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TJMG. O prazo em dobro para a Fazenda Pública recorrer (art. 188, CPC) e a aplicação da regra do art. 191 do mesmo Diploma LegalA outorga de prazo em dobro à Fazenda Pública constitui privilégio que não pode ser ampliado mediante a incidência cumulativa do art. 191, CPC, ao art. 188, CPC.

Íntegra do acórdão: 

Agravo de Instrumento n. 1.0476.09.008861-0/001, de Passa-Quatro.Relator: Des. Vanessa Verdolim Hudson Andrade.Data da decisão: 26.10.2010.

Relator: Des.(a) VANESSA VERDOLIM HUDSON ANDRADE Relator do Acórdão: Des.(a) ARMANDO FREIREData do Julgamento: 26/10/2010Data da Publicação: 14/01/2011 

EMENTA: - A outorga de prazo em dobro à Fazenda Pública constitui privilégio que não pode ser ampliado mediante a incidência cumulativa do art. 191, CPC, ao art. 188, CPC. - Assim, concedido o prazo em dobro para a Fazenda Pública recorrer (art. 188, CPC) não se aplica a regra do art. 191, CPC, que deve ficar limitada ao litisconsorte que não dispõe desta prerrogativa legal. V.V. RECURSO DE APELAÇÃO - PRAZO RECURSAL - APLICAÇÃO DO ART. 188 DO CPC CUMULADO COM O ART. 191 DO CPC - POSSIBILIDADE. Não existe norma legal que impeça a cumulação dos artigos 188 e 191 do Código de Processo Civil à Fazenda Pública, podendo ser o prazo recursal quadriplicado. 

AGRAVO DE INSTRUMENTO CÍVEL N° 1.0476.09.008861-0/001 - COMARCA DE PASSA-QUATRO - AGRAVANTE(S): MUNICÍPIO DE PASSA QUATRO - AGRAVADO(A)(S): MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADO MINAS GERAIS - RELATORA: EXMª. SRª. DESª. VANESSA VERDOLIM HUDSON ANDRADE - RELATOR PARA O ACÓRDÃO: EXMO SR. DES. ARMANDO FREIRE 

ACÓRDÃO Vistos etc., acorda, em Turma, a 1ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, sob a Presidência do Desembargador EDUARDO ANDRADE , incorporando neste o relatório de fls., na conformidade da ata dos julgamentos e das notas taquigráficas, EM NEGAR PROVIMENTO, VENCIDA A RELATORA. 

Belo Horizonte, 26 de outubro de 2010. 

DES. ARMANDO FREIRE - Relator para o acórdão. 

DESª. VANESSA VERDOLIM HUDSON ANDRADE - Relatora vencida. 

19/10/2010 1ª CÂMARA CÍVEL ADIADO 

NOTAS TAQUIGRÁFICAS AGRAVO DE INSTRUMENTO CV Nº 1.0476.09.008861-0/001 - COMARCA DE PASSA-QUATRO - AGRAVANTE(S): MUNICÍPIO DE PASSA QUATRO - AGRAVADO(A)(S): MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADO MINAS GERAIS - RELATORA: EXMA. SRª. DESª. VANESSA VERDOLIM HUDSON ANDRADE 

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Proferiu sustentação oral, pelo Agravado, o Dr. Antônio Sergio Rocha de Paula. 

A SRª. DESª. VANESSA VERDOLIM HUDSON ANDRADE: VOTO Trata-se de Agravo de Instrumento proposto pelo Município de Passa Quatro contra o Ministério Público do Estado de Minas Gerais, visando a reforma da decisão do Juiz de primeiro grau de f.15-TJ que deixou de receber o recurso interposto devido à intempestividade do mesmo. Em suas razões recursais, alega o agravante que quando da apresentação do recurso não foi observado o prazo estipulado no art. 191, do CPC, ou seja, o prazo em dobro. Alega ainda que o TJMG já se pronunciou a respeito da contagem em dobro do prazo para a Fazenda Pública quando há litisconsorte, devendo ser contado o prazo previsto no art. 188 mais o prazo do art. 191, ambos do CPC. Pede liminarmente que seja sobrestado os autos do presente processo até decisão final do presente recurso e, ao final, que seja dado provimento ao agravo de instrumento. Recebi o agravo de instrumento às f. 51/52 no efeito devolutivo e suspensivo. Em contraminuta às f. 59/62, alega o Ministério Público que em virtude da incidência do art. 188, do CPC, o prazo de 15 (quinze) dias para apelar é duplicado para 30 (trinta) dias, sendo que a existência de litisconsórcio com procuradores diversos não acarreta nova duplicação do prazo. Afirma que é flagrante a intempestividade da apelação. Pede que seja negado provimento ao agravo de instrumento. A d. Procuradoria-Geral de Justiça manifestou-se às f. 80/84 pelo desprovimento do recurso.  Conheço do agravo de instrumento, presentes os pressupostos de admissibilidade. 

O agravante insurge-se contra a decisão de f. 15 que assim decidiu: "Considerando o requerimento de fl. 381 e a certidão supra, considerando a intempestividade, deixo de receber os recursos de fl. 357/368 e 369/379, tornando sem efeito o despacho de fl. 380." Afirma o agravante que possui o prazo recursal para a apresentação do recurso de apelação de 60 (sessenta) dias, haja vista que deve ser aplicado o art. 188 do CPC cumulado com o art. 191 do mesmo diploma legal, os quais dispõem: "Art. 188. Computar-se-á em quádruplo o prazo para contestar e em dobro para recorrer quando a parte for a Fazenda Pública ou o Ministério Público." "Art. 191. Quando os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, ser-lhes-ão contados em dobro os prazos para contestar, para recorrer e, de modo geral, para falar nos autos." A sentença proferida nos autos da ação Civil Pública é datada de 16.03.2010. 

O Município/agravante opôs Embargos de Declaração, os quais foram rejeitados em 13.04.2010. Por sua vez, o recurso de Apelação foi apresentado em 24.05.2010, conforme se verifica do andamento processual no site do TJMG. Portanto, a Fazenda Pública Municipal apresentou o Recurso de Apelação após 41 (quarenta e um dias) da decisão proferida nos Embargos Declaratórios. 

O entendimento deste Tribunal é divergente: "AGRAVO RETIDO. PRAZO RECURSAL. ARTIGOS 188 C/C 191 DO CPC. PROVIMENTO. APELAÇÃO CÍVEL. REEXAME NECESSÁRIO. TRIBUNAL DE CONTAS. JULGAMENTO DAS CONTAS APRESENTADAS PELO PREFEITO MUNICIPAL. INCOMPETÊNCIA. SANÇÃO. NULIDADE. A conjugação dos artigos 188 e 191 do CPC autoriza a Fazenda Pública a contar em dobro o prazo para recorrer, que será igualmente dobrado quando formado litisconsórcio, com procuradores diversos. Nos termos dos artigos 71, I e II e 31, ambos da Constituição Federal, o Tribunal de Contas do Estado não é competente para julgar as contas dos Chefes do Poder Executivo Municipal, o que impõe a nulidade do julgamento e da sanção aplicada. Agravo retido conhecido e provido. Em reexame, rejeitar as preliminares e confirmar a sentença."

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(Ag. 1.0024.06.200802-4/001, Relatora: Des. Albergaria Costa). "Prazo para recorrer - inacumuláveis em favor da Fazenda as regras dos arts.188 e 191 do CPC - indenização - incorrência de prescrição - pedido julgado procedente diante de negligência dos entes públicos. A Fazenda beneficia-se do prazo em dobro para recorrer (art. 188 do CPC), inacumulável com a regra do art. 191 do CPC, para obter-se prazo em quádruplo. Havendo pedido administrativo de reconhecimento de direito, o lapso prescricional se interrompe (art. 4º do Dec. 20.910/32). Comprovado que tanto o Município como o Instituto de Previdência Municipal negligenciaram no desconto mensal de seguro de vida em grupo, com isso perdendo o beneficiário o direito de receber, devem ressarcir." (1.0000.00.209262-5/000, Relator: Des. Lucio Urbano) AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO ORDINÁRIA - LITISCONSÓRCIO PASSIVO - FAZENDA PÚBLICA (MUNICÍPIO) E TERCEIRO - CONTESTAÇÃO - PRAZOS DOS ARTS. 188 E 191 DO CPC - CUMULATIVIDADE - DESCABIMENTO - DECISÃO MANTIDA. A formação de litisconsórcio passivo, integrado pela Fazenda Pública (município) e terceiro, não confere àquela a prerrogativa de contestar no prazo de 120 dias, mediante cumulação dos prazos previstos nos arts. 188 e 191 do Código de Processo Civil, pena de elastério e desvirtuamento dos benefícios processuais que lhe são assegurados, máxime o da computação em quádruplo do prazo para contestar. (AGRAVO DE INSTRUMENTO CÍVEL N° 1.0045.08.023070-4/001 - RELATOR: EXMO. SR. DES. NEPOMUCENO SILVA ACÓRDÃO ) Cite-se, ainda, lição de Nelson Nery Júnior e de Rosa Maria de A. Nery: "Quando houver litisconsórcio entre a parte, de um lado, e o MP ou fazenda pública do outro, a estes se aplica o CPC 188 para contestar e recorrer e, para falar nos autos, incide o CPC 191" (código de Processo Civil Comentado: e legislação extravagante, São Paulo: RT, 2004, p. 656, art. 191: nota 7). Embora a cumulação dos artigos 188 e 191, ambos do Código de Processo Civil seja demasiadamente benéfico à Fazenda Pública, não há disposição legal que impeça a sua cumulação. A dúvida que traz a matéria, por outro lado, não pode prejudicar o recorrente. Com tais considerações, dou provimento ao agravo de instrumento para conhecer das apelações apresentadas e determinar o seu processamento. Custas recursais pelo agravado, na forma da lei. 

O SR. DES. ARMANDO FREIRE: Sr. Presidente. Peço vista dos autos. 

O SR. DES. ALBERTO VILAS BOAS: Sr. Presidente. Pela ordem. Em razão de estar de ferias na próxima Sessão, gostaria de adiantar meu voto. 

VOTO Não comungo da argumentação da eminente Relatora quando propicia a aplicação do art. 191, CPC ao art. 188, CPC, e autoriza que a contagem do prazo para recorrer do poder público seja contado em quádruplo. Com efeito, a regra que propicia a contagem em dobro para recorrer e que é especificada no art. 188, CPC, não pode ser ampliada para permitir a incidência da regra do art. 191, CPC, somente porque a causa possui litisconsortes com procuradores diversos. O aludido preceito revela vantagem considerável a favor da Fazenda Pública, do Ministério Público e da Defensoria Pública se considerada a situação vivenciada pelo autor e justifica-se pelo fato de que "(...) a Administração Pública depende de um complicado e emperrado mecanismo burocrático, que não funciona com a rapidez necessária a possibilitar a seus advogados contestarem no prazo de 15 dias. A coleta de documentos e demais informações, necessários à defesa do Estado, consome tempo e exige paciência." - (E.D. Moniz Aragão. Comentários ao

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CPC. Volume II. 7ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1991, p. 155). Ora, por traduzir um privilégio e superação pontual do postulado da igualdade processual, não é razoável que, além da contagem em dobro do prazo para recorrer ainda disponha a Fazenda Pública, quando litisconsorte no processo de conhecimento, de outra dobra para interpor o recurso. Por certo, a contagem em dobro já especificada na regra geral do art. 188, CPC, revela-se suficiente para que ocorra o exame dos fundamentos contidos na sentença para a interposição de eventual recurso. A regra do art. 191, CPC, portanto, deve ficar reservada ao litisconsorte que não dispõe das prerrogativas a que aludem o art. 188, CPC, sob pena de se instituir privilégio ainda maior a quem possui todas as vantagens para estar em juízo. Neste particular, enfatiza Theotônio Negrão que: "O benefício do art. 188 não se aplica cumulativamente com o do art. 191 (RTFR 125/48; TFR-2ª T., Ag. 43.545, MIn. José Cândido, DJU 30.6.83; TFR-1ª T., Ag. 49.484, Min. Costa Leite, DJU 9.10.86; RJTJESP 108/207). Por exemplo, na hipótese de ser litisconsorte de outro litigante, a Fazenda Pública ou o MP não têm prazo em quádruplo para recorrer (arts. 188 e 191, cumulados), mas apenas em dobro (ou 188, ou 191); não os dois, cumulativamente)." - (Código de Processo Civil e legislação processual em vigor. 42ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 286). Na espécie em exame, a rejeição dos embargos declaratórios deu-se mediante publicação ocorrida em 13/4/2010 e a apelação somente foi interposta em 24/5/2010, sendo manifesta a intempestividade se observada a regra do art. 188, CPC, unicamente. Nego provimento ao recurso, data venia da eminente Relatora. 

SÚMULA : PEDIU VISTA O PRIMEIRO VOGAL, APÓS VOTAREM A RELATORA DANDO PROVIMENTO E O SEGUNDO VOGAL, EM ADIANTAMENTO DE VOTO, NEGANDO PROVIMENTO AO RECURSO. 

NOTAS TAQUIGRÁFICAS 

O SR. PRESIDENTE ( DES. EDUARDO ANDRADE ): O julgamento deste feito foi adiado na Sessão do dia 19/10/10, a pedido do Primeiro 1º Vogal, após votarem a Relatora dando provimento ao recurso e o Segundo Vogal, em adiantamento de voto, negando provimento. Com a palavra o Des. Armando Freire. 

O SR. DES. ARMANDO FREIRE: VOTO Tratam os autos de agravo de instrumento aviado pelo MUNICÍPIO DE PASSA QUATRO contra decisão proferida pelo MM. Juiz de Direito da Comarca de Passo Quatro que deixou de receber o recurso de apelação por considerá-lo intempestivo. A em. Desembargadora Relatora, em seu voto, entendeu que não há disposição legal que impeça a cumulação dos prazos dos artigos 188 e 191, do CPC. Analisando detidamente a questão, com a devida vênia, ouso divergir da em. Relatora. Com efeito, possuo entendimento diverso quanto à cumulação dos prazos. 

O agravante, objetivando o recebimento do recurso de apelação, alega que são cumuláveis os prazos dos artigos 188 e 191, do CPC, ou seja, possui 60 dias para apresentação da apelação, vez que o pólo passivo da demanda é integrado pelo Município de Passa Quatro e outros. 

Os citados dispositivos dispõem: "Art. 188. Computar-se-á em quádruplo o prazo para contestar e em dobro para recorrer quando a parte for a Fazenda Pública ou o Ministério Público. 

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Art. 191. Quando os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, ser-lhes-ão contados em dobro os prazos para contestar, para recorrer e, de modo geral, para falar nos autos." Contudo, entendo que o privilégio do prazo em dobro conferido à Fazenda Pública para recorrer, previsto no art. 188, do CPC, mesmo considerando os entraves burocráticos inerentes aos órgãos públicos, mostra-se suficiente para o exame da decisão e a apresentação do recurso. Dobrar esse prazo privilegiado, nos termos do disposto no art. 191, do CPC, seria conferir uma prerrogativa desarrazoada à Fazenda Pública. De fato, o prazo dobrado para contestar e recorrer, deve ficar reservado aos litisconsortes que não possuem as vantagens estabelecidas no art. 188, do CPC. 

Corroborando tal entendimento, confira-se a lição dos em. Processualistas Nelson Nery Júnior e Rosa Maria de Andrade Nery: "Quando houver litisconsórcio entre a parte, de um lado, e o MP ou Fazenda Pública do outro, a estes se aplica o CPC 188 para contestar e recorrer e, para falar nos autos, incide o CPC 191" (Código de Processo Civil Comentado e Legislação Extravagante, 10ª ed.) 

Nesse mesmo sentido, o entendimento do Prof. Theotônio Negrão: "Art.191: 4. Se a parte for litisconsorte da Fazenda Pública ou do MP, aplica-se a estes últimos o art. 188 e, para falar nos autos, o art. 191. Ao particular se aplica somente o art. 191." (Código de Processo Civil Comentado e Legislação Processual em Vigor, 42ª ed.) Por tais considerações, renovando vênia, ouso divergir da conclusão adotada pela Ilustre Relatora, para negar provimento ao agravo de instrumento aviado pelo Município.É o meu voto. 

SÚMULA : NEGARAM PROVIMENTO, VENCIDA A RELATORA.