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PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
TOMO I – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
Parauapebas – PA
Outubro / 2018
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
PLANO MUNICIPAL
DE SANEAMENTO BÁSICO
PMSB
TOMO I – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
Parauapebas – PA
Outubro / 2018
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
EQUIPE PREFEITURA
Prefeito: Darci José Lermen
Vice Prefeito: Sérgio Balduino
Chefe de Gabinete: Roque Francisco Dutra
Secretário Municipal de Fazenda: Keniston de Jesus Braga Rego
Secretário Municipal de Cultura: Wandenilson Santos da Costa
Secretário Municipal de Desenvolvimento: Isaias de Queiroz França
Secretário Municipal de Habitação: Cristhian Martins Miranda
Secretário Municipal de Administração: Cássio André de Oliveira
Secretário Municipal de Assistência Social: Jorge Antônio Benício
Secretário Municipal de Educação: Raimundo de Oliveira Neto
Secretário Municipal de Esporte e Lazer: Laoreci Diniz Faleiro
Secretário Municipal de Meio Ambiente: Dion Leno dos Santos Alves
Secretária Municipal da Mulher: Maria Ângela da Silva
Secretária Municipal de Obras: Maria Silvana de Faria Sousa
Secretário Municipal de Produção Rural: Eurivan Martins Carvalho
Secretário Municipal de Saúde: José das Dores Couto
Secretário Municipal de Serviços Urbanos: Edmar de Cruz Lima
Secretário Municipal de Segurança e Defesa do Cidadão: Wanterlor Bandeira
Secretário Municipal de Planejamento e Gestão: João José Corrêa
Secretário Municipal de Mineração, Energia, Ciência e Tecnologia: Flávio Ribeiro Veras
Procurador Geral do Município: Cláudio Gonçalves Moraes
Gestor do Serviço Autônomo de Água e Esgoto: Sérgio Balduino
Coordenador Municipal de Terras: Evaldo Melo Cantanhede
Coordenador Municipal da Juventude: Marcelly Negrão
Coordenador de Treinamento e Recursos Humanos: Elizete Xavier Neres
Coordenador de Relação com a Comunidade: James Deime Souza
Coordenador de Defesa Civil: Jales Pereira dos Santos
Coordenador de Proj. Especiais e Captação de Recursos: Cleverland Carvalho de Araújo
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
APOIO INSTITUCIONAL
Gabinete do Prefeito
Secretaria Municipal de Planejamento e Gestão
Secretaria Municipal de Obras
Secretaria Municipal de Serviços Urbanos
Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Parauapebas
Coordenadoria de Captação de Recursos, Projetos Especiais e Gestão de Convênio
EQUIPE TÉCNICA DA PREFEITURA
Alessandra Rosa Martins – Téc. Controle Ambiental
Clayton da Silva Santos – Administrador Público
Cleverland Carvalho de Araújo – Eng. Ambiental
Daniel Benguigui – Eng. Civil
Daniel Magalhães de Araújo – Eng. Mecânico
Eulalia Almeida da Silva – Assistente Social
João Henrique Figueira Areia – Eng. Civil
Kézia Costa de Sousa – Eng. Sanitarista
Lucas da Silva Jorge – Eng. Civil
Luís Gustavo Coelho da Silva – Eng. Civil
Manoel da Conceição Vasconcelos – Gestão Pública
Mariana Moreira Abreu dos Santos – Bióloga
Rafael Batista Mergulhão Filho – Eng. Ambiental
Renato Frateschi Neto – Eng. Civil
Tarcísio Lira Milhomem – Eng. Ambiental
Thais Valadares Oliveira – Eng. Civil
APOIO TÉCNICO EXTERNO
Acylino José dos Santos Neto – Eng. Civil e Sanitarista
Clóvis Avelino Ribeiro – Sociólogo
Tabilla Verena da Silva Leite – Mestra em Geografia
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
APRESENTAÇÃO
Este documento constitui o Tomo I do Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB) de
Parauapebas (PA), intitulado Caracterização do Município, o qual tem por objetivo a
exposição de características intrínsecas do Município, como o contexto histórico de sua
formação, a localização do mesmo, sua situação socioeconômica, as condições locais do meio
físico e do meio biótico, o modo de uso e ocupação do solo, dentre outras informações.
Estão também brevemente apresentados neste documento: a legislação nacional, estadual e
municipal disponível acerca do saneamento básico, demonstrando a fundamentação legal para
a elaboração e implementação do PMSB e os princípios e diretrizes que regem este Plano; os
órgãos do Município prestadores de serviços de saneamento básico, sendo eles o Serviço
Autônomo de Água e Esgoto (SAAEP), a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos
(SEMURB) e a Secretaria Municipal de Obras (SEMOB).
De modo geral, o Plano Municipal de Saneamento Básico de Parauapebas está dividido em
três partes, sendo elas:
Tomo I – Caracterização do Município: cujos objetivos foram a pouco mencionados;
Tomo II – Diagnóstico: tem por intuito apresentar um diagnóstico da situação atual da
prestação dos serviços de abastecimento de água, de esgotamento sanitário, de limpeza
pública e manejo dos resíduos sólidos, e de drenagem e manejo de águas pluviais no
Município, evidenciando o impacto destas condições na qualidade de vida da população local;
Tomo III – Prognóstico: tem a finalidade de apresentar proposições para um cenário futuro,
com base no diagnóstico, estabelecendo programas, projetos e ações necessários ao alcance
dos objetivos e metas do PMSB, bem como prioridades compatíveis com os aspectos
técnicos, econômicos e socioambientais do Município e também com planos governamentais
correlatos.
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Falta de condições sanitárias na Feira do Bairro Rio Verde (02/1985). .................. 26
Figura 2 - Condições precárias de infraestrutura da antiga Rua Curió, atual Rua do Comércio
(12/1984). ................................................................................................................................. 26
Figura 3 - Comercialização de carnes sem controle sanitário às margens da PA 275. ............ 27
Figura 4 - Condições sanitárias precárias em Parauapebas (11/1988). .................................... 27
Figura 5 - Localização do município de Parauapebas na Região Intermediária. ..................... 30
Figura 6 - Localização do município de Parauapebas na Região Imediata. ............................. 31
Figura 7 - Localização do município de Parauapebas na Região de Integração Carajás. ........ 32
Figura 8 - Interceptação entre as rodovias PA-160 e PA-275 no município de Parauapebas. . 33
Figura 9 - Terminal Rodoviário de Parauapebas. ..................................................................... 33
Figura 10 - Acesso à Parauapebas por modal ferroviário (EFC/RS11). ................................... 34
Figura 11 - Estação Ferroviária de Parauapebas. ..................................................................... 35
Figura 12 - Aeroporto de Carajás. ............................................................................................ 35
Figura 13 - Evolução da mancha urbana em Parauapebas (1984 - 2016). ............................... 40
Figura 14 - Vetores de crescimento urbano do município de Parauapebas. ............................. 53
Figura 15 - Principais massas de ar no Brasil sobre os climas zonais. ..................................... 55
Figura 16 - Classificação climática do Brasil, segundo critérios de Köppen. .......................... 56
Figura 17 - Localização da estação Marabá em relação à Parauapebas. .................................. 57
Figura 18 - Escoamento x Infiltração. ...................................................................................... 64
Figura 19 - Geomorfologia do município de Parauapebas. ...................................................... 65
Figura 20 – Unidades geomorfológicas no Município de Parauapebas. .................................. 66
Figura 21 - Declividade do Município de Parauapebas. ........................................................... 67
Figura 22 - Mapa geológico do Município de Parauapebas. .................................................... 68
Figura 23 - Unidades Litoestratigráficas do Município de Parauapebas. ................................. 70
Figura 24 – Pedologia do Município de Parauapebas. ............................................................. 71
Figura 25 - Bacias hidrográficas do município de Parauapebas. .............................................. 75
Figura 26 - Microbacia hidrográfica do Igarapé Ilha do Coco. ................................................ 76
Figura 27 - Microbacia hidrográfica do Igarapé Lajeado. ........................................................ 77
Figura 28 - Cargas orgânicas provenientes de esgotos das sedes municipais. ......................... 81
Figura 29 - Unidades de Conservação encontradas em Parauapebas. ...................................... 91
Figura 30 - Áreas protegidas que compõem o “Mosaico de Carajás”. ................................... 108
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
Figura 31 - Secretaria Municipal de Serviços Urbanos. ......................................................... 133
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - População e área dos municípios da microrregião de Parauapebas. ....................... 31
Tabela 2 - População estimada - Brasil, Região Norte, Pará, Regiões Geográficas e
Municípios. ............................................................................................................................... 37
Tabela 3 - Evolução do crescimento populacional – 1970/2017. ............................................. 38
Tabela 4 - Evolução da população: Parauapebas x Pará (2009 a 2014). .................................. 38
Tabela 5 - População residente por naturalidade, em relação à Federação e ao Município
2000/2010. ................................................................................................................................ 39
Tabela 6 - Densidade demográfica de Parauapebas – 1991/2000/2010/2017. ......................... 41
Tabela 7 - População do município de Parauapebas segundo situação domiciliar e Taxa de
Urbanização – 1991/1996/2000/2007/2010/2017. ................................................................... 41
Tabela 8 - População do município de Parauapebas segundo situação domiciliar e por sexo –
1991/1996/2000/2007/2010/2017. ............................................................................................ 42
Tabela 9 - Inadequação habitacional total – Parauapebas (2010). ........................................... 43
Tabela 10 - PIB Total, Setorial, Percentual de Participação e Taxa Geométrica de Crescimento
Anual (TGCA) de 2000 a 2013. ............................................................................................... 45
Tabela 11 - Empregos por setor em Parauapebas. .................................................................... 46
Tabela 12 - Empresas por setor em Parauapebas. .................................................................... 46
Tabela 13 - Indicadores de Renda, Pobreza e Desigualdade dos anos de 1991, 2000 e 2010. 47
Tabela 14 - Resultados dos Censos Educacionais, em 2005 e 2015, para o ensino pré-escolar.
.................................................................................................................................................. 48
Tabela 15 - Resultados dos Censos Educacionais, em 2005 e 2015, para o ensino
fundamental. ............................................................................................................................. 48
Tabela 16 - Resultados dos Censos Educacionais, em 2005 e 2015, para o ensino médio. ..... 48
Tabela 17 - Distribuição percentual das internações e mortes, por grupo de causas. .............. 50
Tabela 18 - Indicadores de longevidade, mortalidade e fecundidade (1991, 2000, 2010). ...... 51
Tabela 19 - 10 dias com maior pluviosidade – Estação Marabá (1973-2016). ........................ 60
Tabela 20 - Superfície de escoamento considerada por tipo de uso. ........................................ 63
Tabela 21 - Vazões Máximas, Mínimas e Médias do Rio Parauapebas. .................................. 77
Tabela 22 - Espécies endêmicas da região de Carajás.............................................................. 86
Tabela 23 - Distribuição de áreas públicas federais de uso especial no município de
Parauapebas. ............................................................................................................................. 97
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
Tabela 24 - Quantitativo de servidores do SAAEP, por tipo de vínculo. ............................... 122
Tabela 25 - Evolução do número de funcionários de 2015 a 2018, por departamento. ......... 122
Tabela 26 - Dados gerais operacionais do SAAEP. ............................................................... 123
Tabela 27 - Dados gerais comercias e financeiros do SAAEP. .............................................. 123
Tabela 28 - Indicadores de desempenho operacionais e econômico-financeiros. .................. 124
Tabela 29 - Evolução do número de ligações de água por categoria. .................................... 127
Tabela 30 - Evolução do número de economias de água. ...................................................... 128
Tabela 31 - Evolução do número de ligações e economias de esgoto. ................................... 129
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Pluviometria Média e Temperatura – Estação Marabá (1973-2016). ................... 58
Gráfico 2 - Temperatura Máxima e Mínima– Estação Marabá (1973-2016). ......................... 59
Gráfico 3 – Dias com Chuva - Estação Marabá (1973-2016). ................................................ 59
Gráfico 4 - Dias com Chuva Acima de 100mm – Estação Marabá (1973-2016). ................... 60
Gráfico 5 - Umidade Relativa do Ar– Estação Marabá (1973-2016). ..................................... 61
Gráfico 6 - Evapotranspiração – Estação Marabá (1973-2016). ............................................. 61
Gráfico 7 - Velocidade e direção do vento - Estação Marabá (1973-2016). ........................... 62
Gráfico 8 - Ventos – Estação Marabá (1973-2016). ................................................................ 62
Gráfico 9 - Acompanhamento do nível do rio Parauapebas. ................................................... 78
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
LISTA DE SIGLAS
AAE – Avaliação Ambiental Estratégica
ANA - Agência Nacional de Águas
APA - Área de Proteção Ambiental
BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento
COMDEC - Coordenadoria Municipal de Defesa Civil
CONAMA - Conselho Nacional de Meio Ambiente
CPRM - Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
CVRD - Companhia Vale do Rio Doce
DBO - Demanda Bioquímica de Oxigênio
DOCEGEO - Rio Doce Geologia e Mineração S/A
EIA - Estudo de Impacto Ambiental
FAPESPA - Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisa
FLONACA - Floresta Nacional de Carajás
FUNAI – Fundação Nacional do Índio
FUNASA - Fundação Nacional de Saúde
GETAT - Grupo Executivo das Terras do Araguaia Tocantins
GPHS - Grupo de Pesquisa Hidráulica e Saneamento
IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICMBIO - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
IDESP - Instituto de Desenvolvimento, Econômico e Ambiental do Pará
INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
INMET - Instituto Nacional de Meteorologia
LOMP - Lei Orgânica do Município de Parauapebas
MDA - Ministério do Desenvolvimento Agrário
MEC - Massa de Ar Equatorial Continental
MEA - Massa de Ar Equatorial Atlântica
NAEA - Núcleo de Altos Estudos da Amazônia
OMS - Organização Mundial de Saúde
PARNA - Parque Nacional
PGC - Programa Grande Carajás
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
PIB - Produto Interno Bruto
PMP - Prefeitura Municipal de Parauapebas
PMFNC - Plano de Manejo da Floresta Nacional de Carajás
PMGIRS - Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos
PMHIS - Plano Municipal de Habitação de Interesse Social
PMSB - Plano Municipal de Saneamento Básico
PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
PROSAP - Programa de Saneamento Ambiental de Parauapebas
RADAM - Radar na Amazônia
RIMA - Relatório de Impacto Ambiental
RPPN - Reserva Particular do Patrimônio Natural
SAAEP - Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Parauapebas
SEMURB - Secretaria de Serviços Urbanos
SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação
SUS - Sistema Único de Saúde
TGCA - Taxa Geométrica de Crescimento Anual
TI - Terra Indígena
UC - Unidade de Conservação
UFPA - Universidade Federal do Pará
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 15
2. LEGISLAÇÃO ACERCA DO SANEAMENTO BÁSICO .................................. 16
Fundamentação Legal para a Elaboração e Implementação do PMSB ............. 18 2.1.
2.1.1. Legislação Federal ...................................................................................................... 18
2.1.2. Legislação Estadual .................................................................................................... 18
2.1.3. Legislação Municipal ................................................................................................. 19
Princípios e Diretrizes do PMSB ............................................................................ 19 2.2.
3. CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE PARAUAPEBAS ......................... 22
Contexto histórico .................................................................................................... 22 3.1.
Localização ............................................................................................................... 30 3.2.
Acesso ao Município ................................................................................................ 32 3.3.
Caracterização socioeconômica de Parauapebas .................................................. 35 3.4.
3.4.1. Demografia ................................................................................................................. 36
3.4.2. Inadequação habitacional ........................................................................................... 43
3.4.3. Economia .................................................................................................................... 44
3.4.4. Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) .............................................................. 46
3.4.5. Educação .................................................................................................................... 47
3.4.6. Saúde .......................................................................................................................... 49
3.4.7. Vetores de crescimento .............................................................................................. 51
Caracterização do Meio Físico ................................................................................ 53 3.5.
3.5.1. Clima .......................................................................................................................... 54
3.5.2. Sistemas de Circulação Atmosférica .......................................................................... 54
3.5.3. Classificação Climática .............................................................................................. 55
3.5.4. Caracterização das Variáveis Climáticas ................................................................... 56
3.5.5. Caracterização da superfície de escoamento .............................................................. 63
3.5.6. Geomorfologia............................................................................................................ 63
3.5.7. Geologia ..................................................................................................................... 66
3.5.8. Solos ........................................................................................................................... 70
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
3.5.9. Recursos hídricos ....................................................................................................... 73
Caracterização do Meio Biótico .............................................................................. 84 3.6.
3.6.1. Flora............................................................................................................................ 84
3.6.2. Fauna .......................................................................................................................... 86
3.6.3. Áreas Protegidas ......................................................................................................... 89
Uso e ocupação do solo ............................................................................................ 94 3.7.
3.7.1. Federalização de terras devolutas no sudeste paraense .............................................. 95
3.7.2. Constituição da área patrimonial do município de Parauapebas ................................ 96
3.7.3. Competência para o repasse de áreas públicas no município de Parauapebas ........... 97
3.7.4. Doação de áreas ao município de Parauapebas pela União ........................................ 98
3.7.5. Incorporação patrimonial pelo município de Parauapebas a partir da aquisição de
áreas privadas ........................................................................................................................... 99
3.7.6. Áreas públicas dispostas no Município de Parauapebas .......................................... 101
4. ÓRGÃOS PRESTADORES DE SERVIÇOS DE SANEAMENTO BÁSICO . 119
Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAEP) ................................................... 120 4.1.
4.1.1. Estrutura organizacional e regimento interno .......................................................... 121
4.1.2. Recursos humanos .................................................................................................... 121
4.1.3. Procedimentos e rotinas de segurança do trabalho ................................................... 122
4.1.4. Sistemas de informação ............................................................................................ 122
4.1.5. Informações operacionais, comerciais e financeiras do SAAEP ............................. 123
4.1.6. Cadastro de consumidores ........................................................................................ 127
4.1.7. Novas ligações .......................................................................................................... 129
4.1.8. Etapas de leitura, faturamento e entrega de contas .................................................. 130
4.1.9. Rotinas de atendimento ao cliente ............................................................................ 130
Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SEMURB) ..................................... 131 4.2.
Secretaria Municipal de Obras (SEMOB) ........................................................... 133 4.3.
5. CONCLUSÃO ........................................................................................................ 134
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 135
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
15
1. INTRODUÇÃO
O Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB), num conceito amplo, é uma das
ferramentas estratégicas de gestão para elevar os níveis de salubridade ambiental, com o
intuito de promover a melhoria das condições de vida urbana e rural dos municípios,
compreendendo o abastecimento de água, o esgotamento sanitário, o manejo dos resíduos
sólidos e o manejo de águas pluviais.
De acordo com a FUNASA (2015), o PMSB é um conjunto de diretrizes, estudos, programas,
projetos, prioridades, metas, atos normativos e procedimentos para avaliar o estado de
salubridade ambiental do Município e da prestação dos serviços públicos relativos ao mesmo,
bem como para estabelecer a programação das ações necessárias à melhoria da prestação dos
serviços de saneamento básico.
Para o Ministério das Cidades (BRASIL; MC, 2011), o PMSB estabelece as condições para a
prestação dos serviços de saneamento básico, definindo objetivos e metas para a
universalização destes, através de programas, projetos e ações.
O presente documento é constituído por 03 (três) partes distintas, sendo elas: 1) Apresentação
das legislações relacionadas ao setor de saneamento básico, meio ambiente e saúde, nas
esferas nacional, estadual e municipal; 2) Caracterização geral do Município de Parauapebas,
especialmente no que tange às suas características históricas, geográficas, físicas, ambientais e
socioeconômicas; e 3) Apresentação dos órgãos responsáveis pela prestação de serviços
relacionados ao saneamento básico no Município.
Para a elaboração desta parcela do PMSB, foram realizadas visitas de campo por técnicos dos
órgãos prestadores dos serviços públicos de saneamento básico no Município, pesquisas por
leis relacionadas a esta temática e a reunião de informações presentes em documentos
técnicos desenvolvidos pelas equipes do Grupo de Pesquisa Hidráulica e Saneamento da
UFPA (GPHS/UFPA), do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA), do Consórcio
AmbGis-Umah, dentre outras, visando a caracterização do Município. Buscou-se analisar,
ainda, a evolução do crescimento desordenado da cidade e a tendência de crescimento
populacional da mesma no horizonte de tempo definido para o Plano Municipal de
Saneamento Básico.
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
16
2. LEGISLAÇÃO ACERCA DO SANEAMENTO BÁSICO
A oferta dos serviços públicos de saneamento básico deve ser orientada pelos princípios
fundamentais estabelecidos na legislação em vigor, em questão a Lei 11.445 (BRASIL, 2007),
que, essencialmente, são:
I. Universalização do acesso;
II. Integralidade dos serviços, considerando as necessidades da população e a eficácia das
ações e resultados;
III. Promoção da saúde pública e proteção do patrimônio público e privado;
IV. Eficiência da gestão pública;
V. Qualidade dos serviços;
VI. Transparência, participação e controle social; e
VII. Sustentabilidade em todos os aspectos, social, ambiental e econômico.
A fundamentação legal do Plano Municipal de Saneamento Básico - PMSB está sobre:
I. A Constituição Federal Brasileira. Em 1988 a Carta Magna do Brasil inclui em seu
artigo 21 inciso XIX a competência da União instituir Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos e definir critérios de outorga de direito de usos. A
Constituição definiu a dominialidade pública das águas entre a União e os Estados e
criou efetivamente um Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos;
II. O Sistema Único de Saúde (Política de Saúde, Lei nº 8.080/90). Que dispõe sobre as
condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o
funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências;
III. A Política Nacional de Recursos Hídricos, Lei nº 9.433/1997, que também é
conhecida como “Lei das Águas”, que instituiu a Política Nacional de Recursos
Hídricos e regulamentou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos
(SINGREH);
IV. O Estatuto das Cidades (Política Urbana, Lei nº 10.257/2001). Que estabelece as
diretrizes gerais da política urbana. Cria o Estatuto das Cidades, definindo itens a serem
contemplados nos planos diretores municipais, entre eles a questão do zoneamento
ambiental, estudos de impacto de vizinhança e licenciamento;
V. Política Nacional de Saneamento Básico, Lei 11.445/2007, que define um marco
regulatório para o setor de saneamento básico, apoiando-se em princípios como a
universalização do acesso, a eficiência e a sustentabilidade econômica e ambiental dos
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
17
serviços. A lei estabelece ainda a necessidade do titular desenvolver um plano de
saneamento que estabeleça metas e uma política de longo prazo para o setor. Propõe
também a separação entre o operador do serviço e o regulador, o qual é dotado de
autonomia em relação aos operadores e ao poder público titular, devendo exercer
competências plenas entre os prestadores e usuários, normatizando os serviços e
estabelecendo regras sob os aspectos técnicos, econômicos e sociais;
VI. A Política Nacional de Resíduos Sólidos, Lei nº 12.305/2010. Instituída em 02 de
agosto de 2010, e regulamentada pelo Decreto 7.404, de 23 de dezembro do mesmo
ano, a Política Nacional de Resíduos Sólidos integra a Política Nacional do Meio
Ambiente e articula-se com as diretrizes nacionais para o saneamento básico e com a
Política Federal de Saneamento Básico, nos termos da Lei nº 11.445, de 05 de janeiro de
2007, com a Lei nº 11.107, de 06 de abril de 2005, e com a Política Nacional de
Educação Ambiental, regulada pela Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999. A lei nº
12.305/2010 estabeleceu prazos para algumas ações, tais como a eliminação de lixões, a
disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos e o planejamento para
implantação da coleta seletiva no âmbito dos municípios até agosto de 2014. De acordo
com a legislação citada, a implantação da coleta seletiva é obrigatória em todos os
municípios brasileiros que devem atender à meta de 100% de coleta dos materiais
recicláveis e reutilizáveis, os quais devem ser destinados às cooperativas de catadores e
catadores autônomos para triagem e comercialização.
VII. Lei Estadual nº 7.731, de 20/09/2013. Dispõe sobre a Política Estadual de Saneamento
Básico. Tem por finalidade disciplinar o planejamento, os investimentos, a prestação
dos serviços, a regulação e o controle social dos programas, ações, projetos, obras,
atividades e serviços de saneamento básico no Estado do Pará, respeitadas as atribuições
e competências constitucionais dos entes federados.
Além das leis acima mencionadas, todo o desenvolvimento do trabalho está em consonância
com a Lei Municipal nº 4.328, de 30 de dezembro de 2006, que dispõe sobre o Plano Diretor
do Município de Parauapebas e dá outras providências; Lei Municipal nº 4.231, de 31 de
dezembro 2004, que disciplina o Poder de Polícia Administrativa no âmbito do município de
Parauapebas instituindo o Código de Posturas Municipais e dá outras providências; Lei
Municipal nº 4.385, de 11 de agosto de 2009, que cria o Serviço Autônomo de Água e Esgoto
do Município de Parauapebas – SAAEP, como entidade autárquica de direito público, da
administração municipal indireta. Tem como objetivo desenvolver os serviços de saneamento
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
18
na cidade de Parauapebas, no que se refere aos serviços de água e esgoto.
O horizonte de tempo desenvolvido neste Plano Municipal de Saneamento Básico - PMSB
para o Município de Parauapebas é de 20 anos, sendo sua revisão prevista a cada 4 anos,
conforme elaboração do PPA do município.
Fundamentação Legal para a Elaboração e Implementação do PMSB 2.1.
A fundamentação legal para a elaboração e implementação deste Plano Municipal de
Saneamento Básico de Parauapebas está orientada e pautada pelos princípios, diretrizes e
instrumentos definidos em legislações aplicáveis e em programas e políticas públicas em
interface com o saneamento básico que estão elencados a seguir.
2.1.1. Legislação Federal
a) Constituição Federal do Brasil de 1988;
Art. 21, incisos XIX e XX; Art. 22, inciso IV; Art. 23; Art. 30, inciso V; Art. 175,
Parágrafo Único e incisos I, II, III e IV; Art. 182; e Art. 200, inciso IV.
b) Lei Federal nº 8.078/1990 (Código de Proteção e Defesa do Consumidor);
c) Lei Federal nº 8.080/1990 (Lei Orgânica da Saúde);
d) Lei Federal nº 8.987/1995 (Lei de Concessão e Permissão de Serviços Públicos);
e) Lei Federal nº 9.433/1997 (Política Nacional de Recursos Hídricos);
f) Lei Federal nº 10.257/2001 (Estatuto das Cidades);
g) Lei Federal nº 11.107/2005 (Lei de Consórcios Públicos);
h) Lei Federal nº 11.124/2005 (Lei do Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social);
i) Lei Federal nº 11.445/2007 (Política Nacional de Saneamento Básico);
j) Lei Federal 12.305/2010 (Política Nacional de Resíduos Sólidos);
k) Decreto Federal nº 7.217/2010;
l) Decreto Federal nº 7.404/2010;
m) Portaria nº 518/2004 do Ministério da Saúde e Decreto Federal nº 5.440/2005;
n) Resolução Recomendada nº 75/2009 CONCIDADES;
o) Resolução CONAMA nº 283/2001;
p) Resolução CONAMA nº 307/2002.
2.1.2. Legislação Estadual
a) Constituição Estadual do Pará de 1989;
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
19
Art. 17, incisos VI, VII, IX e XI; Art. 18, incisos VI e VIII; Art. 28; Art. 29, incisos I e
IV; Art. 50, incisos III e IV; Art. 56, incisos III, V e VII; Art. 57; Art. 236, incisos III
(alíneas “a”), IV, V, VI e §§ 1º e §6º; Art. 245, incisos I, II, III, IV (alíneas “a” e “b”),
IV, VIII, IX (alínea “c”) e § 1º; Art. 246; Art. 247; Art. 248, Parágrafo Único (alíneas
“a”, “b” e “c”); Art. 252; Art. 253; Art. 254; Art. 255, incisos I, II, IV, V, VI, VII, VIII
(alíneas “a”, “b”, “c” e “d”), §§ 1º, 4º, 5º e 6º; Art. 256; Art. 258; Art. 263, §§ 1º e 2º;
Art. 265, incisos I, II, III, IV e VI e VI (alíneas “a”, “b” e “e”); VII, VIII, IX, X, XI e
XII (alíneas “a” e “b”); Art. 267; §§ 1º (incisos I e II), 2º e 3º; e Art. 270, inciso XIV.
b) Lei Estadual nº 7.731/2013 (Política Estadual de Saneamento Básico do Pará).
2.1.3. Legislação Municipal
a) Lei Orgânica do Município de Parauapebas
Art. 8º, incisos I, IV, VII, VII, XV, XXX e XXXIV; Art. 9º, incisos VI, X, XII, XVII,
XVIII e XIX; Art. 112; Art. 113, inciso I, VIII, IX e XII; e Art. 118.
b) Lei Municipal nº 02/1989;
c) Lei Municipal nº 4.253/2002;
d) Lei Municipal nº 4.283/2004 (Código de Posturas);
e) Lei Municipal nº 4.328/2006;
f) Lei Municipal nº 4.385/2009;
g) Lei Municipal nº 4.437/2010;
h) Lei Municipal nº 4.726/2017;
i) Decreto Municipal nº 609/2009;
j) Plano Local de Habitação de Interesse Social – PLHIS.
Princípios e Diretrizes do PMSB 2.2.
Além das legislações citadas acima, o Plano Municipal de Saneamento Básico de Parauapebas
deverá seguir, na definição de suas metas, objetivos, programas, projetos e ações os princípios
e diretrizes descritos na sequência.
a) Princípios e Diretrizes Constitucionais:
Direito à saúde, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução
do risco de doença e outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e
serviços para sua promoção, proteção e recuperação (art.196);
Direito à saúde, incluindo a competência do Sistema Único de Saúde de participar da
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20
formulação da política e da execução das ações de saneamento básico (inciso IV, do art.
200);
Direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o
dever de defendê-lo e preservá-lo (art. 225, Capítulo VI);
Direito à educação ambiental em todos os níveis de ensino para a preservação do meio
ambiente (inciso VI, § 1º, art. 225).
b) Princípios e Diretrizes da Política Urbana :
Direito a cidades sustentáveis, ao saneamento ambiental, [...] para as atuais e futuras
gerações (inciso I, art. 2º);
Direito a participação na gestão municipal por meio da colaboração da população e de
associações representativas dos vários segmentos da comunidade na formulação,
execução e acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento
urbano (inciso II, art. 2º);
Garantia das funções sociais da cidade e do controle do uso do solo para evitar a
deterioração de áreas urbanizadas, a poluição e a degradação ambiental; e garantia do
direito à expansão urbana compatível com a sustentabilidade ambiental, social e
econômica do Município e do território e a justa distribuição dos benefícios e ônus da
urbanização (art. 2º);
Garantia à moradia digna como direito e vetor da inclusão social.
c) Princípios e Diretrizes da Política Nacional de Saneamento Básico:
Universalização do acesso (inciso I) com integralidade das ações (inciso II), segurança,
qualidade e regularidade (inciso XI) na prestação dos serviços;
Promoção da saúde pública (incisos III e IV), segurança da vida e do patrimônio (inciso
IV), proteção do meio ambiente (inciso III);
Articulação com as políticas de desenvolvimento urbano, proteção ambiental e interesse
social (inciso VI);
Adoção de tecnologias apropriadas às peculiaridades locais e regionais (inciso V), uso
de soluções graduais e progressivas (inciso VIII) e integração com a gestão eficiente de
recursos hídricos (inciso XII);
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
21
Gestão com transparência baseada em sistemas de informações, processos decisórios
institucionalizados (inciso IX) e controle social (inciso X);
Promoção da eficiência e sustentabilidade econômica (inciso VII), com consideração à
capacidade de pagamento dos usuários (inciso VIII).
d) Princípios e Diretrizes da Política de Saúde:
Direito universal à saúde com equidade e atendimento integral;
Promoção da saúde pública;
Salubridade ambiental como um direito social e patrimônio coletivo;
Saneamento Básico como fator determinante e condicionante da saúde (art. 3º);
Articulação das políticas e programas da saúde com o saneamento e o meio ambiente
(inciso II, art. 13);
Participação da União, Estados e Municípios na formulação da política e na execução
das ações de saneamento básico (art. 15);
Considerar a realidade local e as especificidades da cultura dos povos indígenas no
modelo a ser adotado para a atenção à saúde indígena (art.19-F);
Ações do setor de saneamento que venham a ser executadas supletivamente pelo
Sistema Único de Saúde (SUS) serão financiadas por recursos tarifários específicos e
por outras fontes da União, Estados, Distrito Federal, Municípios e, em particular, do
Sistema Financeiro da Habitação (SFH) (§3º, art. 32).
e) Princípios e Diretrizes da Política Nacional de Recursos Hídricos:
Água como um bem de domínio público (inciso I, art. 1º), como um recurso natural
limitado, dotado de valor econômico (inciso II, art. 1º), devendo ser assegurada à atual e
às futuras gerações (inciso I, art. 2º);
Direito ao uso prioritário dos recursos hídricos ao consumo humano e a dessedentação
de animais em situações de escassez (inciso III, art. 1º);
Gestão dos recursos hídricos voltados a garantir o uso múltiplo das águas (inciso IV, art.
1º);
Garantia da adequação da gestão de recursos hídricos às diversidades físicas, bióticas,
demográficas, econômicas, sociais e culturais das diversas regiões do País (inciso II, art.
3º);
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
22
Garantia da articulação dos planos de recursos hídricos com o planejamento dos setores
usuários (inciso IV, art. 3º);
Promover a percepção quanto à conservação da água como valor socioambiental
relevante.
f) Princípios e Diretrizes da Política Nacional de Resíduos Sólidos:
A prevenção e a precaução (inciso I, art. 6º);
O poluidor-pagador e o protetor-recebedor (inciso II, art. 6º);
A visão sistêmica, na gestão dos resíduos sólidos, que considere as variáveis ambiental,
social, cultural, econômica, tecnológica e de saúde pública (inciso III, art. 6º);
A ecoeficiência, mediante a compatibilização entre o fornecimento, a preços
competitivos, de bens e serviços qualificados que satisfaçam as necessidades humanas e
tragam qualidade de vida e a redução do impacto ambiental e do consumo de recursos
naturais a um nível, no mínimo, equivalente à capacidade de sustentação estimada do
planeta (inciso V, art. 6º);
A cooperação entre as diferentes esferas do poder público, o setor empresarial e demais
segmentos da sociedade (inciso VI, art. 6º);
A responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos (inciso VII, art. 6º);
O reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como um bem econômico e
de valor social, gerador de trabalho e renda e promotor de cidadania (inciso VIII, art.
6º);
O respeito às diversidades locais e regionais (inciso IX, art. 6º);
O direito da sociedade à informação e ao controle social (inciso X, art. 6º);
A razoabilidade e a proporcionalidade (inciso XI, art. 6º).
3. CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE PARAUAPEBAS
Contexto histórico 3.1.
Sendo assim, o município de Parauapebas tem sua origem atrelada à existência de reservas de
minérios descobertos em 1967, por pesquisadores da empresa americana United State Steel
(US Steel). Neste período, a empresa que pesquisava sobre a existência de manganês na
região, anunciou a descoberta de minério de ferro na Serra de Carajás, que à época pertencia
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
23
ao Município de Marabá, e pleiteou junto ao Governo Federal o direito de exploração do
minério de ferro sobre uma área estimada de 160 mil hectares (ha) e com condições ideais
para a lavra a céu aberto (COELHO et al., 2002).
Como forma de garantir a soberania sobre as terras, o Governo Federal propôs uma
associação da US Steel com a empresa de mineração estatal brasileira Companhia Vale do
Rio Doce (CVRD). Em 1969, a US Stell, por meio de sua subsidiária, e a CVRD tornaram-se
titulares de alvarás de pesquisas para prospecção de minério de ferro sobre a área recém-
descoberta, cabendo a cada empresa a metade dos direitos de prospecção. Em 1970, as
empresas assinaram um acordo para execução de um programa unificado de pesquisa e,
posteriormente, criaram, através de uma joint venture, a Amazônia Mineração S/A (AMZA),
com capital dividido entre a CVRD (51%) e a US Steel (49%), que tinha como finalidades
explorar o minério de ferro na Serra dos Carajás. Em 1974, por meio dos Decretos de nº
74.507 e de nº 74.510, de 05 de setembro, o Governo Federal concede à Amazônia Mineração
S/A o direito de lavrar minério na região de Serra de Carajás, nos município de Marabá e de
São Félix do Xingu. A sociedade foi desfeita em 1977, por conta de a empresa norte-
americana discordar da CVRD da forma como foi estabelecido e executado o projeto por esta
última, retirando-se mediante o pagamento de sua parte pela CVRD.
Com o controle total do projeto, em 1979, a CVRD contratou um grupo de técnicos japoneses
da International Development Coorperation of Japan (JICA) para elaborar um Plano de
Desenvolvimento Integrado para a Região de Carajás. Em 1980, os trabalhos dos técnicos
foram concluídos e publicados sob a forma de recomendação por meio do documento
intitulado “Um estudo preliminar para o desenvolvimento regional do corredor de Carajás”.
Este documento inspirou o Ministro Delfim Neto a criar o Programa Grande Carajás (PGC),
através do Decreto-Lei nº 1.813, de 24 de novembro de 1980.
Entre os anos de 1978 e 1979, têm início as obras do Projeto Ferro Carajás - PFC (complexo
mina, usina, ferrovia e porto), executado sob a responsabilidade da Amazônia Mineração S/A.
Neste período, começaram a chegar os primeiros fazendeiros ao Vilarejo de Parauapebas, que
adquiriram terras do Governo Federal, juntamente com madeireiros e garimpeiros que se
espalharam por toda a região, além de trabalhadores para as obras do PFC.
Em 1981, a região, antes praticamente desabitada, deu lugar à construção de um núcleo
urbano, na sede municipal, às margens da PA-275, entre a Portaria da Floresta Nacional de
Carajás e o igarapé Ilha do Coco para atender uma população de 5.000 habitantes. O objetivo
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
24
da construção deste núcleo urbano era de abrigar os familiares e trabalhadores da CVRD
envolvidos nas obras da Estrada de Ferro Carajás, que ligava a província mineral ao Porto de
Ponta da Madeira, em São Luís, no Maranhão, dos comerciantes, fornecedores e dos
prestadores de serviços do PGC, além de servir de ponto de apoio às pessoas que chegavam
para ajudar nas instalações de outros equipamentos. A empresa iniciou ainda as construções
da escola Euclides Figueiredo, Delegacia de Polícia, Hospital Municipal, prédio da Prefeitura
e a instalação de rede elétrica.
Em outra frente, era construído outro núcleo urbano no alto da Serra de Carajás, no meio da
floresta, para abrigar os funcionários mais graduados da CVRD e dos prestadores de serviço
ao PGC e seus familiares. Atualmente, o núcleo urbano conta com uma infraestrutura
completa, incluindo aeroporto, escola, cineteatro, área específica para comércio, centro
esportivo e até zoológico. As ruas são pavimentadas, arborizadas, e as residências obedecem a
um padrão de conforto e arquitetura. A área é cercada por uma tela de 5 metros de altura para
evitar a entrada de grandes felinos
As notícias de construção de toda essa infraestrutura e a presença de ouro em Serra Pelada
provocou um intenso deslocamento de pessoas para a região. Pessoas de diversas localidades
do país, atraídas pela grande oferta de trabalho e esperança de riqueza fácil, vinham para a
Vila de Parauapebas.
Por volta de 1981 a 1982, às margens da rodovia PA-275 e do igarapé Ilha do Coco,
comerciantes começaram a se estabelecer para atender as necessidades de consumo dos
garimpeiros do povoado de Serra Pelada, atualmente distrito do Município de Curionópolis.
Concomitantemente, casas e barracos vinham sendo construídos desordenadamente, dando
início ao povoado do Rio Verde, que mais tarde se tornaria um dos maiores bairros da cidade.
Em pouco tempo, o povoado do Rio Verde cresceu de forma significativa.
A Vila de Parauapebas, que havia sido projetada para atender até 5 mil habitantes, englobando
apenas o núcleo urbano de sua sede, segundo dados do IBGE, já apresentava cerca de 20 mil
habitantes, incluindo o povoado do Rio Verde.
Em meio a este descontrole da ocupação territorial, cabe destacar o planejamento de ocupação
feito para o Núcleo Urbano de Carajás. Após a construção e entrega das casas do Núcleo
Urbano de Carajás, a ocupação se deu de maneira organizada, ordenada e controlada, com a
disponibilização de equipamentos urbanos e comunitários adequados, enquanto que na sede
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25
municipal de Parauapebas, a ocupação, que inicialmente foi concebida para se dar de maneira
semelhante, aos poucos foi realizada irregularmente, acelerada e desordenada, provocado
principalmente pelo povoado do Rio Verde. Este fenômeno tem reflexos que podem ser
observados até os dias atuais e são percebidos pelos moradores do município, em geral, como
também por visitantes, que diferenciam os efeitos de um planejamento urbano e controle
territorial realizado de forma responsável tanto na infraestrutura, como nas áreas da saúde,
educação, ambiental, segurança, cultura e lazer, com outro de forma descontrolada.
Em fevereiro de 1985, a Estrada de Ferro Carajás foi inaugurada oficialmente pelo então
Presidente da República, João Figueiredo, o Governador do Estado do Pará, Jader Fontenelle
Barbalho, Ministro de Minas e Energia, Cesar Cals de Oliveira Filho, Presidente da CVRD,
Eliezer Batista da Silva e o Secretário Executivo do PGC, João de Piva Menezes. O trem de
passageiros somente foi inaugurado um ano depois, pois ainda não havia vagões de
passageiros disponíveis para aquisição no mercado e a CVRD os encomendou de uma
empresa europeia e aguardou o fornecimento dos mesmos.
Em 1986, o Senado Federal formaliza a concessão do direito real de uso da área de
411.948,87 hectares à CVRD a, correspondente a área da Província Mineral de Carajás
(Resolução nº 331, de 05 de dezembro de 1986).
No mesmo ano, deu-se início a luta pela emancipação política da Vila de Parauapebas. A
alegação era de que o Município de Marabá não estava aplicando os 10% do valor total do
imposto originário da extração dos minérios na Vila de Parauapebas, conforme estabelecido
por Lei Municipal.
O episódio da “Revolta dos Garimpeiros” agravou a situação social e ambiental na Vila de
Parauapebas, o que fez com que lideranças políticas reivindicassem junto ao Município de
Marabá, tanto a aplicação dos recursos destinados a manutenção e conservação da localidade
como a reconstrução dos prédios que haviam sido destruídos, uma vez que os serviços
essenciais estavam totalmente comprometidos, como o abastecimento de água pela falta da
estação de tratamento, a insegurança causada pela ausência de delegacia e por dificuldade
institucional ocasionado pela destruição do prédio da administração local. As condições
estruturais, sanitárias e de saúde eram precárias no povoado do Rio Verde, conforme se pode
observar nas Figuras 1, 2, 3 e 4, a seguir.
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26
Figura 1 - Falta de condições sanitárias na Feira do Bairro Rio Verde (02/1985).
Fonte: Museu Municipal de Parauapebas Hilmar Harry Kluck (2017).
Figura 2 - Condições precárias de infraestrutura da antiga Rua Curió, atual Rua do Comércio (12/1984).
Fonte: Museu Municipal de Parauapebas Hilmar Harry Kluck (2017).
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27
Figura 3 - Comercialização de carnes sem controle sanitário às margens da PA 275 (11/1987).
Fonte: Museu Municipal de Parauapebas Hilmar Harry Kluck (2017).
Figura 4 - Condições sanitárias precárias em Parauapebas (11/1988).
Fonte: Museu Municipal de Parauapebas Hilmar Harry Kluck (2017).
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28
A Prefeitura Municipal de Marabá se negou em atender aos pedidos e, desta maneira, um
grupo de lideranças políticas locais resolveu mobilizar e conscientizar a opinião pública pela
emancipação política da Vila de Parauapebas.
Em 1987, o movimento pela emancipação se fortalece e de acordo com Motta (2012), o
momento crucial foi quando os vereadores da Câmara Municipal de Marabá tiveram que votar
pelo prosseguimento ou arquivamento do processo de emancipação e foi anunciado que eles
votariam pelo arquivamento, enterrando de vez a criação do município de Parauapebas. As
lideranças locais da Vila de Parauapebas se movimentaram habilmente e através de uma
articulação política que envolveu até mesmo lideranças estaduais, conseguiram êxitos na
pressão contra os vereadores da Câmara Municipal de Marabá, que mudaram de
posicionamento e, em uma sessão extraordinária, votaram a favor pelo prosseguimento do
processo.
Conforme determinava a Lei, marcou-se para o dia 24 de abril de 1988, o Plebiscito para que
fosse ouvida a opinião da população e a mesma pudesse votar e optar pela emancipação ou
não da Vila de Parauapebas junto ao Município de Marabá. Ao final, praticamente 100% da
população afetada votou a favor da emancipação.
Em 10 de maio de 1988, o então Governador do Estado do Pará, Hélio Mota Gueiros,
sancionou a Lei Estadual nº 5.443, que criou o Município de Parauapebas, desmembrando-o
do Município de Marabá, coroando um processo de emancipação que teve efetiva aprovação
popular. Neste período, o então recém-criado Município de Parauapebas possuía limites
territoriais com os municípios de Marabá, Curionópolis, Xinguara e São Félix do Xingu.
Em 15 de novembro de 1988, houve a primeira eleição para escolha dos representantes
municipais de Parauapebas aos cargos de prefeito, vice-prefeito e nove vereadores para o
mandato 1989-1992. A instalação do primeiro governo municipal ocorreu no dia 1º de janeiro
de 1989, com a posse do primeiro Prefeito Municipal de Parauapebas, Faisal Salmen, do
Vice-prefeito Renato e Vereadores, eleitos no pleito de 15 de novembro de 1988.
Grande parte do território do município de Parauapebas é formada por áreas protegidas sob a
forma de Unidades de Conservação e Terras Indígenas, dos quais a VALE, os índios Xicrins
do Cateté e o Governo Federal detêm a concessão de 80% do total, englobando a Área de
Proteção Ambiental do Igarapé Gelado (APA do Igarapé Gelado), a Floresta Nacional de
Carajás (FLONACA), o Parque Nacional dos Campos Ferruginosos (Parna dos Campos
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29
Ferruginosos) e a Reserva Indígena Xikrin do Rio Catete (RI Xikrin do Rio Catete). Esta
proteção tem garantido a manutenção e preservação da biodiversidade presente no território
do município.
Apesar da diversidade de obras estruturais e serviços diversos ocorridos no município desde a
emancipação, um dos nós críticos do município desde o seu surgimento tem sido a deficiência
do planejamento urbano, o acelerado e desordenado crescimento populacional e a ocupação
do uso do solo que determinaram a ocorrência de vários problemas ambientais e sociais.
Como exemplo, temos os danos ambientais provocados pela ocupação inadequada das
margens dos corpos hídricos inseridos na zona urbana do município. Enquanto parte da
população com melhor poder aquisitivo ocupou as áreas regularmente instituídas no
município e com disponibilidade de serviços públicos, a população de baixa renda se
estabeleceu em áreas impróprias para habitação, tais como, áreas de alta declividade (encostas
ou topos de morros) com risco de desmoronamento ou deslizamento de terra, margens do rio e
dos canais que cortam a cidade, barrancos e antigos depósitos de lixo (áreas contaminadas por
resíduos tóxicos), ocupando ou adquirindo terras em loteamentos irregulares e clandestinos
sem a infraestrutura adequada (redes de esgotamento sanitário, de drenagem e de
abastecimento de água, iluminação pública e pavimentação das vias), o que provocou uma
enorme demanda sobre as gestões municipais para execução de políticas públicas voltadas ao
saneamento ambiental.
Em relação à ocupação das margens dos corpos hídricos, esta situação provoca a instalação de
processos erosivos, que colocam em risco a integridade física dos habitantes destas áreas e
propiciam alterações no regime de escoamento superficial da água, culminando com a geração
de áreas alagadas, que agravam não só as condições ambientais locais, como também a
problemática social, uma vez que a perda da qualidade ambiental é, ao mesmo tempo, causa e
efeito da pobreza ou exclusão social.
Em 10 de maio de 2018, o Município de Parauapebas completa 30 anos de emancipação
política e administrativa, uma cidade ainda jovem, e apresentando um dos maiores valores de
Produto Interno Bruto (PIB) do estado do Pará e possuindo orçamento municipal superior a
maioria dos 144 municípios paraenses e de muitos municípios brasileiros. Tornou-se um dos
municípios mais importantes do país no aspecto estratégico, habitado por pessoas oriundas de
diversas regiões do Brasil, como maranhenses, goianos, tocantinenses, mineiros, gaúchos,
paulistas, etc., que migraram para a região em busca de trabalho e de uma vida melhor,
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30
passando a construir a história da cidade em uma mistura de culturas que transformaram
Parauapebas em um município cheio de vida e de pessoas solidárias, trabalhadoras,
acolhedoras e amantes do local que escolheram para viver e defender.
Localização 3.2.
O município de Parauapebas encontra-se na porção sudeste do estado de Pará, distante cerca
de 687 km da capital Belém e na região intermediária (Figura 5), formada pelos seguintes
municípios: Água Azul do Norte, Canaã dos Carajás, Curionópolis, Eldorado dos Carajás e
Parauapebas, no centro da maior reserva mineral do mundo, a Serra do Carajás.
Figura 5 - Localização do município de Parauapebas na Região Intermediária.
Fonte: IBGE (2017).
A sede municipal apresenta as seguintes coordenadas geográficas: Latitude 06º 04’ 00’’ Sul e
Longitude 49º 54’ 08’’ Oeste de Greenwich, estando a uma altitude de 150 m. Tem como
Municípios limítrofes Marabá ao norte, Água Azul do Norte e Canaã dos Carajás ao sul,
Curionópolis a leste e Ourilândia do Norte, Tucumã e São Félix do Xingu ao oeste. A Figura
6 apresenta a localização do Município na região imediata.
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31
Figura 6 - Localização do município de Parauapebas na Região Imediata.
Fonte: IBGE (2017).
Segundo o IBGE (2017), o município de Parauapebas possui uma área territorial de 6.886,208
km2, correspondente a 0,55% da área total do estado do Pará e uma população estimada em
202.356 habitantes, equivalente a 2,42% da população do estado do Pará (8.366.628
habitantes). Sua densidade demográfica é de 29,39 hab./ km2. Na região onde se localiza,
Parauapebas é o município mais populoso, conforme faz-se possível notar pela análise da
Tabela 1. De acordo com a divisão regional estabelecida pelo Governo do Estado do Pará
(2008), Parauapebas faz parte da Região de Integração Carajás, como mostra a Figura 7.
Tabela 1 - População e área dos municípios da microrregião de Parauapebas.
Municípios Área (km2)* População**
Água Azul do Norte 7.113,961 26.497
Canaã dos Carajás 3.146,407 34.853
Curionópolis 2.369,098 17.578
Eldorado dos Carajás 2.956,690 32.780
Parauapebas 6.886,280 196.259
Total 22.934,843 307.967
Fonte: IBGE (2010); Consórcio AmbGis-Umah (2017).
(*Área da unidade territorial 2015 / **População estimada em 2016)
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32
Figura 7 - Localização do município de Parauapebas na Região de Integração Carajás.
Fonte: PARÁ (2018).
Acesso ao Município 3.3.
O acesso ao município de Parauapebas pode ser realizado por diferentes modos: terrestre,
ferroviário e aéreo. O acesso pelo modal terrestre se dá através das rodovias estaduais PA-
160 e PA-275. A rodovia PA-160 liga Parauapebas aos municípios de Canaã dos Carajás e
Sapucaia, interceptando no início a rodovia PA-275 e no final a BR-155. A rodovia PA-275,
por sua vez, é a principal ligação de Parauapebas com outros municípios (Curionópolis e
Eldorado de Carajás) e intercepta no início a BR-115 e ao final a PA-160, como ilustra a
Figura 8.
Ambas as rodovias possuem trechos duplicados na zona urbana do município de Parauapebas,
com infraestrutura de pavimentação e iluminação pública, apresentando intenso tráfego de
veículos, transporte de passageiros e cargas.
Complementando o acesso por modal terrestre, Parauapebas conta com um Terminal
Rodoviário de Passageiros estruturado com rampas de acesso para cadeirantes, guarda-
volumes, caixas eletrônicos, sanitários, balcão de informações, carregadores de bagagem,
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pontos de táxi e moto-táxi e estacionamento, como observado na Figura 9. Operam no
Terminal Rodoviário de Parauapebas empresas e cooperativas de transportes que realizam
viagens intermunicipais e interestaduais por meio de ônibus e micro-ônibus. Atualmente, é
administrado pela empresa Sociedade Nacional de Apoio Rodoviário e Turístico (SINART).
Figura 8 - Interceptação entre as rodovias PA-160 e PA-275 no município de Parauapebas.
Fonte: Google Earth (2018).
Figura 9 - Terminal Rodoviário de Parauapebas.
Fonte: Equipe Técnica PMP (2018).
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O acesso pelo modal ferroviário se dá de duas maneiras: pela Estrada de Ferro Carajás (EFC)
e pelo Ramal Ferroviário S11D (RF S11D), como pode ser visto na Figura 10. A EFC é a
maior ferrovia de transporte de passageiros em operação no país e possui 05 (cinco) estações,
10 paradas e percorre ao todo 892 km, ligando Parauapebas aos municípios de Marabá/PA,
Açailândia/MA, Santa Inês/MA e São Luís/MA. Nela também são transportados minérios
oriundos das minas de Serra dos Carajás em Parauapebas, Canaã dos Carajás, Marabá e Serra
Leste em Curionópolis, municípios do estado do Pará. O RF S11D tem a extensão de 101 km
e por meio dele é transportado a produção de minério oriundo do município de Canaã dos
Carajás (PA). Tanto a operação como o gerenciamento do transporte de passageiros e cargas é
feito pela empresa mineradora VALE S.A. A estação ferroviária do Município está ilustrada
na Figura 11.
Figura 10 - Acesso à Parauapebas por modal ferroviário (EFC/RS11).
Fonte: Revista Ferroviária (Online) (2018).
Por meio aéreo o acesso se dá pelo Aeroporto de Carajás (prefixo CKS/SBCJ), mostrado na
Figura 12, onde duas companhias aéreas, GOL e Azul, realizam voos diariamente com
destinos a Belém/PA, Marabá/PA, Belo Horizonte/MG e Rio de Janeiro/RJ. No aeroporto
constam também as empresas de locação de veículos Localiza, Dacar e Movida. É a principal
porta de entrada de investidores do mercado financeiro mundial em visitas ao Complexo de
Carajás e atualmente é administrado pela empresa pública INFRAERO e tem capacidade para
atender até 300 mil passageiros por ano.
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Figura 11 - Estação Ferroviária de Parauapebas.
Fonte: Equipe Técnica PMP (2018).
Figura 12 - Aeroporto de Carajás.
Fonte: Equipe Técnica PMP (2018).
Caracterização socioeconômica de Parauapebas 3.4.
O município de Parauapebas conheceu desde a sua origem a forte influência de fatores
exógenos que interferiram decisivamente no processo de evolução do município, atraindo
vários e expressivos contingentes populacionais de outras regiões do Estado e do País para
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atuarem na exploração mineral, no processo de colonização agrária, sempre em busca de uma
melhor qualidade de vida. Neste sentido, o diagnóstico socioeconômico do Município
compreende ao levantamento de dados relacionados a população, a economia, a educação, a
saúde e a temáticas afins, conforme apresentado na sequência.
3.4.1. Demografia
Os estudos e indicadores desenvolvidos neste tópico compreendem aspectos relacionados à
estrutura populacional do município de Parauapebas, procurando de forma didática explicar a
forte indução migratória ocasionada por fatores macroeconômicos que provocaram uma
acelerada configuração territorial, especialmente a consolidação urbana.
O Anuário Estatístico do Pará, documento elaborado pela Fundação Amazônia de Amparo a
Estudos e Pesquisa (FAPESPA, 2015), registrou os valores, a seguir indicados, que apontam
para a evolução da população no município de Parauapebas.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2017), o estado do Pará é
subdividido por 07 Regiões Geográficas Intermediárias e 21 Regiões Imediatas. O município
de Parauapebas encontra-se inserido nas seguintes regiões:
Região Geográfica Intermediaria de Marabá, formada pelas Regiões Imediatas de Marabá
e Parauapebas, tendo como cidade-polo Marabá;
Região Imediata de Parauapebas, composta pelos municípios de Canaã dos Carajás,
Curionópolis, Eldorado dos Carajás e Parauapebas, tendo como cidade-polo Parauapebas.
Ainda de acordo com o IBGE, as estimativas populacionais do estado do Pará, feitas para o
ano de 2017, são de 8.366.628 (oito milhões, trezentos e sessenta e seis mil, seiscentos e vinte
e oito) habitantes. Os municípios mais populosos do estado são: Belém, Ananindeua,
Santarém, Marabá e Parauapebas. Juntos, concentram em torno de 32,73% da população
paraense.
Já a Região Intermediária de Belém, composta por 23 municípios, concentra 39,18% da
população, e a Região Intermediária de Marabá, composta também de 23 municípios,
concentra 14,62%. Quanto às regiões imediatas, a de Belém possui a maior concentração
populacional do estado (31,75%), enquanto que a de Parauapebas apenas 3,45%.
Essas diferenças percentuais citadas acima se devem ao fato de que as maiores concentrações
populacionais do estado estão na capital em Belém, com 1.452.275 habitantes, e Ananindeua,
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com 516.057 habitantes. A Tabela 2, a seguir, apresenta a população estimada em 2017.
Tabela 2 - População estimada - Brasil, Região Norte, Pará, Regiões Geográficas e Municípios.
Fonte: IBGE (2017).
Em 1988, o município de Marabá foi desmembrado, dando origem aos Municípios de
Curionópolis e Parauapebas. No ano de 1991, criam-se os Municípios de Eldorado do Carajás
e Água Azul do Norte, a partir dos desmembramentos de Curionópolis e Parauapebas,
respectivamente. Em 1993, outro desmembramento ocorre em Parauapebas, dando origem ao
Município de Canaã dos Carajás.
Através da Tabela 3 é possível acompanhar a evolução do crescimento populacional desses
municípios citados anteriormente e destacar as suas Taxas Geométricas de Crescimento Anual
(TGCA), no período compreendido entre 1970 a 2017, em comparação com o país e com o
estado do Pará. É possível notar que as taxas de crescimento de Parauapebas são superiores às
do país e do estado.
Em 1991, Parauapebas tinha uma população de 53.335 habitantes, passando para 71.568, em
2000, e alcançando 153.918 habitantes, conforme dados do Censo Demográfico de 2010.
Portanto, em menos de vinte anos, a população quase que triplica neste período, tendo uma
queda a partir de 2010, se considerarmos a população estimada pelo IBGE para o ano de
2017.
Esta evolução do crescimento populacional decorreu do intenso fluxo migratório ocorrido no
Sudeste do Pará, notadamente em Parauapebas, durante as últimas décadas e que tem sido
determinante nas formas de ocupação e organização do espaço no território do município, que
Unidade Territorial População
Brasil 207.660.929
Norte 17.936.201
Pará 8.366.628
Região Intermediária Belém 3.278.032
Região Intermediária Marabá 1.223.615
Região Imediata Belém. 2.656.378
Região Imediata Parauapebas 288.728
Belém 1.452.275
Ananindeua 516.057
Santarém 296.032
Marabá 271.594
Parauapebas 202.356
Canaã dos Carajás 36.027
Eldorado do Carajás 32.892
Curionópolis 17.453
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segundo a Ecology Brasil (2016), consolidou uma nova estrutura urbana a partir de suas
dinâmicas sociais e demográficas, em interfaces com demandas de atendimento social no
setor público.
Tabela 3 - Evolução do crescimento populacional – 1970/2017.
Unidade
Territorial
População
Taxa Geométrica
de Crescimento
Anual - TGCA (%)
1970 1980 1991 2000 2010 2017
1970
-
1980
1980
-
1991
1991
-
2000
2000
-
2010
2010
-
2017
Brasil 93.134.846 119.011.052 146.825.475 169.872.856 190.755.799 207.660.929 2,48 1,93 1,63 1,17 0,85
Pará 2.166.998 3.403.498 4.950.060 6.195.965 7.581.051 8.366.628 4,62 3,46 2,53 2,04 0,99
Municípios com e sem divisão
Marabá
(c/div.) 24.474 59.915 123.668 168.020 233.669 271.594 9,37 6,81 3,46 3,35 1,52
Marabá
(s/div.) 24.474 59.915 215.675 321.668 489.424 587.004 9,37 12,35 4,54 4,29 1,83
Municípios desmembrados de Marabá
Parauapebas - - 53.335 71.568 153.908 202.356 - - 3,32 7,96 2,77
Curionópolis - - 38.672 19.486 18.288 17.453 - - 7,33 0,63 0,47
Eldorado dos
Carajás - - - 10.922 31.786 32.892 - - -
12,6
0 0,34
Canaã dos
Carajás - - - 22.084 26.716 36.027 - - - 2,14 3,04
Água Azul do
Norte - - - 29.608 25.057 26.682 - - -
-
1,84 0,63
Fonte: IBGE (2017).
O fluxo migratório para o município de Parauapebas ocorre por conta da intensa busca de
oportunidades de trabalho e negócios gerados, diretos e indiretamente, associados às
atividades de mineração ligadas ao Projeto Ferro Carajás, inicialmente gerido sob o comando
da então CVRD, e que foi decorrente da população de outros estados brasileiros, notadamente
com mais intensidade do estado do Maranhão, conforme verificado na Tabela 4, abaixo, que
mostra a evolução da população residente em Parauapebas por lugar de nascimento de 2009 a
2014.
Tabela 4 - Evolução da população: Parauapebas x Pará (2009 a 2014).
Município/Estado 2009 2010* 2011 2012 2013 2014
Parauapebas 152.777 153.908 160.228 166.324 176.582 183.352
Estado do Pará 7.457.119 7.581.051 7.688.531 7.822.205 7.999.729 8.104.880
Fonte: FAPESPA; Consórcio AmbGis-Umah (2017).
(* Censo Demográfico IBGE, 2010)
As transformações demográficas e espaciais atuais do município de Parauapebas foram
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39
fortemente marcadas pelos processos migratórios que ocorreram na região Sul e Sudeste do
Pará, a partir da década de 1970, em virtude dos grandes projetos minerários. Intensos fluxos
migratórios de nordestinos, goianos, gaúchos e mineiros, contribuíram decisivamente para o
povoamento de localidades, dos quais viriam se tornar embriões da formação de novos
municípios no sudeste do estado paraense. Estes fatores foram provocados pela instalação de
projetos de extração de bens minerais e pela atração de força de trabalho motivada pela
implementação da infraestrutura vinculada àqueles projetos.
A origem de Parauapebas, seu crescimento populacional e desenvolvimento territorial estão
diretamente ligados ao ciclo de exploração mineral baseado na descoberta da maior jazida de
minério de ferro do mundo, na Serra dos Carajás. A Tabela 5, na sequência, apresenta a
população residente por naturalidade, em relação a federação e ao Município, nos anos 2000 e
2010. Esses valores indicam a importância do fenômeno da migração na composição da
população de Parauapebas.
Tabela 5 - População residente por naturalidade, em relação à Federação e ao Município 2000/2010.
Ano Total
Naturais da Federação Não naturais
da Federação Total Naturais do
Município
Não naturais
do Município
2000 71.568 28.785 - - 42.783
2010 153.908 67.814 43.349 24.465 86.094
Fonte: IDESP; Consórcio AmbGis-Umah (2017).
Nos dois eventos censitários realizados pelo IBGE, mostrados na Tabela 5, o número de
pessoas não naturais do Estado do Pará é significativamente maior que aquele que registra os
naturais do município. A figura a seguir apresenta uma sequência de imagens apresentando a
evolução da mancha urbana de Parauapebas entre 1984 e 2016, sendo todas as imagens
datadas do mês de dezembro dos respectivos anos.
Através da Figura 13, disposta na página seguinte, constata-se que a mancha urbana existente
em 1984 permanece pouco alterada até 1990. De 1990 para 1995, há uma expansão entre a
área do Igarapé ilha do Coco e a margem direita do rio Parauapebas, sendo notado o início da
ocupação no entorno da Av. Faruk Salmen.
De 1995 para 2000, não há mudanças significativas na mancha urbana, a não ser o
adensamento de loteamento já existentes em 1995. Já de 2000 para 2005, há uma rápida
expansão na porção da margem direita do Igarapé Ilha do Coco, e de 2005 para 2008, a
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ocupação se estende em direção à montante, acompanhando a margem direita do Igarapé Ilha
do Coco.
1984
1990
1995
2000
2005
2008
2010
2013
2016
Figura 13 - Evolução da mancha urbana em Parauapebas (1984 - 2016).
Fonte: Google Earth; Consórcio AmbGis-Umah (2017).
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41
De 2008 para 2010 - ou seja, em apenas 2 anos - há um grande crescimento que atinge a
margem esquerda do Igarapé Lajeado, mas também há uma expansão em direção ao sul. De
2010 para 2013, porções significativas da margem direita do Igarapé Lajeado são tomadas,
assim como a porção sudeste da Área de Influência. Por fim, entre 2013 e 2016 ocorre o
adensamento de loteamentos já existentes.
Para o ano de 2017, a densidade demográfica de Parauapebas é de 29,39 habitantes/km2,
sendo quase cinco vezes superior à verificada no estado, que é de 6,70 habitantes/km2, como
pode ser observado na Tabela 6, a seguir.
Tabela 6 - Densidade demográfica de Parauapebas – 1991/2000/2010/2017.
Ano
Unidade Territorial
Brasil Pará Parauapebas
População
(hab)
Área
(km2)
Dens.
(hab/
km2)
População
(hab)
Área
(km2)
Dens.
(hab/
km2)
População
(hab)
Área
(km2)
Dens.
(hab/
km2)
1991 146.825.475 8.515.692,27 17,24 4.950.060 1.247.955,24 3,97 53.335 17.653,76 3,02
2000 169.872.856 8.515.692,27 19,95 6.195.965 1.247.955,24 4,96 71.568 7.046,70 10,16
2010 190.755.799 8.515.692,27 22,40 7.581.051 1.247.955,24 6,07 153.908 6.957,32 22,12
2017 207.660.929 8.515.692,27 24,39 8.366.628 1.247.955,24 6,70 202.356 6.886,21 29,39
Fonte: IBGE (2017).
Um indicador que serve para traçar o perfil do planejamento municipal é a Taxa de
Urbanização, que é a relação das pessoas que residem na área do município caracterizada por
edificações contínuas e a existência de equipamentos sociais destinados às funções básicas
como habitação, trabalho, recreação e circulação em relação à população total.
Acompanhando os dados relativos à evolução do crescimento populacional por situação de
domicílio do município de Parauapebas, pode-se verificar um crescimento significativo da
população urbana no período de 1991 a 2017, conforme a Tabela 7, abaixo.
Tabela 7 - População do município de Parauapebas segundo situação domiciliar e Taxa de Urbanização –
1991/1996/2000/2007/2010/2017.
Ano População
urbana
População
rural
População
total
Taxa de
urbanização
1991 27.443 25.892 53.335 51,45%
1996* 45.649 29.053 74.702 61,11%
2000 59.260 12.308 71.568 82,80%
2007* 118.847 14.451 133.298 89,16%
2010 138.690 15.218 153.908 90,11%
2017** 191.591 10.765 202.356 94,68%
Fonte: IBGE (2017).
(* Contagem populacional IBGE / ** Estimativa SEPLAN)
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A Taxa de Urbanização obteve crescimento expressivo nesse mesmo período de tempo,
passando de 51,45% em 1991 para 82,80% em 2000. Observa-se que esse aumento de
habitantes na área urbana refletiu na Taxa Geométrica de Crescimento Anual (TGCA)
negativa de -7,93% da população rural do município de Parauapebas. No último decênio,
entre 2000 e 2010, Parauapebas apresentou uma TGCA alta, em torno de 7,96%, alcançando a
população de 153.908 habitantes, respectivamente, segundo dados do último Censo
Demográfico do IBGE. Já a taxa de urbanização obteve ligeiro crescimento no período,
passando de 82,80% em 2000 para 90,11% em 2010.
A Secretaria Municipal de Planejamento e Gestão (SEPLAN) de Parauapebas, com base na
população estimada em 2017 pelo IBGE para o município e com informações obtidas junto ao
Departamento de Vigilância Ambiental da Secretaria Municipal de Saúde (SEMSA), estimou
um acréscimo na população urbana de Parauapebas, passando a ter uma Taxa de Urbanização
em torno de 94,68% em relação à população total.
O decréscimo da população rural pode ser explicado pela ausência de políticas
governamentais que criem alternativas econômicas e produtivas para os moradores desta área,
por conta da expansão urbana e adensamentos ocorridos nos loteamentos Cidade Jardim,
Nova Carajás e Apoena durante o período de 2010 a 2017, no processo de urbanização da
então vila de Palmares Sul, que agora faz parte do território da zona urbana do município de
Parauapebas e pela oferta de empregos formais mais concentrados na zona urbana do
município. Por meio da Tabela 8, abaixo, pode-se verificar a composição da população do
município de Parauapebas, considerando-se situação domiciliar e sexo.
Tabela 8 - População do município de Parauapebas segundo situação domiciliar e por sexo –
1991/1996/2000/2007/2010/2017.
Ano Sexo População urbana % População rural % População total
1991 Masculino 13.972 26,20 14.010 26,27
53.335 Feminino 13.471 25,26 11.882 22,28
1996 Masculino 23.245 31,12 15.539 20,80
74.702 Feminino 22.404 29,99 13.514 18,09
2000 Masculino 29.734 41,55 6.535 9,13
71.568 Feminino 29.526 41,26 5.773 8,07
2010 Masculino 70.054 45,52 7.839 5,09
153.908 Feminino 68.636 44,60 7.379 4,79
2017* Masculino 96.964 47,91 5.448 2,69
202.356 Feminino 94.627 46,76 5.317 2,64
Fonte: IBGE (2017).
(* Estimativa SEPLAN)
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43
3.4.2. Inadequação habitacional
A equipe técnica que elaborou o PLHIS de Parauapebas analisou os dados relativos à
inadequação habitacional total do município, com base no Censo 2010, conforme mostra a
Tabela 9.
Tabela 9 - Inadequação habitacional total – Parauapebas (2010).
Componente/Situação Urbano Rural Total
Total de domicílios 38.894 3.832 42.726
Inadequação 25.431 997 26.428
Abastecimento de água deficiente 9.961 Não considerado 9.961
Esgotamento sanitário deficiente 20.095 Não considerado 20.095
Coleta de lixo deficiente 589 Não considerado 589
Sem banheiro exclusivo 5.053 919 5.972
Energia elétrica deficiente 818 Não considerado 818
Adensamento excessivo (próprio) 2.049 282 2.331
Fonte: PLHIS Parauapebas (2015).
Notou-se que a incidência do problema é mais grave no meio urbano do que no rural. Na área
urbana 25.431 dos 38.894 domicílios, ou 65,4%, se enquadram nessa condição, enquanto que
no meio rural o critério incide em 997 dos 3.832 domicílios, o que corresponde a um
percentual bem menor: 26%.
Contribui decisivamente para isso o fato de que na área rural ficaram de fora do cômputo da
inadequação quatro aspectos que foram considerados no meio urbano: abastecimento de água,
esgotamento sanitário, coleta de lixo e energia elétrica. O esgotamento sanitário deficiente
aparece como o problema mais comum, afetando mais de 20 mil domicílios urbanos, seguido
do abastecimento de água.
Quanto ao ramo da autoconstrução, no município de Parauapebas há características bastante
particulares quando comparadas com outras regiões do estado ou até mesmo do país. Isso
porque a cidade tem vivido uma situação de crescimento não só desordenado, mas também
em um ritmo extremamente acelerado. Uma das causas é a especulação imobiliária e uma
quantidade significativa de construções não licenciadas e sem planejamento adequado.
Apesar da ampliação da oferta de moradia na última década, há ainda déficits qualitativos e
quantitativos, acentuados pela dinâmica demográfica. Em termos de infraestrutura,
equipamentos e serviços urbanos, melhorias foram implementadas em ações ao longo do
tempo nos assentamentos mais antigos, contribuindo para torná-los locais consolidados.
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44
3.4.3. Economia
Os dados e informações sobre a economia, apresentados a seguir, demonstram o tamanho e a
dinâmica do setor produtivo em Parauapebas, ao longo de um período de tempo. Os dados de
produção são provenientes do IBGE com valores corrigidos, sempre que necessário pelo IGP-
M da Fundação Getúlio Vargas para se formar uma base comparativa de informações.
São também abordadas as produtividades e poder de produção dos municípios no que tange a
mão de obra disponível, a potencialidade econômica e a renda gerada. Por fim, são observadas
as interdependências econômicas da administração pública, contrabalançando os repasses
financeiros, os investimentos públicos e o poderio produtivo e de contratação dos municípios
estudados.
3.4.3.1. Dinâmica e Setores Econômicos
A economia de Parauapebas fundamenta-se, sobretudo, no setor secundário, com 75,91% de
participação na formação do Produto Interno Bruto (2013), reforçando a influência da
indústria de mineração e, sobretudo, da Vale. Em 2000, essa dependência era maior ainda,
com quase 80% da economia baseada na indústria.
O setor terciário, por sua vez, representa 16,25%, enquanto que a participação do primário é
irrisória no município, abaixo de 1% do PIB total de 2013. Vale destacar o baixo percentual
da administração pública em Parauapebas, a participação em 2013 foi de 3,54% - sendo um
indicador da mínima dependência da máquina pública na economia local.
Observa-se que o PIB vem crescendo anualmente a uma importante taxa: 12,69% a.a. No
período 2000-2013, o setor primário foi o que mais cresceu com 13,67% a.a. Apesar disso,
como vimos, sua participação é bem modesta na economia local. A arrecadação de impostos
no município de Parauapebas apresentou aumento significativo, contabilizando 20,69% de
crescimento anual.
Com montantes expressivos tanto do PIB total (mais de R$ 20 bilhões), quanto do PIB per
capita (superior a R$ 100 mil), Parauapebas se destaca no cenário estadual. É o segundo
município com a maior participação (16,8%) na produção econômica do Pará, perdendo
apenas para a capital Belém. E ocupa a segunda posição no ranking dos maiores PIB per
capita, atrás de Canaã dos Carajás, que registrou quase R$119 mil por pessoa em 2013, de
acordo a pesquisa da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (FAPESPA). A
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45
Tabela 10, a seguir, apresenta os dados do PIB total, setorial e respectivas participações para o
município de Parauapebas.
Tabela 10 - PIB Total, Setorial, Percentual de Participação e Taxa Geométrica de Crescimento Anual (TGCA)
de 2000 a 2013.
Parauapebas 2013 Participação
PIB Total 2000*
Participação
PIB Total
TGCA
2000-2013
PIB Total R$ 20.263.414.736,00 - R$ 4.287.106.036,70 - 12,69%
PIB Setor
Primário R$ 147.766.556,00 0,73% R$ 27.951.682,20 0,65% 13,67%
PIB Setor
Secundário R$ 15.381.781.448,00 75,91% R$ 3.425.709.801,80 79,91% 12,25%
PIB Setor
Terciário R$ 3.293.436.737,00 16,25% R$ 770.820.522,89 17,98% 11,82%
Administração
Pública** R$ 718.216.960,00 3,54% R$ 157.489.023,11 3,67% 12,38%
Impostos R$ 722.213.035,00 3,56% R$ 62.624.029,81 1,46% 20,69%
PIB Per Capita R$ 114.753,57 - R$ 59.902,55 - 5,13%
Fonte: IBGE; Consórcio AmbGis-Umah (2017).
(* Valores corrigidos pelo IGP-M (FGV) para o ano 2013 / ** Os valores de administração pública também
estão contemplados na contabilização do PIB para o setor terciário da economia)
No que se refere à geração de emprego e renda no setor primário essa é a atividade menos
expressiva, a despeito de o município estar localizado em uma das principais mesorregiões
agropecuárias do Estado. As atividades primárias desenvolvidas no território Municipal, por
ordem de importância quanto à sua extensão territorial e rendimento econômico, são: a)
pecuária; b) agricultura; e o c) extrativismo vegetal (FISCHER, 2014).
Dentre as atividades primárias, a pecuária é a predominante no Município, sendo executada
mesmo por pequenos agricultores, através da atividade pecuária leiteira. Entre 1994 e 2010
essa atividade apresentou expansão, no qual se destaca criação de rebanho bovino, seguido de
equinos e muares. Entre o rebanho de médio porte, o que mais se destaca é o efetivo suíno
(50,2%), seguida do rebanho ovino (32%) e caprino (13%), segundo levantamento realizado
em 2010. No rebanho de pequeno porte, a criação de galos, frangos e pintos foi a que mais se
reduziu no Município em comparação com os dados entre 1994 e 2010 (de 71.000 para
15.550 cabeças). A produção apícola no Município é recente e pouco expressiva (FISCHER,
2014).
A agricultura no município é predominantemente executada em regime de trabalho familiar, e
a criação de assentamentos contribuiu fortemente para esse cenário. Conforme dados do censo
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46
agropecuário (IBGE, 2006) foram identificados em Parauapebas 996 estabelecimentos rurais,
sendo que 84% estão organizados em regime de agricultura familiar (FISCHER, 2014).
Assim, FISCHER (2014), afirma que as atividades econômicas desenvolvidas no Município
possuem forte dependência da atividade mineral. Mesmo o setor terciário e a indústria da
construção civil são impulsionados indiretamente por essa atividade.
3.4.3.2. Emprego e Renda.
A geração de empregos em Parauapebas concentra-se basicamente no setor terciário, com
29.392 postos de trabalho no município (2015), equivalendo a 60% do total dos empregos. A
maior parte da mão de obra do setor terciário é alocada no Comércio e Serviços (69,5%) e os
30,45% de empregos restantes se concentram na Administração Pública. O setor primário,
baseado praticamente na extração mineral, também emprega uma parte importante dos
moradores de Parauapebas, representando 22,7% do total de oportunidades geradas.
No total, são 48.991 postos de trabalho distribuídos por 2.706 estabelecimentos. As Tabelas
11 e 12, a seguir, apresentam informações do Ministério do Trabalho e Emprego a respeito de
empregos formais e do número de estabelecimentos para o ano de 2015, evidenciando essa
situação.
Tabela 11 - Empregos por setor em Parauapebas.
Extrativa
mineral
Indústria de
transporte
Serviços
industriais
de utilidade
pública
Construção
civil Comércio Serviços
Admin.
pública
Agropecuária,
extração
vegetal, caça e
pesca
Total
10.959 2.493 42 5.924 9.263 11.179 8.950 181 48.991
Fonte: MTE – RAIS (2015); Consórcio AmbGis-Umah (2017).
Tabela 12 - Empresas por setor em Parauapebas.
Extrativa
mineral
Indústria de
transporte
Serviços
industriais
de utilidade
pública
Construção
civil Comércio Serviços
Admin.
pública
Agropecuária,
extração
vegetal, caça e
pesca
Total
9 166 6 207 1.294 932 3 89 2.706
Fonte: MTE – RAIS (2015); Consórcio AmbGis-Umah (2017).
3.4.4. Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)
Já em relação ao índice de desenvolvimento humano, observa-se que a renda média obteve
um ligeiro crescimento na década de 1990-2000. Em 1991 a renda per capita média era de R$
392,48, passando em 2000 para R$ 444,97, com uma taxa média anual de crescimento de
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47
1,40%. Porém, entre 2000 e 2010 a renda domiciliar cresceu um pouco mais, passando para
R$ 627,61, ou seja, uma taxa média anual de 3,50% em relação a 2000 de acordo com os
dados do IPEA. A renda média per capita de Parauapebas pode ser considerada satisfatória, se
comparada com a do Estado do Pará, de apenas R$ 446,76. No entanto, está abaixo da média
nacional (R$ 793,87).
Por sua vez, a pobreza (medida pela proporção de pessoas com renda domiciliar per capita
inferior a R$ 255,00, equivalente à metade do salário mínimo – R$ 510,00 - vigente em
agosto de 2010) diminuiu significativamente nos últimos 20 anos, apesar do aumento
registrado no período 1991-2000, quando o índice passou de 36,32% para 37,34%. Foi na
última década que esse índice sofreu uma queda importante, chegando a 13,17% em 2010.
Nesse indicador, Parauapebas se destaca positivamente tanto em relação ao Pará – onde o
percentual de pobreza é de 32,33% - quanto ao Brasil (15,20%). A desigualdade social -
demonstrada pelo Índice de Gini - seguiu o movimento do índice de pobreza, crescendo de
0,59 em 1991 para 0,65 em 2000 e recuando depois para 0,53 em 2010.
Apesar da redução ao longo dos 20 anos, os valores do indicador de distribuição da renda
medido pelo PNUD ainda são expressivos, principalmente se analisarmos a metodologia de
aferição do Índice de Gini, que estabelece que quanto mais próximo de zero mais equacionada
será a distribuição dos rendimentos na região, e, ao contrário, quanto mais próximo de 1,
maior concentração de ganhos em um número menor das pessoas. A Tabela 13 apresenta os
indicadores de renda, pobreza e desigualdade de Parauapebas.
Tabela 13 - Indicadores de Renda, Pobreza e Desigualdade dos anos de 1991, 2000 e 2010.
Parauapebas Ano
1991 2000 2010
Renda per capita Média (R$ de 2010*) 392,48 444,97 627,61
Proporção de Pobres (%) 36,32 37,34 13,17
Índice de Gini 0,59 0,65 0,53
Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil (2013); Consórcio AmbGis-Umah (2017).
(* Valor corrigido pelo IGP-M (FGV) para ano 2010)
3.4.5. Educação
O Ministério da Educação, através do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (INEP),
realizou os Censos Educacionais nos anos de 2005 e 2015, cujos resultados, divulgados pelo
IBGE, são apresentados nas Tabelas 14, 15 e 16.
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48
Tabela 14 - Resultados dos Censos Educacionais, em 2005 e 2015, para o ensino pré-escolar.
Indicadores 2005 2015
Escolas 59 56
Matrículas 6.580 7.213
Docentes 276 343
Fonte: IBGE; Consórcio AmbGis-Umah (2017).
Tabela 15 - Resultados dos Censos Educacionais, em 2005 e 2015, para o ensino fundamental.
Indicadores 2005 2015
Escolas 55 68
Matrículas 22.687 41.521
Docentes 815 1.391
Fonte: IBGE; Consórcio AmbGis-Umah (2017).
Tabela 16 - Resultados dos Censos Educacionais, em 2005 e 2015, para o ensino médio.
Indicadores 2005 2015
Escolas 10 17
Matrículas 7.150 11.313
Docentes 207 302
Fonte: IBGE; Consórcio AmbGis-Umah (2017).
Como se pode observar na Tabela 14, o nível de Ensino Pré-escolar (Educação Infantil), que
corresponde à primeira etapa da Educação Básica, em Parauapebas, no período compreendido
entre 2005 e 2015 registrou uma redução na quantidade de escolas destinadas ao atendimento
da demanda existente, muito embora, o número de matrículas tenha aumentado.
O Ensino Fundamental tem caráter obrigatório para todas as crianças e jovens com idade entre
6 e 14 anos. A duração desta etapa é de nove anos. A obrigatoriedade da matrícula nessa faixa
etária envolve de forma compartilhada os pais ou responsáveis; do Estado pela garantia de
vagas nas escolas públicas; e, finalmente, da sociedade, por fazer valer a própria
obrigatoriedade. Entre 2005 e 2015, como mostrado na Tabela 15, a quantidade de matrículas
cresceu 83%, ao passo que a quantidade de escolas e de docentes cresceram em taxas menores
(23,6% e 70,7%, respectivamente).
O Ensino Médio corresponde ao nível de ensino que antigamente era denominado de segundo
grau. Este nível equivale à última fase da educação básica, cujo objetivo é aprofundar os
conhecimentos adquiridos no Ensino Fundamental, bem como preparar o estudante para o
exame de admissão ao Ensino Superior. O curso técnico integrado ao Ensino Médio é
oferecido a quem já concluiu o Ensino Fundamental. Este curso garante tanto a formação do
Ensino Médio quanto a Técnica Profissional. Entre 2005 e 2015, houve aumento tanto do
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49
número de escolas (70%), como de matrículas (58,2%) e de docentes (45,9%), como mostrou
a Tabela 16.
3.4.6. Saúde
Os estudos elaborados referentes à mortalidade têm por base a Classificação Internacional das
Doenças (CID), elaborada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Esta é composta por
um número muito elevado de doenças, incluindo suas variantes e complicações. Sendo assim,
o Diagnóstico de Saúde limita-se a analisar a situação e a tendência de alguns grandes grupos
de causas de morbidade e mortalidade.
O diagnóstico feito neste estudo trata da análise no que concerne à mortalidade e, para isso,
um dos indicadores mais utilizados é o da proporção de óbitos por grupo de causa, em relação
ao total dos óbitos ocorridos em dado período, que é conhecido como mortalidade
proporcional por causa definida.
Sob a mesma base teórica, ainda é analisado a distribuição percentual de internações por
grupo de causas, conferindo assim em um diagnóstico mais detalhado e plausível à avaliação.
3.4.6.1. Morbidade
Quanto aos índices de morbidade em Parauapebas, a principal causa de internações refere-se
naturalmente a complicações na gravidez, parto e puerpério, indicando um percentual de
36,45%; seguido de lesões, envenenamento e algumas outras consequências de causas
externas (18,35%) e doenças do aparelho digestivo (7,19%).
Na população com até 9 anos de idade a maior incidência de casos hospitalares é de algumas
afecções originadas no período perinatal (29,52% do total dessa faixa etária), seguida de
doenças ligadas ao aparelho respiratório (17,73%).
Já na população acima de 50 anos verifica-se maior morbidade hospitalar devido às lesões,
envenenamento e algumas outras consequências de causas externas (17,15%) e às doenças do
aparelho circulatório (16,86%).
3.4.6.2. Óbitos
Óbitos mais frequentes estão ligados às causas externas de morbidade e mortalidade, doenças
do aparelho respiratório e neoplasias (tumores), que somam 61,55% do total. Cabe ressaltar
que em Parauapebas o número de internações por doenças infecciosas e parasitárias atingiu
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50
4,10% do total em 2016 (DATASUS), havendo maior incidência em pessoas menores de 1
ano. A contribuição das doenças infecciosas e parasitárias para o total de óbitos registrados
em 2014 é de 4,54%, atingindo principalmente adultos entre 30 e 39 anos e a faixa etária de
70 a 79 anos. A Tabela 17, na sequência, apresenta a distribuição percentual das internações e
mortes no Município, por grupo de causas.
Tabela 17 - Distribuição percentual das internações e mortes, por grupo de causas.
Distribuição percentual das internações por
grupo de causas 2016*
Distribuição percentual das internações por
grupo de causas 2014**
Causa % Causa %
Gravidez parto e puerpério 36,45 % Causas externas de morbidade e
mortalidade 33,64 %
Lesões, envenenamento e outras
causas externas 18,35 % Doenças do aparelho circulatório 20,29 %
Doenças do aparelho respiratório 7,19 % Neoplasias (tumores) 7,61 %
Doenças do aparelho digestivo 6,57 % Doenças do aparelho respiratório 6,28 %
Doenças do aparelho circulatório 4,55 % Algumas afecções originadas no
período perinatal 5,47 %
Algumas afecções originadas no
período perinatal 4,10 %
Doenças endócrinas nutricionais e
metabólicas 4,67 %
Outros 22,78 % Demais causas definidas 22,03 %
Fonte: Consórcio AmbGis-Umah (2017).
(* Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) / ** MS/SVS/CGIAE -
Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM)
3.4.6.3. Mortalidade Infantil
Um dos indicadores síntese da situação da saúde e bem-estar da população encontra-se
expresso no Coeficiente de Mortalidade Infantil, representado pelo número de óbitos infantis
(crianças até 1 ano de idade) por mil nascidos vivos. Com este indicador é possível, dentre
outras conclusões, obter pistas para a qualidade de vida, saneamento e saúde dos habitantes de
certa região. A OMS estabelece que os níveis máximos aceitáveis para este indicador estejam
entre 6 e 7.
Entre os anos de 1991 e 2000, a taxa de mortalidade infantil teve uma ligeira queda em
Parauapebas, passando de 42,6 por mil nascidos vivos em 1991 para 32,3 em 2000. Em 2010
este índice reduziu bastante, chegando a 17,4 por mil nascidos vivos, mostrando que houve
uma melhoria significativa neste indicador.
Parauapebas apresenta índice reduzido quando comparado com os valores do estado do Pará
(20,3 por mil nascidos vivos em 2010) e com os padrões estabelecidos pelas autoridades
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51
internacionais – segundo as metas dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio das Nações
Unidas, a mortalidade infantil no país deve estar abaixo de 17,9 óbitos por mil em 2015.
Comparativamente, o Brasil atingiu em 2010 o valor de 16,7 mortos a cada mil nascidos
vivos. Entretanto, deve-se tomar o cuidado de observar o indicador ao longo dos anos e,
principalmente, quando a localidade ou região estudada apresentar um pequeno contingente
populacional, o que pode extrapolar os índices mesmo quando há poucos casos desta natureza.
3.4.6.4. Esperança de Vida e Taxa de Fecundidade
O PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) observa em seus estudos
sobre desenvolvimento humano, outros dois indicadores de saúde e bem-estar: a esperança de
vida ao nascer e a taxa de fecundidade. O primeiro apoia-se na expectativa de anos de vida do
indivíduo a partir do seu nascimento e o segundo o número médio de filhos por mulher
(PNUD, 2003).
Em Parauapebas, a esperança de vida ao nascer aumentou 7,9 anos nas últimas duas décadas,
passando de 65,7 anos em 1991 para 68,6 anos em 2000, e para 73,6 anos em 2010.
Comparativamente, em 2010 a esperança de vida ao nascer média para o Estado do Pará era
de 72,4 anos e, para o país, de 73,9 anos. Já a fecundidade caiu bastante no município,
passando de 3,6 em 1991 para 3,3 filhos por mulher no ano 2000 e, finalmente, para 2,6 em
2010. Estes e outros indicadores de longevidade, mortalidade e fecundidade estão a seguir
relacionados, na Tabela 18.
Tabela 18 - Indicadores de longevidade, mortalidade e fecundidade (1991, 2000, 2010).
Indicador Parauapebas Estado do Pará
1991 2000 2010 1991 2000 2010
Mortalidade até 1 ano de idade
(por 1.000 nascidos vivos) 42,6 32,3 17,4 52,6 33,1 20,3
Esperança de vida ao nascer
(anos) 65,7 68,6 73,6 63,4 68,5 72,4
Taxa de Fecundidade Total
(filhos por mulher) 3,6 3,3 2,6 4,2 3,2 2,5
Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil (2013); Consórcio AmbGis-Umah (2017).
3.4.7. Vetores de crescimento
A expansão urbana desordenada do município de Parauapebas fez com que loteamentos
irregulares e ocupações espontâneas surgissem em áreas periféricas ou com restrição à
urbanização (como áreas de risco e de proteção ambiental) sem nenhum tipo de fiscalização
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52
ou controle por parte do Poder Público, dando origem a locais com pouca urbanidade, como
alagados, palafitas, vilas, invasões e comunidades. Este processo dinâmico evidenciou a
incapacidade do mercado e do setor público local de viabilizarem alternativas mais adequadas
para a população.
O Diagnóstico Socioeconômico e Ambiental do Município de Parauapebas (2012) explicou
que, em geral, a expansão das cidades compreendem três vetores fundamentais:
A expansão das áreas de moradia popular que compreendem, principalmente, as áreas
urbanas com menor infraestrutura e, em grande medida, mais distanciadas do centro
citadino;
As áreas de moradia das classes sociais de maior renda, em grande medida ou
estabelecidas como enclaves residenciais, ou nas proximidades das áreas de maior
infraestrutura urbana e finalmente; e
As áreas destinadas aos diversos processos econômicos: produção industrial, comercial
e serviços.
As áreas ocupadas nos últimos anos na faixa urbana de Parauapebas configuram grande
expansão da malha urbana, pois é possível identificar 3 (três) vetores de crescimento. A
Figura 14, a seguir, ilustra os vetores de crescimento urbano do Município. Nela, o vetor 1, na
direção da Avenida VS-10, representa uma rota onde se pode destacar a predominância de
população de menor renda, tendo em vista que os lotes apresentam menor valor comercial
comparados aos demais loteamentos demarcados. Muitos deles não têm decreto, ou seja, estão
em situação irregular, e a maioria não dispõe de infraestrutura básica (Loteamentos Nova
Vida II, Montes Claros, Jardim América II, Bela Vista II, São Lucas I e II, Parque das Nações
I e II, Parque São Luís I e II, Panorama, Residencial Brasília, Curral Branco, Jardim Planalto,
Casablanca, Califórnia, São Raimundo, Raios de Sol, Bom Jesus).
O vetor 2, disposto na rodovia PA-275, está em rota que compreende empreendimentos
planejados e urbanizados, portanto mais caros. Trata-se de loteamentos regulares com
infraestrutura mínima – água, iluminação pública, asfalto (não em sua totalidade) e coleta de
lixo, contudo ainda há lotes vazios. Excepcionalmente, em um dos empreendimentos (Viver
Bem Parauapebas) foram construídas casas em diversos níveis de valores, possuindo
atendimento integral da rede de coleta e tratamento de esgotamento sanitário e de
abastecimento de água.
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
53
Figura 14 - Vetores de crescimento urbano do município de Parauapebas.
Fonte: SEHAB (2018).
O vetor 3, na rodovia PA-160, por sua vez, representa a área onde há predominância de lotes
urbanizados com infraestrutura básica. Existe uma mistura de classes nesses loteamentos.
Pode-se verificar população de alta renda e de classe trabalhadora, em função da facilidade de
aquisição de lotes. No entanto, tem-se percebido um fenômeno recente, onde moradores de
menor renda adquiriram os lotes para moradias e por dificuldades financeiras tem ocasionado
um alto índice de propriedades e casas com anúncios de venda ou devolvidas.
O Município de Parauapebas não dispõe de Código de Obras, nem de legislação própria para
regulamentar o parcelamento do solo. Diante do elevado crescimento populacional, é de
fundamental importância que estes instrumentos sejam implementados. Além disso, outro
problema relacionado à política urbana encontrado no Município, especialmente na área
urbana, é a ocupação das áreas de risco.
Caracterização do Meio Físico 3.5.
A descrição dos aspectos físicos e ambientais do município de Parauapebas foi feita através
de visitas de campo da equipe técnica da Prefeitura Municipal de Parauapebas, bem como de
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54
levantamentos de dados secundários, como consultas a estudos ambientais já existentes, a
exemplo do “Relatório de Avaliação Ambiental Estratégica” (CONSÓRCIO AMBGIS-
UMAH, 2017), elaborado para o Projeto de Saneamento Ambiental, Macrodrenagem e
Recuperação de Igarapés e Margens do Rio Parauapebas – PROSAP, atualmente em
preparação, com vista a obter um financiamento do Banco Interamericano de
Desenvolvimento – BID.
3.5.1. Clima
O clima e o tempo se apresentam como fatores fundamentais para diversos aspectos
ambientais e econômicos, estando relacionados às mais diversas temáticas, tais como os
recursos atmosféricos, os recursos hídricos, a fauna, a flora, a socioeconômica, dentre outros.
Dessa forma, é apresentada a seguir uma síntese da caracterização dos principais sistemas de
circulação atmosférica e sua relação local; e, após esta, são mostradas algumas variáveis
climáticas consideradas mais relevantes.
3.5.2. Sistemas de Circulação Atmosférica
O clima e as condições meteorológicas ocorrentes na área do município são fortemente
condicionados pela localização geográfica (latitude) e pelo relevo, que, em ação conjunta com
os grandes sistemas atmosféricos (massas de ar), controlam a distribuição pluviométrica,
evapotranspiração, temperatura, umidade do ar e regime de ventos.
De acordo com Nimer (1989), a compreensão do clima da Região Norte do Brasil depende do
conhecimento da influência dos fatores estáticos ou geográficos, como relevo, latitude,
continentalidade e maritimidade, em conjunto com os sistemas regionais de circulação
atmosférica (fatores dinâmicos). As principais massas de ar que influenciam o Brasil são
apresentadas na Figura 15, a seguir. Pode-se perceber que Parauapebas é influenciada
diretamente pela mEc durante o verão e pela mEa durante o inverno.
Durante o verão a Massa de Ar Equatorial Continental (MEC) influencia fortemente a região,
mantendo a temperatura elevada e favorecendo os eventos pluviométricos; esta massa de ar
exerce influência em grande parte do território brasileiro. Contudo, durante o inverno a MEC
fica bastante restrita, abrindo condições para alguma influência da Massa de Ar Equatorial
Atlântica (MEA), contudo essa massa de ar apresenta mais influência em áreas litorâneas,
visto que conforme adentra o continente perde rapidamente a umidade.
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
55
Figura 15 - Principais massas de ar no Brasil sobre os climas zonais.
Fonte: Consórcio AmbGis-Umah (2017).
3.5.3. Classificação Climática
A classificação climática expressa as condições médias da atmosfera terrestre. Estas
condições, apesar de experimentarem variações diárias, mensais e sazonais, são representadas
por faixas climáticas que se mantêm razoavelmente uniformes, dentro de um padrão médio de
oscilação.
Pela classificação de Köppen, o clima da região Amazônica é do tipo A, ou seja, tropical
úmido com a temperatura média do mês mais frio superior a 18°C (Figura 16). A classificação
de Köppen apresenta ainda as seguintes subclassificações para o clima da região amazônica:
Af – clima tropical úmido, com precipitação média maior ou igual a 60 mm para o mês
mais seco;
Am – clima tropical úmido de monção, com precipitação excessiva durante alguns meses;
Aw – clima tropical úmido, com inverno seco e precipitação média menor que 60 mm
para o mês mais seco;
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
56
A área do município está incluída na subclassificação Am.
Na estação chuvosa, os volumes mais expressivos concentram-se no período de janeiro a
março e a precipitação média mensal desse intervalo é da ordem de 240 mm. O período seco
inclui os meses de junho, julho e agosto, cuja média mensal de precipitação é da ordem de 30
mm.
Figura 16 - Classificação climática do Brasil, segundo critérios de Köppen.
Fonte: Golder Associates (2009); Consórcio AmbGis-Umah (2017).
3.5.4. Caracterização das Variáveis Climáticas
A coleta e análise de dados sobre as variáveis climáticas para o município de Parauapebas
podem ser obtidas por meio das séries históricas em estações climáticas existente na região,
conforme o Quadro 1.
Para a caracterização das variáveis climáticas na área do município foram utilizados os dados
da estação meteorológica do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) de Marabá (Código
INMET 82562 MARABA - PA), localizada a cerca de 100 km a nordeste deste município,
conforme ilustra a Figura 17. Os dados coletados pela estação abrangem desde janeiro/1973 a
Área
Estudo
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
57
dezembro/2016, o que representa uma normal climatológica de 43 anos.
Quadro 1 - Localização das estações meteorológicas próximas à Parauapebas.
Estações Meteorológicas Agência Operadora
Estação do Sossego, Igarapé Bahia, N4E (Mina de Ferro) e Paiol de
Explosivos (Mina de Ferro) VALE S.A.
Km 60 da PA 150, Fazenda Surubim, Fazenda Santa Elisa, Fazenda Rio
Branco, Fazenda Caiçara, Serra dos Carajás (Mina N5), Serra Pelada e
Xinguara
ANA
Estação de Marabá INMET
Fonte: Golder Associates (2009).
Figura 17 - Localização da estação Marabá em relação à Parauapebas.
Fonte: Consórcio AmbGis-Umah (2017).
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58
Conforme o Gráfico 1, a seguir, a região onde se insere Parauapebas apresenta regularidade
na distribuição de chuvas e da temperatura, sendo o período mais chuvoso entre os meses de
janeiro e abril, enquanto que o pico de temperatura ocorre, no período mais seco, entre junho
e setembro.
Gráfico 1 - Pluviometria Média e Temperatura – Estação Marabá (1973-2016).
Fonte: INMET; Consórcio AmbGis-Umah (2017).
3.5.4.1. Temperatura
Parauapebas apresenta bastante regularidade nas temperaturas, sendo as médias máximas
oscilando entre 31 e 34ºC e as mínimas entre 22 e 23ºC, no período analisado (1973-2017) as
temperaturas máxima e mínima foram, respectivamente, 39,7ºC (01 de setembro de 1962) e
15,6ºC (20 de outubro de 1975). Conforme o Gráfico 2, na página seguinte, a amplitude
térmica no Município é de aproximadamente 10 ºC.
3.5.4.2. Pluviometria
Os dados pluviométricos são fundamentais para a obtenção da relação do processo de
alagamentos, enchentes e deslizamentos. A média mensal do semestre mais chuvoso
(novembro a abril) em Parauapebas é de 253,66 mm, enquanto que no semestre mais seco
(maio a outubro), é de apenas 52,92 mm. Ou seja, a diferença entre o período mais chuvoso e
mais seco, é expressiva.
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59
Gráfico 2 - Temperatura Máxima e Mínima– Estação Marabá (1973-2016).
Fonte: INMET; Consórcio AmbGis-Umah (2017).
Com relação a regularidade das chuvas, conforme o Gráfico 3, percebe-se que nos meses mais
chuvosos ocorre, em média, chuvas durante mais da metade dos meses (dezembro a abril
apresentam mais de 15 dias com pluviosidade para ambas as estações).
Gráfico 3 – Dias com Chuva - Estação Marabá (1973-2016).
Fonte: INMET; Consórcio AmbGis-Umah (2017).
No Gráfico 4, a seguir, foram destacados os dias com pluviosidade acima de 100mm. No
total, foram identificadas 37 ocorrências com mais de 100mm de chuva em 24 horas. Estes
eventos mais severos ocorrem principalmente entre dezembro e março. Na Tabela 19, também
disposta na sequência, são destacados os dez dias com maior pluviosidade entre os anos de
1973 e 2016.
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60
Gráfico 4 - Dias com Chuva Acima de 100mm – Estação Marabá (1973-2016).
Fonte: INMET; Consórcio AmbGis-Umah (2017).
Tabela 19 - 10 dias com maior pluviosidade – Estação Marabá (1973-2016).
Dia Mês Ano Precipitação em 24 horas (mm)
1 Fevereiro 1974 157,5
8 Março 1975 140,6
16 Janeiro 1978 140,7
16 Janeiro 1986 131,7
8 Fevereiro 1990 150,3
7 Dezembro 1990 150,8
22 Dezembro 1991 182
17 Janeiro 2004 130,6
27 Abril 2004 133
2 Novembro 2011 162,8
7 Dezembro 2014 148,2
Fonte: INMET; Consórcio AmbGis-Umah (2017).
3.5.4.3. Umidade Relativa do Ar
Com relação a Umidade Relativa do Ar, conforme o Gráfico 5, o período analisado apresenta
boa regularidade na distribuição; é importante frisar que a umidade relativa do ar de acordo
com a OMS deve se situar entre 40% e 70%, quando a umidade relativa do ar está baixa
provoca o ressecamento de mucosas nas vias aéreas, tornando o corpo mais vulnerável a asma
e infecções virais e bacterianas. Contudo quando acima dos 70% o saturado de vapor interfere
no mecanismo corporal de controle de temperatura (Varella, 2014).
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61
Gráfico 5 - Umidade Relativa do Ar– Estação Marabá (1973-2016).
Fonte: INMET; Consórcio AmbGis-Umah (2017).
3.5.4.4. Evapotranspiração
A Evapotranspiração, como era de se esperar, acompanha os períodos de maior e menor
pluviosidade, desta forma sua incidência é muito menor entre julho e setembro (meses mais
secos), como pode ser observado no Gráfico 6.
Gráfico 6 - Evapotranspiração – Estação Marabá (1973-2016).
Fonte: INMET; Consórcio AmbGis-Umah (2017).
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62
3.5.4.5. Ventos
Em relação aos ventos, observou-se a prevalência em sentido norte. Contudo os períodos de
calmaria ultrapassaram a metade do período amostrado. As velocidades médias não
ultrapassam os 2 m/s, mas foram observadas máximas de 9 m/s nos sentidos norte e nordeste
e de 5 m/s no sentido oeste, como ilustram os Gráficos 7 e 8.
Gráfico 7 - Velocidade e direção do vento - Estação Marabá (1973-2016).
Fonte: INMET; Consórcio AmbGis-Umah (2017).
Gráfico 8 - Ventos – Estação Marabá (1973-2016).
Fonte: INMET; Consórcio AmbGis-Umah (2017).
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63
3.5.5. Caracterização da superfície de escoamento
A superfície de escoamento foi estimada a partir do mapeamento de uso da terra, levando-se
em consideração a matriz de impermeabilização de cada uso, por exemplo: usos tipicamente
comerciais são mais propensos a serem impermeabilizados, já áreas de vazio urbano
normalmente são pouco impermeabilizadas. A Tabela 20, a seguir, apresenta considerações
sobre a superfície de escoamento de acordo com o tipo de uso.
Tabela 20 - Superfície de escoamento considerada por tipo de uso.
Classe de uso Consideração sobre a superfície
Vegetação Infiltração
Campo/Pastagem Infiltração
Cultura Infiltração
Comercial Escoamento
Equipamento Urbano Escoamento*
Expansão urbana Infiltração
Mineração Infiltração
Residencial Escoamento*
Industrial Escoamento
Vazio urbano Infiltração
Fonte: Consórcio AmbGis-Umah (2017).
(* itens revisados para identificar grandes áreas de infiltração)
Utilizando-se as estimativas acima, aproximadamente 35% da área de estudo é
impermeabilizada, enquanto 65% é favorável a infiltração. Esses dados são importantes uma
vez que em áreas onde prevalece a impermeabilização, a velocidade da água durante eventos
pluviométricos aumenta significativamente, sobrecarregando os sistemas de drenagem
naturais e/ou artificiais, o que se traduz em transbordamentos e enchentes, sobretudo em
eventos mais fortes. A Figura 18, na página seguinte, apresenta a situação geral das áreas de
escoamento e de infiltração presentes no Município.
3.5.6. Geomorfologia
Os terrenos no estado do Pará são submetidos a um regime climático quente e bastante úmido,
conforme já foi explicitado no item de Clima, assim ocorre intenso intemperismo químico e
forte lixiviação dos solos, formando uma paisagem arrasada e monótona.
As principais paisagens geomorfológicas existentes neste Estado são: planícies de inundação e
terraços fluviais das várzeas amazônicas; tabuleiros e baixos platôs modelados em rochas
sedimentares pouco litificadas; superfícies de aplainamento das áreas cratônicas; planaltos e
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64
serras modelados em coberturas plataformais ou litologias mais resistentes à erosão (CPRM,
2013).
Figura 18 - Escoamento x Infiltração.
Fonte: IBGE (2015); PMP (2017); Google Earth Pro (2016); Consórcio AmbGis-Umah (2017).
A área de estudo se localiza no domínio geomorfológico Superfícies Aplainadas do Sul da
Amazônia que ocupa extensas áreas do centro sul do Pará, estes terrenos já arrasados
apresentam declividades entre 3 e 10 graus, com amplitudes variando de 20 até no máximo
50m, são bastante arrasados por prolongados processos erosivos, aliados a estabilidade
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65
tectônica. A Figura 19, na sequência, apresenta a caracterização geomorfológica do
Município, considerando informações do Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2018). A
Figura 20, por sua vez, mostra as unidades geomorfológicas que podem ser identificadas
dentro dos limites municipais.
Figura 19 - Geomorfologia do município de Parauapebas.
Fonte: MMA (2018).
Toda a rede de drenagem de Parauapebas apresenta um padrão dendrítico a subdendrítico e
converge em sentido aproximado sul-norte desde a divisa com o Mato Grosso até a calha do
rio Amazonas, primordialmente sobre as bacias dos rios Tapajós e Xingu-Iriri. Os rios Xingu
e Araguaia, assim como sua rede tributária, exibem distintas anomalias de drenagem
associadas à neotectônica, tais como cotovelos de drenagem e segmentos retilinizados
(CPRM, 2013).
Conforme a Figura 21, relativa a distribuição de declividades em Parauapebas, os terrenos do
Município, por serem bastante trabalhados, apresentam baixa declividade geral. Contudo,
notam-se alguns morrotes residuais com declividades mais altas, destacados na imagem em
vermelho.
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66
Figura 20 – Unidades geomorfológicas no Município de Parauapebas.
Fonte: PMP (2017); IBGE (2015); CPRM (2008); SIVAM (2004); Consórcio AmbGis-Umah (2017).
3.5.7. Geologia
O estado do Pará se assenta na entidade geotectônica Cráton Amazônico, que expõe o seu
embasamento nas províncias Tapajós e Rio Branco, separadas pela Província Amazonas (que
inclui a Bacia do Alto Tapajós). Além da Província Amazonas, aparecem na área do Cráton a
Província Parecis (que inclui a Bacia do Alto Xingu), e as bacias sedimentares do Bananal,
Pantanal Mato-Grossense e Guaporé, bem como coberturas de extensões menores. (HASUI,
2012).
De acordo com o CPRM (2013) o Cráton Amazônico apresenta cinco províncias tectônicas ou
geocronológicas: Carajás (3000-2500 Ma), Transamazonas (2260-1990 Ma), Tapajós-Parima
(2030-1860 Ma), Amazônia Central (1900-1860 Ma) e Rondônia-Juruena (1850-1540 Ma).
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67
Figura 21 - Declividade do Município de Parauapebas.
Fonte: Consórcio AmbGis-Umah (2017).
O município de Parauapebas está inserido no Domínio Tectônico da Província Mineral da
Serra dos Carajás, sendo estas características fundamentais para o desenvolvimento da região,
já que suportam importantes atividades de mineração. Segundo Hasui (2012) este é o setor
menos mal conhecido, juntamente com o setor Rio Maria, em virtude da riqueza mineral
(Província Mineral da Serra de Carajás). Ele foi estudado pela Rio Doce Geologia e
Mineração S/A (DOCEGEO) e é explorado pela Companhia do Vale do Rio Doce (CVRD,
hoje Vale) desde 1968, a partir da descoberta das enormes jazidas de minério de ferro. A
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68
Figura 22, abaixo, apresenta o mapa geológico de Parauapebas.
Figura 22 - Mapa geológico do Município de Parauapebas.
Fonte: MMA (2018).
Segundo Tassinari e Macambira (2004), a Província Mineral da Serra de Carajás é
caracterizada pela sua grande variedade de recursos minerais, com depósitos de Fe, Au, Mn,
Ni e Cu (DOCEGEO, 1988), apresentando as sequências mais antigas e melhor preservadas
do Cráton Amazônico. Tal província é de grande importância econômica não somente para a
localidade em que está contido, mas também para o estado do Pará devido a sua grande
variedade litológica e grande potencial metalogenético.
A província é constituída por sequências vulcano-sedimentares arqueanas deformadas,
localizadas dentro de sigmoides com lineamento oeste/noroeste-sudoeste. Nela ocorrem
diversas unidades intrusivas (Suíte Plaquê Calcioalcalina, granitos Estrela e Salobo) que
possuem uma forte correlação com as mineralizações de Carajás. Há várias gerações de
diques máficos e uma suíte proterozóica de granitos alcalinos (Central Carajás, Cigano
Pojúca). A sequência vulcano-sedimentar de Carajás (Supergrupo Itacaiúnas) é dividido da
base para o topo nos grupos Igarapé-Salobo (sedimentos ferrosos associados com quartzitos e
gnaisses metamorfizados), Igarapé-Pojuca (rochas vulcânicas intermediárias a básicas), Grupo
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69
Grão Pará (rochas vulcânicas alteradas hidrotermalmente), e Igarapé-Bahia (rochas vulcânicas
máficas-lavas tufos e brechas) Enquanto ao sul da estrutura do Igarape-Bahia afloram rochas
gnaissificadas, deformadas ou não, corpos máficos gabraicos, e granitóides diversos, ao norte
da estrutura ocorrem predominantemente rochas metavulcânicas máficas e sedimentares,
normalmente pouco deformadas e com metamorfismo incipiente. Ocorrem inúmeras intrusões
de rochas ígneas na forma de diques que podem ser agrupados em granitóides e gabros
(PDPP, 2006; CPRM, 2008; RADAM Brasil, 1974).
Na área do perímetro urbano ocorrem rochas do Complexo Xingu, Grupo Rio Novo, e
Formações Parauapebas e Granítico Estrela (CPRM, 2008; GOLDER ASSOCIATES, 2009;
VALE, 2011). O Complexo Xingu ocorre a NE do sítio urbano de Parauapebas e compreende
rochas gnáissicas migmatizadas de composição tonalítica, trondhjemítica e granodiorítica,
resultantes do retrabalhamento dos granitóides arqueanos. Caracteriza-se pelo relevo pouco
movimentado e grau de dissecação médio a alto, ocupando áreas arrasadas, com morrotes
baixos de topos convexos. O Grupo Rio Novo abrange grande parte do perímetro urbano de
Parauapebas e é constituída de xistos máficos e ultramáficos, serpentinitos, quartzitos, xistos
micáceos e metapelitos. A Formação Parauapebas (metabasaltos, metaquartzo dioritos,
metadacitos, metatufos e metarriolitos subordinados) ocorre na margem esquerda do rio
Parauapebas, sendo constituído por basaltos andesíticos, shoshonitos e riolitos, cortados por
corpos quartzo-dioríticos, metamorfisados na fácies xistoverde e pouco deformados.
Formação Granítico Estrela (rochas monzogranitos, tonalitos, granodioritos e sienogranitos)
de final do Arqueano, aflora a leste da Serra dos Carajás sob a forma de um corpo circunscrito
e alongado, aproximadamente, na direção E-W. Porém, estes autores também citaram que este
corpo se apresenta gnaissificado e foliado em toda sua extensão, sugerindo assim a hipótese
deste granito ter-se formado em um evento anterior.
O perímetro urbano do Município, conforme mostra a Figura 23, se assenta prioritariamente
sobre a unidade litoestratigráfica A3xi – Unidade Gnáissica – Complexo Xingu, do Arqueano-
Paleoproterozóico, sugerida durante os trabalhos do RADAM por Silva et al em 1974
(HASUI, 2012), para delimitar as rochas mais antigas e pouco estudadas da porção Sul da
Bacia Amazônica.
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70
Figura 23 - Unidades Litoestratigráficas do Município de Parauapebas.
Fonte: IBGE (2015); PMP (2017); CPRM (2008); Consórcio AmbGis-Umah (2017).
Este Complexo é representado na área por gnaisses tonalíticos a granodioríticos, por vezes
migmatizados, Trondhjemitos granodioríticos e granitos, com textura inequigranular e
porfiroclástica, formados por plagioclásios, quartzo, microclina, biotita, hornblenda, opacos,
zircão, apatita, alanita, titânita, clorita, moscovita e calcita.
3.5.8. Solos
Os solos do município são classificados como Latossolos Vermelho-Amarelos Eutróficos,
Argissolos Vermelho-Amarelos Eutróficos, Neossolos Regolíticos Eutróficos, Neossolos
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71
Litólicos Eutróficos e Gleissolos Háplicos Tb Distróficos (LEPSCH, 2010). A Figura 24,
abaixo, apresenta a caracterização pedológica de Parauapebas.
Figura 24 – Pedologia do Município de Parauapebas.
Fonte: IBGE (2015); PMP (2017); CPRM (2008); Consórcio AmbGis-Umah (2017).
Os Latossolos e Argissolos são solos evoluídos e profundos, e ocupam as áreas de relevo
plano a suave ondulado passíveis de utilização com culturas anuais, perenes, pastagens e/ou
reflorestamento e vida silvestre.
Os Latossolos têm nenhuma ou pequenas limitações permanentes ou riscos de
depauperamento, apropriadas para culturas com produção de colheitas entre médias e
elevadas, sem práticas ou medidas especiais de conservação do solo. Normalmente, são solos
de fácil mecanização, sem riscos de inundação e sem grandes restrições climáticas. Não há
afloramentos de rocha, nem o lençol de água é permanente.
Os Argissolos são próprios para lavouras em geral, mas que, quando cultivadas sem cuidados
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72
especiais, ficam sujeitas a severos riscos de depauperamento, principalmente no caso de
culturas anuais. Requerem medidas intensas de conservação de solo, para serem cultivadas
segura e permanentemente, com produção média a elevada de culturas anuais adaptadas.
Os Neossolos são solos jovens, rasos e de elevada pedregosidade, que ocorrem nas áreas de
relevo íngreme e de laterita com elevada propensão à erosão, que impede a formação de solos
profundos. São terras normalmente impróprias para cultivos intensivos, mas que podem ser
usadas para produção de certos cultivos permanentes úteis, como pastagens, florestas
artificiais e, em alguns casos, mesmo para algumas culturas permanentes protetoras do solo,
como seringueira e cacau, desde que adequadamente manejadas.
Os Gleissolos ocorrem em áreas com excesso de água (áreas encharcadas), localizando-se nas
margens dos igarapés. São terras não adequadas para cultivos anuais, perenes, pastagens ou
reflorestamento, porém apropriadas para proteção da flora e fauna silvestre, recreação ou
armazenamento de águas. Constituem-se em áreas de preservação permanente, uma vez que
ocorrem margeando os cursos d´água.
Esta classe compreende solos com B textural, não hidromórficos e com argila de atividade
baixa. Apresentam, além de média a alta saturação de bases, baixa saturação com alumínio, o
que indica menor acidez, bem como conteúdo mineralógico, que encerra comumente
quantidade significativa de minerais primários facilmente decomponíveis, os quais constituem
fontes de nutrientes para as plantas, podendo ser considerados solos de média a alta fertilidade
natural.
Estes solos prevalecem nas porções oeste e leste do município. São comuns em todas as zonas
fisiográficas, ocorrendo sob diversos tipos de clima, material originário, relevo e vegetação. O
material originário é constituído predominantemente de saprólito de gnaisses e migmatitos, de
granitos e anortositos (Plutônicas Ácidas) e de micaxistos do Pré-Cambriano.
O aproveitamento destes solos exige práticas simples de conservação, quando em relevos
mais planos, mas tende a ser complexa em relevos mais movimentos, a mecanização poderá
ser dificultada pela pedregosidade existente. A principal limitação para o uso agrícola é a falta
de água.
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73
3.5.9. Recursos hídricos
3.5.9.1. Hidrografia
De acordo com a subdivisão das bacias hidrográficas estabelecida pela Resolução CNRH
nº32/2003, do Conselho Nacional de Recursos Hídricos, o município de Parauapebas está
inserido, em toda sua extensão territorial, na Região Hidrográfica do Tocantins-Araguaia
(RHTA), especificamente na bacia do rio Tocantins. A RHTA abrange uma área de 918.822
km2, englobando os estados do Goiás, Tocantins, Pará, Maranhão, Mato Grosso e Distrito
Federal e tem grande importância no contexto econômico nacional, por conta da expansão da
fronteira agrícola, principalmente no cultivo de grãos, potencial hidroenergético, minério,
turismo, irrigação e navegação. Ela se destaca por ser a segunda maior do país em termos de
área e de vazão, inferior apenas a Região Hidrográfica Amazônica, maior do país com área de
drenagem situada integralmente em território nacional.
Os rios que drenam a Região Hidrográfica do Tocantins-Araguaia apresentam ciclo
hidrológico determinado pelos períodos de enchente (novembro a janeiro), cheia (fevereiro a
abril), vazante (maio a julho) e estiagem (agosto a outubro), sucessivamente (ARCADIS
TETRAPLAN, 2011). Segundo dados do Inmet (ANA, 2015), a precipitação média anual na
RH Tocantins-Araguaia é de 1.774 mm, bem menor do que o valor da média nacional, de
1.761 mm. A sua disponibilidade hídrica é de 5.447 m³/s, ou seja, 6% da disponibilidade
hídrica nacional, e a vazão média é de 13.779 m³/s, correspondendo a 7,7% da vazão média
nacional. A vazão de retirada (demanda total) é 135,6 m³/s (cerca de 1% da demanda
nacional) e a vazão específica 15,1 L/s/km2 (a média brasileira é de 20,9 L/s/km2). O volume
máximo de reservação per capita é de 13.508 m3/hab., bem maior do que o valor da média
brasileira de 3.607m3/hab.
Principal corpo hídrico da RHTA, o Rio Tocantins nasce no Planalto de Goiás, a cerca de
1.000 m de altitude, sendo formado pelos rios das Almas e Maranhão. Seu principal tributário
é o Rio Araguaia (2.600 km de extensão), onde se encontra a Ilha do Bananal, a maior ilha
fluvial do mundo. A extensão total do Rio Tocantins é de 1.960 km, sendo sua foz na Baía de
Marajó, onde também deságuam os rios Pará e Guamá.
Conforme estabelecido na Resolução CONAMA nº 357/2005 e de acordo com as
características de uso da água, predominam, em toda a RHTA, corpos d’água de Classe 2,
cujos usos são destinados, entre outros, ao abastecimento para consumo humano após
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74
tratamento convencional; à proteção das comunidades aquáticas; à recreação de contato
primário, à aquicultura e à atividade de pesca.
O Plano Estratégico de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica dos Rios Tocantins e
Araguaia (ANA, 2009), levando em consideração as unidades de gestão de recursos utilizadas
pelos entes federativos que compõem a RHTA, as informações hidrológicas disponíveis e os
aproveitamentos hidrelétricos existentes, subdividiu a bacia hidrográfica em 17 Unidades de
Planejamento (UP). O município de Parauapebas está inserido na UP Itacaiúnas ou Bacia do
Itacaiúnas, tributário da margem esquerda do rio Tocantins, após a confluência com o rio
Araguaia, cujo principal corpo hídrico é rio Itacaiúnas.
Esta divisão já havia sido implementada anteriormente pela Agência Nacional de Águas
(ANA), no Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) que, segundo a ARCADIS
Tetraplan (2011), classificou a bacia do Rio Tocantins com o código 2 e a subdividiram em
cinco sub-bacias (20, 21, 22, 23 e 29), sendo a última delas aquela na qual se encontra o
município de Parauapebas.
Em um contexto local, o município de Parauapebas é influenciado por diversos corpos
hídricos, sendo os mais representativos os rios Itacaiúnas e Parauapebas. O rio Itacaiúnas,
afluente do rio Tocantins, é formado pela junção de dois ribeirões, o da Água Preta e o da
Água Azul, e corre em sentido Sul-Norte, drenando a porção do extremo oeste do município,
tendo como principais afluentes os rios Catete e Aquiri, pela margem esquerda, e o rio
Parauapebas, pela margem direita.
O rio Parauapebas nasce na Serra Arqueada e é formado pela junção do ribeirão do Caracol e
do igarapé da Onça, correndo em sentido Sul-Norte. Ele drena a porção leste do município e
têm como principais afluentes pela margem esquerda o córrego da Goiaba, o rio Sossego e os
igarapés da Taboca, Jacaré e Cigano ou Mombuca (também conhecido como igarapé Gelado)
e pela margem direita os rios Plaquê, Caboclo, Novo, Caracol e Verde e os igarapés Araras,
Serra Doura, Bocaina, Ilha do Coco e Lajeado.
Em termos de navegabilidade, tanto o rio Itacaiúnas quanto o rio Parauapebas somente são
navegáveis por pequenas embarcações, em trechos frequentemente interrompidos por
corredeiras e pequenas cachoeiras, que se agravam quando os níveis da água baixam.
O regime desses rios, como o de todos os seus afluentes, varia em função das chuvas
(dezembro a maio). A vazão torna-se evidente na época das chuvas. Em termos de divisão
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75
hidrográfica, o município pode ser dividido em 15 microbacias, conforme ilustra a Figura 25.
Figura 25 - Bacias hidrográficas do município de Parauapebas.
Fonte: MMA; ANA (2018).
No perímetro urbano do município de Parauapebas, exercem fortes influências as microbacias
do rio Parauapebas e do igarapé Ilha do Coco. Seus corpos hídricos (rio Parauapebas, igarapés
Ilha do Coco e Lajeado, canais e córregos) possuem extensões significativas na região com os
seus cursos d’água localizados de forma preeminente em perímetro ocupados e/ou
urbanizados e são diretamente afetados por atividades antrópicas, obras ou empreendimentos
que alteram as condições de escoamento das águas em decorrência de aterramentos,
retificação e canalização dos rios, deposição de resíduos, e obstrução de cursos de água por
obras de engenharia (WTPER, 2009).
Como principais tributários dessas microbacias no perímetro urbano de Parauapebas, os
igarapés Ilha do Coco e Lajeado possuem as seguintes características hidrográficas:
Igarapé Ilha do Coco:
Conforme dados obtidos através de processamento de dados realizado em um programa SIG,
a bacia do Igarapé Ilha do Coco possui área de drenagem de 122,4 Km²; perímetro de 65,5
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76
Km de extensão; extensão do rio principal de 25,2 Km e dos rios secundários de 71,5 km.
Considerando que a área da bacia é maior que 100 Km2, esta se classifica como uma bacia
grande. A Figura 26 ilustra a microbacia hidrográfica do Igarapé Ilha do Coco.
Figura 26 - Microbacia hidrográfica do Igarapé Ilha do Coco.
Fonte: PMP (2013).
Igarapé Lajeado:
O Igarapé Lajeado possui 13,5 Km de extensão. Seu curso superior está inserido em uma área
de pastagem e apresenta um poder erosivo e de transporte de sedimentos bastante intenso. Já
seu curso médio encontra-se em área urbana, com inclinação mais suave e águas mais
tranquilas. Nesse trecho, a mata ciliar está bastante degradada, e seu leito em estágio
avançado de assoreamento em virtude da alta carga de sedimentos que o corpo hídrico recebe
de um canal de drenagem, localizado à sua esquerda. Em seu curso baixo, a foz está livre de
sedimentação, não havendo dificuldade para a saída de água até o deságue no rio
Parauapebas. A Figura 27 apresenta a microbacia hidrográfica do Igarapé Lajeado.
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77
Figura 27 - Microbacia hidrográfica do Igarapé Lajeado.
Fonte: PMP (2016).
3.5.9.2. Características do Regime Hidrológico
Para a caracterização do regime hidrológico (rede fluviométrica) foram utilizados os dados da
estação localizada no rio Parauapebas (Estação 29070100 – rio Parauapebas), onde foram
identificadas as vazões entre 02/2016 e 01/2018, conforme mostra a Tabela 21, a seguir, onde
é possível perceber que os maiores índices de vazão ocorrem nos meses mais chuvosos na
região.
Tabela 21 - Vazões Máximas, Mínimas e Médias do Rio Parauapebas.
Estação
(código) Data
Método de
obtenção
Máxima
(m3/s)
Mínima
(m3/s)
Média
(m3/s)
Dia
máxima
Dia
mínima
29070100 Fev./16 Curva de descarga 63,75 9,17 33,86 6 28
29070100 Mar./16 Curva de descarga 157,16 7,97 74,36 31 3
29070100 Abr./16 Curva de descarga 198,62 29,21 95,94 13 28
29070100 Mai./16 Curva de descarga 70,2 17,01 34,34 3 22
29070100 Jun./16 Curva de descarga 17,01 6,99 11,51 1 30
29070100 Jul./16 Curva de descarga 6,99 2,78 4,88 1 30
29070100 Ago./16 Curva de descarga 3,17 2,4 2,69 15 20
29070100 Set./16 Curva de descarga 8,71 2,06 3,23 30 3
29070100 Out./16 Curva de descarga 13,29 2,4 5,27 2 22
29070100 Nov./16 Curva de descarga 17,8 3,58 5,98 11 7
29070100 Dez./16 Curva de descarga 32,2 5,93 13,33 21 1
29070100 Jan./17 Curva de descarga 74,34 9,32 33,04 30 16
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
78
Estação
(código) Data
Método de
obtenção
Máxima
(m3/s)
Mínima
(m3/s)
Média
(m3/s)
Dia
máxima
Dia
mínima
29070100 Fev./17 Curva de descarga 283,35 64,84 130,99 16 1
29070100 Mar./17 Curva de descarga 615,99 132,66 291,67 25 10
29070100 Abr./17 Curva de descarga 204,52 47,41 119,83 7 30
29070100 Mai./17 Curva de descarga 77,86 22,15 37,47 4 24
29070100 Jun./17 Curva de descarga 25,95 7,55 15,02 1 30
29070100 Jul./17 Curva de descarga 10,91 2,97 5,73 4 31
29070100 Ago./17 Curva de descarga 3,17 1,65 2,56 9 30
29070100 Set./17 Curva de descarga 1,73 0,28 0,81 1 21
29070100 Out./17 Curva de descarga 20,66 0,05 1,22 31 14
29070100 Nov./17 Curva de descarga 28,77 4,93 14,12 23 6
29070100 Dez./17 Curva de descarga 46,54 6,45 21,88 22 9
29070100 Jan./18 Curva de descarga 71,23 21,51 46,48 15 7
Fonte: ANA (2018).
Quanto ao nível de água, o rio Parauapebas apresenta boa regularidade. É possível observar
que os maiores níveis de água ocorrem nas épocas de maior pluviosidade, conforme indica o
Gráfico 9, sendo importante destacar que, mesmo não significando cheias ou inundações em
suas margens, o fato do rio Parauapebas apresentar períodos com nível mais elevado,
certamente afeta os regimes de seus tributários menores, podendo gerar transbordamento
nestes canais hídricos.
Gráfico 9 - Acompanhamento do nível do rio Parauapebas.
Fonte: SEMAS/PA; Consórcio AmbGis-Umah (2017).
Estas características hidrológicas das bacias do perímetro urbano do município de
Parauapebas, apresentadas acima, confirmam os eventos ocorridos durante os períodos
chuvosos. O alto índice pluviométrico da região, o desmatamento provocado pelo
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79
desenvolvimento urbano da cidade, os assoreamentos e obstruções das calhas dos cursos de
água que deságuam no rio Parauapebas, igarapés Ilha do Coco e Lajeado, canais e córregos se
constituem nas causas básicas das recorrentes enchentes.
As áreas urbanas são mais propícias a sofrerem com enchentes e inundações, uma vez que o
fluxo de permeabilidade natural é impedido pelo asfalto e outros tipos de pavimentações e
também pela pouca ou ausência de vegetação, que contribui de forma significativa para a
absorção da água.
As condições para amplificar os problemas das enchentes ocorrem, em geral, devido a ações
como a existência de loteamentos em áreas de risco de inundação; invasão de áreas
ribeirinhas, principalmente por população de baixa renda; ocupação de áreas de médio risco,
que são atingidas com frequência menor, mas que, quando o são, sofrem prejuízos
significativos.
Segundo o Consórcio Quanta Consultoria e Sawaki Consultoria e Projetos (2017), as
principais causas das enchentes ao longo dos corpos hídricos do perímetro urbano são
agravadas pelas razões citadas a seguir:
Em sua condição natural, os igarapés são cursos de água perenes, curvilíneos, ou seja,
caminham como uma serpente. Esse trajeto diminui de forma considerável a velocidade
da água;
O alto grau de impermeabilização do solo com a destruição da vegetação nativa, pela
malha viária e construções;
Ocupação desordenada e crescimento populacional de migrantes;
Alto grau de pobreza da periferia da cidade, o que impossibilita as pessoas terem
recursos para destinar corretamente o lixo, por exemplo;
A ocupação desordenada das áreas ribeirinhas;
Falta de consciência e educação ambiental dos administradores e da população em
geral;
Omissão do Poder Público na gestão urbana e falta de saneamento básico adequado.
Com isso, as enchentes, na maioria das vezes, ocorrem como consequência da ação humana e
dentre os problemas que uma enchente provoca podemos destacar abaixo:
Perda de vidas;
Abandono dos lares inundados;
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80
Perda de materiais, objetos e móveis encharcados ou arrastados pelas águas;
Contaminação da água por produtos tóxicos;
Contaminação da água com agentes patológicos que provocam doenças como amebíase,
cólera, febre amarela, hepatite A, malária, poliomielite, salmonelose, teníase,
leptospirose, entre outras;
Contaminação de alimentos pelos mesmos agentes patológicos acima citados;
Interrupção da atividade econômica das áreas inundadas.
3.5.9.3. Qualidade dos corpos de água superficiais e subterrâneas
A qualidade da água é julgada por um conjunto de características físicas, químicas e
biológicas que ela apresenta, de acordo com a sua utilização. Para a caracterização da
qualidade das águas superficiais foram utilizadas informações da ANA (2009) e do Serviço
Autônomo de Água e Esgoto de Parauapebas (SAAEP) referentes aos monitoramentos
realizados no rio Parauapebas.
Em relatório do Plano Estratégico da Bacia Hidrográfica dos Rios Tocantins e Araguaia
(ANA, 2009), os dados de qualidade das águas existentes para a RHTA são restritos
espacialmente, considerando as dimensões da região, apresentam pequena série histórica e
estão concentrados, na maior parte, nos dois principais rios, o Tocantins e o Araguaia.
Ainda de acordo com o relatório, as principais atividades potencialmente impactantes na
qualidade das águas da RHTA são o lançamento de esgotos, a construção de hidrelétricas, o
assoreamento, o uso inadequado de fertilizantes e agrotóxicos, e de forma mais pontual, a
atividade industrial (frigoríficos, laticínios, curtumes, mineração e siderurgia). Os afluentes
dos grandes rios da região e seus tributários apresentam rede de monitoramento muito
esparsa. Os dados disponíveis indicam que a qualidade das águas desses corpos hídricos
menores é mais significativamente impactada pelas atividades humanas, principalmente
lançamento de cargas de esgoto, que associada à baixa capacidade de diluição dos cursos,
produz rios que chegam às classes 3 e 4 em determinados períodos do ano.
Da mesma forma, os dados de condutividade elétrica relativamente mais elevados na Unidade
de Planejamento Itacaiúnas, área de intensa mineração, reforçam a necessidade de ampliação
da rede de monitoramento, de modo a subsidiar uma análise mais consistente da condição dos
corpos hídricos da RHTA.
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
81
A Figura 28 mostra a distribuição das cargas orgânicas geradas pela produção de esgoto e
lixo, indicando as potenciais regiões impactantes sobre os recursos hídricos. Na bacia do rio
Itacaiúnas são indicados pontos com carga menor do que 0,5 t/dia (DBO). No município de
Parauapebas, no entanto, é indicada uma carga orgânica entre 2,1 a 10 t/dia (DBO).
Figura 28 - Cargas orgânicas provenientes de esgotos das sedes municipais.
Fonte: ANA (2009).
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82
Os parâmetros Oxigênio Dissolvido, Condutividade Elétrica (CE) e índice do Estado Trófico
são representativos das condições da água na RHTA, pois indicam que, de maneira geral, as
águas superficiais nos rios Tocantins e Araguaia são de boa qualidade (classes 1 e 2 da
Resolução CONAMA nº 357/2005 – Brasil, 2005). Todavia, na parte inferior (baixa) do rio
Araguaia, a montante da confluência com o rio Tocantins, há valores de oxigênio dissolvido
de classe 3 e, após a confluência entre os rios, de classe 4 (próximo a Marabá). Na bacia do
rio Itacaiúnas são indicados pontos com OD maiores do que 6mg/L, tanto no rio Itacaiúnas,
quanto no rio Parauapebas (ANA, 2009).
Quanto à Condutividade Elétrica (CE), no rio Itacaiúnas são indicados valores de CE médios
(50 a 100 μS/cm), um valor alto (100 a 200 μS/cm) e um valor baixo (menor do 50 μS/cm).
No rio Parauapebas, por sua vez, são indicados valores de CE altos (100 a 200 μS/cm) e muito
altos (> 200 μS/cm) (ANA, 2009).
No que tange aos índices do Estado Trófico, tanto no rio Itacaiúnas quanto no rio Parauapebas
são encontrados índices abaixo de 47 (ultraoligotrófico). No rio Parauapebas há, no entanto,
um ponto com índice entre 47 e 52 (oligotrófico) e um ponto com índice entre 52 e 59
(mesotrófico).
Quanto ao monitoramento realizado pelo SAAEP, este informa em seu portal eletrônico que
realiza diariamente análises laboratoriais na água tratada pelas quatro Estações de Tratamento
de Água (ETA’s), com base na Portaria MS nº 2.914/2011, do Ministério da Saúde, que trata
sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para o consumo
humano e seu padrão de potabilidade. Dentre os parâmetros monitorados, os principais são:
cor, turbidez, pH e cloro residual. O SAAEP informa que a água fornecida se encontra dentro
dos limites e faixas estabelecidos na Portaria citada, ao menos para os principais parâmetros
citados.
3.5.9.4. Usos das águas
Apesar de sua importância para o município, nota-se não serem tomadas as medidas
necessárias com relação à preservação e conservação ambiental dos corpos hídricos no
perímetro urbano de Parauapebas, visto serem observadas ocupações das margens, gerando
conflitos sociais e, principalmente, ambientais. Com as ocupações, nota-se a modificação da
mata ciliar, extração de pedra e areia para construção civil e o lançamento de resíduos sólidos
e efluentes, especialmente os igarapés e canais. Com base nesse quadro, tanto o regime
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83
natural do fluxo de suas águas como a qualidade da água encontram-se alteradas em face da
expansão urbana às suas margens nos últimos anos.
O rio Parauapebas é responsável pelo fornecimento de água para quase a totalidade do
abastecimento público do município de Parauapebas, além de servir como fonte de recreação
e pesca. O rio atua, ainda, como corpo receptor de águas pluviais e de esgotos domésticos,
oriundos do município instalado no entorno, qual e com sua capacidade de auto-depuração de
suas águas prejudicado (CONSÓRCIO QUANTA-SAWAKI, 2017).
Quanto aos igarapés Ilha do Coco e Lajeado, são utilizados em toda a sua totalidade como
corpos receptores de águas pluviais, de esgotos domésticos e de resíduos sólidos oriundos da
ocupação desordenada às suas margens.
3.5.9.5. Hidrogeologia
Para a caracterização do conhecimento da hidrogeologia do município de Parauapebas foram
utilizados informações da CPRM, atual Serviço Geológico do Brasil (SGB), por meio do
Sistema de Informações de Águas Subterrâneas (SIAGAS) e de estudos hidrogeológicos.
De acordo com o SIAGAS (2018), no município de Parauapebas foram encontrados 204
registros de poços subterrâneos, com usos diversos da água (abastecimento doméstico,
abastecimento doméstico /animal, abastecimento industrial, abastecimento múltiplo,
abastecimento urbano, irrigação entre outros usos), que produzem uma vazão especifica em
torno de 204,362 m3/h.
De acordo com o EIA/RIMA do Projeto Ferro Carajás S11D (GOLDER ASSOCIATES,
2009) a vazão específica na bacia do rio Parauapebas é de 12,9 l/s km². Segundo dados do
Sistema de Gerenciamento Hídrico do Pará (2012), o rio Parauapebas se situa na Classe 4 da
Resolução CONAMA 020/86, com Oxigênio Dissolvido (OD) entre 3 e 4 mg/L, o que aponta
para uma qualidade ruim da água deste importante canal hídrico.
Toda a área de estudo drena para o rio Parauapebas, que é afluente do rio Itacaiúnas, o qual
nasce na serra Arqueada (a partir da junção do ribeirão do Caracol e do igarapé da Onça),
seguindo na direção Sul-Norte. Seus mais importantes tributários são, na margem esquerda:
córrego da Goiaba, rio Sossego, igarapé do Taboca, igarapé Jacaré e igarapé Cigano ou
Mombuca. Pela margem direita recebe os rios Plaquê e Verde, o igarapé Ilha do Côco e os
rios Novo e Caracol.
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84
Caracterização do Meio Biótico 3.6.
Na sequência é apresentada uma síntese dos fatores bióticos da região de Parauapebas e de
suas interações com a urbanização, contextualizando a situação atual dos remanescentes
florestais e as iniciativas de conservação dos mesmos. Deve-se salientar que este estudo se
baseia em uma amostragem expedita de campo e na rica quantidade de dados secundários
existentes na região de estudo. A seguir, o conteúdo será dividido em tópicos relacionados a
vegetação, a fauna e as áreas protegidas.
3.6.1. Flora
O território do Município de Parauapebas (PA) situa-se no domínio da Floresta Amazônica,
onde a cobertura vegetal nativa é, predominantemente, constituída pelas fisionomias de
Florestas Ombrófila Densa (Montana, Submontana) e Ombrófila Aberta (Submontana)
(IBGE, 2012). Essas florestas distribuem-se por regiões com elevado índice pluviométrico e
apresentam arvores que podem ultrapassar os 50m de altura na primeira tipologia e possuem
abundancia de palmeiras ou cipós na segunda (GOLDER ASSOCIATES, 2009). Outros
autores preferem utilizar os termos mata de terra firme ou densa e mata de cipó para as
mesmas formações vegetais. Segundo esses autores, o bioma amazônico é subdividido em
subprovíncias, onde a região da Serra de Carajás pertence a subdivisão do Xingu/Madeira.
O território do município de Parauapebas (PA) encontra-se fitogeograficamente inserido no
domínio da Floresta Amazônica (IBGE, 2004), o qual é definido como Domínio
Morfoclimático de Terras Baixas Equatoriais, caracterizado por apresentar um amplo
gradiente de tipos vegetacionais florestais e não florestais (AB’ SABER, 1971; apud VALE,
2011).
O estado do Pará é o mais avançado na região Amazônia em registros de áreas privadas no
Cadastro Ambiental Rural (CAR), visto que 60% de suas áreas passiveis de registro já
constavam na base de dados em 2015. Em contrapartida, é também o estado que possui
atualmente uma das maiores taxas de desmatamento na Amazônia (SILVA e NUNES, 2017).
Em 2015, a porcentagem de área desmatada foi de 22,90% sobre a área original florestada
(PRODES/INPE, 2017).
Destacam-se no município de Parauapebas as fitofisionomias de Floresta Ombrófila Densa
Submontana, Floresta Ombrófila Aberta Submontana e Refúgio Vegetacional (SIVAM,
2002), que são consideradas como qualquer área diferenciada nos aspectos florísticos e
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85
fisionômicos da flora dominante local (IBGE, 2012). A maior representatividade de
formações vegetais encontra-se nas áreas protegidas do município e em menor escala em
fragmentos de vegetação remanescente na área urbana, sendo que as florestas primárias são
encontradas apenas no interior da FLONA Carajás (VALE, 2011).
Segundo o Manual Técnico da Vegetação Brasileira (IBGE, 2012), a Floresta Ombrófila
Densa é caracterizada por apresentar fanerófitos, além de lianas lenhosas e epífitas em
abundância, porém sua característica mais marcante está atrelada a fatores climáticos tropicais
de elevadas temperaturas (médias de 25º C) e de alta precipitação, bem distribuídas durante o
ano, com até 60 dias secos. A Floresta Ombrófila Densa Submontana, é caracterizada por
espécies que variam de acordo com a latitude. A submata é composta por plântulas de
regeneração natural, além de palmeiras de pequeno porte e lianas herbáceas em maior
quantidade. Esta formação é composta principalmente por indivíduos de alto porte, podendo
ultrapassar 50 metros na Amazônia. A Floresta Ombrófila Aberta Submontana pode ser
observada por toda a Amazônia e tem como característica uma estrutura mais espaçada,
apresentando rupturas no dossel.
Em Parauapebas ocorrem 2 faciações florísticas: com cipó, na região da FLONA Carajás; e
com palmeiras, em uma pequena faixa ao sul do município, incluindo a APA do Igarapé
Gelado. As florestas abertas com cipós ocorrem nas encostas e apresentam grandes árvores
esparsas onde estas são total ou parcialmente envolvidas pelos cipós. Já as abertas com
palmeiras são mais comuns nas planícies, sendo muitas vezes relacionadas a terrenos
encharcados, com destaque par as palmeiras açaí (Euterpe oleracea) e o babaçu (Orbignya
speciosa) (VALE, 2009).
A riqueza de espécies destas florestas é grande, como mostram alguns inventários realizados
na área. É importante destacar que, de forma geral, as espécies identificadas são normalmente
encontradas em áreas protegidas. Além das formações florestais, a FLONA Carajás ainda
apresenta – em uma menor escala – a vegetação de canga (Savana Metafólica), caracterizada
por uma vegetação herbáceo – arbustiva de elevada caducifólia sazonal, imprimindo um
aspecto savânico – estépico à paisagem. Ocorre sobre os afloramentos ferruginosos,
apresentando diferentes fisionomias relacionadas a variações no substrato. Este tipo de
formação é peculiar de Carajás (ICMBIO, 2016).
O Plano de Manejo da FLONA Carajás (ICMBIO, 2016) aponta algumas espécies endêmicas
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86
para a região, sendo que a maioria destas está relacionada ao ambiente rupestre. A Tabela 22,
a seguir, apresenta as espécies indicadas no estudo.
Tabela 22 - Espécies endêmicas da região de Carajás.
Família Espécie Ambiente Publicação
Apocynaceae Marsdenia bergii Savânico-estépico Morillo (1993)
Asteraceae Cavalcantia glomerata Savânico-estépico Barroso & King (1971)
Asteraceae Monogereion carajensis Savânico-estépico Barroso & King (1971)
Asteraceae Lepidaploa paraensis Savânico-estépico Rob (1980)
Asteraceae Parapiqueria cavalcantei Savânico-estépico King & Rob (1980)
Família Espécie Ambiente Publicação
Bignoniaceae Jacaranda carajasensis Florestal Gentry. (1992)
Convolvulaceae Ipomoea cavalcantei Savânico-estépico Austin (1981)
Convolvulaceae Ipomoea marabaensis Savânico-estépico Austin & Secco (1988)
Cyperaceae Hypolytrum paraense Savânico-estépico Alves & Thomas (2002)
Eriocaulaceae Eriocaulon carajense Savânico-estépico Moldenke (1973)
Erythroxylaceae Erythroxylum ligustrinum Savânico-estépico Plowman (1984)
Erythroxylaceae Erythroxylum nelson-rosae Savânico-estépico Plowman (1984)
Fabaceae Mimosa skinneri benth Savânico-estépico Barneby (1991)
Heliconiaceae Heliconia carajasensis Florestal Barreiros (1980)
Lentiburiaceae Utricularia physoceras Savânico-estépico Taylor (1986)
Lythraceae Cuphea carajasensis Savânico-estépico Lourteig (1987)
Poaceae Axonopus carajasensis Savânico-estépico Bastos (1990)
Poaceae Paspalum carajasense Savânico-estépico Denham (2005)
Poaceae Sporobolus multiramosus Savânico-estépico Longhi-Wagner & Boechat (1993)
Rubiaceae Borreria paraensis Savânico-estépico Cabral & Bacigalupo (1999)
Rubiaceae Spermacoce semiamplexicaule Savânico-estépico Delprete (2007)
Rubiaceae Perama carajensis Savânico-estépico Kirkbr (1980)
Rutaceae Pilocarpus carajaensis Florestal Skorupa (1998)
Simaroubaceae Picramnia ferrea Savânico-estépico Pirani & Thomas (1988)
Thymelaeaceae Daphnopsis filipedunculata Florestal Longhi-Wagner & Boechat (1993)
Xyridaceae Xyris brachysepala Savânico-estépico Kral (1988)
Fonte: Golder Associates (2009); Consórcio AmbGis-Umah (2017).
O Plano de Manejo da FLONA Carajás (ICMBIO, 2016) mostra, ainda, que espécies exóticas
foram encontradas apenas nas áreas em que houve alteração antrópica como nos núcleos
urbanos e áreas reflorestadas. O capim braquiária (Urocloa spp.), capim meloso (Melinis
Minutiflora) e leucena (Leucaena leucocephala) foram encontrados em áreas reflorestadas,
mas ainda nenhuma espécie exótica foi encontrada no interior da mata nativa.
3.6.2. Fauna
O município de Parauapebas está inserido em uma das regiões com maiores riquezas de
biodiversidade do mundo, sobretudo de espécies animais. Segundo o ICMBio (2012), dentre
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87
os vertebrados terrestres, a riqueza conhecida atinge 955 espécies, enquanto que peixes
totalizam 284. Já para o ICMBio (2016), a riqueza atinge valores da ordem de 5.000 espécies,
apenas entre os principais grupos da fauna, incluindo vertebrados e invertebrados. Quanto
maios estudos são desenvolvidos na região, maior a expectativa de encontro de novas
espécies.
A maioria das espécies encontra-se restrita às formações florestais nas áreas protegidas do
município, especialmente na Floresta Nacional de Carajás (FLONACA), visto que os
remanescentes florestais encontrados existentes no restante do território municipal, no geral
estão isolados em um contexto antrópico que reduz bastante a possibilidade de conectividade
destes remanescentes, além dos fatores de pressão externa sofrido (como o efeito de borda,
por exemplo) reduzindo suas funções ecológicas (BRANDT, 2011; apud CONSÓRCIO
AMBGIS-UMAH, 2017). Além disso, o rio Parauapebas forma uma barreira física, que
separa a FLONACA da área antropizada, protegendo parte do limite da floresta e funcionando
como barreira controladora do fluxo de animais, responsável por mantê-los seguros dentro da
unidade de conservação. A seguir, apresenta-se a caracterização dos grupos da fauna local
com maior representatividade.
3.6.2.1. Ornitofauna
A região de Carajás pode ser considerada a área com maior número de espécies de aves do
país (MPEG/VALE, 2005 apud BRANDT, 2011). Além disso, diversas espécies de aves raras
têm distribuição na Serra dos Carajás (BRANDT, 2011).
As aves são consideradas um excelente grupo de indicadores biológicos, uma vez que há
relativo bom conhecimento sobre o grupo e um grande número de trabalhos realizados. Além
disso, algumas espécies podem apresentar diversas restrições em relação ao ambiente e suas
mudanças, o que tornam o grupo um dos melhores indicadores biológicos para qualidade
ambiental (BRANDT, 2011).
Quanto as espécies exóticas, há registro de duas espécies para a região da Flona dos Carajás: o
pardal (Passer domesticus) e o pombo-doméstico (Columba livia). Aparentemente estas duas
espécies estão presentes apenas na área urbana, não oferecendo impactos relevantes nas
populações de aves silvestres (ICMBIO, 2016).
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
88
3.6.2.2. Ictiofauna
O Brasil é o pais com maior diversidade de peixes de água doce do mundo. Estima-se a
existência de até 3.000 espécies e a bacia amazônica é reconhecidamente a que abriga o maior
número de espécies.
Apesar do número de estudos terem aumentado devido a necessidade de levantamentos para
compor o licenciamento ambiental em empreendimentos na região, estes estudos geralmente
são pontuais e acabam se concentrando em cursos d’água de grande porte, enquanto que o
conhecimento de rios menores e afluentes é mais restrito (VALE, 2009).
No geral, os peixes são excelentes indicadores biológicos, sendo comumente utilizados em
programas de monitoramento (FAUSH et al., 1990 apud VALE, 2009). Quanto a espécies
exóticas, a falta de estudos acerca da distribuição das espécies dificulta a sua classificação,
mas é possível identificar espécies introduzidas na região de Parauapebas de tambaqui
(Colossoma macropomum) e das tilápias (Oreochromis niloticus) e Tilápia cf. rendalli, todas
relacionadas a fins comerciais e consumo local.
3.6.2.3. Insetos vetores
Os insetos são considerados bons indicadores ambientais, por responderem rapidamente a
alterações no meio ambiente (LONGINO, op. cit. apud BRANDT, 2011). É um grupo
extremamente importante a ser estudado devido sua importância nos casos de ocupação
humana, pois estes podem se tornar vetores de doença, como arboviroses (viroses que tem o
mosquito como agente etiológico ou vetores) e parasitoses.
Áreas cobertas por extensas florestas somadas a altos índices pluviométricos, como acontece
na região de estudo, são favoráveis a manutenção de arboviroses. Em decorrência de
desflorestamento e consequente perda de habitat, os vetores tendem a se aproximar das áreas
urbanas, podendo levar ao desencadeamento de surtos e epidemias (BRANDT, 2011). Por
tanto, modificações no ambiente natural aumentam o contato do ser humano com
determinados grupos de insetos que anteriormente estavam isolados no interior da floresta,
podendo desencadear casos de malária, febre amarela, e leishmaniose tegumentar (VALE,
2009).
A maioria dos mosquitos adaptam-se muito bem ao ambiente urbano, onde há uma vasta
disponibilidade de criadores artificiais e locais de abrigo criados pelo homem, como por
exemplo áreas expostas com lixo a céu aberto, depósitos de inservíveis, áreas industriais,
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89
sistema de drenagem urbano – principalmente quando sem manutenção ou mal projetado,
entre outras (BRANDT, 2011).
Em estudo desenvolvido pela Golder Associates (2009), em parceria com a Vale, para o
Projeto Ferro do Carajás S11D, situado na porção sul da FLONA de Carajás, foram
amostrados 26 pontos em áreas dentro da FLONA, em locais sem ou com pouca perturbação
humana, três em fazendas, cujo local apresenta diferentes graus de interferência humana e um
ponto em local totalmente antropizado (Mozartinópolis). O total de indivíduos coletados neste
estudo foi de 12.327 exemplares distribuídos em 17 gêneros. Dentre estes, apareceram vetores
importantes da malária (Anopheles darlingi, A. nuneztovari, A. triannulatus e A. oswaldoi).
Embora o transmissor da malária seja abundante na região, há poucos casos registrados da
doença (VALE, 2011).
Também foram coletadas espécies vetores de arboviroses (febre amarela, encefalite equina,
etc). Praticamente todas as espécies mais abundantes e incidentes desta família (Culinaceae)
são transmissoras de pelo menos um vírus conhecido. Os principais vetores de febre amarela
foram levantados no estudo (Haemagogus janthinomys, Haemagogus leucocelaenus, Sabethes
chloropterus e Sabethes belisarioi) mas no geral mostraram-se pouco incidentes.
O gênero Culex Ochlerotatus (transmissores de arbovírus) e o Lutzomyia (transmissor da
leishmaniose) também foram encontradas no estudo, mas não foi coletado o transmissor da
dengue (Aedes aegypti).
Em conclusão, as formações florestais apresentam o triplo das espécies de mosquitos
registradas em campos abertos e áreas urbanizadas (Mozartinópolis), sendo que os dados
indicam que a maioria das espécies existentes na área urbanizada são oriundas da floresta
(VALE, 2009). Contudo é importante destacar que, em áreas urbanas estes vetores acabam
não sofrendo predação e ficam muito próximos aos seres humanos, estando longe de outras
fontes de sangue para completar seus ciclos.
3.6.3. Áreas Protegidas
Durante muito tempo sustentava-se a visão de que os recursos naturais eram infinitos, a
superexploração era algo bastante comum, além do que as questões econômicas sempre
tiveram prioridade diante as de preservação, que ficavam sempre em último plano (MOURA,
2006).
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
90
Com a mudança dessa visão de recursos infinitos e o aumento gradativo da conscientização
ambiental por parte da sociedade, foram surgindo algumas iniciativas a fim de preservar e
proteger os recursos naturais.
As áreas protegidas são partes do território sob atenção e cuidado especial, em virtude de
algum atributo específico ou até único que elas apresentam. Estas são importantes não apenas
para conservação da biodiversidade e paisagem, mas também como fornecedoras de serviços
ambientais indispensáveis as atividades humanas (FUNDO VALE, 2012).
A seguir serão apresentadas as Unidades de Conservação, Terras Indígenas e Áreas de
Preservação Permanente encontradas no município de Parauapebas. Quanto às Áreas
prioritárias para conservação, não há nenhum registro de área que entre em contato com o
município.
3.6.3.1. Unidades de Conservação e Terras Indígenas
As áreas de conservação são criadas com o intuito de proteger o patrimônio natural e cultural
do País, constituindo um dos principais instrumentos de que dispõe o poder público para
executar um planejamento ambiental coerente (SMPMA, 2004).
No município de Parauapebas são encontradas três Unidades de Conservação (UC) e uma
Terra Indígena (TI). São as UCs: Floresta Nacional (FLONA) de Carajás, Parque Nacional
(PARNA) Campos Ferruginosos e a Área de Proteção Ambiental (APA) do Igarapé Gelado; e
a TI Xikrim do Cateté.
As APAs (Área de Proteção Ambiental) geralmente são áreas extensas e pertencem à
categoria de Unidade de conservação de uso sustentável (MMA, 2016). Estas categorias são
mais desafiadoras justamente pelo seu propósito de atender as necessidades da população,
levando em conta a sustentabilidade e a proteção dos seus recursos e ecossistemas (PINTO,
2014). As FLONAs são áreas sob domínio federal e de uso sustentável, com coberturas
florestais onde há predomínio de espécies nativas. Já os Parques Nacionais envolvem pesquisa
e visitação pública, sendo de preservação integral.
As Terras Indígenas são partes do território nacional, de propriedade da União e habitada por
um ou mais povos indígenas. De acordo com a Constituição Federal vigente, os povos
indígenas detêm o direito originário e o usufruto exclusivo sobre as terras que
tradicionalmente ocupam (ISA, 2017).
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
91
Todas as unidades de conservação, exceto Área de Proteção Ambiental (APA) e Reserva
Particular do Patrimônio Natural (RPPN), devem possuir uma zona de amortecimento
(BRASIL, 2000). A mesma lei define zona de amortecimento como o entorno de uma unidade
de conservação onde o uso do solo é restrito e sujeito a normas e restrições especificas, como
o intuito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade.
As três áreas de proteção citadas acima e a respectiva zona de amortecimento da FLONA de
Carajás estão ilustradas na Figura 29, a seguir. Importante destacar que, como o PARNA
Campos Ferruginosos foi criado por decreto de 05 de junho de 2017, o mesmo ainda não
possui zona de amortecimento, a qual deverá ser definida posteriormente por norma técnica
do ICMBio.
Figura 29 - Unidades de Conservação encontradas em Parauapebas.
Fonte: IBGE (2015); MMA (2016); Funai (2016); Consórcio AmbGis-Umah (2017).
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92
A FLONA dos Carajás foi criada pelo Decreto nº 2.486, de 02 de fevereiro de 1998 e
apresenta uma área de aproximadamente 400 mil hectares, abrangendo o município de
Parauapebas, Canaã dos Carajás, e Água Azul do Norte (ICMBIO, 2017). Como pode ser
observado na figura acima, a área urbana do Município não entra em contato com a zona de
amortecimento da FLONA.
A APA Igarapé Gelado foi criada pelo decreto nº 97.178, de 1989 e apresenta uma área de
21.600 ha, formando um cinturão verde, a fim de evitar conflitos de terras e proteger as áreas
que cercam a província mineral da Serra dos Carajás (MELLO-THÉRY; LEITE, 2016). Esta
APA acaba fazendo o papel de zona de amortecimento na frente norte da FLONA.
O PARNA dos Campos Ferruginosos foi criado pelo Decreto Presidencial de 05 de junho de
2017, com 79.029 hectares, dividido em 2 polígonos abrangendo parte dos Municípios de
Canaã de Carajás e de Parauapebas. Os principais objetivos do PARNA são:
Proteger a diversidade biológica das Serras da Bocaina, do Tarzan e suas paisagens
naturais e valores abióticos associados;
Garantir a perenidade dos serviços ecossistêmicos;
Garantir a proteção do patrimônio espeleológico de formação ferrífera e da vegetação de
campos rupestres ferruginosos;
Contribuir para a estabilidade ambiental da região onde se insere; e
Proporcionar o desenvolvimento de atividades de recreação em contato com a natureza
e do turismo ecológico.
A TI Xikrin do Cateté foi homologada a partir do decreto nº 384 de 1991, promovida pela
Fundação Nacional do Índio (FUNAI). Possui uma área de aproximadamente 439.151 ha,
ocupando os municípios de Agua Azul do Norte, Parauapebas e Marabá. Segundo a Fundação
Nacional de Saúde (FUNASA), a população estimada na reserva era de 1.818 pessoas em
2010 (VALE, 2010).
3.6.3.2. Áreas de Preservação Permanente
As Áreas de Preservação Permanente (APP’s) são áreas cobertas ou não por vegetação nativa,
localizadas no entorno de rios e nascentes, topos de morros com altura mínima de 100 m e
encostas com declividades superiores a 45º. Estão legalmente protegidas e são
ambientalmente consideradas áreas frágeis e vulneráveis, podendo ser públicas ou privadas,
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93
urbanas ou rurais.
A manutenção das APP’s em ambiente urbano é de extrema importância pois possibilita a
valorização da paisagem e do patrimônio natural e construído. Além disso, são diversos os
serviços ambientais proporcionados por estas áreas, como a proteção dos solos prevenindo
inundações e assoreamento de rios (MMA, 2016). A preservação da mata ciliar é o principal
elemento na manutenção da qualidade e quantidade de água em bacias hidrográficas. E,
portanto, ações de restauração e provimento da conectividade com foco nas zonas ripárias
representam estratégias satisfatórias no aumento percentual da cobertura vegetal de uma
região.
A hidrografia local foi caracterizada por meio de base cedida pela PMP e posteriormente
retificada pela equipe técnica a partir de imagens georreferenciadas na escala de 1:20.000, e
suas respectivas áreas de preservação permanente (APP) foram geradas seguindo as
recomendações do Novo Código Florestal (Lei nº 12.651/2012).
3.6.3.3. Inter-Relação População Local x Áreas Florestadas
Segundo estudo da Golder Associates (2009), o aumento abrupto de moradores em
Parauapebas por volta da década de oitenta - quando se teve início a exploração de mineração
pela Vale (então denominada Companhia Vale do Rio Doce), promoveu o deslocamento de
populações antigas, provavelmente mais dependentes da mata, de forma que no meio urbano
concentraram-se os indivíduos dependentes da cadeia de mineração. Em contrapartida, a
Flona e a TI Xikrin do Cateté constituem duas regiões especiais, onde a relação entre
comunidade e meio ambiente é diferenciada.
Com base vocacional da própria categoria de UC, diversas ações econômicas e de preservação
são realizadas no interior da Flona, incluindo extração vegetal sustentável, como é o caso da
extração de folhas do jaborandi (Pilocarpus microphyllus) e a coleta de sementes da
castanheira (Bertholletia excelsa). Dentre as espécies nativas ocorrentes na região, estas duas
são as que mais se destacam comercialmente: o jaborandi é utilizado na indústria farmacêutica
e cosmética e da castanheira tem se a comercialização de suas sementes comestíveis (VALE,
2009). Em Parauapebas há a Cooperativa dos Coletores de Folhas Medicinais, em convênio
com o Ibama, para a execução do manejo sustentável do jaborandi (IBAMA, 2003). Já a
extração de castanhas vem mostrando um decréscimo em sua produção devido as condições
precárias de trabalho enfrentada pelos coletores e pelas condições de mercado desvantajosas.
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94
Atualmente esta ação é realizada apenas pelos índios Xikrins (VALE, 2009).
Assim como a castanheira, o jaborandi também está na lista de espécies ameaçadas de
extinção, classificadas com o status “em perigo” e “vulnerável”, respectivamente (Portaria
nº443/2014). Vale ressaltar que em ambos os casos, desde que seguido o plano de manejo
corretamente, trata-se de uma atividade sustentável, não oferecendo riscos de morte ao
indivíduo, visto que ocorre a coleta apenas de partes da planta (folhas e sementes no caso).
Além destas duas espécies, o açaí (Euterpe oleraceae) também está envolvido na rede
econômica regional, pelo suco feito de seus frutos, denominado “vinho de açaí”, que é
consumido na região, mas em menor escala se comparado a outras regiões do Norte (VALE,
2009).
Infelizmente nem todas as práticas que ocorrem no interior da UC são sustentáveis, e a
extração ilegal de madeira do interior da Flona também é uma realidade. O carvão vegetal e a
madeira em tora, atividades relativamente lucrativas, preocupam por colaborarem com a
destruição da mata e por serem atividades dificilmente mapeadas. Um fator positivo é que
estas atividades não fazem parte da identificação cultural da comunidade local, visto que são
controladas por apenas alguns indivíduos específicos e a dependência destes recursos por
parte da população local é mínima (VALE, 2009).
Há também caso de extrativismos mais esporádicos, como a extração de lenha, que é
condicionado de acordo com demandas domesticas, sendo assim um tipo de extrativismo
vegetal baseado na necessidade de combustível.
Externamente aos limites da FLONA, as práticas extrativistas são incipientes, uma vez que a
quantidade destes recursos explorados em áreas urbanizadas ou de pastagem são mínimos
(VALE, 2009).
Uso e ocupação do solo 3.7.
A área que atualmente compreende o município de Parauapebas é resultado de uma série de
subdivisões territoriais fortemente influenciadas pela necessidade de controle territorial e pela
exploração de recursos naturais.
Segundo levantamento realizado por Ferreira (2003; apud FISCHER et al., 2014) a atual
região integrava o território do Município de Baião, que através da Lei Estadual nº 1.609, de
05 de novembro de 1908, foi desmembrada, criando o Município de São João do Araguaia,
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95
oficialmente instalado em 04 de fevereiro de 1909, em razão de sua localização estratégica
para trocas comerciais. Por meio da Lei Estadual nº 1.278, de 27 de fevereiro de 1913, ocorre
um novo desmembramento, que cria o distrito de Marabá, em decorrência do caucho e de sua
localização na confluência entre os rios Tocantins e Itacaiúnas.
Da mesma forma que prévios desmembramentos municipais, o surgimento do Município de
Parauapebas está ligado a um ciclo econômico. No entanto, diferentemente das situações
precedentes, a exploração econômica foi parte de um projeto coordenado pelo Governo
Federal, denominado Programa Grande Carajás (PGC).
Apesar de a emancipação municipal ter ocorrido apenas em 1988, os fatores que influenciam
esse processo podem ser retraçados até a década de 1960, quando são descobertas grandes
jazidas de ferro e cobre em uma região, considerada a maior província mineral do mundo
(ÉLERES, 2002), outrora habitada apenas por populações indígenas.
A emancipação do Município de Parauapebas está diretamente ligada à implantação da
exploração mineral na Serra de Carajás, que, alterou a dinâmica populacional da região,
gerando condições favoráveis para a emancipação municipal. (FISCHER, 2014).
Na estruturação da configuração fundiária de Parauapebas buscou-se detalhar a origem das
terras públicas inseridas no território do município e quais gravames existem que impeçam o
município de adquirir e utilizar tais áreas.
3.7.1. Federalização de terras devolutas no sudeste paraense
Na década de 1970, o Estado do Pará passou por um grande processo de federalização de
terras devolutas estaduais, o que ampliou significativa e rapidamente o controle da União
sobre a região, inclusive na sua porção sudeste, na qual está localizada o Município de
Parauapebas.
A federalização de terras devolutas permitiu não apenas a implantação de projetos de
colonização ao longo das rodovias para atrair o contingente populacional que migrou para a
região, mas o grande capital, que almejando obter benefícios fiscais através do Programa
Grande Carajás, adquiriu grandes quantitativos de terra, sem necessariamente dar destinação
às terras, na expectativa de valorização (ÉLERES, 2002).
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
96
3.7.2. Constituição da área patrimonial do município de Parauapebas
A Lei Estadual n. 5.443, de 10 de maio de 1988, que criou o Município de Parauapebas,
dispõe em seu art. 5º que “os bens públicos situados no território do município ora criado
passarão à sua propriedade, quando aplicados exclusivamente, a serviço ou estabelecimento
deste último”.
Inicialmente é necessário identificar quais bens foram transferidos à Parauapebas por
desmembramento de Marabá. Conforme dados obtidos por fontes secundárias (PIQUET,
1998; RODRIGUES, 2002), quando a implantação do projeto mineral na Serra dos Carajás,
duas áreas foram repassadas ao Município de Marabá e que atualmente estão localizadas no
Município de Parauapebas: vila de Parauapebas e povoado Rio Verde, correspondendo
atualmente aos bairros Rio Verde, Cidade Nova e União.
Contudo, em levantamento feito no INCRA SR-27 foram identificadas três doações feitas
pelo GETAT ao Município de Marabá e não apenas duas, conforme indicado nos estudos
anteriores sobre o município: a) doação feita à Prefeitura de Marabá de lote rural sem
denominação com 132,1566 hectares proveniente da gleba Taboca “A” (Processo GETAT
1678/1983); b) doação feita à Prefeitura de Marabá denominada núcleo urbano de
Parauapebas com 229,1673 hectares, proveniente da gleba Rio Novo (Processo GETAT
1678/1983); e c) doação feita à Prefeitura de Marabá denominada lote Rio Verde com área de
151,5278 hectares, proveniente da gleba Carajás III (Processo GETAT 327/1984).
(FISCHER, 2014).
Cabe observar que esta área patrimonial repassada ao Município de Parauapebas (512,8517
hectares) passou também por processo de destinação a terceiros, quando da gestão pelo
Município de Marabá. De acordo com FISCHER (2014), dois fatores corroboram a destinação
de terras a terceiros:
Levantamento preliminar realizado no Cartório de Registro de Imóveis do 1º Ofício de
Marabá, onde foi constatada a existência de mais de 300 matriculas por
desmembramento, atualmente localizadas no território de Marabá, e
O disposto na Lei Municipal de Parauapebas nº 30, de 20 de dezembro de 1989 que
revogou as leis de Marabá relativas à concessão de títulos de aforamento dos terrenos
urbanos em Parauapebas, com datas entre 10 de maio de 1988 e 1º de janeiro de 1989.
O parágrafo único do art. 5º da Lei Estadual nº 5.443/1988 determinava que deveria ser
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97
constituída uma comissão composta por integrantes dos Poderes Legislativo e Executivo do
município de Marabá para fazer o levantamento dos bens patrimoniais que deveriam compor
os bens patrimoniais do Município de Parauapebas, contudo em pesquisa feita no município
de Parauapebas não foram identificados registros documentais de que esse levantamento tenha
sido realizado e encaminhado ao Município de Parauapebas. Desta forma, para que se possa
afirmar que tal área de interesse do Município de Parauapebas pertença ao mesmo é
necessária que se faça diligencias cartorial dos desmembramentos efetuados do patrimônio da
vila de Parauapebas e do lote Rio Verde.
3.7.3. Competência para o repasse de áreas públicas no município de Parauapebas
A identificação de áreas públicas no Município para fins de expansão de áreas urbanas não é
uma tarefa simples, pois envolve inventariar todos os bens públicos existentes nos limites do
território municipal e conhecer sua disponibilidade para alienação por parte do ente federado
detentor.
Portanto, para que o município possa demandar áreas ao Estado e União primeiramente é
necessário excluir quais são os bens públicos de uso especial no município desses dois entes
federados. Considerando o território municipal total desde já, podem ser excluídas as áreas da
Terra indígena Xikrin do Cateté e da Floresta Nacional do Carajás, pois são grandes extensões
já afetadas e que não poderão ser doadas ou cedidas ao Município para expansão urbana.
Somente essas duas grandes áreas representam respectivamente 37% e 49% do território
municipal, totalizando 87% da área do Município, como mostra a Tabela 23, que não poderá
ser objeto de doação para fins de expansão urbana (FISCHER, 2014).
Tabela 23 - Distribuição de áreas públicas federais de uso especial no município de Parauapebas.
Tipo de bem público de uso Especial Área (ha) % do território municipal
Floresta Nacional do Carajás 340.764 49,21
Terra Indígena Xikrin do Cateté 262.387 37,92
TOTAL 603.151 87,13
Fonte: Fischer (2014).
Segundo levantamento realizado nos cadastrados no Serviço de Patrimônio da União quatro
glebas federais: gleba Engano, gleba Rio Novo, gleba Taboca e gleba Verde. Sobre essas
áreas arrecadas e matriculadas em nome da União, ou então desapropriadas foram criados
assentamentos e doadas áreas a particulares que, se tiverem sido devidamente destacadas do
patrimônio público federal a terceiros, poderão ser desapropriadas diretamente pelo
Município. Também dessas áreas glebas federais se originaram as doações de áreas
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98
patrimoniais do Município de Parauapebas pelo GETAT quando estas ainda integravam o
patrimônio municipal em Marabá.
3.7.4. Doação de áreas ao município de Parauapebas pela União
Com a criação em 2009, do Programa Terra Legal, sob a responsabilidade do Ministério do
Desenvolvimento Agrário (MDA), houve 09 (nove) doações feitas ao Município de
Parauapebas, com base na Lei Federal n. 11.952, de 25 de julho de 2009 (arts. 21 a 30), o que
importou em um incremento patrimonial a Parauapebas de 426,829 hectares (tabela abaixo), e
permitirá a regularização fundiária e habitacional dos munícipes. As áreas patrimoniais
doadas pela União estão detalhadas no Quadro 2.
Quadro 2 - Áreas patrimoniais doadas pela União através do Programa Terra Legal, presentes no atual território
de Parauapebas.
Bairro Gleba de
origem Descrição do registro Área (ha)
Palmares I Rio Novo
Registro atual sob a Matrícula nº 3.154, Livro 02, Folha 01,
de 22/11/2001, do Cartório de RI de Parauapebas. Origem do
Projeto de Assentamento Palmares II (Títulos do GETAT
4(GETAT)82(1)4537, 4(GETAT)82(1)4535,
4(GETAT)82(1)4541 e 4 (GETAT)82(1)4540, Matriculados
anteriormente sob os ns. 86, 87, 88 e 89, do Livro 02, Folha
01, do Cartório de RI de Parauapebas).
81,0463
Palmares II Rio Novo
Registro atual sob a Matrícula nº 3.154, Livro 02, Folha 01,
de 22/11/2001, do Cartório de RI de Parauapebas. Origem do
Projeto de Assentamento Palmares II (Títulos do GETAT
4(GETAT)82(1)4537, 4(GETAT)82(1)4535,
4(GETAT)82(1)4541 e 4 (GETAT)82(1)4540, Matriculados
anteriormente sob os nº 86, 87, 88 e 89, do Livro 02, Folha
01, do Cartório de RI de Parauapebas).
57,4520
Liberdade I Taboca A
Projeto de Assentamento Carajás II e III, Quadra 01, Lote 03
(Matrícula nº 216, Folha 01, de 6/5/1993, do Cartório de
Parauapebas. Registro anterior: Matrícula nº 11.483, Livro
02, Folha 01, de 22/06/1989, do Cartório de RI de Marabá).
52,1743
Liberdade II Taboca A
Projeto de Assentamento Carajás II e III, Quadra 01, Lote 01
(Matrícula nº 216, Folha 01, de 6/5/1993, do Cartório de
Parauapebas. Registro anterior: Matrícula nº 11.483, Livro
02, Folha 01, de 22/06/1989, do Cartório de RI de Marabá).
44,2458
Liberdade III Taboca A
Projeto de Assentamento Carajás II e III, Quadra 01, Lote 02
(Matrícula nº 216, Folha 01, de 6/5/1993, do Cartório de
Parauapebas. Registro anterior: Matrícula nº 11.483, Livro
02, Folha 01, de 22/06/1989, do Cartório de RI de Marabá).
37,4245
Guanabara
Nova Vida
Bambuí
Compl. Esportivo
Taboca A
Registro atual sob a Matrícula de nº 216, Folha 01, de
6/5/1993, do Cartório de RI de Parauapebas. Registro
anterior: Matrícula nº 11.483, Livro 02, Folha 01, de
22/06/1989, do Cartório de RI de Marabá.
55,7943
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
99
Bairro Gleba de
origem Descrição do registro Área (ha)
São Lucas I Taboca A
Projeto de Assentamento Carajás II e III, Quadra 02, Lote 06
(Matrícula nº 216, Folha 01, de 6/5/1993, do Cartório de
Parauapebas. Registro anterior: Matrícula nº 11.483, Livro
02, Folha 01, de 22/06/1989, do Cartório de RI de Marabá)
46,4158
São Lucas II Taboca A
Projeto de Assentamento Carajás II e III, Quadra 02, Lote 07
(Matrícula nº 216, Folha 01, de 6/5/1993, do Cartório de
Parauapebas. Registro anterior: Matrícula nº 11.483, Livro
02, Folha 01, de 22/06/1989, do Cartório de RI de Marabá).
42,7573
CEDERE I Verde
Registrado atual sob a Matricula nº 219, Livro ?, Folha 2, de
6/5/1993, do Cartório de RI de Parauapebas. Registro
anterior: Matrícula nº 1.652, Livro 02, Folha 01, de
19/04/1989, do Cartório de RI de Marabá.
9,5187
TOTAL 426,8290
Fonte: Fischer (2014).
3.7.5. Incorporação patrimonial pelo município de Parauapebas a partir da aquisição de
áreas privadas
Além da doação por parte da União, os municípios podem aumentar suas áreas patrimoniais
através da aquisição de bens privados por doação, compra, dação em pagamento e
desapropriação, bem como pela aprovação de loteamentos urbanos, regularmente registrados
no registro de imóveis que seja proveniente de um documento de propriedade válido, com
origem comprovada.
No caso do município de Parauapebas, além das doações acima especificadas no quadro
anterior, a legislação municipal de 1989 a 2012 autorizou a aquisição de áreas para o
patrimônio do município pelo Poder Executivo.
Neste sentido, podemos afirmar que além das áreas patrimoniais concedidas diretamente pela
União e as adquiridas quando do desmembramento do Município de Marabá acima
mencionadas, a Prefeitura Municipal de Parauapebas pode ter adquirido por compra,
desapropriação ou doação áreas para a expansão de área patrimonial urbana nos bairros de
Beira Rio (PARAUAPEBAS. Lei n. 3.029/1997), Rio Verde (PARAUAPEBAS. Lei n.
1.259/1994; PARAUAPEBAS. Lei n. 1.260/1994; PARAUAPEBAS. Lei n. 2.407/1996),
Cidade Nova (PARAUAPEBAS. Leis n. 360/1991; PARAUAPEBAS. Lei n. 1.252/1994), Da
Paz (PARAUAPEBAS. Lei n.152/1991) e Maranhão (PARAUAPEBAS. Lei n. 354/1991).
Há ainda outras áreas superiores a 5.000m² que podem ter sido utilizadas para expansão
urbana (PARAUAPEBAS. Lei n. 376/1991; PARAUAPEBAS. Lei n. 1.204/1993;
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
100
PARAUAPEBAS. Lei n. 1.240/1994; PARAUAPEBAS. Lei n. 1.476/1994;
PARAUAPEBAS. Lei n. 3.208/1997), mas não é possível identificar a partir da análise
meramente documental sua localização.
As áreas que puderam ser identificadas com base no texto legal que sofreram maior
intervenção, em ordem decrescente, em termo de área estão localizadas nos bairros Da Paz
(1.430.509,53 m²), Rio Verde (218.671,13 m²), Zona Rural (145.861,38 m²), Cidade Nova
(73.905,56 m²), Maranhão (24.200 m²), Beira Rio (9.720 m²) e Primavera (810 m²) e em
termos de número de intervenções foram os bairros Rio Verde (22); Cidade Nova (7);
Primavera e União (4); Zona Rural e Canaã dos Carajás (3); Da Paz, Primavera e Maranhão
(2) e Beira Rio (1). (FISCHER, 2014).
Já no que se refere à aquisição de áreas em decorrência do parcelamento do solo por
aprovação de loteamentos urbanos, segundo levantamento feito pelo próprio Poder Executivo
de Parauapebas (1984-2010), a aquisição de áreas públicas por parte do município apresenta-
se bastante limitada, pois sua implantação, em geral, não é acompanhada do cumprimento da
Lei federal n. 6766, de 19 de dezembro de 1979.
Segundo Fischer (2014), a partir dos dados acima, é possível afirmar que apesar do Município
de Parauapebas ter por origem grandes áreas públicas, a expansão urbana se dá
majoritariamente pela iniciativa privada, tanto na produção habitacional regular ou
irregular/clandestina. A atuação pública na expansão urbana, em regra, é decorrente de
ocupação espontânea, uma vez que a produção habitacional pública regular somente ocorreu à
época da implantação da mina da Serra dos Carajás, que na verdade foi executada pela Vale.
Esse fator pode ser justificado pelo forte crescimento populacional que se operou na região
em razão da implantação do Projeto de exploração mineral da Serra dos Carajás e pelo fato
de, em 2001, mais de 83% da população do município habitar a zona urbana municipal
(IBGE, 2001), tendo esse número sido elevado em 2010, para 91% (IBGE, 2010).
Segundo diagnóstico para a elaboração do Plano Municipal de Habitação de Interesse Social
elaborado pela Prefeitura de Parauapebas em conjunto com a Fundação Vale
(PARAUAPEBAS, 2012, p. 76), utilizando dados do censo do IBGE (2010), apenas pouco
mais da metade das unidades habitacionais de Parauapebas são próprias (51,5%), o que não
indica uma verdadeira regularidade dominial, mas somente que o declarante que participou na
pesquisa apresenta algum documento que o forneça segurança jurídica, seja um título,
escritura ou matrícula no registro de imóveis. Ainda segundo os dados do IBGE (2010), mais
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
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de um terço de todos os imóveis dos municípios são alugados (37%), o que indica um
mercado imobiliário aquecido por uma população flutuante.
Além das doações acima especificadas, o Município de Parauapebas obteve um aumento de
sua área patrimonial no período de 1989 a 2017, por meio de aquisições autorizadas pelo
Poder Legislativo, de bens privados por doação, compra ou desapropriação e pela aprovação
de loteamentos urbanos, regularmente registrados no registro de imóveis que seja proveniente
de um documento de propriedade válido, com origem comprovada.
Embora não seja possível afirmar, apenas com base na legislação municipal, que os imóveis
identificados passaram a integrar o domínio municipal, os dados disponíveis fornecem uma
aproximação do que pode ter sido adquirido pelo Município para a expansão de seu perímetro
urbano e construção de equipamentos públicos, acrescendo assim às áreas patrimoniais
municipais originárias repassadas pela União.
De acordo com Fischer et al. (2014), as áreas que foram identificadas com base no texto legal
que sofreram maior intervenção, em ordem decrescente, em termo de área estão localizadas
nos bairros Da Paz (1.430.509,53 m²), Rio Verde (218.671,13 m²), Zona Rural (145.861,38
m²), Cidade Nova (73.905,56 m²), Maranhão (24.200 m²), Beira Rio (9.720 m²) e Primavera
(810 m²) e em termos de número de intervenções foram os bairros Rio Verde (22); Cidade
Nova (7); Primavera e União (4); Zona Rural e Canaã dos Carajás (3); Da Paz, Primavera e
Maranhão (2) e Beira Rio (1).
Na análise das informações acima, que se restringem apenas à autorização para instalação e
existência de matrícula no Registro de Imóveis dos loteamentos, podemos dividir a produção
do crescimento urbano a partir de seis situações:
Expansão urbana privada regular (44);
Produção urbana privada irregular (9);
Produção urbana privada clandestina (7);
Produção urbana pública regular (3);
Produção urbana pública irregular (4); e
Produção urbana pública em regularização (5).
3.7.6. Áreas públicas dispostas no Município de Parauapebas
De acordo com Fischer et al. (2014), o histórico sobre leis de aquisição e disposição de
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patrimônio público não é extenso no Município de Parauapebas, podendo ser resumido
conforme Quadro 3, abaixo.
Quadro 3 - Legislação municipal sobre disposição de patrimônio.
Legislação Ementa Status
Lei Municipal nº 31,
de 20 de dezembro de
1989
Dispõe sobre a utilização de terras do
Patrimônio do Município de Parauapebas e dá
outras providências
Parcialmente revogado pela Lei n.
792, de 27 de outubro de 1992 e
alterado pela Lei n. 4.345, de 12 de
outubro de 2007
Lei Orgânica Municipal,
de 05 de abril de 1990 Promulgação da Lei Orgânica Municipal
Emendada em 22 de dezembro de
2009 (Alteração)
Lei Municipal nº 4.282,
de 31 de dezembro de
2004
Autoriza o Poder Executivo a criar e implantar
o Programa Morar-Dias Melhores
Alterada pela Lei n. 4.427, de 14
de outubro de 2010 e pela Lei n.
4.474, de 16 de dezembro de 2011
Legislação Ementa Status
Lei Municipal nº 4.238,
de 30 de dezembro de
2006
Dispõe sobre o plano diretor do município de
Parauapebas e dá outras providências Em vigor
Lei Municipal nº 4.423,
de 27 de setembro de
2010
Dispõe sobre a autorização para o Poder
Executivo proceder a regularização fundiária
de 453 lotes no Parcelamento Novo Brasil,
através de concessão de uso especial para fins
de moradia às pessoas carentes
Em vigor
Fonte: Fischer et al. (2014).
A primeira lei a tratar a questão patrimonial do Município foi a de n. 31/1989, que “dispõe
sobre a utilização de terras do patrimônio do Município”. Além de ser uma lei patrimonial, o
presente dispositivo legal também estabeleceu a primeira política de desenvolvimento urbano,
com o objetivo de ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o
bem-estar de seus habitantes (art. 1º), mas que, apesar de utilizar uma terminologia de Direito
Urbanístico, restringe-se a regular o uso, disposição e parcelamento do solo.
A Câmara dos Vereadores de Parauapebas promulgou sua primeira lei Orgânica (LOMP) em
5 de abril de 1990, tendo sido emendada uma única vez, em 22 de dezembro de 2009, quando
foi reformada integralmente.
No que toca às disposições relativas ao patrimônio municipal, primeiramente a LOMP de
1990 estabelecia em seu art. 11, I que integram os bens municipais “todas as coisas móveis e
imóveis, semoventes, direitos e ações que a qualquer título lhe pertençam e os que lhe vierem
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a ser atribuídos” (PARAUAPEBAS, 1990) e que cabe à Câmara Municipal, com a sanção do
Prefeito, legislar sobre a alienação de bens imóveis e a aquisição de bens imóveis, doações
onerosas e sem encargos, e desapropriações (art. 23, XI e XII), que deverão ser aprovadas
mediante lei complementar (art. 58, XII e XIII) (FISCHER, 2014).
Em razão da alteração da obrigatoriedade do uso de CRDU para fins de regularização
fundiária de população de baixa renda é que pode ser considerada legal a disposição da Lei
municipal n. 4282, de 31 de dezembro de 2004, que instituiu o programa Morar-Dias
Melhores que dispõe sobre possibilidade de doação de áreas urbanas (art. 2º) às famílias
cadastradas pela Secretaria Municipal de Assuntos Comunitários, desde que preencham os
seguintes critérios: a) residência no município há pelo menos 3 anos; b) renda familiar até 2
salários mínimos; c) não possuir outro imóvel; d) se possuir filhos, que estejam regularmente
matriculados em instituição de ensino. Os títulos expedidos na égide do presente projeto
possuirão cláusula de inalienabilidade pelo prazo de 10 anos (art. 3º).
Essa lei foi alterada duas vezes, uma pela lei n. 4.427, de 14 de outubro de 2010 e em 16 de
dezembro de 2011 pela lei n. 4.474. Na primeira modificação o prazo de inalienabilidade do
título de doação foi reduzido para 4 anos. Na segunda, o programa passou a conter um
subprograma denominado habitar feliz, a ser regulamentado pelo poder executivo municipal.
O plano diretor municipal (PARAUAPEBAS. Lei n. 4.328/2006), a despeito de não tratar
diretamente sobre a disposição do patrimônio municipal, possui alguns artigos que possuem
impacto sobre a questão: a) o art. 30, §5º veda a doação de imóveis situados em ZEIS; b) o
art. 30, §6º veda a regularização fundiária de ocupações localizadas nos bens de interesse
comum, quais sejam: leitos de cursos d’água e igarapés, áreas destinadas à realização de obras
ou planos urbanísticos de interesse coletivo; c) a possibilidade de desapropriação de imóveis
urbanos por descumprimento de sua função social e posterior venda, incorporação, concessão
real de uso, locação ou outorga de direito de superfície, mediante licitação, a quem estiver em
condições de dar destinação social prevista no plano urbanístico (art. 110, § 1º).
Portanto, o plano diretor vigente, de modo geral, privilegia a CDRU à transferência de
domínio pleno em áreas de ZEIS. Essa medida é salutar para a proteção do patrimônio
municipal tendo em vista a flutuação da população na área urbana do Município.
Não obstante, essa disposição sobre a CDRU contida no plano diretor não ter sido alterada,
tanto as alterações da Lei municipal n. 4.282/2004, já acima analisadas como a Lei municipal
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n. 4.423, de 27 de setembro de 2010 privilegiam a doação, com encargos, para fins de
regularização de interesse social.
No caso da lei que versa sobre programas habitacionais para população de baixa renda, em
geral há uma coincidência entre áreas de ZEIS e as áreas de intervenção do programa, sendo
necessário alterar novamente a legislação para incorporar o que dispõe o plano diretor,
mantendo-se a titulação definitiva para as demais áreas, mesmo que consideremos que essa
alternativa não seja tecnicamente mais adequada para o município.
Já para o caso da lei que trata do loteamento Brasil Novo não há uma violação ao plano
diretor, uma vez que a área objeto de titulação definitiva não é zoneada como interesse social
pelo plano diretor de 2006 (FISCHER, 2014).
Neste sentido, cumpre observar que a opção do Poder Público pela alienação do domínio
pleno deve ser bem planejada, pois não há um estoque significativo de terras no município
para a expansão urbana e a migração poderá gerar o esgotamento do estoque de terras
públicas, obrigando o poder público a recomprá-las ou desapropriá-las no futuro.
As disposições constitucionais sobre os bens públicos (art. 20 e 26) e o Decreto–Lei nº
2.375/87 atribuem aos Estados-membros a faculdade de promover a arrecadação de terras
públicas devolutas de seu domínio. Contudo, a identificação de áreas públicas seja para fins
de expansão de áreas urbanas ou para controle territorial não é uma tarefa simples, pois
envolve inventariar todos os bens públicos existentes nos limites do território municipal e
conhecer sua disponibilidade para alienação por parte do ente federado detentor. Ao demandar
áreas públicas para sua dominialidade, o Município de Parauapebas deve, primeiramente,
excluir quais são bens de uso especial do município e quais são de uso especial da União e do
Estado.
Considerando o território municipal total, desde já podem ser excluídas as áreas sobre
proteção ambiental, pois são grandes extensões já afetadas e que não podem ser doadas ou
cedidas ao Município para expansão urbana. As áreas protegidas ocupam grande parte do
território do município de Parauapebas e, conceitualmente, são partes do território que
possuem atenção e cuidado especial, em virtude de algum atributo específico ou até único que
elas apresentam. Estas são importantes não apenas para conservação da biodiversidade e
paisagem, mas também como fornecedoras de serviços ambientais indispensáveis as
atividades humanas (FUNDO VALE, 2012; apud CONSÓRCIO AMBGIS-UMAH, 2017).
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As áreas protegidas existentes no território do município de Parauapebas estão dispostas em
Unidades de Conservação (UC), Terra Indígena (TI) e Área de Preservação Permanente
(APP). São grandes extensões territoriais já afetadas e que não poderão ser doadas ou cedidas
ao Município para expansão urbana e ocupam mais de 80% do território do município. Esta
configuração territorial se dá em grande parte pelo reconhecimento de grandes áreas de
domínio público federal (FISCHER, 2014).
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), as Unidades de Conservação são
espaços territoriais, onde se inclui seus recursos ambientais, com características naturais
relevantes que têm a função de assegurar a representatividade de amostras significativas e
ecologicamente viáveis das diferentes populações, habitats e ecossistemas do território
nacional e das águas jurisdicionais, preservando o patrimônio biológico existente.
As UC asseguram às populações tradicionais o uso sustentável dos recursos naturais de forma
racional e ainda propiciam às comunidades do entorno o desenvolvimento de atividades
econômicas sustentáveis. Estas áreas estão sujeitas a normas e regras especiais. São
legalmente criadas pelos governos federal, estaduais e municipais, após a realização de
estudos técnicos dos espaços propostos e, quando necessário, consulta à população.
As UC dividem-se em dois grupos:
Unidades de Proteção Integral: a proteção da natureza é o principal objetivo dessas
unidades, por isso as regras e normas são mais restritivas. Nesse grupo é permitido
apenas o uso indireto dos recursos naturais; ou seja, aquele que não envolve consumo,
coleta ou dano aos recursos naturais. Exemplos de atividades de uso indireto dos
recursos naturais são: recreação em contato com a natureza, turismo ecológico, pesquisa
científica, educação e interpretação ambiental, entre outras. As categorias de proteção
integral são: estação ecológica, reserva biológica, parque, monumento natural e refúgio
de vida silvestre;
Unidades de Uso Sustentável: são áreas que visam conciliar a conservação da natureza
com o uso sustentável dos recursos naturais. Nesse grupo, atividades que envolvem
coleta e uso dos recursos naturais são permitidas, mas desde que praticadas de uma
forma que a perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos
esteja assegurada. As categorias de uso sustentável são: área de relevante interesse
ecológico, floresta nacional (FLONA), reserva de fauna, reserva de desenvolvimento
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sustentável, reserva extrativista, área de proteção ambiental (APA) e reserva particular
do patrimônio natural (RPPN).
As APA’s (Área de Proteção Ambiental) geralmente são áreas extensas e sua proteção
ambiental pela sociedade em geral são desafiadoras, justamente pelo seu propósito de atender
as necessidades da população, levando em conta a sustentabilidade e a proteção dos seus
recursos e ecossistemas (PINTO, 2014). As FLONA’s são áreas de domínio federal e de uso
sustentável, com coberturas florestais onde há predomínio de espécies nativas. Já os
PARNA’s envolvem pesquisa e visitação pública, sendo de preservação integral. Todas as
Unidades de Conservação, exceto Área de Proteção Ambiental (APA) e Reserva Particular do
Patrimônio Natural (RPPN), devem possuir uma Zona de Amortecimento (SNUC). A mesma
lei define zona de amortecimento como o entorno de uma unidade de conservação onde o uso
do solo é restrito e sujeito a normas e restrições especificas, como o intuito de minimizar os
impactos negativos sobre a unidade.
De acordo com a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), nos termos da legislação vigente
(Constituição Federal de 1988, Lei Federal nº 6001, de 19 de setembro de 1973 – Estatuto do
Índio, e Decreto Federal n.º1775, de 08 de janeiro de 1996), as terras indígenas podem ser
classificadas nas seguintes modalidades:
Terras Indígenas Tradicionalmente Ocupadas: São as terras indígenas de que trata o
art. 231 da Constituição Federal de 1988, direito originário dos povos indígenas, cujo
processo de demarcação é disciplinado pelo Decreto n.º 1775/96;
Reservas Indígenas: São terras doadas por terceiros, adquiridas ou desapropriadas pela
União, que se destinam à posse permanente dos povos indígenas. São terras que também
pertencem ao patrimônio da União, mas não se confundem com as terras de ocupação
tradicional. Existem terras indígenas, no entanto, que foram reservadas pelos estados-
membros, principalmente durante a primeira metade do século XX, que são
reconhecidas como de ocupação tradicional;
Terras Dominiais: São as terras de propriedade das comunidades indígenas, havidas,
por qualquer das formas de aquisição do domínio, nos termos da legislação civil;
Interditadas: São áreas interditadas pela Funai para proteção dos povos e grupos
indígenas isolados, com o estabelecimento de restrição de ingresso e trânsito de
terceiros na área. A interdição da área pode ser realizada concomitantemente ou não
com o processo de demarcação, disciplinado pelo Decreto n.º 1775/96.
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De acordo com o IBAMA (2011), as Áreas de Preservação Permanente (APP’s) são espaços
territoriais especialmente protegidos de acordo com o disposto no inciso III, § 1º, do art. 225
da Constituição Federal. O art. 3º, inciso II, da Lei Federal nº 12.651, de 25 de maio de 2012
(Novo Código Florestal), definiu que APP’s são áreas protegidas, coberta ou não por
vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a
estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o
solo e assegurar o bem-estar das populações humanas.
Como se vê, as APP’s não têm apenas a função de preservar a vegetação ou a biodiversidade,
mas uma função ambiental muito mais abrangente, voltada, em última instância, a proteger
espaços de relevante importância para a conservação da qualidade ambiental como a
estabilidade geológica, a proteção do solo e assim assegurar o bem estar das populações
humanas.
No município de Parauapebas existem 04 (quatro) áreas de proteção, que ocupam mais de
85% do território total do município, sendo 03 (três) Unidades de Conservação (Área de
Proteção Ambiental do Igarapé Gelado - APAIG, a Floresta Nacional de Carajás - FLONACA
e o Parque Nacional Campos Ferruginosos - PARNA dos Campos Ferruginosos) e 01 (uma)
Terra Indígena, a Reserva Indígena dos Xikrin do Cateté. Todas estas áreas integram o
mosaico de proteção territorial reconhecidas por lei e existentes tanto no município de
Parauapebas como em municípios limítrofes. São formadas por áreas, tanto de proteção
integral como de uso sustentável. Completam este mosaico a Floresta Nacional de Tapirapé-
Aquiri (FLONA de Tapirapé-Aquiri), a Floresta Nacional de Itacaiúnas (FLONA de
Itacaiúnas) e a Reserva Biológica do Tapirapé (REBio do Tapirapé). Quanto às Áreas de
Proteção Permanente, não há instituição de área inserida no município, sendo as mesmas
baseadas apenas pelas definições e estabelecimentos em legislação pertinente. A Figura 30
apresenta as áreas protegidas na região do Município de Parauapebas, as quais compõem o
“Mosaico de Carajás”. Na sequência desta, são descritas e caracterizadas as referidas áreas.
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Figura 30 - Áreas protegidas que compõem o “Mosaico de Carajás”.
Fonte: ICMBio (2018).
3.7.6.1. Área de proteção ambiental do Igarapé Gelado (APA do Igarapé Gelado)
Unidade de Conservação de Uso Sustentável e compatível com a dominialidade privada, a
APAIG corresponde a uma área de 23.285, 09 hectares que abrange o município de
Parauapebas e está inserida junto ao vale do Igarapé Gelado e no sopé da Serra de Carajás,
junto à bacia de rejeito do Projeto de Ferro Carajás.
Na década de 1980, a área antiga da APAIG era questionada e ambicionada pela CVRD e por
posseiros que alegavam se tratar de terras devolutas. A ocupação da área em litígio teve início
em 1985, ainda com os poucos imigrantes da região sudeste do Pará e de outros estados. Em
1989, mais de 218 famílias ocupavam a área e com o intuito de manter a preservação da área e
o domínio, a CVRD, auxiliada pelo IBAMA, propuseram a criação desta área em uma
Unidade de Conservação Ambiental, de uso regulado e restrito. Nesta categoria de UC, a
presença humana é permitida, desde que a ocupação seja disciplinada e garanta a
sustentabilidade dos recursos naturais.
Em 1989, por meio do Decreto Federal nº 97.718, criou-se a Área de Proteção Ambiental do
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Igarapé Gelado (APA do Igarapé Gelado), formando um cinturão verde, a fim de evitar
conflitos de terras e proteger áreas que cercam a província mineral da Serra de Carajás
(MELLO-THÉRRY & LEITE, 2016; apud CONSÓRCIO AMBGIS-UMAH, 2017).
De acordo com o decreto de criação na área delimitada deverão ser adotadas as seguintes
medidas (art. 2º):
zoneamento da unidade de conservação, indicando as áreas que serão encorajadas ou
desincentivadas em cada zona, objetivando a salvaguarda da biota nativa;
utilização de instrumentos legais e de incentivos financeiros governamentais para
assegurar a proteção da área e o uso racional do solo;
utilização de instrumentos legais para impedir o exercício de atividades causadoras de
degradação ambiental, sendo citadas, em especial, a extração madeireira e a atividade
garimpeira;
educação ambiental para esclarecer a comunidade local sobre a APA e suas finalidades.
No interior da APA do Igarapé Gelado são vedadas as seguintes atividades, que possuem
valor legal de limitação administrativa, portanto, não indenizáveis aos particulares que se
encontram em seu interior (art. 3º):
Implantação de atividades industriais capazes de afetar mananciais de água;
Realização de obras de terraplenagem e aberturas de canais que importem em alteração
das condições ecológicas locais;
Exercício de atividades que ameacem extinguir espécies raras da biota regional;
Atividades que possam provocar erosão ou assoreamento dos corpos d’água;
Uso de biocidas em desacordo com as normas técnicas.
Contudo, cabe esclarecer que mesmo que seja vedada a terraplenagem e abertura de canais, a
urbanização não é uma atividade incompatível com essa categoria de unidade de conservação,
desde que estejam licenciadas pelo órgão ambiental competente, sem prejuízo da competência
municipal em matéria urbanística, por considerar que apesar da competência de uso e
ocupação do solo ser da esfera municipal, esta está subordinada a uma limitação
administrativa ambiental federal.
Deverão ser observados os seguintes requisitos para a concessão de licença ambiental para
empreendimento de urbanização, seja ele público ou privado, que ficarão sob o escrutínio do
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IBAMA:
Estudo do projeto e exame das alternativas possíveis;
Após a realização de estudos das consequências ambientais, e da ocorrência de
deslizamento do solo e outros processos erosivos provocados pelas obras;
Mediante a indicação das restrições e medidas consideradas necessárias à salvaguarda
nos ecossistemas atingidos.
Portanto, mesmo que a urbanização seja normalmente uma atividade de impacto local, cujos
licenciamentos urbanístico e ambiental são tradicionalmente de competência municipal, foram
deslocados, em favor da União, sendo um limitador à expansão urbana nessas áreas por
deliberação exclusiva do planejamento local.
Foram definidas para a APAIG três zonas, com diferentes objetivos de manejo e graus de
intervenção. São elas: Zona de Conservação, que tem por princípio a conservação dos
recursos naturais e seu uso sustentável, sob condições adequadas de manejo; a Zona Rural,
constituída pelas áreas onde há ocupação consolidada desde a década de 80, cuja função
principal é permitir a ocupação do território e o uso do solo em condições adequadas de
manejo dos atributos e recursos naturais, sendo esta área de suma importância para a
comunidade rural ali instalada; e Zona de Barragens da Mineração, constituída pelas áreas das
barragens do Gelado e Geladinho e suas áreas de abrangência e estruturas associadas, com o
intuito de manter a integridade estrutural e operacional, bem como todos os elementos que
prega a Política Nacional de Segurança de Barragens destinadas à acumulação de água para
quaisquer usos (Lei nº 12.334, de 20 de setembro de 2010). Seu objetivo é garantir a
observância de padrões de segurança de barragens de maneira a reduzir a possibilidade de
acidente e suas consequências.
De acordo com o ICMBio (2015), a situação de saneamento na APAIG é caracterizada pela
ausência de tratamento de esgoto, a utilização de fossa e em alguns casos banheiro seco. Os
únicos locais na APAIG que detém tratamento de efluente são o Núcleo de Desenvolvimento
Humano e Econômico da APAIG (NDHE) e a EMEF Jorge Amado. Não há coleta de
resíduos sólidos, os mesmos são queimados, enterrados ou em alguns casos armazenados e
levados para a cidade. Há destinação nos próprios lotes do resíduo orgânico, para adubação ou
alimento para animal.
Possui um centro de formação denominado Estação do Conhecimento, que foi construída com
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recursos da Fundação Vale e é fruto de uma parceria que envolve a Associação de Produtores
da APA do Igarapé-Gelado (APROAPA), Associação das Mulheres Camponesas Filhas da
Terra, ICMBio, mineradora Vale e Prefeitura Municipal de Parauapebas.
A área de proteção ambiental é considerada uma zona de amortecimento da floresta nacional
de Carajás, mas nela encontra-se a estrada que liga o pátio ferroviário Cobre-Salobo às vilas
Paulo Fonteles (BRASIL; IBAMA, 2003. p. 4).
Atualmente, a área está sob a gestão do ICMBio e conta com o apoio da Mineradora Vale, por
meio do Convênio n. 5/1988 (art. 4º), possui Conselho Consultivo e em 30 de maio de 2016,
através da Portaria nº 58, do ICMBio, foi aprovado o Plano de Manejo para o território.
3.7.6.2. Floresta Nacional de Carajás (FLONACA)
Unidade de Conservação de uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e à pesquisa
científica, com ênfase em métodos para exploração sustentável de florestas nativas, de
dominialidade pública, a FLONACA corresponde atualmente a uma área de 392.725,14
hectares que abrange os municípios de Parauapebas, Canaã dos Carajás e Água Azul do
Norte.
O processo de criação da FLONACA é oriundo do contexto histórico da implantação do
Programa Grande Carajás (PGC). Na década de 1980, cientistas de várias áreas do
conhecimento humano e ligado diretamente à presidência da CVRD, formavam o Grupo de
Estudos e Assessoramento sobre Meio Ambiente (GEAMAM), fizeram recomendações ao
programa, dentre as propostas foi sugerido ao governo federal que fosse demarcada uma
superfície objetivando a garantir o desenvolvimento da Província Mineral de Carajás,
inclusive regulando o direito sobre as terras necessárias ao complexo industrial e à respectiva
infraestrutura do projeto, de modo a prevenir eventuais conflitos com terceiros, pela posse de
áreas na região e a criação de Unidades de Conservação no entorno da Província Mineral.
Após estudos, o Conselho Interministerial do Programa Grande Carajás aprovou, em 1981, a
concessão de uma área de 429.000 hectares para atender às necessidades imediatas do Projeto
Ferro Carajás. A área aprovada para o Projeto foi, posteriormente, reduzida para 411.948,87
hectares, mediante parecer do Grupo Executivo das Terras do Araguaia-Tocantins (GETAT).
Em virtude das disputas pelo controle do solo na região de Carajás entre a CVRD e posseiros,
o governo federal teve de criar diversas áreas de proteção no entorno para garantir a
sustentabilidade da exploração dos recursos naturais e a conservação da natureza, impedido
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que garimpeiros, posseiros extrativistas produtos florestais ocupassem a área
desordenadamente.
Em 1986, através da Resolução nº 331, de 05 de dezembro, o Senado Federal autorizou o
Poder Executivo a conceder a CVRD o direito real de uso de terras da União, adjacente a
Província Mineral de Carajás. As condicionantes a essa concessão abrangiam aspectos
relacionados à proteção ambiental, de belezas cênicas e dos recursos hídricos, à produção de
alimentos para atender as populações envolvidas nos projetos de mineração, ao amparo às
populações indígenas, à vigilância das terras e ao aproveitamento das jazidas minerais.
Com a privatização da CVRD em 1997, o Governo Federal, alternativamente à concessão do
direito real de uso, criou na mesma área dos 411.948,87 hectares uma Unidade de
Conservação, viabilizando a continuidade do projeto de mineração.
Considerando que a Lei Federal 9.985/2000 ainda não havia sido editada à época, que
atualmente regulamenta as questões relacionadas às unidades de conservação, foi criada então
a Floresta Nacional de Carajás pelo Decreto nº 2.486, de 02 de fevereiro de 1998, com base
no art. 5º, alínea “b”, da Lei nº 4.771/1965 e no Decreto n. 1.298/1994.
Caracterizada como uma unidade de conservação de uso sustentável, segundo classificação
estabelecida pela Lei Federal nº 9.985/2000, em seu Decreto de criação está estabelecido
como seus objetivos “a pesquisa, a lavra, o beneficiamento, o transporte e a comercialização
de recursos minerais” (art. 2º, parágrafo único), o que não está atualmente previsto como
objetivo de uma floresta nacional segundo o Sistema Nacional de Unidades de Conservação
(SNUC), e sim o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica, com
ênfase em métodos para exploração sustentável de florestas nativas.
O decreto de criação da FLONACA autorizou a continuidade da atividade de mineração pela
então CVRD e suas empresas coligadas e controladas na região. Neste mesmo decreto foram
definidas obrigações para que a empresa apoiasse o órgão gestor da FLONACA no
desenvolvimento de ações, visando à vigilância e manutenção e desta Floresta Nacional e
demais unidades de conservação na região, havendo, ademais, estabelecido que a elaboração
do Plano de Manejo fosse feita em conjunto pelo IBAMA (então responsável pela gestão das
Unidades de Conservação) e pela empresa, como detentoras das informações técnicas da área.
Dando curso ao determinado no decreto de criação da FLONACA, foi elaborado entre os anos
de 1999 e 2003 o seu primeiro Plano de Manejo e aprovado por meio da Portaria IBAMA nº
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45, em 28 de abril de 2004, se tornando a primeira unidade de conservação a conciliar em um
plano de manejo a exploração mineral e a conservação ambiental. Segundo o diagnóstico
elaborado para o referido plano de manejo (2003, p. 3) a área da FLONA é recoberta de mais
de 95,26% por florestas abertas e fechadas, 0,84% por mineração, 0,34% por agriculturas e
pastagens e 0,06% pelo núcleo urbano de Carajás. Em 2014, o Plano de Manejo foi revisado e
aprovado no ano de 2016, especialmente para garantir a conservação do ecossistema de
savana metalófila e também para adequar melhor o planejamento da FLONACA a atual
realidade (ICMBIO, 2016).
De acordo com Fischer (2014), apesar da área da FLONACA corresponder à área de
concessão da Resolução nº 331/1986, do Senado Federal, o Plano de Manejo da UC
representa área inferior, abrangendo apenas 395.826,70 hectares “devido a algumas
imprecisões contidas no seu decreto de criação e devido ser esta área correspondente à
situação conhecida em campo” (BRASIL; IBAMA, 2003, p. 5). A redução da área
correspondente no Plano de Manejo em relação à área original é afetada pela presença de 11
propriedades de posseiros no sul da FLONACA, ocupando cerca de 1.170 hectares (BRASIL;
IBAMA, 2003, p. 31). No entanto, a somatória da área do Plano de Manejo com a área
ocupada ainda é inferior à área prevista no decreto de criação da unidade de conservação.
O Plano de Manejo da FLONACA dividiu a UC nas seguintes zonas: a) Zona de Preservação,
dedicada à proteção integral de ecossistemas, dos recursos genéticos e ao monitoramento
ambiental; b) Zona Primitiva, onde tenha ocorrido mínima ou pequena intervenção humana,
contendo espécies da flora e da fauna e monumentos naturais de relevante interesse científico;
c) Zona de Uso Público, constituída por áreas naturais ou alteradas pelo homem onde o
ambiente é mantido o mais próximo possível do natural, devendo conter: centro de visitantes,
museus, outras facilidades e serviços; d) Zona de Uso Especial, aquela que contêm as áreas
necessárias à administração, manutenção e serviços da FLONACA. Estas áreas serão
escolhidas e controladas de forma a não conflitarem com seu caráter natural e devem
localizar-se, sempre que possível, na periferia da Unidade de Conservação; e) Zona de
Manejo Florestal Sustentável, que compreende as áreas de floresta nativa com potencial
econômico para o manejo sustentável dos recursos florestais e dos serviços ambientais; f)
Zona de Mineração, que compreende áreas da FLONACA correspondentes aos direitos de
pesquisa e lavra de depósitos minerais e a área necessária à infraestrutura devidamente
registradas no Departamento Nacional de Produção Mineral - DNPM onde pretende-se
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
114
desenvolver projetos de mineração. Engloba as minas de ferro já instaladas N4, N5 e S11D
(localizadas em Serra Norte e Serra Sul, respectivamente), de manganês (Azul), a mina de
ouro desativada (Igarapé Bahia) e as minas de cobre já licenciadas mas ainda não instaladas
(Alemão e 118 ), além das minas de areia e granito, já abertas mas usadas pela mineradora
apenas para consumo interno. Encontram-se também nesta zona, jazidas de minério de ferro
ainda não licenciadas localizadas nas serras conhecidas localmente como N1, N2, N3, N4 e
N5 incluindo a área denominada localmente como Morro 1, sendo que porções de N1 (porção
noroeste) e N5 (Morro 2) foram mantidas fora da zona de mineração; e g) Zona de Uso
Conflitante, que se constituem em espaços localizados dentro da FLONACA, cujos usos e
finalidades, estabelecidos antes da sua criação, conflitam com os seus objetivos de
conservação. São áreas ocupadas por atividades como agropecuária e empreendimentos de
utilidade pública (linhas de transmissão, estradas, dentre outros). Foi proposta, na revisão do
Plano de Manejo da FLONACA, a criação de uma Zona de Amortecimento, externa à UC e
de suma importância à proteção desta, com limites abrangendo uma área de 24.763 hectares,
onde as atividades humanas estarão sujeitos a normas e restrições especificas. A Zona de
Amortecimento, limite e normas somente terão validade após as usas instituições por
instrumento jurídico próprio.
O Relatório de Gestão de Florestas Públicas (BRASIL; MMA; SFB, 2011) também classifica
a Floresta Nacional de Carajás como uma área suscetível a ser objeto de concessões florestais.
Cabe lembrar que a área do Núcleo Urbano de Carajás, que está inserida na FLONACA, é
classificada pelo Plano de Manejo como de Zona de Uso Especial, funcionando como um
instrumento para viabilizar a exploração mineral, ou seja, o Plano de Manejo da FLONACA
não considera o referido núcleo como uma área urbanizada e sim como a extensão da mina.
Essa interpretação é corroborada pelo que dispõe o art. 6º, II, a do Decreto-lei n. 227, de 28 de
fevereiro de 1967, uma vez que são classificadas como integrantes da mina “edifícios,
construções, máquinas, aparelhos e instrumentos destinados à mineração e ao beneficiamento
do produto da lavra, desde que este seja realizado na área de concessão da mina”, não
podendo, portanto, ser considerada uma zona urbana para fins de planejamento municipal ou
ficar sob a responsabilidade do Município, por se tratar de um equipamento para o exercício
de uma atividade industrial. O ingresso ao núcleo é feito mediante autorização do ICMBio,
tendo apoio da VALE S.A. e da Prefeitura Municipal de Parauapebas, havendo um esquema
de identificação dos visitantes e revista de veículos pela Vale na portaria. No entanto, tal
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
115
exigência não se faz aos que ingressam a FLONA por via área (BRASIL; IBAMA, 2003, p.
19).
A FLONACA possui a peculiaridade de buscar a compatibilização da mineração com a
conservação da biodiversidade. Além da floresta ombrófila possui um ecossistema rupestre
nos afloramentos de minério chamado de savana metalófila com diversos geoambientes com
destaque para lagoas doliniformes em altitudes superiores a 600 metros e cavernas em
formação ferrífera.
Atualmente, a UC está sob a gestão do ICMBio e conta com o apoio da Mineradora Vale e da
Prefeitura Municipal de Parauapebas, por meio do Convênio n. 5/1988 (art. 4º), e possui
Conselho Consultivo.
3.7.6.3. Parque Nacional dos Campos Ferruginosos (PARNA dos Campos Ferruginosos)
Unidade de Conservação de Proteção Integral, de dominialidade restrita e voltada à pesquisa e
visitação pública, o PARNA dos Campos Ferruginosos corresponde a uma área em torno de
79.029 hectares, dividido em dois polígonos abrangendo parte dos Municípios de Canaã dos
Carajás e de Parauapebas, cujos limites abarcam as zonas de conservação estabelecidas no
zoneamento da FLONACA (Serra do Tarzan) e a Serra da Bocaina.
O processo de criação do PARNA dos Campos Ferruginosos é oriundo do novo zoneamento
estabelecido pelo Plano de Manejo da FLONACA de 2016, que elevou a conservação dos
geossistemas ferruginosos para outro patamar, fazendo com que a zona de mineração do plano
de manejo fosse reduzida a 30%.
Segundo o Decreto S/N, de 05 de junho de 2017, que instituiu a criação do PARNA dos
Campos Ferruginosos, a unidade de conservação tem como objetivos:
Proteger a diversidade biológica das Serras da Bocaina, do Tarzan e suas paisagens
naturais e valores abióticos associados;
Garantir a perenidade dos serviços ecossistêmicos;
Garantir a proteção do patrimônio espeleológico de formação ferrífera e da vegetação de
campos rupestres ferruginosos;
Contribuir para a estabilidade ambiental da região onde se insere; e
Proporcionar o desenvolvimento de atividades de recreação em contato com a natureza
e do turismo ecológico.
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
116
As características da unidade de conservação são a presença de cachoeiras, rios, lagoas e
cavernas que estimulam as atividades voltadas com a recreação em contato com a natureza e o
turismo ecológico, além de estar coberta por florestas, principalmente, por savanas conhecidas
como “vegetação de canga” ou “campos rupestres ferruginosos”, tipo raro de ecossistema
associado aos afloramentos rochosos ricos em ferro e por ter diversas espécies da fauna e flora
endêmicas e ameaçadas de extinção, propicio para a pesquisa cientifica, educação e
interpretação ambiental, entre outras.
O PARNA dos Campos Ferruginosos está sob a gestão do ICMBio, que deverá adotar
medidas necessárias para o controle, proteção e implementação e por enquanto, não possui
zona de amortecimento, plano de manejo e nem conselho consultivo.
3.7.6.4. Terra Índigena Xikrin do Cateté
A Terra Indígena Xikrin do Cateté é uma área de proteção demarcada, tradicionalmente
ocupada pelos índios Xikrin, do subgrupo da etnia Kayapó, e por eles habitada em caráter
permanente, ocupando uma superfície de 439.150,5452 hectares, que abrange os municípios
de Água Azul do Norte, Marabá e Parauapebas. A demarcação administrativa da área foi
homologada pelo Decreto nº 384, de 24 de dezembro de 1991, promovida pela Fundação
Nacional do Índio (FUNAI).
O processo de demarcação administrativa dos índios Xikrin começou em 1977, atendendo aos
dispostos constantes no Termo Aditivo nº 001/B do convênio firmado entre FUNAI, DNPM e
o Projeto Radam. Contudo, em razão da criação do Projeto Grande Carajás, este processo foi
temporariamente paralisado e somente em 1988, teve sua conclusão e homologada pelo
decreto citado anteriormente. A homologação foi realizada com base no art. 231 da
Constituição Federal de 1988, do qual reconhece o usufruto exclusivo dessas áreas aos
indígenas Xikrin. Entretanto, uma importante e tradicional área de caça e pesca inserida entre
as cabeceiras do rio Bepkamrikiti e Bekware e parte da Serra do Mutuca ou Puma não foi
demarcada, o que fez com que os Xikrin ficassem insatisfeitos, pois eles ainda consideram a
área pertencente a eles.
Neste período de tempo, antes da demarcação da terra indígena, houve a edição da Resolução
n. 331, de 5 de dezembro de 1986, do Senado Federal, outorgando a concessão de 411.948,97
hectares à então CVRD. Como o referido ato do Poder Legislativo afetaria a definição dos
limites da área indígena, ficou estabelecido como uma das condições da concessão, o amparo
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
117
às populações indígenas existentes às proximidades da área concedida (art. 3º, “e”).
Atendendo a determinação do instrumento emitido pelo Senado Federal, foi realizado o
Convênio de nº 453/1989, entre as Comunidades Xikrin, do Cateté e do Djudjekô, com a
FUNAI e a CVRD, atual VALE S.A., pelo qual esta última é obrigada a prestar assistência às
comunidades indígenas Xikrin, como forma de compensação etnoambiental.
De acordo com Fischer (2014), com base em informações repassadas pela Superintendência
Regional do INCRA (INCRA SR-27), localizada em Marabá, as áreas da terra indígena,
apesar de estarem localizadas na área compreendida pelo Decreto-Lei de nº 1.164, de 1º de
abril de 1971, não foi reconhecida em sobreposição a áreas previamente arrecadas pelo
INCRA/GETAT.
A área da Terra Indígena Xikrin do Cateté está matriculada no Cartório de Registro de
Imóveis de Parauapebas sob o nº 98, Livro 02/RG e Folha 98, de 17 de agosto de 1992, e
registrada na Secretaria de Patrimônio da União no Pará (SPU-PA), em 21 de junho de 1994,
com a Certidão nº 002, processo nº 10280.001251/91-19.
A Terra Indígena do Xikrin do Cateté é banhada pelos rios Itacaiúnas e Cateté e se situa em
terras firmes de mata tropical, conhecidas na região de “Mata de Cipó”, no interior da
jurisdição do município de Parauapebas, mais próxima do núcleo urbano de Carajás. É rica
em mogno e castanheiras. Nas clareiras, há grande concentração de babaçu e nas regiões
pantanosas, ao sul, incidência de buriti.
Com relação às áreas públicas de domínio do Estado e inseridas no território do município de
Parauapebas temos a Colônia Paulo Fonteles (antiga Colônia Jader Barbalho) e a Vila Sanção.
A Colônia Jader Barbalho, atualmente denominada de Paulo Fonteles, foi criada sobre as
terras devolutas da Gleba Ampulheta, em 1986, compreendendo uma área de 238.288,7462
hectares, subdividida em 600 lotes agrícolas, de aproximadamente 50 hectares cada. Apesar
de pesquisas realizadas na instituição estadual responsável pelas terras estaduais, não foi
localizado o ato de criação da referida colônia agrícola, mas apenas processos individuais de
doação de lotes coloniais que datam majoritariamente do período de 1987-1989. O único texto
legal localizado foi o Decreto Estadual n. 3.793, de 05 de maio de 1985 que reservou a área da
Gleba Ampulheta para fins de colonização, regularização fundiária e proteção ambiental.
Como a área de interesse mineral da Vale e o seu cinturão verde estavam prestes a serem
invadidas, no ano de 1985, o Estado do Pará negociou com os movimentos sociais visando a
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
118
solução do litígio, fazendo uma proposta de criação de projeto de colonização em área de
terras devolutas denominada Ampulheta, o que foi aceito pelos movimentos.
Em 2002, foi feito um levantamento para georreferenciar os limites da colônia, uma vez que a
mesma encontrava-se descaracterizada pelo desmembramento de lotes agrícolas por compra,
o que deu origem a fazendas na região. Com base nesse levantamento, ficou constatado que a
maior porção da colônia encontra-se no Município de Marabá e não em Parauapebas. Assim,
com a emancipação do Município de Parauapebas, a colônia Paulo Fonteles está atualmente
localizada nos dois municípios, sendo sua maior porção localizada no Município de Marabá,
conforme relato anterior. Atualmente a área da colônia Paulo Fonteles no Município de
Parauapebas é composta pelas seguintes vilas agrícolas: Vila Paulo Fonteles, Vilinha e Vila
Sanção.
Em 2008, o Governo do Estado do Pará reiniciou atividades de regularização fundiária na
região. No entanto, por falta de solicitação formal de doação por parte do Município de
Parauapebas ao órgão fundiário estadual, o patrimônio dessas duas vilas permanece sob o
domínio do Estado. Conforme informações fornecidas pelo setor de georreferenciamento, a
área vistoriada da vila Paulo Fonteles corresponde a 249 hectares e a Vila Sanção a 12
hectares.
A origem da Vila Sanção foi motivada pela instalação do projeto Salobo. A área
originalmente era considerada como cinturão verde do projeto. O Sr. Odilon Sanção em 1997,
sem qualquer interferência ou autorização municipal loteou a área sob sua posse em 160 lotes
urbanos. Em 2003, novamente foi feito outro parcelamento, também sem autorização
municipal, de 40 lotes urbanos.
Desta forma, é necessário que a Prefeitura de Parauapebas formalize o pedido de doação da
área da vila com a área efetivamente ocupada pela população para fins urbanos para evitar o
deslocamento da população rural para a sede do Município.
Sem levar em consideração os equipamentos públicos federais e estaduais, que não possuem
extensão territorial significativa, resta ainda identificar as áreas que foram arrecadas e
matriculadas em nome da União em razão de procedimento discriminatório e desapropriação
por utilidade pública e interesse social para fins de reforma agrária e ainda não destinados a
particulares. Segundo levantamento realizado nos cadastrados no Serviço de Patrimônio da
União existem quatro glebas federais no território de Parauapebas: Gleba Engano segunda
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
119
parte, Gleba Rio Novo, Gleba Taboca e Gleba Verde.
Sobre essas áreas arrecadas e matriculadas em nome da União, ou então desapropriadas foram
criados assentamentos e doadas áreas a particulares que, se tiverem sido devidamente
destacadas do patrimônio público federal a terceiros, poderão ser desapropriadas diretamente
pelo Município. É também dessas áreas glebas federais que se originaram as doações de áreas
patrimoniais do Município de Parauapebas pelo GETAT quando estas ainda integravam o
patrimônio municipal em Marabá.
Sob o ponto de vista fundiário, se considerarmos as grandes áreas públicas, o Município de
Parauapebas já está ordenado em uma escala macro, uma vez que a dominialidade de todo o
seu território é conhecida e os bens públicos, mesmo os estaduais, já foram identificados e
especializados, ou pelo menos os de maior extensão. Essa regularidade fundiária se deu em
grande parte pelo reconhecimento de grandes áreas de proteção ambiental e de domínio
público federal e, somente em menor grau, pela atuação dos órgãos fundiários estaduais e
federais.
Todavia, em uma escala micro, que é igualmente relevante para a análise da regularidade
fundiária urbana há ainda a necessidade de organização de dados, pois não se sabe exatamente
quais áreas que foram destacadas do patrimônio público federal e municipal. Tais informações
são essenciais para um planejamento adequado da expansão urbana, bem como do adequado
controle e uso do solo urbano.
4. ÓRGÃOS PRESTADORES DE SERVIÇOS DE SANEAMENTO BÁSICO
Neste tópico será apresentado o panorama atual da prestação dos serviços públicos de
abastecimento de água potável, de coleta e tratamento de esgotamento sanitário, de limpeza
urbana e manejo de resíduos sólidos e de drenagem e manejo de águas pluviais no município
de Parauapebas. Pela observação deste panorama se buscará detectar deficiências e eficiências
dos setores responsáveis por estes serviços, auxiliando no embasamento da discussão sobre as
propostas e sugestões de soluções para os componentes do saneamento básico, presentes no
Prognóstico (Tomo 3) do PMSB.
A Constituição Federal do Brasil de 1998 estabeleceu, através do art. 30, inciso V, que
compete ao Município organizar e prestar, diretamente ou sob o regime de concessão ou
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
120
permissão, os serviços públicos de interesse local, e dentre eles estão os serviços de
saneamento básico.
Com a instituição da Lei Federal nº 11.445, de 05 de janeiro de 2007, que estabeleceu
diretrizes nacionais para o saneamento básico, cabe aos Municípios à competência para
organizar, regular, fiscalizar e prestar os serviços públicos nos seus respectivos territórios,
com exceção das ações de saneamento executadas por meio de soluções individuais, desde
que o usuário não dependa de terceiros para operar os serviços, bem como as ações e serviços
de saneamento básico de responsabilidade privada, incluindo o manejo de resíduos de
responsabilidade do gerador.
No munícipio de Parauapebas, os serviços públicos de saneamento básico são prestados pelo
Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAEP), pela Secretaria Municipal de Obras
(SEMOB) e pela Secretaria Municipal de Urbanismo (SEMURB), órgãos da administração
indireta (SAAEP) e direta (SEMOB e SEMURB) do Município. Cabem a estes órgãos a
execução dos serviços públicos de abastecimento de água potável e de coleta e tratamento do
esgoto sanitário; de drenagem e manejo de águas pluviais; e de limpeza urbana e manejo de
resíduos sólidos, respectivamente, nas áreas urbana e rural do município.
Contudo, cabe lembrar que no território do Município de Parauapebas estão inseridas áreas de
proteção (Unidades de Conservação e Terra Indígena (TI), onde a responsabilidade da gestão
territorial das mesmas, respectivamente, cabem ao Governo Federal, por meio do ICMBio e
da FUNAI, o que impede legalmente que estas áreas sejam consideradas para fins de
planejamento municipal ou fiquem sob a responsabilidade do Município, as quais somente
podem ser gerenciados pelo Município de Parauapebas através de instrumentos específicos.
Sendo assim, não serão considerados neste diagnóstico os serviços de saneamento básico
executados nessas áreas. Nesta seção serão apresentados a situação institucional dos órgãos
prestadores dos serviços públicos de saneamento básico no município de Parauapebas
(SAAEP, SEMURB e SEMOB).
Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAEP) 4.1.
O SAAEP é o órgão municipal responsável pela prestação dos serviços públicos de
abastecimento de água e de coleta e tratamento do esgoto sanitário no município de
Parauapebas. A seguir, são apresentadas diversas informações acerca do modo como este
órgão opera, as quais têm por base os dados disponíveis no Diagnóstico Institucional do
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
121
SAAEP (SANTOS NETO, 2018).
O Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Parauapebas (SAAEP) é uma entidade autárquica
de direito público, da administração municipal indireta, criada pela Lei Municipal nº 4.385, de
11 de agosto de 2009, com a competência de operar, manter, conservar e explorar,
diretamente, os serviços de abastecimento de água e de esgotamento sanitário do Município
de Parauapebas.
A estrutura orgânica do SAAEP estabelecida pela sua lei de criação é formada por um
Conselho Técnico Administrativo, uma Diretoria Executiva, uma Procuradoria Autárquica e
mais quatro Divisões, a saber: Divisão de Operação e Manutenção, Divisão de Planejamento e
Obras, Divisão Administrativa e Divisão Financeira e Contábil.
4.1.1. Estrutura organizacional e regimento interno
O organograma atual do SAAEP está de acordo com o previsto na lei de criação da autarquia.
Porém, tendo em vista o tempo decorrido desde a instituição da mesma, sua estrutura
organizacional se encontra defasada em relação às necessidades atuais de gestão da
instituição.
Com a finalidade de ajustar o organograma da autarquia às suas reais necessidades, encontra-
se em processo de construção, para posterior tramitação e aprovação na Câmara dos
Vereadores de Parauapebas, uma proposta para uma nova estrutura organizacional, a qual
considera organograma, cargos, atribuições, salários e quantitativos de vagas dos servidores.
Quanto ao Regimento Interno, existe um documento elaborado em junho de 2012,
caracterizado como regimento interno da autarquia. Entretanto, o mesmo é absolutamente
dissociado da realidade atual do órgão, uma vez que foi elaborado com base em uma minuta
padrão de regimentos de órgãos municipais.
4.1.2. Recursos humanos
A autarquia possui 381 servidores próprios, sendo 309 homens (81,10%) e 72 mulheres
(18,90%). A Tabela 24, a seguir, detalha o quantitativo de empregados existentes, segundo a
relação de trabalho: efetivos (empregados concursados), contratados (empregados com
contrato temporário) e comissionados (nomeados em cargos de confiança).
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
122
Tabela 24 - Quantitativo de servidores do SAAEP, por tipo de vínculo.
Sexo Efetivos Contratados Comissionados Total
Quant. % Quant. % Quant. % Quant. %
Homens 114 75,00% 171 86,36% 24 77,42% 309 81,10%
Mulheres 38 25,00% 27 13,64% 7 22,58% 72 18,90%
Total 152 100,00% 198 100,00% 31 100,00% 381 100,00%
Fonte: SAAEP; SANTOS NETO (2018).
As relações pactuadas com os servidores são estabelecidas pelo Estatuto dos Servidores
Municipais de Parauapebas, regido pela Lei Municipal nº 4.231, de 26 de abril de 2002, não
havendo dessa forma benefícios extras ou que não são determinados pela legislação vigente.
A Tabela 25, abaixo, apresenta a distribuição dos recursos humanos existentes no SAAEP,
por departamento.
Tabela 25 - Evolução do número de funcionários de 2015 a 2018, por departamento.
Departamento Ano
2015 2016 2017 2018
Administrativo 120 90 84 96
Comercial 0 0 45 50
Operacional 220 215 250 225
Técnica 12 6 11 10
Total 352 311 390 381
Fonte: SAAEP; SANTOS NETO (2018).
4.1.3. Procedimentos e rotinas de segurança do trabalho
O SAAEP possui um Setor de Segurança do Trabalho, o qual dispõe de dois Técnicos de
Segurança e pratica, de acordo com a Lei, todos os procedimentos e rotinas de segurança do
trabalho, além de disponibilizar equipamentos necessários de proteção individual e coletiva.
4.1.4. Sistemas de informação
Os principais sistemas de informação utilizados pelo SAAEP são:
ASPEC – utilizado pelo setor de Patrimônio para registro do patrimônio da autarquia e
também pela Diretoria Financeira para os registros contábeis, no que se refere a
empenhos e liquidações de contas, para fins orçamentários;
BETHA Fatura – utilizado para a gestão do sistema comercial, considera módulos de
cadastro, leitura, micromedição, faturamento e cobrança; possibilita a abertura e baixas
de Ordens de Serviços, faturamento de serviços, consultas, emissão de relatórios, a
partir da geração de banco de dados; e
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123
RPM do RH – usado para registro dos servidores, cálculos de vencimentos,
remuneração, férias, licenças, emissão de relatórios, abertura de requerimentos, etc.
4.1.5. Informações operacionais, comerciais e financeiras do SAAEP
As Tabelas 26 e 27, a seguir, detalham as principais informações operacionais, comerciais e
financeiras, consideradas na determinação de indicadores de desempenho do SAAEP.
Tabela 26 - Dados gerais operacionais do SAAEP.
Categoria Unidade Ano
2015 2016 2017 2018*
Pop. Total do Município Habitantes 189.921 196.259 202.356 202.356
Pop. Atendida com Abast. de Água Habitantes 96.892 108.412 131.920 131.004
Pop. Atendida com Cam. Pipa Habitantes 83.704 72.146 55.259 57.146
Pop. Atendida com Esg. Sanitário Habitantes 29.437 36.896 40.066 40.066
Pop. Atendida com Trat. de Esgoto Habitantes 29.437 36.896 40.066 40.066
Volume Produzido de Água m3/ano 18.650.000 19.850.000 25.550.000 28.105.000
Volume Consumido de Água m3/ano 2.942.592 3.104.172 4.607.928 1.681.992
Volume Faturado de Água m3/ano 4.559.168 4.939.404 7.280.526 2.657.547
Volume Faturado de Esgotos m3/ano 689.875 740.911 1.092.079 398.632
Ext. da Rede de Abast. de Água km 625,00 734,95 820,00 820,00
Nº de reclamações totais Reclamações 25.583 19.352 23.805 7.274
Nº de recl. de natureza comercial Reclamações 7.788 6.721 7.301 2.298
Nº de recl. de natureza operacional Reclamações 17.795 12.631 16.504 4.976
Número de funcionários próprios Servidores 352 311 390 381
Fonte: SAAEP; SANTOS NETO (2018).
(* As informações de 2018 referem-se ao período de janeiro a março)
Tabela 27 - Dados gerais comercias e financeiros do SAAEP.
Categoria Unidade Ano
2015 2016 2017 2018*
Faturamento - Água R$ 16.538.293,67 15.672.056,21 11.500.510,56 2.992.951,32
Faturamento - Esgotos R$ - - 1.329.396,72 431.511,24
Faturamento Total R$ 16.538.293,67 15.672.056,21 12.829.907,28 3.424.462,56
Arrecadação R$ 11.737.991,00 9.321.143,27 7.703.827,38 1.130.570,77
Despesas com pessoal R$ 10.749.243,00 11.452.897,00 12.667.440,00 3.673.277,00
Desp. Tot. de Exploração R$ 32.629.685,00 47.143.022,00 37.921.964,00 9.411.105,00
Ligações totais de água Ligação 35.795 41.992 50.898 54.293
Ligações ativas de água Ligação 25.906 30.651 37.731 37.262
Lig. ativ. de água medida Ligação 17.517 21.466 26.263 25.736
Ligações inativas Ligação 9.889 11.341 13.167 17.031
Ligações ativas de esgoto Ligação 2.652 2.869 6.317 6.317
Economias ativas de água Economia 26.205 28.854 50.642 52.735
Econ. ativas de esgoto Economia 3.845 4.160 9.110 9.119
Cart. de inadimpl. no ano R$ 4.800.302,67 6.350.912,94 5.126.079,90 2.293.891,79
Cart. inadimpl. acumulada R$ 11.323.439,37 17.674.352,31 22.800.432,21 25.094.324,00
Fonte: SAAEP; SANTOS NETO (2018).
(* As informações de 2018 referem-se ao período de janeiro a março)
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
124
Com relação aos dados apresentados, vale ressaltar os seguintes pontos:
A população atendida com tratamento de esgotos foi considerada igual à população
atendida com coleta, pelo fato de que todas as redes coletoras existentes estão
conectadas às estações de tratamento existentes;
pela inexistência de equipamentos de medição, não foram apresentados dados referentes
ao volume macromedido; e
devido à substituição do software que realizava o processamento do sistema comercial
no ano passado, não foi possível individualizar os dados de faturamento de esgotos para
os anos de 2015 e 2016.
Estão disponíveis a seguir, na Tabela 28, indicadores de desempenho do órgão, tanto
operacionais quanto econômico-financeiros, levantados entre os anos de 2015 e 2018 e
relatados no diagnóstico da instituição elaborado por Santos Neto (2018).
Tabela 28 - Indicadores de desempenho operacionais e econômico-financeiros.
1. Indicadores operacionais
Nº Discriminação Relação Und. Ano
2015 2016 2017 2018*
1.1
Índice de
atendimento com
abastecimento de
água
(População Atendida
com Água/ População
Total do Município) x
100
% 49,36 55,24 65,19 64,74
1.2
Índice de
atendimento com
caminhões pipa
(População Atendida
com Caminhãoes pipa/
População Total do
Município) x 100
% 42,64 36,76 27,31 28,24
1.3
Índice de
atendimento com
esgotamento sanitário
(População Atendida
com Esgotos/ População
Total do Município) x
100
% 15,00 18,80 19,80 19,80
1.4
Índice de
atendimento com
tratamento de esgoto
(População Atendida
com Tratamento de
Esgotos/ População Total
do Município) x 100
% 15,00 18,80 19,80 19,80
1.5 Índice de perdas de
água na distribuição
((Volume Produzido -
Volume Consumido) /
Volume Produzido) x
100
% 84,22 84,36 81,97 94,02
1.6 Índice de perdas no
faturamento
((Volume Produzido -
Volume Faturado) /
Volume Produzido) x
100
% 75,34 75,12 71,50 90,54
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
125
1. Indicadores operacionais (continuação)
Nº Discriminação Relação Und. Ano
2015 2016 2017 2018*
1.7 Índice de
hidrometração
(Ligações Ativas de
Água Medidas/Ligações
Ativas de Água) x 100
% 67,62 70,03 69,61 69,07
1.8 Índice de ligações
inativas
(Ligações inativas de
água/ligações totais de
água) x 100
% 27,63 27,01 25,87 31,37
1.9 Índice de
reclamações totais
N° de Reclamações
Totais x 1000 /
Economias Ativas de
A+E
- 851,35 586,18 398,40 117,60
1.10
Índice de
reclamações
operacionais
(N° de Reclamações de
Natureza Operacional /
Reclamamações Totais)
x 100
% 69,56 65,27 69,33 68,41
1.11
Índice de
reclamações
comerciais
(N° de Reclamações de
Natureza Comercial /
Reclamamações Totais)
x 100
% 30,44 34,73 30,67 31,59
2. Indicadores econômico-financeiros
Nº Discriminação Relação Und. Ano
2015 2016 2017 2018*
2.1 Tarifa Média
praticada
(Receita Operacional
Total / Volume Faturado
Total) x 100
R$/m3 3,13 2,76 1,53 1,12
2.2 Tarifa Média da água
(Receita Operacional de
Água / Volume Faturado
de Água) x 101
3,60 3,17 1,58 1,13
2.3 Tarifa Média de
esgoto
(Receita Operacional de
Esgotos / Volume
Faturado de Esgotos) x
102
- - 1,22 1,08
2.4 Custo Operacional
Despesa Total de
Exploração / (Volume
Produzido de Água
R$/m3 1,75 2,37 1,48 0,33
2.5 Suficiência
Operacional
(Receita Operacional
Total / Despesa Total de
Exploração) x 100
% 50,68 33,24 33,83 36,39
2.6 Evasão de Receitas (Arrecadação /
Faturamento) x 100 % 29,03 40,52 39,95 66,99
2.7 Produtividade
Funcionário Próprio
N° de Funcionários
Próprios x 1000 /
Ligações Ativas de A+E
- 12,33 9,28 8,85 8,74
2.8 Consumo médio per
capita
Volume de água
consumido / População
com abastecimento de
água
Litros/
Habitante/
Dia
83,20 78,45 95,70 35,18
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
126
2. Indicadores econômico-financeiros (continuação)
Nº Discriminação Relação Und. Ano
2015 2016 2017 2018*
2.9
Carteira de
inadimplentes/Fatura
mento mensal
Carteira de
Inadimplentes /
Faturamento Mensal
Meses 8,22 13,53 21,33 87,94
2.10 Despesa média anual
por funcionário
Despesas de Pessoal / N°
de Funcionários Próprios
R$/
Funcionário 30.537,62 36.826,04 32.480,62 9.641,15
Fonte: SAAEP; SANTOS NETO (2018).
(* As informações de 2018 referem-se ao período de janeiro a março)
Com base nos indicadores de desempenho apresentados a pouco é oportuna a formulação das
seguintes ponderações:
Os baixos índices de atendimento com abastecimento de água e com esgotamento
sanitário, combinados com o significativo índice de abastecimento por caminhões pipa,
retratam a grave deficiência da cobertura dos serviços de saneamento básico no
município;
Considerando a precariedade do sistema de abastecimento de água existente e pela
inexistência de práticas efetivas de manutenção de redes, é provável que os índices de
perdas de água e de faturamento sejam, realmente, bastante elevados; entretanto, os
valores calculados podem estar superavaliados, pelo fato de que os dados referentes aos
volumes produzidos, pela falta de macromedição nos sistemas de produção, são
determinados à partir de estimativas de horas de funcionamento dos sistemas, nem
sempre muito precisas;
O baixo índice de hidrometração do sistema existente é mais um fator que contribui para
a existência de perdas elevadas de água, por estimular desperdícios no consumo da
água;
O elevado valor do índice de ligações inativas, da ordem de 30%, demonstra a
ineficiência do processamento comercial da autarquia, principalmente nos aspectos do
cadastro de consumidores e da cobrança; além disso, essa situação favorece os usos
clandestinos e fraudes;
A defasagem da realidade tarifária da autarquia é retratada pelos baixos valores da tarifa
média praticada;
Vale destacar que os reduzidos custos de produção podem estar sendo artificialmente
atenuados pelos inadequados dados do volume produzido;
O índice de Suficiência Operacional demonstra, inequivocamente, que a Receita
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
127
Operacional é absolutamente insuficiente para cobrir os custos da prestação dos
serviços;
A evasão de receitas, da ordem de 40%, é mais um indicador da ineficiência da gestão
comercial da autarquia, em particular do processo de cobrança (corte e religação); essa
situação é corroborada pela existência de, praticamente, dois anos de faturamento em
aberto;
O elevado índice de Produtividade de Empregado Próprio, da ordem de 8,74 empregado
por 1000 ligações A+E, comprova ou a superlotação do quadro de pessoal ou a base
cadastral absolutamente desatualizada;
Finalmente, o baixo per capita retrata a pouca oferta de água aos clientes da autarquia,
prejudicada pelas elevadas perdas de água existentes.
Concluindo, vale ressaltar que, até o momento, contrariando o disposto pela Lei
11.445/2007, a Prefeitura Municipal de Parauapebas ainda não designou ou criou uma
agência para regular os serviços prestados pelo SAAEP.
4.1.6. Cadastro de consumidores
A Tabela 29, a seguir, detalha a evolução da base cadastral de ligações ativas de água, por
categoria, existente no sistema comercial do SAAEP, do ano de 2015 até o final do mês de
março de 2018.
Tabela 29 - Evolução do número de ligações de água por categoria.
Categorias Tipos de ligação Unidade Ano
2015 2016 2017 2018*
Residencial
Ativas Medidas Ligação 15.652 19.599 23.537 23.041
Ativas Não Medidas Ligação 8.063 8.857 9.651 9.710
Desativadas Ligação 8.942 10.325 11.699 15.963
Total Ligação 32.657 38.781 44.887 48.714
Social e Filantrópica
Ativas Medidas Ligação 203 203 661 700
Ativas Não Medidas Ligação 48 52 1.329 1.323
Desativadas Ligação 425 482 788 88
Total Ligação 676 737 2.778 2.111
Comercial e de
Prestação de Serviços
Ativas Medidas Ligação 966 968 1.199 1.162
Ativas Não Medidas Ligação 190 190 170 172
Desativadas Ligação 393 393 484 652
Total Ligação 1.549 1.551 1.853 1.986
Pequenos
Comércios
Ativas Medidas Ligação 444 444 611 585
Ativas Não Medidas Ligação 43 43 114 113
Desativadas Ligação 107 115 124 209
Total Ligação 594 602 849 907
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
128
Categorias Tipos de ligação Unidade Ano
2015 2016 2017 2018*
Pública
Ativas Medidas Ligação 75 78 83 73
Ativas Não Medidas Ligação 43 41 42 46
Desativadas Ligação 19 23 60 85
Total Ligação 137 142 185 204
Industrial
Ativas Medidas Ligação 5 5 6 5
Ativas Não Medidas Ligação 2 2 2 2
Desativadas Ligação 0 0 9 10
Total Ligação 7 7 17 17
Rural
Ativas Medidas Ligação 172 169 166 170
Ativas Não Medidas Ligação 0 0 160 160
Desativadas Ligação 3 3 3 24
Total Ligação 175 172 329 354
Totais
Ativas Medidas Ligação 17.517 21.466 26.263 25.736
Ativas Não Medidas Ligação 8.389 9.185 11.468 11.526
Desativadas Ligação 9.889 11.341 13.167 17.031
Total Ligação 35.795 41.992 50.898 54.293
Fonte: SAAEP; SANTOS NETO (2018).
(* As informações de 2018 referem-se ao período de janeiro a março)
Por sua vez, a Tabela 30, disposta na sequência, detalha a evolução da base cadastral das
economias ativas de água, existente no sistema comercial do SAAEP, entre os anos de 2015 e
2018 (março).
Tabela 30 - Evolução do número de economias de água.
Categorias Tipos de ligação Unidade Ano
2015 2016 2017 2018*
Todas
Ativas Medidas Economia 17.561 20.450 26.074 26.091
Ativas Não Medidas Economia 8.644 8.404 24.568 26.644
Desativadas Economia 2.437 2.980 18.713 18.713
Total Economia 28.642 31.834 69.355 71.448
Fonte: SAAEP (2018); SANTOS NETO (2018).
(* As informações de 2018 referem-se ao período de janeiro a março)
Com relação aos dados apresentados nas Tabelas 29 e 30, constata-se que, ao final do mês de
março de 2018, o percentual de ligações inativas e economias inativas é da ordem de 45,70%
e 35,48%, respectivamente. Esses números são bastante elevados e indicam uma completa
desatualização do cadastro de consumidores, bem como a provável existência de muitas
ligações clandestinas e fraudes. Essa situação pode ser compreendida pelo fato de que o
último recadastramento completo dos consumidores da autarquia foi realizado em 2012,
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
129
portanto, há seis anos, o que torna o cadastro atual muito pouco confiável.
Embora exista no SAAEP um setor com a responsabilidade de manter o cadastro de
consumidores, com 5 empregados e um veículo dedicados à atividade, não existem
procedimentos rotineiros de atualização do cadastro e as únicas atividades sistematizadas
estão limitadas às incorporações de novas ligações de água e esgotos, na base cadastral da
autarquia. A produtividade de atualização cadastral existente é de 20 cadastros por empregado
por dia, o que faz com que a capacidade total atual da equipe não supere 100
recadastramentos diários, fato este que torna inviável a execução de um processo de
recadastramento com equipe própria.
Com relação ao esgotamento sanitário, a Tabela 31, a seguir, apresenta o número total de
ligações e economias existentes na base cadastral do SAAEP.
Tabela 31 - Evolução do número de ligações e economias de esgoto.
Categorias Ligações/economias Unidade Ano
2015 2016 2017 2018*
Todas
Ligações Ativas Ligação 2.652 2.869 6.317 6.317
Ligações Inativas Ligação 502 380 218 221
Economias Ativas Economia 3.845 4.160 9.110 9.119
Fonte: SAAEP; SANTOS NETO (2018).
(* As informações de 2018 referem-se ao período de janeiro a março)
Uma avaliação realizada pelo SAAEP no Bairro da Paz, área bastante consolidada no
contexto urbano do município, demonstrou que apenas 1/3 dos imóveis existentes encontrava-
se devidamente cadastrado no sistema comercial da Autarquia. Situações como esta devem
existir, em maior ou menor proporção, em todo o município de Parauapebas.
Notou-se, por meio do diagnóstico realizado do referido órgão por Santos Neto (2018), que
tanto o quantitativo de empregados, quanto a infraestrutura de veículos existentes, estão
subdimensionados para atenderem satisfatoriamente a demanda dos serviços de uma
manutenção efetiva da base cadastral a ser atualizada.
4.1.7. Novas ligações
As novas ligações são atendidas mediante solicitação dos usuários, com apresentação de
comprovante de titularidade do imóvel. Todas as novas ligações são atendidas com
hidrômetros, com exceção das ligações da categoria residencial social, para usuários de baixa
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
130
renda. Nas ligações onde são instalados hidrômetros existe um padrão de instalação, que é
uma caixa pré-moldada para ser instalada no piso.
4.1.8. Etapas de leitura, faturamento e entrega de contas
O processo de leitura das contas dos usuários é realizado por 12 leituristas, por meio de
boletim de leitura impresso, que contém a informação da leitura do mês anterior. Retornando
as leituras executadas no campo à sede do serviço, 2 empregados digitam essas leituras no
sistema Betha Faturamento, exclusivo da área comercial. Vale comentar que nesta etapa de
digitalização das leituras, o sistema não realiza nenhuma crítica antes da emissão do
faturamento.
A etapa seguinte diz respeito ao faturamento, onde outros 2 empregados comandam a emissão
das contas e a sua impressão. Assim como na fase anterior, não existe nenhuma crítica prévia
do faturamento antes da entrega das contas aos usuários. Essa prática contribui para a
existência de diversas reclamações sobre os faturamentos gerados.
Por ter uma equipe muito reduzida (apenas 12 servidores executam as tarefas comerciais
externas), somente no momento da leitura mensal dos hidrômetros é que o SAAEP entrega a
conta do mês anterior; assim o prazo entre a leitura e o vencimento de uma conta supera 45
dias, postergando a arrecadação da autarquia. Vale frisar que o SAAEP nunca utilizou os
Correios, como intermediário, no processo de entrega de contas.
4.1.9. Rotinas de atendimento ao cliente
Para promover o relacionamento com os seus clientes o SAAEP disponibiliza quatro tipos de
atendimentos, não disponíveis em finais de semana e feriados:
Atendimento personalizado, realizado na Central de Atendimento ao Cliente, na sede do
Serviço, por seis servidores, com um pré-atendimento, em horário comercial, de
segunda a sexta-feira;
Atendimento telefônico, por meio do número 0800 095 0001, no período de 08h às 18h,
de segunda a sexta-feira; vale comentar que a mesma atendente do 0800 também atende
as ligações telefônicas normais encaminhadas para o PABX do SAAEP (essa função
dupla, em alguns momentos é completamente inadequada);
Atendimento pela Internet, possibilitando a emissão de segundas vias de contas de água;
Posto avançado de atendimento personalizado no Departamento de Arrecadação
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
131
Municipal (DAM).
Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SEMURB) 4.2.
A Lei Municipal nº 4.213, de 29 de junho de 2001, dispõe sobre a estrutura organizacional da
administração direta, enumera os órgãos da administração indireta do poder executivo
municipal de Parauapebas - PA, cria os cargos em comissão e as funções de confiança
necessários à implantação do novo desenho administrativo e dá outras providências, que em
sua seção XI, Art. 32, dispõe sobre a finalidade da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos
e Ambientais - SEMSUA, o que posteriormente foi alterado, tendo em vista, as
complexidades das competências envolvidas em um só órgão.
Assim, a alteração da mesma, pela lei municipal Nº 4.285, de 08 de junho de 2005, que em
seu Art. 1º, alínea “d”, passa a ter a seguinte redação “Secretaria Municipal de Serviços
Urbanos - SEMURB”, com definição de novas competências. Além disso, esta lei preconiza a
criação de uma nova secretaria, no Art. 2º, alínea “j”, responsável pela gestão ambiental do
município, em questão a Secretaria Municipal de Meio Ambiente - SEMMA.
Deste modo, a SEMURB, passa ter as seguintes competências e/ou finalidades, segundo a
Seção XI, Art. 32, Incisos I ao XXII:
I - promover a elaboração do Plano de Trabalho Anual da Secretaria e a avaliação dos
resultados alcançados no ano anterior;
II – Revogado pela Lei Nº 4.285/2005;
III - promover a organização dos serviços de varrição, capina e limpeza de vias e logradouros
públicos e de coleta e destinação final do lixo;
IV - organizar e administrar os serviços municipais de mercados e feiras livres;
V - supervisionar a administração dos matadouros municipais;
VI - coordenar a execução dos serviços relativos a manutenção da iluminação pública e
retransmissão de TV;
VII - administrar os cemitérios municipais e a regulamentação e fiscalização dos serviços
funerários;
VIII - promover os serviços de sinalização e fiscalização de trânsito, em articulação com
órgãos estaduais afins;
IX - definir diretrizes e propor medidas com vistas à organizar e tornar eficiente o sistema de
transportes públicos do Município;
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
132
X - regulamentar, controlar e fiscalizar os transportes públicos municipais, concedidos e
permitidos;
XI - controlar a utilização das áreas destinadas ao estacionamento de veículos bem como
carga e descarga;
XII - fiscalizar os serviços concedidos ou permitidos pelo Município;
XIII - administrar os serviços de iluminação pública, no seu âmbito de atuação, em
coordenação com os órgãos competentes do Estado;
XIV - coordenar atividades relativas ao licenciamento e a fiscalização do parcelamento do
solo urbano e de construções particulares, de acordo com as normas municipais em vigor;
XV - Revogado pela Lei Nº 4.285/2005;
XVI - coordenar as atividades relativas ao licenciamento para localização e funcionamento
das atividades industriais, comerciais e de serviços, de acordo com as normas municipais,
com o apoio da Secretaria Municipal de Fazenda;
XVII - Revogado pela Lei Nº 4.285/2005;
XVIII - elaborar, acompanhar, avaliar e atualizar as normas urbanísticas para o Município,
especialmente as referentes ao desenho urbano, zoneamento, parcelamento, estrutura viária,
obras, edificações e posturas;
XIX - promover de estudos relativos a zoneamento e ao uso e ocupação do solo visando
assegurar a proteção ambiental;
XX - Revogado pela Lei Nº 4.285/2005;
XXI - implantar e monitorar o Programa de Unificação Cartográfica;
XXII - desempenhar outras atividades afins.
Atualmente a SEMURB, está localizada na Rua Rio Dourado s/nº - Quadra Especial, Bairro
Beira Rio, no complexo SEMOB. A mesma encontra-se ilustrada na Figura 31, a seguir.
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
133
Figura 31 - Secretaria Municipal de Serviços Urbanos.
Fonte: Equipe SEPLAN (2018).
Secretaria Municipal de Obras (SEMOB) 4.3.
A Secretaria Municipal de Obras (SEMOB) possui entre suas competências, além da
construção de escolas, unidades de saúde, praças e equipamentos públicos afins, também a
realização de obras de infraestrutura, as quais incluem ações que beneficiam diretamente os
sistemas de macro e microdrenagem do Município. Não apenas a construção de redes de
drenagem e demais elementos que compõem o sistema, mas de igual maneira a manutenção e
a limpeza das estruturas que auxiliam no manejo de águas pluviais são responsabilidade desta
secretaria.
Assim, na estrutura organizacional da SEMOB, são setores envolvidos em ações relacionadas
à drenagem e ao manejo de águas pluviais: 1) Diretoria de Orçamentos e Projetos, responsável
pela elaboração de projetos, orçamentos e processos licitatórios de redes e dispositivos de
drenagem, tanto para a construção de novas estruturas quanto para a manutenção de estruturas
existentes; e 2) Diretoria de Infraestrutura, incumbida, dentre outras atividades, pela
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
134
fiscalização da execução de obras de infraestrutura, as quais incluem obras de drenagem, e
pela manutenção dos sistemas existentes.
Os programas, projetos e ações relativos a este eixo, presentes no Tomo 3 do PMSB de
Parauapebas, serão, portanto, em sua maioria desenvolvidos pela referida secretaria, no
decorrer do horizonte do Plano (20 anos).
5. CONCLUSÃO
No Tomo 1 do PMSB de Parauapebas, apresentado neste documento, foram esclarecidas
questões acerca da legislação que conduz a elaboração e a aplicação de um plano de
saneamento; das características intrínsecas do Município, no que tange à história, sociedade,
meios físico e biótico, uso e ocupação e tantos outros aspectos; e dos órgãos municipais
responsáveis pelos serviços relacionados a cada eixo do saneamento básico.
Estas informações servem de base para o entendimento do diagnóstico dos serviços de
saneamento básico executados no Município, presente no Tomo 2, e do prognóstico,
consolidado do Tomo 3 do PMSB de Parauapebas, onde estão propostas ações para a
melhoria das condições de saneamento ambiental na cidade, a serem praticadas ao longo dos
próximos 20 anos.
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
135
REFERÊNCIAS
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS (ANA). Superintendência de Planejamento de Recursos
Hídricos. Plano Estratégico da Bacia Hidrográfica dos Rios Tocantins e Araguaia.
Brasília, 2009.
BRANDT. Unidade de Queima de Resíduos e Geração de Energia (UQR). Vale S.A.
Relatório de Controle Ambiental/ Plano de controle ambiental. Parauapebas, 2011.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 1988.
_______. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990 (dispõe sobre as condições para a
promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços
correspondentes). Brasília, 1990.
_______. Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997 (institui a Política Nacional de Recursos
Hídricos e dá outras providências). Brasília, 1997.
_______. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000 (institui o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação da Natureza e dá outras providências). Brasília, 2000.
_______. Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001 (estabelece diretrizes gerais da política
urbana). Brasília, 2001.
_______. Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007 (estabelece as diretrizes nacionais para o
saneamento básico). Brasília, 2007.
_______. Lei nº 12.305, de 02 de agosto de 2010 (institui a Política Nacional de Resíduos
Sólidos e dá outras providências). Brasília, 2010.
_______. Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012 (dispõe sobre a proteção da vegetação
nativa). Brasília, 2012.
BRASIL. MINISTÉRIO DAS CIDADES (MC). Guia para a elaboração de Planos
Municipais de Saneamento Básico. 2ª edição. Brasília: Ministério das Cidades, 2011.
BRASIL. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE (MMA). SERVIÇO FLORESTAL
BRASILEIRO (SFB). Relatório de Gestão de Florestas Públicas. Brasília: MMA/SFB, 2011.
CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE (CONAMA). Resolução nº 357, de 17 de
março de 2005 (dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE PARAUAPEBAS
136
seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes,
e dá outras providências). Brasília, 2005.
CONSELHO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS (CNRH). Resolução nº 32, de 15 de
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