trabalho de lb i

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“O Domador” é um poema de Paulicéia Desvairada, constituído por 26 versos dispostos em 5 estrofes, que tem de 6 a 4 versos cada. Além de não se encaixar em forma fixa, as rimas são brancas, caracterizando a denominada forma livre, a estrutura presente no poema analisado é predominante em outras obras de Mário de Andrade. Este estilo é reflexo do movimento inaugurado por Mário de Andrade, o Modernismo, visando romper com os antigos padrões poéticos característicos do parnasianismo, ao passo que buscava em elementos nacionais objetos para a construção de sua poética. Mário de Andrade admite ter sido tocadopelas vanguardas europeias (colocar referência), utilizando-se de técnicas avançadas para versificar a encarnação da modernidade em Paulicéia Desvairada, onde o sujeito poético é representado pela figura do Arlequim A cidade moderna é o labirinto arquitetônico que o homem criou à imagem de sua alma. Mário persegue essa identidade nos poemas de Paulicéia...: manipulando suas antíteses, reticências e exclamações, cria um rtraje de arliquim que veste tanto o trovador quando a metrópole.lafeta figuração da intimidade, imagens na poesia de mário de andrade página 20) Mário de Andrade busca no folclore e no passado histórico do Brasil elementos formadores de uma identidade nacional ao mesmo tempo em que resistem à cultura massiva trazida pela industrialização (colocar referência). Junto à isso, Mário de Andrade rompe com os antigos padrões literários característicos do parnasianismo. Conhecidos respectivamente como projeto ideológico e projeto estético, as duas definições convergem no âmbito Graças à liberdade estética, Mário de Andrade, através da utilização de reticências, pontos de exclamação e o fluxo de consciência (colocar referência), constrói O Domadorcom uma linguagem de ritmo alucinante uma alusão à São Paulo. João Luiz Lafetá explica a máscara utilizada pelo eu lírico na incorporação da metrópole: [...] À preocupação cosmopolita, que sucede às grandes transformações urbanas do começo do século, corresponde a fase vanguardista, a máscara do trovador ararlequinal, do poeta sentimental e zombeteiro que encarna o espírito da modernidade e de suas contradições [...](lafeta figuração da intimidade, imagens na poesia de mário de andrade página 15)

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Page 1: Trabalho de LB I

“O Domador” é um poema de Paulicéia Desvairada, constituído por 26 versos

dispostos em 5 estrofes, que tem de 6 a 4 versos cada. Além de não se encaixar em

forma fixa, as rimas são brancas, caracterizando a denominada forma livre, a estrutura

presente no poema analisado é predominante em outras obras de Mário de Andrade.

Este estilo é reflexo do movimento inaugurado por Mário de Andrade, o Modernismo,

visando romper com os antigos padrões poéticos característicos do parnasianismo, ao

passo que buscava em elementos nacionais objetos para a construção de sua poética.

Mário de Andrade admite ter sido “tocado” pelas vanguardas europeias (colocar

referência), utilizando-se de técnicas avançadas para versificar a encarnação da

modernidade em Paulicéia Desvairada, onde o sujeito poético é representado pela figura

do Arlequim

“A cidade moderna é o labirinto arquitetônico que o homem

criou à imagem de sua alma. Mário persegue essa identidade

nos poemas de Paulicéia...: manipulando suas antíteses, reticências e exclamações, cria um rtraje de arliquim que

veste tanto o trovador quando a metrópole.” lafeta figuração

da intimidade, imagens na poesia de mário de andrade página 20)

Mário de Andrade busca no folclore e no passado histórico do Brasil elementos

formadores de uma identidade nacional ao mesmo tempo em que resistem à cultura

massiva trazida pela industrialização (colocar referência). Junto à isso, Mário de

Andrade rompe com os antigos padrões literários característicos do parnasianismo.

Conhecidos respectivamente como projeto ideológico e projeto estético, as duas

definições convergem no âmbito

Graças à liberdade estética, Mário de Andrade, através da utilização de

‘reticências, pontos de exclamação e o fluxo de consciência (colocar referência),

constrói “O Domador” com uma linguagem de ritmo alucinante – uma alusão à São

Paulo. João Luiz Lafetá explica a máscara utilizada pelo eu lírico na incorporação da

metrópole:

“[...] À preocupação cosmopolita, que sucede às grandes

transformações urbanas do começo do século, corresponde a

fase vanguardista, a máscara do trovador ararlequinal, do

poeta sentimental e zombeteiro que encarna o espírito da

modernidade e de suas contradições [...]” (lafeta figuração da

intimidade, imagens na poesia de mário de andrade página

15)

Page 2: Trabalho de LB I

Ao encarnar o Arlequim, o sujeito poético descreve de dentro de um bonde

(colocar referência) através de frases nominais na primeira estrofe, cenas de uma cidade

em processo de desenvolvimento (colocar referência). A ausência de verbos passa a

sensação de congelamento de cena, uma vez que as ações estão implícitas neste

primeiro momento. No final da primeira estrofe, o autor nos mostra elementos que

indicam a imigração estrangeira que moldou a cidade de São Paulo na década de 30,

destacados nos versos abaixo:

Filets de manuelino. Calvícies de Pensilvânia.

Gritos de goticismo

Na frente o tram da irrigação,

Lânguidos boticellis a ler Henry Bordeaux

Laranja da China, laranka da China, laranja da China

Guardate! Aos aplausos do

Passa galhardo um filho de imigrante,

Louramente domando um automóvel

O quarto parágrafo, entretanto, admite o saudosismo

Nota-se também a contraposição entre elementos modernos e rurais ao longo do poema:

Asfaltos. Vastos, altos repuxos de poeira

O projeto estético viabiliza o ritmo acelerado, marcado por reticências, pontos de

exclamação e fluxo de pensamento (João Luiz Lafetá 1930: a crítica e o modernismo,

página 125: o psicologismo e a ruptura) com que a cidade em desenvolvimento é

retratada em “O Domador”, fazendo com que a imagem lúdica do sujeito poético (o

Arlequim) reflita São Paulo de 1930 ao mesmo tempo em que a descreve, ou seja,

raramente o sujeito e o objeto poético são desassociados, uma vez que o primeiro

contempla características do segundo.

Page 3: Trabalho de LB I

O poema analisado reflete ambos os projetos ao contrastar o passado e o presente, os

versos a seguir clareiam esta dicotomia (colocar referência)

As expressões em destaque foram calculadas por Mário de Andrade, que as explica em

seu Prefácio Interessantíssimo (colocar referência).

Por outro lado, “Tristeza do Império”, composta exclusivamente por uma estrofe,

carrega a herança modernista do projeto estético de Mário de Andrade, também presente

em “O Domador”. As divergências estão presentes desde o tom eufórico com que a

metrópole é retratada pelo Arlequim e a ironia e sarcasmo com que o sujeito poético

drummondiano retrata a corte, até a relação entre o sujeito e objeto poético, onde em

Paulicéia Desvairada nota-se uma curta distância entre os dois, fazendo com que

raramente sejam retratados desassociadamente como relatado anteriormente. Esta

proximidade não é notada em “Tristeza do Império”, na qual o eu – lírico observa a

corte de longe, em terceira pessoa do plural, não há como saber se ele faz ou não parte

da elite criticada na poesia.

Portanto, nota-se que o eixo comparativo entre as duas obras consiste na retomada do

passado, onde as divergencias se constituem.

De um lado a lírica marioandradiana remete ao passado em busca da identidade

nacional (colocar refeência)

do outro, a lírica drummondiana se utiliza do passado para que a crítica social à respeito

da alienação seja viabilizada (colocar referência)

Influenciado pelas vanguardas europeias, Mário de Andrade utiliza técnicas

avançadas ao passo com que se transveste de

Falar sobre as exclamações e as reticências, sobre o ritmo e o ritmo de crescimento de

São Paulo.

Falar sobre algumas palavras que nos dão indício da mdernidade (Mário fazia isso de

propósito, como indica em Prefácio Interessantíssimo)

O sujeito poético indica já no primeiro verso (onde está focado o ponto de vista) e

disserta sobre a dicotomia PASSADOxFUTURO na quarta estrofe, assim como nos

Page 4: Trabalho de LB I

apresenta à uma são paulo fragmentada, assim como traje do arlequim, pela imigração,

ao mesmo tempo que é essa pluralidade que torna a cidade homogênea.

Fala sobre os “filhos da terra”, os bandeirantes, os gaúchos paulistas etc

Carlos Drummond de Andrade

O eixo comparativo que rege “O Domador” e “Tristeza do Império” é a

retomada do passado que é, no entanto, retratado sob perspectivas diferentes em cada

poesia. Mário de Andrade procura engrandecer o passado nacional através de figuras e

fatos históricos, em uma tentativa de resistir à cultura estrangeira que contamina o país

com a chegada dos imigrantes, ao mesmo tempo em que aceita a modernização

paulistana, admitindo que seus olhos estão “saudosos dos ontens”. A perspectiva

adotada em “O Domador” é compatível com o objetivo de Mário de Andrade: a busca

pela identidade brasileira. Por outro lado, Carlos Drummond de Andrade cria uma

distância temporal a fim de criticar a alienação social a partir de uma visão histórica

irônica e aguda, que pretende “desmascarar” a ilusão de segurança gerada durante a era

Vargas e comprada pela elite conservadora, representada aqui pelos “conselheiros

angustiados.”