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Page 1: Trabalho de Penal - Escolas Penais

Fundação Universidade Federal do Rio Grande

Maurício Castillo

A EVOLUÇÃO DO DIREITO PENAL CONSUBSTANCIADA NO SURGIMENTO

DAS ESCOLAS PENAIS

Rio Grande – RS

2008

1

Page 2: Trabalho de Penal - Escolas Penais

Fundação Universidade Federal do Rio Grande

Maurício Castillo – 40.263

A EVOLUÇÃO DO DIREITO PENAL CONSUBSTANCIADA NO SURGIMENTO

DAS ESCOLAS PENAIS

O objetivo do presente trabalho é atender ao registro

parcial para a avaliação da disciplina de Direito Penal,

do curso de Direito sob orientação da professora

Waleska.

Rio Grande – RS

2008

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Page 3: Trabalho de Penal - Escolas Penais

SUMÁRIO:

RESUMO.................................................................................................................................01

INTRODUÇÃO.......................................................................................................................01

1. Dos conceitos.......................................................................................................................02

2. Dos Antecedentes às Escolas Penais..................................................................................04

3. Da evolução do Direito Penal com análise das Escolas Penais.......................................06

3.1. Escola Clássica.......................................................................................................06

3.2. Escola Correlacionista............................................................................................08

3.3. Escola Positiva.......................................................................................................08

3.4. Terceira Escola.......................................................................................................10

3.5. Escola Moderna Alemã..........................................................................................10

3.6. Escola Técnica Jurídica..........................................................................................11

CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................12

BIBLIOGRAFIA.....................................................................................................................13

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Page 4: Trabalho de Penal - Escolas Penais

A EVOLUÇÃO DO DIREITO PENAL CONSUBSTANCIADA NO SURGIMENTO

DAS ESCOLAS PENAIS

RESUMO:

O artigo pretende fazer uma análise acerca das modificações ocorridas no Direito Penal, as quais se basearam evolução das concepções de legitimidade do direito de punir, natureza do delito e fim das sanções. Utilizando-se, para tal, estudos realizados por importantes doutrinadores do Direito Penal. O objetivo deste estudo é sanar eventuais dúvidas existentes sobre a matéria.

PALAVRAS-CHAVE: Direito Penal, Escolas Penais, Crime, Pena, Delinqüente, Sociedade.

INTRODUÇÃO:

As transformações ocorridas na sociedade ao longo dos tempos geraram uma mudança

em sua forma de pensar e agir, acarretando modificações substanciais no Direito como um

todo, já que esse é fruto da “vontade” da sociedade.

O presente artigo tem por finalidade analisar os reflexos dessa nova visão social no

que tange o Direito Processual Penal, bem como as importantes contribuições das idéias

difundidas pelas diversas gerações dos Direitos Humanos0, surgidas no século XIX à luz do

Iluminismo. Apresentando, para tal, um breve histórico acerca da idéia de crime e de punição

em diferentes momentos da evolução histórica da humanidade, além de esclarecer o

significado de algumas terminologias indispensáveis para o entendimento do trabalho.

A pesquisa foi realiza em artigos e estudos acerca do tema, realizados por autores

renomados no Direito Penal.

Cabe salientar que a Internet foi utilizada com objetivo único de aprimoramento dos

conhecimentos, visto que propiciou uma pesquisa mais abrangente.

O tema é de suma importância para a compreensão do sistema penal contemporâneo, e

está indissoluventente ligado a formação das legislações penais atuais.

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Page 5: Trabalho de Penal - Escolas Penais

1. DOS CONCEITOS:

Cabe analisar, precipuamente, algumas terminologias que permeiam o mundo jurídico

e que serão de suma relevância para o entendimento desse trabalho.

A palavra Direito possui as mais diferentes acepções, podendo ser entendida em

stricto sensu, como sendo a norma estabelecida em lei, ou ainda em sentido lato, definido por

Fernando Lima como “um preceito hipotético e abstrato, destinado a regulamentar o

comportamento humano na sociedade” (2005).

Um dos mais discutidos problemas da Filosofia Jurídica é o que diz respeito à

distinção entre direito e moral. Muitos doutrinadores entendem que apesar de serem

essencialmente distintos, os conceitos de moral e direito são inseparáveis. Nos doutos estudos

de Miguel Reale em sua obra Lições Preliminares de Direito o autor entende que a diferença

está no caráter coercitivo do direito. Para Reale moral é “o comportamento que encontra em si

próprio a razão de existir”, diferentemente do direito que é “a ordenação coercitiva da conduta

humana”.

A moral é o foro íntimo do indivíduo e está ligada exclusivamente com o querer

pessoal de cada um, por isso não é suficiente para nortear a vida em sociedade. É nesse

momento que surge o direito, como um produto da convivência social, indispensável à busca

do bem comum.

Contudo, em determinadas situações, é necessária a intervenção do “braço forte” do

direito, responsável por tutelar os bens jurídicos mais relevantes à coletividade, instituindo,

para tal, condutas que possam ser perniciosas a esses bens, e estipulando sanções aos que as

transgredirem. Esse ramo do direito é denominado Direito Penal.

O Direito Penal é comumente confundido com outra ciência da qual se utiliza, a fim de

entender o crime como um todo.

A criminologia é uma ciência causal-explicativa que visa entender o criminoso tanto

em seus aspectos físicos (biologia criminal) como também no meio em que está inserido

(sociologia criminal), difere-se do Direito Penal por seu objeto: enquanto para esse o objeto

de estudo é “a determinação de infrações de natureza penal” (BITENCOURT, 2008; p. 3),

àquele o objeto é a busca por explicações às origens da delinqüência.

Outro aspecto não menos importante a ser definido, é o que diz respeito ao

entendimento de crime. Pode-se dizer que em sentido “vulgar” crime é todo ato que vai de

encontro a uma norma moral. Já em sentido jurídico, entende-se como ação ou omissão que

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Page 6: Trabalho de Penal - Escolas Penais

fere princípios contidos em lei. A todo ato antijurídico aplicar-se-á uma sanção, que nada

mais é que uma conseqüência jurídica à inobservância da lei.

Como se pode perceber o mundo jurídico, especialmente o Direito Penal, está

consubstanciado na diversidade de conceitos, sendo indispensável sua distinção a fim de

melhor entendê-lo. Tal diversidade é decorrente da evolução do Direito, concomitantemente

ao desenvolvimento da sociedade.

2. ANTECEDENTES ÀS ESCOLAS PENAIS:

Os avanços ocorridos no Direito Penal ao longo dos tempos são inegáveis e estão

consubstanciados na evolução da idéia de pena. Desde os primórdios da sociedade o homem

busca meios de punir aqueles que ferem os interesses comuns à coletividade.

Os antigos clãs acreditavam que a punição dos infratores era uma maneira de evitar a

fúria dos deuses, a qual atingiria a todo o grupo. Porém, com a dissolução do clã em grupos

menores associados por laços de consangüinidade deram origem as chamadas “vinganças

privadas”, nas quais aos membros lesados era permitida a “retribuição” do mal que lhe fora

causado. No entanto, essa prática de “justiça com as próprias mãos” mostrou-se ineficaz na

proteção da comunidade, visto que acabou tornando a vingança um círculo vicioso.

Essa ineficácia da vingança privada deu origem a outro tipo de vingança, mas dessa

vez a pública. Isso porque o chefe da tribo chama pra si o direito de punir. Nesse período

impera a Lei do Talião, na qual há o entendimento de que o infrator deve sofrer uma punição

equivalente ao mal causado.

Conquanto o Talião visasse somente à punição do individuo, não priorizando sua

ressocialização, para alguns doutrinadores esse período representou uma evolução no Direito

Penal, na medida em que gerou maior comedimento entre o crime e a sanção.

O Império Romano também contribuiu expressivamente para o Direto Penal, uma vez

que durante o período da República houve “significativos avanços na concepção do elemento

subjetivo do crime, diferenciando-se o dolo de ímpeto do dolo de premeditação.” (NUCCI,

2007; p. 58).

Com a chegada da Idade Média e da Igreja Católica ao poder, muito embora a pena

ainda possuísse dispositivos repressivos muito cruéis, passou a visar à reinserção do individuo

na sociedade. No século XVII a punição dos criminosos era um “espetáculo público”, os

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Page 7: Trabalho de Penal - Escolas Penais

suplícios além de punirem o acusado serviam também para intimidar os demais membros da

sociedade, a fim de que não viessem a cometer atos criminosos. Ademais era uma maneira de

dominação dos poderosos em detrimento do restante da população. Para Foucault “essa

superioridade, não é simplesmente a do direito, mas a da força física do soberano que se abate

sobre o corpo de seu adversário e o domina.”

Com o passar do tempo os suplícios começaram a ser veementemente criticados não

somente pelos intelectuais da época, mas também pela população em geral, tornando-se

ineficaz como meio de controle social. Com isso, as sanções transpuseram-se de meros

castigos físicos à privação da liberdade, ganhando um caráter utilitarista, pois passou a ser

vista como uma preparação do individuo ao mercado capitalista ascendente.

Com relação às massas miseráveis, era necessário reduzi-las (pela emigração) e, enquanto iria se desenvolvendo o lento processo de sua assimilação à produção industrial (que de momento quereria mantê-las na miséria, para acumular o capital produtivo que permitiria sua incorporação), era necessário controlá-las mediante o treinamento e moralização. (ZAFFARONI, 2004; p. 265).

O sofrimento causado pelo suplicio, tanto para o acusado como para sua família, deu

origem a um movimento impulsionado pelas idéias iluministas. Esse movimento, denominado

Escolas Penais, representou um novo modo de ver o sistema penal, clamando pelo fim da

crueldade na aplicação das penas.

3. DA EVOLUÇÃO DO DIREITO PENAL COM A ANÁLISE DAS ESCOLAS

PENAIS:

O Direito Penal, como um ramo do Direito que se preocupa com o comportamento do

homem na sociedade indo à defesa dos bens mais importantes dessa coletividade em termos

jurídicos, apresenta-se de uma forma imposta com elementos e caracteres especiais. Sua

ligação com o crime e sanções respectivas, desempenham um papel de suma importância no

desenvolvimento das relações humanas.

Diversos doutrinadores do ramo penal nos transmitem essa estreita ligação do Direito

Penal com o comportamento do indivíduo dentro da sociedade, Bitencourt (2008, p.01),

defende o direito penal como sendo dotado de uma “natureza peculiar de meio de controle

social formalizado”. Essa sistematização do Direito a fim de tutelar os bens jurídicos de maior

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Page 8: Trabalho de Penal - Escolas Penais

relevância aos seres humanos atuantes no Contrato social, numa visão positivista,

desenvolveu-se ao longo de uma trajetória baseada em fatos ligados aos crimes e sanções

empregadas a cada época.

O bem comum e a regulação harmônica do convívio social fazem parte da evolução do

sistema penal como um todo, atribuindo a seus estudiosos a preocupação com o entendimento

do delito e o direito de punir questionando as mais diversas formas de aplicação das sanções

por determinados períodos da história. Com isto surgem as chamadas Escolas Penais, ou seja,

correntes jus-filiosóficas de teorias e pensamentos que estruturavam de forma organizada os

princípios fundamentais do Direito Penal empregados a cada época e cada contexto.

Bitencourt define as escolas penais como "o corpo orgânico de concepções

contrapostas sobre a legitimidade do direito de punir, sobre a natureza do delito e sobre o fim

das sanções.” (2008, p.49)

Passamos a discorrer a cerca das escolas penais, como surgiram, seus marcos e

pensadores mais importantes e entre outros aspectos, sendo elas: Escola Clássica, Escola

positiva, Terceira Escola, Escola Moderna Alemã, Escola Técnico Jurídica e Escola

Correlacionista.

3.1. ESCOLA CLÁSSICA:

Numa corrente com ideais iluministas, com idéias políticas extraídas da revolução

francesa, surge ao fim do século XVIII a Escola Clássica. Esta escola fazia críticas ao

absolutismo da época, defendendo a democracia do estado em conformidade com princípios

liberais, havia nesta concepção uma grande preocupação no que diz respeito aos direitos

fundamentais do indivíduo bem como as suas garantias.

Os principais idealizadores do classicismo penal foram o inglês Benthan, o alemão

Feweurbach, o italiano Romagnosi e o de maior destaque Francesco Carrara.

A Escola Clássica teve dois períodos distintos: o teórico-filosófico e o período ético-

jurídico.

O período teórico-filosófico se inicia na obra de Baccaria - Dos delitos e das penas -

este período pretendia, segundo Bitencourt, adotar um Direito Penal fundamentado na

necessidade social. (2008, p. 51). Já o período ético jurídico, ainda na concepção do autor, se

acentua a exigência ética de retribuição, representada pela sanção. (2008, p. 52)

A concepção de crime para esta escola era de que este não seria um ente de fato, mas

um ente jurídico tratando-se de uma infração e violação de direitos, ou seja, além da ação e

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Page 9: Trabalho de Penal - Escolas Penais

resultado que o crime venha trazer, este estaria também causando um dolo político e moral

para a sociedade como um todo.

A responsabilidade Penal, baseada no livre arbítrio, com influencia iluminista, seria a

base do sistema penal, pois só poderia cometer delitos quem tivesse a liberdade de escolha.

Viccaria aponta em sua obra o fundamento da responsabilidade penal como "a

responsabilidade que tem por base o livre arbítrio, sendo a liberdade fundamental para todo o

sistema positivo. O inimputável por não possuir livre arbítrio, é penalmente irresponsável.

(2003, p. 06)

A Pena para os clássicos era discutida sob três teorias: a absoluta - cujo entendimento

seria a busca de justiça; a relativa - cujo fim seria a prevenção, e por fim; a mista - mostrava a

pena como a busca pelo ideal justo com a utilidade preventiva.

Para Jorge, os caracteres mais relevantes da Escola Clássica podem ser definidos

como:

a) o delito é um ente jurídico; b) a ciência do Direito Penal é uma ordem emanada da lei moral e jurídica; c) a tutela jurídica é o fundamento legítimo da repressão e também seu fim; d) a qualidade e a quantidade da pena, que é repressiva, devem ser proporcionais ao dano que com o delito se causou ao direito cujo perigo que este correu; e) a responsabilidade criminal se funda na imputabilidade moral, já que não há agressão ao direito se a ação não procede de uma vontade inteligente e livre; f) o livre arbítrio, aceito como dogma, por que sem ele o Direito penal, ao ver dos clássicos, careceria de base. (1986, p. 102 - 103).

Com isto pode-se definir a Escola Clássica como a corrente que defendia princípios

penais que iam desde o crime como uma entidade jurídica dependente da vontade subjetiva do

seu agente, defendia princípios de reserva legal bem como a proporcionalidade da pena.

3.2. ESCOLA CORRELACIONISTA:

Fundada pelo alemão Carlos David Augusto Roeder, surge na terceira década do

século XIX a Escola Correlacionista, uma corrente que enfatizava seus estudos muito mais no

delinqüente do que a prática de seus atos. A escola defendia um Estado com uma aplicação de

Direito Penal capaz de readaptar o criminoso na sociedade, corrigindo os motivos pelos quais

culminaram as suas condutas lesivas. Viccari defende que "incumbe ao Estado não só a

adaptação do delinqüente à vida social, como também sua emenda íntima”. (2003, p.07).

A pena tratava-se de uma profilaxia em relação ao delinqüente, pois deveria agir como

um tratamento de readequação social, e teria fim quando a necessidade demonstrasse.

Segundo Jorge "a pena seria, para Roeder um remédio que curaria o criminoso, o purificaria e

seria, em última análise, um bem para ele próprio" (1986, p.103).

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Page 10: Trabalho de Penal - Escolas Penais

Na concepção de Bitencourt as características do correlacionismo seriam: a pena

idônea é a privação de liberdade, que deve ser indeterminada; o arbítrio judicial deve ser

ampliado em relação à individualização da pena; a função da pena é uma verdadeira tutela

social; a responsabilidade penal como responsabilidade coletiva, solidária e difusa". (2008, p

64).

Podemos perceber que a Escola Correlacionista, foi uma revolução para o sistema

penal da época, pois englobou de maneira uniforme os direitos e garantias individuais do

homem protegendo este até em seu estado de maior descrença social, pois ao proteger os

direitos do criminoso também defendia os valores e direitos de uma sociedade justa.

3.3. ESCOLA POSITIVA:

Ao final do século XIX, em meio a grandes processos de evolução das ciências

sociais, surge a Escola Positiva. Essa corrente trazia idéias de completas transformações do

Direito penal, e não uma simples reformulação.

A corrente positiva pretendia equiparar o direito às demais ciências, tentando

empregar a este os métodos científicos empregados às demais, chegando-se a conclusão de

que seria impossível essa aplicação, pois a conclusão era de que a atividade jurídica não seria

científica. Este fato fez com que surgisse a Criminologia, tentando através desta dar uma

significância jurídica para o criminoso.

A escola Positiva dividiu-se em três períodos: a) fase antropológica: destaque a Cesare

Lombroso, fundador desta corrente; b) fase sociológica - com Enrico Ferri, e por fim; c) fase

jurídica: de Rafael Garofalo.

A fase antropológica de Cesare Lombroso fundou a antropologia criminal, e pregava

em seus preceitos que o crime poderia advir de múltiplas causas, e que o criminoso seria

nato, constituindo assim um tipo antropológico especifico constante destas anomalias.

Conforme Bitencourt, "o criminoso nato seria reconhecido por uma série de estigmas físicos:

assimetria do rosto, dentição anormal, orelhas grandes, olhos defeituosos, [...]. Lombroso

chegou a acreditar que os criminosos natos serias subespécie do homem." (2008, p. 56).

Nesta fase o crime era visto como um fato humano oriundo de fatores individuais,

físicos e morais.

Na segunda fase, a sociológica, nas idéias de Enrico Ferri, surge a sociologia criminal,

pregando a responsabilidade social substituindo a moral. Ferri defende que a pena deve ser

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Page 11: Trabalho de Penal - Escolas Penais

adequada ao criminoso, sendo de forma indeterminada, cuja finalidade seria a readequação

para o convívio do individuou na sociedade.

Ferri entendia que a maioria dos delinqüentes poderia ser readaptável, fazendo

exceção aos criminosos habituais.

Outro período da Escola positiva, a fase jurídica, com as idéias do jurista Rafael

Garofalo, pretendia sistematizar os conceitos jurídicos dentro dessa corrente.

Seus preceitos fundamentais, segundo Bitencourt, são: "a periculosidade é fundamento

da responsabilidade do delinqüente, a prevenção como fim da pena e fundamentação do

direito de punir com a teoria da defesa social". (2008, p. 57)

A pena, para Garofalo, não deveria assumir um caráter ressocializador, e sim, a

incapacitação do indivíduo criminoso, chegando até defender a pena de morte aos

delinqüentes cuja capacidade de readaptação seria nula, como no caso dos criminosos natos.

Em sua obra, a Criminologia, Garofalo faz a aplicação da antropologia e da sociologia

ao Direito Penal.

Na concepção de Jorge, a escola positiva resume-se nas seguintes idéias:

a) o delito é um fenômeno natural e socializador produzido por causas de ordem biológica física e social; b) o delinqüente é biológica e psiquicamente um anormal; c) a crença no livre arbítrio da criatura humana é uma ilusão. A vontade humana está determinada por influencia de ordem física, psíquica e social; d) como conseqüência desta concepção determinista, a responsabilidade penal deixa de fundamentar-se sobre a imputabilidade moral, construindo-se sobre a base da responsabilidade social; e) a função penal tem por fim a defesa social. (1986, p.106-107).

3.4. TERCEIRA ESCOLA (TERZA SCUOLA ITALIANA):

A terceira escola também pode ser denominada como positivismo crítico. Seus

idealizadores foram Alimena, Carnevale e Impallomeni, esta corrente apresentou-se de uma

forma mais eclética e buscou seus fundamentos nas escolas clássica e positiva, conciliando as

posições extremadas das duas.

Ao negar o livre arbítrio substituindo-o pelo determinismo, e concebendo o crime

como um fato social e individual, assegurando o fim da pena como principio de defesa social,

assemelha-se ao positivismo, porém admite a distinção entre o imputável como

responsabilidade e os inimputáveis, alheio à responsabilidade penal, assemelhando-se assim

com a Escola Clássica.

Segundo os estudos de Vaccari, os pontos básicos da Terceira Escola podem sintetizar:

"a) Respeito à personalidade do Direito Penal, que não pode ser absorvido pela sociologia

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Page 12: Trabalho de Penal - Escolas Penais

criminal; b) inadmissibilidade do tipo criminal antropológico, fundando-se na causalidade e

não fatalidade do delito; c) reforma social como imperativo do Estado, na luta contra a

criminalidade”. (2003, p. 14).

3.5. ESCOLA MODERNA ALEMÃ:

Surge por volta do último quarto do século XIX, a Escola Moderna Alemã, com as

idéias de Von Liszt, tratando-se de mais uma escola eclética como a Terceira Escola.

A Escola Moderna tratava o crime como um fato jurídico com efeitos humanos e

sociais cujos motivos seriam os fatores físicos, econômicos e sociais. A pena possui, para esta

corrente, uma função de prevenção em relação a sociedade, e uma função específica que recai

sobre o criminoso.

Buscava através do método experimental a investigação sociológica e antropológica

do indivíduo, excluindo a possibilidade do criminoso possuir caracteres congênitos.

Acreditam que aos inimputáveis, deveriam ser aplicadas medidas acauteladoras, ao

invés de deixá-los alheio à responsabilidade penal.

Bitencourt sintetiza as principais idéias da Escola Moderna como: "a) adoção do

método lógico-abstrato e indutivo-experimental; b) distinção entre imputáveis e inimputáveis;

c) o crime é concebido como fenômeno humano-social e fato jurídico; d) função finalística da

pena; e) eliminação ou substituição das penas privativas de liberdade de curta duração."

(2008, p.61).

3.6. ESCOLA TÉCNICA JURÍDICA

A Escola Técnico Jurídica, é hoje a escola de maior influência, surge dos ideais dos

clássicos, extingue a intervenção da filosofia no Direito Penal. O crime é tratado como um

ente jurídico paralelamente a idéia de crime como fato jurídico e social.

Defende a responsabilidade moral fazendo distinção entre a imputabilidade onde pena

deve possuir caráter retribuitivo e expiatório e a inimputabilidade, cujas penas devem ser

medidas de segurança.

Ainda citando o doutrinador Bitencourt, em sua obra acompanhamos as características

da Escola Técnico Jurídica como: "a) o delito é pura relação jurídica de conteúdo social e

individual; b) a pena constitui uma reação e uma e uma conseqüência do crime com função

preventiva geral e especial, aplicável aos imputáveis; c) a medida de segurança - preventiva -

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Page 13: Trabalho de Penal - Escolas Penais

deve ser aplicável aos inimputáveis; d) responsabilidade moral (vontade livre); e) recusa o

emprego da filosofia no campo penal." (2008, p.62)

Esta Escola discute questões de autonomia do Direito Penal, pois este contém o que

está na lei, sendo esta a única preocupação dos juristas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Após o estudo e direcionamento do assunto proposto dentro desta obra, podemos

conceber a importância para o Direito Penal das Escolas Penais, sendo estas uma série de

correntes com teorias voltadas a aplicação do direito de punir de determinado espaço de

tempo com princípios e fundamentos próprios.

Discutimos a respeito da Escola Clássica – com idéias liberais, pregava o

comprometimento dos criminosos com aspectos patológicos, a Escola Correlacionista que

defendia os direitos e garantias do homem revolucionando o sistema punitivo da época, bem

como a Escola Positiva que sistematizou as formas de punir e aplicou várias ciências humanas

ao Direito Penal a fim de buscar causas e criar métodos científicos para o direito de aplicar as

sanções.

Numa visão mais moderna existiram mais duas escolas que buscaram o meio termo

entre a Positiva e Clássica, foram a Terceira Escola Italiana e a Moderna Escola Alemã, e

apontamos ainda a Escola Técnico Jurídica, a que mais influencia o Direito Penal da

atualidade, pois prega que o direito de punir deve ser somente o previsto pela lei, e que só esta

pode dar resposta a questionamentos surgidos.

Nestes termos podemos perceber que a própria história do Direito Penal bem como a

evolução e construção de seus princípios se confundem e se apóiam nas Escolas Penais bem

como em muitas argumentações defendidas por estas correntes. Alguns autores defendem que

estas escolas nunca existiram e que não passam de mera divisão didática, porém, é certo que

os tempos nos trazem legados que só serão reconhecidos num futuro às vezes bem distante.

Desta forma é bem provável que os dias de hoje seja a construção de mais uma Escola

Penal, que em algum momento da civilização pode ser apreciado assim como apreciamos

neste estudo as idéias de outros tempos.

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Page 14: Trabalho de Penal - Escolas Penais

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal, volume 1: parte geral. 13°

ed. São Paulo: Saraiva, 2008.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. Nascimento da prisão. Traduzido por Raquel

Ramalhete. 13ª ed. Rio de Janeiro: Vozes,1996.

JORGE, Wilian Wanderley. Curso de direito penal: parte geral. 6º ed. Rio de Janeiro:

Forense, 1986.

LIMA, Fernando. O que é Direito. Disponível em

<http://www.tex.pro.br/wwwroot/04de2005/oqueeodireito_fernandolima.htm> Acessado em

29 de março de 2008.

NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal. Parte Geral: Parte Especial. 3ª

edição. São Paulo: Revista dos Tribunais,2007.

REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. 25ª edição. São Paulo: Saraiva,

2006.

VICCARI, Araceli Maira et al. Direito Penal: Escolas de direito. IMMES, 2003.

disponível em: http://www.immes.edu.br/artigos_dir/escolas_p , acesso em 16/03/2008.

ZAFFARONI, Eugenio Raul. Manual de Direito Penal Brasileiro: parte geral. 5ª ed.

São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004.

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