trabalho de negociacao do projeto imobiliario do consorcio novo recife

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Aprovação do projeto do Consórcio Novo Recife Alunos: Armando Negreiro Bruno Cosmo da Costa Carlos Americo Carneiro Leão Filho

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Atividade da disciplina de Negociação MBA - FGV

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Aprovao do projeto do Consrcio Novo Recife

Alunos:Armando NegreiroBruno Cosmo da CostaCarlos Americo Carneiro Leo Filho Hugo F. SilvestreJerffeson Bonfim G. Arajo

Turma:GE-28 Recife/PE

Sumrio

Sumrio1.Introduo1Introduo1Cenrio1Apresentao dos Fatos22.Fases da Negociao52.1.Preparao5Interesses e Opes5Critrios52.2.Explorao6Comunicao e Relacionamento62.3.Testar e Trocar7Comunicao e Opes73.Estratgias de Negociao83.1.Prefeitura do Recife83.2.Consrcio Novo Recife83.3.Sociedade Civil84.Concluso95.Fontes10

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1. Introduo

IntroduoEste trabalho tem como objetivo utilizar os conceitos e tcnicas apresentados na disciplina de Negociao, para analisar o polmico projeto imobilirio proposto pelo Consrcio Novo Recife, em rea nobre localizada no Cais Jos Estelita, e que mobilizou a sociedade Pernambucana.

Cenrio

Cais Jos Estelita

O Cais Jos Estelita fica situado na bacia do Pina na cidade do Recife e o principal eixo que liga a zona sul ao centro comercial da cidade. Nela abriga a antiga Rede Ferroviria Federal (RFFSA) e armazns que eram usados para estocar acar, no incio do sculo XX. A RFFSA foi desativada e o local encontra-se abandonado at os dias de hoje.

Em 2008 a unio decidiu leiloar a rea do Cais Jos Estelita, sendo um local estratgico e carto postal da cidade, as empresas Moura Doubeux, Queiroz Galvo, Ara Empreendimentos e GL empreendimentos criaram o Consrcio com o objetivo de comprar a rea da unio. No havendo concorrncia o Consrcio comprou a rea de 101,7 mil metros quadrados da unio por o valor mnimo por R$ 55 milhes, com o objetivo comercial de construir 12 torres.

O projeto inicial com investimento de R$ 15 milhes previa a construo de sete torres residenciais, duas comerciais, dois flats e um hotel, cada um com at 40 andares, alm de bares, restaurantes, estacionamento e a revitalizao da rea com a criao parques, ciclovia, per e ruas de acesso.

O projeto contudo acabou virando caso de polcia e mereceu um alerta da Anistia Internacional, graas ao grupo Direitos Urbanos, que desde 2002 milita em causas urbansticas. Descontentes com a situao, estudantes, arquitetos, professores e advogados, entre outros membros do grupo, se uniram no movimento Ocupe Estelita. H dois anos eles lutam contra as empresas de construo civil que pretendem injetar at R$ 1,1 bilho para erguer ali um complexo residencial e comercial. Chamado Novo Recife, o projeto uma cortina de espiges bem diferente da rea - histrica, mas decadente da cidade.

Apresentao dos Fatos

Leilo da rea do Cais Jos Estelita

Resumo: Em 2008 a unio decidiu leiloar a rea do Cais Jos Estelita e as empresas Moura Doubeux, Queiroz Galvo, Ara Empreendimentos e GL empreendimentos criaram o Consrcio com o objetivo de comprar a rea da unio. O Consrcio comprou a rea de 101,7 mil metros quadrados da unio por o valor mnimo por R$ 55 milhes, com o objetivo comercial de construir 12 torres.

Anlise: No houve concorrncia e o Consrcio comprou a rea por um preo inferior a R$ 500,00 por metro quadrado. O preo mdio de rea construda em Recife era na poca de R$ 5.673,00 e o terreno em local a beira rio, extremamente valorizado.

Aprovao do Projeto Pela Prefeitura Joo da Costa

Resumo: Em 2012 o projeto inicial foi analisado pelo Conselho de Desenvolvimento Urbano (CDU) em uma reunio portas fechada e sem a participao da sociedade e dos outros rgos competentes. O projeto imobilirio foi aprovado pela Prefeitura de Recife em 28 de dezembro de 2012, a poucos dias do fim da gesto do ex-prefeito Joo da Costa (PT-PE). A sesso foi realizada a portas fechadas e a advogada Liana Lins, do grupo Direitos Urbanos, foi proibida de participar do encontro.

Anlise: A reunio a portas fechadas e sem a participao da sociedade e dos outros rgos competentes, gerou uma desconfiana na sociedade onde passaram a buscar falhas e irregularidades no leilo e no projeto.

Novo termo de compromisso assinado pela Prefeitura Geraldo Jlio.

Resumo: Em 2013, a Prefeitura do Recife aprovou novas medidas referentes ao polmico projeto imobilirio, exigindo novas aes mitigadoras - tomadas para compensar os possveis danos causados pela construo. O valor da compensao subiu de R$ 32 milhes para R$ 62,7 milhes, com a incluso de biblioteca, tnel e um parque linear, entre outros itens. Um termo de compromisso entre a gesto municipal e consrcio de construtoras responsvel pelo Projeto Novo Recife foi assinado.

Anlise:

Invaso e Ocupao da rea

Resumo: Em 21 de maio o consrcio recebeu autorizao da prefeitura para demolir os armazns, que no ocorreu devido ao movimento Ocupe Estilita. O grupo foi inspirado pelo movimento Occupy Wall Street, e desgostosos com o projeto, ocuparam a rea do cais. Eles pedem a nulidade do processo administrativo que aprovou o projeto, que hoje objeto de aes judiciais questionando sua legalidade.

Anlise:

Suspenso da licena que permitia a demolio de galpes da rea do cais

Resumo: No dia 3 de junho, a Prefeitura do Recife anunciou a suspenso da licena que permitia a demolio de galpes da rea do cais. No dia 5, o engenheiro Eduardo Moura, representante da Moura Dubeux Engenharia, afirmou que o Consrcio Novo Recife concorda em produzir um novo projeto para o terreno. O Tribunal de Justia de Pernambuco (TJPE) concedeu a reintegrao de posse da rea, atendendo a um pedido feito por advogados do Consrcio Novo Recife. O DU e o Ministrio Pblico recorreram da deciso, que foi analisada pela Justia estadual no dia 18 de junho e considerada legal. A reintegrao de posse foi cumprida no dia 17 de junho,aps ao violenta da PM no terreno.Desde ento, a ocupao acontecesob o viaduto Capito Temudo, nas proximidades do Cais, no Centro.

Anlise:

Projeto Novo Recife

Os lados querem desenvolver reas degradadas. Mas como? A que custo? O Novo Recife anunciado como uma modificao urbana em uma rea pobre, que trar benefcios como um parque, 24 mil empregos temporrios e 2 mil permanentes, preservao dos armazns para fins culturais e a demolio do viaduto, que marcou o incio da decadncia do local.

GovernoOs interesses do governo na prefeitura at final de 2012(Joo da Costa-PT) convergiram no sentido de aprovar o projeto do consrcio de construtoras sem discurso com a sociedade.O novo governo (Prefeito Geraldo Jlio) no primeiro momento tentou minimizar os efeitos polticos e com pequenas alteraes aprovou o projeto.

Consrcio Construtoras.

Movimento Ocupe Estelita.

2. Fases da Negociao2.1. Preparao

Interesses e Opes

a. Consrcio Novo RecifeTem o objetivo de revitalizar a regio do Cais de Santa Rita criando prdios residenciais, comerciais, flats, hotis, restaurantes, comercio e praas pblica, trazendo desenvolvimento urbanstico, social e econmico da Cidade e a preservao de sua histria.

b. SociedadeGrupo denominado Direitos Humanos em parceria com atores polticos, como o Som da Rural e o movimento Ocupe Estelita, buscam a suspenso da destinao da rea para o poder privado, e da implantao de um projeto considerado retrgrado para a cidade. Buscam a destinao da rea para um projeto coletivo, com respeito proteo ambiental, mobilidade e qualidade de vida.

c. Prefeitura do RecifeResponsvel pela aprovao do projeto, a Prefeitura assumiu o protagonismo do processo de planejamento urbano da cidade, com aes de curto e mdio prazo, e a fim de minimizar as crticas passou a atuar como mediador das negociaes entre o Consrcio Novo Recife e a sociedade em geral afim de satisfazer os interesses e opes de todos os envolvidos.

Critrios

a. Consrcio Novo RecifeCumprimento da funo urbanstica da propriedade pelo uso e ocupao adequados do vazio urbano, atendendo os parmetros elencados pelo poder pblico, junto s expectativas sociais, para construo na rea. Destinao de investimento de 80 milhes para obras de uso pblico. Melhoria do sistema virio da rea. Manter a posse sob a compra da rea feita em um leilo, para suprir a demanda de espaos para novos investimentos imobilirios bem localizados na cidade do Recife.

b. SociedadeOportunidade de destinao da rea de 10 hectares do Cais Jos Estelita para uma interveno urbana que beneficie toda a populao da cidade. O projeto deve ser coletivamente elaborado, com as diversas instncias da sociedade. A luta para que a cidadania ocupe o Cais por meio da observncia da legislao vigente; da incluso popular no desenho das oportunidades para a rea do Centro-sul da capital pernambucana; do respeito ao meio ambiente e do investimento imobilirio responsvel. Defendem ainda uma soluo pautada na sinergia entre mercado, sociedade civil e poder pblico.

c. Prefeitura do RecifeAprovao do projeto aps ser submetido a dois rgos colegiados: Comisso de Controle Urbanstico o qual a Prefeitura tem 7 dos 16 membros; e a Comisso de Desenvolvimento Urbano o qual Prefeitura tem 9 de 30 membros. O processo de aprovao foi realizado antes de 2012, portanto, sob responsabilidade da gesto anterior. A atual gesto da Prefeitura props ento mediar s negociaes para chegar a melhor opo.

A prefeitura fez novas exigncias aos empreendedores para viabilizar o projeto tais como: a ampliao das aes mitigadoras do projeto, visando a valorizao dos espaos pblicos, integrao das comunidades de So Jos, Cabanga, Joo Paulo II e Coque, consolidando novos espaos de encontro, convivncia e lazer para a cidade.

2.2. Explorao Comunicao e Relacionamento

O Consrcio Novo Recife junto a prefeitura conseguiu autorizao para Com a finalidade de conduzir a negociao entre o Consrcio Novo Recife e a sociedade, a Prefeitura do Recife consolidou um conjunto de diretrizes urbansticas por meio da participao da sociedade a partir das audincias pblicas. Os encontros para debater o projeto deve acontecer sempre em audincias publicas.

a. Prefeitura do RecifeCom o intuito de estabelecer a coordenao e um melhor relacionamento entre as partes envolvidas no projeto, o atual prefeito da cidade do Recife Geraldo Jlio, iniciou uma reunio com o foco na abertura de dilogo entre as partes com a preocupao de no debatemos questes de mrito.

b. Consrcio Novo RecifeSe colocou disposio para dialogar ao ouvir a solicitao dos interesses da sociedade civil e utilizou das mdias sociais para divulgar os benefcios em que a sociedade teriam com o projeto.

c. SociedadeO movimento ocupe Estelita acampou na rea do Cais Jos Estelita com objetivo inicial de protestar e evitar a demolio dos armazns histricos, o movimento criou foras atravs das redes sociais e conseguiu ter a participao expressiva de moradores, estudantes, professores, cineasta e artistas. Alguns artistas como Ney Matogrosso, Zlia Duncan, o Klber Mendona e a banda Nao Zumbi apoiaram o movimento, alguns msicos, como exemplo Otto, realizaram shows de graa na rea do Cais Jos Estelita.

2.3. Testar e Trocar

Comunicao e Opes

a. Prefeitura do RecifeConsolidou um conjunto de diretrizes urbansticas por meio da participao da sociedade civil.

b. Consrcio Novo RecifeDurante as audincias pblicas, o consrcio se colocou disposio para dialogar e admitiu a possibilidade de modificao do projeto na parte interna do lote.

Aps forte presso do Ministrio Pblico e setores da sociedade o Consrcio Novo Recife desenvolveu um novo projeto pautado em algumas exigncias para que pudesse dar sequncia ao projeto. Alguns pontos como a construo de um Parque Linear com 90 mil metros quadrados ao longo da Bacia do Pina; seis quadras poliesportivas e reas de lazer sob o Viaduto Capito Temudo; Biblioteca Pblica no giradouro do Cabanga; interveno na esplanada do Forte das Cinco Pontas, com a demolio do viaduto, urbanizao e paisagismo; implantao de ciclovia conectando a zona sul com o Bairro do Recife. Os armazns histricos sero requalificados para a construo de um centro cultural. A quantidade mnima de 200 moradias de interesse social, proposta pelas diretrizes da prefeitura, tambm ter a construo assumida pelo consrcio.

c. SociedadeO movimento em prol do Cais Jos Estelita, entrou com uma representao no Ministrio Pblico, denunciando a completa ausncia de escuta da populao no processo de aprovao do Projeto Novo Recife, atribuindo a mediao da Prefeitura do Recife o nome de teatral j que no houve efetiva participao popular, em um processo de suposta negociao em que somente um interessado d todas as cartas e o ausncia de protagonismo do poder pblico, sem defender os interesses da sociedade. Prope-se ento uma nova srie de audincias pblicas para discusso pblica do projeto, a fim de buscar alteraes definitivas e consensuais ao projeto.

3. Estratgias de Negociao

3.1. Prefeitura do RecifeTem atuao com postura de mediao buscando conciliar os interesses privados no que convm a manuteno dos investimentos previstos para a cidade, pblicos com fins de incremento na arrecadao de tributos, e da sociedade que busca de maneira geral, uma destinao mais social a rea, com aproveitamento do poder pblico e incluso social.

3.2. Consrcio Novo RecifeNa anlise, obtm-se elementos que no primeiro momento o Consrcio Novo Recife apresenta uma estratgia com foco apenas no resultado, e em um segundo momento, mostram a adoo da estratgia com foco no resultado e relacionamento com a sociedade, onde o consrcio oferece um pacote de concesses, em busca de tentar obter a aprovao consensual do projeto, e que apesar das alteraes no projeto reduzir seu potencial de vendas, oferece alguns itens que atende a solicitao da sociedade, focando em sua aprovao.

3.3. Sociedade CivilA sociedade como um todo busca no primeiro momento o foco em resultado e relacionamento, buscando criar canais de comunicao com o Consrcio e adotando a proposio de negociao para os ajustes entendidos como necessrios.

4. ConclusoAo analisar a negociao percebemos que o processo no foi bem estudado por parte do Consrcio Novo Recife, ou seja, aparentemente no houve um bom preparo para conduzir as negociaes, j que, no primeiro momento, acreditava-se que no haveria espao para discusso com a sociedade, e que o projeto seria devidamente implementado com base nos interesses e argumentos do Consrcio. A medida que um grupo dentro da sociedade faz uma anlise do processo, e inicia uma srie de questionamentos e exigncias, fica a inteno do Consrcio em excluir a participao da sociedade deste processo, imprimindo inclusive, o uso da fora para o andamento do projeto.

A medida que toda a fase de compra do terreno ocorreu em uma gesto anterior da prefeitura, e com algumas acusaes de irregularidades, a gesto atual se coloca a como mediadora da negociao, ouvindo os dois lados, e buscando estabelecer a cooperao ao longo negociao.

A sociedade, entretanto, por no se v devidamente representada no processo, rejeita toda a negociao at o momento, e prope uma nova srie de audincias pblicas para discusso pblica do projeto, a fim de buscar alteraes definitivas e consensuais.

O que fica claro nessa negociao que o nico ponto de interesse em comum entre os lados, a destinao de uma rea abandonada para um equipamento de uso efetivo da populao. E como ponto de divergncia o fato do Consorcio Novo Recife, tentar uma destinao comercial da rea, com a construes de imveis, e os entes representante da sociedade desejarem a destinao da rea para uso coletivo, com a interveno do estado para criao de equipamentos de uso pblico e social, apenas.5. Fontes

http://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-batalha-pelo-cais-jose-estelita-8652.html http://www.ocupeestelita.com.br/linha-do-tempo/ http://g1.globo.com/pernambuco/noticia/2014/05/no-recife-iphan-embarga-demolicao-de-armazens-no-cais-jose-estelita.html http://www.recife.pe.leg.br/noticias/audiencia-publica-sobre-projeto-novo-recife-lota-plenarinho http://www.trf5.jus.br/noticias/3852 http://www.jusbrasil.com.br/diarios/56700825/djpe-17-07-2013-pg-412 http://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-batalha-pelo-cais-jose-estelita-8652.html http://www.revistanegociospe.com.br/materia/Licoes-do-OcupeEstelita https://direitosurbanos.wordpress.com/tag/cais-jose-estelita/ http://super.abril.com.br/cotidiano/batalha-estelita-819961.shtml