

Yes, for Nokia mobile phones and

iOS

Voice Integration

Yes, via Android Maps app, upcoming feature for full web

mode Yes - with OsmAnd Yes

GPS Integration Yes Yes Yes

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Turn-by-turn navigation

Yes, if on Android Yes - with OsmAnd Yes

Interactive Maps Yes No Yes

Types of Map

Map, Satellite, Terrain, Street Map, Terrain, Satellite (exclusive to editing)

Map, Satellite, Terrain, 3D with plugin, 3D without plugin for compatible browsers, Night Mode

Tabela – Diferenças entre Google Maps, MapWiki e OSM

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Infografia – Comunidade MAPWIKI - I

Ilustração 21 - Género

Masculino 4 57%

Feminino 3 43%

Ilustração 22 - Estabelecimento de ensino

Politécnico 0 0%

Universidade 7 100%

Ilustração 23 - Foi um trabalho realizado de maneira.

Voluntária 6 86%

Obrigatória (no âmbito de uma cadeira) 1 14%

Região onde incidiu o trabalho de campo? Sintra sintra Mafra Montelavar e Pero Pinheiro

Quanto tempo dedicou a este projecto? 6 horas 2/3 dias por semana Dois meses 1 hora 3 meses 2 meses algumas horas

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Ilustração 24 - Que informação geográfica criou no MapWiki?

Point of interest (POI) 5 71%

Rede rodoviária ou ferroviária 2 29%

Outro 0 0%

Ilustração 25 - Gostou dos resultados obtidos?

Sim 6 86%

Não 1 14%

Outro 0 0%

Ilustração 26 - Qual foi a sua motivação para a realização deste trabalho?

Ajudar para um bem comum 4 57%

Motivação pessoal 3 43%

Obrigação 0 0%

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Ilustração 27 - Avalie o MapWiki (no que toca à sua intuitivade e facilidade de usar)

1 (Pouco intuitivo e complicado de usar) 0 0%

2 1 14%

3 3 43%

4 3 43%

5 (Muito intuitivo e fácil de usar) 0 0%

Avalie o MapWiki (no que toca à sua intuitivade e facilidade de usar)

2 3 3 3 4 4 4

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80

Infografia – Comunidade MAPWIKI – II

Ilustração 28 - Género

Masculino 5 42%

Feminino 7 58%

Gostou dos resultados obtidos?

Ilustração 29 - Gostou dos resultados obtidos?

Sim 11 92%

Não 1 8%

Outro 0 0%

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Ilustração 30 - Qual foi a sua motivação para a realização deste trabalho?

Ajudar para um bem comum 4 33%

Motivação pessoal 3 25%

Obrigação 5 42%

Outro 0 0%

Ilustração 31 - Avalie o MapWiki (no que toca à sua intuitivade e facilidade de usar)

1 (Pouco intuitivo e complicado de usar) 1 8%

2 1 8%

3 3 25%

4 3 25%

5 (Muito intuitivo e fácil de usar) 4 33%

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Quanto tempo dedicou a este projecto?

1h 1h 4h 5h 6h

24h 48h 72h 72h

2 Semanas 4 Semanas Não sabe

Avalie o MapWiki (no que toca à sua intuitivade e facilidade de usar)

1 (Pouco intuitivo e complicado de usar) 2 3 3 3 4 4 4

5 (Muito intuitivo e fácil de usar) 5 (Muito intuitivo e fácil de usar) 5 (Muito intuitivo e fácil de usar) 5 (Muito intuitivo e fácil de usar)

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Ilustração 32 - imagens ilustrativas do interface da plataforma Nokia: funcionalidades, usabilidade e aplicações (conforme documento fornecido pela Nokia Portugal à comunidade de experts FCSH)

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Inquérito aos alunos participantes no projecto-piloto MapWiki

1 – Idade

2 – Género

3 – Universidade ou Politécnico?

4 – Ciclo de estudos

5 – Foi um trabalho feito para uma cadeira (obrigatório) ou foi um trabalho voluntário?

6 – Qual foi a motivação? Monetária? Perfeição? Ajudar para um bem comum? Foi

obrigado?

7 – Região onde fez o trabalho

8 – Quanto tempo dedicou?

9 – Gostou dos resultados?

10 – Intuitividade / facilidade da plataforma? Fácil / Dificil?

11 – Que informação geográfica criou / editou mais? POI’S? Estradas? Outro? Qual?