tomadas e plugues 3 pinos

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H á cerca de dois anos, em julho de 2001, era finalmente re- solvida uma indefinição com a qual o país se defrontava há décadas: a falta de padronização das tomadas e plugues usados em instalações elétricas de edificações. Naquela data foi aprovada a versão final da NBR 14136: Plugues e tomadas para uso doméstico e análogo até 20 A, 250 V c.a. – Padronização. E, ato contínuo, a padronização seria incorporada ao processo de certifi- cação compulsória de plugues e tomadas então em curso, conduzi- do pelo Inmetro. Com isso, foram fixados prazos para que os produ- tos comercializados no país se enquadrem na padronização. Agora, em plena fase de transição, alguns fabricantes lançaram produ- tos conforme a padronização e ou- tros movimentam-se para cumprir os prazos. Elaborada pela comissão de estu- dos da ABNT intitulada CE 03:023.02 Comissão de Estudo de Interruptores, Tomadas, Pinos e Placas de Uso Geral, pertencente ao CB-03 (Comitê Brasileiro de Eletricidade), a norma não recebeu, quando foi submetida a consulta pública — seguindo os trâ- mites vigentes no país —, nenhum voto contrário. O que não foi nenhuma surpresa, pois havi- am participado pre- viamente da dis- cussão do projeto os segmentos da indús- tria eletroeletrônica envolvidos, reunidos na Abinee — os fa- 52 EM MAIO, 2003 Padronização de plugues e tomadas: primeiros produtos chegam ao mercado Irrepreensível sob o aspecto da segurança, a padronização brasileira de plugues e tomadas prediais estabelece, finalmente, uma linguagem própria e unificadora nessa área. Além disso, ela coroa o processo de certificação compulsória, cujo objetivo é garantir que todos os plugues e tomadas comercializados no país atendam padrões de qualidade. E os primeiros produtos conforme a padronização já começam a chegar ao mercado. Da Redação de EM INSTALAÇÕES – 1 Fig. 1 – As normas e, conseqüentemente, a certificação compulsória abrangem plugues, tomadas e os produtos correlatos, como rabichos, cordões conectores e cordões prolongadores

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Tomada de Plugues três pinos

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Page 1: Tomadas e Plugues 3 pinos

Há cerca de dois anos, em julhode 2001, era finalmente re-solvida uma indefinição com a

qual o país se defrontava há décadas:a falta de padronização das tomadase plugues usados em instalaçõeselétricas de edificações. Naqueladata foi aprovada a versão final daNBR 14136: Plugues e tomadaspara uso doméstico e análogo até20 A, 250 V c.a. – Padronização. E,

ato contínuo, a padronização seriaincorporada ao processo de certifi-cação compulsória de plugues etomadas então em curso, conduzi-do pelo Inmetro. Com isso, foramfixados prazos para que os produ-tos comercializados no país seenquadrem na padronização. Agora,em plena fase de transição, algunsfabricantes já lançaram produ-tos conforme a padronização e ou-

tros movimentam-se para cumprir osprazos.

Elaborada pela comissão de estu-dos da ABNT intitulada CE 03:023.02Comissão de Estudo de Interruptores,Tomadas, Pinos e Placas de UsoGeral, pertencente ao CB-03 (ComitêBrasileiro de Eletricidade), a normanão recebeu, quando foi submetida aconsulta pública — seguindo os trâ-mites vigentes no país —, nenhum

voto contrário. Oque não foi nenhumasurpresa, pois havi-am participado pre-viamente da dis-cussão do projeto ossegmentos da indús-tria eletroeletrônicaenvolvidos, reunidosna Abinee — os fa-

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Padronização deplugues e tomadas:primeiros produtos

chegam aomercado

Irrepreensível sob o aspecto dasegurança, a padronizaçãobrasileira de plugues etomadas prediais estabelece,finalmente, uma linguagemprópria e unificadora nessaárea. Além disso, ela coroa oprocesso de certificaçãocompulsória, cujo objetivo égarantir que todos os plugues etomadas comercializados nopaís atendam padrões dequalidade. E os primeirosprodutos conforme apadronização já começam achegar ao mercado.

Da Redação de EM

INSTALAÇÕES – 1

Fig. 1 – As normas e,conseqüentemente, acertificaçãocompulsóriaabrangem plugues,tomadas e osprodutos correlatos,como rabichos,cordões conectores ecordõesprolongadores

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bricantes de plugues e tomadas, decordões e de aparelhos eletrodomésti-cos e eletroprofissionais. Outros seg-mentos interessados, incluindo mem-bros da comissão responsável pelanorma de instalações elétricas (aNBR 5410), também acompanharamos trabalhos, tendo inclusive manifes-tado seus pontos de vista a respeito doprojeto.

A NBR 14136 foi inspirada nanorma internacional IEC 60906 —documento cujos propósitos incluemo de servir de modelo para paísesainda sem uma padronização nacionalde plugues e tomadas de uso domésti-co e análogo, como era o caso doBrasil. Como toda norma depadronização, a NBR 14136 é com-posta essencialmente de folhas dedesenho, com a indicação de dimen-sões e requisitos. Os desenhos

descrevem diferentes versões deplugues e de tomadas — bipolar (2P),bipolar com contato de aterramento(2P+T), tomadas fixas, tomadasmóveis, etc. Mas todas destinadas,como evidencia o título do documen-to, a “uso residencial e análogo” —ou, numa outra definição, “plugues etomadas para uso em instalaçõeselétricas de edificações”. Não se trata,portanto, de plugues e tomadas indus-triais, objeto de outra norma.

Em termos de corrente nominal, aNBR 14136 padronizou dois valores:10 e 20 A. Isso significa que metadedos desenhos que compõem a normarefere-se a modelos de 10 A e a outrametade aos modelos de 20 A. Cadacorrente nominal reúne, portanto,desenhos equivalentes, compreenden-do plugues 2P+T, para aparelhosclasse I, plugues 2P, para aparelhos

classe II, tomadas 2P+T fixas emóveis e tomadas 2P móveis (estaspara aparelhos classe II).

A exemplo da norma que fixa osrequisitos de desempenho, que é aNBR 6147 (Plugues e tomadas parauso doméstico e análogo até 20 A,250 V c.a. – Especificação), a padro-nização NBR 14136 é aplicável nãosó a plugues e tomadas avulsos, mas atodos os produtos ou montagens queincorporem algum plugue ou algumatomada em sua composição.

Os plugues e tomadas “avulsos”correspondem àquilo que a terminolo-gia da área chama de produtos des-montáveis: as tomadas prediais, sejamelas de embutir, que é o caso mais típi-co, sejam elas de sobrepor ou de semi-embutir, como é o caso das tomadasintegrantes de sistemas de canaletasaparentes; e os plugues disponíveis nocomércio varejista, seja no balcão deum revendedor de material elétrico,seja na prateleira de um supermerca-do, na forma de encartelado.

Já os produtos ou montagens nosquais o plugue, a tomada ou ambosentram como ingrediente são os “rabi-chos”, os cordões conectores e oscordões prolongadores. É o terreno,por excelência, dos produtos não-desmontáveis (produtos injetados, ti-picamente), embora nada impeça quecordões prolongadores, em particular,sejam confeccionados com plugues e

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Fig. 2 – Para proteção contra choques, o corpo isolante do porta-lâmpada devepossuir um colarinho bem saliente (a) ou então o soquete (camisa filetada) doporta-lâmpada deve ser do tipo não-energizado (b) — também chamado de“soquete seccionado”

Fig. 3 – Quando a alavanca porta-fusível é aberta, desfaz-se qualquer contato elétrico com a base e, assim, a retirada outroca do fusível pode ser feita com segurança, não importando qual terminal do dispositivo é ligado do lado fonte

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tomadas desmontáveis.Eles são não-desmontáveisno sentido de que não épossível, ao contrário dosdesmontáveis, acessar oscondutores em seu inte-rior, para desconexão,conexão ou reconexão,pois qualquertentativa nes-se sentido redundaria emdestruição do plugue outomada.

A figura 1 ilustra, alémde uma tomada fixa, ostrês produtos tipicamen-te não-desmontáveis — to-dos de desenho já con-forme a padronizaçãoNBR 14136.

O chamado “rabicho” éum produto que passa aolargo do usuário final, sendotransacionado diretamente entre ofabricante especializado na produçãodesse tipo de peça e o fabricante deequipamento eletroeletrônico que iráincorporá-la ao seu aparelho. Trata-sesimplesmente de um cordão com umplugue numa extremidade; a outraextremidade é desprovida de qualquerelemento de conexão ou, quandomuito, provida de terminais — justa-mente para que o fabricante doequipamento possa ligar os condu-tores dessa extremidade a um borne,terminal ou placa de circuito no inte-rior do aparelho.

O cordão conector é também umcordão de alimentação de equipamen-to, só que, diferentemente do “rabi-cho”, constitui uma peça acabada,com elementos de conexão nas duasextremidades: plugue em uma delas econector na outra. Aliás, na lin-guagem mais popular, ambos — rabi-cho e cordão conector —, são co-nhecidos pelo mesmo nome: “cabo deforça”, ou “cordão de força”.

Como o termo conector tem umaextensa variedade de significados físi-cos, cabe acrescentar que o conectordo cordão conector é um elementoplugável, implicando assim a existên-cia, no equipamento, de acoplamentocompatível. Os conectores mais co-

nhecidos são os da série IEC 60320,como o C13, largamente usado noscordões de alimentação de microcom-putadores do tipo desktop, e o C7,usado, por exemplo, em cordões dealimentação de aparelhos de som dotipo micro-system (os conectores cor-

respondentes integrados aosequipamentos são o C14 e oC8, respectivamente).

Finalmente, o cordão pro-longador nada mais é que apopular extensão. Numaextremidade fica o plugue e,na outra, uma tomadamóvel — que pode serúnica ou múltipla. É o con-teúdo desta segundaextremidade, aliás, que fazcom que o produto às vezesseja chamado também detomada múltipla móvel ou,ainda, barra de tomadas.Outras vezes se reserva otermo cordão prolongadorpara a versão com tomadaúnica e o termo extensãopara o cordão com tomada

múltipla.Neste ponto, relacionados todos os

produtos cobertos pelas NBRs 6147 e14136, é oportuno convencionar, paramaior clareza, que doravante todamenção a plugue ou tomada, isolada-mente — portanto, com a conotaçãoimplícita de produto avulso —, refere-se a produto desmontável; e que osprodutos não-desmontáveis serão emgeral designados pelo rótulo identifi-cador do produto composto, isto é,pelo termo “rabicho” ou “cordão”(seja o cordão um cordão conector ouum cordão prolongador).

Certificação compulsória Todos os produtos abrangidos

pelas NBRs 6147 e 14136, os des-montáveis e os não-desmontáveis, fo-ram expressamente incluídos na certi-ficação compulsória de plugues e to-madas de uso doméstico e análogo es-tabelecida pelo Inmetro. Em 4 de ou-tubro de 2001, o órgão baixou a Por-taria 136, reiterando a certificação —que já havia sido anteriormentedeflagrada — e nela incluindo anorma de padronização (NBR 14136).A portaria fixou diferentes prazospara a certificação, em função do tipode produto, dos agentes envolvidos(fabricantes e importadores, de umlado; comércio, de outro) e da norma

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INSTALAÇÕES – 1

Fig. 4 – Risco de contato acidental com um ou mais pinos doplugue, durante sua introdução ou desconexão da tomada(a), e de inserção monopolar do plugue, ficando o outro pinoacessível ao contato (b)

Fig. 5 – Tomada 2P+T com rebaixo esuperfície protetora. Trata-se de umadisposição construtiva típica detomadas fixas de embutir

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a ser observada (especificação oupadronização).

No que se refere à conformidadecom a NBR 6147, isto é, com a normade especificação, quase todos os pra-zos já se esgotaram. Só está ainda depé, findando em 1º de janeiro de 2004,o prazo dado ao comércio e referenteespecificamente a produtos que não osplugues e tomadas desmontáveis. Noâmbito dos fabricantes e importado-res, hoje só podem ser comerciali-zados plugues e tomadas certificados,sejam eles na forma de peças avulsas,de cordões ou integrados a aparelhos.

Já os prazos para a conformidadede todos os produtos com a padroniza-ção (NBR 14136) são:• 1º de janeiro de 2005, para fabri-cantes e importadores; e• 1º de janeiro de 2006, para o co-mércio.

TransiçãoAlém dos benefícios da certifi-

cação compulsória, que significa to-que de retirada para os produtos emdesacordo com as normas, e do avan-ço que a própria padronização repre-senta em termos de qualidade e segu-rança, a transição para o padrão fixa-do pela NBR 14136 tem tudo para serpacífica. E essa transição deverá serpacífica, entre outras razões, porque:

• o plugue 2P que equipa a grandemaioria dos aparelhos hoje em uso eà venda no comércio é compatívelcom a padronização;• em instalações existentes, ninguémterá de trocar tomadas, aleatoria-mente. Haverá casos em que a trocapoderá ser conveniente, mas nuncaobrigatória e nem a única alternativapossível. Por exemplo, se amanhã oudepois o usuário comprar um apare-lho com plugue 2P+T conforme aNBR 14136 e a tomada 2P+T na qualele pretende ligar o aparelho, a exis-tente, for de padrão italiano, alemão,norte-americano ou qualquer outro(e aí reside justamente uma dasgrandes conquistas da NBR 14136, afixação de um padrão 2P+T comumpara o país, o que até hoje nuncaexistiu), ele poderá optar por trocar atomada — que seria, de fato, o pro-cedimento tecnicamente mais reco-mendável — ou valer-se de adapta-dores que certamente estarão dispo-níveis no mercado. Mas nada quesignifique imposição ou substituiçãoforçada, programada. A propósito,vale lembrar que nenhuma normatécnica tem efeito retroativo, ficandopor conta do livre arbítrio do usuárioe/ou do progressivo desuso de umcerto tipo de produto sua substituiçãopor outro. Quando, no passado, os

disjuntores apareceram no mercado efiguraram pela primeira vez nas nor-mas de instalações, ninguém, noBrasil ou em outro país, foi obrigadoa trocar os fusíveis pelos disjuntores;• as instalações novas já seriamequipadas com tomadas conforme aNBR 14136, à medida que as to-madas forem efetivamente dis-poníveis no mercado. Aqui, sim, vigeo princípio de que novas cons-truções, como qualquer produto,devem observar as mudanças intro-duzidas nas normas técnicas apli-cáveis.

Benefícios da padronizaçãoIrônica, mas coerentemente,

quanto mais transparente para ousuário for essa transição, como seprenuncia, menos ele dará conta dosignificado e dos benefícios dapadronização. Até porque as possi-bilidades e os benefícios que se po-dem extrair de uma padronizaçãonão se resumem à face mais visívelda medida, que é aquela da con-vergência ou unificação, traduzida naimposição de uma linguagem co-mum aos plugues dos aparelhoseletroeletrônicos vendidos no país eàs tomadas às quais serão conecta-dos. O fim de surpresas desagra-dáveis, como a de constatar que oplugue do aparelho não se encaixa natomada da instalação, ou se encaixade forma duvidosa, pode ser de fatoum grande avanço. Mas isso não étudo. A padronização pode significarconquistas, em geral imperceptíveispara o usuário comum, de grande al-cance, que vão da racionalidade eco-nômica à segurança.

Ganhos de escalaUma delas é a economia de escala.

Se cada aparelho eletroeletrônicodevesse ser provido de um pluguedimensionado sob medida para suapotência, é fácil imaginar a multipli-cidade de plugues que daí resultaria,compondo uma série quase infinitade correntes nominais. Cabe àpadronização, assim, fixar um ou unspoucos valores preferenciais, de

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Fig. 6 – Tomada 2P+T com colarinho, sem superfície protetora. Tal disposiçãoconstrutiva é típica de tomadas móveis, seja a tomada móvel única ou múltipla

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forma que as necessidades concretaspossam ser atendidas da forma maisracional possível. O incremento dematerial resultante de uma capaci-dade de corrente acima daquela sobmedida, quando não simplesmentedesprezível, é amplamente compen-sado pelos ganhos econômicos deescala. Portanto, supondo que o uni-verso de aparelhos elétricos uti-lizáveis em instalações prediaisabsorva correntes que raramenteultrapassam 20 A, uma padronizaçãoque preveja apenas duas versões deplugue, de 10 e de 20 A, como faz aNBR 14136, talvez constitua umcompromisso econômico ótimo. Emconseqüência, os aparelhos compotência equivalente situada na faixaaté 10 A usariam o plugue de 10 A; eos que absorvem acima de 10 A, atéo limite de 20 A, usariam então oplugue de 20 A. Aparelhos acimadesse limite, por suposto de uso bemmais raro, poderiam ou ser dotadosde plugue especial (leia-se “não-pa-dronizado”) ou conectados direta-mente aos condutores da instalação,na caixa de derivação, sem uso detomada e plugue.

Não-intercambiabilidadesOutro importante objetivo que uma

padronização pode e deve possibilitaré o de garantir as intercambiabilidadese as não-intercambiabilidades dese-jadas. Trata-se, com efeito, de umadupla tarefa, já que o cumprimento deuma não garante a outra: a padroniza-ção deve permitir todas as conexõescompatíveis e evitar as conexões in-desejadas. Os cuidados com a não-intercambiabilidade, aliás, acabamsobressaindo aos da intercambiabili-dade.

De fato, uma tomada não deve per-mitir a inserção de um plugue comcorrente nominal superior à sua. Essaexigência consta, explicitamente, daNBR 14136: a tomada de 10 A nãodeve permitir a inserção de um pluguede 20 A. O objetivo, claro, é evitar queela seja submetida a uma correntealém do valor suportável, com todosos perigos daí resultantes. Isso supon-

do, como manda o senso comum, quenenhum equipamento com correntenominal de até 10 A seria equipadocom um plugue de 20 A — o que nãoseria nenhum absurdo técnico, masum contra-senso econômico. Já quempode o mais pode o menos e, por isso,uma tomada de 20 A deve permitir ainserção de ambos os plugues, de 10 ede 20 A — exigência também explíci-ta da NBR 14136.

Outro exemplo de não-intercam-biabilidade que pode ser desejada e,caso julgada vantajosa, incorporada auma padronização, é a que evitaria,independentemente de cuidados dousuário, a inserção do plugue de umequipamento de determinada tensãonominal a uma tomada prevista paraser alimentada com tensão diferentedaquela. A padronização norte-ame-ricana, por exemplo, estabelece dife-rentes desenhos de tomadas paradiferentes tensões. Não é possível

inserir uma configuração de pluguevinculada a determinada tensão auma configuração de tomada dequalquer outra tensão. Isso nos doissentidos, ou seja, o plugue de umaparelho de 125 V não se acopla auma tomada de 250 V e nem oplugue de um aparelho de 250 V seacopla a uma tomada de 125 V —desde que o eletricista ou usuárionão cometa equívocos, como instalaruma tomada “de 125 V” (leia-se “dedesenho previsto para uso em125 V”) num circuito com tensãode 250 V.

No Brasil, a legislação dosserviços de eletricidade estabelecenão uma única, mas duas tensõespadronizadas, fase–terra, de uso eminstalações de edificações: 127 V e220 V. Assim, a hipótese de não-intercambiabilidade vis-à-vis a ten-são de uso foi estudada durante oprocesso de definição da padroniza-

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Apalavra de Renato Buselli, diretorda Área de Material Elétrico de

Instalação da Abinee - AssociaçãoBrasileira da Indústria Elétrica eEletrônica.

Entre os fabricantes, há algumarestrição à padronização, seja quantoao padrão, em si, seja no que tangeaos prazos de entrada em vigor?

Fizemos algumas reuniões naAbinee, para tratar desse tema. Re-sumindo essa discussão, eu possodizer o seguinte: os fabricantes vãorespeitar o prazo máximo de comer-cialização da linha atual, dado naPortaria 136, que é final de 2004. Nósachamos também que é necessáriauma campanha sobre a padronização,para que as pessoas tomem conheci-mento disso com antecedência, princi-palmente o comércio e o consumidor.

Essa campanha seria iniciadaquando?

O mais rápido possível, porque co-mo teremos uma mudança na linha deprodutos daqui a pouco mais de umano, temos de antecipar essa comuni-cação ao mercado.

Além disso, a visão dos fabricantesé de que talvez devesse ser aumenta-do um pouco o prazo dado aorevendedor. Isso por conta da situaçãomuito peculiar que caracteriza esse

período de transição. Os produtosatuais foram submetidos a uma certifi-cação compulsória, há relativamentepouco tempo, e a partir de 2005 essesprodutos não poderão mais ser comer-cializados pelos fabricantes e importa-dores. Para os revendedores, o prazovai até o início de 2006. Há o receio deque esse prazo adicional de um anopara os revendedores talvez não sejao suficiente para escoar o estoque deprodutos atuais que estaria nas mãosda revenda. Mas veja bem: não estoufalando do prazo de aquisição dos pro-dutos atuais, que é aquele de comer-cialização fixado para fabricantes e im-portadores, ou seja, início de 2005.

Todos os fabricantes nacionais deplugues e tomadas são associados daAbinee?

Eu não saberia dizer, mas em ter-mos de market share mais de 90% es-tão dentro da Abinee.

Como estão os preparativos das in-dústrias para a padronização?

As empresas que compõem amaioria do market share já estão in-vestindo nos seus projetos. E pratica-mente todas as empresas do mercadoconhecem o volume de investimentonecessário. Os fabricantes de plugues,em particular, estão muito mais adi-antados, já com rabichos certificados.

“Os fabricantes vão respeitar os prazos”

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ção brasileira. As vantagens edesvantagens foram pesadas e con-cluiu-se que o balanço não era fa-vorável à idéia, optando-se pelorecurso da marcação e identificaçãopara prevenir o risco de ligaçõesinadvertidas por parte do usuário.

Uma das razões foi evitar a multi-plicidade de versões. No caso norte-americano, por exemplo, só no seg-mento 2P+T e do tipo de simplesinserção, são três modelos diferen-tes de 15 A — para 125 V, 250 V e277 V —, e outros três diferentes de20 A, para as mesmas tensões (125,250 e 277 V). Seis variantes, portan-to — todas não-intercambiáveis,como mencionado. Se computadasoutras correntes nominais e astomadas e plugues traváveis, isto é,do tipo insira-e-gire, as variantes, nafamília 2P+T, passam de 15. Napadronização brasileira, com adecisão adotada, a família 2P+Tpôde resumir-se, como já menciona-do, às duas versões de correntesnominais, de 10 e de 20 A, ambascom tensão de isolamento de 250 V,podendo ser usadas, portanto, eminstalações de 127 V e de 220 V,cabendo então à marcação a orien-tação contra ligações inadvertidas.

Outra razão para evitar a adoçãode desenhos diferentes vis-à-vis atensão de uso é a existência doschamados aparelhos bivolt — algunscom autosensing, isto é, comdetecção automática da tensão àqual foram conectados, e comutaçãoidem, e outros dependentes da açãodo usuário, que deve previamentecomutar uma chave, da posição127 V para a posição 220 V ou vice-versa. Assim, se pretendida a não-intercambiabilidade relativamente atensões, que plugues os equipamen-tos bivolt deveriam utilizar? No casodos equipamentos com autosensing,talvez se pudesse cogitar de umdesenho de plugue específico, capazde permitir sua inserção tanto natomada de 127 V quanto na de 220 V,com o preço de mais uma variante(ou de tantas quantas fossem as cor-rentes nominais padronizadas). Já no

caso dos equipamentos bivolt comcomutação manual, não haveria outrasolução concreta senão aquela indis-pensável ao uso incólume do equipa-mento: atenção prévia do usuário àtensão da tomada à qual o equipa-mento será ligado. E remetendo, por-tanto, ao caminho pelo qual apadronização brasileira optou: mar-cação e identificação das tomadas eplugues, aspecto que a norma deinstalações elétricas se encarregariade reforçar.

Proteção contra choquesDe todos os ganhos e benefícios

proporcionados por uma padroniza-ção de plugues e tomadas — não a“padronização” pobre de objetivosque o sentido comum do termo podesugerir, claro, mas aquela capaz deproduzir os resultados mais compen-sadores —, talvez os mais meritóriossejam mesmo aqueles associados aquestões de segurança, em particularcontra choques elétricos. Não sóimpedindo conexões incompatíveissob esse ponto de vista, mas provendo

proteção contra contatos acidentaiscom partes vivas. Neste particular, apadronização brasileira alinha-se comconquistas marcantes da normaliza-ção internacional, e presentes tambémnas normas nacionais de plugues etomadas de diversos países.

O aspecto da segurança torna-seespecialmente relevante porque nãose trata de tomadas e plugues quais-quer, mas tomadas e plugues de usodoméstico e análogo. Pois para a nor-malização em geral, tanto a de insta-lações quanto a de componentes eequipamentos, o usuário da instalaçãodoméstica ou análoga é sempre con-siderado absolutamente leigo, semnoção dos riscos de choques elétricos.Ao passo que no âmbito de insta-lações ou locais mais específicos,como numa subestação, por exemplo,certos componentes e certas dis-posições construtivas são tratadospela normalização de forma menosrigorosa, porquanto nesses locais ouinstalações normalmente só é admiti-do o ingresso de pessoas habilitadas,com conhecimento dos riscos.

Esse é, portanto, um ponto pacíficoe consagrado da normalização inter-nacional de equipamentos e materiaiselétricos de uso doméstico e análogo:eles devem ser concebidos e construí-dos de forma tal que o usuário dainstalação não corra risco de contatoacidental com partes vivas. Acresce,ainda, que certos componentes, devi-do à sua característica funcional,devem apresentar detalhes constru-tivos especiais, visando garantir asegurança do usuário na manipulaçãodo componente. É o caso, com efeito,das tomadas e plugues. Como é, tam-bém, de porta-lâmpadas e de disposi-tivos fusíveis, para mencionar doisoutros exemplos.

De fato, ao instalar uma lâmpadaincandescente, o usuário pode even-tualmente tocar a base da lâmpada,surgindo então o risco de choqueelétrico se o casquilho já tiver esta-belecido contato com parte viva doporta-lâmpada. Mas o porta-lâmpada— no caso, um porta-lâmpada derosca Edison — não deve permitir

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INSTALAÇÕES – 1

Fig. 7 - Tomada 2P+T combinandorebaixo e colarinho. Tal disposiçãoconstrutiva é típica de tomadas fixasde semi-embutir e de tomadas fixas desobrepor

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esse risco, de acordo com as normasdo produto. Elas prescrevem que osporta-lâmpadas devem ser concebidosde tal forma que a base da lâmpadajamais fique acessível se estiver sobtensão. São duas as soluções maisconhecidas capazes de atender essaexigência: ou o porta-lâmpadas édotado de “soquete não-energizado”ou de um colarinho com profundidadecapaz de garantir afastamento sufi-ciente entre a camisa filetada (osoquete propriamente dito) e a bordado porta-lâmpada (figura 2). Issogarante proteção independentementede qual dos contatos do porta-lâmpa-da é ligado a este ou aquele condutor(fase ou neutro), até porque uma lâm-pada tanto pode vir a ser alimentadaem esquema fase–neutro quanto emesquema fase–fase.

Como na troca de lâmpada, asoperações envolvendo fusíveis devempoder ser feitas sem risco de choqueelétrico para o usuário. É essa preocu-pação, aliás, que explica por que nãose deve confundir “fusíveis”, simples-mente, com “dispositivos fusíveis”.Porque os “fusíveis” constituem ape-nas parte de um conjunto — conjuntoque irá garantir que a substituição dofusível, devido à sua queima, oumanobras de seccionamento sejamfeitas sem o risco de choque elétrico.Dispositivos fusíveis de uso domésti-co e análogo, como o da figura 3 —que é apenas um exemplo, pois exis-tem outras formas ou arranjos cons-trutivos —, devem efetivamente ga-rantir plena proteção para a troca dofusível ou sua re-tirada, para fins deseccionamento. Eisso, a exemplo doporta-lâmpada,independen te -mente de comosão ligados os ter-minais do disposi-tivo: o porta-fu-sível, no caso, éna verdade ummero insersor eextrator de fusí-veis, não apre-

sentando nenhum outro elemento deconexão elétrica à base ou ao circuitoem que é inserido senão as própriasvirolas do fusível.

A mesma filosofia de proteçãoilustrada com os exemplos dos porta-lâmpadas e dispositivos fusíveis éaplicada aos plugues e tomadas. Enem poderia ser diferente. O ato deconectar (ou desconectar) um pluguea uma tomada envolve riscos seme-lhantes aos da troca/retirada de lâm-padas e fusíveis. A pessoa poderia

inadvertidamente tocar um dos pinosdo plugue, ou ambos, enquanto o pinoainda mantém (caso de desconexão)contato com o alvéolo vivo da tomada(figura 4a). Ou a pessoa poderia inad-vertidamente introduzir na tomadaapenas um dos pinos do plugue, cor-rendo assim o risco de choque elétricocaso toque no pino não introduzido(figura 4b). Essas são situações derisco concretas, evocáveis não só pelosentimento algo familiar que as cenasda figura 4 nos inspiram, como tam-bém pela lembrança de que as pessoasmuitas vezes se valem dos própriosdedos, colocando-os em contato como pino do plugue, para se orientar natentativa de encaixá-lo numa tomadade mais difícil acesso — por exemplo,atrás de um móvel.

Pois a padronização brasileiraNBR 14136 atentou para todos essescuidados. Primeiro, os contatos datomada devem ficar recuados emrelação à superfície de contato com ocorpo do plugue. Segundo, e comple-mentando esse recuo, a tomada deveapresentar ainda uma das seguintesdisposições construtivas:

a) rebaixo, vale dizer, face rebaixa-da (a “face” aqui referida é aqueladelimitada pela área de contato com ocorpo do plugue), com superfície pro-tetora. Esse é o arranjo, por excelên-cia, das tomadas fixas de embutir(figura 5);

b) colarinho saliente, sem necessi-dade de superfície protetora. É umarranjo talhado tipicamente paratomadas móveis e tomadas fixas de

sobrepor (figura 6).Vale lembrar, nocaso das tomadasmóveis, que elasexistem nas ver-sões “tomada úni-ca” e “tomada múl-tipla”;

c) combinação derebaixo e cola-rinho, com superfí-cie protetora. Acandidata naturalao uso desse arran-jo é a tomada fixa

MAIO, 2003 EM 6 1

Fig. 8 – Plugue da padronização NBR14136. A entrada do cabo pode ocuparqualquer das posições indicadas. Ospinos vivos podem vir ou não comcapa isolante (a norma diz que ela éopcional). E o diâmetro da capaisolante, caso existente, deve ser talque ela não sobressaia à parte não-isolada dos pinos

Fig. 9 – O recuo dos contatos da tomada em relação à face de contato com oplugue, somado à exigência de rebaixo e superfície protetora (ou, o que dá nomesmo, colarinho, ou misto de rebaixo e colarinho com superfície protetora),elimina o risco de contato acidental com pinos vivos

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de semi-embutir ou a tomada fixa desobrepor (figura 7). O arranjo tambémpode ser usado em tomadas móveis.

Como mostram as figuras referidas(5 a 7), a NBR 14136 especifica asdimensões do rebaixo, do colarinho, adistância mínima para o recuo dos

contatos e as dimensões mínimas dasuperfície protetora em torno da facede contato com o plugue — além,claro, de outras dimensões que umanorma de padronização deve estabele-cer, incluindo as do próprio plugue(figura 8). E, como ilustra a figura 9,

tais disposições garantem então oatendimento dos dois princípios ba-lizadores da proteção contra contatosacidentais com partes vivas aplicáveisao produto:

a) o de que partes sob tensão dosplugues não devem ser acessíveis

62 EM MAIO, 2003

INSTALAÇÕES – 1

Que razões determinam a necessi-dade de certificação compulsória

de um produto?Pode ser a importância do produto

sob o aspecto da saúde e/ou segu-rança dos consumidores. Pode ser oimpacto do produto no meio ambiente.Podem ser objetivos econômicos,muitas vezes também contemplandoexigências ecológicas, como os de efi-ciência energética. Pode ser a preocu-pação de garantir uma competiçãomais justa no mercado, evitando queele enverede pelo círculo vicioso donivelamento por baixo, em que produ-tos de má qualidade, mas maisbaratos, induzam uma corrida em mar-cha a ré. E pode ser uma combinaçãoparcial ou total dessas razões.

Pois foi uma mistura disso tudo — asegurança do usuário e de suas insta-lações elétricas, as perdas queconexões de má qualidade produzem ea existência de “uma grande variedadede dispositivos produzidos em de-sacordo com as normas técnicas” —que levou o Inmetro a instituir, com aPortaria nº 185, de 21 de julho de 2000,a certificação compulsória de plu-gues e tomadas de uso doméstico eanálogo.

Traduzida em termos práticos, a ini-ciativa significa que todos os plugues etomadas produzidos e/ou comercializa-dos no país (o que inclui, portanto, pro-dutos importados) devem seguir asnormas técnicas nacionais aplicáveis.Ou, ainda, que a comercializaçãode produtos não-certificados — porsuposto, em desacordo com as nor-mas — fica proibida.

Portanto, num processo de certifi-cação, a referência básica são as nor-mas técnicas aplicáveis ao produto —todas quantas existirem. Assim, quan-do a norma de padronização deplugues e tomadas, a NBR 14136,tornou-se realidade, depois de discuti-da e aprovada pelos segmentos inte-ressados, nada mais natural que elafosse incorporada ao processo de cer-tificação compulsória que havia sidodesencadeado em 2000. E isso se deuvia Portaria Inmetro nº 136, de 4 deoutubro de 2001.

Na entrevista que se segue,Gustavo Kuster, da Divisão de Pro-grama de Avaliação da Conformidadedo Inmetro, fala da padronização, dasconversas com os fabricantes e de ini-ciativas que estão sendo estudadaspara divulgar o padrão brasileiro.

A indústria tem apoiado a iniciativade certificação compulsória, inclusiveno aspecto da padronização? Após aPortaria nº 136 o Inmetro emitiu algumoutro documento, envolvendo a pa-dronização?

Com relação à padronização, não.O único documento posterior, referentea plugues e tomadas, foi a Portarianº 134, de 2002, que promoveu algunsajustes na Portaria 136, mas apenasno que tange à certificação conforme aNBR 6147, a norma de especificação.Portanto, não houve nenhuma mu-dança no que diz respeito à padroni-zação.

Na área elétrica, o Inmetro sempreatuou em parceria com o setor indus-trial. No Brasil, os fabricantes da áreaelétrica estão ligados à Abinee, que é ainterlocutora do Inmetro nesse setor.

À época em que estávamos elabo-rando a portaria 136, a Abinee, emnome dos fabricantes, nos solicitou, ousugeriu, que colocássemos na portariatambém a padronização, e não apenasa certificação relativa à especificação.Então nós nos reunimos com fabri-cantes, congregados pela própriaAbinee, e esses fabricantes confirma-ram o pleito. Daí a inclusão da pa-dronização na portaria.

A solicitação, então, partiu dospróprios fabricantes?

Sim, da Abinee, que representa osfabricantes, e depois dos próprios fa-bricantes. Representantes dos fabri-cantes estavam na reunião em que seconfirmou esse pleito.

Houve entre os presentes algumadivergência em relação à necessidadedo padrão?

Não, pelo contrário. Tanto que oInmetro, junto com a Abinee, estáplanejando desenvolver uma campa-

nha no sentido de divulgar o padrão.Promover talvez workshops, debatescom fabricantes, para esclarecer comoserá a entrada em vigor, a fiscalização,como o Inmetro vai atuar, etc., tudoisso justamente para fortalecer opadrão.

Essa iniciativa é do Inmetro e daAbinee?

A Abinee e os próprios fabricantespropuseram que se fizesse algum tipode divulgação nesse sentido, por meiode workshops ou algo similar, e oInmetro prontamente se colocou à dis-posição para apoiar. Por exemplo, seeles montarem um workshop, o Inme-tro estará lá falando sobre o seu papelnessa regulamentação.

Nesses contatos com os fabricantestêm havido também relatos de comoandam os preparativos para a pa-dronização?

O prazo é janeiro de 2005. Con-siderando a necessidade de ferramen-tal e engenharia, tem de começar ago-ra. Todos os fabricantes com quemconversei disseram que já têm os seusprojetos prontos. Já estão entrando nafase de ferramentaria.

O padrão estabelecido é bom?Sempre vai haver questionamentos,

de que o padrão deveria ser este ouaquele, mas a iniciativa da padroniza-ção é válida, tem como finalidade ga-rantir mais segurança. E a padro-nização é uma tendência mundial. Vocêvê países da América do Sul com o seupadrão; na Europa, não preciso nemfalar; os EUA há muito tempo têm o seupróprio padrão; etc.

O Inmetro não entra na discussãotécnica de se o padrão deveria ser esteou aquele, porque quem entende tecni-camente do produto é o fabricante. Afunção do Inmetro é estabelecer omecanismo de avaliação da conformi-dade. Sob esse ponto de vista, nósdefinimos como fazer. Quanto ao as-pecto técnico, confiamos nos fabri-cantes, que foram a base para criar anorma, e nos laboratórios, que fizerama avaliação técnica dessa norma.

Inmetro: padronização, maior segurança

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quando o plugue estiver parcial oucompletamente introduzido numatomada; e

b) o de que não deve ser possívelestabelecer conexão entre o pino deum plugue e o alvéolo vivo de umatomada enquanto um outro pino esti-ver acessível.

Mas a preocupação contra choquesnão se esgota no âmbito do produto,em si. A padronização, sintonizadacom os conceitos maiores que susten-tam a filosofia de proteção contrachoques consagrada pela normaliza-ção internacional, e que permeiamtanto as normas de procedimentosquanto as de produtos, trata coerente-mente das intercambiabilidades e dasnão-intercambiabilidades necessáriasà preservação daqueles conceitos. Emtermos de tomadas fixas, por exem-plo, a padronização se alinha com aorientação da NBR 5410 — aliás,como deve ser, pois tomada fixa é umcomponente da instalação —, de que ainstalação deve ser a mais universalpossível e, ao mesmo tempo, fiel aosprincípios básicos que definem, paraos equipamentos elétricos, diferentesclasses sob o ponto de vista da pro-teção contra choques. Nesse sentido, atomada fixa da padronização bra-sileira confere à instalação a necessá-ria universalidade, pois aceita a inser-ção direta, sem necessidade de qual-quer adaptador, de plugues de equipa-mentos classe I e classe II (figura 10).

Rumo à padronizaçãoO prazo para que fabricantes e

importadores enquadrem seus produ-tos na padronização NBR 14136, queé 1º de janeiro de 2005, pode parecerfolgado o suficiente. Principalmentese se levar em conta a data em que foifixado, via Portaria nº 136 do Inme-tro: 4 de outubro de 2001. Feitas ascontas, são 39 meses, ou três anos etrês meses. Mas nessa altura, meadosde 2003, o tempo que ainda resta nãooferece muita margem para prote-lações, mesmo porque não é possívelpôr um novo produto na rua do dia pa-ra a noite. Por isso, vários fabricantesjá colocaram em marcha seus planosde conversão. Outros preferiram sairna frente. Entre outras razões — econsiderando-se a obrigatoriedadeainda algo distante —, para assumi-damente colher os dividendos de ima-gem e marketing resultantes dessa li-derança no processo de padronização.

Na verdade, já existem no merca-do alguns produtos conforme aNBR 14136. É o caso de plugues2P — caso já mencionado, indireta-mente, no trecho que tratou da tran-sição rumo à padronização — e detomadas móveis também 2P (figura11). Uma enquete preliminar feitapela redação de EM, junto a fabri-cantes brasileiros do segmento dematerial elétrico de instalação, reve-lou que pelo menos três empresas fa-bricam normalmente o plugue 2P de10 A: Perlex, Pial Legrand e Pri-melétrica.

No caso da tomada móvel 2P, pelomenos um fabricante declarou ofere-cer o produto (de 10 A): a PialLegrand.

Nesse segmento, de plugues e detomadas móveis 2P, a enquete apuroutambém que o mercado terá breve-mente novas opções, todas com cor-rente nominal de 10 A:– até meados deste ano, plugue etomada marca Peesa;– até o final do ano, plugue daForjasul Eletrik e tomada da Perlex eda Primelétrica.

Quanto aos demais produtosdesmontáveis, além de declaraçõescategóricas da intenção de lançá-losdentro do prazo fixado pela portaria

do Inmetro, mas sem detalhes comrelação ao cronograma pretendido, aenquete colheu também informaçõesmais precisas entre alguns fabricantes.Essas informações dão conta de queaté o fim deste ano deverão ser intro-duzidos comercialmente os seguintesprodutos (desmontáveis) em con-formidade com a NBR 14136:• plugue 2P+T: Forjasul Eletrik(10 A) e Peesa (10 e 20 A);• tomada fixa 2P+T de embutir:Forjasul Eletrik (10 A), Peesa (10 e20 A) e Primelétrica (10 e 20 A);• tomada fixa 2P+T de semi-embutire/ou de sobrepor: Forjasul Eletrik(10 A), Peesa (10 A) e Primelétrica(10 e 20 A);• tomada móvel 2P+T: Perlex (10 A).

Mas é no segmento de rabichos ecordões que se registram os primeiroslançamentos nascidos diretamente emdecorrência da NBR 14136 — semfalar das promessas também aí identi-ficadas pela enquete preliminar deEM. Pelo menos três empresas da áreajá oferecem cordões e rabichos con-forme a padronização: a Condupar, aDaneva e a Volex. Os produtos foramdevidamente certificados — valedizer, duplamente certificados, poissubmetidos à certificação de con-formidade com a norma de especifi-cação e com a norma de padroniza-ção.

Os da Condupar são rabichos ecordões conectores 2P, de 10 e de20 A. O plugue 2P de 10 A foi certifi-

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INSTALAÇÕES – 1

Fig. 10 – A tomada fixa (2P+T) dapadronização brasileira aceita a inserçãodireta tanto de plugues deequipamentos classe I (2P+T) quanto deplugues de equipamentos classe II (2P) Fig. 11 – Plugues e tomadas móveis

2P conforme a NBR 14136 já sãodisponíveis no mercado há anos

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cado em junho/julho de 2002; o de20 A, em janeiro de 2003.

Os da Daneva são rabichos ecordões prolongadores 2P, de 10 A.“O plugue foi certificado em julho de2002 e a tomada móvel em novembrodo mesmo ano, ambos pela UniãoCertificadora”, informa MarceloFilippelli, diretor comercial daDaneva. O cordão prolongador (figura12) é do tipo tomada única, disponí-vel com seções nominais (do condu-tor) de 0,75 a 1,5 mm2 e nos compri-mentos de 3 a 30 m. São duas asopções de condutor, tanto para ocordão quanto para o rabicho: cor-dão paralelo ou cabo PP (plano oucircular).

Outros passos da empresa, dentroda padronização NBR 14136, com-preendem o lançamento de produtosincorporando plugues 2P de 20 A eplugues 2P+T de 10 A, o que está pre-visto para os próximos meses. ADaneva não fabrica plugues e tomadasdesmontáveis (linhas de embutir e desobrepor) e, segundo Marcelo Filippe-lli, não pretente, pelo menos por quan-to, entrar nesse segmento.

O diretor comercial comenta que aDaneva saiu na frente no lançamento ena certificação de produtos conformea NBR 14136, antecipando-se a ou-tros fabricantes, para ganhar mercado:“A hora é agora, e não quando todosforem obrigados”, explica.

Já a Volex, que também só atuano segmento dos “não-desmontáveis”,foi provavelmente a primeira a lançare certificar cordões e rabichos do tipo2P+T (figura 13). A certificação con-forme a NBR 14136 foi obtida em

dezembro de 2002, via UniãoCertificadora. A certificação refere-se,mais exatamente, ao plugue (2P+T),já que o cordão lançado pela empresaé do tipo cordão conector — e oconector de tais cordões está fora dacertificação compulsória instituídapelo Inmetro. Mesmo assim, MarcoAurélio Martinez Elias, gerente devendas e marketing, garante que “fazparte da política de qualidade daVolex homologar ou certificar todosos seus produtos, de forma completa.Por isso, o nosso contrato com aUnião Certificadora prevê a homolo-gação dos conectores, já que os testesaplicados aos plugues servem tambémpara os conectores”.

O rabicho e o cordão conforme aNBR 14136 lançados pela Volex sãodisponíveis nas correntes nominais de10 e 20 A — incluindo o conector, nocaso do cordão. O cabo possui veias ecobertura de PVC 70°C, sendo asveias nas cores marrom, azul e verde-amarelo (condutor PE), com seção de0,75 mm2. O comprimento do cordãoconector depende da necessidade docliente (a Volex só fornece para fabri-cantes de equipamentos), variando de1 m a 2,10 m, geralmente.

Marco Aurélio conta que o projetodos novos produtos nasceu no iníciode 2002, “por solicitação de alguns denossos clientes. Aliás, o primeiro afazer tal solicitação foi a Epson. Eagora o produto pode ser oferecido aoutros clientes locais, já que atende ànormalização brasileira”.

A exemplo da Daneva, a Volextambém tem utilizado os lançamen-tos como trunfo para fortalecer sua

imagem e sua presença no mercado.Como ressalta Marco Aurélio, “fo-mos uma das primeiras, senão a pri-meira empresa, a homologar o plu-gue 2P+T conforme a NBR 14136.Através de um trabalho de divulgação,com o envio de mala-direta eamostras, estamos informando nossosclientes que a Volex já tem o produtoque deverá constar obrigatoriamentede seus equipamentos a partir de2005. E a reação que temos percebido,da parte dos clientes, é de certa tran-quilidade e alívio, pela existência deum fornecedor local já em condiçõesde suprir suas necessidades nofuturo.”

Ainda no segmento de produtosnão-desmontáveis (rabichos e cor-dões), as empresas que detalharam umpouco mais seus planos, na enquetepreliminar de EM, foram a Condupar,Duralux e Forjasul Eletrik. Os produ-tos são os seguintes, todos com pre-visão de lançamento até o final de2003: • cordão conector 2P+T: Condupar(10 A), Duralux (10 A) e ForjasulEletrik (10 A);• cordão conector 2P: Duralux eForjasul Eletrik (ambos de 10 A);• cordão prolongador 2P+T: Condu-par (10 A, tomada única) e ForjasulEletrik (10 A, tomada única e tomadamúltipla);• cordão prolongador 2P: Condupar(10 e 20 A, tomada única, comlançamento anunciado para junho de2003) e Forjasul Eletrik (10 A, nasversões tomada única e tomadamúltipla).

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Fig. 13 – Cordão conector 2P+T conforme a padronizaçãobrasileira lançado pela Volex

Fig. 12 – Cordão prolongador 2P conforme a padronizaçãobrasileira lançado pela Daneva