torno mecânico

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O TORNO MECÂNICO 1.0 – Introdução: As ferramentas foram a maneira que o homem encontrou para ampliar a força e destreza do seu corpo. As máquinas possibilitaram a multiplicação destes princípios por milhões de vezes. O Torno foi provavelmente uma das primeiras tecnologias desenvolvidas para a produção em grande escala. Com ele (na antiguidade) uma pessoa poderia sem maiores dificuldades, produzir recipientes para toda uma comunidade. Chamado de Máquina Ferramenta Fundamental, foi a partir dele que se originaram todas as demais ferramentas, o Torno pode executar maior número de operações que qualquer outra máquina ferramenta. O Torno executa qualquer espécie de superfície de revolução uma vez que a peça que se trabalha tem o movimento de avanço e translação. Permite usinar qualquer obra que deva ter seção circular e combinações de tais seções. O trabalho abrange obras como eixos, polias, pinos e todas as espécies de roscas. Além de tornear superfícies cilíndricas externas e internas, o Torno poderá usinar superfícies planas no topo das peças, facear, abrir rasgos ou entalhes de qualquer forma, ressaltos e golas, superfície cônicas, esféricas e 1

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Page 1: Torno mecânico

O TORNO MECÂNICO

1.0 – Introdução:

As ferramentas foram a maneira que o homem encontrou para ampliar a força e

destreza do seu corpo. As máquinas possibilitaram a multiplicação destes princípios por

milhões de vezes.

O Torno foi provavelmente uma das primeiras tecnologias desenvolvidas para a

produção em grande escala. Com ele (na antiguidade) uma pessoa poderia sem maiores

dificuldades, produzir recipientes para toda uma comunidade.

Chamado de Máquina Ferramenta Fundamental, foi a partir dele que se

originaram todas as demais ferramentas, o Torno pode executar maior número de

operações que qualquer outra máquina ferramenta.

O Torno executa qualquer espécie de superfície de revolução uma vez que a

peça que se trabalha tem o movimento de avanço e translação. Permite usinar qualquer

obra que deva ter seção circular e combinações de tais seções. O trabalho abrange obras

como eixos, polias, pinos e todas as espécies de roscas.

Além de tornear superfícies cilíndricas externas e internas, o Torno poderá

usinar superfícies planas no topo das peças, facear, abrir rasgos ou entalhes de qualquer

forma, ressaltos e golas, superfície cônicas, esféricas e perfiladas. Qualquer tipo de peça

roscada, interna ou externa, pode ser executada no Torno. Além dessas operações

primárias ou comuns, o Torno pode ser usado para furar, alargar, recartilhar, enrolar

molas, etc. o Torno também pode ser empregado para polir peças empregando-se uma

lima fina, lixas etc.

Fig. 1: Torno Mecânico Horizontal

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Page 2: Torno mecânico

2.0 – Histórico:

O uso do Torno foi identificado por arqueólogos na fabricação de cerâmicas

datadas de mais de 3000 anos de existência.

Desenhos Egípcios mostram oleiros trabalhando com Tornos a mais de 2000

anos antes de nossa era.

Fig. 2: “Torno” primitivo Fig. 3: Torno Oleiro

Os primeiros Tornos, dignos desse nome, tinham barramento de madeira e

transmissão por correias de couro. Os mecanismos eram acionados por pedais,

semelhantes às máquinas de costura manuais inspirados por Leonardo D’Vinci.

Fig. 4: Torno tipo “máquina de costura”. Fig. 5: Detalhe do acionamento.

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Page 3: Torno mecânico

No fim do século XVIII, os fabricantes de armas para batalhas (cruzadas),

começaram a desenvolver interesse por diversos materiais metálicos, originando

dispositivos mecânico para fabricação de suas armas e ferramentas.

Um Torno mecânico era ajustado antigamente pelo ferramenteiro que utilizava

um conjunto de procedimentos mentais e manuais. Necessitando de outro tipo de peça,

era preciso reajustar todo o equipamento novamente.

Com a chegada da energia elétrica no final do século XIX surge o motor elétrico,

que trouxe junto com a revolução industrial inglesa, o aperfeiçoamento do Torno e de

diversas máquinas no século XX.

Fig. 6: Torno da época da 2ª guerra.

Depois da introdução da informática, a união das funções do Torno e dos

computadores numa mesma máquina (torno de comando numérico computadorizado),

permitiu que todos os procedimentos do ferramenteiro sejam feitos automaticamente

pelo Torno. Basta para isso que o programador dê os comandos e as medidas da nova

peça.

Fig. 7: Estação CNC

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Page 4: Torno mecânico

3.0 – Tornos Mecânicos:

Para poder atender às mais variadas necessidades da técnica moderna, os fabricantes

oferecem uma grande variedade de Tornos, que diferem entre si nas dimensões,

características e formas construtivas, adequando-se as necessidades individuais para a

execução de uma determinada tarefa.

A escolha de um modelo de Torno deve levar em conta os seguintes fatores:

Dimensões das peças a produzir;

Formas das mesmas;

Quantidades de peças a produzir;

Possibilidade de obter as peças diretamente de barras e perfis;

Grau de precisão e acabamento exigido.

3.1 – Classificação dos Tornos Mecânicos:

3.1.1 – Horizontais: São os mais comuns e mais utilizados frequentemente.

Por apresentarem dificuldade e demora na troca das ferramentas, não atingem grandes

produtividades, não são adequados para produções em série.

Muito utilizados em serviços de manutenção, onde normalmente se trabalha uma única,

ou poucas peças.

Fig. 8: Modelo de Torno Mecânico atual.

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Page 5: Torno mecânico

3.1.2 – Revolver: Apresenta porta ferramentas múltiplo (torre revolver). Permite dispor

variadas ferramentas em forma ordenada e sucessiva, o que otimiza a utilização do

equipamento, diminuindo consideravelmente o tempo de confecção da peça.

Fig. 9: Detalhe “porta-ferramentas” do Torno Revolver.

3.1.3 – Copiadores: Permitem obter peças com forma de sólidos de revolução de

qualquer perfil. Para poder realizar estes trabalhos é necessário que a ferramenta esteja

animada de dois movimentos simultâneos: um de translação, longitudinal e outro de

translação transversal, em relação à peça que se trabalha.

Fig. 10: Mecanismo “apalpador” de um Torno Copiador

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Page 6: Torno mecânico

3.1.4 – De placas: Utilizados para tornear peças curtas e de grande diâmetro, tais como

polias, volantes, rodas, etc.

Fig. 11: Torno de Placas.

3.1.5 – Verticais: Com eixo de rotação vertical, são empregados para tornear peças de

grande porte, como volantes, polias, rodas dentadas, etc., a qual por seu grande peso, se

pode montar mais facilmente sobre a plataforma redonda horizontal que uma plataforma

vertical.

Fig. 12: Torno Vertical.

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Page 7: Torno mecânico

3.1.6 – De Produção ou Corte Múltiplo: Servem para atender as necessidades da

produção, aumentando a quantidade de peças e diminuindo o custo da produção. É

provido de dois carros, um anterior (com movimento longitudinal) e outro posterior

(com movimento transversal). Os dois carros são providos de porta ferramentas e

trabalham simultaneamente com avanço automático.

Fig. 13: Ex. ferramentas múltiplas em um Torno de Produção.

3.1.7 – Automáticos: São máquinas automáticas, nas quais todas as operações são

realizadas sucessivamente, uma após outra. Um só operário pode atender a vários

Tornos Automáticos, uma vez que o trabalho se resume a carregar o material na

máquina.

Fig. 14: Torno Automático.

3.1.8 – Semi-automáticos: Os Tornos Semi-automáticos são apropriados especialmente

para usinar peças de origem fundida, forjadas ou estampadas. Exige a colocação manual

da peça bruta no dispositivo de usinagem, mas o restante do processo e todo automático.

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Page 8: Torno mecânico

3.2 – Tornos Especiais:

3.2.1 – Detaladores: São Tornos construídos especialmente para esse fim ou pode-se

aplicar um carro transversal especial nos Tonos comuns.

Empregados para arrancar material dos dentes das fresas e machos dos quais se exige

perfil constante de corte.

3.2.2 – Repetidores: Usados na produção em série de peças obtidas por rotação em

torno de seu eixo. Tais Tornos são denominados de repetição porque as peças são

colocadas uma de cada vez na pinça.

3.2.3 – Comando Numérico Computadorizado (CNC): É a integração do antigo

Torno Mecânico com um comando computadorizado.

Permite a comunicação do computador com a máquina, possibilitado que as

peças saiam “direto do desenho”, para a estação de usinagem.

O controle numérico é um sistema que interpreta um conjunto de instruções pré-

gravadas, codificadas em alguns formatos simbólicos, permitindo a máquina executar as

instruções e ainda verificar os resultados para que a precisão seja mantida.

Apresenta menor tempo de confecção das peças, excelente precisão, maior

rendimento e flexibilidade, permitindo a usinagem de formatos complicados e variados.

Tem como pontos negativos o alto custo de investimento, operador qualificado e

problemas de programação.

Fig. 15: Estação CNC.

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Page 9: Torno mecânico

4.0 – Características e componentes:

Os Tornos variam em tamanho e modelos, conforme as dimensões e

características das peças a serem trabalhadas; a escolha de acessórios nos permite

realiza os mais diferentes processos.

O tamanho de um Torno Mecânico é baseado sobretudo em duas dimensões:

O diâmetro máximo que pode ser usinado entre pontos (A) e o comprimento

aproximado da maior obra a ser usinada entre centros (B).

O diâmetro máximo que pode ser usinado entre pontos ou centros é igual a duas

vezes a distância do ponto à parte mais alta do barramento ou das guias. Não confundir

com a altura do ponto sobre o barramento.

O comprimento do barramento (C) é muito maior do que a distância entre

pontos, mesmo com o cabeçote móvel na sua extrema direita.

Fig. 16: Principais dimensões.

4.1.0 – Componentes essenciais:

O Torno compõe-se essencialmente das seguintes partes:

• Barramento;

• Cabeçote fixo;

• Cabeçote móvel;

• Carro porta-ferramenta;

• Caixa de mudanças.

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Page 10: Torno mecânico

Fig. 18: Detalhe do Trilho.

4.1.1 – Barramento: Para deslizamento do carro em seu movimento longitudinal é

preciso dotar o tomo de superfícies planas rígidas, isto é, de trilhos paralelos que

constituem o barramento do Torno.

O barramento ou banco do Tomo é uma peça de ferro fundido resistente, em que assenta

o Torno. Na parte superior do barramento há as guias prismáticas ou planas.

Os trilhos têm por finalidade:

1) criar uma direção geral de colocação dos cabeçotes Fixo e móvel, como um eixo

ideal comum para o eixo de trabalho (de um lado flange, órgãos de centragem, ponta -

de outro, a ponta do cabeçote móvel);

2) fornecer um guia apropriado a suportar pressões e resistente ao desgaste, à

ferramenta, cujo avanço longitudinal deve ser perfeitamente paralelo à direção criada

pelo eixo ideal do eixo de trabalho, ou as pontas.

Os trilhos prismáticos em "V" têm-se mostrado os mais úteis e rigorosos para

barramentos de Tornos e têm sido aceitos pela maioria dos mais eminentes fabricantes

de máquinas ferramentas, pois resistem melhor à força resultante originada pelas forças

FP (principal) é FR (radial de corte).

Fig. 17: Barramento.

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Page 11: Torno mecânico

4.1.2 – Cabeçote Fixo: O cabeçote fixo é uma peça maciça, em ferro fundido, que serve

para alterar a velocidade de rotação da peça.

Através da combinação de polias ou engrenagens (de diferentes diâmetros), é possível

modificar a velocidade e o torque no cabeçote conforme as necessidades do trabalho

realizado. Alem disso, o Cabeçote fixo possui um dispositivo de inversão, que permite

alterar o sentido de rotação (Inversor).

4.1.3 – Cabeçote móvel: O Cabeçote móvel não se relaciona com o sistema de

acionamento da máquina. Colocado sobre o barramento em frente do cabeçote fixo, tem

por finalidade dar apoio ao material a ser usinado, ou em outros casos, suportar e guiar

ferramentas de corte. É composto pelas seguintes peças:

Base: é uma placa de ferro fundido, que se assenta nas guias do barramento;

Corpo: é um suporte de construção sólida para o alojamento de um cilindro que

se encontra rigorosamente alinhado com a árvore do cabeçote fixo.

Mangote: Tubo cilíndrico, (provido de porca), que se desloca axialmente dentro

do cabeçote;

Dispositivo de fixação: Serve para fixar a base no barramento.

Permite que o Cabeçote móvel seja deslocado ao longo do barramento.

Fig. 19: Vista esquemática, Cabeçote Fixo.

Fig. 20: Cabeçote Móvel.

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Page 12: Torno mecânico

4.1.4 – Carro principal: O Carro principal - (f) possui deslocamento longitudinal,

(manual ou automático), transportando os demais conjuntos (d) - torre porta-ferramenta,

(e) - carro transversal, (i) - carro porta-ferramenta.

No modo automático, o carro principal é utilizado para “abrir roscas” (filetar, rosquear).

4.1.5 – Carro transversal: O carro transversal – (e) pode se movimentar

transversalmente ao barramento. Ele é montado encima do Carro principal – (f), em um

dispositivo chamado Sela. Sobre a Sela está montada a guia do carro transversal com o

mecanismo de avanço.

Obs.: Em alguns Tornos, o avanço do carro transversal dispõe do modo automático.

4.1.6 – Carro porta ferramenta: O Carro porta ferramentas –(i), também possui

dispositivo de avanço (manual) e está fixado encima do carro transversal – (e), através

de um dispositivo chamado Limbo Graduado.

O Limbo Graduado permite variar o ângulo da ferramenta em relação à peça.

4.1.7 – Torre porta ferramentas: Acima do Carro porta ferramentas – (i), há a Torre

porta ferramentas – (d), que também pode girar em torno de seu eixo.

Na Torre porta ferramentas, prende-se a ferramenta ou os seus cabos (quando se

trabalha com Bit) por intermédio de um parafuso.

Obs.: As manivelas de avanço transversal e longitudinal possuem colares graduados

que auxiliam nos avanços de corte e profundidade.

Fig. 21: Carro Principal

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Page 13: Torno mecânico

Tais colares permitem saber a quantidade de avanço aplicada.

4.1.8 – Caixa de mudanças: São mecanismos que servem para o acionamento dos

avanços longitudinais, transversais e da árvore de um Torno.

Fazendo-se a combinação de polias (através de coréias) e engrenagens, é possível

modificar as velocidades.

É um tanto demorado, pois o equipamento deve ser parado, as velocidades calculadas e

as polias e/ou engrenagens recombinadas.

Como as forças necessárias ao acionamento do avanço são menores do que as exigidas

para o desbaste, os mecanismos das caixas de mudança são mais leves e empregam, às

vezes, dispositivos diferentes dos que se encontram nos cabeçotes.

4.1.9 – Caixa Norton: é uma caixa de mudança rápida, serve para proporcionar avanços

mecânicos e passos de roscas com economia de tempo. Ao invés de calcular e colocar as

engrenagens da grade, apenas é preciso mudar a posição de certas alavancas. Estas

alavancas acionam uma série de engrenagens, de cuja combinação depende o avanço do

carro.

Fig. 22: Caixa de Mudança Rápida

Fig. 23: Vista esquemática da caixa de Mudança.

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Page 14: Torno mecânico

5.0 – Acessórios do Torno:

5.1 – Placa Universal: Acessório que tem por objetivo fixar o material a ser trabalhado

usando um sistema de castanhas, que se movem simultaneamente, pela ação de uma

chave a ser introduzida em um dos furos.

As castanhas fixam peças de seção circular ou poligonal regular e podem ser invertidas

para segurar por fora ou por dentro da peça.

5.2 – Placa de castanhas independentes: Um outro tipo de placa muito comum. Pode

ter 3 ou 4 castanhas ajustáveis entre si, por meio de uma chave, que aciona um parafuso

sem fim que comanda seu deslocamento. Este tipo de placa permite fixar peças de

formas variadas e centrar com precisão desejada qualquer ponto da peça. As castanhas

podem ser retiradas e colocadas em posição inversa, permitindo centrar pela parte

interna as peças desejadas.

5.3 – Placa de arrasto: é uma placa simples provida de um rasgo no qual se entrosa o

grampo do cavalinho que torna a peça solidária à árvore de trabalho, transmitindo o seu

movimento de rotação

Fig. 25: Placa de Arrasto.

Fig. 24: Placa universal.

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Page 15: Torno mecânico

5.4 – Placa lisa: fornece uma superfície plana para apoio de peças de forma irregulares.

A placa lisa tem várias ranhuras que permitem a utilização de parafusos para fixar a

peça.

5.5 – Ponto: São cones de aço temperado (normalmente rotativos), que são empregados

para apoiar a peça na extremidade (em um furo de centro previamente aberto) e impedir

ela saia de centro devido aos esforços da usinagem.

Fig. 27: Ponto.

5.6 – Luneta: Ao tornear peças compridas e delgadas, o grande vão entre pontos produz

vibrações e flexões, o que torna impossível uma usinagem precisa. Para contornar este

problema, aplica-se a peça um dispositivo chamado Luneta, que alem de garantir a

estabilidade, permite, através do ajuste de parafusos, a centragem da peça de forma

eficiente.

Fig. 26: Placa Lisa.

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Page 16: Torno mecânico

Fig. 28: Luneta.

5.7 – Mandril: São pequenas placas universais de três castanhas mais comumente

conhecidas como mandris ou buchas universais que são utilizadas para fixar brocas,

alargadores, machos e peças cilíndricas de pequeno diâmetro.

Fig. 29: Mandril e chave de Mandril.

6.0 – Ferramentas: Para realizar um trabalho de qualidade e precisão, é indispensável à

utilização de ferramentas bem apoiadas, centradas, com o gume de corte afiado e

geometria adequada ao trabalho e material a ser usinado.

6.1 – Ferramentas de desbaste: Utilizadas para retirar material da peça, possuem

formas de ponta variada, conforme o trabalho a ser realizado.

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Page 17: Torno mecânico

6.1.1 – Podem ser classificadas conforme a “dureza”.

6.1.2 – Tipos de ferramentas:

Fig. 30: Ex. de ferramentas: a) aço rápido; b) metal duro; c) pastilha; d) incerto.

Dur

eza,

Res

istê

ncia

ao

Des

gast

e

Tenacidade, Resistência à Flexão

DIAMANTE

CBN

CERÂMICAS

CERMETS

Metal-duro revestido

Metal-duro

Aço-rápido

FerramentaIdeal

Aço-rápido revestido

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Page 18: Torno mecânico

6.1.3 – Nomenclatura das faces de uma ferramenta do tipo simples:

Fig. 31: Nomenclatura das faces da ferramenta.

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Page 19: Torno mecânico

6.1.4 – Ângulos que caracterizam as ferramentas de corte:

α – ângulo de incidência ou de folga;

β – ângulo do fio, do gume ou da cunha;

γ – ângulo de saída ou de ataque;

δ – ângulo de corte;

κ – ângulo de orientação ou de posição, ou de rendimento;

ε – ângulo da ponta ou de perfil;

λ – ângulo de inclinação.

6.2 – Bedame: Usado para sangrar ou para produzir rasgos de seção retangular e muitas

vezes, para tornar vivos os cantos arredondados deixados por ferramentas comuns.

Fig. 32: Bedame e porta-bedame.

19

Page 20: Torno mecânico

6.3 – Brocas, broca de centro, alargadores, brocas de roscas, etc.

Para podermos executar as diversas operações possíveis num Torno, contamos

com ferramentas especializadas:

7.0 – Operações Fundamentais:

7.1 – Cilindrar ou carrear: Operação obtida pelo deslocamento da ferramenta

paralelamente ao eixo da peça.

Para tornear externamente, sempre que possível avançar o carro da direita para a

esquerda, isto é, no sentido do cabeçote fixo, a fim de reduzir a pressão sobre a contra

ponta.

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Page 21: Torno mecânico

Nesse caso, que é o mais comum, usar-se uma ferramenta à direita, o desbaste

deve ser tão profundo quanto a ferramenta e o torno o permitirem e é feito até que fique

uma espessura de material de 0,2 a 0,7 mm para o acabamento (o diâmetro da obra deve

ser verificado após cada passe).

O acabamento da peça requer, usualmente, uma ferramenta de bico arredondado

( r ≈ 1 a 2 mm ). A peça é acabada com um ou mais cortes pouco profundos e de

pequeno avanço, geralmente com maior rotação do que para desbastar.

Fig. 33: Ex. cilindragem externa. Fig. 34: Ex. cilindragem interna

7.2 – Rosquear ou Filetar: É a operação que consiste em abrir rosca em uma superfície

externa de um cilindro ou cone e no interior de um furo do mesmo tipo. Pode-se utilizar

uma ferramenta de usinagem com ângulos de corte adequados para a rosca pretendida,

empregando-se o avanço automático do Torno para “espaçar” os filetes na distância

adequada (existem tabelas de avanço para cada tipo de rosca). A rosca também pode ser

executada com machos e tarraxas, empregando-se o próprio Torno como apoio.

Fig. 35: Ex. Filetagem externa. Fig. 36: Ex. Filetagem interna.

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Page 22: Torno mecânico

7.3 – Facear: Operação que tem como objetivo nivelar a face do tarugo a ser

trabalhado. É obtida pelo deslocamento da ferramenta, normalmente ao eixo de rotação

da peça.

Fig. 37: Exemplo de Faceamento.

7.4 – Sangrar ou cortar: Consiste em cortar uma peça, no torno, com uma ferramenta

especial chamada Bedame.

Fig. 38 e 39: Ex. de corte com Bedame.

7.5 – Tornear cônico: Existem alguns métodos para se tornear um cone. Um deles é a

operação obtida pelo deslocamento da ferramenta obliquamente ao eixo da peça.

Fig. 40: Torneamento Fig. 41: Torneamento

cônico externo cônico interno.

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Page 23: Torno mecânico

7.6 – Mandrilar: O mandrilamento, também conhecido como mandrilagem ou

broqueamento, pode ser cilíndrico, cônico, radial ou esférico.

Pelo mandrilamento pode-se conseguir superfícies cilíndricas ou cônicas, internas, em

espaços normalmente difíceis de serem atingidos, com eixos perfeitamente paralelos

entre si.

Fig. 42: Ferramenta de Mandrilar. Fig. 43: Ex. de mandrilamento.

7.7 – Detalonar: operação executada para obter dentes de perfil constantes nas fresas,

machos, etc. a operação de detalonar pode ser obtida em torno especial. No torno

comum esta operação pode ser feita provido de um carro especial.

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Page 24: Torno mecânico

7.8 – Recartilhar: operação obtida quando se desejam tornar uma superfície áspera,

como cabos de ferramentas, usando-se uma ferramenta que possa imprimir na superfície

a forma desejada.

Fig. 44: Recartilho de linhas, recartilho de retângulos, recartilho de losangos.

8.0 – Análise de custos:

No mercado competitivo de hoje é cada dia mais importante uma perfeita análise

de custos para composição dos valores finais dos produtos.

Se você não é “amigo” de um deputado, para ter seus produtos “subsidiados”, ou

não está instalado em um país com mão de obra escrava e custos reduzidos, certamente

você já sentiu a necessidade de saber perfeitamente os custos da produção.

Colocando produtos no mercado, com preços superiores aos dos concorrentes,

provavelmente você não vai vender; em contrapartida, se as mercadorias forem tão

baratas que não lhe tragam uma certa rentabilidade, você acabara “quebrando”.

Vamos supor que os seus concorrentes paguem os mesmos impostos, encargos,

salários, etc...isto é, tenham o mesmo custo que você.

Como fazer para que seu lucro líquido seja superior?

Primeiramente cortando o desperdício e otimizando sua produção.

Se você for razoavelmente organizado para analisar os processos de fabricação,

estoque, tempos de manufatura, etc...você poderá reduzir significativamente os custos e

se tornar mais competitivo.

8.1 – Velocidades de corte e avanço:

A velocidade de corte depende da dureza, da resistência, da plasticidade do

material com o qual se deseja trabalhar e da forma da ferramenta e de sua dureza e alem

24

Page 25: Torno mecânico

disto também depende do avanço, da profundidade de corte e da refrigeração da

ferramenta (Obs.: Ferramentas modernas não utilizam mais a refrigeração).

As resistências do material que se vai trabalhar são fornecidas pelo fabricante,

mas de antemão, é sempre preferível ensaiar alguns corpos de prova para checar estas

informações.

Uma refrigeração adequada é fundamental para garantir a “vida” da ferramenta.

Uma ferramenta aquecida em excesso (a menos que seja uma ferramenta especial),

acaba perdendo suas propriedades de corte ou até mesmo quebrando.

Qualquer perda de tempo para troca/afiação de ferramentas, agrega maiores

custos à produção.

Para calcular a velocidade de corte e avanço, existem tabelas dos mais variados

materiais, ferramentas e processos.

Exemplo de velocidades tabeladas:

  Ferramenta de Aço Rápido Ferramenta de Metal Duro

Material a ser

Trabalhado

Tipo de

Operação

Vel. de

Corte Avanço Penetração

Vel. de

Corte Avanço Penetração

(m/min) (mm) (mm) (m/min) (mm) (mm)

Aço macio Desbaste 20...40 1.0 8.0 50...70 1.5 10.0

Aço macio Acabamento 50...60 0.1 0.5 150...200 0.1 1.0

Aço liga Desbaste 10...20 0.8 6.0 20...40 1.0 8.0

Aço liga Acabamento 20...30 0.1 0.5 50...100 0.1 1.0

Ferro fundido Desbaste 10...20 1.5 10.0 30...50 1.5 10.0

Ferro fundido Acabamento 40...50 0.1 0.5 80...100 0.1 1.0

Metal não

ferroso Desbaste 50...70 0.5 6.0 150...220 0.5 6.0

Metal não

ferroso Acabamento 100...120 0.2 2.0 200...300 0.2 2.0

Metal leve Desbaste 80...100 0.5 6.0 200...300 0.5 6.0

Metal leve Acabamento 100...120 0.1 1.0 250...500 0.1 1.0

Plástico Desbaste 100...200 0.3 3.0 200...300 0.3 3.0

Plástico Acabamento 150...300 0.1 1.0 400...600 0.1 1.0

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Page 26: Torno mecânico

8.2 – Determinação das etapas de operação:

Sempre com o objetivo de diminuir os tempos de fabricação, é importante que

você construa uma “tabela” ordenando as seqüências de usinagem das peças. Com a

prática você vai perceber que mudando a ordem de algumas seqüências, você pode

ganhar minutos preciosos que no final de um ano podem representar horas.

Exemplo de uma seqüência de usinagem:

Etapa: Operação: Descrição

1ª Corte Cortar o tarugo na medida adequada;

2ª Centragem Centrar o tarugo nas castanhas;

3ª Facear Facear uma das extremidades do tarugo;

4ª Broquear Fazer furo de centro

5ª Desbaste Tornear o tarugo até o diâmetro adequado

6ª Broquear Perfurar o tarugo utilizando broca

Etc. Etc. Etc.

CONCLUSÃO:

O Torno Mecânico é provavelmente a mais importante e versátil Maquinas

Ferramentas, pois com ele é possível executar as mais variadas obras.

Além de tornear superfícies cilíndricas externas e internas, o torno poderá usinar

superfícies planas no topo das peças, facear, abrir rasgos ou entalhes de qualquer forma,

ressaltos e golas, superfície cônicas, esféricas e perfiladas.

Vários tipos de peças roscadas, interna ou externa, podem ser executadas no

torno.

Além dessas aplicações primárias ou comuns, o torno pode ser usado para furar,

alargar, recartilhar, enrolar molas, etc., o torno também pode ser empregado para polir

peças empregando-se uma lima fina, lixas etc.

26

Page 27: Torno mecânico

Devido a grande variedade de aplicações, é de extrema importância ao

Engenheiro Mecânico compreender suas diversas utilizações, pois desta forma, terá em

sua mente uma visão geral dos possessos de fabricação ao projetar peças, máquinas e

equipamentos.

Um bom entendimento da manufatura com Torno, vai permitir ao Engenheiro

reduzir prazos, projetar formas adequadas (possíveis de serem executadas), antecipar

problemas de produção, etc., aumentando os lucros e reduzindo os custos.

Tendências Futuras:

Devido aos alevados custos para tratamento de afluentes e preocupações

ambientais, a tendência é o desaparecimento dos fluidos de refrigeração.

Nos processos de usinagem modernos, a cada dia encontramos mais ferramentas

com “incertos”, que trabalham a seco a elevadas velocidades.

Pesquisas apontam que o incremento na velocidade de corte é uma das melhores

maneiras de se aumentar os lucros na produção, tal ganho pode chegar até 35%, contra

5% de lucros com jornadas extras de trabalho, 3% de otimização dos estoques,

conforme palestra da SANDVIK.

Para o futuro, prevemos maquinas computadorizadas que desempenham

múltiplas tarefas com velocidades de corte a cada dia maiores.

Grandes investimentos em pesquisas de materiais e configurações de

ferramentas que sejam resistentes, previsíveis quanto ao desgaste e quebras e suportem

as grandes forças geradas nos processos modernos.

O futuro já não está tão distante pois grandes empresas, mesmo no Brasil, já

trilham este caminho.

27

Page 28: Torno mecânico

Bibliografia:

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