tópico 05 - intemperismo e formação do solo

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TPICO 05 INTEMPERISMO E FORMAO DO SOLO Intemperismo - Conceito (ver pag. 65) Agentes do Intemperismo Para o intemperismo atuar em uma rocha exposta superfcie da Terra, necessrio a ao de reaes qumicas ou processos mecnicos, que sero os agentes responsveis pela desagregao ou decomposio do material geolgico. Os agentes do intemperismo podem ser reunidos em dois grupos principais: agentes fsicos ou mecnicos e agentes qumicos. Agentes Fsicos ou mecnicos O intemperismo fsico desintegra as rochas principalmente pela ao da: Variao de Temperatura: a maioria das rochas formada de vrios minerais com diferentes coeficientes de dilatao trmica. Esta variao no coeficiente de dilatao faz com que estes durante sculos e sculos, recebam esforos intermitentes, em razo do contnuo aquecimento diurno seguido de resfriamento noturno. Ocorre ento a fadiga destes minerais, sendo estes facilmente desagregados e reduzidos a pequenos fragmentos. Este processo comum nos desertos onde a variao de temperatura entre o dia e a noite marcante.

Figura 5.1: Rocha apresentando esfoliao esferoidal, resultante da ao do intemperismo fsico. Fonte: www.pc.cc.ca.us/richardgoode/ Death%20Valley%2..., 2005

Congelamento da gua em fendas: Em razo da gua ao congelar-se expandir em 9% o seu volume, a gua inclusa em fendas de rochas localizadas em regies geladas, exerce uma fora expansiva considervel, que termina por aumentar a rede de fraturas e fragmentar a rocha (Figura 5.2).

A

B

C

Figura 5.2: Em regies geladas durante o degelo a gua penetra nas fendas da rocha (A). Ao chegar o inverno esta se congela (B) e ao se expandir ocasiona a quebra do material (C). Fonte:http://regentsprep.org/Regents/earthsci/units/ weathering/ frostwedging.gif, 2005.

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Figura 5.3: Ao do congelamento da gua na fragmentao da matria rochoso. Fonte: http://www.bgrg.org/pages/education/alevel/coldenvirons/Frostweathering.htm #Frost, 2005.

Cristalizao de sais: A cristalizao de sais dissolvidos na gua de infiltrao tambm ocasiona uma expanso nas paredes das fendas. Isto acontece tanto em razo do crescimento de cristais aps a evaporao da gua, quando pela expanso e contrao trmica, em razo do aumento de temperatura e absoro de umidade. Este mecanismo ocorre mais comumente em regies ridas ou em regies costeiras.

Figura 5.4: Cristalizao de sais nas fendas da rocha. http://home.tiscali.nl/~wr2777/Salt-weathering.html

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Ao fsica dos organismos: A presso do crescimento das razes vegetais nas fissuras das rochas pode ocasionar a sua desagregao.

Figura 5.5: Ao fsica dos vegetais Fonte:http://www.bearmountainzoo.org/weatherin g.htm#4, 2005

Agentes Qumicos O principal agente do intemperismo qumico a gua da chuva que infiltra e percola as rochas. Essa gua, rica em O2, em interao com o CO2 da atmosfera, adquire um carter cido, que acentua ainda mais as reaes qumicas. As principais reaes qumicas envolvidas na atuao do intemperismo qumico so: Hidratao: Na hidratao, molculas de gua entram na estrutura do mineral, modificando-a, formando, portanto um novo mineral. Como exemplo tem a transformao da anidrita em gipsita: CaSO4 + 2H2O CaSO4 . 2 H2OAnidrita Gipsita

Figura 5.6.: As cargas eltricas insaturadas na superfcie dos gros minerais atraem as molculas de gua, que funcionam como dipolos. Fonte: TOLEDO et al, 2001.

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Hidrlise: A hidrlise a reao entre de ons H+ e OH- dissociados da gua com os ons de elementos minerais. Sua ao varia consideravelmente segundo as condies do meio e principalmente do clima. O on H + capaz de substituir outros ctions, como K+, Na+, Ca++ e Mg++, sendo o processo acelerado pela presena de CO2 dissolvido na gua e pelo aumento de temperatura, enquanto o on OH- pode substituir outro nion. A reao abaixo mostra a hidrlise de um feldspato potssico (microclnio), onde ocorre a liberao do potssio, solvel em gua, podendo ser absorvido pelas plantas ou lixiviado. KAlSi3O8 + H2O HAlSi3O8 + K+ + OH-

Oxidao: Alguns elementos podem estar presentes nos minerais em mais de um estado de oxidao como, por exemplo, o ferro que se encontra nos minerais ferro-magnesianos primrios em sua forma bivalente (Fe2+). Liberado em soluo, oxida-se a Fe3+, e precipita como um novo mineral, a goethita, que um xido de ferro hidratado: 2FeSiO3 + 5H2O+1/2 02 2FeOOH+2H4SiO4 Dissoluo: A dissoluo consiste na solubilizao completa dos minerais pela gua impregnada de gs carbnico e outras substncias cidas, em especial cidos de natureza orgnica. Existem minerais que se dissolvem com muita facilidade como os cloretos, seguidos dos sulfatos e carbonatos, enquanto outros, como os silicatos de ferro e alumnio so praticamente insolveis nas condies normais da natureza. Abaixo as equaes que representam a dissoluo da Calcita e da Halita. CaCO3 NaCl Ca+ + CO3= Na+ + Cl-

Fatores que controlam a alterao intemprica Clima: O clima o fator que, isoladamente, mais influencia no intemperismo. Os dois mais importantes parmetros climticos, precipitao e temperatura, regulam a natureza e a velocidade das reaes qumicas. Em regies quentes e midas as reaes qumicas so aceleradas aumentando a eficcia do intemperismo, ocorrendo o contrrio em regies de baixa temperatura e/ou pluviosidade Nas regies de climas quentes e midos predomina a ao do intemperismo qumico, por sua vez o intemperismo fsico predomina em regies frias e nos desertos. Topografia: O intemperismo atua com mais eficcia em relevos onde possvel uma boa infiltrao da gua, percolao por tempo suficiente para a efetivao das reaes qumicas e drenagem para a lixiviao dos produtos solveis. Em relevos muito ngremes, o intemperismo no se aprofunda porque as guas escoam rapidamente, no ficando em contato com os materiais tempo suficiente para promover as reaes qumicas. O tipo de rocha: As rochas em razo de sua composio mineralgica, estruturas e texturas oferecem resistncia diferente ao ataque fsico e qumico do intemperismo. Entre os minerais constituintes das rochas, alguns so mais suscetveis que outros a alterao intemprica. A srie de Goldich representa a seqncia normal de estabilidade dos principais minerais frente ao intemperismo, ao analis-la, podemos observar que em razo de sua composio mineralgica, um granito mais resistente ao intemperismo que uma rocha carbontica. A textura da rocha original influencia o intemperismo na medida em que permite uma maior ou menor infiltrao de gua, portanto rochas maisUFAC/Curso de Engenharia Civil/ CCET 040 Geologia (Tpico 05/ Intemperismo e Formao do Solo) Pgina 108

permeveis tentem a se alterarem com maior facilidade. Rochas com arranjo mais compacto e textura mais grosseira, por possurem menor superfcie especfica, alteram-se menos rapidamente que as menos compactas e de textura mais fina. Algumas estruturas como juntas ou diclases por facilitarem a percolao da gua, tambm favorecem a ao do intemperismo.

Figura 5.7: Srie de Goldich mostrando a estabilidade mineral frente ao intemperismo. Fonte: TOLEDO et al, 2001

Biosfera: A matria orgnica em seu processo de decomposio libera CO2 que interagem com a gua de infiltrao intensificando a ao do intemperismo nos poros dos materiais. cidos orgnicos segregados por liquens tambm colaborao na ao do intemperismo qumico.

Figura 5.8: Linquens, acelerando a ao do intemperismo. http://www.skidmore.edu/academics/geo/courses/ge101/LecN otes10_1_01A.html#mechwthr, 2005.

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Intemperismo e eroso Costuma-se confundir com alguma facilidade o termo Intemperismo e Eroso. O intemperismo um processo de alterao de rochas executado por agentes essencialmente imveis. A eroso envolve o transporte, atravs do vento, gelo, gua ou gravidade das substncias originadas pela ao do intemperismo de um local para outro. Produtos do Intemperismo O intemperismo agindo sobre a rocha, conduz a formao de resduos no consolidados comumente conhecidos por regolitos sapropelticos ou manto de intemperismo, porque forma uma camada que recobre as que esto em vias de decomposio. Os regolitos so os materiais que iro originar os solos, constituindo o que se denomina de substrato pedogentico.

C

A

Figura 5.9: Intemperismo atuando em cima da rocha me (A), formando o regolito (B) e este originando o solo (C).

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Os solos Definio Dependendo do enfoque cientfico o solo pode ser definido como o produto do intemperismo fsico e qumico agindo em cima das rochas (Geologia); material escavvel, que perde sua resistncia quando em contato com a gua (Engenharia Civil), camada superficial de terra arvel, possuidora de vida microbiana (Agronomia). O enfoque do estudo dos solos em engenharia difere do utilizado na pedologia1 j que objetivo de se caracterizar e classificar os solos em engenharia o de prever os seus comportamentos mecnicos e hidrulicos em obras de engenharia, minerao e meio-ambiente. Constituintes dos solos Os solos so compostos de quatro constituintes principais: partculas minerais, materiais orgnicos, gua e ar. As partculas minerais juntamente com os materiais orgnicos, formam a fase slida do solo e suas propores so relativamente fixas. A gua e o ar iro ocupar os espaos porosos do solo e suas propores podem ter grandes variaes em um espao de tempo relativamente pequeno. Logo aps uma chuva, por exemplo, a quase totalidade dos poros est preenchida com gua, sendo mnima a quantidade de ar presente. Se a drenagem do terreno for boa, algumas horas aps a chuva, parte da gua se infiltra e se escoa em profundidade, voltando o ar a ocupar boa parte dos espaos vazios. Em pocas de seca a gua evaporada e os poros do solo so preenchidos basicamente por ar.

AFigura 5.10: Os constituintes do solo (A) e as propores relativas de cada constituinte (B). Fonte: Figura A: KELLER, 1992; Figura B: GRAVILOFF, 1976.

B

1

Cincia que estuda os solos

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Partculas minerais As partculas minerais dos solos podem ser classificadas quando a sua origem em dois tipos: minerais primrios (fragmentos minerais remanescente da rocha me) e minerais secundrios (formados pela decomposio dos minerais da rocha me). Os minerais primrios so os componentes da rocha mais resistentes ao intemperismo qumico e, por isso, permanecem mais tempo no solo, mantendo a sua composio qumica original, mas fragmentando-se pela ao do intemperismo. Os minerais secundrios so resultantes da ao do intemperismo qumico em minerais pouco resistentes a este tipo de ataque. Matria orgnica A matria orgnica do solo proveniente da acumulao e decomposio de restos de origem vegetal ou animal. As razes, galhos, folhas, frutas e outros detritos vegetais, bem como alguns produtos de origem animal, como os corpos dos vermes e o esterco, esto includos entre os fornecedores de materiais orgnicos para o solo. A gua do solo O solo tem a capacidade de reter gua, armazenando-a por um determinado tempo. De acordo com o contedo e a natureza da reteno de umidade, reconhecem-se trs estados de solo: molhado, mido e seco. No solo molhado todos os poros esto preenchidos com gua e o ar est praticamente ausente. O solo mido contm ar nos macroporos (poros maiores que 0,05mm) e gua nos microporos (poros menores que 0,05 mm). Mesmo quando seco ao ar o solo pode conter ainda certa quantidade de gua sob a forma de pelculas extremamente finas, ao redor das partculas coloidais. Nem todos os solos tm a mesma capacidade de armazenar gua, ela varia em funo de vrias caractersticas, tais como, textura, estrutura e contedo de matria orgnica. O ar do solo Os espaos porosos no preenchidos pela gua so ocupados pelo ar do solo. Em razo do aumento relativo do gs carbnico devido ao consumo de oxignio pelas razes das plantas, e da sua produo, durante a decomposio da matria orgnica, o ar que se encontra no solo torna-se enriquecido em gs carbnico e empobrecido em oxignio. A formao do solo O regolito ou manto de intemperismo, sob a ao dos fatores que controlam a alterao intemprica, sofre profundas e importantes modificaes. Assim, pouco a pouco, o solo comea a se formar organizando-se em camadas de aspectos e constituio diferentes, aproximadamente paralelas superfcie, que so denominadas horizontes. O conjunto de horizontes, num corte vertical que vai da superfcie at o material que deu origem ao solo o perfil do solo. O perfil de um solo completo e bem desenvolvido possui basicamente quatro tipos de horizontes, que costumam ser chamados de horizontes principais e so convencionalmente identificados pelas letras maisculas O, A, B, e C. O primeiro horizonte a ser formado o C, a partir dele com a continuao da ao do do intemperismo, forma-se o horizonte A e por fim o horizonte B. Com o acmulo da matria orgnica o horizonte O instala-se em cima do horizonte A. O horizonte O representa a matria orgnica presente na superfcie; o horizonte A, representa a regio em que o solo perde material para as camadas mais profundas e o horizonte B, o local em que se acumulam os materiais perdido pelo horizonte A. O horizonte C caracterizado pela rocha matriz decomposta e abaixo deste situa-se a rocha da qual o solo se originou. Em funo das condies ambientais, que envolvem rocha parental, clima, organismos vivos (flora e fauna, incluindo o ser humano), relevo e tempo, os solos podem apresentar caractersticas e propriedades fsico qumicas diferenciadas. Assim os solos podem ser argilosos ou arenosos (variaes texturais), podem ser espessos (algumas dezenas de metros), ou rasos (alguns poucos centmetros), podem apresentar-se homogneos ou nitidamente diferenciados em horizontes.

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Figura 5.11: Diagrama mostrando os horizontes que compem o perfil de um solo. Fonte: http://www.mo15.nrcs.usda.gov/ features/images/horizons.gif

Classificao do solo: Baseado no tipo de substrato pedogentico O material proveniente da desagregao da rocha poder permanecer no local em que se formou, ou ser transportado para outro local diferente da sua origem. Assim pode-se identificar a existncia de duas grandes categorias de substrato pedogentico: o residual ou autctone formado no local, diretamente da desagregao da rocha subjacente ao perfil do solo e o transportado ou alctone. Baseado nestes dois tipos de substratos pedogenticos os solos podem ser classificados em: solos residuais e solos transportados. Solos residuais So os solos formados a partir da decomposio das rochas pelo intemperismo fsico ou qumico ou a combinao de ambos, e que permanecem no local onde foram formados, sem sofrer qualquer tipo de transporte. Para que eles ocorram necessrio que a velocidade de decomposio da rocha seja maior que a velocidade da eroso, portando, a formao de solos residuais favorecida em regies de topografia suave e clima tropical. Para a engenharia civil os solos residuais podem ser divididos em: Solo residual maduro: camada superficial de solo, que perdeu toda a estrutura original da rocha me e tornou-se relativamente homogneo. Solo residual jovem (saprolito): Solo que mantm a estrutura original da rocha me, inclusive fissuras e xistosidade, mas perdeu a consistncia da rocha, visualmente pode se confundir com a rocha alterada, mas apresenta pequena resistncia ao manuseio.

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Figura 5.12.: Gnaisse alterado in situ preservando as caractersticas da rocha me. Fonte: BIGARELLA, 1985.

Solos transportados Os solos transportados so formados por materiais que foram levados ao seu local atual por algum agente transportador, no tendo ainda sofrido consolidao. A sua denominao baseada no tipo de agente transportador responsvel pelo seu deslocamento, so denominados de: Solos Aluvionares (aluvies) Este tipo de solo formado por materiais erodidos, retrabalhados e transportados pelos rios e depositados nos seus leitos e margens. So tambm depositados nos fundos e margens de lagoas e lagos, sempre associados a ambientes fluviais. Existem aluvies essencialmente arenosos, bem como aluvies muito argilosos, comuns nas plancies de inundaes de rios e igaraps. Estes solos apresentam baixa capacidade de suporte (resistncia) e elevada compressibilidade. So susceptveis eroso. Solos Elicos So solos formados de materiais depositados em decorrncia da ao dos ventos. No Brasil ocorrem junto costa, principalmente nas regies Nordeste, Sudeste e Sul. So constitudos por areia fina quartzosa, bem arredondada, ocorrendo na forma de franjas de dunas (PASTORE et. ali., 2002). Solos glaciais So aqueles originados em decorrncia da ao do gelo como agente transportador. So solos altamente heterogneos (formado por materiais de diversas granulometrias), e por isso mesmo problemtico como terrenos de fundao. Solos coluvionares So solos formados por ao da gravidade. Esto geralmente situados nas bases e meia-encostas de morros e serras, provenientes de antigos escorregamentos. Estes solos apresentam boa resistncia, porm elevada permeabilidade. De acordo com a granulometria preponderante em um depsito coluvionar estes materiais podem ser denominados de: Colvio (material predominantemente fino) ou Tlus ( material predominantemente grosseiro).

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Solos Orgnicos Os solos orgnicos so constitudos essencialmente por compostos orgnicos, originados pela progressiva acumulao de detritos vegetais, em ambientes de pntanos. As condies permanentes de encharcamento retardam a decomposio bioqumica destes detritos, propiciando o seu acmulo. Apresenta superficialmente, nos primeiros 40 cm, um horizonte turfoso, de cor preta, resultante da transformao dos produtos orgnicos. Pedaos de troncos e fragmentos de razes podem ser encontrados na massa do solo (PASTORE, op.cit.)

A

B

Figura 5.13: Local de formao de solos orgnica (A) e amostra de um solo orgnico (B) com sua cor preta caracterstica. Fonte: Figura A: http://www.stx.k12.vi/schools/TORCH99/uviwetln/brdnpnd.,2005 e figura B: http://www.na.fs.fed.us/spfo/pubs/n_resource/wetlands/images/p21pic3.jpg, 2005.

Classificao granulomtrica dos solos Existem diversas escalas para se classificar granulometricamente um solo. Basicamente os solos podem ser classificados em: Solos grossos (formados por pedregulhos ou cascalho), Areias (grosseiras, mdias ou finas) e solos finos (formados por silte e argilas). Abaixo encontramos algumas escalas granulomtricas com as respectivas granulometrias atribudas a cada classe de solo. Escala Granulomtrica Internacional Pedregulho 2 mm Areia grossa 0,2mm Areia fina 0,02mm Silte Argila 0,002mm

Escala da ABNT (Associao Brasileira de Normas Tcnicas) Pedregulho 5 mm Areia grossa 2 mm Areia mdia 0,4 mm Areia fina 0,05mm Silte Argila 0,005mm

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Argilas e argilo-minerais Conceito As argilas so materiais naturais (minerais), finamente granulados com dimetros compreendidos entre 4m a 2m. Composio As argilas so formadas basicamente por minsculas partculas cristalinas cuja composio essencialmente hidrossilicados de alumnio, sendo esses minerais designados de argilominerais. Como o termo argila no tem conotao gentica e se refere ao dimetro de uma frao granulomtrica do solo, podemos encontrar juntamente com os argilominerais outros minerais como, por exemplo, quartzo, mica, hematita, etc. Argilominerais - Unidades moleculares bsicas Os argilominerais so constitudos por laminas em forma de placas ou flocos .

A

B

Figura 5.14: Cristais de caolinita (A) ampliado cerca de 1.600 vezes e Ilita (B) ampliado 15.000 vezes. Fonte: BRADY, 1979.

Essas lminas so compostas por duas unidades moleculares bsicas em forma de camadas. tomos formadores dessas camadas podem adquirir uma configurao molecular em forma de tetraedro ou de um octaedro, originando assim camadas, que dependendo do arranjo molecular denominadas de camadas tetradricas ou camadas octadricas. Camadas tetradricas So formadas por um tomo de silcio eqidistante de quatro tomos de oxignio formando arranjo molecular tetradrico em forma de lmina.

Os um so

um

Figura 5.15: Um plano interligado com uma srie de tetraedros de slica fixados entre si, por tomos de oxignio compartilhados produz uma camada tetradrica em forma de lmina.

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Camadas octadricas So formadas quando um tomo de alumnio, no centro, envolvido por seis tomos de oxignio produzindo um arranjo molecular octadrico, tambm em forma de lmina.

Figura 5.16: Uma srie de alumina octadrica mutuamente fixada por tomos de oxignio compartilhados formam uma camada octadrica.

Minerais arglicos - Principais grupos A associao das camadas tetradricas e octadricas forma s diversas espcies de minerais arglicos, que so agrupados de acordo com o arranjo molecular que estes apresentam. Entre os principais grupos de argilominerais temos: Grupo das Caulinitas -minerais tipo 1:1 Os argilominerais do grupo das caulinita so formados por uma camada tetradrica unida a uma camada octadrica gerando uma estrutura cristalina do tipo 1:1. A ligao entre as unidades suficientemente firme para no permitir a penetrao de molculas de gua entre elas. Em conseqncia as argilas deste grupo so relativamente estveis em presena de gua, j que no sofrem expanso. As argilas denominadas de caulinitas (Al2O3SiO22H2O ou H4Al2Si2O9) so as principais representantes deste grupo.

Figura 5.17: Estrutura cristalina da caulinita. Fonte: BRADY, 1979.

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Grupo das esmectitas - minerais tipo 2:1 Minerais que fazem parte deste grupo so constitudos por uma camada octadrica entre duas camadas tetradricas (tipo 2:1).

Figura 5.18 Estrutura montmorilonita. Fonte: BRADY, 1979.

cristalina

da

As ligaes entre estas unidades no so suficientemente firmes para impedir a entrada de molculas de gua em sua estrutura cristalina. Esta caracterstica torna as argilas deste grupo expansveis em presena de gua. Principalmente em regies onde predomina uma estao chuvosa e uma seca, solos que contem minerais do tipo 2:1 podem apresentar riscos estruturais, em razo da expanso e contrao de seu volume. Durante a estao chuvosa, devido a absoro de gua ocorre a expanso do solo com conseqente aumento de volume. Na estao seca, em funo da evaporao da gua, o solo se contrai diminuindo de volume. Solos que apresentam uma expanso de mais de trs por cento em seu volume so considerados de risco.

Figura 5.19. Fendas provocadas pela evaporao da gua em solos que contm argilas do tipo montimorilonita. Fonte: GRAVILOFF,1976

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E comum em estruturas assentados em solos expansveis o aparecimento recalques, trincas e rachaduras. Apesar disso, no deve ser considerado como normal o seu aparecimento, muitas vezes isto pode ser um sintoma de que algo mais grave est acontecendo com a estrutura.

Figura 5.20 Representao esquemtica de dano estrutural em residncia edificada em solos expansveis. Fonte: KELLER, 1992

Os tipos principais de argilas formadas por minerais do grupo 2:1 so: Montmorilonita (OH)2Si8AlO20nH2)) Principal argila do grupo das esmectitas. So estruturalmente formadas por uma camada octadrica entre duas camadas tetradrica. So argilas muito expansivas. Nontronita Ocorre quando o alumnio da camada octadrica substitudo por ferro ou magnsio divalente. So extremamente expansivas. Ilitas So menos expansivas que as anteriores. Isto se deve principalmente s ligaes de ons de potssio nas camadas tetradricas uma vez que estes possuem o tamanho exato para a ajustagem precisa nessas camadas.

As argilas de Rio Branco Em trinta e uma sondagens realizadas pela CPRM - Servio Geolgico Brasileiro, no municpio, atravs da tcnica de difrao de raios-X, as argilas de Rio Branco apresentaram a seguinte composio mineralgica bsica: Quartzo, caulinita, ilita, montmorilonita, rutilo e nontronita. Dentre estes minerais sobressa-se o quartzo, presente em 100% das amostras, e os minerais arglicos caulinita e ilita encontrados em 97% das argilas selecionadas. A montmorilonita e o Rutilo foram encontrados em 39% das amostras e a nontronita em 23% das argilas estudadas. Em menores propores compondo a frao inorgnica destes solos aparecem ainda a gipsita, a goethita, hematita, moscovita, brushita, calcita, dolomita e mica. Levando em conta a abrangncia das argilas expansivas (montmorilonita, ilita e nontronita) e considerando que estas se encontram situadas a profundidades superficiais (em torno de 1 a 5m) e portando sujeitas as variaes climticas da regio, recalques nas estruturas, trincas e rachaduras em paredes e pavimentos podem ocorrer em funo da variao volumtrica caracterstica destes materiais.UFAC/Curso de Engenharia Civil/ CCET 040 Geologia (Tpico 05/ Intemperismo e Formao do Solo) Pgina 119

Depsitos laterticos Lateritas Segundo Schelmann (1980), as lateritas so acumulaes superficiais ou subsuperficiais de produtos provenientes de intenso intemperismo de rochas, desenvolvidas sob condies favorveis a uma maior mobilidade dos elementos alcalinos, alcalinos terrosos e slica, e imobilizao de ferro e alumnio. As lateritas so, portanto acumulaes ricas em Fe e Al, e pobres em Si, K e Mg, se comparadas composio da rocha que lhe deu origem. As lateritas so encontradas na natureza sob a forma de placas, concrees ou ndulos. As concrees laterticas formadas de xi-hidrxidos de ferro, em nossa regio denominada informalmente de piarra. Formao de depsitos laterticos Para a formao de um depsito latertico necessrio a convergncia de fatores: a) Litolgicos - Rocha parental j enriquecida no elemento que ir se acumular para forma o depsito (Fe e/ou Al p.ex.); b) Climticos Geralmente so necessrios condies de alta pluviosidade e temperatura para que a alterao tenha natureza latertica, caracterizada pelo intenso ataque aos minerais primrios e lixiviao dos ons mais solveis. c) Morfotectnicos - O relevo aonde o depsito ir se desenvolver dever ser constitudo de rochas que permitam uma boa drenagem, possibilitando o escoamento das solues que iro promover o ataque intemprico rocha parental. Tambm deve ser tectonicamente estvel, para que o perfil seja preservado da eroso e possa aprofundar - se (PASTORE et. Ali., 2002). Usos da laterita na construo Civil As concrees laterticas formadas por oxi-hidrxido de Fe so utilizadas no capeamento superficial de estradas no pavimentadas, nos substratos de pistas de estradas e como materiais de barragens. Estudos realizados por AZEVEDO (1983) mostraram que as lateritas de Rio Branco so formadas principalmente por xido de ferro, xido de alumnio e xido de titnio, perfazendo um total de 67,75% da composio das lateritas, sobressaindo o ferro com 52,94%. Ainda segundo AZEVEDO (op.cit.) a laterita de Rio Branco, pode ser utilizada como agregado grado para concretos, quando estes forem empregados em obras correntes. No entanto, nas obras em que a superfcie do concreto utilizada como superfcie de acabamento, no aconselhvel o seu emprego, devido s manchas de ferrugem. Nas obras especiais, em que so exigidas resistncias mecnicas elevadas dos concretos, torna-se necessrio efetuar estudos objetivando melhorar as propriedades de resistncia deste concreto. Uma soluo para este caso a utilizao de uma mistura da laterita a outro agregado, originrio de uma rocha s.

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