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Toda a história da Redenção em apenas 14 passos Superstição Seu santo é forte? 5 Castidade Caretice ou expressão de amor? 4 Obesidade São tão fofinhas essas crianças 7 Gente nova Alguém vem para servir 14 Ano IX - Número 110 - Março de 2016 WWW.PAROQUIASANTATERESINHA.COM.BR em ação

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Toda a história da Redenção em apenas

14 passosSuperstição

Seu santo é forte?

5

Castidade

Caretice ou expressão de amor?

4

Obesidade

São tão fofinhas essas crianças

7Gente nova

Alguém vem para servir

14

Ano IX - Número 110 - Março de 2016 WWW.PAROQUIASANTATERESINHA.COM.BR

em ação

EDITORIAL CHUVA DE ROSAS

Como podeum cenário de dor, sofrimento, tortura explí-cita, causar alegria? Não é um contrassen-so afirmar isso? Não se estivermos falando de um cenário de dor e sofrimento que traz como resultado final a maior das recompensas, nossa salvação e não uma salvação efêmera mas para toda a eternidade. Pois é isto mesmo que nos traz a celebração da Via Sacra, tema desta edição do Santa Te-resinha em Ação. E o motivo pelo qual devemos encarar a Via Sacra com alegria nos é dado por Madre Cristina Maria, irmã beneditina da Abadia de Santa Maria, que nos concedeu a entrevista publicada na página 16. E afinal, de alegria nós entendemos por dois motivos: um, por sermos brasileiros que como ela própria reconhece, é um povo na-turalmente alegre e outro por sermos salesianos, pois para nós, como dizia nosso fundador Dom Bosco, “a santidade está em sermos sempre alegres”. E alegria também é uma constante na vida do Dc. Giovane, nosso novo companheiro durante este ano que ainda se inicia e que você pode conhecer melhor na página 14. Alegres também ficam os Vicentinos, quando recebem como resultado de sua ação pastoral a re-compensa de verem vidas promovidas, como as relatadas por Renata na página 10. Alegre ainda é o sorriso contagiante de nossa nova colu-nista (confira em sua foto) Ir. Veronica Hamasaki, das Irmãs da Carida-de de Jesus, um ramo da Família Salesiana oriundo do Japão e que nos acompanhará por todo um ano, refletindo conosco a Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2016. Alegres são os pais e mães quando olham para seus filhos cheios de saúde, mas cuidado! Vale a pena ler o alerta de Rose Meire na página 7. A gulodice pode levar a situações desagradáveis. Mas convenhamos também, que resistir às delícias oferecidas por Rosângela, como a desta edição na página 12 é tarefa difícil. Mas resistir às tentações é que molda o caráter e até fortalece nossa fé, como nos previne Dom Hilário Moser, nos relembrando com mais profundidade o sexto mandamento na página 4. E uma fé forta-lecida não necessita de fórmulas mágicas, ou “orações fortes” como nos mostra Paulinho na página seguinte. Olhando para este panorama acima, percebemos quanta coisa há para se aproveitar com a leitura desta edição. Devemos toma-la nas mãos e fazer uma verdadeira “Via Sacra” por suas colunas e artigos, não deixando escapar nenhuma de suas páginas, principalmente as centrais, que trazem uma belíssima reflexão sobre as 14 estações que relatam momentos importantes e cruciais para a nossa salvação. Eu disse 14 estações? Mas, e a décima quinta? Se você se fez esta pergunta, realmente você precisa ler as pá-ginas centrais. Faça isso e até o mês que vem.

SC Carlos R. Minozzi

[email protected]

facebook.com/pascomst

Após o pedido em oração à Santa Teresi-nha de Dara Angelis da Silva Santos para ela e seu irmão Igor, feito durante a mis-

sa Chuva de Rosas, eles conheceram um tempo novo.

“Tudo começou no Oratório Salesiano o qual eu frequentava todos os domingos de manhã juntamente com a minha família.

Muitos jovens participaram desse gostinho de alegria e doçura da inspiração do amor de Dom Bosco “Pai e Mestre da juventude” no qual moveu o meu coração com suas histórias e visão do valor de um jovem carente e pobre de alma. Sempre me dediquei, e me colocar à disposição para ajudar na missa, no lanche e nos esportes, era o que eu amava fazer todos domingos e isso me levou a ser coroinha.

Deus trabalha de uma forma tão simples porém com sabedoria! Cada jovem participava com o objetivo e interesse em alguma coisa fosse ele qual era, exemplo: o delicioso café da manhã no qual vinha o kit de pão com frios e um suco de laranja ou a famosa e milagrosa sacolinha de Natal, tudo isso atraía os jovens para estarem se colocando a à disposição num domingo de sol. Eram jovens de todos os lugares, comunidades pobres e carentes de amor.

O que levava cada jovem ao Oratório talvez não fosse só o delicioso café ou a sacolinha de Natal, mas talvez uma fuga em busca de esque-cer todos sofrimentos e dificuldades. Quando comecei a ter essa atenção de cada Cooperador e como minha alma necessitava desse amor e carinho de pai e de mãe e como meu irmão Igor e eu sonhávamos com esse amor, resolvi partici-par mais e mais do Oratório.

Sempre tinha uma missa por mês na paró-quia Santa Teresinha onde eu era coroinha e en-tão participei, convidada por Padre Aramis, de uma missa que ele chamou de “Chuvas de Ro-sas”, e isso me chamou a atenção.

Igor e eu precisávamos ser batizados para dar continuidade ao curso de coroinhas, então falamos com o padre Piccinini, que nos orientou a escolher uma madrinha. Um dia, Igor estava brigando numa partida de futebol e a Coopera-dora Maria Luiza aproximou-se e separou Igor da briga e logo em seguida sem conhecê-la, Igor

convidou-a para ser sua madrinha de batismo. Fomos correndo até o padre para contar a boa notícia que tínhamos conseguido as madrinhas e fomos batizados com 11 anos.

O sonho que Igor e eu tínhamos era ter uma mãe, pois fomos abandonados pela nossa mãe numa certa idade. Lembrei então de Padre Ara-mis, na missa Chuva de Rosas de Santa Teresi-nha, e fiz meu pedido diante da santinha e de Maria Mãe de Jesus: “Santa Teresinha, eu creio nos milagres que vêm contemplados em cada Rosa, então realiza esse milagre tão impossível aos nossos olhos de ter uma mãe que nos ame e nos ensine amar quem nos machuca com pala-vras e rejeição, Amém.”

Passaram-se 10 anos, resolvi fazer a crisma e logo pensei quem poderia ser a minha madri-nha. O Espírito Santo então abriu a minha mente e falou fortemente ao meu coração me mostran-do a professora Marcia Dornelles como madri-nha. Marcia ficou muito feliz e aceitou o meu convite, só que eu nem imaginava que a própria viria a ser a mãe que Igor e eu sonhávamos. O tempo se passou e depois de 10 anos pude con-templar e saborear esse milagre que Santa Tere-sinha realizou na minha vida.

Vale muito você passar por certas dificulda-des, caminhos que muitas às vezes não enten-demos e o por quê disso e daquilo. Queridos e queridas, da mesma forma que Santa Teresinha realizou esse milagre na minha vida, pode reali-zar na vida de cada um que está lendo esse tes-temunho, mas vai depender do grau de fé e paci-ência de cada um que necessita de um milagre.

Grata Santa Teresinha.”

Dara Angelis da Silva Santos, 18 anos

O Milagre Eterno

Apoiaram esta edição:Recolast Ambiental 3437-7450Bolos da Guria 2978-8581e outros 6 apoiadores

Horários das MissasSegundas-feiras, às 16h30 e 19h30De terça a sexta, às 8h e 19h30Aos sábados, às 8h e às 16hAos domingos, às 7h30, 9h30, 11h, 18h e 19h30

Adoração: todas as quintas, 8h e 19h30 e, nas primeiras sextas do mês, às 7h30

Horário da secretaria:De segunda à sexta, das 8h às 12h e das 13h às 19h30

Aos sábados, das 8h ao 12h e das 13h às 18hTel. (11) 2979-8161

2 • Santa Teresinha em Ação

EXPEDIENTE em ação

O Jornal Santa Teresinha Em Ação reserva-se o direito de condensar/editar as matérias enviadas como colaboração. Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal, sendo de total responsabilidade de seus autores.

Capa: Via Sacra em mosaico bizantino

Santa Teresinha Em Ação Publicação da Paróquia Santa Teresinha – Arquidiocese de São Paulo – Região Episcopal SantanaDistribuição interna, sem fins lucrativos.

Paróquia: Praça Domingos Correia da Cruz, 140,Santa Terezinha - Cep.: 02405-06 0 - São Paulo - SPTel.: (11) 2979-8161Site: www.paroquiasantateresinha.com.brDiretor: Pe. Camilo Profiro da Silva, SDBJornalista responsável: Daya Lima - MTb 48.108Egom Editora e Comunicação (11) 3263-1124Arte e diagramação: Toy Box Ideas

Pesquisa: PASCOMRevisão: PASCOMFotos: PASCOM e Banco de ImagensImpressão: Gráfica AtlânticaTel. (11) 4615-4680Tiragem: 3.000 exemplaresemail:[email protected]

PALAVRA DO PASTOR

A oração, força de Deus em nós

PALAVRA DO PÁROCO

Nada para si, tudo para os outrosNo tempo da quaresma a mãe Igre-

ja incentiva os seus filhos e filhas a crescerem na prática da oração.

Santa Teresinha nos dá exemplo e estí-mulo. Agradecendo à sua irmã Paulina um livro que ela lhe mandou de pre-sente, diz: “Que belas orações estão no início! Eu as rezei com todo o meu co-ração a Jesus pequenino. Todos os dias procuro fazer o maior número de prá-ticas que posso, e faço o possível para não deixar escapar nenhuma ocasião. Digo do fundo do coração as pequenas orações que dão o perfume às rosas, e o mais frequentemente que posso”.

Acompanhando, porém, o pensa-mento da Igreja, Teresa sabe que não somente a oração faz crescer. A práti-ca é necessária. Sendo assim, escre-vendo os votos de felicidades ao pai, por ocasião do aniversário dele, ela se propõe: “Quero me tornar sobre a ter-ra tua alegria , tua consolação. Quero, paizinho, te imitar; tu que és tão manso

e tão bom”. Do mesmo modo, alegra-se pelas pequenas alegrias vividas pelas pessoas que lhe estão próximas. À sua prima, escreve: “Estou mesmo bem feliz por estares melhor e te divertires mui-to”; em outra ocasião, sempre à prima, confirma: “Fico muito contente por dares belos passeios como aquele que me contaste”. Mesmo ainda criança, já aprende a beleza de pensar na felicida-de dos outros.

Ao mesmo tempo em que se inte-ressa pelo bem dos seus caros, Teresi-nha vai aprendendo a fazer renúncias, a educar a sua vontade: “Oh! Maria que-rida! Se soubesses como compreendo que bem nos disseste a verdade: Deus nos mima, mas não podes imaginar o que é estar separada de uma pessoa a quem amamos como eu te amo”. Con-fessa o seu grande amor pela irmã, mas sabe que é amor desinteressado, tanto que diz a ela que não precisa de ne-nhum presente que ela, ausente em via-

gem, possa lhe trazer: “Suplico-te que não me tragas nada; isso me deixaria verdadeiramente triste”. Nada para ela, tudo para os outros, como aparece no post scriptum da carta: “Sobretudo não te esqueças de nossas encomendas e do bastidor para minha tia”.

As citações todas são tiradas de car-tas de santa Teresinha ainda menina. A pouca idade não a impede de ter uma compreensão clara da vida, de suas exi-gências. Sabe da beleza do amor, mas sabe também que o amor comporta ab-negação. Vive, dentro do possível para a sua maturidade, de maneira simples e correta aquilo que a graça de Deus lhe sugere.

Nós, vivendo o tempo de penitência e conversão ao qual a Igreja nos convi-da, saibamos imitar o exemplo de nos-sa padroeira. Na prática da oração, da educação da vontade e da misericórdia, encontremos o caminho privilegiado da mudança de vida necessária para bem celebrarmos a Ressurreição do Senhor.

Um abraço carinhoso a todos

Pe. Camilo P. da Silva, sdb

Pároco

www.facebook.com/cpsdb

Estamos percorrendo o tempo da quaresma em direção à paixão, morte e ressurreição do Senhor Je-

sus, Sua Páscoa e nossa Páscoa. O tem-po da quaresma é um tempo dedicado ao jejum, a caridade e a oração, como vimos na liturgia da quarta-feira de cin-zas.

Nesse tempo somos iluminados pela riqueza dos textos da liturgia, mas dois momentos da caminhada do Senhor, presentes na liturgia do primeiro do-mingo da quaresma e o outro na sagra-da liturgia da Sexta-feira Santa, são tes-temunhos do vigor e do poder da oração no meio das tentações e das dificulda-

des da vida: os quarenta dias no deserto, onde o Senhor foi tentado pelo diabo, e a agonia do Senhor no Monte da Olivei-ras, quando rezando suou sangue.

Através da oração o Senhor Jesus re-conheceu o dissimulado, o tentador, o mal disfarçado em proposta atraente de bem; na oração Ele derrotou Satanás e nos faz ver que a oração é a primeira e a principal arma para enfrentarmos vi-toriosamente o combate contra o tenta-dor, o mal e suas armadilhas.

A oração, além da força e sustento para vencer o mal, é também caminho de purificação interior. E o tempo da quaresma é especial para se vivenciar

esta dimensão da oração. O Papa emé-rito Bento XVI nos ensina este processo através de um ilustrativo exemplo tirado de Santo Agostinho: “Supõe que Deus queira encher-te de mel (símbolo da ter-nura de Deus e da sua bondade). Se tu, porém, estás cheio de vinagre, onde vais pôr o mel? » O vaso, ou seja o coração, deve primeiro ser dilatado e depois lim-po: livre do vinagre e do seu sabor. Isto requer trabalho, faz sofrer, mas só assim se realiza o ajustamento àquilo para que somos destinados” (Spe Salvi, 33).

A oração é o caminho que se apre-senta para ‘dilatar’, abrir o coração, onde o fiel deixa-se tocar por Deus. É um tra-balho lento que exige perseverança e fir-meza mesmo quando é difícil rezar, falta concentração pela falta do hábito de re-zar ou porque a oração é superficial, ou ainda porque o tentador oferece muitas distrações sugestivas, como o consumis-mo (o pão), o viver da aparência (poder)

e a autossuficiência, (pensamento de vi-ver sem Deus). Mesmo em meio às di-ficuldades para rezar, é preciso ter claro que não há outro caminho, não há outro método para a pessoa ser forte diante do tentador. Jesus foi forte e nesta quaresma continua nos convidando para retornar, para olhar o Seu exemplo de confiança no Pai e de vitória na oração.

O tempo está correndo, a Páscoa vai chegar e não deixe passar o tempo em vão, com vinagre no coração. Nesse tempo que resta fortaleça seus joelhos em oração e peça ao Senhor, vivo, res-suscitado, que limpe o coração e o pre-encha com o mel de sua misericórdia e sua ternura.

Dom Sergio de Deus Borges

Vigário Episcopal para a Região Santana

facebook.com/sergio.borges.56211

... a oração é a primeira e a principal arma para enfrentarmos vitoriosamente

o combate contra o tentador, o mal e suas armadilhas.

Teresa sabe que não somente a oração faz crescer.

A prática é necessária

Santa Teresinha em Ação • 3

Sexto Mandamento: Não pecar contra a castidade

“Bem-aventurados os puros de coração porque verão a Deus” (Mateus 5, 8). A casti-

dade é a pureza do amor, é o amor que cuida de si mesmo e não permite que nada o manche. O ser humano conhe-ce as próprias fragilidades e sabe mui-to bem que a fraqueza da carne é uma das mais expostas a perigos e que seu clamor é dos mais fortes dentro e fora do si. Por isso, a castidade é a virtude que cuida para que o amor, em todas as suas dimensões, se mantenha isento de falhas. Dessa forma, as pessoas podem amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmas, isto é, com o melhor amor de que dispõem.

É fundamental que se compreenda que no sexto mandamento o que está em jogo propriamente é o amor, a pure-za do amor, não simplesmente questões sexuais. “Castidade” tem sua origem na palavra “castigar”, que significa corrigir, purificar: seja lá o que for que amamos – os nossos semelhantes, os animais, as

coisas inanimadas –, nosso amor deve ser casto (“castigado”), isto é, ordenado, limpo e puro, do contrário não amare-mos a Deus acima de todas as coisas nem amaremos ao próximo como o amou Jesus, modelo de todo amor.

Precisamente porque a nossa car-ne é fraca, ela necessita de um apoio especial que nos ajude a caminhar pelo caminho reto: esse apoio é o sex-to mandamento. O Antigo Testamento resumia tudo nas palavras: “Não co-meterás adultério” (Êxodo 20,14). Je-sus, porém, aprofundou seu sentido e o ampliou: “Ouvistes que foi dito: ‘Não cometerás adultério’. Eu, porém, vos digo: todo aquele que olhar para uma mulher com o desejo de possuí-la, já cometeu adultério com ela em seu co-ração” (Mateus 5,27-28). Como se vê, pode-se pecar também por maus pen-samentos e más intenções.

Todo ser humano é chamado à cas-tidade: é por ela que se constrói e man-tém a unidade entre seu ser corporal e

espiritual. A sexualidade mostra que o ser humano pertence também ao mun-do corporal e biológico. Todavia, a casti-dade se torna realmente humana quan-do é integrada serenamente na pessoa, na relação entre pessoas, na doação mútua e definitiva entre um homem e uma mulher. Portanto, a castidade exige a integridade da pessoa e a total capaci-dade de doação mútua.

Sem dúvida, é um desafio aprender a integrar a sexualidade no conjunto da pessoa humana. O ser humano por in-teiro, corpo e alma, é marcado pela se-xualidade. Ela atinge de modo especial a afetividade, a capacidade de amar, de procriar, mas também tem a capacida-de de criar vínculos e comunhão com os outros. Ocorre uma grave fonte de dis-túrbios quando alguém não consegue integrar a sexualidade no contexto de toda a pessoa ou a considera somente enquanto genitalidade. Cabe a cada ser humano reconhecer e aceitar a própria identidade sexual e buscar integrá-la

serenamente no seu todo. A sexualidade, sem eliminar a igual-

dade fundamental entre o homem e a mulher, marca de tal modo as pessoas que ela as torna muito diferentes em muitos aspectos, desde a dimensão físi-ca até à dimensão espiritual. Essas dife-renças são energias voltadas para a co-munhão matrimonial (complementação mútua entre homem e mulher) e fami-liar (geração e educação dos filhos). Dis-se o Criador: “Por isso deixará o homem o pai e a mãe e se unirá à sua mulher, e eles serão uma só carne” (Gênesis 2,24).

A castidade promove a integridade da pessoa defendendo as forças vitais e de amor da pessoa. Uma pessoa casta se sente unificada, não dispersa em diver-sas direções em busca de compensações menos adequadas que, aos poucos, per-vertem o pensamento, o amor e a ação.

Dom Hilário Moser, SDB

Bispo Emérito de Tubarão - SC

[email protected]

OS 10 MANDAMENTOS

4 • Santa Teresinha em Ação

Castidade no namoro, para quê?Carmen, uma espanhola de 25 anos, é jorna-

lista. É católica e tem um namorado. Nesta entre-vista, fala da importância da virtude da castidade no namoro. Segundo ela, “nossos órgãos sexuais produzem prazer e é fácil mostrá-los e entregá--los, mas a pessoa que não quer ser reduzida a mero instrumento de prazer os guarda”.

Qual é o verdadeiro significado da pureza no namoro?

Que temos uma intimidade que nos pertence e não a entregamos a qualquer um, nem sequer ao nosso namorado, ainda que seja a pessoa a quem mais amamos nesta vida e com quem possivel-mente acabaremos casando algum dia. Quando decidimos guardar o nosso corpo, de certa forma estamos convidando o outro a prestar atenção em nós por dentro.

Por que a castidade parece estar tão fora de moda atualmente?

Por falta de valores na sociedade e porque ninguém explicou aos jovens que há outra forma

de viver um namoro. Há pessoas que pensam que, se você ama seu namorado, é normal fazer sexo com ele – quando, na verdade, justamente porque você o ama, não faria sexo com ele.

Se as próprias mulheres acham que só servem para dar sexo aos homens, e que nenhum homem as amará sem sexo, é porque não conheceram ho-mens de verdade, não conhecem a dignidade que possuem e que ninguém pode tirar delas, e não fazem a menor ideia do que é o amor.

Também existe a mentalidade de que não posso me casar com uma pessoa se não tive vida sexual com ela. Antes de conviver e fazer sexo, é preciso conhecer profundamente a pessoa, inde-pendentemente da atração física: interesses, pre-ocupações, visão da vida, convicções profundas, gostos, hobbies etc.

Outras pensam que vão conquistar o homem da sua vida com grandes decotes, minissaias, mostrando pernas e marcando curvas, quando, na realidade, o que conseguem é apenas levá-los

para a cama. Não são os órgãos sexuais que nos diferenciam dos outros ou nos tornam singulares.

Quais são as vantagens da abstinência no na-moro?

Em primeiro lugar, é um desafio na vida dos namorados. Assim como temos novos desafios no trabalho, também aqui é preciso enfrentá-los e saber agir.

Em segundo lugar, a vantagem de estar apren-dendo a amar o outro de verdade. Entre os namo-rados, existe atração física, mas também inteli-gência, vontade e liberdade. Agir guiados pelos instintos não nos levará a amar o outro como ele merece ser amado.

Se vivemos atendendo todas as exigências do corpo, é claro que a abstinência será impossível. Neste sentido, os namorados devem dominar seus corpos, e não deixar que seus corpos os dominem.

(Publicado originalmente por Católicos de España)

ESTREIA 2016

Com Jesus e com o seu espírito

Em Cristo tudo é ação do Espírito. Se observarmos com mais atenção, deparamos com o mistério da mor-

te e da vida de Cristo e descobrimos que o Espírito da vida brota do mistério de Cristo. Portanto, nesta aventura, o guia verdadeiro é Jesus, que procurou sempre a Vontade do Pai, que, com seu Espírito, o inspirou, acompanhou, provocou, di-rigiu. A vida no Espirito introduz a pes-soa humana na vida de Cristo, para que torna-se discípulo e seguidor de Cristo

sendo convidado a produzir frutos; e os frutos do Espírito são: amor, alegria e paz (cf. Gl 5,22).

A vida no Espírito é o amor de Cris-to em nós. Cada um se deixa seduzir por um dos traços do rosto de Cristo. Ele é o salvador e o esposo, o mestre e o amigo, o irmão e o companheiro de peregrina-ção terrestre. A vida espiritual de cada pessoa habita em seu lugar próprio, e mesmo talvez sem o saber, em um dos mistérios da vida de Nosso Senhor, da

sua Encarnação e sua Natividade à sua Paixão, Morte e Ressurreição. A mansi-dão e a humildade de seu coração ali-mentam a nossa vida no Espírito.

Como autênticos filhos de Dom Bos-co imitemos suas virtudes e sua abertura a ação do Espírito, pois, viveu sua vida aberto ao Espírito, porque o seu desejo era responder ao que Deus pedia a ele, em si mesmo e para seus meninos. E, por isso, nos convida a estarmos também

nós de coração aberto a esse mesmo Es-pírito para que a graça de Deus encon-tre em nós caminho livre para sua ação. Para que sejamos discípulos fiéis e per-severantes do Cristo Bom Pastor.

Pe. Alexandro Santana, SDB

www.facebook.com/alexandro.santana.12

Santa Teresinha em Ação • 5

CAMINHO DE EMAÚS

Há algum tempo atrás era comum você entrar numa igreja e nos últimos bancos encontrar al-guns “santinhos” contendo orações escritas cha-

madas de “oração forte”: Oração forte para o Menino Jesus de Praga, Oração Forte para Santo Expedito, Ora-ção Forte para Santa Clara e muitas outras. Aos poucos o número foi diminuindo graças a alguns párocos que procuraram impedir essa divulgação. Outros párocos não se importaram considerando que isso faz parte da chamada “piedade popular”.

Na realidade esse costume não passa daquilo que podemos chamar de “superstição católica”. Que me perdoem os irmãos, mas não existem “orações fortes”. Toda oração é poderosa na medida em que é feita de coração sincero e com fé. Se Deus dependesse de al-guns escritos com palavras escolhidas e frases bem articuladas para atender ao pedido, os poetas teriam muito mais chance de receber a Graça do que os san-tos. Todas essas orações podem até servir de inspira-

ção para fazer sua própria oração, mas não é com o simples recitar das palavras que a suposta “mágica” irá acontecer.

Nos últimos tempos o costume de apresentar es-sas orações tem tomado conta das chamadas redes sociais na Internet. Da mesma forma como antes era solicitado para que a pessoa mandasse imprimir certa quantidade de “santinhos” e os espalhasse para obter a graça, como se Deus fosse sócio de gráficas e aten-desse ao pedido na medida em que se cumprisse o que era determinado, agora se pede para que aquele que lê a mensagem compartilhe com o maior número de pessoas possíveis.

A fé, sobrenatural dom de Deus, capacita-nos a acreditar e viver as realidades sobrenaturais, que por serem espirituais não deixam de ser reais.

É preciso combater todo tipo de superstição por-que elas nos afastam da verdade acreditando que cer-tas fórmulas ou objetos possuem formas e realidades

mágicas. O Catecismo da Igreja Católica coloca a su-perstição como um pecado contra a fé, “um excesso perverso contra a religião” (CIC 2110).

Não há oração mais simples e ao mesmo tempo completa do que a oração ensinada por Jesus: o Pai Nosso, que a Igreja adota em sua Liturgia. Não con-tém muitas palavras, mas aquilo que é necessário para louvar, agradecer e pedir a Deus. Outras orações por escrito fazem parte da liturgia da Igreja e é preciso dis-tinguir uma coisa da outra. As orações da liturgia ou recomendadas pela Igreja são previamente autoriza-das e sempre com intenção comunitária. Não são ora-ções cujo resultado dependa exclusivamente de reci-tar as palavras como essas chamadas “orações fortes”. “A oração do cristão é um falar com Deus recebendo um retorno maravilhoso, porque quando dois ou três estão reunidos em oração, Jesus está no meio deles”. (Santo Agostinho)

Paulo Henriques

[email protected]

www.facebook.com/paulo.henriques.3192

As chamadas “orações fortes”

Diferente do publicado na pág. 5 da edição 109, o nome correto do Reitor-Mor é Padre Ángel Fernández Artime

Como autênticos filhos de Dom Bosco imitemos suas virtudes e sua

abertura a ação do Espírito

A vida no Espírito é o amor de

Cristo em nós

Não há oração mais simples e ao mesmo tempo completa do que a oração ensinada por Jesus: o Pai Nosso

CF 2016

A CF 2016 e sua interpelação

Corriam os anos noventa. Eu era estudante de Serviço Social, interessada nas causas do povo, entre elas, a Pastoral da moradia. Li muito sobre a Igreja como

vanguarda da defesa dos direitos humanos. Uma frase me marcou. Eu ouvi de Lourival, líder da Pastoral da Mora-dia: “O objetivo da Pastoral é o movimento, porque se for a moradia, uma vez adquirida deixa de ser objetivo, o su-jeito deixa de ser sujeito, e se fecha em sua passividade, e deixa de lutar. Movimento é uma ação coletiva e por isso tem força. Então lutamos para preservar e manter o movi-mento, para que todos consigam suas moradias.” Jamais esqueci deste ensinamento.

Quanto somos desafiados nesta CF 2016? Pode ser que todos os leitores deste jornal usufruam de saneamento

básico, tenham água potável, morem numa estável mo-radia. Como ser desafiado a sair do comodismo e reivin-dicar o bem de que já se usufrui? O texto base nos exorta no número 25: “a responsabilidade pela casa comum é de todos, dos governantes e da população. As comunidades cristãs são convocadas por esta CF Ecumênica a mobilizar em todos os municípios, grupos de pessoas para reclamar a elaboração de planos de saneamento básico e exercer o controle social sobre as ações de sua execução.”

Pois é, gente. Diante deste chamado, quem vai respon-der? O que vamos responder? Como vamos responder? Todos somos interpelados pela Campanha.

Lembro uma vez que estagiava na obra social de Dom Bosco de Itaquera. E fui visitar um barraco... Eu voltei mui-

to triste com o que vi. Pe. Rosalvino me pegou pela mão, me colocou no carro e fez comigo um giro em várias casas sem saneamento básico, de extrema pobreza, e me chaco-alhou para que eu acordasse para a realidade dos pobres e saísse do choque e pensasse na intervenção, que saísse da anestesia social para embarcar na realidade e compromis-so com os pobres. Ele assim fez. Como todos sabem da luta desse grande salesiano, as moradias brotaram do chão.

Ir. Verônica Hamasaki, ICJ

[email protected]

6 • Santa Teresinha em Ação

CASA COMUM

100 milhões de brasileiros vivem sem saneamento básicoNão é a toa que o tema seja proposto pela Campanha da Fraternidade desse ano; metade dos brasileiros vive em situação precária

Quão lindo é o Brasil. Cheio de ver-de, de mar, de belezas naturais que encantam milhões e milhões de

turistas que desembarcam aqui todos os anos. Para muitos, o Brasil é um paraíso. E, de fato, poderia ser, não fosse os mais de 100 milhões de brasileiros que ainda

vivem sem saneamento básico. Sim. É isso mesmo.

Papa Francisco disse, para a abertura da Campanha da Fraternidade deste ano, que “o acesso à água potável e ao esgo-tamento sanitário é condição necessária para a superação da injustiça social e para a erradicação da pobreza e da fome, para a superação dos altos índices de mortali-dade infantil e de doenças evitáveis e para a sustentabilidade ambiental”. É dessa forma que Francisco convida as pessoas a se mobilizarem, a partir de suas comu-

nidades, para promoção da Justiça e do direito ao saneamento básico, na Campa-nha da Fraternidade Ecumênica 2016.

Mas, afinal, você sabe o que engloba o chamado saneamento básico? O abas-tecimento de água potável, o esgoto sa-nitário, a limpeza urbana, o manejo de resíduos sólidos e drenagem das águas pluviais são o conjunto de serviços de in-fraestruturas e instalações operacionais que vão melhorar a vida da comunida-de. Isso é saneamento básico. E, como o próprio nome já diz, é básico e é para

todos, independente de Estado e região que more. Faz parte do direito de cada um. E é por isso que é de se espantar que a metade da população brasileira não te-nha esses serviços básicos. Daí a impor-tância e a necessidade da Campanha da Fraternidade Ecumênica deste ano tomar atenção para este problema, crônico, do Brasil.

Para se ter uma ideia do tamanho do problema, segundo dados da Funasa (Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento Básico), 40 milhões de bra-sileiros vivem sem água potável. Destes, 19 milhões vivem em áreas urbanas e 21 milhões em áreas rurais. Já segundo o Pnad (Pesquisa Nacional de Domicílios), 43% das residências do país não têm rede de esgoto.

Ou seja, não é um problema dos go-vernantes, apenas, é um problema de to-dos nós e é com este objetivo que a Igreja do Brasil, de forma ecumênica, toma para si a gravidade e pede ajuda a todos os cris-tãos. Não basta dizer que vai se engajar, é preciso fazer de fato. É importante que se identifique, nas comunidades, as necessi-dades básicas e se promova ações para su-pri-las. Vale a pena entrar em consonân-cia com o pedido do Papa, onde diz que a “casa mãe é nossa casa comum, e nin-guém mais pode cuidar dela se não nós”.

Santa Teresinha em Ação • 7

E AGORA?

E A FAMÍLIA, COMO VAI?

O que se esconde atrás dos quilos extrasQuem nunca se encantou com uma

criança roliça, cheia de dobrinhas e com bochechas transbordantes?

Pois é. Uma pessoinha tão gulosa quanto simpática e fofa. Os quilos extras, acredi-tam as pessoas, seriam apenas reflexo de um apetite exagerado. Pode até ser. Mas há também um outro lado da questão, que os pais custam a enxergar.

A obesidade infantil frequentemente esconde dificuldades emocionais.

Na tentativa de lidarem com frusta-ções e problemas, inconscientemente, muitas crianças apelam para a geladeira, e fazem da comida uma compensação.

Brigas em casa, separação dos pais e dificuldade em fazer amigos são alguns detonadores de obesidade na infância. A

partir daí, cria-se um círculo vicioso; se es-tiver na escola, a criança obesa sofre pre-conceito e se isola. Para aliviar a angústia, come ainda mais. A comida torna-se então uma opção de lazer e prazer. Com o tem-po a criança passa a relacionar comida à sensação de tranquilidade e aconchego, e a comilança torna-se incontrolável.

Ao lado das características individu-ais, e da predisposição genética, que não podem ser descartadas, considera-se ha-ver também a contribuição cultural para a obesidade infantil, uma vez que até os 7 anos muitos acreditam que “pesar além da conta “ não significa nada de mais, pois há a expectativa de que a criança engorde e “fique forte”.

Assim, a criança sente-se feliz por ser

“bom garfo”, e os pais fazem vista grossa para os quilos que sobram.

A situação se agrava por volta dos 12 anos, a vaidade surge e a obesidade pode, além da auto estima, trazer malefícios para a saúde prematuramente.

Amigos e familiares passam então, a exercer um papel de patrulhamento, exi-gindo que o gordinho conquiste um cor-po esbelto de uma hora para outra, porém como ninguém muda os hábitos alimen-tares de repente, o opção de “comer es-condido” torna-se atraente.

Objetivando a diminuição dos ris-cos de doenças decorrentes do excesso de peso, o acompanhamento médico e psicológico são bons aliados, associados à prática de esportes e reeducação ali-

mentar. Importante também que os pais apoiem uma mudança ampla, que envol-va a descoberta de novos interesses, dis-pondo de paciência e dedicação, perder peso leva tempo... Cada grama perdida deve ser comemorada e elogiada, estimu-lando o esforço da criança.

J. conta : ...” Sempre fui fofinha, fui en-gordando até chegar aos 100 quilos, aos 12 anos”... Hoje ela batalha em busca de uma nova silhueta, redescobrindo que tem re-cursos poderosos para vencer obstáculos, sem se apoiar na comida!

Rose Meire de Oliveira

Psicóloga

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A busca da felicidade é a maior aspiração do homem. Todos querem ser felizes. Mas o que

devemos fazer para termos uma vida longa, saudável e feliz? O Prof. Robert Waldinger, psiquiatra e psicanalista da renomada Universidade de Harvard é diretor do mais longo estudo sobre a vida adulta e felicidade e tem algumas

pistas para nos ajudar a responder essa pergunta.

O que nos mantém saudáveis e feli-zes durante nossa vida? Em um estudo recente feito com jovens nascidos nas décadas de 80 e 90, foi lhes perguntado quais eram seus objetivos de vida mais importantes. Mais de 80% responderam que seria enriquecer. Uns 50% desses

mesmos jovens disseram que outra meta importante era ser famoso. Por outro lado, nos dizem constantemente que uma boa vida é fruto de nossa dedi-cação ao trabalho, do nosso esforço em alcançar resultados.

Na verdade, é quase impossível ob-ter imagens da vida e descobrir como as escolhas feitas por uma pessoa durante sua vida funcionam para ela. Só conhe-cemos a maior parte da vida humana quando pedimos às pessoas que recor-dem o passado. Mas a retrospectiva é tudo, menos rigorosa. Muito do que nos acontece simplesmente é esquecido, e nossa memória geralmente é demasiado criativa.

A Universidade de Harvard vem conduzindo um estudo há 75 anos, sem interrupção, no qual acompanha a vida de 724 homens, ano após ano, pergun-tando-lhes, por meio de questionários e entrevistas, pelo trabalho, a vida do-méstica, a saúde, suas preocupações, angústias e problemas. Cerca de 60% desses homens, a maioria com mais de

90 anos, ainda estão vivos e participan-do desse estudo.

E qual foi, até agora, o grande apren-dizado extraído? As boas relações man-têm-nos mais felizes e saudáveis. Ponto final. Três grandes lições sobre as rela-ções foram reveladas. A primeira é que as relações sociais são boas para nós e que a solidão mata. A segunda é que não basta o número de amigos que temos, o que conta é a qualidade de nossas rela-ções íntimas. Por fim, a terceira conclu-são é que as boas relações, além de pro-teger o corpo, protegem o cérebro.

Mas o que isso tudo tem a ver com a família e a comunidade? Vamos desen-volver esse tema em mais um ou dois artigos. Acompanhe-nos!

Luiz Fernando e Ana Filomena

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Qual é o segredo da felicidade?

DESTAQUE

8 • Santa Teresinha em Ação Santa Teresinha em Ação • 9

Por que será que quando estamos passando por um problema, ou por algo que não acaba, ou bem dolo-roso, temos o costume de dizer que “isso é uma via sa-

cra”? É claro que tem motivo e ela é, de fato, uma importante reflexão que também deve se fazer durante a Quaresma.

A Via Sacra, propriamente dita, é uma oração e uma reflexão que se faz para lembrar o caminho doloroso e re-dentor que Jesus Cristo fez, com a cruz nas costas, no dia da sua morte. No Brasil é esse o nome que se dá, mas em outros países essa prática também tem o nome de via dolo-rosa e via crucis. Geralmente, durante o caminho, uma sé-rie de quadros ou imagens ajudam a reviver cenas da Pai-xão de Cristo. A Via Sacra mais conhecida hoje acontece no Coliseu, em Roma, na sexta-feira Santa, com a presença do Papa. As paróquias brasileiras, incluindo a de Santa Te-resinha, promovem a Via Sacra às quartas e sextas-feiras da Quaresma.

Apesar de a lembrarmos sempre com tom pejorativo, não seria este o verdadeiro significado, pelo menos para Madre Christine Mari Devillon, que viveu durante 49 anos no mosteiro que fica no Monte das Oliveiras, em Israel, e percorreu inúmeras vezes a “via dolorosa”, em Jerusalém. Para ela, a Via Sacra é um momento muito especial, onde podemos nos sentir amados e agradecidos. “Não é tristeza, é pura alegria”. (mais na página 16)

A via e suas estações Então, para a vivermos conforme pede a Igreja, 14 es-

tações são vivenciadas durante a Via Sacra. Quem decidir percorrer o “caminho de Cristo”, tem um roteiro a seguir. Roteiro este que o faz refletir sobre a Paixão de Cristo e o papel deste episódio em nossa vida.

A primeira delas, Jesus é condenado a morte, é o mo-mento de refletir o quão amoroso foi conosco o Pai. Ele, destinado a morrer a morte de cruz (essa só imposta aos piores ladrões da época), foi tão bondoso durante sua vida. Curou doentes, alimentou os famintos, perdoou os peca-dores, trabalhou para o bem da humanidade. Por que mor-rer assim? Por mim? Pelos meus pecados?

Na segunda estação, Jesus toma a cruz aos ombros, o questionamento a se fazer é sobre de quem é, de fato, essa cruz que Jesus carregou. Dele ou nossa? A cruz, neste mo-mento também, é representada pelos nossos pecados que ele carregou nos ombros e, por amor, nos redimiu.

A terceira estação traz Jesus cai por terra e é aqui que percebemos o quão pesado foi o caminho. Apesar de forte e convencido da missão, Jesus cai e sente o peso dos nos-sos pecados em seus ombros. Até quanto deixaremos que Jesus carregue nossas culpas? Seremos sempre passivos? Ao cairmos, nos levantaremos? Se estivermos perto de Cristo, sempre vamos nos levantar.

A Via Sacra e o que podemos aprender com elaÉ durante a Quaresma que o católico reflete sobre o amor de Cristo por nós. Momento único para a Igreja, a Via Sacra pode ser feita por qualquer um e em qualquer lugar

Na quarta estação Jesus encontra-se com sua mãe, e a emoção e a dor de ser seu filho à beira da morte servem, para nós cristãos, como uma motivação para a conversão. O quanto humildes precisamos ser? Somos generosos e piedosos? Que a dor de Maria nos redima e nos faça enten-der o que é, de fato, importante na vida.

Na quinta estação, Simão Cirineu ajuda a carregar a cruz, nos mostra que precisamos uns dos outros. Que ape-sar de nos acharmos grandes e autossuficientes, não faze-mos nada sozinhos. Precisamos da humildade de Cristo em muitos momentos da vida. Precisamos olhar para os lados não só para oferecer ajuda, mas também para aceitá-la.

É na sexta estação que a via sacra nos ensina a olhar para Jesus, a sermos sua imagem e semelhança. Verônica, enxugando o rosto de Jesus é um ato de puro amor e res-peito ao Messias que ali, ensanguentado e fraco, pedia por misericórdia e piedade. Quantas vezes estamos do lado de Jesus e não olhamos para ele?

Na sétima estação, Jesus cai pela segunda vez, e nos en-sina sobre perseverança. Apesar de sabermos o nosso ca-minho e estarmos nele, ficamos cansados, desmotivados. Ter perseverança na vida nos faz ser alegres, confiantes, corajosos e motivados.

A oitava estação, onde Jesus consola as mulheres piedo-sas, é o momento de refletir porque e por quem choramos. É aqui que Jesus nos pede para olharmos para dentro de nossa casa e que sejamos piedosos com os nossos antes de sermos com os outros. Não é só o mais pobre que precisa da minha ajuda, as vezes, o mais necessitado está dentro de casa. Precisa de atenção, de compreensão, de amor e afeto.

Na nona estação Jesus cai pela terceira vez e nos mos-tra que mesmo sem força alguma precisamos nos levantar. A vida nos pede isso. Um cair e levantar constante, sempre na certeza de que Ele está do nosso lado.

É a décima estação que nos mostra o momento de ser-mos reais, de agirmos com verdade e humildade. Jesus ser despido de suas vestes traz isso, um desejo de abandonar o que não nos torna santos, o que não nos deixa viver em santidade. Que se afaste de nós o que nos afasta de Cristo.

Na décima primeira estação Jesus é pregado na cruz. Aquela cruz era dEle. E é nesta hora que Cristo nos mostra

que a nossa cruz só nós carregamos, que é nossa e de mais ninguém. Que precisamos aceitá-la para vencê-la.

Jesus morre na cruz é a décima segunda estação. Aqui o momento é de agradecer pelo amor, pela vida e pela remis-são dos pecados. Ele o fez para nós. Levou em seu ombro todas nossas dores. É neste mesmo momento que Ele nos dá Maria, nos apresenta como nossa mãe, aquela que po-deremos contar para sempre.Na décima terceira estação Jesus é descido da cruz e é entregue a Maria. Tal como até hoje Maria nos recebe nos braços, cuida, intercede e guar-da em todos os momentos da vida, seja o mais brando ao mais tortuoso.

Na décima quarta estação, Jesus é colocado no sepul-cro e foi por causa de sua morte que ele nos deu vida em abundância.

A décima quinta estação

A décima quinta estação, representando a ressurrei-ção de Jesus Cristo, não per-tence à Via Sacra, tendo sido agregada à mesma pela reli-giosidade popular.

FAMÍLIA SALESIANA

EXPERIÊNCIA VICENTINA

Quaresma, tempo de experimentar a misericórdia do PaiNeste artigo, parafraseando e citando

o texto do Papa Francisco “O rosto da misericórdia”, convido você a

refletir sobre o significado de viver a mi-sericórdia. Gosto muito do significado de misericórdia do hebraico Rahamim: “O misericordioso é aquele que tem espaço interior para acolher a vida e as pessoas”.

O papa Francisco inicia o docu-mento da proclamação do “Jubileu Ex-traordinário da Misericórdia”, citando João XXIII: “Nos nossos dias, a Esposa de Cristo prefere usar mais o remédio da misericórdia que o da severidade...” ou seja, cada cristão precisa aprender a agir e a ter um olhar de misericórdia. Todos os movimentos da igreja e cada membro destes movimentos precisa ser o “rosto da misericórdia de Deus”. Preci-samos transformar a nossa comunidade, as nossas associações em “um oásis de misericórdia”. As crianças e os jovens

que acolhemos na casa salesiana: igreja, escola, oratório e projetos devem encon-trar esse oásis de misericórdia. Os adul-tos e idosos deve encontrar em nossa comunidade esse oásis de misericórdia. Cada um de nós é chamado a contribuir para a construção desse oásis, a sermos misericordiosos como o Pai.

O primeiro passo do nosso programa é estar atento à palavra de Deus que nos fala na liturgia e na leitura da Bíblia, por-tanto, em cada encontro com a Palavra de Deus temos que refletir no que esta palavra fala para a minha vida e como posso colocá-la em prática.

O segundo passo é “não julgar, não condenar, perdoar e lembrar que na mesma medida com que medirmos o outro seremos medidos”. Não julgar é um caminho simples, possível e acessí-vel, mas trabalhoso. Não julgar significa olhar apenas o que de bom cada pessoa

possui e Dom Bosco fez isso, mesmo diante do menino que tinha cometido delitos, ele acreditava que havia algo de bom e é por aí que ele iniciava o seu res-gate para Deus e a cidadania.

Precisamos parar de julgar as pes-soas com quem convivemos: em nossa casa, no trabalho, na escola, comuni-dade e sociedade. Julgamos pela roupa, pela atitude, por que não vão à igreja e tantas outras coisas. Parar de julgar é pe-dir à Deus que mude a nossa percepção, ou seja, o nosso jeito de ver as pessoas e as situações. Ao invés de concentrar a nossa atenção no que falta, no bem não praticado, na falta de amor e ausência na doação de tempo, dinheiro ou afeto, vamos concentrar a nossa atenção no bem que possuímos e que cada pessoa possui. Isso vai fazer uma revolução em nossas vidas e a transformará em uma vida de paz e alegria. Nós e os outros

nos encontramos na mesma situação: trazemos o potencial para o amor, mas também o egoísmo. Neste tempo da quaresma, propício para experimentar a misericórdia de Deus, é o tempo favo-rável para mudar de vida e deixar Deus tocar o coração e ampliar a nossa capa-cidade de amar e agir com caridade. O nosso Deus é um Deus de misericórdia que sempre está pronto a nos perdoar e também ressignificar o cunho negativo que o pecado deixou em nosso compor-tamento e pensamentos.

Como família salesiana, vivamos a cada dia a misericórdia do Pai!

(Parafraseando e citando o texto do Papa Francisco “O rosto da misericór-dia”)

SC Evanio Santinon

facebook.com/evaniosantinon

Estamos na quaresma, momento que a Igreja nos convida a intensificar a oração e as práticas de ca-ridade. É um tempo propício a conversão, proces-

so que todos nós vivenciamos todos os dias.Precisamos ser instrumentos para a conversão das

pessoas que convivem conosco. Às vezes, um simples convite é uma sementinha que dá frutos, a curto ou a

longo prazo. O importante é ter coragem e paciência. Além disso, é preciso ter fé que com Jesus tudo pode ser mudado, pela força da oração.

Fizemos o convite e insistimos para que duas jovens iniciassem o curso de preparação para o Crisma. Elas acei-taram o convite e, com a graça de Deus, receberão o sa-cramento neste ano. Podemos considerar isso como dois casos de sucesso, pois o trabalho vicentino vai além da promoção material, já que “não se vive somente de pão, mas de toda palavra que sai da boca de Deus” (Mt 4,4).

Ainda temos muito o que fazer pelas famílias delas até se promoverem, incluindo pagamento de cursos, auxílio com a moradia, assistência médica, emprego, etc. Entretanto, a promoção é um processo lento muitas vezes, e que cada passo avançado é motivo de come-moração e alegria.

São Vicente de Paulo prezava pelos bens espirituais pois são eternos. Os alimentos e a ajuda com os bens materiais são os meios que trazem as pessoas carentes até nós, e, a aproximação deles com a igreja é um dos modos de promoção.

Diante do testemunho, quero pedir em nome de todos os vicentinos, orações para continuarmos o trabalho, mas principalmente pela conversão das famílias assistidas.

A caridade consiste além da doação de alimentos e roupas, a doação de nosso tempo em favor daqueles que mais necessitam da Misericórdia de Deus.

Venha conhecer a espiritualidade e o trabalho da conferência Santa Margarida Maria Alacoque. As reuni-ões ocorrem às 20h, segundas-feiras.

Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo. Para sempre seja louvado!

Renata Sayuri Habiro

Consócia Vicentina

facebook.com/renata.habiro

Devagar se promove muito

10 • Santa Teresinha em Ação

A promoção é um processo lento muitas vezes, e que cada

passo avançado é motivo de comemoração e alegria

Santa Teresinha em Ação • 11

AMAR É

Fazer da oração um diálogo com Deus

Se prestarmos atenção em nossas orações, muitas vezes somente nós falamos: Pode ser uma ora-

ção de agradecimento, um louvor, um pedido, uma urgência. O mais comum é falar a Deus o que queremos. Mas fica um sentimento de que algo está faltan-do. Fica um sentimento de solidão e inquietação. Vem um questionamento interior: O que Deus quer de mim? O que Deus quer me falar?

Então, neste mundo volátil, de muitas urgências e emergências, as Oficinas de Oração e Vida vêm propor na prática o exercício de diálogo com Deus, na intimidade de cada partici-pante com Jesus Cristo.

Teve seu início com o Padre Ignacio Larrañaga Orbegozo, em 1984, que via por seus trabalhos pastorais a necessi-dade deste encontro pessoal com Jesus Cristo e de fazer de todo batizado, um amigo e discípulo de Jesus. Em 1997, o Vaticano, por meio do Pontifício Con-selho para Laicos, reconhece a Oficina de Oração e Vida, uma Associação Pri-

vada Internacional de Fiéis, com suas normas e estatutos.

Os encontros da Oficina de Oração e Vida, são de profunda espiritualida-de, baseada na Palavra e centrada na pessoa Jesus Cristo. As orações são a partir de textos Bíblicos do antigo e do novo testamento. Além de oração vai introduzindo aos participantes, paulatinamente, a consciência da res-ponsabilidade recebida no Sacramen-to do Batismo. Assim, cada oficina se converte num celeiro de vocações ao apostolado laical, transmitindo com palavras a presença do amor do Pai a todos, em especial aos mais necessita-dos. (Estatuto, 4).

Desde a primeira sessão vai-se mergulhando no Amor de Deus, perce-bendo sua presença, que acompanha a todos na peregrinação da vida. No silêncio de Maria descobre a fortaleza nos momentos difíceis e reconhece a estabilidade da vida. Pelo abandono no colo de Deus se chega a paz, para isto é necessário reclinar a cabeça no

colo de Deus e descansar. Assim, pe-regrinos, busca-se a reconciliação e o perdão. E por ser filhos de Deus, O en-contram face a face. Então é pergunta-

do a Jesus: O que faria em meu lugar? Este é o desafio das Oficinas de

Oração e Vida: Na humildade, amar como Jesus amou.

Como é aqui na Paróquia? Quem é responsável?As oficinas de Oração e Vida, tiveram inicio em 2012 na paróquia por total in-

centivo de Padre Camilo, e desde então já participaram mais de 100 paroquianos.As oficinas de Oração e Vida estão ligadas a uma coordenação regional, que

direcionam às paróquias os guias. Estes guias, são as pessoas que com pedagogia própria ajudam nestes exercícios práticos de oração. Na paróquia Santa Teresinha, temos a Maria Rosa que será guia da turma a tarde e o casal Anália e Paulo, guias no período da noite.

Como são as reuniões?Desde o primeiro encontro ou sessão, os participantes vão silenciando a mente e o coração, para entrar em intimidade com a Palavra de Deus. Em cada reunião são feitos exercícios diferentes de oração: escuta da Palavra, canto, meditação, escrita, iconografia, etc.

Quando iniciam as turmas aqui em Santa Teresinha?

Os encontros terão duração de 4 meses, são semanais e iniciam em:Segunda - dia 6 de março - das 15:00h às 17:00h Terça-feira – Dia 7 de março – das 20:00h às 22:00h

Quem pode participar?Todas as pessoas que querem e buscam este encontro com Jesus Cristo. Isto vai im-plicar mudança de vida e trará muita paz e serenidade a vida dos participantes. Re-quer silêncio interior.

QUE DELÍCIA!

CIDADANIA

Uma sobremesa de Páscoa

Em um imóvel, devemos sempre fa-zer pequenas manutenções e con-sertos para mantê-lo em condições

de uso. Em certos momentos podemos e

devemos fazer uma reforma um pouco mais profunda para restaurá-lo. Mas em certos momentos não tem jeito. Preci-samos derrubar tudo e erguer uma nova edificação.

Quem já reformou ou construiu um imóvel sabe: Quanto maior a intervenção necessária, mais doloroso é o retorno à normalidade.

A mesma coisa acontece com o exer-cício de nossa fé. Podemos e devemos fazer pequenas correções e conversões.

Porém em alguns momentos é neces-sária uma intervenção um pouco mais profunda, que de fato mude nossa vida e renove nossa fé.

Pensando nisso, lembrei-me da pas-sagem bíblica de Marta e Maria (Lucas 10.38-42; João 11.1-45), na qual Maria parou tudo que fazia para contemplar e prestar atenção ao que Jesus ensinava, enquanto Marta se concentrava nos afa-zeres mais terrenos ou no que se costu-ma dizer “nas coisas do mundo”.

Não gosto muito do termo “as coisas do mundo”, porque esta expressão nos dá a falsa ideia de que podemos nos distan-ciar da vida em sociedade. Da interação com as demais pessoas. De dedicarmos

nossa vida única e exclusivamente às questões de fé. Para um exercício con-templativo da fé.

Mas será que é isto?Na verdade, nos dias atuais isto só

é possível em ocasiões específicas em que nos afastamos nos nossos afazeres comuns, numa missa ou num retiro por exemplo. Mas mesmo nestas ocasiões o tempo é curto, embora saiamos renova-dos, pouco tempo depois voltamos a pra-ticar atos que não condizem com o que Jesus pregava.

Que dilema? Como Marta ou como Maria? Acredito que como nós mesmos...

Devemos exercer nossa fé fazendo pequenas conversões diárias, as quais

Santa Teresinha chamou de “Pequena via”, ou seja, exercermos nossa fé melho-rando a nós mesmos. Fazendo nossa ma-nutenção, para que não precisemos de uma reforma geral.

Mas se precisamos de uma grande in-tervenção, precisamos de coragem para assumir o compromisso de renovação.

Que estejamos prontos para nossa reforma íntima. Que saibamos fazer nos-sas pequenas reformas diárias e, quando necessário mudarmos tudo em nossa vida.

Aloísio Oliveira

Advogado

facebook.com/aloisio.oliveira.54

Como Marta ou Maria? Como nós mesmos

Tiramisu250g de queijo mascarpone

150g de savoiardi ou biscoito champanhe

2 gemas

2 copos de vinho licoroso (+ ¼ de copo)

4 colheres de sopa de açúcar

4 colheres de café expresso bem forte

100 ml de creme de leite

1 clara

Prepare o creme de gemas colocando uma panela em banho maria e batendo nela as gemas e o açúcar. Em seguida, acrescente o quarto de copo de vinho licoroso sem deixar de bater com um fuet (batedor de ovos). Mantenha em banho maria até que comece a ficar espesso e deixe esfriar.

Misture o café com o mascarpone.

Bata o creme de leite e junte a clara em neve, mexendo com cuidado.

Molhe os biscoitos no restante do vinho licoroso,

colocando-os em pedaços, no fundo de um pirex ou taça de borda larga. Cubra com a metade do mascarpone, metade do creme de gemas e metade do creme de leite com as claras. Repita a operação na mesma ordem e coloque na geladeira durante 4-5 horas. Para finalizar, na hora de servir, polvilhe com cacau.

Dica: se não encontrar o queijo mascarpone, use um cream cheese de boa qualidade, encontrado mais facilmente.

A história do tiramisu é longa e caprichosa. Conta--se que começou como um doce típico de Siena, chamado sopa do duque. Chegou a Florença

há alguns séculos e aí trocou o nome original pelo de sopa inglesa, voltando a ser batizado, mais recente-mente como tiramisu. Existem muitas versões desta sobremesa. Em geral, prepara-se com savoiardi, uns pequenos biscoitos fofos e achatados (como os biscoi-tos champanhe).

A receita que segue foi compartilhada pelo Guilher-me Cruz, irmão do Pedro da Equipe de Acolhida da missa das 19h30. Ele fez no Natal para a família, porque era uma receita tradicional e a via em vários lugares. O Guilherme me contou que além da família, pessoas do seu trabalho também gostaram da sobremesa. Ele prefere cozinhar receitas salgadas, mas quebrou a regra para agradar no Natal. Em suas receitas, ele capricha na escolha dos ingredientes para que dê tudo certo.

Eu fiz a receita no México para uns amigos que me convidaram para almoçar em sua casa, durante uma viagem a trabalho. Fez muito sucesso! Que tal agradar a todos na Páscoa?

Rosângela Melatto, chef de cozinha

[email protected]

facebook.com/rosangela.melatto

12 • Santa Teresinha em Ação

JUVENTUDE

Santa Teresinha em Ação • 13

Ser a oraçãoA data mais importante para a Igreja Católica é, realmente, interpretada desta maneira pelos jovens?

Por Danielle Villas Boas e Jéssica Guimarães

Durante a Quaresma, que é a caminhada de prepa-ração para a Semana Santa, a reflexão e o silêncio formam o carro-chefe que permeia esses 40 dias.

Desta forma, ao chegarmos à celebração da Páscoa, seria coerente olhá-la como mais um feriado entre tantos ou-tros? De fato não é.

A ideia que temos consolidada em nossa cultura, so-bre o feriado, é a de uma pausa em nossas obrigações, sobretudo as relacionadas ao trabalho, para relaxarmos e aproveitarmos em companhia de pessoas queridas. Pou-cos param para refletir sobre o motivo do feriado. Por ve-zes, estendemos essa falta de criticidade a outras áreas de nossa vida, como em nosso sentimento religioso.

“Quando era criança, observava alguns amigos indo viajar na Páscoa e, ao questionar minha mãe sobre o mo-tivo de também não viajarmos neste período, ela respon-dia que, uma das razões por permanecermos na cidade era para viver a Semana Santa de forma plena e em sua comunidade”, diz Isabel Bonacella, jovem que frequenta a Paróquia Santa Teresinha.

Contudo, podemos analisar a situação de uma ma-neira mais aberta, em que o essencial é o estado de espí-rito do jovem durante este momento. A sua fé está dentro de você, e se você está com Cristo, não importa onde es-teja, e sim como se coloca, e se suas atitudes continuam coerentes com suas crenças e valores.

Se pensarmos no jovem inserido na comunidade ca-tólica, sendo ele engajado ou não nas atividades de sua

A Páscoa requer uma imersão na oração e no silêncio para a transformação de nossas vidas

paróquia, não há razão para conflito, pois para qualquer lugar que ele vá viajar existirá uma igreja na qual ele po-derá frequentar e vivenciar esse momento tão importante em nosso calendário litúrgico. A questão que é levantada, entretanto, é se o momento permite esse olhar mais leve.

A Ressurreição não é apenas feriado Faz parte da essência da juventude a resolução, e não

somente a problematização. Os jovens são mais claros, mais diretos e simples, porém a celebração da ressurrei-ção de Cristo não é algo “tranqüilo”. Este é o período mais importante do ano litúrgico, tanto que a preparação do corpo e da alma começa com 40 dias de antecedência.

Diante de tamanha expectativa, a ausência da igreja perde o sentido. Ninguém se prepara para determinado acontecimento e quando ele chega a pessoa não compa-rece. A vida em paróquia é vida em família, desta forma, não faz sentido passarmos por um momento tão sublime sem a companhia do outro.

O jovem, mais do que ninguém, valoriza o coletivo. Esta geração, por mais que seja de alguma forma imatura,

é quem muda o presente e perpetua o futuro. Basta ver que a presença juvenil é característica marcante em nos-sa paróquia.

A questão da vivência da Páscoa é tema de toda a fa-mília que, por vezes, deixa em segundo plano o espírito ou que, muitas vezes, agarrados a determinadas “tradi-ções” as executa de maneira mecânica. O desafio do jo-vem é contagiar outros jovens e suas famílias, para que ao menos na Páscoa o enfoque esteja no significado do feriado. Muitos já abraçaram a causa, entretanto existe uma sociedade à espera de um convite para celebrar este momento.

“Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles”

Muitos vivem a Páscoa, mas ainda é pouco

543 estudantes do colégio Salesiano foram entrevistados

246 irão viajar297 não

irão viajar

Na edição 108, duas fotos foram publicadas com os nomes trocados. Aqui apresentamos as corretas. Danielle Villas

BoasThais Forghieri

ESPECIAL

CANTA E CAMINHA

No meio de nós, aquele que serveO mês de fevereiro de 2016, mes-

mo sendo o mais curto do ano, foi pródigo em momentos de

alegria em nossa paróquia. No dia 21, recebemos a visita para celebrar sua

primeira missa aqui, Pe. Arlan, que foi diácono durante o ano de 2015 e no fi-nal de semana seguinte, já recebemos nosso novo diácono “preferido” (cada ano temos um), que havia sido orde-

nado em 20 de fevereiro pelas mãos de Dom Júlio Endi Akamine, vigário episcopal de São Paulo para a Região Lapa, com o lema diaconal “No meio de vós como aquele que serve” (Lc. 22,21). Estamos falando do Dc. Giova-ne de Souza, SDB, nascido em Araran-guá – SC aos 19 de dezembro de 1974, segundo filho dentre os seis que Ma-noel Antonio e Inês Elias de Souza (já falecida) tiveram ao longo de sua vida conjugal. O próprio Giovane nos conta que desde criança tinha a vontade de fazer “aquilo que os padres faziam nas missas” e então já na adolescência ini-ciou uma caminhada vocacional com os Josefinos de Murialdo, em sua terra natal, convidado por uma professora que dava aula numa escola dessa con-gregação, onde estudou por dois anos, tendo depois que deixar o seminário, retornando mais tarde porém em ou-tra congregação, a dos Rogacionistas

do Coração de Jesus, em Bauru – SP. Mais tarde, vendo sua família passar por dificuldades e sendo arrimo da mesma, optou por deixar novamente a caminhada vocacional para auxiliar no sustento de seus irmãos mais novos, tornando-se professor da rede públi-ca estadual em Curitiba – PR. Essa ca-minhada fora da vida religiosa durou nove anos, até que um convite feito por um padre salesiano, o trouxe de volta ao desenvolvimento de sua vocação sacerdotal, que alimenta desde então. Com toda essa experiência de serviço, o Dc. Giovane chega desde 27 de feve-reiro em nossa paróquia para durante todo este ano de 2016, estar no meio de nós como aquele que serve, fazendo jus a seu lema diaconal.

Após o Concílio Vaticano II (1962-1965), que pediu a renovação da liturgia com o documento Sa-

crosanctum Concilium, tínhamos no Brasil um repertório musical baseado em coletâneas como “Harpa de Sião”, em cantos traduzidos do alemão e do francês; em seguida vieram as “mis-sas temáticas” (Missa da amizade, do encontro, da Bíblia, de Nossa Senho-ra, etc.), os cantos do Pe. Zezinho, da Renovação Carismática Católica e da Campanha da Fraternidade.

A CNBB se preocupou com essa produção de cantos em quantidade, que eram cantados na liturgia, mas que deixavam a desejar em qualida-de: não cantavam a Liturgia! Frei Joel Postma, OFM, assessor do Setor de Música Litúrgica a partir de 1984, con-vocou os compositores para um traba-lho desafiador em mutirão: 1) compor letras de acordo com os Domingos do Tempo Litúrgico (cf. Missal Romano)

com a sucessiva escolha das melhores; 2) compor melodias para as letras se-lecionadas também com a sucessiva escolha das melhores. Assim foram surgindo, a partir de 1985, os volumes correspondentes do Hinário Litúrgi-co: 1° fascículo para Advento e Natal; 2° fascículo para Quaresma e Páscoa; 3° fascículo para o Tempo Comum; 4° fascículo para ocasiões especiais como: Nossa Senhora, Santos e Sacra-mentos. A gravadora Paulus assumiu a gravação das músicas, por Domingo, para os diversos tempos litúrgicos, sob a orientação dos assessores sucessi-vos (Pe. Osmar Bezutte e Frei Joaquim Fonseca). Hoje, há um excelente reper-tório gravado em CD para todos os do-mingos dos tempos litúrgicos.

Os hinários publicados estão sen-do revistos. O primeiro e o segundo já o foram. O terceiro fascículo está pas-sando por uma cuidadosa revisão e atualização (Abertura, Salmo Respon-

sorial, Oferendas e Comunhão para os 34 domingos do TC). Há um grupo de refle-xão, que além da revisão, enca-minha diversos projetos como a ela-boração de subsídios, formação para os com-positores, além de auxi-liar na reflexão a respei-to dos principais desafios para a música litúrgica em nosso país.

Colaboração de Pe. Osmar

Bezutte, SDB

Hinário litúrgico

14 • Santa Teresinha em Ação

Canção Nova lança aplicativo para músicos cristãosVeja a notícia completa em bit.ly/appcnmus

Conheça melhor nosso diácono em http://bit.ly/diacst

ACONTECE

Uma missa carinhosa você vê em http://bit.ly/Arlan1st

Santa Teresinha em Ação • 15

CPP participa de encontro em http://bit.ly/cppencontro

Programa da Semana Santa 2016 - Março

19 Sábado 16h Missa e Benção dos Ramos na Paróquia

20 Domingo de Ramos

7h30 Missa e Benção dos Ramos na Paróquia

10hBenção dos Ramos em frente a Igreja + Procissão + Missa no Teatro Dom Bosco

18h Missa e Benção dos Ramos na Paróquia

19h30 Missa e Benção dos Ramos na Paróquia

21 Segunda-feira Santa

8h Missa

19h30 Missa

20h Terço Meditado

22 Terça-feira Santa

8h Missa

19h30 Missa

20h Via-Sacra Meditada

23 Quarta-feira Santa

8h Missa

19h30 Missa

20h Terço Meditado Mistérios da Misericórdia

24 Quinta-feira Santa

9h Missa do Crisma e Benção dos Santos Óleos na Catedral da Sé

20h Missa da Ceia do Senhor e Lava-Pés

22h Vigília Eucarística até às 23h

25 Sexta-feira Santa

7h Vigília Eucarística de hora em hora até às 15h

9h Via-Sacra pelas ruas do bairro

15h Celebração da Paixão do Senhor

19h Procissão do Senhor Morto ao redor da praça em frente a Igreja

26Sábado Santo Ressurreição do Senhor

20h Missa da Vigília Pascal

27Domingo da Páscoa

7h30 Missa do Domingo da Páscoa da Ressurreição do Senhor

9h30 Missa do Domingo da Páscoa da Ressurreição do Senhor

11h Missa do Domingo da Páscoa da Ressurreição do Senhor

18h Missa do Domingo da Páscoa da Ressurreição do Senhor

19h30 Missa do Domingo da Páscoa da Ressurreição do Senhor

“A Via Sacra não é dor, é alegria” Por Daya Lima

ENTREVISTA

16 • Santa Teresinha em Ação

É durante a Quaresma que se é fei-ta a Via Sacra. É no cumprimento das estações que há um renovar da

fé. No Brasil, a Via Sacra é realizada nas Igrejas, mas, como será a Via Sacra mãe, ou seja, aquela realizada no percurso oficial, onde Cristo o fez? Quem nos dirá isso será Mer. Christine Mari (Madre Cristina Maria), de 75 anos, que viveu, durante 49 anos no Monte das Oliveiras, no coração de Jerusalém.

Santa Teresinha em Ação – Mer. Christi-ne, como é viver a Via Sacra lá, onde tudo aconteceu?Mer. Christine Mari – É um privilégio. Estar onde Jesus esteve traz uma ale-gria muito grande. Apesar de o percurso hoje não ser o oficial, sabemos que foi por aquelas ruas que Jesus Cristo car-regou a cruz e a energia que tramita no lugar é grande.

STA – Mas como assim não é o percurso oficial?Mer. Christine Mari – As ruas por onde passam a Via Sacra hoje não são as que Jesus fez a Paixão. Depois de umas es-cavações arqueológicas, o trajeto foi alterado. Algumas estações ainda são as mesmas, desde o quarto século é re-alizada a Via Sacra, mas algumas foram alteradas por causa das escavações. Por isso não é o caminho oficial. É o oficial da Igreja, mas não o real, aquele que Je-sus fez. Aliás, vale falar aqui que muitas estações da Via Sacra são contestadas, há dúvidas se Jesus passou por ali mes-mo.

STA – E a senhora já o fez várias vezes, imagino eu?Mer. Christine Mari – Sim. Fiz e passei. Era a minha região, fazia parte do meu dia a dia.

STA – E como é o lugar, propriamente dito? Se parece com algum local aqui no Brasil, por exemplo?Mer. Christine Mari – Por incrível que pa-reça sim. Sabe a Rua 25 de Março, aqui no Centro de São Paulo? Pois é bem pa-

recida, não de tamanho e nem de largu-ra, mas na quantidade de gente. As ruas em Jerusalém são estreitas, mas o co-mércio e na quantidade de pessoas que transitam por lá todos os dias é muito grande. E também, é claro, não é assim plana, é cheia de entradas e vielas, mas em quantidade de gente é igual.

STA – E mesmo assim, Madre, a senho-ra acredita que dá para fazer a Via Sacra efetivamente, no meio desse povo todo?Mer. Christine Mari – Podemos fazer a Via Sacra em qualquer lugar, nem pre-cisamos estar em Jerusalém para isso. Mas, veja, lá, a gente consegue viver, seguramente, um pouco do que pas-sou Jesus. A Via Dolorosa é uma rua cheia e a todo momento pessoas es-barram em você e nem te dão atenção, é normal. A todo momento as pessoas esbarravam em Jesus durante o cami-nho e, como aquele era o caminho que se levava os presos, ninguém dava im-portância para eles. Ou seja, não im-porta quem está do seu lado, se estão na mesma fé que você, é um caminho solitário, íntimo seu, sem a necessida-de da atenção das outras pessoas que, obviamente, nem são cristãs. Há mui-tos muçulmanos, claro, e os passantes que estão comprando souvenirs.

STA – Isso a senhora fala durante o ano todo, mas existe algum ritual de Via Sa-cra oficial também, que se faz apenas uma vez ao ano e marque a data para os cristãos?Mer. Christine Mari – Sim. Há grupos de peregrinos durante todo o ano fazendo a Via Sacra, mas na Semana Santa, há uma oficial feita pelo Custódio, o supe-rior dos Franciscanos, os guardiões da Terra Santa. Mas há mais duas, também realizadas da Semana Santa, uma pelo Núncio e outra pelo Patriarca. Nesta sexta-feira, as ruas são bloqueadas du-rante um tempo e depois liberadas para os muçulmanos, já que as orações deles também são feitas às sextas e encostado à Via Dolorosa está um dos mais famo-sos locais de oração deles.

STA – Para a senhora, o que os peregri-nos buscam na Via Sacra?Mer. Christine Mari – Eles querem revi-ver a Paixão e também agradecer por se-rem amados por Cristo. É uma contradi-ção. Apesar de ser a Via Dolorosa, é um local de exercício do amor, de agradecer a Jesus por ter sofrido tudo aquilo por mim. É um momento de compaixão. De alegria e não de tristeza.

STA – E a senhora compartilha desse sentimento?Mer. Christine Mari – Sim! Jesus morreu para que nós tenhamos vida em abun-dância. Precisamos viver na alegria pro-funda e vocês, brasileiros, sabem bem isso e já saem na frente de qualquer outro povo. Vocês vivem alegres, apesar das ad-

versidades, e isso é um privilégio. Agrade-cer a Deus pelo dom da vida e viver. É isso o que Ele nos pede. Que vivamos felizes.

STA – Então, qual é o seu recado para os paroquianos de Santa Teresinha?Mer. Christine Mari – É importante que em um determinado momento do ano pare e se considere qual foi o preço da nossa redenção. São Paulo disse que “Ele me amou e se entregou por mim”, é preciso refletir sobre isso. Não nos es-queçamos das chagas de Cristo. Ele nos gravou em suas mãos.

Agradecemos a disponibilidade de Ir. Es-colástica, abadessa de Santa Maria, que foi a intérprete no ato da entrevista, rea-lizada em francês.