trabalho de conclusão de curso - yasmin c. marçal

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FACULDADE ANHANGUERA CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS CAMPUS SÃO JOSÉ YASMIN CORREIA MARÇAL SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS: APLICABILIDADE NO PREGÃO ELETRÔNICO E PRESENCIAL E SEUS BENEFÍCIOS PARA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. SÃO JOSÉ 2013

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SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS: APLICABILIDADE NO PREGÃO ELETRÔNICO E PRESENCIAL E SEUS BENEFÍCIOS PARA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.

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Page 1: Trabalho de Conclusão de Curso - Yasmin C. Marçal

FACULDADE ANHANGUERA

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS

CAMPUS – SÃO JOSÉ

YASMIN CORREIA MARÇAL

SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS: APLICABILIDADE NO PREGÃO

ELETRÔNICO E PRESENCIAL E SEUS BENEFÍCIOS PARA A ADMINISTRAÇÃO

PÚBLICA.

SÃO JOSÉ

2013

Page 2: Trabalho de Conclusão de Curso - Yasmin C. Marçal

FACULDADE ANHANGUERA

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS

CAMPUS – SÃO JOSÉ

YASMIN CORREIA MARÇAL

SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS: APLICABILIDADE NO PREGÃO

ELETRÔNICO E PRESENCIAL E SEUS BENEFÍCIOS PARA A ADMINISTRAÇÃO

PÚBLICA.

Trabalho de conclusão de curso

apresentado à banca examinadora da

faculdade Uniban da Anhanguera

Educacional, como requisito parcial para

obtenção de grau de Bacharel em Direito

sobre orientação da professora MSc. Jane

Elisabeth Cesca.

SÃO JOSÉ

2013

Page 3: Trabalho de Conclusão de Curso - Yasmin C. Marçal

YASMIN CORREIA MARÇAL

SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS: APLICABILIDADE NO PREGÃO

ELETRÔNICO E PRESENCIAL E SEUS BENEFÍCIOS PARA A ADMINISTRAÇÃO

PÚBLICA.

Trabalho de conclusão de curso

apresentado à banca examinadora da

faculdade Uniban da Anhanguera

Educacional, como requisito parcial para

obtenção de grau de Bacharel em Direito

sobre orientação da professora MSc. Jane

Elisabeth Cesca.

Aprovado em ______ de________________de______

BANCA EXAMINADORA

______________________________

Professora MSc. Jane Elisabeth Cesca

______________________________

Professor_______________________

_______________________________

Professor ______________________

Page 4: Trabalho de Conclusão de Curso - Yasmin C. Marçal

Dedico este trabalho aos meus pais, Ana e

André, familiares e amigos, pessoas especiais

que fizeram a diferença neste momento decisivo

e final de minha graduação.

Agradeço em especial a minha amiga Simone,

por toda ajuda; e, ao meu noivo André, pela

ajuda, paciência, compreensão, e carinho me

dados por todos esses dias.

Page 5: Trabalho de Conclusão de Curso - Yasmin C. Marçal

"Lute com determinação, abrace a vida com

paixão, perca com classe e vença com ousadia,

porque o mundo pertence a quem se atreve e a

vida é muito para ser insignificante."

(Charles Chaplin)

Page 6: Trabalho de Conclusão de Curso - Yasmin C. Marçal

RESUMO

A Administração Pública exerce atividade, visando o interesse público. Para alcançar

este objetivo, é preciso valer-se de serviços e bens fornecidos por terceiros. Esse

procedimento é denominado de Licitação. Com a intenção de regular as licitações,

foi editada a Lei n° 10.520/2005, que instituir o pregão como nova modalidade de

licitação. O pregão se divide em duas espécies: eletrônica e presencial, cada uma

com peculiaridades diferentes. O sistema de registro de preços foi criado com a

intenção de disponibilizar a Administração Públicas de dados e elementos

imprescindíveis a suas compras corriqueiras. Esse trabalho tem por finalidade o

estudo do sistema de registro de preços, trazendo seu conceito, caracterização, a

sua aplicabilidade perante a modalidade do pregão, as inovações trazidas pelo novo

decreto e abordando suas principais vantagens para a Administração Pública.

Palavras-Chave: Licitação. Pregão. Sistema de Registro de Preços.

Page 7: Trabalho de Conclusão de Curso - Yasmin C. Marçal

ABSTRACT

Public Administration exerts activity, aiming the public interest. To accomplish this, it

is needed to avail itself of services and goods provided by third parties. This

procedure is called Bidding. With the intention to regulate biddings, it was issued Law

No. 10.520/2005, which establish the trading as a new form of bidding. The trading is

divided into two kinds: electronic and face trading, each one with different

peculiarities. The price registration system was created to provide for Public

Administration of data and essential elements to their everyday purchases. This work

aims to study the price registration system, bringing its concept, characterization, its

applicability in trading mode, the innovations brought by the new decree and

discussing its main advantages for Public Administration.

Keywords: Bidding. Trading. Price Registration System.

Page 8: Trabalho de Conclusão de Curso - Yasmin C. Marçal

SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 9

2 – PREGÃO ELETRÔNICO .................................................................................... 11

2.1. O Edital de Pregão Eletrônico ............................................................................ 13

2.2. As fases do Pregão Eletrônico ........................................................................... 16

2.3. Critérios de Julgamento...................................................................................... 19

2.4. Critérios de Habilitação ...................................................................................... 23

2.5. Fase Recursal .................................................................................................... 24

3. PREGÃO PRESENCIAL ....................................................................................... 27

3.1. O Edital de Pregão Presencial ........................................................................... 28

3.2. As fases do Pregão Presencial .......................................................................... 30

3.3. Critérios de Julgamento...................................................................................... 35

3.4. Critérios de Habilitação ...................................................................................... 37

3.5. Fase Recursal .................................................................................................... 37

4. SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS. .............................................................. 40

4.1. A Regulamentação pelos Entes Federativos...................................................... 42

4.2. O Sistema de Registro de Preços e seu novo regulamento ............................... 43

4.3. Aplicabilidade do Registro de Preços no Pregão Eletrônico............................... 45

4.4. Aplicabilidade do Registro de Preços no Pregão Presencial .............................. 46

4.5. Benefícios do Registro de Preços ...................................................................... 48

5 – CONCLUSÃO ..................................................................................................... 52

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 54

Page 9: Trabalho de Conclusão de Curso - Yasmin C. Marçal

9

1 – INTRODUÇÃO

A Administração Pública exerce atividade multifária e complexa, visando

sempre o interesse público. Para alcançar este objetivo, é preciso valer-se de

serviços e bens fornecidos por terceiros, razão por qual fica obrigada a firmar

contrato para fornecimento de bens, prestação e serviços e etc.

O procedimento pelo qual as entidades governamentais convocam os

interessados em fornecer bens e serviços, estabelecendo uma competição, a fim de

celebrar um contrato com quem oferecer a melhor proposta, denomina-se licitação.

Não poderia deixar a lei a critério do administrador público a escolha dos

fornecedores a serem contratados, pois tal liberdade permitiria margem a escolhas

impróprias ou até mesmo a concertos escusos entre administradores públicos e

particulares, com o que prejudicada, seria a Administração Pública, gestora dos

interesses coletivos.

Com o intuito de regulamentar o art. 37, inciso XXI, da Constituição da

República Federativa do Brasil de 1988, daqui por diante chamada de Constituição

Federal, e instituir normas para licitações e contratos da Administração Pública, foi

instituída a Lei n° 8.666, de 21 de junho de 1993, reguladora das licitações. Esse

diploma legal é o mesmo que disciplina os contratos administrativos, mesmo

sofrendo algumas alterações, continua sendo a básica sobre a matéria.

O pregão tem como aspecto principal e que dá a sua identidade, a aquisição

de bens e serviços comuns. Dividido nas formas de presencial e eletrônico, o pregão

apresenta características e peculiaridades diferentes para cada modalidade.

O Sistema de Registro de Preços permite à Administração Pública, dispor de

dados e elementos fundamentais para as compras corriqueiras. Trazido como um

cadastro de fornecedores e de produtos, tal sistema, foi pensado para simplificar as

contratações futuras, devendo o interessado em oferecer seu bem, indicar o valor,

válido por um período pré-determinado, assim como a quantidade se predispõe a

fornecer, caso venha a ser solicitado.

Page 10: Trabalho de Conclusão de Curso - Yasmin C. Marçal

10

O presente trabalho tem como foco abordar sobre o sistema de registro de

preços, trazendo seu conceito, invocações, aplicabilidade perante as formas do

pregão e benefícios.

O primeiro capítulo e segundo capítulos será sobre o pregão eletrônico e o

pregão presencial. Onde são apresentadas suas características e os pontos de

diferenciação entre um e outro.

O terceiro capítulo traz uma analise sobre o sistema de registro de preços,

seu conceito, caracterização, sua aplicabilidade perante a modalidade do pregão, as

inovações trazidas pelo novo decreto e suas principais vantagens para a

Administração Pública.

Para a elaboração da pesquisa científica do tema escolhido, utilizou-se

metodologia dedutiva, pesquisa e leitura de livros sobre as leis que caracterizam a o

sistema de registro de preços, o pregão eletrônico e pregão presencial. Livros

especializados sobre o tema em questão bem como artigos específicos, levando-se

em conta o aspecto do tema Licitações Públicas.

Page 11: Trabalho de Conclusão de Curso - Yasmin C. Marçal

11

2 – PREGÃO ELETRÔNICO

As modalidades licitatórias previstas na Lei n° 8.666/1993, em diversos

casos não conseguiram dar a celeridade desejável à atividade administrativa

destinada ao processo de escolha de futuros contratantes. José dos Santos

Carvalho Filho, mostra que as maiores reclamações vindas dos órgãos

administrativos tinham como alvo os contratos menores, ou de mais rápida

conclusão, que ficavam prejudicados pelo excesso de burocracia do processo

regular de licitação.1

Acolhendo as reclamações foi editada a Lei n° 10.520/02, pela qual foi

instituído o pregão como uma nova modalidade de licitação, tendo sua disciplina e

procedimentos próprios, propondo-se a acelerar o processo de escolha dos futuros

contratos da Administração em algumas hipóteses determinadas e específicas,

completa o autor, José dos Santos Carvalho Filho.

O doutrinador Marçal Justen Filho, conceitua o pregão como sendo uma

modalidade de licitação, obrigatoriamente do tipo menor preço, destinada a seleção

de uma proposta mais vantajosa para contratação de bem ou serviço comum. O

pregão caracteriza-se pela existência de uma fase competitiva inicial, por quais os

licitantes dispõem do ônus de formular propostas sucessivas e de uma fase posterior

para verificação dos requisitos de habilitação, apenas do licitante vencedor.2

Para Benedicto de Tolosa Filho:

“Essa modalidade de licitação pode ser utilizada para aquisição de bens e serviços comuns, independentemente do valor estimado da contratação, de modo diverso, pois, das modalidades tradicionais licitação (concorrência, tomada de preços e convite), previstas no art. 22 da Lei n° 8.666/93, cuja utilização depende, salvo raras exceções do valor do bem a ser obtido, segundo as tabelas constantes no art. 23, incisos I e II, do diploma legal invocado.”

3

1 1 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. São Paulo : Atlas, 2012.p.

300 e 301. 2 JUSTEN FILHO, Marçal. Pregão: Comentários à legislação do pregão comum e eletrônico). São

Paulo : Dialética, 2013, p. 9. 3 TOLOSA FILHO, Benedito de. Pregão – uma nova modalidade de licitação. Rio de Janeiro :

Forense, 2012. p. 17.

Page 12: Trabalho de Conclusão de Curso - Yasmin C. Marçal

12

São duas as espécies de pregão, o comum (ou presencial) e o eletrônico.

Marçal Justen Filho, afirma que as diferenças entre ambos são de grande

relevância, e que é perfeitamente defensável afirmar que se trata de duas

modalidades distintas.4

O pregão comum ou presencial caracteriza-se pela prática dos atos não

virtuais e o certame desenvolve-se seguindo o modelo tradicional, ocorrendo à

sessão pública em um determinado local, ao qual comparecem fisicamente os

agentes administrativos, os licitantes e os eventuais interessados. Este pregão será

tratado no terceiro capítulo. Já o pregão eletrônico envolve a utilização dos recursos

da tecnologia da informação e da internet. É indicado um endereço eletrônico, por

meio do qual se conectam todos os envolvidos. São apresentadas as propostas por

via eletrônica e a competição se faz por meio dos lances ofertados eletronicamente,

conforme lição de Marçal Justen Filho.

Com o progresso tecnológico e a rápida difusão da internet, o pregão

eletrônico tornou-se uma realidade. Houve a sua regulamentação por atos

infralegislativos, o que propiciou a sua ampla difusão. O tema foi regulamentado no

âmbito federal, pelo Decreto nº 5.450, de 31 de maio de 2005.

José dos Santos Carvalho Filho, conceitua o pregão eletrônico aquele o que

se processa em ambiente virtual, por meio da tecnologia da informação. Para este

doutrinador o pregão eletrônico apresenta algumas vantagens em relação ao

presencial, sendo elas, a redução do uso de papel, aliviando a sobrecarga dos

pregoeiros por ter menos documentos para analisar. É mais célere e eficaz quando

se trata de licitação por itens ou lotes, e, os recursos da tecnologia da informação

aproximam pessoas e encurtam distâncias, permitindo assim, uma atuação com

maior eficiência por parte da Administração.5

Como desvantagens o mesmo doutrinador, apresenta o fato de que várias

pessoas federativas não têm ainda o sistema que lhes permitiria a utilização da

4 JUSTEN FILHO, Marçal. Pregão: Comentários à legislação do pregão comum e eletrônico). São

Paulo : Dialética, 2013, p. 14. 5 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. São Paulo : Atlas, 2012. p.

303.

Page 13: Trabalho de Conclusão de Curso - Yasmin C. Marçal

13

modalidade eletrônica, sendo o mesmo dito sobre as empresas de menor porte, que

também não possuem acesso à rede de informações. É a modalidade mais

inadequada quando houver a necessidade de exibição de produtos ou de análise

mais detalhada de planilhas de composição de custos, tarefa considerada de maior

complexidade.

2.1. O Edital de Pregão Eletrônico

O ato convocatório da licitação é um ato administrativo unilateral, de forma

escrita, que define o objeto da licitação e as cláusulas do futuro contrato e disciplina

o procedimento licitatório, inclusive com a fixação das condições de participação e

dos critérios de julgamento. Quase na totalidade dos casos, o ato convocatório da

licitação é o edital, ensina Marçal Justen Filho.6

Ensina também que é problemática uma definição abrangente de todo o

conteúdo possível do edital, porem, nele há quatro núcleos fundamentais, cuja

inexistência acarretaria a invalidade do ato:

“Um edital deve, necessariamente, conter disciplina sobre: -o procedimento a ser adotado na licitação; -as condições de participação dos interessados no certame; -invalidades e defeitos nas propostas; -os critérios de seleção da proposta mais vantajosa; -a futura contratação, inclusive com a minuta do contrato.”

Benedicto de Tolosa Filho defende em sua obra que na arquitetura do edital,

deve prevalecer o poder discricionário da Administração, ela estabelece as regra do

certame, caracterizando o objeto, estabelecendo as condições e prazos da

execução contratual e a forma de pagamento, dentre outras exigência. O edital é

6 JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. Belo Horizonte : Fórum, 2012 , p. 449.

Page 14: Trabalho de Conclusão de Curso - Yasmin C. Marçal

14

chamado de lei interna do procedimento licitatório, pois, tanto a Administração que o

elaborou, quanto os licitantes, devem se subordinar integralmente aos seus termos.7

Para Benedicto de Tolosa, o instrumento convocatório da licitação na

modalidade de pregão, a exemplo das demais modalidades, deve estabelecer

exigências permitidas em lei e respeitar o direito de igualdade entre os licitantes,

imprevendo cláusulas e condições que restrinjam, frustrem ou comprometam o seu

caráter competitivo ou lhes furte o direito de ampla defesa.

Tratando-se de um pregão na forma eletrônica, exige-se que o texto integral

do edital esteja disponível através da internet. Segundo Marçal Justen Filho, não

basta o aviso de realização do certame nem a indicação dos locais em que o texto

do ato convocatório encontraria disponível. É essencial, em se tratando de uma

prática por via eletrônica, que os interessados possam ter acesso ao conteúdo do

edital também através da internet.8

Segundo Benedicto de Tolosa Filho, o prazo de publicidade do edital na

modalidade de pregão deve ser de no mínimo oito dias úteis, constados da última

publicação do aviso até a data marcada para o encerramento do certame e a

realização da abertura das propostas.9

O Decreto n° 5.450/2005 prevê oito dias úteis, e agregou que o

cadastramento deverá ocorrer no prazo de até três dias úteis, antes da data de

entrega das propostas. Resulta isto obrigatoriamente, uma redução do prazo para o

interessado não cadastrado no endereço eletrônico de realização do certame, para

participar de um pregão nesta modalidade. Se tivesse ciência do aviso, o prazo seria

de cinco dias úteis para seu cadastramento.

A Lei n° 10.520/2002 é omissa referente à questão relevante sobre as

eventuais dúvidas, obscuridades ou discordâncias de uma licitação. Podem existir

pontos obscuros no edital. O interessado pode ainda discordar do entendimento

adotado sobre um tópico relevante. Diferentemente do pregão presencial, o Decreto

7 TOLOSA FILHO, Benedito de. Pregão – uma nova modalidade de licitação. Rio de Janeiro :

Forense, 2012. p. 49. 8 JUSTEN FILHO, Marçal. Pregão: Comentários à legislação do pregão comum e eletrônico). São

Paulo : Dialética, 2013, p. 350. 9 TOLOSA FILHO, Benedito de. Pregão – uma nova modalidade de licitação. Rio de Janeiro :

Forense, 2012. p. 62.

Page 15: Trabalho de Conclusão de Curso - Yasmin C. Marçal

15

n° 5.450, de 31 de maio de 2005, que regulamenta o pregão, na forma eletrônica,

trouxe em seus artigos 18 e 19, prazos distintos para os pedidos de esclarecimento

e para as impugnações.

O artigo 18, do Decreto n° 5.450/2005, trata apenas da impugnação, abrindo

o prazo de até dois dias úteis, anteriores da data fixada para a abertura da sessão.

“Art. 18. Até dois dias úteis antes da data fixada para abertura da sessão pública, qualquer pessoa poderá impugnar o ato convocatório do pregão, na forma eletrônica. § 1

o Caberá ao pregoeiro, auxiliado pelo setor responsável pela elaboração

do edital, decidir sobre a impugnação no prazo de até vinte e quatro horas. § 2

o Acolhida a impugnação contra o ato convocatório, será definida e

publicada nova data para realização do certame.”

A legislação não contempla regras formais sobre a forma de

encaminhamento da impugnação. Justen Filho entende que os interessados podem

exercitar este direito por qualquer via. Portanto, a Administração não poderá

recusar-se a conhecer uma impugnação, sob o argumento de ter sido formalizada

mediante a petição escrita apresentada no setor de protocolo da repartição.10

Já o artigo 19, do Decreto n° 5.450/2005, trata dos pedidos de

esclarecimentos, delimitando-os o prazo de até três dias úteis anteriores da data

fixada para a abertura da sessão.

“Art. 19. Os pedidos de esclarecimentos referentes ao processo licitatório deverão ser enviados ao pregoeiro, até três dias úteis anteriores à data fixada para abertura da sessão pública, exclusivamente por meio eletrônico via internet, no endereço indicado no edital.”

Marçal Justen Filho entende como duvidosa legalidade a solução de limitar o

cabimento dos pedidos de esclarecimentos a forma eletrônica, especialmente em

vista dos riscos de extravio de mensagens e da incerteza no tocante às

correspondências eletrônicas. Além disso, o prazo de três dias úteis pode inviabilizar

10

JUSTEN FILHO, Marçal. Pregão: Comentários à legislação do pregão comum e eletrônico). São Paulo : Dialética, 2013, p. 364.

Page 16: Trabalho de Conclusão de Curso - Yasmin C. Marçal

16

o exercícios de uma faculdade que se relaciona não apenas à proteção do interesse

da particular, mas que se traduz também em benefícios para a Administração.11

Ainda de acordo com Justen Filho, se a Administração verificar em

decorrência de um pedido de esclarecimento, formulado intempestivamente por um

licitante potencial, que as regras e especificações do estão equivocadas, cabe a ela

o dever de eliminar o defeito.

2.2. As fases do Pregão Eletrônico

O pregão na forma eletrônica, a exemplo do que ocorre com o pregão

presencial, possui duas fases, a interna e a externa.

A fase interna é a que se constitui do conjunto de atos e atividades de

caráter preparatório a cargo do órgão administrativo. José dos Santos Carvalho

Filho, conceitua esta fase como sendo as providências administrativas que

antecedem a realização das atividades que contam com a participação de

terceiros.12

Segundo Benedicto de Tolosa Filho, a fase interna ou preparatória constará

no processo administrativo e conterá, no mínimo: elaboração de termo de referência

pelo órgão requisitante, com a indicação do objeto de forma precisa e clara, sendo

vedadas as especificações, que por serem excessivas, limitem ou possam frustrar a

competição do certame; aprovação do termo de referência pela autoridade

competente; apresentação de justificativa da necessidade da contratação;

elaboração do edital, estabelecendo os critérios de aceitação das propostas;

definição das exigências de habilitação, das sanções aplicáveis, que por duas

particularidades sejam consideradas relevantes para a celebração do contrato e o

11

JUSTEN FILHO, Marçal. Pregão: Comentários à legislação do pregão comum e eletrônico). São Paulo : Dialética, 2013, p. 354. 12

CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. São Paulo : Atlas, 2012. p. 305.

Page 17: Trabalho de Conclusão de Curso - Yasmin C. Marçal

17

atendimento a administração; e, designação do pregoeiro e de sua equipe de

apoio.13

Para Marçal Justen Filho, a fase prévia ou interna à licitação envolve o

cumprimento de formalidades essências e indispensáveis ao êxito do certame e à

obtenção de contrato adequado e satisfatório. Não se passa diversamente no

tocante do pregão.14

Devem ser cumpridas as exigências e os requisitos genéricos contidos na

Lei n° 8.666/93. Mas existem temas próprios, derivados da especialidade da figura

ou das peculiaridades dos bens e serviços ditos “comuns”, leciona Marçal Justen

Filho.

Assim como nas demais modalidades, o pregão eletrônico inaugura a fase

externa com a divulgação do edital nos meios oficiais previstos pelo decreto

regulador. De acordo com Benedicto de Tolosa Filho, a partir da divulgação do

edital, pode-se até o horário previsto, acessar o site e por meio de senhas e

encaminhar as propostas comerciais, contendo a descrição do objeto a ser ofertado

e o preço, normalmente através do preenchimento de formulário apropriado

disponível no sítio eletrônico. O pregoeiro somente terá acesso às dados constantes

nas propostas, no momento da abertura da sessão, quando o prazo para novas

propostas já estiver encerrado.15

O pregoeiro no horário previsto no edital, inicia a sessão pública do pregão

no internet, sendo nesta ocasião, que os licitantes poderão participar da sessão. Em

seguida, o pregoeiro analisará o conteúdo da propostas e desclassificará as que não

atendam às exigências do edital, fundamentando a sua decisão e efetuando o

registro no sistema, possibilitando o acompanhamento em tempo real pelos

licitantes, ensina Benedicto de Tolosa Filho.

Segundo Marçal Justen Filho, durante o desenvolvimento da sessão do

pregão eletrônico, podem ocorrer problemas técnicos, que levem a desconexão do

13

TOLOSA FILHO, Benedito de. Pregão – uma nova modalidade de licitação. Rio de Janeiro : Forense, 2012. p. 118. 14

JUSTEN FILHO, Marçal. Pregão: Comentários à legislação do pregão comum e eletrônico). São Paulo : Dialética, 2013, p. 83. 15

TOLOSA FILHO, Benedito de. Pregão – uma nova modalidade de licitação. Rio de Janeiro : Forense, 2012. p. 119.

Page 18: Trabalho de Conclusão de Curso - Yasmin C. Marçal

18

pregoeiro. Se esta desconexão ocorrer durante a etapa de lances e for superior a

dez minutos, a sessão será suspensa, sendo aproveitados os atos já realizados e

será retomada após a comunicação aos licitantes, no endereço eletrônico utilizado

pela Administração para a divulgação.16

Benedicto de Tolosa Filho indica que a etapa de lances da sessão pública,

se encerrará por decisão do pregoeiro, iniciando-se o fechamento iminente da

recepção de lances, transcorrendo aleatoriamente o período de tempo de até trinta

minutos, sendo que após o final deste não será mais permitido o envio dos lances.

Deverá o pregoeiro, negociar o preço com a melhor proposta, sendo admissíveis

apenas as negociações referentes ao preço. Após a negociação e a obtenção ou

não da redução do preço, o pregoeiro deve aferir a compatibilidade do preço em

relação ao seu estimado para a contratação. Caso os preços sejam superiores ao

estimado, o pregoeiro deverá desclassificar todas as propostas e declarar a licitação

com frustrada.17

Completa seu pensamento, Benedicto de Tolosa Filho, ensinando que após

as etapas acima apresentadas, o pregoeiro deve aplicar o artigo 44 da Lei

Complementar n° 123 de 14 de dezembro de 2006, identificando as licitantes que se

enquadrem nas categorias de microempresas ou empresas de pequeno porte, cujos

preços estejam iguais ou superiores em até 5% com relação à melhor proposta.

“Art. 44. Nas licitações será assegurada, como critério de desempate, preferência de contratação para as microempresas e empresas de pequeno porte. § 1

o Entende-se por empate aquelas situações em que as propostas

apresentadas pelas microempresas e empresas de pequeno porte sejam iguais ou até 10% (dez por cento) superiores à proposta mais bem classificada. § 2

o Na modalidade de pregão, o intervalo percentual estabelecido no §

1o deste artigo será de até 5% (cinco por cento) superior ao melhor preço.”

Após o encerramento da etapa de lances e da verificação de habilitação, o

licitante que apresentou o menor preço e atendeu as condições do edital, será

16

JUSTEN FILHO, Marçal. Pregão: Comentários à legislação do pregão comum e eletrônico). São Paulo : Dialética, 2013, p. 378. 17

TOLOSA FILHO, Benedito de. Pregão – uma nova modalidade de licitação. Rio de Janeiro : Forense, 2012. p. 121.

Page 19: Trabalho de Conclusão de Curso - Yasmin C. Marçal

19

declarado vencedor. E não havendo durante a sessão pública manifestação de

interposição de recurso, o pregoeiro fará a adjudicação do objeto ao licitante

vencedor, afirma Benedicto de Tolosa Filho.18

2.3. Critérios de Julgamento

O pregão é procedimento licitatório cujo critério de seleção consiste no

menor preço, conforme expressamente previsto no art. 4°, inciso X, da Lei n°

10.520/02.

“Art. 4º A fase externa do pregão será iniciada com a convocação dos interessados e observará as seguintes regras: X - para julgamento e classificação das propostas, será adotado o critério de menor preço, observados os prazos máximos para fornecimento, as especificações técnicas e parâmetros mínimos de desempenho e qualidade definidos no edital;”

Para Marçal Justen Filho, “Insista-se, embora seja óbvio, que é impossível

pregão adotando critério distinto do menor preço. É da natureza do pregão o menor

preço.”19

Segundo Benedicto de Tolosa Filho, aparentemente o julgamento de menor

preço, pode levar o pregoeiro a compreender que deverá prevalecer o menor preço

independentemente das outras circunstâncias previstas no edital, o que induz um

julgamento ilegal e desatento à regra de busca da proposta mais vantajosa para a

Administração.20

De acordo com Marçal Justen Filho, a adoção do critério de menor preço

não significa a irrelevância das características técnicas das propostas. Aplicam-se

todas as ponderações classicamente desenvolvidas a propósito das licitações de

18

TOLOSA FILHO, Benedito de. Pregão – uma nova modalidade de licitação. Rio de Janeiro : Forense, 2012. p. 123. 19

JUSTEN FILHO, Marçal. Pregão: Comentários à legislação do pregão comum e eletrônico). São Paulo : Dialética, 2013. p. 113. 20

TOLOSA FILHO, Benedito de. Pregão – uma nova modalidade de licitação. Rio de Janeiro : Forense, 2012. p. 57.

Page 20: Trabalho de Conclusão de Curso - Yasmin C. Marçal

20

menor preço, no âmbito da Lei n° 8.666/93. Isso significa que o pregão é

necessariamente orientado a selecionar melhor proposta, o que envolve uma

avaliação de qualidade mínima do objeto.21

Marçal Justen Filho enfatiza que a adoção do critério de menor preço não

impõe à Administração Pública a necessidade de contratar produtos sem qualidade,

nem a vedação a exigências relacionadas a fatores não diretamente vinculados ao

menor preço. O artigo 2°, §1 do Decreto n° 5.450/2005, determina que deverão ser

estabelecidos parâmetros mínimos de qualidade e impor exigências referente a

prazos e etc.

“Art. 2o O pregão, na forma eletrônica, como modalidade de licitação do tipo

menor preço, realizar-se-á quando a disputa pelo fornecimento de bens ou serviços comuns for feita à distância em sessão pública, por meio de sistema que promova a comunicação pela internet. § 1

o Consideram-se bens e serviços comuns, aqueles cujos padrões de

desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais do mercado.”

Benedicto de Tolosa Filho defende ainda que o peso desse critério ou tipo

de licitação orienta na direção da escolha da proposta de menor preço, no entanto, o

menor preço somente será decisivo como critério, quando as propostas se

mostrarem em completo acordo com as demais exigências do edital. Desta forma, o

preço somete poderá seu usado como um fato de decisão quando a propostas

atender as exigências constantes do instrumento convocatório.22

Ainda segundo a doutrina de Benedicto de Tolosa Filho, a proposta que

contenha o menor preço, porem que desatenda a exigências do edital, deverá ser

desclassificada, por ferir os princípios de prevalência das condições editalícias, do

julgamento objetivo e agredir o princípio da impessoalidade, na medida em que os

demais licitantes que atenderam às exigências do instrumento convocatório seriam

preteridos.

21

JUSTEN FILHO, Marçal. Pregão: Comentários à legislação do pregão comum e eletrônico). São Paulo : Dialética, 2013.p.11. 22

TOLOSA FILHO, Benedito de. Pregão – uma nova modalidade de licitação. Rio de Janeiro : Forense, 2012. p. 57.

Page 21: Trabalho de Conclusão de Curso - Yasmin C. Marçal

21

O pregoeiro deverá avaliar a compatibilidade das propostas de acordo com

as exigências legais do edital. Para Marçal Justen Filho, caso sejam recebidas

propostas que infrinjam tais exigências, fica obrigatória a sua exclusão. Aplica-se o

argumento de que, constatando a Administração a existência de um defeito

objetivamente apurável e conhecendo a existência de impedimento, à aceitação da

proposta formulada por algum licitante, ser-lhe-á vedado omitir as providências

adequadas à correspondente exclusão. Mesmo porque, isso propiciaria dúvidas

acerta da validade dos lances ofertados por quem formulará proposta defeituosa.

Não pode ser admitida a formulação de lances, de quem não poderia ser

contratado.23

A proposta deverá ser encaminhada, exclusivamente, por via eletrônica. Não

poderão ser consideradas as propostas apresentadas por outra forma. Assim, não

será admitido que o interessado encaminhe pelo correio a sua proposta.

Porém, para Marçal Justen Filho o regulamento não especifica a solução

tecnológica a ser adotada. Para o doutrinador, a mera determinação do envio da

proposta por via eletrônica é insuficiente por gerar problemas práticos de diversas

ordens. Como exemplo, cita que o interessado encaminhe sua proposta anexada

através de e-mail. Essa hipótese permite a ocorrência de diversos problemas, pois o

arquivo poderá ter sido gravado em um programa não disponível a Administração,

ou poderá haver alguma incompatibilidade que impeça a abertura do arquivo, ou

ainda a descrição do objeto pode apresentar defeitos e assim por diante. Segundo o

doutrinador, a solução mais razoável é a implementação de formulário eletrônico,

por meio do qual, os interessados preencheriam os campos em branco, indicando as

informações necessárias.24

Marçal Justen Filho defende que a relevância das propostas iniciais no

pregão eletrônico é consideravelmente mais reduzida do que a atribuída ao pregão

presencial.Todos os licitantes cujas propostas sejam compatíveis com o edital e as

demais regras pertinentes, serão admitidos à fase de lances no pregão eletrônico.

Para ele, uma solução para este impasse seria dispensar a etapa inicial de

23

JUSTEN FILHO, Marçal. Pregão: Comentários à legislação do pregão comum e eletrônico). São Paulo : Dialética, 2013. p. 369. 24

JUSTEN FILHO, Marçal. Pregão: Comentários à legislação do pregão comum e eletrônico). São Paulo : Dialética, 2013. p. 364.

Page 22: Trabalho de Conclusão de Curso - Yasmin C. Marçal

22

apresentação de propostas e facultar aos interessados que, realizassem diretamente

os lances. Porém os riscos para a Administração Pública ultrapassariam o limite do

razoável.

O pregoeiro ao verificar que a proposta não atende os requisitos de

admissibilidade ou que o licitante está impedido de participar do certame, deverá

pronunciar decisão desclassificatória. Segundo Marçal Justen Filho, exige-se que a

decisão com a desclassificação seja devidamente fundamentada e antecedida da

oportunidade de ampla defesa para o interessado. O doutrinador ressalta que a

decisão com a desclassificação deverá ser produzida no âmbito da internet e

comunicada a todos os interessados em tempo real. A decisão com a

desclassificação neste momento inicial apresenta um grande potencial significativo

de problema, pois não cabe recurso imediato contra esta decisão, devendo o

licitante interessado, aguardar o encerramento da disputa para interpor o seu

recurso. Caso o recurso venha a ser reconhecido, será necessário reabrir a disputa,

permitindo àquele que fora indevidamente desclassificado promover seus lances.25

Quanto à decisão de classificação, Marçal Justen Filho, defende que esta

envolve um juízo precário e provisório. Nada impede que o pregoeiro adote

entendimento diverso em momento posterior. A decisão de classificação, envolve

uma avaliação superficial e preliminar, destinada antes a detectar os possíveis

defeitos insanáveis do que afirma o perfeito preenchimento de todos os requisitos.

Defende o doutrinador, que um dos pontos diferenciais mais relevantes do pregão

eletrônico reside em que todos os licitantes cujas propostas foram classificadas

nesta etapa inicial, participam da fase de lances.

Conforme regulamenta o artigo 22, §4°, do Decreto n° 5.450, de 31 de maio

de 2005, todas as propostas e seus respectivos anexos deverão ficar disponíveis na

internet.

“Art. 22. A partir do horário previsto no edital, a sessão pública na internet será aberta por comando do pregoeiro com a utilização de sua chave de acesso e senha.

25

JUSTEN FILHO, Marçal. Pregão: Comentários à legislação do pregão comum e eletrônico). São Paulo : Dialética, 2013. p. 370.

Page 23: Trabalho de Conclusão de Curso - Yasmin C. Marçal

23

§ 4o As propostas contendo a descrição do objeto, valor e eventuais anexos

estarão disponíveis na internet.”

Tal determinação do Decreto tem como objetivo assegurar a publicidade aos

atos do certame, inclusive na acepção de garantias de controles externos, tendo

acesso a qualquer interessado.

2.4. Critérios de Habilitação

Leciona José dos Santos Carvalho Filho, que após o julgamento das

propostas e a classificação é que o pregoeiro proceda a analise dos documentos

referentes à habilitação. Essa fase, no procedimento geral do Estatuto, é anterior a

do julgamento das propostas. No pregão, portanto, ocorre a inversão dessas

etapas.26

Para Carvalho Filho, a grande vantagem do sistema de pregão é que,

diferentemente do que ocorre na Lei n° 8.666/1993, só haverá a necessidade de

examinar os documentos de habilitação relativos ao licitante vencedor da etapa de

lances. Desta forma, fica simplificado o procedimento de verificação desses

documentos.

Benedicto de Tolosa Filho relata em sua obra que no pregão pode-se

apenas exigir documentos relativos à habilitação jurídica, à qualificação técnica, à

qualificação econômico-financeira, à regularidade fiscal e ao cumprimento do

disposto no inciso XXXIII do art. 7° da Constituição e Lei Federal n° 9.854, de 27 de

outubro de 1999.27

A documentação relativa à habilitação jurídica, à qualificação econômico-

financeira e à regularidade fiscal, poderá ser substituída pelo registro cadastral do

26

CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo - São Paulo : Atlas, 2012, p. 309 e 310. 27

TOLOSA FILHO, Benedito de. Pregão – uma nova modalidade de licitação. Rio de Janeiro : Forense, 2012. p. 67.

Page 24: Trabalho de Conclusão de Curso - Yasmin C. Marçal

24

Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores – SICAF 28 ou, em se

tratando de órgão ou entidade não abrangida pelo referido sistema, por certificado

de registro cadastral que atenda aos requisitos previstos na Lei n° 8.666/1993,

emitido por órgão ou entidade de qualquer nível de Poder, completa Benedicto de

Tolosa Filho.

Segundo Marçal Justen Filho, uma das características mais marcantes do

pregão eletrônico é a ausência de apresentação prévia de documentos, o que se

vincula às peculiaridades do processo tecnológico utilizado. Tendo em vista as

características de uma atividade preponderantemente eletrônica, o doutrinador

defende que o ideal seria o cadastramento prévio dos participantes do pregão. O

modo mais eficiente de operação seria conjugar uma sistemática da tomada de

preços com o pregão eletrônico, de modo a dispensar a necessidade de exame

documental caso a caso.29

Sob esta análise, Marçal Justen Filho compreende que a participação no

pregão eletrônico dependeria de cadastramento prévio, sendo usado na maioria dos

casos o SICAF, o que não significa reconhecer a validade de tal determinação, eis

que não prevista em lei. Devido ao credenciamento envolver basicamente a

comprovação dos requisitos pertinentes à habilitação jurídica e à regularidade fiscal,

as questões relacionadas com a capacidade técnica e com a qualificação

econômico-financeira, somente costumam ser investigadas por ocasião de fase de

habilitação propriamente dita, concluir o doutrinador.

2.5. Fase Recursal

A observância do recurso no âmbito do pregão eletrônico se difere a adotada

no pregão presencial. Segundo Marçal Justen Filho, há pontos semelhantes como,

somente é cabível a interposição de recurso no instante terminal do certame, e

28

Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores – SICAF, constitui o registro cadastral do Poder Executivo Federal e é mantido pelos órgãos e entidades que compõem do Sistema de Serviços Gerais – SISG (Decretos n° 1.094, de 23 de março de 1994 e n° 4.485, de 25 de novembro de 2002). 29

JUSTEN FILHO, Marçal. Pregão: Comentários à legislação do pregão comum e eletrônico). São Paulo : Dialética, 2013. p. 384 e 385.

Page 25: Trabalho de Conclusão de Curso - Yasmin C. Marçal

25

incumbe ao interessado manifestar a sua intenção de recorrer, sob pena de

decaimento da faculdade.30

Para Marçal Justen Filho, no âmbito do pregão comum o licitante deve

indicar, desde logo, os fundamentos de seu recurso. Porém, no pregão eletrônico, o

licitante não tem acesso aos documentos apresentados pelos demais licitantes.

Impor ao licitante insatisfeito o dever de deduzir os fundamentos de sua insatisfação

equivale a frustrar o seu direito constitucionalmente assegurado de exercitar o

recurso. Desta maneira, defende o doutrinador, que não é admissível impor a regra

do exaurimento das razões recursais por ocasião do término da sessão do certame.

Essa previsão somente é compatível com o pregão presencial, por meio do qual o

licitante acompanha fisicamente as ocorrências e tem a possibilidade de apurar

eventuais defeitos na medida em que eles se concretizem. Como tal maneira não

ocorre no pregão eletrônico, o prazo recursal apenas pode iniciar após facultada ao

licitante interessado a oportunidade de examinar os documentos do certame.

Segundo Benedicto de Tolosa Filho, o recurso somente poderá ser recebido

em campo próprio do sistema, desde que o licitante interessado o faça de forma

motivada. Na oportunidade, conforme o artigo 26, do Decreto n° 5.450, de 31 de

maio de 2005, será concedido o prazo de três dias úteis para a apresentação das

razões do recurso. Na mesma condição aos demais licitantes, será concedido o

prazo de três dias úteis apresentação de contrarrazões.31

“Art. 26. Declarado o vencedor, qualquer licitante poderá, durante a sessão pública, de forma imediata e motivada, em campo próprio do sistema, manifestar sua intenção de recorrer, quando lhe será concedido o prazo de três dias para apresentar as razões de recurso, ficando os demais licitantes, desde logo, intimados para, querendo, apresentarem contra-razões em igual prazo, que começará a contar do término do prazo do recorrente, sendo-lhes assegurada vista imediata dos elementos indispensáveis à defesa dos seus interesses.”

Com entendimento contrário, Marçal Justen Filho, defende que segundo o

artigo 26, do Decreto n° 5.450, de 31 de maio de 2005, a manifestação da intenção

30

JUSTEN FILHO, Marçal. Pregão: Comentários à legislação do pregão comum e eletrônico). São Paulo : Dialética, 2013. p. 394. 31

TOLOSA FILHO, Benedito de. Pregão – uma nova modalidade de licitação. Rio de Janeiro : Forense, 2012. p. 123.

Page 26: Trabalho de Conclusão de Curso - Yasmin C. Marçal

26

de recurso deverá ser feita por via eletrônica, porém o mesmo decreto é omisso

quanto à forma de apresentação das razões recursais. Seria inconstitucional

determinar uma padronização de forma para manifestação do recurso. A formalidade

não se destina a constranger o exercício de garantias individuais adotadas para

limitação do exercício das competências políticas e administrativas.32

Desta forma, Marçal Justen Filho, se opusera quanto à solução contida no

regulamento revogado, afirmando que:

“(...) não apresenta a menor legitimidade constitucional a determinação de que o recurso deveria ser interposto através de formulário eletrônico, cuja modelação ficaria a cargo da Administração Pública. Ressalto que, se tal fosse admissível, logo estariam sendo determinados limites à forma e ao conteúdo do recurso. Seria fixado número máximo de caracteres, surgiriam comandos eletrônicos excludentes de certas expressões ou constrangimentos relacionados com a programação (“ software”). Tudo isso configuraria manifestação indireta de restrição ao direito de ampla defesa e de interposição de recurso, o que não é compatível com o próprio espírito de um Estado Democrático de Direito.”

33

Diante do exposto, manifesta Marçal Justen Filho, que o particular tem o

dever de apresentar seu recurso por escrito. Até pode-se admitir o dever de

encaminhar o recurso através de e-mails. Não se pode aceitar mais do que isso, sob

pena de transformar-se a natureza do formalismo para prejudicar o administrado.

32

JUSTEN FILHO, Marçal. Pregão: Comentários à legislação do pregão comum e eletrônico). São Paulo : Dialética, 2013. p. 397. 33

JUSTEN FILHO, Marçal. Pregão: Comentários à legislação do pregão comum e eletrônico). São Paulo : Dialética, 2013. p. 398.

Page 27: Trabalho de Conclusão de Curso - Yasmin C. Marçal

27

3. PREGÃO PRESENCIAL

Regulamentado pelo Decreto n° 3.555, de 8 de agosto de 2000, segundo

Marçal Justen Filho, o pregão comum ou presencial diferencia-se pela prática dos

atos não virtuais, o certame desenvolve-se seguindo o modelo das modalidades de

licitação tradicionais, ocorrendo à sessão pública em um determinado local, ao qual

comparecem fisicamente os agentes administrativos, os licitantes e os eventuais

interessados.34

Completa o doutrinador, que existem varias distinções do pregão presencial

com o pregão eletrônico, dentre eles destacam-se:

“a) A forma de apresentação das propostas, sendo no pregão presencial realizada através da proposta em papel. E no pregão eletrônico através de formulário eletrônico; b) A participação dos interessados, por meio do qual no pregão presencial podem participar quaisquer interessados, sendo deles exigido apenas um credenciamento no inicio do certame. No pregão eletrônico o interessado estará sujeito a um cadastramento prévio perante o sistema de controlo; c) O acesso à fase de lances, no pregão presencial existe uma restrição quantitativa quanto ao acesso dos interessados na fase de lances, passando para esta fase o licitante que tiver apresentado a melhor proposta e aqueles cuja proposta estiver dentro de certa margem porcentual, ou no mínimo três licitantes. Já no pregão eletrônico todos os licitantes passam para a fase de lances.”

O doutrinador José dos Santos Carvalho Filho ressalta que a particularidade

especial da modalidade de pregão presencial, consiste na adoção parcial do

princípio da oralidade35, pois enquanto nas formas comuns de licitação a

manifestação de vontade dos licitantes se formaliza sempre através de documentos,

34

JUSTEN FILHO, Marçal. Pregão: Comentários à legislação do pregão comum e eletrônico). São Paulo : Dialética, 2013. p. 14. 35

“Princípio da oralidade significa que na prática dos atos processuais deve prevalecer à comunicação oral, embora possam estes atos ser reduzidos a escrito.” ZANOTELLO, Simone. Pregão (2º artigo). Disponível em: <http://novo.licitacao.uol.com.br/apoio-juridico/artigos/84-pregao-2-artigo.html>. Acesso em: 19 de novembro de 2013. 2000.

Page 28: Trabalho de Conclusão de Curso - Yasmin C. Marçal

28

no pregão presencial poderão os participantes oferecer outras propostas

verbalmente, durante a sessão pública.36

3.1. O Edital de Pregão Presencial

No edital de pregão, não há qualquer especialidade acerta da natureza e do

conteúdo do edital. De acordo com Marçal Justen Filho, a peculiaridade do pregão

não se traduz em diferenças sobre a natureza jurídica do ato convocatório. O regime

jurídico do edital do pregão, no que se refere a conteúdo, não difere do que se passa

no âmbito das licitações em geral. Desta maneira, todas as regras fundamentais

acerca do tema, delineadas na legislação geral sobre licitação, são aplicáveis ao

caso do pregão.37

A Lei n° 10.520/2002 determina que a publicação do aviso por meio da

internet é meramente facultativa. Marçal Justen Filho mostra em sua obra que o

regulamento federal do pregão presencial impôs solução diversa, determinando a

obrigatoriedade da publicidade tanto por via da Imprensa Oficial como da internet.

Ou seja, tornou sem efeito a facultatividade contida na Lei n° 10.520/2002. Apesar

de todo o rigor, para Marçal Justen Filho essa determinação não é ilegal, pois se a

Lei n° 10.520/2002 determinou que tal via de divulgação é facultativa, não existe

impedimento legal para que o regulamento federal determine essa obrigatoriedade.

A publicação do aviso, no caso da Administração Federal, deve ser realizada

conforme o valor previsto para a contratação, conforme oriente o artigo 11 do

Decreto n° 3.555/2000:

“Art. 11. A fase externa do pregão será iniciada com a convocação dos interessados e observará as seguintes regras: I - a convocação dos interessados será efetuada por meio de publicação de aviso em função dos seguintes limites:

36

CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo - São Paulo : Atlas, 2012, p. 303. 37

JUSTEN FILHO, Marçal. Pregão: Comentários à legislação do pregão comum e eletrônico). São Paulo : Dialética, 2013. p. 14.

Page 29: Trabalho de Conclusão de Curso - Yasmin C. Marçal

29

a) para bens e serviços de valores estimados em até R$ 160.000,00 (cento e sessenta mil reais): 1. Diário Oficial da União; e

2. meio eletrônico, na Internet; b) para bens e serviços de valores estimados acima de R$ 160.000,00 (cento e sessenta mil reais) até R$ 650.000,00 (seiscentos e cinqüenta mil reais): 1. Diário Oficial da União; 2. meio eletrônico, na Internet; e

3. jornal de grande circulação local; c) para bens e serviços de valores estimados superiores a R$ 650.000,00 (seiscentos e cinqüenta mil reais): 1. Diário Oficial da União; 2. meio eletrônico, na Internet; e

3. jornal de grande circulação regional ou nacional; d) em se tratando de órgão ou entidade integrante do Sistema de Serviços Gerais - SISG, a íntegra do edital deverá estar disponível em meio eletrônico, na Internet, no site www.comprasnet.gov.br, independentemente do valor estimado;”

No âmbito federal, o valor estimado do futuro contrato é relevante apenas

para a definição da publicidade na imprensa comum, Segundo Marçal Justen filho,

as contratações de valor estimado inferiores a R$ 160.000,00 não necessitam de

divulgação pela imprensa comum, Quando o montante previsto da contratação for

entre R$ 160.000,00 e R$ 650.000,00, o aviso deverá ser publicado em jornal de

grande circulação local. E para as contratações com valor superior,deve-se adotar

publicidade em jornal de grande circulação regional ou nacional.38

Celso Antonio Bandeira de Mello possui entendimento no sentido da

inconstitucionalidade de tratamento, por meio de decreto, distinto daquele

comportado na Lei n° 8.666/1993.

“(...) Nem seria preciso dizer, pela grosseira evidência de inconstitucionalidade, que não seria alçada regulamentar, mais de lei, a fixação do limite de valor a partir do qual será necessária a publicação em jornal de grande circulação. Assim, para que o pregão não se ressinta de inconstitucionalidade atacável por ação popular ou por qualquer interessado, a solução será efetuar sua divulgação por jornal de grande circulação nos casos em que esta seria obrigatória em função dos limites de valor estabelecidos pela Lei n° 8.666.“

39

38

JUSTEN FILHO, Marçal. Pregão: Comentários à legislação do pregão comum e eletrônico). São Paulo : Dialética, 2013. p. 147. 39

BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de direito administrativo. São Paulo : Atlas, 2008. p. 577.

Page 30: Trabalho de Conclusão de Curso - Yasmin C. Marçal

30

Destaca Benedicto de Tolosa Filho, que a opção pela modalidade de pregão

não é fundamentada no valor, como ocorre nas demais modalidades, mais na

natureza do objeto. O Objeto sendo caracterizado como bem ou serviço comum,

pode ser contrato mediante a modalidade do pregão independentemente do valor.40

O regulamento do pregão presencial, através do artigo 12 do Decreto n°

Decreto n° 3.555/2000, unificou as soluções de pedidos de esclarecimentos e

impugnações.

“Art. 12. Até dois dias úteis antes da data fixada para recebimento das propostas, qualquer pessoa poderá solicitar esclarecimentos, providências ou impugnar o ato convocatório do pregão. § 1º Caberá ao pregoeiro decidir sobre a petição no prazo de vinte e quatro horas. § 2º Acolhida a petição contra o ato convocatório, será designada nova data para a realização do certame.”

Marçal Justen Filho leciona que o regulamento adotou o prazo único de dois

dias úteis para todas as manifestações, pedidos de esclarecimentos e impugnações,

acerca do ato convocatório, independentemente da condição do interessado.41

Completa o doutrinador que como regra, o interessado deverá externar sua

dúvida ou impugnação através de instrumento escrito. Nada impede que se utilize o

recurso eletrônico ou de fax. Seria até admissível a formalização verbal, sempre

incumbindo ao pregoeiro reduzir a escrito a solicitação oral que for recebida.

3.2. As fases do Pregão Presencial

Descrita no Art. 8, do Decreto n° 3.555/2000, a fase interna do pregão é a

que se constitui do conjunto de atos e atividades de caráter preparatório a cargo do

40

TOLOSA FILHO, Benedito de. Pregão – uma nova modalidade de licitação. Rio de Janeiro : Forense, 2012. p. 60. 41

JUSTEN FILHO, Marçal. Pregão: Comentários à legislação do pregão comum e eletrônico). São Paulo : Dialética, 2013. p. 235 e 236.

Page 31: Trabalho de Conclusão de Curso - Yasmin C. Marçal

31

órgão administrativo. São as providências administrativas que antecedem a

realização das atividades que contam com a participação de terceiros.

“Art. 8º A fase preparatória do pregão observará as seguintes regras: I - a definição do objeto deverá ser precisa, suficiente e clara, vedadas especificações que, por excessivas, irrelevantes ou desnecessárias, limitem ou frustrem a competição ou a realização do fornecimento, devendo estar refletida no termo de referência; II - o termo de referência é o documento que deverá conter elementos capazes de propiciar a avaliação do custo pela Administração, diante de orçamento detalhado, considerando os preços praticados no mercado, a definição dos métodos, a estratégia de suprimento e o prazo de execução do contrato; III - a autoridade competente ou, por delegação de competência, o ordenador de despesa ou, ainda, o agente encarregado da compra no âmbito da Administração, deverá: a) definir o objeto do certame e o seu valor estimado em planilhas, de forma clara, concisa e objetiva, de acordo com termo de referência elaborado pelo requisitante, em conjunto com a área de compras, obedecidas as especificações praticadas no mercado; b) justificar a necessidade da aquisição; c) estabelecer os critérios de aceitação das propostas, as exigências de habilitação, as sanções administrativas aplicáveis por inadimplemento e as cláusulas do contrato, inclusive com fixação dos prazos e das demais condições essenciais para o fornecimento; e

d) designar, dentre os servidores do órgão ou da entidade promotora da licitação, o pregoeiro responsável pelos trabalhos do pregão e a sua equipe de apoio; IV - constarão dos autos a motivação de cada um dos atos especificados no inciso anterior e os indispensáveis elementos técnicos sobre os quais estiverem apoiados, bem como o orçamento estimativo e o cronograma físico-financeiro de desembolso, se for o caso, elaborados pela Administração; e

V - para julgamento, será adotado o critério de menor preço, observados os prazos máximos para fornecimento, as especificações técnicas e os parâmetros mínimos de desempenho e de qualidade e as demais condições definidas no edital.”

De acordo com os ensinamentos de José dos Santos Carvalho Filho, a fase

preparatória do pregão quase não contém novidades. Como ocorre em todas as

espécies de licitação, algumas providências tornam-se realmente necessárias ao

êxito do certame. Assim deve a autoridade competente, primeiramente justificar a

necessidade da contratação e, ao fazê-lo, cumpre-lhe.42

Ainda de acordo com José dos Santos Carvalho Filho, o ponto diferencial

que se configura como novidade é a designação, pela autoridade competente, da

42

CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. São Paulo : Atlas, 2012, p. 305.

Page 32: Trabalho de Conclusão de Curso - Yasmin C. Marçal

32

figura do pregoeiro, a quem incumbe dirigir todos os trabalhos, inclusive receber as

propostas e lances, analisar sua aceitabilidade e classificação, e ainda, decidir sobre

a habilitação e proceder à adjudicação do objeto do pregão ao licitante vencedor.

Para o doutrinador Marçal Justen Filho, a fase prévia ou interna à licitação

envolve o cumprimento de formalidades essências e indispensáveis ao êxito do

certame e à obtenção de contrato adequado e satisfatório. Não se passa

diversamente no tocante do pregão.43

Devem ser cumpridas as exigências e os requisitos genéricos contidos na

Lei n° 8.666/93, sem que o tema apresente maior peculiaridade por se tratar de

licitação na modalidade de pregão. Mais existem temas próprios, derivados da

especialidade da figura ou das peculiaridades dos bens e serviços ditos “comuns”,

conclui seu pensamento o autor Marçal Justen Filho.

A fase externa é construída dos atos e atividades que contam com a

participação da Administração e de terceiros. Para José dos Santos Carvalho

Filho44, é nela que se consuma realmente o processo de escolha da melhor proposta

e do futuro contratado, estando a respectiva disciplina nas regras do Art. 11°,

Decreto n° 3.555/2000.

“Art. 11. A fase externa do pregão será iniciada com a convocação dos interessados e observará as seguintes regras: I - a convocação dos interessados será efetuada por meio de publicação de aviso em função dos seguintes limites: a) para bens e serviços de valores estimados em até R$ 160.000,00 (cento e sessenta mil reais): 1. Diário Oficial da União; e

2. meio eletrônico, na Internet; b) para bens e serviços de valores estimados acima de R$ 160.000,00 (cento e sessenta mil reais) até R$ 650.000,00 (seiscentos e cinqüenta mil reais): 1. Diário Oficial da União; 2. meio eletrônico, na Internet; e

3. jornal de grande circulação local; c) para bens e serviços de valores estimados superiores a R$ 650.000,00 (seiscentos e cinqüenta mil reais): 1. Diário Oficial da União; 2. meio eletrônico, na Internet; e

43

JUSTEN FILHO, Marçal. Pregão: Comentários à legislação do pregão comum e eletrônico). São Paulo : Dialética, 2013, p. 83. 44

CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. São Paulo : Atlas, 2012, p. 306.

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d) em se tratando de órgão ou entidade integrante do Sistema de Serviços Gerais - SISG, a íntegra do edital deverá estar disponível em meio eletrônico, na Internet, no site www.comprasnet.gov.br, independentemente do valor estimado; II - do edital e do aviso constarão definição precisa, suficiente e clara do objeto, bem como a indicação dos locais, dias e horários em que poderá ser lida ou obtida a íntegra do edital, e o local onde será realizada a sessão pública do pregão; III - o edital fixará prazo não inferior a oito dias úteis, contados da publicação do aviso, para os interessados prepararem suas propostas; IV - no dia, hora e local designados no edital, será realizada sessão pública para recebimento das propostas e da documentação de habilitação, devendo o interessado ou seu representante legal proceder ao respectivo credenciamento, comprovando, se for o caso, possuir os necessários poderes para formulação de propostas e para a prática de todos os demais atos inerentes ao certame; V - aberta a sessão, os interessados ou seus representantes legais entregarão ao pregoeiro, em envelopes separados, a proposta de preços e a documentação de habilitação; VI - o pregoeiro procederá à abertura dos envelopes contendo as propostas de preços e classificará o autor da proposta de menor preço e aqueles que tenham apresentado propostas em valores sucessivos e superiores em até dez por cento, relativamente à de menor preço; VII - quando não forem verificadas, no mínimo, três propostas escritas de preços nas condições definidas no inciso anterior, o pregoeiro classificará as melhores propostas subsequentes, até o máximo de três, para que seus autores participem dos lances verbais, quaisquer que sejam os preços oferecidos nas propostas escritas; VIII - em seguida, será dado início à etapa de apresentação de lances verbais pelos proponentes, que deverão ser formulados de forma sucessiva, em valores distintos e decrescentes; IX - o pregoeiro convidará individualmente os licitantes classificados, de forma seqüencial, a apresentar lances verbais, a partir do autor da proposta classificada de maior preço e os demais, em ordem decrescente de valor; X - a desistência em apresentar lance verbal, quando convocado pelo pregoeiro, implicará a exclusão do licitante da etapa de lances verbais e na manutenção do último preço apresentado pelo licitante, para efeito de ordenação das propostas; XI - caso não se realizem lances verbais, será verificada a conformidade entre a proposta escrita de menor preço e o valor estimado para a contratação; XII - declarada encerrada a etapa competitiva e ordenadas as propostas, o pregoeiro examinará a aceitabilidade da primeira classificada, quanto ao objeto e valor, decidindo motivadamente a respeito; XIII - sendo aceitável a proposta de menor preço, será aberto o envelope contendo a documentação de habilitação do licitante que a tiver formulado, para confirmação das suas condições habilitatórias, com base no Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores - SICAF, ou nos dados cadastrais da Administração, assegurado ao já cadastrado o direito de apresentar a documentação atualizada e regularizada na própria sessão; XIV - constatado o atendimento das exigências fixadas no edital, o licitante será declarado vencedor, sendo-lhe adjudicado o objeto do certame; XV - se a oferta não for aceitável ou se o licitante desatender às exigências habilitatórias, o pregoeiro examinará a oferta subseqüente, verificando a sua aceitabilidade e procedendo à habilitação do proponente, na ordem de classificação, e assim sucessivamente, até a apuração de uma proposta que atenda ao edital, sendo o respectivo licitante declarado vencedor e a ele adjudicado o objeto do certame; XVI - nas situações previstas nos incisos XI, XII e XV, o pregoeiro poderá negociar diretamente com o proponente para que seja obtido preço melhor;

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34

XVII - a manifestação da intenção de interpor recurso será feita no final da sessão, com registro em ata da síntese das suas razões, podendo os interessados juntar memoriais no prazo de três dias úteis; XVIII - o recurso contra decisão do pregoeiro não terá efeito suspensivo; XIX - o acolhimento de recurso importará a invalidação apenas dos atos insuscetíveis de aproveitamento; XX - decididos os recursos e constatada a regularidade dos atos procedimentais, a autoridade competente homologará a adjudicação para determinar a contratação; XXI - como condição para celebração do contrato, o licitante vencedor deverá manter as mesmas condições de habilitação; XXII - quando o proponente vencedor não apresentar situação regular, no ato da assinatura do contrato, será convocado outro licitante, observada a ordem de classificação, para celebrar o contrato, e assim sucessivamente, sem prejuízo da aplicação das sanções cabíveis, observado o disposto nos incisos XV e XVI deste artigo; XXIII - se o licitante vencedor recusar-se a assinar o contrato, injustificadamente, será aplicada a regra estabelecida no inciso XXII; XXIV - o prazo de validade das propostas será de sessenta dias, se outro não estiver fixado no edital.”

Embora a lei tenha buscado acelerar o procedimento, tornando-o mais ágil,

descomplicando e ensejador de resultado rápido e eficiente, há que se reconhecer a

sucessividade de fases, o seguimento de etapas que permitam o desenvolvimento

do processo seletivo.45

De acordo com Marçal Justen Filho, o art. 4° apresenta redação que,

do ponto de vista da técnica legislativa, merece severas críticas. Os diversos incisos

foram lançados fora da ordem lógica e cronológica. Assim, as regras acerca do

edital, inciso III, deveriam preceder aquelas acerca da publicidade, incisos I, II e V.

Bem por isso, a definição do tipo de licitação teria de estar prevista como cláusula a

integrar o próprio ato convocatório, mas consta no inciso. Porem a pior grande

confusão envolve os incisos VII e XIII.46

Tais dispositivos disciplinam o núcleo do procedimento, mais o fazem em

termos não sistemáticos. O inciso XI enuncia regra acerca dos critérios de

admissibilidade das propostas. Ora, esse tema envolve etapa anterior àquelas

previstas nos incisos VIII e IX, que tratam dos lances que serão ofertados depois da

classificação das propostas, conclui Marçal Justen Filho.

45

CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. São Paulo : Atlas, 2012, p. 306. 46

JUSTEN FILHO, Marçal. Pregão: Comentários à legislação do pregão comum e eletrônico). São Paulo : Dialética, 2013, p. 111.

Page 35: Trabalho de Conclusão de Curso - Yasmin C. Marçal

35

3.3. Critérios de Julgamento

José dos Santos Carvalho Filho, afirma que abertos os envelopes contendo

as propostas, cabe ao pregoeiro verificar de imediato, se estão em conformidade

com os requisitos previstos no edital. A Lei n° 10.520/02 é saliente a respeito,

porém, se alguma proposta estiver dissonante do edital, deverá o respectivo licitante

sofrer desclassificação do certame, hipótese idêntica no procedimento do Estatuto

Geral das Licitações, Lei n° 8.666/1993.47

Verificadas as propostas formais e escritas apresentadas, se tem início à

etapa que o Estatuto Geral desconhece, o autor da oferta de valor mais baixo e os

das propostas com preço de até dez por cento superiores àquela, poderão fazer

novos lances verbais e sucessivos, até que haja um vencedor final. Se não houver

pelo menos três propostas nessas condições, será permitido que a oferta dos lances

orais, seja feita pelos autores das três melhores propostas, independentemente do

preço que tenham oferecido. Escolhido o vencedor, pode o pregoeiro negociar

diretamente com ele no sentido de ser obtido preço ainda menor. A negociabilidade

é também viável no caso de não ser aceitável a proposta, completa o doutrinador

José dos Santos Carvalho Filho.

Marçal Justen Filho apresenta em sua doutrina uma questão extremamente

relevante, com relação ao procedimento a ser adotado pelo pregoeiro depois da

abertura das propostas. Questiona o doutrinador se cabe pura e simplesmente

verificar os valores ofertados e produzir uma primeira classificação ou é o caso de

desclassificar as propostas defeituosas. Neste ponto é observado uma controvérsia

entre a Lei n° 10.520/2002 e o Decreto n° 3.555/2000.48

O inciso VII do artigo 4 da Le n° 10.520/2002, determina que ao serem

abertos os envelopes, será procedida “a verificação da conformidade das propostas

com os requisitos estabelecidos no instrumento convocatório”. Já o inciso VI do

47

CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo - São Paulo : Atlas, 2012, p. 309. 48

JUSTEN FILHO, Marçal. Pregão: Comentários à legislação do pregão comum e eletrônico). São Paulo : Dialética, 2013, p. 159.

Page 36: Trabalho de Conclusão de Curso - Yasmin C. Marçal

36

artigo 11 do Decreto n° 3.555/2000, prevê que o pregoeiro realizará a “abertura dos

envelopes contendo as propostas de preços e classificará o autor da proposta de

menor preço...”. A citação ao exame da aceitabilidade das propostas faz-se apenas

no inciso XII do artigo 11 do Decreto n° 3.555/2000, determinada sua realização

depois de selecionado o lance de menor valor.

Marçal Justen Filho explica que a questão torna-se problemática, o inciso IX

do artigo 4 da Lei n° 10.520/2002 também se refere ao exame da aceitabilidade da

proposta classificada em primeiro lugar após a fase de lances. Defende doutrinador

que o tema envolve a mais séria controvérsia jurídica proporcionada pela sistemática

do pregão. Pois trata-se da admissão à fase de lances de apenas alguns dos

licitantes, aqueles cuja proposta escrita estiver com o valor mais reduzido. Leciona o

doutrinador que essa sistemática produz uma dificuldade quando se apurar que um

dos licitantes autorizados a participar da fase de lances formulara uma proposta

defeituosa ou ainda não contemple os requisitos necessários de participação.49

Seguindo Marçal Justen Filho, adota-se a posição de que a pronúncia de

vícios de propostas e de habilitação apresenta a natureza declaratória. O defeito

produz efeitos jurídicos desde o momento em que se configurou independente da

época em que a Administração pronunciá-lo. Sendo assim, fica entendido que uma

proposta defeituosa não pode ser aceita pela Administração. Se o defeito for grave

aponto de acarretar sua exclusão do certame, a proposta não pode produzir efeitos

jurídicos, não pode gerar os efeitos jurídicos equivalentes a uma proposta valida.

O Estatuto das Microempresas e da Empresa de Pequeno Porte (LC n°

123/2006) criou regra quanto participam do pregão tais empresas. Encerra-se os

lances, e a Microempresa ou a Empresa de Pequeno Porte que tenha oferecido

proposta cujo valor seja de até cinco por cento da proposta oferecida pela empresa

comum, será convocada para oferecer nova proposta no prazo máximo de cinco

minutos após o encerramento, sob pena de preclusão, apresenta José dos Santos

Carvalho Filho.50

49

JUSTEN FILHO, Marçal. Pregão: Comentários à legislação do pregão comum e eletrônico). São Paulo : Dialética, 2013, p. 160. 50

CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo - São Paulo : Atlas, 2012, p. 310.

Page 37: Trabalho de Conclusão de Curso - Yasmin C. Marçal

37

3.4. Critérios de Habilitação

Uma característica marcante do procedimento do pregão consiste na

inversão das fases de julgamento e habilitação. Desta maneira, serão examinados

apenas os documentos de habilitação somente nos limites da pertinência para

definição do vencedor. De qualquer maneira, todos os licitantes são obrigados a

apresentar a documentação de relativa à habilitação, mais somente são examinados

os documentos do licitante cuja oferta tiver sido configurada como vencedora.

Encerrando-se a fase competitiva, o pregoeiro desencadeará a análise

apenas documentos comprobatórios da habilitação do licitante vencedor. Marçal

Justen Filho apresenta em sua obra o seguinte procedimento para a realização

desta etapa:

“O pregoeiro abrirá o envelope contendo os documentos de habilitação do licitante mais bem classificado. Se a documentação satisfazer as exigências, o licitante será declarado vencedor. Se a documentação for reputada defeituoso, haverá a inabilitação do licitante. O pregoeiro abrirá o envelope de documentação do licitante classificado em segundo lugar para verificar a sua compatibilidade com as exigências. Assim se passará até que seja encontrado um licitante que preencha os requisitos de habilitação, o qual será proclamado vencedor.”

51

O inciso XIII, do artigo 11 do Decreto n° 3.555/2000, admite que o

interessado se valha da documentação apresentada em face do SICAF ou outro

registro cadastral. Isso significa que o licitante seria obrigado apenas a apresentar

os documentos remanescentes, não constantes nestes cadastros.

3.5. Fase Recursal

José dos Santos Carvalho Filho, classifica que o ato de declaração do

vencedor pode ser objeto de recurso por parte de qualquer licitante. Deverá este

51

JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. Belo Horizonte : Fórum, 2012 , p. 481.

Page 38: Trabalho de Conclusão de Curso - Yasmin C. Marçal

38

interessado manifestar sua intenção de recorrer tão logo o pregoeiro faça a

declaração, sob pena de preclusão. A lei exige que esta manifestação seja feita de

forma motivada. Na opinião do doutrinador, deve interpretar-se a exigência de forma

menos rigorosa possível, tendo em vista que, sendo diferente, pode ser

obstaculizado o próprio direito ao contrário e à ampla defesa, assegurado

constitucionalmente.52

A intenção da lei é evitar apenas que o recurso seja interposto por meio de

capricho ou temerariamente. Assim, a intenção de recorrer pode ser justificada

apenas com a informação de que o licitante analisará melhor no recurso, a

legalidade ou não do resultado, leciona José dos Santos Carvalho Filho.

Marçal Justen Filho, porém acredita que a necessidade de interposição

motivada do recurso propicia problema prático, atinente ao conteúdo das razões.

Suponha-se que o interessado fundamente em um determinado ponto e verifique

posteriormente que a existência de defeitos de outra ordem. Não poderia admitir a

ausência de consonância entre a motivação invocada por ocasião de interposição e

da apresentação do recurso.53

Para Justen Filho é evidente que o raciocínio não pode ser aplicado quando

o recurso levantar questão que caracteriza a nulidade absoluta. Como matéria desta

ordem, tem de ser apreciada até mesmo de ofício pela Administração, é irrelevante o

momento em que se produzir sua apresentação. Nem precisaria existi recurso para

provocar seu exame.

Jorge Ulisses Jacoby Fernandes indica ainda que no caso de as razões não

coincidirem com a intenção recursal que foi consignada no certame, o recurso

deveria ser conhecido na parte em que há coincidência das razões, e não conhecido

no restante, na parte inovadora do recurso. Entretanto, sugere que o pregoeiro ainda

se manifeste sobre a parte em que não conheceu do recurso, por não ser

coincidente, de modo a contrapor sua argumentação.54

52

CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo - São Paulo : Atlas, 2012, p. 311. 53

JUSTEN FILHO, Marçal. Pregão: Comentários à legislação do pregão comum e eletrônico). São Paulo : Dialética, 2013, p. 160. 54

FERNANDES, Jorge Ulisses Jacoby. “As Peculiaridades da Fase Recursal do Pregão”, em Revista Zênite Informativo de Licitações e Contratos – ILC n° 145, ano XIII. Curitiba : Zênite, 2006. p.244.

Page 39: Trabalho de Conclusão de Curso - Yasmin C. Marçal

39

O pregão se orienta pelo princípio da oralidade, que consagra a interposição

de recurso verbalmente. O inciso XVIII do artigo 4 da Lei n° 10.520/2002, apresenta

redação defeituosa induzindo ao equivoco, aludindo à manifestação da intenção de

recorrer.

Segundo Marçal Justen Filho:

“(...) haveria a manifestação verbal da intenção de recorrer, a que se seguiria do recurso propriamente dito. Mas o exame da solução efetivamente adotada comprova não ser essa a sistemática adotada pela legislação. Isso se evidencia pela suficiência da manifestação verbal do sujeito. A insurgência verbal constitui-se em recurso. Quando o interessado manifestar as discordância contra a decisão do pregoeiro, estará interpondo o recurso. Vale dizer, o recurso interpõe-se verbalmente. Assim o é porque a ausência de qualquer outra manifestação posterior do sujeito não prejudica o interessado. Assegura-se-lhe o prazo de três dias para a apresentação de razões, mais essa previsão retrata uma simples faculdade; mais precisamente, trata-se de um ônus impróprio (...). Se o sujeito não encaminhar razões no prazo de três dias, a única consequência será a avaliação do recurso tendo em vista exclusivamente as razões enunciadas verbalmente.”

55

Reforça Marçal Justen Filho, que nada impede que a interposição verbal

faça-se de modo sumário, com a utilização do prazo de três dias para exibição de

razões mais consistentes. A instrução do recurso poderá ser acompanhada de

documentos novos, com ampla possibilidade de questionamento e discussão sobre

os temas abordados.

55

JUSTEN FILHO, Marçal. Pregão: Comentários à legislação do pregão comum e eletrônico). São Paulo : Dialética, 2013, p. 215.

Page 40: Trabalho de Conclusão de Curso - Yasmin C. Marçal

40

4. SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS.

O sistema de registro de preços, nos ensinamentos de Marcio Pestana, é o

sistema que permite à Administração Pública dispor, de dados e elementos

imprescindíveis a suas compras corriqueiras. Para tanto, o interessado em oferecer

seu bem indica o valor, válido por um período pré-determinado, assim como a

quantidade se predispõe a fornecer, caso venha a ser solicitado.56

Para Marcio Pestana, as compras deverão, sempre que possível: atender ao

princípio da padronização que imponha compatibilidade de especificações técnicas,

observadas quando for o caso, as condições de manutenção e assistência técnica e

as garantias fornecidas; submeter-se às condições de aquisição e pagamento

semelhantes às promovidas pelo setor privado; ser subdivididas parcelas quantas

necessárias para aproveitar as peculiaridades do mercado, visando desta forma a

economicidade; e balizar-se pelos preços praticados no âmbito dos órgãos e

entidades da Administração Pública.

Marçal Justen Filho traz em sua obra a seguinte definição:

“Registro de preços consiste num contrato administrativo normativo, produzido mediante licitação e que determina as condições quantitativas e qualitativas para contratações futuras de compras e serviços, realizados por um único ou por uma pluralidade de órgãos administrativos.”

57

O registro de preços é um vinculo jurídico de caráter normativo, no sentido

de vincular as partes quanto ao modo de promover contratações futuras. Disciplina

contratos posteriores, cujo aperfeiçoamento dependerá de acordo de vontade

específico entre a Administração e o fornecedor. Todas as condições deste acordo

devem estar pré-determinadas no registro de preços, monstra Marçal Justen Filho.

Leciona Marcio Pestana, que a existência de preços registrados não obriga a

Administração a firmar as contratações que deles poderão advir, ficando-lhes

56

PESTANA, Marcio. Direito Administrativo Brasileiro. Rio de Janeiro : Elsevier, 2012. p. 315. 57

JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. Belo Horizonte : Fórum, 2012 , p. 509.

Page 41: Trabalho de Conclusão de Curso - Yasmin C. Marçal

41

facultada a utilização de outros meios, respeitada a legislação relativa às licitações,

sendo assegurado ao beneficiário do registro a devida preferência em igualdades

condições.58

Neste sentido Flavia Daniel Vianna, conclui que de acordo com o artigo 15,

§4, da Lei n° 8.666/1993, entende a não obrigatoriedade de firmar as contratações,

desde que seja respeitada a legislação e sendo garantido ao beneficiário do registro

condições igualitárias.59

“Art. 15. As compras, sempre que possível, deverão: § 4

o A existência de preços registrados não obriga a Administração a firmar

as contratações que deles poderão advir, ficando-lhe facultada a utilização de outros meios, respeitada a legislação relativa às licitações, sendo assegurado ao beneficiário do registro preferência em igualdade de condições.”

O registro de preços traduz-se em um cadastro de fornecedores e produtos.

Marçal Justen Filho esclarece que há uma relação de empresas, acompanhada da

especificação dos produtos que poderão ser objeto de futura contratação. Esse

cadastro de fornecedores é obtido mediante a seleção em um procedimento

licitatório, que por sua vez obedece a regras específicas. O edital de licitação para

registro de preços deverá estabelecer todas as condições relevantes para as futuras

contratações. Essas condições deverão ser observadas por ocasião de

aperfeiçoamento de cada contrato. Respeitando os prazos de validade do registro e

quantitativos máximos previamente indicados por ocasião da licitação, a

Administração Pública poderá realizar tantas contratações quantas julgar

necessárias.60

A Administração Pública recorrerá aos fornecedores constantes nos

registros de preços, sempre que necessitar de um produto ou serviço selecionado

por ocasião da licitação. Deverá ser aperfeiçoado um contrato correspondente a

cada fornecimento, sem que isso signifique a impossibilidade de novas contratações

sucessivas, completa Marçal Justen Filho.

58

PESTANA, Marcio. Direito Administrativo Brasileiro. Rio de Janeiro : Elsevier, 2012. p. 315. 59

VIANNA, Flavia Daniel. Ferramenta Contra o Fracionamento Ilegal de Despesa. São Paulo : Scortecci, 2011. p. 134. 60

JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. Belo Horizonte : Fórum, 2012 , p. 509.

Page 42: Trabalho de Conclusão de Curso - Yasmin C. Marçal

42

Anteriormente à chegada da Lei n° 10.520/200, que instituiu o pregão, o

sistema de registro de preços apenas poderia ser realizado através da modalidade

de concorrência. Entretanto, Flavia Daniel Vianna, enfatiza que a chegada do pregão

trouxe a brilhante inovação do Sistema de Registro de Preços poder ser realizado no

âmbito da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, também através da

modalidade do pregão.61

“Art. 11. As compras e contratações de bens e serviços comuns, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, quando efetuadas pelo sistema de registro de preços previsto no art. 15 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, poderão adotar a modalidade de pregão, conforme regulamento específico.”

Atualmente, entende-se que o Sistema de Registro de Preços é uma das mais

úteis e interessantes alternativas de gestão de contratações colocada à disposição

da Administração Pública.

4.1. A Regulamentação pelos Entes Federativos

O sistema de registro de preços é considerado de extrema utilidade, mas

não tem sido utilizado em virtude da ausência de regulamentação necessária no

âmbito de cada ente federativo.

O artigo 1°, do decreto n° 7.892/2013, determina que apenas no âmbito da

administração pública federal direta, autárquica e fundacional, fundos especiais,

empresas públicas, sociedades de economia mista e demais entidades controladas,

direta ou indiretamente pela União, deverão obedecer este dispositivo.

“Art. 1º As contratações de serviços e a aquisição de bens, quando efetuadas pelo Sistema de Registro de Preços - SRP, no âmbito da administração pública federal direta, autárquica e fundacional, fundos especiais, empresas públicas, sociedades de economia mista e demais

61

VIANNA, Flavia Daniel. Ferramenta Contra o Fracionamento Ilegal de Despesa. São Paulo : Scortecci, 2011. p. 138.

Page 43: Trabalho de Conclusão de Curso - Yasmin C. Marçal

43

entidades controladas, direta ou indiretamente pela União, obedecerão ao disposto neste Decreto.”

Desta maneira, fica a cargo dos Estados, Distrito Federal e dos Municípios, a

regulamentação do Sistema de Registro de Preços.

Marçal Justen Filho enfatiza em sua obra que a União editou os Decretos n°

3.931, n° 4.432 e n° 7.892, sendo o último editado recentemente, os quais se

aplicam apenas na órbita federal. O sistema de registro de preços passou a ser

adotado também pela maior parte dos Estados e em muitos Municípios, porém

dependendo de regulamentações próprias, podendo caso entendam pertinente,

utilizar as regulamentações às consagradas no âmbito da União.62

4.2. O Sistema de Registro de Preços e seu novo regulamento

O sistema de registro de preços encontra-se previsto no inciso II do artigo

15, da Lei n° 8.666/1993, preceitua que as compras, sempre que possível, deverão

ser processados através dele.

O sistema de registro de preços foi inicialmente previsto no Decreto n°

2.300/86, em seu artigo 14, inciso II e § 3°. Com o advento do Decreto Federal n°

2.743, de 21 de agosto de 1998, o registro de preços foi concebido como verdadeiro

sistema, tendo seus procedimentos definidos.63

O Decreto Federal n° 2.743/1993 fora expressamente revogado pelo

Decreto Federal n° 3.931, de 19 de setembro de 2001, a princípio como o sistema

de registro de preços era previsto apenas para as compras, existia uma grande

polêmica sobre seu uso para serviços. Com a edição do Decreto Federal n°

62

JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. Belo Horizonte : Fórum, 2012 , p. 509. 63

FERNANDES, Jorge Ulisses Jacoby. Sistema de Registro de Preços e Pregão Presencial e Eletrônico. Belo Horizonte: Fórum, 2006. p. 78.

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44

3.931/1993 a discussão foi cessada, tendo em vista a previsão expressa do uso do

sistema de registro de preços também para serviços, leciona Flavia Daniel Vianna.64

Anteriormente à chegada da Lei Federal n° 10.520/2002 que regulamenta o

pregão, o sistema de registro de preços apenas poderia ser realizado através da

modalidade de concorrência. Posteriormente a este fato, o Decreto Federal n° 4.342,

de agosto de 2002, introduziu algumas alterações no Decreto n° 3.931/2001, conclui

a doutrinadora Flavia Daniel Vianna.

O Decreto nº 7.892, de 23 de janeiro de 2013, aborda sobre as contratações

para aquisições de materiais e das prestações de serviços, por meio do Sistema de

Registro de Preços, revogando os demais decretos que tratavam sobre o assunto.

Como inovações do Decreto nº 7.892/2013, pode-se citar a importante

mudança a respeito da impossibilidade de prorrogação do prazo de vigência da ata

de registro de preços pelo período superior a 12 meses, sem a autorização de

prorrogação que possa superar este prazo. Da mesma maneira que a nova norma

definiu a impossibilidade de acréscimo de 25% aos quantitativos previstos no

edital.65

Cita-se também como uma alteração de extrema importância, as promovidas

pelos §8° e §9°, do art. 22 do Decreto nº 7.892/2013. Estas alterações tratam

referente à proibição aos órgãos e entidades da Administração Pública Federal, de

aderir a atas de registro de preços gerenciadas por órgãos dos Estados, Distrito

Federal, e dos Municípios. Porém, não há vedação em sentido contrario, sendo

assim, os Estados, Distrito Federal, e os Municípios podem realizar adesões a atas

de registro de preços de órgãos e entidades da Administração Pública Federal. Esta

vedação já era prevista na Orientação Normativa nº 21/2009 da Advocacia Geral da

União.66

64

VIANNA, Flavia Daniel. Ferramenta Contra o Fracionamento Ilegal de Despesa. São Paulo : Scortecci, 2011. p. 135. 65

NEVES, Ricardo. A nova legislação sobre as licitações realizadas pelo sistema de registro de preços. Jus Navigandi, Teresina, ano 18, n. 3584, 24 abr. 2013 . Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/24263>. Acesso em: 24 novembro. 2013. 66

SILVA, João Marcelo dos Santos; BEZERRA, Anna Carolina Azevedo. As peculiaridades do sistema de registro de preços em menção ao novo Decreto nº 7.892/2013. Jus Navigandi, Teresina, ano 18, n. 3723, 10 set. 2013 . Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/25257>. Acesso em: 24 novembro 2013.

Page 45: Trabalho de Conclusão de Curso - Yasmin C. Marçal

45

“Art. 22. Desde que devidamente justificada a vantagem, a ata de registro de preços, durante sua vigência, poderá ser utilizada por qualquer órgão ou entidade da administração pública federal que não tenha participado do certame licitatório, mediante anuência do órgão gerenciador. § 8º É vedada aos órgãos e entidades da administração pública federal a adesão a ata de registro de preços gerenciada por órgão ou entidade municipal, distrital ou estadual. § 9º É facultada aos órgãos ou entidades municipais, distritais ou estaduais a adesão à ata de registro de preços da Administração Pública Federal.”

O Decreto nº 7.892/2013 aplicou um capítulo apenas para tratar sobre a

nova regulamentação aos órgãos não participantes, com o intuito de solucionar

diversas controvérsias quanto ao uso das atas de registro de preços por estes

órgãos. O artigo 22 anteriormente citado, ao contrario dos decretos anteriores, exige

a autorização por parte do órgão gerenciado, para que o órgão não participante

possa fazer uso desta ata. Outro ponto de inovação neste artigo trata que, cada

órgão que aderir a ata de registro de preços, pode adquirir no máximo o quantitativo

previsto no edital. Além disso, o órgão gerenciador da ata de registro de preços,

somente poderá permitir a adesão e outro órgão, após sua primeira aquisição

através de tal ata de registro de preços.67

4.3. Aplicabilidade do Registro de Preços no Pregão Eletrônico

O sistema de registro de preços é produzido através de uma modalidade de

licitação, conforme o artigo 7 do decreto n° 7.892 de 23 de janeiro de 2013, cuja

finalidade é selecionar não a melhor proposta para determinada contratação, mas as

melhores condições para a realização de um número indeterminado de contratos,

durante um período máximo de doze meses.68

67

VIVAS, Rodrigo Cesar Aguiar. Inovações do novo Sistema de Registro de Preços (Decreto Federal nº 7.892/2013). Jus Navigandi, Teresina, ano 18, n. 3554, 25 mar. 2013 . Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/24046>. Acesso em: 24 novembro 2013. 68

JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. Belo Horizonte : Fórum, 2012 , p. 510.

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46

“Art. 7º A licitação para registro de preços será realizada na modalidade de concorrência, do tipo menor preço, nos termos da Lei nº 8.666, de 1993, ou na modalidade de pregão, nos termos da Lei nº 10.520, de 2002, e será precedida de ampla pesquisa de mercado.”

De acordo com o artigo 11 da Lei n° 10.520/2002, nas compras e

contratações de bens e serviços comuns, no âmbito na União, Estados, Distrito

Federal e Municípios, poderão adotar o sistema de registro de preços na modalidade

do pregão.

“Art. 11. As compras e contratações de bens e serviços comuns, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, quando efetuadas pelo sistema de registro de preços previsto no art. 15 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, poderão adotar a modalidade de pregão, conforme regulamento específico.”

O Decreto n° 5.450/2005, que regulamenta a modalidade do pregão na

forma eletrônica, com excesso de cautela, preocupou-se em expressamente

confirmar a possibilidade da utilização do pregão eletrônico.

“Art. 25. Encerrada a etapa de lances, o pregoeiro examinará a proposta classificada em primeiro lugar quanto à compatibilidade do preço em relação ao estimado para contratação e verificará a habilitação do licitante conforme disposições do edital. § 8

o Os demais procedimentos referentes ao sistema de registro de preços

ficam submetidos à norma específica que regulamenta o art. 15 da Lei n

o 8.666, de 1993.”

Assim, o artigo 25, § 8, do decreto, prevê que o pregão eletrônico deverá

seguir as regras próprias e peculiares da regulamentação do registro de preços,

quando for o caso.69

4.4. Aplicabilidade do Registro de Preços no Pregão Presencial

69

JUSTEN FILHO, Marçal. Pregão: Comentários à legislação do pregão comum e eletrônico). São Paulo : Dialética, 2013, p. 393.

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47

O artigo 11 da Lei n° 10520/2002, determina que as compras e contratações

de bens e serviços comuns, no âmbito na União, Estados, Distrito Federal e

Municípios, poderão adotar o sistema de registro de preços na modalidade do

pregão.

“Art. 11. As compras e contratações de bens e serviços comuns, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, quando efetuadas pelo sistema de registro de preços previsto no art. 15 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, poderão adotar a modalidade de pregão, conforme regulamento específico.”

O dispositivo destinou-se a afastar as dúvidas sobre a viabilidade da

utilização do pregão como modalidade adequada para licitar o registro de preços.

Em um primeiro momento, prevaleceu interpretação contrária, em virtude da

determinação explícita contida na Lei n° 8.666/1993, que impunha a adoção da

concorrência, apresenta Marçal Justen Filho em sua obra.70

Logo, se evidenciou que a regra da Lei n° 8.666/1993 tinha em vista o

elenco de modalidades de licitação disponíveis naquele diploma. O que se pretendia

era assegurar o amplo acesso de qualquer interessado em disputar o registro de

preços, evitando assim, distorções eventualmente derivadas do convite ou da

tomada de preços, leciona Marçal Justen Filho.

As razões que conduziram à eleição da concorrência permitem também a

utilização da modalidade do pregão. Logo, a evolução da hermenêutica traduziu-se

na regra da Lei n° 10.520/2002, que consagrou a melhor interpretação.

No âmbito federal, a questão foi avaliada através do Decreto Federal n°

4.342, de 23 de agosto de 2002, que incorporou à regulamentação federal a

possibilidade de utilização do pregão. Atualmente o decreto n° 4.342/2002 encontra-

se revogado pelo decreto n° 7.892, de 23 de janeiro de 2013, porém este não alterou

tal regra.

70

JUSTEN FILHO, Marçal. Pregão: Comentários à legislação do pregão comum e eletrônico). São Paulo : Dialética, 2013, p. 393.

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48

4.5. Benefícios do Registro de Preços

O registro de preços traz grandes benefícios a Administração Pública.

Marçal Justen Filho aborda em sua obra quatro como sendo os principais.71

A primeira vantagem trata da redução de gastos e a simplificação

administrativa. Quando a administração necessita realizar aquisições reiteradas e

contínuas de produtos semelhantes, depara-se com o problema de promover, a

cada aquisição, uma nova licitação.

Com o registro de preços, basta apenas uma única licitação. Os preços

ficam à disposição da Administração, que formalizará as aquisições quando lhes for

conveniente. A Administração elimina a burocracia, os custos e os desgastes

referentes a uma grande quantidade de licitações.

Forma-se assim, um cadastro de fornecedores e produtos.

A segunda vantagem apontada por Marçal Justen Filho trata da rapidez na

contratação e otimização dos gastos. Em uma sistemática comum de licitação, a

Administração realiza cada licitação à medida que prevê a existência de recursos

disponíveis. Muitas vezes, os recursos são liberados antes dos prazos previstos ou

em outros casos, a liberação ocorre de forma tardia. Isso significa, em termos

práticos, que a Administração dispõe dos recursos, mais não os pode desembolsar,

por ausência de licitação.

Essa questão adquiriu contornos ainda mais relevantes a propósito das

novas regras da Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF72, tratada com LRF daqui por

diante. Basta considerar que uma licitação que não poderia ser instaurada em

virtude de ausência de preenchimento dos requisitos da LRF poderá vir a ocorrer

quando seu objeto envolver o registro de preços. Assim se passa porque o sistema

de registro de preços não produz contratação necessária e imediata. Porém isso não

significa dispensa do cumprimento dos aludidos requisitos.

71

JUSTEN FILHO, Marçal. Pregão: Comentários à legislação do pregão comum e eletrônico). São Paulo : Dialética, 2013, p. 192 e 193. 72

Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n° 101). O regime da atividade do Estado passou a subordinar-se a inúmeros outros constrangimentos e severas exigências em virtude da edição da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Page 49: Trabalho de Conclusão de Curso - Yasmin C. Marçal

49

No sistema de registro de preços, a Administração efetiva a licitação e, após

registrados os preços, aguarda a liberação dos recursos. Tão logo isso ocorre às

contratações podem fazer-se imediatamente. Assim, os recursos orçamentários não

permanecem sem utilização. Essa vantagem do sistema de registro de preços era

especialmente relevante para entidades que estivessem impedidos de aplicar seus

recursos no sistema financeiro. Nesses casos, a ausência de utilização dos recursos

representava um prejuízo irreparável, pois a inflação corroia o valor real das verbas.

A terceira vantagem trazida por Justen Filho trata do prazo de validade da

licitação e do registro de preços. A lei ° 8.666/1993, aborda a validade das propostas

como sendo 60 (sessenta) dias, da entrega das mesmas, porem em seu artigo 64, §

3°, ressalta que decorridos os 60 (sessenta) dias da data da entrega das propostas,

sem que haja a convocação para a contratação, ficam os licitantes liberados dos

compromissos assumidos. Significa que em uma licitação comum, a administração

tem o prazo de sessenta dias para realizar a contratação. Já no pregão, a legislação

não trata desta forma, apenas se enfatiza o prazo de sessenta dias da validade das

propostas.73

Com o sistema de registro de preços, este problema torna-se eliminado, pois

as propostas terão validade por até um ano.

E a quarta vantagem tratada por Marçal Justen Filho, trata da definição de

quantidades e qualidades. Nas licitações comuns e no pregão, a Administração tem

o dever de fixar, no ato convocatório, as quantidades e qualidades dos produtos que

irá contratar. A redução ou ampliação de quantidades está sujeita a legislação. A

alteração da qualidade não poderá alterar substancialmente o objeto licitado.

Já no sistema de registro de preços, a Administração estima quantidades

máximas e mínimas. Posteriormente, estará autorizada a contratar as quantidades

que forem adequadas à satisfação das necessidades coletivas. Isso não significa

discricionariedade na fixação dos quantitativos. Não se admite quantificações

indeterminadas nem a remessa da fixação do quantitativo à escolha subjetiva da

Administração. Ao lado disso, a Administração poderá promover o registro de preços

para produtos de qualidade diversa. Escolherá, no momento apropriado, os produtos

segundo a qualidade necessária à satisfação dos seus interesses no caso concreto.

73

JUSTEN FILHO, Marçal. Pregão: Comentários à legislação do pregão comum e eletrônico). São Paulo : Dialética, 2013, p. 192 e 193.

Page 50: Trabalho de Conclusão de Curso - Yasmin C. Marçal

50

Jorge Ulisses Jacoby Fernandes, destaca em sua obra que uma das

vantagens do sistema de registro de preços trata-se do atendimento as demandas

não previsíveis, comuns de ocorrer na Administração, já que várias não dispõem de

tecnologia e rigor para prever as necessidades de consumo de bens e serviços para

seus diversos setores.74

Portanto, leciona o doutrinador que o sistema de registro de preços torna-se

vantajoso para estes casos imprevisíveis, podendo a Administração adquirir até 25%

além do licitado, conforme previsto na legislação.

A Controladoria Geral da União – CGU, através da Secretaria Federal de

Controle Interno, publicou artigo sobre Sistema de Registro de Preços, por meio do

qual apresenta perguntas e respostas, trazendo anotações sobre o Sistema de

Registro de Preços para os gestores federais, estaduais e municipais melhorarem o

planejamento e o controle nas aquisições de bens e serviços.75

Nesta ocasião, as vantagens do sistema de registro de preços estão

classificadas como as vantagens para o gestor, vantagens para o controle social e

vantagens para os fornecedores.

Como vantagens ao gestor, podem-se destacar: a formalização de apenas

uma espécie de termo de compromisso para uma contratação futura, esta realizada

por meio da Ata de Registro de Preços; ocorre à otimização dos

estoque/almoxarifados e consequentemente a redução dos custos com

armazenamento; a desburocratização, desta forma, possibilita-se a ampliação do

poder de compra, viabilizando assim, mais agilidade no momento de contratação; a

padronização das especificações dos bens e serviços, além da unificação dos

valores; e, a possibilidade de outros órgãos públicos não participantes do processo,

de se habilitarem para contratar os bens e serviços registrados na Ata que sejam do

seu interesse.

74

FERNANDES, Jorge Ulisses Jacoby. Sistema de Registro de Preços e Pregão Presencial e Eletrônico. Belo Horizonte: Fórum, 2006. 75

Cartilha "Sistema de Registro de Preços - Perguntas e Respostas". Disponível em: <http://www.cgu.gov.br/Publicacoes/SistemaRegistroPrecos/Arquivos/SistemaRegistroPrecos.pdf>. Acesso em: 24 de novembro de 2013.

Page 51: Trabalho de Conclusão de Curso - Yasmin C. Marçal

51

A vantagem para o controle social destaca-se na maior transparência para

as aquisições por meio da publicação da licitação e da publicação trimestral.

Acentuam-se como vantagem aos fornecedores, possibilidade de

participação aos fornecedores menores nas licitações, na medida em que não

precisa manter grandes estoques com entrega imediata e que após a homologação

da licitação e assinatura da ata, se obtém a garantia de um processo com mais

agilidade para requisição, autorizações de entrega, empenho e recebimento.

O Estado de Santa Catarina, pela Secretaria de Estado da Fazenda, através

da Diretoria de Auditoria Geral / Gerência de Auditoria de Licitações e Contratos –

GEALC, publicou a Orientação - OT n° 0002/2011, sobre o Sistema de Registro de

Preços, trazendo algumas perguntas e respostas e mostrando as principais

vantagens da utilização do sistema de registro de preços – SRP:

“As principais vantagens do sistema de registro de preço são: · Reduz a necessidade de grandes estoques; · Possibilita a aquisição de produtos frescos ou recém fabricados; · Permite o parcelamento dos gastos; · Reduz o número de licitações; · Agiliza as aquisições; · Não é necessário bloqueio orçamentário para realizar a licitação; · Os empenhos são emitidos apenas quando da contratação; · Permite melhorar a organização das compras; · Facilita a padronização dos materiais; · Permite um maior controle dos preços praticados; · Evita o fracionamento da despesa com o enquadramento do certame em modalidade mais simples.”

76

Atualmente o Decreto n° 7.892/2013 que regulamento o Sistema de Registro

de Preços, somente no âmbito da administração pública federal direta, autárquica e

fundacional, fundos especiais, empresas públicas, sociedades de economia mista e

demais entidades controladas, direta ou indiretamente pela União.

Ficam de fora os Estados, Distrito Federal e Municípios, sendo obrigados a

criar seus próprios regulamentos. A unificação de todos os regulamentos em apenas

um decreto federal traria como benefício à uniformização da regra.

76

OT n° 0002/2011, sobre o Sistema de Registro de Preços. Disponível em: <http://www.sef.sc.gov.br/auditoria/index.php?option=com_content&task=view&id=111&Ite>. Acesso em: 24 de novembro de 2013.

Page 52: Trabalho de Conclusão de Curso - Yasmin C. Marçal

52

5 – CONCLUSÃO

Diante da atual complexidade e burocracia existentes no ramo das licitações

públicas, é extremamente difícil, para a maioria das administradores, a atuação

nesta área. Além disso, a própria Lei Federal n° 8.666/1993, a mais importante no

campo licitatório e contratual administrativo, possui texto normativo absolutamente

mal elaborado, que desencadeia ainda mais dúvidas e problemas no momento de

ser colocada em prática.

Após este estudo pode-se chegar a algumas conclusões com relação às

modalidades de pregão e ao sistema de registro de preços.

Com o surgimento da modalidade Pregão, houve substancial avanço no

setor público de compras. A modalidade tornou-se verdadeiro sucesso, tendo em

vista a celeridade trazida ao procedimento, sua desburocratização e a economia de

custos, data a existência da possibilidade de redução dos preços através dos lances

e da negociação direta entre pregoeiro e licitante.

O advento da Lei Federal n° 10.520/2002, ofereceu a possibilidade de

utilização do sistema de registro de preços através do pregão. O dispositivo afastou

as dúvidas sobre a utilização do pregão como modalidade para licitar o registro de

preços. Ficou evidenciado que a regra da Lei n° 8.666/1993, elencava somente as

modalidade disponíveis naquele diploma.

O sistema de registro de preços, apesar de não constituir em novidade no

campo licitatório, não obteve o sucesso que merecia no setor público. Inúmeras

administrações do Brasil jamais o utilizaram e grande parte pouco conhece sobre o

assunto, apesar de ser instituído de adoção obrigatória quando viável sua utilização.

Ocorre que o sistema de registro de preços traz inúmeras vantagens quando

da feitura de procedimentos licitatórios, tais como: celeridade nas aquisições,

inexistência da obrigatoriedade de previsão orçamentária, diminuição efetiva do

número de licitações a serem realizadas, possibilidade de atendimento a diversos

órgãos ou entidades, redução do volume dos estoque dentre outras.

Page 53: Trabalho de Conclusão de Curso - Yasmin C. Marçal

53

Essas duas ferramentas, evidentemente, não são a solução para todos os

problemas existentes e enfrentados pela Administração Pública, quando do

processamento de licitações. Porém, são inúmeras as vantagens que beneficiarão

os órgãos.

Page 54: Trabalho de Conclusão de Curso - Yasmin C. Marçal

54

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