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Page 1: Trabalho de conclusão de curso: relato de uma experiê · PDF fileENDECOM 2006 – Fórum Nacional em Defesa da Qualidade do Ensino de Comunicação Universidade de São Paulo, Escola

Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da ComunicaçãoENDECOM 2006 – Fórum Nacional em Defesa da Qualidade do Ensino de ComunicaçãoUniversidade de São Paulo, Escola de Comunicações e Artes, 11 a 13 de maio de 2006.

Trabalho de conclusão de curso: relato de uma experiência

Rosita HummellCelina Alvetti

PUCPR

Resumo:Este relato apresenta a proposta metodológica do curso de Comunicação Social

da PUCPR, no que diz respeito ao trabalho de conclusão da graduação na habilitação em Jornalismo.

O objetivo é relatar a experiência de trabalho articulado entre monografia e projeto experimental, implementado há oito anos. Essa pedagogia vem possibilitando ao acadêmico aplicar o resultado de um processo mais sistemático de pesquisa no desenvolvimento de projetos de comunicação.

Palavras-chave: metodologia; monografia; projeto experimental.

A situação da universidade reflete a política educacional do país, bem como a sua condição em diversos campos sociais. No Brasil, a formação do jornalista dá-se freqüentemente no convívio, às vezes tenso, entre a preparação que a universidade oferece e a expectativa do mercado. Este exige um profissional que, além do domínio técnico, tenha competência para ler imagens e articular os diferentes ângulos a partir dos quais o mundo se move – político, econômico, cultural, entre outros - num ritmo alinhado à velocidade dos meios de comunicação.

Diante desse quadro, a preocupação dos cursos passa pela necessidade de criar mecanismos que possam garantir uma boa formação, aliando a capacitação técnica à formação humanística. Nessa busca, o curso de Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, em Curitiba, vem aplicando um modelo de trabalho de conclusão de curso cuja proposta visa integrar o aspecto e o espírito acadêmico, de um lado e de outro atender à demanda do mercado de trabalho, crescentemente competitivo e com uma dinâmica que compreende novos olhares e novas tecnologias.

O modelo da PUCPR, implementado em 1998, foi resultado de um amadurecimento a partir da experiência com outros formatos, menos bem sucedidos. O que gerou a necessidade de pensar um novo método foi a condição dos trabalhos, freqüentemente frágeis teoricamente – até porque, em média, o aluno envolve-se ao desenvolver produtos, mas nem sempre valoriza o que sustenta o conceito desses produtos e que implica, além do processo criativo e o conhecimento do mercado e da concorrência, a pesquisa teórica e um rigor metodológico.

Resgate histórico

Em um currículo vigente até 1999, o último ano da graduação em Jornalismo PUCPR oferecia a disciplina de Pesquisa em Comunicação, com o objetivo incentivar o trabalho de iniciação científica, com vistas aos estudos de pós-graduação. Porém, esta disciplina estava, de certa forma, deslocada no processo de aprendizagem dos alunos

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como também apresentava pouca motivação para que este desenvolvesse um bom trabalho. Por sua vez, o Projeto Experimental, até 1996 implicava, sob coordenação de um professor, a produção de três projetos de produto por ano - nas áreas de rádio, televisão e impresso, em equipes com número livre de integrantes. Este formato não permitia o aprofundamento teórico dos projetos, limitando-se à produção dos produtos, sem uma reflexão sobre o seu processo de criação e as condições de recepção. Com base nessa avaliação, em 1997 adotou-se um sistema de módulos – o professor ministrava oficinas e, a partir delas, os alunos elaboravam os produtos, em equipes com, no máximo, sete integrantes. O formato demonstrou ser mais eficiente que o anterior, mas ainda não solucionava o problema da carência de fundamentação teórica na concepção dos produtos. Em novo ajuste, para o ano de 1998, o modelo foi aprimorado da seguinte forma: além da distribuição por módulos, agregou-se a disciplina de Pesquisa em Comunicação, com elaboração de monografia. Ficou estipulado, então, que, no Projeto Experimental, o trabalho monográfico de pelo menos um integrante (dos cinco de cada equipe) seria utilizado.

Em 1999, os módulos tiveram temas escolhidos pelos graduandos, o que facilitou o direcionamento dos projetos e monografias. Os temas abordados pelas equipes apresentaram diversidade de assuntos, com predominância de assuntos relacionados à imagem contemporânea e de estudos interdisciplinares da comunicação. Esse segundo ano de experiência permitiu ainda organizar as linhas de pesquisa.

Em 2000, fez-se uma avaliação do método, por meio de sondagem com os 62 graduandos. Pretendeu-se verificar, na percepção dos acadêmicos, como se dava a articulação da fundamentação teórica da monografia com a parte prática do projeto, para um aprofundamento do processo. As principais dificuldades apontadas foram a administração da carga horária (o aluno freqüentemente acha que há tempo), da distensão que acontece no intervalo de férias de um semestre para outro e, ao mesmo tempo, da ansiedade. Mais pontualmente, foi apontado como dificuldade o desenvolvimento dos processos metodológicos - a definição dos objetivos, articulação da teoria com a pesquisa empírica e com os produtos resultantes. A reflexão sobre as questões levantadas serviu para nortear aspectos do novo projeto pedagógico do curso, então em fase de implementação. O novo currículo, para ingressantes a partir de 2000, tem uma estrutura curricular que inclui a semestralidade, com a introdução dos denominados programas de aprendizagem em substituição às disciplinas. O trabalho de conclusão de curso, o Projeto Experimental em Jornalismo, tem como objetivo ¨reforçar a articulação dos conteúdos das disciplinas teóricas e técnicas, efetivando condições de reflexão acadêmica, experimentação de linguagem e ação social (PROJETO PEDAGÓGICO, 2000)¨. Assim, além de aprofundar o campo do conhecimento no qual o curso se insere, recomenda-se abordagens que visem contribuir com interesses sociais e comunitários.

Metodologia e resultados

Desenvolvido durante dois semestres (7º e 8º períodos), o trabalho de conclusão de curso se compõe de uma monografia individual e um projeto experimental elaborado em equipes de três a quatro alunos. A monografia (7º período) deve, necessariamente, estar relacionada ao tema do projeto experimental e tem como objetivo fundamentar teoricamente este projeto. Esta forma de desenvolvimento do trabalho tem permitido

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que o aluno esteja envolvido com o mesmo tema (este tema é escolhido pelo grupo do Projeto e os sub-temas relacionados serão desenvolvidos individualmente em forma de monografia) durante todo o processo. A cada grupo de alunos é indicado um professor orientador que está envolvido durante o 7º e 8º períodos na elaboração do Trabalho de conclusão de curso.

O acompanhamento do processo dá-se pela parceria entre o acompanhamento efetivo, assim como avaliação bimestral dos trabalhos e do envolvimento dos alunos, pelos professores de Pesquisa em Comunicação, de Projeto Experimental e pelos professores orientadores dos projetos. Desta forma busca-se o aprimoramento dos trabalhos, assim como, um envolvimento efetivo de todos os alunos neste processo.

Decorridos oito anos de implantação da metodologia e cinco anos do novo Currículo do curso da PUCPR, fez-se uma avaliação do processo. Para isso, durante o ano de 2005 foi realizada uma pesquisa com os formandos do mês de julho e do final do ano. Os questionários foram distribuídos e preenchidos, pelos alunos, em sala de aula, com o objetivo de traçar um perfil dos alunos formandos, nos turnos da manhã (final do ano) e da noite (julho) e avaliar a realização dos trabalhos de final de curso. Todos os alunos foram incluídos na pesquisa, embora nem todos tenham respondido o questionário.

Constatou-se que os alunos formandos são muito jovens, sendo a maioria do sexo feminino e que este perfil não apresenta grande variação com relação aos turnos.

Perfil dos formandos em Jornalismo - sexo masculino

0.00%

5.00%

10.00%

15.00%

20.00%

20-23 24-26 27-30 31 e +

Idade em anos

Jornalismo DiurnoJornalismo Noturno

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Perfil dos formandos em jornalismo - sexo feminino

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30.00%

40.00%

50.00%

20-23 24-26 27-30 31 e +

Idade em anos

Jornalismo DiurnoJornalismo Noturno

Em relação ao significado do trabalho de final de curso não há diferenças significativas nas respostas das duas turmas na avaliação do processo. Quanto ao desenvolvimento do trabalho em etapas distintas, porém, atreladas, da monografia como fundamentação teórica do projeto, grande parte dos alunos (78%) respondeu que este processo facilitou a elaboração do projeto experimental e a aprovação deste sistema obteve 75,5% do total das respostas. As respostas negativas ficaram por conta daqueles que tiveram problemas de relacionamento com as equipes, reprovação e afastamento do grupo original. Houve sugestões para o aperfeiçoamento dos trabalhos: mais tempo para desenvolver a monografia; início do processo no 6º semestre, maior facilidade no uso dos recursos do Laboratório de Comunicação.

Projeto Experimental

0%10%

20%30%40%

50%60%

Trabalhosamas

gratif icante

Difícil masimportante

Somentemais longa

que osoutros

trabalhos

Fácil

Manhã Noite

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Monografia

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

Trabalhosam as

gratificante

Difícil m asim portante

Som entem ais longa

que osoutros

trabalhos

Fácil Outro

Manhã Noite

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar da mudança no contexto, em relação ao período, no anos 1980, em que o Conselho Federal de Educação regulamentou a instituição dos trabalhos de conclusão de curso, ainda são eles que melhor permitem ajustar o projeto pedagógico, dando identidade aos cursos, evidenciando a sua condição no processo de ensino-aprendizagem. Por outro lado, possibilitam ao aluno levantar e solucionar problemas de comunicação, gerando uma reflexão sobre as práticas sociais e as rotinas produtivas da profissão. No entanto, cabe aos cursos, conforme direcionamento, optar entre a reprodução de modelos do mercado e a experimentação, que busque contribuir para a evolução desse mercado.

A proposta que se desenvolve no curso de Comunicação Social da PUCPR, atualmente, entende que o curso deve procurar formar profissionais alinhados à realidade e, ao mesmo tempo, cumprir a sua função acadêmica, que é o diferencial da universidade, como campo de investigação científica e de experimentação de linguagens.

BIBLIOGRAFIA

DUARTE, J; BARROS, A (org). Métodos e técnicas de pesquisa em comunicação. São Paulo: Atlas, 2005. MELO, J.M. Comunicação e modernidade. São Paulo:Loyola, 1986.PROJETO PEDAGÓGICO do curso de Comunicação Social. Curitiba: PUCPR, 2000.FRANÇA, F.; FREITAS, S. G. Manual de qualidade em projetos de comunicação. São Paulo: Thompson-Pioneira, 1997.

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