trabalho de américa - ameríndios do norte

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Introduo

O presente trabalho visa apresentar aspectos da colonizao norte americana, a formao dos Estados Unidos como nao, e apresentar seus primeiros passos como nao imperialista, atravs de seu projeto expansionista e de destruio cultural por parte dos nativos. Atravs deste trabalho visamos desmitificar o indgena de qualificaes como selvagem e brutal, mostrando passo a passo todo o processo que veio a extinguir diversas comunidades tnicas, tentar tirar essa imagem a qual a classe dominante atravs de filmes e livros de que o indgena o bandido e aquele que atrasa a construo da nao. Este trabalho no ficar apenas na poca da colonizao, ele seguir adiante at a nossa poca, mostrando que este processo destrutivo da cultura amerndia perdura at hoje. Em especial iremos contrapor a mdia burguesa, que atravs de revistas como Histria Viva e Veja desfocam a realidade e que infelizmente, tais revistas servem de pedra de apoio para o senso comum, servindo apenas para perpetuar os maus entendidos que consolidam a classe parasitria no poder. Em suma, temos por objetivo atravs de este trabalho apresentar algo que venha a responder as dvidas de um aluno de ensino mdio quando ele se interessa por uma tema como este lembro me muito bem de minha infncia, dos filmes de bang bang e dos bonequinhos da Gulliver a qual os indgenas tinham caractersticas de viles - , e que por falta de opes acabamos comprando estas mentiras como verdade, cabendo ao professor elucidar tais erros e correndo o risco de no ser acreditado j que a ideologia dominante se faz presente em todos e para alguns impossvel de acreditar em outra coisa porque est a nica realidade para muitos dos seres humanos do planeta.

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1. Os ndios norte americanos: cinco sculos de luta e opresso.

Apresente, de forma concisa, o assunto do texto como um todo. A formao dos Estados Unidos se deu de uma forma selvagem e cruel, a qual os colonos por se acharem em nvel superior aos habitantes que j ali se localizavam, trucidaram os indgenas covardemente, impondo sua cultura que era mais selvagem do que os ditos selvagens a qual subjugavam. Os livros de histria comumente colocam os nativos norte-americanos como um obstculo para a formao da nao, um entrave para os brancos que marchavam para o oeste. Os livros de histrias usuais viriam a contar a verso da classe dominante, a verso dos vencedores, a verso dos colonos, ou como eram chamados, pioneiros. Tratava-se da dominao de uma cultura por outra, a Europa representada pelos pioneiros era tida como civilizada, enquanto que a comunidade indgena era tida como selvagem e primitiva. Desta forma o Oeste ou a conquista do Oeste aparece como uma conseqncia lgica e inevitvel do sonho desenvolvimentista e expansionista norte-americano. Os ndios eram visto como um atraso para a civilizao. Contudo o que os colonos no entendiam era que os ndios tinham sua prpria forma de civilizao, os indgenas no compreendiam a construo de estradas de ferro, canais para facilitar navegao e dentre outros, sua reao natural era o ataque, j que os pioneiros eram os invasores, e na viso dos ndios o selvagem e brutal era o colono. Contudo esta nao almejada pelos pioneiros, seus principais idealistas acreditavam que eram os escolhidos de deus no caso os puritanos na verdade era subsidiada pela iniciativa capitalista, esta nao que segundo consta foi firmada com aspectos de liberdade, tinham por fim apenas o lucro selvagem do capitalista. As companhias que subsidiavam a construo da nao estavam mais interessadas nas riquezas contidas nas terras indgenas do que na formao de uma nao em si. Alm do interesses dos grandes capitalistas representados pelas companhias mineradoras, existia tambm o interesse dos caadores e comerciantes que lucravam matando biso biso este que servia de alimento e vestimenta para os nativos- tais comerciantes lucravam com a pele destes ditos animais.2

Para a formao da nao, e sua expresso desenvolvimentista, criavam a idia de que o indgena era agressivo e selvagem, sem cultura, e que em contrapartida os formadores da ideologia dominantes se colocavam como salvadores aqueles que trariam progresso a civilizao ocidental. O governo norte americano, pressionado pelos polticos e companhias mineradoras, desapropriou sem qualquer critrio humanitrio as terras indgenas, obrigando-os a se contentar com o quem lhes sobrava e a migrar para regies que no apresentavam a menor condio de subsistncia. Tendo que se mudar de regio a outra, os indgenas expulsos tinham que brigar por terras j ocupadas por outros ndios, tendo conflito pela posse territorial.

Identifique as principais idias, afirmaes e argumentos no texto. Descreva como se relacionam entre si.

A principal idia que Sola apresenta no texto a desmistificao do nativo norte americano, a qual nos passado tanto aqui no Brasil como l nos Estados Unidos inclusive nos livros didticos o fato de os indgenas serem apresentados como um estorvo ao desenvolvimento da nao. Sola se preocupa pelo fato de a ideologia capitalista para alcanar seus fins acaba apresentando os nativos como selvagens, depreciando-os para terem uma justificativa moral para poderem abat-los e roubar seus territrios, afirmando estarem praticando uma pacificao, enquanto ao contrrio impem o terror aos indgenas. Sola denuncia a formao dos Estados Unidos como nao s foi possvel por um massacre e uma deflorao da cultura nativa, alm de roubar territrios como os pertencentes ao Mxico. E que alem da violncia fsica praticada pelos colonos atravs das armas e do exrcito a violncia psicolgica atravs do processo de assimilao que o governo colocava como benfico ao ndio j que estava permitindo a introduo do indgena no seu modo de vida que iria distribuir terras para este praticar a agricultura, mas que no fim, queria apenas que estes ocupassem menos territrios, e estes territrios desocupados fosse utilizados com fins capitalistas. Sola relaciona a causa dos negros a dos ndios os colocando como minorias raciais, e que sofrem os mesmo problemas, critica a igreja como aproveitadora tanto da causa indgena quando da causa negra, querendo apenas se impor na opinio pblica, sendo a igreja estatal criticada por ambos.3

Qual a importncia do tema para o autor?

Por no conhecer o autor posso apenas supor o interesse do mesmo sobre o tema, pelo que escreve, este faz uma crtica ao governo norte americano e ao sistema capitalista em si. Faz uma crtica veemente a ideologia da classe dominante que atravs de mentiras e massacres e como estes conseguiram levantar um imprio que forte at hoje. O autor comprometido com a desmistificao da historiografia oficial, este parece ter por objetivo apresentar alternativas para a compreenso da histria, incentivando o leitor a duvidar das fontes oficiais e dos livros didticos em si como verdade nica.

Qual a importncia do tema para o leitor?O texto informa? Esclarece?

O texto a nvel introdutrio excelente, este apresenta um tema que desconhecido pelo estudante sul americano, a obra de Sola nica na Amrica latina, mas uma obra resumida, a qual apresenta aspectos superficiais e introdutrios, mas mesmo assim no perde seu valor didtico, por ser uma obra crtica e despreocupada com a historiografia da classe dominante. A obra importante por tratar aspectos da ideologia norte americana, elucidando que seu modo de ser imperialista no de hoje, e que suas tticas so as mesmas, apresentam mentiras e inculcaes ideolgicas para alcanar seus objetivos. O tema importantssimo para a compreenso histrica num aspecto geral, e de como o modo de ser capitalista se forma e sua de ao por parte da classe dominante. O que mais veio a me interessar no texto foi o movimento dos Red Power a qual acredito tenha sido influenciado pelo movimento de Paris em 1968 e que teve repercusso em vrios pases atravs de diversos tipos e dos grupos de ao direta.

Identifique a questo(ou questes) que o autor apresenta e como procura responde-la(s).Qual (ou quais) a(s) questo(ou questes)que o autor deixa em aberto?4

O autor apresenta os grupos de resistncia e com teor mais radical como os Red Power, este afirma que foram influenciados pelos Panteras Negras e pelos Black Power, contudo o autor no deixa claro se este movimento sofreu alguma influencia de maio de 1968 em Paris a qual foi caracterizado por greves gerais, passeatas qual tinhas posies revolucionrias, ele afirma que o objetivos deste grupo os Red Power brigavam no meio urbano pelos mesmo direitos concedidos aos ndios das reservas, mas no deixa claro se seu objetivo era apenas este, ou se tinham algum teor socialista. Alem de no explicar os motivos da dissoluo destes grupos a partir de meados dos anos 70. Apontar(exemplificando)os senes do autor:por informao insuficiente, por exposio insuficiente e ou por anlise incompleta.

Este item do trabalho se assemelha muito ao item anterior, portanto apenas repriso as colocaes apresentadas no item anterior como senes e informaes insuficientes e anlise incompleta 1.1.Formao dos Estados Unidos e a corrida para o Oeste.

A colonizao inglesa no continente norte-americano teve incio somente no final do sculo XVI, durante o reinado da rainha Elisabeth I.

No dispondo dos recursos necessrios para investir no estabelecimento de colnias, a coroa concedeu a Sri Walter Raleigh, um fidalgo ingls, o direito de explorao e apropriao das riquezas existentes nas terras norte americanas, reservando a si a quinta parte de todo o mineral, ouro e prata que viesse a descobrir.1

Raleigh teve dificuldades de manter a colnia Virgnea, nome dado em homenagem a rainha Elisabeth, a virgem teve constantes ataques dos povos indgenas, que no admitiam a invaso de suas terras, tendo fome, doenas e falta de recursos, arruinando-se. Diante disto, a Inglaterra abandonou temporariamente os seus planos de colonizao.

1

Sola, Jos Antonio.Os ndios norte-americanos:Cinco Sculos de luta e opresso.So Paulo:Moderna, 1995.p.18.

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No comeo do sculo XVII, a Inglaterra governada por Jaime I tenta novamente colonizar o territrio norte americano. Desta vez, os direitos de colonizao no seriam dados a nobres individuais, mas a duas companhias: a de Londres e a de Plymouth. Alm de preencherem todos os requisitos de empresas capitalistas, elas possuam as condies necessrias para arcar com o nus do empreendimento. A companhia de Plymouth foi concedida as terras e o monoplio comercial entre a Flrida, que pertencia Espanha, e o Rio Potomac; de Londres, os territrios existentes entre o Cabo Fear e o atual estado de nova York. Para evitar conflitos de jurisdio entre as companhias, existia, separando as duas concesses, uma regio neutra. Posteriormente, os holandeses, migrando para a Amrica, estabeleceram-se nessa zona intermediria, onde fundaram alguns ncleos coloniais, como a cidade de Nova Amsterd, que daria origem, tempos depois a nova York. Nos sculos XVI e XVII, em virtude da reforma, pases europeus foram abalados pelas perseguies religiosas.Na Inglaterra, onde a reforma tambm teve grande repercusso, a intolerncia religiosa e as perseguies obrigaram centenas de pessoas a buscar meios de deixar o pas.

Durante o primeiro perodo da dinastia Stuart (1603-1642), a perseguio aos puritanos (dissidentes da igreja Anglicana que aderiram aos ensinamentos de Joo Calvino) deu origem aos primeiros fluxos migratrios de famlias inglesas para o continente norte-americano.2

Em novembro de 1620, 102 puritanos, tambm conhecidos como pais peregrinos, desembarcaram na regio de Massachusetts, onde estabeleceram uma colnia. Os primeiros colonos ingleses que aportaram na Amrica do Norte chegam completamente famintos, e s conseguiram sobreviver devido hospitalidade dos ndios, que lhes ofereceram comida. Da o motivo de os norte-americanos comemorarem todos os anos, na ltima quinta feira do ms de novembro, o dia de ao de graas (thanks diving Day), ocasio em que, rememorando tal acontecimento, agradecem deus pelas benes recebidas.2

Ibid., p.19.

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De 1630 a 1642, atendendo a convocao da companhia de Massachusetts, numerosos puritanos deixaram a Europa e partiram para a Amrica, onde estabelece outros ncleos de colonizao, num territrio prximo ao Canad, conhecido a partir de ento como nova Inglaterra. Em 1754, teve incio definio da luta entre ingleses e franceses pela hegemonia dos territrios. A ecloso da guerra dos sete anos (1756-1763) na Europa, entre Frana e Inglaterra, assinalou o desfecho dos conflitos nas colnias.

Pouco a pouco os Ingleses foram obtendo importantes vitrias: em 1758 conquistaram Louisburgo; em 1759 tomaram Quebec, capital da nova Frana; e em 1760 dominaram a cidade de Montreal, abalando sensivelmente o domnio francs no continente.3

No ano de 1763, completamente derrotados, os franceses assinaram o tratado de Paris, pelo que cedia o Canad a Inglaterra e a Lousiana a Espanha. Naquele ano a Inglaterra proibiu os colonos ingleses de tomar posse das terras do Oeste, entre os Montes Apalaches e o rio Mississpe. Com a crise financeira ps guerra dos sete anos, a Inglaterra aumentava os impostos na colnia, dentre outras medidas, aumentando o clima de revolta, e os colonos passaram a lutar pela emancipao poltica das colnias. Assim, no dia 4 de julho de 1776 os colonos ingleses, agora norte-americanos, publicaram a declarao da independncia dos Estados Unidos. Em 1803, o presidente dos estados unidos, Thomas Jefferson, comprou da Frana a Lousiana. Este territrio havia sido retomado da Espanha pelo governo Francs atravs do tratado de Santo Ildefonso. No ano de 1819, os Estados Unidos compraram da Espanha toda a Flrida, teve problemas na compra do Texas, quando proprietrios de terras escravocratas do sul dos Estados Unidos comearam a colonizar o Texas, logo aps a independncia do Mxico. O governo americano, alguns anos antes havia renunciado oficialmente a conquista do Texas, mas neste momento mostrou-se favorvel a sua anexao. O Mxico j havia abolido a escravido em 1829, e se ops a introduo de escravos em suas provncias, em 1835. Os texanos, em sua maioria colonos3

Ibid., p. 20.

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estadunidenses, se rebelaram contra as foras mexicanas, e decretaram a independncia do Texas. Os colonos texanos permaneceram independentes at 1845, quando os Estados Unidos decidiram anexar o Texas, posteriormente, os Estados Unidos, prosseguiram sua poltica de expanso territorial, notificaram o Mxico de que no iria tolerar restries ao deslocamento de colonos estadunidenses para a Califrnia.

Em 1846, em decorrncia das constantes presses dos colonos e das ameaas do governo estadunidense, o Mxico declarou guerra aos Estados Unidos. A guerra terminou em 1848, com a vitria estadunidense.4

Em decorrncia da guerra os mexicanos perderam territrios para os Estados Unidos, como a Califrnia, Nevada, Utah, Texas, algumas partes do Novo Mxico, Arizona, Colorado e Wyoming. Em 1846, ainda dentro do processo de anexao territorial o governo estadunidense, atravs de um tratado com a Inglaterra anexou o territrio do Nordeste, tambm conhecido como Oregon. Durante o processo de colonizao, os pioneiros sempre almejaram o Oeste, no sculo XVII os colonos consideravam como Oeste toda a imensa regio que se encontrava alm dos montes apalaches. A partir do sculo XVIII, quando os colonos ultrapassaram os montes Apalaches, o Oeste se deslocou para as proximidades dos atuais estados do Kentucky e Tenessee. No comeo do sculo XIX, com a aquisio da Lousiana, comeou a expanso na direo desse novo Oeste, no intuito de conquistar a imensa regio situada entre o Mississpe e o pacfico, posteriormente, com a anexao do Texas (1845), e do Oregon (1846) e das terras adquiridas como resultado da guerra com o Mxico (1848), a linha limtrofe do Oeste avanou para aquela regio. Consagrado a partir de ento como velho Oeste (ou Far-West), seria imortalizado, no sculo seguinte, em milhares de livros, filmes, canes e dezenas de lendas e mitos, envolvendo caubis, bandidos, mineradores. Colonos, ndios, cavalaria, etc. A formao dos Estados Unidos se deu tambm, por os colonos se acharem superiores aos nativos, o darwinnismo social de H. Spencer se caracterizou no destino manifesto, em que no campo das relaes sociais, s conseguiriam4

Ibid., p.22.

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sobreviver os elementos mais capazes em detrimentos dos inferiores, no caso, a formao dos Estados Unidos era justa, segundo os pioneiros.

Partindo deste pressuposto, e considerando que pertenciam a uma raa dominante, os norte americanos passaram a impor-se como tal sobre todo o continente.5

Ainda para ilustrar seu projeto expansionista, esta idia de superioridade racial estava enraizada na religio, os puritanos acreditavam que haviam sido escolhidos por deus para atuar como verdadeiros guardies da espcie humana, estando preparados para a guerra final entre as raas, dessa forma, cumprindo a misso que deus lhes reservava destino manifesto deveriam estender seus domnios sobre toda a superfcie da terra. O destino manifesto ajustava-se perfeitamente aos anseios do povo norte americano, legitimava o extermnio e a apropriao de seus territrios, bem como a expanso das fronteiras dos Estados Unidos at o pacfico. Na conquista do Oeste, foi preciso derrotar e expulsar os povos indgenas de seus territrios, como os ndios no estavam dispostos a abandonar suas terras, eles se transformaram no maior obstculo aos interesses expansionistas dos pioneiros e do governo. medida que os pioneiros avanavam na direo do Oeste, protegidos pelo exrcito norte americano, os povos indgenas iam se comprimindo, cada vez mais contra as montanhas rochosas, onde, longe de seus agressores, esperavam encontrar refgio definitivo. Assim no final da primeira metade do sculo XIX, o velho Oeste era a regio que abrigava a maior parte da populao indgena. A corrida para o Oeste visava aquisio de um solo precioso para o pioneiro e se intensificou em dois perodos: Primeiro com o ouro 1848-1860 (vinculao do solo baseava-se na descoberta do ouro). Segunda fase 1865 1890 (minerao, criao de gado e agricultura). Uma nova lei intensificaria a corrida para o Oeste, em 1862, tal lei permitia que qualquer pessoa com mais de 21 anos de idade, estadunidense ou imigrante, adquirisse um lote de 160 acres (64 hectares) pela quantia de 10 dlares.5

Ibid.,p.23.

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Esse novo direcionamento poltico no pretendia apenas saciar a fome de terra dos pioneiros, mas tambm atender s presses exercidas pelos polticos, autoridades municipais, agentes imobilirios, companhias de estrada de ferro e de minerao, que apostavam na rpida valorizao das terras do Oeste, onde esperavam investir e ampliar seu capital.6

Com o rpido avano das ferrovias, em menos de trs anos, milhares de pessoas comearam a invadir o Oeste, regio at ento, pertencente exclusivamente aos povos indgenas. Como resposta a invaso de suas terras, os ndios comearam a atacar os ncleos de pioneiros. A partir de 1865 o governo coloca o exrcito como apoio no avano dos pioneiros pacificao do Oeste.

1.2. O extermnio das comunidades tnicas.

Como j foi dito, os nativos eram vistos como um atraso para a formao da nao, nao esta que era subsidiada por grandes indstrias capitalistas, em que seu ideal nada mais era do que obteno de lucro. Esta forma de extermnio iria perdurar at nosso tempo, contudo, tal extermnio foi radical na poca da colonizao. Vrios fatores levaram as comunidades indgenas extino, j nos primeiros contatos com o europeu a cultura indgena na sua forma originria j estaria maculada. A simples introduo de objetos, animais, armas, lcool, religio, desviaria culturalmente os nativos levando-os a runa. Em suma, j no primeiro contato com o europeu, o modo de vida indgena j estaria modificado de alguma forma, afirmo que com o contato com o europeu sua cultura estaria modificada, mas no eliminada, j que at os dias de hoje, as diversas etnias lutam para manter suas tradies. O trabalho missionrio visava assimilao dos valores europeus por parte dos indgenas, sendo que os missionrios contavam com o apoio do governo.

6

Ibid.,p.26.

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A principal tarefa dos missionrios consistia em pregar os ensinamentos da bblia e convencer os ndios da importncia do cristianismo em suas vidas, procurando desta forma, eliminar, um a um, todos os valores pagos.7

O projeto de assimilao facilitou o extermnio de etnias indgenas, tal projeto de assimilao se propagou atravs da religio, mas com relao assimilao falaremos mais adiante. As armas de fogo tambm foram preponderantes com relao ao extermnio tnico. Os ndios no roubavam as armas, eles conseguiam via transaes comerciais com os colonos e comerciantes, que as trocavam por pele de biso, lobo castor, etc. Outra forma de obterem armas era a partir de alianas com os franceses ou ingleses, alm das transaes comerciais com os negociantes de peles, os povos indgenas passaram a receber as armas do prprio Departamento de assuntos indgenas, que lhes forneciam espingardas de repetio para poderem efetuar suas caadas.

Pode parecer absurdo o fato de um Departamento do governo municiar os povos indgenas com um armamento superior ao do exrcito. Essas armas de repetio s lhes foram entregues porque eram ideais para o abate de animais de grande porte como o biso, cuja pele, por ter um enorme valor no mercado, representava um lucrativo negcio.8

Tal caa desenfreada ao biso levou ao desaparecimento destes, levando inmeros povos indgenas runa, levando-os a migraes desenfreadas a busca de melhores regies para a caada, j que suas comunidades dependiam disto.

Alm de os ndios ficarem subordinados aos interesses dos comerciantes de pele, a intensificao dos abates, associada matana indiscriminada praticada pelos pioneiros e traficantes, provocou a rpida extino de vrias espcies de animais, alterando significativamente a relao das tribos com a natureza.97

Ibid.,p.27. Ibid.,p.33 Ibid.,p.33

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medida que os pioneiros avanavam para o interior do continente, os povos indgenas iam sendo obrigados, pela fora das armas, a abandonar seus territrios e se instalar em outras regies. No incio de 1865, eram raros os povos indgenas que continuavam vivendo em seus territrios de origem. As migraes acabaram transformando completamente o modo de vida dos ndios. Confinados em regies extremamente pobres, imprprias agricultura e caa, os povos indgenas passaram a defender das raes distribudas pelo governo. Tudo isso veio a desfigurar sua organizao social e seus principais traos culturais, conseqentemente as etnias indgenas viriam a se extinguir principalmente pelos confrontos com o exrcito estadunidense, por causa das constantes migraes, e tambm pelas doenas transmitidas pelos colonos. A partir do sculo XIX, os governos dos estados Unidos decidiram criar, numa parte da Lousiana, o chamado territrio indgena, com a finalidade de agrupar diversos povos indgenas agrupar etnias diferentes acabaria desfigurando e eliminando traos culturais e tnicos numa mesma regio. O processo de expanso territorial dos Estados Unidos, sobretudo a partir da conquista do Oeste, representou um perodo de incrvel violncia contra os povos indgenas, que no admitiam o estabelecimento de ncleos de povoamento em suas terras. Em suma, a marcha para o Oeste, ou a conquista do Oeste que era em determinada poca o principal objetivo dos pioneiros que para a conquista deste territrio, tinha que derrotar e expulsar as comunidades indgenas ali residentes. S atravs da eliminao de diversas etnias este progresso, este processo de colonizao seria possvel, o que eles chamavam de pacificao, para o outro lado era em uma palavra denominado de terror. Como os ndios no estavam dispostos a abandonar seus territrios o embate era impossvel de no acontecer, resultando em baixar enormes para os nativos e eliminao de diversas etnias.

1.3.A transfigurao do modo de vida indgena.

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Como j foi dito, a introduo de novos fatores a cultura indgena mudaram seu modo de vida e ajudaram a extermin-los tambm. Ou seja, o cristianismo, o cavalo, o lcool, as armas de fogo, alem de transfigurarem o seu modo de vida, tambm os levaria a runa, como analisaremos a seguir. Os missionrios, com o apoio do governo e com sua caracterstica hipocrisia introduziram ou melhor, coagiram os ndios a seguir uma nova religio em detrimento da sua ou melhor, uma nova religio no, havia um leque de opes da mesma religio para os nativos catlica, luterana, anglicana, etc e os ndios viriam a desconfiar de toda esta patifaria.

Irmos, voc diz que h s uma maneira de louvar e servir ao grande esprito. Mas se existe uma s religio, porque os brancos divergem tanto a respeito dela? Por que no esto todos de acordo se lem o mesmo livro? (...) Irmo, no queremos destruir sua religio nem tir-la de voc, queremos apenas continuar a nossa.10

O que viria a seguir seria um sincretismo religioso, j que as atuais crenas indgenas no satisfaziam suas necessidades atuais, j que atravs de seus ritos, pediam que os brancos fossem embora e no eram atendidos, por causa disto comearam a usar a religio do colono, j que os indgenas viam o poder do homem branco a partir de suas armas e cavalos e acreditavam que este deus que os guiava era mais forte que o seu. Para forar os indgenas a assimilar os novos valores, as provises enviadas pelo governo s seriam entregues se estes aceitassem a nova religio. Outro fator que modificou o modo de vida indgena foi o cavalo. Os espanhis que desembarcaram na regio do golfo do Mxico foram responsveis pela introduo do cavalo na Amrica do norte. Estes animais, deixados a solta e com extensas pastagens sua disposio, em pouco tempo se multiplicaram, dando origem a uma imensa reserva de eqinos, que se espalhou por toda a Amrica do norte. O uso do cavalo tornou-se to comum na Amrica do norte que vrios povos indgenas j os possuam antes mesmo de manterem os primeiros contatos com os colonos.

10

Ibid.,p.28

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O cavalo facilitou a vida dos indgenas, encurtou o tempo das caminhadas e facilitou a caa. Desse modo, a captura de um animal, ao de vrios dias ou mesmo semanas, passou a ser feito em poucas horas. Graas aos cavalos, os ndios da plancie aprimoraram tambm as tticas de combate, o cavalo beneficiou principalmente os povos nmades, que passaram a transportar com segurana, comodidade e rapidez os seus utenslios, tendas, as mulheres, os doentes e as crianas. O cavalo em si, transformou o modo de vida indgena, mas trouxe mais prs do que contras, o prximo item desta lista que mudaria a cultura indgena o lcool, que junto com a religio, trouxe enormes malefcios a sua cultura e contribuiu para a sua runa.

As pessoas vo igreja pelos mesmos motivos que vo taverna: para estupefazerem-se, para esquecerem-se de sua misria, para imaginarem-se, de algum modo, livres e felizes."11

O lcool provocou uma rpida degenerao e degradao dos valores sociais dos povos indgenas, estes tinham j algum conhecimento sobre bebidas alcolicas produzidas base de fermentao. o caso dos povos do Arizona e do Novo Mxico, onde o consumo do licor de milho era muito difundido entre alguns povos. Os ndios passaram a consumir bebidas alcolicas principalmente usque e licores, a partir dos primeiros tragos oferecidos pelos colonizadores. Estes aderiram de imediato ao consumo de bebidas alcolicas, pois acreditavam que o estado de embriaguez lhes possibilitaria entrar em contato com o mundo dos espritos. O lcool, alm de viciar os ndios, principalmente os mais jovens, acabou provocando a desordem social, uma vez que multiplicou o nmero de pessoas desocupadas e delinqentes. Aps beberem em excesso os ndios caam na algazarra, ofendiam-se e agrediam-se mutuamente, desacatavam seus chefes, que eram contra a introduo de bebidas alcolicas no acampamento, e deixavam de cumprir suas obrigaes dirias. Conseqentemente, o acampamento indgena, onde antes predominava o silncio, o respeito mtuo, o trabalho organizado, a mais rgida norma de11

Bakunin, Mikael.Deus e o Estado.Imaginrio.So Paulo.2000.p.52

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comportamento social, passou a conviver com sucessivos conflitos e discusses entre seus membros.

Posteriormente, com o confinamento dos povos indgenas em reservas, as autoridades governamentais se mostraram incapazes de combater o trfico de bebidas. E uma vez que nas reservas os ndios viviam como verdadeiros prisioneiros de guerra, o lcool passou a representar um meio de fuga da realidade que os oprimia.12

Outro fator que contribuiu para a modificao dos modos indgenas foi a arma de fogo. Como j foi dito anteriormente, os ndios no roubavam as armas de fogo, mas as conseguiam licitamente de diversas maneiras, em transaes comerciais com os colonos, as conseguiam dos ingleses e franceses, ou as recebia do governo para abater bises e obter lucro capitalista para os colonos e o estado. Mas o que est em voga aqui como as armas de fogo modificaram culturalmente os indgenas, a necessidade de igualar-se, em termos de fora e poder, ao invasor branco, de forma a defender seu modo de vida e sua cultura.

Se, por um lado, a aquisio das armas de fogo beneficiou os povos indgenas, tanto na guerra como na caa, conferindo-lhes um novo sentimento de foras e poder, por outro alterou consideravelmente seu modo de vida tradicional.13

1.4.A caracterstica da poltica de Assimilao.

Os Estados Unidos tinham interesse em transformar os ndios em agricultores e desta forma aproveitar as reservas ao mximo, j que se fossem assimilados deixariam de serem ndios e o governo no teria gastos com os mesmo sua meta fundamental era promover, atravs da distribuio de lotes de terra a integrao dos ndios na sociedade norte americana, forando-os a se adaptar a uma estrutura socioeconmica rural.12

IBID.,p.32 Ibid.,p.33

13

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O congresso acreditava que os ndios, ao receber o ttulo de propriedade dos respectivos lotes, abandonariam o seu modo de vida e se converteriam em pequenos agricultores. Pretendiam, assim, projetar sobre os povos indgenas os valores do sistema de propriedade capitalista, obrigando-os a assimilar valores scios culturais da sociedade branca tais como vestimentas, idioma, religio, deixando de lado suas antigas tradies. O argumento desta prtica era promover a integrao do elemento indgena na sociedade norte americana atravs de sua completa assimilao. Mas o objetivo era o de extinguir o sistema de reservas em todo o pas e eliminar, por meio da assimilao a cultura indgena. O mecanismo desta assimilao pretendia dividir o territrio indgena em 160 acres, como os ndios possuam na ocasio 135 milhes de acres, o congresso sabia que com tal atitude sobraria muita terra para o governo federal, entregando-os aos colonos. E ainda, se aproveitando do fato de praticar a boas ao de dar lotes de terras aos indgenas individualmente, s teria o direito de ser roubado pelo estado o nativo que renunciassem a sua religio, lngua e costumes e concordassem em ser assimilados, ou seja, aceitassem os valores culturais da sociedade dominante. Alm de tudo isso fazia uma tortura psicolgica aos nativos torturar com eles mesmos, j que os torturadores daqui tiveram aulas com os meganhas americanos tinham por interesse acabar com a ao estima e o orgulho indgena, obrigando-s a cortar o cabelo, mudar suas roupas usuais, e mudar de moradias, j que segundo os rgos de sade eram suas residncias que causavam a mortalidade excessiva dos nativos. Obrigavam as tribos caadoras a cultivar a terra, e o governo incentivava os indgenas a depositar seu dinheiro em bancos no caso os ndios foram usados como cobaias para este experimento, j que eram poucos os pioneiros que possuam contas em bancos. Alm de proibir os nativos de praticarem seus rituais, as crianas indgenas eram levadas a internatos com a finalidade de eliminar completamente a cultura indgena, alm de seus nomes originais serem substitudos por nomes anglicanos. O resultado desta poltica de assimilao resultava no suicdio de vrios indgenas:

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O confinamento nas reservas, a pobreza alarmante, a falta de perspectivas para o futuro, a desagregao social e cultural foram s principais causas que conduziram os ndios ao suicdio.14

1.5.A poltica de Terminao e a campanha pelos direitos civis.

A crise de 1929 chamada de a grande depresso, que persistiu ao longo dos anos 30 que terminaria apenas com a segunda guerra mundial exigiram do governo Norte Americano uma interveno na economia, com aumentos de impostos e a ateno concedida classe trabalhadora desencadearia uma forte oposio por parte da classe dominante e das alas conservadoras dos partidos republicano e democrata, que passaram a ver Roosevelt como um perigoso socialista. Em 1934 nenhum progresso se fez nas reservas indgenas, estando seus habitantes numa situao desesperadora. O presidente Roosevelt aprovou ento o decreto de Reorganizao ndia, cancelando a lei e a poltica de assimilao. A reformulao da poltica indigenista visava promover uma nova integrao dos ndios na sociedade, a partir do reconhecimento de sua cultura na sociedade, de seus direitos civis e da plena autonomia das reservas.

O decreto, popularmente conhecido como Decreto de Wheeler-Howard, foi planejado por John Collier, um antroplogo liberal de renome que, ao ser comissionado no Departamento de Assuntos Indgenas, deu um novo rumo poltica indigenista norte-americana.15

Collier olhou o ndio como uma pessoa comum, semelhante a qualquer cidado norte americano, diferenciando-se apenas pelo seu estgio de desenvolvimento social e cultural. Segundo essa nova orientao, o ndio deveria ser tratado e respeitado como um componente de uma realidade especfica, no devendo, portanto, recorrer a qualificao de selvagem ou primitivo, e muito menos ser obrigado a assimilar os padres civilizados da sociedade urbana industrial.14

Ibid.,p.59 Ibid.,p.63

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Collier propunha um Status legal para o indgena, sendo inadmissvel a idia de transformar o ndio em homem branco, pois eles tinham seus prprios padres culturais, os quais deveriam ser preservados e analisados criteriosamente pelos antroplogos e socilogos. Enquanto ser consciente e inteligente, o indgena deveria escolher livremente o rumo que daria a sua vida, permanecer nas reservas ou mudar-se para as cidades, onde teria, enquanto cidado livre, todos os seus direitos assegurados. Parecia que as coisas estavam melhorando para os indgenas, mas a partir dos anos 40 retoma-se o processo de assimilao pelos mesmos objetivos anteriormente expostos. Esse retrocesso abalou seriamente todo o avano alcanado pelas comunidades indgenas. Apesar de se consolidar com o presidente Eisenhower (1952), teve sua origem no governo Roosevelt. Afinal o senado, que sempre esteve atrelado aos interesses das grandes companhias mineradoras, agrcolas e imobilirias, jamais compartilharia os ideais da poltica de reabilitao indgena, assumindo desde o incio uma ferrenha oposio aos programas elaborados por Collier. Para o senado, era simplesmente inconcebvel e absurda a existncia de uma lei legitimando a autodeterminao das reservas principalmente quando elas j se encontravam em vias de extino e a restituio das terras indgenas.

No entanto com a segunda guerra mundial e a posse, em 1945, do vice presidente Harry Truman em virtude da morte de Roosevelt, a poltica indigenista sofreu profundas alteraes.16

Temendo a difuso das idias socialistas nos pas, o congresso, constitudo em sua maioria por representantes da classe mdia ascendente, passou a defender a alterao ou mesmo a revogao de vrias disposies propostas por Collier, por consider-las esquerdistas.

Embora Truman pretendesse dar continuidade s reformas iniciadas durante o New Deal, o congresso, dominado por uma forte coalizo conservadora de polticos tanto do partido Republicano como do Democrata do Sul, obstrua qualquer proposta nesse sentido.1716

Ibid.,p.68

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Diante desta nova realidade poltica e econmica, o senado aprovou em 1947 uma srie de medidas para reduzir os gastos internos do governo, sendo seu alvo principal a poltica indigenista vigente. Alm disso, consideravam inconcebvel a coexistncia, no pas de dois sistemas distintos: a propriedade capitalista e a propriedade coletiva indgena (comunismo primitivo). Principalmente quando alguns dos territrios indgenas estavam extremamente valorizados, em decorrncia de suas riquezas minerais. Em 1950, Dillon Meyer, que estava comissionado no Departamento de Assuntos Indgenas, por nomeao do presidente Truman, deu continuidade poltica de terminao iniciando a retirada indiscriminada de vrios povos da custdia federal. Sendo direcionada para a dissoluo das instituies indgenas, passando a incentivar os ndios a assimilar os padres socioculturais da sociedade dominante. Com a vitria dos republicanos em 1952 o objetivo era extinguir o quanto antes o departamento, retirando o maior nmero possvel de povos do amparo federal, tarefa que pretendiam concluir antes das eleies de 1956. Sempre que um povo necessitasse de uma legislao para receber alguma quantia em dinheiro ou para explorar seus recursos, era obrigado a submeterse a um projeto de terminao para obter um direito que era assegurado por lei. Mesmo quando fica claro que a poltica de terminao era incapaz de sanar qualquer problema indgena e de conduzir as reservas para a auto-suficincia, o congresso, em vez de revog-las, continuou aplicando-a indiscriminadamente contra os povos. A terminao s foi extremamente eficiente no objetivo de extorquir os territrios indgenas.

Essa poltica nada mais foi que uma declarao de guerra contra todos os povos, uma guerra que, em vez de armas de fogo, utilizou uma legislao, certamente um meio moderno e eficiente, para extinguir as reservas e tomar os territrios indgenas, deixando seqelas ainda hoje presentes na populao indgena dos Estados Unidos.1817

Ibid.,p.69

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1.6. A questo indgena no final do sculo XX.

As dcadas de 50 e 60 foram marcadas por uma srie de campanhas e manifestaes de protesto contra a discriminao e as pssimas condies de habitao, higiene, assistncia mdico-odontolgico, ensino e trabalho que envolvia as minorias tnicas. Sendo os negros relativamente mais pobres, sofreram mais duramente o corte e a limitao dos subsdios governamentais, o que agravou ainda mais a crise socioeconmica que afligia essa minoria. Martin Luther King desempenhou um papel extremamente importante no movimento de integrao do negro na sociedade norte americana. O crescimento do movimento negro, a crise econmica e o desemprego marcariam o segundo mandato do governo de Eisenhower e acabariam contribuindo para a vitria de John F. Kennedy. Kennedy se colocou claramente a favor da aplicao dos direitos civis, chegando inclusive a admitir negros para os cargos superiores da administrao federal e da justia. Isso estimulou o movimento em defesa da igualdade de direitos sociais que se multiplicavam de norte a sul do pas.18

Ibid.,p.75

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Apesar de segregados em restaurantes e nos meios de transporte pblico, tal como os negros, os ndios recebiam um tratamento diferenciado por parte do governo federal.

Os negros, desde o princpio, foram considerados pelos colonizadores como uma coisa, um objeto cujo proprietrio podia vender, trocar ou alugar, e um instrumento vivo de trabalho, como um boi ou um cavalo. J os ndios eram tidos como seres rudes, incultos e anti-sociais, que, alm de no se adaptarem ao trabalho forado, representavam um perigoso obstculo ao expansionismo desenvolvimentista norte-americano.19

Negros e ndios estiveram historicamente separados em duas categorias distintas: animais de trabalho e animais selvagens. Atravs da poltica de assimilao, ao contrrio dos negros, eles puderam freqentar as escolas, os hospitais e os ligares pblicos de lazer.

Durante o sculo XIX, vrios estados, conceituando os ndios como um ser semelhante ao branco, elaboraram leis relativas aos direitos civis, distinguindoos claramente dos negros.20

Quanto relao entre ndios e negros, no havia o preconceito recproco, ou seja, no se viam com o olhar da ideologia dominante.

As igrejas nacionais que, no passado, haviam concentrado todas as suas energias na converso dos ndios ao cristianismo , durante a vigncia da poltica de terminao, abandonaram os povos indgenas, na dcada de 50 passaram a direcionar todos os programas de suas parquias para atender as comunidades negras.21

Somente a partir da segunda metade do sculo XX, quando o movimento em prol dos direitos civis das comunidades indgenas adquiriu fora, que as19

Ibid.,p.78 Ibid.,p.79 IBID.,p.80

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igrejas, alterando novamente as suas diretrizes, incluram tambm os ndios nos seus programas. Este tipo de posicionamento adotado pelas instituies religiosas foi considerado por negros e ndios como um ato oportunista e hipcrita. As igrejas estavam mais preocupadas com a opinio pblica do que com a questo dos direitos civis. Alem do mais, durante o perodo de escravido negra ou de vigncia poltica de terminao, quando os negros e os ndios mais precisavam de ajuda, nenhuma instituio religiosa assumiu a defesa de seus direitos civis. Com a problemtica interna de cada reserva era especfica, enquanto algumas lutavam nos tribunais para que os seus direitos de pesca fossem respeitados, outras tentaram preservar suas tradies ou recuperar antigas possesses territoriais. Os conselhos indgenas, temendo que a juno de questes distintas pudesse retardar o encaminhamento das medidas governamentais ou provocar sua insolubilidade, passaram a se preocupar exclusivamente com os problemas de suas respectivas comunidades. As diferenas culturais e as rivalidades histricas contriburam para obstruir a criao de uma unidade indgena, com isso as reservas buscavam sadas individuais. Outra dificuldade eram as rivalidades histricas, somente quando dois ou mais povos, geralmente de um mesmo territrio estavam sendo afetados por problemas semelhantes que se associavam para unificar as suas reivindicaes. Ademais, para os chefes indgenas, era inconcebvel a idia de que uma organizao nacional, em funo da diversidade cultural, viesse a solucionar de maneira rpida e eficiente os seus problemas locais. Os chefes das comunidades indgenas eram contra qualquer tipo de protesto ou manifestao pblica, estes foram totalmente contra a Marcha da Pobreza sobre Washington, que era organizada por Martin Luther King. Para a populao indgena, de uma maneira geral, a presena de um grupo de ndios na dita marcha significaria uma rendio perante a sociedade branca. Rendio porque os militantes estavam reivindicando para as camadas mais pobres da populao a mesma condio social da classe, ou seja, reclamariam para si os valores socioeconmicos das camadas dominantes. O congresso nacional dos ndios americanos, que era controlado por chefes indgenas tradicionalistas, se negou veementemente a aderir Campanha dos22

Pobres, alegando que as reivindicaes do movimento eram excessivamente superficiais para produzir algum benefcio no interior das reservas. Mas na verdade no estavam reivindicando o mesmo padro social da classe mdia, mas lutando para que os seus direitos de pesca, firmado em antigos tratados fossem respeitados. No estavam lutando para ser como os brancos, em termos de semelhana e cultura, mas sim pela igualdade de direitos, com a finalidade de viver com dignidade e de poder integrar livremente a sociedade norte-americana. Ainda com relao a unificao dos ndios num nico grupo coeso, o departamento do interior chamava de utopia, pois os ndios jamais conseguiriam obter uma uniformidade de objetivos em seus programas. Em 1967, uma grande parcela da populao indgena se encontrava nos grandes centros urbanos norte americanos, sendo Minneapolis a capital do Minesota a cidade que abrigava o maior nmero de ndios.

Como as reservas, por estarem imersas numa profunda crise socioeconmica provocada pela falta de verbas, no tinham condies de oferecer a seus habitantes os mnimos benefcios do progresso (algumas no possuam sequer gua e iluminao), os ndios fugindo da pobreza, dirigiram-se para as cidades onde esperavam encontrar melhores condies de vida e maiores chances de emprego. 22

As cidades exigiam especializao profissional e os ndios no a possuam, alm disso, com exceo da construo civil, todos os demais empregos estavam vetados aos ndios em virtude do preconceito racial. Dessa forma os emigrados indgenas acabavam tendo de se sujeitar a pequenos servios mal remunerados e sem proteo da legislao. Apesar das precrias condies sociais em que se encontravam, os emigrados indgenas continuaram vivendo nas cidades. Enquanto os ndios urbanos exigiam uma reformulao total na poltica indigenista urbana, os chefes indgenas estavam preocupados com a autodeterminao dos povos e com a elaborao de uma legislao que impedisse a venda dos territrios indgenas das reservas pelos ndios que no viviam no interior. Como o governo no apresentava nenhuma proposta coerente problemtica urbana, os movimentos indgenas foram se radicalizando.22

Ibid.,p.92

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Alm disso, os ndios urbanos , ao contrrio daqueles que viviam em reservas, nada tinham a perder com o radicalismo e sabiam que somente atravs de uma militncia atuante conseguiriam atingir seus objetivos. Exigiam as mesmas garantias que eram atribudas aos habitantes das reservas, o movimento indgena iniciado em Minneapolis, alastrou-se por diversas cidades e em pouco tempo j eram conhecidos como Red Power. Os ndios mais contestadores, geralmente estavam dentro da faixa etria de 17 at 26 anos, passando a questionar a disciplina e a obedincia aos chefes indgenas.

Entre os chefes indgenas mais visados pela ao do Red Power estava a dos navajos, por ter permitido que empresas particulares explorassem o carvo betuminoso existente no territrio do seu povo. Portanto, nota-se claramente que os ndios urbanos engajados no Red Power no s havia desenvolvido uma compreenso da explorao capitalista, como tambm da existncia de uma poltica classista.23

Em uma de suas aes mais radicais, os Red Power invadiram a ilha de Alcatraz, o grupo justificava a invaso baseados num antigo tratado, segundo o qual a lei assegurava aos ndios o pleno direito de ocupar qualquer territrio que estivesse desocupado ou abandonado pelos Estados Unidos era o caso da ilha de Alcatraz naquele momento. Com a finalidade de acabar com os movimentos de protesto que ameaavam eclodir, o presidente dos estados Unidos, Richard Nixon resolveu atender algumas reivindicaes dos grupos protestantes e dos grupos indgenas legais, a partir de 1971. Nixon nomeou um ndio chamado Louis Bruce para a direo do departamento de Assuntos Indgenas, restituiu aos ndios os 48 mil acres de terra ao ceder rea do Lago Azul (a regio sagrada de vrios povos), no Novo Mxico, e cancelar a lei de Eisenhawer. A vida ativa do Red Power se estendera somente at a metade dos anos 70, pois, em virtude das divergncias que iam surgindo a maioria dos ndios acabou se desligando do movimento. A dcada de 70 se caracterizou pelo empobrecimento crescente de todas as reservas e pela marginalizao social do ndio urbano, atualmente, devido a falta de verbas, de assistncia social e mdico sanitria, a situao das23

Ibid.,p.97

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reservas desesperadora, estando seus habitantes a merc das intempries, da fome e das doenas. Em 1988 foi aprovada uma lei federal concedendo aos ndios o direito de operar cassinos em suas reservas, a lei, apesar de sujeit-los a algumas taxas, isentava-os de pagamento de impostos referentes a esta atividade.Contudo s foram beneficiadas as reservas a qual o jogo era permitido. A situao indgena nesta poca no era nada boa, a expectativa de vida nas reservas de 45 anos, sendo o alcoolismo o principal responsvel pelos ndices de suicdio. Alm de todos estes agravantes a populao local parece no respeitar os povos indgenas, em um caso tiveram que enfrentar a polcia e o exrcito por serem contra o jogo de golfe nas sepulturas de seus antepassados em Quebec. Em outro caso, apesar de passar fiao eltrica por cima da reserva algumas delas no tinham energia, para sobreviver a tudo isso algumas comunidades tiveram que se tornar atrao turstica para poder sobreviver. Os ndios so a minoria racial mais necessitada e isolada dos Estados Unidos, ocupando sempre as ltimas colocaes nos nveis de emprego, salrio, educao e sade.

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Consideraes finais

Hoje tudo espetculo, a causa indgena espetaculosa, exemplo disto o bisneto de Gernimo Harlyn Gernimo a qual usa o nome de seu antepassado, no qualquer um, mas um daqueles que mais se destacou contra a opresso branca, por motivos fteis, este afirma que defende a causa indgena e de preservao ecolgica, mas o que deixa transparecer que parece estar mais interessado que a mdia estadunidense lhe d migalhas em sua grade de mentiras, diz que esto falando mais deles, atravs de seriados de TV. Este apresenta um livro a qual idolatra seu bisav como um semideus, que ao que indica parece estar mais interessado na venda do livro do que na causa indgena em si. Harlyn transferiu o objetivo da classe indgena, que todos ns sabemos o respeito e a igualdade de direitos equivalente aos dos cidados brancos em si, como o direito a recuperar suas posses territoriais a muito roubada pela classe dominante estadunidense, para a recuperao da ossada do seu bisav, que digamos de passagem uma causa ftil e desnecessria enquanto milhes de indgenas passam por necessidade. O respeito pela causa indgena hoje por parte do governo norte americano, to grande que usaram como codinome da ao mentirosa armada para o assassinato que ningum sabe se existiu realmente ou se foi mais uma tramia do governo americano do lder terrorista numero um do mundo, o nome de Gernimo, desrespeitando toda a classe indgena e inclusive os prprios militares amerndios que lutaram pela causa americanas tanto na 2 guerra como nos confrontos imperialistas no oriente mdio. No existe problema algum em divulgar um livro sobre seu antepassado, mas o problema no reside ai, se fosse um material que ajudasse a causa indgena26

em si, tal material nem seria publicado, s o permitem porque tal material provavelmente no apresenta nada que seja til a causa indgena trata-se de mais um livro de auto-ajuda, que no acrescenta em nada e serve para o estpido homem branco americano continue a no saber nada sobre a causa indgena -. A crtica reside no fato de descaracterizarem o feito de Gernimo como um grande defensor da causa indgena, sendo que este viveu como prisioneiro de guerra at o ltimo de seus dias. A ideologia da classe dominante faz da imagem de Gernimo uma caricatura do que realmente , ridicularizam sua causa atravs desta descaracterizao, assim como fazem com a imagem de Che Guevara, vendem a imagem de um semideus, com poderes especiais apesar de os indgenas e dos colonos acreditarem nisso mas omitem seu poder efetivo de luta, que muito forte, se for seguido a risca pela classe indgena. A classe dominante vai inculcar a idia de que ningum passa por necessidade, e que o mundo vai bem, obrigado, ou seja, tentam dissimular a realidade, usando fantoches para descaracterizar a luta neste caso o neto de Gernimo ou afirmando que os peles vermelhas esto bem, usufruindo de um dinheiro proporcionado pelos Cassinos, talvez estejam, mas apenas uma pequena minoria, com certeza, j que para que o capitalismo prospere existe a necessidade da pobreza e as benesses deste sistema aproveitado por poucos, e para que o mundo veja que os Estados Unidos so uma democracia exemplar, mostraro ao mundo e com o apoio das mdias burguesas locais como a revista veja no Brasil que so justos para com seu povo, mostraro atravs de filmes e documentrios uma mentira e no a verdade como ela em si afirmo isto em todos os segmentos e no apenas na causa indgena norte americana a sociedade do espetculo ira afirmar que vivemos em uma poca da modernidade, e que, at os primitivos ndios como aponta o texto da veja usufruem desta modernidade oferecida pelo sistema capitalista atravs de um lucro que ao que indica a reportagem, acaba com todos os infortnios dos indgenas que em sua essncia uma mentira, mentira assim como tudo que divulgado pelo governo americano, o governo americano se mantm at hoje, as custa de mentiras e massacres. A classe dominante americana viu o poder que a classe indgena tem atravs das aes do Red Power aluso aos Black Power, Panteras Negras no a toa que o ento presidente Nixon atendeu a algumas reivindicaes para acalmar os nimos dos ndios com esprito de luta o verdadeiro esprito indgena, que descaracterizado pela ideologia da classe dominante, com o intuito de desmobilizar a classe esta elite americana, sabe do poder da classe indgena, no a toa que veio a ridicularizar e chamar de utopia qualquer27

unificao indgena, pois estes sabem que se estes formassem um bloco nico sua fora seriam bem maior. Mas como a histria caminha junto, todo o movimento de 1968 que era mundial -, que duraria at meados dos anos 70, acabaria por extinguir os Red Power, os Black Power, e todo grupo de ao direta no mundo, inclusive na Amrica ltica com todo o movimento ou a luta armada em si contra os regimes totalitrios militares que eram representantes dos mesmos opressores dos nativos norte americanos. Estas extines de qualquer tipo de luta se deram atravs da intensificao desta sociedade do espetculo a qual reina a democracia e as lutas, sejam elas quais forem, sero desacreditadas e trocadas por mercadorias de que no fundo no precisamos.

Referncias

Sola, Jos Antonio.Os ndios norte-americanos:Cinco Sculos de luta e opresso.So Paulo:Moderna, 1995 Bakunin, Mikhail. Deus e o Estado.So Paulo,Imaginrio,2000 Pedro, Martine.A revanche de Gernimo.Histria Viva, ano VIII, n.91, p.51-55. HTTP:

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