trabalho cleber - texto a rampa

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Trabalho de Luísa Camargo sobre o texto "A Rampa (bis)" de Serge Daney, para uma disciplina do primeiro semestre do curso de Audiovisual no Centro Universitário Senac

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Page 1: Trabalho Cleber - Texto A Rampa

Fundamentos da Imagem

Luísa Camargo - Turma B

13.04.15

Professor Cléber

Análise do Texto "A Rampa" de Serge Daney Pontos Importantes

1- O cinema mudou após a introdução do som e da fala. As orquestras ao vivo e as encenações teatrais tiveram que mudar de posição e se reinventar. Com isso o cinema seria apenas uma tela, e só. Porém o cinema clássico vem com a introdução de uma profundidade cênica (e também narrativa) onde a estética foge da teatral e se confunde com a vida real, onde há segredos e coisas para serem descobertas.

2- O cinema clássico disponibiliza um final feliz onde o espectador se delicia com as falsas soluções (superficiais) que o filme propõe, fazendo com que quem assiste queira voltar para assistir mais um filme, que seria parecido com este primeiro. Então este tipo de cinema cativa os espectadores sem deixá-los com "problemas" para pensar ou resolver ao final do filme.

3- Hitchcock como diferente disso. Mostra tudo que há para mostrar, porém com truques de olhar e de câmera, sendo que nem tudo parece revelado, no fim há surpresas e reviravoltas e coisas são reveladas de forma inusitada, a imagem é devolvida ao espectador como uma bala ou uma chicoteada para surpreender.

4- O cinema moderno se destaca por quebrar com essa profundidade de cena, esses truques, ângulos ilusórios, etc. Ele também não tem o final feliz esperado como existe no cinema clássico. Ele praticamente mostra que aquilo é um filme. Surge no pós-guerra, quando as pessoas já foram manipuladas (em massa) demasiadamente, foram destruídas e passam por tristezas. Este cinema moderno propõe deixar tudo claro, sem cativar os espectadores da mesma forma do clássico, deixando finais incertos, estranhos, surpreendentes, etc.

5- O olhar não é mais sobre algo que há para ser descoberto, mas algo (talvez horrorizante) que estivesse bem em sua frente, mostrando uma verdade áspera. Os cineastas modernos dos anos 70 eram um pouco mais sintéticos e mostravam mais a forma como o cinema era feito do que ressaltar a desconstrução da ilusão como faziam os pioneiros deste cinema. Precede o Barroco, que se coloca num lugar de posicionar o espectador de forma com que ele fique em um local que não é nem o cinema, nem o teatro, porém em algo entre eles, o estúdio. Uso de efeitos especiais, tema sobrenatural, etc.

Entendimento Geral O texto discute sobre os aspectos do cinema clássico em contraposição com o cinema

moderno. Os pontos abordados são sobre a perspectiva cênica do espaço e do olhar, da ilusão, da condução da narrativa e da construção do filme em geral.

No cinema clássico, a perspectiva cênica dá uma profundidade para o quadro, traz uma instigante curiosidade no espectador, que quer saber o que está acontecendo nos "cantos" da cena, naquilo que não conseguem ver, essa profundidade consegue construir uma ilusão que cativa o espectador a querer descobrir aquilo que não foi inicialmente falado, quase que manipulado pela narrativa. Ao final, não há algo tão surpreendente neste tipo de filme, apenas existe a solução (superficial e muitas vezes falsa) dos problemas antes mostrados, e um final, na maioria das vezes, feliz, em que todos os personagens acabam se resolvendo na vida, e aqueles que, porventura são de má índole, acabam tendo más consequências na vida, dando a impressão de uma justiça ex istente.

Já no cinema moderno, que aparece no período pós-guerra, é quebrado o pacto com essa revelação dos mistérios ao final do filme, e essa manipulação do espectador não é mais feita. O que este tipo de cinema mostra, é a forma como o filme é feito, a construção do estúdio, do cinema.

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Também evidencia que aquilo é de fato, um filme, e não há essa ilusão do espectador por trás da narrativa.

O cinema moderno não cria essa profundidade cênica existente no cinema clássico, a cena no período "moderno" é superficial, é clara, mostra aquilo que quer mostrar, talvez de forma confusa, mas é mostrado. Assuntos como crítica social, holocaustos, denúncias e críticas em relação ao governo vigente são comuns no cinema moderno. No final do filme pode haver surpresas, susto, e o espectador não é levado a gostar do filme, ele decide se ele gostou ou não.

Trechos dos filmes

"O segredo da porta fechada" de Fritz Lang = Pelo trecho assistido, é possível observar que a obsessão de colecionar quartos de assassinatos é mostrada diretamente no filme, causa susto em algumas pessoas, ou curiosidade em outras, porém há sempre um segredo, uma profundidade de narrativa, algo que é escondido e só vai ser revelada posteriormente. É possível observar essa construção narrativa característica do cinema clássico.

"Roma, cidade aberta" de Roberto Rossellini = A crítica social ao fascismo, que foi a época de mais terror da Itália, é extremamente explorada, para impressionar o espectador, expondo todas as crueldades já feitas nesta época, em relação à humanidade. Os fascistas, torturadores são mostrados de frente, dando um choque no espectador que não estava antes acostumado a lidar com esse tipo de cena tão direta e com o horror (trazido para a realidade) no cinema. Não há manipulação do espectador ou resoluções felizes. Isso é característico do cinema moderno.

"A hipótese do quadro roubado" de Raoul Ruiz = A movimentação de câmera se faz presente, fazendo com que o espectador a perceba ali. O movimento do deslize sobre os quadros vagarosamente faz quem assiste se perder na condução, porém, quando se espera ver algo por trás do quadro (como já acostumados a ver no cinema clássico), o que aparece são outros quadros, um estúdio (talvez um depósito ou um ateliê), um museu de obras de arte, em que no caso, são os "bastidores" de algo, não o "palco", remetendo à construção do cinema, o estúdio, a preparação, o "por trás das câmeras". Isso se enquadra na questão do cinema moderno.