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1Direito do Trabalho I

DIREITO DO TRABALHO IAnotaes de sala de aula de Ronaldo Medeiros A leitura das anotaes de sala de aula NO deve substituir o estudo dos livros constantes na bibliografia indicada pelos professores. Prof. Jouberto Cavalcante Aula comea s 18h40min. Pode entrar at s 19h. Aps esse horrio, no entra. A ltima aula vai at s 23h, podendo passar das 23h se o tema estiver interessante. Bibliografia: Curso de Direito do Trabalho Prof. Amauri Mascaro Nascimento Ed. Saraiva; Livro excelente, mas no plenamente atualizado Instituies de Direito do Trabalho Prof. Arnaud Sussekind Ed. LTR; Tambm peca pela atualizao Curso de Direito do Trabalho Prof. Mauricio Godinho Delgado Ed. LTR; Direito do Trabalho Jouberto Cavalcante Ed. Lumen Juris. CLT CF Avaliaes: Prova 1 10 pontos dia 14/04 Prova 2 10 pontos parte da primeira matria cai na segunda prova. As provas sero formadas por 4 (quatro) questes curtas e objetivas (6~7 linhas) e sero SEM CONSULTA.

10/02/2009 Histria do Trabalho Humano e do Direito do Trabalho Desde os primrdios, o homem sempre trabalhou. Na antiguidade o trabalho era eminentemente escravo, no tnhamos direito do trabalho. Esse modelo de trabalho sofreu alguma alterao na Idade Mdia com os feudos. No modelo feudal, quem efetivamente trabalhava era o servo. Tanto o escravo quanto o servo no tinham direitos. Encontramos algum tipo de trabalho livre nas corporaes de ofcio da Baixa Idade Mdia. Mas existiam castigos fsicos e grande violao dos direitos mnimos. Com a expanso comercial da Europa, principalmente a partir do sculo XV, temos a formao da burguesia comercial e o acmulo de capital. Esse grupo vai financiar a Revoluo Industrial no sculo XVIII. Um aspecto da Revoluo Industrial a questo tecnolgica. Tem como alicerce tecnolgico a mquina a vapor, a qual promove uma superproduo para a poca. O segundo aspecto a ser mencionado o econmico. Temos nesse perodo o liberalismo econmico. O Estado no se preocupa com a questo econmica. O terceiro aspecto a ser analisado a questo social. Um grande nmero de pessoas haviam sido expulsas do campo para a cidade. Por conta dessa mo de obra abundante, havia uma explorao muito grande. H registros histricos de jornada de trabalho de 18 horas por dia. Os trabalhadores passaram a se organizar para reivindicar direitos. Essa organizao de trabalhadores na Inglaterra conhecida como Trade Unions e tem como data de referncia 1720. o movimento sindical mais antigo do mundo. A reivindicao dos trabalhadores nesse perodo passava por dois direitos bsicos, que so pilares do direito do trabalho: salrio e jornada. Essa organizao trabalhista mau vista pelo Estado na poca. Ela considerada crime, o Estado no admite reivindicaes trabalhistas.www.direitomackenzie.com.br

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Temos duas leis que se destacam na poca: a Lei Chapelier e o Cdigo de Napoleo. A primeira lei trabalhista de 1802. uma lei que s se aplicava a Londres e a lugares prximos. Ela limitou o trabalho infantil a 12 horas por dia. Essa primeira metade do sc. XIX marcada pelo incio da interveno do Estado, que comea a ditar leis trabalhistas. a partir desse momento que podemos dizer que nasce o Direito do Trabalho. O empregado estava disposto a qualquer coisa para manter seu emprego, abrindo mo de seus direitos. O Estado surge para proteger o trabalhador. o chamado Princpio Protetor. A partir desse momento o Direito do Trabalho sai do Direito Civil. Vamos at a metade do sc. XIX num processo muito lento de evoluo trabalhista. Na segunda metade do sc. XIX o Direito do trabalho comea a ser reconhecido por diversos Estados, o movimento sindical passa a se fortalecer. Temos o Manifesto Comunista em ????. A Igreja Catlica tambm passa a apoiar as questes trabalhistas. Esse perodo da segunda metade do sc. XIX conhecido como a Segunda Gerao de Direitos (ou segunda onda de direitos), segundo o prof. Noberto Bobbio. Nessa virada do sc. XIX para o sec. XX, os direitos trabalhistas vo para as constituies. A primeira constituio a mencionar direito trabalhista foi a da Suia, em 1884. As que merecem destaque so a constituio mexicana de 1917, e a constituio alem de Weiner de 1919. Esse perodo do incio do sec. XX um perodo de grande turbulncia internacional. Temos a Revoluo Russa de 1917, a I Guerra Mundial, que finda em 1919. Temos o Tratado de Paz de Versalhes, que cria a Liga das Naes como verdadeiro organismo internacional que teria a incumbncia da paz perptua. Alm da Liga das Naes, o Tratado de Versalhes cria a OIT Organizao Internacional do Trabalho. A OIT tinha o papel de criar um direito do trabalho internacional evitando, assim, bolses de misria. A Liga das Naes no teve sucesso, mas a OIT, sim. Em 1919 comeam a editar convenes da OIT, que se equiparam a tratados internacionais de adeso. Cuidavam de duas coisas bsicas: salrio e jornada. O modelo europeu no se mostra eficaz, e abre espao a modelos como o de Mussolini, que adota um modelo corporativista nas relaes de trabalho. Esse modelo corporativista tem como pedra fundamental a Carta Del Lavoro, de 1927. Essa Carta Del Lavoro de extrema importncia para o direito brasileiro. Ser adotada por Getlio Vargas. At hoje sofremos influncia dessa Carta Del Lavoro. O modelo corporativista basicamente amarrar a luta operria ao Estado. uma ferramenta de dominao. A II Guerra Mundial acaba em 1945 e surge a ONU pela falncia total da Liga das Naes. Mas a OIT continuava trabalhando, ela apenas ficou perdida. A OIT s resolve sua crise existencial quando se vincula ONU e passa a atuar como uma agncia especializada da ONU. Aps a II Guerra Mundial o direito do trabalho entra num perodo de preocupao social. H uma evoluo razovel do direito trabalhista e do direito previdencirio. Essa evoluo rompida com a crise econmica da dcada de 70, e surge no direito do trabalho a flexibilizao das normas trabalhistas. Flexibilizar seria ajustar o direito do trabalho s necessidades do empregador. Dcada de 80. Para a economia uma dcada muito ruim, o crescimento mundial foi muito ruim. Temos a figura do desemprego estrutural, o desemprego sem fronteiras. Passa-se a reconhecer que no haver pleno emprego, o desemprego sempre vai existir. Passamos a ter polticas pblicas de ajuste, para tentar manter esse desemprego estrutural em nveis tolerveis. A dcada de 80 um reflexo da crise econmica da dcada de 70. A dcada de 80 tem outro fato importante, que o fortalecimento dos blocos econmicos. Que nos interessam mais, destacam-se a Unio Europia, MERCOSUL, Nafta, proposta da Alca. Dcada de 90 e sc. XXI. O Direito do Trabalho est em crise. Hoje temos cerca de 54% das pessoas na idade economicamente ativa na economia informal. O Direito do Trabalho precisa repensar seu modelo, caso contrrio, daqui a alguns anos teremos s elite com trabalho formal. A livre circulao dos trabalhadores um grande ganho do Direito do Trabalho na dcada de 90. Histria do Direito do Trabalho no Brasil At 1888 tnhamos basicamente trabalho escravo. Portanto, no podemos falar de Direito do Trabalho at essa data. Sofremos uma imigrao acentuada de italianos, espanhis e portugueses para Amrica do Sul. Com essa imigrao, temos um choque. Esses imigrantes chegam aqui e encontram um nada jurdico. Vo encontrar um regime de escravido. No admitem esse tipo de tratamento. Vo formar sindicatos.www.direitomackenzie.com.br

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Nesse perodo a organizao sindical no Brasil era caso de polcia. Os brasileiros envolvidos seriam presos, e os imigrantes, deportados. O primeiro movimento sindical que temos de 1903 (sindicalismo rural) e o urbano de 1907. Entre 1907 e 1920 temos um perodo de grande agitao trabalhista. Temos vrias greves, inclusive a primeira greve geral do Brasil. A primeira greve geral do Brasil comeou com a greve dos bondes no RJ. Como as pessoas no podiam trabalhar, entraram em greve. A greve se espalhou para SP e Salvador. O mundo est encantado com a Revoluo Russa. A luta sindical e a questo poltica andam muito prximos. O partido comunista fundado em 1920 com o apoio do sindicato dos trabalhadores. um perodo quase de vazio imenso no Direito do Trabalho. Pouqussimas profisses conseguem uma regulamentao. Uma das que conseguem so os ferrovirios (pela lei Eli Chaves) e os bancrios. Isso s muda com Getlio Vargas. Em termos de qualidade jurdica, tnhamos um nada e samos com uma CLT da era Getlio Vargas. Getlio subiu ao poder e assumiu o papel de pai do trabalhador. Criou imediatamente o ministrio do trabalho, para sinalizar ao trabalhador que est preocupado com ele e vai proteg-lo. Getlio se inspirou no modelo corporativista de Mussolini, na Carta Del Lavoro. Obs.: s incide no ndice de desemprego quem estiver procurando.

11/02/2009 Getlio praticamente traa 2 estratgias para o direito do trabalho. Uma estratgia no que tange ao modelo sindical. Em 31 ele regulamenta e reconhece os sindicatos. Cria para ao sindicatos uma autorizao de funcionamento (carta sindical). O sindicato que se opusesse poltica de Getlio tinha a carta sindical cassada. Outra estratgia foi criar o imposto sindical. Getlio cria dentro do Poder Pblico funes para dirigentes sindicais. Passa a existir uma promiscuidade entre o Poder Pblico e as funes sindicais. Em 32 Getlio cria as Juntas de Conciliao e Julgamento. De incio faziam parte do poder executivo e em 46 foram para o judicirio. Essas juntas resolviam conflitos individuais de trabalho. Era formada por um juiz togado e dois juzes classistas. Um juiz classista era indicado pelo sindicato dos trabalhadores e outro era indicado pelo sindicato patronal. Outra funo criada por Getlio foi o deputado federal binico, na constituio de 37. Eram deputados indicados pelo sindicato. A partir de Getlio se reconhece aos sindicatos uma natureza de direito pblico. Em 1 de Maio de 1941, Getlio inaugura a Justia do Trabalho no estdio de So Janurio. Em 1 de Maio de 1943, promulgada a CLT atravs de um decreto-lei. Foi elaborada por uma comisso de 5 (cinco) juristas, presidida por Oscar Saraiva, e tendo como integrantes Rego Monteiro, Durval Lacerda, Segadas Viana e Arnaud Sussekind. A CLT uma consolidao, e no um cdigo do trabalho, porque a comisso encontrou algumas profisses regulamentadas e outras no. Iriam dar uma harmonizada para, posteriormente, dar condies de se elaborar um cdigo. Obs.: o direito de greve s foi reconhecido na constituio de 46. Em 1945 ocorre a redemocratizao. No perodo de 45 a 70 temos um processo de aprimoramento do sistema trabalhista. Durante o regime militar tivemos um endurecimento do movimento sindical por conta do nmero de intervenes em sindicatos. Tivemos mais intervenes nos sindicatos que na poca de Getlio. Mas alguns sindicatos o regime militar optou por no intervir, eram sindicatos politizados. Os militares afastaram os lderes sindicais e colocaram em seu lugar pessoas por eles indicadas. Essas pessoas indicadas no conheciam o movimento sindical. Era o peleguismo. O movimento sindical volta a surgir em 68, com duas greves sindicais, uma em Contagem e outra em Osasco. Foram greves severamente reprimidas. Mas esse movimento grevista de 68 foi que conseguiu articular o movimento sindical do ABC, que gerou grandes movimentos grevistas na dcada de 70. Nesse perodo das grandes greves surgem as lideranas.www.direitomackenzie.com.br

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Dcada de 80. Redemocratizao do Brasil. Constituio Federal de 88. A CF d efetivamente ao Direito do Trabalho status de direito social, conforme art. 6, que est dentro do captulo de direitos fundamentais. No art. 7 vemos praticamente uma CLT constitucional. No semestre que vem estudaremos os arts. 8, 9 e 10, que tratam dos direitos coletivos. Encontramos tambm na CF um sistema de macroproteo, que so os arts. 1, 6 e 170.

Denominao Nos primrdios do Direito do Trabalho, o dir. trabalho era conhecido como legislao industrial ou direito industrial. Isso porque as primeiras regras de proteo ao trabalho no vem com a preocupao de proteger o trabalhador, e sim, a de regular a atividade industrial. J no sc. XIX o dir. trabalho conhecido como direito operrio, porque em alguns pases trabalhador e operrio so coisas diferentes. Para esses pases operrio trabalho braal, e trabalhador trabalho intelectual. Para ns no existe essa distino. J no sc. XX a expresso direito corporativo muito utilizada, com grande influncia da Itlia de Mussolini. Nos pases que no adotavam a expresso direito corporativo, tnhamos a expresso direito social. A partir da dcada de 50 comea a haver o predomnio da expresso direito do trabalho. Isso porque direito social acaba sendo mais amplo que direito do trabalho, englobando direito previdencirio e direito do trabalho. No Brasil s podemos falar alguma coisa de direito do trabalho no sc. XX. Em 1926 era muito comum a utilizao da expresso direito industrial ou legislao operria. Em 37 o estado de SP utilizava a expresso legislao social. Na constituio de 37, o constituinte utilizou direito operrio, legislao do trabalho e legislao social mais ou menos como expresses sinnimas. Por influncia do prof. Cesarino Junior1 utilizamos a expresso direito social.

Definies Costuma-se definir o direito do trabalho sob duas ticas. Um grupo de doutrinadores aborda essa definio considerando sujeitos (empregado e empregador). a corrente subjetivista. Para uma outra gama de doutrinadores, o que mais relevante no so os sujeitos, mas a relao jurdica existente entre eles. a corrente objetivista. H uma terceira tica, que so os mistos, consideram ambos os critrios de extrema relevncia. Prof. Orlando Gomes: um conjunto de princpios e regras jurdicas aplicveis a relaes individuais e coletivas que nascem entre os empregadores privados ou equiparados e os que trabalham sob sua direo e de ambos com o Estado, por ocasio do trabalho ou eventualmente fora dele. Prof. Amauri Mascaro Nascimento: o ramo da cincia do Direito que tem por objeto as normas jurdicas que disciplinam as relaes de trabalho subordinado, determinam seus sujeitos e as organizaes destinadas proteo desse trabalho, em sua estrutura e atividade.

Direito do Trabalho e Outras Cincias Economia: a economia se preocupa muito com o trabalho, mas no sob a tica do direito, e sim como um elemento do processo de produo. Existe uma disciplina chamada economia do trabalho. Sociologia: A sociologia no deixa de visualizar a movimentao da classe operria. H uma sociologia do trabalho. Filosofia: preocupada em justificar alguns comportamentos, e no desconsidera a preocupao com o trabalho.

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Primeiro professor de direito de trabalho da USP.

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Medicina e Engenharia: Estamos num ambiente de trabalho, e por conta desse ambiente temos alguns problemas mdicos. A maior parte desses problemas no estudado pelo Direito, mas pela Medicina do Trabalho e pela Engenharia do Trabalho. Isso tudo est disciplinado no que chamamos de NRs Normas Regulamentadoras. Essas NRs so baixadas pelo ministro do trabalho, aps vasto estudo do pessoal de medicina e engenharia. Ex: fiscalizao do trabalho feita por mdicos e engenheiros do trabalho. Psicologia: Verifica os aspectos psicossomticos que o ambiente do trabalho gera. Assdio moral, assdio sexual.

17/02/2009 Direito do Trabalho e os Ramos Secundrios do Direito Direito Internacional Pblico: Para o Direito do Trabalho, o organismo internacional de grande expresso a OIT. A OIT dita as convenes, e estas convenes so verdadeiros tratados internacionais de adeso (ou seja, no existe reserva de clusula). Alm das convenes da OIT, existem inmeros tratados internacionais que tratam da questo trabalhista. Ex: Declarao Internacional dos Direitos do Homem, Pacto de San Jos da Costa Rica, Conveno Interamericana dos Direitos Polticos; Tratado de Assuno; Declarao Scio Laboral do Mercosul (principal diploma trabalhista do Mercosul). Direito Internacional Privado: No que diz respeito ao Direito do Trabalho, temos as multinacionais. As multinacionais tm para seus empregados um patamar de direitos mais ou menos uniformes em qualquer pas. interessante para no ficar ajustando conforme o local. Hoje se discute muito o sindicalismo supranacional. Aqui no Mercosul temos o Sindicato do Cone Sul. As multinacionais e o sindicalismo supranacional trazem algumas questes novas. A Rhodia possui um sindicato mundial de seus empregados. Nosso direito no reconhece esse sindicato. Outro ponto so os acordos e convenes coletivas supranacionais. Comeou com os caminhoneiros na Europa. No Mercosul tivemos duas experincias. A primeira foi da Chrysler em 96, mas no surtiu resultados concretos, ficando somente na etapa de dilogo e negociao. Em 98 tivemos um acordo coletivo supranacional da Volkswagen. Envolvia a Volkswagen e uma empresa argentina. Direito do Trabalho e Direito Constitucional: O constituinte de 88 demonstrou uma preocupao muito grande com o trabalho. Encontramos na CF88 uma relevncia jurdica extrema para o trabalho. Temos dois nveis: macroproteo e microproteo. Quando falo da macroproteo, estou me referindo ao trabalho humano. Essa proteo comea no art. 1 da CF, onde no inciso IV temos como fundamento os valores sociais do trabalho. No art. 3 temos os objetivos da repblica, e um dos objetivos erradicar a pobreza. No art. 6 o trabalho considerado direito social. O art. 170 traz os princpios de direito econmico, e l encontramos a busca pelo pleno emprego. No que diz respeito proteo micro, estamos nos referindo relao de emprego. Relao de emprego a relao jurdica disciplinada pela CLT. Temos o art. 7 CF, que praticamente uma CLT constitucional, j que menciona todos os direitos individuais. Alm disso, temos os arts. 8, 9 e 10 CF. No art. 8 temos atuao sindical. O art. 9 diz respeito ao direito de greve, o qual foi regulamentado pela lei 7.783/89. O art. 10 cuida da representao dos trabalhadores nos locais de trabalho. H tambm uma preocupao com o trabalho no setor pblico. Est disciplinada a partir do art. 37 CF. Dentre os regramentos, merece destaque o art. 39, que traz o rol de direitos dos servidores pblicos, e remete ao art. 7. O art. 41 fala da estabilidade. O art. 37 fala de concursos, estgio probatrio, avaliaes etc. Direito do Trabalho e Direito Administrativo:o primeiro aspecto relevante a emisso das NRs (normas regulamentadoras baixadas pelo ministro do trabalho). Dentro do ministrio do trabalho h um departamento que tem a incumbncia de verificar se o Direito do Trabalho est sendo cumprido: a Delegacia Regional do Trabalho (DRT). A conduta do fiscal muitas vezes orientada por portaria dowww.direitomackenzie.com.br

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ministro. Os documentos obrigatrios da relao de emprego tm padres definidos por portaria do ministro do trabalho (ex: carteira de trabalho). Direito do Trabalho e Direito Civil: O Direito Civil tem grande influncia no Direito do Trabalho. Essa influncia ocorre principalmente pela LICC, pela parte geral do Cdigo, pelo livro das obrigaes e dos contratos. Essa importncia vai depender da inexistncia de uma regra especfica. Se houver regra especfica, ignoro a regra do Direito Civil (fonte subsidiria art. 8 CLT). Direito do Trabalho e Processo do Trabalho: O processo tem a finalidade de efetivar, garantir o direito material. O processo do trabalho, portanto, tem a finalidade de efetivar, garantir o direito do trabalho. Direito do Trabalho e Direito Penal: Temos uma parte do Cdigo Penal destinada a coibir crimes contra a relao do trabalho (a partir do art. 197 CP). No bastasse essa proteo da parte especfica, temos uma proteo no art. 149, que trata de reduzir algum a condio anloga a de escravo. Temos tambm a questo do assdio sexual. Assdio sexual um crime que s ocorre no ambiente de trabalho, pois exige a hierarquia, a qual s ocorre entre empregado e empregador. No confundir assdio sexual com assdio moral, que o desrespeito ao trabalhador, humilhar o funcionrio.

Autonomia do Direito do Trabalho Primeiro critrio: dentro do Direito do Trabalho ns temos um objeto de estudo prprio, que a relao de emprego. Segundo critrio: existncia de princpios prprios. Um deles o princpio protetor.

Natureza Jurdica Para alguns doutrinadores, Direito do Trabalho Direito Pblico. Para eles, a interveno estatal pelo princpio protetor o que mais interessa. Para outros, Direito do Trabalho Direito Privado. Para eles, o mais importante a autonomia da vontade. Uma terceira corrente (corrente mista) acha que temos simultaneamente Direito Pblico e Direito Privado. Para eles, a autonomia da vontade e a interveno estatal convivem em equilbrio. a posio que prevalece hoje. Temos ainda a corrente unitarista. Para eles, temos a fuso do Direito Pblico e do Direito Privado. Para outros, ainda, o Direito do Trabalho um Direito Social, se desligando da classificao tradicional. Seria um 3 gnero.

Diviso do Direito do Trabalho 1) Prof. Jos Martins Catharino: Divide em direito individual, direito sindical e direito judicirio. 2) Prof. Mozart Vtor Russomano: Para ele, temos relaes individuais e relaes coletivas. 3) Prof. Cesarino Jnior2: Para ele, direito do trabalho, direito coletivo, direito assistencial e direito previdencirio. 4) Prof. Otvio Bueno Magano3: direito individual, direito coletivo, direito tutelar (direito pblico do trabalho, parte indisponvel trabalhista) e previdncia e assistncia social. 5) Prof. Amauri Mascaro Nascimento: introduo ao direito do trabalho, direito internacional do trabalho, individual, sindical, direito pblico do trabalho, direito processual e previdncia social.2

Considera Direito do Trabalho como Direito Social. Era extremamente patronal.

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Neste semestre veremos direito individual. No prximo, direito sindical (ou coletivo). Nos dois seguintes, direito processual.

Fontes do Direito do Trabalho Leg. Exec. Judic.

Fontes Estatais (heternomas) Fontes Fontes No Estatais (autnomas)

As fontes estatais podem advir de qualquer dos poderes (legislativo, executivo ou judicirio).

18/02/2009 Fontes Estatais ou Fontes Heternomas O Poder Legislativo tem como funo tpica legislar, editar normas. At o salrio mnimo definido em lei. O Poder Executivo, por vezes, acaba tendo uma postura legislativa tambm. o caso da medida provisria. A prpria CLT um decreto baixado por Getlio Vargas que no passou pelo Congresso. Alm das MPs, temos as NRs, baixadas pelo ministro do trabalho. Quando falamos do Poder Judicirio, podemos separar as questes individuais e as questes coletivas. Com relao s individuais, as decises judiciais fazem lei entre as partes, no beneficiando nem prejudicando terceiros (art. 468 ou 458). o que se chama limites subjetivos da coisa julgada. O que temos de grande expresso, de relevncia extrema no judicirio com relao ao Direito do Trabalho, so as questes coletivas. Temos de um lado o grupo dos trabalhadores, e do outro, o grupo patronal. Esses grupos so conhecidos como categorias. Uma deciso coletiva atinge parte ou toda a categoria. No direito coletivo do trabalho, as questes mais comuns ocorrem por conta do dissdio coletivo. Dissdio coletivo o nome de uma ao judicial. Dissdio uma coisa, data base outra coisa. Veremos adiante que temos cinco tipos de dissdio. O legal do dissdio a utilizao do poder normativo da justia do trabalho. Dissdio de greve tramita muito rpido. Entra com o dissdio pela manh, na hora faz a citao da parte contrria, e tarde j faz a audincia. A greve dos metrovirios uma greve intensa. Suponha que os metrovirios queiram 20% de aumento, e o tribunal decide dar 11% de aumento. O juiz trabalhista percebe que os 11% no resolvem o conflito. Ele ultrapassa o limite da litis contestatio e d o direito, algo que no havia sido pedido, digamos que a estabilidade por 12 meses. Isso gera nulidade absoluta no direito civil, mas no direito coletivo do trabalho situao corriqueira. Na dcada de 70 e 80 a justia do trabalho extrapolou na produo normativa. O STF decidiu, ento, que o poder normativo da justia do trabalho s pode ser utilizado em razo de necessidade e adequao para a soluo do conflito. O Poder Judicirio tambm edita smulas. As smulas passaram a ter grande importncia jurdica no direito brasileiro. Passam a ter um efeito concreto. A jurisprudncia do TST, no que tange as smulas, de extrema expresso. O TST edita smulas, edita orientaes jurisprudenciais e edita precedentes normativos. J editaram por volta de 1000, mais que o STJ e o STF juntos. s vezes temos uma fonte estatal que no est relacionada com o Direito do Trabalho, mas tem um efeito concreto no Direito do Trabalho. Ex: na dcada de 50 proibiram cassinos no Brasil. A lei que proibiu os cassinos extinguiu automaticamente os contratos de trabalho. Ex 2: o estado do RJ tem umawww.direitomackenzie.com.br

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legislao interessante no que diz respeito a energia nuclear. Tem uma parte que fala do manuseio de resduos nucleares. Essa legislao acaba tendo uma srie de protees ao trabalhador.

Fontes no Estatais ou Fontes Autnomas Fontes no estatais so as que vm da sociedade civil. A primeira fonte no estatal o contrato de trabalho. O que eles pactuarem faz lei entre as partes, sendo que esse pacto pode ser escrito ou verbal. A mera habitualidade e outros requisitos que vamos estudar faz nascer o contrato de trabalho. A segunda fonte no estatal o regulamento de empresa. O regulamento de empresa pode ser de dois tipos: unilateral ou bilateral. Ele disciplina o funcionamento da empresa. Pode ter sido feito pelo empregador sozinho (unilateral), ou ter sido feito em conjunto com os trabalhadores (bilateral). Tudo que for se estipulando posteriormente vai se agregando ao regulamento. O contrato de trabalho e o regulamento de empresa nascem pela autonomia da vontade e devem atuar sempre em carter complementar fonte estatal. Outra fonte no estatal so os instrumentos normativos. Podemos falar de 3 (trs) tipos de instrumentos normativos: acordo coletivo, conveno coletiva e contrato coletivo de trabalho.Eles nascem pelo princpio da autonomia privada coletiva, e eles podero ser contrrios lei (flexibilizao). Acordo coletivo instrumento normativo celebrado entre os trabalhadores e uma empresa ou algumas empresas. Ex: os professores do Mackenzie tm um acordo coletivo com o Mackenzie. J a conveno celebrada entre o sindicato de trabalhadores e o sindicato patronal. Desta forma, ela vincula toda a categoria. Ex: sindicato dos bancrios celebrou conveno, abrange todos os funcionrios daquela regio. O contrato coletivo tem um problema srio, que a no disciplina jurdica. Tem uma mera meno legal. Como no h essa disciplina normativa, temos 3 (trs) correntes que tentam definir o contrato coletivo. Para a primeira corrente, contrato coletivo gnero, sendo o acordo e a conveno espcies. Para a segunda corrente, contrato coletivo sinnimo de acordo e conveno. A prpria OIT utiliza contrato coletivo como sinnimo de acordo e conveno. Para a terceira corrente, contrato coletivo significa pacto social. O pacto social muito maior que um instrumento normativo. tripartite, envolve empregador, trabalhadores e Estado. Ex: vamos gerar 1 milho de empregos em 4 anos.

Alm dessas fontes estatais e no estatais, temos uma outra fonte, que podemos chamar de fonte internacional, que so as convenes da OIT. J vimos que as convenes da OIT so tratados de adeso. Temos uma questo de extrema relevncia que vem com o art. 5, 2 CF. Se o tratado internacional que trata de direitos humanos for aprovado com pelo menos 3/5 dos votos, em dois turnos, nas duas casas do Congresso, ter status de emenda constitucional. Com relao ao conflito de normas, no Direito do Trabalho temos um tratamento um pouco diferenciado. Se tivermos um conflito de norma trabalhista com norma constitucional, qual prevalece? No Direito do Trabalho, um contrato de trabalho pode prevalecer sobre a constituio. No Direito do Trabalho, a questo do conflito de normas resolvida pelo princpio da norma mais favorvel. Havendo conflito de normas, ser aplicada a mais favorvel ao trabalhador. Ex: o acordo coletivo dos professores do Mackenzie definiu que horas extras valem 100%, adicional noturno de 100% e nada fala sobre frias e 14 salrio. Na conveno de trabalho firmada pelo sindicato dos professores, foi estabelecido 40 dias de frias, e no fala nada de horas extras, adicional noturno e 14 salrio. Pela teoria da aglutinao, vou pinar o direito mais favorvel. Pego o que mais favorece em cada norma, formando uma terceira norma. Mas a teoria da aglutinao acabou no sendo acolhida no direito brasileiro, pois ela tem um vcio. Quando pino e crio uma nova norma, arrebento a estrutura jurdica da norma. Por isso adotamos a teoria do comprovamento. Pela teoria do comprovamento, em cada caso concreto eu vou identificar a norma mais favorvel. Se para fulano for mais favorvel a norma A, adoto a norma A. Se para sicrano forwww.direitomackenzie.com.br

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mais favorvel a norma B, adoto a norma B para sicrano. tarefa complexa quando as normas contm muitos artigos.

Princpios Princpios do Direito do Trabalho, de Amrico Pla Rodrigues, obra obrigatria para quem for trabalhar na rea trabalhista. Outras obras indicadas so do prof. Alfredo Ruprecht, e de Antonio Alvares da Silva. Segundo Miguel Reale, princpios so verdades fundantes de determinado ramo do conhecimento humano. Regras e princpios interagem no direito. Temos alguns pontos de conexo. Primeiro ponto de conexo: o princpio orienta a produo normativa. Segundo ponto de conexo: interpretao da lei. Quando interpretar com base em vrias leis, se uma lei viola um princpio, deve ser afastada. Terceiro ponto de conexo: fonte do direito. O juiz no pode deixar de julgar um caso alegando ausncia de lei. Deve recorrer aos princpios gerais de direito, costume e analogia.

03/03/2009 Princpio da autonomia da vontade: a prpria existncia do contrato de trabalho passa pela vontade do empregado e do empregador. Princpio do Pacta Sunt Servanda: o contrato faz lei entre as partes. Princpio Exception non adimplementon contractus (exceo do contrato no cumprido): o trabalhador no pode exigir salrio se ele no trabalhar. Princpio clusula Retrus Sic Standibus: teoria da impreviso. Os contratos so inalterveis, salvo pela teoria da impreviso (caso fortuito e fora maior). Princpio da boa f: tanto empregado quanto empregador agem de boa f, a m f tem que ser provada. Princpio da razoabilidade: tudo tem que ser razovel (a interpretao do sistema, a conduta humana etc.). Princpios especficos D. T. Princpio Protetor: est na gnese do Dir. Trabalho, sem esse princpio no seria Dir. Trabalho. Para o prof. Amrico Pla Rodrigues o princpio protetor se divide em 3 subprincpios: 1) Princpio da norma mais favorvel: havendo conflito de normas, o que ir valer a norma mais favorvel para o empregado. 2) Princpio In dubio pro operrio: na existncia de vrias interpretaes, a interpretao a ser acolhida a mais favorvel. 3) Princpio da condio mais benfica (direito adquirido): a alterao do contrato de trabalho nunca poder ser em prejuzo do empregado, s pode ser alterado para beneficiar o empregado. Podemos fazer um link entre este princpio com o princpio do no retrocesso social4. Princpio da irrenunciabilidade dos direitos trabalhistas: de nada adiantaria o Estado proteger o trabalhador se este pudesse renunciar seus direitos. Art. 9 CLT : qualquer tentativa de se fraudar a lei trabalhista ser considerada nula de pleno direito.Art. 9 - Sero nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicao dos preceitos contidos na presente Consolidao.

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Segundo o prof. Jos Calhotilho, o processo social nunca pode regreir, dever sempre evoluir.

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Princpio da primazia da realidade (contrato realidade) (busca da verdade real): o que importa a realidade ftica, e no o contrato. Tem muitos contratos fraudulentos, principalmente com relao a cooperativas e prestadores de servios. O juiz anula o contrato e restabelece o vnculo. Princpio da continuidade: pela dependncia econmica que o empregado tem com o trabalho, a relao de emprego presume-se prolongada no tempo. Quem alegar a extino do contrato de trabalho tem de provar. Se no provar, presume-se que ele est em vigor. Muitas vezes o empregador alega que o funcionrio abandonou o emprego. Para configurar o abandono de emprego, temos dois requisitos: o empregado deve deixar de comparecer no emprego por mais de 30 (trinta) dias; e deve ser comprovado o nimo de abandono. Ex: Se o sujeito comete um crime e foge por 40 dias, ao voltar comunicado que ocorreu abandono de emprego, pode entrar na justia, pois ele no tinha o nimo de abandonar o trabalho. Esse sistema de proteo sofre uma mitigao (diminuio da carga protetiva) pela flexibilizao. Flexibilizar ajustar o direito do trabalho s necessidades do trabalhador. Exemplo disso quando os empregados aceitam reduo de salrios para no perder o emprego. Esto flexibilizando a irredutibilidade do salrio para preservar o prprio emprego. Princpio da igualdade: o princpio da igualdade da CF insuficiente para a proteo trabalhista. Por isso temos no art. 7 os incisos XXX a XXXIV. No pode haver discriminao no ambiente de trabalho. No pode haver nem discriminao entre trabalho braal e trabalho intelectual. Antes existia limite de idade de 35 anos para ingresso na magistratura e no ministrio pblico. Hoje em dia essa limitao vedada. permitida a realizao de teste fsico em concurso pblico, desde que a funo a ser exercida requeira preparo fsico especial. Num concurso para PM no RJ, todas as mulheres aprovadas foram colocadas em servio administrativo. Elas entraram na justia alegando discriminao, e perderam. Neste caso, considerou-se que a situao de quase guerra civil do RJ exigia o perfil dos homens, em detrimento das mulheres. proibido exame de gravidez ou AIDS para contratar algum. proibido exame de gravidez para demitir. Se tiver dois empregados com mesma funo, a CLT pune a discriminao salarial. Se ambos exercem a mesma funo, deve haver equiparao salarial. O princpio da igualdade deve ser conjugado com o art. 5 CLT. Aes Afirmativas (ou discriminao positiva): h uma distncia muito grande entre a igualdade formal e a igualdade material. Para aproximar, precisamos de polticas pblicas chamadas de aes afirmativas. Exemplo disso so as cotas para negros nas universidades. No direito do trabalho tambm temos estas aes, e a primeira dela est no art. 37, VIII CF. Nos concursos pblicos deve haver destinao de vagas para portadores de deficincia. Alm da proteo para concursos, temos uma proteo para iniciativa privada. Art. 93 da Lei 8.213/91. Ele cria sistema de cotas. Para as empresas entre 100 e 200 empregados, 2% devem ser deficientes fsicos. De 201 a 500, 3%. De 501 a 1000, 4%. Acima de 1000 empregados, 5%. Se j estiver na cota mnima de deficientes, estes empregados no podero ser demitidos antes que se contrate outro. Se estiver acima da cota, a pode demitir o deficiente antes de contratar outro.

04/03/2009 Destinatrio da proteo trabalhista (destinatrio da CLT) Precisamos distinguir relao de trabalho de outros tipos de relaes jurdicas. Relao de trabalho significa trabalho humano, pouco importa o ramo do direito que o disciplina. A relao de trabalho um gnero que abarca diversas espcies. A primeira espcie relao de emprego, que regida pela CF, pela CLT e mais uma centena de outras fontes legais, instrumentos normativos etc.www.direitomackenzie.com.br

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Quando falamos de relao de emprego, temos de visualiz-la em duas dimenses. O primeiro aspecto sua relao individual. Nesta relao individual temos como sujeitos empregados e empregador, e os interesses so exclusivamente individuais. Ou seja, tudo que o empregado pactuar com o empregador, no se projeta para terceiros, exclusivamente daquela relao jurdica. J na sua feio coletiva eu tenho como sujeitos os grupos, que aqui no Brasil so denominados de categorias. Temos de um lado a categoria dos trabalhadores e de outro lado a categoria patronal. A categoria de trabalhadores muito conhecida como categoria profissional (ou categoria diferenciada). A categoria patronal categoria econmica. Os interesses so sempre interesses da categoria (toda a categoria ou parte dela), no h interesses individuais. A funo principal das entidades sindicais representar a categoria. Os sindicatos, em tese, no falam por eles mesmos, eles falam em nome ou dos empregadores ou dos empregados. Temos um segundo grupo que podemos chamar de outras relaes. Neste grupo temos o trabalho humano, existe uma proteo jurdica, mas a proteo vem de uma forma indireta. Ex: trabalho do preso, onde existe o trabalho, mas a preocupao com a ressocializao do preso. Outro exemplo a dona de casa, que tem proteo reconhecida pelo direito de famlia. Depois temos as relaes proibidas de trabalho. A proibio passa por dois aspectos. Primeiro pelo sujeito (ex: trabalho infantil abaixo de 16 anos se no for aprendiz). Mas o mais comum a proibio do trabalho com respeito ao objeto (ex: cassino, jogo do bicho, crime organizado, explorao econmica da prostituio e trabalho escravo). Quanto a esses, no possvel a proteo trabalhista. A exceo o trabalho escravo. S em 2008, o Brasil resgatou 30.000 escravos. Trabalho escravo envolve o trfico internacional de mulheres. Outra subespcie de relao de trabalho so as relaes de trabalho com o Estado. Estamos nos referindo aos agentes pblicos.Estes agentes pblicos se subdividem em agentes polticos, particulares em colaborao com o Poder Pblico e servidores pblicos. Agentes polticos so os cargos eletivos, presidente, cargos de 1 escalo, ministros etc. Particulares em colaborao com o Poder Pblico so particulares que por um evento assumem a funo pblica. So os mesrios, peritos etc. Servidores pblicos so os que trabalham de forma permanente para o Poder Pblico. Subdividem-se em servidores militares e servidores pblicos civis. O art. 42 e o art. 142 CF diz quais so os servidores militares: membros das foras armadas, polcia militar e corpo de bombeiros. Servidores civis subdividem-se em funcionrios pblicos (ou servidores estatais), empregados pblicos e temporrios. Os funcionrios pblicos so regidos pela constituio e por seus estatutos. Os empregados pblicos so regidos pela CLT, mas sofrem forte influncia do Direito Administrativo. Os temporrios (art. 37, IX) podem ser contratados em determinadas situaes excepcionais sem concurso pblico (ex: combate dengue), podendo ser dispensados sem dificuldades. No estado de SP tem a Lei 500/74. Muitos professores foram contratados por essa lei e chegaram a se aposentar como professores temporrios. Os temporrios podem ter 4 (quatro) regimes. Eles podem ser regidos pelo mesmo estatuto que os funcionrios; eles podem ser regidos pela CLT; podem ser regidos pelo Cdigo Civil; ou podem ser regidos por uma lei especial, como o caso da Lei 500 de SP. Por fim, temos as relaes de trabalho no Cdigo Civil. Temos o trabalho humano no CC nos contratos. Pode ser um contrato de empreitada quando contrato um pedreiro, ou um contrato de um profissional liberal. At mesmo nas relaes de consumo temos relao de trabalho. Se eu contrato um dentista, relao de trabalho, se eu contrato a clnica, no. Tem proteo do trabalho as relaes de emprego, os empregados pblicos, os temporrios celetistas e o trabalho escravo. Art. 7 CLT. No se aplica a CLT aos trabalhadores domsticos. Empregado domstico no ganha hora extra, portanto. Tambm no se aplica a CLT aos trabalhadores rurais, aos servidores estatutrios, aos estagirios, aos autnomos, aos eventuais (ex: chapa), ao avulso (ex: estivador de porto).www.direitomackenzie.com.br

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Ao mesmo tempo em que no se aplica a CLT ao avulso, a constituio diz que o avulso tem os mesmos direitos que o empregado comum.Art. 7 Os preceitos constantes da presente Consolidao salvo quando for em cada caso, expressamente determinado em contrrio, no se aplicam : a) aos empregados domsticos, assim considerados, de um modo geral, os que prestam servios de natureza no-econmica pessoa ou famlia, no mbito residencial destas; b) aos trabalhadores rurais, assim considerados aqueles que, exercendo funes diretamente ligadas agricultura e pecuria, no sejam empregados em atividades que, pelos mtodos de execuo dos respectivos trabalhos ou pela finalidade de suas operaes, se classifiquem como industriais ou comerciais; c) aos funcionrios pblicos da Unio, dos Estados e dos Municpios e aos respectivos extranumerrios em servio nas prprias reparties; d) aos servidores de autarquias paraestatais, desde que sujeitos a regime prprio de proteo ao trabalho que lhes assegure situao anloga dos funcionrios pblicos.

10/03/2009 DIREITO INTERNACIONAL DO TRABALHO Quando falamos de direito internacional do trabalho, temos alguns tpicos a serem analisados. O primeiro diz respeito aos tratados internacionais que abordam a questo trabalhista de uma forma mais direta ou indireta. Temos vrios tratados, os principais so: Declarao Universal dos Direitos do Homem (1948); Carta Social Europia (1961); Conveno Europia de Direitos Humanos (1950); Carta Internacional Americana de Garantias Sociais (1948); Conveno Internacional sobre a Eliminao de Todas as Formas de Discriminao (1965); Pacto Internacional sobre os Direitos Civil e Polticos (1965); Pacto Internacional sobre os Direitos Econmicos, Sociais e Culturais (1966); Conveno Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de San Jos da Costa Rica 1969). Alm desses tratados, um outro enfoque importante a OIT Organizao Internacional do Trabalho. A OIT foi criada em 1919 pelo Tratado de Versalhes. No Tratado de Versalhes nos importa o art. 23, que diz expressamente que os Estados se esforaro para assegurar condies de trabalho equitativas e humanitrias para homens, mulheres e crianas. Ou seja, h uma preocupao com os vencedores da guerra de evitar novos bolses de misria. Imediatamente a OIT comeou a editar convenes de trabalho. Inicialmente elas diziam respeito a jornada e salrio, e eram bem pontuais (ex: para mineiros). Durante a 2 Guerra Mundial a OIT fica perdida no cenrio mundial. Em 1944 a OIT se reafirma no cenrio jurdico com a Declarao da Filadlfia, reafirmando a existncia da OIT e seus postulados. Com o final da Guerra, em 1946 temos a constituio da OIT. Essa constituio traz como anexo a Declarao da Filadlfia. Em 46 ainda, a OIT passa a atuar como agncia especializada da ONU. Natureza Jurdica: a OIT um organismo de direito pblico internacional. Objetivos da OIT: de uma forma genrica, a melhoria das condies de trabalho, considerando que o trabalho no mercadoria. Esse objetivo parece muito claro na Declarao de Princpios de Direito Fundamental do Trabalho de 1998. Esta declarao apresenta 4 (quatro) grandes princpios: 1) Eliminao do trabalho forado; 2) Eliminao do trabalho infantil; 3) Liberdade sindical e negociao coletiva; 4) Eliminao de todas as formas de discriminao. Estrutura da OIT: a) Conferncia Geral ou Assemblia Geral: na assemblia geral encontramos os representantes dos Estados, e l so tomadas as grandes decises da OIT. Podem fazer parte da OIT os Estados membros da ONU. Tem mais Estados na ONU do que na OIT. Na OIT cada Estado tem direito a 1 (um) voto, o que no acontece em outros organismos internacionais, como o FMI. b) Conselho de Administrao: um rgo tripartite, ou seja, temos representantes dos Estados, dos empregadores e dos empregados. onde se discute o Direito do Trabalho no mundo. c) Repartio Internacional do Trabalho: o corpo administrativo da OIT.www.direitomackenzie.com.br

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Diplomas Normativos da OIT: 1) Cartas da OIT: Declarao da Filadlfia; Constituio da OIT; Declarao de Princpios de Direitos Fundamentais do Trabalho. Uma carta complementa a outra, e so obrigatrias a todos os membros da OIT. 2) Convenes da OIT: so verdadeiros tratados internacionais de adeso, e so obrigatrias para os pases que ratificarem. Duas convenes tramitam em carter de urgncia no Congresso Nacional. A primeira a Conveno 151, que cuida da conveno coletiva no servio pblico. A segunda a Conveno 158, que polmica, pois limita a dispensa do empregado. O empregador no poder mais demitir sem motivo, s poder haver demisso em 3 (trs) hipteses: motivo tcnico (o empregado no tem capacidade tcnica para desempenhar a funo); motivos disciplinares; problemas financeiros da empresa. O Brasil ratificou a Conveno 158 em 1996, e denunciou a Conveno em 19975. 3) Recomendaes: uma sugesto da OIT para que os Estados disciplinem determinadas matrias. No obrigatria. s vezes uma conveno no aprovada, e acaba virando uma recomendao. 4) Resolues: disciplinam o expediente interno da OIT.

Direito do Trabalho no MERCOSUL O MERCOSUL nasce com o Tratado de Assuno de 91, e ganha personalidade jurdica e toda uma estrutura com o Protocolo de Ouro Preto de 94. No corpo do tratado no encontramos referncia questo trabalhista ou questo social. Mas no prembulo do tratado h clara preocupao social e trabalhista. Alm do prembulo, isso tambm encontrado nos anexos do tratado, no que se chama de clusulas de barreira. O art. 1 do Tratado de Assuno diz que o MERCOSUL visa a livre circulao de produtos e servios. Quando se fala da livre circulao de servios, relaciona-se com a livre circulao de trabalhadores. Houve uma reao muito forte do Sindicato do Cone Sul, composto pelos principais sindicatos dos pases dos MERCOSUL. Esses sindicatos comearam a pressionar os governos locais. Por essa presso criou-se o subgrupo 11, que depois virou 10. Esse subgrupo se preocupa com relao de trabalho e tripartite. Criaram 8 (oito) comisses para estudo das relaes de trabalho, sendo que para nossa aula a comisso 8 a mais importante. A comisso 8 ficou incumbida de criar um Direito do Trabalho mnimo para o MERCOSUL. Para que isso acontecesse, ela criou duas frentes. O primeiro foco foi eleger as convenes da OIT consideradas principais para os Estados ratificarem (foram selecionadas 34 convenes, mas acabaram no sendo ratificadas por todos os pases). A outra frente ficou incumbida de criar uma Carta de Direitos Fundamentais do Trabalho. Criou uma carta to inovadora que era mais avanada que as cartas europias. No prprio subgrupo houve um racha quanto carta, e ela sequer chegou a ser aprovada. Em 96 foi criado o Frum Consultivo Econmico e Social. Ele tambm tem uma incumbncia trabalhista. Do trabalho em conjunto do subgrupo 10 com o FCES surgiu a Declarao Scio Laboral do MERCOSUL, que o principal diploma trabalhista do MERCOSUL. Em 2003, a pedido do MERCOSUL, a OIT fez um estudo sobre o trabalho no MERCOSUL6. Este relatrio serviu de base para o encontro dos ministros do trabalho do MERCOSUL em abril de 2004. Neste encontro ficou definido que as estratgias de combate ao desemprego sero sempre macrorregionais.

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Na OIT, s pode denunciar a cada 10 (dez) anos.

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Gerando Trabalho Descente no MERCOSUL. Emprego e Estratgias de Crescimento: o Enfoque da OIT

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Direito Individual do Trabalho Conceito de Otavio Bueno Magano: a parte do Direito do Trabalho que tem por objeto o contrato individual do trabalho e as clusulas que lhe so incorporadas em virtude de lei, conveno coletiva, deciso normativa ou regulamento. Contrato de trabalho terminologia utilizada na CLT. A doutrina prefere chamar de relao de emprego. Tambm o mesmo que contrato individual de trabalho. Conceito de relao de emprego: um contrato, cujo contedo mnimo a lei, possuindo como sujeitos, de um lado, o empregado (pessoa natural), que presta servios, e, de outro lado, o empregador em funo de quem os servios so prestados de forma subordinada, habitual e mediante salrio. Natureza jurdica: para uma parte expressiva da doutrina essa relao de emprego uma relao contratual (teoria contratualista). O art. 442 CLT d essa noo. No sentido inverso, temos a teoria acontratualista, que considera que a relao de emprego no um contrato apenas, est muito alm de um contrato, pois envolve relaes humanas no dia a dia, uma relao institucional. A teoria acontratualista est no art. 444 CLT. Como h duas correntes, temos ainda uma corrente intermediria que considera os dois aspectos. O prof. Arnaldo Sussekind diz que o direito brasileiro adotou uma posio intermediria. Mas a opinio dele no a que prevalece. H uma diviso na doutrina quanto natureza jurdica. Origem do contrato de trabalho: No Direito Romano temos trs contratos que teriam uma relao com o contrato de trabalho: locatio rei, locatio operis faciendi, locatio operarium. O locatio rei a locao de coisa (lembrando que em Roma o escravo era tido como coisa), portanto no pode ser considerado origem primria do contrato de trabalho. O locatio operis faciendi seria um contrato de empreitada, e tambm no pode ser considerado origem primria. O locatio operarium, portanto, a origem do contrato de trabalho. Caractersiticas (ou elementos constitutivos): O contrato de trabalho um contrato bilateral ou sinalagmtico. Existem obrigaes recprocas, tanto um quanto outro possuem direitos e deveres; um contrato comutativo, ou seja, as partes conhecem de antemo seus direitos e deveres; um contrato personalssimo (intuito personae), s o contratado pode realizar; uma relao de trato sucessivo, tambm conhecida como relao continuada (se projeta no tempo); Consensual, ou seja, depende da vontade das partes para sua origem, manuteno e extino; Subordinao. Quando comeou a discutir subordinao discutiu-se o que se chama de dependncia econmica, pois, em geral, o empregado depende do emprego. Mas h situaes em que o empregado mais rico que o empregador. Passou-se a defender, ento, a subordinao tcnica, ou seja, o empregado dependeria da subordinao tcnica do empregador. Mas geralmente o empregado possui mais conhecimento tcnico do que o empregador, por isso ele foi contratado. Hoje prevalece a subordinao ou dependncia jurdica. Dependncia jurdica a possibilidade do empregador punir o empregado. As punies podem ser advertncia (verbal ou escrita), suspenso ou dispensa motivada (com justa causa). Para o atleta profissional possvel a aplicao de multa.

Morfologia: quando falamos de morfologia estamos nos referindo s formas do contrato. Analisamos sobre dois aspectos. O primeiro aspecto a origem, como se origina o contrato de trabalho. Ele pode ser originado de forma expressa (manifestao expressa da vontade), que pode ser verbal ou escrita, e pode ser tambm documental (anotao na carteira de trabalho). Tambm pode ser originado de forma tcita (ex: pessoa comea a fazer algum servio pra voc e voc comea a pagar a ela). O segundo aspecto diz respeito ao prazo. A regra geral do prazo contrato por prazo indeterminado. Mas o legislador permitiu que em algumas situaes se celebre contrato de trabalho por prazo determinado (art. 443 CLT).Art. 443 - O contrato individual de trabalho poder ser acordado tcita ou expressamente, verbalmente ou por escrito e por prazo determinado ou indeterminado.www.direitomackenzie.com.br

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1 - Considera-se como de prazo determinado o contrato de trabalho cuja vigncia dependa de termo prefixado ou da execuo de servios especificados ou ainda da realizao de certo acontecimento suscetvel de previso aproximada. 2 - O contrato por prazo determinado s ser vlido em se tratando: a) de servio cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminao do prazo; b) de atividades empresariais de carter transitrio; c) de contrato de experincia.

A primeira hiptese trata dos servios cuja natureza ou transitoriedade justifiquem a predeterminao do prazo. Ex: contrata sujeito para instalar fibra tica na empresa, ao final da instalao, no precisa mais dele. A segunda hiptese corresponde a atividade empresarial de carter transitrio. Ex: loja Natalie, que s funciona na poca de Natal; feira de eventos; rodeio. A terceira hiptese da lei o contrato de experincia, que tem a finalidade de se verificar a capacidade tcnica e adaptao do empregado ao ambiente de trabalho. Regras para as duas primeiras hipteses: a) um contrato formal, ou seja, exige-se clusula expressa quanto ao prazo.; b) o prazo mximo de 2 (dois) anos. Se contratar por prazo inferior a 2 (dois) anos, admite-se uma nica prorrogao por igual prazo (limitado aos 2 anos). Ex: contratou por 1 ano e meio, pode prorrogar por mais 6 meses. Se passar do prazo determinado, vira prazo indeterminado. Para a contagem do prazo, exclui-se o primeiro dia e inclui-se o ltimo dia. Contrato de experincia no mximo por 90 (noventa dias). NO SO 3 MESES. Posso contratar por menos de 90 dias, prorrogvel uma vez, desde que no ultrapasse os 90 dias. Se o funcionrio em experincia trabalhar um dia a mais que os 90 dias, o contrato vira contrato por prazo indeterminado. Outros contratos: Contrato de safra art. 14 da lei 5.889/73. Contrato para a colheita de uma safra. Tambm tem o elemento transitoriedade, no caso, a safra. Contrato de temporada. No tem disciplina normativa, temos que enquadrar nas hipteses de prazo determinado. Contrato por prazo determinado da lei 9.601/98. Quem contratasse por essa lei teria incentivos fiscais. Mas quem fosse contratado por essa lei teria menos benefcios que os demais empregados (ex: FGTS 2%). Precisa negociar com sindicato, depende de um acordo ou conveno coletiva de trabalho. No temos a implementao desse contrato. A doutrina chama esse contrato de contrato por regime parcial. Na prtica, ele no existe. Contrato por equipe. A doutrina diverge sobre sua existncia ou no. Ex: tenho um restaurante, e descubro que contratando uma banda o movimento aumentaria. Contrato a banda, a equipe completa. Um dia a vocalista vai embora. O contrato com todos integrantes rompido, pois o cumprimento dele deveria ser integral. Dualismo contratual ou dualidade de contrato: Ex: tenho uma faxineira no trabalho e uma empregada domstica em casa. A faxineira do trabalho vai embora. Peo para a empregada domstica trabalhar tambm no escritrio e sair mais cedo. Mas no falo nada sobre aumento de salrio, aumentou apenas a carga de trabalho dela. A parte da doutrina que admite o dualismo contratual entende que existe a dois contratos de trabalho, devendo pagar dois salrios, duas frias, dois 13 etc. Para outra parte da doutrina, existe apenas um contrato de trabalho, prevalecendo o trabalho que for desempenhado mais. Do ponto de vista prtico, o dualismo contratual no comum.

17/03/2009 Sujeitos da Relao de Emprego Temos dois sujeitos: empregado e empregador.www.direitomackenzie.com.br

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O sujeito mais importante o empregado. O conceito de empregado est no art. 3 CLT.Art. 3 - Considera-se empregado toda pessoa fsica que prestar servios de natureza no eventual a empregador, sob a dependncia deste e mediante salrio. Pargrafo nico - No haver distines relativas espcie de emprego e condio de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, tcnico e manual.

Requisitos para ser empregado: O primeiro requisito ser pessoa natural. No pode ser pessoa jurdica nem semovente. Por conta dessa questo da pessoa natural, temos outro requisito que no est na lei, que a pessoalidade. Por pessoalidade entende-se que a relao personalssima. A pessoa no pode mandar outra em seu lugar fazer o servio. O terceiro requisito o que a CLT chama de servios no eventuais. Encontraremos isso na doutrina como habitualidade. O mdico que vai uma vez por semana no hospital, durante dez anos, habitual. J a diarista que vai toda segunda, no . Parece um contrasenso, mas foi esse o julgado do TST. Para entender o que trabalho eventual (no habitual) temos quatro correntes. 1 descontinuidade. Eventual aquele que no h uma continuidade nos seus servios; 2 evento. Eventual aquele que trabalha para determinado evento; 3 fins do empreendimento. Aqueles que no trabalham vinculados aos fins da empresa seriam os eventuais; 4 fixao jurdica. Eventual aquele que no se fixa a uma relao jurdica, ele tem uma gama de relaes. Segundo o professor, as duas primeiras (teoria da descontinuidade e teoria do evento) so as mais adequadas ao nosso sistema. Outro requisito o que a CLT chama de dependncia, e ns chamamos de subordinao. A subordinao jurdica representa a direo, o controle e a punio. O quinto e ltimo requisito o que a lei fala mediante salrio. Estamos falando de onerosidade contratual, a contraprestao dos servios prestados. Se algum trabalha de graa no emprego, servio voluntrio. Outros empregados Empregado domstico: lei 5.859/72. Empregado domstico aquele que presta servios em funo da famlia, do lar. Ex: empregada domstica, bab, motorista, mordomo, governanta, cozinheiro etc. Devemos tomar cuidado com o dualismo contratual. o caso de eu ter um caseiro, e quase no apareo l. A coloco uma galinhas para ele criar. Aparece uma nova relao, e surge o dualismo contratual ou o caseiro passa a ser um empregado comum. Avulso: a partir de 88 ele passou a ser equiparado a um funcionrio normal em direitos. Exemplo clssico de avulso so os trabalhadores em portos. Tem que ser contratado atravs do sindicato para executar o servio. Tem que pagar todos os direitos do trabalhador relativos aos dias trabalhados (ex: FGTS, 13) e ele volta para a fila. O mesmo se aplica ao prtico. Trabalhador temporrio: lei 6.019/74. Trabalhador temporrio s pode ser contratado em duas hipteses: aumento de demanda e substituio de pessoal permanente. Esse contrato de no mximo 3 (trs) meses, e s pode ser prorrogado mediante pedido no ministrio do trabalho. NO CONFUNDIR COM CONTRATO POR PRAZO DETERMINADO! A empresa que fornece trabalhador temporrio tem de ter uma inscrio especial no ministrio do trabalho. Trata-se de uma relao triangular: a tomadora contrata a prestadora, que fornece o trabalhador. No mais, o trabalhador temporrio tem os mesmos direitos. Trabalhador rural: lei 5.889/73. Quando a lei fala de trabalhador rural, fala de 4 (quatro) figuras: a) Empregado rural: tem quase os mesmos direitos do empregado urbano (at porque a CF o equipara); b) Safrista: contrato de safra; c) Eventual rural: o eventual, s que no campo. o caso do bia fria;www.direitomackenzie.com.br

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d) Regido pelo direito civil, por contratos agrcolas, como meao, arrendamento e parceria. H um trabalho, mas no protegido pelo direito de trabalho, e sim pelo direito civil. possvel ter um trabalhador rural e ter uma outra relao contratual com ele. Ex: tenho um vaqueiro e arrendei uma poro da fazenda para ele, permitido.

Se de um lado tenho empregado, do outro tenho o empregador. O conceito de empregador est no art. 2, caput CLT.Art. 2 - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econmica, admite, assalaria e dirige a prestao pessoal de servio. 1 - Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relao de emprego, os profissionais liberais, as instituies de beneficncia, as associaes recreativas ou outras instituies sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados. 2 - Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurdica prpria, estiverem sob a direo, controle ou administrao de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econmica, sero, para os efeitos da relao de emprego, solidariamente responsveis a empresa principal e cada uma das subordinadas.

Pode ser uma pessoa fsica, pessoa jurdica ou at mesmo um ente despersonalizado. O empregador assume o risco da atividade econmica, ele no pode transferir o prejuzo para o empregado (embora algumas vezes o faa na prtica). O empregador no pode, tendo o estoque de mercadorias encalhado, deixar de pagar o salrio dos empregados em dinheiro para pagar em mercadorias. O empregador no pode descontar cheque devolvido do empregado. Os riscos assumidos pelo empregador no abrangem, por exemplo, danos de acidente de carro da empresa que o empregado dirigia. Neste caso, o empregado quem dever arcar com os custos. Empregador quem contrata, quem dirige e quem remunera. O 1 equipara os profissionais liberais, as instituies de beneficncia, as associaes recreativas ou outras instituies sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados a empregador. O 2 Se uma empresa controla outra (ex: holding), todo o grupo responde solidariamente pelos crditos trabalhistas. Se a empresa de baixo quebrar, a empresa de cima deve arcar com os crditos trabalhistas da falida. Manoel/Joaquim Padaria Vero Manoel/Ricardo Padaria Primavera Joaquim/Tcio Padaria Outono Ricardo/Tcio Padaria Inverno

Csar trabalha na Padaria Vero. Para efeitos trabalhistas, as padarias Primavera, Outono e Inverno respondem solidariamente pelos crditos trabalhistas de Csar, pois as quatro padarias so consideradas um grupo horizontal devido aos scios de umas serem scios das outras. Empregador Rural O empregador rural est numa situao muito prxima da CLT. No comeo do ms vai um gato e contrata vinte empregados. No final do ms uma pessoa paga os vinte empregados. O dono da fazenda outra pessoa, que nunca apareceu para os vinte empregados.. Quem o empregador? o dono da fazenda. Consrcio de empregadores rurais Tenho quatro fazendas, A, B, C e D, e tenho um trabalhador, Tcio. Cada dia Tcio presta servio numa das quatro fazendas. uma situao de insegurana na relao. Os proprietrios das quatro fazendas, ento, vo ao cartrio e declaram a inteno de formar um consrcio de empregadores rurais por instrumento pblico. A partir desse consrcio, Tcio ter registrado na carteira de trabalho que trabalha na fazenda A, mas como um consrcio, todo o grupo poder se utilizar dos servios de Tcio. O grupowww.direitomackenzie.com.br

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responde solidariamente pelos crditos trabalhistas. O consrcio de empregadores rurais gera segurana jurdica para os dois lados.

18/03/2009 Terceirizao A terceirizao surgiu como uma forma de reduzir os custos da empresa. Comearam a contratar prestadoras de servios para determinadas funes dentro da empresa. Surgiu de forma mais concreta na dcada de 80. O TST no admitiu num primeiro momento a terceirizao (smula 256 TST). Mas esse posicionamento foi extremamente criticado. Primeiro porque smula no lei. Segundo, por inibir a livre iniciativa, que preceito fundamental. Acabou implicando no cancelamento desta smula. Com isso se editou a smula 331 TST. Esta smula representa hoje a maior referncia jurdica no que tange a terceirizao, uma vez que no h regulamentao sobre a matria. O TST passa a admitir a terceirizao, mas apenas na atividade meio7. Ultimamente as funes esto to fracionadas que estamos com dificuldade de identificar quais as atividades fim. Vejamos trs situaes. A primeira a terceirizao de atividade fim. O que acontece se eu terceirizar uma atividade fim? Ela acaba implicando no reconhecimento do contrato de trabalho diretamente com o tomador, ou seja, uma fraude. A segunda situao contratao por empresa interposta. O TST chama de empresa interposta a empresa fraudulenta. Ou seja, eu no quis fazer uma terceirizao lcita, eu quis fraudar direitos. Se os funcionrios saem da empresa e voltam como cooperados, fraude. Uma boa parte das cooperativas no tem o esprito de cooperados. A terceira situao ocorre com o desvirtuamento da relao. Ex: Mackenzie terceirizou o servio de limpeza. O Mackenzie no pode demitir o faxineiro, ele deve chamar o responsvel pela empresa, que dever tomar as providncias. Se houver um problema, deve ser tratado com o representante da empresa terceirizada, o tomador no pode ingerir diretamente no terceirizado. Direitos trabalhistas no pagos pelos empregadores resultam numa responsabilidade subsidiria da tomadora. Ex: Tcio processa a prestadora, se ela no pagar Tcio, a tomadora deve pagar. Culpa in elegendo e culpa in vigilando. A tomadora deveria ter tomado mais cuidado na escolha de quem estava contratando. A forma da tomadora se prevenir uma clusula de fiscalizao, ou seja, a tomadora s paga o ms subsequente se a empresa provar que pagou os encargos trabalhistas. A terceirizao no setor pblico tem regras diferenciadas, mais complicada.

Sucesso de empregadores O prof. Amaury separa a sucesso em dois aspectos: amplo e restrito. Ele considera amplo a transferncia ou aquisio do fundo de comrcio. A mera alterao societria no sucesso Ex: Tcio empregado da pessoa jurdica ABC Ltda; os trs scios saem da empresa e entram outros scios em seu lugar; no se trata de sucesso de empregador trabalhista, pois o empregador de Tcio continua sendo a empresa ABC Ltda. A sucesso ocorre quando h o aproveitamento do fundo de comrcio, por exemplo, aougue coloca placa passa-se o ponto, um sujeito vai l adquire o estabelecimento comercial, abrindo uma nova empresa, mantendo a mesma atividade e os

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Atividade meio a atividade que no a finalidade da empresa.

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mesmos empregados. Neste caso, a nova empresa pode responder por eventual ao trabalhista que for movida contra a empresa anterior. No que tange ao aspecto restrito, temos quatro figuras: transformao, incorporao, fuso e ciso. A transformao consiste em alterar o quadro societrio. O empregador continua o mesmo, s alterou o quadro social. A CLT e a doutrina consideram sucesso. Na incorporao tenho uma empresa, e vem uma incorporadora e absorve o empregador. Ex: banco que compra outro, passando a ter uma bandeira nica. Na fuso, ocorre a unio de dois empregadores distintos, formando um empregador s. As empresas anteriores deixam de existir. Quanto ciso, uma empresa se divide em duas ou mais empresas menores. No caso da incorporao e da fuso, o novo empregador responde por todo o passivo trabalhista. Na ciso a situao pode ser diferente. Tcio trabalhou na empresa me (A) de 95 a 2005. A a empresa A se dividiu em A1, A2 e A3. Digamos que Tcio ficou na empresa A1 de 2006 a 2009, sai da empresa e decide processar. Quem vai pagar a conta e por qual perodo? No perodo em que Tcio trabalhou s para a A1, somente a A1 paga. Pelo perodo em que Tcio trabalhou para A, as trs empresas pagam (A1, A2 e A3). comum na ciso ter uma clusula em que uma das empresas filhas responde por todo o passivo trabalhista. Esta clusula vale entre as empresas filhas, no podendo ser oposta contra o empregado. Ou seja, o empregado processa qualquer uma delas, e esta dever exercer a clusula contra a empresa que for responder segundo a clusula. No permitido reduzir salrio dos empregados quando ocorre sucesso de empregadores. Se houver diferena entre os salrios dos funcionrios das empresas, a nica soluo fazer um acordo coletivo de reduo de salrio.

Suspenso e interrupo do contrato de trabalho Vimos que o contrato de trabalho uma relao continuada, ele se prolonga no tempo. Mas supomos que por alguma razo o contrato continue vigente no tempo, mas o funcionrio no trabalhe (ex: frias). No h um critrio absoluto para se determinar quando suspenso e quanto interrupo, mas costuma-se adotar como critrio dinheiro e tempo de servio Se tiver pagamento de salrio e/ou contagem de tempo, interrupo. Se no tiver nenhum dos dois, suspenso. No to importante saber se suspenso ou interrupo, o mais importante saber quais so as hipteses. 1 hiptese: art. 395 CLT. A empregada que tiver um aborto no criminoso tem direito a uma licena de 2 (duas) semanas. E se a criana nascer morta? A situao do natimorto equiparada ao aborto no criminoso. E se o aborto for criminoso? A no tem direito s duas semanas de licena e o empregador no obrigado a pagar. Como ele no paga nem conta tempo de servio, trata-se de suspenso do contrato de trabalho.

24/03/2009 Acidentes e doenas no relacionados ao trabalho Suponha que o funcionrio pegou sarampo, ou que quebrou a perna jogando bola no fim de semana. Nos 15 (quinze) primeiros dias o empregador remunerar como se estivesse trabalhando. Esses 15 (quinze) primeiros dias podero ser contnuos ou no. Ex: achou que s tinha luxado a perna e ficou dois dias sem trabalhar. Volta a trabalhar, a dor persiste e descobriu que tinha fraturado, voltando a ficar sem trabalhar.

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A partir do 16 dia a remunerao ficar a cargo do INSS (Instituto Nacional de Seguro Social). A relao passa a ser com o INSS, e no mais com o empregador. O empregado s ter direito ao benefcio se ele tiver a qualidade de segurado. Tem de estar contribuindo ao INSS h pelo menos 12 (doze) meses. Suponha que trabalhei em uma empresa de 2000 a 2007, contribuindo todo esse perodo. Logo, tinha a qualidade de segurado. Sa da empresa e fiquei sem trabalhar. Continuo com a qualidade de segurado por mais 12 (doze) meses. Esses doze meses so prorrogveis automaticamente por mais doze meses, o que, na prtica, acaba resultando em um prazo de 24 (vinte e quatro) meses. At 6 (seis) meses conta tempo de servio para frias. Ex: estava trabalhando h seis meses. Fiquei afastado por cinco meses. Este tempo afastado continua contando para frias. Se ultrapassar os seis meses, o perodo de contagem para frias ser reiniciado do zero. Portanto, nos primeiros 15 dias temos salrio e tempo de servio, a partir da e at 6 meses temos apenas tempo de servio, e aps 6 meses temos apenas o INSS.

Doena e acidentes relacionados ao trabalho Para efeito jurdico, doena e acidente so equivalentes. Temos duas figuras: o acidente tpico, que aquele que ocorre no ambiente de trabalho ou se desenvolve pelas condies ou pelo ambiente de trabalho. Ex: teto da empresa que desaba sobre o funcionrio; leso de esforo repetitivo (LER). Temos tambm o acidente atpico, tambm conhecido como acidente de percurso ou acidente in itinere. aquele que ocorre no percurso regular para o trabalho. Ex: acidente de trnsito quando ia para o trabalho. Sofro um acidente ou uma doena, os 15 (quinze) primeiros dias sero remunerados pelo empregador como se estivesse trabalhando. Esses quinze primeiros dias podem ser contnuos ou no. Aps o quinze primeiros dias, ser a cargo do INSS. A partir do dia do evento o empregador tem 24 (vinte e quatro) horas para emitir a CAT (Comunicado de Acidente de Trabalho). A CAT contm o nome da empresa, nome do empregado, resumo do ocorrido e, se tiver documentos, j manda (ex: exames feitos). Ser necessria percia pelo INSS. No concordando com a percia, posso requerer nova percia junto ao INSS. Uma vez caracterizado como acidente ou doena de trabalho, no h carncia. Posso estar no 1 dia do emprego, se sofrer acidente de trabalho, o INSS paga. No importa h quanto tempo sou segurado. Tem empresas que no deixam o empregado entrar no INSS. Um dos motivos que o acidente de trabalho gera estabilidade. Outro que ela provavelmente ser fiscalizada. At 6 (seis) meses conta tempo de servio. Mas pode se prolongar pelo tempo. Desde o acidente at o retorno, o empregador dever recolher o FGTS. Do dia em que o empregado voltar, ele tem estabilidade de 12 (doze) meses. O benefcio de acidente de trabalho tem teto, em torno de R$3.000,00. Portanto, at 15 dias temos interrupo. Do 16 dia a 6 meses, interrupo. A partir da, tambm interrupo, pois o empregador continua pagando o FGTS (embora parte da doutrina considere suspenso). Se tenho uma doena pr-existente, e as condies do trabalho agravam a doena, temos o que se chama de concausa. considerado doena de trabalho. Ex: LER. controverso se um acidente ocorrido no local de trabalho, porm fora do horrio de trabalho e sem que o funcionrio estivesse trabalhando, seja acidente de trabalho ou no. Ex: depois do horrio vo jogar bola na quadra dentro da empresa e o funcionrio quebra a perna.

Aposentadoria por invalidez Aplica-se tanto para doenas e acidentes relacionados ao trabalho, quanto para os no relacionados com o trabalho. A lei diz que se o funcionrio estiver afastado por 5 (cinco) anos no INSS, converte-se em aposentadoria por invalidez.www.direitomackenzie.com.br

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Aps a aposentadoria por invalidez, o empregador tem de esperar mais 5 (cinco) anos para extinguir o contrato. Ou seja, por cinco anos o contrato de trabalho estar suspenso. Isso ocorre porque o funcionrio pode recuperar sua capacidade para o trabalho. Na prtica, o INSS no converte o benefcio na maior parte dos casos, devido revoluo tecnolgica na medicina. Vai prolongando a converso o quanto puder. Uma doena sem cura hoje pode ter a cura descoberta amanh. O TST entende que o empregador obrigado a aceitar de volta o empregado que teve cassada a aposentadoria por invalidez, mesmo aps passados os cinco anos de tempo de aposentadoria por invalidez que ensejaram a extino do contrato de trabalho. Mas este retorno aps a aposentadoria por invalidez no d estabilidade nenhuma ao funcionrio, que poder ser demitido no mesmo dia.

Aviso prvio a pr-notificao de termo do contrato de trabalho. Voc comunica a parte contrria que o contrato ser rescindido. O prazo de 30 (trinta) dias antes. Se o aviso prvio for dado pelo empregador, ele tem duas hipteses: Indenizado. Dispensa o funcionrio de cumprir os 30 dias, mas paga o perodo; Ocorre interrupo no contrato de trabalho (pois paga salrio e conta tempo). Obriga o funcionrio a trabalhar no aviso prvio. O aviso prvio trabalhado pelo empregador tem uma reduo de 2 (duas) horas por dia ou de 7 (sete) dias corridos, para que o empregado procure um novo emprego. No ocorre nem interrupo nem suspenso, pois continua trabalhando. Seja no aviso prvio indenizado, seja no trabalhado, a baixa na carteira de trabalho se projeta nos trinta dias. Se o empregado pedir demisso, o empregador que vai decidir se dispensa, se indeniza ou se trabalha. No trabalho no h reduo. Se o funcionrio faltar no aviso prvio, o empregador desconta o perodo equivalente.

Empregado eleito para diretor da empresa Diretor de empresa no empregado! Se sou empregado e viro diretor da empresa, suspende-se o contrato.

Empregado pblico eleito para cargo pblico Art. 38 CF. O empregado pblico eleito para cargo federal, estadual ou distrital tem o seu contrato de trabalho suspenso. Empregado eleito para o cargo de prefeito tem o seu contrato de trabalho suspenso, mas poder optar pela melhor remunerao. Se for eleito para o cargo de vereador, se houver compatibilidade de horrios poder continuar com os dois empregos. Se no houver compatibilidade, poder escolher a melhor remunerao.

Faltas no servio A CLT cuida de faltas justificadas e faltas injustificadas. Vamos ver apenas as faltas justificadas. Falta injustificada a que o empregado faltou e o empregador no aceitou a sua desculpa. O funcionrio perde o dia de trabalho, perde a remunerao do descanso semanal remunerado e pode perder uma parte das frias. H situaes muito complexas. Se faltou para levar o filho ao mdico, por exemplo, no tem previso legal. Por conta dessas situaes comum as empresas criarem a figura da falta abonada, embora a CLT no tenha essa figura. O empregador desconta o dia, mas no desconta o descanso semanal nem as frias. As hipteses de faltas justificadas esto no art. 473 CLT:www.direitomackenzie.com.br

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1) licena nojo: pelo falecimento de ascendentes, descendentes, cnjuge, irmos e aqueles que vivam sob sua dependncia econmica (ex: enteado). No caso da licena nojo, so 2 (dois) dias. Se for professor, so 9 (nove) dias. 2) licena gala: pelo casamento, tanto faz se no civil ou no religioso. Se casar tanto no civil como no religioso, escolhe um dos dois. So 3 (trs) dias. Se for professor, so 9 (nove) dias.

25/03/2009 3) licena paternidade: a licena paternidade de 5 (cinco) dias corridos. 4) doao de sangue: o empregado pode faltar 1 (um) dia a cada 12 (doze) meses para doar sangue. Se a pessoa for recusada na hora de doar, sero abonadas somente as horas que o sujeito levou para ir at o local de doao. No h previso de abono de falta para outros tipos de doao (talvez possa equiparar a doao de plaquetas doao de sangue). 5) servio militar: todos os dias necessrios para o servio militar obrigatrio. Inclui desde o alistamento at o dia do reservista. Se for servio militar voluntrio, no h previso legal, logo, o empregador no obrigado a pagar. 6) alistamento eleitoral: tem at 2 (dois) dias para efetuar o alistamento eleitoral, devendo comunicar o empregador previamente (48 horas antes). a nica hiptese em que voc tem que comunicar o empregador previamente. 7) mesrio em eleio: o dobro dos dias trabalhados como mesrio. Alm do art. 473, existem outras possibilidades de faltas justificadas: 8) vestibular: quem prestar vestibular para curso de nvel superior tem a falta justificada nos dias da prova. 9) testemunha e jurados: quem for testemunha ou jurado tem os dias justificados. Tem de pedir o atestado. 10) parte: a parte ter justificada apenas as horas necessrias. 11) representar o Brasil em organismos internacionais envolvendo discusses de Direito do Trabalho: quem representar o Brasil em organismos internacionais envolvendo discusses de Direito do Trabalho no poder ter os dias descontados. 12) frias 13) greve: o pagamento dos dias parados na greve vai depender do julgamento da greve. Se a greve for considerada abusiva, no se pagam os dias parados. Se ela for considerada no abusiva, o empregador remunerar os dias parados. Mesmo havendo greve abusiva hoje, a justia do trabalho tem determinado o pagamento dos dias parados mediante compensao. 14) lockout: a greve a paralisao das atividades pelos empregados, o lockout a paralisao das atividades pelo empregador, com o fim de pressionar os empregados. No Brasil o lockout proibido (art. 87 da lei 7783 lei das greves). Se o empregador fizer, ele remunerar os dias parados, logo, acaba sendo uma interrupo do contrato.

Intervalos Os intervalos no fazem parte da jornada de trabalho, logo, no so remunerados. Como regra, suspenso do contrato, mas h excees que veremos adiante.

DSR - Descanso semanal remunerado No DSR eu no trabalho e recebo, logo, interrupo do contrato.

Licena Maternidade A partir da concepo a mulher j tem estabilidade, ela no precisa saber que est grvida. H uma presuno de 9 (nove) meses. A licena tem como previso este provvel parto, mas ela pode ser antecipada em 28 (vinte e oito) dias. A licena pode durar 120 (cento e vinte) dias.www.direitomackenzie.com.br

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Lei recente alterou o limite mximo para 180 (cento e oitenta) dias para as empresas que aderirem ao Programa Empresa Cidad, mas est dependendo de uma outra legislao para regulamentar. Se a gravidez for de risco e a mulher tiver de tirar licena antes dos 28 dias que antecedem o parto, ela se enquadrar nas doenas no relacionadas ao trabalho. Nos 6 (seis) primeiros meses de vida da criana, a me tem direito a 2 (dois) intervalos de 1 (uma) hora cada para amamentar a criana. O que se faz na prtica em So Paulo permitir que a empregada chegue 2 (duas) horas mais tarde ou saia 2 (duas) horas mais cedo, embora a lei no permita isso.

Suspenso Disciplinar Se eu suspendo o empregado, eu no vou pagar os dias de suspenso.

Suspenso no contrato de trabalho para qualificao profissional Art. 476-A CLT. O professor no conhece nenhuma situao em que se efetivou a suspenso do contrato de trabalho para qualificao profissional prevista no art. 476-A CLT.

Atestado mdico Se o atestado mdico for de rgo pblico ou de convnio da empresa, o empregador obrigado a aceitar. Se for de outro mdico, o empregador pode exigir que passe no mdico da empresa ou do convnio. De qualquer forma, em todas as hipteses, no atestado tem de constar a CID (cdigo internacional de doena).

Alterao no contrato de trabalho Por fora de sua natureza contratual, o contrato de trabalho faz lei entre as partes (pacta sunt servanda). No Direito Civil posso alterar o contrato por acordo entre as partes e pela teoria da impreviso. No Direito do Trabalho, funciona de forma semelhante, mas h uma proteo diferenciada. Na alterao do contrato temos uma regra especfica no art. 468 CLT. Voc s pode alterar o contrato de trabalho por mtuo acordo, e mesmo assim, ainda que o empregado concorde, voc no pode modificar para prejudic-lo, direta ou indiretamente, sob pena de nulidade da clusula (princpio da irrenunciabilidade). Trata-se de uma regra excessivamente protetiva, chega a ser prejudicial para o prprio empregado. Para compensar isso criou-se o jus variandi, que a possibilidade do empregador alterar unilateralmente o contrato de trabalho quando necessrio para a atividade empresarial. Ex: empregado trabalha noite e pedem para ele trabalhar de manh. permitido, ainda que ele ir perder o adicional noturno. Mas no ser permitido se, por exemplo, ele estuda de manh. A fixao de turnos tambm pode ser unilateral. Dentro do mesmo municpio ou da mesma regio macroeconmica posso transferir o empregado a qualquer momento unilateralmente. Quando se fala em alterao do contrato, ns temos vrios tipos de alterao. Alterao salarial: a priori, voc no pode reduzir o salrio, salvo acordo ou conveno coletiva de trabalho. A CLT, em seu art. 503, fala que o empregador pode reduzir o salrio dos empregados em at 25% em poca de crise, mas este artigo no foi recepcionado pela Constituio. No caso de aumento salarial, do ponto de vista do direito o empregado pode recusar o aumento em seu salrio.

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31/03/2009 Alterao de jornada: segundo o art. 7, VI e XIII CF, a jornada de trabalho s pode ser alterada por instrumento normativo, logo, participao do sindicato. Alterao de funo: temos 3 (trs) tipos de alterao de funo: rebaixamento, promoo e deslocamento horizontal. O rebaixamento colocar o empregado com uma atribuio intelectual inferior que ele desempenhava. Nosso sistema no permite o rebaixamento (nem se o empregado concordar). A maior parte da doutrina entende que o empregado no obrigado a aceitar promoo. Mas h uma parte da doutrina que entende que o empregado no pode recusar a promoo, salvo motivo relevante, pois ele tem uma relao institucional com a empresa que vai alm do contrato, a empresa investiu nele. Algumas empresas tm deslocamento horizontal de funo. Voc fica um tempo como diretor de uma rea e transferido para ser diretor em outra rea. interessante para a empresa pois est sempre qualificando os diretores e, se um sair, tem outro capacitado para assumir aquela funo. permitido. Alterao do local de trabalho: como regra geral vedado ao empregador alterar o local de trabalho sem a concordncia do empregado. Mas no se considera alterao do local de trabalho quando no houver necessidade de alterao de domiclio do empregado (ex: transfere da filial da Lapa para a filial do Ipiranga). muito comum utilizar essa previso legal para forar a demisso do empregado (ex: transfere do Ipiranga para Guarulhos, que muito mais longe da casa dele, mas no o obriga a mudar de domiclio). Art. 469 CLT. H empregados que podem ser compulsoriamente transferidos. o caso de cargo de confiana, quem tem cargo de confiana na empresa pode ser compulsoriamente transferido. Quem tem previso expressa no contrato tambm pode ser transferido, mas deve-se provar a necessidade do servio. A clusula implcita est relacionada ao tipo de funo que a pessoa exerce. Ex: pessoa que trabalha no circo sabe que o circo pode mudar para outro local a qualquer momento. So situaes inerentes ao contrato, no precisa estar explcita no contrato. Outra possibilidade de alterao do local a extino do estabelecimento. Ou ele vai para o novo estabelecimento ou vai embora. Nesse caso, se o empregado no aceitar, ele dispensado sem justa causa. Transferncia definitiva e transferncia provisria: na transferncia definitiva o empregador arca com todas as despesas da mudana (art. 470 CLT). A CLT no d nenhum critrio para dizer o que provisrio no caso da transferncia provisria. Podemos utilizar como critrio a Lei dos Aeronautas, que prev expressamente que a transferncia provisria para eles de 30 (trinta) a 120 (cento e vinte dias). Se passar de 120 (cento e vinte dias ) dias definitiva, e se for menos de 30 (trinta) dias no transferncia. No caso da transferncia provisria tem um adicional de transferncia de 25%. Transferncia para o exterior: Lei 7.064/82. Considerada pela lei somente se for acima de 90 (noventa) dias. Aps 2 (dois) anos de trabalho no exterior o empregado tem direito a frias no Brasil pagas pelo empregador. Ele tem o direito de retornar ao Brasil quando trabalhar mais de 3 (trs) anos no exterior por motivo de doena em membro de sua famlia ou prprio. Ele dever ser repatriado no caso de extino do contrato de trabalho, seja motivada ou no a extino. O direito material a regular a relao de emprego o do local da prestao de servio. As frias, por exemplo, sero de acordo com a regulamentao daquele pas, bem como o 13. O perodo em que trabalhei no exterior ser julgado pela justia do trabalho do Brasil, conforme art. 651, II CLT (acho que art. 651, 2 CLT). Proteo contra transferncia abusiva: O art. 659, IX CLT prev que o juiz poder conceder uma liminar para obstar uma transferncia abusiva, ou seja, aquela que no atende os requisitos do art. 469 CLT.

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ONEROSIDADE Quando falamos de onerosidade estamos falando da contraprestao pecuniria do contrato de trabalho. Um direito bsico do contrato de trabalho a remunerao. Se no tiver remunerao no contrato de trabalho, mas trabalho voluntrio. Remunerao segundo o professor Otvio Bueno Magano o conjunto de vantagens habitualmente atribudas ao empregado, de acordo com algum critrio objetivo, e contraprestao de servios prestados e em montante suficiente para satisfazer as necessidades prprias e de sua famlia. Salrio segundo o professor Srgio Pinto Martins o conjunto de prestaes fornecidas diretamente ao trabalhador pelo empregador em decorrncia do contrato de trabalho, seja em funo da contraprestao do trabalho, da disponibilidade do trabalhador, das interrupes contratuais ou demais hipteses previstas em lei. Para fazer a distino entre remunerao e salrio, temos 3 (trs) correntes: a) Para a primeira corrente remunerao e salrio so sinnimos, mas esta corrente no vinga no nosso direito. b) Para a segunda corrente, que tem um respaldo doutrinrio acentuado, remunerao gnero e salrio espcie. c) A terceira corrente faz uma conjurao do art. 457 com o art. 76 CLT. Esta corrente tem o respaldo da lei. Remunerao seria o que o empregado recebe pela mera existncia do contrato de trabalho, seja pago pelo empregador ou por um terceiro (gorjeta). Salrio seria o que se percebe pelo trabalho. As duas ltimas correntes so utilizadas diariamente. Denominao do salrio Salrio mnimo: art. 7, IV CF (salrio mnimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais bsicas e s de sua famlia com moradia, alimentao, educao, sade, lazer, vesturio, higiene, transporte e previdncia social, com reajustes peridicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculao para qualquer fim). Hoje o salrio mnimo nacionalmente unificado (antes da CF88 cada regio tinha salrio mnimo diferenciado). O salrio mnimo tem de atender as necessidades fundamentais do trabalhador e de sua famlia. O salrio mnimo tem de ser atualizado periodicamente para manter seu poder aquisitivo. Ele no pode ser utilizado para vinculao. Toda a doutrina e jurisprudncia entendiam que essa vinculao era econmica. Mas se admite a vinculao jurdica, ou seja, vinculao do salrio mnimo para danos morais, para alimentos etc. Mas recentemente o STF editou a smula vinculante n 4.Smula Vinculante n4 STF Salvo os casos previstos na Constituio Federal, o salrio mnimo no pode ser usado como indexador de base de clculo de vantagem de servidor pblico ou de empregado, nem ser substitudo por deciso judicial.

Com a edio da smula vinculante n 4 o TST sofreu uma reclamao. A Justia do Trabalho suspendeu todos os processos sobre o tema. A decidiram que enquanto no houver a alterao da CLT quanto utilizao do salrio mnimo, pode continuar utilizando o salrio mnimo. A smula vinculante n6 definiu que o praa pode ter remunerao inferior ao salrio mnimo. Com isso acabamos voltando situao de que vinculao econmica no pode, mas vinculao jurdica pode. Piso estadual: Art. 22, I CF diz que somente a Unio pode legislar sobre matria trabalhista. Mas por conta das diferenas regionais, inseriu-se o pargrafo nico delegando aos estados criar um piso estadual distinto do salrio mnimo, com a aplicao do art. 7, V CF. Isso veio com a lei complementar 103/2000. Em SP temos 3 (trs) nveis de piso. Cada nvel abrange um grupo de profisses. Quem estiver em um desses nveis recebe o piso estadual, quem no estiver recebe o salrio mnimo. Salrio base ou salrio stricto sensu: salrio base o salrio sem qualquer plus, sem qualquer adicional. Salrio contratual: o fixado pelas partes.www.direitomackenzie.com.br

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Salrio normativo ou piso da categoria: o piso definido em acordo da categoria (conveno) ou em sentena normativa. Salrio profissional: o definido em lei para determinadas profisses. Mdicos, enfermeiros, engenheiros e mdicos residentes tm salrio profissional.

01/04/2009 ELEMENTOS DA REMUNERAO 1) Habitualidade: a remunerao tem de se repetir a cada ciclo. Uma vez caracterizada a habitualidade, ela no poder mais ser suprimida do contrato. 2) Periodici